%HermesFileInfo:A-1:20200426:

FUNDADO EM JULIO MESQUITA

1875 (1862 - 1927)

Domingo 26 DE ABRIL DE 2020 R$ 7,00 ANO 141 Nº 46212 estadão.com.br

Após saída de Moro, Pesquisa

plano de obras abre
nova crise no governo
Guedes teve conversa ríspida com Rogério Marinho e expôs contrariedade com Pró-Brasil
Apontado nos bastidores como o próxi-
mo alvo de “fritura” no governo, o mi-
nistro da Economia, Paulo Guedes, se
desentendeu com colegas da Esplana-
da e expôs discordância com o plano
econômico pós-pandemia, anunciado
na semana passada, informa Adriana
Fernandes. Em encontro antes do pro-
nunciamento de Jair Bolsonaro, na sex-
ta, ele acusou o ministro do Desenvol-
vimento Regional, Rogério Marinho,
l Eliane Cantanhêde
De máscara e sem sapatos, Guedes pare-
ce seguir os passos de Moro. Está se lixan-
do para o cargo e para Bolsonaro. PÁG. A6
de atrapalhar a atuação do Banco Cen-
tral na crise e na política de juros. Para
Guedes, Marinho foi o articulador do
Plano Pró-Brasil, que prevê obras e in-
vestimentos com dinheiro público e es-
tá sendo chamado na equipe econômi-
ca de “PAC do Marinho”. Auxiliares do
ministro da Economia também apon-
tam movimentação de Marinho com
parlamentares para colocar em Gue-
des a pecha de “insensível com os po-
bres”. Na sexta, Marinho tentou, sem
sucesso, conversar com o colega. “Não
tenho nada para falar com você”, disse
Guedes. POLÍTICA / PÁG. A4
mostra apoio
a ex-ministro
da Justiça
Pesquisa Ideia Big Data feita com
1.615 entrevistados após a saída de
Sérgio Moro da Justiça mostra que
65% acreditam que houve interferên-
cia política de Bolsonaro na pasta. Pa-
ra 61%, o ex-juiz pode ser o estopim
para processo de impeachment do
presidente. Em outra pesquisa, da
XP/Ipespe, com 800 pessoas e inicia-
da antes de Moro deixar o cargo, 67%
esperavam impactos negativos com
decisão. POLÍTICA / PÁG. A6
l Bate-boca pelas redes sociais
Bolsonaro afirmou ter apoiado Moro
no vazamento de conversas atribuídas
ao então juiz. Moro respondeu. PÁG. A6
Boeing desiste
de comprar
parte da
Embraer
A Boeing anunciou ontem que desis-
tiu de comprar a divisão de aviação
comercial da Embraer, negócio de
US$ 4,2 bilhões que se arrasta desde
2018. A americana disse que a Em-
braer não “atendeu às condições ne-
cessárias” para o acordo. A brasilei-
ra acusou a Boeing de “fabricar fal-
sas alegações”. A Boeing passa pela
maior crise de sua história, com aci-
dentes com seu principal avião e a
pandemia atual. ECONOMIA / PÁG. B4
l Ajuda
Anúncio chega em momento compli-
cado para a Embraer, que poderá pre-
cisar de socorro do governo. PÁG. B4

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

MAURO ARTUR SCHLIECK / ESTADÃO

Indústrias como a catarinense Weg (foto) retomam as atividades com um menu de soluções para
RECEITA EXTERNA NA RETOMADA impedir a contaminação dos trabalhadores. Sem um protocolo federal, setor usa modelos adotados
por outros países, mas especialistas cobram medidas de controle do governo. ECONOMIA / PÁGS. B1 e B3

TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Vera Magalhães
51% da Câmara ‘Difícil Como no mensalão, o Judiciário as-
sume o protagonismo da crise. A bo-
perder
apoia uso de tanta
la está com o STF. POLÍTICA / PÁG. A8

fundo eleitoral gente’ J. R. Guzzo

Bolsonaro dispensa quase todo o
contra pandemia Profissionais
apoio que poderia ter fora do bolso-
narismo raiz. POLÍTICA / PÁG. A10
falam sobre a
Pelo menos 264 deputados federais rotina no Emílio
– 51% da Câmara – apoiam que os Ribas, em SP – e
Celso Ming
Problemas no transatlântico da eco-
R$ 2 bilhões do fundo eleitoral, re- sobre o medo de
nomia se multiplicam, sem firmeza
servados para custeio das eleições se contaminar.
no comandante. ECONOMIA / PÁG. B2
municipais, sejam mandados para Número de
ações de combate ao novo coronaví- mortes chegou
rus. A medida, que exige maioria a 4.016 no País, Verissimo
simples, está contemplada em 11 com 58,5 mil Lee Konitz morreu. Olhando sua fi-
projetos de lei apresentados desde infectados. gura, ninguém diria que era um revo-
março. POLÍTICA / PÁG. A12 METRÓPOLE / PÁG. A17 lucionário. NA QUARENTENA / PÁG. H12

NOTAS & INFORMAÇÕES

Argentina deixa NA QUARENTENA A necessidade
negociações da utopia
do Mercosul HUCK CONVERSA
A
utopia bolsonariana não
COM SANDEL é a da democracia plena,
A Argentina culpou a pandemia
atual para se retirar das negocia-
ANTIGA mas a promessa de um
mundo em que tudo se resolve
Filósofo Michael Sandel diz
ções de acordos comerciais do Mer-
cosul. A decisão pode afetar tratati- PARCERIA que atual crise tornou reais
pela vontade do líder. PÁG. A3

vas avançadas com Canadá e Co- Um mercado arrasado

reia do Sul. ECONOMIA / PÁG. B5 REVELADA dilemas éticos. PÁGS. H6 e H7 A herança deste período de pan-
demia para o mercado de traba-
lho será dolorosa. PÁG. A3
RICARDO BRENNAND. 1927 l 2020
RECEBA Música composta COLECIONADOR
HOJE pelos Mutantes Tempo em SP 15° Mín. 29° Máx.
MORRE NO RECIFE
com Tim Maia
foi gravada em Empresário era o maior
1971, mas nunca dono de obras do pintor Esta publicação é impressa em papel certificado FSC® garantia

lançada. PÁG. H12 ARQUIVO NACIONAL holandês Frans Post. PÁG. H5

de manejo florestal responsável, pela S. A. O Estado de S. Paulo.
Dúvidas, reclamações e informações contate info.fsc@estadao.com
A2 Espaço aberto
%HermesFileInfo:A-2:20200426:
PUBLICADO DESDE 1875
AMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
JULIO MESQUITA (1885-1927)
JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)
Espaço Aberto
A democracia na
era pós-pandêmica
] ]
Bolívar Lamounier
N F
o século 19, a democra-
cia liberal apenas enga-
tinhava, mas sua mor-
te já era dada como iminen-
te. Um caso de mortalidade
infantil.
Nunca é demais lembrar
que a democracia liberal (ou
representativa) só começa a
se configurar no século 19.
Cento e cinquenta anos atrás,
com a parcial exceção do Rei-
no Unido e dos Estados Uni-
dos, o mundo se dividia em
países desabridamente autori-
tários e em embriões de de-
mocracia. Estes últimos exis-
tiam em sociedades oligárqui-
cas, nas quais o jogo político
se limitava a pequenos gru-
pos de elite – proprietários e
“notáveis” –, a uma minúscu-
la parcela da população habili-
tada a votar e a uma vasta
maioria analfabeta, emprega-
da em atividades rurais e com-
pletamente excluída da vida
pública. Tomando a nuvem
por Juno, os críticos do libera-
lismo julgavam estar vendo
um cemitério, quando, na ver-
dade, se tratava do início de
uma construção cheia de op-
ções e possibilidades.
Nas primeiras décadas do
século 20, na esteira da Revo-
lução Russa e da ascensão do
fascismo, passou-se a enten-
der que a causa mortis da de-
mocracia seria sua congênita
debilidade. Anêmica, ela não
teria como resistir à maré
montante dos embates entre
capital e trabalho. A 2.ª Guer-
ra Mundial liquidou o fascis-
mo como forma de organiza-
ção política, mas fortaleceu o
comunismo soviético, dando
ensejo a um terceiro prog-
nóstico para o fim da demo-
cracia. A radicalização ideoló-
gica entre direita e esquerda,
engendrada internamente em
cada país e turbinada de fora
para dentro pela guerra fria
entre Estados Unidos e
URSS, seria a nova causa mor-
tis. Esse prognóstico tinha
mais substância, basta lem-
brar as tragédias a que sucum-
bimos, Brasil, Argentina e Chi-
le, aqui mesmo, no Cone Sul
latino-americano. Fato é, no
entanto, que a democracia re-
No estadao.com.br
FIQUE EM CASA
Netflix prepara avalanche de novidades
Gigante do streaming anun-
ciou nesta semana que termi-
nou de gravar a maioria de
seus filmes e séries pendentes
para este ano, minimizando as
preocupações de que suces-
sos como “Tiger King” pos-
sam acabar, ou que lançamen-
tos como a próxima “Unortho-
dox” possam atrasar. Mas mes-
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
LUIZ CARLOS MESQUITA (1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
LUIZ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1997)
RUY MESQUITA (1947-2013)
presentativa, bem ou mal, res-
suscitou. Atualmente, os pio-
res casos de antiliberalismo
político devem-se muito mais
à propensão tirânica de cer-
tos líderes – Hugo Chávez e
Nicolás Maduro, na Venezue-
la; Viktor Orbán, na Hungria;
Recep Erdogan, na Turquia –
do que a causas supostamen-
te universais.
No presente momento,
com o mundo engolfado na
monstruosa pandemia de co-
vid-19, ninguém se surpreen-
derá com o reaparecimento
dessa antiga discussão. Agora,
já mais que centenária, é plau-
sível considerar que a demo-
cracia liberal integra um gru-
po de altíssimo risco. Não
poucos autores já quebram a
cabeça em busca de um título,
esfalfando-se para não recair
no consagrado Crônica de
uma Morte Anunciada. O mais
Pela primeira vez
teremos uma ótima
chance de liquidar
o patrimonialismo
invocado é uma reversão da
interdependência mundial, ca-
da país se ensimesmando, cui-
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
dando mais de seus proble-
mas internos e alterando o pa-
pel do Estado na economia.
Em recente entrevista ao
Washington Post, Henry Kissin-
ger insistiu na perda de hege-
monia dos Estados Unidos,
vale dizer, na redução do po-
der relativo de seu país em re-
lação às outras grandes potên-
cias – em relação à China, no-
tadamente –, uma vez que is-
so significaria a debilitação
do ideário liberal perante o re-
gime ferreamente totalitário
de Xi Jinping.
Parece-me fora de dúvida
que o mundo pós-pandêmico
passará por grandes transfor-
mações, mas não necessaria-
mente desafios que ponham
em xeque a própria sobrevi-
vência da ordem liberal-demo-
crática. Os autores que cogi-
tam de uma forte presença do
Estado e certa ressurreição
do nacionalismo precisam se
lembrar de que nenhuma de-
NETFLIX/AFP
mo o fluxo de conteúdo da
Netflix pode acabar se este
confinamento sem preceden-
tes, que ninguém poderia pre-
ver, se estender por mais tem-
po. Ter uma programação no-
va e original é fundamental pa-
ra o modelo de negócio.
www.estadao.com.br/e/netflix
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA
MEMBROS
FERNANDO C. MESQUITA
FERNÃO LARA MESQUITA
FRANCISCO MESQUITA NETO
GETULIO LUIZ DE ALENCAR
JÚLIO CÉSAR MESQUITA
mocracia e nenhum sistema
político jamais se configurou
como um embate entre mas-
sas “equipotentes”, iguais em
peso e massa, como bolas nu-
ma mesa de bilhar. Entre o
tosco clientelismo da política
local (quem nomeia a profes-
sora rural, o agente dos cor-
reios, etc.) e o topo, no qual
grandes organizações públi-
cas e privadas fixam priorida-
des e executam as medidas ne-
cessárias à acumulação de ca-
pital, a distância é imensa. No
Brasil, por exemplo, minha in-
tuição é de que tal estrutura
permanecerá, mas pela pri-
meira vez teremos uma ótima
chance de liquidar o patrimo-
nialismo (o sistema dos “ami-
gos do rei”) e alterar decisiva-
mente a estrutura do investi-
mento público. Em vez de des-
perdiçar recursos de maneira
criminosa – na construção de
estádios, por exemplo –, have-
remos de entender que nos-
sas prioridades “acumulati-
vas” terão que ver com ciên-
cia e tecnologia, biotecnolo-
gia, saneamento básico, am-
pliação dos serviços de saúde
e, naturalmente, educação
básica. Chance, também, de
levarmos a sério o imperativo
da reforma política. No qua-
dro dessa reorientação, a
transparência e as divergên-
cias próprias da democracia
serão uma grande alavanca, e
não um obstáculo, como cini-
camente afirmam os pregoei-
ros do autoritarismo.
Muitas vezes o barato sai
caro. Atentando apenas para
os ínfimos custos de produ-
ção chineses, o mundo dei-
xou a cargo daquele país prati-
camente toda a produção de
insumos médicos. Se os go-
vernantes dos países demo-
cráticos tiverem alguma coisa
entre as duas orelhas, trata-
rão de alterar o quanto antes
esse modelo.
] ano, o desemprego superava
SÓCIO-DIRETOR DA AUGURIUM CON-
SULTORIA, É MEMBRO DAS ACADE-
MIAS PAULISTA DE LETRAS E BRA-
SILEIRA DE CIÊNCIAS E AUTOR DO
LIVRO ‘LIBERAIS E ANTILIBERAIS’
(COMPANHIA DAS LETRAS, 2016)
QUARENTENA
Apple Watch faz 5
anos ‘pegando poeira’
STEPHEN LAM/REUTERS
Relógio inteligente comemo-
ra 5 anos de lançamento em
meio à pandemia, mas ainda
possui futuro promissor na
categoria de vestíveis.
www.estadao.com.br/e/apple
CRISE
Saiu na frente quem
adaptou negócios
Para professor do Insper, as
smart businesses deixam
lição positiva na crise.
www.estadao.com.br/e/negocios
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FRANCISCO MESQUITA NETO / DIRETOR PRESIDENTE
JOÃO FÁBIO CAMINOTO / DIRETOR DE JORNALISMO CENTRAL DE ATENDIMENTO
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MARIANA UEMURA SAMPAIO / DIRETORA JURÍDICA CAPITAL E REGIÕES METROPOLITANAS:
NELSON GARZERI / DIRETOR DE TECNOLOGIA 4003-5323
DEMAIS LOCALIDADES: 0800-014-77-20
https://meu.estadao.com.br/fale-conosco
Campanha eleitoral
sobre cadáveres
Rolf Kuntz
oi uma quinta-feira te-
nebrosa. Mais 407 mor-
tes, um recorde sinis-
tro, foram comunicadas ofi-
cialmente. Em Manaus, ambu-
lâncias corriam de hospital
em hospital com doentes em
busca de uma vaga. Em São
Paulo, a Prefeitura liberou en-
terros à noite e anunciou a
abertura emergencial de 13
mil sepulturas. Num site jor-
nalístico, um médico descre-
via a experiência de ser a últi-
ma pessoa vista por um mori-
bundo, sem a presença de fa-
miliares. Enquanto isso, no Pa-
lácio do Planalto, o presidente
cuidava das prioridades mais
altas da República Bolsonaria-
na, incluída a exoneração do
chefe da Polícia Federal (PF),
Maurício Valeixo. Naquela al-
tura, outra ação de grande im-
portância na agenda palaciana
havia aparecido no Diário Ofi-
cial. Os brasileiros poderão,
graças a um decreto redentor,
comprar até 550 unidades de
munição por mês. Portaria an-
terior, anulada pelo mesmo
ato, fixava o limite de 600 uni-
dades por ano.
A demissão do ministro da
Justiça, Sergio Moro, consu-
mou-se na sexta-feira. Ele ha-
via resistido à exoneração do
diretor-geral da Polícia Fede-
ral. Havia tentado até nego-
ciar a nomeação de um substi-
tuto, segundo afirmou, para
evitar um desentendimento
maior num momento de pan-
demia. Não deu certo. Não se
sabe se ele usou a palavra pan-
demia na conversa com o pre-
sidente. De toda forma, é di-
fícil dizer se isso faria alguma
diferença. A segurança e a vi-
da dos brasileiros, como já sa-
bia qualquer pessoa razoavel-
mente informada, estão fora
das prioridades presidenciais.
Segurança, vida e bem-es-
tar sempre estiveram longe
do primeiro plano desde o co-
meço do mandato. Há um
12% e os desempregados
eram mais de 12,5 milhões.
Mas no alto da agenda esta-
vam as armas de fogo, apre-
sentadas como itens funda-
mentais para a tranquilidade
APLICATIVO
Facebook lança
concorrente do Zoom
FACEBOOK/DIVULGAÇÃO
O recurso, chamado Messen-
ger Rooms, permite que os
usuários conversem com
até 50 pessoas e concorrerá
com novos aplicativos.
www.estadao.com.br/e/facebook
FUTEBOL
A relação do Getafe
com a aviação
Região de origem do clube já
foi conhecida como o “ber-
ço” da aviação da Espanha.
www.estadao.com.br/e/getafe
CENTRAL DE ATENDIMENTO AO LEITOR:
FALE COM A REDAÇÃO:
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e o futuro dos brasileiros.
Revólveres, pistolas e fuzis
continuam tratados como
questões de alta importância,
enquanto governos estaduais
e municipais correm atrás de
respiradores, improvisam hos-
pitais de campanha e – apesar
desse empenho – têm de pro-
videnciar câmaras frigoríficas
para abrigar vítimas da pande-
mia. Armas, no entanto, nem
são agora a mais alta priorida-
de presidencial. O assim cha-
mado chefe de governo – go-
vernante seria uma palavra
muito estranha – vem cuidan-
do principalmente de seus in-
teresses políticos pessoais e
da proteção dos valores fami-
liares, aqui entendidos como
os de sua família.
Cuidar da reeleição tem si-
do a atividade mais notória do
presidente. Essa prioridade é
evidente desde o ano passado,
Agenda presidencial dá
prioridade à reeleição
sobre a segurança
e a vida das pessoas
mas o jogo tem-se tornado
mais intenso. Essa preocupa-
ção se torna quase chocante
quando o tratamento da pan-
demia é subordinado às elei-
ções de 2022.
Candidatos potenciais, co-
mo os governadores de São
Paulo e do Rio de Janeiro, são
tratados como rivais e até co-
mo inimigos. A redução do
isolamento e a rápida libera-
ção das atividades econômi-
cas, bandeiras do presidente
e de seus aliados, escancaram
o interesse eleitoral. São
orientações contrárias àque-
las seguidas em vários Esta-
dos, incluído São Paulo, e en-
volvem uma aposta em ga-
nhos de popularidade.
A demissão de Luiz Henri-
que Mandetta do Ministério
da Saúde foi parte desse jogo.
Além de seguir, no essencial,
as orientações da Organiza-
ção Mundial da Saúde (OMS),
aceitas também pelo governo
paulista, o ministro havia se
tornado muito mais popular
que o presidente. Não foi, no
Tema do dia
65% acreditam em
Moro e não em
Bolsonaro
Pesquisa do Ideia Big Data mostra que
maioria acredita em interferência
política do presidente no Ministério
COMENTÁRIOS DE LEITORES NO PORTAL E NO FACEBOOK:
l “Moro não é santo, mas eu acredito nele. Ninguém ia comprar uma
briga dessas sem embasamento.”
PABLO CELANI
l “O certo era o Moro voltar para a Lava Jato e parar com essa mania
de fazer política!”
VITOR SANTIAGO
l “Triste é a nação que vive à procura de mitos, de salvadores da pá-
tria para representá-la! O povo precisa saber votar!”
GIZELE EDUC
l “Eu acredito no Bolsonaro. No Moro, eu acreditava antes, mas, ago-
ra, é só decepção.”
VANI DE FARIAS
O ESTADO DE S. PAULO
CENTRAL DE ATENDIMENTO ÀS AGÊNCIAS DE
PUBLICIDADE: 3856-2531 – cia@estadao.com
PREÇOS VENDA AVULSA: SP: R$ 5,00 (SEGUNDA A
SÁBADO) E R$ 7,00 (DOMINGO). RJ, MG, PR, SC E DF:
R$ 5,50 (SEGUNDA A SÁBADO) E R$ 8,00 (DOMINGO).
ES, RS, GO, MT E MS: R$ 7,50 (SEGUNDA A SÁBADO)
E R$ 9,50 (DOMINGO). BA, SE, PE, TO E AL: R$ 8,50
(SEGUNDA A SÁBADO) E R$ 10,50 (DOMINGO). AM, RR,
CE, MA, PI, RN, PA, PB, AC E RO: R$ 9,00 (SEGUN-
DA A SÁBADO) E R$ 11,00 (DOMINGO)
PREÇOS ASSINATURAS: DE SEGUNDA A DOMINGO
– SP E GRANDE SÃO PAULO – R$ 134,90/MÊS. DEMAIS
LOCALIDADES E CONDIÇÕES SOB CONSULTA.
CARGA TRIBUTÁRIA FEDERAL: 3,65%.
entanto, apenas um caso de
ciúme. Um ministro disposto
a dar prioridade à vida, aten-
dendo mais à ciência do que
aos interesses de seu chefe, po-
dia ser um estorvo.
A demissão de Mandetta, a
exoneração de Maurício Valei-
xo e a saída de Moro são fatos
estreitamente articulados.
Desde o ano passado o presi-
dente procura controlar, ou
enfraquecer, os principais or-
ganismos de investigação.
Seu interesse podia estar
vinculado, inicialmente, à pro-
teção de um filho suspeito de
irregularidades na Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj). A prática da rachadi-
nha havia sido evidenciada
por declarações de Fabrício
Queiroz, assessor de Flávio
Bolsonaro na Alerj. O assunto
continua quente. Mas os pro-
blemas ficaram mais complica-
dos com as investigações so-
bre fake news e sobre a organi-
zação da passeata golpista rea-
lizada em Brasília no dia 19,
um domingo.
Por que o deputado Eduar-
do Bolsonaro recorreu ao Su-
premo Tribunal Federal con-
tra a prorrogação da CPI das
Fake News? Além disso,
quem ignora a atuação do ga-
binete do ódio? Mas há outros
motivos de preocupação para
o presidente. Seu nome, em
princípio, está fora da investi-
gação sobre a passeata golpis-
ta, mas sua presença é inegá-
vel e o inquérito pode produ-
zir efeitos secundários.
Percebido o erro, o presi-
dente declarou amor às insti-
tuições e tentou maquiar os fa-
tos. O objetivo da manifesta-
ção, disse ele a um grupo, foi a
defesa da volta ao trabalho.
Mesmo com a pandemia? A
pandemia, admitiu, ainda
ameaça as pessoas. “Lamenta-
mos as mortes”, disse. E acres-
centou: “Enfim, é a vida, né?
Tem gente que vai morrer”.
Em outra ocasião ele havia di-
to em sua língua peculiar: “Ha-
verão mortes (...) Paciência”.
Bolsonaro é isso mesmo.
]
JORNALISTA
13.131
INTERAÇÕES
 Notas e Informações A3
%HermesFileInfo:A-3:20200426:

O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020

Notas & Informações ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

A necessidade da utopia
á pouco mais de um século, em nas urnas votos inúteis, desistem do direito de A utopia, essência da política e tão bem tra- em cada um desses casos, salvo honrosas exce-

H
janeiro de 1919, o Estado publi-
cou, neste espaço, um editorial
em que defendia mais uma can-
didatura presidencial de Rui Bar-
bosa, uma forma de protestar
contra os arranjos oligárquicos e militaristas
que degradavam a então jovem democracia re-
publicana. Embora fosse político experiente,
Rui Barbosa era, na ocasião, o que hoje se con-
vencionou chamar de outsider, por ter sido o pri-
meiro a fazer campanha eleitoral dirigindo-se
aos eleitores, algo raro numa República que, em-
bora nominalmente democrática, definia os pre-
sidentes nos salões do poder e depois os instala-
va no governo por meio do voto de cabresto e
de fraudes nas listas de votação. Rui Barbosa per-
deu a eleição para Epitácio Pessoa, que passou
toda a campanha em Paris.
O editorial, ao cobrar que o voto deveria ser a
expressão da vontade popular, e não o instru-
mento de um poder antidemocrático do qual as
elites se serviam, salientava que “segrega-se da
regularidade das soluções tradicionais o país em
que os governos incorrigíveis teimam no erro e
no crime, e em que povos, cansados de deitar
votar”. E mais: “Na nossa desgraçada República duzida nas palavras de um Rui Barbosa, trans- ções, prevalece o interesse paroquial e imediato,
os governos, quase sem exceção, e o povo, qua- forma-se em farsa quando enunciada por um cuja fatura será paga, como sempre, pelas gera-
se em unanimidade, de há muito se haviam fixa- Jair Bolsonaro. A utopia bolsonariana não é a ções seguintes. Mas nem sempre foi assim. Há
do neste sistema anormal de se viver – os gover- da democracia plena, a da realização do poten- exemplos na história – Rui Barbosa é apenas um
nos contando com a covardia cial do País e a do aperfeiçoa- deles – de líderes que procuraram instilar na po-
eterna do povo, e este simples- mento nacional, fruto de amplo pulação o sentimento de coletividade, do perten-
mente resignado”. debate democrático; é, ao contrá- cimento verdadeiramente patriótico, e que olha-
Passados cem anos, o País pare- rio, a promessa de um mundo vam não apenas para a resolução dos problemas
ce ainda prisioneiro de arranjo se- em que tudo se resolve pela von- do presente, mas para a semeadura do futuro.
melhante – mas o outsider, quan- tade do líder, que se confunde Não é possível imaginar que tão poderosa
ta diferença! Em vez de um Rui com a do “povo”. mensagem – a da utopia de um amanhã melhor,
Barbosa, que no palanque fez os A pergunta, aludindo ao edito- construído não por um demagogo, mas pela von-
brasileiros verem a importância rial de um século atrás, que fez re- tade concertada de todos os cidadãos – não seja
do exercício da cidadania e das ferência aos governos que con- capaz de emocionar os brasileiros e fazê-los re-
políticas sociais, temos um Jair tam “com a covardia eterna do po- cobrar a esperança na democracia. Para que essa
Bolsonaro, que representa os in- vo”, é: onde estão os democratas mensagem prevaleça, no entanto, é preciso que
conformados com a democracia. do Brasil? O que justifica a apatia a elite nacional se apresente e valorize a cultura
Entre a campanha de 1919 e a dos amantes da liberdade ante em vez da orgulhosa ignorância; a ciência em
campanha de 2019, a degringola- tão flagrante assalto à República? vez do obscurantismo militante; a articulação de
da é evidente. Com raros intervalos nesse perío- Para encurtar: como fomos capazes de trocar consensos em vez da truculência política.
do, em que tivemos lideranças lúcidas e cons- Rui Barbosa por Jair Bolsonaro? A democracia é um regime exigente porque de-
cientes de seu papel no comando político do Bra- É preciso reavivar a utopia democrática. A po- manda que cada um dos cidadãos assuma sua
sil, a trajetória, de Rui Barbosa a Jair Bolsonaro, lítica não pode se resumir à necedade bolsonaris- responsabilidade na construção da Nação. É o
é a de um País em que a República parece ser ta ou à malícia lulopetista, ou ainda aos titubeios que pregava Rui Barbosa – que, mesmo derrota-
quase um mal-entendido. tucanos, ou à caradura do centrão. Em todos e do, jamais deixou de acreditar em sua utopia.

O esvaziamento dos partidos Um mercado arrasado

m dois anos, os te Jair Bolsonaro deixou a sigla ter uma legenda é um grande destruição de gados e Desempregados (Ca- vista para o ano é de 14,4%, se-

E A
partidos políticos
perderam 1 mi-
lhão de filiados,
segundo dados do
Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Em março de
2018, as legendas tinham, ao to-
do, 16,6 milhões de filiados. Em
março deste ano, eram 15,6 mi-
lhões de pessoas registradas
em algum dos 32 partidos em
funcionamento no País. Tal es-
vaziamento é mais um sintoma
da disfuncionalidade do atual
sistema partidário.
A significativa queda do nú-
mero de filiados evidencia a difi-
culdade que as legendas têm pa-
ra atrair e reter filiados. Nos úl-
timos dois anos, em números
absolutos, o PMDB foi o parti-
do que mais perdeu filiados. Fo-
ram menos 268,7 mil registros
no período. Mesmo com a que-
da, a sigla continua tendo o
maior número de filiados entre
todos os partidos. O PMDB
tem hoje 2,1 milhões de filiados.
O segundo partido que
mais perdeu filiados foi o PP
(165,4 mil), seguido de PDT
(131,4 mil), PTB (126,1 mil),
DEM (120,7 mil), PT (110,9
mil) e PSDB (92,3 mil). Em nú-
mero de filiados, o PT conti-
nua sendo o segundo maior
partido (1,47 milhão), seguido
de PSDB (1,36 milhão) e PP
(1,27 milhão).
Nos últimos dois anos, o
PSL, partido pelo qual o presi-
dente Jair Bolsonaro foi eleito
em 2018, teve um saldo positi-
vo de filiados. Foram 116,7 mil
membros a mais desde março
de 2018, quando o então depu-
tado se filiou ao partido presidi-
do por Luciano Bivar (PE). No
entanto, desde que o presiden-
e anunciou a criação de um par-
tido próprio, o Aliança pelo Bra-
sil, o número de filiados ao
PSL caiu. Hoje, o partido de Bi-
var tem 344,3 mil membros.
Em outubro do ano passado,
eram 349,2 mil.
Essa trajetória do número de
filiados ao PSL mostra outra
fragilidade dos partidos, muito
além da questão quantitativa
de filiados. Esse vai e vem de fi-
liados ao PSL, que ocorre tam-
bém em outros partidos, mos-
tra que a adesão à legenda não
representa compromisso com
um conteúdo programático do
partido, inexistente na maioria
das vezes. É mero seguimento
Perda de 1 milhão de
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
filiados em dois anos é
sintoma de um sistema
partidário disfuncional
temporário, baseado no apoio
igualmente temporário a um
político. Ou seja, além da dimi-
nuição do número de filiados,
constata-se um esvaziamento
ideológico das legendas.
O quadro é dramático. Parti-
dos não têm identidade progra-
mática, e filiação e desfiliação a
uma legenda são frequente-
mente mera transferência de
apoio a um candidato, sem indi-
car qualquer compromisso
com uma causa partidária defi-
nida. Tal movimentação é esti-
mulada pelo enorme número
de partidos existentes – atual-
mente são 32 – e pelos muitos
outros em formação. Segundo
a Justiça Eleitoral, existem hoje
78 partidos em formação.
Com esse grande interesse
por criar siglas, fica claro que
negócio. Recentemente, o Esta- postos de traba- ged) da Secretaria do Trabalho gundo o boletim do Ibre-FGV.
do revelou que, em 2018, os lho e a corrosão do Ministério da Economia, O número final de 2020 ficará
partidos repassaram R$ 144 mi- da renda dos que normalmente divulgado na ter- 3,2% abaixo do menor nível re-
lhões a pessoas físicas, e R$ conseguirem ceira semana de cada mês com gistrado desde o início da
12,4 milhões foram pagos a res- manter alguma dados precisos sobre o merca- série, em 2012.
ponsáveis administrativos dos ocupação remunerada durante do formal, isto é, com os núme- A perda não será homogê-
diretórios nacionais ou esta- a pandemia do novo coronaví- ros de trabalhadores com regis- nea. Situações pessoais, condi-
duais das siglas. rus serão as mais devastadoras tro em carteira, não era divul- ções de trabalho, posição da
Além da redução do número desde que algumas das princi- gado desde janeiro por causa empresa empregadora no
de filiados, há outro dado im- pais instituições de pesquisa de mudanças na sua metodolo- mercado no período de recu-
pressionante a respeito do bai- elaboram estatísticas confiá- gia. A crise sanitária que come- peração – que, embora não se
xo grau de comprometimento veis sobre o mercado de traba- çou a se agravar em março am- saiba quando, certamente vi-
com as siglas. Realizado em lho. E a herança desse período pliou enormemente o proble- rá – são fatores que natural-
2017, levantamento do Movi- será também dolorosa: a supe- ma, pois empresas e escritó- mente diferenciam as condi-
mento Transparência Partidá- ração da crise do emprego e da rios de contabilidade responsá- ções de alguns trabalhadores
ria identificou que, de cada 10 renda será lenta. veis pelo envio de dados ao go- em relação às de outros. Mas
mil filiados, apenas 34 faziam A taxa de desocupação, por verno reduziram drasticamen- as políticas públicas também
contribuições financeiras a exemplo, que vinha caindo des- te suas atividades, gerando o podem gerar consequências
uma legenda. de o fim do ano passado, ten- risco de subnotificação. não homogêneas.
São muitos os sinais de que o do ficado em 11,6% no trimes- A Política de Proteção de
sistema partidário é disfuncio- tre móvel encerrado em feve- Herança deste período Empregos, por exemplo, cita-
nal. E tal disfuncionalidade não
é obra do acaso. Há vários estí-
mulos para tal cenário, como é
reiro, poderá chegar a 17,8% ao
longo do ano, de acordo com o
Boletim Macro de abril divulga-
de pandemia para o
mercado de trabalho
da pelo estudo, está voltada pa-
ra o mercado formal, pois per-
mite a possibilidade de suspen-
o caso do financiamento públi- do pelo Instituto Brasileiro de será dolorosa são de contratos de trabalho
co das legendas por meio do Economia da Fundação Getú- ou a redução dos salários, com
Fundo Especial de Assistência lio Vargas (Ibre-FGV). Quanto A realização da Pesquisa Na- a correspondente redução de
Financeira aos Partidos Políti- à renda, até o primeiro trimes- cional por Amostra de Domicí- jornada. Prevê-se que até 70%
cos (Fundo Partidário) e do tre deste ano se projetava uma lio (Pnad) Contínua do Insti- dos trabalhadores de empre-
Fundo Especial de Financia- recuperação de 1% em relação tuto Brasileiro de Geografia e sas privadas estejam incluídos
mento de Campanha (Fundo a 2019. A pandemia alterou Estatística (IBGE), bem mais nessa política nos próximos
Eleitoral). Os partidos são en- completamente a tendência. ampla, pois inclui também o meses. Isso pode chegar a até
tes privados e não há motivo pa- Na média do ano, a queda real mercado informal e registra 30 milhões de trabalhadores,
ra que o dinheiro do contribuin- poderá alcançar 8,58% na com- os casos de subutilização da nas estimativas do governo.
te financie suas atividades. Ao paração com 2019. Em valores, mão de obra, enfrenta proble- Proporcionalmente, salários
receber dinheiro público, as le- a renda efetiva média fechará mas típicos desse período. Du- mais baixos estão mais protegi-
gendas ficam desobrigadas de o ano em R$ 2.206 por mês, an- rante a pandemia, as visitas dos do que os mais altos.
ter identidade programática e te R$ 2.413 em 2019. domiciliares não podem ser O mercado de trabalho infor-
filiados comprometidos ou de Além de corroer emprego e realizadas. Sua realização por mal, cujas atividades são, em
buscar doações. renda, a pandemia da covid-19 telefone trará imperfeições e tese, mais resilientes que o for-
Numa democracia represen- está corroendo as informações distorções. mal às medidas de isolamento
tativa, é essencial a existência básicas sobre o mercado de tra- Estudos e projeções mos- social – pois não estão sujeitas
de partidos políticos que fun- balho que poderiam estar ofe- tram um quadro dramático. A a controle mais rigoroso pelo
cionem, representando de fato recendo balizas mais seguras e combinação de redução do nú- poder público –, é afetado dire-
seus filiados e promovendo os confiáveis para a elaboração mero de empregados e de que- tamente pela redução da circu-
necessários consensos e maio- de políticas públicas destina- da da renda efetiva média terá lação de pessoas e não tem po-
rias. Sempre adiada, a reforma das a amparar prioritariamen- um impacto notável sobre a líticas de compensação de ren-
do sistema político-eleitoral é te os mais desprotegidos. massa de rendimentos efeti- da tão eficazes como as desti-
da máxima importância. O Cadastro Geral de Empre- vos do trabalho. A redução pre- nadas ao mercado formal.

Fórum dos Leitores O ESTADO RESERVA-SE O DIREITO DE SELECIONAR E RESUMIR AS CARTAS. CORRESPONDÊNCIA SEM IDENTIFICAÇÃO (NOME, RG, ENDEREÇO E TELEFONE) SERÁ DESCONSIDERADA / E-MAIL: FORUM@ESTADAO.COM

l Governo Bolsonaro
Discurso vil
Contra fatos não há argumen-
tos. Sem substância para con-
testar as afirmações do ex-mi-
nistro Sergio Moro feitas na
coletiva na manhã de sexta-fei-
ra, 24/4, quando anunciou sua
saída do governo, o presidente
Jair Bolsonaro fez pronuncia-
mento na tarde do mesmo dia
e se perdeu em digressões com
o objetivo de fugir do cerne da
questão, que – segundo Moro
acusou – seria o interesse do
presidente em nomear para a
chefia da Polícia Federal (PF)
alguém que aceitasse sua inge-
rência em investigações feitas
pela corporação. Procurou des-
construir a pessoa de Moro e
posou de vítima, comparando
a atenção da PF à investigação
do assassinato de Marielle com
o que vê como empenho redu-
zido na apuração do atentado
que sofreu. E citou alguns ou-
tros episódios sem nexo al-
gum. Bolsonaro ainda acusou
Moro de haver condicionado a
troca do comando da PF à sua
indicação ao STF. Um discurso
pobre, desconexo, vil, que es-
cancara sua inaptidão para pre-
sidir o País. Bolsonaro perdeu to”. É “minto”.
excelente oportunidade para OSWALDO BAPTISTA PEREIRA FILHO
inscrever seu nome com honra OSWALDOCPS@TERRA.COM.BR
na História do Brasil. CAMPINAS
SERGIO RIDEL
SERGIOSRIDEL@YAHOO.COM.BR Verdade verdadeira
SÃO PAULO A verdade nua e crua é que o
mentiroso nesse imbróglio é o
Que discurso? presidente Bolsonaro. Mensa-
Algum espanto ou surpresa gens mostram diálogos entre
com o incompreensível apanha- Moro e Bolsonaro e entre o
do de palavras e vazio de ex-ministro e a deputada Carla
ideias do presidente que não Zambelli (PSL-SP) que com-
participou de debates na cam- provam a mentira. O último
panha e mal conseguiu balbu- prego no caixão do presidente
ciar míseros seis minutos na pertence ao ex-diretor Maurí-
sua estreia em Davos? cio Valeixo, da PF.
MARCO DULGHEROFF NOVAIS J. A. MULLER
MARCODNOVAIS@HOTMAIL.COM JOSEALCIDESMULLER@HOTMAIL.COM
SÃO PAULO AVARÉ
No popular Perfídia
Dupla perplexidade: o Brasil Votei em Jair Bolsonaro e o
ainda estremecia com a perda defendi ferreamente até an-
de um ministro da envergadu- teontem. Um dos motivos de
ra de Moro quando o ainda ter votado nele foi a promessa
chefe do Executivo tentou fa- de ter Sergio Moro como mi-
zer a população de besta. nistro da Justiça e dar-lhe car-
MARIA LUCIA RUHNKE JORGE ta-branca para continuar o pro-
MLUCIA.RJORGE@GMAIL.COM cesso de eliminação da corrup-
PIRACICABA ção neste país, para mim, a
maior bandeira de seu gover-
Pega na mentira... no. O episódio de sexta-feira e
O Bolsonaro não é mais “mi- os motivos da saída do minis-
tro foram a gota d’água: senti
meu voto traído. Está clara a
interferência política de Bolso-
naro na PF e os motivos, tam-
bém: interferir nos processos
contra seus filhos e outros po-
líticos de seu entorno. Presi-
dente tem de ter palavra, hon-
rar a tal carta-branca, respei-
tando a figura de Moro, que
merece toda a confiança e por
ser o grande protagonista da
Lava Jato, a maior operação
anticorrupção do mundo. E,
principalmente, respeitar a Po-
lícia Federal e sua autonomia.
EDILSON GALVANI
EDILSONGALVANI@GMAIL.COM
SÃO PAULO
Claras intenções
Pergunto-me: será que nós, bra-
sileiros, poderemos confiar
nos novos ministro da Justiça
e chefe da Polícia Federal, uma
vez que já sabemos qual deve
ser o perfil para o preenchi-
mento desses cargos?
FÁBIO PESSUTO
FABIO_PESSUTO@HOTMAIL.COM
SANTANA DE PARNAÍBA
‘Annus horribilis’
Jair Bolsonaro é realmente um
ser assaz sábio. Forçou a de-
missão de Luiz Henrique Man-
detta e Sergio Moro, enquanto
negocia o apoio político de
grandes patriotas como Rober-
to Jefferson, Valdemar Costa
Neto e Gilberto Kassab. Até
2022 viveremos um pesadelo.
LEÃO MACHADO NETO
LNETO@UOL.COM.BR
SÃO PAULO
Em maus lençóis
Por fim Bolsonaro voltou aos
braços dos integrantes de seu
berço político, do qual nunca
deveria ter saído: o baixo clero.
Agora, sim, está no seu verda-
deiro hábitat. Nem precisa
mais usar a máscara de impolu-
to patriota, perseguidor de cor-
ruptos. O rei está nu e a respos-
ta que Moro queria – por que
trocar Valeixo – está implícita
na própria pergunta. E é, por
enquanto, nas mãos desse pre-
sidente que inverte fatos e cria
versões a seu bel-prazer que o
destino dos milhões de brasilei-
ros está entregue, em meio à
pior tragédia da humanidade
dos últimos tempos. Isso é que
se chama estar em maus len-
çóis. Oremos!
ELIANA FRANÇA LEME
EFLEME@GMAIL.COM
CAMPINAS
Centrão, nem pensar!
Após a leitura do editorial Sob
o signo de Tânatos (25/4, A3),
chega-se à conclusão de que o
presidente Bolsonaro está real-
mente sem condições de gover-
nar o País. É difícil acreditar
que o presidente até tenha re-
solvido entabular negociação
com o Centrão – grupo de par-
tidos e políticos envolvidos em
acusações de corrupção –, ofe-
recendo o tal “toma lá dá cá”
para conseguir votos no Con-
gresso. Para o presidente Bolso-
naro, o poder é realmente fasci-
nante e embriagante. E o Brasil
“que se exploda”!
EDGARD GOBBI
EDGARDGOBBI@GMAIL.COM
CAMPINAS
Biografia
Jair Bolsonaro demonstrou
que não era só um deputado
do “baixo clero”, como tam-
bém da baixa política.
LUIZ FRID
LUIZ.FRID@GLOBOMAIL.COM
SÃO PAULO
A4
%HermesFileInfo:A-4:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

Política
Recursos públicos
Maioria da Câmara apoia
fundo eleitoral contra
pandemia. Pág. A12

GOVERNO EM RISCO
COLUNA DO ALBERTO BOMBIG
TWITTER: @COLUNADOESTADAO

ESTADÃO
COLUNADOESTADAO@ESTADAO.COM
POLITICA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/COLUNA-DO-ESTADAO/
Titular da Economia vive ‘fritura’ deflagrada pela insistência no discurso de manutenção da
política de ajuste fiscal; desavença envolve agora o outro ‘superministro’ da Esplanada

Moro abala resiliência

de Bolsonaro na direita Após Moro sair, crise no
Q
ual o limite da propalada resiliência de Jair Bolso-
naro entre eleitores de direita? A conturbada saída
de Sérgio Moro do Ministério da Justiça fornece
algumas pistas: ela foi altamente reprovada por apoiado-
res do presidente, indica pesquisa do Instituto Travessia
realizada com exclusividade para a Coluna. De acordo
governo pressiona Guedes DIDA SAMPAIO/ESTADAO -24/4/2020
com o levantamento, 77% dos brasileiros avaliaram de ma-
neira negativa a demissão. Entre os que se declararam elei-
tores de Jair Bolsonaro, a desaprovação chegou a 81% (ape-
nas 16% nesse grupo disseram aprovar a saída de Moro).

» Mais. Para 57% dos entre- » Contra... Um experiente

vistados, sem Moro, o com- advogado alerta: se quise-
bate à corrupção será im- rem evitar que Jair Bolsona-
pactado negativamente a ro nomeie seu primeiro mi-
partir de agora no País. nistro do Supremo, os ad-
versários do presidente te-
» Saia da frente! Sérgio Mo- rão de abrir o impeachment
ro congestionou a pista da na Câmara e afastar o presi-
centro-direita, que já tem dente antes de novembro.
João Doria e Wilson Witzel.
» ...o tempo. Ele também
» Má ideia. A pesquisa tam- aposta que Sérgio Moro
bém apontou que 66% dos não está fora do jogo por
entrevistados não gostaram uma vaga no STF. Porém,
da troca de Luiz Henrique se Hamilton Mourão assu-
Mandetta por Nelson Teich mir a Presidência e quiser
no comando no Ministério nomear o ex-juiz, terá de
da Saúde. Outros 27% con- esperar a vaga de Marco Au-
cordaram com a mudança. rélio Mello porque testemu-
nhas em processos de im-
» Desconfiança. Em meio à peachment em curso não
pandemia da covid-19, 60% podem integrar a Corte.
dos entrevistados avaliam REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS
que Nelson Teich realizará
um trabalho pior que seu
antecessor. Apenas 23%
acreditam que ele poderá
superar Mandetta no cargo. Pressão. Guedes (de máscara) no pronunciamento de Bolsonaro: ele tem dito a interlocutores que não há intenção de deixar cargo

» Dados. A pesquisa entre-

vistou mil pessoas em todo
o País na sexta-feira (24),
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
» CLICK. A foto de Sérgio
Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Considerado nos bastidores

Pró-Brasil, baseado em obras
e investimentos com dinheiro
público, para recuperar o País
Contraponto. Auxiliares dire-
tos de Bolsonaro reclamam da
“visão fiscalista” do Ministério
ro, para mostrar o “estrago”
que o Plano Pró-Brasil, anun-
ciado sem a equipe econômica,
após o anúncio da demis- Moro como padrinho de a “bola da vez” da fritura no na fase pós-pandemia. Essa da Economia e da falta de um fez no mercado e no valor das
são de Moro. Foi realizada casamento da deputada governo, o ministro da Eco- mudança de rumo envolve ain- contraponto econômico den- empresas brasileiras, trazendo
por entrevistas telefônicas. Carla Zambelli repercutiu nomia, Paulo Guedes, en- da a aproximação com parla- tro do governo, como havia an- incertezas para o futuro da eco-
A margem de erro é de 3 após o ex-ministro ter re- trou em atrito com colegas mentares do Centrão, bloco in- tes da criação do superministé- nomia. No dia do lançamento
pontos porcentuais e o ní- velado conversa entre na Esplanada e expôs sua formal do Congresso que não rio sob a alçada de Guedes. do plano, o dólar subiu, os ju-
vel de confiança é de 95%. ambos sobre o STF. contrariedade com o plano gosta de Guedes e defende o Após tomar as rédeas da ne- ros a longo prazo abriram em
econômico anunciado na se- aumento dos gastos públicos. gociação com o Congresso na alta e a Bolsa caiu.
» Me ajuda... O governo mana passada para o perío- Nos bastidores, a área eco- reforma da Previdência, no Guedes e sua equipe batiza-
Jair Bolsonaro abriu nego- » Risco. Com inadimplên- do pós-pandemia do corona- nômica vê uma articulação de ano passado, quando ainda as- ram, internamente, o plano
ciação com dois dos mais cia de R$ 18 bilhões, o setor vírus. Em conversa ríspida Marinho com parlamentares sessorava Guedes, Marinho ga- Pró-Brasil de “PAC do Mari-
importantes líderes do Cen- de captação e destinação com o ministro do Desenvol- para colocar em Guedes o ca- nhou a confiança de Bolsona- nho”, numa referência ao Pro-
trão para a substituição de do lixo vê risco de calote vimento Regional, Rogério rimbo de insensível com os po- ro. Alçado a ministro, passou a grama de Aceleração do Cresci-
Casemiro Tércio Carvalho das prefeituras na crise da Marinho, no Palácio do Pla- bres. O ministro da Economia fazer parte de um núcleo de mento (PAC) de obras públi-
no comando do poderoso e covid-19. Há temor quanto nalto, acusou o ex-auxiliar tem rebatido as críticas ao di- conselheiros mais próximos cas dos governos do PT.
cobiçado Porto de Santos. a um colapso do sistema de de atrapalhar a atuação do zer a interlocutores que partiu do presidente. O ministro afirmou a auxilia-
limpeza urbana em maio se Banco Central na crise e na dele próprio a ideia de criação No encontro de sexta-feira res que Marinho foi o articula-
» ...a te ajudar. O deputado não houver ajuda federal. política de juros. do auxílio emergencial aos tra- no Planalto, Marinho tentou dor do programa e foi chaman-
e presidente do Solidarieda- O diálogo foi trocado quan- balhadores informais, combi- uma conversa com Guedes, do “um a um” os ministros pa-
de, Paulo Pereira da Silva, o » Risco 2. “Com a pande- do os dois ministros, agora de- nando com presidente para su- sem sucesso. Segundo apurou ra comprarem a ideia e empla-
Paulinho (SP), e o ex-depu- mia, as empresas tiveram safetos, se encontraram para bir o valor e chegar aos R$ 600. o Estado, o ministro da Econo- car uma Proposta de Emenda
tado Valdemar Costa Neto que investir mais para man- o pronunciamento do presi- As especulações no merca- mia disse ao ex-auxiliar que só Constitucional (PEC) “fura te-
(PL), o Boy, querem assu- ter operações em novos parâ- dente Jair Bolsonaro, na sex- do sobre uma possível saída conversa com ele no “fórum to de gastos”, a regra fiscal que
mir o controle do porto. metros. Se não entrar recur- ta-feira, depois da demissão de Guedes aumentaram após que ele escolheu”, ou seja, em o impede o crescimento das
sos, há risco do sistema co- de Sérgio Moro do Ministério as demissões de Mandetta e reuniões ministeriais. “Não te- despesas acima da inflação. A
» Influencer. No Instagram lapsar no Brasil”, diz Márcio da Justiça e da Segurança Pú- de Moro terem sido motiva- nho nada para conversar com interlocutores, o Marinho ne-
de Rosângela Moro, mulher Matheus, presidente do Sin- blica. A desavença envolven- das pela interferência do pre- você”, avisou o ministro. Mari- gou que Guedes tenha falado
do ex-ministro da Justiça, dicato Nacional das Empre- do o outro “superministro” do sidente nas duas pastas. A per- nho não foi para o embate. na sua frente sobre BC e nega o
foram muitos os comentá- sas de Limpeza Urbana. governo coloca mais lenha na gunta que agora se faz no O ministro da Economia che- rompimento.
rios de apoio ao casal. Ela fogueira da crise política que o meio político é se Guedes vai gou a citar que chamaria o pre- A expectativa em parte do go-
chegou a ser chamada de COM MARIANA HAUBERT E presidente enfrenta. aceitar uma ingerência de Bol- sidente do BC, Roberto Cam- verno é de que haverá uma con-
“futura primeira-dama”. MARIANNA HOLANDA Depois de Luiz Henrique sonaro em suas ações. Os dois pos Neto, também presente no vergência de ideias em torno da
Mandetta, demitido da Saúde, ex-colegas de Esplanada não pronunciamento de Bolsona- necessidade dos investimentos
e de Moro, Guedes entrou no aceitaram. públicos para a retomada eco-
processo de “fritura” deflagra- Apesar da pressão, o minis- nômica após a crise, o que está
do por uma ala do governo por tro tem dito a interlocutores l Resposta sendo feito no mundo todo de-
» SINAIS insistir no discurso de manu- que não há nenhuma intenção O Ministério do Desenvolvimento vido ao aumento da aversão ao
PARTICULARES. tenção da sua política de ajus- de deixar o cargo, mas tam- Regional disse que não há indis- risco. O maior exemplo, na ava-
Rosângela Moro, te fiscal. O presidente, como bém não pretende mudar sua posição entre Rogério Marinho e liação dos defensores desse
advogada mostrou o Estado, está dispos- política econômica de aumen- Paulo Guedes. O Ministério da quadro, é decisão da Boeing de
to a dar um “cavalo de pau” no to dos investimentos via inicia- Economia não comentou. desistir de comprar a Embraer
seu governo e aposta no Plano tiva privada. (mais informações na pág. B4).
KLEBER SALES/ESTADÃO

Pelo mesmo motivo, a nomea- presidente do Tribunal Regio-

Presidente reavalia nomes
para pasta da Justiça e PF
Para evitar mais críticas,
Bolsonaro é aconselhado
a rever escolha de novos
PRONTO, FALEI! titulares associados
a ele e a seus filhos
Flávio Dino
Governador do Maranhão (PCdoB) Jussara Soares / BRASÍLIA
“Sua excelência, o fato. Não adianta dizer: ‘ah, não é O presidente Jair Bolsonaro ain-
o momento’. Os fatos ganharam vida própria”, sobre da não bateu o martelo sobre
a necessidade de investigação contra Jair Bolsonaro. quem vai substituir Sérgio Mo-
ro no Ministério da Justiça. On-
tem, ele reuniu aliados no Palá-
cio da Alvorada para discutir no-
mes. A escolha deve ocorrer até
segunda-feira.
O preferido de Bolsonaro é o
seu atual ministro da Secreta-
ria-Geral da Presidência, Jorge
Oliveira, que tem a confiança
do presidente e de seus filhos. A
avaliação no Palácio do Planal-
to, no entanto, é de que nomear
alguém próximo neste momen-
to pode potencializar as acusa-
ções de Moro, que ao se demitir
disse que o presidente queria fa-
zer interferência política na PF.
ção de Alexandre Ramagem, di-
retor-geral da Agência Brasilei-
ra de Inteligência (Abin), para o
comando da Polícia Federal,
também está sendo repensada.
Um nome que ganhou força
ontem para o lugar de Moro é o
do desembargador Carlos
Eduardo Thompson Flores, ex-
l Segurança Pública
Com a saída de Moro,
Bolsonaro avalia recriar o
Ministério da Segurança
Pública, que abarcaria a PF.
O ex-deputado Alberto
Fraga (DEM-DF) é cotado
para assumir a pasta.
nal Federal da 4.ª Região. Ele é
uma indicação de integrantes da
ala militar do governo. O nome
do Advogado-Geral da União,
André Luiz Mendonça, também
passou a ser considerado.
A exemplo do que ocorreu em
outras substituições de minis-
tros, o grupo mais próximo ao
presidente tenta encontrar no-
mes que possam ter respaldo na
opinião pública e livrar o gover-
no de críticas. Bolsonaro, por sua
vez, insiste que precisa ter uma
pessoa de confiança no cargo.
Caso a escolha recaia sobre
Oliveira, o atual chefe da Secre-
taria de Assuntos Estratégicos
(SAE), Flávio Rocha, iria para o
seu lugar na Secretaria-Geral.
 Política A5
%HermesFileInfo:A-5:20200426:

O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

A6 Política
%HermesFileInfo:A-6:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

GOVERNO EM RISCO

E-MAIL: ELIANE.CANTANHEDE@ESTADAO.COM sua base? E abrir crise na PF e derrubar
ELIANE TWITTER: @ECANTANHEDE
ELIANE CANTANHÊDE ESCREVE ÀS TERÇAS E
Moro, o maior troféu do governo, dias
depois de Mandetta e em meio ao caos?
CANTANHÊDE SEXTAS-FEIRAS E AOS DOMINGOS
Moro resumiu numa única palavra,
ao pedir “a razão” de tudo isso. A respos-
ta está na psicologia, egolatria, medo,
culpa e na proteção dos filhos 01, 02 e
Suicídio 03 de investigações sobre rachadinhas,
fake news, gabinete do ódio e organiza-
ção e financiamento de atos golpistas.
por Sérgio Moro, e nada mais, nada me-
nos, de exigir acesso aos relatórios de
inteligência e às investigações sigilo-
sas da PF. Essas sobre os filhos e ami-
gos e aquelas contra inimigos. Um arse-
nal político que ditadores adoram.
Mas, depois de saracotear por aí con-
tra o isolamento, tudo o que o presiden-
te ofereceu à Nação no seu pronuncia-
mento foi um personagem bonzinho e
Barra da Tijuca e as namoradas do fi-
lho 04 - que, aliás, traçou metade das
vizinhas, típica questão de Estado. Va-
leixo tinha de fazer isso? Sim, “ele”
queria. “Eu sou a Constituição.”
O novo ministro da Justiça chega
no fim da festa, sem PF, Coaf e a
aura de Moro. O delegado Alexan-
dre Ramagem, que deve migrar da
Abin para a PF, vai precisar comer

U
ma imagem vale mais do que
mil palavras, e a do supermi-
nistro Paulo Guedes no pro-
nunciamento do presidente Jair Bol-
sonaro, na sexta-feira, diz tudo. O
único de máscara, em mangas e sem
sapatos, o segundo pilar do governo
parecia seguir, só de meias, os pas-
sos do já ex-ministro Sérgio Moro.
Ou seja, está se lixando para o cargo
e para Bolsonaro. Fim de festa.
Com o governo esfarelando, um
militar de alta patente define o cli-
ma: “Muita tristeza”. Junto com o
governo, esfarelam-se os sonhos de
por ordem na bagunça, combater
com Moro a corrupção e o crime orga-
nizado, recuperar com Guedes a eco-
nomia, os empregos e a esperança. Se-
ria impossível com um tenente recha-
çado, depois um parlamentar inútil.
Mas só agora eles admitem. Talvez, tar-
de demais para descolar as Forças Ar-
madas do desastre. Triste mesmo.
Jair Bolsonaro é incansável em seus
movimentos suicidas, envolto em som-
bras, combatendo inimigos por toda par-
te, fazendo só o que lhe dá na cabeça. Ou
o que os filhos lhe põem na cabeça. Por
que a obsessão em demitir o delegado
Maurício Valeixo da Polícia Federal? Em
nomear um pau-mandado na PF do Rio,
Ante pandemia, mais de 4 mil mortos, o
desespero de empresários, emprega-
dos e Ministério da Economia, Bolsona-
Com mortes e caos econômico
e social, Bolsonaro só vê ele,
filhos e Adélio
ro só pensou nele e nos filhos.
Completamente perdido na pande-
mia, com escavadeiras abrindo covas a
mil por hora, economia implodindo,
governo esfarelando, miséria disparan-
do e violência ameaçando, Bolsonaro
foi acusado, nada mais, nada menos,
simples, que economiza com piscina,
menu e gabinete. Até da triste história
familiar da mulher ele falou. Há quem
tenha achado comovente. Certamente
não é o caso de Judiciário, Legislativo e
parte do próprio Executivo. Nem de
OAB, ABI, mundo empresarial e finan-
ceiro e grandes democracias.
O pronunciamento foi sobre ele, ele e
ele. Por que demitir Valeixo? Porque, de-
pois de milhares de horas de investiga-
ções, a PF não concluiu o que “ele” que-
ria: que a facada foi um complô, quem
sabe da China comunista? E Valeixo não
atropelou as leis e o MP-RJ nas investiga-
ções sobre Marielle, o condomínio da
muito feijão para ficar parrudo co-
mo Valeixo e convencer a corpora-
ção de que não é um Fernando Segó-
via, o indicado político que resistiu
só 99 dias no cargo no governo Te-
mer. E... que vai seguir o manual.
A Bolsonaro e Moro resta uma aca-
reação jurídica, política e midiática.
Bolsonaro não entende nada dessa
seara, como de tantas e tantas ou-
tras, mas Moro estará em seu habi-
tat. Se um afunda, o outro emerge
na política, o que pode dar em tudo
ou nada, mas passa a ser o grande
pesadelo de um ser conturbado e
sob risco real de impeachment.

Acusação de Moro tem 65% de confiança

Segundo pesquisa Ideia Big Data, maior parcela dos entrevistados acredita na tentativa de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal

Vera Magalhães
LEVANTAMENTOS
Uma pesquisa instantânea Pela 1ª vez desde
feita pelo instituto Ideia Big
Data para o site BR Político Ideia Big Data 2017, presidente
depois do pedido de demis- Pesquisa realizou 1.615 entrevistas telefônicas no dia 24 de abril perde seguidores
são de Sérgio Moro do Minis-
tério da Justiça e da Seguran- Acusações sobre a interferência Aceleração do processo de Moro como forte candidato à
ça Pública mostra que 65% política de Jair Bolsonaro na PF impeachment em relação a Bolsonaro Presidência em 2022 l A demissão do ministro Sérgio
dos entrevistados acreditam PERGUNTA PERGUNTA PERGUNTA Moro fez o presidente Jair Bolso-
na acusação feita pelo ex- Sérgio Moro pediu demissão do Ministério da A saída de Sérgio Moro pode precipitar o Sérgio Moro fora do governo é um candidato naro perder seguidores nas re-
juiz da Lava Jato de que hou- Justiça alegando interferência política do impeachment em relação a Jair Bolsonaro? forte a presidente em 2022? des sociais pela primeira vez des-
ve interferência política do presidente na PF. Em relação a isso, você de setembro de 2017. Até anteon-
presidente Jair Bolsonaro acredita nas acusações? tem, o chefe do Executivo não
no Ministério da Justiça. havia registrado um dia sequer
ENTREVISTADOS ENTREVISTADOS ENTREVISTADOS
A pesquisa foi realizada por de baixa. Os dados são da consul-
1.615 1.417 1.410
telefone anteontem – dia do toria Bites, que começou a acom-
anúncio da demissão –, com panhar as publicações de Bolso-
Sim, 65% 35% Não
1.615 respostas. A margem de er- 61% 39% 66% 34% naro no Twitter, Instagram, Face-
ro do levantamento é de 2,5 pon- acredita acredita Concorda Discorda Concorda book e YouTube desde 1º de se-
Discorda
tos para mais ou para menos.
A primeira pergunta diz res-
peito à saída de Moro do gover-
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
MARGEM DE ERRO: 2,5 PONTOS PORCENTUAIS PARA MAIS OU PARA MENOS
tembro de 2017.
No intervalo de seis horas, en-
tre o pronunciamento do ex-mi-
no e suas acusações de interfe- nistro e a coletiva de imprensa
XP/Ipespe
rência política de Bolsonaro na do presidente, Bolsonaro e seus
Polícia Federal. Sobre isso, 65% Pesquisa realizou 800 entrevistas telefônicas nos dias 23 e 24 de abril filhos - Carlos, Eduardo e Flávio
disseram acreditar nas acusa- ÓTIMO/BOM REGULAR RUIM/PÉSSIMO NÃO SABE/NÃO RESPONDEU
– foram deixados por 86.427 con-
ções de Moro de que o presiden- tas. O presidente foi o mais atingi-
te tentou interferir politicamen- Avaliação do desempenho do governo Expectativa para o restante do Sobre a decisão de Sérgio Moro do. Às 15h20, 48.473 mil perfis já
te na PF. Em contrapartida, 35% Jair Bolsonaro mandato de Bolsonaro de sair do governo tinham saído de suas redes.
afirmaram não acreditar nas de- O ex-juiz acusou Bolsonaro de
clarações do ex-ministro. 70 70 tentar interferir politicamente na
A segunda questão feita pelo 44% 42% 14% Polícia Federal. Já o presidente
60 60
instituto a pedido do BRP era se afirmou que Moro condicionou a
APROVARIA/ DESAPROVARIA/ NÃO SABE/
os entrevistados acreditavam 50 50 49% APROVA DESAPROVA NÃO RESPONDEU
troca na PF a uma indicação para
que as acusações de Moro pode- o Supremo Tribunal Federal.
riam ser o estopim para um pedi- 40
42% 40 Conforme a consultoria, na me-
do de impeachment de Bolsona- Impacto para o País da saída de dição feita às 20h, a base de Bol-
31% Sérgio Moro do governo
ro. Para 61% dos ouvidos, Moro 30 30
25% sonaro havia sofrido uma redu-
pode ser pivô de um processo 24% ção de 0,12%. As postagens com
de impedimento do presidente.
20 20
18% 67% 16% 10% 8% hashtags negativas sobre o presi-
Outros 39% discordaram dessa 10 10 9% dente somaram 773 mil tuítes às
possibilidade. 18h de anteontem. Na contramão
3% IMPACTO NÃO TERÁ IMPACTO NÃO SABE/
A terceira pergunta apresen- 0
JAN ABR
0
JAN ABR NEGATIVO IMPACTO POSITIVO NÃO RESPONDEU
do presidente, Moro conquistou
tada foi sobre o futuro do ex-ti- 2019 2020 2019 2020 160.248 novas contas no Twitter
tular da Justiça. Diante do ques- e Instagram. / BIANCA GOMES
MARGEM DE ERRO: 3,5 PONTOS PORCENTUAIS PARA MAIS OU PARA MENOS
tionamento de que a saída de FONTES: IDEIA BIG DATA E XP/IPESPE INFOGRÁFICO/ESTADÃO
Moro o torna um candidato im-
portante para a eleição presi- País, na quinta-feira e anteon- ro, quanto à aprovação da deci- realização da sondagem. rante a pesquisa foi sobre a ex- foi considerada ruim ou péssi-
dencial de 2022, 66% responde- tem, perguntou sobre os efeitos são do ex-juiz de deixar o cargo. pectativa dos entrevistados pa- ma por 44% dos entrevistados.
ram que sim, ante 34% que disse- para o Brasil da decisão de Mo- Do total, 44% disseram aprovar Popularidade. No mesmo pe- ra o restante do governo de Bol- Outros 29% enxergaram o de-
ram que não. Bolsonaro já disse ro de deixar o Ministério da Jus- a escolha de Moro, ante 42% ríodo, o porcentual de entrevis- sonaro. Do total, 49% disseram sempenho do presidente duran-
publicamente que pretende dis- tiça. Do total de entrevistados que desaprovaram (14% não res- tados que consideram a gestão que esperam um mandato te a pandemia como “ótimo ou
putar a reeleição. pela consultoria, 67% afirma- ponderam ou disseram não sa- de Bolsonaro ótima/boa (31%) ruim/péssimo, 25% acreditam bom” e 21%, como “regular”.
ram que o impacto será negati- ber responder). permaneceu estável em relação que será um governo regular, en- Em suas declarações públicas,
Impacto. Um outro levanta- vo. Para 16%, a demissão não te- Como parte da pesquisa da ao levantamento realizado ain- quanto 18% afirmaram ter uma Bolsonaro vem minimizando
mento também realizado du- rá impacto e, para 10%, o impac- XP/Ipespe foi feita um dia an- da em abril. Os que consideram expectativa ótima/boa. Outros os efeitos do coronavírus e de-
rante a crise envolvendo a saída to será positivo. tes da demissão ser anuncia- o governo ruim/péssimo tam- 9% não souberam ou não quise- fendendo o chamado isolamen-
de Moro do governo também in- Apesar do entendimento da da, 77% responderam ter co- bém se mantiveram: 42%. Ou- ram responder. to vertical – segundo o qual so-
dica que a demissão do ex-juiz maioria sobre o impacto negati- nhecimento da saída de Moro tros 24%% disseram avaliar o O mesmo instituto realizou mente idosos e pessoas no gru-
foi considerada negativa. Pes- vo da saída de Moro, a pesquisa do Ministério da Justiça, en- atual administração federal co- pesquisa sobre a condução de po de risco deveriam ficar em
quisa da XP/Ipespe feita com apontou um empate técnico, quanto 22% disseram não ter mo regular. Bolsonaro durante a crise na casa. / COLABOROU RENATO
800 entrevistados, em todo o considerando a margem de er- tomado conhecimento até a Outro ponto questionado du- Saúde. A atuação do presidente VASCONCELOS

consequências. Isso faz parte”

Bolsonaro afirma que apoiou ex-ministro na ‘Vaza Jato’
Moro voltaram a trocar ataques
Em mensagens trocadas ontem, um dia após a demissão
via Twitter, Moro reage a do ex-juiz do governo.
Pela manhã, Bolsonaro afir-
publicação do presidente mou, no Twitter, que apoiou
e diz que preservar a PF Moro durante a “Vaza Jato”, co-
não é questão ‘pessoal’ mo ficou conhecida a divulga-
ção de conversas atribuídas ao
Luiz Vassallo então juiz da Lava Jato e a procu-
radores da força-tarefa da inves-
O presidente Jair Bolsonaro e o tigação. “A Vaza Jato começou
ex-ministro da Justiça Sérgio em junho de 2019. Foram vaza-
mentos sistemáticos de conver-
sas de Sérgio Moro com mem-
bros do MPF. Buscavam anular
processos e acabar com a repu-
tação do ex-juiz. Em julho, PT e
PDT pediram prisão dele. Em
setembro, cobravam o STF. Bol-
sonaro, no desfile, fez isso”, diz
o texto, acompanhado de uma
foto dos dois juntos no desfile
de Sete de Setembro.
Em seguida, Moro afirmou,
também por meio de seu perfil
na rede social, que apoiou Bolso-
naro quando o presidente teve
o nome citado por um porteiro
no caso envolvendo a morte da
vereadora Marielle Franco. Na
ocasião, o então ministro da Jus-
tiça pediu que a Procuradoria-
Geral da República e a Polícia
Federal instaurassem inquéri-
to para investigar o depoimen-
to do porteiro.
“Sobre reclamação na rede
social do Sr. Presidente quanto
à suposta ingratidão: também
apoiei o PR (presidente) quando
ele foi injustamente atacado.
Mas preservar a Polícia Federal
l Ingratidão
“Preservar a PF de
interferência política
é uma questão institucional,
de Estado de Direito,
e não de relacionamento
pessoal.”
Sérgio Moro
EX-MINISTRO DA JUSTIÇA
de interferência política é uma
questão institucional, de Esta-
do de Direito, e não de relaciona-
mento pessoal”, afirmou Moro.
Mais cedo, o ex-ministro
compartilhou uma campanha
do Ministério da Justiça. “Faça
a coisa certa, pelos motivos cer-
tos e do jeito certo” foi o lema
de campanha de integridade
que fizemos logo no início no
MJSP”, escreveu.
Ao anunciar sua demissão, an-
teontem, Moro também citou a
campanha da pasta. “Esse sem-
pre foi o mote do ministério, fa-
ça a coisa certa, não importam
as circunstâncias, arque com as
declarou na ocasião.
Bolsonaro e Moro já haviam
trocado acusações quando o
ex-juiz deixou o cargo. O ex-mi-
nistro acusou o presidente de
tentar interferir politicamente
no comando da Polícia Federal
para obter acesso a informa-
ções sigilosas e relatórios de in-
teligência. “O presidente me
quer fora do cargo”, disse.
Em um pronunciamento ho-
ras depois, Bolsonaro rebateu o
ex-auxiliar. Afirmou que Moro
mentiu e negociou a troca no
comando da PF por uma cadei-
ra no Supremo Tribunal Fede-
ral. Disse, ainda, que o então mi-
nistro da Justiça tinha outros in-
teresses no governo e agiu co-
mo um traidor.
 Política A7
%HermesFileInfo:A-7:20200426:

O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

A8 Política
%HermesFileInfo:A-8:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

GOVERNO EM RISCO

ter alguém “seu” no comando da PF pa-
VERA E-MAIL: VERA.MAGALHAES@ESTADAO.COM
TWITTER: @VERAMAGALHAES
ra tentar esvaziar o inquérito-bomba: as
MAGALHÃES POLITICA.ESTADAO.COM.BR/COLUNAS/VERA-MAGALHAES/ provas coletadas até aqui estão em po-
der do ministro Alexandre de Moraes,
seu relator, e ele também já se precaveu
e também assegurou que os policiais e
delegados designados para comandar a
Bola com o Supremo investigação não sejam trocados.
O segundo ineditismo do papel do
Supremo nessa crise é que são muitas,
dentro do STF passem a atuar de for-
ma coesa na contenção do presidente
é um divisor de águas político e pode
ser determinante para que as investiga-
ções em curso – duas delas com Alexan-
dre de Moraes e uma com Celso de Mel-
lo – deem ao Congresso, ali do outro
lado da Praça dos Três Poderes, o cami-
nho jurídico do impeachment.
E aqui entra o terceiro fator inédito, a
Augusto Aras, tentou dar uma no
cravo e outra na ferradura ao colo-
car Moro na situação de co-investi-
gado. Acabará por fazer do ex-minis-
tro e ex-juiz da Lava Jato, ao lado do
decano, peça fundamental de abrir a
picada para o embasamento jurídi-
co do processo de impeachment.
Não é por acaso o silêncio de Rodri-
go Maia e Davi Alcolumbre. Os dois

S
airá do Supremo Tribunal Fe-
deral o caminho para que Jair
Bolsonaro enfrente o terceiro
processo de impeachment de um
presidente eleito em 28 anos. A bo-
la, mais do que nunca nos últimos
anos, está com os 11 ministros da
principal corte do País. E olha que
desde o mensalão o protagonismo
do STF tem sido grande. Mas a con-
juntura leva a que, desta vez, algu-
mas coisas sejam diferentes.
O primeiro componente inédito é
a vigência, há um ano, de um inquéri-
to sigiloso, sem prazo e com abran-
gência grande e escopo para investi-
gar fake news contra ministros do pró-
prio tribunal. É ele, como escrevi na
quarta-feira, que dará o fio da meada
para que se trace uma cadeia de coman-
do na rede de destruição de reputações
que grassa nas mídias sociais e alimen-
ta o bolsonarismo.
Graças a ele Bolsonaro perdeu as estri-
beiras em plena crise do novo coronaví-
rus e decidiu demitir o diretor-geral da
Polícia Federal, Maurício Valeixo, assu-
mindo inclusive o risco de perder Sérgio
Moro e ganhar seu mais competitivo ri-
val em 2022. O desespero com o inquéri-
to foi maior que o medo de perder Moro.
Pouco ou nada vai adiantar Bolsonaro
e de diferentes magistrados, as deci-
sões que tolheram os arreganhos auto-
ritários de Bolsonaro nos últimos me-
Como no mensalão, Judiciário
assume o protagonismo
da crise política
ses. O presidente viu caírem desde as
tentativas de ditar a estratégia de com-
bate à pandemia do novo coronavírus
até as investidas para reduzir acesso da
sociedade a informações públicas.
Não é obra do acaso. Que integran-
tes de blocos até ontem conflitantes
saideira do decano. Celso de Mello dei-
xa o Supremo em novembro, depois de
31 anos. Dono de posições que foram
paradigmáticas para a Corte em julga-
mentos como o do mensalão, desde o
ano passado ele tem pontuado com ên-
fase os riscos à democracia representa-
dos por ações e palavras de Bolsonaro.
É dele a relatoria de um mandado de
segurança questionando a demora da
Câmara em analisar pedidos de impea-
chment e, desde sexta-feira, também
está com ele o novo inquérito para apu-
rar as denúncias de Sérgio Moro.
Candidato à sua cadeira em novem-
bro, o procurador-geral da República,
sabem que o enredo, agora, se desen-
rola no Judiciário. É de lá que sairá o
roteiro para que a Câmara, e depois o
Senado ajam. Até lá, há fatores políti-
cos a alinhar. O principal é a definição
de se o Centrão vai embarcar no go-
verno ou fazer o que fez no impeach-
ment de Dilma: leiloar seu preço com
os dois lados até a undécima hora.
Os prazos são exíguos: Mello pen-
dura a toga em novembro, e Maia
deixa a cadeira em fevereiro do ano
que vem. Por isso, e porque há um
vírus a combater e uma economia
em frangalhos para tentar recupe-
rar, o ritmo será intenso.

