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CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO - ESCOLA ESTADUAL FREI ROGATO

DISCIPLINA: HIGIENE OCUPACIONAL II


MÓDULO II

Resumo de Higiene Ocupacional - Agentes Químicos

1- Avaliação da exposição ocupacional a agentes químicos


A avaliação quantitativa e/ou qualitativa dos agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos
postos de trabalho, exigindo-se do avaliador (higienista ocupacional) conhecimentos de metodologias
e procedimentos de avaliação. Esta etapa abrange dois ramos de higiene do trabalho:
 higiene de campo: consiste em metodologias e procedimentos para medições diretas, como nos
casos de avaliação de agentes físicos (ruído, vibrações, calor etc.) ou de coleta de amostras para
posterior análise laboratorial, bem como em metodologias e procedimentos de avaliação
qualitativa. Em última análise, vida manter o local de trabalho fora dos limites de perigo,
adotando medidas preventivas;

 higiene analítica: consiste em técnicas laboratoriais (análises em laboratórios) para análise de


concentração de agentes químicos em amostras coletadas na fase de higiene de campo.

A grande variabilidade de agentes químicos resulta em uma dificuldade maior para o processo de
reconhecimento e avaliação de riscos em comparação com os agentes físicos. Isso ocorre, pois, cada
produto tem suas próprias características químicas como, por exemplo, solubilidade (na água ou no
ar), pH (indicação de acidez), concentração, propriedades de alerta (com ou sem odor, por exemplo),
estado físico, volatilidade, reatividade e níveis de toxicidade, podendo agir de modo diferenciado em
diversos órgãos do organismo, variando de acordo com a via de penetração (respiratória, pele ou
ingestão) e o tempo de exposição a que o trabalhador está submetido ao agente. Além do fato de a
avaliação de um agente químico pode ser prejudicada pelas condições do clima, como, por exemplo,
chuva ou frio.

2- Amostragem de aerodispersóides sólidos


A amostragem de poeiras é sempre ativa, ou seja, com o uso de bomba de amostragem e sempre
de leitura indireta, ou seja, depende de análise laboratorial (técnica analítica).

Para o caso das poeiras, os procedimentos de amostragem variam em função do tipo de material
particulado, bem como da fração (respirável, inalável ou total) a ser analisada. No Brasil, os
parâmetros para coleta de materiais particulados sólidos suspensos no ar de ambientes de
trabalho são estabelecidos pela NHO 08 da Fundacentro.

2.1- Sistema de coleta

PROF. THÂMARA SUELLEN


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A NHO 08 define os componentes de um sistema de coleta a ser empregado na amostragem de


materiais particulados sólidos em suspensão no ar de ambientes de trabalho. Esse sistema de coleta é
composto por bomba de amostragem, dispositivo de coleta e mangueiras.

A Figura 1.1 mostra um exemplo de um sistema de coleta com indicação da direção do fluxo de ar
no filtro de membrana (dentro do cassete).

Figura 1.1: (a) sistema de coleta composto por bomba de amostragem, separador de partículas (tipo
ciclone), cassete (para filtro de membrana) e mangueira de silicone; e (b) diagrama esquemático do
fluxo de ar, entrando pelo ciclone até a saída no cassete.

2.2- Determinação do tipo de coleta


A determinação do tipo de coleta deve ser definida levando-se em consideração os seguintes aspectos:
a) Coleta individual (pessoal): quando o sistema de coleta é colocado no próprio trabalhador,

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posicionando-se o dispositivo de coleta na altura da zona respiratória. Esse tipo de coleta deve ser
utilizado para estimar a exposição dos trabalhadores. A Figura 1.2 mostra um sistema de coleta
individual.

Figura 1.2: (a) sistema de coleta individual (frente); e (b) dispositivo de coleta individual (costas)

b) Coleta de área (estática): quando o sistema de coleta é posicionado em um ponto fixo no ambiente
de trabalho. Esse tipo de coleta pode ser utilizado, por exemplo, para verificar a eficácia das medidas
de controle. A Figura 1.3 mostra um sistema de coleta de área

Figura 1.3: Sistema de coleta de área (estática)

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2.3- Tempo de amostragem


O tempo de duração da coleta de cada amostra de ar deve ser o necessário para amostrar um
volume de ar adequado e obter uma quantidade suficiente de material particulado para a análise.

Por sua vez, o número de amostras a serem coletadas está relacionado com o dispositivo de coleta
a ser utilizado e a capacidade de retenção do filtro de membrana, e varia com o tipo de amostra,
podendo ser:

a) amostra única de período completo: uma única amostra de ar é coletada continuamente, cobrindo
um período de coleta correspondente à jornada diária de trabalho;

b) amostras consecutivas de período completo: várias amostras de ar são coletadas, sendo que o
período de coleta deverá corresponder à jornada diária de trabalho;

c) amostras de período parcial: uma única amostra de ar é coletada continuamente ou várias


amostras são coletadas com iguais ou diferentes tempos de coleta. O período total de coleta deverá
corresponder a, pelo menos, 70% da jornada diária de trabalho.

