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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS – ESTUDOS LITERÁRIOS


Doutorando: Edmon Neto
Professora: Nícea Nogueira

Fichamento 2

HAMBUERGER, Michael. A verdade da poesia. In: ______. A verdade da poesia:


tensões na poesia modernista desde Baudelaire. Tradução Alípio Correia de Franca
Neto. São Paulo: Cosac Naify, 2007. p. 35-63.

Poesia desde Baudelaire e linhagem a partir de Mallarmé (p. 35).

 Ensaios (1912), John Driden1: as palavras que constituem um poema eram a


“imagem e o ornamento” do pensamento, e a função fundamental desse poema era
“trazê-lo a nossa compreensão” (p. 35).
o Ideia diferente dos poetas modernos
 Muitas verdades que os poemas podem transmitir.
 Em citação de Donald Davie2 sobre Bonamy Dobrée3, discute-se a “verdade” de
uma suposta “influência civilizadora” a leitura de poesia (p. 36).
 A poesia não é coisa dita, mas um modo de dizê-la (Housman) (p. 37).
o A “coisa dita” e o “modo de dizê-la” são inseparáveis.

 Sintaxe poética moderna para Donald Davie:


o A atitude simbolista para com a sintaxe e também usada pelos poetas
posteriores (p. 38);
o A sintaxe de Mallarmé seria essencialmente metalinguística.

Elizabeth Sewell4: “A poesia é o alento e o espírito mais refinado de todo o


conhecimento, infundindo a sensação nos objetos da própria ciência” (p. 39).
1
John Dryden (Aldwinkle, Northamptonshire, 19 de agosto de 1631 — 12 de maio de 1700) foi um
poeta, crítico literário e dramaturgo inglês que dominou a vida literária na Inglaterra durante a
Restauração.
2
Donald Davie (1922-?, 1995): poeta e crítico literário britânico.
3
Bonamy Dobrée (1891–1974): professor de literatura inglesa da Universidade de Leeds.
II

 Sensação na poesia de Mallarmé (imagem, música e gesto).


 Sintaxe próxima da “lógica da própria consciência” (Suzanne K. Langer5)
o Toda arte é abstrata.
o “interesse artístico” e “proposicional” da poesia.
 “A carne é triste, ai! E eu li todos os livros” (Mallarmé)
 “O homem criou a morte” (Yeats) (p. 40).

 Imaginação: “A imaginação é uma colheita antes da semeadura. A razão é a


imaginação que apodreceu” (Saint-Pol Roux, 1923).
 W.H. Auden: “A arte surge de nosso desejo de beleza e verdade e de nosso
conhecimento de que elas não são idênticas” (p. 42).
 O debate de críticos e estetas é espécie de “função incidental da poesia” (p. 43).

III

 Menção a Hugo Friedrich (p. 43)


o Destruição da realidade;
o “despersonalização” de Baudelaire;
o “anjos sem Deus e sem mensagem” em Rimbaud (p.44).

 Mallarmé a Degas:
o “os poemas são feitos não de ideias mas de palavras” (p. 45).
o Niilismo que fundamenta o esteticismo extremo no final do século XIX.
o Poesia cujo conteúdo sejam coisas (Francis Ponge6) (p. 46).

IV
4
Elizabeth Sewell (1815-1906) foi uma autora inglesa de notáveis textos religiosos e educacionais no
século XIX.
5
Susanne Langer (nascida Susanne Katherina Knauth, Nova Iorque, 20 de dezembro de 1895 — Nova
Iorque, 17 de julho de 1985) foi uma grande especialista em filosofia da arte, seguidora de Ernst Cassirer
(filósofo alemão, neo-kantismo).
6
Francis Jean Gaston Alfred Ponge (Montpellier, 27 de março de 1899 — Paris, 6 de agosto de 1988) foi
um poeta francês.
 Nenhuma poesia é totalmente “desumanizada” (p. 49).

 William Carlos Williams7:

o “ – pela metáfora reconciliar


as pessoas e as pedras”
o Ideias só nas coisas (p. 49).
o “Não se prostrar para copiar a natureza
salvo uma dança...!” (p. 50).
o “Somente a imaginação é que é real” (p. 51)
o Preocupação (comum à época) com as possibilidades e limites da linguagem
(p. 52).

 Sigurd Burckhardt8:

o “Não pode haver nenhuma poesia não-representativa; o próprio meio o


impede” (p. 52).
 Sobre porque os poetas “saíram de seu caminho para tornar sua
linguagem ‘difícil’” (p. 53).
o “para ser rica, a palavra na poesia ‘deve primeiro se tornar estranha’” (p. 54).
o Ambiguidade como “fratura da unidade prístina” [que se mantém inalterado,
puro] da poesia/prosa (p. 55).
o Poeta como “bufão” e “sacerdote”. “O poeta sempre deve ser meio bufão, o
corruptor das palavras”.
 O filósofo busca a certeza no signo; o místico, o inefável; o poeta toma para si o
“paradoxo da palavra humana” (p. 55-56).

7
William Carlos Williams (Rutherford, Nova Jersey, 17 de setembro de 1883 — 4 de março de 1963)
também conhecido como WCW foi um poeta estadunidense associado aos movimentos do modernismo e
do imagismo, além de médico pediatra.
8
Sigurd Burckhardt (1916-1966) foi um ensaísta alemão.
 O objetivo dos poetas é “dizer verdades”, mas de maneiras necessariamente
complicadas pelo “paradoxo da palavra humana” (p. 56).

 Wallace Stevens9:

o “Uma das coisas mais difíceis ao escrever poesia é saber qual é o tema (...) O
tema da poesia é sempre a poesia, ou deveria ser” (p. 56).
o Carnap10 disse categoricamente que poesia e filosofia são uma coisa só.

 Indivisibilidade da forma e do conteúdo na poesia, distinção entre conteúdo e tema


(p. 58).
 Toda poesia tem implicações políticas (visão marxista), sociais e morais.

 Ezra Pound:

o “Tem a literatura uma função no Estado, na agregação dos seres humanos, na


república...?” (p. 59).
o “obra exata na formulação do desejo” (p. 60).
o Poesia como “simplesmente linguagem carregada de sentido em seu mais
alto grau” (p. 60).

 A “consciência humana” e a “natureza do homem” não podem excluir o homem da


poesia.

 Octavio Paz:

o A “poesia é um alimento que a burguesia – como classe – deu mostras de ser


incapaz de digerir” (p. 60).
o A poesia moderna se desloca entre dois polos: mágico (retorno à terra) e
revolucionário (“conquista do mundo histórico e da natureza”).
9
Wallace Stevens (Reading, Pensilvânia, 2 de outubro de 1879 — Hartford, 2 de agosto de 1955) foi um
poeta modernista norte-americano. Stevens ganhou o Prêmio Pulitzer de Poesia, por seus Collected
Poems, em 1955.
10
Rudolf Carnap (Ronsdorf, 18 de maio de 1891 — Santa Mônica, 14 de setembro de 1970) foi um
filósofo alemão que trabalhou na Europa central antes de 1935 e nos Estados Unidos posteriormente. Foi
um dos principais membros do Círculo de Viena e um eminente defensor do positivismo lógico.
 Os polos mágico e revolucionário pretendem reconciliar a
“consciência alienada”.
o “O que caracteriza um poema é sua dependência necessária das palavras
tanto quanto sua luta para transcende-las” (p. 61).

 Atalhos, silêncios, hiatos e fusões.

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