Deputada pressiona Moro sobre Maia

Parlamentar questiona ministro se investigação contra presidente da Câmara era de responsabilidade da PF, segundo conversa vazada

Vera Magalhães ex-diretor-geral da Polícia Fede-
ral Maurício Valeixo, segundo
Trechos de conversas vazados confirmaram ao site BR Político,
pela deputada Carla Zambeli do Grupo Estado, fontes liga-
(SP) à rede de TV CNN mos- das à instituição.
tram que aliados do presidente Na mensagem que a própria
Jair Bolsonaro pressionaram o deputada vazou, sem se dar con-
então ministro da Justiça e da ta de que estava revelando mais
Segurança Pública Sérgio Moro um flanco de pressão política so-
para que a Polícia Federal (PF) bre a PF, Carla Zambelli questio-
atingisse o presidente da Câma- na Moro se a investigação sobre
ra, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Maia era de responsabilidade
A falta de um indiciamento da PF. Na sequência, Moro res-
do deputado era uma das ra- ponde que sim, mas que o in-
zões de descontentamento de quérito corre junto ao Supremo
Bolsonaro com Moro e com o Tribunal Federal (STF).
O ex-ministro encaminha, en-
tão, o link de uma reportagem
mostrando que num dos casos a
PF chegou a apontar indícios de
crimes contra Maia, mas que a
então procuradora-geral da Re-
pública Raquel Dodge arqui-
vou. “Há outras investigações
em curso”, limitou-se a respon-
der o ex-ministro.
A insatisfação com o que con-
siderava tratamento pouco con-
tundente em relação a Maia era
manifestada por Bolsonaro e pe-
lo seu entorno, na família e no
Congresso Nacional.
Caso seja chamado a depor so-
bre denúncias de pressão políti-
ca de Bolsonaro sobre a PF, Mo-
ro pode ser instado a falar tam-
bém sobre esses episódios.
Decepção. Também ontem,
Carla Zambelli publicou uma
carta aberta a Moro em sua pági-
na na internet. Ela diz ter ficado
decepcionada e magoada com o
ex-juiz da Lava Jato e questiona
se ele calculou as respostas que
lhe deu quando conversaram
pelo Whatsapp com o objetivo
de expô-la futuramente. An-
l Recado
“Fica o questionamento
para um homem ao qual
eu e meu marido
tínhamos o maior respeito
e admiração, tanto que foi
nosso padrinho de
casamento: ‘ex-ministro, a
resposta que o sr. deu e o
print foram friamente
calculados para me expor
depois?’”
Carla Zambelli (PSL-SP)
DEPUTADA FEDERAL
teontem, reportagem do Jornal
Nacional, da TV Globo, mos-
trou troca de mensagens entre
a deputada e Moro. O conteúdo
das conversas foi confirmado
foi confirmado pelo Estado.
“Fica o questionamento para
um homem ao qual eu e meu
marido tínhamos o maior res-
peito e admiração, tanto que foi
nosso padrinho de casamento:
‘ex-ministro, a resposta que o
sr. deu e o print foram friamen-
te calculados para me expor de-
pois?’”, escreveu a deputada em
sua carta aberta.

Momentos finais
Aliados criticam
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
GABRIELA BILO/ ESTADAO-24/4/2020

improviso de
Bolsonaro
Tânia Monteiro / BRASÍLIA

O presidente Jair Bolsonaro ti-

que Maurício Valeixo, seu bra-
‘BOMBEIROS’ E ço direito e amigo pessoal, seria
demitido do comando da Polí-
cia Federal. No encontro, Moro
‘INCENDIÁRIOS’ bateu o pé e ameaçou deixar o
governo. Percorreu os 500 me-
tros que separam a Presidência
NO EPÍLOGO do Palácio da Justiça, nome ofi-
cial da sede do ministério, e ali
permaneceu trancado no gabi-
DO EX-MINISTRO nete, até as 18h50.
A sala ocupada de Moro é cer-
cada por estantes com “quilos”
Nas horas que antecederam sua decisão de deixar de livros jurídicos que o acom-
o governo, ex-juiz foi alvo de pressão e conselhos panham desde a época da facul-
dade. Foi ali que passou as oito
últimas e decisivas horas como
Patrik Camporez dos interlocutores. ministro de Bolsonaro. Do lado
BRASÍLIA O celular de Moro recebeu li- de fora do prédio, um batalhão
gações dos presidentes da Câ- de jornalistas, cinegrafistas e fo-
Avião da FAB para
mulher foi cogitado
l Na tentativa de tentar conven-
cer Sérgio Moro a ficar no gover-
no, um trio de “bombeiros” procu-
rou amigos pessoais do ex-minis-
tro e chegou a cogitar o envio de
um avião da FAB a Curitiba para
levar Rosângela, a mulher de Mo-
ro, da capital paranaense a Brasí-
lia. A ideia foi descartada por
questões legais. Formado pelo
secretário de Comunicação So-
cial da Presidência, Fabio Wanj-
garten, a deputada Carla Zambel-
li (PSL-SP) e o ajudante de or-
Anúncio.
Sérgio Moro,
durante
entrevista
em que
confirmou
sua
demissão e
acusou
presidente
de interferir
na PF
Para acalmar Moro, que
àquela altura já havia conver-
sado com boa parte das cúpu-
las da República, Bolsonaro
mandou avisar que estava dis-
posto a discutir um nome de
“consenso” para a PF. O mi-
nistro, no entanto, já não que-
ria mais “negociar”. Queria
que o presidente “batesse o
martelo” e definisse se Valei-
xo ficaria ou não no cargo.
Moro esperou, mas a res-
posta definitiva do Planalto
não veio. Nenhum novo con-
tato do presidente foi feito,
o que deixou o ministro
mais insatisfeito. Mais tar-
de, já noite, Moro mandou
avisar à segurança do Palá-
nha um discurso pronto para re-
bater didaticamente as acusa-
ções feitas pelo ex-ministro da
Justiça Sérgio Moro, na sexta-
feira. Preferiu ignorar tudo e
partir para o improviso, apos-
tando em um tom de desabafo.
Na avaliação de interlocutores
do presidente, ele se perdeu
nos fatos e disse frases descone-
xas. Admitiu ter pedido a Moro
relatórios de inteligência e aca-
bou agravando a crise política.
Um documento breve, feito
para desmentir “ponto a pon-
to” as declarações de Moro esta-
va nas mãos de Bolsonaro. Num
dos trechos, o texto citava um
telefonema do presidente ao en-
tão diretor-geral da Polícia Fe-
deral, Maurício Valeixo, por vol-
ta de 20h20 da quinta-feira. Na
ocasião, o delegado teria sido in-
formado que sua demissão se-
ria publicada “a pedido” no Diá-
rio Oficial. De acordo com es-
ses relatos, Valeixo concordou
com a solução sugerida.
A frase “o senhor não vai me
chamar de mentiroso” foi encai-
xada no discurso justamente
por isso. Ao falar de improviso –
lendo apenas uma parte do pro-
nunciamento –, Bolsonaro che-
gou a citar a conversa com Valei-
xo, mas sem informar o horário
do diálogo, por exemplo.
Um dos auxiliares que partici-
param da preparação do discur-
so disse que o presidente falou

E
ra 18h da última quin-
ta-feira quando o en-
tão ministro Sérgio
Moro andava em círculos,
com o telefone celular gruda-
do no ouvido, no seu gabine-
te no quarto andar do prédio
da pasta da Justiça e Seguran-
ça Pública. Trancado ali ao
longo da tarde, Moro recebia
ligações de autoridades dos
três Poderes da República,
boa parte delas com “suges-
tões” e “conselhos” para que
deixasse o governo – “um bar-
co que estava afundando,
mergulhado em investiga-
ções”, como descreveu um
mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
e do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP). O ex-juiz da Lava Ja-
to ainda conversou com minis-
tros do Supremo Tribunal Fede-
ral (STF) e colegas do primeiro
escalão do governo de Jair Bol-
sonaro. Entre um telefonema e
outro, Moro conversou ainda
com amigos e a mulher, Rosân-
gela, que há tempos vinha suge-
rindo a ele deixar o governo,
conforme relataram pessoas
próximas do ministro.
Pela manhã, Moro tinha esta-
do no Palácio do Planalto. Lá,
recebeu do próprio Bolsonaro a
informação, por volta de 9h, de
tógrafos tentavam, pelas fres-
tas de cortinas da construção
modernista, flagrar as movi-
mentações do ministro mais po-
deroso do governo.
“Bombeiros” do Planalto fo-
ram acionados para tentar con-
vencer Moro de desistir da ideia
de pedir exoneração. Os minis-
tros militares sempre avisaram
ao presidente que a demissão
do maior símbolo anticorrup-
ção do País poderia significar o
início da derrocada do governo.
Ciente disso, uma das envia-
das a Moro foi a advogada da
família Bolsonaro, Karina Kufa.
Ela levou o recado de que o pre-
dens Major Cid, o trio achava que
a insistência de Moro em deixar o
governo pudesse ser mais por
fatores pessoais do que políticos.
As tentativas de apaziguar a rela-
ção entre Moro e Bolsonaro vara-
ram a madrugada de sexta, sem
resultados. / RICARDO GALHARDO
sidente estava convencido a se-
guir com a ideia da exoneração
de Valeixo. O presidente teria
ficado irritado, inclusive, com o
fato de setores da esquerda te-
rem ironizado a sua suposta im-
possibilidade de demitir um di-
retor da Polícia Federal.
cio da Justiça que iria des-
cer. O comboio o esperou,
como de costume, na gara-
gem. Mas o ministro saiu pe-
la lateral para não ter conta-
to com a imprensa. Às 20h,
ele já estava em casa com a
família. Ainda aguardava
um retorno do Planalto.
Foi dormir com a sensação
de que o dia seguinte, sexta-fei-
ra, seria o último dos 512 que
serviria ao governo de Jair Bol-
sonaro. Acordou com a demis-
são de Valeixo publicada no
Diário Oficial da União (DOU),
o estopim para anunciar sua
decisão de também sair.
demais. “Não era o combinado.
Ele acabou se perdendo.” Ape-
sar dos senões, muitos acharam
que Bolsonaro foi convincente.
Para interlocutores, a divulga-
ção de mensagens trocadas pe-
lo WhatsApp entre Bolsonaro e
Moro, antecipada pelo Jornal
Nacional, da TV Globo, “sangra-
ram” ainda mais o governo. Na
avaliação de ministros, o alerta
enviado pelo presidente a Mo-
ro, indicando interesse em subs-
tituir Valeixo por causa de um
inquérito contra aliados, aca-
bou recrudescendo a crise.
Auxiliares do presidente admi-
tem, ainda, que a saída do ex-juiz
provocou fuga de apoiadores.
 Política A9
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O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020

GOVERNO EM RISCO

Impeachment divide siglas de oposição

Proposta de pedido assinado por todos os partidos fracassa; ex-presidente Lula pede cautela a petistas e insiste nas críticas a Sérgio Moro

Ricardo Galhardo

As acusações feitas pelo ex-

ministro da Justiça e Seguran-
ça Pública Sérgio Moro con-
tra o presidente Jair Bolsona-
ro dividiram os partidos de
oposição. Diante das revela-
ções de Moro, cada sigla deci-
diu agir por conta própria,
disputando protagonismo no
pedido de impeachment. A
proposta de um processo con-
junto de impedimento do pre-
sidente fracassou.
Parlamentares e dirigentes de
PDT, PSB e Rede entraram cada
um com o seu próprio pedido.
Uma parte da bancada do PSOL
já havia feito o mesmo semanas
atrás. O PT pisou no freio, por
orientação do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Em reunião com a presidente
do partido, a deputada federal
Gleisi Hoffmann, o ex-presiden-
ciável Fernando Haddad, o ex-
ministro Aloisio Mercadante e
os líderes das bancadas na Câ-
mara e no Senado, Lula orien-
tou o partido a ter cautela dian-
te das revelações de Moro.
Anteontem, o ex-juiz da Lava
Jato anunciou sua demissão
com um pronunciamento em
que acusou Bolsonaro de inter-
ferir politicamente na indica-
ção de nomes para chefia da Po-
lícia Federal (PF).
Horas depois, Lula partici-
pou de uma reunião com a exe-
cutiva nacional do partido e ou-
tras lideranças na qual ficou de-
cidido que a legenda não entra-
ria isoladamente com um pedi-
do de impeachment. Por outro
lado, os petistas não vão se opor
à ação e, caso a Câmara abra o
processo, vão votar em bloco
contra Bolsonaro.

Críticas. Ao longo do dia, o PT

dividiu o foco das críticas entre
Bolsonaro e Moro, responsável
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
pela sentença que levou o petis-
ta a passar um ano e meio preso
em Curitiba, no processo do tri-
plex do Guarujá, em que Lula
foi condenado por corrupção e
lavagem de dinheiro.
Em suas redes sociais, Gleisi
comparou a fala de Moro a uma
“delação”. Vídeo distribuído
por lideranças do partido no iní-
cio da noite de sexta-feira desta-
cava o “elogio” de Moro a Lula e
à ex-presidente Dilma Rous-
seff. Em seu discurso de demis-
são, o ex-ministro da Justiça dis-
se que “apesar dos problemas”
de corrupção, os governos petis-
tas mantiveram a autonomia da
PF nas investigações.
A falta de unidade entre os
partidos de oposição fez naufra-
gar uma iniciativa da direção do
PSOL, que tentou articular um
pedido de impeachment que se-
ria assinado por juristas, intelec-
tuais e entidades representati-
vas da sociedade civil.
A ideia foi lançada no início
da tarde e levada por cada parti-
do para discussões internas. A
decisão deveria acontecer na
reunião dos presidentes dos
partidos, anteontem, mas PDT
e PSB sequer participaram da
conversa, o PT tirou o pé do ace-
lerador e o PC do B também. O
PC do B ainda tentou articular
uma ação conjunta, mas tam-
bém fracassou. Não houve uni-
dade nem sequer para a redação
de uma nota conjunta.
“O PSOL apoia todas as for-
mas constitucionais para afas-
tar Bolsonaro, inclusive o im-
peachment. Passamos o dia bus-
cando costurar um pedido am-
plo, envolvendo entidades e par-
tidos. Mas, infelizmente, al-
guns partidos preferiram a ina-
ção”, disse o presidente do
PSOL, Juliano Medeiros.

l Sem acordo
“O PSOL apoia todas as
formas constitucionais para
afastar Bolsonaro, inclusive
o impeachment. Buscamos
um pedido amplo, com
entidades e partidos.
Infelizmente, alguns partidos
preferiram a inação.”
Juliano Medeiros
PRESIDENTE DO PSOL
A10 Política
%HermesFileInfo:A-10:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

GOVERNO EM RISCO

a gestão Bolsonaro. Mas o nome pre-
J. R. E-MAIL: JRGUZZO43@GMAIL.COM
J.R. GUZZO É JORNALISTA E ESCREVE
AOS DOMINGOS
sente na mente e no coração do eleito-
GUZZO rado, no dia a dia, é Moro. Bolsonaro
dispensa, assim, quase todo o apoio
que poderia ter fora do bolsonarismo
raiz, das “redes sociais” e da praça pú-
blica. Agora é o “eu e a minha turma;
Inimigos do presidente vocês vão ter de me engolir”.
Detonar o seu principal avalista já
seria ruim o suficiente, mas o ato que
foram a pior acusação já feita até agora
sobre o caráter destrutivo com que o
presidente age no exercício do cargo.
Moro revelou que Bolsonaro estava
exigindo dele a demissão de Valeixo
porque queria colocar no comando da
PF uma pessoa de sua confiança, com
quem pudesse despachar pessoalmen-
te, falar ao telefone e pedir relatórios
sobre investigações. Para que isso? O
cia política” na PF – ou seja, deu a
entender que a partir de agora a polí-
cia não tem de fazer o que é certo,
mas o que o presidente manda. As
consequências disso são “imprevisí-
veis”, disse Moro. Ele mesmo con-
fessou ao ex-ministro que estava
preocupado com investigações em
andamento no Supremo – e que por
isso era “oportuna” uma troca na

O
presidente Jair Bolsonaro
não está satisfeito, nem um
pouco, com os inimigos que
já tem fora do governo; quer guerra,
cada vez mais, com os inimigos que
imagina estarem dentro. Como não
pode demitir os primeiros, sai à ca-
ça dos segundos. Lá se foi para o
espaço, agora, o ministro Sérgio Mo-
ro, o homem mais popular do seu
governo e do Brasil. É um choque.
Há muito tempo, é verdade, todo
mundo sabe da implicância crescen-
te, das cismas e dos ciúmes mal re-
solvidos de Bolsonaro em relação a
seu ex-ministro da Justiça. Mas,
com o passar do tempo e a chegada do
coronavírus, parecia que a ideia do
“Mata Moro” tinha caído no arquivo
morto. Não tinha.
De todas as calamidades que o presi-
dente vem empilhando para si pró-
prio, uma em cima da outra, nada se
compara ao que acaba de fazer com o
fuzilamento público de Sérgio Moro.
Ele vinha sendo nestes últimos 16 me-
ses, bem ou mal, o principal fiador do
governo junto à opinião pública; en-
quanto estivesse lá, nada estaria perdi-
do. Não era o único – um núcleo de
ministros competentes tem sido uma
espécie de certificado de garantia para
forçou a saída de Moro – a demissão do
diretor da Polícia Federal, Maurício Va-
leixo – conseguiu jogar mais gasolina
Bolsonaro dispensa quase
todo o apoio que poderia
ter fora do bolsonarismo
na fogueira. O decreto de exoneração
publicado no Diário Oficial diz que a
demissão de Valeixo foi a pedido. Não
foi. Traz o nome de Moro abaixo do de
Bolsonaro. Moro disse que não assi-
nou nada. Para completar, as declara-
ções do ministro ao anunciar sua saída
presidente pode chamar qualquer dos
seus ministros quantas vezes quiser,
mas não pode tratar diretamente com
um subordinado deles. Se for assim,
para o que serve o ministro? Moro lem-
brou uma realidade devastadora: ima-
ginem se durante a Lava Jato a então
presidente Dilma Rousseff ligasse pa-
ra o diretor da PF, ou para o superin-
tendente em Curitiba. Não pode – es-
tá na cara que não pode. Mas Bolsona-
ro quer fazer o que Dilma nunca fez.
Em matéria de fundo do poço, é real-
mente o que há.
Bolsonaro, segundo Moro, disse que
estava fazendo, sim, uma “interferên-
PF. Pior: disse que pretende demitir
e nomear superintendentes da PF
nos Estados. Citou, especificamen-
te, o caso de Pernambuco. De novo:
por quê? O que está acontecendo
em Pernambuco?
Bolsonaro, em seu discurso de ex-
plicações, disse que nada do que
Moro conta é bem verdade, e que
perdeu a confiança nele; o público
vai decidir, a seu tempo, em quem
acredita. Nada disso, é claro, me-
lhora a qualidade dos inimigos do
presidente. Mas Bolsonaro não pre-
cisa deles. Seu problema é sobrevi-
ver a si mesmo.

ENTREVISTA
WILTON JUNIOR / ESTADÃO -23/10/2019
José Murilo de Carvalho, historiador missão para formular um pro-
grama chamado Pró Brasil. O
presidente afasta possíveis

‘Basta razão concorrentes, mas perde cres-

centemente apoio popular.

l Bolsonaro está rearrumando a

direita, buscando outra base so-

convincente cial, livrando-se de possíveis ri-

vais em 2022 e procurando apoio
nos velhos esquemas políticos?
Ou está apenas protegendo o seu
clã de investigações?

para afastar (Está) Livrando-se de rivais e

protegendo a prole.

l O governo pode, na prática, se

tornar um governo militar, toca-

Bolsonaro’ do pelos generais?

Segundo historiador,
há ‘tempestade perfeita’
formada por crise
econômica, crise política
e novo coronavírus
Wilson Tosta / RIO
Na crise aberta pela demissão
de Sérgio Moro do Ministério
da Justiça, o historiador José
Murilo de Carvalho vê indícios
de um governo que começa a
se despedir antes do previsto.
A crise política agravada pelo
confronto de Moro com o pre-
sidente Jair Bolsonaro, as difi-
culdades econômicas e a pan-
demia do novo coronavírus se
aliam em uma “tempestade
perfeita”, que torna a sobrevi-
vência do governo “cada vez
mais difícil”, avalia. Segundo
ele, a fragilidade da base parla-
mentar de Bolsonaro torna es-
sa possibilidade muito factível.
“Basta haver uma razão con-
vincente de impedimento para
que, sem apoio sólido no Con-
gresso, ele (Bolsonaro) possa
ser afastado por impedimen-
to”, afirma o historiador, ao
comparar a crise atual com
aquelas que envolveram os go-
vernos Dilma Rousseff e Mi-
chel Temer. Para ele, os últi-
mos movimentos de Bolsona-
ro, livrando-se de possíveis ri-
vais, como Moro, acenando ao
Centrão e lançando um plano
econômico que lembra o regi-
me militar, tendem a aumen-
tar o seu isolamento. A Bolso-
naro, avalia, restaria uma base
popular cada vez menor.
l O que a saída de Moro, um dos
representantes do chamado ‘te-
nentismo de toga’, significa para
a Lava Jato e para o País?
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
A Lava Jato já estava sendo es-
vaziada. Se o presidente quiser
controlar a PF, a operação será
sepultada de vez pelas mãos
de quem prometia moraliza-
ção. Inclusive porque o presi-
dente está agora buscando
apoio da ala podre da política.
l Bolsonaro quer controlar a PF
porque teme investigações con-
tra ele e seus filhos?
Tudo indica que é a razão prin-
cipal do atrito com Moro. É de
notar que o presidente só fa-
lou no (filho) 04 (Jair Renan, o
mais novo), saltando os zero
um (senador Flavio Bolsonaro),
zero dois (vereador Carlos Bol-
sonaro) e zero três (deputado
Eduardo Bolsonaro).
l O governo Bolsonaro se susten-
tará até dezembro de 2022?
É cada vez menos provável a
sobrevivência dele até o final.
Teríamos, além da crise econô-
mica e da pandemia, uma crise
política. Tempestade perfeita.
l No que a crise atual se parece
e se diferencia quando compara-
da com as crises do impeach-
ment de Dilma e do caso Joes-
ley, no governo Temer?
O presidente atual é mais
frágil, por não ter um partido
forte que o sustente. Dilma ti-
nha apoio, mas insuficiente.
Temer tinha base sólida. Hoje,
basta haver uma razão convin-
cente de impedimento previs-
ta na legislação, por exemplo,
Comparação. Para José Murilo de Carvalho, Bolsonaro é mais frágil que Dilma e Temer
crime de responsabilidade, pa-
ra que, sem apoio sólido no
Congresso, ele (Bolsonaro) pos-
sa ser afastado.
l E com outras crises de nossa
República, como as dos gover-
nos Jânio e Collor, que também
pregavam combate à corrupção
e mudanças conservadoras? Há
comparação?
Jânio era um moralista autênti-
co e sincero. Só não tinha con-
vicções e paciência democráti-
cas. Collor teve problemas den-
tro da própria família. Ambos
não tinham base parlamentar.
l Em um curto espaço de tempo,
o presidente Bolsonaro demitiu
Luiz Henrique Mandetta, esva-
ziou Paulo Guedes, demitiu o che-
fe da PF, provocando a saída de
Moro da Justiça, e buscou apoio
no Centrão. Qual é a lógica des-
ses movimentos em sequência?
É uma jogada arriscada tirar os
dois ministros mais populares
e agora minar a posição de Pau-
lo Guedes com a criação de co-
Pelo menos, um governo de-
pendente dos ministros milita-
res. O que é ruim para o gover-
no, ruim para os militares,
ruim para o País. Para o gover-
no, por ficar dependente deles.
Para os militares, porque qual-
quer fracasso pode ser jogado
sobre a corporação, embora
eles não a representem no go-
verno. O envolvimento da ima-
gem da corporação será difícil
de ser evitado. Para o País, (é
ruim) porque gera insegurança.
l O plano econômico anunciado
esta semana por militares, com
medidas que alguns disseram
lembrar o regime militar, é sinal
de militarização?
O Pró Brasil lembra um pouco
a política desenvolvimentista
de (presidente Ernesto) Geisel.
Mas lembra também o PAC de
Dilma. Nenhum funcionou. A
diferença é que, paralelamen-
te, ele (Geisel) começou o pro-
cesso de desmilitarização da
política quando o chamado mi-
lagre começou a derreter. Um
processo inverso. O crescimen-
to econômico não podia mais
ser avalista da ditadura.
l O que as mudanças no governo
indicam: Bolsonaro está recome-
çando, em bases iliberais, ou ca-
minha para o seu fim?
Mais peso estatal na política
econômica não precisa ser ne-
cessariamente um mal, embo-
ra seja incompatível com a po-
lítica idealizada pelo ministro
da Economia (Paulo Guedes).
Mas fazê-lo fora da negocia-
ção política é um mal. O isola-
mento do governo crescerá
restando-lhe uma base popu-
lar cada vez mais restrita. A
probabilidade de um fim de
governo aumenta.

vid Samuels, professor da Uni-

Brasilianistas questionam comportamento de presidente
afirmam brasilianistas ouvidos
Estudiosos afirmam pelo Estado. Para eles, o Execu-
que Congresso e STF tivo enfraquecido permanece
no cenário pós-crise e o compor-
assumem protagonismo tamento do presidente deixa co-
e País fica com reputação mo herança a recuperação mais
internacional manchada lenta da economia e uma reputa-
ção internacional manchada.
Bianca Gomes Apesar de a maior parte dos
pesquisadores concordar que
Enquanto Bolsonaro ignora as as instituições oferecem um
recomendações internacionais freio às atitudes de Bolsonaro,
e tenta pôr fim ao isolamento, alguns questionam se elas são
Congresso e Supremo Tribunal realmente suficientes para im-
Federal (STF) assumem boa pedir uma escalada antidemo-
parte da responsabilidade pelo crática no País.
combate ao novo coronavírus, Exemplo citado é o episódio
do último domingo, 19, quando
o presidente participou de atos
que pediram fechamento do
Congresso e intervenção mili-
tar. Nele, as instituições mostra-
ram-se mais fortes e adaptáveis
do que se poderia esperar, diz
Peter Hakim, presidente eméri-
to e membro sênior da ONG
Diálogo Interamericano.
O tom de confronto adotado
nos atos pelo mandatário ocor-
re após várias derrotas do gover-
no na pandemia. Para Hakim, as
instituições políticas e cívicas
estão atuando de forma respon-
sável na crise do coronavírus,
mas isso não é possível evitar
completamente os prejuízos
que Bolsonaro tenha causado.
O brasilianista Georg Walter
Wink, do Centro de Estudos La-
tino-Americanos (CLAS), en-
xerga nesse cenário um fortale-
cimento do Congresso, conse-
quência “quase inevitável” da
estratégia bolsonarista de abdi-
car dos tradicionais mecanis-
mos de negociação com o legis-
lativo. “Vejo uma tendência em
direção a um parlamentarismo
‘velado’ que, apesar da disfun-
cionalidade do executivo, reali-
za as reformas anunciadas, so-
l Recaída
“O Brasil que parecia estar
se ‘normalizando’ voltou a
ser um país exótico, de
radicalismo, isolamento e
obscurantismo na política.”
Georg Walter Wink
BRASILIANISTA
bretudo macroeconômicas.”
Apesar do fortalecimento das
instituições, é preciso ter em
vista que elas foram criadas pa-
ra ter um presidente forte, o
que não tem ocorrido, diz Da-
versidade McKnight. “A ques-
tão central parece ser a incapaci-
dade ou a falta de vontade do
presidente em usar o poder de
sua posição para coordenar
com o Congresso e avançar
com reformas e ações abrangen-
tes que levariam o Brasil adian-
te”, diz o professor.
O prejuízo à imagem do País
perante o resto do mundo é con-
senso entre os brasilianistas. Pa-
ra Georg Walter Wink, “o Brasil
que parecia estar se desenvol-
vendo e ‘normalizando’, a par-
tir de uma visão europeia, des-
de os governos de FHC, voltou
a ser um país exótico, de radica-
lismo, isolamento e obscuran-
tismo na política”.
 Política A11
%HermesFileInfo:A-11:20200426:

O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

A12 Política
%HermesFileInfo:A-12:20200426:
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
Maioria da Câmara
apoia fundo eleitoral
contra pandemia
Proposta de transferir os recursos para ações de combate à
covid-19 consta em 11 projetos de lei apresentados desde março
A maioria dos deputados já
apoia a destinação dos R$ 2 bi-
lhões reservados ao custeio
das eleições municipais deste
ano para ações de combate à
pandemia do novo coronaví-
rus. Pelo menos 264 parlamen-
tares afirmam que votariam a
favor de projeto que alterasse
a finalidade do fundo eleito-
ral diante da situação de emer-
gência do País. Enquete feita
pelo Estado nos últimos 20
dias mostra, ainda, que esse
número pode ser maior, já
que 94 deputados não foram
encontrados para opinar.
A menos de seis meses para o
primeiro turno das eleições,
marcado para 4 de outubro, o
adiamento do pleito não está de-
finido. No Congresso, não há
um debate oficial sobre a ques-
tão (mais informações na pág.
A14). Já a proposta de transferir
recursos do Fundo Especial de
Financiamento de Campanha
para a Saúde, que depende de
maioria simples para ser aprova-
da, é objeto de 11 projetos de lei,
apresentados desde março.
As propostas foram elabora-
das por parlamentares de oito
partidos – PL, PSL, PSDB, No-
vo, PDT, PROS, PSB e Avante –
com base no caráter emergen-
cial da medida, mas nenhuma
foi pautada pelo presidente da
Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Ele argumenta que a utilização
do recurso bilionário está pre-
vista na “PEC da guerra”, apro-
vada por deputados e senado-
res neste mês.
A proposta de emenda à Cons-
tituição trata do uso de fundos,
mas não cita o que paga campa-
nhas eleitorais. Tanto que o pre-
sidente do Senado, Davi Alco-
lumbre (DEM-AP), negou a in-
clusão dessa possibilidade no
texto votado pelos senadores.
Segundo ele, diante das medidas
anunciadas pelo governo, avalia-
das em R$ 568 bilhões, o uso do
fundão não se faz necessário. Pa-
ra Alcolumbre, que tem o apoio
das cúpulas do Senado e da Câ-
mara, o pedido é “demagogia”.
Na divisão por partidos, o pla-
car do Estado mostra que ape-
nas as bancadas do Novo, do PV e
l ‘Dinheiro privado’
“Temos outras maneiras
de financiar o combate
ao coronavírus. Isso é
desculpa para a volta do
financiamento com
dinheiro privado.”
Zé Carlos (PT-MA)
DEPUTADO
CANAL UNICO PDFMudar
- OleiJORNALEIRO
fora do
do Patriota fecharam questão so-
bre transferir os recursos do fun-
do eleitoral para a crise do coro-
navírus. Mas em outras cinco ban-
cadas esse apoio passa dos 60% –
como Cidadania, PDT e PSDB.
Para a deputada Carla Zam-
belli (PSL-SP), autora de proje-
to assinado por outros 15 parla-
mentares, a destinação do fun-
do eleitoral para o combate à
pandemia ainda forçaria as cam-
panhas a serem mais baratas.
“Tanto a minha eleição como a
do presidente Jair Bolsonaro fo-
ram possíveis sem dinheiro do
fundo eleitoral. Está provado
que uma pessoa consegue se ele-
ger sem esse fundo. É um mo-
mento muito excepcional para
a população e para o País e esse
dinheiro pode fazer falta no
combate ao coronavírus.”
Em outros partidos, no entan-
to, há deputados que conside-
ram que ainda não se chegou ao
momento de definir uma mu-
dança no uso do fundo. “Since-
ramente, não sei como, no meio
de uma confusão como essa, ain-
da tem deputado que consegue
pensar em eleição. Nós, da ban-
cada do PCdoB, não discutire-
mos esse tema enquanto hou-
ver estado de emergência. O fo-
co, agora, é tentar encontrar saí-
das para o País”, disse a líder do
O ESTADO DE S. PAULO
Câmara resiste a adiamento de eleição. Pág. A14 }
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 12/2/2020
Votação. Plenário da Câmara durante sessão conjunta do Congresso Nacional em fevereiro
PARA ENTENDER
Verba banca nas eleições municipais de ou-
tubro. O valor de R$ 2 bilhões
mo Tribunal Federal (STF)
que, dois anos antes, proibiu
campanhas foi aprovado pelo Congresso as doações de pessoas jurídi-
em dezembro do ano passado. cas para as campanhas eleito-
Em janeiro, o presidente Jair O Fundo Especial de Financia- rais. A distribuição da verba
Bolsonaro sancionou integral- mento de Campanha é abaste- para os candidatos fica a crité-
mente o Orçamento de 2020, cido com dinheiro do Tesouro rio das cúpulas partidárias.
que inclui o fundo eleitoral. Nacional e se destina ao finan- Em geral, políticos com man-
Conhecido como “fundão”, o ciamento das campanhas po- dato e em cidades estratégi-
dispositivo prevê gasto de R$ líticas. Ele foi criado em 2017 cas, como capitais e regiões
2 bilhões para financiar as para compensar as perdas im- metropolitanas, são privilegia-
campanhas dos candidatos postas por decisão do Supre- dos pelos repasses.
partido, Perpétua Almeida. combate ao coronavírus. Isso é MONNERAT, BIANCA GOMES, BRUNO
No PT, 6 disseram ser a favor, desculpa para a volta do finan- NOMURA. MATHEUS LARA, PAULA
8 são contra, 31 deputados não ciamento de campanha com di- REVERBEL, PAULO NETTO e RENATO
quiseram responder e 8 não fo- nheiro privado”, afirmou o de- VASCONCELOS E ALESSANDRO
ram encontrados. “Temos ou- putado Zé Carlos (PT-MA). GIANNINI e FABIA RENATA, ESPECIAIS
tras maneiras de financiar o /ADRIANA FERRAZ, ALESSANDRA PARA O ESTADO
PLACAR
prazo pode ser ● 'Estado' questionou todos os deputados sobre a possibilidade
inconstitucional de usar o fundo eleitoral para combater a covid-19
O advogado e professor de Di-
reito Eleitoral do Mackenzie Al-
berto Rollo afirmou que qual-
264 A FAVOR
136
NÃO QUISERAM NÃO NÃO
94 1 18CONTRA
quer mudança nas regras eleito- RESPONDER ENCONTRADO VOTA
rais feita a menos de um ano de
antecedência do pleito pode ser
considerada inconstitucional.
“E não apenas por isso, mas tam-
bém porque viola o princípio da Votos por partidos
democracia, na medida em que
sem dinheiro não tem eleição.” PARTIDO TOTAL
Desde 2016, na esteira da La- PSL 32 15 3 3 53
va Jato, o Supremo Tribunal Fe-
deral firmou entendimento de PT 6 31 8 8 53
que doações de empresas de
campanha estão vetadas. PP 26 7 6 1 40
A volta desse tipo de financia-
mento, com consequências ex- PL 18 16 4 1 39
postas pela Lava Jato, é critica-
da por alguns parlamentares, PSD 25 5 7 37
mas defendida por outros. O
deputado Sóstenes Cavalcante MDB 18 2 12 2 34
(DEM-RJ) afirmou que abriria
mão do fundão caso a doação PSDB 23 5 5 33
de empresas seja tornada váli-
da novamente. Já o Subtenen- REPUBLICANOS 4 7 20 31
te Gonzaga (PDT-MG) se posi-
cionou contra, mesmo com re- PSB 17 7 6 30
dução do financiamento públi-
co de campanha. PDT 21 6 1 28
Para o cientista político Mar-
co Antonio Teixeira, da FGV- DEM 15 6 5 1 27
SP, se os recursos do fundo elei-
toral forem transferidos para a SOLIDARIEDADE 3 7 3 1 14
área da Saúde, com objetivo de
serem usados em ações de com- PODE 7 14 12
bate à pandemia causada pelo
novo coronavírus, não haverá PTB 5 3 4 12
tempo para se construir uma al-
ternativa de financiamento. PROS 6 4 10
“O debate é complexo, pois
enfrentar a covid-19 exige mobi- PSOL 4 6 10
lizar todos os recursos possí-
veis”, avaliou o cientista políti- PSC 7 2 9
co. Ele ressaltou, no entanto,
que não se faz eleição sem di- CIDADANIA 7 1 8
nheiro. “O melhor seria encon-
trar um meio-termo. Gastar me- NOVO 8 8
nos com a eleição e usar os re-
cursos economizados no com- PCdoB 6 2 8
bate ao vírus”, disse.
AVANTE 3 2 2 7
NA WEB PATRIOTA 5 5
Placar. Veja o
posicionamento de PV 4 4
cada parlamentar
REDE 1 1
estadao.com.br/e/fundoplacar
6 INFOGRÁFICO/ESTADÃO
 Política A13
%HermesFileInfo:A-13:20200426:

O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

A14 Política
%HermesFileInfo:A-14:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
GABRIELA BILO / ESTADÃO - 12/7/ 2019

Evento discute
Câmara oportunidades
para startups
resiste a Bruno Nomura

O mundo pós-covid-19 impõe

novos desafios para empresas,

adiamento mas o Brasil continua sendo um

terreno fértil para o surgimento
de startups. Esta foi a avaliação
dos participantes de painel rea-
lizado ontem durante a Brazil

de eleição Conference at Harvard & MIT.

Enquete aponta que faltam mais de 100
votos para PEC sobre o tema ser aprovada
Se já há maioria na Câmara
dos Deputados para aprovar
projeto que destine os recur-
sos do fundo eleitoral para o
combate ao coronavírus, o
mesmo não ocorre quando o
tema é adiar as eleições muni-
cipais de outubro. Apesar de
os temas estarem relaciona-
dos, os parlamentares são
mais resistentes a apoiar
uma mudança constitucional
que possa, eventualmente,
prorrogar mandatos, segun-
do enquete feita pelo Estado.
Mesmo os deputados que di-
zem acreditar ser necessário o
adiamento não formam consen-
so sobre a forma ideal para fazê-
lo. Parte declara concordar,
mas com a condição de que a
disputa seja realizada ainda nes-
te ano – em dezembro, por
exemplo, como sugeriu o futuro
presidente do Tribunal Supe-
rior Eleitoral (TSE), ministro
Luís Roberto Barroso. Uma ou-
tra parcela já expõe que a crise
poderia ser usada para unificar
as eleições no Brasil, deixando a
escolha de todos os cargos para
ser realizada a cada quatro anos.
A enquete do Estado mostra
ainda que, seja qual for o texto
de uma eventual Proposta de
Emenda à Constituição (PEC)
com essa finalidade, a matéria
encontraria dificuldades para
passar no plenário da Câmara.
Caso o tema fosse levado hoje à
votação, faltariam mais de 100
votos favoráveis para ser apro-
vado – uma PEC requer 308 vo-
tos, em dois turnos de votação.
A menos de seis meses do pri-
meiro turno das eleições muni-
cipais, marcado para 4 de outu-
bro, já tem parlamentar que su-
gere, inclusive, que a votação se-
ja dividida em dois dias.
“Um deles sendo apenas para
pessoas do grupo de risco”, dis-
se o deputado Hildo Rocha
(MDB-MA), que hoje se diz con-
trário ao adiamento. “Não gos-
to dessa dicotomia ‘ter ou não
ter eleições’. A realização delas
é algo constitucional.”
Para o deputado Arthur Maia
(DEM-BA), o adiamento das
eleições abriria um precedente
indesejável, que é a prorroga-
ção dos mandatos. “Haverá elei-
ções em outros países neste
ano e não ouvi nada sobre adia-
mento lá fora.”
Já seu colega de partido, El-
mar Nascimento, também da
Data. Deputado Elmar Nascimento defende a realização das eleições em 15 de novembro
l Alternativa
“Defendo que passemos
a ter eleições gerais
a partir de 2022, mas, no
mínimo, a próxima temos
de adiar para dezembro,
com uma readequação do
calendário.”
Gilberto Nascimento (PSC-SP)
DEPUTADO
Bahia, sugere até uma nova da-
ta: “Poderia passar para 15 de
novembro, como era antes”.
Conforme o levantamento
do Estado, no grupo dos parla-
mentares que são favoráveis é
praticamente unânime a preo-
cupação de evitar que prefeitos
e vereadores tenham seus man-
datos estendidos, mesmo que
por pouco tempo. É o caso dos
oito integrantes do Novo, que
se dizem favoráveis a uma nova
data dentro de 2020.
Há parlamentares com dúvi-
das sobre o que é possível fazer
diante da eleição em meio à pan-
demia. O deputado Léo Moraes
(Podemos-RO) apresentou re-
querimentos aos ministérios
da Justiça e da Saúde para saber
sobre a possibilidade de adia-
mento da disputa municipal. O
parlamentar propõe que a data
passe de 4 de outubro para 6 de
dezembro, mas não menciona o
segundo turno que, de acordo
com a lógica atual, teria de ocor-
rer em 27 de dezembro, entre o
Natal e o Ano Novo.
Eleições gerais. A defesa pela
adoção de um calendário que
defina eleições gerais – o que sig-
nifica um pleito que escolha to-
dos os candidatos federais, esta-
duais e municipais – a cada qua-
tro anos voltou a tomar corpo
na Câmara, apesar de o tema ser
de difícil aceitação. Pelo menos
seis PECs foram protocoladas
com esse objetivo.
Na lista de apoiadores da pro-
posta está o deputado Aécio Ne-
ves (PSDB-MG), que sugere,
além da unificação das eleições,
o fim da reeleição para o Execu-
tivo a partir de 2026 – o tucano
foi reeleito governador de Mi-
nas Gerais, em 2006.
Para o deputado Gilberto
Nascimento (PSC-SP), o calen-
dário eleitoral já está prejudica-
do. “Defendo que passemos a
ter eleições gerais a partir de
2022, mas, no mínimo, a próxi-
ma temos de adiar para dezem-
bro, com uma readequação do
calendário”, afirmou.
Um eventual adiamento, seja
para dezembro deste ano ou
2022, no entanto, pode contra-
riar mais uma norma eleitoral.
Qualquer mudança nas regras
eleitorais exige aprovação do
Legislativo federal com, no
mínimo, um ano de antecedên-
cia. / ADRIANA FERRAZ, ALESSANDRA
MONNERAT, BIANCA GOMES, BRUNO
NOMURA, MATHEUS LARA, PAULA
REVERBEL, PAULO ROBERTO NETTO,
RENATO VASCONCELOS
ALESSANDRO GIANNINI E FÁBIA
RENATA, ESPECIAIS PARA O ESTADO
Em sua sexta edição, o evento
anual realizado por estudantes
brasileiros sediados em Bos-
ton, nos Estados Unidos, tem
parceria do Estado.
Para o cofundador da plata-
forma de acesso a academias
Gympass, João Barbosa, o con-
texto é de adaptação. O executi-
vo disse que a empresa precisou
agir rápido para diminuir os im-
pactos causados pela covid-19,
já que seu modelo de negócio é
baseado em estabelecimentos
que estão fechados. Entre as me-
didas adotadas está a expansão
da área de atuação da platafor-
ma, que passou a oferecer aces-
so a psicólogos e nutricionistas.
“Os próximos três ou seis me-
ses vão oferecer oportunidades
interessantes”, avaliou o dire-
tor da empresa de private
equity General Atlantic, Luiz Ri-
beiro. Entre as tendências estão
a aceleração da digitalização
dos processos e a acentuação do
crescimento do setor de e-com-
merce. “O Brasil tem mais de
200 milhões de pessoas e mais
200 milhões de problemas. En-
tão tem muita oportunidade pa-
ra empreendedores resolverem
alguns desses problemas.”
NA WEB
Programação.
Acompanhe a
Brazil Conference
e
estadao.com.br/e/brazilconference
6

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

webinar
Estratégias para acelerar
o combate ao coronavírus
28
abr
O que o Brasil pode fazer para impedir terça-feira,
a disseminação da covid-19 às 10h

Estadão Live Talks com

Jarbas Barbosa, vice-diretor da TRANSMISSÃO
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) AO VIVO
assista em:
Apresentadores:

Eliane Cantanhêde, /estadão
colunista do Estadão
@estadão
Mateus Vargas,
repórter do Estadão em Brasília @estadão
@estadão
OU

Realização
 A15
%HermesFileInfo:A-15:20200426:

O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020

Internacional
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS

Após covid-19, embaixadas chinesas se preparam para globalização geopolítica e multiplicam atritos e propaganda do regime; política
externa de Pequim provoca reação de adversários conservadores, como Trump, mas também de moderados, como Macron e Merkel

Crise leva China a exercer agressiva

‘diplomacia sanitária’ e Ocidente reage
Marcelo Godoy
Era 30 de março quando Bel-
grado, na Sérvia, amanheceu
com outdoors ocupados pelo
retrato do secretário-geral do
Partido Comunista Chinês
(PCCh), Xi Jinping, sobre o
fundo da bandeira do país e
uma frase: “Obrigado, irmão
Xi”. Pagos por um jornal sér-
vio pró-governo, a imagem se
tornou símbolo da nova proje-
ção do poder chinês e da reno-
vada assertividade da política
externa da China durante a
pandemia de covid-19.
As ações viraram alvo de con-
testação não só de líderes con-
servadores, como o presidente
americano, Donald Trump,
mas também de moderados, co-
mo o francês Emmanuel Ma-
cron e a chanceler alemã, Ange-
la Merkel. E isso no momento
em que Pequim aprofunda a
chamada “rota da seda sanitá-
ria”, expressão de sua “diploma-
cia das máscaras e respirado-
res”, produtos essenciais para o
combate à pandemia e os quais
têm no país o maior produtor
mundial.
Eles questionam a conduta
chinesa no início da pandemia.
Teria o país alertado a Organiza-
ção Mundial da Saúde (OMS) a
neses essenciais à defesa de suas
populações trarão consequên-
cias às relações internacionais.
“O vírus passou a ser, neste
momento, o eixo central de con-
frontação”, afirmou o ex-embai-
xador brasileiro em Pequim Ro-
berto Abdenur. Ele identifica a
origem da maior “assertivida-
de” da chancelaria chinesa com
a ascensão de Xi à direção do
PCCh, em 2012. “Até então, a
China tinha uma política exter-
na mais discreta. Xi Jinping libe-
rou essas forças. A China alcan-
çou a modernização econômi-
ca, militar e tecnológica e, por
isso, sua diplomacia passou a
ser mais assertiva.”
Mas, conforme a pandemia
se espalhava, as reações à China
cresciam, assim como sua pro-
paganda. Em Bamako, no Mali,
sua embaixada soltou nota de-
fendendo a luta de Pequim “vi-
toriosa contra a covid-19”. “A
força da China é a direção forte
do Partido Comunista e do go-
verno, o senso de disciplina e de
sacrifício da população”. Dias
depois, o chanceler chinês,
Wang Yi, foi questionado pelo
presidente da União Africana,
Moussa Faki Mahamat, por su-
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
posto racismo contra estudan-
tes nigerianos na China, em ra-
zão do aparecimento entre eles
l Pós-crise
“Após essa crise, a
globalização será muito
mais marcada por questões
geopolíticas, diferentemente
dos anos 90, marcados por
questões econômicas, com
ganhos de eficiência e
escala. A economia global
está mudando e a China
precisa se preparar para um
mundo mais hostil”
Oliver Stuenkel
PROFESSOR DA FGV
chineses chegados a Ouagadou-
gou, sob a suspeita de contágio.
“Eles (os chineses) não tinham
antecedentes relativos à covid-
19, nem na China nem em outro
lugar”, dizia comunicado chi-
nês, que contestava a medida.
Fake. Nesta semana, após atri-
to com a China, o ministro das
Relações Exteriores da França,
Jean-Yves Le Drian, disse que a
Europa “deve se tornar mais
geopolítica”. Ele lembrou que a
Comissão Europeia considera a
China ao mesmo tempo um par-
ceiro e um rival sistêmico, o que
não os impede de colaborar.
“Mas isso só pode acontecer en-
quanto a China respeitar a UE.
Monde são o resultado de duas
semanas de tensões entre os paí-
ses, desde que o embaixador chi-
nês em Paris, Lu Shaye, fez publi-
car um texto com críticas aos go-
vernos e à imprensa ocidentais.
Para a embaixada, “a vitória da
China sobre a epidemia desper-
tou rancor”. “Com teses fabrica-
das, apresenta-se a China como
a grande responsável pela pan-
demia. Mas o fato de que te-
nham subestimado a epidemia e
demorado para tomar medidas,
tornando-a incontrolável, não
lhes pesa na consciência nem
lhes perturba o sono.”
Além da propaganda do regi-
me, a embaixada afirmava que
funcionários de instituições pa-
ra idosos na Europa estavam
abandonando pacientes com
covid-19 à própria sorte. E usa-
va a sigla francesa Ehpad para
designar esses lugares. Acusava
ainda 80 parlamentares france-
ses, que apoiavam Taiwan, de
ofender o secretário-geral da
OMS, Tedros Adhanom, o etío-
pe eleito para dirigir a organiza-
ção com o apoio da China, em
2017, chamando-o de “negro”.
Era falso.
Le Drian convocou Lu Shaye
e pediu explicações. Após a Fran-
ça, foi a vez da Alemanha.
Merkel questionou o papel da
coronavírus. “Quanto mais a
China prestar contas ao mundo
com transparência, melhor será
para todo o planeta.”
Não se trata aqui de dar vazão
às teorias conspiratórias que
veem no Sar-Cov-2 um vírus ma-
nipulado ou criado por chineses
a fim de prejudicar outros paí-
ses. Ou simplesmente de embar-
car no discurso de Trump e do
deputado federal Eduardo Bol-
sonaro, que faz questão de cha-
mar o coronavírus de “vírus chi-
nês” para pôr nos ombros de Pe-
quim não só seus possíveis er-
ros na crise, bem como as falhas
cometidas por governos que su-
bestimaram a pandemia. Os
dois provocaram reações da di-
plomacia chinesa, até mesmo
com a sugestão de que o vírus
seria, na verdade, americano.
“A briga não é só comercial,
mas estratégica, uma disputa
pela hegemonia política, econô-
mica e tecnológica”, disse Abde-
nur. E a China, que foi uma das
principais beneficiadas pela glo-
balização, sabe que vai perder
mercados. “Após a crise, a globa-
lização será muito mais marca-
da por questões geopolíticas. A
economia global está mudando
e ela precisa se preparar para
um mundo mais hostil a ela tam-
bém em função de seu tama-
3 PERGUNTAS PARA...
Antoine Bondaz, da Fondation
pour la Recherche Stratégique
1.
O que quer a China com a
“rota da seda sanitária”?
Em 2015, ela lançou seu
projeto de cooperação sanitá-
ria. O país queria aumentar
sua influência na governança
sanitária regional e mundial e
ajudar a medicina tradicional
chinesa a se internacionalizar.
Os objetivos eram organizar
fóruns de cooperação sanitária
com os países participantes da
“Rota da Seda”, com a Associa-
ção dos Países do Sudeste
Asiático, com a Europa Cen-
tral e do Leste e com os ára-
bes. Queria fazer um mecanis-
mo de prevenção e de controle
de doenças infecciosas na Ásia
Central e na sub-região do
Grande Mekong e criar um pla-
no de formação de pessoal de
saúde com a Indonésia e o
Laos. A China pretende se tor-
nar importante na produção
de equipamentos médicos de
diagnósticos e de tratamento e
conquistar parte do mercado
farmacêutico mundial.

tempo ou escondido a informa-
ção sobre o novo vírus? Essa des-
confiança e a dependência dos
países de produtos médicos chi-
de casos da doença.
Em Burkina Faso, a embaixa-
da chinesa reagiu à decisão do
governo de pôr em quarentena
E esse nem sempre é o caso. Às
vezes, Pequim joga sua fichas
na fragmentação da UE.”
As declarações ao jornal Le
China na pandemia de covid-19,
afirmando que o governo chi-
nês devia ter “a máxima transpa-
rência a respeito da gênese do
nho”, conclui o professor de re-
lações internacionais da Funda-
ção Getúlio Vargas, Oliver
Stuenkel.
DJORDJE KOJADINOVIC/REUTERS
2.
Como o Ocidente deve
reagir?
Que a China desenvol-
va a diplomacia sanitária é
uma coisa boa, pois permite
melhorar a saúde em vários
países. As inquietudes ociden-
tais não são sanitárias, mas po-
líticas, notadamente as relacio-
nadas com a vontade da China
de usar seu peso econômico e
diplomacia a fim de aumentar
sua influência. Vê-se isso na
ajuda entregue recentemente
aos 54 países africanos. É aí
que podemos notar numero-
sas referências a uma suposta
superioridade do modelo de
governança chinês e uma críti-
ca ao modelo democrático.

