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Poeiras e Particulados

Diana Carla Secundo da Luz


Amostragem

CONTÍNUAS: são aquelas realizadas em períodos


que procuram cobrir a maior parte da jornada de
trabalho

Vantagem: fornece como resultado a média


ponderada das condições existentes no período
de avaliação.
Desvantagem: não há registro de variações das
concentrações durante o período amostrado.

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AMOSTRADORES PASSIVOS

 Vantagens: são muito fáceis de usar, não necessita de


treinamento específico para a utilização e são mais baratos.

Desvantagens: não há uma taxa de vazão estipulada e perda de


amostra quando chega na fase de saturação.
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AMOSTRADORES ATIVOS

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• Exemplo:
Feita uma avaliação de disocianato de tolueno (TDI),
utilizando-se bomba gravimétrica e cassete de 3 seções
com filtro de vidro tratado com 1 mg de 1-(2-
piridil)piperazina e posterior análise por cromatografia
líquida de alta resolução com detector de UV,
obtiveram-se os seguintes dados:
Qm = 1,0 l/min
Ta = 50 min
Resultado da análise laboratorial M(TDI) = 0,004 mg.
O limite de tolerância foi ultrapassado?
V = (1 x 50)/1000

V = 0,05 m3

C = 0,004/0,05

C = 0,08 mg/m3 < LT = 0,11mg/m3


Conceito
• Particulados ou aerodispersoides
Os agentes químicos na forma de partículas, também
chamados aerodispersoides ou aerossóis, são
“partículas sólidas ou líquidas de tamanho inferior a
100 μm, dispersas no ar do ambiente ocupacional e
que podem se manter assim por longo tempo”
(LOPES, 2007). Podem provocar danos ao organismo,
dependendo do tamanho e do formato das partículas.
Partículas com diâmetro inferior a 10 μm são
respiráveis, enquanto partículas com tamanho maior
do que 10 μm não conseguem penetrar no trato
respiratório.
Poeiras – são uma suspensão de partículas no ar, gerada
mecanicamente e constituída por partículas sólidas, formadas
por ruptura mecânica de um sólido. As poeiras são geradas, em
diversas situações, tais como: no manuseio de sólidos a granel,
como grãos; na forma de pó, como o óxido de zinco ou o negro de
fumo; na moagem ou britagem de minérios; na detonação para
desmonte de rochas; no corte de madeira por serra circular; no
lixamento da madeira ou concreto; no peneiramento de materiais
orgânicos ou inorgânicos, entre outras formas (TORLONI, 2003).
Normalmente o tamanho da partícula varia de 0,1 μm a 25 μm.
(1 μm significa 1 micrômetro e é igual a 0,001 mm).
Fumaça – A fumaça é a mistura formada por partículas
suspensas no ar, gases e vapores resultantes de combustão
incompleta de materiais e contém partículas sólidas de
carbono devido à combustão incompleta de materiais
orgânicos. As fumaças são partículas sólidas, com tamanho
menor que 0,1 μm.

Fibras – São partículas sólidas, produzidas por ruptura


mecânica de sólidos, que se diferenciam das poeiras pela
forma alongada, com comprimento de três a cinco vezes
superior ao seu diâmetro.

