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CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE CAMPINAS PREFEITO ANTONIO DA COSTA SANTOS

TÉC. EM MEIO AMBIENTE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA Prof. Marcos Paulo

O QUE O SER HUMANO INTRODUZ NA ATMOSFERA: OS PRINCIPAIS POLUENTES EMITIDOS


Estudos recentes da poluição do ar têm apresentado vários resultados sobre as reações químicas
envolvidas na atmosfera e seus comportamentos quando submetidas a qualquer variação climática. As
emissões podem ser de várias fontes de emissão e suas origens podem ser naturais ou antropogênicas.
Esses estudos, além de abordarem vários tipos de fontes, preocupam-se com as transformações, os
transportes, as concentrações e as contaminações em escala local, regional e global, incluindo o impacto
na saúde da população e no ambiente.
Os poluentes emitidos na atmosfera são classificados como poluentes primários e secundários. Os
poluentes primários são definidos como aqueles emitidos diretamente da fonte para o ar e os mais
estudados são o dióxido de enxofre (SO 2), os óxidos de nitrogênio (NOx), o monóxido de carbono (CO), o
dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), os compostos orgânicos voláteis (COV), os hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos (HPA) e os materiais particulados (MP). Uma vez na atmosfera, esses compostos são
submetidos ao transporte e à dispersão e, sob a influência de vários parâmetros meteorológicos,
transformam-se em poluentes secundários. Os poluentes secundários são aqueles formados pelas reações
químicas dos poluentes primários na atmosfera, geralmente na presença da luz solar, pois o radical
hidroxila (OH) é o principal responsável pela iniciação da oxidação dos poluentes primários emitidos na
atmosfera. Vários poluentes secundários são formados na atmosfera, entre eles destacam-se os poluentes
foto- oxidantes, principalmente os Nitratos de Peroxiacil (PAN) e o ozônio (O 3). Ambos os tipos de
poluentes são removidos da superfície da terra via deposição seca e úmida ou durante o processo de
transporte e transformação, podendo impactar em uma variedade de receptores, tais como os humanos,
os animais, os ecossistemas, as florestas, a agricultura e os materiais. Outros destinos desses poluentes são
a camada mais alta da troposfera, chamada de tropopausa, e, depois, a estratosfera.
Existe grande preocupação da comunidade científica internacional em relação aos efeitos de alguns
poluentes de caráter tóxico e extremamente reativos emitidos e formados na atmosfera. Dessa forma,
iniciativas de vários órgãos internacionais e nacionais estão sendo tomadas para mitigar e controlar a
emissão desses poluentes diretamente na fonte. Na Figura a seguir é apresentado um esquema
simplificado das etapas dos estudos da poluição do ar em uma atmosfera poluída desde a caracterização
da fonte emissora, tipo de poluente emitido, poluentes primários e secundários formados, estudo
meteorológico da área afetada pelos poluentes, monitoramento dos compostos emitidos e formados na
atmosfera, destino desses compostos, estudo de impacto nos receptores, efeito na saúde, fauna e flora,
efeitos de riscos ao ambiente, estudo das legislações envolvidas na formação desses poluentes e
implementação de medidas de controle da poluição do ar.
FIGURA: Esquema simplificado das etapas dos estudos da poluição do ar em uma atmosfera poluída.

Alguns cientistas e pesquisadores usam a expressão “poluição do ar” para descrever alterações na
atmosfera provocadas pela atividade humana, embora poluição do ar possa resultar de eventos naturais,
tais como dispersão de polens, erupções vulcânicas, fumaça de fogos em florestas e gases resultantes da
decomposição da matéria orgânica. Além das fontes naturais, destacam-se as fontes antrópicas formadas a
partir da queima de combustíveis fósseis, tais como carvão e petróleo, exaustão automotiva, que constitui
a maior fonte de poluição do ar nas grandes cidades, emissões de poluentes de processos industriais e
queima de resíduos sólidos. Poluente do ar pode ser definido como qualquer substância presente no ar, de
origem natural ou antrópica, que pela sua concentração possa tornar esse ar impróprio, nocivo ou ofensivo
à saúde humana, à fauna e à flora, e danoso aos materiais. Qualquer variação significativa na composição
atmosférica pode ser perigosa. Por exemplo, ar contendo 10% de CO 2 pode ser venenoso, enquanto a
presença de H2 ou CH4 acima de 10% pode tornar o ar explosivo, ou um aumento significativo de COV na
atmosfera impactará na formação do smog fotoquímico, cujo principal poluente é o ozônio (O3). Assim,
esses gases em altas concentrações são considerados poluentes.
OS COMPOSTOS DE ENXOFRE – PRIMEIRA PARTE - FONTES
O enxofre (S) é um dos elementos mais abundantes na crosta terrestre e é encontrado na forma de
minerais, tais como sulfetos, e em sulfatos de cálcio e magnésio. O ciclo global do enxofre compreende um
conjunto de transformações entre as espécies de enxofre presentes na litosfera, hidrosfera, biosfera e
atmosfera. Esses compostos possuem grande capacidade de mudar o número de oxidação, variando de –II
a +VI. Na natureza, os compostos de enxofre são formados pelas atividades bacterianas anaeróbia e
aeróbica, formando compostos reduzidos de enxofre, principalmente o H 2S. As fontes biogênicas emitem,
principalmente, o sulfeto de hidrogênio (H 2S), o dimetil sulfeto (CH3SCH3), o dimetil disulfeto (CH3SSCH3), o
sulfeto de carbonila (COS), o dissulfeto de carbono (CS 2) e o metil mercaptan (CH3SH). Esses compostos
presentes na atmosfera têm tendência aos estados de oxidação mais altos, lembrando que durante o dia o
radical OH é o principal precursor na destruição desses compostos, ou seja, o radical OH ataca essas
moléculas e elas se oxidam formando outros compostos.
O CH3SCH3 é o principal composto biogênico do enxofre, sendo emitido principalmente pelas algas
marinhas, em especial a Polysiphonia Fastigiata. O oceano é responsável por 99% do fluxo global desse
composto e o restante está relacionado com emissões terrestres a partir da vegetação e dos solos. O
sulfeto de carbonila (COS) tem a sua principal fonte de emissão nas árvores e outras espécies de plantas e
são emitidas aproximadamente 0,4 x 106 toneladas por ano desse composto na atmosfera. A queima da
biomassa constitui a maior fonte direta antrópica de COS. Por causa da baixa reatividade química, o gás
contendo enxofre é o mais abundante na atmosfera e pode atingir a alta atmosfera.
O SO2 emitido na atmosfera pode ser de fontes antrópicas ou naturais. As principais fontes naturais
são os vulcões e a queima da biomassa. Destacam-se pela queima de combustíveis fósseis e atividades
industriais. O SO2 é, também, o principal produto formado pela oxidação de todos os compostos reduzidos
de enxofre presentes na atmosfera. O H 2S é o principal produto da atividade bacteriana. Fontes para a
atmosfera incluem emissões vulcânicas, oceânicas, solos, vegetação, queima da biomassa e emissões
industriais. O CS2 é um gás produzido na atmosfera pelo ataque do radical OH ao COS. Fontes desta espécie
incluem também atividades industriais, destacando-se as indústrias de celulose.

FONTE: Guimarães, Claudinei. Controle e Monitoramento de Poluentes Atmosféricos. Elsevier Editora


Ltda.. Edição do Kindle.

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