3.
A eleição de Tedros Adha-
nom para a OMS reflete a
força da China. Trump
tem razão em acusar a OMS?
A influência crescente da Chi-
na nas organizações internacio-
nais se traduz pelo aumento
de suas contribuições financei-
ras à ONU e pela nomeação de
diplomatas para postos-chave.
Vimos isso na eleição de Adha-
nom. Mas a verdadeira questão
é outra: é a da transparência
da China em relação à OMS e
saber se ela transmitiu as infor-
mações que estavam à sua dis-
posição sobre a epidemia. É
fácil querer jogar a culpa na
OMS. Mas, como toda organi-
zação internacional, ela depen-
de da colaboração de seus
membros. Se um país decide
não compartilhar informações,
é difícil obrigá-lo a isso. / M.G.
Projeção. Outdoor em Belgrado do presidente chinês, Xi Jinping, agradece a colaboração da China no combate à pandemia do coronavírus na Sérvia

]
ANÁLISE: Roberto Abdenur

A isso, somam-se declarações do chance- fensa à própria ONU e ao multilateralismo. ria das ideologias de extrema- direita que o
Pandemia e política ler Ernesto Araújo, que denunciou um imagi- O ministro adota postura equivocada e irrea- governo de Donald Trump e movimentos
nário plano pelo qual o “globalismo”, apro- lista. Preocupa-se com o “globalismo”, mas que o apoiam, inclusive no plano religioso,

N
os últimos dias, o Brasil procedeu a
radical ruptura na sua política exter-
na. Deixou de apoiar iniciativas multi-
laterais sobre a pandemia. Recusou-se a co-
patrocinar projeto de resolução na ONU,
apresentado por 178 países. Essa recusa foi
estimulada pela rejeição ao projeto pelos
EUA, que se opunham a um papel de lideran-
ça da OMS no enfrentamento da doença.
veitando a crise, procuraria difundir sua
“ideologia comunista”. Ele se deixa inebriar
por delírios e devaneios de sentido conspira-
tório, desprovidos de conexão com a realida-
de. O chanceler deu agora mais um passo no
processo de submissão do Brasil aos EUA.
Abandonou a postura de liderança que nos-
sa diplomacia seguia havia décadas na abor-
dagem da saúde. Essa política mostra-se in-
não percebe que o atual contexto internacio-
nal se caracteriza justamente pela existência
de desafios globais. E a comunidade interna-
cional se defronta com três deles gritante-
mente “globais”: as mudanças climáticas, a
pandemia e a recessão econômica. Em suma,
é mais necessária do que nunca a coopera-
ção de caráter multilateral. Nossa política
externa precisa livrar-se da influência deleté-
tratam de fazer chegar a outros países. Urge
dar as costas a tais influências. Precisamos
de um retorno a vetores básicos de nossa
atuação internacional, como o pragmatis-
mo, a objetividade, o realismo e o compro-
misso inarredável com o multilateralismo.
]
É EX-EMBAIXADOR DO BRASIL NA CHINA
A16 Internacional
%HermesFileInfo:A-16:20200426:
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
LOURIVAL
SANT’ANNA
Polarização e pandemia
E
m seu livro As Causas da Guer-
ra, de 1973, o historiador aus-
traliano Geoffrey Blainey ob-
serva que a maioria das guerras foi
precedida de um traço comum: o
otimismo. Em geral, se entra numa
guerra quando se tem uma visão po-
sitiva a respeito da própria capaci-
dade de melhorar o status perante
outras nações. O contrário também
é verdadeiro: o pessimismo torna
os países mais propensos a nego-
ciar.
Isso tem acontecido na política
interna da maioria dos países nos
últimos meses. A pandemia de co-
OMS adverte
contra ‘passaporte
da imunidade’
Agência da ONU questiona se pessoas curadas estão realmente
imunes; número de mortos pela covid-19 chega a 200 mil no mundo
GENEBRA
A Organização Mundial da
Saúde (OMS) alertou ontem
contra a entrega de “passa-
portes de imunidade”, uma
ideia proposta por vários paí-
ses para acompanhar a sus-
pensão de medidas de confi-
namento.
A agência da ONU jogou por
terra as esperanças dos que
apostavam em uma eventual
imunidade dos curados da co-
vid-19, em um momento em
que alguns países se preparam
para fazer testes sorológicos
em massa para descobrir quem
tem anticorpos e abrandar as
medidas de isolamento social.
“Não há nenhuma prova nes-
te momento de que as pessoas
que se curaram da covid-19 e
têm os anticorpos estejam imu-
nizadas a uma segunda infec-
ção”, disse a OMS em um comu-
nicado.
Mortos no mundo. O número
de mortes causadas pelo novo
coronavírus chegou a 200 mil
Ausência de Kim em
evento amplia teorias
sobre sua saúde
Médico chinês diz a
revista japonesa que líder
norte-coreano está em
estado vegetativo após
complicação em cirurgia
TÓQUIO
O líder da Coreia do Norte, Kim
Jong-un, estaria em estado vege-
tativo após ter tido complica-
ções em uma cirurgia no cora-
ção, segundo informou um
médico enviado pela China. As
informações sobre o estado de
saúde do líder norte-coreano fo-
ram tema de matérias na im-
prensa americana, chinesa e ja-
ponesa ontem, além de ser um
dos assuntos mais comentados
do Twitter, ainda mais que ele
não é visto em público desde o
dia 11.
Ontem, a imprensa norte-co-
reana destacou o aniversário da
fundação das Forças Armadas,
em mais um evento sem a pre-
sença de Kim. Ele já havia se au-
sentado das comemorações do
108.º aniversário do nascimen-
to de seu avô, o fundador do re-
EMAIL: CARTA@LOURIVALSANTANNA.COM
LOURIVAL SANT’ANNA ESCREVE AOS DOMINGOS
vid-19 representa para os governos do
mundo inteiro o maior desafio de ges-
tão desde a 2.ª Guerra. Há discordân-
cias sobre como lidar com o surto,
mas elas não são politicamente explo-
radas, porque aqueles que fizerem is-
so serão julgados egoístas, mesqui-
nhos e alienados. Nos EUA, um dos
países mais polarizados do mundo, o
governo não tem tido grande dificulda-
de de aprovar na Câmara dos Deputa-
dos, onde é minoria, suas propostas
para conter a pandemia, depois de al-
gumas alterações que representam
concessões de ambas as partes.
Na Espanha e na Itália, a instabilida-
no mundo ontem, segundo um
levantamento em tempo real da
Universidade Johns Hopkins.
De acordo com a mesma insti-
tuição, os casos de infecções
chegam a 2.865.938, enquanto o
número de pacientes curados é
de 810 mil.
Os países com mais mortes
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
são Estados Unidos, Itália, Espa-
nha, França e Reino Unido. Os
EUA registraram 52.782 mor-
tes, a Itália, 26.384, a Espanha,
22.902, a França, 22.245 e o Rei-
no Unido, 20.319.
O avanço da doença nos cin-
co continentes se dá no momen-
to em que dezenas de países pla-
nejam flexibilizar as medidas
de distanciamento social e de
l Advertência
“Não há prova de que as
pessoas que se curaram da
covid-19 e têm os
anticorpos estejam
imunizadas a uma
segunda infecção”
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
gime norte-coreano Kim Il-
sung, no dia 15.
O vice-diretor da televisão
HKSTV, de Hong Kong, Shijian
Xingzou, afirmou que uma fon-
te com conhecimento do país
lhe relatou que Kim teria morri-
do. Outra reportagem, da revis-
ta semanal japonesa Shukan
Gendai, informou que o ditador
estava em estado vegetativo
após as complicações decorren-
tes da cirurgia. Kim, de 36 anos,
está acima do peso e é fumante.
O texto da revista japonesa ci-
ta um médico chinês não identi-
ficado que integraria a comitiva
enviada pela China à Coreia do
Norte na sexta-feira. Uma dele-
gação responsável pelas rela-
ções entre a China e a Coreia do
Norte também foi enviada a
Pyongyang.
A fonte citada pela revista ja-
ponesa e também pelo jornal
britânico Daily Mail afirmou ter
recebido a informação de que
Kim Jong-un “estava visitando
o campo quando colocou a mão
no peito e caiu”. Ela também dis-
se que o médico que acompa-
nhava o líder norte-coreano
aplicou a reanimação cardiopul-
O ESTADO DE S. PAULO
de causada pelas coalizões heterogê- ções. A pandemia levou os dois princi- Em 1985, os presidentes Ronald
neas ou minoritárias deixou de ser pais grupos, liderados pelo primeiro- Reagan, dos EUA, e Mikhail Gorba-
uma questão. O feroz separatismo ca-
talão hibernou. A oposição tem críti-
ministro, Binyamin Netanyahu, e pelo
general da reserva Benny Gantz, a se
chev, da União Soviética, estavam
reunidos em Genebra para discutir
cas, mas não dificulta o trabalho do juntar em um governo de união nacio- um tratado de redução de armas nu-
governo. Na França, as manifestações nal impensável antes do coronavírus. cleares. As negociações não avança-
e greves contra o governo reformista A disputa de poder pode esperar, en- vam. Os dois saíram então para ca-
de Emmanuel Macron silenciaram. A
Argentina, outro exemplo de polariza-
ção, está pacificamente concentrada
quanto elas se unem para lutar contra
um inimigo comum, poderoso, desco-
nhecido, ameaçador. O Brasil é a única
minhar à beira do Lago de Genebra,
acompanhados apenas de seus in-
térpretes. Terminaram numa caba-
em conter a proliferação da doença ao democracia do mundo em que as fratu- na com lareira. Reagan se inclinou
mesmo tempo em que mira no futuro ras internas do governo ficaram mais para Gorbachev e perguntou: “Se
imediato de sua combalida economia, expostas no terremoto do coronaví- os EUA fossem invadidos por aliení-
negociando a reestruturação da dívi- rus: o ministro da Saúde sangrou até genas, a Rússia viria nos defender?”
da. cair, o presidente participou de mani- Gorbachev respondeu: “Com certe-
O Chile adiou para outubro o plebis- festação em que se pedia o fechamen- za”. Reagan arrematou: “Sinto a
cito que faria hoje sobre a reforma da to do Congresso e da Corte Suprema e mesma coisa em relação a vocês”.
Constituição, a resposta do presiden- a interferência na Polícia Federal le- A atmosfera mudou completa-
te Sebastián Piñera às manifestações vou à saída do ministro da Justiça. mente e se criaram as condições pa-
do ano passado. Mais significativo ain- Entre as democracias, o Brasil é tam- ra o primeiro de vários acordos. Pa-
da, o governo interino da Bolívia, acu- bém o país cujo governo menos leva a ra que essa pergunta, adaptada à si-
sado de golpe no início do ano, suspen- sério a ameaça do coronavírus. Essa tuação atual, tenha o mesmo efeito
deu as eleições que realizaria no dia 3 pode ser a explicação: a pandemia ain- sobre o governo e parte da socieda-
de maio, sem causar distúrbios. Desde da não conseguiu mobilizar as aten- de brasileira, é preciso primeiro
setembro de 2019, Israel não conse- ções do governo, que segue ocupado que eles entendam o que significa
guia formar governo. Foram três elei- consigo mesmo. esta pandemia.
SPENCER PLATT/AFP
circulação de pessoas, como
tem ocorrido em nações euro-
peias e em alguns Estados ame-
ricanos. A OMS pede cautela pa-
ra as nações e continua reco-
mendando o distanciamento
físico.
Enquanto na Europa a curva
de contágios parece entrar em
uma descendente e na América
Latina, em uma ascendente, a
corrida por encontrar o produ-
to adequado já começou nos la-
boratórios, com meia dúzia de
testes clínicos, especialmente
no Reino Unido e na Alemanha.
Nesta semana, a OMS e líde-
res globais lançaram uma ação
de cooperação mundial históri- Precaução. Muçulmanos em Nova York oram por vítimas do coronavírus antes de funeral
ca para desenvolver uma vacina
e tratamentos contra o vírus. averiguar mais dados sobre a perou ontem 20 mil mortos em agência France Presse feito com
O objetivo é acelerar o desen- pandemia e dar, assim, uma res- hospitais. Esta cifra não leva em dados oficiais.
volvimento, a produção e a dis- posta melhor à crise. A Itália, conta as mortes ocorridas em O mundo muçulmano come-
tribuição equitativa de vacinas, país da Europa mais afetado pe- lares geriátricos onde, segundo çou o mês do jejum do Ramadã
diagnósticos e remédios para la pandemia, superou ontem os representantes do setor, milha- sem orações coletivas, nem re-
combater a pandemia. O grupo 26 mil mortos. res de idosos teriam morrido. feições compartilhadas. A maio-
espera arrecadar ¤ 7,5 bilhões. Alguns países já começaram a A América Latina e o Caribe ria dos países muçulmanos do
A partir do dia 4, a Itália lança- abrandar as medidas de quaren- superaram ontem 150 mil casos Oriente Médio, do Norte da
rá uma campanha de testes so- tena, mas os balanços conti- de contágio, que causaram a África e da Ásia fechou as mes-
rológicos em 150 mil pessoas nuam refletindo uma situação morte de mais de 7.400 pessoas quitas e proibiu as reuniões fa-
em escala nacional para tentar catastrófica: o Reino Unido su- na região, segundo balanço da miliares. / AFP e REUTERS
monar e o acompanhou até o nunca divulgou oficialmente a
hospital, onde ele teria sido sub-
metido a uma cirurgia no dia 12.
A China é o principal aliado e
linha de sucessão. Kim tem três
filhos, o mais velho com 10
anos. Analistas avaliam que, no
DINASTIA NORTE-COREANA
sócio comercial da Coreia do
Norte e nas últimas décadas se
tornou praticamente a única
momento, quem tem mais chan-
ce de assumir o poder é sua irmã
mais nova, Kim Yo-jong.
● Kim Yo-jong, irmã de Kim Jong-un, é apontada como a principal
dos possíveis sucessores do líder norte-coreano. Ela está entre os
assessores mais próximos do irmão mais velho
fonte de contato do regime de
Pyongyang com o restante do
mundo.
Ela tem sido umas figuras
mais presentes nas aparições
públicas de Kim nos últimos
Família dirigente da Coreia do Norte
CASADOS DECENDENTES LINHA DE SUCESSÃO
Funcionários do governo sul- dois anos. Oficialmente, ocupa
coreano e um funcionário chi- o cargo de vice-diretora do co-
nês do Departamento de Conta- mitê do partido que governa o Kim Il-sung Kim Jong-suk
(1912-94) (1917-49)
tos Internacionais negaram país, mas na prática atua como
que a vida de Kim esteja corren- chefe de gabinete de Kim.
do grave perigo como tem sido Acredita-se que ela tenha 31
especulado nos últimos dias. anos e um controle firme de Kim Jong-il
Na quinta-feira, o presidente muitas funções no partido, esta- (1941-2011)
dos EUA, Donald Trump, disse belecendo-se como a principal
que as informações sobre os su- fonte de poder por trás de uma Kim Kyong-hui Jang Sung-taek
postos problemas de saúde de liderança coletiva. “Por enquan- MULHERES/CONSORTES
(1946-) (1946-2013)
Kim são falsas e criticou a TV to, Kim Yo-jong será a principal
CNN por divulgar essas notí- base de poder com controle do Song Hye-rim Kim Young-sook Ko Yong-hui Kim Ok
cias. Trump já manteve três en- departamento de organização e (1937-2002) (1947-) (1952-2004) (1964-)
contros com Kim. orientação do Judiciário e da se-
gurança pública”, disse Cho
Sucessão. A Coreia do Norte Han-bum, do Instituto Corea-
no de Unificação Nacional.
Kim Yong-chol, vice-presi-
l Líder dente do partido, que já foi res-
ponsável pela questão nuclear, Kim Kim Kim Kim Ri Kim
36 anos
tem Kim Jong-un, que assumiu o
e o ministro das Relações Exte-
riores, Ri Son-gwon, podem ser
Jong-nam Sul-song Jong-chol Jong-un
(1971-2017) (1974-) (1981-) (1984-)
Sol-ju
(1985-)
Yo-jong
(1987-)
poder após a morte de seu pai, encarregados de lidar com as-
Kim Jong-il, em 2011 suntos diplomáticos. KIM YO-JONG É A IRMÃ MAIS NOVA DO LÍDER NORTE-COREANO
O irmão mais velho de Kim E CONSELHEIRA PRÓXIMA
NOMEADA VICE-DIRETORA DE PROPAGANDA EM 2014 ANTES DE
Jong-un, Kim Jong-chol, não
3 reuniões
o líder norte-coreano manteve
tem interesse em política e é
músico, mas alguns analistas di- Kim
SER PROMOVIDA EM 2017 AO TODO PODEROSO POLITBURO DO
PARTIDO DOS TRABALHADORES, ONDE SÃO TOMADAS AS DECISÕES
FAMILIAR MAIS DESTACADO DA FAMÍLIA KIM A VISITAR A COREIA
com o presidente dos EUA, Do- zem que ele mantém laços com Han-sol
(1995-) DO SUL AO ASSISTIR AOS JOGOS OLÍMPICOS DE PYEONGCHANG
nald Trump, sobre o programa os irmãos e poderia desempe-
nuclear da Coreia do Norte nhar um papel mais importante Obs.: Alguns parentes omitidos para melhor clareza
em uma situação especial. INFOGRÁFICO/ESTADÃO/GN

%HermesFileInfo:A-17:20200426:
O ESTADO DE S. PAULO
Metrópole
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
Reportagem Especial ]
Na linha de frente
Atendimento. Local tem 40 leitos de UTI em operação; amanhã, pronto-socorro passará a atender casos de covid sem encaminhamento prévio
UTI, PACIENTES SEM AR E
PROFISSIONAIS COM
CANAL UNICO PDF MEDO
- O JORNALEIRO
Referência pública em São Paulo, o Emílio Ribas está lotado de vítimas da covid-19
Bruno Ribeiro
as 30 pessoas que es-
D
tavam anteontem in-
ternadas na Unidade
de Terapia Intensiva
(UTI) do Instituto
de Infectologia Emí-
lio Ribas, primeiro centro médico
paulista a lotar por causa do corona-
vírus, sete tiveram falência renal e
precisam de hemodiálise. O esforço
para respirar é tanto que os rins ou o
sistema digestivo podem parar de
funcionar, de modo que respirado-
res são apenas um dos equipamen-
tos vitais para sobreviver à doença.
A técnica de hemodiálise Eva Betâ-
nia Fiori, de 50 anos, começa a deta-
lhar isso ao Estado. Mas logo mareja
os olhos e sai totalmente do tema.
“O mais difícil é perder tanta gente”,
conta. Ela perdeu um amigo há al-
guns dias, enfermeiro do Hospital
Heliópolis que contraiu coronaví-
rus. Também tem visto a morte de
pacientes. E relata sentir medo de
contrair a covid-19 e mais ainda de
infectar marido, filhos, nora e neto.
PELA FAMÍLIA, NO RIO
MÉDICOS SE ISOLAM
Mesmo com rígidas regras
de segurança, Copa Star
tem profissionais afastados
e há quem opte por ficar em
hotéis para evitar contágio
Roberta Jansen / RIO
N
a linha de frente do combate
aos casos graves da covid-19,
profissionais de saúde de um
dos mais conceituados hospitais pri-
vados do Rio também estão sucum-
bindo. A despeito das mais estritas
regras de segurança, a doença já atin-
giu de 15% a 20% da equipe, revelan-
do uma faceta cruel da pandemia.
Mesmo os pacientes que estão na en-
fermaria, menos graves, chegam ao
Emílio Ribas seriamente debilitados
por causa da dificuldade de respirar. A
fraqueza decorrente do esforço para
tomar ar faz com que não se alimen-
tem. Não têm força para mastigar. “Al-
guns chegam em jejum”, conta a chefe
da nutrição clínica Miriam Barcha Sch-
lesinger, de 48 anos. No passado, no
Emílio Ribas, os nutricionistas senta-
vam ao lado do paciente, os entrevista-
vam e definiam a dieta. Agora, dada a
facilidade da propagação da doença, a
equipe evita entrar nos quartos e esco-
lhe o cardápio com base nos prontuá-
rios. “Precisamos economizar os EPIs
(equipamentos de proteção individual).
Às vezes, conseguimos ligar para o pa-
ciente e tirar alguma dúvida”, afirma
Miriam. Como não conseguem digerir
e estão fracos, os pacientes em geral
recebem suplementos alimentares fá-
ceis de engolir e hipercalóricos.
A falta de ar traz um dilema. De um
lado, há a necessidade dos respirado-
res, vitais para ajudar o corpo a receber
oxigênio e fazer as trocas de gases que
mantêm o organismo funcionando.
O Copa Star é considerado top de
linha, do ponto de vista de tecnologia e
de pessoal. São 60 médicos e 300 auxi-
liares, entre enfermeiros, técnicos de
enfermagem e fisioterapeutas. Atual-
mente está com 65 pacientes, grande
parte entubada. “Um lado cruel é o iso-
lamento de pacientes e médicos; mui-
tos optaram por sair de casa”, contou o
diretor médico do hospital, Bruno Ce-
loria, de 35 anos. “O impacto é grande;
tivemos perda de mão de obra, recep-
cionistas, médicos, enfermeiros.”
Um dos coordenadores das UTIs,
Márcio Ananias, de 53 anos, desenvol-
veu a forma grave da doença e teve de
ficar dez dias internado na unidade em
que trabalha. “Achei que ia morrer, che-
guei a ligar para o seguro de vida e para
De outro, se forem usados durante
muito tempo, enfraquecem a muscula-
tura dos pulmões. Por isso, os pacien-
tes também precisam de fisioterapia.
“Eles recebem fisioterapia tanto na
UTI quanto na enfermaria”, diz Grazie-
la Ultramari Domingos, chefe dos fisio-
terapeutas. É quando saem da UTI que
o trabalho é vital, explica.
Hospital. O Emílio Ribas é uma insti-
tuição centenária – existe desde 1880 –
que sempre recebeu pacientes de doen-
ças infecciosas. Tratou varíola, gripe
espanhola, meningite, aids. É o lugar
do Sistema Único de Saúde (SUS) em
São Paulo que serve de barreira para
l Proteção
“Aqui não falta equipamento
de proteção individual,
temos como nos proteger.
É diferente do que está
acontecendo em
outros locais.”
Flávia Santos
ENFERMEIRA DO EMÍLIO RIBAS
Cuidados. Grande parte da transmissão é com o paciente assintomático
a gerente do banco.” Para impedir a
circulação do vírus, pacientes da co-
vid-19 ficam internados em unidades
isoladas do restante do hospital e não
recebem visitas. “Me sentia solitário,
deprimido, fiquei mal da cabeça.”
l Isolados e sozinhos
Os pacientes recebem até 30 visitas por
dia para medicação, alimentação e higie-
ne. E não há contato com o exterior.
TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO
doenças que podem se espalhar.
A auxiliar de enfermagem Monica
Cordeiro, de 45 anos, 22 de Emílio, já
estava no centro médico no combate
ao último grande surto, de H1N1, de
2009. “A diferença é que, agora, perde-
mos muito mais gente”, disse a auxi-
liar, também marejando os olhos. “Os
pacientes morrem mais.” Havia para a
H1N1 o remédio Tamiflu. Antes da cri-
se, os pacientes, na maioria, tinham
aids, e a preocupação era evitar que os
internados se contaminassem com
doenças trazidas pelos enfermeiros.
“Antes, era a gente que tinha de tomar
cuidado para não levar nenhuma doen-
ça para eles”, conta Monica. Agora, a
preocupação é não se contaminar.
Os funcionários estão trabalhando
mais. Têm mais funções, mais gente pa-
ra cuidar. Parte da razão de o Emílio ter
lotado tão rápido é a pouca quantidade
de vagas. São 40 leitos de UTI – 10 aber-
tos anteontem –, e antes da crise eram
apenas 12. O hospital passa por reforma
desde 2013, o que reduzia seu atendi-
mento. Há um mês, dois dos nove anda-
res estavam fechados. Agora, as obras
aceleraram. O oitavo andar, que havia
ALEXANDRE BRUM / ESTADÃO
O Copa Star tem 14 leitos de pressão
negativa – quartos com antecâmara e
uma espécie de filtro que impede a saí-
da do vírus. Num primeiro momento,
o diretor do hospital, João Pantoja,
achou que seriam suficientes. Mas já
A17
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
Como funciona uma UTI. Pág. A20 }
sido projetado para ser enfermaria,
foi adaptado para virar uma das no-
vas UTIs. Cada quarto tem dois lei-
tos, com os equipamentos necessá-
rios a uma terapia intensiva. Na UTI
antiga, do terceiro andar, os quartos
são câmaras de vidro, individuais.
No térreo, o aspecto de prédio em
reforma é mais claro. UTIs e enfer-
marias são alas com aspectos pareci-
dos com locais da rede privada, mas
no térreo há chão de concreto cru e
paredes sem reboco. É no térreo
que fica o pronto-socorro, que nes-
ta segunda-feira passará a ser “por-
tas abertas” – ou seja, atenderá pes-
soas sem encaminhamento prévio
para atendimento da covid-19. “O
paciente fará a ficha na recepção, e
mostrará documentos pelo vidro,
sem que a atendente pegue. Depois,
aguardará na espera pela triagem”,
explica a auxiliar de enfermagem An-
tonilma Argolo, de 53 anos, funcio-
nária do Emílio Ribas há 15. “Ele po-
de ser orientado para ir embora ou
ser encaminhado para o terceiro an-
dar, onde fica a enfermaria.”
Nilma, como se apresenta, deta-
lha que a mudança deve afetar ou-
tros pacientes. “Ontem (quinta),
veio aqui um paciente com HIV, que
estava com uma ferida na região ge-
nital. Nós tivemos de encaminhá-lo
para outro hospital”, conta.
UTI. Com 40 leitos de UTI em ope-
ração e mais 10 a caminho, os funcio-
nários esperam que a nova infraes-
trutura se mantenha após a crise do
coronavírus. “O Emílio Ribas deve-
rá ser o último hospital a ser desmo-
bilizado”, disse o infectologista
Ralcyon Teixeira, diretor da divisão
médica do hospital. Teixeira conver-
sou dentro da UTI do terceiro an-
dar, na frente de um dos quartos.
Dentro dele, havia um homem de
52 anos, ora acordado, ora de olhos
fechados. “O corpo resiste ao respi-
rador”, conta o infectologista, o que
faz com que os pacientes fiquem
muitas vezes sedados. A observação
na UTI é se o paciente consegue fi-
car acordado sem o aparelho. É o
indicativo de que pode ir para o quar-
to. Metade dos pacientes tem me-
nos de 60 anos, idade que faz a fron-
teira entre o grupo de risco do coro-
navírus e o restante da população.
“Quando (os pacientes) estão na
enfermaria, querem saber se terão
de ir para a UTI”, diz. O resultado é
uma diferença entre sentimentos:
esperança vinda dos pacientes in-
tensivos, temor dos que estão na en-
fermaria, segundo o médico.
Nem os pacientes na enfermaria
recebem visitas sob os atuais proto-
colos do Emílio Ribas. O contato é
feito por intermédio dos médicos.
Até a semana passada, os familiares
tinham de se dirigir ao hospital para
receber informações. A partir desta
semana, graças à doação de celula-
res de uma empresa varejista, os
médicos deverão fazer chamadas de
vídeo para conversar com os paren-
tes no momento da visita.
abriu três unidades exclusivas para
covid-19 e planeja uma quarta.
Boa parte da transmissão ocorre
quando o paciente não apresentou
sintomas. Ananias, por exemplo, pe-
gou a doença de uma paciente parti-
cular que tratava uma diverticulite e
nem sabia que tinha covid-19. O
coordenador das unidades de tera-
pia intensiva do hospital, Fábio Mi-
randa, de 63 anos, apresentou sinto-
mas leves e se recupera em casa.
“Quando começaram a chegar os
primeiros pacientes, há sete, oito se-
manas, fui para um hotel”, diz. “De-
pois consegui convencer a família
toda a ir para a casa de Teresópolis.”
Nem todos podem fazer isso. “Mi-
nha mulher também é médica e te-
mos cinco filhos, não tem como sair
de casa”, diz o intensivista Maximi-
liano Dutra, de 46 anos, supervisor
de um dos covidários (como médi-
cos chamam unidades exclusivas pa-
ra a covid-19). “Tomamos todas as
precauções, mas os riscos existem.”
A18 Metrópole
%HermesFileInfo:A-18:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS Bebê de sete meses morre em São Paulo. Pág. A19 }

TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

depende de uma soma de fato-

O que ocorre ao se res, como a instabilidade da

pressão arterial ou retenção
de gás carbônico. Para a análi-
se, um dos principais exames é

buscar atendimento a oximetria, que mede a satura-

ção de oxigênio no sangue, cu-
jos valores em uma pessoa sau-
dável ficam acima de 95%.
Especialistas da linha de frente explicam ao ‘Estado’ o auxílio “Um porcentual abaixo de
90% é sinal grave”, diz Sztajn-
prestado às vítimas da covid-19 e o dia a dia dentro de uma UTI bok. “Um paciente que chega
com falta de ar importante,
com valores muito baixos, vai
Felipe Resk pelo Estado. Para explicar o se alguma unidade médica pedir direto para a sala de emergên-
atendimento e o dia a dia nas uni- que o paciente seja transferido cia. Às vezes já é entubado.”
Um paciente dá entrada no dades intensivas, a reportagem por não dispor de estrutura. Também é praxe realizar to-
pronto-socorro sentindo conversou com profissionais do Hospitais privados também mografia de tórax, para detectar Cuidado total. Hoje, até a telemedicina se tornou porta de
muita falta de ar. Com a esca- Emílio Ribas e dos Hospitais Sí- demonstram preocupação com lesões características do novo ví- encaminhamento de pacientes
lada do novo coronavírus, os rio Libanês e Israelita Albert o volume de casos, mas até o rus. “É um padrão que aparece A UTI. Pacientes na UTI são ministrado hidroxicloroquina
médicos começam a investi- Einstein, referências da rede pú- momento não há relatos de in- por exemplo em pneumonias monitorados 24 horas por dia e para pacientes em casos graves,
gação de imediato. Correm blica e privada de São Paulo. ternação negada. Ali, pacientes bacterianas, mas em várias áreas as equipes médicas ficam pron- como recomendou o Ministério
para medir taxa de oxigênio também chegam às UTIs por re- dos dois pulmões”, diz o diretor tas para intervir, como colocar da Saúde, e a critério do médico.
no sangue, avaliar lesões pul- O PS. O pronto-socorro é a comendação médica após con- de governança clínica do Sírio Li- um respirador. No Einstein, cer- No Einstein também são usa-
monares, perguntar o históri- principal porta de entrada dos sultas presenciais, por domicí- banês, Fernando Ganem. Em ce- ca de 50% dos internados em dos azitromicina, antibiótico
co de doenças. Nos quadros pacientes graves. “A maioria lio ou até por telemedicina, con- nário de piora, a equipe médica UTI precisam do respirador, se- contra infecções respiratórias, e
mais severos, não dá tempo chega por demanda espontâ- forme relata o intensivista e aplica sedativos e relaxante mus- gundo Rolim. “Temos pacien- dexametasona. “O pesquisador
de tentar outro método: a pes- nea, buscando atendimento clínico-geral do Einstein Leo- cular, para evitar tosses involun- tes que saíram da internação avisa sobre benefícios e riscos.
soa acaba entubada e, às pres- após ter principalmente sinto- nardo Rolim. “É uma nova por- tárias que despejam grandes car- em terapia intensiva depois de Se o paciente não for capaz de
sas, vai parar na Unidade de ma de insuficiência respirató- ta de entrada. Em um dia, fize- gas de Sars-Cov-2, o vírus causa- três ou quatro dias. Entre os en- consentir, um representante le-
Terapia Intensiva (UTI). ria”, descreve Jaques Sztajnbok, mos mil atendimentos por tele- dor da covid-19. Em seguida, se tubados, a média é de dez dias.” gal assina o termo”, diz Rolim. O
O roteiro é comum entre pa- chefe da UTI do Emílio Ribas. medicina: se houver necessida- insere um tubo pela boca ou nari- Emílio Ribas também testa o
cientes da covid-19 que conse- Cansaço, congestão nasal, cori- de, o médico já encaminha.” na até a traqueia que, acoplado a O tratamento. Integrantes de remdesivir, antiviral usado con-
guem vagas em UTIs, segundo za, dor de cabeça, febre, diarreia um ventilador mecânico (o res- rede de pesquisa para avaliar se- tra o ebola. Como não há trata-
relatam médicos intensivistas e também podem aparecer. A ou- A internação. Médicos afir- pirador), compensa a falta de ati- gurança e eficácia de drogas con- mento comprovado para covid-
gestores de hospitais ouvidos tra maneira de conseguir vaga é mam que a decisão de internar vidade dos pulmões. tra o vírus, Sírio e Einstein têm 19, várias drogas são testadas.

Previsão do Tempo Loterias

QUINA (Nº 5.253) LOTOFÁCIL (Nº 1.958)

Sol, poucas nuvens e tempo firme. À tarde faz um pouco de calor e a umidade do ar fica baixa. 03 - 07 - 24 - 65 - 74 02 - 03 - 05 - 06 - 07 - 08 - 11 - 15 - 17 -
QUINA (ACUMULOU) ............R$ 1.740.410,19 18 - 20 - 21 - 22 - 23 - 25
HOJE: MANHÃ TARDE NOITE SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SOL LUA: NOVA QUADRA (41)....................................R$ 8.489,86 15 ACERTOS (4)...........................R$ 422.730,99
LOTOMANIA (Nº 2.068) 14 ACERTOS (283)...........................R$ 1.838,46
00-03-14-21-36-37-44-47-49-50-52-56- 13 ACERTOS (11.684).......................... R$ 25,00
58-60-61-68-70-73-88-89 MEGA-SENA (Nº 2.254)
20 ACERTOS (ACUM.).............R$ 1.557.846,81 04 - 09 - 24 - 44 - 47 - 56
70% 25% 65% NASCENTE MINGUANTE 14.MAIO 11H03
19 ACERTOS (4).............................R$ 49.514,94 SENA (ACUMULOU)..............R$ 32.702.767,79
6H25 CHEIA 07.MAIO 07H45

15° 29° 18°

CRESCENTE 30.ABR 17H38
14° 14° 14° 15° 17° POENTE
VOLUME DE CHUVA: 0MM UMIDADE RELATIVA: 25% 26° 27° 27° 28° 26° 17H43 NOVA 22.ABR 23H27 São Paulo Reclama

ACIMA DE 32° TV POR ASSINATURA federal e, como não temos mais

PRÓXIMOSDIAS: CAPITAIS MÍN./MÁX. MUNDO FUSO MÍN.MÁX
32° Leitor relata suspensão de autorização das emissoras para
Amanhã as nuvens e a ARACAJU 23°/29° ASSUNÇÃO -1 24°/36°
VOTUPORANGA
18°/32° FRANCA sinal e negativa de reembolso transmissão gratuita dos canais,
28° 16°/27° umidade aumentam, BELÉM 24°/31° ATENAS 4 14°/21°
Reclamação de Gabriel Sister: se faz necessária a aquisição de
porém o sol ainda aparece BELOHORIZONTE 16°/26° BARCELONA 5 15°/22°
24°
“A Sky interrompeu o sinal da uma recarga para ter acesso aos
e não há previsão de chuva.
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
S. J. DO RIO PRETO BOAVISTA 23°/37° BERLIM 5 9°/16°
19°/31° RIBEIRÃO PRETO Sky Livre e vem se negando a canais. Podemos oferecer uma
ARAÇATUBA 18°/31° BRASÍLIA 15°/26° BRUXELAS 5 5°/18°
19° 18°/31° restituir os valores pagos”. recarga cortesia do pacote digital
CAMPOGRANDE 22°/30° BUENOSAIRES 0 18°/20°
ABAIXO DE 19° ADAMANTINA Resposta da Sky: “Essa mudan- por um período de seis meses”.
21°/31° CUIABÁ 24°/34° CARACAS -1 19°/27°
ARARAQUARA
16°/29° ça foi determinação do governo E-MAIL SPRECLAMA@ ESTADAO.COM
CURITIBA 14°/28° CHICAGO -2 5°/7°
SÃO CARLOS
PRESIDENTE PRUDENTE 15°/28°
20°/30° FLORIANÓPOLIS 19°/31° ESTOCOLMO 5 1°/10°
MARÍLIA
16°/29° BAURU FORTALEZA 24°/31° GENEBRA 5 7°/15°
17°/30°

PIRACICABA
CAMPINAS
C. DO JORDÃO
11°/25° GOIÂNIA 18°/29° JOHANNESBURGO 5 14°/24° Há um século
16°/30°
16°/31° JOÃOPESSOA 24°/29° LIMA -2 18°/19°
S. J. DOS CAMPOS
OURINHOS 13°/28° MACAPÁ 21°/30° LISBOA 4 10°/18°
17°/30° O 'FOOTBALL' EM SP cia nos meios sportivos é acon-
MACEIÓ 24°/29° LONDRES 4 9°/19°
TÁBUADASMARÉS: PORTODESANTOS ITAPETININGA
SÃO PAULO
Provavelmente nunca se verifi- tecimento que interessa funda-
15°/28° SOROCABA 15°/29° MANAUS 23°/29° LOSANGELES -4 23°/33° cou em S.Paulo tão accentua- mente a quasi toda a popula-
15°/29° UBATUBA
N 17°/29° NATAL 23°/28° MADRI 5 13°/20° do gosto popular pelo "foot- ção, da qual uma grande parte
NO NE GUARUJÁ
19°/27° PALMAS 20°/33° MÉXICO -3 17°/25° ball', como nestes ultimos tem- passa o melhor dos seus do-
O 20 NÓS L ITAPEVA SANTOS
SO 13°/27° 19°/27° PORTOALEGRE 18°/29° MIAMI -1 25°/32° pos. As associações dedicadas mingos nas archibancadas dos
SE 1,0m
S PORTOVELHO 23°/29° MONTEVIDÉU 0 17°/18° ao cultivo desse "sport" se mul- campos onde taes encontros
IGUAPE FORTE MASSA
DOMINGO, 26 SEGUNDA, 27 17°/30° DE AR SECO RECIFE 24°/29° MOSCOU 6 2°/9° tiplicam pela cidade; e a reali- se verificam.
4h03 1,0 0h08 0,5 CANANEIA RIOBRANCO 22°/30° NOVAYORK -1 8°/12°
18°/30° UMIDADE ENTRE sação de jogos em que tomem
10h05 0,4 4h51 0,9 20 E 30% À TARDE RIODEJANEIRO 17°/31° PARIS 5 8°/20° parte clubs de certa importan- acervo.estadao.com.br
17h21 1,1 10h57 0,4 SP AINDA FICA SEM CHUVA SALVADOR 23°/28° ROMA 5 10°/18°
CAPITAL
18h37 1,1 Por enquanto o ar ainda fica seco SÃOLUÍS 24°/29° SANTIAGO 0 8°/20°
TERÇA, 28 QUARTA, 29 e, ao longo desta semana, não há TERESINA 23°/33° SYDNEY 14 14°/27°
1h22 0,6 2h35 0,6 indicativo da chegada de uma VITÓRIA 20°/29° TEL-AVIV 6 14°/21°
Correções
5h48 0,9 6h56 0,9 frente fria mais forte em SP. TÓQUIO 12 14°/22° ESTE ESPAÇO SE DESTINA À PUBLICAÇÃO DE CORRECOES@ESTADAO.COM.
12h26 0,4 14h15 0,4 TORONTO -1 6°/7° CORREÇÕES DE ERROS PUBLICADOS NA EDIÇÃO AS CORREÇÕES ABRANGEM ERROS COMO:
IMPRESSA DO ESTADÃO. DE INFORMAÇÃO, NOME, CARGO, DADOS
20h06 1,1 21h27 1,2 WASHINGTON -1 10°/21° VOCÊ PODE COLABORAR ENVIANDO E-MAIL PARA NUMÉRICOS, ENTRE OUTROS.

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Antonia Giacomelli Barral –
Aos 93 anos. Era viúva de Domin-
gos Alves Barral. Deixa o filho Gil-
“A família do querido e inesquecível berto. O enterro foi realizado no Ce-
mitério de Congonhas.
Abaracy de Souza Borduqui –
Dia 19, aos 88 anos. Filha de Leopol-
do de Souza e Julia Fonte Basso.
83 anos. Filha Antonio Amâncio e
Maria Caffer. Era viúva de Antonio
Pereira. Deixa os filhos Ana Paula,
Gerson Aparecido e Edson David. O
enterro foi realizado no Cemitério
Municipal Bebedouro.
Conceição de Abreu Batista –
Dia 17, aos 72 anos. Era casada. Dei-
Cemitério Jardim do Pêssego.
Antônio Sidoma – Dia 16, aos 82
anos. Era casado com Maria Luna
Bonfim Sidoma. Deixa parentes. O
enterro foi realizado no Cemitério e
Crematório Primaveras.
Yasuko Shirashi – Dia 16, aos 81
anos. Era viúvo de Kasuko Shirashi.

JOÃO MELLÃO NETO

Era viúva. Deixa os filhos Carlos Ro-
berto e João Carlos. O enterro foi
realizado no Cemitério da Paz.
Margarida Rosa de Lima – Dia
20, aos 83 anos. Deixa parentes e
amigos. A cerimônia de cremação
foi realizada no Cemitério e Crema-
comunica com pesar o seu falecimento no dia 23/04 e agradece as tório Horto da Paz.
Paula Amâncio Pereira – Aos
manifestações de carinho recebidas.”
Os familiares de
xa parentes e amigos. O enterro foi
realizado no Cemitério do Pêssego.
Izilda Cury – Dia 17, aos 67 anos.
Deixa os filhos Antônio, Fernando
Isac, parentes e amigos. O enterro
foi realizado no Cemitério e Crema-
tório Primaveras.
Eduardo Nagib Ganut – Aos 83
anos. Era casado. Deixa filhos, pa-
rentes e amigos. O enterro foi reali-
zado no Cemitério São Paulo.
José Fernando da Silva – Dia
17, aos 75 anos. Deixa parentes e
amigos. O enterro foi realizado no
Deixa o filho Kyoji, parentes e ami-
gos. O enterro foi realizado no Cemi-
tério e Crematório Primaveras.
Iraci Alves Andrade – Dia 12,
aos 74 anos. Era solteira. Deixa os fi-
lhos Jose, Rosilene, Edilene, Robe-
lio, Marilene, parentes e amigos. O
enterro foi realizado no Cemitério e
Crematório Primaveras.
Miriam Maranho Soares – Dia
16, aos 60 anos. Era solteira. Deixa
a filha Hellen, parentes e amigos. O
enterro foi realizado no Cemitério e
Crematório Primaveras.

Catharina Anna Gatti Moroni As filhas Wanda e Lia, o neto Walter e a bisneta
Laura comunicam, com pesar, o falecimento da
amada e inesquecível
comunicam com pesar seu falecimento, ocorrido no dia 21/04/2020.
Manifestações de pesar podem ser enviadas pelo e-mail gattimoroni@hotmail.com ZELINDA FALANGHE JARDIM
(viúva do saudoso Prof. Dr. Walter Ramos Jardim)
A missa virtual será dia 27/04/2020 às 12:00 hs transmitida pelo instagram @nossasenhoradobrasil ocorrido no dia 01/04/2020, nesta capital.
 Metrópole A19
%HermesFileInfo:A-19:20200426:

O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS

res que saíram comprando estabeleci-
RENATA E-MAIL: renata.cafardo@estadao.com
TWITTER: @recafardo
ESCREVE QUINZENALMENTE
mentos nos últimos anos porque acre-
CAFARDO ditam que escola dá lucro.
Os pais, no entanto, raramente esco-
lhem onde os filhos vão estudar pelo
modelo de negócio. Matriculam as
crianças porque tiveram boa indicação
Reduzir a mensalidade de amigos, gostaram do ambiente ou
do projeto pedagógico, ou mesmo, por-
que é a escola mais perto de casa. Con-
dades remotas não fazem sentido, pais
já passaram a tirar seus filhos da escola
para não pagar pelo período sem aulas.
Também se nota um movimento de
procura de vagas em escolas privadas
mais baratas, como a Luminova, do
grupo SEB. Como ela, há outras que
contam com investimento pesado e
muitos alunos para sustentar um ensi-
no atual, com foco em inglês e tecnolo-
Mas há a luz, a água, a alimenta-
ção, o ar-condicionado. Contas fei-
tas, escolas passaram a anunciar me-
didas. O Porto Seguro deu isenção
em mensalidades de crianças peque-
nas e descontos de até 30% em ou-
tros níveis, o Mackenzie vai parcelar
mensalidades no cartão de crédito,
a Escola da Vila permite o pagamen-
to depois de setembro, com juros

E
m tempos de ensino a distân-
cia, a escola tem de estar ca-
da vez mais próxima dos
pais. E não se trata apenas de man-
dar atividades pela internet. Eles
precisam, sim, de conversas online,
mas sobre como lidar com os filhos
diante do homeschooling forçado e
da angústia do isolamento. Tam-
bém é necessário estar perto para
entender que a crise vai deixar qua-
se todo mundo mais pobre.
A educação tornou-se uma gran-
de parcela do orçamento das famí-
lias das classes média e alta. São 9
milhões de crianças e adolescen-
tes no País atualmente nas escolas
particulares. Em São Paulo, por
exemplo, aumentou em quase 1 mi-
lhão o número de estudantes na rede
privada em dez anos, enquanto a es-
cola pública teve o movimento inver-
so. Hoje, 23% dos alunos estão nas
particulares do Estado, índice que já
foi de 10% no passado.
O mercado também se diversificou
no período. Há ainda uma maioria de
escolas pequenas com um dono, educa-
dor ou não, que abriu a instituição há
décadas. Outras são sustentadas por
grandes entidades sem fins lucrativos,
algumas religiosas. Mas também entra-
ram na concorrência os mega grupos
educacionais, com sócios-investido-
fiam seus filhos a elas, por mais que as
vezes confiem demais ou critiquem de-
mais. E agora, diante de uma pandemia
avassaladora que destrói vidas e empre-
gos, esperam essa confiança de volta.
Três milhões e meio de trabalhado-
res já tiveram redução de salário ou sus-
pensão de contratos no Brasil e é só o
começo da crise econômica. Nas uni-
versidades privadas paulistas, a ina-
dimplência já cresceu 71%. Um quarto
deixou de pagar suas mensalidades em
abril. Algo que pode chegar com força
semelhante ao ensino básico este mês.
Na educação infantil, principalmen-
te para crianças entre 0 a 3 anos, cujo
ensino não é obrigatório no País e ativi-
gia, mas low cost.
Pais confiam seus filhos às
escolas e, diante da pandemia,
esperam a confiança de volta
O sindicato das escolas diz que 75%
do que ganham os estabelecimentos
de ensino vão para pagamento de salá-
rios, impostos e encargos. A maioria
tem se comprometido em manter os
professores sem redução de remunera-
ção – por defesa da categoria ou até
porque muitos estão se reinventando
e trabalhando o dobro para dar conta
de ensinar online.
baixos, e escolas pequenas têm ofe-
recido até 50% de redução. São só
alguns exemplos.
Outras permanecem irredutíveis.
Não há desconto em mensalidade
nem em negociações individuais.
Vão perder como negócio e vão per-
der como escola. Afinal, o grande
aprendizado de toda essa crise não é
conteúdo que ficou para trás no cur-
rículo e, sim, os sacrifícios que te-
mos de fazer pelo bem de todos.
]
É REPÓRTER ESPECIAL DO ESTADO E
FUNDADORA DA ASSOCIAÇÃO DE
JORNALISTAS DE EDUCAÇÃO (JEDUCA)

Bebê de 7 meses morre em São Paulo

É a 1ª criança vítima de covid-19 no Estado; casos já passam de 20 mil em 285 cidades e capital abre mais 6 mil covas em cemitérios
Priscila Mengue
São Paulo registrou ontem a
primeira morte de uma crian-
ça em decorrência da infec-
ção do novo coronavírus. De
acordo com a Secretaria de
Estado da Saúde, o bebê, de 7
meses, tinha alguma comorbi-
dade e morreu na capital. No
Estado, a pandemia já fez
1.667 vítimas. Segundo a se-
cretaria, são 20.004 casos
confirmados em 285 paulis-
tas. Em 24 horas, 155 novos
óbitos foram confirmados.
Com o avanço da covid-19 pa-
ra o interior, 58,9% dos leitos de
UTI no Estado já estão ocupa-
dos. A situação é mais grave na
Grande São Paulo, que tem ocu-
pação de 77,3%. Na capital, a ta-
xa era de 67% dos leitos ocupa-
dos em UTI para a doença na
rede municipal até sexta-feira.
Em 24 horas, mil novos pa-
cientes foram internados por
causa do novo coronavírus no
Estado, aumentando para 7,4
mil o número de casos suspei-
tos e confirmados em hospitais
(dos quais 2.906 estão em UTI).
Entre as vítimas fatais estão
974 homens e 693 mulheres. A
maioria dos óbitos ocorreu em
pacientes com mais de 60 anos
(75,4% do total – 1.130). Houve
ainda 211 mortes na faixa entre
50 e 59 anos; 120 entre 40 e 49
anos; 60 entre 30 e 39 anos; 14
entre 20 e 29 anos; quatro entre
10 e 19 anos; e um abaixo de 10.
Do total de vítimas, 83,6%
apresentavam algum fator de
risco, como cardiopatia
(59,8%), diabete (43,5%), pneu-
mopatia (12,4%), doença renal
(12,3%) ou doença neurológica
(11%). Outras comorbidades
identificadas são imunodepres-
são, obesidade, asma, doenças
hematológicas e hepáticas.
A capital ainda concentra a
l Luto oficial
“Considerando a desolação
que se abate sobre cada
uma das famílias enlutadas,
da qual compartilha,
sensibilizado, todo
o povo paulistano.”
Decreto da Prefeitura de SP
ALEXANDRE BRUM/ENQUADRAR
maioria dos casos no Estado
(13.098, ou 65%) e também 66%
das mortes, mas a porcentagem
vem caindo com o avanço da
doença pela região metropolita-
na, pelo litoral e interior.
Luto e 6 mil covas. O aumento
de vítimas na cidade de São Pau-
lo levou o prefeito Bruno Covas
(PSDB) a decretar ontem luto
oficial por três dias na cidade
como “expressão de profundo
pesar pelos falecimentos ocorri-
dos”, segundo determinação
publicada no Diário Oficial.
Diante da expectativa de que
os casos continuarão subindo, a
Secretaria Municipal das Sub-
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
prefeituras também autorizou
a abertura de 6.002 novas sepul-
turas em dois cemitérios volta-
das para vítimas suspeitas ou
confirmadas de covid-19. Serão
2.786 novas covas no Cemitério
Dom Bosco, em Perus, na zona
norte, e outras 3.216 em duas
quadras que serão abertas no
Cemitério Vila Carmosina, em
Itaquera, na zona leste.
Na quinta-feira, a Prefeitura
divulgou um plano de emergên-
cia para o serviço funerário, Reforço. O Rio inaugurou ontem no Leblon, na zona sul, o primeiro hospital de campanha; inicialmente serão 30 vagas
com a previsão do uso de oito
câmaras refrigeradas para aco-
modar até 160 corpos e a contra-
tação de 220 coveiros. Também médicos aos Estados para o Segundo a pasta, a previsão
devem ser adquiridos 32 novos
carros funerários, 38 mil urnas,
País ultrapassa marca combate ao novo coronavírus.
De acordo com o levantamen-
até o dia 29 é de que a entrega de
respiradores chegue a 272, mas
15 mil sacos reforçados para to, a previsão é de que até quar- só nove Estados serão contem-
transporte de corpos e 3 mil
equipamentos de proteção. Co-
de 4 mil mortos ta-feira o número de kits rápi-
dos para o diagnóstico da co-
plados: Amazonas (55), Amapá
(25), Ceará (45), Espírito Santo
vas disse que 13 mil valas pode- vid-19 chegue a 3,13 milhões. O (10), Pará (20), Pernambuco
rão ser abertas na capital. com 58.509 casos registrados. governo vem prometendo que (20), Paraná (20), Rio de Janei-
Ontem, a Prefeitura publicou Ministério da Saúde Anteontem eram 52.995 casos vai comprar 46 milhões de kits, ro (40) e Santa Catarina (17). O
um novo decreto com novas me- contabilizou 346 óbitos confirmados e 3.670 mortos. mas o avanço é vagaroso. Ministério da Defesa também
didas administrativas para ser- São Paulo atingiu 20.004 ca- Conforme o Estado mostrou consta como já tendo recebido
viços funerários. Entre as deter- em 24 horas. No Brasil, sos confirmados e 1.667 mortes na semana passada, até o dia 11 20 respiradores. Os demais Es-
minações, estão a proibição de casos confirmados de pessoas infectadas. Em segui- tinham sido entregues 2,5 mi- tados estão sem previsão.
velórios em locais públicos e a chegam a 52.995 da vêm Rio (6.828 casos, 615 lhões de testes (cerca de 500 mi-
liberação de enterros entre as mortes), Ceará (5.421 casos, 310 lhões do tipo RT-PCR, que faz a Rio. Sem leitos de UTI nas uni-
18 horas e as 6 horas, quando o Emilly Behnke mortes), Pernambuco (4.507 ca- análise genética, e o restante do dades estaduais de Saúde, o Rio
registro diário de sepultamen- sos, 381 mortes) e Amazonas tipo rápido, que identifica anti- inaugurou ontem o primeiro
tos for superior a 400 (antes da O Brasil já registra mais de 4 mil (3.635 casos, 287 mortes). corpos). A capacidade de execu- hospital de campanha dentre
pandemia, a média era de 240). mortes decorrentes do novo co- O crescimento do número de ção, porém, é ainda mais limita- os oito anunciados pelo gover-
A determinação prevê que de- ronavírus. Nas últimas 24 ho- óbitos e de novos pacientes da. O ministério informou no no para conter a pandemia do
clarações de óbito sejam lavra- ras, foram 346 novos óbitos pro- acompanha a tendência anteci- mesmo dia 22 que o Brasil havia novo coronavírus. Construído
das por médicos do Serviço de vocados pela doença, além de pada pelo Ministério da Saúde, realizado, até o dia 20, 189.080 no Leblon, na zona sul, a unida-
Atendimento Móvel de Urgên- 5.514 novos casos, segundo in- que indica os meses de maio e exames do painel viral (vírus de abriu 30 leitos, sendo 10 de
cia (Samu), da Polícia Militar, formações divulgadas ontem junho como o pico da doença respiratórios diversos) para in- UTI. Mais vagas serão abertas
das Forças Armadas e do Corpo pelo Ministério da Saúde. em boa parte dos Estados. vestigação de Síndrome Respi- aos poucos, até chegar a 200,
de Bombeiros. Além disso, o Ser- Com isso, o número total de O Ministério da Saúde tam- ratória Aguda Grave (SRAG). divididas igualmente entre UTI
viço Funerário poderá delegar mortes decorrentes da covid-19 bém divulgou ontem um balan- Desses, 132.467 foram específi- e enfermaria. / COLABORARAM
serviços a entidades privadas. em todo o País chegou a 4.016, ço da entrega de suprimentos cos para covid-19. GIOVANA GIRARDI E CAIO SARTORI

Ex-ministro pede
esclarecimentos
l O ex-ministro da Saúde e depu-
tado federal Alexandre Padilha
(PT-SP) encaminhou ofício à Co-
missão Nacional de Ética em Pes-
quisa do Conselho Nacional de
Saúde (Conep) pedindo informa-
ções sobre o estudo da Prevent
Senior que testou a hidroxicloro-
quina no tratamento da covid-19.
Como revelou o Estado, a Conep
suspendeu a pesquisa após des-
cobrir que os testes com pacien-
tes haviam sido iniciados antes
da aprovação do estudo pelo ór-
gão. / CAMILA TURTELLI
A20
%HermesFileInfo:A-20:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

LEILÃO ONLINE OFERECE Os artefatos incluem um par de tênis

Esportes
ITENS DE KOBE BRYANT
] Três meses após a trágica morte
de Kobe Bryant e sua filha Gianna, 86
itens do astro estão sendo leiloados
pela Goldin Auctions até 16 de maio.
usado no jogo 5 da final da NBA de
2011 entre Los Angeles Lakers e Phi-
ladelphia 76ers, e um anel de ouro de
14 quilates com oito diamantes grava-
dos com o nome do jogador da con-
quista nos Jogos de Londres-2012.

RORY CARROLL/REUTERS - 15/1/2020

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS

Pacaembu ajuda na luta pela vida

Crise. Mais tradicional estádio paulistano, que completa 80 anos amanhã, troca o futebol pelo hospital de campanha para 200 pacientes
FELIPE RAU/ESTADÃO
Leandro Silveira

Sem receber uma partida ofi-

cial desde 29 de fevereiro, o
Estádio Paulo Machado de
Carvalho, conhecido como
Pacaembu pela sua localiza-
ção, completa 80 anos da sua
inauguração amanhã até
mais ativo do que anterior-
mente. Afinal, teve sua estru-
tura transformada em hospi-
tal para ajudar no combate à
pandemia do novo coronaví-
rus e a salvar vidas.
Foi o primeiro hospital de
campanha a entrar em funciona-
mento em São Paulo, epicentro
da doença no País. A constru-
ção da infraestrutura de
6.300m² levou 12 dias, tendo si-
do entregue em 1.º de abril,
quando a Organização Social de
Saúde Sociedade Beneficente
Israelita Brasileira Hospital Al-
bert Einstein, assumiu a unida-
de e instalação da estrutura e
dos equipamentos hospitala-
res, fez a higienização e deu trei-
namento aos funcionários.
Idealizado para atender ape-
nas pacientes de baixa e média
complexidade, transferidos de
outros equipamentos de saúde
da capital, o hospital temporá-
rio possui 200 leitos, com oxigê-
nio disponível para todos, além
de salas de estabilização e de
acolhimento dos familiares,
tendo estrutura para realizar
diagnóstico por imagem e exa-
mes de sangue e de urina.
“O Pacaembu é um local on-
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
Utilidade pública. Com o recesso do futebol e a situação crítica na cidade, o Pacaembu está sendo usado na batalha contra o novo coronavírus

de muita gente foi chorar, de te primeiro, foram realizados ajudando a salvar vidas.”
tristeza ou alegria, para o seu CURIOSIDADES três jogos: a decisão da Copa TRÊS PERGUNTAS PARA...
time de futebol. É icônico para São Paulo, uma partida do Pal- História. Inaugurado em 27 de
São Paulo, um cartão-postal. E meiras e um clássico entre o clu- abril de 1940, o Pacaembu foi
agora se reveste de mais impor-
tância, atendendo a população 71.281 pessoas
be alviverde e o Santos.
A administradora assumiu o
Eduardo Barella, presidente da Concessionária Allegra Pacaembu palco de momentos marcantes
da cidade e dos seus clubes. Vi-

1.
nessa pandemia”, disse o prefei- é o recorde de público do estádio, a piscina, as quadras de A crise e a transformação car um projeto de 35 anos. venciou feitos que ultrapassa-
to de São Paulo, Bruno Covas. estádio, que foi batido no tênis, o estacionamento e o gi- do estádio em hospital afe- ram os limites territoriais pau-

3.
O “jogo” contra o vírus é o dia 25 de maio de 1942, quando násio poliesportivo. O Museu tam o projeto de reforma? Você tem alguma história listas. Um dia após ser inaugura-
mais importante de uma histó- Corinthians e São Paulo do Futebol, que funciona embai- Temos a expectativa de apro- pessoal envolvendo o do, recebeu os primeiros jogos,
ria de glórias do octogenário Pa- empataram por 3 a 3. xo das arquibancadas, e a Praça var o projeto no segundo se- estádio? a goleada do Palestra Itália (ho-
caembu, um estádio que nasceu Charles Miller seguem sob ges- mestre e iniciar as obras em Era preciso dar um nome para je Palmeiras) por 6 a 2 sobre o
e construiu a sua trajetória co- tão do município. A reforma do 2022. Por enquanto, o crono- a concessionária, e eu estava Coritiba e o triunfo do Corin-
mo um dos símbolos da cidade.
A arquitetura, com traços de art
déco, o que incluía em seu proje-
115 gols
no Pacaembu é a marca de
complexo, que inclui a demoli-
ção do tobogã, deverá começar
em meados de 2021.
grama está inalterado. A ideia,
ao fim do hospital de campa-
nha, é fazer eventos comemo-
com minha filha mais nova
internada no hospital com car-
diopatia, iria passar por cirur-
thians, 4 a 2, contra o Atlético-
MG. Dois anos depois, teria seu
maior público, os inimaginá-
to original a concha acústica, Pelé, o artilheiro do estádio. Nesse contexto, sua utiliza- rativos dos 80 anos e depois gia. Mas não conseguia pensar veis 71.281 torcedores, para ver
posteriormente substituída pe- O Rei do Futebol foi campeão ção como hospital de campa- fechar o complexo para obras. e disse para colocarem qual- o 3 a 3 do São Paulo, de Leônidas
lo tobogã, é ainda considerada brasileiro de 1961 no local. nha parece ter vindo para confir- quer um, porque ninguém dei- da Silva, com o Corinthians.

2.
uma das mais belas dos está- mar o conceito de patrimônio Como é ter assumido a xaria de chamar de Pacaembu. Em 1950, o Pacaembu rece-
dios brasileiros, mesmo com a da população logo no momento administração com ele E deram Allegra, que é o no- beu seis jogos da Copa do Mun-
construção e inauguração de vá-
rios outros nos últimos anos.
“É o estádio onde você está
6x7 foi o placar
do jogo entre Palmeiras e
em que foi repassado para a ini-
ciativa privada. “Nunca imagi-
namos que viveríamos um mo-
transformado em hospital?
É um privilégio e uma respon-
sabilidade. A gente está ciente
me da minha filha. Agora, é
muito especial ver o estádio
como um hospital e adminis-
do. Também foi no estádio que
o Santos de Pelé exibiu o talen-
to do maior esquadrão do fute-
mais próximo do campo. Perto Santos, disputado em 6 de mento como esse, como cida- disso, mas também da nossa trado pelo Einstein, que foi bol brasileiro, levando o Rei a
o bastante para ver o jogo e lon- março de 1958, e um dos dão ou empresário”, diz Eduar- capacidade, também para to- onde ela ficou internada. ser o maior artilheiro da histó-
ge o suficiente para observar o clássicos com o maior número do Barella, presidente da con- ria do estádio, com 115 gols.
campo todo”, define o jornalis- de gols na história do Brasil. O cessionária que o administra. Na atual década, o Pacaembu
ta José Maria de Aquino. Alviverde abriu o placar, mas o Ele aponta, porém, para o pe- onde todo mundo tem uma his- bancadas como torcedor. “É o foi palco da conquista do título
Além de ter se transformado Santos virou e foi para o so histórico do momento em tória e uma relação afetiva. Isso estádio de todo mundo. É engra- da Libertadores pelos dois alvi-
em hospital de campanha, 2020 intervalo com 5 a 2. O Palmeiras que assumiu a gestão do está- vai torná-lo ainda mais bonito, çado que todas as torcidas e ti- negros paulistas. Em 2011, o
está marcado na história do Pa- voltou com tudo e virou o jogo dio. “É mais um capítulo boni- como uma marca”, avalia. mes gostam de jogar lá. Ele re- Santos, de Neymar, venceu o
caembu por ter passado para as para 6 a 5, mas o Santos fez to, que vai ficar marcado em sua A opinião é compartilhada presenta a cidade de São Paulo. Peñarol na decisão; no ano se-
mãos da iniciativa privada. A Al- mais dois gols no fim e venceu história. Vai passar e o Pacaem- por Muricy Ramalho, que traba- Eu adorava”, afirma. “Para a his- guinte foi a vez de o Corin-
legra Pacaembu assumiu a ges- a partida. bu continuará a contar casos im- lhou no estádio como jogador e tória do Pacaembu ficar comple- thians ser campeão no estádio,
tão pelos próximos 35 anos. Nes- portantes da cidade. É o lugar técnico e frequentou as arqui- ta, só faltava essa parte social, diante do Boca Juniors.

compõem um vasto campo dedicado a uma geração muito anterior, me irri- Criar notícia da não notícia, deba-
UGO E-MAIL: UGOG@ESTADAO.COM

divulgar o futebol. Apesar de estar es-
GIORGETTI crevendo sobre futebol há muitos
anos, ainda não me considero um de-
les. Não tenho esse direito, porque mi-
nha profissão é outra, mas todo esse
tempo fez com que eu, de alguma for-
É justo falar de futebol? ma me aproximasse deles, fizesse ami-
gos, mesmo distantes. Amizade forja-
da mais pelo gosto em comum do fute-
tam e discordo. Mas respeito, talvez
pelo velho hábito de admirar o esforço
de estudar e de saber.
É a eles que dedico esta coluna. A
esses profissionais que pela primeira
vez em suas vidas viram o chão lhes
faltar porque lhes falta o futebol. E
nem assim se rendem. Falando e deba-
tendo de suas casas, com som precá-
ter num deserto de silêncio, opinar
quando mal se compreende o que
falam.
A atitude dessa geração de comen-
taristas de futebol, acrescida de al-
guns craques do passado, é uma for-
ma de resistência clara a um des-
mando, tanto da natureza, como da
vileza dos homens, uma forma de

A
pergunta do título é relevan-
te na medida em que se agra-
vam os problemas que asso-
lam o país. Quem vai se ocupar de
futebol, quando o coronavírus é
uma fonte de angústia permanente,
na medida em que não se sabe bem
o que está acontecendo? O que se
sabe é que entrou um novo minis-
tro, que “precisa de tempo” para po-
der agir. E a mortalidade parece au-
mentar. Ou não? Também ninguém
consegue informar precisamente.
A política vive assombrada pelos
porões do Planalto, que viveu na
sexta-feira seu lance mais dramáti-
co com o desabafo público, de 40 minu-
tos, no qual o ministro que suposta-
mente dava o aval moral a este gover-
no se retira exatamente denunciando
problemas morais. São essas bombas
explodindo sucessivamente que dão
razão à pergunta: vale a pena falar de
futebol hoje?
Sim vale, por um motivo não tão di-
fícil de compreender. Há muita gente
que depende do futebol para viver e
não pode parar. Não tem o direito de
parar se quiser levar pra casa o que
resta dos salários. Me refiro a uma ver-
dadeira legião de cronistas, repórte-
res, jornalistas especializados, que
bol do que pela frequência constante.
Aprendi e admirar essa grande quan-
tidade de profissionais que surgiram
nas últimas décadas, gente que faz do
futebol realmente sua profissão. Ha-
via isso no passado. Cronistas, críti-
cos, narradores sempre existiram e
eram bons. Só que não eram muitos e
sempre me pareceu que uma boa parte
exercia concomitantemente outras
profissões que completavam seus or-
çamentos. Gente que se dedica em
tempo integral, que estuda, pesquisa,
viaja, acorda pensando futebol e vai
dormir pensando futebol é coisa bem
mais recente. Às vezes, como sou de
rio, imagem sem qualquer confiabili-
dade, falam de futebol. Ou de espor-
tes. Dá para ler em seus rostos a preo-
cupação e a dificuldade de superar es-
se momento, mas não pararam. Faço
questão de ouvi-los e vê-los, essa é mi-
nha forma de solidariedade.
Vejo naquelas falas interrompidas e
entrecortadas, cuja imagem é tão pre-
cária que quase não os reconheço,
uma forma de resistência notável e do
amor ao que fazem. Há uma aflitiva
espera na expressão de cada um. Uma
espera do dia em que as coisas vão vol-
tar ao normal. Será que voltarão? Qual
será o normal da volta, tão ansiada?
permanecer em pé. Não importa se
o equipamento não é o mais adequa-
do, importa que esteja funcionan-
do. É um momento em que o confor-
to pessoal e o esmero técnico passa
a não ter nenhuma importância.
O que vale é o gesto. E é importan-
te para todos os espectadores ve-
rem que seus comentaristas estão
lá como uma resposta adequada a
tempos tão terríveis. Se o futebol,
graças a essa turma de jornalistas,
está vivo apesar de sequer existir, se
continua, mesmo sem ninguém em
campo, por que não o País? Por isso
vale a pena falar de futebol.
B1
%HermesFileInfo:B-1:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

E&N ECONOMIA & NEGÓCIOS

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS Indústrias definem o ‘novo normal’ ao retomar atividades. Pág. B3}

Com ambientes mais ‘controláveis’ e alvo de menores restrições em função das medidas de isolamento social, setor industrial puxa
retomada pós-quarentena usando protocolos já testados por outros países; especialistas cobram medidas de controle do governo

Com base em ações adotadas no exterior,

indústria lidera retorno ao trabalho
Fernando Scheller
Cleide Silva

Enquanto serviços e parte do

comércio ainda sofrem restri-
ções e ensaiam retomada –
em São Paulo, as barreiras a
esses setores começam a ser
levantadas em 10 de maio –, a
indústria está alguns passos
na frente no processo de rea-
bertura da economia em
meio às medidas de isolamen-
to para combater o coronaví-
rus. As gaúchas Tramontina e
Randon e a catarinense Weg
operam perto da normalida-
de. As montadoras paulistas
também começam a reabrir
as portas, em movimento pu-
xado pela sueca Scania.
Num cenário em que há pou-
co conhecimento disponível, pe-
lo ineditismo das restrições im-
postas pelo coronavírus, o apren-
dizado do exterior – na Europa e,
principalmente, na China – tem
dado o tom para as indústrias
que já religaram as máquinas.
No menu de soluções para impe-
dir a contaminação dos trabalha-
dores, está a medição da tempe-
ratura antes da entrada nas fábri-
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
cas, a demarcação da distância
de segurança entre pessoas, o
uso de máscaras, a distribuição
de álcool em gel, a interrupção
do trabalho por avisos de higie-
ne e o escalonamento de jorna-
das de trabalho e horários de al-
moço (leia mais na pág. B3).
Segundo Regina Esteves, pre-
sidente da ONG Comunitas,
que tem ajudado cinco Estados
brasileiros a definir estratégias
para o combate ao coronavírus,
as indústrias têm condições de
sair na frente porque exigem
apenas o deslocamento de fun-
cionários. Dessa forma, sua in-
fluência sobre o isolamento so-
cial é menor. “Comércio e servi-
ços exigem movimentação de
clientes. Por isso, as fábricas po-
dem ser mais facilmente contro-
ladas”, diz ela.
Regina acrescenta que, para
que a retomada da indústria fa-
ça sentido econômico, o comér- KIA.
O
MELHOR
PÓS-VENDA
cio e os serviços também preci- NO
PRÊMIO
UOL
CARROS.
sariam voltar a oferecer as mer-
cadorias que saem das linhas de
produção – o que, neste caso,
vai exigir o acompanhamento
da evolução da doença. “Assim
como a determinação do isola-
mento levou em conta a ciência,
o mesmo tem de acontecer com kia.com.br
a retomada da economia. A cur- 0800
77
11011
va do vírus é muito mais acentua-
da nas capitais, então, a liberação
do comércio e dos serviços deve
começar pelo interior.” Na falta
Um
grande
carro
se
faz
com

a tenção
aos
mínimos
detalhes.
de diretrizes gerais para a reto-
mada das atividades, esse traba-
lho de orientação tem sido de-
sempenhado em grande parte
por governadores.
Para o médico Marco Aurélio
Safadi, professor de infectolo-
gia da Santa Casa de São Paulo,
falta uma cobrança mais clara
das autoridades sobre as regras
de conduta das empresas para
proteger os funcionários. Embo-
ra ele diga que os procedimen-
tos adotados pelas grandes in- Central
multimídia
de
8”
Carregador
de
Teto
solar
duplo

dústrias estejam corretos, ele com
conectividade
celular
wireless panorâmico
lembra que talvez as empresas Apple
CarPlay
e
Android
Auto
de menor porte – que, inclusive,
fornecem para essas multinacio-
nais – talvez não tenham condi-
ções de aplicar as mesmas re-
gras. “É por isso que são necessá- Energia (Combustível)
ANO
Categoria do Veículo
MARCA

Modelo/ Versão
Motor
2019
Utilitário Esportivo Grande

SPORTAGE EX2 / LX2 FF G3

2.0 - 16V

rias diretrizes públicas do míni- Declaração
de
Consumo
de
Combustível
em
conformidade
com
a
Portaria
Inmetro
nº
010/2012.

Transmissão Automática
Marchas A-6

Mais eficiente Categoria Geral Emissões

A A A A
B B B B
C C C C

27
D D D D
E E E E

mo necessário de proteção aos

Menos eficiente

No trânsito, dê sentido à vida.

Quilometragem por litro e CO2 Etanol Gasolina
Cidade (km/l) 6,1 8,8
Estrada (km/l) 7,9 11,4
CO2 Fóssil não renovável (g/km) 0 139

trabalhadores no retorno às ati-

vidades”, afirma ele.
B2 Economia
%HermesFileInfo:B-2:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

coluna do E-MAIL: COLUNABROADCAST@ESTADAO.COM

TWITTER: @COLUNADOBROAD CELSO E-MAIL: CELSO.MING@ESTADAO.COM

MING
» Corrente do bem. A Brasilcap aca-
Só confiança do consumidor ba de lançar um título de capitaliza-
ção para ajudar a minimizar o impac-
Abalos na política
trará retomada, diz Advent to financeiro na AACD, na esteira da
pandemia. O Doadin, nome do novo
produto de Filantropia Premiável, é
e na economia
GABRIELA BILÓ/ESTADÃO - 15/10/2019

C N
onhecido por sua experiência no setor de varejo, o fundo de private voltado à captação de recursos a en- essa hora, de especial gravidade,
equity (que compra participação em empresas) Advent Internatio- tidades beneficentes. A expectativa não dá para separar política de
nal está enfrentando os efeitos da crise trazida pela pandemia em é de que com produto digital a arre- economia. Do jeito como aconte-
diferentes frentes nessa área. Com presença no Brasil desde 1997, quando cadação ao AACD chegue a R$ 5 mi- ceram na sexta-feira as demissões do en-
Patrice Etlin abriu o escritório no País, o Advent é um dos fundos mais lhões até o fim do ano. O impacto tão ministro Sérgio Moro e do diretor-
ativos por aqui e investe em redes que estão fechadas, lojas que fecharam financeiro na instituição está na ca- geral da Polícia Federal, Maurício Valei-
e abriram as portas e outras que ficaram abertas o tempo todo. Com essa sa de R$ 50 milhões. xo, abrem enorme espectro de incerte-
sensibilidade, Etlin é categórico em dizer que a retomada da economia vai zas na área política que acabarão por ser
depender mais da confiança dos consumidores do que de qualquer caneta- » Contramão. Apesar da pandemia, descarregadas sobre a área econômica.
da ou iniciativa do poder público. março foi um mês movimentado na O impacto sobre o câmbio e sobre o mer- Moro. Demissão gera incertezas
ANDRE LESSA/ESTADÃO-10/11/2011
empresa de securitização Fortesec. cado de ações dá uma ideia disso.
A empresa fez 14 operações, que so- A principal questão consiste em sa- Plano Marshall tupiniquim denomina-
maram R$ 215 milhões. No mesmo ber até que ponto o presidente Bolso- do Pró-Brasil, que prevê investimen-
período de 2019, foram apenas três, naro, que já vinha sofrendo sério des- tos de R$ 250 bilhões com recursos pri-
no volume de R$ 14,2 milhões. gaste político, conseguirá apoio míni- vados e outros R$ 30 bilhões com recur-
mo para governar. Ele já se ressentia do sos públicos. Trata-se de um pacote
» Agito. Os fundos imobiliários con- isolamento a que vinha sendo submeti- ainda em fase preliminar, preparado
tinuam com caixa para investir em do, a ponto de renegar a pretendida po- por assessores militares do Palácio do
certificados de recebíveis imobiliá- lítica nova, uma das principais bandei- Planalto, que, no entanto, não passou
rios (CRIs) nos próximos meses, ras de campanha, para tentar se man- pelo crivo da Economia.
após a forte onda de ofertas públi- ter vivo. Depois de condenar o que cha- A cabeça da ministra da Agricultura,
cas. Outros grandes investidores se- mou de métodos antigos, baseados em Tereza Cristina, também parece em
guem por apetite por operações, o leilão de cargos, em toma lá dá cá e em processo de cozimento. Ela vem sendo
que explica a demanda mesmo no arraigado patrimonialismo, que carac- obrigada a defender a China, o princi-
momento de crise. terizaram a chamada presidência de pal parceiro comercial do Brasil, dos
LUCAS JACKSON/REUTERS
coalizão, Bolsonaro entendeu ser ne- ataques ideológicos desferidos pela
cessário atrair para sua órbita o chama- trinca de filhos do presidente e pelo
do Centrão, constituído de políticos fi- ministro da Educação, Abraham Wein-
siológicos, muitos deles remanescen- traub. Também vem sendo pressiona-
tes do período do petrolão. da a optar entre a fidelidade a seu parti-
Esse ajuntamento apenas eventual do, o DEM, em conflito com o presiden-
» Tijolos. Na largada da crise, o fun- automóveis, deve cair 5,62% em de políticos é dotado de notável instin- te, e seu cargo no governo.
do tinha empresas que fecharam as abril em relação a março, de acordo to de sobrevivência. Quase sempre é a No caso das escaramuças veladas a
portas da noite para o dia, como a com o Instituto Brasileiro de Execu- primeira leva a pular de um barco que Guedes, o que pode ficar em questão é a
Allied (que detém, por exemplo as tivos de Varejo e Mercado de Con- não lhes garante segurança. Foi assim linha de política econômica neoliberal
franquias das lojas Samsung), a Res- sumo (Ibevar). Já sobre o mesmo no tempo do presidente Fernando Col- adotada até aqui (pelo Posto Ipiranga),
toque (dona das marcas Le Lis período de 2019, a previsão é queda lor e foi assim, também, no segundo que poderia ser substituída por orienta-
Blanc e Dudalina, entre outras). Já a de 16,94% nas vendas. » Mix. A diversificação internacio- período da presidente Dilma Rousseff. ção de tipo populista ou intervencionis-
rede de materiais de construção nal, que ainda é pequena entre os Se as pernas da cadeira do presidente ta, mais parecida com a adotada na tem-
Quero-Quero e a Fortbrás, de auto- » Sem gás. O estudo indica retra- investidores brasileiros, ajuda a redu- começarem a balançar, não continua- porada do então ministro Guido Mante-
peças, foram fechadas no início da ção maior nas categorias “combustí- zir a volatilidade das carteiras. Estu- rão gastando seu capital para fornecer ga, que deu errado e foi uma das causas
quarentena, mas depois considera- veis e lubrificantes” (-40,82 p.p); do feito pela BlackRock, maior gesto- o mesmo grude que os aglomera e esta- do impeachment em 2016.
das essenciais e puderam abrir as “materiais de construção” (-30,16 ra de recursos do mundo, mostrou rão dispostos a mudar de lado. Independentemente dessas ten-
portas. “Em materiais de constru- p.p); “veículos, motos, partes e pe- que as carteiras sem ativos de fora A rede de apoio político do presiden- sões, a ficha técnica da economia do
ção, voltou um pouco abaixo do ano ças” (-16,04 p.p); “móveis e eletro- do País no primeiro trimestre do te não se limita às forças disponíveis Brasil já passa por enormes turbulên-
passado, mas de maneira consisten- domésticos” (-9,39 p.p) e “tecidos, ano caíram, na média, 10,3%, ao pas- no Congresso. Estende-se também pa- cias. A situação da contas públicas já
te”, diz Etlin. No Sul, quando as lo- vestuários e calçados” (-9,14 p.p). so que aquelas com 30% de exposi- ra um grupo de governadores – cada era alarmante e ficou mais ainda de-
jas de eletroeletrônicos foram rea- DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO-28/3/2020
ção externa perderam 4,4%. vez mais diminuto – e para os oficiais pois do despejo de recursos e da prová-
bertas, houve o efeito “champagne”, militares que hoje circundam o presi- vel expansão do endividamento, desti-
mostrando demanda represada. No » Várias culturas. O presidente-exe- dente. Estende-se, também, para os nados ao apagamento do incêndio pro-
entanto, diz ele, ainda é cedo para cutivo da gestora no Brasil, Carlos segmentos da população que ajuda- duzido pela crise do novo coronavírus.
estabelecer uma tendência.

