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Procedimentos de Amostragem Téc.

Rosemberg Silva Lopes da Rocha

ANÁLISE DE VAPORES ÁCIDOS INORGÂNICOS ATRAVÉS DE TUBOS DE SÍLICA GEL

A coleta de amostras de Ácidos Inorgânicos deve ser feita conforme descrito abaixo:

1) O método que estipula a amostragem de Ácidos Inorgânicos é o NIOSH 7903.


2) Bomba de Amostragem Pessoal acoplado à um redutor de fluxo de vazão.
3) O método de amostragem é feita através da técnica de adsorção, utilizando o tubo de sílica gel de 400/200 mg.
4) A vazão estipulada pelo método varia entre 0,2 L/min à 0,5 L/min
5) O volume mínimo é de 3 Litros e o máximo é o de 100 Litros.

Exemplo:

Vazão Mínima e Volume Mínimo Vazão Máxima e Volume Mínimo

T’: 0,2 L ------------1min T’: 0,5 L ------------1min


1L ------------ T’ 1L ------------ T’

T = 5’(minutos) T = 2’(minutos)

Vazão Mínima e Volume Máximo Vazão Máxima e Volume Máximo

T’: 0,2 L ------------1min T’: 0,5 L ------------1min


100 L ------------ T’ 100 L ------------ T’

T = 500’(minutos) ou 8 horas e 20 minutos T = 200’(minutos) ou 2 horas e 20 minutos

LIMITES DE TOLERÂNCIA

 Os ácidos inorgânicos que pode ser analisados pelo método citado acima são:

 Ácido Nítrico – 2 ppm (ACGIH – TWA) / 4 ppm (ACGIH – STEL) / NR-15: Não Consta
 Ácido Clorídrico – 4 ppm(NR – 15 Valor Teto) / 2 ppm (ACGIH – TETO)
 Ácido Sulfúrico - 1 mg/m³(ACGIH – TWA) / 3 mg/m³ (ACGIH – STEL) / NR-15: Não Consta
 Ácido Bromídrico - 3 ppm (ACGIH – TETO)
 Ácido Fosfórico - 1 mg/m³(ACGIH – TWA) / 3 mg/m³ (ACGIH – STEL) / NR-15: Não Consta
 Ácido Fluorídrico - 3 ppm (ACGIH – TETO)

TÉCNICA DE AMOSTRAGEM

A técnica de amostragem é feita com bomba de amostragem pessoal, utilizando redutor de vazão acoplado ao nível respiratório do
trabalhador, junto à um tubo de sílica gel de 400/200 mg. Para se chegar a calibração desejada, deve-se utilizar um calibrador de
fluxo de vazão,onde deve-se ajustar a vazão da bomba de acordo com o analito em questão e então acopla-la ao calibrador
ajustando o tubo em linha.

O que significa adsorção?

 É a técnica utilizada para se obter a retenção de um gás ou vapor em um sólido.

Ex: Carvão Ativo, Monitor Passivo, Tubo de Sílica Gel, Tubo de Dessorção Térmica.

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Bomba De Amostragem Pessoal Redutor De Vazão Calibrador De Fluxo De Vazão

Tubo de Sílica Gel de 400/200 mg Quebrador de Tubos

OBS: Deve-se retirar as “vedações” do tubo e posteriormente quebrar as pontas,utilizando um quebrador de tubos para que
nenhum estilhaço possa atingir os olhos do avaliador(para maior segurança,este procedimento deve ser feito com óculos de
segurança). O tubo possui uma seta vermelha que indica o sentindo do fluxo de ar,ou seja,o avaliador deve colocar o tubo
com a seta apontada para o redutor de vazão (parte escura da “caneta”), fazendo com que o ar passe desta ponta (com a
seta) para a outra (conectada a bomba). Após a coleta deve-se recolocar as “vedações” no tubo,pois isso evita que haja
perda da amostra.
Após a amostragem, envie a amostra imediatamente para o laboratório,caso não consiga enviar no mesmo dia, mantenha o
coletor (tubo) refrigerado para evitar a perda da amostra.

O laboratório dá um prazo de 72 horas para o envio da amostra após ter sido coletada no campo de trabalho.

As bombas de amostragem devem ser afixadas na cintura do trabalhador, através de um cinto, em posição que não
atrapalhe a operação que ele estiver realizando e que permita o acompanhamento do funcionamento das bombas pelo
técnico.

O elemento de amostragem (tubo) deve ser posicionado na zona de respiração do trabalhador. A caneta redutora de
vazão, no momento da coleta, deve estar com a face de amostragem voltada para baixo.

Observe se a mangueira de amostragem não está sofrendo estrangulamento, e que o elemento de amostragem fique em
posição oposta à bomba.

