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COMUNIDADES REMANESCENTES
(EM TORNO DE UM DOCUMENTO DA HISTÓRIA
DOS QUILOMBOLAS DA MARAMBAIA) *
Daniela Yabeta **
Flávio Gomes***
*
Esta pesquisa está sendo financiada por diferentes fontes: CAPES, CNPq e FAPERJ (Funda-
ção de Apoio a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).
**
Doutoranda em História da Universidade Federal Fluminense. danielayabeta@gmail.com
***
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. escravo@prolink.com.br
Sobre a Marambaia
A Ilha da Marambaia está localizada no município de Mangaratiba, sul
do estado do Rio de Janeiro. Em abril de 1847, ela foi vendida por José
Guedes Pinto e seu irmão ao comendador Joaquim José de Souza Bre-
ves.1 Devido às determinações da Lei de Terras de 1850, Breves regis-
traria a ilha como sua propriedade somente em 1856, no livro de terras
da Paróquia de Santana de Itacurussá.2
1
A notícia da compra da propriedade foi posteriormente publicada pelo próprio comendador na
imprensa da Corte. Ver a seção Correspondência do Jornal do Commercio, 6 de março de 1851.
2
Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (doravante APERJ), Livro de Registro de Terras
número 50. Freguesia de Sant´Anna de Itacurussá, 27 de fevereiro de 1856, folha 8v.
3
Maria Sylvia de Carvalho Franco, Homens Livres na Ordem Escravocrata, São Paulo: Káiros,
1983.
4
Thiago Campos Pessoa Lourenço, “O Império dos Souza Breves nos oitocentos: política e
escravidão nas trajetórias dos comendadores José e Joaquim de Souza Breves (Dissertação de
Mestrado, Universidade Federal Fluminense, 2010).
5
Arquivo do Itamaraty (doravante AI), Anais da Câmara. Coleção Ministério da Justiça, Tomo
IV. Rio de Janeiro, 1880./ Lourenço, “O Império dos Souza Breves nos oitocentos”, p. 134.
6
Sobre o tráfico ilegal de africanos na Ilha da Marambaia, ver: Daniela Yabeta, “A capital do
comendador: a Auditoria Geral da Marinha no julgamento sobre a liberdade dos africanos
apreendidos na Ilha da Marambaia (1851)” (Dissertação de Mestrado, UNIRIO, 2009); Lou-
renço, “O Império dos Souza Breves nos oitocentos”.
7
Martha Abreu, “O caso do Bracuí”, in Hebe Mattos e Schnoor Eduardo (orgs.), Resgate: uma
janela para o oitocentos (Rio de Janeiro: Topbooks, 1995).
8
Fânia Fridman, Donos do Rio em nome do rei, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999, p.180.
9
Processo nº 2002.5111000118-2 - Ação Civil Pública – Marinha do Brasil – Comando-Geral
do Corpo de Fuzileiros Navais - Subsídios preliminares à contestação do RTID – Venda da
ilha à Companhia Promotora de Indústria e Melhoramentos - Inventário registrado no cartório
do 2º Ofício de Registro de Imóveis do Município de Rio Claro, p. 1.860.
10
Processo nº 2002.5111000118-2 - Ação Civil Pública – Marinha do Brasil – Comando-Geral
do Corpo de Fuzileiros Navais – Transferência da ilha para o Banco da República do Brasil,
em face da liquidação forçada da Companhia Promotora de Indústria e Melhoramentos –
Escritura lavrada no 3º Ofício de Notas, livro 557, fls. 80V/81V, p. 1.860.
11
Processo nº 2002.5111000118-2 - Ação Civil Pública – Marinha do Brasil – Comando-Geral
do Corpo de Fuzileiros Navais – Aquisição da ilha pela União – Lei 1316 de dezembro de
1904. Escritura lavrada no Cartório do 9º Ofício de Notas, livro 2, fl.97, p. 1.860.
12
Processo nº 2002.5111000118-2 - Ação Civil Pública – Marinha do Brasil – Comando-Geral
do Corpo de Fuzileiros Navais – 1906 – Recebimento da administração da ilha pela Marinha:
Aviso nº 48 do Ministério da Marinha/ 1908 – Instalação da Escola de Aprendizes de Mari-
nheiros na ilha: Aviso Ministerial nº 2671./ 1910 – Transferência da Escola de Aprendizes de
Marinheiros para a cidade de Campos dos Goytacazes. Aviso Ministerial nº2546, p. 1.860.
