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ECONOMIA POLÍTICA

Gabriel Nascimento de Carvalho


Simone Helen Drumond Ischkanian

Leia o texto “Ação Civil quer limitar Boeing a contratar apenas 21 engenheiros por na da Embraer”
disponível em: https://www.infomoney.com.br/carreira/acao-civil-publica-quer-limitar-boeing-a-contratar-apenas-21-engenheiros-por-ano-da-
embraer/?utm_term=Autofeed&utm_campaign=echobox&utm_medium=social&utm_source=Facebook&Echobox=1679506059

A Boeing e a Embraer anunciaram um acordo para formar uma joint venture, na qual a Boeing
deteria 80% de participação e a Embraer 20%. A joint venture se concentraria na produção de aeronaves
comerciais de pequeno porte.
Em meio à contratação pela Boeing (BOEI34) de quase uma centena de engenheiros extremamente
qualificados da Embraer (EMBR3) em São José dos Campos (SP), berço da empresa brasileira (e do setor
aeroespacial e de defesa do país), uma Ação Civil Pública (ACP) tenta impor uma série de restrições à gigante
americana, por ameaça à soberania nacional.
O InfoMoney mostrou recentemente que, anos após a Boeing desistir de comprar 80% da divisão
comercial da Embraer por US$ 4,2 bilhões, a empresa americana tem avançado sobre os talentos da brasileira — e
também de outras empresas do setor aeroespacial –, contratando ―a elite da engenharia aeroespacial do Brasil‖, nas
palavras de Roberto Gallo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança
(Abimde).
O foco das contratações tem sido por engenheiros de nível sênior, principalmente das áreas de estratégia e
aviônica, de profissionais com anos de experiência e que chefiam importantes áreas de desenvolvimento de
aeronaves, com informações privilegiadas de projetos com segredos industriais, como os caças Gripen.
O objetivo era combinar a experiência e o conhecimento das duas empresas para competir melhor
com a Airbus, que domina o mercado de aeronaves de pequeno porte. No entanto, o acordo enfrentou vários
obstáculos e foi adiado várias vezes. Em 2020, a Boeing decidiu encerrar o acordo, citando as dificuldades
causadas pela pandemia do COVID-19 e as mudanças no mercado de aviação. Atualmente, a Boeing e a
Embraer continuam operando separadamente. A Embraer mantém sua divisão de aviação comercial e está
trabalhando em novos projetos, incluindo aeronaves elétricas e de transporte aéreo urbano. A Boeing, por sua
vez, está se concentrando em sua linha de produtos existente, incluindo aeronaves comerciais, militares e
espaciais.

