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SEGURANÇA DO TRABALHO

Curso Técnico em Segurança do Trabalho


Disciplina: Higiene Ocupacional
Aula 09 – Medição de agentes químicos
Autor: Ederaldo Peixoto de Araújo
Professor: Marcílio Lima

Você verá por aqui...

Em nossa décima aula, iremos abordar os princípios de técnica de coleta


de agentes químicos a fim de quantificá-lo.
Vários conceitos e informações importantes serão transmitidos para vocês
nesta aula, tal embasamento teórico-prático é essencial para um bom
aproveitamento das próximas aulas e prática profissional. Bons estudos!

Objetivos

 Assimilar os conceitos sobre amostragem;


 Verificar o principal instrumento para quantificar a concentração de agentes
químicos presente no ambiente.

Para começo de conversa...

Segundo o Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo, “um


instrumento de medição é um dispositivo utilizado para uma medição, sozinho ou em
conjunto com dispositivos complementares.”

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Avaliação de agentes químicos

São várias as razões que obrigam a avaliar a concentração de agentes


químicos no ambiente:
a) Identificar os contaminantes presentes e suas fontes;
b) Determinar a exposição de trabalhadores;
c) Checar a eficiência e eficácia das medidas de controle adotadas.

Antes de avaliar a exposição ocupacional, deve-se caracterizar o local de


trabalho. Essa caracterização refere-se à identificação das exposições potenciais
para cada trabalhador, o limite de exposição ocupacional apropriado para cada
exposição e homogeneização do grupo exposto.
Podemos definir grupo homogêneo como sendo um grupo de trabalhadores
para o qual se espera ter o mesmo ou similar perfil de exposição.

Conceitos

a) Partícula respirável
São as partículas que conseguem penetrar na região de troca de gases do
pulmão;

b) Partícula inalável
São as partículas que ficam depositadas em qualquer lugar do trato
respiratório;

c) Partícula torácica
São as partículas que oferecem risco quando depositadas em qualquer lugar
no interior das vias aéreas dos pulmões e da região de troca de gases.

d) Particulado total
É todo o material em suspensão no ar, independentemente do tamanho das
partículas.

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Tipos de amostragem

É de grande importância sabermos a concentração dos contaminantes


existentes em um local de trabalho. Portanto, devemos coletar amostras que
possibilitem uma análise quantitativa das substâncias existentes no local. É
essencial definir qual substância será analisada, tomando-se como base aquelas
com potencial nocivo ao trabalhador. Diante do exposto, são de dois tipos as
amostragens feitas visando avaliar a exposição a um contaminante.

Amostragem instantânea

São aquelas em que a amostra é coletada num período relativamente curto,


variando entre alguns segundos até 10 (dez) minutos. A grande vantagem desse tipo
de amostragem reside no fato da agilidade com que o resultado é obtido, ou seja, o
valor da concentração está disponível imediatamente via leitura direta no
instrumento. Ela é útil para operações de curta duração.
A concentração média ponderada de várias leituras é dada pela seguinte
fórmula:

Onde: C = concentração
t = tempo

Amostragem contínua

São aquelas em que a coleta da amostra é realizada continuamente durante


um período prolongado de tempo, variando de 15 minutos até varias horas.
Esse tipo de amostragem possibilita obter um resultado mais representativo
do nível de concentração do agente no ambiente, sendo a sua grande vantagem.
Entretanto, os resultados só são conhecidos depois de certo tempo, tendo em
vista que os dados coletados são analisados em laboratório.

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Dica!
Faça várias amostragens parciais em diferentes dias, pois pode haver
eventuais alterações na concentração do agente químico tendo em vista a
mudanças na rotina do trabalho, por exemplo.

Unidade de medida

A necessidade de medir é muito antiga e remonta à origem das civilizações. As


unidades de medida servem para especificar valores expressos por números a fim
de podermos comparar com valores padrões. Por exemplo, qual conclusão você
teria se a concentração de mercúrio presente no ambiente fosse 1? Faz sentido?
Agora, se a concentração fosse 1mg/m3? Você poderia concluir que para 1m3 do
volume de ar no ambiente, teríamos presente 1mg de mercúrio.

a) Volume amostrado

O volume amostrado é determinado pela seguinte fórmula:

Onde: Va = Volume amostrado (L);


Q = Vazão média durante a amostragem (L/min);
Ta = Tempo de amostragem em minutos (min).

b) Concentração

Onde: C = Concentração (mg/m3);


m = Massa da amostra (mg);
Va = Volume amostrado (m3).