13
Vladimir, “A antiga escola da Marambaia: história e memória de uma experiência do ensino
industrial da pesca (1939-1970)” (Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católi-
ca, 2010).
14
Decreto nº 6.8224 de 12 de fevereiro de 1971 – Autoriza a reincorporação ao patrimônio da
União dos bens móveis e imóveis da Escola Técnica Darcy Vargas, da Fundação Abrigo Cris-
to Redentor.
15
CADIM – Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia. Forças Terrestres. Rio de Janeiro.
Disponível em: <www.forte.jor.br> Acesso em: 08 maio, 2012.
16
Prefeitura Naval da Ilha da Marambaia (doravante PNIM), Aviso nº 0485 de 17 de maio de
1972.
17
Prefeitura Naval da Ilha da Marambaia (doravante PNIM), Aviso nº 0485 de 17 de maio de
1972.
18
PNIM, Aviso nº 0485 de 17 de maio de 1972.
19
Entrevista realizada em 14 de abril de 2012.
20
Entrevista realizada em 14 de abril de 2012.
21
Processo nº 96.0005706-0 – Ação de Reintegração de Posse ajuizada pela União Federal
contra Paulo Vicente Machado – 16 abr, 1996. Relatório/ Reservado. Foram interrogados
pelo Comando Militar na Ilha da Marambaia os seguintes moradores: Beatriz Maria Innocênio,
Gisélia Campos dos Santos, Paulo Vicente Machado, Reginaldo Alves e Sebastião Santana. O
único que demoliu a construção conforme determinação do Comando da Marinha foi Regi-
naldo Alves. Todos os outros moradores se recusaram a demolir. Os autos foram conclusos
“de acordo com o § 1º do art. 22 do Código de Processo Penal Militar – Decreto nº 1002 de 21
de outubro de 1969 – pp. 24-6.
22
De acordo com o procurador Daniel Sarmento: “A estratégia utilizada foi a da fragmentação
do litígio, apesar de sua irrecusável dimensão coletiva: ao invés de uma ação visando a retira-
da de todos os moradores da comunidade étnica, são ajuizadas demandas individuais contra
alguns deles, já que é mais fácil enfrentar isoladamente cada família hipossuficiente do que
entrar em confronto com toda aquela coletividade”. Ver: Processo nº 2002.5111000118-2 –
Ação Civil Pública – Ministério Público Federal. 14 de fevereiro de 2002, p. 3.
23
Processo nº 96.0007682-0 – Ação de Reintegração de Posse ajuizada pela União Federal
contra Zenilda Soares Felicíssimo – 16 de maio 1996.
24
Processo nº 96.0007682-0, pp. 2-5.
25
Processo nº 96.0007682-0, pp. 2-5
26
Processo nº 96.0007682-0, assentada. 20 mar. 1997, pp. 28-9.
27
Processo nº 96.0007682-0, assentada. 20 mar. 1997, p. 28
28
Processo nº 96.0007682-0, assentada. 20 mar. 1997, p. 29.
29
Processo nº 96.0007682-0, Ofício nº 359/97-G. “Pelo presente, a fim de instituir os autos da
Ação de Reintegração de Posse nº 96.0007682-0, proposta pela União Federal contra Zenilda
Soares Felicíssimo, determino a V. Sa. que, no prazo de 15 dias, informe a este juízo se a área
em que se localiza o imóvel nº 02 da Praia da Armação na Ilha da Marambaia, enquadra-se nas
especificidades do art. 68 do ADCT da Constituição Federal de 1988”. 29 de abril 1997.