Névoas – As névoas são gotas entre 0,01 μm e 10 μm,


geradas por condensação de um estado gasoso ou pela
desintegração de um estado líquido por atomização,
ebulição e outros processos. Ex: pintura spray.
• Neblina – Neblina é a suspensão de partículas
líquidas no ar, geradas por condensação do vapor
de um líquido volátil. Na indústria, “a ocorrência
da neblina de um agente químico é muito rara,
pois a condensação do vapor no ar só pode
ocorrer quando este fica saturado pelo vapor de
um líquido, seguindo-se da diminuição da
temperatura do ar, provocando, então, a
condensação do excesso de vapor presente”
(TORLONI, 2003). As neblinas são partículas
líquidas, entre 2 μm a 60 μm.
De acordo com o tamanho das partículas e a região do trato
respiratório onde se depositam, os contaminantes particulados
podem ser classificados em inaláveis, torácicos e respiráveis.
• Particulado Inalável – É a fração de material particulado suspenso no ar,
constituída por partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 100 μm,
capaz de entrar pelas narinas e pela boca, penetrando no trato
respiratório durante a inalação.
• Particulado Torácico – É a fração de material particulado suspenso no ar,
constituída por partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 25 μm,
capaz de passar pela laringe, entrar pelas vias aéreas superiores e
penetrar nas vias aéreas dos pulmões.
• Particulado respirável - É a fração de material particulado suspenso no ar,
constituída por partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 10 μm,
capaz de penetrar além dos bronquíolos terminais e se depositar na região
de troca de gases dos pulmões, causando efeito adverso nesse local.
• Particulado total – É o material particulado suspenso no ar coletado em
porta-filtro de poliestireno de 37 mm de diâmetro, de três peças, com face
fechada e orifício para entrada do ar de 4 mm de diâmetro, conhecido
como cassete. A coleta de particulado total deve ser utilizada somente
quando não houver indicação específica para a coleta de particulado
inalável, torácico ou respirável.
Limites de Exposição para Poeiras Minerais – Anexo 12 da NR-15
• Limite de Tolerância para o asbesto
O Limite de Tolerância para todas e quaisquer atividades
nas quais os trabalhadores estão expostos ao asbesto no
exercício do trabalho está legalmente definido no Anexo
n.12 da NR-15 da Portaria n.3.214/78.
Entende-se por “exposição ao asbesto” a exposição no
trabalho às fibras de asbesto respiráveis ou poeira de
asbesto em suspensão no ar originada pelo asbesto ou por
minerais, materiais ou produtos que contenham asbesto.
Entende-se por "fibras respiráveis de asbesto" aquelas com
diâmetro inferior a 3 (três) micrômetros, comprimento
maior que 5 (cinco) micrômetros e relação entre
comprimento e diâmetro superior a 3:1.
• Manganês e seus compostos – Anexo 12 NR 15.
O limite de tolerância para as operações com
manganês e seus compostos, referente à extração,
tratamento, moagem, transporte de minério, ou ainda
a outras operações com exposição a poeiras do
manganês ou de seus compostos é de 5mg/m³ no ar,
para jornada de até 8 horas por dia.
O limite de tolerância para operações com manganês e
seus compostos referente à metalurgia de minerais de
manganês, fabricação de compostos de manganês,
fabricação de baterias de pilhas secas, fabricação de
vidros especiais e cerâmicas, fabricação e uso de
eletrodos de solda, fabricação de produtos químicos,
tintas e fertilizantes, ou ainda outras operações com
exposição a fumos de manganês ou de seus compostos
é de até 1mg/m³ no ar, para jornadas de até 8 horas
por dia.
• Negro de Fumo: entende-se por negro de fumo as formas
finamente divididas de carbono produzidas pela combustão
incompleta ou decomposição térmica de gás natural ou
óleo de petróleo. A exposição ao negro de fumo é
decorrente da presença deste agente em suspensão no ar,
quando do manuseio do mesmo. O limite de tolerância ao
negro de fumo é de até 3,5 mg/m³, para uma jornada de 8
horas/dia.
• Outros fumos e poeiras metálicas: a legislação brasileira só
estabelece limites de exposição para alguns poucos
elementos, no Anexo 12 da NR 15. No Anexo 11, consta o
limite de tolerância do Chumbo que é de 0,1 mg/m³.
• Sendo assim, muitas vezes, na avaliação de fumos
metálicos temos de recorrer aos limites da ACGIH,
devidamente corrigidos para a jornada de trabalho
nacional.
• Poeira de Algodão
A exposição à poeira de algodão produz uma
enfermidade denominada bissinose, que também pode
ser produzida por outros tipos de fibras, como o linho
ou o cânhamo. A exposição ocupacional à poeira de
algodão ocorre mais frequentemente na fabricação de
tecidos. A NR-15 não estabelece Limite de Tolerância
para exposição ocupacional à poeira de algodão.