» Grande. Já o BIG, ex-Walmart,

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO Massaru Takahashi, disse que even-
tos como a pandemia colocam eco-
nomias em situações diferentes dian-
ram a elegê-lo. Boa parte deles parece
decepcionada pela atuação do presi-
dente, especialmente depois que demi-
O setor do petróleo, que até há dois
meses era um dos pilares da economia,
mostra rachaduras, em consequência
que de cara foi declarado como vare- te de um problema comum. Assim, tiu o ex-juiz que se notabilizou pelo da brutal quebra do consumo de deriva-
jo essencial, não teve seu funciona- as condições de enfrentamento e mais extenso e mais profundo comba- dos e do colapso dos preços. A indús-
mento interrompido. Mas nem por recuperação são distintas. Segundo te à corrupção do País. tria foi obrigada a paralisar suas máqui-
isso manter a operação foi simples, ele, a diversificação nos investimen- A impressão que ficou da última se- nas, o comércio cerrou suas portas e o
por questões sanitárias e de distan- tos “deve ser incorporada aos portfó- mana de crise foi de que o presidente setor de serviços, com certas exceções,
ciamento físico. “Estamos venden- » Para frente. Já os segmentos que lios como estratégia de longo prazo não concluiu sua operação de faxina no ficou estancado pelo confinamento da
do acima do orçamento (previsto)”, devem crescer são “outros artigos e não como oportunidade, pois con- seu Ministério e de que agora parece população. Mais que tudo, o consumi-
diz. “A estocagem (das famílias) con- de uso pessoal e doméstico” (9,2 segue defender e capturar retornos determinado a dar um giro de 180 dor perdeu emprego e renda e já não
tinuou em alta na quarentena, prin- p.p); “artigos farmacêuticos, médi- com maior consistência nas mais graus na sua administração. detém o mesmo poder de compra.
cipalmente em hipermercados.” cos, ortopédicos, de perfumaria e diversas situações, incluindo esta.” Há outros ministros importantes Ou seja, os problemas por que passa
cosméticos” (8,28 p.p); “hipermer- em fase de fritura. O ministro da Eco- o transatlântico da economia se multi-
» Sofrimento. O varejo ampliado, cados, supermercados, alimentícios, FERNANDA GUIMARÃES E nomia, Paulo Guedes, por exemplo, foi plicam e, no entanto, não se sente fir-
que inclui material de construção e bebidas e fumo” (2,21 p.p). CRISTIANE BARBIERI surpreendido pela preparação de um meza no comandante.

Alto Escalão | LUANA PAVANI | E-MAIL: LUANA.PAVANI@ESTADAO.COM

Michael Klein deixa conselho retornam à tele: na nova uni-
dade de negócios de Atacado
O novo presidente do e Franquias, Pedro Luiz
conselho de administração Arakawa. Em Estratégia e
da Via Varejo é Raphael Klein. Transformação, Rogério
Seu pai, Michael Klein, deixou Takayanagi; e Luiz Modenese
o colegiado por decisão pró- em Auditoria. Já Lívia
pria. O CEO Roberto Fulcher- Marquez responde por
berguer também deixa o Comunicação e Mídia.
conselho e se concentra no
comando executivo. » Brasil Brokers. Arthur Aze-
vedo, antes CFO da Transpe-
» Oi. Quatro novos diretores tro, vai liderar a área financei-
SÉRGIO CASTRO/ESTADÃO-22/8/2016
ra, que estava acumulada pelo
diretor presidente, Claudio
Hermolin.
» Everis. Ex-PWC e IBM,
Ricardo Neves é anunciado
CEO da operação brasileira
da consultoria.
» MRV. Foi eleito Thiago
Corrêa Ely diretor executivo
de comercial e crédito, em
atuação conjunta com
Eduardo Paes Barreto.
» Echos. Carlos Júlio (ex-
HSM e Digital House) é o
novo CEO da empresa de
design thinking.
» HLB Brasil. O novo sócio
para a área de Transações é
André Bueno (ex-Deloitte).
» PicPay. Frederico Trevisan
(ex-Santander, Citi e Itaú Uni-
banco) vai liderar a nova
unidade de negócio para
cartão e crédito pessoal.
» Neoway. James Peck, ex-
CEO da TransUnion e Lexis-
Nexis, entra para o conselho.
» PetroRio. O CFO Roberto
Monteiro acumula o cargo de
CEO no lugar de Nelson Quei-
roz Tanure, agora à frente do
conselho de administração.

Editorial Econômico
nar obras prioritárias que podem ser
A retomada de tocadas com presteza com recursos
obras públicas e da União. A lista inclui obras que já
têm projetos de engenharia prontos e
suas dificuldades cujos pedidos de licenciamento am-
biental estão avançados.
O objetivo de gerar em- O plano de concessões para a inicia-
prego rapidamente e tiva privada segue inalterado, mas o
estimular a atividade ministério entende que é preciso um
econômica, tão logo a esforço adicional para impulsionar a
pandemia do novo co- economia após a crise.
ronavírus comece a Se tudo correr como se prevê, esse
arrefecer, torna mais “grande pacto pela infraestrutura”,
do que justificável a iniciativa do Mi- como vem sendo chamado, poderia
nistério da Infraestrutura de relacio- gerar cerca de 1 milhão de empregos
entre o segundo semestre deste ano e
o final de 2021.
A despeito das elogiáveis intenções,
a proposta precisa superar várias difi-
culdades para se tornar realidade. A
primeira delas é financeira. O dinhei-
ro disponível no orçamento do minis-
tério para este ano, de R$ 6 bilhões, é
insuficiente para o que se pretende
fazer. E o ministro Tarcísio de Freitas
tenta garantir que esses recursos não
sejam cortados, pois o ministério ain-
da tem 54 obras em execução. Em tem-
pos normais, o dinheiro disponível só
daria para as obras e serviços de ma-
nutenção da malha rodoviária federal.
Por isso, o Ministério da Infraestru-
tura negocia com o da Economia a
liberação de mais de R$ 30 bilhões pa-
ra outros 70 projetos de órgãos como
Dnit (estradas), Infraero (aeropor-
tos) e Valec (trechos ferroviários), a
serem contratados diretamente com
empresas de médio porte. Em tempos
de demandas financeiras volumosas e
urgentes nas áreas de saúde e de assis-
tência social, negociações de recursos
públicos para outras áreas tendem a
ser bem mais difíceis.
Há, ainda, o peso das frustrações de
iniciativas semelhantes tentadas nos
governos Dilma Rousseff e de Michel
Temer e nos primeiros meses do go-
verno Bolsonaro. E há também, como
lembrou em entrevista ao Estado o
sócio da Inter.B (consultoria na área
de infraestrutura) Cláudio Frischtak,
o “histórico muito ruim de contrata-
ção e de execução de obras públicas”
pelas estatais que seriam encarrega-
das de executar o plano.
De todo modo, o rápido destrava-
mento de obras públicas teria impac-
to importante na retomada da eco-
nomia.

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 Economia B3
%HermesFileInfo:B-3:20200426:

O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS Boeing desiste de comprar a área de aviação da Embraer. Pág. B4}

impeçam a quebra de empresas e com-
AFFONSO CELSO pensem a queda de renda dos menos
PASTORE favorecidos, em troca de um cresci-
mento mais vigoroso adiante. No ou-
tro extremo, o afastamento social é
abolido na esperança de evitar uma re-
cessão no presente, porém à custa de
Estadistas, populistas, um enorme número de mortes e de me-
nor crescimento futuro. Se o governan-
relação à eficácia do afastamento so-
cial e sido criticado fortemente por es-
se erro, não hesitou em curvar-se hu-
mildemente às evidências dos cientis-
tas do Imperial College of London, vol-
tando atrás em sua posição e decretan-
do a continuidade do afastamento so-
cial em todo o território inglês. Como
um excelente biógrafo de Churchill,
tamento ocorrido anteriormente. A
experiência do Japão e de Cingapu-
ra mostraram que é um erro abando-
nar precocemente a quarentena. Ca-
beria ao governo explicar à socieda-
de a inevitabilidade da quarentena,
trabalhando em um protocolo de
saída que evite um aumento do con-
tágio, e não se acovardando em to-

e a pandemia te responsável pela decisão tiver res-

peito pelo futuro do país, decidirá co-
mo se tivesse uma taxa de desconto
baixa ou mesmo nula, respeitando as
recomendações dos cientistas e optan-
não pode ser surpresa que tenha feito
o discurso típico de um estadista, con-
clamando o povo à união na guerra con-
tra o vírus. Boris Johnson viu a cara da
morte e reduziu sua taxa de desconto
mar as medidas compensatórias
que reduzam o custo durante o pe-
ríodo de isolamento.
Mas não temos na Presidência um
estadista, e sim um populista que,

N
o início do ano, foi publicada
uma excelente biografia de
Frank Ramsey, um cientista
ligado à Universidade de Cambrid-
ge, que em sua curta vida de apenas
27 anos deixou contribuições mar-
cantes nos campos da filosofia, da
matemática e da teoria econômica.
Na economia, uma de suas contri-
buições foi uma modelagem mate-
mática que permitiu responder à
pergunta: “Quanto a sociedade de-
ve poupar para favorecer as próxi-
mas gerações?”. Quanto mais deixar-
mos de consumir no presente, mais
investiremos elevando o produto, o
consumo e o bem-estar das popula-
ções no futuro. Para responder qual
é a distribuição ótima entre as gera-
ções, os economistas contemporâ-
neos incluem uma taxa de desconto pa-
ra trazer a valor presente o consumo
das gerações futuras. Taxas de descon-
to mais elevadas favorecem um consu-
mo maior da geração presente, e plane-
jadores que dão um peso elevado ao
bem-estar das gerações futuras prefe-
rem taxas de desconto mais baixas.
Ramsey tinha um profundo senso éti-
co e grande apreço pelo bem-estar das
próximas gerações, o que o levou a utili-
zar uma taxa de desconto nula, dando
peso igual a todas as gerações.
Em um horizonte bem mais curto do
que o de uma geração, a pandemia
impõe aos governos uma escolha seme-
lhante. A adoção do afastamento so-
cial poupa vidas à custa de uma reces-
são no presente, cujos efeitos são par-
cialmente atenuados por medidas que
Temos na Presidência um
populista obcecado pelo
objetivo de reeleger-se
do por um isolamento social mais rígi-
do. Mas se o objetivo for manter sua
popularidade elevada no curto prazo
para favorecer sua reeleição, atirará às
urtigas o futuro do país usando uma
taxa de desconto muito alta.
Sempre acreditei que os estadistas
têm taxas de desconto bem menores
do que populistas, e minha convicção
cresceu ainda mais ao ouvir o discurso
de Boris Johnson quando deixou o hos-
pital curado do coronavírus. Tendo ini-
cialmente manifestado dúvidas com
para um nível muito mais baixo do que
a de populistas de direita, dos quais
Trump é um exemplo que é imitado
por Bolsonaro.
Em um momento difícil como este, é
natural que no Brasil haja divergên-
cias. Empresários que construíram
suas empresas com o duro trabalho de
décadas temem perdê-las ou a duras
penas ter de reconstruí-las. Pessoas hu-
mildes em cujas casas pobres vivem
inúmeros familiares perderam sua ren-
da, passando a viver de transferências
do governo. Nos dois casos, a tentação
é atribuir a culpa ao distanciamento
social e, quando cai o número de mor-
tes, ambos lutam para que este acabe,
sem se dar conta que a queda do núme-
ro de mortes é a consequência do afas-
obcecado pelo objetivo de reeleger-
se, tem uma taxa de desconto muito
elevada, desprezando as consequên-
cias de seus atos sobre o futuro do
País. Em vez de seguir o exemplo de
Boris Johnson, reconhecendo hu-
mildemente seus erros e buscando
unir os cidadãos, a intolerância e o
radicalismo de Bolsonaro o levam a
agredir todos os que divergem de
suas ideias. Em vez de unir o País,
ele o divide, com consequências
muito negativas para o presente e
para o futuro.
]
EX-PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL E
SÓCIO DA A.C. PASTORE & ASSOCIADOS.
ESCREVE QUINZENALMENTE

MAURO ARTUR SCHLIECK/ESTADÃO

China e Alemanha.
“Analisamos todos os proce-
dimentos desde o momento em
que o funcionário sai de casa pa-
ra vir à fábrica até a hora em que
ele retorna, seguindo os pilares
de segurança, limpeza e mudan-
ça de hábitos”, diz Rocha.
A primeira medida adotada
foi a divisão dos funcionários
em dois turnos de trabalho para
diminuir a densidade de pes-
soas. Antes da pandemia, a fábri-
ca operava em turno único, das
7h às 16h15. Agora serão dois,
com metade do pessoal manten-
do esse horário e a outra traba-
lhando das 17h30 à 00h20.
A frota de 70 ônibus que leva
funcionários para a fábrica foi
duplicada para que todos pos-
sam sentar sozinhos. Na escada

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO do veículo há um tapete com

produto para higienizar os cal-
çados e, a seguir, o primeiro reci-
piente com álcool gel para as
mãos, produto que está na por-
taria, na linha de montagem,
nos banheiros e refeitórios.
Na portaria há marcações pa-
ra a manutenção de distância en-
tre os trabalhadores, enfermei-
ros para medir a temperatura e
distribuição de máscaras. O ca-
fé da manhã passa a ser servido
Ambiente controlado. Na catarinense Weg, onde trabalham 15 mil funcionários, locais de trabalho foram separados e uso de máscaras é obrigatório em kits e não mais em uma sala
para evitar aglomerações.
los claros às indústrias. O uso po, retoma atividades amanhã.

Indústrias definem de máscaras, álcool em gel, a me-

dição de temperatura e distan-
ciamento social foram exigên-
cias chinesas replicadas por
aqui. Só em Jaraguá do Sul a
É a primeira montadora paulis-
ta a retomar operações desde
que quase todas as empresas do
setor (63 ao todo) fecharam as
portas, por conta própria, para
Procedimentos. Há alguns
dias, os funcionários recebe-
ram em casa uma cartilha com
todos os dados e procedimen-
tos a serem seguidos daqui para

‘novo normal’ ao Weg tem 15 mil funcionários.

Tanto na China quanto no
Brasil, a empresa foi razoavel-
mente pouco afetada pela pan-
demia. “Ficamos dez dias para-
evitar a propagação do novo co-
ronavírus.
O preparo da Scania, segundo
o vice-presidente de recursos
humanos, Danilo Rocha, segue
frente. O material, informa Ro-
cha, acabou sendo copiado até
pela matriz sueca e empresas de
outros países.
O número de vezes em que a

retomar atividades dos na China”, informa Kuba.

No ABC, montadoras começam a retomar os trabalhos amanhã;
catarinense Weg aplica mesmos protocolos de sua fábrica chinesa
Fernando Scheller
Cleide Silva
São pouco mais de 7 horas em
Jaraguá do Sul. Os primeiros
funcionários da gigante in-
dustrial Weg chegam para tra-
balhar de carro, ônibus corpo-
rativo ou bicicleta, meio de
transporte muito utilizado
no interior catarinense. O dia
a dia da companhia – multina-
cional que tem unidades em
várias partes do mundo, inclu-
indo na Europa e na China –
ganhou, desde meados de
março, novas regras. Na por-
ta de entrada todos os funcio-
nários têm a temperatura au-
ferida por câmeras ou termô-
metros sem contato. É só o
primeiro sinal de como o coro-
navírus começou a modificar
o dia a dia da economia. São
mudanças que devem se es-
tender a várias partes do País.
Como a Weg não chegou a pa-
ralisar as atividades de fábricas
de Santa Catarina e de São Pau-
lo, teve de agir rápido quando o
novo coronavírus chegou ao
País, diz o diretor industrial Al-
berto Yoshikazu Kuba. A vanta-
gem foi a experiência da unida-
de chinesa da empresa, onde a
pandemia começou dois meses
antes. Ao contrário do que ocor-
re hoje no Brasil, o governo fede-
ral chinês determinou protoco-
Por aqui, a Weg concentra suas
operações no interior de Santa
Catarina e de São Paulo.
Em reunião promovida pela
ONG Comunitas na sexta-feira
entre governos estaduais, o vi-
ce-governador de São Paulo, Ro-
drigo Garcia, disse que a pres-
são do sistema de saúde é maior
nos municípios mais próximos
à capital e que a retomada das
atividades levará isso em conta.
“De maneira geral, os casos es-
tão mais concentrados nas capi-
tais”, diz Regina Esteves, presi-
dente da Comunitas.
Montadoras. No ABC paulista,
multinacionais se organizam
para voltar ao trabalho. A Sca-
nia, que produz ônibus e cami-
nhões em São Bernardo do Cam-
normas da Organização Mun-
dial da Saúde (OMS) e de órgãos
públicos da área de saúde nas es-
feras federal, estadual e munici-
pal. Para organizar a retomada,
a empresa também se baseou
em protocolos de países como
l Contingente
15 mil
é o total de trabalhadores na
fábrica da Weg apenas na
matriz de Jaraguá do Sul (SC)
4 mil
é o total de trabalhadores da
montadora sueca Scania, que
retoma as atividades amanhã,
em São Bernardo do Campo (SP)
fábrica passa por severa faxina
passou de duas para seis. “A pri-
meira semana de retorno será
mais para orientações, para a
adaptação ao que passa ser o ‘no-
vo normal’, sem aglomerações
e com muito cuidado à higie-
ne”, diz Rocha. A Scania empre-
ga 4 mil pessoas, mas a maior
parte do pessoal administrati-
vo seguirá em home office.
A Weg, que já está mais adian-
tada no processo de retomada,
diz que reforçar as recomenda-
ções nunca é demais. Tanto na
fábrica quanto no escritório, a
estação do trabalho é interrom-
pida, de hora em hora, com reco-
mendações de higienização das
mãos e distanciamento social.
É um “novo normal” que ainda
levará um tempo para ser total-
mente assimilado.

Ambulatório corporativo
se especializa na covid-19
Na Mercedes-Benz, fabricante
de caminhões e ônibus em São
Bernardo do Campo, no ABC
paulista, o retorno ocorrerá em
11 de maio com metade dos fun-
cionários, que depois reveza
com a outra parte. A maioria
dos procedimentos é similar ao
adotado por demais empresas.
Um dos diferenciais, segun-
do Fernando Garcia, vice-presi-
dente de recursos humanos da
empresa, é que foi montado ao
lado da fábrica um ambulatório
de campanha para atendimen-
to específico de trabalhadores
com sintomas da covid-19. O
ambulatório normal continua-
rá funcionando para outros ca-
sos. “Ao todo são cerca de 30
médicos, enfermeiros e auxilia-
res de enfermagem para esse
atendimento”. A tenda com o
novo ambulatório tem leito,
ventilador pressurizado e ou-
tros equipamentos.
Ensaio. Nos próximos dias, o
próprio presidente da FCA Fiat
Chrysler, Antonio Filosa, parti-
cipará de um simulado para veri-
ficar todo o procedimento a ser
adotado na fábrica de Betim
(MG) para a retomada da produ-
ção em meados de maio. “Vou
fazer o trajeto de ônibus e de
carro que os funcionários fa-
zem, passar pela portaria e se-
guir o caminho para entrar na
fábrica, ir ao refeitório e demais
locais”, diz. “Se eu perceber que
não está tudo 100% em termos
de garantia, não voltamos.”
Para Filosa, os primeiros dias
de retorno parcial serão “emo-
cionalmente fortes” para todos
que estão em férias desde 23 de
março e “certamente há um sen-
timento de receio”. A ideia, se-
gundo ele, é munir toda a equi-
pe de informações para que pos-
sa se adaptar a esse “mundo no-
vo” com segurança. A empresa
criou um aplicativo em que to-
dos os trabalhadores poderão
comentar o que está ocorrendo
e, se alguém sentir algum sinto-
ma do coronavírus será imedia-
tamente atendido.
Outra montadora do ABC, a
Volkswagen, pretende religar
as máquinas no dia 18 de maio, e
já testou todo o procedimento.
O número de ônibus da frota foi
ampliado e o funcionário terá a
temperatura medida ao embar-
car, a ser feita pelo motorista,
que foi treinado para isso. A me-
dição será repetida ao longo da
jornada de trabalho dentro da
fábrica. Além de máscaras que
serão entregues na portaria, o
pessoal receberá luvas na entra-
da do restaurante.
“O que estamos fazendo na
nossa fábrica está sendo repas-
sado aos fornecedores para que
adotem medidas semelhantes”,
diz o presidente da Volkswagen
para a América Latina, Pablo Di
Si, que chama o primeiro dia de
retorno de “Dia D”. / C.S.
B4 Economia
%HermesFileInfo:B-4:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS Argentina deixa negociações comerciais no Mercosul. Pág. B5}

um “imerecido”. Mas não vale discutir,
GUSTAVO nem tem muita importância mesmo,
H.B. FRANCO pois é o que temos para hoje e o que
vale, para a política, é o que os advoga-
dos designam como “responsabilida-
de objetiva”, ou, na linguagem do Con-
selheiro Acácio, a responsabilidade é
Economia: 45 dias do responsável independentemente
de culpa ou merecimento. Vai para a
ao ficar doente, experimentou o equi-
valente à facada de Bolsonaro durante
a eleição, e vai sair da crise melhor que
a média, assim como Jair Bolsonaro,
por conta da “gripezinha”, entre ou-
tras malcriações e maus exemplos, vai
sair pior, muito pior.
Sendo assim, e considerando que o
fenômeno é global, o prognóstico é
deu duas demonstrações de desa-
preço à autonomia dos órgãos de
Estado que lidam com a Saúde e
com a Polícia, e que resultaram
nas demissões dos ministros Man-
detta e Moro.
É natural que o mercado financei-
ro volte a flertar um terceiro pavor
que seria o desapreço à autonomia

de corona conta da liderança.

De acordo com um velho teorema
que aprendi em Brasília, e de aplica-
ção global, é muito difícil a liderança
ruim para os políticos no poder, de mo-
do que, provavelmente, vamos ter o en-
cerramento desses populismos de
dos órgãos de Estado que lidam com
a Economia e a possível substitui-
ção do ministro Paulo Guedes por
quinta categoria ocorrendo em vários “alguém mais afinado”, e “que possa

C
om um mês e meio do início
oficial da pandemia (a decla-
ração da Organização Mun-
dial da Saúde é de 11 de março), o
estrago sobre a economia é imenso
e, pior, não está completo.
As primeiras projeções para o cres-
cimento do PIB em 2020 começa-
ram a aparecer, o aspecto é péssimo,
mesmo considerando as dosagens
elevadas de pudor e genuína contri-
ção nesses primeiros esforços.
Estamos falando de quedas supe-
riores a 5% para 2020, mas, na hipó-
tese otimista e irreal, que no segun-
do semestre de 2020 voltaremos à
“normalidade pré-corona”, o que
nem mesmo a Militância Bolsonarista
da Terceira Idade de Taubaté acredita
que vá acontecer.
Na verdade, se os números do segun-
do semestre forem afetados por algu-
ma restrição espontânea de mobilida-
de e consumo, o que é bem provável, a
conta para o PIB em 2020 vai ficar mais
próxima de uma queda de dois dígitos.
A mesma dinâmica se observa para o
resto do mundo, para o qual a projeção
do FMI é de 3% de queda, mas na impro-
vável hipótese de uma recuperação for-
te no segundo semestre.
Terrível.
Além de terrível, pode-se certamen-
te acrescentar “inesperado” e talvez
política se aguentar (na próxima elei-
ção) com a economia naufragando
desse jeito, independentemente de
culpa e dolo.
Isso é mais ou menos como dizer
que nenhum tripulante graduado do Ti-
tanic tem muita chance de ser popular
junto aos passageiros e seus familiares.
Fica ainda mais difícil quando houver
gente morrendo sem conseguir entrar
nas UTIs, sobretudo na periferia da Be-
líndia. Por ora, vamos lembrar, a “cur-
va” brasileira reflete a evolução na nos-
sa população belga, daqui para frente,
no entanto, vai ser como na Índia.
Claro que um ou outro líder pode
destoar: Boris Johnson, por exemplo,
países, incluindo este aqui onde esta-
mos. A ver.
Há algo de perverso, todavia, nessas
más notícias do PIB saindo justamente
no ápice do debate sobre a transição do
confinamento geral para algo diferen-
te, cujos protocolos estão ainda em dis-
cussão. A sofreguidão com as conse-
quências políticas de um PIB muito
ruim pode enviesar a decisão para uma
abertura muito grande ou muito rápi-
da, o que pode custar vidas e levar à
volta de medidas mais restritivas no
segundo semestre do ano, arruinando
de vez o PIB de 2020.
Tudo isso não obstante, o presiden-
te, neste mês e no meio da pandemia,
interagir” com o presidente. Essa
possibilidade precisaria ser afasta-
da o mais rápido possível: o presi-
dente teve 40 minutos em cadeia na-
cional para fazê-lo, mas, quando
não falou de Sérgio Moro, tratou de
aquecimento da piscina.
Por tudo isso, o ministro Guedes
precisa ficar maior, e a turma do gabi-
nete do ódio precisa ficar menor.
Não existe outra receita para baixar
a temperatura dessa crise.
]
EX-PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL E
SÓCIO DA RIO BRAVO INVESTIMENTOS.
ESCREVE NO ÚLTIMO DOMINGO DO MÊS

DAVID BECKER/REUTERS – 21/10/2019

Decisão vem
em momento
crítico para
brasileira
O fim das negociações entre
Boeing e Embraer vem no pior
momento para a brasileira.
Após investir R$ 485,5 milhões
em 2019 no processo de separa-
ção do braço de aviação comer-
cial – que iria para a Boeing –, a
Embraer enfrenta um cenário
de demanda fraca pela sua nova
família de aviões, o E2, e ainda
terá de encarar a crise causada
pela pandemia da covid-19, que
afundou o setor aéreo.
Fontes do mercado dizem
que possivelmente a brasileira

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO precisará de um socorro do go-

verno (seguindo o exemplo da
Boeing, que pediu ajuda de
Washington) ou terá de buscar
um outro acordo de venda. A
maior oportunidade seria com
a China, que quer crescer na
aviação com a estatal China
Commercial Aircraft (Comac).
Em vídeo enviado ontem a fun-
cionários, porém, o presidente
da Embraer, Francisco Gomes
Neto, afirma que a empresa tem
liquidez “suficiente e acesso a
fontes de financiamento para
alavancar seus negócios”.
Investimento. A Embraer investiu R$ 485,5 milhões em 2019 no processo de separação do braço de aviação comercial, que ficaria com a Boeing A joint venture na aviação co-
mercial com a Boeing, na qual a
pelo baque que a pandemia do rém, a possibilidade de parte brasileira teria 20%, era vista co-

Embraer acusa novo coronavírus provocou no

setor aéreo. Na ala militar, o ne-
gócio não era unanimidade e,
por esse motivo, o desmanche
do acerto não foi lamentado,
desse dinheiro ser usada para
comprar uma empresa brasilei-
ra é alvo de críticas.
Outro problema que apare-
ceu recentemente nas negocia-
mo oportunidade para a Em-
braer se manter competitiva. Is-
so porque o mercado se tornou
mais acirrado quando, em outu-
bro 2017, a europeia Airbus com-

Boeing de quebra pelo contrário, foi até comemo-

rado.
A área econômica, que tem
apostado em privatizações e
concessões para alavancar o
ções foi o valor do contrato. Em
4 de julho de 2018, um dia antes
de o negócio ser anunciado, a
Embraer valia R$ 19,8 bilhões
no mercado. Hoje, esse número
prou o programa dos jatos C-Se-
ries da canadense Bombardier.
O C-Series era uma família de
aviões que competia diretamen-
te com a Embraer.

de contrato crescimento da economia após

Fabricante brasileira diz que empresa americana produziu falsas
alegações para romper negócio de US$ 4,2 bi fechado em 2018
Luciana Dyniewicz / SÃO PAULO
Tânia Monteiro / BRASÍLIA
Idiana Tomazelli
Até então parceiras, as fabri-
cantes de aviões Embraer e
Boeing entraram em guerra
ontem, após a americana ter
anunciado que encerrou as
negociações para comprar a
divisão de aviação comercial
da brasileira. As empresas ha-
viam anunciado, em julho de
2018, um acordo de US$ 4,2 bi-
lhões, que recebeu aval do go-
verno de Jair Bolsonaro sete
meses depois.
O anúncio da Boeing se deu
em meio a maior crise de sua
história, que envolve dois aci-
dentes com seu principal
avião, o 737 MAX, e a paralisa-
ção do setor aéreo em decorrên-
cia da pandemia da covid-19. A
companhia responsabilizou a
Embraer pela não conclusão
do negócio. Em nota, afirmou
que “exerceu seu direito de res-
cindir (o contrato) após a Em-
braer não ter atendido as condi-
ções necessárias”, mas não es-
pecificou quais eram as condi-
ções.
A Embraer respondeu às afir-
mações, três horas depois, tam-
bém em nota, na qual acusou a
americana de ter rescindido o
contrato de forma indevida.
“(A Boeing) fabricou falsas ale-
gações como pretexto para ten-
tar evitar seus compromissos
de fechar a transação e pagar à
Embraer o preço de compra de
U$ 4,2 bilhões.”
A nota afirma ainda que a em-
presa acredita que a Boeing vi-
nha adotando “um padrão siste-
mático de atraso e violações re-
petidas ao MTA ( acordo), pela
falta de vontade em concluir a
transação, pela sua condição fi-
nanceira, por conta dos proble-
mas com o 737 MAX e por ou-
tros problemas comerciais e de
reputação”.
Segundo o Estado apurou, a
brasileira pretende tentar reto-
mar as negociações e, caso não
consiga chegar a um acordo, de-
verá entrar na Justiça para ser
ressarcida. No documento emi-
tido ontem, a Embraer afirma
que “buscará todas as medidas
cabíveis contra a Boeing pelos
danos sofridos como resultado
do cancelamento indevido”.
O rompimento do acordo foi
visto dentro do governo brasi-
leiro como um desfecho já espe-
rado, diante da crise enfrenta-
da pela empresa americana e
l Valor de mercado
R$ 19,8 bi
era o valor de mercado da Em-
baer um dia antes de o negócio
com a Boeing ser anunciado no
dia 4 de julho de 2018
R$ 6, 1 bi
é o valor de mercado hoje da fa-
bricante brasileira de aeronaves,
um recuo de 69%
a crise, avalia que a desistência
não teve relação com uma per-
cepção de risco em relação ao
Brasil. Segundo um integrante
da equipe, se fosse um negócio
envolvendo aéreas dos EUA e
da Europa, o desfecho seria o
mesmo.
Os defensores do Plano
Pró-Brasil de investimentos
públicos em infraestrutura,
por sua vez, já usam o rompi-
mento do acordo como muni-
ção para a estratégia de defesa
do programa.
Mercado. Nas últimas sema-
nas, o mercado vinha aventan-
do a possibilidade de a transa-
ção não ser concluída. No últi-
mo domingo, o Estado mos-
trou que, entre os entraves, es-
tava a capacidade de a Boeing
pagar o valor devido à Embraer.
Além dos dois acidentes com os
aviões 737 MAX, que mataram
346 pessoas e levaram o modelo
a parar de operar, a crise do co-
ronavírus vem prejudicando a
situação de caixa da compa-
nhia.
A Boeing, inclusive, indicou
que a indústria aeroespacial
americana necessitará de US$
60 bilhões do governo para so-
breviver. A empresa seria a prin-
cipal beneficiada se esse mon-
tante for liberado. Nos EUA, po-
é de R$ 6,1 bilhões, um recuo de
69%, o que tornaria elevado o
valor a ser pago agora pela
Boeing.
Apesar de sempre ter sido da-
do como certo, o acordo entre
as empresas vinha sofrendo difi-
culdade, desde o ano passado,
para conseguir aval das autori-
dades reguladoras da União Eu-
ropeia, o que atrasou a conclu-
são do negócio. A previsão ini-
cial era que a americana assu-
misse os 80% da divisão de ja-
tos comerciais da brasileira no
fim do ano passado.
Além da venda do braço de
aviação comercial da Embraer,
o acordo previa a criação de
uma joint venture para a comer-
cialização do cargueiro militar
C-390 Millenium, o maior avião
já desenvolvido no Brasil e cujo
projeto foi recém-concluído.
Havia possibilidade de essa no-
va empresa, da qual a Embraer
seria sócia majoritária, instalar
uma linha de produção do mo-
delo nos EUA, para ampliar seu
potencial de vendas para o go-
verno americano e outros paí-
ses parceiros de Washington.
Com a rescisão do contrato, a
criação da joint venture tam-
bém foi cancelada. As duas com-
panhias, porém, manterão um
acordo para que a Boeing venda
e faça manutenção do C-390
em parceria com a Embraer.
Com a rescisão com a Boeing,
a Embraer agora brigará sozi-
nha contra gigantes. Tudo se
torna mais grave porque a brasi-
leira acaba de investir US$ 1,75
bilhão para desenvolver três no-
vos modelos de aviões, os E2,
que, apesar de serem considera-
dos os melhores da categoria,
estão sendo pouco demanda-
dos. “As vendas estão fracas por-
que o setor já não ia muito
bem”, afirmou uma fonte.
Em nota, a empresa nega pro-
blemas com as vendas. “O negó-
cio da aviação comercial conti-
nua forte, somos líderes no mer-
cado de jatos regionais (...), e
acreditamos que os jatos regio-
nais liderarão a recuperação do
setor de aviação nos próximos
trimestres, à medida que as com-
panhias aéreas retomarem suas
operações por meio de rotas re-
gionais e domésticas, que são
nossos principais mercados”.
Sobre a possibilidade de a em-
presa pedir ajuda ao governo,
respondeu que “qualquer medi-
da será estudada”, tendo em vis-
ta também os efeitos do corona-
vírus. “A Embraer terminou o
ano de 2019 com uma boa posi-
ção de caixa, porém, como é sa-
bido, todas as empresas de avia-
ção foram fortemente atingidas
com a crise do coronavírus e
qualquer medida de apoio será
estudada e comunicada.” / L.D.

%HermesFileInfo:B-5:20200426:
O ESTADO DE S. PAULO
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
Argentina deixa negociações no Mercosul
Justificativa do governo aos outros membros do grupo é que a crise da covid-19 impede o país de seguir com a abertura de seu mercado
Luciana Dyniewicz
A Argentina abandonou um
dos pilares do Mercosul ao se
retirar das negociações de
acordos comerciais do bloco.
O anúncio de que o país não
participará mais de tratati-
vas em curso ou futuras – mas
que não criará obstáculos pa-
ra que seus parceiros sigam
com essas conversas – foi fei-
to na noite de sexta-feira pelo
Paraguai, que está na presi-
dência pro tempore do grupo.
Uma das principais regras do
Mercosul é que tratados co-
merciais com terceiros só po-
dem ser fechados se todos os
países do bloco estiverem de
acordo.
O governo de Alberto Fernán-
dez responsabilizou a crise cau-
sada pela pandemia do corona-
vírus pela decisão. Ao anunciar
a medida do país vizinho, o Para-
guai informou que o bloco estu-
dará “medidas jurídicas, institu-
cionais e operacionais”.
“O anúncio foi feito pela dele-
gação argentina durante reu-
nião, em videoconferência, dos
coordenadores nacionais do
Grupo Mercado Comum sobre
relações exteriores”, afirma o
Brasil pode
tirar proveito
de decisão
Idiana Tomazelli / BRASÍLIA
A decisão anunciada pela Argen-
tina de se afastar do Mercosul
nas futuras negociações de livre
comércio do grupo pode ser
uma “bênção disfarçada” para o
Brasil, segundo a avaliação de
um observador ouvido pelo Es-
tadão/Broadcast sob condição
de anonimato.
O Brasil tem tentado uma
maior flexibilização no Merco-
sul para permitir que os países
do bloco possam buscar indivi-
dualmente acordos com outros
países, envolvendo inclusive ta-
rifas e cotas, sem necessaria-
mente negociar sob o chapéu
do Mercosul, como ocorre hoje.
O País tem interesse nesses
acordos para levar adiante sua
estratégia de abertura comer-
cial sem depender tanto de um
consenso entre os países do blo-
co, que pode demorar.
Na avaliação dessa fonte, a de-
cisão da Argentina abre cami-
nho para tirar do papel essa pro-
posta de flexibilização. Na práti-
ca, os países do bloco poderiam
formar coalizões distintas, a de-
pender de quem está do outro
lado da mesa de negociação. Se-
ria um “Mercosul à la carte”.
Os termos desse afastamen-
to dos argentinos, porém, ainda
precisarão ser oficializados pa-
ra evitar que, no futuro, um
eventual retorno gere insegu-
rança sobre os acertos realiza-
dos nesse período de “parada
técnica” do país vizinho em sua
relação com o bloco.
Gerdau, Ipiranga e Zaffari doam hospital para RS
Orçada em R$ 10,4 mi,
obra começará ainda
este mês e ficará pronta
até maio para atender
a casos da covid-19
Renée Pereira
Gerdau, Ipiranga e Grupo Zaffa-
ri vão investir R$ 10,4 milhões
na construção de um hospital
em Porto Alegre, no Rio Grande
do Sul. A unidade terá 60 leitos
construídos em uma área do
Hospital Independência, na ca-
pital gaúcha, onde está concen-
trado o maior número de casos
de covid-19 no Estado. O objeti-
vo é entregar a obra em tempo
recorde, até o fim de maio.
“Dentro dos pilares que esco-
Regra. Tratados comerciais com terceiros só podem ser negociados se todos os membros do bloco estiverem de acordo
comunicado do Mercosul, que
ressalta que a decisão não inter-
fere nos tratados já fechados
com a Associação Europeia de
Livre Comércio (formada por
Suíça, Noruega, Islândia e Lie-
chtenstein) e a União Europeia.
A decisão, no entanto, pode pre-
judicar acordos que estavam
sendo negociados com Canadá,
SÓ AQUI VOCÊ
ENCONTRA
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
LEILÕES DIÁRIOS DE VEÍCULOS SOMENTE ONLINE E COM DELIVERY.
Em cumprimento à legislação vigente e preocupados com a saúde de todos, os leilões
estão sendo realizados somente online, sem visitação pública, a fim de evitar aglomerações.
E COM DELIVERY DOS ARREMATES, EM CIDADES NUM RAIO DE ATÉ 100 KM DO PÁTIO ONDE O VEÍCULO ESTIVER, AO CUSTO
OBRIGATÓRIO DE R$ 500,00 PARA VEÍCULOS LEVES E R$ 800,00 PARA UTILITÁRIOS PESADOS E CAMINHÕES.
lhemos para ajudar no combate
à pandemia, a ampliação da ca-
pacidade hospitalar é uma variá-
vel importante”, diz o presiden-
te da Ipiranga, Marcelo Araújo.
Segundo ele, durante a crise, a
unidade será usada como base
de tratamento do coronavírus.
Nesse período, a instituição se-
rá administrada pelo hospital
privado Moinhos de Vento – ou-
tro parceiro do projeto.
Passado o período de pande-
mia, a unidade será transferida
para a Prefeitura de Porto Ale-
gre e incorporada ao Hospital
Independência, virando um le-
gado para a cidade, diz Araújo. A
construção começará ainda nes-
te mês e deverá ser concluída
no final de maio. A rapidez das
obras só será possível por causa
da técnica de construção modu-
Coreia do Sul, Cingapura, Líba-
no e Índia.
“A República Argentina infor-
mou que tomou esta decisão pa-
ra priorizar sua política econô-
mica interna, agravada pela pan-
demia da covid-19, e indicou
que não será um obstáculo para
que os outros países do bloco
continuem as negociações”, diz
WWW.SODRESANTORO.COM.BR
Para distâncias maiores, consulte-nos sobre a disponibilidade.
lar, criada pela construtora Bra-
sil ao Cubo.
Tecnologia. Com uma veloci-
dade quatro vezes maior que
uma construção comum, essa
técnica consiste no encaixe de
módulos individuais, produzi-
dos em fábrica e, então, monta-
dos no local escolhido. O mode-
lo já foi usado pela própria Ger-
dau em outra iniciativa em São
l Ajuda
“Dentro dos pilares que
escolhemos para ajudar no
combate à pandemia, a
ampliação da capacidade
hospitalar é importante.”
Marcelo Araújo
PRESIDENTE DA IPIRANGA
o comunicado do Paraguai.
Ainda na noite de sexta-feira,
o Ministério das Relações Exte-
riores da Argentina também pu-
blicou uma nota em que afir-
mou que, durante a crise do coro-
navírus, o país está adotando
uma posição diferente da de al-
guns sócios. Segundo o texto, a
Argentina está “evitando os efei-
Paulo. Em parceria com a Am-
bev, a empresa construiu uma
unidade em M’Boi Mirim, em
São Paulo, também para o trata-
mento da covid-19.
No projeto de Porto Alegre,
300 profissionais, entre médi-
cos e equipe multidisciplinar,
serão deslocados para a nova
unidade, que oferecerá atendi-
mento 24 horas. Segundo o pre-
sidente da Gerdau, Gustavo
Werneck, o momento é desafia-
dor e requer agilidade e colabo-
ração. “A inovação, aliada à rapi-
dez da construção, são essen-
ciais para erguer o centro de tra-
tamento, que salvará muitas vi-
das”, afirma ele.
Além da doação em dinheiro,
a Gerdau fornecerá 400 tonela-
das de aço e vai auxiliar no pro-
cesso construtivo.
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
MIGUEL LO BIANCO/REUTERS-22/04/2020
l Tamanho
US$ 2,78 tri
é o Produto Interno Bruto
do bloco comercial formado
por Brasil, Argentina, Paraguai
e Uruguai, segundo dados do
Fundo Monetário Internacional
Obra. Maquete do hospital a ser erguido em Porto Alegre
Economia B5
tos da pandemia, protegendo as
empresas, os empregos e a situa-
ção das famílias mais humildes.
Isso é diferente das posições de
alguns parceiros, que propõem
uma aceleração das negociações
de acordos de livres comércios”.
Nenhum dos comunicados ci-
ta a possibilidade de mudança
na tarifa comum dos países do
Mercosul para importação, a
TEC. O Brasil quer reduzir essa
taxa, movimento ao qual o go-
verno de Fernández se opõe. Se-
gundo uma fonte argentina, ain-
da não há uma definição se Bue-
nos Aires concordaria com a
possibilidade de os países te-
rem taxas diferentes.
A abertura comercial do Mer-
cosul, uma bandeira defendida
pelo governo de Jair Bolsonaro
e do ex-presidente da Argenti-
na Mauricio Macri, foi colocada
em xeque no fim do ano passa-
do, quando Alberto Fernández
derrotou nas urnas o então pre-
sidente argentino de centro-di-
reita. Ainda durante a campa-
nha eleitoral, Fernández critica-
ra o acordo de livre comércio
entre o Mercosul e a União Eu-
ropeia, que foi fechado em ju-
nho de 2019, após 20 anos de
negociação.
País vive há
dois anos
em recessão
BUENOS AIRES
A Argentina completou ontem
dois anos do início de uma pro-
funda recessão, marcada por al-
ta inflação, crescente pobreza
e um nível de endividamento
em elevação. Tudo isso num ce-
nário que se agravou com a cri-
se provocada pela pandemia
do novo coronavírus.
Em 2018, a Argentina estava
quase no fim do governo de
Maurício Macri (2015-2019),
que promoveu vários reformas
econômicas de abertura após 12
anos de “kirchnerismo” no po-
der, mudanças a partir das quais
se esperava uma decolagem da
economia que nunca veio. No
dia 25 de abril daquele ano, o
mercado de câmbio operou a
primeira de muitas desvaloriza-
ções súbitas do peso argentino.
O salto na cotação do dólar,
moeda historicamente usada
pelos argentinos como um por-
to seguro, se traduziu na acelera-
ção da inflação.
A crise cambial contagiou a
economia real e se intensifi-
cou em 2019, no calor de um
tenso processo eleitoral que
terminou com a chegada do pe-
ronista Alberto Férnandez na
Casa Rosada em dezembro da-
quele ano.
Com a deterioração econômi-
ca, o endividamento do país te-
ve forte avanço. Segundo dados
oficiais, a dívida pública argenti-
na passou de 56,6% do PIB, no
fim de 2017, para 88,8% em
2019. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
GERDAU, IPIRANGA E ZAFFARI
 B6 CLASSIFICADOS
%HermesFileInfo:Co-6:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

Carreiras&Empregos PARA ANUNCIAR

(11) 3855.2001
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS

Mulheres contam como é ser CEO em casa com filhos

Executivas incluem
tarefas domésticas na
rotina, mas relatam
reuniões mais precisas
e burocracia reduzida
Bianca Zanatta
ESPECIAL PARA O ESTADO
Café da manhã em família no
meio da semana era raridade
na rotina de Fiamma Zarife,
CEO do Twitter no Brasil.
Mãe de uma adolescente de
16 anos e de um menino de 9,
ela se despedia dos filhos às
6h30, quando os dois saíam
para a escola. Então, começa-
va seu ritual matutino de che-
car e-mails e trend topics do
Twitter e dar um pulo na aca-
demia do prédio antes de ir
para a empresa, onde passa-
va o dia entre reuniões. A exe-
cutiva voltava a encontrar a
família só às 20h para jantar.
“Agora, tomar café da ma-
nhã juntos virou um ritual”,
conta. Com a equipe em ho-
me office e os filhos 24 horas
em casa, o dia da executiva
mudou por completo. “A pri-
meira semana foi meio sem
limites, com jornadas de tra-
balho longas. Cheguei a almo-
çar às 3h da manhã e só por-
que meu marido trouxe um
prato, de tão envolvida que
estava com a adaptação.”
A parceria com o marido,
aliás, é o segredo para dar
conta do recado. “Ele é o cara
da cozinha, enquanto eu cui-
do da arrumação.” A família
também delimitou espaços
para que cada um se concen-
tre no que precisa fazer. Ela tra-
balha na sala, a filha estuda no
quarto e o filho, na cozinha. A
CEO faz check-ups diários com
seu time direto e calls de alinha-
mento semanais com 15 áreas
que criam suporte para vendas.
Como reuniões com muitas
pessoas tendem a ser caóticas
no ambiente digital, a solução
foi se apoiar no Google Docs –
método que ela pretende man-
ter. “A gente compartilha os do-
cumentos para leitura silencio-
sa e cada um faz seus comentá-
rios lá, sem excesso de falação.”
A capacidade de adaptação e
colaboração do time, para ela,
foram potencializadas pelo iso-
lamento social. “Estamos viven-
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
mudanças e a baixa nas ven-
das também abriram espaço
ANTES (DA para um novo direcionamen-
QUARENTENA) to. “É o momento ideal para
EU NÃO ESTAVA investir naqueles projetos es-
ATENTA A tratégicos que ficam esqueci-
QUANTO É dos porque questões opera-
IMPORTANTE cionais se sobrepõem.”
ACOMPANHAR Para Evelyn Veronese, vi-
MEU FILHO ce-presidente de manufatu-
MAIS DE PERTO ras da Whirlpool no Brasil, o
home office foi uma quebra
de paradigma. Mãe de Rafael,
de 9 anos, no começo ela
Evelyn achou que não daria certo.
Veronese “Com as ações emergenciais
WHIRLPOOL na empresa e o Rafa quase de
BRASIL férias em casa, a primeira se-
mana foi difícil”, lembra.
Agora tudo entrou no lu-
gar. Ela começa a trabalhar
às 8h, blinda duas horas para
almoçar em família e depois
reassume até as 20h30. A exe-
cutiva também faz um plane-
jamento semanal de EAD (en-
sino a distância) com o filho.
“A distribuição está interes-
do uma situação limite e preci- sa aumentaram absurdamente clair Pharma e mãe de Lara, de 1 sante e ainda conseguimos
sa haver muita tolerância para e é importante não deixar o es- ano e 4 meses, procurava sem- ter momentos de brincadei-
aceitar as interrupções, apren- tresse contaminar em casa.” pre levá-la para a escolinha com ra, jogos de tabuleiro, coisas
der e desaprender rápido.” Flexibilização da rotina, pa- o marido e voltar para casa no que deixam o dia mais leve.”
Adaptação também se tor- ciência e disciplina agora an- fim do dia a tempo de dar banho, Para ela, a nova dinâmica
nou palavra de ordem para Vi- dam de mãos dadas. “A Toyota jantar junto e ler histórias. Com tem ajudado a passar por tu-
viane Mansi, presidente da Fun- estava no início da implementa- o isolamento, estabelecer uma do com maior consciência.
dação Toyota do Brasil e mãe de ção do home office, então é um nova rotina foi fundamental. “A grande preocupação é co-
Guilherme, de 10 anos. Com grande aprendizado”, diz a exe- mo tomar as decisões corre-
uma agenda carregada de via- cutiva, que procura manter digi- Projetos estratégicos. Por ter tas. Não houve nenhuma con-
gens, ela ficava pouco mais de talmente o “olho no olho” prati- uma criança pequena, no entan- taminação nas fábricas.”
uma semana por mês no Brasil cado na empresa. Em casa, tam- to, a executiva bate forte na te- Da experiência da quaren-
antes da quarentena. bém vale a máxima de colabo- cla da flexibilidade. “Não tenho tena, a simplificação de pro-
“Eu tinha uma estrutura ar- rar. Na divisão de tarefas, o ma- vergonha de fazer calls cozi- cessos e o espírito colaborati-
mada. Meus pais moram perto rido elegeu a limpeza e ela, a co- nhando ou deixar a Lara sentar vo na empresa são lições que
e sempre deram uma baita aju- zinha. “Eu não sabia nem onde no meu colo durante reuniões”, vão ficar. No lado pessoal,
da, meu marido levava e busca- ficavam as panelas”, ri. diz. “O momento é de empatia. um valor se renova. “Antes
va na escola.” De lá para cá, o Apesar das viagens e reuniões É preciso aceitar que nada está eu não estava atenta a quan-
rearranjo foi total. “As deman- presenciais, Letícia Tomazelli, igual e que tudo bem.” to é importante acompanhar
das de comunicação na empre- diretora de operações da Sin- No dia a dia da empresa, as meu filho mais de perto.”

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

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ADMINISTRATIVA/GESTAO
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ADMINISTRATIVA/GESTAO
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LA VISTA R$ 1.100,00 3277833
ADMINISTRATIVA/GESTAO
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CEL,WORD. Pinheiros R$ 1.340,00
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pUblica R$ 900,00 3278604
ADMINISTRATIVA/GESTAO
4.o Sem. Santo Amaro R$ 1.
045,00 3272192
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Conceicao R$ 1.500,00 3276962
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CALL CENTER/COMUNIC.
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CALL CENTER/COMUNIC.
2.o Sem. ao 6.o Sem. SANTO
AMARO R$ 879,00 3286227
CALL CENTER/COMUNIC.
3.o Sem. ao 5.o Sem. Vila Mas-
cote R$ 600,00 3270040
CIENCIA DA COMPUTACAO
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CA R$ 800,00 3277020
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000,00 3273861
COMERCIAL/GESTAO
1.o Sem. ao 4.o Sem. SE R$ 1.
000,00 3273930
COMERCIAL/GESTAO
1.o Sem. ao 6.o Sem. EXCEL,IN-
GLES,WORD. Bela Vista R$ 1.
100,00 a R$ 1.300,00 3277670
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1.o Sem. ao 7.o Sem. CENTRO R$
800,00 3268732
COMERCIAL/GESTAO
2.o Sem. ao 5.o Sem. Cerqueira
Cesar R$ 1.200,00 3275760
COMERCIAL/GESTAO
2.o Sem. ao 6.o Sem. EXCEL,IN-
GLES. VILA OLIMPIA R$ 1.000,00
3268823
COMERCIAL/GESTAO
2.o Sem. ao 7.o Sem. CENTRO R$
800,00 3268622
COMERCIAL/GESTAO
2.o Sem. ao 7.o Sem. VILA OLIM-
PIA R$ 800,00 a R$ 900,00
3286901
COMERCIAL/GESTAO
3.o Sem. ao 6.o Sem. EX-
CEL,WORD. Bras R$ 1.000,00
3283396
COMERCIAL/GESTAO
3.o Sem. ao 7.o Sem. VILA SO-
NIA R$ 806,00 3270854
COMERCIAL/GESTAO
5.o Sem. ao 7.o Sem. INGLES IN-
TERMEDIARIO,WORD,EXCEL. India-
nopolis R$ 1.200,00 3259712
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1.o Ano VILA MARIANA R$ 1.
016,00 3257398
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2.o Sem. ao 4.o Sem. PHOTO-
SHOP. JD PAULISTANO R$ 1.
500,00 3275192
COMUN. SOC - PUBL E PROP
4.o Sem. ao 6.o Sem. INGLES.
PARAISO R$ 1.558,00 3272468
COMUNIC DIG (WEB DESIGN)
2.o Ano PERDIZES R$ 1.200,00
3286652
COMUNIC SOCIAL - JORNALI.
3.o Sem. BELA VISTA R$ 1.
486,65 3270180
CRIACAO/COMUNICACAO
1.o Sem. ao 6.o Sem. PINHEIROS
R$ 1.000,00 3269348
CRIACAO/COMUNICACAO
3.o Sem. ao 6.o Sem. LAPA R$ 2.
000,00 3272135
CRIACAO/MARKETING
1.o Sem. ao 6.o Sem. EX-
CEL,WORD. Brooklin Paulista R$
867,36 3263905
DESENV. SISTEMAS/INFOR
12.o Ano ao 12.o Ano INGLES
INTERMEDIARIO. JARDIM PAULIS-
TANO R$ 1.750,00 3280782
DESENV.HARDWARE/INFOR.
2.o Sem. Agua Branca R$ 1.
337,23 a R$ 1.558,69 3274235
DESENV.HARDWARE/INFOR.
2.o Sem. ao 5.o Sem. IN-
GLES,WINDOWS. ITAIM BIBI R$ 1.
950,00 3274892
DESENV.SOFTWARE/INFORM
2.o Sem. ao 6.o Sem. INGLES IN-
TERMEDIARIO. CONSOLACAO R$
1.500,00 3273638
DIREITO
2.o Sem. ao 8.o Sem. CENTRO R$
600,00 3274772
DIREITO
3.o Ano ao 5.o Ano Vila Guarani
Z Sul R$ 1.120,00 a R$ 1.
150,00 3267199
DIREITO
3.o Sem. ao 7.o Sem. CHA SAN-
TO ANTONIO R$ 1.500,00
3266148
DIREITO
4.o Ano ao 5.o Ano EXCEL,WORD.
Itaim Bibi R$ 1.000,00 a R$ 1.
100,00 3269610
DIREITO
5.o Sem. ao 6.o Sem. EX-
CEL,WORD. SANTO AMARO R$ 1.
200,00 3275772
DIREITO
8.o Sem. JD PAULISTA R$ 1.
400,00 a R$ 2.000,00 3267005
EAD - LICENC EM LETR/INGL
1.o Ano SANTO AMARO R$ 800,00
3282233
EDUCACAO FISICA - BACHAR.
1.o Ano AT PINHEIROS R$ 6,00
p/Hora 3276429
EDUCACAO FISICA - BACHAR.
5.o Sem. ao 6.o Sem. JARDIM
AMERICA R$ 1.165,67 3284228
EDUCACAO INFANTIL/EDUC.
1.o Sem. ao 6.o Sem. Higienopo-
lis R$ 800,00 3261625
ENFERMAGEM
2.o Ano IPIRANGA R$ 1.000,00
3263501
ENGENHARIA CIVIL
5.o Sem. AUTO CAD. CERQUEIRA
CESAR R$ 1.200,00 3263445
ENGENHARIA CIVIL
7.o Sem. ao 8.o Sem. JD PAULIS-
TANO R$ 1.556,56 3284218
ENGENHARIA DE PRODUCAO
5.o Sem. ao 8.o Sem. IPORANGA
R$ 1.524,00 3287260
ENGENHARIA ELETRICA
3.o Sem. ao 10.o Sem. EXCEL,IN-
GLES INTERMEDIARIO. Consola-
cao R$ 1.000,00 a R$ 1.500,00
3278822
ENGENHARIA MECANICA
3.o Sem. ao 4.o Sem. VILA BEA-
TRIZ R$ 9,00 p/Hora 3277191
ENGENHARIA MECANICA
5.o Sem. ao 6.o Sem. IPIRANGA
R$ 1.260,00 3286250
ENGENHARIA MECANICA
5.o Sem. ao 7.o Sem. VILA LIVIEI-
RO R$ 1.200,00 3275006
EVENTOS/COMUNICACAO
3.o Sem. ao 6.o Sem. VL IDA R$
1.100,00 3269942
EVENTOS/COMUNICACAO
4.o Sem. ao 6.o Sem. EX-
CEL,WORD. ALTO DE PINHEIROS R$
1.100,00 3263898
www.estadao.com.br/empregos
FARMACIA
3.o Sem. ao 7.o Sem. EX-
C E L , WO R D. S e R $ 7 0 0 , 0 0
3280332
FINANCEIRA/GESTAO
1.o Sem. ao 6.o Sem. VILA HAM-
BURGUESA R$ 1.500,00
3271479
FINANCEIRA/GESTAO
2.o Sem. ao 7.o Sem. VILA LEO-
POLDINA R$ 820,00 3259286
FINANCEIRA/GESTAO
2.o Sem. ao 7.o Sem. VILA OLIM-
PIA R$ 800,00 a R$ 900,00
3286888
FINANCEIRA/GESTAO
4.o Sem. ao 5.o Sem. EXCEL,IN-
GLES INTERMEDIARIO. BROOKLIN
R$ 1.750,00 3274944
FINANCEIRA/GESTAO
4.o Sem. ao 5.o Sem. EXCEL,IN-
GLES. BROOKLIN R$ 1.750,00
3274905
FINANCEIRA/GESTAO
4.o Sem. ao 6.o Sem. EXCEL,IN-
GLES AVANCADO,WORD. VILA
CORDEIRO R$ 1.500,00 3281664
FINANCEIRA/GESTAO
4.o Sem. ao 6.o Sem. EX-
CEL,WORD. ITAIM BIBI R$ 1.
900,00 3261748
FINANCEIRA/GESTAO
4.o Sem. ao 6.o Sem. EX-
CEL,WORD. Pinheiros R$ 1.340,00
3287175
FINANCEIRA/GESTAO
4.o Sem. ao 7.o Sem. EXCEL.
JARDIM PAULISTA R$ 1.300,00
3272260
FINANCEIRA/GESTAO
4.o Sem. ao 7.o Sem. Vila Olim-
pia R$ 1.900,00 3264653
FISIOTERAPIA
5.o Sem. ao 10.o Sem. PERDI-
ZES R$ 600,00 3258953
FISIOTERAPIA
5.o Sem. ao 7.o Sem. JARDINS R$
4,50 p/Hora 3272289
GASTRONOMIA/TURISMO
1.o Sem. ao 10.o Sem. Cerqueira
Cesar R$ 600,00 3286085
GASTRONOMIA/TURISMO
1.o Sem. ao 6.o Sem. Jardim Ta-
quaral R$ 1.000,00 3278767
GESTAO/COMUNICACAO
2.o Sem. ao 6.o Sem. BOM RETI-
RO R$ 800,00 3263652
GESTAO/COMUNICACAO
2.o Sem. ao 7.o Sem. VILA OLIM-
PIA R$ 800,00 a R$ 900,00
3286882
GESTAO/EMBELEZAMENTO
1.o Sem. ao 2.o Sem. JD PAULIS-
TA R$ 900,00 3277140
GESTAO/PRODUCAO
4.o Sem. ao 6.o Sem. EXCEL,IN-
GLES INTERMEDIARIO,WORD. Bro-
oklin Novo R$ 16,93 p/Hora
3264217
HOTELARIA/TURISMO
1.o Sem. ao 6.o Sem. Consola-
cao R$ 1.000,00 3266232
HOTELARIA/TURISMO
1.o Sem. ao 7.o Sem. INGLES.
JARDIM PAULISTA R$ 1.300,00
3261331
JORNALISMO/COMUNIC.
5.o Sem. ao 7.o Sem. INGLES IN-
TERMEDIARIO. BELA VISTA R$ 1.
600,00 3273661
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3.o Sem. ao 6.o Sem. CAMPO
BELO R$ 900,00 3270820
MARKETING
2.o Sem. ao 7.o Sem. INGLES.
JARDIM PAULISTA R$ 1.300,00
3262844
MARKETING/COMUNICACAO
1.o Ano V ila Leopoldina R$
700,00 3277226
MARKETING/COMUNICACAO
3.o Sem. ao 5.o Sem. Vila Mas-
cote R$ 600,00 3270042
MARKETING/COMUNICACAO
5.o Sem. ao 7.o Sem. INGLES IN-
TERMEDIARIO,PHOTOSHOP. SaUde
R$ 855,00 3260316
MARKETING/MARKETING
1.o Sem. ao 3.o Sem. WORD,EX-
CEL. Vila Romana R$ 900,00 a R$
1.000,00 3275641
MARKETING/MARKETING
2.o Sem. ao 4.o Sem. SANTA CE-
CILIA R$ 1.045,00 3268984
MARKETING/MARKETING
2.o Sem. ao 5.o Sem. CERQUEI-
RA CESAR R$ 1.315,00 3264236
MARKETING/MARKETING
3.o Sem. ao 8.o Sem. COREL
DRAW,PHOTOSHOP. BRAS R$ 1.
100,00 3287257
MARKETING/MARKETING
5.o Sem. ao 7.o Sem. WIN-
DOWS,PHOTOSHOP. Vila Mariana R$
1.300,00 3273631
MONIT-AULA/EXATAS/EDUC.
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800,00 3269277
MONIT-AULA/HUMA./EDUC.
4.o Sem. ao 7.o Sem. Perdizes R$
800,00 3269327
NUTRICAO
2.o Sem. ao 5.o Sem. BUTANTA R$
500,00 3285720
OBRAS/CONSTRUCAO CIVIL
7.o Sem. ao 8.o Sem. Vila Maria-
na R$ 1.300,00 a R$ 1.500,00
3270045
OP.MANUTENCAO/ELETR.
1.o Ano CERQUEIRA CESAR R$
1.100,00 3284318
OPERACAO TECNICA/INFOR.
2.o Sem. ao 5.o Sem. Agua Bran-
ca R$ 1.337,23 a R$ 1.558,69
3256880
OPERACAO TECNICA/INFOR.
2.o Sem. ao 5.o Sem. Agua Bran-
ca R$ 1.337,23 a R$ 1.558,69
3256942
OPERACAO TECNICA/INFOR.
3.o Sem. ao 5.o Sem. IPIRANGA
R$ 1.000,00 3263517
PEDAGOGIA
1.o Sem. ao 6.o Sem. Vila Olim-
pia R$ 1.000,00 3262992
PEDAGOGIA
1.o Sem. ao 6.o Sem. Vila Olim-
pia R$ 1.000,00 3265001
PESQUISA/ARQUIT.URB.
2.o Sem. ao 5.o Sem. CENTRO R$
690,36 3278146
PRODUCAO/QUIMICA
3.o Sem. ao 6.o Sem. INGLES.
LAPA DE BAIXO R$ 1.600,00
3271312
PROGRAMACAO/INFORM
1.o Sem. ao 5.o Sem. SAO FRAN-
CISCO R$ 750,00 3269729
7HO
PROGRAMACAO/INFORM
1.o Sem. ao 5.o Sem. VL ANDRA-
DE R$ 750,00 3269863
PROJ.SANEAM/CONST.CIVIL
1.o Ano ao 5.o Ano VILA MONTE
ALEGRE R$ 1.100,00 3260694
PROJ.SISTEMAS/INFORM
4.o Sem. ao 6.o Sem. INGLES,EX-
CEL. Vila Olimpia R$ 1.200,00
3269828
PROJETOS/CONSTR. CIVIL
5.o Sem. ao 8.o Sem. AUTO CAD.
CAMPO BELO R$ 12,00 p/Hora
3261912
PROJETOS/ELETR.
1.o Sem. ao 8.o Sem. SE R$
600,00 3269108
PUBLIC. E PROPAGANDA
1.o Ano ao 4.o Ano CERQUEIRA
CESAR R$ 900,00 3287578
QUIMICA
1.o Sem. ao 7.o Sem. VL MARIA-
NA R$ 1.300,00 3272010
RECREACAO/EDUCACAO
1.o Sem. ao 5.o Sem. JAGARE R$
564,00 3269878
RECUR. HUMANOS/GESTAO
3.o Sem. ao 6.o Sem. POWER
POINT,EXCEL. VILA GERTRUDES R$
1.480,00 3264210
SECRET. EXECUT. BILINGUE
3.o Sem. ao 4.o Sem. Vila Ger-
trudes R$ 1.200,00 a R$ 1.
500,00 3276694
SUP. TEC.SOFTW/INFORMAT.
1.o Sem. ao 5.o Sem. CAMPOS
ELISEO R$ 451,20 3266827
SUP. TEC.SOFTW/INFORMAT.
2.o Sem. ao 7.o Sem. VILA OLIM-
PIA R$ 800,00 a R$ 900,00
3286876
SUP. TEC.SOFTW/INFORMAT.
3.o Sem. ao 6.o Sem. BROOKLIN
R$ 1.500,00 3281551
SUPORTE USUARIO/INFORM
1.o Sem. ao 7.o Sem. VILA COR-
DEIRO R$ 1.800,00 3287184
SUPORTE USUARIO/INFORM
2.o Sem. ao 4.o Sem. PINHEIROS
R$ 1.072,00 3270264
SUPORTE USUARIO/INFORM
6.o Sem. ao 7.o Sem. EXCEL,IN-
GLES,WORD. SANTO AMARO R$ 1.
300,00 3275702
TECN EM GEST DE REC. HUM.
1.o Sem. ao 8.o Sem. VILA MARI-
ANA R$ 1.057,00 3286144
TECNOL. EM GASTRONOMIA
1.o Sem. ao 7.o Sem. VILA CLE-
MENTINO R$ 700,00 3283745
TECNOLOGIA DA INFORM
2.o Sem. ao 6.o Sem. VILA BU-
ARQUE R$ 1.050,80 3286060
TRABALHISTA/JURIDICA
6.o Sem. ao 7.o Sem. CONSOLA-
CAO R$ 1.500,00 3267272
WEB DESIGN/INFORMATICA
4.o Sem. ao 8.o Sem. Agua Bran-
ca R$ 1.377,23 a R$ 1.558,69
3256911
ADM.GERAL/GESTAO-TEC
1.o Sem. ao 2.o Sem. EX-
CEL,WORD. JD CAREVELAS R$ 1.
050,00 3258247
ADMINIST./ENSINO MEDIO
2.o Ano STA IFIGENIA R$ 500,00
3285014
ASSIST.TEC./ELETR.-TEC
1.o Sem. ao 3.o Sem. Vila Monte
Alegre R$ 800,00 3280345
ATEND./ENSINO MEDIO
1.o Ano ao 3.o Ano Ipiranga R$
600,00 3286681
ATEND./ENSINO MEDIO
1.o Ano ao 3.o Ano Ipiranga R$
600,00 3286690
ENSINO MEDIO
1.o Ano ao 2.o Ano SANTO AMA-
RO R$ 700,00 3274967
ENSINO MEDIO
1.o Ano ao 2.o Ano VILA MARIA-
NA R$ 850,00 3267497
ENSINO MEDIO
1.o Ano ao 2.o Ano VILA NOVA
CONCEICAO R$ 480,00 3273980
ENSINO MEDIO
1.o Ano ao 3.o Ano MIRANDO-
POLIS R$ 600,00 3284619
ENSINO MEDIO
1.o Ano ao 3.o Ano REPUBLICA R$
765,00 3260061
ENSINO MEDIO
1.o Ano ao 3.o Ano REPUBLICA R$
765,00 3260075
ENSINO MEDIO
1.o Ano ao 3.o Ano SANTO AMA-
RO R$ 700,00 3266934
ENSINO MEDIO
1.o Ano ao 3.o Ano SOCORRO R$
600,00 3285146
ENSINO MEDIO
1.o Ano ao 3.o Ano WINDOWS.
CONSOLACAO R$ 600,00
3269596
ENSINO MEDIO
1.o Ano VILA ISA R$ 600,00
3280080
ENSINO MEDIO
2.o Ano ao 3.o Ano WORD,EXCEL.
Vila Moraes R$ 800,00 3277111
FINAN.E CONTAB/GEST-TEC.
1.o Sem. ao 2.o Sem. Vila Cruzei-
ro R$ 800,00 3286956
NOVA AREA DO ENS. M/E.M.
1.o Ano ao 3.o Ano Vila Leopol-
dina R$ 700,00 3270661
TECN EM SEGUR. DO TRAB.
1.o Sem. EXCEL. VILA SONIA R$
1.000,00 3276010
TECN EM SEGUR. DO TRAB.
3.o Sem. EXCEL,WORD. VILA LEO-
POLDINA R$ 1.200,00 3271279
TECNICO ADM. DE NEGOCIOS
1.o Sem. ao 4.o Sem. Barra Fun-
da R$ 500,00 3258669
TECNICO EM ADMINIST.
1.o Ano VL INAH R$ 1.100,00
3287373
TECNICO EM ENFERMAGEM
2.o Sem. ao 3.o Sem. Itaim Bibi R$
500,00 3287056
TECNICO EM SAUDE BUCAL
1.o Sem. ao 4.o Sem. Vila Roma-
na R$ 700,00 a R$ 800,00
3271151
%HermesFileInfo:Co-7:20200426:

