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HAM
2ºAno
“Que motivo há para que nos enfademos com um amontoado de pedras informe e sem
concinidade senão que, quanto maior ele for, tanto mais censuramos o desperdício da
despesa e denunciamos a leviandade do capricho de amontoar pedras? Quando a
deselegância da obra é chocante, satisfazer à necessidade é coisa pouca e insignificante,
prover à comodidade é insuficiente”1
É seguro começar este ensaio por afirmar que a obra de Leon Battista Alberti se
espelha nela própria, dos edifícios construídos aos escritos sobre arquitectura há um
paralelismo subjacente que lhe é constante. Apesar do foco deste ensaio ser numa obra
específica de Alberti (O Templo Malatestiano), quaisquer relações com o seu tratado de
arquitectura Da Arte Edificatória2 e com outras obras de arquitectura são frutíferas,
precisamente na medida em que se validam e espelham umas nas outras.
Curiosamente, Da Arte Edificatória não é sobre a sua obra, referindo apenas pontualmente
a sua actividade como arquitecto, dando destaque e prioridade à sabedoria que observou e
adquiriu dos antigos. Este destaque tem muito pouco que ver com uma sobrevalorização
dos antigos ou com uma apropriação dos saberes sem sentido crítico e de transformação.
É importante dizer o necessário sobre a ligação de Alberti aos antigos, pois a obra sobre a
qual este ensaio se debruça é desenhada para o local onde existe uma igreja gótica3 em
ruínas que Alberti transforma (sem destruir) e essa ligação age como um veículo de
transformação em toda a época do Renascimento.
1
Alberti cria um invólucro em pedra caracterizado maioritariamente por elementos
clássicos e romanos, deixando apontamentos da pré-existência se revelarem nas fachadas.
No entanto, no interior desenha capelas com arcos em ogiva nas laterais da nave, deixando
a capela com arco de volta perfeita para a capela central. Esta mistura revela a intenção de
Alberti de “citar” os antigos, conferindo novas hipóteses de desenho. “Não gostaria que
todos os elementos fossem desenhados apenas segundo um único traçado e uma só
definição de linhas, de tal modo que em nada se diferenciassem entre si; uns elementos
serão agradáveis se forem maiores, outros hão-de conferir mais graça se forem mais
pequenos, outros conseguí-la-ão pelo seu tamanho mediano“.7
Este texto dedica o seu grande parte do seu assunto à noção e importância da
beleza para Alberti, que diz, de forma poética, que “O que são em si mesmos a beleza e o
ornamento ou em que se distinguem, talvez com mais clareza o entenderemos na alma do
que eu sou capaz de explicar em palavras”7
2
Notas:
Referências:
ALBERTI, L. ,Da Arte Edificatória, Edição da FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN Lisboa 2011
Sessões teóricas e práticas da U.C História da Arquitectura Moderna, FAUP 2020, 2021