A ACGIH recomenda o limite de 0,2 mg/m³ para


poeira de algodão. Esse limite de tolerância deverá ser
corrigido para a jornada de trabalho brasileira através
de Brief & Scala, conforme visto anteriormente.
• Poeira de Madeira
Os limites de tolerância recomendados pela ACGIH são:
0,88 mg/m³ já corrigido para a jornada brasileira, para certas madeiras duras;
4,4 mg/m³ já corrigido para a jornada brasileira, para madeiras macias.
• PNOS – Partículas que são especificadas de outra maneira
PNOS são poeiras, as quais:
1 - ficam excluídos os riscos de sílica e asbesto,
2 – são de substâncias que não possuem nenhum TLV aplicável,
3 – são insolúveis ou fracamente solúveis em água (e fluidos pulmonares),
4 – tenham baixa toxicidade,
5 – não sejam ionizantes,
6 – não causam imunosensibilização ou outros efeitos tóxicos que não sejam
inflamação ou “sobrecarga pulmonar”.
• A ACGIH acredita que as partículas insolúveis ou fracamente solúveis, mesmo
que biologicamente inertes, podem causar efeitos adversos e recomenda que
as concentrações ambientais devam ser mantidas abaixo de 3,0 mg/m³, para
partículas respiráveis e 10 mg/m³, para partículas inaláveis (aplicar Brief &
Scala para a jornada brasileira), até que seja estabelecido o limite de tolerância
para uma substância em particular.
• Limite de exposição para efeitos combinados
Devem ser utilizados quando os efeitos
independentes não foram ultrapassados e na certeza
de que existe sinergia entre os contaminantes
presentes no ambiente.
Exemplo 1:
Feita a coleta de fumos metálicos provenientes
de operação de soldagem, obtiveram-se os
seguintes dados:
• Concentração de Ni = 0,3 mg/m3 (LT = 0,88
mg/m3)
• Concentração de Zn = 2,4 mg/m3 (LT = 4,4
mg/m3)
• Concentração de Cu = 0,05 mg/m3 (LT = 0,176
mg/m3)
Determinar o Limite de Tolerância.
• AVALIAÇÃO DE AERODISPERSOIDES (PARTICULADOS)
Para avaliar o grau de exposição do trabalhador às poeiras,
bem como para qualquer material particulado, é necessário
medir a CONCENTRAÇÃO das mesmas na zona respiratória
(aproximadamente 20 cm do nariz) e comparar com os
limites de exposição encontrados, por exemplo, na NR-15
da Portaria n° 3.214/78 do Ministério do Trabalho e
Emprego, nos valores de referência ou, nas publicações da
ACGIH, mais precisamente nas edições anuais dos Limites
de Exposição (TLVs) para Substâncias Químicas.
Exemplo 2:
Foi realizada uma amostragem de poeira de
algodão no setor de uma fábrica têxtil, tendo
sido obtidos os seguintes dados:
• Vazão (Q) = 7,4 l/min
• tempo de amostragem = 150 minutos
• Massa de amostragem = 0,25 mg
Pergunta-se:
• Há risco de exposição à poeira de algodão?
Exemplo 3:
No setor de abastecimento de areia de fundição de uma
empresa X, foi feita uma amostragem de poeira total, onde
o equipamento foi instalado em um empregado com a
função de Auxiliar de Abastecimento.
Foram obtidos os seguintes dados:
• Massa inicial (mi) = 14,0 mg
• Massa final (mf) = 14,8 mg
• Vazão inicial = 1,50 l/min
• Vazão final = 1,40 l/min
• Tempo inicial = 12:00 horas
• Tempo final = 17:00 horas
• % SiO2 (sílica livre) = 4%
• Exemplo 4:
Em uma empresa X foram realizadas coletas de
amostra de poeira respirável, visando caracterizar
a exposição à poeira do Ajudante de Britador de
calcário, obtendo-se os seguintes dados:
• Massa inicial = 14,0 mg
• Massa final = 15,4 mg
• Vazão média = 1,70 l/min
• Tempo de amostragem = 5 horas e 30 minutos
• % quartzo (sílica livre) = 2%
CARVÃO CHUMBO
SILICATOS

CROMO ANEXO N.º 13 FÓSFORO


AGENTES
ARSÊNICO QUÍMICOS
MERCÚRIO

SUBSTÂNCIAS CANCERÍGENAS Para as


substâncias ou processos as seguir
relacionados, não deve ser permitida HIDROCARBONETOS E
nenhuma exposição ou contato, por OUTROS COMPOSTOS DE
qualquer via: CARBONO
- 4 - amino difenil (p-xenilamina);
- Produção de Benzidina;
- Betanaftilamina;
- 4 – nitrodifenil.
ARTIGO - BENZENO: UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Marco Antonio Ferreira da Costa e Maria de Fátima Barrozo da Costa

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