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Introducao

Ainda que a mineração empregue 1% do total de trabalhadores, é responsável por cerca de


8% dos acidentes fatais (15.000 ao ano aproximadamente). Apesar de não se dispor de dados
confiáveis sobre acidentes, o seu número é significativo, bem como o de trabalhadores
afetados por doenças profissionais, como pneumoconioses. 

As poeiras minerais são produzidas principalmente por operações de perfuração, explosões,


extração de mineral, britagem de pedra ou de mineral beneficiamento, carregamento e
transporte

Embora os minerais variem em sua composição, todos eles geram uma poeira que
frequentemente contém sílica livre cristalina, cuja concentração depende do mineral lavrado e
da jazida da qual se origina. É a presença de quartzo livre que oferece um risco consistente de
danos à saúde, em todas as operações de lavra.

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Definição de Poeira

Poeira ou pó são uma quantidade de pequenas partículas de variadas origens, estruturas e


composições, que se depositam a partir da suspensão pelo ar, causando sujeira em diversos
objectos.
São partículas sólidas de qualquer tamanho, natureza ou origem, produzidas por rompimento
mecânico de sólidos através de processos de moagem, atrito, impacto, etc., ou por dispersão
secundária como arraste ou agitação de partículas decantadas.

Classificação de Poeiras:

 Poeiras Minerais;

 Poeiras Alcalinas;

 Poeiras Vegetais;

 Poeiras Metálicas.

Exemplos: Poeira Sílica, Carvão, Talco, Farinha.

Se as partículas de pó são inferiores a 5 micrómetros de diâmetro, elas podem penetrar a


membrana exterior dos pulmões. A maioria dessas partículas acumula-se então nos espaços
disponíveis dentro dos pulmões. Desse modo prolonga-se o trajecto de difusão para o
oxigénio, o que dificulta a respiração e provoca a falta de ar do paciente. A doença resultante
chama-se de pneumoconiose, e é reconhecida geralmente como uma doença profissional
típica dos mineradores.

Prevenção Contra Poeiras Minerais

Sabe-se que a produção de poeira pode afectar a empresa e o trabalhador de diversas formas.
Sem as devidas precauções podem ser causados danos aos equipamentos, visibilidade
prejudicada, perda de material, problemas com a comunidade, danos ambientais, irritação nos
olhos e na pele, doenças respiratórias e até mesmo acidentes.

De acordo com o DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral, quando


ultrapassados os limites de tolerância à exposição a poeiras minerais, devem ser adoptadas

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medidas técnicas e administrativas que reduzam, eliminem ou neutralizem seus efeitos sobre
a saúde dos trabalhadores.

O departamento orienta também que, onde rocha ou minério estiver sendo perfurado, cortado,
detonado, carregado, descarregado ou transportado, devem ser realizados processos de
umidificação para evitar a dispersão da poeira no ambiente de trabalho.

Devemos ficar atentos as Normas Reguladoras de Mineração (NRM) que destacam a


utilização de dispositivos ou técnicas de controle, que impeçam a dispersão da poeira no
ambiente de trabalho.

A prevenção das doenças relacionadas à sílica livre cristalina pode ser feita através de:

a)    Eliminação a exposição não usando sílica ou usando-a nas menores quantidades possíveis e
de forma que ninguém se exponha;

b)    Quando não se pode eliminar completamente a exposição á sílica livre cristalina, então
controlar ou minimizar a emissão de poeira para o ar;

c)    Se não for possível controlar a exposição à sílica livre cristalina por qualquer método, então
fornecer equipamentos de proteção respiratória para os trabalhadores e outras pessoas que
necessitem circular pela área, se necessário.

Medidas de Controle

Para prevenir estas doenças, é necessário utilizar as medidas de controle, onde podemos citar:
Medidas Coletivas:
 umidificação do ambiente com lavagem constante do piso;
 ventilação local ou geral;
 enclausuramento total ou parcial do processo produtor de poeiras;
 exaustão localizada; entre outras.
Medidas Individuais:
 protetores respiratórios (respiradores);
 aparelhos purificadores (máscara a filtro);
 máscaras protetoras.