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Exemplo 1

Calcule a concentração do contaminante dado as seguintes condições:


Vazão da bomba = 2L/min; Tempo de amostragem = 100min; massa do
contaminante = 50mg.

Conversão de unidades

Alguns limites de tolerância são expressos em ppm (parte por milhão) ou


mg/m3. Diante disso, iremos mostrar como poderemos fazer a conversão entre estas
unidades.

Onde: PM = Peso molecular

Exemplo 2

Transformar 20 ppm de Benzeno (C6H6) em mg/m3


Dados: Peso atômico – C = 12 g/mol
– H = 1 g/mol

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Atividade 1

Converta as seguintes unidades:


1. 4 ppm de chumbo em mg/m3;
2. 78 ppm de tolueno em mg/m3;
3. 14 mg/m3 de amônia em ppm;
4. 43 mg/m3 de monóxido de carbono em ppm.

Limite de tolerância

As substâncias possuem propriedades toxicológicas que requerem ações para


mantê-las sobre controle. Dessa forma, a exposição do trabalhador a tais agentes
está limitada a valores os quais não trazem efeitos adversos à saúde do trabalhador.

a) Limite de Tolerância

Representa a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada


com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à
saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.

b) Limite de tolerância Valor Teto

Representa uma concentração máxima que não pode ser excedida em


momento algum da jornada de trabalho.

c) Limite de tolerância média ponderada

Representa a concentração média ponderada existente durante a jornada de


trabalho, isto é, podemos ter valores acima do fixado, desde que sejam
compensados por valores abaixo dele, acarretando uma média ponderada igual ou
inferior ao limite de tolerância.

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Observação:

Essas oscilações para cima não podem ser indefinidas, devendo respeitar um
valor máximo que não pode ser ultrapassado. Este valor máximo é obtido por meio
da aplicação do fator de desvio, a seguir descrito.

VALOR MÁXIMO = LT * FD

O fator de desvio para substâncias que têm Limite de Tolerância – Valor Teto
é obtido consultando a seguinte tabela:

LT FD
0 ----------------1 3
1 ---------------10 2
10 ------------100 1,5
100 ----------1.000 1,25
Acima de 1.000 1,1
Fonte: NR-15, Anexo 11. MTE

Instrumentos de medição

Nem sempre os agentes químicos podem ser detectados pela visão ou pelo
olfato e as partículas microscópicas são as mais danosas. Hoje, para termos
resultados precisos dos contaminantes presentes no ambiente do trabalho, faz
necessário a utilização de recursos tecnológicos para medir a concentração.

Instrumentos de leitura direta

São os equipamentos que fornecem a concentração do contaminante,


imediatamente, no próprio local de trabalho que está sendo analisado. Eles são
utilizados para avaliação de gases, vapores e alguns aerodispersóides.

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Os mais utilizados e conhecidos são os indicadores colorimétricos. As


informações são obtidas através de reações químicas entre o contaminante e a
substância dentro do tubo.
Consistem fundamentalmente em se passar uma quantidade conhecida de ar
por meio de um reagente, o qual sofrerá alteração de cor, caso a substância
contaminante esteja presente.
O ar é aspirado por uma bomba.

Kit de Testes Simultâneos


Fonte: Dräger Safety.

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Tubo Colorimétrico para Ácidos Diversos

Fonte: Instrutemp

Tubo Colorimétrico para Formaldeído

Fonte: Instrutemp

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A concentração do contaminante é então determinada:

 Pela comparação da intensidade e extensão da alteração de cor resultante,


com escalas padronizadas, que podem estar tanto gravadas no próprio tubo
como impressas na carta informativa que o acompanha;

 Por comparação da cor obtida com cores-padrão;

 Pelo número de bombadas (quantidades de ar) necessárias para chegar-se a


uma cor-padrão.

