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As mudanças sociais, políticas, tecnológicas e económicas que vêm ocorrendo em escala global,
reflectem-se na vida quotidiana das pessoas, interferindo na realização do trabalho, nas unidades
de comércio, nas estruturas empresariais e financeiras, e no sector educacional, incorporando o
debate sobre seus efeitos em todas as nações que pretendam participar do fluxo de
desenvolvimento (Castells, 1999).
O presente artigo é resultado de várias leituras que realizámos nalguns trabalhos que se
dedicaram a mobilidade inter-geracional e transporte inter-geracional na América latina,
especificamente em Brasil. Dentre análises passíveis de serem identificadas sobre essa temática,
assumimos como base os apresentados pelos seguintes autores: Saad (s.d) e Pero e Szerman
(2008).
Desta forma, trata-se de uma análise bibliográfica, limitando-nos a explorar os conteúdos dos
estudos acima em função da sua relevância para responder aos objectivos específicos que
definimos anteriormente. Destacaremos os argumentos dos autores, buscando identificar os
explorar os pontos que os distancia e os aproxima relativamente às questões que nos interessam.
Considerando este contexto, este artigo pretende identificar, face à literatura existente, aspectos
do grau de mobilidade e a transferência inter-geracional de apoio e renda em Brasil.
No estudo efectuado por Pero e Szerman (2008), tinha como como objectivo principal estimar o
grau de mobilidade inter-geracional de renda no Brasil utilizando metodologias alternativas, e
compará-lo com estimativas de outros países. Desta forma, o autor apresenta evidências
empíricas de que a persistência inter-geracional da renda familiar per capita é maior do que a de
outros conceitos de renda.
Estes autores, afirmam que alta transmissão de status económico entre gerações vai na direcção
de explicar a estabilidade da desigualdade de renda no Brasil, isto é, mesmo que a transmissão de
status seja “natural” e possivelmente desejada por motivos de eficiência, o baixo grau de
mobilidade inter-geracional no Brasil evidencia um amplo espaço para a intervenção pública, de
modo a reduzir a desigualdade de resultados para a desigualdade de oportunidades.
O autor chama atenção ao fluxo de apoio financeiro verificado no sentido de pais idosos para
filhos adultos, revelando que os filhos, de maneira geral, continuam recebendo ajuda de seus pais
até estágios avançados de suas vidas adultas. De fato, vários estudos acerca dos arranjos
domiciliares dos idosos no Brasil sugerem ser uma parcela significativa da co-residência entre
gerações, particularmente no Nordeste, mais directamente associada às necessidades dos filhos
adultos do que às de seus pais idosos Saad (1996).
Para esse autor, os seus resultados mostram que a transferência de apoio entre gerações é
fortemente mediada por características, recursos, oportunidades e necessidades tanto de uma
quanto de outra geração. Embora as transferências de apoio informal sejam afectadas por
factores demográficos e socioeconómicos, é importante observar que, mesmo depois de
controlados os efeitos dos factores, ainda existente diferenças e permanecem entre as localidades
em termos da intensidade com que ocorrem os tipos de transferências de apoio intergeracionais.
As constatações acima exigem uma atenção específica, visto que, a mobilidade de renda deve ser
analisada tomando em consideração os três conceitos de renda: renda mensal de todos os
trabalhos, renda pessoal e renda familiar per capita. E a transferência de apoio inter-geracional
nos idosos é feita com os níveis económicos elevados e os níveis de instrução também elevado,
de modo a não manipulação dos valores entre os idosos sem instrução.
Conclusões
Em Brasil, para a mobilidade da renda é analisada através das metodologias e seus conceitos.
Assim, as estimativas da persistência inter-geracional de renda para o Brasil variam entre 0.67 e
0.80, dependendo do conceito de renda utilizado, sendo mais altas quando a renda familiar per
capita é considerada.