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A Preparação Do Cão de Desporto PDF
A Preparação Do Cão de Desporto PDF
Adaptações cardiovasculares e
respiratórias
As adaptações cardiovasculares e respiratórias ao esforço têm a finalidade de,
por um lado, garantir o fornecimento de oxigênio e de nutrientes necessários para a
atividade muscular e, por outro lado, permitir a eliminação dos resíduos,
particularmente do gás carbônico e do calor, produzidos pelo metabolismo muscular.
Estas adaptações são indispensáveis, não só para o bom desenvolvimento de uma
prova desportiva, mas também para manter o esforço para além dos instantes iniciais.
Assim sendo, devem distinguir-se dois tipos de resposta do organismo: - uma
resposta imediata adaptada às necessidades instantâneas do organismo, ou seja,
concomitante ao esforço;
- uma resposta de longo termo, que antecipa as necessidades do organismo e
corresponde às adaptações induzidas pelo organismo.
Alterações metabólicas
Ao mesmo tempo em que o trabalho muscular influi de modo muito direto sobre
a natureza e amplitude da necessidade energética, também se repercute,
grandemente, sobre o equilíbrio global do organismo.
Fontes de energia
Sem entrar em grandes detalhes sobre aquilo que acabaria por se tornar um
tratado de medicina desportiva canina, o treino e a nutrição serão novamente
condicionados pelo conhecimento destes dados metabólicos específicos.
Para descobrir as qualidades do seu cão de caça: o gundog working test (gwt)
Nascidos em Inglaterra, os "Working Tests" destinam-se aos Spaniels e
Retrievers e permitem avaliar o cão e o seu dono em concursos. As classificações
baseiam-se numa tabela de pontos que evidencia a eficácia de recobro, o estilo do
cão que recobra (em função das diferentes raças) e a conduta do dono. Estas provas
não dão direito a prêmios oficiais, como as outorgadas nos field-trials. Foram
instituídos três níveis: a classe Puppy (para os cães nascidos após 01 de Janeiro do
ano anterior ao ano em curso), a classe Novato (para os cães nascidos antes de 01 de
Janeiro do ano anterior ao ano em curso e que nunca participaram num field-trial à
inglesa) e a classe Open (para os cães que já participaram num field-trial à inglesa).
Dominique Lebrun, - Juiz Société centrale canine
"Trabalho" e "beleza"
É fundamental a noção de carga de trabalho. Essa carga deve ter uma duração e
intensidade suficientes para poder qualificar uma atividade física como sendo um
treino. Essa carga deve aumentar à medida que o desempenho desejado melhora,
sem por isso tornar-se extenuante ou penosa para o animal, que perderia então toda
e qualquer motivação.
A carga de trabalho também deve variar quanto ao seu conteúdo. Para uma
mesma atividade, serão solicitados vários fatores físicos ao cão, como potência,
velocidade, resistência e coordenação. Estes fatores requerem várias adaptações do
organismo do cão, com um período de recuperação diferente para cada adaptação. Se
um fator solicitar o organismo durante a recuperação de um fator diferente, o primeiro
não interferirá na recuperação do segundo; ao contrário, irá potencializá-lo e esse
sistema de cargas alternadas permite ganhos em termos de tempo e desempenho. Por
exemplo, durante a recuperação de uma corrida, pode-se exigir do cão um exercício
muito diferente, tal como um exercício de alongamento muscular.
A sucessão das cargas de trabalho deve seguir uma ordem precisa, dentro de
uma mesma sessão; de maneira geral, os exercícios de força explosiva, velocidade e
coordenação, são realizados no início do treino, seguidos pelos exercícios cuja
eficácia tem por base uma recuperação incompleta e, por último, pelos exercícios de
resistência pura.
Os métodos de treino
Treino da força muscular
Durante esforços muito intensos e muito curtos seguidos por períodos breves de
recuperação, é possível aumentar o trabalho e a força muscular sem aumentar o
consumo de oxigênio ou acionar um processo de catabolismo anaeróbio (fermentação
láctica). É o princípio de todos os exercícios de força pura, sendo o melhor exemplo o
"weight pulling" (competição de tração de cargas numa distância curta).
Treino da potência anaeróbia
A divisão dos diferentes tipos de treino deverá ser feita em função do tipo de atividade
praticada, sendo a experiência e a audição do cão os melhores indicadores da eficácia
do treino.
O treino e a competição
O aquecimento
Destreinar
Se, ao contrário, esse período de tempo não for respeitado e um novo esforço
for solicitado durante o período de recuperação, o organismo irá exceder os seus
limites, não conseguirá recuperar-se normalmente e irá desenvolver uma síndrome de
excesso de treino: perda de apetite e de peso, sensibilidade exagerada e grande
fadiga.
