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CARL ROGERS E A EDUCAÇÃO | TEORIA HUMANISTA

O psicólogo norte-americano Carl Rogers, cuja teoria da personalidade já estudamos


anteriormente, deixou uma contribuição muito importante para o pensamento
educacional.
De acordo com Rogers, todos os princípios da terapia centrada na pessoa são válidos para
a educação, ou seja, a educação deve despertar as forças positivas de crescimento que
existem em todo ser humano.
Para tal, é fundamental considerar a qualidade da relação professor-aluno. Nesse
processo, três elementos são essenciais:
A aceitação positiva incondicional (ou seja, aceitar as pessoas como elas são);
A empatia (a capacidade de conseguir colocar-se no lugar do outro);
E a congruência (quer dizer, ser autêntico, não fingir e nem levar as pessoas a fingir).
Essa é a chamada tríade rogeriana, base tanto da terapia quanto da educação centrada na
pessoa.
Rogers acredita que qualquer pessoa “contém dentro de si as potencialidades para a saúde
e o crescimento criativo”. Para ele, o homem é um ser racional, capaz de realizar o seu
destino. Portanto não é determinado, mas livre. O humanismo acredita no homem bom,
racional e livre, com atitude otimista e visão de realização.

As ideias de Rogers são aplicadas à vida familiar, a conflitos e organização de grupos, à


educação e aprendizagem. Para ele, a estrutura da personalidade é baseada no organismo
e no self. No organismo, localiza-se a experiência humana, e significa todo o campo
fenomenológico onde se situa o homem. Deste campo fenomenológico se destaca uma
parte, o self, ou autoconceito, representando a noção que a pessoa tem de si (tanto a real
– o que realmente é, como a ideal – e o que deseja ser).

Rogers propõe um ensino centrado no aluno, já que é ele que aprende. Mas segundo ele,
para aprender, existem algumas condições, que são:

 - Confiança na capacidade dos outros de aprender por si mesmo;


 - O professor-facilitador partilha com os estudantes a responsabilidade pelo
processo de aprendizagem e provê os recursos de aprendizagem;
 - O estudante escolhe o seu próprio programa de estudos;
 - É oferecido um clima facilitador de aprendizagem;
 - O foco da aprendizagem não está no conteúdo, mas em favorecer um
processo contínuo de aprendizagem;
 - A disciplina é responsabilidade do aluno;
 - E a avaliação é feita pelo próprio aprendiz.

Rogers também estabeleceu alguns princípios de aprendizagem. O princípio central de


sua teoria é que não se pode ensinar diretamente a alguém, o que se pode é facilitar a
aprendizagem. Outro ponto que ele ressalta é que quando o aluno participa do processo
de aprendizagem, esta é facilitada. O aluno aprenderá melhor quando buscar o
conhecimento de acordo com seus interesses e do seu ritmo pessoal. E esta aprendizagem
voluntária será mais duradoura e persistente.

Rogers também se questiona quanto ao ensinar com o mundo em mudança, sendo que o
conhecimento se desatualiza em pouco tempo. Mas aqui ele ressalta que o professor deve
ser apenas um facilitador da aprendizagem.

Ainda, são necessárias algumas qualidades do professor-facilitador, para que esse possa
desempenhar sua função com êxito:
- O professor deve ser autêntico, uma pessoa real, pode ter entusiasmo ou fleuma, irritação
ou simpatia. Não precisa disfarçar o que sente. Pode mostrar se gosta ou não do trabalho
dos estudantes, sem deixar de ser um bom professor. Só assim, eles o verão como uma
pessoa franca e confiarão nele.
- O professor deve ter apreço, aceitação e ser confiante. É preciso que o professor tenha
confiança no organismo humano e nas suas potencialidades e saiba viver a incerteza da
descoberta, isto é, saiba conviver com a dúvida.
Para Rogers, numa classe tradicional, em que a ênfase está nos exames, nas notas, na
matéria, não há lugar para a pessoa em mudança. E o professor muda tanto quanto o aluno,
quando dá liberdade para mover-se, liberdade de ser e de manter a dignidade. Para ele,
isso não é sonhador demais. Confiar nas capacidades do outro é mais do que ser apenas
professor. É ser um facilitador, que proporciona aos alunos liberdade, vida e oportunidade
de aprender.

Além disso, “a aprendizagem cooperativa bem planejada pode resultar em capacidade


melhorada de ver o mundo do ponto de vista de uma outra pessoa, melhores relações entre
diferentes grupos étnicos em escolas e salas de aula, autoestima aumentada, maior
disposição para ajudar e encorajar colegas e ainda, maior aceitação de alunos
incapacitados e de baixo desempenho.

Além de tudo isso, Rogers acredita muito no poder da pesquisa como método de
aprendizagem. Rogers descreve as aprendizagens através da simulação sendo que com
ela, o conhecimento é integrado com a vida. Ainda, os alunos desenvolvem a
responsabilidade e isso traz bons resultados a aprendizagem.

Por fim, Em educação, Rogers, considera o aluno como um todo, o que significa mais que
a soma das partes, cuja natureza se expressa em relação aos outros. É um ser consciente,
com capacidade de opção, isto é, tem liberdade para decidir. É, também, um ser com
intencionalidade, o que significa que suas ações se dirigem a um fim.
Sua pedagogia "centrada no aluno" valoriza mais o significado que os procedimentos
metodológicos. Sabe que todo o conhecimento é sujeito à mudança e, por isso, o que
importa é a experiência do aluno, responsável por toda a aprendizagem.

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