CLASSIFICADOS O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 Carreiras&Empregos B7

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

B8 Economia
%HermesFileInfo:B-8:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

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6

Disparidade de gênero. Pesquisa feita com mais de 2,8 mil produtores de conteúdo aponta que as influenciadoras mulheres
ganham 20,8% a menos do que os homens no meio digital; áreas como finanças e saúde são exceção à regra, aponta estudo
Bruna Arimathea pa, que ganha mais que as cole-

Nanda Padilha sempre gos-

tou de videogames. Quando
criança, era a única menina
da turma da escola que passa-
va horas em frente aos conso-
les depois da aula. Hoje, aos 35
anos, a gaúcha já foi costurei-
ra, manicure e atendente de
call center, mas hoje é com os
games que ela faz sua renda.
Formada em Design de Ga-
mes, ela faz vídeos e transmis-
sões de suas partidas no You-
Tube. Mas, todos os dias,
quando liga o computador pa-
ra trabalhar, ela tem de supe-
rar mais uma barreira: a dispa-
ridade de estar em uma área
na qual as mulheres recebem
menos que os homens.
Segundo pesquisa recente
realizada pela consultoria You-
pix e a empresa especializada
em marketing de influência
Squid, as influenciadoras digi-
tais ganham cerca de 20,8% a
menos do que os homens no se-
tor. O levantamento foi realiza-
do com 2.814 influenciadores e
trazia perguntas como rendi-
mento mensal, quantidade de
campanha nas redes sociais e va-
lor de publicações no Insta-
gram, por exemplo.
Mesmo representando a maio-
ria dos profissionais que traba-
lham em carreiras digitais – qua-
se 80% dos participantes da pes-
quisa eram mulheres – , elas ain-
da saem em desvantagem na re-
muneração. E a área com maior
diferenciação na remuneração
entre gêneros foi o de cultura
nerd/geek e tecnologia, justa-
mente na qual Nanda atua. Nes-
se segmento, os influenciadores
homens ganham, na média, o do-
bro que as mulheres. Para a you-
tuber, com quase 29 mil inscritos
em seu canal, a aparente credibili-
dade é o principal argumento.
“Se tem um produto usado
por um streamer (alguém que
faz transmissões de partidas)
homem, a sensação de boa par-
te do público é que ele tem mais
propriedade para falar do pro-
duto só por ser homem”, diz
Nanda. “A marca que busca cre-
dibilidade vai pagar mais por is-
so, é um empecilho bastante
grande no nosso meio.”
Para Isabela Ventura, presi-
dente da Squid, o levantamento
mostra um cenário diferente do
que o imaginado sobre o setor.
“Por ser um mercado mais no-
vo, a gente acreditava que essa
diferença entre gêneros não fos-
se ser uma realidade. Surpreen-
de essa área ‘jovem’ ter uma pos-
tura conservadora”, diz. Os va-
lores acabam sendo parecidos
com os de “profissões comuns”
– no Brasil, a disparidade sala-
rial entre homens e mulheres é
de 20,5%, segundo a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domi-
cílios Contínua, do IBGE.
Professora da Digital House,
centro de estudos especializa-
Na internet, as mulheres
também ganham menos
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
Categoria. No setor de cultura nerd, games e tecnologia, mulheres como Nanda ganham metade do que os homens faturam
do em redes sociais, Hendy Al-
meida acredita que a diferença
de remuneração está dividida
em duas etapas: a contratação e
o reconhecimento profissional.
“Na fase de contratação, existe
a chance de a mulher demons-
trar o seu potencial e colocar
seu preço e condições para assu-
mir aquela posição. Já durante
l Aparente credibilidade
“A sensação de boa parte do
público é que um homem
tem propriedade para falar
de um produto só porque
ele é homem.”
Nanda Padilha
INFLUENCIADORA
gas mesmo tendo menor poten-
cial de alcance que elas.
“É algo que está na sociedade.
Há mulheres com potencial e in-
fluência muito grande, mas que
ganham menos do que eu em
campanhas que fazemos juntos”,
diz o influenciador, de 22 anos.
“Muitas vezes, prefiro não co-
mentar o tema para não fazer
NANDA PADILHA
com que elas se sintam desvalori-
zadas, mas é uma situação triste.”
Segundo Abner, essa é uma posi-
ção que os colegas partilham,
mas também não expõem por me-
do de serem prejudicados.
Em um ambiente dominado
por padrões de beleza, dizer
não a um trabalho pode signifi-
car um corte considerável no
fim do mês. “Levantar essa ban-
deira traz o risco de você não
trabalhar mais para as marcas.
Afinal, no fim das contas, a mar-
ca sempre pode ir procurar ou-
tro influenciador que aceite o
trabalho”, afirma.
Exceção. Mas há setores em
que as mulheres também têm
maior reconhecimento que os
homens. Segundo a pesquisa do
Youpix e da Squid, em áreas co-
mo saúde e finanças, o rendi-
mento das mulheres pode ser
até 103% maior que o dos ho-
mens. Para a produtora de con-
teúdo de finanças Carol Sand-
ler, que tem 116 mil inscritos no
YouTube, isso acontece porque
as mulheres conseguem dar
uma visão mais abrangente em
áreas mais técnicas.
“O fato de eu ser mulher não
faz com que eu só fale para mu-
lheres. Tem a ver com o contex-
to, a escolha dos temas, a lingua-
gem. Quando um público ini-
ciante busca informação sobre fi-
nanças, vai procurar alguém que
não fale termos complicados de
cara”, diz ela, que se inspirou na
internet para criar o canal.
“Quando eu comecei, em
2012, vi muitas jovens endivida-
das por quererem consumir co-
mo as blogueiras da época. A au-
diência dos sites de finanças era
80% masculina, então percebi
espaço para meu tipo de conteú-
CAROL SANDLER
do”, conta Carol, que é jornalis-
o trabalho, a importância é de ta e também tem um blog sobre
se posicionar constantemen- Foco. o tema, no qual fala tanto para
te”, diz. Para Hendy, “apesar de Escolha de homens quanto para mulheres.
ser moderno, o meio digital ain- temas e Para Bia Granja, fundadora do
da tem o desafio de quebrar o contexto Youpix, o levantamento serve
conceito de que mulher só se ajudaram como um mapa e também pode
comunica com mulher.” Carol, que ajudar os produtores de conteú-
tem canal do a se unirem. Aumentar o nú-
Tema velado. Em algumas de finanças, mero de áreas em que a equida-
áreas, a disparidade nos valores a aparecer de de gênero existe pode levar
pagos por marcas para produto- tempo, segundo ela, mas o traba-
res e produtoras de conteúdo é lho precisa começar agora. “Es-
um tema velado. É o caso do se- se é um mercado com muitas
tor de moda e beleza, afirma o pessoas. Quando mais gente se
influenciador Abner Almiro, do- colocar como agente de mudan-
no de um canal que dá dicas de ça, mais chance existe das coisas
cuidados com cabelos crespos, ficarem igualitárias. Como o
como o dele. Com mais de 50 mercado é novo, as bases não es-
mil seguidores no Instagram, tão formadas”, diz ela. “Há uma
ele conta que percebe, nos basti- chance de ouro para fazermos
dores de campanhas que partici- mudanças enquanto é tempo.”

quada para a sua visão ou um

Coronavírus revela quais tecnologias são mesmo essenciais fone de ouvido de alto padrão,
com isolamento acústico e qua-
lidade de áudio. Da mesma for-
que o coronavírus parou nossas resume a alguns itens básicos. basta assinar um bom plano: é Netflix e o YouTube foram leva- ma, dá para entender porque
Uma boa conexão. Apps vidas. Fechados em casa, temos Recursos de computação para preciso investir em roteadores, dos temporariamente a trans- precisamos de bons smartpho-
de comunicação e tempo para pensar em coisas trabalhar e navegar. Ferramen- cabos e outros equipamentos. mitir vídeos em formatos de bai- nes e computadores. São ferra-
importantes. A tecnologia de tas de comunicação para con- Nas últimas semanas, o servi- xa qualidade para evitar derru- mentas que nos tornam mais
entretenimento. PCs e consumo está no fim da lista. versar com familiares, colegas e ço de chamadas de vídeo Zoom bar a internet. Todos nós, obvia- produtivos e precisam ser con-
smartphones resistentes. Muitas das inovações dos últi- amigos. Entretenimento para ganhou popularidade por duas mente, nos preocupamos com fiáveis.
É só isso que precisamos mos anos, como smartphones não ficarmos malucos. E uma razões: ele é fácil de usar e esta- entretenimento: gastamos cen-
dobráveis, caixas de som conec- conexão de internet que nos mos desesperados para ver e tenas de reais por ano em assina- Só o necessário. A lista de ne-
Brian X. Chen tadas e inteligentes ou redes ul- permita fazer todas as coisas conversar com muita gente. turas digitais, incluindo servi- cessidades básicas de tecnolo-
THE NEW YORK TIMES trarrápidas, parecem supér- acima. Mas a adoção do Zoom levou à ços de streaming de música e gia também serve como guia pa-
fluas agora. É quase tudo o que precisa- descoberta da frágil segurança vídeo. Mas muitos ainda assis- ra as inovações que não precisa-
Já se passaram semanas desde Numa crise, a tecnologia se mos, mesmo quando não há do produto, que pode ter permi- tem a suas séries e filmes favori- mos. Uma caixa de som inteli-
uma pandemia por aí. É uma be- tido a invasores sequestrarem tos pelo celular, usando o som gente? Certamente, ela presta
la revelação – e pode servir para nossas dados e câmeras. E reve- pouco potente do aparelho. um bom serviço desligando as
definir prioridades após esse pe- lou que muitos de nós estamos A vida pode ser mais confortá- luzes do quarto. Um telefone
ríodo de incertezas. despreparados e não temos fer- vel – olhando, por exemplo, pa- com tela dobrável? Parece bom.
ramentas de comunicação pre- ra uma TV que seja de fato ade- Mas se não ajudam a trabalhar,
COMUNICADO Internet e comunicação. É co- paradas. estar conectado e se entreter, o
FRANCISCO RAYMUNDO,
RAYMUNDO, 9º Oficial de Registro de Imóveis da Capital de São Paulo, mum as pessoas dizerem que a É um bom momento para dis- dinheiro pode ser poupado.
responsável pelo registro dos imóveis situados nos Bairros do TATUAPÉ, VILA FORMOSA
e ITAQUERA, comunica que a serventia imobiliária a seu cargo está prestando serviços internet está lenta. A culpa po- cutir sobre quais apps atendem l Multidão Sejam quais forem os equipa-
normalmente e atendendo os usuários por diversos canais de comunicação, a saber: de ir muito além da operadora. às necessidades e respeitam mentos que você escolher, lem-
PRESENCIAL - o cartório situado na Rua Augusta, 1058, Bairro Cerqueira Cesar,
São Paulo - SP, CEP 01304-001, está aberto para atendimento em horário excepcional,
das 09:00h às 15:00hs,
15:00hs, lembrando que, em razão das orientações dos órgãos de
Pode estar no roteador – mode-
los antigos, fabricados há al-
nossa privacidade – recursos co-
mo criptografia, verificação de
300 mi
de usuários é o tamanho do
bre-se de manter o mínimo.
Quanto mais tecnologia, mais
saúde e da E. Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo, o acesso ao saguão de guns anos, podem ter tecnolo- duas etapas para login e contí- público do app de chamadas de dispositivos para ter proble-
atendimento é feito de forma controlada, mantendo-se o adequado distanciamento entre
as pessoas; CORREIOS - os documentos físicos poderão ser enviados por carta, para o gias sem fio desatualizadas e nuas atualizações de segurança vídeo Zoom; serviço cresceu na mas. Tudo deve ser simples –
endereço do cartório, acompanhado do comprovante de depósito da taxa de prenotação; que não entregam a velocidade são um bom sinal nessas horas. quarentena, mas enfrenta afinal, essa pandemia ressusci-
DIGITAL - vale lembrar que todos os serviços também são prestados eletronicamente,
por meio da plataforma digital - www.registradores.org.br. As dúvidas poderão ser
contratada pelo usuário da ope- problemas de segurança e tou até os bons e velhos telefo-
tiradas pelo telefone (11) 3122-0020 ou encaminhadas para o nosso endereço eletrônico radora. Para ter uma conexão Distração e trabalho. Há tanta privacidade de dados nemas. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA
contato@9risp.com.br. Para maiores informações, acesse o site: www.9risp.com.br. de internet estável e rápida, não gente vendo vídeos online que a MARTINO
%HermesFileInfo:Co-1:20200426:

CLASSIFICADOS O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 1

Oportunidades&Leilões PARA ANUNCIAR

(11) 3855.2001

Demanda por EAD ajuda a derrubar preconceitos

DANILO KOSHIMIZU
descobrindo que é possível que se envolverem com conteú-
Plataformas de ensino isso seja feito com qualidade.” dos educacionais, para as em-
a distância veem dobrar Segundo o último mapeamen- presas ou para as escolas.
to feito pela Associação Brasilei- Com um espaço especial pa-
número de clientes e ra de Startups (Abstartups) e pe- ra o corporativo, a Qranio
abrem oportunidades lo Centro de Inovação para a Mobile Learning é a ferra-
para novos negócios Educação Brasileira (Cieb), em menta de treinamento para
outubro de 2019, há hoje 449 ed- as empresas, em que tam-
Anna Barbosa techs ativas no Brasil. bém é usada a gamificação pa-
Uma elas é a Geekie, que está ra capacitar e engajar os cola-
Uma das medidas adotadas há nove anos no mercado e, boradores dos clientes.
pelo Ministério da Educação com o uso de inteligência artifi- É a parte corporativa que
durante o período de isola- cial, oferece metodologias peda- vem sustentando a empresa,
mento social foi a flexibiliza- gógicas para desenvolver solu- já que a Qranio atua tanto co-
ção temporária do ensino a ções inovadoras para a aprendi- mo edtech quanto RH tech
distância (EAD). A liberação zagem, com foco no Ensino Mé- (recursos humanos). Por
gerou um aumento na de- dio e no Ensino Fundamental 2. atuarem com empresas de
manda de plataformas digi- Para Cláudio Sassaki, CEO da serviços essenciais durante a
tais de ensino de todos os ti- Geekie, ainda que as escolas quarentena, como Carrefour
pos, da educação básica a cur- possam estar perdidas no mo- e Bradesco, o faturamento
sos profissionalizantes. mento atual, é preciso que ajam não foi afetado e isso permi-
Do dia para a noite, tanto o quanto antes, diante da pres- te que os conteúdos educa-
as escolas quanto as empre- são dos pais. “Tem muitas edte- cionais sejam gratuitos.
sas precisaram se adaptar à chs que estão tentando ofere- “É uma oportunidade para
nova realidade e à alta procu- cer seu serviço, mas as escolas ajudarmos as escolas. Nesse
ra. “De repente, as institui- tendem a ir para soluções mais momento, seria um abuso
ções, os alunos e os professo- seguras e mais conhecidas.” abordar as escolas para co-
res do mundo presencial se Dentre os quatro produtos mercializar o produto da
viram obrigados a usar a tec- que a Geekie oferece, o mais mesma maneira”, diz Samir
nologia. Tiveram esse conta- procurado é o Geekie One, que Lasbeck, CEO da Qranio.
to basicamente a força, mas permite que alunos do 6º ano Volume em dobro. Na Geekie, o CEO Cláudio Sassaki registrou alta procura com quarentena No caso do MoveEdu, a
viram que é possível”, diz Be- do Ensino Fundamental à 3ª educação curricular é a prio-
tina Von Staa, coordenadora série do Ensino Médio possam Acessos gratuitos. Outra edte- diretor de marketing da Samba ridade dentre as oito marcas
do CensoEAD.BR da Associa- ter suas aulas por meio de Chro- ch que precisou se adequar ao Tech. Uma das iniciativas da do grupo, que atuam em dife-
ção Brasileira de Educação a mebooks. A solução permite a O PRECONCEITO CONTRA O EAD aumento da demanda foi a Sam- empresa também foi disponibi- rentes áreas de ensino, de in-
Distância (Abed). utilização de páginas, vídeos, SERÁ O PRIMEIRO PONTO A ba Tech, que teve um cresci- lizar para as instituições públi- glês a reforço escolar.
Ainda que o número de alu- hashtags, gifs, relatórios de de- CAIR POR TERRA NUM CENÁRIO mento de 3 a 4 vezes em seus cas a sua plataforma de hospe- Segundo o CEO do grupo,
nos de todas as modalidades sempenho e organizador de ati- acessos na quarentena. A em- dagem e a distribuição de ví- Rogério Gabriel, a MoveEdu
de EAD tenha crescido 17% vidades. Há o envio de relató- PÓS-PANDEMIA, VISTO QUE AS presa trabalha com dois tipos deos online, de forma gratuita. preferiu focar esforços neste
no ano de 2018, ou mais de 9 rios de atividades de cada aluno PESSOAS ESTÃO DESCOBRINDO de serviços, levando educação A Qranio, assim como a Sam- primeiro momento nos pró-
milhões de estudantes, se- para seus pais. Até o início deste QUE É POSSÍVEL QUE ISSO SEJA para empresas e para institui- ba Tech, também liberou o aces- prios alunos, já que foi neces-
gundo dados mais recentes ano, o Geekie One contava com FEITO COM QUALIDADE ções de ensino, e tem clientes so de sua plataforma e de seus sária uma adaptação para
da Abed, Betina explica que 100 escolas clientes. Com a pan- como Kroton e Damásio. conteúdos gratuitamente. O que eles pudessem acessar o
ainda havia uma resistência demia, agora são 230 clientes. Com novos recursos de inte- acesso está disponível para es- conteúdo por mobile – cerca
grande do setor educacional Para se adequar às novas ne- Betina Von Staa ratividade e vídeos sob deman- colas públicas, privadas e para de 60% assistem às aulas via
e um preconceito com a mo- cessidades, a Geekie precisou CENSOEAD.BR da e ao vivo, a empresa procu- professores autônomos, além smartphone. Ele enxerga o
dalidade não presencial. “O aumentar o desenvolvimento rou agir de maneira rápida. “O de deixarem livres por um ano momento como um ponta pé
preconceito contra o EAD se- de funcionalidades que permi- de dados para conseguir dar to- momento foi propenso para a as trilhas de estudo. para as edtechs. “Quebra-se
rá o primeiro a cair por terra tem não só o conteúdo, mas a das as informações para a esco- nossa tecnologia, e isso acele- A plataforma de aprendiza- uma série de barreiras em to-
num cenário pós-pandemia, comunicação entre professor e la, como tempo de estudo de ca- rou para que trouxéssemos ino- gem da Qranio usa a gamifica- dos nós. As coisas não volta-
visto que as pessoas estão aluno, além de reforçar a frente da aluno e aproveitamento. vações”, afirma Pedro Filizzola, ção para estimular os usuários a rão à forma que eram.”

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

LEILÕES
ATENÇÃO: PARA A COMPRA EM LEILÕES OS INTERESSADOS DEVERÃO, OBRIGATORIAMENTE, ESTAR EM REGULARIDADE FISCAL PERANTE A RECEITA FEDERAL.
DE 27 A 30/04/2020 ÀS 11H E 02/05/2020 ÀS 9H15 13/05/2020, 14H. LEILÃO ONLINE DE 20 IMÓVEIS

APARTAMENTOS, CASAS, TERRENOS,

DELIVERY
LEILÕES DIÁRIOS DE VEÍCULOS SOMENTE ONLINE E COM

IMÓVEIS COMERCIAIS, GALPÃO INDUSTRIAL E ÁREA RURAL

MOTOCICLETAS, VEÍCULOS LEVES, INTEIROS E SINISTRADOS.
Informações: 11 2464-6464 e www.sodresantoro.com.br
Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro, Leiloeiro Oficial JUCESP nº 192,
Luiz Alexandre Maiellari, preposto em exercício.
Em cumprimento à legislação vigente e preocupados com a saúde de todos, os leilões estão
sendo realizados somente online, sem visitação pública, a fim de evitar aglomerações.
E COM DELIVERY DOS ARREMATES, EM CIDADES NUM RAIO DE ATÉ 100 KM DO PÁTIO ONDE O VEÍCULO ESTIVER, AO
CUSTO OBRIGATÓRIO DE R$ 500,00 PARA VEÍCULOS LEVES E R$ 800,00 PARA UTILITÁRIOS PESADOS E CAMINHÕES.
Para distâncias maiores, consulte-nos sobre a disponibilidade.
27/04/2020 - 14H
10% DE DESCONTO À VISTA, ATÉ 12X SEM ACRÉSCIMO E OUTRAS OPÇÕES DE FINANCIAMENTO*
Imóveis nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Luís Eduardo Magalhães e outras nos estados SP, RJ, MG, PR, RS, BA, SC, TO, PA, RO, ES
CASA. SERRA DO RAMALHO/BA. BAIRRO SÃO FRANCISCO. Rua São Francisco,
s/nº (lt. 06 da qd. 27). Loteamento Baixada Fluminense. Áreas totais: terr.
218,90m² (lançado no IPTU 214,20m²) e constr. estimada no local 80,00m²
(lançada no IPTU 53,64m²). Matr. 18.008 do RI de Bom Jesus da Lapa/BA.
Obs.: Construção pendente de averbação no RI. Regularização e encargos
perante os órgãos competentes da eventual divergência da área de terreno
que vier a ser apurada no local, com a lançada no IPTU e averbada no RI,
bem como averbação de construção, correrão por conta do comprador.
O pagamento de eventuais dívidas existentes de IPTU,serão de exclusiva
responsabilidade do arrematante, sem direito a reembolso. Ocupada. (AF).
Lance mínimo: R$ 20.000,00
TERRENO. LUIZ EDUARDO MAGALHÃES/BA. BAIRRO MIMOSO DO OESTE. Rua
Dorival Caymmi (lt. 11 da qd. 87). Terreno c/ 900,00m² (com uma construção
inacabada). Matr. 5.632 do 2º RI de Barreiras/BA. Obs.: Consta na Av.05 da
referida matrícula, existência de Ação de Execução de Título Extrajudicial
em face do ex devedor cuja baixa fi cará a cargo do Vendedor sem prazo
APARTAMENTO. RIO DE JANEIRO/RJ. BAIRRO COPACABANA. Rua Figueiredo
de Magalhães nº122. Edifício Mackenzie. Ap. 501. Área priv. lançada no IPTU de
105,00m². Matr. 94.157 do 05º RI local. Obs.: Metragem de área construída, bem
como nomenclatura predial, pendentes de averbação no RI. Regularização e
encargos perante os órgãos competentes, correrão por conta do comprador.
Constam débitos de IPTU e Condomínio pendentes de pagamento. Os débitos
existentes (parcelas vencidas e a vencer), deverão ser apurados e pagos pelo
arrematante, sem direito a reembolso (valor aproximado de R$  37.760,00).
Ocupado. (AF). PAGAMENTOSOMENTE À VISTA. Lance mínimo: R$ 450.000,00
CASA. NITERÓI/RJ. BAIRRO CAMBOINHAS. Rua Edma Rodrigues Valadão, 295
(lt. 08, qd 76, do Loteamento denominado “CIDADE BALNEÁRIA ITAIPU - BAIRRO
ATLÂNTICO”). Áreas totais: terr.: 735,00m² e constr.: 504,58m². Matr. 7.407-A
do 16º RI local. Obs.: Constam débitos de IPTU pendentes de pagamento. Os
débitos existentes (parcelas vencidas e a vencer), deverão ser apurados
e pagos pelo arrematante, sem direito a reembolso (valor aproximado
de R$  64.050,00). Ocupada. (AF). PAGAMENTO SOMENTE À VISTA. Lance
mínimo: R$ 1.273.000,00
TERRENO. PORTO ALEGRE/RS. BAIRRO JARDIM CARVALHO. Rua Irmão Norberto
Francisco Rauch (Diretriz 2718), lote 02 da quadra “D”. Loteamento Oscar
Rubim. Terreno c/ 42.625,41m². Matr. 143.203 do RI local. Obs.: Sobre o imóvel
existem duas Áreas de Proteção Permanente (total de 17.220,73m²) e três
Áreas de Reserva Ambiental (total de 11.951,06m²). Logradouro pendente de
averbação no RI. Regularização e encargos perante os órgãos competentes
da averbação de logradouro bem como, da responsabilidade de eventual
demarcação física, georreferenciamento e desocupação do imóvel, correrão
por conta do comprador. Constam débitos de IPTU pendentes de pagamento.
Os débitos existentes (parcelas vencidas e a vencer), deverão ser apurados
e pagos peloarrematante, sem direito a reembolso (valor aproximado de
R$ 380.310,00). Lance mínimo: R$ 4.129.000,00
APARTAMENTO. JOINVILLE/SC. BAIRRO SANTO ANTÔNIO. Rua Marcílio Dias,
nº 831. Residencial Saint Peter. Ap. nº 703 (7º andar) e vaga de garagem nº 38
(localizado no pav. intermediário). Áreas totais: Ap. 116,98m² (sendo 78,97m²
de área priv. e 38,01m² de área comum) e vaga de garagem 14,27m² (sendo

LEILÃO DE SUCATAS SOMENTE ONLINE E COM

DELIVERY
determinado. Consta ainda, ação ordinária, processo nº 0504192-
42.2017.8.05.0022, em trâmite na 01ª Vara de Feitos de Relação de
Consumo, Cível e Comerciais de Barreiras/BA. O vendedor responde pelo
resultado desta ação de acordo com os critérios e limites estabelecidos
nas “Condições de Venda dos Imóveis” constantes do edital. Logradouro
pendente de averbação no RI. Regularização e encargos perante os órgãos
competentes da averbação de logradouro, bem como da construção, correrão
por conta do comprador. A responsabilidade de eventual demarcação física
e georreferenciamento, fi cará por conta do comprador. Constam débitos de
IPTU pendentes de pagamento. Os débitos existentes (parcelas vencidas
e a vencer),deverão ser apurados e pagos pelo arrematante, sem direito
a reembolso (valor aproximado de R$  2.100,00). Ocupado. (AF). Lance
CARROS, MOTOS, PERUAS, UTILITÁRIOS LEVES E OUTROS. mínimo: R$ 168.000,00
Informações: 11 2464-6464 e www.sodresantoro.com.br
APARTAMENTO. SALVADOR/BA. BAIRRO ONDINA. Avenida Oceânica (consta no
Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro, Leiloeiro Oficial JUCESP nº 192,
RI Avenida Presidente Vargas), 2.400. Edifício Ondina Apart Hotel Residência. Ap.
Luiz Alexandre Maiellari, preposto em exercício. nº1.108. Área total de 202,34m² (sendo 115,50m² de área privativa e 86,84m² de
área comum). Matr. 30.152 do 1º RI local. Obs.: Imóvel foreiro ao Patrimônio da
Em cumprimento à legislação vigente e preocupados com a saúde de todos, os leilões estão
União. Consta na Av.10 da referida matrícula, existência de Ação Revisional,
sendo realizados somente online, sem visitação pública, a fim de evitar aglomerações. processo nº 0341090-77.2012.8.05.0001, em trâmite na 02ª Vara Cível e
E COM DELIVERY DOS ARREMATES, EM CIDADES NUM RAIO DE ATÉ 100 KM DO PÁTIO ONDE O VEÍCULO ESTIVER, AO Comercial da Comarca de Salvador/BA. O Vendedor responde pelo resultado
CUSTO OBRIGATÓRIO DE R$ 500,00 PARA VEÍCULOS LEVES E R$ 800,00 PARA UTILITÁRIOS PESADOS E CAMINHÕES. da ação, de acordo com os critérios e limites estabelecidos nas “Condições
de Venda dos Imóveis” constantes do edital. Constam débitos de IPTU e
Para distâncias maiores, consulte-nos sobre a disponibilidade.
Condomínio pendentes de pagamento. Os débitos existentes (parcelas
vencidas e a vencer), deverão ser apurados e pagos pelo arrematante, sem
DE 27 A 29/04/2020 - 9H30, LEILÃO ONLINE DE direito a reembolso (valoraproximado de R$  567.650,00). Ocupado. (AF).
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS, MÁQUINAS AGRÍCOLAS Lance mínimo: R$ 95.000,00
E DE TERRAPLANAGEM, EMPILHADEIRAS, ELETRODOMÉSTICOS, CASA. SÃO MATEUS/ES. BAIRRO AYRTON SENNA. Situada no Loteamento Ayrton
Senna, no lugar denominado “Fazenda Bom Sucesso”, lt 16 da qd 55 (consta no
APARTAMENTO. RIO DE JANEIRO/RJ. BAIRRO CURICICA. Rua João Bruno
Lobo, nº 782. Ap. 101. Área priv. estimada no local e lançada no IPTU 183,00m².
Matr. 435.858 do 9º RI local. Obs.: Metragem de área construída pendente de
averbação no RI. Regularização e encargos perante os órgãos competentes,
correrão por conta do comprador. Caberá ao comprador, as suas expensas,
a responsabilidade do pagamento de eventuais débitos de condomínio
que vierem a ser apurados. Consta ação ordinária, processo nº 0009003-
49.2020.8.19.0203, em trâmite na 3ª Vara Cível da Comarca de Rio de Janeiro/
RJ. O Vendedor responde pelo resultado da ação, de acordo com os critérios
e limites estabelecidos nas “Condições de Venda dos Imóveis” constantes
do edital. Os débitos existentes (parcelas vencidas e a vencer), deverão
ser apurados e pagos pelo arrematante, sem direito a reembolso. Constam
débitos de IPTU pendentes de pagamento. Os débitos existentes (parcelas
vencidas e a vencer), deverão ser apuradose pagos pelo arrematante, sem
direito a reembolso (valor aproximado de R$ 9.400,00). Ocupada. (AF). Lance
mínimo: R$ 203.000,00
CASA. NOVA IGUAÇU/RJ. BAIRRO VALVERDE. Rua Maria Odila de Andrade nº 109
nº 109 (lt. 17 da qd. 01). Área totais: terr. 329,40m² e constr. estima no local
70,00m² (Consta no RI 65,55m² e lançado no IPTU 157,25m²). Matr. 9.356 do 04º
RI local. Obs.: O imóvel encontra-se locado, com débitos em aberto no valor
aproximado de R$  20.366,91, bem como possui valores de R$  10.439,49,
aproximadamente, em aberto de confi ssão de dívida. Venda condicionada
ao não exercício do direito de preferência do locador que somente exercerá o
direito de preferência se liquidar o débito. Regularização e encargos perante
os órgãos competentes da eventual divergência da área construída apurada
no local com a lançada no IPTUe averbada no RI, bem como da averbação
de logradouro, correrão por conta do comprador. Ocupada. (AF). Lance
mínimo: R$ 73.000,00
11,50m² de área priv. de divisão não proporcional e 2,77m² de área comum).
Matr’s. 134.002 e134.057 sendo ambas do 1º RI local. Obs.: Constam nas
Av.10-134.002 e Av. 09-134.057, Ação de Execução de Título Extrajudicial
– processo nº 0310838-39.2018.8.24.0038, e nas Av.11-134.002 e Av.10-
134.057, Ação de Execução de Título Extrajudicial – processo nº 0308209-
92.2018.8.24.0038 que tramitam na 2ª Vara de Direito Bancário da Comarca
de Joinville. Trata-se de ações judiciais ajuizadas pelo Vendedor em face do
ex fi duciante. O Vendedor providenciará sem prazo determinado a baixa das
Ações constantes das citadas matrículas. O pagamento de eventuais dívidas
existentes de IPTU, serão de exclusiva responsabilidade do arrematante, sem
direito a reembolso. Ocupado.(AF). Lance mínimo: R$ 172.000,00
GALPÃO INDUSTRIAL. MAIRIPORÃ/SP. BAIRRO TERRA PRETA. Rua dos
Trabalhadores (antiga Rua Existente), 540 - Área 03-C-02. Áreas totais: terr.
1.831,46m² e construção estimada no local 880,00m². Matr. 36.888 do RI
local. Obs.: Construção e numeração predial pendente de averbação no
RI. Regularização e encargos perante os órgãos competentes, correrão
por conta do comprador. Consta ação ordinária, processo nº 1000519-
16.2020.8.26.0338, em trâmite na 2ª Vara Cível do Foro de Mairiporã/SP.
O Vendedor responde pelo resultado da ação, de acordo com os critérios e
limites estabelecidos nas “Condições de Venda dos Imóveis” constantes
do edital. Constam débitos de IPTU pendentes de pagamento. Os débitos
existentes (parcelas vencidas e a vencer), deverão serapurados e pagos pelo
arrematante, sem direito a reembolso (valor aproximado de R$  4.750,00).
Ocupado (AF). Lance mínimo: R$ 705.000,00
CASA. RIBEIRÃO PRETO/SP. BAIRRO RIBEIRÂNIA. Rua Argeu Fuliotto, nº
722 (lt. 07 da qd. 16). Loteamento Ribeirânia – Gleba “A”. Áreas totais: terr.
400,00m² e constr. estimada no local 321,99m² (lançada no IPTU 202,60m²).

ELETROELETRÔNICOS, SUCATAS DIVERSAS E OUTROS.
ATENÇÃO: EM FUNÇÃO DAS DETERMINAÇÕES LEGAIS POR CONTA DO CORONAVÍRUS, NÃO HAVERÁ VISITA FÍSICA AOS LOTES.
Materiais e equipamentos de empresas diversas. Cond. de venda: os bens serão vendidos no estado em que se encontram.
Pagamento de 100% no ato da arrematação, mais 5% do total de comissão à Leiloeira e despesa de depósito de bens.
Informações: 11 2464-6464 e www.sodresantoro.com.br. Carolina Lauro Sodré Santoro, Leiloeira Ofi cial Jucesp Nº 758.
30/04/2020 - 9H30, LEILÃO ONLINE DE
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS, MÁQUINAS AGRÍCOLAS
E DE TERRAPLANAGEM, EMPILHADEIRAS, ELETRODOMÉSTICOS,
ELETROELETRÔNICOS, SUCATAS DIVERSAS E OUTROS.
ATENÇÃO: EM FUNÇÃO DAS DETERMINAÇÕES LEGAIS POR CONTA DO CORONAVÍRUS, NÃO HAVERÁ VISITA FÍSICA AOS LOTES.
Materiais e equipamentos de empresas diversas. Cond. de venda: os bens serão vendidos no estado em que se encontram. Pagamento de 100% no
ato da arrematação, mais 5% do total de comissão à Leiloeira e despesa de depósito de bens. Inf.: 11 2464-6464 e www.sodresantoro.com.br.
Leiloeiro Ofi cial Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro, JUCESP nº 192, Luiz Alexandre Maiellari, preposto em exercício
DE 04 A 06/05/2020 - 9H30, LEILÃO ONLINE DE
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS, MÁQUINAS AGRÍCOLAS
E DE TERRAPLANAGEM, EMPILHADEIRAS, ELETRODOMÉSTICOS,
ELETROELETRÔNICOS, SUCATAS DIVERSAS E OUTROS.
ATENÇÃO: EM FUNÇÃO DAS DETERMINAÇÕES LEGAIS POR CONTA DO CORONAVÍRUS, NÃO HAVERÁ VISITA FÍSICA AOS LOTES.
Materiais e equipamentos de empresas diversas. Cond. de venda: os bens serão vendidos no estado em que se encontram.
Pagamento de 100% no ato da arrematação, mais 5% do total de comissão à Leiloeira e despesa de depósito de bens.
Informações: 11 2464-6464 e www.sodresantoro.com.br. Mariana Lauro Sodré Santoro Batochio, Leiloeira Ofi cial Jucesp Nº 641.
IPTU Rua Raul Pompéia, 184). Áreas totais: terr. 250,00m² e constr. 71,27m²
(sendo 65,93m² ref. edifi cação residencial e 5,34m² ref. edícula). Matr. 18.919 do
1º RI local. Obs.: Logradouro pendente de averbação no RI. Regularização e
encargos perante os órgãos competentes, correrão por conta do comprador.
Ocupada. (AF). Lance mínimo: R$ 36.000,00
PRÉDIO COMERCIAL. PIRAPORA/MG. BAIRRO SANTOS DUMONT. Avenida
Pio XII, 1.415. Áreas totais: terr. 1.700,00m² (lançada no IPTU 2.000,00m²) e
constr. 1.722,49m² (sendo 1.461,87m² no pav. térreo e 260,62m² no mezanino).
Matr. 13.403 do RI local. Obs.: Consta ação ordinária, processo nº 5002601-
09.2019.8.13.0512, em trâmite na 01ª Vara Cível da Comarca de Pirapora/MG.
O Vendedor responde pelo resultado da ação, de acordocom os critérios e
limites estabelecidos nas “Condições de Venda dos Imóveis” constantes do
edital. Ocupado. (AF). Lance mínimo: R$ 1.164.000,00
CASA. ALTAMIRA/PA. BAIRRO BOA ESPERANÇA. Travessa da Concórdia, 522 (lt.
07, qd. 31). Áreas totais: terr. 300m² e constr. 180m². Loteamento Nossa Senhora
Aparecida III. Matr. 20.767 do 01º Tabelionato de Notas e Registro de Imóveis da
Comarca de Altamira/PA. Obs.: Ocupada. (AF). Lance mínimo: R$ 86.000,00
CASA. SÃO JOSÉ DOS PINHAIS/PR. BAIRRO RIO PEQUENO. Av. dos Pinheiros,
751 (lt. 18, qd 09, da Planta JARDIM KRICHAK). Áreas totais: terr.: 200,00 m²
e constr.: 206,00m². Matr. 70.943 do RI da 01ª Circunscrição local. Obs.: Foi
realizada vistoria “in loco” apenas pela área externa e ao que tudo indica o terreno
foi dividido em 02 casas sendo uma com o nº 751 e a outra nº 751 A. Ficará
a cargo do comprador apurar a existência de desmembramentodo terreno
bem como, providenciar sua regularização junto aos órgãos competentes.
Ocupada. (AF). Lance mínimo: R$ 175.000,00
Pagamento à vista mais comissão de 5% ao Leiloeiro. Efetuar o cadastramento prévio perante o Leiloeiro, com até 1 hora de antecendência ao evento. *Consulte as condições de pagamento em banco.bradesco/leiloes e www.sodresantoro.com.br.
Dados e valores sujeitos a alterações até a data do leilão. Edital disponível no site do leiloeiro. Informações: 11 2464-6464.Otavio Lauro Sodré Santoro, Leiloeiro Oficial JUCESP nº 607.
CASA. ESPIGÃO DO OESTE/RO. BAIRRO VISTA ALEGRE. Rua Dilson Rodrigues
Matr. 10.789 do 2º RI local. Obs.: Consta ação ordinária, processo nº 1003092-
08.2020.8.26.0506, em trâmite na 8ª Vara Cível da Comarca de Ribeirão
Preto/SP e ação anulatória processo nº 1002283-18.2020.8.26.0506, em
Belo, nº3.356 (lt. 04 da qd. 35, setor 06-A), Loteamento Jardim São Luiz. Áreas
trâmite na 1ª Vara Cível do Foro de Ribeirão Preto/SP. O Vendedor responde
totais: terr. 445,84m² e constr. 139,10m². Matr. 8.890 do RI local. Obs.: Consta
pelo resultado das ações, de acordo com os critérios e limites estabelecidos
ação ordinária, processo nº 7000534-11.2020.8.22.0008, em trâmite perante
nas “Condições de Venda dos Imóveis” constantes do edital. Consta na Av.3
a 01ª Vara Genérica da Comarca de Espigão do Oeste/RO. O Vendedor
da referida matrícula, a informação de que o imóvel está sujeito às restrições
responde pelo resultado da ação, de acordo com os critérios e limites
urbanísticas constantes do processo de loteamento denominado Ribeirânia
estabelecidos nas “Condições de Venda dos Imóveis” constantes do edital.
Ocupada. (AF). Lance mínimo: R$ 85.000,00
– Gleba “A”. Regularização e encargos perante os órgãos competentes da
eventual divergência daárea construída que vier a ser apurada no local, com a
lançada no IPTU e averbada no RI, correrão por conta do comprador. Ocupada. (AF).
TERRENO. CANOAS/RS. BAIRRO SÃO JOÃO. Imóvel localizado no quarteirão
formado pela Estrada do Nazário (atualmente Avenida do Nazário) e pelas Ruas:
Lance mínimo: R$ 370.000,00
16, 01 e 17 (atualmente Rua Santa Eulália, Rua Santa Zita e Rua Santa Júlia), lote
B02 da quadra “B”. Loteamento São João. Terreno c/ 300,00m². Matr. 101.543 do CASA. SÃO PAULO/SP. BAIRRO JARDIM SÃO JOSÉ. Avenida Visconde do Rio
Grande (antiga Rua Antônio Zinny), nº 374. Conjunto Residencial Village Rio Grande.
RI local. Obs.: A responsabilidade de eventuais débitos de IPTU, bem como
demarcação física, georreferenciamento e desocupação do imóvel, fi cará por Casa nº 07 (frente para a Via Interna de Circulação). Área const. de 60,93m²,área
conta do comprador.Os débitos existentes (parcelas vencidas e a vencer), de utilização comum de 33,25m², e área de utilização exclusiva de 68,00m². Matr.
deverão ser apurados e pagos pelo arrematante, sem direito a reembolso). 311.389 do 11º RI local. Obs.: Ocupada. (AF). Lance mínimo: R$ 168.000,00
(AF). PAGAMENTO SOMENTE À VISTA. Lance mínimo: R$ 105.000,00
PRÉDIO COMERCIAL. ARRAIAS/TO. BAIRRO SETOR CENTRAL. Rua Gregório
Barreto e Melo, s/nº (lt. 14 da qd. 26). Áreas totais: terr. 400,00m² e constr.
TERRENO. CANOAS/RS. BAIRRO SÃO JOÃO. Imóvel localizado no quarteirão
formado pela Estrada do Nazário (atualmente Avenida do Nazário) e pelas Ruas:
16, 01 e 17 (atualmente Rua Santa Eulália, Rua Santa Zita e Rua Santa Júlia), lote
estimada no local e lançada no IPTU de 400,00m². Matr. 2.120 do RI local. Obs.:
A escritura será outorgada após a regularização dos atos societários do
B03 da quadra “B”. Loteamento São João. Terreno c/ 300,00m². Matr. 101.544
do RI local. Obs.: A responsabilidade de eventuais débitos de IPTU, bemcomo
vendedor na matrícula do imóvel, sem prazo determinado. Construção
pendente de averbação no RI. Regularização e encargos perante os órgãos
demarcação física, georreferenciamento e desocupação do imóvel, fi cará
por conta do comprador. (AF). PAGAMENTO SOMENTE À VISTA. Lance
competentes da averbação de área construída no RI, bem comoda destinação
de uso do imóvel residencial/comercial, correrão por conta do comprador.
mínimo: R$ 105.000,00
Ocupada. (AF). PAGAMENTO SOMENTE À VISTA. Lance mínimo: R$ 121.000,00