30
Processo nº 96.0007682-0, Ofício nº 042/97 – GAB/RJ/ PROJUR/ IPHAN – “Em atendimento
ao ofício indicado na epígrafe, pelo qual Vossa Excelência, visando instruir os autos da Ação de
Reintegração de Posso proposta pela União Federal em face de Zenilda Soares Felicíssimo
33
Relatório de Pesquisa do IPHAN. O chefe de polícia chamava-se Bernardo Azambuja. Ver
processo: Arquivo Nacional do Rio de Janeiro (doravante ANRJ), Auditoria Geral da Mari-
nha. Microfilme 117-2001. Processo de presa feita na Ilha da Marambaia de 199 africanos
que constava terem sido recentemente ali desembarcados. Rio de Janeiro, 1851.
34
Padre Galdino se ofereceu diversas vezes como testemunha na ação de reintegração de posse
ajuizada por pela União Federal contra dona Eugênia Eugênio Barcelos. Processo nº
98.0013915-0. 27ª Vara Federal – Rio de Janeiro. 24 de jun. 1998.
35
Estão anexadas ao dossiê organizado pela Comissão Pastoral da Terra as seguintes notícias:
1) Editorial jornal Paratodos, n. 10, 1998; 2) “Marinha manterá Ilha da Marambaia inacessí-
vel”, artigo de Luiz Carlos Cascan para o jornal O Globo de 19 de abril de 1998; 3) “Luta para
ficar na Marambaia” artigo de Rosayne Macedo para o jornal O Dia de 02 de agosto de 1998.
36
Carta ao presidente da República Fernando Henrique Cardoso enviada pelos moradores da Ilha
da Marambaia. A carta esta anexada ao dossiê organizado pela Comissão Pastoral da Terra.
37
Processo nº 98.0007738-3 – Ação de Reintegração de Posse ajuizada pela União Federal
contra Sebastiana Camilla Henriqueta de Lima – Ministério Público Federal – 17 de dez.
2001, pp. 51-8.
38
Decreto nº 3912 de 10 de setembro de 2001 – Regulamenta as disposições relativas ao pro-
cesso administrativo para identificação dos remanescentes das comunidades dos quilombos e
para o reconhecimento, a delimitação, a demarcação, a titulação e o registro imobiliário das
terras por eles ocupadas.
39
Processo nº 2002.5111000118-2 - Ação Civil Pública –Ministério Público Federal. 14 de fev.
2002, pp. 3-20.
40
Processo nº 2002.5111000118-2 - Ação Civil Pública –Ministério Público Federal. 14 de fev.
2002, pp. 5-6.
41
Koinonia - Presença Ecumênica e Serviço. Programas – Egbé Territórios Negros. Rio de Ja-
neiro, Disponível em: <www.koinonia.org.br/programas-egbe.asp> Acesso em 18 de maio de
2012. Para mais informações sobre o Programa Egbé Territórios Negros na Ilha da Maram-
baia ver: Estela Martini Willeman, “Marambaia: “Ilha subversiva”. Múltiplos aspectos do
processo de formação de identidade no “território negro” remanescente de quilombo” (Dis-
sertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica, 2007).
42
Alfredo Wagner Berno de Almeida, “Terras de preto, terras de santo, terras de índio: posse
comunal e conflito”, Humanidades, v. 15 (1987), pp. 42-9.
43
Processo nº 2002.5111000118-2 - Ação Civil Pública –Ministério Público Federal. 14 de
fevereiro de 2002, p. 9.
44
José Arruti (org.), Relatório técnico-científico sobre a comunidade remanescente de quilom-
bo da Ilha da Marambaia – Município de Mangaratiba (RJ), Rio de Janeiro: Koinonia /
Fundação Cultural Palmares, 2003.