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Toda empresa deve fornecer aos trabalhadores, gratuitamente, os equipamentos de proteção
individual com Certificado de Aprovação (CA)emitido pelo órgão competente em Segurança
e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, conforme a Norma
Regulamentadora NR 6 - Equipamento de Proteção Individual - EPI.

Impactos Ambientais Causados Pela Mineração

 A biota;
 A saúde, segurança e o bem estar da população;
 As actividades sociais e económicas;
 As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
 Alteração do relevo (impacto visual e paisagístico)
 A qualidade dos recursos ambientais.

Fontes de Particulados:

 Perfuração;
 Detonação;
 Carregamento;
 Transporte;
 Misto com usina.

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Fig. 1:

Conceitos Básicos

Material Particulado em Suspensão (MPS) – Conjunto de partículas sólidas e/ou liquidas


dispersas no ar. Compreende uma faixa de tamanho de algumas dezenas de nanómetros (nm)
até poucas centenas de micrómetros (μm).

Aerossol – Conjunto de partículas sólidas e/ou liquidas suspensas em um meio gasoso.


Geralmente, o tamanho das partículas dos aerossóis compreende uma faixa entre 0,001 e 100
(μm).

Partículas Totais em Suspensão (PTS) – É uma estimativa da massa de partículas totais em


suspensão, obtidas através de um amostrador de grande volume (Hi-vol). Compreende
partículas na faixa de tamanha qual vai de poucos micrómetros até cerca de 50 μm.

Fracção inalável – É definida como a fracção em massa das partículas em suspensão que são
inalados através da boca e do nariz. Esta fracção depende principalmente da velocidade e
direcção do movimento do ar próximo da cabeça, taxa de respiração (inspirações por minuto)
e volume de respiração (ml inspirado).

Fracção respirável – É definida como a fracção em massa das partículas inaláveis as quais
penetram até os alvéolos pulmonares. A fracção respirável é definida por um diâmetro de
corte em 50% (D50) igual a 4 μm e um diâmetro de corte superior (Dsup) igual a 12 μm.

Fracção PM10 – É a fracção em massa das partículas colectadas por um amostrador cujo
orifício de entrada possui corte de 50% de eficiência para partículas com 10 μm de diâmetro
aerodinâmico. A fracção PM10 é definida por um diâmetro de corte em 50% (D50) igual a
10 μm e um diâmetro superior (Dsup) igual a 30 μm.

Perfuração e Detonação

Durante a perfuração se observa a libertação de poeiras, sobretudo na furação a seco ou


utilizando o ar para a expulsão de detritos.

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Poeira de mineral: tem nas actividades de perfuração, corte, disparos com explosivo.

Fig. 2:

Carregamento

Partículas emitidas pelos equipamentos de carregamento, constituem parte da poeira presente


durante o carregamento nos camiões. Estes equipamentos são as pás carregadoras (LHDs).

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Fig. 3:

Transporte

Partículas emitidas pelos equipamentos de transporte, constituem parte da poeira presente


durante o transporte nos trajectos para pilhas de estéril e do minério. Estes equipamentos são
os camiões (dumper), jumbos automotores, locomotivas, veículos para transporte de pessoal,
entre outros.

Fig. 4:

Misto Com Usina

Poeiras lançadas na planta de processamento mineral, quer partículas no ar como no meio


aquoso.

Efeitos Ambientais Das Poeiras

Sobre a saúde humana

 Irritação dos olhos e das vias respiratórias;


 Redução da capacidade pulmonar;
 Aumento da susceptibilidade a infecções virais;
 Doenças cardiovasculares;
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 Redução da performance física;
 Dores de cabeça;
 Agravamento de asma, bronquite e pneumoconioses;
 Cancro, etc.

Sobre a Fauna

 Enfraquecimento do sistema respiratório, dano aso dentes e olhos;


 Susceptibilidade a doenças e pestes;
 Redução das fonte de alimentação;
 Redução da capacidade de reprodução.

Sobre a Vegetação

 Necrose da folhas, caule e frutos;


 Redução da taxa de crescimento;
 Aumento da susceptibilidade a doenças, pestes e clima adverso;
 Interrupção total do processo produtivo.