Instrumento de Coleta para Análise em Laboratório

Atualmente, no mercado, existem vários modelos desses equipamentos que


são de pequeno porte e podem ser levados individualmente pelo trabalhador na sua
cintura, quando se deseja coletar amostras pessoais. Os equipamentos mais
modernos têm introduzido reguladores eletrônicos de fluxo, garantindo uma vazão
constante e, portanto, volumes de ar coletados mais precisos, o que é de grande
importância numa amostragem.
A vazão de amostragem dependerá do volume de ar necessário para se
coletar uma massa de material particulado suficiente para efetuar as análises.

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Bomba Digital de Amostragem de Poeira e Gases

Fonte: Instrutemp

Abaixo serão mostrados os componentes que constituem o sistema o qual é


acoplado à bomba.

Meios de Coleta

Os meios de coleta são os dispositivos utilizados para coletar amostras de


aerodispersóides e que as vezes são acoplados aos instrumentos de medição.

a) Filtros

Os filtros apresentam diâmetro que varia de 13 a 47mm, com tamanho de poro


de 0,45 até 5µm, são confeccionados em vários materiais, tais como:

- éster-celulose;
- PVC;
- Teflon;
- Membrana de prata;
- Fibra de vidro.

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Um filtro é selecionado baseado em sua capacidade de coletar material e sua


adaptação à análise laboratorial.

b) Impinger

É um aparato pelo qual o ar é amostrado a alta velocidade e bate por meio de


jato dentro de um compartimento no qual é imerso em um líquido.

c) Tubos de Carvão Ativado e Sílica Gel

Tubos de Sílica Gel

Fonte: Dräger Safety.

Quando queremos avaliar material particulado, além do filtro, temos que acoplar:

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a) Portas-filtro

Os portas-filtros ou “cassetes” são constituídos de poliestireno, podendo possuir


dois ou três corpos, que deverão ser bem vedados, após a preparação dos filtros,
com bandas de celulose ou teflon, de modo a evitar contaminação das amostras.

b) Suportes
Os suportes são placas de prata ou papelão de 25 mm ou 37 mm de
diâmetro, utilizadas para apoiar os filtros dentro do cassete. Os de papelão
deverão ser descartados após as coletas, para evitar a contaminação.
Os suportes de prata já não são muito utilizados atualmente e devem passar por
um processo de limpeza após a sua utilização.
c) Ciclone

O ciclone é um separador de partículas que funciona pela rotação do fluxo


vertical dentro da câmara. As partículas grandes não possuem inércia suficiente
para acompanhar o fluxo de ar, sendo arremessadas contra a parede do ciclone
e posteriormente recolhidas na base do equipamento.

Atividade 2

1. Defina limite de tolerância.


2. Qual a diferença entre limite de tolerância Valor Teto e Limite de tolerância
média ponderada?

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Leituras complementares

- Técnicas de avaliação de agentes ambientais: Manual SESI. Brasília: SESI, 2007


Coleta de material particulado sólido suspenso no ar em ambientes de trabalho.

- Norma de Higiene Ocupacional – NHO – 08. Fundacentro.

Resumo

Nesta aula, vimos que a importância do estudo deste material fundamenta-se nas
avaliações das concentrações dos contaminantes no ambiente laboral. Mas antes de
coletar as amostras, deve-se montar o plano de amostragem a fim de ter dados
precisos dos contaminantes.

Auto-avaliação

1. Qual o princípio de funcionamento dos instrumentos de leitura direta?


2. Quais são os meios de coleta utilizados na bomba gravimétrica?
3. Quais os tipos de filtros?

Faça um resumo desta aula e relacione os instrumentos de medição com


tipos de aerodispesóides apresentados na Aula 07 – Agentes Químicos.

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Referências

1. Saliba, Tuffi Messias. Curso básico de segurança e higiene ocupacional. São


Paulo: LTr, 2004.
2. Vendrame, Antônio Carlos. Agentes químicos: reconhecimento, avaliação e
controle na higiene ocupacional. São Paulo: [s.n], 2007.
3. http://www3.ciashop.com.br/instrutemp
Acessado em 18/10/2008
4. http://www.draeger.com.br
Acessado em 18/10/2008
5. http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_15.asp
Acessado em 18/10/2008

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