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PERIODICIDADE DE CALIBRAÇÃO: SAIBA COMO ELABORAR SEU

PROCEDIMENTO

Quem gerencia as calibrações sente-se pressionado a minimizar custos


estendendo ao máximo o intervalo de calibração. O intervalo considerado ótimo
é aquele que garante que o instrumento de medição sempre está em
conformidade com erro permissível adotado no processo.

Se você tem dúvida para determinar o erro permissível, leia também o


artigo: Como Analisar Criticamente o Certificado de Calibração
O objetivo do intervalo entre duas calibrações é conhecer seus erros e as
respectivas incertezas, assegurando que os instrumentos estão ou não
adequados para o uso pretendido. A necessidade das calibrações periódicas
deve-se ao fato que o instrumento sofre alterações em suas características
metrológicas ao longo do tempo.

Fatores Básicos para Estabelecer os Intervalos de Calibração

a) Recomendações do Fabricante, este estuda os detalhes do comportamento


de medição, realizando calibrações ao longo tempo, estimando a deriva na curva
de tendência em função da variável tempo.
b) Influência das condições ambientais. Ambientes agressivos, mais sujos,
mais quentes, com muita vibração, sem controle de temperatura ou umidade,
podem gerar desgaste comprometendo o instrumento de medição. Um
exemplo básico é a influência da umidade na oxidação do peso padrão.
c) Nível de Qualidade dos Instrumentos de Medição. A balança do fabricante A
pode não ter a mesma “robustez” do que o fabricante B, ou até mesmo a
qualidade de fabricação.
d) Frequência de uso, quanto mais ele é usado mais ele se desgasta.
e) Requisitos ou Especificações Técnicas, não é comum, mas algumas normas
definem os intervalos de calibração.
Algumas instituições como NIST, normas DIN e ABNT sugerem alguns
intervalos de calibração, porém devem ser utilizados com cautela, em função
dos diversos fatores mencionados anteriormente.

“Documento Orientativo: DOQ-CGCRE-036 - ORIENTAÇÕES SOBRE


VERIFICAÇÃO INTERMEDIÁRIA DAS BALANÇAS

Recomendam-se as seguintes frequências para as calibrações e


verificações:

1. Balanças:
a. calibração a cada 12 meses.
b. verificações diárias ou a cada uso.
c. Verificações intermediárias – verificação simples em pontos selecionados: a
cada mês
d. Verificações intermediárias – verificação da repetitividade – a cada 06
meses.
2. Pesos padrão: calibração a cada 5 anos.

3. Pesos de valor designado: verificações contra pesos padrão calibrados


(anualmente) ou pesagem direta nas balanças imediatamente após a
calibração destas.”

Então, como definir um intervalo de calibração?

O método que vamos apresentar é baseado em critérios objetivos, pois


dependem do peso (ou nota) dos fatores: desgaste, local, frequência de uso,
custo de calibração e risco do resultado não estar conforme.

O fator custo de calibração – FC

Índice associado ao tempo envolvido para calibrar o instrumento de medição,


quanto maior o tempo para calibrar mais onerosa é a calibração, principalmente
porque exigirá mais tempo do executor.

Tempo necessário para a Calibração ser executada Pontos

Menor que 1 h 10
Entre 1 e 4 h 8
Entre 4 e 8 h 6
Entre 8 e 16 h 4
Maior do que 16 h 2

No caso da calibração ser executada por um laboratório externo é importante


incluir custos de transporte, custos da calibração, eventuais manutenções entre
outros.
O fator de risco – FR

Esse fator está relacionado a segurança pessoal do usuário ou quanto a


imprecisão de um instrumento de medição pode causar dano. Por exemplo,
consideramos risco alto quando o instrumento é utilizado em situações em que
o resultado da medição envolve riscos de acidente, isto é para segurança física
do usuário. Você também pode associar esse risco a complexidade de
retrabalho, um exemplo comum é o “Recall”: devoluções de mercadorias
ocorridas por problemas relativos à segurança do produto.

Critério Pontos
O instrumento é utilizado em medições que envolvem a segurança do usuário 10
O instrumento é utilizado em medições de médio risco a segurança do usuário 5
Não há risco de segurança para o usuário 1
O fator de desgaste – FD

Associado ao nível de deterioração que o instrumento de medição poderá


sofrer com o tempo em função do uso contínuo. O nível de desgaste pode ser
identificado pela frequência de manutenções corretivas.
Nível de desgaste Pontos
Instrumento está sujeito ao desgaste intenso 9 a 10
Instrumento está sujeito ao desgaste médio 6a8
Instrumento está sujeito ao desgaste regular 3a5
Instrumento está sujeito ao desgaste médio pequeno ou inexistente 1a2

O fator de localização - FC

Associado ao local onde o instrumento de medição opera ou é armazenado. A


deterioração provém de ambientes mais sujos ou agressivos.
Tipo de Ambiente Pontos
Local extremamente sujo, com pó, temperatura não controlada 9 a 10
Local sujo, com pó, temperatura controlada 6a8
Local limpo e com temperatura controlada 3a5
Ambiente muito limpo e climatizado (temperatura controlada) 1a2

O fator da frequência de uso – FF

Provavelmente o mais crítico, associado à frequência de uso do instrumento,


fator impactante nas alterações de seu comportamento metrológico.

Frequência de uso Pontos


Constante 10
Horária 8a9
Turno 6a7
Diária 4a5
Semanal 3
Mensal 2
Anual 1

O fator total - FT

É o resultante da multiplicação dos cinco fatores

FT = FC x FR x FD x FL x FF
FC = O FATOR CUSTO DE CALIBRAÇÃO
FR = O FATOR DE RISCO
FD = O FATOR DE DESGASTE
FL = O FATOR DE LOCALIZAÇÃO
FF = O FATOR DA FREQUÊNCIA DE USO

Frequência
Fator Total - FT (em mês)
80000 < FT ≤ 100000 1
52500 < FT ≤ 80000 3
32000 < FT ≤ 52500 6
16000 < FT ≤ 32000 9
10000 < FT ≤ 16000 12
6300 < FT ≤ 10000 15
3800 < FT ≤ 6300 18
1800 < FT ≤ 3800 21
1000 < FT ≤ 1800 24
FT ≤ 1000 36

Disponível em: https://www.brixic.com.br


Acesso em: 21/9/2019.

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