•Qual problema tem sido enfrentado pela Embraer que levou a uma Ação Civil Pública (ACP) movida pela
Abimde e pela AIAB contra a Boeing?
A Embraer tem enfrentado alguns desafios nos últimos anos. Em 2019, a empresa enfrentou uma
grande crise quando a Boeing decidiu romper um acordo para formar uma joint venture de aviação comercial
com a Embraer.
O acordo tinha como objetivo permitir que a Embraer expandisse sua presença global e competisse
melhor com a Airbus e a Boeing no mercado de aeronaves de pequeno porte. A decisão da Boeing de cancelar
o acordo deixou a Embraer sem um importante parceiro e desencadeou um período de incerteza para a
empresa. Além disso, a pandemia do COVID-19 teve um impacto significativo no mercado de aviação global,
incluindo a Embraer. A demanda por aeronaves diminuiu, levando a uma redução nas encomendas e no
faturamento da empresa.
A Embraer teve que reduzir sua força de trabalho e cortar custos para sobreviver à crise. A ABIMDE
e a AIAB entraram com uma ação civil pública em agosto de 2020 contra a Boeing. A ação alegava que a
Boeing não estava cumprindo com os termos do acordo firmado com a Embraer em 2018, no qual a Boeing
adquiriria 80% da divisão de aviação comercial da Embraer. Segundo as entidades, a Boeing estaria adiando
intencionalmente a conclusão do acordo, o que prejudicaria a Embraer e as empresas brasileiras de defesa que
têm contratos com a Embraer.
As entidades afirmaram que a demora da Boeing em concluir o acordo estava causando incertezas e
impactos negativos na indústria aeroespacial brasileira, afetando empregos e a capacidade do país de
desenvolver tecnologia de ponta. A ação civil pública pedia que a Justiça obrigasse a Boeing a concluir o
acordo nos termos acordados com a Embraer.
Em novembro de 2020, a Justiça Federal em São Paulo negou o pedido das entidades e decidiu que a
Boeing não era obrigada a concluir o acordo com a Embraer. A Justiça afirmou que a Boeing tinha o direito de
cancelar o acordo caso não concordasse com as condições estabelecidas e que não havia provas de que a
Boeing estivesse agindo de má-fé. No entanto, as entidades continuaram a defender seus argumentos e
pediram que a decisão fosse revertida em instâncias superiores. Até o momento, não há informações
disponíveis sobre novos desdobramentos na ação civil pública movida pela ABIMDE e pela AIAB contra a
Boeing.
A ACP também pede que a gigante americana seja multada em R$ 5 milhões por profissional de
engenharia contratado acima do limite (e que o valor seja revertido à empresa afetada), além de obrigá-la a pagar à
Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (Funcate) o mesmo valor que a Embraer e o Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA) já gastaram nos 21 anos do Programa de Especialização em Engenharia (PEE).
O PEE oferece um curso de mestrado profissional – a principal porta de entrada para engenheiros recém-
formados na Embraer –, e a empresa brasileira investe cerca de R$ 5 milhões por ano no programa, que em 21 anos
de existência já formou 1,6 mil engenheiros (uma média de 76 profissionais por ano). As associações querem que a
verba destinada à Funcate seja aplicada em projetos para formar profissionais de engenharia aeronáutica no país,
devido à escassez de mão de obra do setor.
―A presença maciça da Boeing atua como um fator de desequilíbrio entre oferta e demanda dos
profissionais. Se a Boeing viesse com 10 bilhões pra formar profissionais, não haveria problema‖, afirma Leonardo
Bissoli, um dos advogados que assinam a ação. ―Ninguém quer impedir a Boeing de atuar aqui no Brasil. Quer que
haja um equilíbrio para todos os ‗players‘ do setor de defesa. É isso o que a ação busca‖.
Na ação, a Abimde e a AIAB afirmam ainda que as contratações da Boeing são ―inconstitucionais e
ilegais‖, ―porque impõem um processo degenerativo à Base Industrial de Defesa (BID) nacional, possibilitam a
transferência de tecnologias militares nacionais e segredos do Estado brasileiro a controle estrangeiro e,
consequentemente, colocam em xeque a autonomia tecnológica de defesa, indispensável à garantia da soberania
nacional‖
•De acordo com os conceitos aprendidos na Aula 6, qual o tipo de estrutura de mercado se encontram a
Boeing e a Embraer? E com relação ao tipo de mão de obra que ela contrata?