45
Ver: Márcia Motta, Nas fronteiras do poder. Conflito e direito a terra no Brasil do século XIX,
Rio de Janeiro: Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro/Vício de Leitura, 1988; Márcia
Motta (org.), Dicionário da Terra, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005; Márcia Motta,
“Ilha da Marambaia: história e memória de um lugar”, in Elione Guimarães & Márcia Motta
(org.), Campos em disputa. História Agrária e companhia (São Paulo: Annablume, 2007),
v.1. p. 295-317; Márcia Motta, “Brecha negra em livro branco: Art. 68, remanescentes de
quilombos e grilagem no Brasil”, in Sônia Regina de Mendonça (org.), Estado e historiogra-
fia no Brasil (Niterói: EDUFF, 2006), v.1, pp. 231-55.
46
Motta, “Brecha negra em livro branco”, p. 18.
47
Motta, “Brecha negra em livro branco”, pp. 92-156
48
Esses são os artigos que o Arruti utilizou. Todos estão publicados nessa edição especial do
periódico O Jornal de 15 de out de 1927. Renato Almeida, “Mangaratiba, terra de begônias”;
Assis Chateubriand, “Um viveiro morto da mão-de-obra negra para o cafezal – Impressões
vividas de uma visita a fazenda do comendador Joaquim José de Souza Breves no pontal da
Marambaia”; Geremário Dantas, “O café na cidade do Rio de Janeiro”; Luis Ascendino Dantas,
“São João Marcos da região do Campo Alegre: preeminência do plantio do café 1730-Resu-
mo Histórico”; Agripino Grieco, “O maior dos Breves: impressionante figura de gentilhomen
rural”; Agripino Grieco, “Pelo estado do Rio, da montanha ao mar”; Clodomiro Vasconcelos,
“As estradas antigas do transporte do café no estado do Rio”; Oliveira Vianna, “Distribuição
geográfica do cafeeiro no estado do Rio de Janeiro”; Oliveira Vianna, “Hegemonia no Vale do
Parahyba”: Rio de Janeiro, O Jornal, 15 de outubro de 1927.
49
Ver: Bert J. Barickman, “‘A Bit of Land, Wich They Call Roça’: Slave Provision Grounds in the
Bahia Recôncavo, 1780-1860", Hispanic American Historical Review, v. 74, n. 4 (1996), pp. 649-
87; Idem, “As cores do escravismo: escravistas ‘pretos’, ‘pardos’ e ‘cabras’ no Recôncavo baiano,
1835". População e Família, v. 2, n. 2 (1999), pp. 7-62; Ciro Flamarion S Cardoso, Escravo ou
camponês ? O procampesinato negro nas Américas, São Paulo: Brasiliense, 1987; Marcus de
Carvalho, “O quilombo do Malunguinho, o rei das matas de Pernambuco”, in João José Reis e
Flávio dos Santos Gomes, Liberdade por um fio. História dos Quilombos no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996, pp. 407-32; Hebe Mattos e Ana Maria Lugão Rios, “O pós-abolição
como problema histórico: balanços e perspectivas”, Topoi, v. 5 (2004), pp. 170-98; Idem, Memó-
rias do cativeiro: família, trabalho e cidadania no pós-abolição, Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2005; Hebe Maria Mattos de Castro, Ao sul da História. Lavradores pobres na crise do
trabalho escravo, São Paulo: Brasiliense, 1987; Idem, “Políticas de reparação e identidade coleti-
va no mundo rural: Antônio Nascimento Fernandes e o Quilombo São José”, Revista de Estudos
Históricos, n. 37 (2006), pp. 167-89; Idem, “Remanescentes das comunidades dos quilombos”:
memórias do cativeiro e políticas de reparação no Brasil”, Revista da USP, n. 68 (2006), pp. 104-
11; Iraci del Nero da Costa, Arraía-Miúda. Um Estudo sobre os não-proprietários de escravos no
Brasil, São Paulo: MGSP Editores, 1992; João Luís Ribeiro Fragoso e Manolo G. Florentino,
