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EXEMPLO PRÁTICO DE ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM

Em uma granja de produção de ovos férteis existe o processo


denominado Fumigação. Este processo consiste na assepsia dos ovos
fazendo uso de Formaldeído líquido. O trabalhador efetua a borrifação
fazendo uso de bomba costal. O procedimento de borrifação não possui
frequência determinada nem tempo de duração determinado pois
depende do envio de lotes de ovos para o setor de fumigação. Assim,
após estudo no setor vimos que podem ocorrer 3 borrifações no período
da manhã e 4 no período da tarde, ou vice e versa, com duração média de
20 minutos.

O primeiro passo para a definição da estratégia a ser usada é identificar o


contaminante a ser estudado, sua metodologia de avaliação, tipo de
amostrador, Limites de Tolerância etc.

Vamos lá:

Contaminante: Formaldeído
Limite Tolerância NR-15: 2,5 mg/m³ (+) *
* A informação de que agente possui Limite de Tolerância com valor Teto é
extremamente importante pois definirá a estratégia de amostragem.
Faixa Vazão de vazão de acordo com a Metodologia : 0,03 á 1,5 L/min.
Volume Máximo: 15L
Volume Mínimo: 1 L
Tipo de amostrador: Tubo de Sílica gel
A metodologia, vazão e volumes podem ser diferenciados de acordo com a
metodologia utilizada pelo Laboratório Analítico.

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DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM

ESTRATÉGIA 1

Vamos supor que optamos em utilizar 1 única amostra para toda jornada de
trabalho. Para isso temos que observar se a metodologia permite a
amostragem abrangendo toda a jornada de trabalho.

O volume máximo permitido pela metodologia é de 15 L. Considerando a


jornada de trabalho de 8 h, 480 min, podemos ajustar a vazão da bomba:

Vazão = __Volume__ = __15___ = 0,031 L/min.


Tempo 480
Assim, para podermos avaliar 8 h de trabalho com um único amostrador temos
que ajustar a Vazão da bomba para 0,031 L/min. Observe que a Vazão mínima
da metodologia é de 0,03 L/min, ou seja, o ajuste está dentro da metodologia.
Esta verificação é importante pois em algumas metodologias o volume máximo
com a vazão exigida não permite a avaliação da jornada inteira com apenas um
amostrador.

Então vamos supor que instalamos a bomba no trabalhador durante 8 h, 480


min., com uma vazão de 0,031 L/min, captando assim um volume de 15,0 L.
Após o envio das informações para o Laboratório tivemos os seguintes
resultados:

Concentração de Formaldeído para 8h: 1,6 mg/m³

Analisando o resultado temos que a concentração medida no local de trabalho


está abaixo do Limite de Tolerância.

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Poderíamos fazer 3 ou 4 dessa mesma amostragem de jornada inteira que
obteríamos resultados parecidos. Assim com base nesta estratégia de
amostragem poderíamos emitir um parecer técnico afirmando que a exposição
está abaixo dos Limites de Tolerância.

Neste momento que entra a importância de uma estratégia de amostragem


bem definida.

Poderíamos estar equivocados! Porque?

E se em algum momento da jornada houve picos de concentração onde os


valores ultrapassariam o Limite de Tolerância? Isso porque o Formaldeído tem
seu Limite de Tolerância como valor teto, ou seja, em momento algum da
jornada ele deve ser ultrapassado.

Os possíveis picos não são detectados com uma amostragem de jornada


inteira, isso porque a formula da concentração é:

C = __m__
V

Assim na amostragem de jornada inteira ora coletamos volume com massa do


contaminante quando há exposição ao agente no momento da borrifação, ora
coletamos volume sem massa do contaminante quando o trabalhador executa
outras atividade. Assim, o volume coletado sem o contaminante dilui a
concentração apresentando valor final abaixo dos limites de tolerância.

Assim para que possamos verificar se existem picos durante a jornada de


trabalho devemos avaliar durante a exposição mais crítica ocorrida na jornada
de trabalho.

Neste caso, a exposição mais crítica é no momento da borrifação. Assim


devemos efetuar uma coleta de curta duração abrangendo apenas o momento

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da borrifação. Assim conseguiremos mensurar a concentração no momento de
pico.

Para isso devemos verificar o ajuste da vazão:

A faixa de vazão da metodologia é de 0,03 á 1,5 L/min.


O faixa de volume da metodologia é de 1,0 á 15 L
O tempo média da borrifação é de 20 min.
Ajustando a vazão para uma avaliação de 20 min. temos:
Se utilizarmos uma vazão de 0,5 L/min, em 20 minutos termos:

Volume = Vazão x Tempo = 0,5 x 20 = 10 L

Percebe-se que o volume coletado está dentro da vazão da metodologia.

Então instalamos a bomba com o amostrador no Trabalhador durante o


procedimento de borrifação o qual perdurou 20 min.

Assim, coletamos um volume de 10L.

Após o envio das informações para o Laboratório tivemos o seguinte resultado:

Concentração de Formaldeído: 3,4 mg/m³

Assim, temos que a exposição ultrapassa o Limite de Tolerância.

CONCLUSÃO

Conforme situação hipotética apresentada vimos que para uma estratégia de


amostragem de jornada inteira com 1 amostrador tivemos uma concentração
abaixo dos limites de tolerância. Contudo para uma amostragem de curta
duração tivemos uma concentração acima dos Limites de Tolerância.

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Assim, para este caso, onde o agente possui limite de tolerância teto, no meu
entendimento, considerando a viabilidade técnico-financeira, adotaria a
seguinte estratégia de amostragem:

3 Amostragens de jornada completa


Com 3 amostragens de jornada completa, com desvio padrão aceitável, teria
um resultado confiável para comparação com o Limite de Tolerância para 8 h
TWA.

3 Amostragens de curta duração no momento mais crítico, ou seja, na


borrifação.

Com 3 amostragens de curta duração, com desvio padrão aceitável, teria um


resultado confiável para comparação com o Limite de Tolerância Teto, C.

Ainda há variáveis que podem ser consideradas na estratégia de amostragem,


as quais não foram tratadas aqui. Contudo acredito que este modelo pode ser
utilizado para iniciarmos uma discussão quanto a melhor estratégia.

Eng. Daniel Godoi Faria.

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