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O equipamento deve ser ligado e durante o tempo de operação devem ser feitas observações com relação a seu
funcionamento e com relação ao ambiente de trabalho.

Devem ser anotados os seguintes dados:

 data da amostragem;
 nome da empresa ;
 técnico responsável pela amostragem;
 código do tubo;
 temperatura ;
 umidade;
 velocidade do ar;
 volume de ar coletado;
 vazão da bomba;
 posto de trabalho onde foi realizada a coleta;
 Observações sobre a origem e/ou descrição do aerodispersóide.
 Nº de série da bomba.

FOTOS DOS PROCEDIMENTOS

Redutor de Vazão, junto


com o tubo de Sílica
Gel.

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INTERFERÊNCIAS DO MÉTODO

 Velocidade do Ar: Tem grande influência na movimentação das substâncias, onde a direção do vento ou o sistema de
exaustão interferem na quantificação do agente.

 Umidade Relativa do Ar: A URA influencia consideravelmente na avaliação dos aerodispersóides.Isso se deve
porque a umidade nada mais é do que partículas de água dispersas no ar, e essas partículas em grande
concentração, são agregadas ao coletor (tubo, cassete, etc), interferindo na avaliação.

OBS: O laboratório recomenda que não se faça avaliação com uma taxa de URA > 75%.

 Temperatura: A temperatura ambiente determina a densidade do ar, ou seja, pequenos aumentos de temperatura
causam movimentações ascendentes do ar, aumentando a mobilidade dos gases ou vapores presentes no ar.

TÉCNICA ANALÍTICA

A técnica analítica utilizada é a de cromatografia iônica, fazendo a extração por meio de Dessorção Química. A sílica gel é colocada
dentro de um tubo de ensaio,onde será colocado uma solução de carbonato e bicarbonato para fazer a dessorção. Desta maneira é
possível pegar uma parte deste extrato e colocar no cromatógrafo de condutividade iônica, que fará a leitura da avaliação (qualitativa
por exemplo) e a outra fração do extrato poderá ser quantificada.

Cromatógrafo de Condutividade Iônica

O que é Dessorção?

 É a técnica utilizada para desprender as substâncias adsorvidas pelo tubo, pode ser de forma térmica (aquecimento da
amostra) ou através de extração por meio de substâncias químicas.

EFEITOS À SAÚDE

 Os ácidos inorgânicos, em determinadas concentrações, podem causar sérios danos a saúde do


trabalhador.Portanto,citaremos alguns agentes e seus efeitos à saúde.

Ácido Nítrico (HNO3) - O ácido nítrico é altamente corrosivo e seus vapores são muito irritantes para as membranas dos olhos e das
vias respiratórias. O contato com a pele provoca queimaduras. A severidade das lesões depende da duração da exposição e da
concentração atmosférica da substância.

Elevadas concentrações de ácido nítrico produzem sensação de queimação na garganta, sufocação, tosse, edema pulmonar e morte.
Os efeitos respiratórios da exposição aguda podem ser retardados em até 30 horas, ocorrendo dispnéia (dificuldade para respirar),

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tosse, dor torácica, pneumonite química e edema pulmonar. Os casos fatais são geralmente devidos a edema pulmonar fulminante,
insuficiência circulatória, edema de glote e faringe.

No sistema nervoso central, a exposição a elevadas concentrações provoca dor e desconforto na cabeça.

Em condições ambientais favoráveis, com a presença de materiais orgânicos, o ácido nítrico pode formar óxido nítrico que, ao ser
absorvido, provoca metemoglobinemia, surgindo tontura, hipóxia (baixa oxigenação), perda da coordenação motora, confusão mental,
fraqueza e morte. A metemoglobinemia é provocada pela oxidação do ferro na hemoglobina para o estado de ferro 3+.

Nos olhos a substância provoca irritação e lacrimejamento. A ingestão leva a queimaduras na boca e lesões no aparelho digestivo. O
contato com a pele provoca manchas amarelas e de cor marrom.

A exposição prolongada a concentrações acima dos limites de tolerância provoca, como outros irritantes, doenças crônicas das vias
respiratórias, a exemplo de rinite, sinusite e bronquite. Sintomas de infecção viral das vias aéreas superiores podem surgir. Nos olhos
surge conjuntivite. Nos dentes ocorre descoloração.

Distúrbios neurológicos, natimorto e atraso no desenvolvimento são alterações encontradas no feto, a partir do 3 trimestre da gravidez,
provavelmente relacionadas à baixa oxigenação do sistema nervoso central devido à metemoglobinemia.

Ácido Clorídrico ( HCl ) - Os vapores do ácido clorídrico são irritantes das membranas das vias respiratórias e provocam rinite,
laringite, bronquite, edema de glote, espasmo da laringe, edema pulmonar e morte, em altas concentrações. Acidose metabólica
hiperclorêmica ocorre em elevadas concentrações. Na via digestiva surgem ulcerações na boca e gastrite. Nos olhos os vapores do
ácido provocam irritação.