A garantia de uma temporada de competição equilibrada depende muito do
respeito dos tempos de recuperação do cão e do conhecimento do seu "relógio
biológico".
Treinar bem o cão é garantir-lhe uma saúde, desempenhos e uma moral "de
aço" ao longo do ano. É respeitar o seu trabalho e trabalhar para que ele perdure o
maior tempo possível, dentro do respeito das capacidades do animal, tanto no plano
físico como psíquico.
Especificidades nutricionais
Em primeiro lugar, a quantidade de energia a ser fornecida a um cão sofre a influência
da intensidade e duração do esforço. De uma maneira global, o objectivo de cada
treinador deve ser, antes de tudo, manter o peso ideal do cão, pesando-o, se
possível, semanalmente e adaptando as quantidades de alimentos distribuídas
diariamente, de modo a manter um peso ideal estável.
No entanto, actualmente um certo número de dados científicos permitem precisar a
abordagem em determinados casos hipotéticos: assim, para um galgo de corrida,
sabe-se que a participação numa corrida provoca um aumento de apenas 5% da
necessidade energética em relação à necessidade de manutenção do cão, enquanto
que, em condições extremas (como é o caso do Iditarod no Alasca, 150 km por dia a
umatemperatura de – 50° C), um cão de trenó de 20 kg poderá consumir até 12.000
kcal por dia (sete vezes a sua necessidade de manutenção!). De forma mais geral, e
de maneira esquemática, uma hora de trabalho leva a um aumento de,
aproximadamente, 10% da necessidade energética demanutenção, o que pode levar a
um acréscimo da alimentação diária de 40 a 50% para um "dia" de trabalho ou de
desporto . As variações da temperatura ambiente também deverão ser levadas em
conta: para combater o frio ou o calor em torno da sua "zona de neutralidade térmica"
(em torno de 20° C), o cão precisa de mais energia.
A qualidade da energia fornecida ao cão durante o esforço assume uma importância
fundamental e, assim, conduziu a uma definição dos critérios de uma energia
optimizada para o cão de desporto. Além da própria natureza dos nutrientes
valorizados, podemos reter duas considerações de qualidade:
- a energia deve estar rápida e facilmente disponível nos locais próprios da sua
utilização (a célula muscular);
- o equilíbrio dos componentes energéticos deve ser tal de modo a que a combustão
se realize com um mínimo de resíduos, um máximo de eficácia e sem risco de
bloqueio metabólico.
Assim, quanto mais longo o esforço, mais rico em gorduras deverá ser o alimento,
passando de um teor de 16 a 20 % para um cão que pratica esforços curtos, para 35
% para um cão submetido a um esforço de resistência (sendo 20 a 25 % um teor
óptimo para um esforço intermédio).
Para tornar a energia facilmente disponível e rapidamente utilizável pelo organismo
em situações de esforço, é, também, indispensável utilizar alimentos completos secos
especializados e hiperdigeríveis (aqueles que os fabricantes qualificam de "premium"
ou "superpremium"), resultando num reduzido volume alimentar e fecal. Este facto
pode ser avaliado de maneira simples, comparando-se o volume fecal ao volume
ingerido, sendo que o óptimo valor no cão de desporto situa-se a 45-50 gr de
matérias fecais para 100 gr de matéria seca ingerida.
Como o esforço constitui uma fonte de stress para o organismo, este tem
necessidades nutricionais específicas, que podem ser esquematizadas da seguinte
forma:
- aumento da necessidade em proteínas, as quais deverão representar de 32 a 40 %
da matéria seca do alimento, dependendo da intensidade do esforço;
- aumento da necessidade em vitaminas do complexo B (em particular B1, B6 e B12),
mas também em nutrientes antioxidantes (vitamina E, selénio) e em ácidos gordos da
série ómega 3 (oriundos do peixe e que podem melhorar a fluidez dos glóbulos
vermelhos, as trocas de oxigénio e diminuir os fenómenos inflamatórios gerados pelo
esforço);
- suplementos nutricionais úteis não presentes no alimento completo utilizado:
L-carnitina (essencial para a boa utilização celular dos ácidos gordos e para a
recuperação), ácido ascórbico ou vitamina C (que normalmente não é um nutriente
essencial no cão), probióticos (bactérias lácticas que melhoram a digestão dos
alimentos).
Alimentação prática
Em termos práticos, a alimentação do cão de desporto deve:
- por um treino físico bem elaborado, regular, que leve o cão ao máximo do seu
potencial desportivo em período de competição;
- pela aquisição de uma gestualidade reflexa que corresponda ao esforço solicitado. O
cão deve ser acostumado a evoluir em determinado ambiente, de maneira a que o
posicionamento das suas patas seja óptimo;
- por um aquecimento antes de qualquer treino ou competição, e uma descontracção
muscular durante o período de volta à calma após o esforço;
- por uma ingestão permanente de água que evitará toda e qualquer desidratação
prejudicial ao músculo, mesmo que seja mínima;
- por uma alimentação perfeitamente adaptada, qualitativamente ao tipo de esforço
fornecido, e quantitativamente à manutenção do peso ideal do cão.