Sobre os Materiais

 Deposição nas edificações e monumentos;


 Descoloração, erosão e corrosão;
 Enfraquecimento e decomposição dos materiais de construção.

Os efeitos sobre o organismo humano são evidenciados nos seguintes aspectos:

 Alteração da capacidade do sistema respiratório de remover as partículas do ar


inalado, causando infecções, como as faringites, rinites e bronquites.
 A mais temível das infecções é a pneumonia.

Medidas Mitigadoras

Sistema de colecção de ar na perfuração seca.

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Fig. 5:

Medidas de Controle das Poeiras na industria Mineira.

 Construção adequada das vias;


 Aspersão de água com caminhão pipa;
 Solução de sal;
 Emulsões de petróleo;
 Polímeros;
 Adesivos;
 Velocidade do caminhão;
 Controle do tráfico;
 Cobertura da carga do caminhão,

Construção Adequada de Vias

a) Rochas >30%;
b) Quanto > CBR > capacidade portante;
c) Mínimo valor recomendado: 30%.
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d) Emissões de poeiras no transporte com caminhões: 78 – 97% de PM10;
e) Redução da iluminação: <2.5 μm com concentração de 100 a 400 mg/m3;
f) A maior parte da poeira é gerado através das forças das rodas sobre a superfície da via
e pela turbulência criada pelos veículos.
g) A adequada construção das vias é baseada no Califórnia Bearing Ratio. O CBR é a
medida de resistência à penetração do terreno saturado e compactado. Para obter o
CBR usa-se um pistão com secção transversal 19,35 cm2 que penetra o terreno a uma
velocidade de 7.8 cm/s. O valor obtido é comparado com um valor padrão que é
100% correspondente à penetração de uma amostra de brita graduada de elevada
qualidade.

Aspersão de Água com Camião Cisterna

É uma técnica muito comumente utilizada nas industrias Mineiras

Fig. 6:

a) 0,59 litros/m2, pode controlar 95% TSP logo de 30 minutos de aplicação .


b) 2,08 litros/m2, pode controlar 75% TSO pode de 3 a 4 h de aplicação.

Aspersão de Jacto Água

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Fig. 7:

Fig. 8: Pilha de estocagem da matéria prima.

Sufactantes ou tensioactivos

a) Adicionados à água prolonga a sua vida como um agente de controle de poeira.

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b) Actuam reduzindo a tensão superficial da água. Isto permite que as partículas da
superfície da via são penetrados pela água em alguns centímetros.
c) Podem prolongar o tempo de controle das poeiras em 35 a 50 %.

São constituídos por:

Grupo Lipofílico, solúvel em óleo/gorduras; são cadeias de hidrocarbonetos mais ou menos


longas, ou estruturas derivadas.

Grupo Hidrofílico, grupo químico solúvel em água; grupos funcionais de carácter iónico.

Classificam-se como:
 Umectantes;
 Detergentes;
 Emulsionantes e solvente.

Sais--- Soluções salinas são comumente misturado com água.

Sais mais comuns:

 O cloreto de magnésio (MgCl2),

 O cloreto de cálcio, (CaCl2). Absorve a umidade da atmosfera para manter a estrada


em uma condição húmido.

 A eficiência do MgCl2 é próximo 95% até 22 dias após de aplicação.

 Para o CaCl2, a eficiência pode ser de 82% até duas semana após sua aplicação.

Vantagens é que absorvem a humidade da atmosfera para manter o teor de humidade da via a
um nível mais elevado do que o normal.

As desvantagens são de que os cloretos podem:

 Provocar corrosão em equipamentos que utilizam as vias mais cedo do que o normal,

 Prejudicar à vegetação e ao pessoal se a pele ou olhos contacto;

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 Podem lixiviar na superfície da via com a chuva, degradando o desempenho ao longo
do tempo.