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%HermesFileInfo:Cl-2:20200426:
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
Imóveis
Vender, alugar ou investir durante a pandemia?
Especialistas apontam
riscos e vantagens em
operações no mercado
imobiliário durante a
crise do coronavírus
Isaac de Oliveira
ESPECIAL PARA O ESTADO
A crise econômica resultan-
te da pandemia do novo coro-
navírus acende diversos aler-
tas no mercado imobiliário.
A compra, a venda ou o alu-
guel precisam ser bem anali-
sados, a depender da situa-
ção e do objetivo de cada um.
O professor Michael Viria-
to, do Insper, avalia que o mo-
mento não é propício para
vendas, uma vez que os pre-
ços tendem a cair em contex-
to de crise. Em contraparti-
da, para quem tem dinheiro
para investir, é a chance de
fechar uma boa compra.
Para investimento, o coor-
denador do curso Desenvol-
vimento de Negócios Imobi-
liários da FGV, Alberto Ajzen-
tal, explica que aplicar o di-
nheiro da venda em caderne-
ta de poupança, por exem-
plo, não supera o retorno que
uma locação de imóvel pode
trazer. “É melhor ter o alu-
guel como renda fixa.”
Os sintomas de instabilida-
de da crise já começam a ser
sentidos pelo mercado. A pla-
taforma Kzas, criada no final
de 2019, notou uma diminui-
ção no volume de buscas no
início da pandemia – em mar-
ço no Brasil. Já nas últimas
duas semanas de abril, a pro-
cura foi retomada. Ao lado,
especialistas contam o que é
melhor fazer no momento.
SÃO PAULO
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TIRA-DÚVIDAS
1. É seguro investir em um
imóvel na crise?
Adquirir um imóvel neste mo-
mento é um bom investimen-
to, mas é necessário uma pes-
quisa profunda em busca de
opções. A busca vem sendo fa-
cilitada pelas empresas que
apostam no digital para fechar
negócios online.
“Como em todos os mo-
mentos de crise, você pode en-
contrar situações interessan-
tes para fazer uma aquisição.
Algumas pessoas precisam de
dinheiro e acabam vendendo
pelo preço que tiver”, diz Ro-
berto Vertamatti, diretor exe-
cutivo da Associação Nacio-
nal dos Executivos de Finan-
ças, Administração e Contabi-
lidade (Anefac).
O professor Viriato, do Ins-
per, esclarece que deve inves-
tir quem possui muito capital
disponível para comprar à vis-
ta, porque, com isso, tem-se
poder de barganha. Do contrá-
rio, o comprador que precisar
adquirir uma dívida alta e de
longo prazo deve ter em men-
te o risco de demissões numa
economia fragilizada.
Na avaliação dele, a alterna-
tiva mais vantajosa de investi-
mento para quem possui di-
nheiro disponível são os fun-
dos imobiliários: “desconto,
menor risco e liquidez”.
2. Em que condições devo
comprar?
Um horizonte para se buscar
é a compra de um imóvel já
ocupado e mantê-lo assim,
na opinião de Alberto Ajzen-
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é possível que tenha que
dar 10% de desconto, que
são (neste exemplo) R$
100 mil”, compara o profes-
sor. Uma opção para quem
está apertado e precisa do
dinheiro é recorrer a um re-
financiamento do seu imó-
vel, pois os empréstimos
com garantia do imóvel
têm taxas de juros meno-
res no mercado.
Transações. Arrematar imóvel à vista dá mais poder de barganha para comprador
5. Devo vender para
tal. “É uma opção de investi- de incertezas. Mas aqueles 4. É melhor vender reinvestir?
mento comprar imóvel bem que não dispõem de capital pa- ou alugar? Os especialistas concor-
alugado, com bom inquilino, ra arrematar um imóvel à vis- A venda deve ser a última das dam que o momento não é
porque além do valor do bem ta acabam tendo que recorrer opções, na avaliação dos três es- ideal para arriscar. A venda
você pode fazer a conta dos aos financiamentos bancá- pecialistas. A venda é recomen- de imóvel tende a ser desfa-
valores dos recebíveis (meses rios. Se não há escapatória, é dada, por exemplo, numa situa- vorável aos proprietários e
de aluguel)”. Com uma boa preciso também pesquisar as ção de extrema urgência ou pa- dificilmente algum tipo de
procura, o diretor da Anefac taxas de juros praticadas pe- ra quitação de uma dívida. Para investimento compensa-
acredita ser possível encon- los bancos, que tendem a ele- eles, entre vender e alugar, a se- ria o desconto oferecido
trar descontos de até 30% na vá-las em períodos de crise. gunda opção é a mais satisfató- na venda. É possível ter um
venda de imóveis. “A pessoa que precisa de fi- ria, ainda que haja uma onda de retorno abaixo do espera-
Contudo, Vertamatti ressal- nanciamento tem que pesar negociações no momento. do e continuar perdendo
ta a importância de se obser- com muito cuidado a possibi- O professor do Insper lem- dinheiro.
var a segurança dos negócios. lidade de perder o emprego, bra que as locações giravam em O professor da FGV aler-
“Verifique a documentação, porque pode perder o aparta- torno de 0,3% e 0,4% do valor ta para o risco de duas ope-
busque informações nos cartó- mento e perder o dinheiro do imóvel. Ainda que caiam nas rações envolvendo grande
rios, mais do que numa situa- que investiu”, frisa Viriato. negociações, a locação ainda se- quantidade de dinheiro nes-
ção normal, porque neste mo- Além de tarifas elevadas, as ria mais vantajosa porque po- te período. “O mercado es-
mento também surgem apro- instituições tendem a apertar de-se receber os valores em me- tá completamente atípico,
veitadores inescrupulosos.” os cintos em operações mais ses subsequentes. Já o descon- líquido. Eu acho que não é o
elevadas e podem dificultar a to na venda do bem dificilmen- momento mais oportuno
3. Devo comprar financiado? liberação de crédito. Mas os te seria recuperado em outro de fazer tanta movimenta-
Adquirir uma dívida alta é tomadores do dinheiro po- investimento. ção e de tanta importância
uma ação que se deve evitar dem tentar uma negociação “Em um imóvel de R$ 1 mi- em um curto prazo”, con-
em um panorama econômico com os bancos. lhão, você alugaria (em média) clui Ajzental.
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Silva Maydana ME. 2ª praça: 05/05/2020, às 12h50. Leiloeiro Oficial Luiz Fernando de Abreu
Sodré Santoro, Jucesp nº 192 - Luiz Alexandre Maiellari, preposto em exercício. CARCAÇA
DE BOMBA INJETORA, nº de série 2433991 – PE 120A720RS167. Avaliação: R$  4.500,00
(fevereiro/2018). Aval. atualizada: R$  4.869,44 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  2.480,00.
IMÓVEL RESIDENCIAL E RESPECTIVO TERRENO - GUARATINGUETÁ/SP. LEILÃO ONLINE.
SEF – Setor de Execuções Fiscais de Guaratinguetá/SP. Proc.: 0000868-32.2002.8.26.0220.
Exec.: Rony Galvão Alves Gonçalves Dias. 2ª praça: 05/05/2020, às 13h00. Leiloeiro Oficial
Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro, Jucesp nº 192 - Luiz Alexandre Maiellari, preposto em
exercício. Nua propriedade de IMÓVEL RESIDENCIAL na Rua Francisco Mota, 90, Vila Paraíba,
Guaratinguetá/SP, E RESPECTIVO TERRENO, constituído pelos lts  5 e 6 da qd  17, do loteamento
Vila Paraíba, medindo 20  m de frente; por 24,20  m nos fundos, por 30,30  m da frente aos fundos;
do lado esquerdo, e 31,70  m do lado direito, com área de 684,00 m². Matrícula nº 14.922, CRI
de Guaratinguetá/SP. Cont. mun.: 0501300700. Avaliação: R$  1.300.000,00 (setembro/2018).
Aval. atualizada: R$  1.371.198,25 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  685.650,00.
MÁQUINA DE SOLDA DIELÉTRICA E COMPRES. DE AR - GUARATINGUETÁ/SP. LEILÃO ONLINE.
SEF – Setor de Execuções Fiscais de Guaratinguetá/SP. Proc.: 0006571-36.2005.8.26.0220.
Exec.: Vasconcelos Manzanete Ltda. ME. 2ª praça: 05/05/2020, às 13h10. Leiloeiro Oficial
Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro, Jucesp nº 192 - Luiz Alexandre Maiellari, preposto em
exercício. •  LOTE  01: MÁQUINA DE SOLDA DIELÉTRICA, marca Aratec, Ord. Prod. 849-8/89,
FACEBOOK.COM/SODRESANTORO
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cor verde. Avaliação: R$  6.000,00 (Novembro/2018). Aval. atualizada: R$  6.284,54 (Abril/2020).
Lance mín. 2ª pça.: R$  3.180,00. •  LOTE  02: COMPRESSOR DE AR, marca Primax, Pat. MI
2894, série 315, Mod. 10V 240, tanque de 152 litros, com motor de 2HP. Avaliação: R$  2.000,00
(Novembro/2018). Aval. atualizada: R$  2.094,84 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  1.080,00.
FIAT MAREA SX, 1999/2000 - GUARATINGUETÁ/SP. LEILÃO ONLINE. SEF – Setor de
Execuções Fiscais de Guaratinguetá/SP. Proc.: 1001359-65.2015.8.26.0220. Exec.: Erasto
da Silva Reis Filho ME. 2ª praça: 05/05/2020, às 13h20. Leiloeiro Oficial Luiz Fernando
de Abreu Sodré Santoro, Jucesp nº 192 - Luiz Alexandre Maiellari, preposto em exercício.
VEÍCULO FIAT MAREA SX, 1999/2000, preto, sem funcionamento. Avaliação: R$  4.000,00
(dezembro/2017). Aval. atualizada: R$  4.349,63 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  2.200,00.
TV SAMSUNG LCD, 41 POL - GUARATINGUETÁ/SP. LEILÃO ONLINE. SEF – Setor de Execuções
Fiscais de Guaratinguetá/SP. Proc.: 1500252-89.2016.8.26.0220. Exec.: Gilmar Marques. 2ª
praça: 05/05/2020, às 13h30. Leiloeiro Oficial Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro, Jucesp
nº 192 - Luiz Alexandre Maiellari, preposto em exercício. TV SAMSUNG LCD, 41 POL. Avaliação:
R$ 800,00 (fevereiro/2018). Aval. atualizada: R$ 865,67 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$ 450,00.
QUADRO DE TÉCNICA MISTA - GUARATINGUETÁ/SP. LEILÃO ONLINE. SEF – Setor de
Execuções Fiscais de Guaratinguetá/SP. Proc.: 1500572-42.2016.8.26.0220. Exec.: Marcio
Aurelio Mathidios dos Santos. 2ª praça: 05/05/2020, às 13h40. Leiloeiro Oficial Luiz Fernando
de Abreu Sodré Santoro, Jucesp nº 192 - Luiz Alexandre Maiellari, preposto em exercício.
QUADRO DE TÉCNICA MISTA, medindo 0,49  cm  x 0,59  cm, denominado “O Caminhante”, de
Marly. Avaliação: R$  800,00 (Julho/2017). Aval. atualizada: R$  875,76 (Abril/2020). Lance
mín. 2ª pça.: R$  470,00. O bem está sob o depósito de Mary Aparecida Bouna, podendo
ser encontrado à Rua Expedicionário Benedito Patrício, 32, Pedregulho, Guaratinguetá/SP.
FREEZER VERTICAL ELECTROLUX - GUARATINGUETÁ/SP. LEILÃO ONLINE. SEF – Setor de
Execuções Fiscais de Guaratinguetá/SP. Proc.: 1001687-92.2015.8.26.0220. Exec.: Rosana
Aparecida Rodrigues de Souza ME. 2ª praça: 05/05/2020, às 13h50. Leiloeiro Oficial Luiz
Fernando de Abreu Sodré Santoro, Jucesp nº 192 - Luiz Alexandre Maiellari, preposto em
exercício. FREEZER VERTICAL ELECTROLUX, com duas portas, cor branca. Avaliação: R$  600,00
(março/2018). Aval. atualizada: R$  648,09 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  350,00.
IPHONE 4S E SAMSUNG S3 - GUARATINGUETÁ/SP. LEILÃO ONLINE. SEF – Setor de Execuções
Fiscais de Guaratinguetá/SP. Proc.: 1000021-56.2015.8.26.0220. Exec.: Marcos Ferreira. 2ª praça:
05/05/2020, às 14h00. Leiloeiro Oficial Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro, Jucesp nº 192 - Luiz
Alexandre Maiellari, preposto em exercício. •  LOTE  01: APARELHO CELULAR IPHONE 4S, marca
Apple, 8 gigas de memória, cor branca. Avaliação: R$  800,00 (Setembro/2015). Aval. atualizada:
R$  975,30 (Abril/2020). Lance mín. 1ª pça.: 976,00. Lance mín. 2ª pça.: R$  500,00. •  LOTE  02:
APARELHO CELULAR SAMSUNG S3 GT I9300, 8 gigas de memória, cor preta. Avaliação: R$ 800,00
(Setembro/2015). Aval. atualizada: R$  975,30 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  500,00.
PRÉDIO E SEU RESP. TERRENO - SÃO PAULO/SP. LEILÃO ONLINE. 1ª VC de Mogi das Cruzes/
SP. Proc.: 0016850-12.2006.8.26.0361. Exec.: Vander de Roses Aires Silveira e outros. 2ª
praça: 07/05/2020, às 11h00. Leiloeiro Oficial Otavio Lauro Sodré Santoro, JUCESP nº 607.
PRÉDIO localizado na Av.  São Miguel,  8925, Vila Ernestina, Distrito de São Miguel Paulista,
São Paulo/SP, E SEU RESPECTIVO TERRENO, medindo 5  m de frente, por 50  m da frente
aos fundos, de ambos os lados, tendo nos fundos a mesma largura da frente, encerrando
a área de 250  m². Matrícula nº 15, do 12º CRI da Capital/SP. Avaliação: R$  1.500.000,00
(Abril/2017). Aval. atualizada: R$  1.644.342,79 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  986.650,00.
CAMINHÕES, VEÍCULOS LEVES E OUTROS - CAPÃO BONITO/SP. LEILÃO ONLINE. 1ª VC de
Capão Bonito/SP. Proc.: 1000884-75.2016.8.26.0123. Exec.: Indústria e Comércio de Madeiras
Ribeira Santos Ltda. EPP e Ribeira Santos Transportes Ltda. ME. 2ª praça: 07/05/2020, às 11h15.
Leiloeiro Oficial José Eduardo de Abreu Sodré Santoro, JUCESP nº 195. •  LOTE  01: VEÍCULO
FIAT PALIO FIRE, 2014/2014, preto, renavam 01005696648, chassi 9BD17102LE5922689.
Avaliação: R$  14.080,00. Lance mín. 2ª pça.: R$  7.090,00. •  LOTE  02: VEÍCULO FIAT UNO MILLE
FIRE FLEX, 2006/2007, preto, renavam 00902290410, chassi 9BD15802774912840. Avaliação:
R$  8.320,00. 2ª pça.: R$  4.200,00. •  LOTE  03: CAÇAMBA RANDON. Avaliação: R$  41.400,00.
Lance mín. 2ª pça.: R$  20.750,00. •  LOTE  04: CAÇAMBA RANDON. Avaliação: R$  41.400,00.
Lance mín. 2ª pça.: R$  20.750,00. •  LOTE  05: CAMINHÃO FORD CARGO 2626 2003/2003,
branco, renavam 00810672162, chassi 9BFZTNYT53BB26821. Avaliação: R$  57.600,00. Lance
mín. 2ª pça.: R$  28.850,00. •  LOTE  06: CAMINHÃO FORD CARGO 2628 E, 2006/2006, branco,
renavam 00908673655, chassi 9BFZCEEX46BB83913. Avaliação: R$  64.800,00. Lance mín.
2ª pça.: R$  32.450,00. •  LOTE  07: CAMINHÃO MERCEDES LS1634, 2004/2004, branco,
renavam 00838194214, chassi 9BM6950524B397333. Avaliação: R$  64.800,00. Lance mín.
2ª pça.: R$  32.450,00. •  LOTE  08: CAMINHÃO MERCEDES BENZ LS1634, 2004/2004, branco,
renavam 00833199862, chassi 9BM6950524B387857. Avaliação: R$  64.800,00. Lance mín.
2ª pça.: R$  32.450,00. •  LOTE  09: CAMINHÃO MERCEDES BENZ 1938 S, 2004/2004, branco,
renavam 00841635137, chassi 9BM6931964B400662. Avaliação: R$  54.000,00. Lance mín.
2ª pça.: R$  27.050,00. •  LOTE  10: CAMINHÃO MERCEDES BENZ LS 1938, 1998/1999, branco,
renavam 00711454957, chassi 9BM696090WB184653. Avaliação: R$  43.200,00. Lance mín.
2ª pça.: R$  21.650,00. •  LOTE  11: CAMINHÃO MERCEDES BENZ 1938 S, 2000/2000, azul,
renavam 00748578544, chassi 9BM693196YB252714. Avaliação: R$  43.200,00. Lance mín.
2ª pça.: R$  21.650,00. •  LOTE  12: CAMINHÃO VOLVO VM23 210 6X2R, 2005/2005, cor branca,
renavam 00872602842, chassi 93KPAV0C45E103400. Avaliação: R$  72.000,00. Lance mín.
2ª pça.: R$  36.050,00. •  LOTE  13: CAMINHÃO VOLVO VM23 210 6X2R, 2005/2005, branco,
renavam 00868837148, chassi 93KK AV0C75E102994. Avaliação: R$  72.000,00. Lance mín.
2ª pça.: R$  36.050,00. •  LOTE  14: CAMINHÃO VOLVO VM 260 6X2R, 2008/2009, branco,
renavam 00990930033, chassi 93KP0E0C99E116572. Avaliação: R$  64.800,00. Lance mín.
2ª pça.: R$  32.450,00. •  LOTE  15: REBOQUE JUSTARI RC 1575, 1995/1995, vermelho, renavam
00647773368, chassi 9A9RC1575S1AX3098. Avaliação: R$  25.200,00. Lance mín. 2ª pça.:
R$  12.650,00. •  LOTE  16: CAÇAMBA RANDON, renavam 00802278388. Avaliação: R$  17.000,00.
Lance mín. 2ª pça.: R$  8.550,00. •  LOTE  17: CAMINHÃO FORD CARGO 2422 E, 2008, renavam
00978442253. Avaliação: R$  35.000,00. Lance mín. 2ª pça.: R$  17.550,00. Pesam sobre o bem
débitos no importe de R$ 9.982,09 (fev/20). • LOTE 18: CAMINHÃO FORD CARGO 2623 6X4, 2013,
renavam 00537883720. Avaliação: R$  59.000,00. Lance mín. 2ª pça.: R$  29.550,00. •  LOTE  19:
CAMINHÃO MERCEDES BENZ 2423 K, 2007, renavam 00927621711. Avaliação: R$  35.000,00.
Lance mín. 2ª pça.: R$  17.550,00. •  LOTE  20: CAMINHÃO FORD CARGO 2622 E, 2010, renavam
00256353204. Avaliação: R$ 45.000,00. Lance mín. 2ª pça.: R$ 22.550,00. • LOTE 21: CAMINHÃO
VOLKSWAGEN 31260 CNM 6X4, 2010, renavam 00257999361. Avaliação: R$  54.000,00. Lance
mín. 2ª pça.: R$  27.050,00. •  LOTE  22: CAMINHÃO VOLKSWAGEN 31260 CNM 6X4, 2010,
renavam 00257999361. Avaliação: R$  45.000,00. Lance mín. 2ª pça.: R$  22.550,00. •  LOTE  23:
01 CALDEIRA, EM ESTADO DE SUCATA. Avaliação: R$ 10.000,00. Lance mín. 2ª pça.: R$ 5.050,00.
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O ESTADO DE S. PAULO CLASSIFICADOS
APARTAMENTO COM ÁREA PRIVATIVA DE 45,60 M² - VOTORANTIM/SP. LEILÃO ONLINE. 6ª VC
do Foro Regional do Jabaquara/SP. Proc.: 1014315-17.2017.8.26.0003. Exec.: Edna Cristina Pereira
Bittencourt. 2ª praça: 07/05/2020, às 11h30. Leiloeiro Oficial Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro,
JUCESP nº 192. Luiz Alexandre Maiellari, preposto em exercício. Direitos sobre o APARTAMENTO
105, bl 38 do Condomínio Pq. Sicilia, Av. Adolpho Massaglia, 800, Votorantim/SP, com a.priv.
de 45,60  m², a.comum de 35,8630  m² e a.total de 81,4630  m², com 01 v.garagem. Matrícula nº
11.766, do CRI de Votorantim/SP. Insc. imob.: 13.13.40.5156.03.810.5.20. Avaliação: R$ 62.300,00
(Junho/2019). Aval. atualizada: R$  63.769,07 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  38.300,00.
HONDA CIVIC LXL FLEX, 2010/2011 - SÃO BERNARDO DO CAMPO/SP. LEILÃO ONLINE. 4ª VC do
Foro Regional do Jabaquara/SP. Proc.: 0020747-89.2005.8.26.0003. Exec.: Cláudia Janete Rado
Ferraioli. 2ª praça: 07/05/2020, às 12h00. Leiloeiro Oficial Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro,
JUCESP nº 192. Luiz Alexandre Maiellari, preposto em exercício. VEÍCULO HONDA CIVIC LXL FLEX,
2010/2011, cinza, renavam 00256979987, chassi 93HFA666BZ108701. Avaliação: R$  37.399,00
(FIPE Fevereiro/2020). Aval. atualizada: R$ 37.462,60 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$ 18.760,00.
50% DOS DIREITOS SOBRE UM PRÉDIO RESIDENCIAL - ARARAQUARA/SP. LEILÃO ONLINE. 4ª
VC da Comarca de Bauru/SP. Proc.: 0012415-06.2017.8.26.0071. Exec.: José Raimundo Silvério,
Eugênio Nunes de Paula e Luis Antonio Gomes. 2ª praça: 07/05/2020, às 12h15. Leiloeiro Oficial
Flávio Cunha Sodré Santoro, JUCESP nº 581. PARTE IDEAL DE 50% DOS DIREITOS SOBRE UM
PRÉDIO RESIDENCIAL na Av. Antonio de Pádua Corrêa, 691, Araraquara/SP, E RESPECTIVO
TERRENO com área de 178,20  m². Matrícula nº: 104.781, do 1º CRI de Araraquara/SP. Cadastro
Municipal nº: 11.040.040. Avaliação: R$  105.080,64 (Junho/2018) – correspondente a 50%
da avaliação. Aval. atualizada: R$  112.701,68 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  78.920,00.
IMÓVEL RESIDENCIAL E SEU RESP. TERRENO - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP. LEILÃO ONLINE. 1ª VC
de São José dos Campos/SP. Proc.: 1026982-93.2016.8.26.0577. Exec.: Mario Shigueo Shiotsuka
e Solange Palmorio da Silva. 2ª praça: 07/05/2020, às 12h30. Leiloeira Oficial Mariana Lauro
Sodré Santoro Batochio, JUCESP nº 641. Domínio útil sobre IMÓVEL RESIDENCIAL na Rua George
Washington, 139, Jd. do Céu, São José dos Campos/SP E SEU RESPECTIVO TERRENO, com área de
275 m², constituído pelo lt 01 da qd F, do loteamento de.o Jardim Oriental. Matrícula nº 104.255, do
CRI de São José dos Campos/SP. Inscrição Imobiliária 65.0006.0010.0000. Avaliação: R$ 350.000,00
(Outubro/2019). Aval. atualizada: R$  357.609,43 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  214.600,00.
VEÍCULO FIAT STRADA LX 16V, 2000/2000 - SERRA NEGRA/SP. LEILÃO ONLINE. 2ª VC
da Comarca de Serra Negra/SP. Proc.: 1000024-79.2017.8.26.0595. Exec.: Janaina Paula
de Souza Cardoso MEI e Janaina Paula de Souza Cardoso. 2ª praça: 07/05/2020, às 12h45.
Leiloeiro Oficial Otavio Lauro Sodré Santoro, JUCESP nº 607. VEÍCULO FIAT STRADA LX 16V,
2000/2000, preto, renavam 732660890, chassi 9BD278093Y273138. Avaliação: R$  14.001,00
(FIPE Jul/2019). Aval. atualizada: R$  14.329,71 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  7.200,00.
VEÍCULO HYUNDAI TUCSON, 2007/2007 - HOLAMBRA/SP. LEILÃO ONLINE. VC da Comarca
de Artur Nogueira/SP. Proc.: 1002162-05.2014.8.26.0666. Exec.: InflorCoop Centro de
Comercialização de Flores e Plantas Ltda. e Daniel Américo de Souza. 2ª praça: 07/05/2020, às
13h00. Leiloeiro Oficial Flavio Cunha Sodré Santoro, JUCESP nº 581. Direitos sobre VEÍCULO
HYUNDAI TUCSON, 2007/2007, preto, renavam 00931205026. Avaliação: R$  25.000,00
(Agosto/2019). Aval. atualizada: R$  25.561,39 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  12.800,00.
TOYOTA COROLLA XEI 2.0 FLEX, 2014/2015 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP. LEILÃO
ONLINE. 1ª VC de São José dos Campos/SP. Proc.: 1005177-50.2017.8.26.0577. Exec.: Alfa
Serviços Administrativos Ltda. EPP e José Leopoldo da Costa. 2ª praça: 07/05/2020, às
13h15. Leiloeira Oficial Mariana Lauro Sodré Santoro Batochio, JUCESP nº 641. Direitos sobre
veículo TOYOTA COROLLA XEI 2.0 FLEX, 2014/2015, prata, renavam 01235029066, chassi
9BRBDWHE4F0222204, em bom estado de uso e conservação. Avaliação: R$  45.000,00
(Dez/2017). Aval. atualizada: R$  48.933,36 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  29.400,00.
APARTAMENTO COM ÁREA TOTAL DE 256,242  M² - SÃO PAULO/SP. LEILÃO ONLINE. 26ª Vara
e Ofício Cível da Capital/SP. Proc.: 1121152-67.2015.8.26.0100. Exec.: Denise Maria Candiotto
Caselani. 2ª praça: 07/05/2020, às 13h30. Leiloeiro Oficial Luiz Fernando de Abreu Sodré
Santoro, JUCESP nº 192, Luiz Alexandre Maiellari - preposto em exercício. APARTAMENTO
31, no 3º andar do Edifício Miryade, Rua Maria Figueiredo, 527, esquina com a Rua Otávio
Nébias, no 9ª Subdistrito da Vila Mariana, São Paulo/SP, com á.privativa coberta de 145,050
m², á.comum de 111,192 m² (sendo, á.coberta de 89,203 m² mais á.descoberta de 21,989
m²), já incluído o direito ao estacionamento de três veículos de passeio na respectiva vaga na
garagem coletiva do condomínio, com á.total de 256,242 m² do terreno. Matrícula nº 105.126,
do 1º CRI de São Paulo/SP. Cadastro Municipal nº 036.016.0315-2. Avaliação: R$  1.820.000,00
(Jan/2019). Avaliação atualizada: R$  1.908.416,49. Lance mín. 2ª praça: R$  1.431.313,00.
APARTAMENTO COM ÁREA TOTAL DE 112,73 M² - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP. LEILÃO ONLINE.
1ª VC de São José dos Campos/SP. Proc.: 1009211-34.2018.8.26.0577. Exec.: WDF Consultoria
e Serviços em Aviação Ltda., Fátima Teodora Castello Banco Rocha Wollmann e Dilson Moretto
Wollmann. 2ª praça: 07/05/2020, às 13h45. Leiloeira Oficial Carolina Lauro Sodré Santoro, JUCESP
nº 758. APARTAMENTO 47, 4° andar do Edifício Golden Park, Av. Cassiano Ricardo, 735, Serimbura,
São José dos Campos/SP, com a.útil de 54,78  m² e a.total de 112,73  m². Matrícula nº 101.124,
do CRI de São José dos Campos/SP. Insc. imob.: 40.170.003.00 (a.m.). Avaliação: R$  275.000,00
(Outubro/2018). Aval. atualizada: R$  289.193,59 (Abril/2020). Lance mín. 2ª pça.: R$  173.550,00.
LOTE URBANO COM ÁREA DE 1.300,00 M² - MAIRIPORÃ/SP. LEILÃO ONLINE. 1ª Vara
e Ofício Cível da Comarca de Mairiporã /SP. Proc.: 0006116-95.2011.8.26.0338. Exec.:
Espólio de Singi Suguimoto e Espólio de Kimie Suguimoto. 1ª  praça: 29/04/2020, às 11h00.
2ª  praça: 21/05/2020, às 11h00. Leiloeiro Oficial Otavio Lauro Sodré Santoro, JUCESP nº
607. LOTE URBANO COM ÁREA DE 1.300,00 M², sem benfeitorias, constituído pelo lt 09 da
qd S, do loteamento Haras El Paso, localizado à Rua Maria Antunes da Silva, s/n, Vila Machado,
Mairiporã/SP. Matrícula nº 37.163, do Serviço Registral de Justiça de Mairiporã/SP. Contribuinte
municipal nº 04.94.19.09. Avaliação: R$ 220.147,00 (Abril/2018). Aval. atualizada: R$
237.626,56 (Abril/2020). Lance mín. 1ª pça: R$ 237.627,00. Lance mín. 2ª pça: R$ 118.860,00.
PRÉDIO RESIDENCIAL E RESPECTIVO TERRENO - TAUBATÉ/SP. LEILÃO ONLINE. 1ª VC de Mogi
das Cruzes/SP. Proc.: 0018563-85.2007.8.26.0361. Exec.: OPB Pré Moldados de Concreto
Ltda., José Roberto Lima e Rosana Lousada Lima. 1ª  praça: 29/04/2020, às 11h15. 2ª  praça:
21/05/2020, às 11h15. Leiloeiro Oficial Otavio Lauro Sodré Santoro, JUCESP nº 607. PRÉDIO
RESIDENCIAL sob nº 257, no condomínio Taubaté Village, R. Francisco das Chagas, 1371,
Barranco, Taubaté/SP. Á.construída de 242,15  m², constituído por casa principal assobrada,
edícula, piscina e garagem para dois veículos; E RESPECTIVO TERRENO, constituído pelo lt  20
da qd  22, com uma área de 418,95 m². Matríc.: 66.543, do CRI de Taubaté/SP. Contribuinte mun.:
4.4.156.020.001. Avaliação: R$  920.000,00 (Agosto/2015). Aval. atualizada: R$  1.124.406,68
WWW.SODRESANTORO.COM.BR • AV BRASIL, 478 - JD. PAULISTA, SÃO PAULO/SP
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(fins de semana e todos os dias). Imagens meramente ilustrativas.
(Abril/2020). Lance mín. 1ª  pça: R$ 1.124.407,00. Lance mín. 2ª  pça: R$  787.200,00.
06 APARTAMENTOS - ARAÇATUBA/SP. LEILÃO ONLINE. 13ª Vara e Ofício da Fazenda Pública da
Capital/SP. Proc.: 0023073-85.2013.8.26.0053. Exec.: Oswaldo Faganello Engenharia e Construções
Ltda. 1ª praça: 29/04/2020, às 11h30. 2ª praça: 21/05/2020, às 11h30. Leiloeiro Oficial Luiz Fernando
de Abreu Sodré Santoro, JUCESP nº 192, Luiz Alexandre Maiellari - preposto em exercício. LOTE 01:
APARTAMENTO 12, bl C, térreo do Edifício Portal da Guaratiba, Av. Waldemar Alves, 1651, Araçatuba/
SP, com 85,10001  m² de á.privativa, 58,2786  m² de á.comum e á.total de 143,3786  m² com 01
v.garagem. Matríc.: 55.121, do CRI de Araçatuba/SP. Cont. mun.: 4.11.00.09.0002.0183.00.00
(área maior). Avaliação: R$ 181.000,00 (Maio/2018). Aval. atualizada: R$ 194.961,89 (Abril/2020).
Lance mín. 1ª pça: R$ 194.962,00. Lance mín. 2ª pça: R$ 117.010,00. LOTE  02: APARTAMENTO
22, bl  A, 1º andar do Edifício Portal da Guaratiba, Av. Waldemar Alves, 1651, Araçatuba/SP, com
85,10001 m² de á.privativa, 58,2786 m² de á.comum e á.total de 143,3786 m² com 01 v.garagem.
Matrícula nº 55.124, do CRI de Araçatuba/SP. Contribuinte mun.: 4.11.00.09.0002.0183.00.00
(área maior). Avaliação: R$ 181.000,00 (Maio/2018). Aval. atualizada: R$ 194.961,89 (Abril/2020).
Lance mín. 1ª pça: R$ 194.962,00. Lance mín. 2ª pça: R$ 117.010,00. LOTE 03: APARTAMENTO
23, bl  A, 1º andar do Edifício Portal da Guaratiba, Av. Waldemar Alves, 1651, Araçatuba/SP, com
85,10001 m² de á.privativa, 58,2786 m² de á.comum e á.total de 143,3786 m², com 01 v.garagem.
Matríc.: 55.126, do CRI de Araçatuba/SP. Contribuinte mun.: 4.11.00.09.0002.0183.00.00 (área
maior). Avaliação: R$  181.000,00 (Maio/2018). Aval. atualizada: R$ 194.961,89 (Abril/2020).
Lance mín. 1ª pça: R$  194.962,00. Lance mín. 2ª pça: R$  117.010,00. LOTE 04: APARTAMENTO
24, bl  A, 1º andar do Edifício Portal da Guaratiba, Av. Waldemar Alves, 1651, Araçatuba/SP, com
85,10001  m² de á.privativa, 58,2786 m² de á.comum, com á.total de 143,3786  m², 01 v.garagem.
Matríc. 55.128, do CRI de Araçatuba/SP. Contribuinte mun.: 4.11.00.09.0002.0183.00.00 (área
maior). Avaliação: R$ 181.000,00 (Maio/2018). Aval. atualizada: R$ 194.961,89 (Abril/2020).
Lance mín. 1ª pça: R$ 194.962,00. Lance mín. 2ª pça: R$ 117.010,00. LOTE 05: APARTAMENTO
31, bl  C, 2º andar do Edifício Portal da Guaratiba, na Av. Waldemar Alves, 1651, Araçatuba/SP,
com 85,10001  m² de á.privativa, 58,2786  m² de á.comum com á.total de 143,3786  m², com 01
v.garagem. Matríc.: 55.130, do CRI de Araçatuba/SP. Contribuinte mun.: 4.11.00.09.0002.0183.00.00
(área maior). Avaliação: R$ 181.000,00 (Maio/2018). Aval. atualizada: R$ 194.961,89 (Abril/2020).
Lance mín. 1ª pça: R$ 194.962,00. Lance mín. 2ª pça: R$ 117.010,00. LOTE 06: APARTAMENTO
44, bl A, 3º andar do Edifício Portal da Guaratiba, situado na Av. Waldemar Alves, 1651, Araçatuba/
SP, com 85,10001 m² de á.privativa, 58,2786 m² de á.comum, perfazendo a á.total de 143,3786
m², com 01 v.garagem. Matrícula nº 55.137, do CRI de Araçatuba/SP. Contribuinte municipal nº
4.11.00.09.0002.0183.00.00 (área maior). Avaliação: R$ 181.000,00 (Maio/2018). Aval. atualizada:
R$ 194.961,89 (Abril/2020). Lance mín. 1ª pça: R$ 194.962,00. Lance mín. 2ª pça: R$ 117.010,00.
04 TERRENOS URBANOS - APARECIDA/SP. LEILÃO ONLINE. 13ª VC do Foro Central da Capital/SP.
Proc.: 0086173-82.2004.8.26.0100. Exec.: Costamar Transportes e Terraplenagem Ltda., José Lucio
Amaral Galvão Nunes e Letícia Maria da Silveira Galvão Nunes. 1ª  praça: 29/04/2020, às 11h45.
2ª  praça: 21/05/2020, às 11h45. Leiloeiro Oficial Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro, JUCESP
nº 192, Luiz Alexandre Maiellari - preposto em exercício. LOTE 01: TERRENO URBANO COM ÁREA
DE 250,00 M², sem benfeitorias, Rua Antonio Roma, s/n, Jardim Paraíba, Aparecida/SP, lt  27 da
qd  16, do loteamento Jardim Paraíba II, com 10  m de frente; 25  m do lado direito; 25  m do lado
esquerdo; 10 m de fundos. Matríc.: 5022, do CRI de Aparecida/SP. Contribuinte mun.: 10.47.0262.01.
Avaliação: R$ 374.000,00 (Set/2018). Aval. atualizada: R$ 394.483,41 (Abril/2020). Lance mín.
1ª praça: R$ 394.484,00. Lance mín. 2ª praça: R$ 197.290,00. LOTE 02: TERRENO URBANO COM
ÁREA DE 258,00 M², sem benfeitorias, Rua Antonio Roma, s/n, Jardim Paraíba, Aparecida/SP, lt 28
da qd 16, do loteamento Jardim Paraíba II, com 11 m de frente; 25 m do lado direito; 25 m do lado
esquerdo; 10 m de fundos. Matríc.: 5024, do CRI de Aparecida/SP. Contribuinte mun.: 10.47.0252.01.
Avaliação: R$ 382.000,00 (Set/2018). Aval. atualizada: R$ 402.921,33 (Abril/2020). Lance mín.
1ª  praça: R$ 402.922,00. Lance mín. 2ª  praça: R$ 201.500,00. LOTE 03: TERRENO URBANO
COM ÁREA DE 258,00 M², sem benfeitorias, Rua José Monteiro do Amaral, s/n, Jardim Paraíba,
Aparecida/SP, lt  29 da qd  16, do loteamento Jardim Paraíba II, com 11  m de frente; 25  m do lado
direito; 25 m do lado esquerdo; 11 m de fundos. Matríc.: 5023, do CRI de Aparecida/SP. Contribuinte
mun.: 10.47.0216.01. Avaliação: R$ 394.000,00 (Set/2018). Aval. atualizada: R$ 415.578,54
(Abril/2020). Lance mín. 1ª  praça: R$ 415.579,00. Lance mín. 2ª  praça: R$ 207.820,00. LOTE 04:
TERRENO URBANO COM ÁREA DE 250  M², sem benfeitorias, Rua José Monteiro do Amaral, s/n,
Jardim Paraíba, Aparecida/SP, lt 30 da qd 16, do loteamento Jardim Paraíba II, com 10 m de frente;
25 m do lado direito; 25 m do lado esquerdo; 10 m de fundos. Matríc.: 5021, do CRI de Aparecida/
SP. Contribuinte mun.: 10.47.0206.01. Avaliação: R$ 374.000,00 (Set/2018). Aval. atualizada: R$
394.483,41 (Abril/2020). Lance mín. 1ª praça: R$ 394.484,00. Lance mín. 2ª praça: R$ 197.290,00.
04 APARTAMENTOS - SÃO PAULO/SP. LEILÃO ONLINE. 17ª VC do Foro Central da Capital/SP. Proc.:
0628582-26.1998.8.26.0100. Exec.: Triálogo Engenharia e Construções Ltda. 1ª praça: 29/04/2020,
às 12h00. 2ª praça: 21/05/2020, às 12h00. Leiloeiro Oficial Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro,
JUCESP nº 192, Luiz Alexandre Maiellari - preposto em exercício. LOTE 01 - APARTAMENTO
DUPLEX  162, 16° andar do Edifício Ilha de Córsega, Rua Francisco Coimbra,  72, no 3° Subdistrito
da Penha de França, São Paulo/SP, com a.útil de 134,100  m², á.comum (incluindo 02 vagas indet.)
de 114,727  m², á.total de 248,827  m². Matríc.: 129.015, do 12º CRI da Capital/SP. Contribuinte
mun.: 061.029.0230-0. Avaliação: R$ 750.000,00 (Março/2016). Aval. atualizada: R$ 863.518,28
(Abril/2020). Lance mín. 1ª  praça: R$ 863.519,00. Lance mín. 2ª  praça: R$ 431.800,00. LOTE 02
- APARTAMENTO  132, 13° andar, tipo A, do Edifício Ilha de Córsega, Rua Francisco Coimbra,  72,
no 3° Subdistrito da Penha de França, São Paulo/SP, com a.útil de 73,100  m², á.comum (incluindo
01 vaga indet.) de 66,811  m², á.total de 139,911  m². Matríc.: 129.016, do 12º CRI da Capital/SP.
Contribuinte Municipal nº 061.029.0218-1. Avaliação: R$ 405.000,00 (Março/2016). Aval. atualizada:
R$ 466.299,87 (Abril/2020). Lance mín. 1ª praça: R$ 466.300,00. Lance mín. 2ª praça: R$ 233.200,00.
LOTE 03 - APARTAMENTO 53, 5° andar, tipo C, do Edifício Ilha de Córsega, Rua Francisco Coimbra, 72,
no 3° Subdistrito da Penha de França, São Paulo/SP, com a.útil de 68,250  m², á.comum (incluindo
01 vaga indet.) de 64,431  m², á.total de 132,681  m². Matríc.: 152.415, do 12º CRI da Capital/SP.
Contribuinte mun.: 061.029.0187-8. Avaliação: R$ 380.000,00 (Março/2016). Aval. atualizada: R$
437.515,93 (Abril/2020). Lance mín. 1ª praça: R$ 437.516,00. Lance mín. 2ª praça: R$ 218.800,00.
LOTE 04 - APARTAMENTO 43, 4° andar, tipo C, do Edifício Ilha de Córsega, Rua Francisco Coimbra, 72,
no 3° Subdistrito da Penha de França, São Paulo/SP, com a.útil de 68,25  m², á.comum (incluindo
01 vaga indet.) de 64,431  m², á.total de 132,681  m². Matríc.: 159.372, do 12º CRI da Capital/SP.
Contribuinte mun.: 061.029.0183-5. Avaliação: R$ 380.000,00 (Março/2016). Aval. atualizada: R$
437.515,93 (Abril/2020). Lance mín. 1ª praça: R$ 437.516,00. Lance mín. 2ª praça: R$ 218.800,00.
H1
%HermesFileInfo:H-1:20200426:
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

NA
PARCERIA
Caderno 2
Parceria de Mutantes e Tim Maia PÁG. H12

QUARENTENA
De aula de flamenco a safári, experiências online ficam mais realistas
NILTON FUKUDA/ESTADÃO
Nathalia Molina
ESPECIAL PARA O ESTADO O MUNDO GIRA
EM TOURS DE 360°
Passei dias negociando comigo.
Estou fora de forma, e 20 anos e
uma fibromialgia me separam
daquelas tacadas de iniciante.
VIAGENS Muito usado para visitar acervos
pelo computador, o Google Arts

VIRTUAIS
No entanto, desde que soube da & Culture (artsandculture.
aula com uma professora de Se- google.com) sugere que o inter-
vilha, na Espanha, a ideia marte- nauta confira uma lista dos 10
lava. Aquilo tinha mexido com melhores museus do mundo –
um antigo sonho de fazer inter- entre eles, nosso Museu de Arte
câmbio de espanhol com fla- de São Paulo (Masp). Mas se en-
menco na Andaluzia. gana quem pensa que a ferra-
Meus planos mudaram. O fu- menta se limita a instituições cul-
turo, afinal, é imprevisível (em- turais. Também é válida para
bora nada fosse tão inimaginá- quem busca, por exemplo, um
vel quanto a pandemia de co- passeio virtual por campos de
vid-19). Criei coragem e mar- lavanda na francesa Provença,
quei a experiência no Airbnb. por segredos dos parques nacio-
“Tem oito anos que dou aula nais dos Estados Unidos ou por
para iniciantes. Ensino flamen- murais de Banksy em Londres e
co a muitos viajantes aqui em Bristol, na Inglaterra.
Sevilha. Agora, tive de me rein- Tours em 360°, aliás, são a
ventar”, explicou a espanhola grande sensação quando o as-
Eva. Muita diferença? “A distân- sunto é viagem virtual. São incon-
cia, falo mais para manter a co- táveis as experiências, que abra-
municação e explicar os pas- çam viajantes bem distintos, tan-
sos.” Durante a aula, Eva se to fãs de futebol em busca de visi-
aproximou e se afastou da tela tar estádios alemães (bit.ly/
para demonstrar os movimen- futalemao) quanto apreciadores,
tos. Para que eu aprendesse o religiosos ou não, da Capela Sisti-
rocambolesco girar dos pu- na (bit.ly/versitina). Apesar de
nhos, típico da dança flamenca, meramente contemplativa, essa
ela se sentou e manteve as mãos experiência virtual permite apre-
bem próximas à minha visão. ciar a obra-prima de Michelange-
Aprender com Eva a arte espa- lo vazia e silenciosa – algo impos-
nhola, Patrimônio Cultural
Imaterial da Humanidade des-
de 2010, custa a partir de R$ 61
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO sível quando as visitações ao Mu-
seu do Vaticano estão abertas.
Os tours virtuais da República
por pessoa. É uma das muitas Checa são tão imersivos que o
experiências online (bit.ly/ai- site virtualczech.cz é todo em
rexperiencia), disponíveis des- checo – nada que um Google Tra-
de 9 de abril, saída encontrada dutor não resolva para você dar
pelo Airbnb para apoiar os anfi- uma voltinha na neve de Praga.
triões durante a pandemia. É Dica: busque por ‘Praha’ para ver
possível cozinhar com uma fa- lugares da capital do país. A Re-
mília marroquina (desde R$ 74) pública Checa oferece tours vir-
de Marrakesh ou fazer exercí- tuais (bit.ly/ver-repcheca) por 12
cios com um acrobata do Cir- de suas principais cidades decla-
que du Soleil de Las Vegas (a radas Patrimônio Mundial – da
partir de R$ 46). E que tal uma lindinha medieval Cesky Krum-
meditação guiada com ovelhas lov à monumental Praga, ambas
sonolentas (desde R$ 70) em na lista da Unesco desde 1992.
um celeiro na Escócia? O Castelo de Praga conta com
Amanda Ras não foi tão longe tour virtual próprio (bit.ly/
na escolha, mas imaginou que a castelo-praga), assim como vá-
meditação mindfulness (a par- rias construções históricas pelo
tir de R$ 49) com a mexicana mundo. O Palácio de Bucking-
Ana traria um sono melhor. ham tem visita online (bit.ly/
“Ela me explicou muito bem ca- verbuck) pela sala do trono, esca-
da técnica. Vou usar hoje à noi- daria e outras áreas da residên-
te”, contou a tatuadora, conhe- cia oficial da rainha Elizabeth.
cida como Mandy, depois da Outro edifício da realeza, o Caste-
prática na sexta-feira. “Fiquei lo de Windsor também oferece
com vontade de conhecer onde um passeio por computador
ela mora (Playa del Carmen) e (bit.ly/verwind) pelo salão de ban-
de fazer meditações na praia.” quetes, com aquela mesa enor-
Mandy conta que se sentiu me na qual cada convidado rece-
melhor depois da meditação. be uma meia dúzia de taças.
“Ando superansiosa, sem traba- De estilos arquitetônicos dife-
lho e em casa sozinha, então me rentes, a Casa Batlló (bit.ly/
ajudou conversar com alguém e verbartlo) e a Sagrada Família
porque a técnica acalma. Fiquei (bit.ly/vergaudi) também levam o
muito mais concentrada.” viajante virtualmente à Barcelo-
na de Antoni Gaudí. / N.M.
Cultura. Museus também es- Conexão. De sua casa no centro de São Paulo, Amanda fez aula de meditação com professora em Playa del Carmen, no México
tão indo além em suas visitas
virtuais. Na Inglaterra, o Has- Uma experiência diferente da mo o passeio de helicóptero so- Unidos, a brincadeira já alcan- curso sobre vinho (bit.ly/vi- gundas-feiras, às 11 horas (horá-
tings Contemporary usa uma es- que se pode ter no Museu Reina bre Nova York, em vídeo. Você de- çou 23 mil usuários. nhoonline) para iniciantes com rio de Brasília), até 15 de maio, e
pécie de robô para conduzir visi- Sofia, em Madri. Seu principal cola e tem uma visão de 360 graus Em Orlando, a Universal Re- o sommelier Gianni Tartari. Da mantida no IGTV do perfil.
tas a distância (mais informa- ícone, o quadro Guernica, de Pi- onde vê inclusive o piloto e seus sorts lançou a ação #Universala- história da bebida à forma corre- Também dá para sentar na pri-
ções na página H2). Já o Museu casso, pode ser apreciado em gi- companheiros de passeio. tHome para oferecer um gosti- ta de abrir uma garrafa de cham- meira fila em apresentações ao
Canadense dos Direitos Huma- gapixels na exibição virtual Re- Muitas empresas e órgãos de nho do parque temático, com panhe, você aprende (e testa) vivo. O Balé Bolshoi, por exem-
nos (bit.ly/direitocanada), em pensar Guernica (guerni- turismo vêm lançando vídeos du- playlist no Spotify e receitas fundamentos em casa para sor- plo, usa o YouTube para transmi-
Winnipeg, investiu em uma ex- ca.museoreinasofia.es). Além rante a quarentena. Mas alguns (blog.universalorlando.com). Dá ver melhor o próximo tour com tir em tempo real (bit.ly/baleonli-
periência diferente. Os vídeos de detalhes da obra-prima de são mais criativos no modo de para reproduzir o milk-shake degustação, seja na vinícola na ne), diretamente de Moscou, as
de Explore the Museum from 7,76 metros por 3,49 metros so- trazer o desti- multicolorido região metropolitana de Santia- apresentações de um dos mais re-
Home, com duração de 5 a 20 bre a Guerra Civil Espanhola – no até o viajan- com confetes go ou em outra área de vinhedo nomados corpos de baile do
minutos, são comandados por dá para se aproximar e ver as pin- te. Chamada do Toothsome pelo mundo. mundo. Don Quixote, por exem-
guias da instituição, que rece- celadas de perto –, a mostra reú- de Discover DÁ PARA EXPLORAR A Chocolate Em- Outra opção, que exige mais plo, será transmitida em 7 de
bem o internauta como em uma ne 2 mil documentos. Germany CIDADE DO VATICANO porium & Sa- planejamento, são as degusta- maio, às 13 horas. Os espetáculos
visita guiada presencial. From Home vory Feast Kit- ções virtuais, como as que a co- ficam disponíveis por 24 horas.
No tour de apresentação do Cartões-postais. Mas e a sauda- (Descubra a COM UM GUIA OU chen, restau- lunista Suzana Barelli, do Pala- Na mesma rede social, a Royal
museu, o visitante conhece as de que bate de andar pelas ruas de Alemanha de SOBREVOAR NOVA YORK rante do City dar, participou (detalhes em Opera House, casa da Royal Ope-
características arquitetônicas grandes destinos? Pode ser apla- Casa), a inicia- Walk, o centri- bit.ly/degustacoesvirtuais). ra e do Royal Ballet, transmite ao
do edifício projetado por Antoi- cada em passeios virtuais, com tiva da Alemanha no Facebook nho comercial dos parques. vivo de Londres, toda sexta, às 15
ne Predock tendo a paisagem ca- narração (em inglês), no You Vi- (bit.ly/fbalemanha) inclui o ga- Safári e balé. E que tal fazer horas, espetáculos que ainda po-
nadense como inspiração. Em sit (youvisit.com/tour). É possí- me German Castle Adventure, Comes e bebes. Por falar em um safári sem sair de casa? O Ulu- dem ser vistos na playlist #Our-
outro vídeo, viaja pelo elevador vel, por exemplo, explorar a Cida- previsto para ser lançado nos sabores, algumas vinícolas vêm saba Safari Lodge, luxuoso refú- HousetoYourHouse (bit.ly/ope-
de vidro até o sétimo andar para de do Vaticano em 360°, com um próximos meses para brasilei- dado um jeitinho para se aproxi- gio da Virgin Limited Edition na raaovivo). Inicialmente, a tem-
ter uma visão panorâmica de guia que te leva por áreas distin- ros. O jogador serve de guia pelo mar dos turistas enquanto eles África do Sul, vem realizando o porada virtual iria até 1.º de
Winnipeg. Para uma experiên- tas, como a Praça São Pedro ou a Castelo de Hohenzollern, perto não podem estar lá presencial- Sofa Safari. A expedição é trans- maio, com o balé O Conto de In-
cia mais completa, vale baixar o Capela Sistina. Esse é estático, de Stuttgart. Em países da Euro- mente. A Concha Y Toro no Bra- mitida ao vivo pelo Instagram verno, mas a ópera La Traviata já
app da instituição. mas há opções mais realistas, co- pa, na Austrália e nos Estados sil preparou um interessante @VirginLimitedEdition às se- foi anunciada para 8 de maio.
H2 Especial
%HermesFileInfo:A-2:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

DIRETO DA FONTE
SONIA RACY Colaboração
Cecília Ramos cecilia.ramos@estadao.com
Blog: estadão.com.br/diretodafonte Facebook: facebook.com/SoniaRacyEstadao Instagram: @colunadiretodafonte Marcela Paes marcela.paes@estadao.com

DENISE ANDRADE

Calma lá Quem se habilita?

A enxurrada de projetos de
combate aos efeitos do coro-
navírus fez a Câmara e o Sena-
do darem um ‘freio de arru-
mação’. Propostas com o
mesmo objeto de MPs do go-
verno estão sendo retiradas
para ‘limpar a pauta’.
E se antes os parlamentares
aprovavam até seis projetos
por sessão presencial, hoje
apenas um – e exclusivamente
voltado ao combate dos efei-
tos da pandemia.
Novo normal
Rossieli Soares, secretário
estadual de Educação de SP,
firmou contrato com a Claro,
Vivo, Oi e Tim para fornecer
internet a alunos e professo-
res da rede estadual – sem
custos. Com isso, poderão
ter acesso às aulas via celular.
Como funciona? Só baixar o
app do Centro de Mídias SP.
“Não precisa nem usar o paco-
te 4G do celular ou wi-fi, e te-
rão acesso até mesmo quan-
do estiverem sem créditos”,
explica Rossieli à coluna. De-
safio mesmo, contou o secre-
tário, foi desenvolver conteú-
do para bebês e seus pais. “É
muito específico e a família
tem que se integrar”.
Novo normal 2
Professores fizeram treina-
mento para se familiarizar
aos tempos online. E, a partir
de amanhã, acaba a fase de
teste e as aulas passam a ser
obrigatórias e contará faltas.
Além do app CMSP, a TV Cul-
tura e TV Univesp (canal 2.2)
transmitem os conteúdos.
Apoiador contribuiu com R$ 2,5
POLAROID mil na campanha online do Cine
Wilson Simoninha e o sócio, Jair Oli- Petra Belas Artes para manter
veira, o Jairzinho, montaram estrutu- renda mínima na quarentena.
ra remota para continuar as produ-
ções no estúdio deles. Ativaram o ca- O benfeitor terá cadeira perso-
nal Som FaSom nas redes sociais, nalizada com seu nome, poderá
com renomados artistas e novatos fazer evento no local e terá seu
cantando no sofá. “Vamos demorar a nome nos monitores de agrade-
ter aglomerações. Então é hora de cimento por seis meses.
criarmos novas possibilidades para
levar nossa música e para sobreviver- As doações começam com R$
mos, neste momento tão novo para 10. Até agora, o complexo arre-
todos”, diz Simoninha. cadou R$ 53 mil.
Caixa vazia
O Graacc estima uma queda de
R$ 6 milhões em arrecadações
com doações neste segundo tri-
mestre por conta da suspensão
de eventos nos meses de abril,
maio e junho. O valor impacta
diretamente nos tratamentos
oncológicos pediátricos.
Ano passado, foram tratados
4.306 pacientes.
DENISE ANDRADE
Marina Person, Difícil
que passa a RESPONSABILIDADE
quarentena em um SOCIAL A crise econômica durante a qua-
sítio, já elegeu seus l A estilista Cecília Prado rentena lembrou Ivam Cabral,
guias para o período: mobilizou sua fábrica para a dos Satyros, de que ele é avalista
Ailton Krenak, produção de 3 mil máscaras de aluguel de cinco amigos.
Sidarta Ribeiro, de proteção para a Cufa e o
Drauzio Varella. projeto Gerando Falcões. O dramaturgo e ator recebeu li-
“Numa crise como gação de imobiliária cobrando o
esta fica evidente o l Ao utilizar cupom distribuído aluguel atrasado de um deles.
quão importante são pelo Next na plataforma Rappi,
o SUS, a ciência, a o banco digital doará automati- Sem parada
pesquisa e políticas camente R$10 de gorjeta para o
de proteção ao entregador do delivery. O Veloe doou o equivalente a
trabalho e ao R$ 6 milhões em 25 mil tags para
trabalhador. Todas l Os restaurantes Kitchin, Su pagamento automático de pedá-
as coisas que o atual e Aima abraçaram a causa da gios e estacionamentos de mais
governo tenta UniãoSP para ajudar pessoas de 40 concessionárias.
desmontar. É a em condições de vulnerabili-
maior crise que dade. Sortearão 8 jantares pa- A ideia é que as pessoas não pa-
minha geração já ra quem doar a partir de 3 ces- rem nos pedágios e evitem a
viveu”, diz. tas básicas. contaminação.

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO FOTOS WILL BARRETT/HASTINGS CONTEMPORARY

ler um texto na parede.
Caderno2 “Os catálogos e as galerias on-
line são ótimos”, disse Gilmore,
Andrew Dickson “mas não permitem que você te-
THE NEW YORK TIMES / LONDRES nha uma ideia do espaço de
uma exposição, de como é pe-
Numa manhã recente, um robô rambular pelo museu.” Desde a
observava a arte em exibição no semana passada, o Hastings
museu de arte contemporânea Contemporary começou a tes-
de Hastings. Guiada pela direto- tar vários tipos de visitas vir-
ra do museu, Liz Gilmore, a tuais usando o robô, tudo de gra-
máquina – uma tela do tamanho ça, incluindo passeios com um
de um iPad presa a um cabo pre- guia pessoal, um curador remo-
to montado sobre rodas pareci- to e vídeos pré-gravados. A espe-
das com as de um Segway –, pas- rança é que pessoas do exterior
sou rapidamente pelas obras do vejam o museu, estendendo o
pintor inglês Graham Suther- alcance da galeria para muito
land antes de se voltar para uma além da Grã-Bretanha.
escultura colorida de Anne Ryan, “Tecnologias como esta po-
artista do expressionismo abstra- dem nos conectar, mesmo em
to americano. E, então, avançan- tempos normais”, disse Caleb-
do com um pouco de entusias- Solly em entrevista por Skype.
mo demais, trombou contra a “Pense em como poderíamos
mesa onde estava a escultura. usar essas tecnologias em mu-
“Não estragou nada”, Gilmo- seus como o Louvre, para quem
re disse, animada. “É só voltar, não consegue viajar.”
virar à esquerda e tentar de no- Gilmore já colocou nove de
vo.” Na verdade, ela estava con- seus 13 funcionários em licença,
versando com este repórter, e muitos guias voluntários estão
que controlava o robô por um Solitário. Visitante percorre corredores do museu Hastings Contemporary com a ajuda de um dispositivo remoto em autoisolamento (alguns são
laptop direto de Londres, a cer- aposentados, especialmente vul-
ca de 110 quilômetros da cidade neráveis ao vírus). Embora o

ROBÔ
litorânea de Hastings, Inglater- Conselho de Arte da Inglaterra,
ra. Não é sempre que você preci- o principal órgão de financia-
sa ter aulas de direção numa ga- mento do país, tenha prometido
leria de arte, mas estamos viven- repasses emergenciais para mui-
do tempos estranhos. tas organizações, o poço fica
A pandemia de coronavírus mais fundo a cada dia. Algumas
obrigou museus e galerias de to-
do o mundo a inovar. Fechadas
para evitar a propagação da in-
VIRA GUIA instituições artísticas britânicas
anunciaram que continuarão de
portas fechadas até o fim de ju-
fecção, muitas instituições lan-
çaram serviços como salas de vi-
sualização virtual, podcasts e au-
las de arte online. Outras recor-
DE MUSEU NA nho, pelo menos. “A emergência
de saúde é mais importante que
tudo, claro, mas fechar as portas
era a última coisa que queríamos
reram às mídias sociais para
manter sua conexão com o pú-
blico (o desafio do “doodle diá-
INGLATERRA fazer”, disse Gilmore. Enquanto
isso, ela e sua equipe enxuta se
dedicam a cuidar do edifício e
rio” da Royal Academy foi um se planejam para quando che-
sucesso no Twitter, com seu inu- Para se aproximar de visitantes, gar o dia da reabertura.
sitado convite “quem consegue Enquanto o robô cruzava a ga-
desenhar o melhor presunto?”). instituição personaliza tours online Proximidade. É possível até ler a identificação das obras leria em direção à saída, um técni-
Mas o museu Hastings Con- co instalava a próxima atração.
temporary – que, como todos Será uma mostra de novas obras
os espaços semelhantes na Grã- uma organização cultural britâ- rativas, “então pensamos, bom, pouco antes de a Grã-Bretanha por, mas, com assistência huma- do artista Quentin Blake, mais co-
Bretanha, está fechado desde nica testa uma experiência re- se precisarmos mesmo fechar a entrar em confinamento. “A arte na, a máquina pode pegar o ele- nhecido por suas excêntricas
meados de março – tem uma ou- mota de visualização de arte. galeria, talvez essa seja uma solu- é uma experiência compartilha- vador e parece desconcertante- ilustrações de livros infantis. O
tra carta na manga: passeios de Gilmore explicou, por meio ção”, disse Gilmore. da”, disse Gilmore. “Muitas pes- mente ágil. Passear por uma ga- plano é fazer uma estreia virtual
robô, usando um dispositivo de da interface de vídeo do robô, A professora Praminda Caleb- soas estão sentindo falta disso.” leria deserta, em completo si- no início de maio, com o robô no
“telepresença” móvel habilita- que a ideia surgiu de uma de suas Solly, do Laboratório de Robóti- A operação do robô é simples: lêncio para além do ruído das papel principal. O título da expo-
do por Wi-Fi que roda pela gale- curadoras, a artista Esther Fox. ca de Bristol, concordou em em- usando um navegador da web rodas, no começo pareceu meio sição é Vivemos em Tempos Preocu-
ria, enviando uma transmissão Os robôs de telepresença estão prestar um de seus dispositivos, que vincula a câmera do robô ao surreal, mas me acostumei de- pantes. “Neste momento”, disse
de vídeo de volta aos espectado- sendo cada vez mais utilizados um modelo de US$ 4 mil fabrica- seu computador, você o pilota pois de poucos minutos. Quan- Gilmore, “parece bastante apro-
res que estão isolados em casa. na indústria de assistência médi- do pela empresa californiana com as setas do teclado. As esca- do peguei a prática, consegui priado.” / TRADUÇÃO DE RENATO
Parece ser a primeira vez que ca e nas videoconferências inte- Double Robotics. Ele chegou das são impossíveis de trans- ampliar a tela o suficiente para PRELORENTZOU

%HermesFileInfo:C-3:20200426:
O ESTADO DE S. PAULO
Streaming
Conservadora. A atriz Cate Blanchett vive a ativista de direita Phyllis Schlafy, em enredo que discute os obstáculos enfrentados pelas negras no movimento de liberação das mulheres
Caderno2
Sonia Rao
THE WASHINGTON POST
Em janeiro de 1927, poucos anos
depois de fazer história como a
primeira negra eleita ao Con-
gresso, a deputada Shirley
Chisholm, de Nova York, anun-
ciou publicamente que preten-
dia concorrer à presidência.
“Não sou a candidata da Améri-
ca negra, embora eu seja negra, e
me orgulho disso; não sou a can-
didata do movimento das mulhe-
res deste país, embora seja mu-
lher, e igualmente me orgulho”,
disse Shirley à multidão que foi
ouvi-la no Brooklyn. “Sou a can-
didata do povo americano. E mi-
nha presença diante de vocês
neste momento simboliza uma
nova era da história americana.”
Essa era constitui o pano de
fundo da minissérie da FX, Mrs
America, que explora o movi-
mento de liberação das mulhe-
res dos anos 1970 justapondo fi-
guras liberais que lutaram pela
aprovação da Emenda para a
Igualdade dos Direitos contra
os esforços da oposição da ati-
vista de direita, Phyllis Schlafy
(Cate Blanchett). Entre os libe-
rais retratados está Chisholm,
que, como observa a criadora da
série, Dahvi Waller, foi “uma
pessoa totalmente independen-
te” e, como mulher negra de des-
taque na política americana, ex-
pôs a necessidade do feminis-
mo interseccional.
BRASILEIRA FALA DE PARTICIPAÇÃO EM ‘DR. WHO’
A atriz Gabriela Toloi
surgiu no episódio
‘Praxeus’ da série
britânica, que está no
ar há quase 60 anos
Eliana Silva de Souza
No ar há quase 60 anos, a série
britânica Dr. Who acompanha
as aventuras de um viajante no
tempo e no espaço com sua na-
ve Tardis. Conhecido somente
como Doutor, ao longo desse
tempo, o personagem foi vivido
por 11 atores diferentes, o que
foi possível pelo seu poder de
regeneração. Outra curiosida-
de é o fato de sempre contar
com algum ator de nacionalida-
de diferente em seus episódios.
E foi a oportunidade agarrada
pela atriz Gabriela Toloi, que
participou do episódio Praxeus,
sendo a primeira brasileira a es-
tar na atração.
Morando em Londres, a jo-
vem atriz de 24 anos diz que con-
seguiu integrar o elenco da pro-
RACISMO
EXPOSTO NA SÉRIE
‘MRS AMERICA’
História da primeira congressista negra eleita nos EUA
revela os limites do feminismo da década de 1970
Chisholm, que passou parte
da infância em Barbados, traba-
lhou na área de educação infan-
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
til antes de representar um dis-
trito eleitoral de NY no Congres-
so, de 1969 a 1883. Em 1972, ela se
tornou a primeira candidata ne-
gra de um importante partido –
e a primeira mulher do Partido
Democrata – a se candidatar à
presidência dos EUA.
Ao escolher o elenco, Waller
procurou alguém que fosse ca-
paz de mostrar um “carisma
enorme” e parou em Uzo Aduba
(Orange Is the New Black), que
compreendeu a responsabilida-
de de interpretar um “ícone” de
tamanha estatura. O único lega-
do de Chisholm que Aduba co-
nhecia era o que sua mãe lhe ensi-
nara, mas, quanto mais a atriz foi
dução após ser chamada para fa-
zer um teste para a BBC. “A
emissora escolheu me ver para
os testes presenciais, então, ti-
ve de preparar duas cenas e gra-
var de forma remota, que é o típi-
co self-tape: uma parede bran-
ca, você se senta na frente, bem
cru, e faz a cena com alguém len-
do o texto atrás da câmera.”
Tudo acertado entre as par-
tes, lá foi Gabriela para o estú-
dio, entrando nessa viagem de
ficção científica criada por Syd-
ney Newman, C.E. Webber e Do-
nald Wilson e que entrou no ar
em 1963. O papel foi curto, mas
que mostrou à atriz como é fei-
ta uma produção desse porte.
Na trama, ela interpreta a blo-
gueira Jamila Velez, que viaja
por diversos lugares do mundo
junto com uma amiga. “Elas pas-
sam por lugares bonitos e docu-
mentam isso em forma de ví-
deo, mas uma das jornadas to-
ma outro rumo quando chegam
ao Peru.” Com o objetivo de cap-
turar mais imagens incríveis, as
duas visitam um local que seria
perfeito para isso, mas desco-
se aprofundando na história de
sua personagem, mais foi estabe-
lecendo paralelos entre as enor-
mes batalhas que Chisholm teve
de travar na época e as da políti-
ca moderna.
Aduba relacionou imediata-
mente a impossibilidade da sua
personagem de conseguir a indi-
cação em 1972, como mostra o
terceiro episódio, com a derrota
da então indicada democrata
Hillary Clinton nas eleições ge-
rais de 2016. Waller começou a
escrever Mrs America no início
daquele ano, com a esperança de
que o espetáculo fosse ao ar com
a primeira mulher na presidên-
cia e mostrasse, com a história
de Aduba, “até onde as mulheres
chegaram”.
“Acabou sendo algo mais do
Trabalho.
Oportunidade
de exposição
brem que o mesmo foi transfor-
mado em um lixão. “Elas deci-
dem acampar ali mesmo assim,
e é aí que a trama do episódio se
inicia, quando descobrimos
que tem um vírus atacando pes-
soas, e minha personagem é ata-
que uma ironia dramática, consi-
derando que (Hillary) perdeu”,
continuou Aduba. “Se pensar-
mos no passado, esta mulher
concorreu quase 50 anos antes
... Se é isso que parece hoje, não
imagino como era a atmosfera
de então, uma época em que
uma mulher ainda precisava de
um homem para usar o cartão de
crédito. Isso nos faz compreen-
der de que o estofo de Shirley
Chisholm é feito.”
A série destaca que os obstácu-
los que Chisholm enfrentou co-
mo negra liberal são diferentes
dos enfrentados pelas brancas
do National Women’s Political
Caucus, incluindo Bella Abzug
(Margo Martindale), Betty Frie-
dan (Tracey Ullman) e Gloria
Steinem (Rose Byrne).
cada”, revela.
Gabriela afirma que o que
mais gostou nessa empreitada
foram as cenas externas, mo-
mento em que a equipe de arte
trabalhava e como aquilo se pa-
recia com uma dança. “Na cena
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
Carisma. Uzo Aduba como a deputada Shirley Chisholm
O terceiro episódio se desen-
rola durante a Convenção Nacio-
nal Democrata de 1972, em que
as mulheres discordaram quan-
to a dividir o apoio entre
Chisholm e o senador George
McGovern, democrata de Dako-
ta do Sul. Um dos momentos
mais reveladores é quando ela fi-
ca sabendo que alguns mem-
bros do Caucus Negro do Con-
gresso questionam se ela “será
realmente a candidata mais ade-
quada dos negros, ou apenas das
mulheres”. Ela retruca: “Não pa-
reço negra para vocês?”. E, de-
pois de retirar uma carta insul-
tuosa da bolsa que inclui uma
ameaça de morte e uma ofensa
racista, pergunta: “Será que isso
me torna uma negra?”.
A cena destaca “o dualismo da
MIRO ARVA
em que sou atacada por um pás-
saro, eles transformaram um lu-
gar lindo, as vinícolas de Stellen-
bosch, na Cidade do Cabo, em
um lixão”, conta a garota, enfati-
zando que tudo foi um show de
profissionalismo, pois, “em
Especial H3
FOTOS SABRINA LANTOS/FX
vida”, afirma Aduba, por ser vis-
ta por grupos diferentes como
“inteiramente do lado deles ou
não suficientemente do lado de-
les”. O diálogo prossegue na
série, como em uma cena do
quarto episódio, que será exibi-
do em streaming na quarta-fei-
ra. A ativista Flo Kennedy
(Niecy Nash), uma das fundado-
ras do National Women’s Politi-
cal Caucus, discorda de uma hós-
pede que pondera se a inclusão
de lésbicas em suas iniciativas fa-
ria com que perdessem o apoio
do movimento Black Power.
Mrs America simpatiza com o
movimento liberal, mas não se
furta de expor suas fraturas, par-
ticularmente nas questões de ra-
ça e de orientação sexual./
TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
questão de um dia montaram e
desmontaram tudo. Aquela dan-
ça, aquela organização toda me
impressionou de tal maneira”.
Comparando esse trabalho
internacional com o que já fez
por aqui, no caso a série Psi, a
brasileira conta que a forma de
trabalhar é muito parecida, des-
de o momento dos testes, pré-
produção, até o da produção
em si e pós-produção, mas Dr.
Who cria um entorno recheado
de fofocas. “Tive de assinar inú-
meros contratos de confiden-
cialidade”, revela a atriz, que
disse ter gravado sua participa-
ção na série um ano antes de ser
exibida, “e não podia falar nada,
ninguém podia saber”. Até sua
família, quando ela revelou o
trabalho, recebeu o pedido cle-
mente dela: “pelo amor de
Deus, não contem para nin-
guém nem de brincadeira”.
A brasileira acha que Dr. Who
é importante não só na Inglater-
ra, mas em outros países, como
o Brasil, que pode ser vista no
Globoplay. “É aquela série que
no domingo à noite o inglês sen-
ta para assistir e se diverte, e is-
so acabou sendo disseminado
para o mundo, e eu fico muito
feliz de ter feito parte disso.”
H4 Especial
%HermesFileInfo:A-4:20200426:
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
Alice Ferraz*
A carta aberta de
Giorgio Armani
N
o começo de abril, em carta
aberta ao WWD, veículo
americano de credibilida-
de especializado em moda e consi-
derado uma voz de alto impacto
na indústria, o estilista italiano
Giorgio Armani, de 85 anos, funda-
dor de sua marca homônima e do-
no de uma fortuna pessoal estima-
da em 5,4 bilhões de euros, enviou
uma mensagem clara e direta ao
mundo da moda.
Antes de comentar o conteúdo da
carta, é importante lembrar o lega-
do que Armani construiu nas últi-
mas décadas – por isso, sua credibili-
dade para ser ouvido mundialmen-
te. Passou de designer independen-
te ao número 1 do poderoso grupo
de moda que construiu, realizando
desde coleções de alta costura a
prêt-à-porter, passando por acessó-
rios, perfumes, produtos de beleza,
hotéis e até floriculturas.
Armani é figura atuante no mer-
cado, workaholic assumido e prati-
MODA
A CONSCIÊNCIA
AMBIENTAL
TOMA FORMA
Grifes criam jeans sustentáveis com
o compromisso de serem duráveis
Calças, jaquetas, shorts e cami- brasileiras estão adaptando a
sas jeans ganharam um ingre- produção para preservar os re-
diente a mais: a sustentabilida- cursos naturais e criar novos for-
de. Todo mundo tem uma peça matos de fabricação.
jeans no guarda-roupa. Além de
serem peças democráticas, são mal e local, Andrezza Chagas
também versáteis. Para atender cria sua coleção no interior de
à demanda, marcas de roupas Pernambuco, especificamente
camente o “padroeiro da moda italia-
na”. Criou os uniformes da força poli-
cial daquele país e é o primeiro nome
que enxergamos ao pousar no aero-
porto internacional de Milão – sua
marca toma de ponta a ponta o maior
hangar de Linate, entrada para capital
da moda italiana.
Voltemos à carta. Nela, Armani re-
pensa o conceito e o tempo do ciclo de
vida das coleções. “O declínio da indús-
tria da moda como a conhecemos co-
meçou quando a moda luxo adaptou
conceitos de fast fashion. Luxo não po-
de e não deve ser rápido”, diz ele. “Não
faz o menor sentido uma das minhas
criações estar em uma loja por somen-
te três semanas e se tornar obsoleta.
Considero isso imoral. O cliente deve
voltar a valorizar a autenticidade do
luxo, apreciar sua construção.”
Armani cita o desperdício de dinhei-
ro nos grandiosos desfiles realizados
nas temporadas de lançamento mun-
do afora e vai fundo quando fala que
essa ação de comunicação vai se tornar
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
Com mão de obra 100% for-
O ESTADO DE S. PAULO
l
]
MODA@ESTADAO.COM
ALESSANDRO GAROFALO/REUTERS
a decisão verdadeira e genuína de
dar passos tão corajosos como ele
diz que fará”, diz o consultor.
Em conversa com a jornalista,
consultora e escritora de moda Glo-
ria Kalil, a certeza da indignação de
umas das profissionais mais respei-
tadas do Brasil é clara. “Armani tem
razão. Teremos que redimensionar
todo o mercado de moda e talvez,
finalmente, possamos voltar a valo-
rizar as criações. O consumidor está
mimado e não tem tempo nem de
usufruir o que consome”, diz.
Nos últimos dez anos, estive em
praticamente todas as semanas de
moda do mundo. A cultura do ex-
Giorgio Armani. Credibilidade para ser ouvido mundialmente cesso citada pelo filósofo Gilles Li-
povetsky era evidente e se mostra-
inapropriada e até vulgar; e esse tipo Armani não está sozinho e sua voz va a cada dia mais poderosa. Vía-
de comportamento é inaceitável daqui tem ecoado alto. Segundo Carlos Fer- mos um consumidor aflito por no-
para frente. Claro que, em momentos reirinha, presidente da MF Consulto- vidades constantes para tapar um
de crise, valores são postos à prova e ria e expert no mercado de luxo, o esti- buraco emocional cada vez maior.
novos modelos têm a oportunidade de lista falou importantes verdades sobre Queremos ter nossos desejos satis-
um calendário mundial esquizofrêni- feitos a qualquer custo e, assim,
Estilista italiano fala co com estações invertidas, liquida- nos tornamos seres mimados, to-
ções sem sentido, envolvido na cultura mados por desejos de consumo
sobre a crise de valores do excesso e em uma economia circu- constantes que devem ter respos-
vivida pelo mercado de luxo lar que não acontece. “Um homem, tas imediatas por parte de marcas
que chega aos seus 80 anos deixando estressadas para criar a cada sema-
surgir. “A turbulência do momento é um legado incrível e decide, por causa na algo novo. Um círculo vicioso
enorme, mas a chance de discutir o da crise gerada pela covid-19, realizar que corrompe o potencial humano
que está errado está em nossas mãos”, as mudanças necessárias, é algo sur- para a criação legítima e de nossa
conclui. preendente. Poucas marcas tomaram apreciação dessa criação.
em Caruaru, para todo o Brasil. mos. Essa mentalidade nasceu
HUGO TONI
Jeans. De
De lá saem três coleções por da necessidade de não termos
Andrezza
ano. “A vida útil do nosso produ- muito estoque. Um tecido de
Chagas e
to é algo valorizado. O jeans é moletom que sobrou da coleção
moletom
um tecido durável e consome de verão, por exemplo, faz nas-
de Andrea
muita água para ter a lavagem da cer uma nova linha com novos
Bogosian
moda. Então, não faria sentido acabamentos, estampas diferen-
nenhum ter coleções men-
sais”, diz a estilista.
Suas peças têm a pre-
tes e um novo shape, trazendo a
tendência da temporada”, afir-
ma Andrea Bogosian.
missa de serem feitas
com modelagens confor-
táveis e com tecidos de
A moda que respeita a econo-
mia circular era bem-vinda an-
tes da pandemia, mas agora tor-
fibras sustentáveis. Pa- na-se absolutamente necessária
ra isso, um de seus pila-
res é a reutilização dos te-
cidos, assim como faz a
neste novo momento. Segundo
a consultoria norte-americana
McKinsey & Company, o mode-
marca de Andrea Bo-
gosian, com sede
em São Paulo,
lo circular se apresenta como re-
generativo e restaurativo, com o
objetivo de manter produtos,
mas presen- componentes e materiais em
te em lojas seu mais alto nível de utilidade e
multimar- valor. Essa nova forma consiste
cas do em um ciclo de desenvolvimen-
País. to positivo contínuo, que preser-
“Usa- va e aperfeiçoa o capital natural,
m o s otimiza a produção de recursos
quase e minimiza riscos sistêmicos, ad-
95% de ministrando estoques finitos e
todo teci- fluxos renováveis independente-
do que produzi- mente da escala. / A.F.
GIL INOUE
AUTOCUIDADO
COM
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 Especial H5
%HermesFileInfo:C-5:20200426:

O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020

RICARDO BRENNAND l 1927 - 2020

GLAYSOM RAMOS

EMPRESÁRIO E fechado desde 14 de março por

conta da pandemia do novo co-
ronavírus.
co, e para isso foi criado, sem
fins lucrativos, em 2001, o Insti-
tuto Ricardo Brennand, como

COLECIONADOR Em texto no site do instituto,

o empresário explica o início da
paixão que o levou a criar o com-
um complexo arquitetônico on-
de se encontram guardados anti-
gos sonhos do menino de ontem

MORRE NO RECIFE plexo mundialmente famoso

Além de pinturas,
engenheiro tinha em
seu instituto acervo
com armas brancas
de todo o mundo
Leonardo Augusto
ESPECIAL PARA O ESTADO
O empresário, engenheiro e co-
lecionador Ricardo Brennand,
de 92 anos, morreu ontem, 25,
no Recife, depois de ser interna-
do no Real Hospital Português,
na capital pernambucana. A pe-
dido da família, o hospital não
confirmou a causa da morte de
Brennand, mas a prefeitura indi-
cou que ele faleceu em decor-
rência do novo coronavírus.
O colecionador é fundador
do Instituto Ricardo Brennand
(IRB), também conhecido co-
mo Castelo de Brennand, cria-
do em 2002 no antigo Engenho
São João, no bairro da Várzea,
no Recife, com área de 77.603
metros quadrados, cercado de
Mata Atlântica e que abriga a
maior coleção mundial do pin-
tor holandês Frans Post (1612-
1680), considerado o primeiro
artista a retratar cenários das
Américas, além de coleção de ar-
no Recife. “Ainda criança, ga-
nhei um canivete do meu pai. O
que conseguiu reunir esse notá-
vel acervo de peças artísticas”.
Ricardo era primo do artista
que seria um brinquedo para plástico pernambucano Francis-
qualquer menino de minha ida- co Brennand (1927-2019), co-
Brennand. de veio a despertar em mim nhecido por sua obra em cerâmi-
Como uma vocação de colecionador. ca e por ter participado, na déca-
empresário, Ao longo de minha vida por da de 1970, do Movimento Ar-
atuou nos mais de meio século reuni, de morial, junto com o escritor,
setores de forma apaixonada, os mais dife- poeta e dramaturgo paraibano
aço, açúcar rentes exemplares de armas Ariano Suassuna.
e cimento. brancas, produzidos por exí- Como empresário, Brennand
Ele deixa 8 mios artesãos, todos ligados di- tinha atuação nos setores de
filhos e 23 retamente à história do Ociden- aço, cimento e açúcar. O cole-
netos te e do Oriente.” cionador deixa mulher, Graça
Com o passar dos anos, Bren- Maria, 8 filhos, 23 netos, 48 bis-
mas brancas de vários países. O nand tomou a grande decisão: netos e 1 tataraneto. Graça, de
local, que mantém acervo que “Resolvi repartir a contempla- 90 anos, também teria contraí-
reúne arte e história desde a Ida- ção e a vivência desse acervo do a covid-19 e estaria se recupe-
de Média até o século 21, estava com a gente do meu Pernambu- rando em sua casa.

ÁRIES 21-3 a 20-4 CÂNCER 21-6 a 21-7 LIBRA 23-9 a 22-10 CAPRICÓRNIO 22-12 a 20-1

QUIROGA
OSCAR@QUIROGA.NET
Enquanto houver or-
dem e respeito ao plane-
jamento, tudo continuará em
marcha da melhor maneira pos-
sível. Esse planejamento pode,
eventualmente, ter de se adap-
tar às circunstâncias, mas não
mudar na sua essência.
Toma teu tempo
TOURO 21-4 a 20-5
Data estelar: Sol e Urano em A vontade de organizar
e planejar há de ser leva-
conjunção; Lua cresce em Gêmeos da a sério num dia como hoje,
porque é respaldada por potên-
Ótimo dia para a sociali-
zação, mas como prova-
velmente as coisas ainda não
As coisas são como são
e o melhor a fazer é as
aceitar o mais rapidamente
Continue acalentando
seus projetos de vida,
aqueles que fazem seu coração
estão muito boas, devido ao ne- possível. Só depois da aceita- arder de vontade de os reali-
cessário distanciamento social ção surgirão, com clareza, as zar, porque o caminho conti-
imposto pela pandemia, o me- ideias novas que permitam re- nua sendo longo e sinuoso, co-
lhor a fazer será lançar mão dos conduzir seus assuntos particu- mo deve ser, como era e como
recursos tecnológicos. lares a um cenário melhor. continuará sendo.
LEÃO 22-7 a 22-8 ESCORPIÃO 23-10 a 21-11 AQUÁRIO 21-1 a 19-2
Nenhum golpe de sor-
te, nenhum rompante
O que mais importa é a
qualidade dos relaciona-
Imponha dinamismo
nos lugares em que habi-
vai fazer com que sua vida me- mentos que são verdadeira- tualmente você passa uma boa
lhore do dia para a noite. Esse mente significativos em sua parte do seu tempo. Esse dina-

P
ara que a ambiguidade não te atormente demais, aceita cias cosmogônicas que contri- movimento terá de ser produ- vida. Esses não se preservam mismo pode adotar a forma de
isso como uma dádiva do céu que te sirva ao propósito de buem para conduzir tudo a um to de planejamento e de você por inércia ou sorte, mas por- você querer mudar móveis de
tomar mais tempo para amadurecer tuas resoluções. En- estado melhor, mais amplo e se engajar nos planos todos os que você toma atitudes positi- lugar ou de esvaziar gavetas em
quanto isso, te dedica a arrumar tudo que estiver sob tua prote- benéfico para todos. dias, para os praticar. vas todos os dias de sua vida. busca de nada definido.
ção e domínio. Organiza teu trabalho, organiza teus relaciona-
mentos, encontra uma maneira de que o tempo deixe de ser teu GÊMEOS 21-5 a 20-6 VIRGEM 23-8 a 22-9 SAGITÁRIO 22-11 a 21-12 PEIXES 20-2 a 20-3
inimigo feroz, como se sempre faltasse para teu regozijo e so- Muitas ideias se agru- O futuro não é um mis- A ordem há de ser esta- Faça tudo o que você
brasse para teus deveres. O tempo é teu aliado, a dimensão so- pam em sua mente, tério indecifrável, sua belecida nos aspectos faz habitualmente de
bre a qual se processa teu amadurecimento, só que para isso tu mas será necessário muito dis- consciência conversa com ele básicos da existência, porque uma forma completamente
precisas parar de brigar com o tempo, tratando tudo com ansie- cernimento e lucidez para que o tempo inteiro, lançando dese- não é auspicioso depender diferente, nem que seja para
dade, como se o único e melhor objetivo de vida fosse terminar as fantasias intrometidas nelas jos tal qual flechas que, depois, sempre de improvisações. Essa experimentar. Se permita um
logo o que fazes. Demora em cada ato que empreenderes, não não prevaleçam. As fantasias um dia, você reencontrará e ordem nunca acontecerá por surto de criatividade, porque
importa que seja lavar louça, se isso for, então lava a louça co- são sempre sedutoras o sufi- terá a chance de verificar o inércia, mas porque você a pre- ainda que produza distúrbios,
mo nunca foi antes lavada por ti. ciente para enganar você. quanto foi realizado. serva com sua prática. mesmo assim será positivo.

Quadrinhos CANAL UNICO PDFCruzadas

- O JORNALEIRO
& Sudoku Na web: JOGUE AS CRUZADAS
estadao.com.br/e/cruzadas
JOGUE O SUDOKU
estadao.com.br/e/sudoku

Frank & Ernest Bob Thaves www.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL

Eletrodo- Hábito Fruto em Barra (?), Exibição Infração gravíssima
méstico bucal de forma de cidade artística vigente no Código de
que limpa remoção estrela do Sul (?) de par- Trânsito Brasileiro
pratos da saburra Enxergar fluminense tículas, aparelho da Física
Soam à
passagem
de ambu-
lâncias

Vazio por
dentro

Bruno (?), Tradicional Cartões (?),

cantor dança de tema de
dos EUA roda do CPI do
Espécie Nordeste Congresso
de tatu Atração de
comum no Atenas
Pantanal Erguer-se,
(red.) em inglês
Filtrar Edson Celu-
Minduim Charles M. Schulz (o café) lari, ator de
Divisão de “O Tempo
despesas Não Para”
O Pasta de
Cavaleiro legumes
Mascarado Computador
(HQ) da Apple
Une por
pacto Conclusão
de fábula
Registrar infantil
(usuário)
Artigo
exposto
em feira
pecuária
Indicador Beata
O reino de
da capaci- Salomão A atleta
dade da (Hist.) suspensa
nação e- pelo COI
mergente Particípio O Planeta
de pagar de sentido Azul
O melhor de Calvin Bill Watterson suas oposto a Alumínio
dívidas "vindo" (símbolo)
Antigo
navio de
guerra a
vela
(?) Costa: Liberto do Governo
cantora que perigo (abrev.)
integrou Esposa de Moeda
o grupo Jacó (Bíb.) europeia
Doces Marieta Cantor
Bárbaros Severo, inglês de
Arder;
abrasar
G A L atriz
brasileira
"Crazy" e
"Killer"
Osso do
antebraço
(Anat.)
Variedade
Divisões de espada,
de prédios usada na
do presídio esgrima
Recruta Zero Mort Walker BANCO
3/lia — mac. 4/mars — seal — ulna. 5/arise. 8/acrópole.