Obs.:
A medicina desportiva canina
Os desportos caninos estão em constante desenvolvimento; alguns, aliás, ganham,
pouco a pouco, o estatuto de desporto olímpico (sempre que homens e cães
partilham o mesmo esforço, nada mais lógico para a pulka e o trenó), outros
tornam-se um extraordinário meio de educação, através da brincadeira, da criança e
do seu cão (as competições de agility comprovam esse facto), enquanto, enfim, os
mais belos valores ancestrais da mãe Natureza voltam até nós graças aos cães de
pastoreio.
Assim sendo, as populações de desportistas caninos aumentam, juntamente com a
notoriedade de cada uma das actividades e com o profissionalismo – no sentido nobre
da palavra - que delas decorre. Para corresponder a essa evolução é que, em 1985,
foi organizada na Escola Nacional Veterinária de Alfort (ENVA) a primeira jornada de
estudos dedicada, em escala internacional, à "medicina desportiva canina" e, com o
passar dos anos, aquilo que não era senão um conceito, deu origem, em 1996, à
Unidade de Medicina de Reprodução e do Desporto (UMES), uma unidade clínica e de
investigação da ENVA que dedica as suas actividades ao serviço dos profissionais do
cão. Na sua faceta de Medicina Desportiva, essa unidade inovadora para uma escola
de Medicina Veterinária (só existem unidades equivalentes em duas universidades
americanas, Auburn e Universidade da Flórida) dispõe de uma consulta três vezes por
semana, uma estrutura de fisioterapia-reeducação funcional e um laboratório de
investigação (Laboratório de fisiopatologia dos lípidos e radicais livres) que estudam
as consequências biológicas e celulares do stress de esforço no cão. A Unidade de
Medicina da Reprodução e do Desporto é também uma estrutura de campo, pois os
seus Médicos Veterinários estão oficialmente presentes em muitos locais de
competições desportivas caninas, mesmo no plano internacional. De disciplina
emergente ainda há alguns anos, a medicina desportiva canina está a adquirir
progressivamente o seu estatuto de especialidade reconhecida, em resposta a uma
procura real, vinda dos criadores, e envolvendo tanto a preparação do cão como as
afecções patológicas específicas, ou ainda os problemas da luta contra o doping.
Expedição científica "licancabur-cães de cumes - 1996"
Objectivo: conhecer as consequências biológicas e nutricionais do trabalho a grande
altitude no cão de busca de pessoas soterradas.
Realizada em Abril de 1996 no Norte do Chile, no cume do vulcão Licancabur, que
culmina a 5.980 metros, a expedição "Cães dos Cumes" tinha como objectivo estudar
os efeitos biológicos do trabalho a grande altitude (carência em oxigénio e menor
pressão barométrica) no cão de busca de pessoas soterradas. Com efeito, este é
frequentemente utilizado para salvar vidas humanas durante terramotos ou
deslizamentos de terra em altitude (Cordilheira dos Andes, Ásia), ou por ocasião de
avalanches nas montanhas. Para isso, os socorristas humanos e caninos não dispõem
de nenhuma possibilidade de adaptação progressiva à altitude, pois esses casos
requerem uma intervenção marcada pela urgência.
Para os preparar melhor para o famoso "mal das montanhas" e exercer o seu papel
nessas difíceis condições com perfeição, homens e cães do Corpo de Bombeiros de
Paris e dos Carabineiros do Chile participaram nessa manobra "natural", resgatando
vítimas soterradas em ruínas incas, situadas ao longo dos poços do vulcão
Licancabur, sem aclimatação prévia. Os resultados científicos dessa expedição
estabeleceram claramente a importância de uma preparação nutricional optimizada,
baseada no consumo pelos cães de um alimento completo seco hiper-energético e
hiperprotídico suplementado com vitaminas antioxidantes (vitaminas E e C) e com
ácidos gordos essenciais da série ómega 3 (óleos de peixe).
Aproveitando a ocasião, foi realizado um estudo comparativo semelhante no homem e
novas expedições desse tipo serão organizadas no futuro, em colaboração com a
Unidade de Medicina de Reprodução e do Desporto da Escola Nacional Veterinária de
Alfort e o Centro de Investigação da sociedade Royal Canin.
Doutor Fathi Driss - Centro Hospitalar Universitário Paris-Ouest
O cão de trenó dispõe de sua própria estrutura veterinária internacional
A Associação Internacional de Medicina Veterinária do Cão de Trenó (International
Sled Dog Veterinary Medical Association) é uma organização veterinária profissional
que reúne mais de 400 membros distribuídos pelos cinco continentes e vindos de
países tão diversos como a Nova Zelândia, a Groenlândia, o Japão ou a África do Sul.