“Marcelino, filho de Inocência Crioula, neto de Joana Cabinda: um estudo sobre famílias escravas
em Paraíba do Sul (1835-1872)”, Estudos Econômicos, v. 17, n. 2 (1987), pp. 151-73; Flávio
dos Santos Gomes e João José Reis (orgs.), Liberdade por um fio. História dos Quilombos no
Brasil, São Paulo: Companhia das Letras, 1996; Eurípedes Funes, “”Nasci nas matas, nunca
tive senhor”. História e memória dos mocambos do Baixo Amazonas” (Tese de Doutorado,
USP, 1995); Idem, “‘Nasci nas matas, nunca tive senhor’. História e memória dos mocambos do
Baixo Amazonas”, in Reis e Gomes, Liberdade por um fio, pp. 467-97; Flávio dos Santos
Gomes, “‘O campo negro` de Iguaçu: escravos, camponeses e mocambos no Rio de Janeiro
(1812-1883)”, Estudos Afro-Asiáticos, n. 25 (1993); Idem, “Ainda sobre os quilombos: repen-
sando a construção de símbolos de identidade étnica no Brasil”, in Elisa Reis, Maria Hermínia
Tavares de Almeida e Peter Fry (orgs.), Política e Cultura. Visões do passado e perspectivas
contemporâneas (São Paulo: ANPOCS/Hucitec, 1996), pp. 197-221; Idem, “Nos mundos da
escravidão: escravos, camponeses e quilombolas no Rio de Janeiro do Século XIX”, Cadernos
UFS: HISTÓRIA, Programa de Documentação de Pesquisa Histórica, Universidade Federal de
Sergipe, EDUFS, 1996; Idem, “Slavery, Black Peasants and Post-emancipation Society in Brazil
(Nineteenth Century Rio de Janeiro)”, Social Identities, v. 10, n. 6 (2004), pp. 735-56; Idem, A
hydra e os pantânos. Mocambos, quilombos e comunidades de fugitivos no Brasil escravista
(sécs. XVII-XIX). São Paulo: Polis/UNESP, 2005; Carlos Magno Guimarães, “Quilombos e
brecha camponesa. Minas Gerais (Século XVIII)”. Revista do Departamento de História, n. 8
(1989), pp. 139-63; Idem, “Quilombos: classes, política e cotidiano (Minas Gerais no século
XVIII” (Tese de Doutorado, USP, 1999); Idem, Uma negação da ordem escravista. Quilombos
em Minas Gerais no século XVIII. São Paulo: Icone Editora, 1988; Herbert S. Klein, “Os ho-
mens livres de cor na sociedade escravista brasileira”, Revista DADOS, n. 17 (1988), pp. 3-27;
Maria Helena Pereira Toledo Machado, “Em torno da autonomia escrava : uma nova direção
para a história social da escravidão”, Revista Brasileira de História, ANPUH/Marco Zero, v. 8,
n. 16 (1988); Idem, “Vivendo na mais perfeita desordem: os libertos e o modo de vida camponês
na província de São Paulo do século XIX”, Estudos Afro-Asiáticos, n. 25 (1993); Idem, O plano
e pânico. Movimentos sociais na década da Abolição. Rio de Janeiro: EDUFRJ/EDUSP, 1994;
Guilhermo Palácios, “Campesinato e escravidão: uma proposta de periodização para a história
dos cultivadores pobres livres no Nordeste Oriental do Brasil, C. 1700-1875”, DADOS, v. 30,
n. 3 (1987); Idem, Cultivadores libres, Estado y crisis de la esclavitud en Brasil en la epoca de
la Revolución Industrial, El Colégio de México: Fondo de Cultura Económica, 1998; João José
Reis, “Escravos e coiteiros no quilombo do Oitizeiro, em 1806”, in Reis e Gomes (orgs.), Liber-
dade por um fio, pp. 332-72; Idem, “Quilombos e revoltas escravas no Brasil. ‘Nos achamos em
campo a tratar da liberdade’”, Revista USP, v. 28 (1995-1996), pp. 100-26; Idem, “Resistência
escrava na Bahia. “Poderemos brincar, folgar e cantar ...”: O protesto escravo na América”,
Afro-Ásia, n. 14 (1993), pp.107-22; Stuart B. Schwartz, “Mocambos, quilombos e Palmares: a
resistência escrava no Brasil colonial”. Estudos Econômicos, v. 17, número especial (1987), pp.