Nível Difícil
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SOLUÇÕES
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3 4 9 6 8 5 1 2 7
A

Q
R
S

 
C

Turma da Mônica Mauricio de Sousa   

  
  

Bem pensado “Pensar contra o nosso tempo é um ato de heroísmo. Mas

dizê-lo é um ato de loucura”
Eugène Ionesco
H6 Especial
%HermesFileInfo:A-6:20200426:
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
Uma conversa: Luciano Huck & Michael Sandel
‘PRECISAMOS REPENSAR NOSSA
SOCIEDADE PARA RECONSTRUIR
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
UM SENSO DE SOLIDARIEDADE’
Filósofo americano defende que a pandemia oferece a chance para se planejar um acesso social igualitário
onheci Hellena
C
Mary há 3 anos.
Moradora da área
rural de Orobo, ci-
dade próxima a
Bom Jardim, Per-
nambuco, mãe de 3 filhos, ela
trabalhava como cozinheira
em uma casa de família quan-
do eu recebi pelo celular um ví-
deo-selfie em que ela discutia
e questionava o “jeitinho brasi-
leiro”: “O problema está em to-
dos nós como povo, porque a
gente pertence a um país onde
a esperteza é a moeda que é
sempre valorizada. Um país on-
de a gente se sente o máximo
porque consegue puxar a TV a
cabo do vizinho. A gente frau-
da a declaração do Imposto de
Renda para pagar menos. On-
de há pouco interesse pela eco-
logia, onde as pessoas atiram li-
xo na rua e depois reclamam
da prefeitura que não limpa os
bueiros. Camarada bebe e vai
dirigir. Pega um atestado que
está doente só para faltar ao
trabalho. Viaja a serviço da em-
presa e o que faz? Se o almoço
foi R$ 10, ele pega a nota de R$
20. Entra no ônibus e senta e,
se tem um idoso vindo, finge
que está dormindo. E quer que
o político seja honesto? O bra-
sileiro está reclamando do
quê? Como matéria-prima des-
te país, temos muito coisa boa.
Mas falta muito para a gente
ser o homem e a mulher de
que nosso país precisa. Antes
de culpar alguém, a gente tem
que fazer uma autorreflexão”.
Dessa maneira muito franca e
intuitiva, Hellena Mary discu-
tia ética e fazia uma provoca-
ção tão incômoda quanto ne-
cessária.
‘A atual crise tornou reais alguns dilemas éticos’
Michael Sandel
A milhares de quilômetros
dali, em Massachusetts (EUA),
um norte-americano ministra-
va naquele ano um dos cursos
mais notórios e concorridos
da Universidade de Harvard.
Batizado de “Justice”, o curso
tinha como tema central refle-
xões sobre ética. O professor,
Michael Sandel, é um dos filó-
sofos mais respeitados da atua-
lidade. A forma como pensa e
como leciona fez dele uma ce-
lebridade planetária. Já falou
para estádios com mais de 10
mil pessoas no Japão e foi elei-
to pela China Newsweek a “per-
sonalidade estrangeira mais in-
fluente” de 2011. Seu livro Justi-
ce virou best-seller traduzido
em dezenas de línguas.
Ao longo da vida, sempre
gostei de conectar, construir
conexões improváveis. E foi as-
sim que, naquele 2016, eu pro-
curei o professor Sandel. Para
minha surpresa, ele topou vir
ao Brasil para discutir ética e o
“jeitinho brasileiro”. Foi anto-
lógico o encontro dele com a
cozinheira pernambucana no
programa que eu apresento, o
Caldeirão.
Em meio à pandemia, em iso-
lamento voluntário, li que San-
del está lançando um novo li-
vro, The Tyranny of Merit:
What’s Become of the Common
Good? (na tradução literal: “A
Tirania do Mérito: O Que
Aconteceu com o Bem Co-
mum?”.) Na obra, o professor
argumenta que, para superar
as crises que estão agitando o
mundo, precisamos repensar
as atitudes em relação ao su-
cesso e ao fracasso que acom-
panharam a globalização e a
crescente desigualdade. San-
del mostra a arrogância que
uma meritocracia gera entre
os vencedores, detalha o julga-
mento severo que impõe sobre
os que foram deixados para
trás e traça as terríveis conse-
quências disso sobre boa parte
da sociedade. O filósofo ofere-
ce uma maneira alternativa de
pensar sobre o sucesso. Mais
atento ao papel da sorte nos as-
suntos humanos, mais propí-
cio a uma ética de humildade e
solidariedade e mais afirmati-
vo à dignidade do trabalho, ele
aponta para uma visão mais es-
perançosa de uma nova políti-
ca do bem comum.
Na última terça-feira, isola-
do em sua casa próxima a Bos-
ton, Mandel topou uma nova
conversa sobre os conceitos
do livro e sobre o impacto da
crise da covid-19 sobre uma so-
ciedade já demasiadamente de-
sigual.
Em tempo: depois daquele
encontro de 2016, Hellena
Mary perdeu o emprego de co-
zinheira. Como milhões de bra-
sileiros, ela não esmoreceu e
resolveu empreender. Abriu
um ateliê de costura na mes-
ma cidade. Como milhões de
brasileiros também, ela acaba
de sofrer um baque com a pan-
demia. O coronavírus forçou-a
a fechar o negócio e a ficar em
casa com as crianças. Espera
conseguir sobreviver com o au-
xílio emergencial do governo
de R$ 1.200 até a vida voltar ao
“normal”.
l Luciano Huck: Seu livro ‘Justi-
ça’ e seu curso em Harvard discu-
tem dilemas éticos que enfrenta-
mos e deveremos enfrentar na so-
ciedade moderna, com provoca-
ções bastante interessantes. Em
um dos exemplos hipotéticos, vo-
cê fala da programação de carros
autônomos e da necessidade de de-
finir a reação do veículo a uma si-
tuação de trânsito onde restam
apenas duas opções de condução:
uma atropelaria um grupo de
crianças e a outra, provavelmen-
te, mataria o condutor. Essa pan-
demia está criando novos e enor-
mes conflitos éticos. Como no sis-
tema de saúde de países que per-
deram o controle da pandemia,
em que médicos estão tendo que
tomar decisões sobre quem vive e
quem morre. A Itália e a Espa-
nha estão enfrentando esse dile-
ma médico e abertamente opta-
ram por usar a idade cronológica
como critério, priorizando tam-
bém aqueles que têm melhores
chances de recuperação. Além dis-
so, a mulher casada e com filhos
pequenos deve ter prioridade so-
bre a viúva com filhos adultos?
Suas analogias teóricas se torna-
ram realidade em nossas vidas
diárias. Como você vê isso?
l Michael Sandel: A atual crise
tornou real e urgente alguns
dos dilemas éticos que discuti
no livro. Um deles tem a ver
com o acesso aos ventiladores
pulmonares nos hospitais. As-
sim como você mencionou, na
Itália e em outros lugares,
médicos e hospitais tiveram
que fazer escolhas morais con-
tundentes quando havia mais
pacientes precisando desespe-
radamente dos ventiladores
pulmonares do que ventilado-
res disponíveis. Portanto, a
pergunta é: você deve dar prio-
ridade à primeira pessoa que
chegar ou deve dar prioridade
à pessoa com maior probabili-
Entrevista. Huck conversou
com Sandel na terça, 21
dade de sobreviver? E a ques-
tão da idade? Alguém mais jo-
vem e com mais anos pela fren-
te deve ter prioridade? E, para
uma pessoa idosa, é justo deci-
dir com base na idade? E de-
pois há a questão da contribui-
ção para a sociedade. Suponha
que médicos e enfermeiras
que estão trabalhando tão du-
ro para tentar salvar as pes-
soas e cuidar delas tenham
prioridade caso adoeçam. Al-
guns argumentam que eles de-
vem poder ir para a frente da fi-
la porque, se puderem ser sal-
vos, poderão ajudar a salvar os
outros. Esses foram os dilemas
que debatemos na sala de aula
e que eu já havia discutido no
meu livro Justiça, como exem-
plos hipotéticos. Mas a pande-
mia tornou esses dilemas éti-
cos realidade.
Vou dar outro exemplo no
qual nos deparamos com um ti-
po semelhante de dilema:
quando, e em que circunstân-
cias, devemos enviar as pes-
soas de volta ao trabalho para
que a economia possa come-
çar a se mover novamente. Há
grandes debates sobre isso ago-
ra em muitos países. Devemos
estar dispostos a sacrificar um
certo número de vidas para
que possamos retomar a eco-
nomia? Se sim, isso significa
que estamos colocando um va-
lor monetário na vida? Eu acho
que temos que agir com muito
cuidado na reabertura da eco-
nomia para garantir que tenha-
mos testes suficientes para o
vírus, para que não fiquemos
em uma posição em que, em
prol da reabertura da econo-
mia, estaremos sacrificando vi-
das. E é claro que as vidas que
O ESTADO DE S. PAULO
FOTOS RAFAEL HADDAD
serão sacrificadas primeiro
provavelmente serão as vidas
das pessoas pobres que são for-
çadas a voltar ao trabalho, que
não têm o luxo daqueles que
podem ficar em casa e traba-
lhar remotamente. Acho que
devemos ter em mente como a
questão da desigualdade inci-
de nessa escolha, porque, de
certa forma, os trabalhadores
dos quais dependemos mais
imediatamente hoje, os que
são mais essenciais, geralmen-
te são pessoas que não rece-
bem muito dinheiro e que, em
circunstâncias normais, não re-
cebem nem sequer muito reco-
nhecimento.
l Luciano Huck: Estivemos jun-
tos no Brasil três anos atrás. Vo-
cê visitou favelas e também fre-
quentou os circuitos mais abasta-
dos. Você viu de perto nossa reali-
dade. O Brasil é um dos países
com a maior taxa de desigualda-
de socioeconômica do planeta e
aqui, mas não só aqui, estamos
passando pela pandemia com fler-
tes abertos com o autoritarismo.
Você vê a democracia em risco?
l Michael Sandel: Sim, acho
que são tempos muito perigo-
sos para a democracia. Vimos
isso antes mesmo da pande-
mia, quando muitas pessoas,
frustradas com a política co-
mum e a corrupção, estavam
se voltando para figuras popu-
listas. Havia uma espécie de
reação contra décadas nas
quais quase todos os ganhos
econômicos ficaram com o to-
po (da pirâmide) e a pessoa de
classe média não se beneficiou
muito. Isso certamente foi ver-
dade nos EUA nos últimos 40

%HermesFileInfo:C-7:20200426:
O ESTADO DE S. PAULO
anos. Assim, houve o fortaleci-
mento de figuras populistas hi-
pernacionalistas que promete-
ram dar voz às frustrações, à
raiva e ao ressentimento. E es-
sa raiva e ressentimento eram
compreensíveis. Mas os candi-
datos que foram eleitos a par-
tir disso estão agora governan-
do no meio de uma crise para a
qual estão mal preparados. E,
portanto, acho que, devido ao
aprofundamento da desigual-
dade, agora agravada por essa
enorme crise de saúde pública,
as tensões no sistema e os da-
nos da desigualdade estão sen-
do escancarados e seu efeito é
aumentado. Vemos o que já es-
tava lá, mas de uma maneira
ainda mais perigosa. E, portan-
to, acho que devemos ter mui-
to cuidado com a tendência a
políticas e soluções autoritá-
rias para as frustrações que as
pessoas sentem. Penso que os
principais partidos partilham a
culpa por criar as circunstân-
cias que levaram os eleitores a
abraçar figuras autoritárias pe-
rigosas que agora, infelizmen-
te, têm a responsabilidade de
lidar com essa crise.
l Luciano Huck: Estamos experi-
mentando algo muito único que
só acontece em guerras. Decisões
que normalmente teriam levado
meses, anos ou décadas para se
tornar realidade estão levando
dias ou semanas. E acho que, an-
tes da pandemia, como você dis-
se, já estávamos vivendo tempos
estranhos, com a ascensão de líde-
res autoritários com fortes ten-
dências antidemocráticas, nega-
cionistas, populistas e etc. e on-
das de manifestações de massa ex-
pressando descontentamento
com a política e com as lideran-
ças sociais e econômicas, princi-
palmente na América Latina e
na Europa nos últimos anos. En-
tão, para ir um pouco mais fun-
do nisso, qual o efeito da pande-
mia nessa relação descontente en-
tre sociedade e política?
l Michael Sandel: Estávamos
experimentando, mesmo an-
tes da pandemia, a perda da so-
lidariedade. E, agora que a pan-
demia chegou, vemos que so-
mos todos mutuamente depen-
dentes. Nós somos contagio-
sos um para o outro. Em meio
à crise, ouvimos muitos políti-
cos com o mesmo slogan: “Es-
tamos todos juntos nisso”. De
certa forma, é um slogan inspi-
rador, porque a crise revela
nossas vulnerabilidades com-
partilhadas ou dependência
mútua. Mas, por outro lado, o
slogan “Estamos todos juntos
nisso” soa vazio porque ele se
insere no contexto de profun-
das desigualdades. Não é ver-
dade que todos estamos nos sa-
crificando na mesma medida.
Alguns de nós podem traba-
lhar em casa. Outros estão em
contato físico uns com os ou-
tros, precisam disso para so-
breviver economicamente e
são expostos de forma mais di-
reta e imediata ao risco. Preci-
samos tentar usar esta ocasião
para repensar nossas socieda-
des e nossas economias para
reconstruir um senso de genuí-
na solidariedade, para que as
vozes autoritárias não sejam
as únicas que expressam o sen-
timento de raiva, ressentimen-
to e frustração. As vozes mais
responsáveis precisam encon-
trar uma maneira de lidar com
essas profundas desigualdades
para que possamos realmente
dizer, e acreditar, que “Esta-
mos todos juntos nisso”.
l Luciano Huck: Nos últimos
anos, tenho ampliado minhas
áreas de interesse em políticas pú-
blicas e venho garimpando boas
ideias em todo o país para ques-
tões que considero necessárias. E
pude constatar que, em alguns te-
mas de grande importância, co-
mo educação, segurança pública
ou as reformas do Estado, a socie-
dade civil e o poder público já pro-
duziram muitas propostas e pro-
jetos de qualidade. Mas que em
outros, como a situação das fave-
las, não é trivial encontrar cami-
nhos prontos e consistentes para
apontar soluções. E eu acredito
que estamos correndo o risco de
esta pandemia ampliar ainda
mais o fosso da desigualdade no
Brasil. No caso da educação, por
‘Devemos adotar políticas mais inclusivas’
Luciano Huck
exemplo, para mim a ferramenta
mais poderosa para gerar oportu-
nidades e mobilidade social, a
pandemia tende a acentuar a dife-
rença entre escolas públicas e pri-
vadas. Embora quase todos os es-
tudantes no Brasil tenham um te-
lefone celular, o nosso sistema de
ensino público continua analógi-
co. Além disso, provavelmente te-
remos um enorme problema de
evasão escolar. Isso já é historica-
mente um problema no Brasil
após as férias escolares, então
imagine ao voltar depois de uma
crise de saúde que gerou um isola-
mento de meses. E, mais do que is-
so, haverá uma enorme pressão
familiar para que os jovens con-
tribuam de alguma forma para a
renda familiar, fortemente afeta-
da pelo desemprego. O que você
acha disso, sobre educação, aces-
so e desigualdades?
l Michael Sandel: Acho que vo-
cê está certo de como essa pan-
demia poderá exacerbar as de-
sigualdades, incluindo as desi-
gualdades educacionais. Mas
ela também oferece uma opor-
tunidade para repensarmos o
acesso à educação, à saúde e
ao apoio à renda. Às vezes,
grandes crises nacionais e glo-
bais podem ser ocasiões para
uma espécie de renovação mo-
ral e cívica. E acho que é disso
que precisamos. Penso que o
nosso desafio não é apenas um
desafio de saúde pública. Acho
que é um desafio ético e mo-
ral. Lembro que você mencio-
nou as favelas, onde é muito di-
fícil manter o distanciamento
social, dada a proximidade em
SANDEL DISCUTE,
NO SEU LIVRO ‘JUSTIÇA’,
DILEMAS ÉTICOS DA
SOCIEDADE MODERNA
que as pessoas vivem. Quando
visitei seu programa de TV, Lu-
ciano, e conversamos sobre o
“jeitinho brasileiro”, uma das
coisas mais marcantes da dis-
cussão é que tínhamos pessoas
de todas as origens sociais e
econômicas. Havia advogados
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
e professores, cozinheiros e fa-
xineiros, todos discutindo jun-
tos. E, quando visitamos uma
favela e conversamos com al-
guns jovens, uma discussão in-
formal, sobre justiça e violên-
cia, e sobre o que cidadania
realmente significa, o que me
impressionou é que as pessoas
não precisam apenas de ajuda
educacional, econômica e de
saúde, mas também precisam
de uma voz e querem ter uma
voz e poder sentir que suas vo-
zes são ouvidas. Um dos maio-
res desafios e uma das maiores
oportunidades que temos é en-
contrar maneiras de criar um
diálogo civil, discussões e deba-
tes sobre como alcançar algu-
mas dessas reformas em educa-
ção e saúde e apoio à renda e li-
dar com problemas de violên-
cia, que incluem as vozes de to-
dos. Seu programa, com a pre-
sença de pessoas de todas es-
sas origens, é um exemplo do
tipo de discussão que precisa-
mos regularmente, porque is-
so contribui para um tipo sau-
dável de democracia. Isso é
realmente o que significa de-
mocracia. Não apenas votar a
cada eleição, mas também deli-
berando entre si através de li-
nhas de classe, raça, etnia e for-
mação econômica. Sobre o
bem comum. E é nisso que não
somos muito bons hoje em
dia. Bem, você faz um trabalho
maravilhoso nisso, mas preci-
samos espalhar mais disso por
toda a nossa sociedade.
l Luciano Huck: Quando você
diz dar “voz ao povo”, a primeira
imagem que me veio à mente é so-
bre as oportunidades de educa-
ção e mobilidade social. No seu
novo livro A Tirania do Mérito,
que será lançado em setembro, vo-
cê argumenta que, para superar
as crises que estão prejudicando
nosso mundo, devemos repensar
as nossas atitudes em relação ao
sucesso e ao fracasso. Você pode
detalhar essa sua opinião?
l Michael Sandel: Penso que,
se olharmos ao longo das últi-
mas décadas da globalização,
tem sido uma globalização
muito orientada para o merca-
do. Isso criou vastas desigual-
dades. Mas esse não é o único
problema. Não é apenas o fato
de que a maioria dos benefí-
cios foi para aqueles que estão
no topo. As atitudes que te-
mos em relação ao sucesso são
tais que aqueles que chegam
ao topo acreditam que o fize-
ram por conta própria e que
não estão em dívida com mais
ninguém. Eles, portanto, sen-
tem que merecem. E, quanto
àqueles que não tiveram as
mesmas oportunidades, como
uma educação universitária, e
que não atingiram o sucesso,
nós dizemos que eles não se
empenharam o suficiente e
não fizeram por merecer algo
melhor. Então acho que preci-
samos questionar essa forma
de pensar. O que tentei fazer
no meu novo livro é questio-
nar a arrogância dos bem-suce-
didos que acreditam: “Eu sou
bem-sucedido porque conse-
gui meu sucesso pelo meu es-
forço e, portanto, eu não te-
nho senso de obrigação para
com os menos afortunados
que eu”. Visto que, se eu tiver
uma percepção mais apurada,
posso ressignificar o sucesso:
“Trabalhei duro e também tive
muita sorte: uma família que
me apoiou, os professores que
me ensinaram, as oportunida-
des educacionais que tive, a so-
ciedade em que eu cresci. Por-
tanto, devo aos meus concida-
dãos certas obrigações. Não é
só meu trabalho”. Este é o tipo
de orientação que estou ten-
tando argumentar, um maior
senso de solidariedade no bem
comum, decorrente de uma
consciência maior daqueles
que tiveram a sorte de não o te-
rem feito sozinhos. Há a frase:
“Lá, exceto pela graça de Deus
ou pelo acidente da Fortuna,
eu vou”. Se tivermos um senso
mais agudo da sorte, um senso
mais aguçado de graça, mesmo
para alcançar o que alcança-
mos, acho que estaremos mais
conscientes em relação às nos-
sas obrigações para com aque-
les que não chegaram ao topo,
mas que merecem as mesmas
oportunidades, respeito e reco-
nhecimento social. Portanto, é
uma mudança moral e tam-
bém uma questão de reorgani-
zar a economia. É uma questão
de como encaramos nosso su-
cesso e nossos relacionamen-
tos um com o outro.
l Luciano Huck: As empresas
mais admiradas ou as mais bem-
sucedidas da últimas décadas fo-
ram aquelas que tiveram a capa-
cidade de se mostrar mais eficien-
tes, com culturas internas ancora-
das na meritocracia. Você está co-
locando a questão da meritocra-
cia na vanguarda de outra discus-
são. No Brasil, é muito difícil dis-
cutir esse tópico, porque os pontos
de partida aqui não são iguais.
Aqui vivemos uma espécie de lote-
ria do código postal, em que o lu-
gar em que você nasceu pratica-
mente determina onde você vai vi-
ver e morrer. A mobilidade social
no Brasil é praticamente inexis-
tente. Estudos mostram que, se vo-
cê nasce em uma família pobre,
para atingir a média da classe mé-
dia são necessárias nove gerações.
Uma tragédia. A pandemia au-
menta ainda mais essa desigual-
dade de oportunidades e torna a
discussão sobre meritocracia um
sonho ainda mais distante. Como
isso soa para você?
l Michael Sandel: Você levan-
tou um ponto muito importan-
te. Um dos problemas com a
meritocracia é que não cumpri-
mos os princípios meritocráti-
cos que proclamamos. A “lote-
ria do código postal”, como vo-
cê diz, tem um efeito enorme
sobre quem recebe uma boa
educação, quem vai para a fa-
culdade, quem consegue bons
empregos. Esse é um dos pro-
blemas com a meritocracia.
Mas há também um segundo
problema: ela incentiva atitu-
des em relação ao sucesso para
que os vencedores menospre-
zem os perdedores e não os
identifiquem como concida-
dãos. Portanto, a meritocracia,
mesmo no local onde se traba-
lha, é prejudicial à solidarieda-
de. Pense na imagem de uma
escada, onde os degraus indi-
cam onde você pousa na or-
dem social e econômica. Um
problema com a meritocracia
é que, se você nasceu em uma
família que fica nos degraus
mais baixos, é muito difícil su-
bir para os degraus mais altos,
porque você não tem a chance
de ir para a faculdade e obter
uma boa educação para compe-
tir pelos melhores empregos.
Esse é um problema. Mas, mes-
mo quando tentamos melho-
rar a capacidade das pessoas
de subir os degraus da escada,
também precisamos nos preo-
cupar com algo além da mobi-
lidade social: qual a distância
entre os degraus da escada?
Como parte do que vem acon-
tecendo nas últimas décadas,
não só é difícil subir de um de-
grau para outro, como tam-
bém os degraus ficaram cada
vez mais distantes uns dos ou-
tros. A escada se esticou. A
distância entre os degraus su-
periores e inferiores é cada
vez maior. E nós temos que li-
dar com os dois problemas,
creio, ao mesmo tempo. Mobi-
lidade social, sim, mas tam-
bém desigualdade como tal, o
que significa tornar a vida me-
lhor e mais digna, mesmo pa-
ra aqueles que, por qualquer
motivo, não escalam os de-
graus. Eles também devem vi-
ver vidas dignas.
l Luciano Huck: Desde que a pan-
demia começou, venho dizendo to-
da semana que a solidariedade de-
ve ser mais contagiosa que o ví-
rus. E, no Brasil, a sociedade civil
(população não governamental)
se mobilizou sem precedentes pa-
ra tentar mitigar a fome e a extre-
ma pobreza que invadiram repen-
tinamente a vida de tantas famí-
lias. Ao te ouvir, fico refletindo se
isso não faz parte do caráter ge-
ral que todos compartilhamos
por termos aceitado passivamen-
te o status quo dessa disparidade
socioeconômica assustadoramen-
te alta, que não resolvemos até ho-
je e virou parte da “paisagem”
brasileira.
l Michael Sandel: Penso que a
sociedade civil tem um papel
extremamente importante a
desempenhar. Nós falamos so-
bre política e governo e tenta-
mos encontrar alternativas pa-
ra as perigosas tendências au-
toritárias que estamos vendo
agora. E tudo isso é muito im-
portante. Mas vimos como os
principais partidos políticos fa-
lharam e como esse fracasso le-
vou à eleição de figuras autori-
tárias hipernacionalistas no
Brasil e em outras partes do
mundo, inclusive nos EUA,
Especial H7
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
meu país. Acho que precisa- Um dos lados sombrios da me-
mos procurar a sociedade ci- ritocracia é que tendemos a
vil para ajudar a criar fontes acumular todas as recompen-
de solidariedade, porque não sas e todo o reconhecimento
são apenas as políticas do go- social naqueles que ganham
verno que nos mantêm uni- muito dinheiro. Eles se tor-
dos, mas também as organiza- nam os emblemas do sucesso.
ções, incluindo organizações Mas o que esta crise está mos-
locais, que podem trabalhar trando é que aqueles que real-
para promover o acesso à mente fazem contribuições va-
educação, podem tentar le- liosas para o bem comum,
var cuidados de saúde para aqueles que estão nos manten-
pessoas que não podem pa- do vivos, aqueles que mantêm
gar por isso, que podem ten- a sociedade funcionando não
tar lidar com o problema da são os ricos, não são os mais ri-
violência nas favelas e outras cos. São, na maioria das vezes,
comunidades... As institui- pessoas que lutam para sobre-
ções locais da sociedade civil viver. E, no entanto, são eles
são muito importantes. Espe- de quem o resto de nós depen-
cialmente nas áreas de saúde de. Portanto, espero que, com
e educação, as organizações isso, possamos reconstruir nos-
comunitárias têm um papel sas sociedades e nossas econo-
muito importante a desempe- mias para reconhecer, não ape-
nhar na construção do tipo nas para aplaudir essas pes-
de solidariedade que, com soas e agradecer-lhes, mas tam-
muita frequência, nossos po- bém para garantir que suas re-
líticos deixam de apoiar e compensas econômicas corres-
promover. A mídia também pondam à importância da con-
tem um papel muito impor- tribuição que fazem. Essa é a
tante na tentativa de promo- minha esperança. Mas vai de-
ver um diálogo civil mais pender do tipo de economia
substantivo, respeitoso. A de- que criarmos quando começar-
mocracia precisa desse diálo- mos a emergir dessa crise.
go. Ele precisa chamar a aten-
ção de pessoas de todas as l Luciano Huck: Temos discutido
origens sociais e econômicas. quando vamos reiniciar a econo-
E, se a mídia presta atenção mia, mas acredito que também
apenas aos tipos de provoca- deveríamos discutir de que forma
ções mais sensacionalistas e vamos reiniciar a economia. Te
ultrajantes, o discurso públi- ouvindo, acredito que temos uma
co se transforma em uma es- grande oportunidade de mudar a
pécie de jogo de gritos onde narrativa que tem estado presen-
ninguém está ouvindo um ao te nos debates nos últimos anos.
outro. As pessoas estão sim- Quando reiniciarmos as econo-
plesmente reforçando e gri- mias mundiais, teremos a chance
tando sua própria opinião. A de entender que estamos mais in-
terconectados do que nunca. Que
podemos e devemos mudar a nar-
rativa pós-pandêmica, adotando
‘A MERITOCRACIA, políticas menos divisivas e mais
MESMO ONDE SE fraternas, mais inclusivas. Se vo-
cê puder compartilhar, qual con-
TRABALHA, É PREJUDICIAL selho você desejaria passar para
À SOLIDARIEDADE’ o Brasil, pensando não no que es-
tamos experimentando agora,
mídia tem um papel impor- mas no que virá a seguir?
tante a desempenhar na cria-
ção de um tipo melhor de dis- l Michael Sandel: Eu acho que
curso público. o que vem a seguir, para o Bra-
sil e para todos nós que esta-
l Luciano Huck: Alguns setores mos enfrentando essa crise, de-
no Brasil, como bens e serviços, pende de como pensamos e
ganharam um enorme significa- agimos durante a crise. Claro,
do durante essa pandemia. Nosso todo mundo quer prever quan-
setor agrícola, em particular, es- do o vírus desaparecerá, quan-
tá fazendo um trabalho espetacu- do haverá uma vacina e quan-
lar. Não tivemos nenhum proble- do podemos voltar ao traba-
ma de produção ou fornecimento lho. Voltar ao trabalho criará
durante esta pandemia. Estamos um novo aumento no vírus?
exportando alimentos para o São questões de previsão e, pa-
mundo inteiro como nunca an- ra a previsão, contamos com
tes. A cadeia de produção está especialistas em saúde públi-
muito bem organizada e criou ca, médicos e cientistas e preci-
protocolos de saúde que estão fun- samos confiar em seu julga-
cionando muito bem. Nossos pro- mento e sabedoria. Mas, além
fissionais de saúde estão mais de- de prever o que essa crise trará
dicados do que nunca ao sistema e quando ela terminará, deve-
público, e até mesmo os entrega- mos encarar isso como um de-
dores que estão nas ruas diaria- safio para criar um tipo dife-
mente, e que até meses atrás rente de sociedade. Essa pan-
eram invisíveis e rechaçados por demia chegou em um momen-
muitos, se tornaram parte funda- to em que estávamos profunda-
mental de nossas vidas cotidia- mente divididos. Tínhamos vi-
nas, o que gerou um enorme res- vido um período de crescente
peito da sociedade por todos esses desigualdade e de profundas di-
profissionais do campo, das ruas, visões partidárias, raiva, frus-
dos hospitais e das rodovias. Co- tração e ressentimento. E, se
mo você vê essa mudança? voltar ao trabalho, se reabrir a
economia significa simples-
l Michael Sandel: Existe um mente voltar à raiva, ressenti-
potencial para essa crise levar mento, partidarismo e corrup-
a uma reavaliação fundamen- ção que tínhamos antes, não te-
tal de quem realmente contri- remos aprendido nada. Portan-
bui mais para nossas vidas so- to, nosso maior desafio é real-
ciais e econômicas. De quem mente aprender com essa crise
realmente dependemos diante e usá-la como uma oportunida-
de uma crise como essa? Co- de para refletir sobre o que deu
mo você diz, as pessoas de errado em nossa vida social,
quem dependemos não são econômica e política. De modo
banqueiros de Wall Street. a emergirmos com uma econo-
Não são pessoas que, nos últi- mia na qual podemos dizer
mos 40 anos, ganharam mi- com mais verdade do que ago-
lhões, bilhões de dólares en- ra que “Estamos todos juntos
quanto trabalhadores comuns nisso” – ou pelo menos que es-
enfrentaram salários estagna- tamos caminhando na direção
dos. As pessoas de quem de- de uma maior solidariedade.
pendemos agora são prestado- Minha esperança é que esteja-
res de cuidados de saúde, médi- mos nos movendo em direção
cos e enfermeiros, mas tam- a uma sociedade em que, em
bém entregadores, caminho- nossos debates políticos, per-
neiros, policiais e bombeiros, guntaremos primeiro: “O que
pessoas que mantêm os super- devemos uns aos outros como
mercados abertos, que forne- cidadãos e como podemos pro-
cem nossa comida e a levam mover a política do comum? O
para o supermercado ou mes- que nos une de maneira que
mo para nossas casas. No en- nos tornará mais fortes?”.
tanto, nos últimos 40 anos,
pessoas que realizam traba- l Luciano Huck: Professor Mi-
lhos como esses não apenas chael Sandel, muito obrigado. É
perderam terreno economica- uma honra poder conversar com
mente, como também não fo- você e compartilhar algumas de
ram respeitadas. Isso remonta suas ideias, certo de que você está
ao que chamei de "tirania do ajudando a iluminar o caminho.
mérito" no meu novo livro. Fique bem, protegido e saudável.
H8 Especial
%HermesFileInfo:A-8:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

No sofá* l
]
MURILO BUSOLIN
@MURILOBUSOLIN NO INSTAGRAM

TV GLOBO/REPRODUÇÃO
Babu e

Os donos do jogo Manu.

Carreira
pré-BBB
CONECTE-SE

disponível l O churrasco de Ludmilla

A
20.ª edição do Big Brother Bra-
sil (Rede Globo) se encami-
nha para a grande final na
próxima terça, 28. O reality show mo-
vimentou mutirões nas redes sociais
por mais de 90 dias e, pela primeira
vez, contou com participantes já co-
nhecidos pelo público; esses foram
convidados, sem precisar passar pe-
los testes de inscrição. Dois deles se
tornaram finalistas. Ambos são artis-
tas com anos de carreira que agora
carregam um fardo facilmente coroa-
do por qualquer espectador: Babu
Santana e Manu Gavassi foram os
grandes nomes do BBB 20.
O ator e cantor Alexandre da Silva
Santana, conhecido como Babu, ago-
ra detém recorde de participante
mais “emparedado” da história do
programa, além de ter mais de 40 fil-
mes e 30 produções televisivas em seu
currículo. Para quem simpatizou com o
jogador, as produções de maior desta-
que de sua carreira podem ser vistas na
plataforma de streaming Telecine Play
(disponível gratuitamente por 30 dias
por causa da pandemia).
Babu foi protagonista da cinebiogra-
fia do incomparável Tim Maia (2013) e
também interpretou o personagem
Grande no clássico nacional Cidade de
Deus (2002). Recentemente, mesmo
confinado, lançou seu single Soul África
em todas as plataformas de streaming
voltadas à música.
A multifacetada Manoela Latini Ga-
vassi, Manu, já tinha seus milhões de se-
guidores antes de entrar para o BBB, por
causa dos seus mais de 10 anos de carrei-
ra. A ex-estrela teen carrega consigo os
hits Planos Impossíveis e Garoto Errado
da sua cobiçada época de garota da revis-
ta Capricho, além de ter emplacado pa-
péis em novelas da Rede Globo.
Seu mais recente EP musical lançado,
Cute but Psycho (2018), apresenta um
pop íntimo e pode ser ouvido em qual-
quer plataforma musical. Assim como
Babu, uma de suas participações de des-
taque em uma produção cinematográfi-
ca pode ser conferida de perto em Socor-
para ver e
ouvir online
ro. Virei uma Garota! (2019), também dis-
ponível no Telecine Play.
Ainda não sabemos qual vai ser o gran-
de vencedor do prêmio de R$ 1,5 milhão,
mas tanto Babu, quanto Manu conquis-
taram os fandoms campeões de visuali-
zações e engajamento durante toda a
temporada. A nova carreira dos dois par-
ticipantes tem tudo para ser, no míni-
mo, interessante. Boa sorte!
Ela prometeu e entregou. Após ser
coroada como melhor cantora no Prê-
mio Multishow 2019, a funkeira Lud-
milla deixou uma promessa: lançaria
um compilado de novas músicas com
os dois pés no pagode. Numanice foi
lançado sexta-feira, 24, no Spotify,
Deezer, Tidal, Apple Music e por aí
vai. São quatro canções inéditas e
duas regravações. As letras tratam de
liberdade, preconceitos e relaciona-
mentos. Como não podemos reunir os
amigos para um churrasco, deixe a
cerveja gelar para dar o play no ótimo
EP. A vontade de abrir uma vai surgir
na primeira faixa – que será tratada
como single –, Amor Difícil. Se mante-
nha isolado e se contente na live que
a cantora fez para a divulgação do
lançamento e comemoração dos seus
25 anos: bit.ly/churraslud.

e optam por sofás mais profun-

PRONTOS PARA Como organizar

sua sala para assistir,
dos e macios.” Fique atento ao
tipo de revestimento. Couro ou
tecidos encerados, apesar de ofe-

MARATONAR?
recerem manutenção mais fácil,
com conforto, a séries não são os mais indicados, princi-
e filmes durante palmente nos dias mais quentes.
Prefira os naturais, macios e
a quarentena mais agradáveis ao toque.

Apoio e decoração. Pufes, mesi-

casa
Marcelo Lima
Filmes de todos os tempos. Os
desenhos animados favoritos da
garotada. Séries há tempos assi-
naladas, que só agora começam a
sair das listas das favoritas. Em
tempos de quarentena, poucos
móveis da casa estão sendo mais
disputados pela família do que o
sofá da sala. Especialmente quan-
do ele está bem posicionado fren-
te à TV, em condições de ofere-
cer perfeita visualização da tela,
além de boas condições de recep-
ção sonora. Mesmo sem ter um
espaço específico de cinema em
casa, dá para aprimorar a expe-
riência da sua maratona de fil-
mes e séries. Veja como:
Tela. O desempenho de sua sa-
la de exibição começa pela defini-
ção do tamanho da tela. Uma TV
pequena, longe dos olhos, força a
visão. Uma grande, próxima de-
mais, cansa logo. Para saber a dis-
tância em que deve posicionar
seu sofá, multiplique o tamanho
da tela, em polegadas, por 2,54 e,
depois, por 1,5. Assim você terá a
distância recomendada, em cen-
tímetros. Para justificar a com-
pra de um aparelho de home
theater, a TV deve ter a partir de
32’. A altura de fixação do apare-
lho na parede ou sobre o móvel
de apoio, segundo especialistas,
é de 120 cm a 160 cm do chão, até
o centro da TV. Essa distância le-
va em consideração a altura mé-
dia dos olhos de uma pessoa sen-
tada em seu sofá.
Equipamento. As opções va-
riam em função da quantidade
de caixas de som, mas também
do tipo de áudio emitido. Antes
de partir para a compra, conside-
re as características de cada um e
o espaço disponível. Não adianta
comprar um equipamento de ho-
me theater com diversas caixas
se elas não forem compatíveis
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
com as dimensões da sua sala.
Considerando que uma tela de
TV de 46’ necessita de uma dis-
tância mínima de visualização de
1,75m, entre a sua superfície e o
telespectador, opte pela compra
de um equipamento de home
theater tradicional – formado,
em geral, por duas caixinhas que
devem ficar próximas à TV, três
de som que devem ficar próxi-
mas ao sofá, subwoofer (caixa al-
to-falante) e o receiver (as entra-
das para cabos) –, apenas se sua
sala tiver, no mínimo 4 m².
Se ela for menor, considere
uma sound bar: um sistema que
tem como proposta simplificar o
conceito de home theater, apri-
morando a potência e a qualida-
de do som das smart TVs, mas
sem a complexidade da monta-
gem do sistema tradicional.
Composto, geralmente, por ape-
nas duas peças, uma barra e um
subwoofer, a sound bar se conec-
ta facilmente a qualquer smart
TV e pode ser posicionada logo
Espaço. Altura da TV e distância do sofá devem ser medidas de acordo com o tamanho da tela
abaixo desta. Uma solução práti-
ca e que ocupa menos espaço.
Som. O áudio (2.1, 5.1, 7.1, 9.1)
de um home theater é definido
pelo seu número de alto-falan-
tes. Se for 2.1, dois. No 5.1, cinco,
e assim por diante. Quanto mais
caixas acústicas, mais realista se-
rá o som. E maior deverá ser sua
sala. Posicionar duas caixas atrás
do sofá, uma à esquerda e outra à
direita, duas perto da TV, uma de
cada lado também, e a quinta jun-
to ao subwoofer, abaixo da televi-
são, é a disposição clássica para
que os efeitos de som sejam mais
realistas. Durante uma cena de
ação, por exemplo, se um avião
estiver decolando, o som come-
çará nas caixas de trás e passará
para as que estão na frente. Os
alto-falantes podem ficar escon-
didos ou presos na parede. Mas,
se o sistema de caixa for aparen-
te, estas devem estar dispostas
na altura dos ouvidos.
No caso das sound bars, uma
única peça traz vários alto-falan-
tes para emitir os sons agudos e
médios, enquanto o subwoofer
fica reproduz os sons mais gra-
ves e cria a sensação de envolvi-
mento sonoro na hora de repro-
LUIS GOMES
duzir um vídeo musical. Existem
ainda opções de soundbar com
subwoofer sem fio e com aciona-
mento por bluetooth.
Sofá. Conforto é pessoal. Por-
tanto, escolha o modelo que
mais o agrade. Certas recomen-
dações, no entanto, podem apri-
morar seu relaxamento. Segun-
do o arquiteto Marcelo Rosset,
pessoas de mais idade preferem
sofás menos profundos, mais fir-
mes e não tão baixos, mais cômo-
dos para coluna e também para
levantar. “Já os mais jovens sen-
tam de maneira mais despojada
nhas laterais fáceis de deslocar e
mesa de centro podem servir de
suporte para receber a caixa com
os controles remotos, bebidas,
petiscos, além, claro, da pipoca.
“Para ampliar ainda mais o con-
forto, coloque pufes na frente do
sofá para apoiar os pés e mantas
de tricô. São elementos funcio-
nais, mas que podem ajudar a
aprimorar o visual da sala”, desta-
ca Marcelo Rosset. Para a arquite-
ta Barbara Dundes, almofadas so-
bre o sofá são bem-vindas. “Elas
facilitam a acomodação e, como
podem ser facilmente trocadas,
deixam o visual sempre atual”,
diz. Mesmo caso do tapete. “Um
tapetão mais felpudo pode ser
um trunfo na hora de assistir de-
senhos com os filhos”, recomen-
da o arquiteto Renato Andrade.
Revestimentos. Segundo a ar-
quiteta Erika Mello, o ideal é que
a sala de TV seja mais escura,
mas não necessariamente com
paredes pretas ou grafite. “Use
tons mais invernais, aqueles que
se aproximam mais do cinza.”
Iluminação. O nível de lumino-
sidade durante a exibição dos fil-
mes deve ficar estável, sem refle-
xos na tela da TV. Verifique a po-
sição dos pontos de luz no am-
biente, como abajures e apare-
lhos eletrônicos, e elimine a clari-
dade vinda das janelas com corti-
nas ou blackouts. Uma vez resol-
vida essa questão, é só apagar as
luzes. A sessão pode começar.

Sem intervalo Filmes na TV

Eliana Silva de Souza ilha sejam revelados, até hoje, DESTAQUE Tim Maia
‘Velozes e seis morreram. Os irmãos com- COLUMBIA PICTURES
Vale o Que Vier
Humor em duas rodas praram parte da ilha e, desde
Furiosos’ em O humorista Marco Luque apro- que encontraram uma moeda
(Brasil, 2014.) Dir. e roteiro (com Antônia
Pellegrino) de Mauro Lima, com Babu

7 filmes para veitou esse tempo de distancia-

mento social para retornar ao
espanhola do século 17, explo-
ram com afinco a paisagem e a
Santana, Alinne Moraes, Robson Nunes,
Cauã Reymond, George Sauma.

ver e rever seu canal no YouTube. Com ví-

Luiz Carlos Merten
Em 1990, Mark Sinclair Vin-
cent já adotara o pseudônimo
Vin Diesel. Trabalhara como
segurança, teve uma participa-
ção mínima, como atendente
de hospital em Tempo de Des-
pertar. Tomou gosto pelo cine-
ma e escreveu, produziu, diri-
giu e interpretou o curta Multi
Facial, que chamou a atenção
de Steven Spielberg, e ele lhe
deu um papel com crédito em
O Resgate do Soldado Ryan, de
1998. O resto é história.
Três anos mais tarde, e com
direção de Rob Cohen, Diesel
fez o primeiro Velozes e Furio-
sos, inspirado na cultura das
corridas ilegais de carros nas
ruas, os famosos rachas. O poli-
cial Brian O’Conner se infiltra
na gangue de Dominic Toret-
to, terminam amigos e sócios.
O público adorou a dupla Die-
sel e Paul Walker e ela prosse-
guiu por mais seis filmes, até a
morte do segundo, em 2013.
Neste domingo, 26 o Mega-
pix faz maratona Velozes e Fu-
riosos com sete filmes. Das
8h25 às 22h, Toretto, O’Con-
ner e toda a gangue farão ma-
nobras incríveis em carros pos-
santes. As relações humanas
serão intensificadas e, sob a di-
reção de Justin Lin, a série fi-
cou melhor ainda. Com James
Wan, na condução do 7, foi o
filme que, na história, mais ra-
pidamente superou US$ 1 bi-
lhão de renda. Pé na tábua! Se
não fosse a pandemia, o 9 já
teria estreado, mas é hora de
matar saudade.
deos sempre bem-humorados,
Luque assume seus persona-
gens para dar divertidas dicas
sobre temas atuais, como a im-
portância de se cuidar e manter-
se ativo durante a quarentena,
mas faz também críticas a
séries, além de mostrar entrevis-
tas e esquetes com outras cole-
gas e amigos. Difícil não se diver-
tir com o motoboy Jackson Fai-
ve, que usa seu jeitinho especial
para pedir que as pessoas fi-
quem em casa e valorizem os
profissionais de saúde e todos
que precisam estar nas ruas.
Tesouro perigoso
Destaque do History neste do-
mingo, 26, a partir de 18h20, se-
rá a exibição da série A Maldição
de Oak Island, que acompanha
os irmãos Rick e Marty Lagina na
tentativa de decifrar o enigma de
Oak Island, no Canadá. Reza a
lenda que sete pessoas devem
morrer antes que os segredos da
mitologia locais. Na atração des-
te domingo, vai ao ar o especial
Os 25 Maiores Achados, com as
principais descobertas.
Especial de aniversário
Comemorando um ano de atua-
ção no Brasil neste domingo, 26,
o canal Smithsonian Channel se-
lecionou atrações especiais para
festejar a data. Entre a programa-
ção selecionada, serão exibidos
dois episódios da série de história
natural América Selvagem. Às
21h, estreia o episódio Amazônia,
e, em seguida, Pantanal, às 22h.
O sinal do Smithsonian Channel
fica aberto até 10 de maio.
Um novinho
Prestes a completar 88 anos,
Stênio Garcia ganha homena-
gem da TV Brasil com a exibição
de episódio especial da série O
Vigilante Rodoviário, que traz um
dos primeiros trabalhos do ator.
Terra de Ninguém vai ao ar nes-
te domingo, às 22h.
Sem Destino/
Easy Rider
(EUA, 1969.) Dir. e rot. (com Peter Fonda
e Terry Southern), de Dennis Hopper,
fotografia de Laszlo Kovack, com Hopper,
Peter Fonda, Jack Nicholson.
Luiz Carlos Merten
O clássico da contracultura.
Hopper e Peter Fonda saem
de motoca de New Orleans e
atravessam os EUA, refazen-
do a trajetória dos pioneiros
em sentido inverso – do Oeste
para o Leste. Representam a
geração das drogas, e no cami-
nho encontram Nicholson, a
geração do álcool. Grande tri-
lha, belíssimas imagens, fil-
me virou um marco.
TEL. CULT, 22H. COL., 94 MIN.
Com Babu Santana na reta final
do BBB 20, aumentou muito o inte-
resse pelo trabalho dele como
ator, e Babu é excepcional como
Tim Maia. O filme, apresentado
em capítulos, é mais uma prova
da excelência do cinema brasileiro
em matéria de biografias.
CANAL BRASIL, A PARTIR DAS 18H.
A Sombra
do Inimigo
(EUA, 2012.) Dir. de Rob Cohen, roteiro de
James Patterson, Kerry Williamson e Marc
Ross, com Tyler Perry, Mathew Fox, Edward
Burns, Carmen Ejogo.
Tyler Perry substitui Morgan Free-
man como o Dr. Alex Perry, que
dessa vez investiga o serial killer
conhecido como Picasso. A cada
nova vítima, o criminoso faz amea-
ças. Conseguirá o Dr. Cross locali-
zá-lo? Salvar sua família? Mathew
Fox, de Lost, é ótimo no papel.
GLOBO, 23H23. COLORIDO, 101 MIN.
 Especial H9
%HermesFileInfo:C-9:20200426:

O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020

Leandro Karnal l
]
ESCREVE ÀS QUARTAS-FEIRAS E AOS DOMINGOS

ria o isolamento a ter de emprestar seu que soaram arrogantes e impertinen- exortação aos noivos a partir do hi-

Sorte é tudo! precioso talismã.

Após os estudos brilhantes e uma
carreira jurídica assegurada, Sofia
prestou concurso para a magistratura.
tes à trabalhadora. “Cuidado, pegue
com jeito, forre com muitos tecidos, é
muito importante!” e outras repetidas
no ao amor de Paulo na epístola aos
Coríntios. Os jovens juízes dança-
ram até o amanhecer: ele, ela e a
expressões que deixaram a pobre mo- caveira assustadora junto ao corpo

S
ofia ganhou da avó um cavalo-
marinho de cristal. Peça anti-
ga, austríaca talvez, de beleza
delicada. O presente veio com uma
frase forte: “Enquanto você estiver
com ele, tudo dará certo”. Não sabe-
mos se foi o impacto daquele mo-
mento, talvez o caráter crédulo de
uma criança de 7 anos ou o afeto
pela velha senhora que se transferia
para a peça: Sofia nunca mais se se-
parou do mimo. Guardado em esto-
jo de madeira forrado com veludo, o
bichinho era retirado em todas as
ocasiões de prova. Os professores já
sabiam que a pequena só responde-
ria a quaisquer perguntas nas avalia-
ções escolares se tivesse, firme ao
seu lado, o cavalo-marinho amado.
A profecia da anciã deu certo: Sofia
era aluna brilhante e suas notas sem-
pre foram as melhores.
Já adolescente, estava passeando
com a família quando receberam a
notícia da proximidade da morte de
dona Filomena, a doce avó. Foram
direto ao hospital e lá encontraram
a senhora a minutos do fim. Houve
tempo curto para comovida despe-
dida. No velório, inconsolável, Sofia di-
zia para todos: “Eu não estava com o
cavalo-marinho. Se eu tivesse levado,
ela não teria morrido”. A avó falecera e
a certeza da menina cresceu. Nada de
ruim teria acontecido se a pequena fi-
gura estivesse junto.
A peça acompanhou a adolescente à
Disney e sobreviveu a todas as monta-
nhas-russas. O objeto disciplinou So-
fia: ela o guardava no estojo sempre,
nunca o perdia e tomava todos os cui-
dados para manter a integridade física
do seu vetor de bons fluidos. O avião
trepidava? Ela segurava o pequeno cris-
tal e a turbulência cessava. O restauran-
te da beira da estrada era duvidoso
quanto ao item higiene? A comensal
fazia refeição despreocupada, nunca
haveria intoxicação se o cristalino cava-
lo-marinho estivesse por perto. A fa-
ma da fé de Sofia cresceu e os fatos
eram tão eloquentes que mais de uma
amiga solicitou a posse do estojo com a
figura que os antigos chamariam de
apotropaica, aquele objeto que prote-
ge dos malefícios. Podiam pedir; implo-
ravam, até. Duas chegaram a romper a
amizade com a dona da peça. Ela prefe-
Pobres dos outros candidatos: tinham
se esforçado como a jovem Sofia fize-
ra, todavia não estavam amparados pe-
la aura luminosa da sorte do cavalo-
marinho. Juíza federal aos 26 anos e
próxima de se casar: que outro cami-
nho poderia surgir a não ser o da felici-
dade?
A data marcada foi o final de maio,
mês belo e pouco criativo para núp-
‘Enquanto estiver com ele,
tudo dará certo’, disse a avó ao
dar o amuleto de cristal a Sofia
cias. A originalidade estava nas instru-
ções para o vestido da noiva. Costura-
do dentro de um bolso interno, prote-
gido por camadas de seda francesa pa-
ra atenuar impactos, estaria o cavalo-
marinho de cristal acompanhando a
noiva quando entrasse, solene, na na-
ve da igreja. O amuleto a acompanha-
ria no enlace com Leonardo, jovem e
promissor colega de toga.
Talvez fosse o zelo da noiva, excessi-
vo e pouco racional. Ela atenazou a po-
bre costureira com tantos cuidados
ça com vontade de enfiar a agulha na
jovem juíza. Apesar do semblante sub-
misso, a menina do ateliê decidiu se
vingar. Dando arremates finais na pe-
ça, colocou uma caveira de feições dia-
bólicas no pequeno espaço reservado
ao talismã. Era medonha! Envolvida
em muito tecido e com peso similar,
ninguém poderia dizer que o alvo vesti-
do trazia figura tão terrível no seu inte-
rior, como se fosse um cavalo de Troia
recheado com inimigo mortal.
Sofia ficou linda e inocente no vesti-
do. A jovem costureira sorria dizendo
que ela seria muito feliz. Naquela tar-
de, terminando sua vingança épica, a
menina arremessou o cavalo-marinho
ao Rio Tietê. “Que desse sorte ao rio”,
falou do alto de um ônibus que atraves-
sava uma ponte estaiada sobre o fétido
curso d’água. O cavalo de cristal afun-
dou com um som súbito. Quase ao
mesmo tempo da vendetta, a noiva en-
trou confiante ao som estrondoso da
marcha nupcial carregando, sem sa-
ber, o símbolo da morte e de feitiçaria
vingativa perversa.
A cerimônia comoveu as pedras. O
padre fora de uma rara felicidade na
da noiva rodopiante. A festa foi lin-
da e a lua de mel na Provence mar-
cou o auge da felicidade.
Ao retornar, Sofia havia decidi-
do deixar o que ela supunha ainda
ser seu precioso bem no vestido.
Ele havia emanado tanta felicida-
de que ela temia uma dessacraliza-
ção se o retirasse do nicho. O amu-
leto repousou na veste nupcial
por décadas.
Hoje, doutora Sofia é desembarga-
dora respeitada e autora de livros de
Direito com fama internacional. Ao
fim de uma existência perfeita e co-
roada de êxitos, os netos enterraram
a desembargadora atendendo ao pe-
dido expresso no testamento. Ela de-
veria baixar à última morada com o
estojo onde, envolto em muitas ca-
madas de seda delicadíssima, repou-
saria o cavalo-marinho. Os herdei-
ros retiraram o bolso do vestido e
colocaram ao lado da avó. Sob um
cabelo ainda belo, envolvida em pa-
nos, uma caveira sorria aguardando
para dialogar com uma futura colega
no caixão. Sorte é tudo! Boa semana
e muita proteção para todos e todas!

CARRO
ELÉTRICO
É COISA DO
PASSADO CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
De 1884, primeiro veículo do tipo
era uma carruagem sem cavalos
JornaldoCarro
Tião Oliveira
As montadoras vêm acelerando
o lançamento de carros, motos
e mesmo caminhões elétricos.
O objetivo é reduzir as emis-
sões para atender as leis cada
vez mais severas de controle de
poluentes. O curioso é que o veí-
culo a eletricidade está longe de
ser algo novo – suas origens re-
montam a quase 140 anos.
A história começa em 1828,
quando o húngaro Ányos István
Jedlik, que além de inventor era
físico e padre beneditino, criou
um motor elétrico bastante ru-
dimentar. O primeiro veículo
elétrico conhecido foi uma loco-
motiva apresentada por Tho-
mas Davenport, em Vermont,
nos Estados Unidos, em 1834.
Em 1881, os físicos franceses
Gaston Plante e Camille Alp-
honse criaram uma bateria re-
carregável com capacidade sufi-
ciente para mover veículos elé-
tricos. No mesmo ano, Gustave
Trouvé, também francês, insta-
lou o sistema em um triciclo.
Três anos depois, o inglês
Thomas Parker lançou o primei-
ro veículo elétrico do mundo fei-
to em série. O modelo era um
tipo de charrete sem cavalos.
De 1888, o alemão Flocken Elek-
trowagen tinha formas pareci-
das com as dos carros atuais.
O sucesso dos veículos elétri-
cos não tardou a chegar. Entre
as vantagens estava a partida
imediata do motor. Nos carros
a vapor, por exemplo, a caldeira
tinha de ser ligada quase uma
hora antes do uso.
Na virada do século XX surgi-
ram várias fábricas de carros elé-
tricos, sobretudo nos EUA. Em
1900, por exemplo, de cada três
veículos vendidos no país, um
era movido a eletricidade.
No mesmo ano foi lançado na
Áustria o Lohner-Porsche. O
primeiro carro híbrido do mun-
do foi desenvolvido por Ferdi-
nand Porsche, que depois cria-
ria o Volkswagen Fusca e o 356,
antecessor do Porsche 911. O
veículo tinha motores elétricos
montados nos cubos das rodas
dianteiras. A energia era produ-
zida por gerador a gasolina.
REPRODUÇÃO
Precursor.
Flocken
Elektrowag
en
antecipou
linhas
atuais
NISSAN/DIVULGAÇÃO
Declínio. O problema é que as O surgimento da linha de pro-
baterias, que até hoje são um dução em série, em 1913, ajudou
dos principais entraves à popu- a decretar o fim do carro elétri-
larização dos carros elétricos co. A introdução do processo,
no mundo todo, eram pesadas e desenvolvido por Henry Ford,
ofereciam autonomia reduzi- fez despencar o preço do Mode-
da. Além disso, a recarga levava lo T de US$ 850 em 1908 para
muito tempo para ser feita. US$ 290 em 1927.
Ao mesmo tempo os motores Atualmente todas as grandes
a combustão ficavam mais efi- fabricantes de automóveis ofe-
cientes. E a introdução recem modelos híbridos e/ou
de novas tecnolo- elétricos. Do segundo grupo, as
gias, como o mo- baterias, que ainda são muito ca-
tor de partida, ras (representam cerca de 40%
facilitavam o do valor do carro), garantem au-
uso desse tipo tonomia superior a 400 km, no
de veículo. caso do Tesla Model 3 e do Pors-
Até então, che Taycan, por exemplo.
para ligar o Com mais de 460 mil unida-
carro o moto- des emplacadas desde o lança-
rista precisa mento, em 2010, o Leaf é o elé-
Evolução. Leaf (acima) é o elétrico girar uma ma- trico mais vendido do mundo.
mais vendido do mundo. De 1900, nivela, o que O Nissan é oferecido no Brasil
híbrido da Porsche tinha motores a exigia força e al- na versão com 240 km de auto-
eletricidade (D) e gerador a gasolina guma habilidade. nomia por R$ 195 mil.
TIÃO OLIVEIRA/ESTADÃO

ARQUIVO

BRASILEIRO, GURGEL
ITAIPU É DE 1974
Primeiro automóvel
elétrico desenvolvido
na América Latina
tinha capacidade
para duas pessoas
Engenheiro mecânico e eletri-
cista, João Augusto Conrado do
Amaral Gurgel era um idealista.
Formado na Escola Politécnica
de São Paulo, fez pós-gradua-
ção nos Estados Unidos e traba-
lhou na Buick e na divisão de
veículos comerciais da GM.
Estrelas. Gurgel apresentou a novidade a Silvio Santos Em setembro de 1969, o pau-
lista de Franca fundou a Gurgel
Motores, fabricante de automó-
veis 100% brasileira. Em 1972,
passou a produzir veículos espe-
ciais, com carroceria de fibra de
vidro, mecânica e outras peças
fornecidas pela Volkswagen.
Em 1974, a Gurgel apresen-
tou o Itaipu. Para duas pessoas,
o primeiro carro elétrico desen-
volvido na América Latina nun-
ca foi feito em série, mas serviu
de base para o utilitário E-400.
Por causa da baixa autono-
mia (127 km) e da demora na
recarrega, o carro lançado em
1981 saiu de cena em 1982.
H10 Especial
%HermesFileInfo:A-10:20200426:
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
Literatura*
COMÉDIAS
DA ANTIGUIDADE PARA O SÉCULO 21
Clássicos latinos ‘O Asno de Ouro’, de Apuleio, e ‘Os Adelfos’, de Terêncio, ganham novas traduções
Aliás,
Marcelo Tápia ]
O que podemos buscar, num
momento como este, para es-
tender nossa visão da experiên-
cia humana? Ultrapassar os limi-
tes de nosso tempo por meio da
“ponte necessária” que é a tradu-
ção favorecerá, creio, o abranda-
mento de angústias presentes.
Será proveitoso, caro leitor, em-
brenharmo-nos no longínquo
mundo antigo por meio de duas
obras latinas, ambas destinadas
ao riso: O Asno de Ouro (Asinus
Aureus), de Apuleio, em tradu-
ção da escritora Ruth Guima-
rães (1920-2014), e a peça Os
Adelfos (Adelphoe), de Terêncio,
traduzida pelo poeta e professor
Rodrigo Tadeu Gonçalves.
De início, é conveniente obser-
var que uma obra literária é sem-
pre outra quando traduzida,
pois é recriada em outro idioma;
entre as referências que orien-
tam as escolhas no processo de
traduzir estão as anunciadas pe-
lo pensador alemão Friedrich
Schleiermacher (1768-1834):
“Ou bem o tradutor deixa o escri-
tor o mais tranquilo possível e
faz com que o leitor vá a seu en-
contro, ou bem deixa o mais tran-
quilo possível o leitor e faz com
que o escritor vá a seu encontro”
(em tradução de Celso Braida).
Pois bem: as obras que ora co-
mentamos – cujos originais deri-
vam de obras gregas anteriores –
apresentam tendências diver-
gentes quanto a essa orientação;
iniciemos por aquela que deixa
mais tranquilo o leitor.
Temos muito a aprender – e a
nos divertir – com o burro de
Apuleio (séc. 2 d.C.). Primeiro,
em relação a como contar histó-
rias: único romance latino que
chegou inteiro até nós, não só re-
vela as aventuras do jovem Lú-
cio – que, devido a sua curiosida-
de pela mágica das metamorfo-
ses, é transformado em asno
após beber a poção errada, mas
sem perder sua inteligência –, co-
mo inclui outras narrativas, con-
tadas por personagens ouvidas
por Lúcio. Desventuras, atos
sórdidos, violências, injustiças e
prazeres de toda espécie surgem
nesta múltipla representação da
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
vida privada na Grécia da época, pelo asno é a de Eros e Psiquê, adivinhos (do Livro IX), que
enquanto Lúcio – submetido a na qual se tem um “extraordiná-
sucessivas provações – não recu- rio estudo sobre o nascimento
servia de sorte única para qual-
quer vaticínio; com ela engam-
pera a sua forma humana. Como da inveja e sua evolução nas al- belavam clientes, aplicando-a
diz Mikhail Bakhtin (em tradu- mas”. Considerando-a usurpa- a todos os casos – “juntaram,
ção de Paulo Bezerra), “para a dora de seu nome e sua “rival desta maneira, somas não des-
espreita e a escuta da vida ínti- em beleza”, a deusa Vênus in- prezíveis”: “Os bois colocados
ma, a condição de Lúcio-asno é digna-se com seu filho Cupido sob jugo, se escavam o sulco, /
excepcionalmente favorável”... – que mantinha relação amoro- é para que um dia germine a ri-
Nesta segunda edição (a pri- sa com Psiquê –, gritando “com ca messe.” Experimente, lei-
meira é de 1963), bilíngue – que quanta força tinha”: “Para co- tor, fazer uma pergunta ao orá-
traz elucidativa apresentação de meçar, desdenhaste as ordens culo e interpretar a resposta
Adriane da Silva Duarte –, o rela- de tua mãe e tua soberana, o conforme o tema em questão.
to em português nos deixa mui- que é pior! E, em lugar de infli- Um romance mágico, esse.
to confortáveis; não causa estra- gir à minha inimiga sofrimen- Passemos à obra traduzida
nhamentos, a não ser pelo con- tos de um amor ignóbil, tu mes- cuja linguagem não deixa tão
teúdo referente a um contexto mo, rapazinho, sem respeitar descansado o leitor, mas tam-
distante, aproximado de nós pe- coisa alguma, te uniste a ela, bém pode, de outro modo, de-
la opção naturalizadora da tradu- com laços precoces demais, leitá-lo. Públio Terêncio Afro
ção, que flui sem obstáculos ao penso que para me impor co- (século 2 a.C.) foi responsável
leitor. Leia-se um trecho do iní- mo nora a minha inimiga”. Ce- por inovações na Comédia No-
cio do romance, em que o narra- res e Juno tentam “acalmar a va latina (baseada na grega),
dor Lúcio refere-se ao relato ira violenta de Vênus”: “‘Que entre elas a substituição do re-
que fará, mencionando sua ori- crime, senhora’, disseram, ‘co- sumo do enredo, usado nos
gem grega e o posterior aprendi- meteu teu filho, para que com prólogos, por comentários so-
zado do latim, e suplica o per- ânimo inflexível contraries bre a composição e defesas
dão caso co- seus prazeres? contra acusações que lhe eram
meta “algum A que deus, a feitas, como no prólogo de Os
deslize” em que mortal, po- Adelfos: “Depois que o poeta
sua nova lín- TEMOS MUITO A des convencer sente que a sua peça / de ho-
gua: “Entre- APRENDER COM AS de que tu ex- mens maus foi alvo, e que os
tanto, o pró- pandes o dese- adversários / levavam ao pior a
prio fato de LIÇÕES MORAIS jo entre todas peça que ora encenamos, / da-
passar de DE APULEIO as criaturas, rá sua defesa, e vós sereis juí-
uma para ou- quando na tua zes / se o fato ver se deve co-
tra lingua- própria casa mo vício ou mérito.”
gem, verda- impões aos Na peça musical-performati-
deiro exercí- TERÊNCIO FOI Amores um va, as falas das personagens se
cio acrobáti- RESPONSÁVEL POR amargo cons- associam a padrões métricos di-
co, harmoni- trangimento e versos, recriados nesta tradu-
za-se com o INOVAÇÕES NA COMÉDIA fechas a ofici- ção: “o que aqui se apresenta é
meu estilo. NOVA LATINA na, aberta a to- uma comédia em português es-
Da Grécia dos, do pecado crita em versos não convencio-
veio esta história. Atenção, lei- de amar?’” nais, que visam emular o ritmo
tor: ela vai te alegrar.” Como esse, muitos conflitos e a performance da peça latina
Transformado em asno, Lú- humanos encontram lugar no através de sistemas rítmicos
cio é muito “maltratado pela sor- texto, que nos alça a uma di- que podem ser levados ao pal-
te”, mas acaba escapando de ca- mensão intemporal de espelha- co”, diz Rodrigo Gonçalves. A
da provação, de modo às vezes mento de nossa condição, estranheza ocasionada pela ver-
hilário (e, neste caso, escatológi- além de refletir, no dizer de Ru- sificação que adapta padrões an-
co): “apoderaram-se de mim, th Guimarães, “como num es- tigos não será demasiada, pois
amarraram-me a uma argola pelho, o espírito do tempo”. o tradutor buscou realizar um
com uma forte correia, reco- Embora falte, sim, unidade de “experimento rítmico que, de
meçaram a bater-me, e teriam concepção à obra – um agrega- alguma forma, possibilite a frui-
certamente acabado comigo, do de narrativas nem sempre ção rítmica em performance”.
se meus intestinos, contraídos entrosadas com a principal –, Para Guilherme Gontijo Flores,
pela dor das pancadas, estufa- o “seu modo de contar histó- em sua apresentação ao livro, a
dos de legumes crus, somo sa- rias é uma delícia”, comenta tradução oferece mais do que a
beis, e afligidos por uma forte Ruth. De fato o é, seja pelas no- “chance de riso trans-históri-
diarreia, não tivessem esgui- vidades constantes, seja pelo co”, ao assumir “o risco de,
chado um jato de excremento, modo de dizer de novo o já sa- mesmo na comédia, evitar a na-
de maneira que, aspergidos pe- bido: “A fidelidade humana é turalização tradutória da trans-
lo líquido infecto, ou afugenta- coisa frágil, não há obstáculo parência facilitadora” por meio
dos pelo seu odor repugnante, para o ouro. O ouro abre até de um português atual “que
escapuliram, deixando-me portas de aço”. E, por falar em ecoa e se desvia ao latim”.
com o lombo quebrado”. ouro, tema para qualquer tem- Eis alguns versos (jâmbicos)
A maior das histórias ouvidas po, veja-se esta invenção de de fala de Micião, um dos dois
irmãos – o outro é Dêmea – cu-
jos modos opostos adotados pa-
ra a educação de dois adoles-
centes promovem o embate
que é o fulcro da peça: “Assim é
meu pensar e assim conduzo o
espírito: / Aquele que só faz o
seu ofício coagido, / enquanto
crê que vai ser descoberto, te-
me; / se espera não ser pego, lo-
go volta ao ímpeto. / Aquele a
quem o benefício trazes, volun-
tário / esforça-se em ser justo,
estejas lá ou não. / Assim, dever
do pai é acostumar o filho / a
agir corretamente por vontade,
e não por medo: / é isso que dis-
tingue o pai e o senhor.”
Se o rico homem urbano Mi-
cião propõe que o jovem Ésqui-
no aprenda com os próprios er-
ros, o pobre agricultor Dêmea
educa Ctêsifo de modo severo,
impondo-lhe duras regras de
conduta: “Por fim, se deve ver
o exemplo, não vê ele / o irmão
Apuleio. Obra que sobrevive
O ASNO
DE OURO
Autor:
Apuleio
Tradução:
Ruth
Guimarães
Editora: 34
480 páginas
R$ 88
OS ADELFOS
Autor:
Terêncio
Tradução:
Rodrigo Tadeu
Gonçalves
Editora:
Autêntica
176 páginas
R$ 54,90
O ESTADO DE S. PAULO
HAGIA SOPHIA RESEARCH TEAM
Mosaico.
Obra retrata
Lúcio, que se
transforma
em um asno
cuidar das coisas lá no campo,
parco e sóbrio? / E em nada é
parecido. E o que digo dele /
de ti digo também: que o dei-
xas corromper”. Dêmea refe-
ria-se a atos de Ésquino, que in-
vadira uma casa para obter o
que queria – “A moça que ama-
va, / raptou: e todos clamam
que é indigníssimo / o feito de-
le.” No entanto, também Ctêsi-
fo se torna um amante invete-
rado: rouba uma prostituta to-
cadora de cítara, com ajuda do
irmão (ambos são filhos de Dê-
mea, que deu um deles a Mi-
cião, para que o criasse) e inter-
ferência direta do “mestre dos
enganos” da comédia, o “escra-
vo sagaz” Siro, que colaborava
com ambos para suas aventu-
ras. Como observa Rodrigo,
“nenhum dos dois métodos
educacionais impediu o desti-
no inexorável de todo jovem
de comédia: tornar-se um adu-
lescens tristis (jovem infeliz),
arrebatado por alguma paixão
que gera grandes dificuldades
até ser resolvido ao fim”.
Um diálogo sobre o destino
da citarista ilustra as divergen-
tes posições dos pais, que pou-
co interfeririam na atitude dos
filhos: “DÊ: Então, / o feito te
agrada? // MI: Não, se eu pudes-
se / mudar. Mas como isso não
posso, a alma sossego. / Assim é
a vida humana, como quando
jogas dados: / se aquilo que é
mais necessário não caiu no lan-
ce, / aquilo que caiu corrijas
com engenho e arte. // DÊ: Ó
corretor! Por causa de tua arte,
vinte minas / morreram pela ci-
tarista. Assim que se puder / de-
vemos revendê-la, qualquer pre-
ço, até de graça. // MI: Pois nem
vender devemos nem mesmo
pretendo. // DÊ: O que farás? //
MI: Em casa ficará. // DÊ: Por
deus! /Matrona de família e
prostituta em casa, juntas? //
MI: E por que não? // DÊ: Tu ba-
tes bem? // MI: Claro que sim.”
O aspecto mais significativo
da peça é a “ambiguidade mo-
ral cômica” que nela prevalece
ao final: o desagradável e auto-
ritário Dêmea, que, vencido, te-
ria se tornado liberal, vale-se
do modo de ser e pensar do ir-
mão para ser amado por todos,
vingando-se por meio de ações
aparentemente benévolas que
levam Micião à miséria...
“Como educar um jovem?” é
uma questão que transcende a
circunstância e permanece co-
mo inquietação nossa. Para
Brunno Vieira, autor do texto
de orelha do volume, “este po-
tente livro renovará seus argu-
mentos em favor de uma educa-
ção que busque a liberdade de
poder desafiar tudo o que antes
era silenciado, seja na forma, se-
ja nos seus múltiplos sentidos”.
]
É DOUTOR EM TEORIA LITERÁRIA
PELA USP COM PÓS-DOUTORADO EM
LETRAS CLÁSSICAS, TRADUTOR,
POETA E AUTOR DE ‘REFUSÕES –
POESIA 2017-1982’ (PERSPECTIVA)