Fundada em 1991, a ISDVMA tem como objectivos promover activamente e incentivar
acções que visem o bem-estar e a boa saúde do cão de trenó e desenvolver
investigações científicas que permitam entender melhor esse cão excepcional.
A ISDVMA organiza um simpósio anual e reuniões no mundo inteiro, com a finalidade
de apresentar aos Médicos Veterinários as mais recentes descobertas científicas nessa
área e, também, publica regularmente uma revista e obras que propiciam trocas e
intercâmbios permanentes. Edita também uma base de dados, que é actualizada a
cada ano, reunindo todas as publicações científicas ou técnicas dedicadas ao cão de
trenó. Enfim, a ISDVMA proporciona a formação dos mushers para o conhecimento
dos seus cães e fornece, para as federações e organizações internacionais,
veterinários especialistas para acompanhar as mais de 4.500 corridas de cães de
trenó organizadas anualmente em todo o mundo.
A ISDVMA oferece bolsas de estudos e investigação para vários estudantes
veterinários apaixonados por este assunto.
Professor Jérôme A. Vanek - University of Minnesota Saint-Paul, Minnesota, Estados
Unidos
Semanas 1 e 2 :
Imobilização com gesso.
Mobilização passiva da anca e do joelho.
Estimulação do músculo quadríceps.
Semanas 3 e 4 :
Imobilização com gesso.
Mobilização passiva da anca e do joelho.
Semana 5 :
Remoção do gesso.
Controlo radiológico da fractura.
Mobilização passiva da anca, do joelho e da articulação tibio-tarsiana.
Estimulação dos músculos gastrocnémio e tibial cranial.
Natação diária (alguns minutos).
Imobilização em jaula, com breves caminhadas com trela curta, para as necessidades
fisiológicas.
Semana 6 :
Caminhadas breves com trela curta.
Natação diária.
Mobilização passiva das articulações tarsianas.
Semana 7 :
Breves corridas em liberdade.
Natação diária.
Caminhada lenta prolongada.
Semanas 8 e 9 :
Aumento progressivo da duração e intensidade da caminhada, do trote e da corrida.
Semana 10 :
Retoma do treino.
Caso número 2: Greyhound que sofreu uma fractura fechada do fémur tratada por
redução cirúrgica e colocação de uma placa.
Semana 1 :
Mobilização passiva do jarrete e do anca.
Massagens na perna.
Aplicação de compressas geladas sobre a área cicatricial para prevenir qualquer
fenómeno inflamatório ou edematoso.
Electroestimulação dos músculos da coxa (especialmente o quadríceps).
Semana 2 :
Remoção das estruturas.
Mobilização passiva.
Massagens.
Se necessário, aplicação de compressas geladas.
Electroestimulação.
Semana 3 :
Diatermia muscular.
Mobilização passiva.
Electroestimulação.
Natação (um minuto três vezes por semana).
Caminhada com trela curta.
Semana 4:
Diatermia muscular.
Mobilização passiva.
Natação (1 a 2 minutos cinco vezes por semana).
Caminhada com trela.
Semanas 5 e 6 :
Caminhada com trela.
Natação.
Semanas 7 e 8 :
Condução da fisioterapia pelo dono.
Caminhadas com trela, declives, rampas ou escadas.
Em todos os casos de utilização de métodos de recuperação por fisioterapia, é muito
importante efectuar um acompanhamento documentado e semanal dos progressos do
animal. Num plano que compreende várias semanas, a passagem para a etapa
seguinte só deve ocorrer quando os objectivos da semana anterior tiverem sido
alcançados. A condução da parte final do tratamento pelo dono só será possível
quando os apoios do animal tiverem voltado ao normal.
Combater o doping
Face ao constante desenvolvimento das diferentes actividades de desporto canino e
considerando-se a amplitude e a importância de algumas manifestações, o respeito
pelo animal, bem como pela ética desportiva, passa pela necessária implementação
de controlos antidoping no cão de desporto. As corridas de galgos (Estados Unidos,
Austrália, Europa) e as de pulka e cães de trenó (Estados Unidos, Europa) aparecem
como os precursores, por disporem, há anos, de regulamentos internacionais e de
controlos regulares durante as competições.
O doping não é a preparação fisiológica do atleta; esta é essencial e deve ter a
supervisão do Médico Veterinário. Portanto, deve ser considerado como doping a
utilização de substâncias e meios destinados a aumentar, artificialmente, o
rendimento numa competição, prejudicando a ética desportiva e a integridade física
ou psíquica do cão.
Embora extremamente raros, existem casos de doping no cão de desporto :