No contato com a pele e os olhos, o ácido clorídrico é altamente corrosivo e causa queimaduras e úlceras.

A exposição prolongada a concentrações acima dos limites de tolerância pode levar à irritação crônica das vias respiratórias, surgindo
faringite e bronquite crônica. Surgem sintomas de infecção viral das vias respiratórias. Nos olhos ocorre conjuntivite.

Ácido Sulfúrico (H2SO4) - O ácido sulfúrico é extremamente irritante e corrosivo, devido à sua reatividade com a água. É um severo
irritante para as vias respiratórias e a pele. O ácido sulfúrico concentrado destrói os tecidos como resultado de sua importante ação
desidratante.

Na pele as soluções concentradas provocam queimaduras e feridas dolorosas.

O contato com os olhos ocasiona danos irreparáveis para a córnea, lesões ulcerativas e destrutivas do segmento anterior do olho, com
conseqüente cegueira.

Nas vias respiratórias, o ácido sulfúrico atua como forte irritante. A inalação dos seus vapores, que são partículas aerodispersas, produz
coceira no nariz e na garganta, espirros, tosse, aumento reflexo da freqüência respiratória, diminuição da respiração profunda e
constrição brônquica, com conseqüente aumento da resistência ao fluxo de ar para os pulmões.

Na via digestiva os vapores do ácido sulfúrico causam gastrite e estomatite. A ingestão do produto produto provoca graves lesões
ulceronecróticas do esôfago e estômago.

Devido a ser ele um ácido forte, a exposição ao ácido sulfúrico pode produzir acidose metabólica, especialmente após a ingestão.

Exposições repetidas a longo prazo ocasionam: bronquite, conjuntivite, infecção respiratória, enfisema, erosão do esmalte dentário e da
dentina. Vários estudos epidemiológicos de trabalhadores cronicamente expostos ao ácido sulfúrico mostraram risco maior de câncer
respiratório (laringe e pulmão). Até o momento, a substância não foi considerada um cancerígeno confirmado para o homem.

Ácido Bromídrico (HBr) – O ácido bromídrico é um líquido corrosivo, é um forte irritante para os olhos,nariz e para as
mucosas. A exposição a 5 ppm por alguns minutos, pode causar irritação do nariz.Irritação dos olhos e dos pulmões pode
ser sentida com altas concentrações. O limite de percepção de odor é de 2 ppm.

O ácido em contato com metais comuns e na presença de umidade produz hidrogênio.Podem ocorrer reações violentas
com a amônia e o ozônio.

Ácido Fosfórico (H3PO4) – O ácido fosfórico é menos corrosivo e nocivo do que são o ácido nítrico ou sulfúrico concentrados .As
suas soluções concentradas são irritantes para pele e para as mucosas.Os vapores podem causar irritação na garganta e provocar
tosse.

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Ácido Fluorídrico(HF) – O ácido fluorídrico é extremamente corrosivo para o tecido do corpo,causando queimaduras graves . O
ácido pode penetrar na pele e destruir os tecidos inferiores e até mesmo afetar os ossos. O contato com o ácido diluído pode causar
queimaduras que até podem ser tornar perceptíveis muitas horas após a exposição.O contato com olhos pode causar graves danos à
visão.

Considerações Finais

A vazão é determinada pelo avaliador, varia entre 0,2 L/min à 0,5 L/min, devendo ser empregada aquela que cubra de
forma representativa a jornada de trabalho do funcionário exposto.É necessário que se respeite os volumes
mínimos/máximos (3 à 100 litros) estipulados pelo método, porque se for coletado abaixo do volume mínimo, a detecção do
laboratório será mais difícil e se for coletado acima do volume máximo, há a possibilidade de saturação do coletor,
dependendo da atividade e da concentração presente no local avaliado.

Lembre-se, concentração é diferente de exposição, os limites de tolerância são estipulados para 8 horas diárias de
trabalho, o que nos leva a conclusão de que as amostras devem cobrir este tempo de trabalho ou 75 % da jornada
(conforme recomendações do guia de amostragem da NIOSH), para que possamos comparar de forma representativa com
estes limites.

Referência Bibliográfica:

 Propriedades Nocivas das Substâncias Químicas(Vol.1 eVol.2) – Pradyot Patnaik


 ACGIH 2003 “American Conference of Governmental Industrial Hygienists”
 NR-15 - Atividades e Condições Insalubres
 Toxicologia Industrial – Roberto Charles Góes

Elaborado em / /

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Rosemberg Silva Lopes da Rocha
Técnico de Segurança do Trabalho

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