A Figura 1.4 mostra um diagrama representativo do número e tipo de amostras, segundo o período
de coleta adotado.

Figura 1.4: Estratégia de amostragem para coleta de materiais particulados

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2.4- Cálculos para amostragem de particulado sólido


Para a amostragem de aerodispersóides sólidos, com concentrações definidas em mg/m³, é necessário
determinar o volume de ar amostrado, 𝑽, em m³, que é dado por:

Em que:

𝑉 = volume de ar amostrado, em m³;

𝑄𝑚 = vazão média6 , em l/min;

𝑡 = tempo total de coleta, em min;

1000 = fator de conversão de litros para m³.

Definido volume de ar amostrado e conhecendo a massa da amostra (massa de material particulado


coletado através da técnica analítica empregada), podemos determinar a concentração, 𝑪, em mg de
material particulado no ar para cada amostra, de acordo com a seguinte expressão:

Em que:

𝐶 = concentração da amostra, em mg/m³;

𝑚 = massa da amostra, em mg, definida pela técnica analítica utilizada;

𝑉 = volume de ar amostrado, em m³.

Para os casos em que várias amostras são coletadas, os resultados de concentração de material
particulado de cada amostra são utilizados para o cálculo da concentração média ponderada pelo
tempo, 𝐶𝑀𝑃𝑇, para a jornada de trabalho, conforme a seguinte expressão:

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Em que:

𝐶𝑀𝑃𝑇 = concentração média ponderada pelo tempo, em mg/m³ ou ppm;

𝐶𝑛 = concentração de material particulado obtida na amostra n, em mg/m³ ou ppm;

𝑡𝑛 = tempo de coleta da amostra n;

𝑡𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = tempo total de coleta = 𝑡1 + 𝑡2 + ⋯ + 𝑡𝑛.

Atenção !

Exemplificando...

2.5- Amostragem da fração respirável


Vale recordar que a fração respirável de poeira é a fração de material particulado suspenso no ar
constituída por partículas de diâmetro aerodinâmico menor que 10 μm, capaz de penetrar além
dos bronquíolos terminais e se depositar na região de troca de gases dos pulmões, causando efeito
adverso nesse local.

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Para a amostragem da fração respirável de poeiras são necessários: cassetes, suportes de filtros, filtro,
separadores de partículas, bombas de amostragem e calibradores de vazão. A avaliação de sílica
cristalizada (quartzo) deve ser realizada, obrigatoriamente, por meio de fração respirável.

Os filtros mais empregados são os de membrana com 37 mm de diâmetro, fabricados em Policloreto


de Vinila (PVC), com poros de 5 μm. Por sua vez, os porta filtros ou cassetes podem ser de 2 ou 3
corpos, a depender do método analítico (definido pelo método analítico a ser utilizado).

A Figura 1.5a mostra a diferença entre os cassetes de 2 e 3 corpos, ao passo que a Figura 1.5b traz
a disposição interna detalhada do filtro e seu suporte dentro do cassete.

Figura 1.5: (a) cassetes ou porta filtros e (b) montagem do cassete com filtro e suporte de filtro

São três tipos de separadores para coleta de fração respirável, ambos modelos tipo ciclone, previstos
pela NHO 08: Coleta de material particulado sólido suspenso no ar de ambientes de trabalho,
da Fundacentro. Os separadores de partículas ciclônicos são dispositivos de coleta cuja finalidade
é separar as partículas dentro de uma faixa de tamanhos pré-estabelecida.

O ciclone funciona de maneira semelhante a uma centrífuga. A rápida circulação de ar dentro de sua
câmara separa as partículas de poeira de acordo com seu diâmetro aerodinâmico equivalente. As
partículas de poeira respirável (menores) são coletadas sobre um filtro na parte superior enquanto as
partículas maiores, por centrifugação, são conduzidas para a parte inferior do ciclone e recolhidas em
um recipiente acoplado (Figura 1.6)

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Figura 1.6: Esquema de funcionamento de um separador de partículas tipo ciclone.

A NHO 08 prevê o uso dos ciclones modelo Dorr-Oliver, Higgins-Dawell (HD), de alumínio ou
GK2.697 , para amostragem de fração respirável. A utilização de um ou outro dependerá da técnica
analítica e método de referência (norma) escolhida.

Figura 1.7: (a) ciclone de alumínio, com cassete montado, (b) ciclone Dorr-Oliver, de nylon, com
cassete.