Polímeros

a) Os polímeros incluem acrílicos e vinílicos, que aplicados água forma uma solução
diluída, para aplicar á via pulverizando por via tópica sobre a superfície.

b) •Pode ter uma eficiência de controle de 74, 81% até 100% dentro de 4 semanas de
aplicação, e de 3 a 14% após 5 semanas.

c) Alguns polímeros podem ter eficiência de 37 a 65 por cento a cerca de 11 meses após
a aplicação.

d) A vantagem de usar polímeros é que eles são geralmente não corrosivo e não tóxico.
São de longa duração.

e) Após de misturado com água pode-se aplicar á via com um caminhão pipa.

Adesivos

a) São misturados com o material da superfície da via, para formar uma nova superfície.

b) O adesivo mais comuns é sulfonato de lignina, que é basicamente um produto de


resíduos da indústria do papel/celulose.

c) É de longa duração podendo controlar a poeira em períodos de 6 meses a dois anos.

d) A eficiência de controle pode ser de 50 a 63% para até 4 nós após a aplicação. A
chuva pode influenciar na eficiência e reduzir de 31 a 45%.

e) Não é corrosivo e é facilmente obtida devido á abundancia na indústria de


papel/celulose.

f) Pode interferir no processo de flotação.

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Equação para a Previsão Segundo US EPA 2006 – 2008

Dispersão – Modelo Gaussiano

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Dispersão – Equação do modelo Gaussiano

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Dispersão – Equação do modelo Gaussiano para carregamento e transporte

Controle de poeiras alinhamento das pilhas com os ventos predominantes nas regiões onde há
predominância de uma direcção do vento, alinhar as pilhas nesta direcção reduz a emissão de
pó.

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Prevenção contra Poeiras Minerais

9.1.1 Nos locais onde haja geração de poeiras, na superfície ou no subsolo, deve ser realizado
o monitoramento periódico da exposição dos trabalhadores, através de grupos homogêneos de
exposição e das medidas de controle adotadas, com o registro dos dados observando-se, no
mínimo, o Anexo que segue.

9.1.1.1 Grupo Homogêneo de Exposição corresponde a um grupo de trabalhadores que


experimentam exposição semelhante, de forma que o resultado fornecido pela avaliação da
exposição de qualquer trabalhador do grupo seja representativo da exposição do restante dos
trabalhadores do mesmo grupo.

9.1.2 Quando ultrapassados os limites de tolerância à exposição a poeiras minerais, devem ser
adotadas medidas técnicas e administrativas que reduzam, eliminem ou neutralizem seus
efeitos sobre a saúde dos trabalhadores e considerados os níveis de ação estabelecidos nas
NRM.

9.1.3 Em toda mina deve estar disponível água em condições de uso, com o propósito de
controle da geração de poeiras nos postos de trabalho, onde rocha ou minério estiver sendo
perfurado, cortado, detonado, carregado, descarregado ou transportado.

9.1.3.1 As operações de perfuração ou corte devem ser realizadas por processos umidificados
para evitar a dispersão da poeira no ambiente de trabalho.

9.1.3.2 Caso haja impedimento de umidificação, em função das características mineralógicas


da rocha, impossibilidade técnica ou quando a água acarretar riscos adicionais, devem ser
utilizados dispositivos ou técnicas de controle, que impeçam a dispersão da poeira no
ambiente de trabalho.

9.1.4 Os equipamentos geradores de poeira com exposição dos trabalhadores devem utilizar
dispositivos para sua eliminação ou redução e ser mantidos em condições operacionais de
uso.

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9.1.5 As superfícies de máquinas, instalações e pisos dos locais de trânsito de pessoas e
equipamentos devem ser periodicamente umidificados ou limpos, de forma a impedir a
dispersão de poeira no ambiente de trabalho.

9.1.6 Os postos de trabalho que sejam enclausurados ou isolados devem possuir sistemas
adequados que permitam a manutenção das condições de conforto previstas na Norma
Regulamentadora n° 17/MTE, especialmente as constantes no subitem 17.5.2. da citada NR e
que possibilitem trabalhar com o sistema hermeticamente fechado.

9.1.7 Em todas as minas deve ser realizada pelo menos uma amostragem semestral da
qualidade, inclusive explosividade, inflamabilidade e nocividade e quantidade de poeiras
produzidas pelas operações mineiras, quando couber, mantidos os seus registros em livro
próprio.

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