%HermesFileInfo:C-11:20200426:
O ESTADO DE S. PAULO
Estante*
Entre as lendas
sobre o poeta
místico persa Ha-
fez, que viveu no
século 14, a mais
impressionante
diz respeito à
memória do es-
critor: ele teria
decorado o Co-
rão quando crian- DIVÃ OCIDENTO-
ça apenas por ORIENTAL
ouvir seu pai reci- AUTOR: GOETHE
tando seus ver- EDITORA: ESTAÇÃO
sos. Atraído por LIBERDADE
sua poesia, Goe- R$ 72
the devorou as
obras selecionadas de seu Diwan (Di-
vã, ciclo), coletânea de poesias sobre
temas com os quais o autor de Faus-
to tinha afinidade: o vinho, as mulhe-
res, entre outros. Goethe, aos 64
anos, organizou um conjunto de poe-
mas como tributo a Hafez. O resulta-
do é Divã Ocidento-Oriental, que, a
exemplo de Hafez, fala de prazeres
mundanos, mas também aborda a
religião e a guerra.
Os contos e ro-
mances de Philip
K. Dick trataram
de assuntos dos
mais variados,
mas a inquieta-
ção que move
todos eles é: qual
é a verdadeira
natureza da reali-
dade em nosso O TEMPO
universo? Essa EM MARTE
questão se desdo- AUTOR:
brou em obras PHILIP K. DICK
sobre androides, EDITORA: ALEPH
viagens no tem- R$ 49 (E-BOOK: R$ 35)
po, história con-
trafactual, realidades paralelas, entre
outros temas. O Tempo em Marte ata-
ca essa questão pela via da loucura: e
se as pessoas insanas na verdade vi-
vessem em um compasso temporal
diferente do nosso? Em uma colônia
humana em Marte, um ambicioso es-
peculador imobiliário tenta usar um
órfão autista para tentar prever o futu-
ro e, obviamente, lucrar com a expan-
são do mercado de terras marcianas.
Aliás,
Paulo Nogueira ]
Nesta época tóxica e lúgubre, a
filosofia não deveria ser um
item quase tão essencial quan-
to máscara ou álcool em gel? Co-
mo disse Montaigne, “filosofar
é aprender a morrer”. Mas, sem
morbidez, para o sábio francês
a filosofia era sobretudo um ma-
nual para uma vida digna de ser
vivida. Correta e honrada, sim,
mas também plenamente hu-
mana, gratificante e frutífera.
Aí os preceitos filosóficos se-
riam uma espécie de cloroqui-
na do espírito – só que sem pana-
ceias duvidosas.
Assim, é preciso que a filoso-
fia não se enclausure em cidade-
las conceituais de bizantinos
sistemas abstratos, por mais ba-
canas que estes sejam. Como
nota Scott Samuelson: “Dióge-
nes costumava mendigar di-
nheiro a estátuas. Quando lhe
perguntavam por quê, respon-
dia: “Para me acostumar a rece-
ber recusas.” Mas ele não tinha
uma esposa grávida. E nem mi-
nha mulher nem eu queríamos
morar num barril e nos aliviar
do lado de fora, como Diógenes
fazia. Ele comete o erro comum
de tomar uma parte da filosofia
– o escrutínio intelectual de vá-
rias posições – pelo seu todo,
que envolve o mais pleno exercí-
cio de nossa racionalidade: a
procura de uma vida significati-
va. A filosofia começa e termina
no reino dos encanadores, do
amor, das dores nas costas, das
ressacas, da beleza e das unhas
dos pés pintadas.”
A Filosofia na Vida Cotidiana
não se arvora em história do
pensamento. Os capítulos são
temáticos. Samuelson, como
Sócrates, circula pela ágora, e
não pelas academias. Na Grécia
e na Roma Antiga, os cidadãos
consumiam filosofia para recau-
chutar suas existências – não
seus currículos. Sim, filosofia
era autoajuda.
Sócrates (cuja Atenas foi fla-
gelada por uma peste, descrita
Em 2018, o líder
místico João de
Deus foi preso,
acusado de estu-
pro por mulhe-
res que frequen-
tavam o centro
onde atendia,
em Abadiânia
(Goiás). A cida-
de deixou de re- A CASA
ceber peregri- AUTOR:
nos. O premiado CHICO FELITTI
repórter Chico EDITORA:TODAVIA
Felitti, que lan- PREÇO: R$ 59,90
çou naquele mes- (E-BOOK: R$ 39,50)
mo ano (2018) a
biografia de um artista deformado
pelo uso de silicone industrial (Ricar-
do e Vânia), visitou Abadiânia em cin-
co ocasiões para entender o fenôme-
no do carismático João de Deus. Fre-
quentou cultos e pesquisou docu-
mentos. O resultado é A Casa, estu-
do sobre o médium goiano João Tei-
xeira de Faria, que atendia, inclusive,
peregrinos vindos de outros países
(de Bill Clinton a Hugo Chávez).
No ano em que
o cantor e com-
positor Renato
Russo completa-
ria 60 anos, uma
nova edição de
sua biografia assi-
nada por Arthur
Dapieve chega às
livrarias. Além
de retratar a tra- RENATO RUSSO,
jetória pessoal e O TROVADOR
artística do músi- SOLITÁRIO
co, Renato Russo, AUT.: ARTHUR DAPIEVE
o Trovador Solitá- EDITORA: AGIR
rio, em sua edi- R$ 45 (E-BOOK: R$ 29)
ção atualizada,
trata também dos eventos póstumos
que marcaram e seguem marcando a
carreira do artista mesmo décadas
depois de sua morte precoce, vítima
da epidemia de Aids que assolou o
mundo no século 20. Entre esses
eventos estão a retomada temporá-
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
ria de apresentações da Legião Urba-
na, leilões de seus objetos e o lança-
mento de um filme inspirado no épi-
co da MPB Faroeste Caboclo.
Diógenes. O filósofo, retratado numa tela pintada pelo francês Jean-Léon Gérôme em 1860
PENSAR
SCOTT SAMUELSON É
BOM COMO ÁLCOOL GEL
Em tempos de pandemia, ‘Filosofia do Cotidiano’ pode ser
um antídoto contra a estupidez crescente do mundo
por Tucídides) ficou estarreci- razão: ele era mais sábio porque
do com a lisonja do Oráculo de sabia que nada sabia.
Delfos, de que ele era o homem Samuelson realça a corres-
mais sábio da Grécia. Para refu- pondência entre palavras e
tar o rótulo, Sócrates saraco- atos: “A felicidade de Sócrates
teou pela cidade, interpelando está à vontade em meio a qual-
todo mundo – e todo mundo se quer tipo de pessoa – fanático,
achava. Afinal, o oráculo tinha criança, escravo, poeta, bêba-
Especial H11
DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020
A editora Paz e A Gaiola, do me- Seleção inédita
Terra recoloca xicano José Re- de textos prepa-
no mercado a vueltas (1914- rada por Hélio
série de livros do 1976), foi escrito de Seixas Guima-
filósofo francês em 1969, na pri- rães e Vagner
Michel Foucault, são, onde o au- Camilo, ambos
História da Sexua- tor foi parar co- professores de
lidade. No primei- mo líder do mo- Literatura da
ro dos três volu- vimento estudan- USP, O Sino e o
mes, A Vontade til de 1968. Fala Relógio - Uma
de Saber, Fou- HISTÓRIA DA de três prisionei- A GAIOLA Antologia do Con- O SINO E O
cault afirma que SEXUALIDADE ros que dividem AUTOR: JOSÉ to Brasileiro reú- RELÓGIO
a família conju- AUTOR: uma cela minús- REVUELTAS ne material raro ORG.: HÉLIO
gal confisca a se- MICHEL FOUCAULT cula e se reve- EDITORA: 34 de autores não GUIMARÃES E
xualidade que, ED.: PAZ E TERRA zam para ver o PREÇO: R$ 42 necessariamente VAGNER CAMILO
até o século 17, R$ 52,90 mundo através (E-BOOK: R$ 29) reconhecidos pe- CARAMBAIA,R$ 119,90
não era tão repri- de uma portinho- lo gênero, como
mida. No segundo, O Uso dos Praze- la. Entre a descrição realista do coti- Fagundes Varela e Casimiro de
res, o pensador defende que o pró- diano desses presos e o lirismo da Abreu. A coletânea traz também his-
prio termo sexualidade surgiu tardia- projeção de seus sonhos, Revueltas tórias escritas por mulheres, como
mente, no século 19, e ele pesquisa consegue um invejável equilíbrio, Corina Coaracy e Maria Firmina dos
como nasce na modernidade esse tendo sido comparado ao brasileiro Reis. Ao todo são 25 narrativas publi-
conceito, auxiliado pelos livros de Graciliano Ramos e ao francês Jean cadas entre 1836 e 1879. O livro se
Paul Veyne. Já no terceiro volume, O Genet. Revueltas sempre viveu ao divide em quatro grandes conjuntos
Cuidado de Si, ele se concentra nos lado de pobres e marginalizados, o temáticos: fantástico, histórico, coti-
dois primeiros séculos de nossa era, que justifica a comparação: ele foi diano e intriga. Na antologia cha-
comparando a visão do sexo pelos preso pela primeira vez aos 15 anos, mam a atenção os temas fantásticos
gregos com a do cristianismo. por participar de um comício. e as crônicas de costume.
Um dos maiores Alexandre, o Este mês, Brasí-
nomes da litera- Grande é um lia completa 60
tura latino-ame- personagem his- anos. Embora a
ricana, o escri- tórico no míni- pandemia do no-
tor portenho Ro- mo singular. Alu- vo coronavírus
berto Arlt no de ninguém possa ter ofusca-
(1900-1942) não menos que Aris- do as comemora-
apenas foi refe- tóteles, um dos ções da data, o
rência funda- maiores líderes livro Brasília, Lei-
mental para Ju- militares da Anti- turas e Leitores se
lio Cortázar co- OS SETE LOUCOS guidade e um ALEXANDRE, O encarrega de ho- BRASÍLIA,
mo foi um mar- AUTOR: dos grandes in- GRANDE menagear a capi- LEITURAS E
co da modernida- ROBERTO ARLT centivadores da AUT.: C. BLACKWELL E tal federal. Mes- LEITORES
de argentina. EDITORA: ciência e da ex- THOMAS R. MARTIN tre em arquitetu- AUTOR: LUIZ GUSTAVO
Sua obra essen- ILUMINURAS pansão do co- ED.: ZAHAR ra pela USP, SOBRAL FERNANDES
cial, Os Sete Lou- R$ 65 (E-BOOK: R$ 32) nhecimento em R$ 55 (E-BOOK: R$ 37) Luiz Gustavo So- ED.: ALTAMIRA (R$ 60)
cos, ganha nova sua época, ele é bral Fernandes
edição justamente em um tempo no examinado com erudição pelos his- reúne e analisa trechos de textos e
qual o tecido que compõe a socieda- toriadores Thomas R. Martin e Ch- livros raros sobre a cidade, publica-
de corre o risco de se romper, tema ristopher W. Blackwell no livro Ale- dos entre 1957 e 1973 por nomes co-
caro a esse livro. O romance narra xandre, o Grande: Um Homem e seu mo Juscelino Kubitschek, Gilberto
de forma cáustica a derrocada de Tempo. Além de narrar seu percurso Freyre, Henrique Mindlin, Plínio Sal-
sujeitos deslocados da realidade, biográfico, o volume fornece uma gado e Oscar Niemeyer, e pesquisa-
incapazes de se adequar à socieda- cartografia intelectual de Alexandre dos por ele na Universidade do Te-
de, que veem no crime a única saí-
da, com ecos claros de Crime e Casti-
go, de Dostoievski, em uma Buenos
Magno ao investigar algumas das
fontes literárias que o influencia-
ram – ele era um ávido leitor dos
xas. Contextualizando aspectos ar-
quitetônicos, políticos e históricos, o
livro traça um perfil complexo de
Aires transgressora. épicos gregos, por exemplo. uma cidade polêmica.
JEAN-LÉON GÉRÔME/WALTERS ART MUSEUM
de desejos: 1) desejos naturais e não existe, não perco nada.”
necessários, que sustentam nos- A questão é como descascar o
sa saúde e asseguram nossa tran- abacaxi do problema do mal –
quilidade mental; 2) desejos na- como o sofrimento imerecido.
turais e desnecessários; e 3) de- Kant divide a bagaça em duas ca-
sejos antinaturais e desnecessá- tegorias: o “mal moral”, que in-
rios. O grande problema é que clui o sofrimento injusto que os
nossos desejos tendem a desli- seres humanos infligem uns aos
zar da primeira categoria para outros (o estupro é um exem-
as outras duas.” Ô, se tendem. plo), e o “mal natural”, que des-
Difamado pelos escolásticos creve o infortúnio incrustado
como um devasso, Epicuro era na própria estrutura da existên-
frugal: “Abençoada Natureza, cia (câncer ou pandemias).
que tornou o necessário fácil de Um dos pensadores menos
ser alcançado e o que não é fácil, conhecidos que Samuelson exa-
desnecessário.” E talvez seja de- mina é Hans Jonas, judeu ale-
le o mais formidável antídoto mão que foi aluno de Heidegger
racional contra o pavor da extin- e parça da vida inteira de Han-
ção: “Não temo a morte, pois nah Arendt. Jonas postula três
onde estou, ela não está, e onde rupturas: “Primeiro, a transi-
ela está, eu não estou.” ção da matéria inorgânica para
É como notou Millôr Fernan- formas primitivas de vida. Esse
des: “Os meios de comunicação é o salto da própria vida. Embo-
de massa foram inventados de- ra uma pedra possa ser esmaga-
pois que os gregos já tinham es- da ou transformada ou mesmo
gotado o assun- vaporizada, ela
to.” É bem verda- não pode mor-
de que, no século SAMUELSON, COMO rer. Assim, com o
17, um francês salto da vida, a
adormece numa SÓCRATES, CIRCULA morte também
estufa para fugir PELA ÁGORA, E NÃO entra em cena.
do frio e, passan- Em seguida, a
PELA ACADEMIA
do uma semana transição da vida
de pijama, tem vegetativa para a
três sonhos que engendrarão a vida animal, na qual a vida come-
filosofia moderna. Num dos so- ça a sentir-se. Um animal, tal co-
nhos, Descartes concebe a dúvi- mo uma planta, precisa de ali-
da sistemática e o cogito (penso, mento, mas ele também experi-
logo existo). Depois, para esca- menta essa necessidade como
par dos obscurantistas, ele se fome. Com esse salto, a dor e o
manda para a Suécia, a fim de ins- prazer passam a existir. Por fim,
truir a rainha Cristina. Pena que há a transição para a vida huma-
a monarca queria aulas às cinco na. Somos animais racionais, ca-
da matina, na glacial Estocolmo, pazes de conceituar o mundo e
e ele morre de pneumonia. Con- nossa própria existências.”
clusão do autor: “Quando lhe fo- Jonas rejeita o materialismo
ram negadas suas melhores ho- redutor: “O fato de, por escalas
ras de sonhos, Descartes não du- cósmicas, o ser humano não pas-
rou muito para o mundo. A lição sar de um átomo é uma irrelevân-
é: não se levante cedo demais cia quantitativa: sua amplitude
porque você vai morrer.” interior pode torná-lo um even-
E Deus existe ou não? Ausên- to de importância cósmica.” Ou
cia de prova não é prova de ausên- seja, tamanho não é documento:
do, prostituta, general, até ou- cia, como observou o insuspeito o infinitesimal pode abarcar o in-
tro filósofo.” Sócrates tira de le- Carl Sagan? Ou, como choramin- finito. Enfim: eu já não saio mais
tra a morte fungando em seu gou Woody Allen, “se Deus pelo de casa sem a minha máscara,
cangote: “Vocês não me senten- menos abrisse uma conta nume- álcool em gel e este livrinho.
ciaram à morte; a própria vida o rada em meu nome num banco
fez. Tudo que vocês fizeram foi suíço!” Pascal apostou suas fi- ]
me dar uma data.” chas no Todo-Poderoso: “Se É AUTOR DE ‘O AMOR É UM LUGAR
Já Epicuro cataloga três tipos Deus existe, eu ganho tudo. Se COMUM’ (INTERMEIOS)
H12 Especial
%HermesFileInfo:A-12:20200426:

DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO

Verissimo l
]
LUIS FERNANDO VERISSIMO ESCREVE
ÀS QUINTAS-FEIRAS E AOS DOMINGOS

ninguém diria que se tratava de um um pseudônimo, Eterio Stinfalico.

Konitz, Marcello e Bach revolucionário.

Adaptação. Declarações desse tipo

Hoje o concerto para oboé faz par-
te do repertório de muitas orques-
tras e o adágio brilha. E se ainda for
são temerárias, podem ser contesta- preciso reforçar meu voto, convo-

E
stávamos passando uma
temporada em Nova York e
recebemos a visita de ami-
gos de Porto Alegre, que chega-
ram dizendo que queriam fazer
um programa bem, mas bem no-
va-iorquino. Fiz um rápido levan-
tamento mental do nosso orça-
mento e consultei uma revista da
semana atrás de um programa
bem, mas bem nova-iorquino para
oferecer aos amigos sem nos arrui-
nar. Descobri: Lee Konitz no Villa-
ge Vanguard. No caminho do bar
tentei resumir a carreira e a impor-
tância do músico que iríamos ou-
vir. Seu instrumento era o saxofone
alto. Ainda muito jovem, tinha parti-
cipado da famosa gravação de um no-
neto liderado pelo Miles Davis, com
arranjos, entre outros, do Gil Evans,
e lançado com o título Birth of the
Cool, pois registrava o nascimento
de uma sonoridade nova no jazz, um
estilo “cool” em contraste com o ca-
lor do bebop, em voga na época. De-
pois Konitz participaria de outro gru-
po inovador, formado em torno do
pianista Lennie Tristano – talvez o
mais longe que o jazz experimental
já chegou. O Village Vanguard, um
porão apertado em que a circunferên-
cia das mesas induz a uma escolha –
ou você usa para apoiar um cotovelo
ou colocar um copo – estava cheio.
Konitz não era exatamente um músi-
co popular, mas tinha seu público e
era presença constante nos bares de
jazz da cidade, da qual raramente
saía. Eu tinha julgado mal nossos vi-
sitantes, que insistiram em pagar a
conta, maravilhados com o progra-
ma bem, mas bem nova-iorquino,
que tínhamos lhes proporcionado.
Konitz morreu na semana passada,
com mais de 90 anos. Não sei que
idade tinha quando o ouvimos na-
quela noite. Olhando a sua figura,
das em um minuto e liquidadas em
dois, mas eu declaro sem medo: a
música mais bonita já feita na Terra é
o adágio do concerto para oboé e cor-
das em ré menor de Alessandro Mar-
cello. Não fui eu que descobri a bele-
za do adágio, claro, mas durante mui-
to tempo ela foi ignorada e a própria
existência do Alessandro, confundi-
do com seu irmão mais conhecido Be-
nedetto Marcello, não era certa. Tal-
vez por Alessandro ter sido filósofo,
poeta, fidalgo veneziano e muitas ou-
tras coisas antes de ser compositor.
E, para complicar ainda mais, ter com-
posto algumas das sua obras usando
co do passado o testemunho de nin-
guém menos que Johann Sebas-
tian Bach, autor de uma adaptação
para cravo do adágio que ele tam-
bém amava. Bach fazia arranjos
de obras de outros compositores,
principalmente dos italianos, e o
concerto para oboé do Alessan-
dro devia fazer parte de algum lo-
te de partituras, nada indicando
que Bach, de tanto admirá-lo, re-
solvera ficar com o adágio como
se fosse dele. Se bem que – fofoca
– numa das poucas cópias publica-
das do concerto a única assinatu-
ra que aparece é “JSB”.

LUCRÉCIO JR./ESTADÃO - 21/04/1970

Caderno2 Irreverência. Os Mutantes

em 1970; Tim e o grupo
Renato Vieira já eram amigos

A irreverência, o deboche e a ale-

gria aproximaram Arnaldo Bap-
tista, Rita Lee e Sérgio Dias, os
Mutantes, de outro artista que
também faria história. Tim
Maia era um desconhecido
quando se encontrou com o
trio nos bastidores do progra-
ma Quadrado e Redondo, da TV
Bandeirantes.
“Tínhamos as mesmas in-
fluências. Tudo o que ele canta-
va a gente conhecia”, relembra
Sérgio. A banda deixou marcas
na trajetória do amigo – e vice-
versa. Os Mutantes recomenda-
ram Tim ao diretor da Poly-
Gram, André Midani, que o con-
tratou para gravar seu primeiro
LP. Uma gíria criada pelo can-
tor para designar maconha, bau-
rete, foi usada no título do disco
Mutantes e Seus Cometas no País
do Baurets (1972).
Parcerias entre os Mutantes e
Tim nunca chegaram ao grande
público. Mas ao menos uma foi
enviada em 1971 à Censura Fede-
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
ral, que aprovou a gravação.
Uma folha submetida ao órgão
com a letra de Quero Mais Di-
nheiro, assinada pela banda e pe- L. FRANCISCO/ESTADÃO - 15/07/1970
lo cantor, circula em comunida-
des sobre música brasileira no
Facebook. A origem do papel é
o site do Sistema de Informa-
ções do Arquivo Nacional
(SIAN), com mais de um mi-
A REVELAÇÃO
DE UMA
lhão de documentos.
Todos os integrantes dos Mu-
tantes à época – Arnaldo, Dinho
Leme, Liminha, Rita e Sérgio –
foram contatados pelo Estado
diretamente ou por meio de as-
sessores. Nenhum deles se lem-
bra da música e em quais cir-
cunstâncias ela foi feita. Muito
menos de um registro. Mas Que-
ro Mais Dinheiro está preserva-
da nos arquivos da gravadora
Universal Music, detentora do
acervo da PolyGram. Se houver
autorização dos cinco e de Car-
PARCERIA
Música composta pelos Mutantes com Tim Maia é
melo Maia, filho de Tim que ad-
ministra o espólio do cantor, a
faixa pode ser lançada. descoberta; gravação feita em 1971 não foi lançada Tim. Gravando o primeiro LP; banda o indicou a gravadora
Quem confirma a existência
da gravação é o pesquisador ARQUIVO NACIONAL
Marcelo Fróes. Ele assinou a de uma paródia ser lançada an-
produção executiva de Tecnico- l Descoberta tes da canção que a inspirou po- A LETRA
lor, álbum que os Mutantes gra- “Achei o maior barato a de ser um dos motivos da parce-
varam na França em 1970 e que letra, essa descoberta é um ria ter saído de Jardim Elétrico.

saiu 30 anos depois. Com livre
acesso ao arquivo da Universal,
ele ouviu outras fitas de 4 e 8
canais com material bruto do
grupo e se deparou com Quero
Mais Dinheiro.
A música é uma paródia de
Não Quero Dinheiro (Só Quero
Amar), grande sucesso de Tim,
e é sobra das sessões de estúdio
do disco Jardim Elétrico (1971).
O pesquisador afirma que a
letra de Quero Mais Dinheiro
cabe perfeitamente na melo-
dia de Não Quero Dinheiro. O
longo refrão do hit de Tim foi
substituído por repetições da
frase “quero mais dinheiro”. A
faixa foi gravada em quatro ca-
nais, com piano, baixo, guitar-
ra e vozes. Rita canta primeiro
e depois entra Arnaldo.
“Quando ouvi, ri pra caramba
e vibrei. É uma gravação perfei-
ta, a única dos Mutantes com
Rita que permanece inédita”,
ressalta Fróes, que cogitou co-
locá-la em uma caixa com dis-
cos dos Mutantes que estava
montando.
Ele conta que, na época, a gra-
diamante. Libero na hora,
mas tem que ver o que os
outros querem fazer.”
Sérgio Dias
MÚSICO
“Quando ouvi, ri pra
caramba e vibrei. É uma
gravação perfeita, a única
dos Mutantes com Rita que
permanece inédita.”
Marcelo Fróes
PESQUISADOR
vadora disse ser “complicado”
incluir a faixa no projeto, que
acabou cancelado, por causa
das autorizações devidas. Anos
antes, Tim havia entrado na Jus-
tiça contra a PolyGram por con-
ta de uma coletânea feita sem
permissão.
Quero Mais Dinheiro foi libera-
da pela Censura para gravação
em 4 de fevereiro de 1971, oito
meses antes de o disco de Tim
com Não Quero Dinheiro chegar
às lojas. O que sugere que os
Mutantes ouviram a música do
amigo em primeira mão. O fato
Já
Também é possível cogitar é tempo
que a música ficou de fora do
repertório porque Benvinda, de resolver/
que entrou no disco, é interpre- Nunca é tarde
tada por Arnaldo emulando o
estilo de Tim – um texto na con- pra aprender/
tracapa ironicamente assinala Que ser pobre,
que “qualquer semelhança
com Tim Maia é mera coinci- não vale a pena
dência”. ser/Um anel de
Ainda na ativa com os Mutan-
tes, Sérgio é a favor do lança- brilhantes/
mento da gravação. “Achei o Pra menina que eu
maior barato a letra, essa desco-
berta é um diamante. Libero na
sempre quis/
hora, mas tem que ver o que os Um palácio/Tal (sic)
outros querem fazer. A música
tem que ser lançada.”
bacana a vida
Autora de Discobiografia Mu- pode ser/Quero
tante – Álbuns que Revoluciona- mais dinheiro/
ram a Música Brasileira, que con-
ta a história dos discos da ban- Até hoje não vi
da, a jornalista Chris Fuscaldo ninguém/Que já foi
cita a existência de Quero Mais pobre e virou
Dinheiro no livro. Mas ela so-
mente teve acesso à letra após alguém/Não ser mais
ser consultada pela reporta- feliz/Do que aqueles
gem. “Acho importante o resga-
te desse registro e uma campa- que já nasceram reis/
nha para que a faixa seja lança- Quero mais dinheiro
Documento. O papel preservado no Arquivo Nacional da em alguma plataforma.”
 São Paulo, 26 de abril de 2020

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

Parte integrante do jornal O Estado de S. Paulo. Não pode ser vendida separadamente

A artista Paula Costa

e o empresário de
moda Rony Meisler,
do grupo Reserva

Arte &
Moda
juntas
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
 SUMÁRIO
18 Sem perder Diretor-Presidente:
a ternura
São Paulo, 26 de abril de 2020

Francisco Mesquita Neto

A empresa francesa Diretor de Jornalismo:
Caudalie desenvolve João Fábio Caminoto
fórmulas que retardam Diretor Executivo Comercial:
Foto de Capa: o envelhecimento, sem Paulo Pessoa
imagens feitas perder a naturalidade Diretor Financeiro:
Parte integrante do jornal O Estado de S. Paulo. Não pode ser vendida separadamente

A artista Paula Costa

e o empresário de
moda Rony Meisler,

por Paula Costa do grupo Reserva

Marcos Bueno
Arte &
e Rony Meisler Moda 20 Companhias Diretora Jurídica:
com intervenção juntas
da artista
preciosas Mariana Uemura Sampaio

Em tempos de isolamento Diretor de Tecnologia:

social, elegemos a Nelson Garzeri
presença que trará brilho
5 Carta da diretora e cor para esse período

Foto: Gustavo Zylbersztajn

Um olhar sobre o mundo
e a moda, por Alice Ferraz

6 Astrologia
Diretora de Conteúdo:
Oscar Quiroga comenta
a influência dos astros Alice Ferraz
nas próximas semanas Redatora-Chefe:
Ana Carolina Ralston

CANAL
7 UNICO
F hits love PDF - O JORNALEIRO
Doris Bicudo elege as peças
MTB 67.586
Editora Executiva:
mais desejadas do momento Marilene Ramos
Edição:
8 #Modadobem Eduardo Geraque
Rony Meisler, nome por e Tatiana Babadobulos
trás do grupo Reserva, Diagramação:
une-se à talentosa artista Isac Barrios, Gabriela Cavallari
plástica Paula Costa para
e Leonardo Albertino
dar o tom da moda 2020
Colaboradores:
Patricia Beck usa brincos, colar e pulseira
de topázio azul, abalone, diamantes e ouro Antonio Müller, Doris Bicudo,
12 Reflexões amarelo 18k. Tudo Sauer Gustavo Zylbersztajn, Cris Biato,
Mario Sergio Cortella fala Marilia Neustein, Mario Sergio
sobre os novos desafios da
Cortella, Nilton Bonder,
vida contemporânea 26 Pandemia cultural
Oscar Quiroga e Patricia Beck
Como museus, galerias e
14 Oriente-se instituições estão agindo e
Revisão:

Cris Barros viaja à Índia para Francisco Marçal

reagindo ao momento de
buscar seu inverno, com mudança da cena artística
toques vintages e patchwork
28 Análise Abril 2020 | Número 2
16 A lei do retorno Nilton Bonder comenta moda@estadao.com
a relação dos seres Endereço:
Saiba mais sobre o
movimento upcycling, humanos com Av. Eng. Caetano Álvares, 55,
que estimula a a normalidade São Paulo-SP – CEP 02598-900
reutilização de roupas de
forma inovadora 29 Serviço

4¦ ¦abril 2020
 EDITORIAL

SEGUIMOS PARA A SEGUNDA

EDIÇÃO DE
EM UM MÊS QUE MAIS
PARECE UMA VIDA TODA
Por qualquer ângulo que se olhe, de qualquer lugar do nosso
planeta, abril exige mudanças urgentes. No nosso caso, com
este novo projeto em mãos, não foi diferente. A revista sobre
moda, que durante tanto tempo eu tinha idealizado, foi dras-
ticamente posta à prova e se desintegrou em poucas horas
de reflexão. A Moda e a própria moda estão em processo de
transformação como tudo na Terra.

HITS
Tivemos de partir do zero e, dando o primeiro passo, o mar
se abriu , como se, sem um espelho para onde olhar, eu e mi-

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

nha tão nova equipe pudéssemos realizar algo realmente novo
e, depois de atravessar, ver aonde iríamos chegar. E chegamos.
Um processo que poderia nos parecer caótico, mas que tinha
a força da criação ao seu lado, o foco de mostrar uma nova
moda e um novo jeito de pensá-la.
Chegamos com Rony Meisler e sua moda cheia de vida (ou
seria vida cheia de moda?). Chegamos com a artista plásti-
ca Paula Costa e sua sintonia fina que traduz o sentimento do
mundo em obras de arte e que criou essa linda intervenção na
nossa capa. Chegamos com a visão do rabino Nilton Bonder e
do filósofo Mario Sergio Cortella ‒ sim, a moda como compor-
tamento nos pedia cenários e nossos pensadores desenharam
suas visões para esse futuro próximo.
Nossa revista chegou com uma Moda embalada em arte,
conhecimento e beleza.

abril 2020 ¦ ¦5
 ASTROLOGIA
POR
OSCAR
QUIROGA
O CÉU DE MAIO 2020:
A SAGA HUMANA
CONTINUA
Nesta época, ocorre a Lua Cheia mais importante
do ano: Sol em Touro, Lua em Escorpião, alinhando
nosso planeta Terra com a importante constelação
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
das Plêiades, a qual talvez, muitos dizem e as mi-
tologias confirmam, seja a origem de tudo que se
manifesta no nosso mundo. Digamos assim, é de
lá que vêm as ideias que originam tudo e a matéria
dos átomos que serve para construir os mundos que
nosso reino humano inventa.
É humano ver o que ainda não existe, e é humano
que, por visualizar na imaginação o que ainda não
existe, que isso comece a existir. Quem dera
sermos evoluídos e iluminados o suficien-
te para construir nossas experiências
em torno da prática desse poder,
orientada por princípios eternos.
Não é assim, como nosso foco
de consciência é bem menos am-
plo do que isso, para não dizer
restrito mesmo, quando nosso
reino entra em contato com po-
tências cosmogônicas tão abran-
gentes e importantes, como as que
fluem através da Lua Cheia de Maio,
o que percebemos acontecer não é nada
elevado, é, ao contrário, distorcido, pertur-
6¦ ¦abril 2020
bado, irritado e que vai degringolando em brutali-
dade e violência.
Isso denuncia nossa incompetência, é quase uma
declaração de não merecimento de estarmos pre-
sentes nesse evento, porque, se nos preparássemos
devidamente para ele, no momento da Lua Cheia,
isto é, nos dias que a antecedem e também alguns
dias depois, seríamos todos brilhantes, colossais e
cheios de boa vontade para colocar em prática o
que produziria benefícios, não apenas para nós,
mas especialmente por nos interessarmos em be-
neficiar o mundo com nossas presenças.
Lua Cheia após Lua Cheia, todos os anos
de nossas vidas, nos posicionamos diante
de uma bifurcação de caminhos, onde um
Foto: Divulgação/Ilustração: Leonardo Albertino
desses dá continuidade ao exercício do
egoísmo nosso de cada dia, e o ou-
tro abre a perspectiva de que é pelo
servir aos nossos semelhantes, ofe-
recendo de nós o melhor, que se
acaba experimentando o verdadeiro
progresso, a vida mais abundante que
comumente chamamos de espirituali-
dade. Só que desprovida de misticismo e
cheia de práticas cotidianas do que é bom,
do que é belo e do que é verdadeiro.
D
Look

Fotos: Divulgação
F HITS LOVE Andreza
POR Chagas:
trench coat
DORIS R$ 562,50 e
BICUDO calça skinny
R$ 527,50

MODA
SUSTENTÁVEL
O mundo mudou e nossa forma de consumir,
também. Respeitar a cadeia de produção deixou
de ser meta utópica e se tornou necessidade.
Algumas marcas brasileiras provam que produzir
moda está diretamente ligado à consciência social Bolsa Voa-Voa
e à natureza. E isso inspira a nós, consumidores, R$ 408
Mantô Osklen
que também buscamos no ato de vestir a R$ 1.997
harmonia com aquilo em que acreditamos.

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

NATURAL Look Marisa

&ESSENCIAL
Fios nobres, trabalho artesanal e tecnologia de
Ribeiro Pull
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(amarelo)
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ponta em prol do bem-estar. Sentir-se à vontade é o Pull Luz
novo luxo. O conforto é obrigatório e as palavras de (marrom com
listra amarela)
ordem para estar na moda passam a ser aconchego R$ 1.032,
e acolhimento. Afinal, esse bem-estar vem de dentro Saia Amelia
para fora, mas também pode começar por fora. R$ 855

Blusa A.
Niemeyer Blazer
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Marinho
Look Viviane
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Calça R$ 699,90,
Blusa de Capuz
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e Casulo
R$ 374,90

abril 2020 ¦ ¦7
 CAPA

Paula
Costa
veste a
máscara

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO que terá

Fotos: Divulgação e reprodução Instagram

100% da
renda
revertida.
Ao lado, a
obra que
inspirou
a camiseta
que será
vendida
pela
Reserva,
de Rony
Meisler

#modadobem Um dos homens da moda mais atuantes do Brasil,

Rony Meisler, nome à frente do grupo Reserva, une-se
à artista plástica Paula Costa para darem o tom da temporada

por Alice Ferraz

8¦ ¦abril 2020
 esde que o filme O Diabo Veste Prada foi

D lançado, em 2006, não é incomum pes-

soas de diferentes áreas me perguntarem
se é esse mesmo o espírito da moda. Não
podemos negar que existem, sim, no mundo fora das
telas algumas Mirandas (e também Andys!) nesse
universo, e que paira no ar certa altivez ‒ que, diga-
-se, sempre me deixou desconcertada. Mostrar que
a moda pode ser um berço para a tão famosa tríade
de Platão, o bom, o belo e o verdadeiro, é um sonho
antigo. Por isso, quando decidi procurar um perso-
nagem que se encaixasse na matéria de capa como
personificação de uma moda para um novo mundo,
pensei em Rony Meisler, um dos homens de moda
mais atuantes no Brasil, à frente do grupo Reserva.
Ao atendê-lo no Facetime e descobrir ali um largo
sorriso no rosto combinado de um

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

oi, queridona! , tive a certeza de
que estava no caminho certo.
Rony é a imagem viva do que Ler me conecta,
pessoas de moda devem manifes- abre novas
tar: empatia, alegria, criativida-
de, abertura para ouvir e entu-
possibilidades e faz
siasmo em compartilhar. A moda parte da maneira
como parte do comportamento como observo
de uma era precisa de líderes que a época em que
espelhem e assumam a condução
‒ em tempos tão desafiadores,
vivemos. Enxergar o
precisamos de novos caminhos momento faz parte
e de quem tenha algo a dizer, de da criação da moda
forma autêntica e genuína.
Seu pensamento coloca seu
consumidor como centro do negócio, de sua pes-
quisa e do seu propósito diário. Moda, para mim,
não é só o produto, a cultura do SKU (sigla para
Stock Keeping Unit, com pensamento voltado
100% para vendas) não era a minha. Queria escu-
tar as dores e os desejos do outro e, por esse cami-
nho, criar uma marca que fizesse sentido quando
você a comprasse.

abril 2020 ¦ ¦9
 CAPA
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
Rony pensa moda. Em sua biblioteca, temas di-
versos fazem parte de sua pesquisa: Ler me conec-
ta, abre novas possibilidades e faz parte da maneira
como observo a época em que vivemos. Enxergar
o momento faz parte da criação da moda . Nada
mais natural que, em uma fase em que a socie-
dade e seus costumes precisam ser repensados e
remodelados, ele encontrasse com Paula Costa,
artista carioca que trabalha unindo tecidos, pala-
vras e natureza. Juntos, estão em plena construção
de uma parceria que sintetiza a moda do bem em
tempos de pandemia: a produção de uma série de
máscaras e camisetas que estampam o delicado
bordado que vemos nas obras de arte de Paula, com
renda revertida integralmente para instituições que
estão agindo no combate à fome. Com a pandemia
causada pela covid-19, o número de desempregos
dispara e o de doações diminui. Por isso, a ideia é
abastecer os bancos de alimentos, que sustentam
o principal projeto social do grupo, chamado 1P5P.
10 ¦ ¦abril 2020
Fotos: Divulgação
A cada peça vendida na Reserva e na Reserva
Mini, o grupo viabiliza a entrega de cinco pratos
de comida para quem tem fome. Quem entra no
projeto é o braço chamado de Reserva Inc., que
é essencialmente uma estamparia têxtil de cami-
setas . Dessa forma, consigo contribuir para que
novos empreendedores tenham sua própria loja, e
também viabilizar projetos relacionados à arte de
modo mais ágil , explica Rony
Paula, artista plástica, tem uma longa história
com a moda. E ela começa nos primórdios de sua
existência, ao lado da mãe, com quem aprendeu a
costurar. Foram alguns anos trabalhando no mer-
cado da moda, que a levaram ao caminho do seu
coração, as artes. Hoje, faz parte de um interes-
sante movimento chamado arte viva, que se utili-
za da efemeridade da natureza para traduzir seus
anseios e sonhos. Frases e palavras são bordadas
em flores e folhas, que sofrem a ação do tempo.
Como forma de eternizar a vida que se esmaece,
 cria séries fotográficas e esculturas de resina, que
congelam o tempo.
Já a Reserva nasceu em 2004, e ter uma visão
centrada no consumidor era algo novo naquele mo-
mento. Ou seja: a Reserva nasceu ao olhar o outro,
com empatia para compreender o que o cliente que-
ria de uma marca de moda masculina. Hoje, com
82 lojas em 21 Estados, sendo 32 franquias e 850
multimarcas, a Reserva segue o caminho certeiro
de enxergar o homem brasileiro em sua essência.
Já a EVA, braço feminino do grupo, possui oito
lojas próprias, em três Estados
do País, e está presente em 138
A artista na produção multimarcas.
dos bordados para a Essa busca talvez tenha en-
ação beneficente.
contrado seu caminho pela hu-
Ao lado, campanha
da EVA, braço mildade de seu fundador, que

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

feminino da Reserva nunca se viu como alguém de
moda. Justamente por conside-
rar-se um outsider , teve uma
clareza maior sobre o mercado
e uma vontade imensa de enten-
dê-lo e estudá-lo, o que impul-
sionou sua carreira meteórica.
Em nossa conversa, em uma
tarde ensolarada dessa longa
quarentena, assume pela pri-
meira vez ser da moda, ser
um apaixonado por ela e bus-
car sempre por esse modo de
viver, de se comportar e de se
vestir com propósito, e com to-
dos os porquês que levam al-
guém a escolher uma marca
para traduzir seu modo de vida.
O consumidor consciente é o
sujeito com quem iremos nos
deparar quando tudo passar .
As marcas estão preparadas
para ele? A Reserva está.

abril 2020 ¦ ¦ 11
 REFLEXÕES
POR
MARIO SERGIO
CORTELLA

PASSEI A VIDA
À TOA?
anuel Bandeira, nascido em tual traz dramática indagação: a vida

M 19 de abril de 1886, te-

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

ceu obras memoráveis,
ficando (ainda bem!)
sempre na moda. Dos seus mui-
tos e intensos poemas, há um,
passa, sem dúvida, mas, e se ela
passar à toa?
Agora, em tempos de agonias,
as batalhas pela preservação das
nossas vidas vêm acompanhadas
simples na aparência, peque- de uma mescla de aflições que
no só no tamanho, Andorinha, nos rondam e desembocam
quando se inquietou: Andori- em uma mais direta e custo-
nha lá fora está dizendo: / ‒ Pas- mizada : essa vida que quero

Foto: Divulgação/Ilustração: Leonardo Albertino

sei o dia à toa, à toa / Andorinha,
andorinha, minha cantiga é mais
triste! / Passei a vida à toa, à toa... .
Mesmo que de modo incipiente,
ainda tímido, nesta turbulência em
que as nossas vidas ficam em estágio de
suspensão (movidas pelo espanto vindo da
consciência da nossa fragilidade, atingidas
pela perplexidade ao defrontarmos a nossa
impotência e sobressaltadas com a extensão
do nosso desconhecimento), o silêncio even-
tanto preservar, como tem sido?
Como precisa ser? Como farei
para que não seja à toa?
Em vários momentos, temos a
sensação de encostarmos em precipí-
cio, meio espelhado, vislumbrando inte-
rior e exterior, lembrando trecho de Nietzs-
che no livro Além do Bem e do Mal, publicado
em 1886, exatamente no ano em que nasceu
Manuel Bandeira: Quando se olha muito tempo
para um abismo, o abismo olha para você .

Mario Sergio Cortella, filósofo e escritor, é autor de mais de 45 livros com edições no Brasil e exterior, entre eles Por Que Faze-
mos O Que Fazemos? (Planeta), Qual é a tua Obra? (Vozes) e Viver, a que se destina, com Leandro Karnal (Papirus)

12 ¦ ¦abril 2020
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

abril 2020 ¦ ¦ 13
 PERFIL
Oriente-se
Conhecida pela linguagem autoral e pela
excelente modelagem, que agrada a muitos biotipos
de mulher, Cris Barros viaja ao Oriente a fim
de buscar seu inverno, com toque vintage
por Alice Ferraz
nxergar o movimento e
E
a transformação de uma
marca de moda passa por
acompanhar as mudanças
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
na trajetória da própria estilista. Na
minha constante busca por sentido,
por que uma marca tem sucesso en-
quanto tantas outras se perdem no
caminho? Sorte? Na minha visão, re-
gida por oito planetas em virgem, a
sorte não entra na conta. Criativida-
de, capacidade de encontrar os me-
lhores gestores para ter como pares,
olhar, entender e traduzir desejos
femininos, equilíbrio para viver uma
vida interessante (o que certamente
traz insights para peças-desejo), sem
perder o foco no negócio.
Na minha conversa via Facetime
com a estilista Cris Barros, percebo
logo que ela preenche todos os cam-
pos da minha tese. Conheci a Cris
no começo de sua carreira. Ela, à
frente de sua então Wardrobe, e eu,
assessora de imprensa, duas mulhe-
res da mesma geração com muita
energia para realizar nossos sonhos.
14 ¦ ¦abril 2020
Cris sempre foi linda, de uma beleza À direita,
Cris Barros.
perfeita, doce, quase frágil. A voz e
Abaixo, a
a maneira de se expressar também estilista com
eram femininas e delicadas. a filha Gaia.
Enxergar que dentro dela exigia
tamanha força e que ela seguiria sua
No alto, à
direita, dois
dos looks
vida fazendo escolhas, às vezes difí- da coleção
Inverno 2020
ceis, mas precisas e com tamanha per- da grife
sonalidade, foi algo que não consegui
ver à época. Que bom que a vida nos
recolocou em contato e, nessa tarde
chuvosa de quarentena, pude me co-
nectar com o que chamo de força
selvagem da mulher, um arquétipo
que segue instintos com bravura e que
continua conectado com a nossa alma
feminina. Acredito que a mulher tem
muitos dons e pode fazer várias coisas
ao mesmo tempo. Somos independen-
tes, fortes e conseguimos ser multiface-
tadas. A moda que faço, com certeza,
reflete muito quem sou , conta ela.
O mais importante para Cris é tratar
seu trabalho com todo o amor e emo-
ção. Quando cria, gosta de imaginar
essa mulher sendo transportada para
um universo específico. Essa emoção

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
Fotos: Divulgação
que sente fica clara em nossa conver-
sa. No caso da coleção Inverno 2020,
Cris desenhou uma viagem ao oriente
ancestral, com seus contos e lendas,
explorando a beleza das coisas não
convencionais. Em uma jaqueta jeans,
uniu tecidos indianos vintage com pes-
pontos bordados à mão, usando a téc-
nica ancestral Kantha. Garimpamos
o tecido na Índia com pequenos ven-
dedores e montamos os patchworks ,
explica. O resultado combina a delica-
deza do artesanato com um upcycle
único, tendência que anda ocupando
cada vez mais espaço dentro de mar-
cas que buscam sentido.
Sua modelagem é outro ponto alto.
Me questiono constantemente sobre
novas formas e conceitos , conta a
estilista. Talvez esse seja o mistério
por traz de tanto sucesso em suas co-
leções. Sou prova de que as modela-
gens de suas roupas vestem todos os
tipos de mulher. Sua roupa coloca o
que tenho de melhor em evidência e
disfarça pontos não tão interessan-
tes. Assim como deve ser a moda, ves-
tida de Cris Barros me olho em minha
melhor versão.
abril 2020 ¦ ¦ 15
 UPCYCLING

A expert em sustentabilidade
Giovanna Nader com look upcycling

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

A lei do
retorno
Em um momento em
que repensamos nosso
papel como sociedade,
movimentos como o
upcycling, que estimula
a reutilização de roupas
de forma inovadora,
ganham novo sentido
no mundo da moda
por Marilia Neustein

16 ¦ ¦abril 2020
 sustentabilidade e a
A consciência sobre o
consumo estão há al-
gum tempo rondando
nossos ouvidos e também nossos
guarda-roupas. O que ninguém
esperava é que surgiria uma pan-
demia forçando nosso isolamen-
to e a reflexão sobre o compor-
tamento da sociedade de forma
nova e emergencial. Nesse con-
texto, o upcycling ganha ainda
mais força não apenas na moda,
mas também como lifestyle. O
mundo vai mudar, o consumo
também e a moda faz parte disso.
Para quem não está familiari-
zado com o termo, o movimento
de upcycling surgiu inicialmente
nos anos 1990, na esteira das pri-
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
meiras discussões sobre o slow-
-fashion. A partir dos anos 2000,
com pautas ambientais e o tema
da sustentabilidade ganhando
cada vez maior repercussão,
tornou-se familiar ao universo
mainstream. Upcycling é uma
maneira de processar um item
para torná-lo melhor ou diferen-
te do que o original. É reutilizar
algo antigo de forma inovadora.
A indústria da moda é notória
por seu enorme problema de re-
síduos; o grande negócio é fre-
quentemente chamado por ser
um dos maiores poluidores do
mundo , explica o estilista Mar-
celo Sommer, adepto da prática.
Para a expert em sustentabi-
lidade Giovanna Nader, ainda
existe preconceito com o termo
por parte de alguns consumi-
dores, mas o movimento está
Dois modelos upcycling da
Up Majuisi, criados pelo estilista
Marcelo Sommer em parceria
com a Casa Juisi
crescendo. É uma prática que,
quanto mais você desenvolve,
mais cresce no seu dia a dia.
Eu venho fazendo isso no meu
guarda-roupa e isso gera um de-
sejo cada vez maior de consumir
marcas que fazem esse trabalho.
Porque o designer de upcycling
tem, além da criatividade, o
olhar de transformação.
Mesmo para quem não tem o
hábito de reutilizar peças ou re-
ciclar aquele velho jeans, trans-
formando em um belo short, a
prática não exige grandes ha-
bilidades manuais. Não tenha
medo de errar. O upcycling é im-
perfeito e é isso que faz ele ser
tão especial, porque transforma
peças em histórias. Meu maior
aprendizado nessa trajetória foi
entender que a moda é mais so-
bre pessoas do que sobre roupas.
É uma jornada de autoconheci-
mento, isso também é estilo ,
completa Giovanna.
Moda pós-pandemia
Giovanna acredita que, no mun-
do pós-pandemia, as pessoas
vão repensar a maneira como
usam seu dinheiro. Seremos
obrigados a olhar o nosso ar-
mário e investir em outras ma-
neiras de consumir moda. Esta-
mos todos trancados em casa,
aprendendo que precisamos de
menos para viver e, principal-
mente, com menos ruídos so-
ciais. Tudo vai refletir também
em nosso guarda-roupa.
Sommer comunga a mesma
opinião e acrescenta: Daremos
mais importância ao mercado
local, aos pequenos produto- Fotos: Henrique Gender e Guilherme Nabhan
res, pois o que nos importa de
verdade é de onde esse produto
vem. O futuro chega com mais
consciência, senso comunitário
e colaborativo. Depois dessa
situação, o jeito é reaprender
tudo. A se comportar e rever
certas atitudes no seu dia a dia,
como o consumo de coisas de
que não precisamos .
abril 2020 ¦ ¦ 17
 BELEZA

Sem perder arcas, manchas, es-

a ternura
Em uma audaciosa parceria entre ciência
e estética, a francesa Caudalie desenvolve
fórmulas que retardam o envelhecimento,
sem perder a naturalidade
por Marilia Neustein
M tética, saúde e his-
tória. Como juntar
tudo isso em uma
única narrativa, sem perder a
identidade? Esse é um dos de-
safios que a marca de cosméti-
cos francesa Caudalie coloca em
seu dia a dia, desde a década de
1990. A fundadora da empresa,
Mathilde Thomas, começou a es-
crever essa história na vinícola de
sua família, em Bordeaux, onde,
desde 1993, ela investe em pes-
quisas de vinoterapia. Foram pio-
neiros no mercado de skincare a
patentear um poderoso oxidante

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO das uvas, os polifenóis, e hoje são

grandes difusores da parceria en-
tre ciência, elementos naturais e
beleza ao redor do mundo.
Há sete anos, essa sinergia
se fortaleceu com a chegada do
dr. David Sinclair, biólogo da
Harvard Medical School e au-
tor do best-seller Lifespan: Why
We Age and Why We Don t
Have To, cuja pesquisa é basea-
da nas propriedades do resve-
ratrol ‒ substância que retarda
o envelhecimento. Sua espo-
sa, também cientista, já usava
os produtos Caudalie quando
Mathilde Sinclair recebeu o convite de
Thomas, Mathilde para trabalhar com a
criadora da
Caudalie, na marca. Como minha mulher
vinícola de confiava na ciência deles, eu
sua família, não hesitei em aceitar , afirma,
em Bordeaux
em entrevista exclusiva para a
Moda. Ao longo desses anos,

18 ¦ ¦abril 2020
 de olho nas uvas e em elemen-
tos naturais ‒ como o próprio
resveratrol ‒, Sinclair vem de-
senvolvendo e patenteando fór-
mulas que prometem suavizar
o processo de envelhecimento,
sem tirar a naturalidade.
Afinal, longevidade não se tra-
ta apenas de viver mais, mas de
viver mais e com qualidade, o
que é consenso entre os pesqui-
sadores. Por isso, quando se fala
em fórmulas de rejuvenescimen-
to, há um grande cuidado. Inda-
gado sobre o que significa en-
velhecer bem, Sinclair entende
o fenômeno de modo holístico,
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
não isolado, como somente mar-
cas do tempo na pele. Trata-se
de manter todas as partes do nos-
so ser jovens e saudáveis. Não
apenas o corpo, mas também o
cérebro , afirma. Nossa pesqui-
sa visa retardar os processos que
causam a maioria das doenças
na sociedade. Se eles estiverem
mais lentos, as pessoas não
ficarão tão doentes. E isso
leva a uma vida mais lon-
ga também , afirma.
Pensando na combi-
nação de naturalidade
e beleza, o grupo Cau-
dalie acaba de lançar
o Vinoperfect Creme
Hidratante Antiman-
chas, creme-gel oil-free
de uso diário. Seus ele-
mentos são enrique-
cidos com a viniferi-
na, extraída da seiva da vinha, de pandemia, cujos olhares se
a niacinamida, uma forma de voltam para questões de saúde,
vitamina B3, e extrato da flor de qualidade de vida e de lon-
da peônia branca. O resultado gevidade, Sinclair acredita que o
do produto, demonstrado em mundo estará mais ciente desse
laboratório, é que ele ilumina processo. A ciência que protege
e uniformiza o tom de pele, sem a pele também protege o corpo
acabamento oleoso. Por ser ve-
gano, o creme atende também
inteiro. A covid-19 é mais grave
em idosos. Precisamos entender
à demanda das gestantes. como manter o corpo mais jovem
Esse estilo de vida que incor- pelo maior tempo possível, e até
pora a natureza em todos os seus reverter os aspectos do envelhe-
passos está refletido no modus cimento, tanto quanto a ciência
operandi da marca e da própria permitir , afirma.
Mathilde. A fórmula para man-
ter a beleza natural da mulher,
que foi tema do seu livro Segre-
do de Beleza das Francesas, está
Dr. Sinclair.
na ponta da língua da empre- À esquerda,
sária: Mantenha um cuida- lançamento
da marca
do simples e natural. Sempre
francesa
limpe a pele cuidadosamen-
te de manhã e à noite. Use
um hidratante antioxi-
dante e proteja sua
pele do sol. Mante-
nha-se apaixonada
e beba vinho tinto ,
enfatiza.
Em um cenário
abril 2020 ¦ ¦ 19
 MODA

Companhias
preciosas
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

Em períodos de isolamento
social, estar em casa e valorizar
o tempo nunca foi tão valioso.
Elegemos a presença que trará
brilho e cor para este momento

Fotos: Gustavo Zylbersztajn

Styling: Antonio Müller
Direção Criativa: Fhits

20 ¦ ¦abril 2020
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
Brinco Folha,
Emar Batalha
R$ 44.000

abril 2020 ¦ ¦ 21
 MODA

Brinco Leque de ouro

amarelo 18k com pedras
topázio, swiss e mandarim,
Ana Karina Simon
R$ 12.600.
Anel Leque de ouro
amarelo 18k com pedras
topázio, swiss e mandarim,
Ana Karina Simon
R$ 14.000.
Anel Leque de ouro
amarelo 18k com topázio,
swiss e mandarim,
Ana Karina Simon R$ 9.200.
Aliança de ouro amarelo
18k com topázio, swiss
e mandarim,
Ana Karina Simon
R$ 13.850.
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
Anel de ouro amarelo
18k com topázio azul,
ametista lavanda, quartzo
rosa, citrino champanhe
peridoto, Dudarillo
R$ 9.180.

22 ¦ ¦abril 2020
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

Brincos Rock, de prata com

banho de ouro amarelo,
Jack Vartanian R$ 2.400.
Colar Rock, de prata com
banho ouro amarelo, Jack
Vartanian R$ 4.700.
Anel Bola 20mm, de ouro
amarelo 18k Ana Rocha &
Appolinario R$ 5.900
Anel Bola 18mm, de ouro
amarelo 18k Ana Rocha &
Appolinario R$ 4.900
Anel Bolas, de ouro
amarelo 18k Ana Rocha &
Appolinario R$ 9.900

abril 2020 ¦ ¦ 23
 MODA

Colar Rainha com

brilhantes (preço sob
consulta). Braceletes
filetes de brilhantes
e baguetes, R$ 18.700.
Piercing com brilhantes
brancos, R$ 4.400. Tudo
Marisa Clermann.

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

24 ¦ ¦abril 2020
CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO
Beleza: Cris Biato
Modelo: Patricia Beck
Tratamento de imagem: Edson Guberovich
Brinco de pérola, Paola Vilas (preço sob consulta).
Anel de ouro branco com pérola south sea branca e
diamantes marquise, Dudarillo (preço sob consulta).
Anel de ouro amarelo, aro triplo liso com pérolas
botão brancas e brilhantes, Dudarillo R$ 4.375.
Anel de ouro branco, aro duplo de bolinhas com
pérola botão e brilhante, Dudarillo R$ 3.240.
Anel de ouro branco com pérolas, Dudarillo R$ 2.655.
abril 2020 ¦ ¦ 25
 CULTURA

Pandemia
cultural
ra meados de março. Como museus, galerias e instituições

E Os preparativos para a
exposição de uma série
de desenhos e anota-
ções de Tarsila do Amaral, com
curadoria da Aracy Amaral, no
do setor estão agindo e reagindo ao
momento de profunda mudança da
cena artística ao redor do mundo
por Ana Carolina Ralston
Fama Museu, em Itu, estavam
a todo o vapor. Há mais de 50
anos, tais imagens não eram
mostradas ao público. te ano, a Paris Musées,

CANAL UNICO PDF - O JORNALEIRO

Apesar de na Europa o número
de infectados pelo novo corona-
vírus já ser crescente, a sensação
de muitos era de que talvez o Bra-
sil passaria incólume a tal acon-
tecimento. Ingenuidade (ou igno-
rância, talvez?), mas fato foi que
a mostra Tarsila: Estudos e Ano-
tações teve sua abertura adiada
indeterminadamente um dia an-
tes da data marcada. Essa foi uma
das primeiras mostras no Brasil
a ser temporariamente cancela-
das, seguida de uma enxurrada
de outros eventos culturais que
deixaram de ocorrer, entre eles a
SP-Arte, a mais importante feira
de arte da América Latina.
Muitas dessas medidas toma-
das em centros culturais ao redor
do globo colaboraram para que a
doença não se alastrasse entre a
população. No fim de janeiro des-
instituição pública da
capital francesa respon-
sável por gerir 14 museus
da cidade, liberou ao pú-
blico o acesso a milhares
de obras que ficam em seu
acervo. Começava, assim,
um movimento, sem data para
terminar, que pode mudar o cená-
rio das artes para sempre.
A partir da força que só as
grandes calamidades mundiais
têm, artistas, curadores, mu-
seus, instituições e galerias co-
meçaram um processo de reno-
vação em diferentes direções.
A tecnologia, ainda vista com
certo receio por muitos deles,
era agora a principal aliada para
que um conteúdo de qualidade
chegasse aos olhos e ouvidos de
milhões de pessoas.
Com obras digitalizadas a to-
que de caixa, acervos de ende-
reços como os norte-americanos
Metropolitan e Museu de Arte
Moderna, o MoMA, além dos bra-
sileiros Masp e Pinacoteca, passa-
ram a ser acessíveis pela internet.
A plataforma Google Arts & Cul-
ture tem colaborado bastante com
essa iniciativa: atualmente man-
tém parcerias com mais de 2 mil
museus no mundo, permitindo a
entrada em coleções e exposições
de forma digital, como a mostra
Coco Chanel: Modernismo , so-
bre a influência da estilista para a
moda do século 20, em exibição

26 ¦ ¦abril 2020

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online no Metropolitan de Nova
York. Há também ótimas análises
de obras como Noite Estrelada, de
Van Gogh, com mais de dez ima-
gens detalhadas da pintura, dispo-
nibilizadas pelo MoMA, parceiro
oficial da plataforma.
É certo, no entanto, que, por
mais dinâmicas que sejam tais
iniciativas, a experiência tridi-
mensional da visita ao museu, que
inclui vislumbrar o traço de Pablo
Picasso na gigante Guernica ‒ ou
até a sensação curiosa de ver a fa-
mosa Mona Lisa, de Leonardo da
Vinci, em seu tímido tamanho em
relação a nossa expectativa ‒, vai
muito além do que é possível vi-
venciar por meio da tela dos nos-
sos computadores ou celulares.
A rede social Instagram e seu
IGTV tornaram-se fortes aliados
na luta em favor da arte. Obras
comentadas por curadores, vi-
sitas guiadas conduzidas pelos
próprios artistas e séries sobre o
processo criativo de autores im-
portantes preenchem o feed de
notícias do internauta ‒ material
até então pouco colocado à dis-
posição do público. Outras insti-
tuições, como o British Museum,
em Londres, e o Museu Oscar
Niemeyer, em Curitiba, consegui-
ram disponibilizar visitas 3D pela
instituição e por mostras exibidas
anteriormente nesses espaços.
Plataforma humanista
Entre as galerias, as atividades
seguem linhas similares, sempre
usando a tecnologia como elo
e forma de motivar o consumo
da informação. Com as vendas
praticamente paralisadas, tais es-
paços têm unido forças em prol
de causas mais humanistas e em
sintonia com o mundo. No Brasil,
artistas, profissionais da arte e ga-
lerias encamparam a campanha
Horizontes para promover ações
de alívio à crise gerada pela pan-
demia em comunidades vulnerá-
veis. Dessa forma, uma afinada
seleção de obras está sendo ven-
dida em uma plataforma digital
com valor revertido a instituições
que estão agindo ativamente em
combate ao vírus.
Todo esse novo universo tem
feito o público mergulhar em um
sentimento já conhecido da vida
contemporânea, porém, embala-
do em um novo nome: Infoxica-
tion . O termo faz referência a uma
sobrecarga de informação online
que, ao mesmo tempo que dá aos
seus usuários um consistente flu-
xo de imagens e dados, também
Foto: Divulgação/Ilustração: Leonardo Albertino
acaba gerando ansiedade. Se o
número de programas culturais já
lhe causava um calor no coração
‒ ou até certa inquietação ‒, mes-
mo com o distanciamento social
isso não mudou. Resta a esperan-
ça de que esses primeiros passos
na vida virtual cultural se tornem
tão emocionantes e multissenso-
riais quanto o que se acostumou
a sentir no mundo real.
abril 2020 ¦ ¦ 27
 ANÁLISE
POR
NILTON
BONDER

O ESPETÁCULO DA
NORMALIDADE
té um par de meses atrás a normalidade mal: a primeira, Anne Frank, diz que nossas

A era apenas normal.

Hoje, porém, podemos apreciar o
quão extraordinário era o corriqueiro.
Essa banalização do normal não decorre de ig-
norância ou burrice, mas da internalização de que
o normal é a norma.
vidas são talhadas por nossas escolhas num
processo em que primeiro fazemos as esco-
lhas e depois essas escolhas, elas mesmas, nos
transformam ; significando que escolhas , por
um lado, são a própria definição de estar fora
da normalidade e, por outro, que delas nunca

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O normal é a sobremesa da vida e devemos
servir-nos dele com a parcimônia própria do final
da refeição, quando já não há mais fome.
A certeza de que tudo acontecerá de forma ha-
bitual é um afastamento da vida.
A vida é por essência transformação e
tensão e aqueles que alcançam a paz
não o fazem por normalização, mas
por evolução sincrônica com mudan-
ças e renovações da realidade.
E talvez essa seja a parte mais
saímos ilesos, mas transfigurados.
O segundo, Viktor Frankl*, postula que nos
momentos em que não somos mais capazes de
mudar a situação, somos então desafiados a mu-
dar a nós mesmos . Ou seja, para re-
tornar ao normal, impõe-se rever
ideias, sentimentos e ações.
E assim, talhados por nos-
sas escolhas e transforma-
dos por aquilo que não
controlamos, faz-se extinto

Foto: Divulgação/Ilustração: Leonardo Albertino

difícil desse nosso confinamento: a o antigo normal.
certeza de que nossa geração não A boa notícia, no entanto,
reencontrará mais o normal do lado é que, mesmo em sua condi-
de fora de nossas casas. ção transitória, reencontrare-
O normal foi alterado. mos um novo normal!
Dois pensadores do confinamen- Ele chegará tão logo seja pos-
to explicam essa mutação do nor- sível abrir mão do antigo.

Nilton Bonder é rabino, autor de 23 livros traduzidos em 18 idiomas, dois deles adaptados ao teatro e cinema. Fundador
do Centro Cultural Midrash no RJ, dramaturgo de Cura, próximo trabalho da Cia. de Dança Deborah Colker, e da peça Eros,
com direção de Marcio Abreu. *Neuropsiquiatra austríaco, que descreve sua experiência em campos de concentração nazistas

28 ¦ ¦abril 2020
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abril 2020 ¦ ¦ 29
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