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Hegel propõe, de início, que a beleza artística é superior a beleza da natureza, pois emana
da liberdade e do espírito autoconsciente humano - emanações impossíveis de uma
natureza que mais explicita seu valor instrumentalizada do que suspensa pela estética; de
fato, Hegel argumenta que esta própria suspensão é frágil, pois a beleza natural está nas
bordas da indeterminação e seus critérios só podem ser discutidos pela conexão com outra
coisa, isto é, jamais por si.
A distinção da arte e da ciência obstrui uma discussão teórica significativa, pois a dimensão
ilusória das Formas se cinde dos chamados “fins verdadeiros da vida”; para Hegel, portanto,
a ilusão oriunda da natureza em aparência da arte não pode formar algo verdadeiro.
Tampouco as combinações inesgotáveis e autônomas de estímulos internos e externos aos
artistas podem se submeter aos critérios da investigação científica. Mas Hegel dispõe uma
possível conciliação: a arte, que tem facetas servis e livres, se assemelha ao pensamento e
à ciência por terem a servilidade (por existir de acordo com objetos e relações fora de si) e a
liberdade (de trazer a verdade pelos seus meios autônomos e assim se realizar).
É nesta reconciliação espiritual da arte e da ciência na realidade fenomênica que Hegel
apresenta seu conceito mais forte: a substancialidade em-si-para-si do objeto é imanente da
Forma, pois a “aparência é essencial para a essência” e a bela arte, que permanece em si e
para si, censura a imediatez do sensível (que macula a verdade). Assim sendo, o autor
conclui que “a Forma fenomênica” gerada mentalmente por determinado conteúdo é sua
realidade última.
Mas é evidente que a Forma fixa-se a manifestar um estágio da verdade, e seus limites
representam o próprio limite deste pensamento sobre o fenômeno e não o fenômeno. Hegel
fundamenta estas limitações ao descrever deuses gregos - a Forma de determinadas
verdades que, por estar visível e adequada dentro de si (seja por ser componente de uma
mitologia material) apresenta com mais clareza a verdade do que uma Forma abstraída.
Ademais, diz Hegel, o potencial catártico da obra de arte se dissolveu e está sujeito pela
sua contemporaneidade a se tornar servil à representação. Cabe portanto a ciência
observá-la e fazer conhecida suas meditações dialéticas a seu respeito, portanto, a respeito
do espírito humano.