Uma das diferenças práticas na utilização desses separadores é a vazão de ar com que eles operam,
vale conhecer essa diferença.

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Agora, veja o quadro a seguir, estabelecido pela NHO 08, que determina os parâmetros de coleta
para fração respirável de particulado sólido suspenso no ar, incluindo os dispositivos e a vazão
de ar, em função da técnica analítica e do método de referência. NÃO precisa decorar, mas é
importante conhecer as diferenças entre os métodos.

2.6- Amostragem da fração inalável


Como vimos, a fração inalável de poeira é a fração de material particulado suspenso no ar
constituída por partículas de diâmetro aerodinâmico menores que 100 μm (cem micrômetros),
capaz de entrar pelas narinas e pela boca, penetrando no trato respiratório durante a inalação.

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Veja no quadro a seguir, estabelecido pela NHO 08, os parâmetros de coleta para fração inalável
de particulado sólido suspenso no ar, incluindo os dispositivos e a vazão de ar, em função da técnica
analítica e do método de referência. Novamente, NÃO precisa decorar, mas também é importante
conhecer as diferenças entre os métodos.

Note que a principal diferença nesses casos é a ausência de um separador. Na verdade, NÃO se
utilizam separadores para coleta de fração inalável de material particulados suspensos, mas tão
somente portafiltro adequado: o porta-filtro IOM ou o porta-filtro cônico. A Figura 1.8 ilustra
esses porta-filtros.

Figura 1.8: (a) porta-filtro cônico para particulado inalável, (b) porta-filtro IOM para particulado
inalável

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2.7- Amostragem de poeira total


Como vimos, a fração total é o material particulado suspenso no ar coletado em porta-filtro de
poliestireno de 37 mm de diâmetro, de três peças, com face fechada e orifício para a entrada do ar de
4 mm de diâmetro, conhecido como cassete. A coleta de particulado total deve ser utilizada somente
quando não houver indicação específica para coleta de particulado inalável, torácico ou respirável.

Veja no quadro a seguir, estabelecido pela NHO 08, os parâmetros de coleta para fração total de
particulado sólido suspenso no ar, incluindo os dispositivos e a vazão de ar, em função da técnica
analítica e do método de referência. Novamente, NÃO precisa decorar, mas também é importante
conhecer as diferenças entre os métodos.

Novamente, perceba que NÃO se utilizam separadores para coleta de fração total de material
particulados suspensos, mas tão somente porta-filtro adequado, no caso os cassetes com 2 ou
três corpos.

2.8- Amostragem de fumos metálicos


Como vimos, os fumos são partículas geradas termicamente, provenientes de condensação de vapores
de substância que, nas CNTP, apresentam-se no estado sólido. São produzidos, principalmente, nas
operações de soldagem e nas operações que envolvam fundição de matais. Nessas operações são
desprendidos vapores e gases que, após resfriamento e condensação, oxidam-se rapidamente
formando os fumos metálicos que ficam em suspensão no ar.

Obviamente que a composição dos fumos resultantes depende da composição do tipo de solda,
material soldado, temperatura envolvida no processo, entre outras variáveis.

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A amostragem de fumos metálicos é realizada por meio de cassete de éster de celulose de 37 mm


de diâmetro e filtro com poros de 0,8 μm. Os fumos, na forma de poeiras metálicas, são coletados
diretamente no filtro, sem uso de separadores, assim como ocorre no caso de amostragem para poeira
total e torácica.

Em operações de soldagem com máscara, a amostragem pode ser efetivada com a colocação do
cassete dentro do capacete de soldagem para se obter uma amostra mais representativa da exposição.
Nesses casos, se o cassete de 37 mm não couber no interior da máscara, pode-se utilizar um cassete
de 25 mm.

Para o procedimento de amostragem são necessários, além do conjunto cassete-filtro, uma bomba de
amostragem e um calibrador.

Apesar de a regra ser a realização da amostragem sem a separação de partículas, a ACGIH recomenda,
para alguns tipo de fumos, a avaliação da fração respirável, devendo-se, nesse caso, utilizar um
ciclone como separador.

Da mesma forma que ocorre para os outros contaminantes, a vazão de ar que passa pelo conjunto
cassete-filtro e o volume total de ar amostrado depende do método analítico empregado. Por exemplo,
a OSAHS recomenda uma vazão padrão entre 1,5 a 2,0 L/min e volume coletado de ar de 480 a 960
L. Por sua vez, a NIOSH, por meio do método 7303, estabelece volume específico para cada tipo de
metal.

Após a coleta, a técnica analítica (laboratorial) vai contemplar a presença de um ou mais elementos
como: chumbo, berílo, magnésio, cádmio, manganês, cromo, molibidênio, cobalto, níquel, cobre,
vanádio, ferro, zinco etc.

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