A Embraer, por ser uma empresa de grande porte precisa buscar instrumentos gerenciais que
sejam eficientes para atender as demandas de mercado interno e externo. Assim assegura sua vantagem
competitiva no mercado juntamente com as pequenas empresas com qual tem parceria, aumentando a
integração e sintonia entre elas.
O documento aponta também uma escassez de engenheiros espaciais no mercado, apesar de a Embraer
ser líder mundial na aviação comercial de aviões para até 150 passageiros e São José dos Campos ser ―um dos
principais polos de formação de engenharia aeronáutica no mundo‖, que foi ―construído ao longo de mais de 70
anos de investimentos do Estado brasileiro em pesquisa, tecnologia e educação, com o objetivo de garantir a
autonomia tecnológica necessária à defesa da soberania nacional‖.
Segundo a ação, diante da ―escassez crônica de engenheiros altamente qualificados‖ e devido à grande
dificuldade de formação desses profissionais, a Boeing está ―operando uma sistemática captura profissional de
empregados estratégicos‖, adotando ―estratégias agressivas‖. ―As proporções do assédio assumem contornos
econômicos desastrosos‖ por causa do seu ―notório poderio econômico-financeiro‖.
Para tentar ―estancar a sangria‖ e reter seus talentos, o InfoMoney mostrou que a Embraer tem dado
aumentos de salários e pagado benefícios aos funcionários, como cursos de formação e qualificação (que
profissionais pagavam do próprio bolso).
A Embraer tem uma capacidade de desenvolvimento que é invejada por outros players mundiais.
Desta maneira, a Boeing busca absorver esta capacidade para auxiliar no desenvolvimento de suas próprias
aeronaves.
As várias formas ou estruturas de mercado dependem fundamentalmente de três características:
a) Número de empresas que compõem esse mercado;
b) Tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados);
c) Se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.
Microeconomia – Estruturas de Mercado - A Boeing e a Embraer estão inseridas em um mercado de
oligopólio, onde há um pequeno número de empresas dominantes que controlam a maior parte do mercado.
Ambas as empresas atuam na indústria aeroespacial, que é altamente tecnológica e requer grandes
investimentos em pesquisa, desenvolvimento e produção de aeronaves. Nesse sentido, as barreiras de entrada
são altas, o que dificulta a entrada de novos concorrentes no mercado.
No que diz respeito ao tipo de mão de obra que ambas as empresas contratam, é importante destacar
que a indústria aeroespacial requer profissionais altamente qualificados, como engenheiros, técnicos
especializados, pesquisadores e profissionais de gestão.
A produção de aeronaves requer habilidades técnicas avançadas e conhecimento em áreas como
mecânica, eletrônica, materiais e software. Portanto, as empresas tendem a contratar profissionais com alto
grau de especialização, além de oferecer programas de capacitação e treinamento para manter a qualificação
de seus funcionários.
A Boeing e a Embraer têm uma relação de parceria, que foi estabelecida em 2018, quando a Boeing
adquiriu 80% da divisão de aviação comercial da Embraer. A parceria visa combinar as capacidades e
recursos das duas empresas para criar valor para os clientes e impulsionar o crescimento dos negócios.
Com relação ao tipo de mão de obra que as empresas contratam, é importante destacar que ambas
atuam na indústria aeroespacial, que é altamente tecnológica e requer profissionais altamente qualificados.
Segundo Castelar, ―o Brasil corre um sério risco de retrocesso e desestruturação de seu setor aeroespacial
e de defesa, ameaçando não só a sobrevivência das empresas do setor, mas também colocando em risco todo o
investimento que o país fez no seu desenvolvimento ao longo de décadas‖. ―Esse movimento vai de encontro ao
interesse coletivo e deveria ser fonte de preocupação para o Estado brasileiro e a sociedade em geral, pelas sérias
repercussões que poderia ter para o país‖.
―É certo que esse processo agressivo de contratações, promovido em um curto período, em um setor da
economia essencial à soberania nacional, precisa sofrer limitações pelo Poder Judiciário, de forma a evitar a
captura de segredos de Estado pela Boeing, bem como para evitar a obliteração de toda a base industrial que
garante a autonomia tecnológica de defesa, afetando, consequentemente, a soberania nacional‖, afirmam as
associações na ACP.
―O cenário que se coloca é o de um grupo estrangeiro, com enorme capacidade econômica, tomando à
força a capacidade produtiva das empresas que conformam a Base Industrial de Defesa (BID) nacional para a
instalação de um escritório de projetos de engenharia, o qual terá por finalidade única constituir propriedades
intelectuais que serão remetidas aos EUA, onde serão usufruídos os seus frutos‖, diz a ação. ‖O Poder Judiciário
não pode permitir que o Estado brasileiro se ajoelhe perante outra nação sem a imposição de restrições‖.
A produção de aeronaves requer habilidades técnicas avançadas e conhecimento em áreas como
mecânica, eletrônica, materiais e software. Portanto, as empresas tendem a contratar profissionais com alto
grau de especialização, como engenheiros, técnicos especializados, pesquisadores e profissionais de gestão.
Além disso, as empresas oferecem programas de capacitação e treinamento para manter a
qualificação de seus funcionários e desenvolver as habilidades necessárias para lidar com as inovações e
tecnologias emergentes na indústria aeroespacial. Devido à alta qualificação exigida para trabalhar nessas
empresas, a competição por vagas é bastante acirrada, e os salários oferecidos costumam ser atrativos.

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