61-88; Idem, “Resistance and Accommodation in Eighteenth-century Brazil: The Slaves View
of Slavery”. Hispanic American Historical Review, v. 57, n. 1 (1977), pp. 69-81; Idem, Slaves,
Peasants, and Rebels. Reconsidering Brazilian Slavery, Urbana: University of Illinois Press,
1992; Idem, Escravos, Roceiros e Rebeldes. São Paulo: Ed. São Francisco, 2001; Eduardo
Silva, “A função ideológica da brecha camponesa”, in João José Reis e Eduardo Silva, Negoci-
ação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista (São Paulo: Companhia das Letras,
1989), pp. 22-31; Slenes, Robert W . Slenes, “Na senzala, uma Flor: ‘as esperanças e as
recordações’ na formação da família escrava, Rio de Janeiro; Nova Fronteira, 1999; Idem,
“Histórias do Cafundó”, in Carlos Vogt e Peter Fry (com a colaboração de Robert Slenes),
Cafundó. A África no Brasil. Linguagem e sociedade (São Paulo: Companhia das Letras, 1996),
pp. 37-102.
50
Cléia Schiavo Weyrauch, Projeto Marambaia. Rio de Janeiro: UERJ, 2003.
54
Aline Lopes, “Marambaia: processo social e judiciário” (Dissertação de Mestrado, UFRRJ/
CPDA, 2010).
55
Daniela Yabeta, “A capital do comendador”.
56
Lourenço, “O Império dos Souza Breves nos oitocentos”.
57
Destacamos entre outros: Rosa Elizabeth Acevedo Marin e Edna M. Ramos Castro, Negros do
Trombetas: etnicidade e história, Belém: NAEA/UFPA, 1991; Rosa Elizabeth Acevedo Marin,
“Negros do Trombetas. Guardiões de matas e rios, Belém: UFPA, 1993; Alfredo Wagner Berno
de Almeida, “Terras de preto, terras de santo, terras de Índio. Uso comum e conflito”, in Edna
M. R. Castro e Jean Habette (orgs.), Na trilha dos grandes projetos: modernização e conflito na
Amazônia. Cadernos do NAEA/UFPa, n. 10 (1990); José Maurício Andion Arruti, “Etnias fede-
rais”: o processo de identificação de “remanescentes” indígenas e quilombolas no Baixo São
Francisco” (Tese de Doutorado, UFRJ, 2002); Maria de Lourdes Bandeira, Território negro em
espaço branco: estudo antropológico de Vila Bela, São Paulo: Brasiliense, 1988; José Jorge de
Carvalho (org.). O quilombo do Rio das Rãs: histórias, tradições e lutas, Salvador: CEAO/
EDUFBA, 1996; Neusa M. Mendes de Gusmão, Terra de pretos, terra de mulheres: terra,
mulher e raça num bairro negro. Brasília: MEC/Fundação Cultural Palmares, 1996; Ilka Boa-
ventura Leite (org.), Negros no Sul do Brasil: invisibilidade e territorialidade, Santa Catarina:
Letras Contemporâneas, 1996; Anita M. de Q. Monteiro, Castainho: etnografia de um bairro
rural de negros, Recife: Ed. Mansangana, 1985; Eliane Cantarino O’dwyer (org.), Terra de
Quilombos, Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Antropologia, 1995; Idem, Quilombo:
identidade étnica e territorialidade, Rio de Janeiro: FGV/ABA, 2002; Renato da S. Queiroz,
Caipiras negros no Vale do Ribeira: um estudo de antropologia econômica, São Paulo: FFLCH/
USP, 1993; Valdélio Santos Silva, “Rio das Rãs à luz da noção de quilombo”, Afro-Ásia, n. 23
(1999), pp. 267-95; e Jean-François Véran, “Rio das Rãs: memória de uma `comunidade rema-
nescente de quilombo`”, Afro-Ásia, n. 23 (1999), pp. 297-330.
58
Sobre a auto-atribuição ver: 1) Decreto 4887 de 20 de novembro de 2003, regulamenta o
procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das
terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o Art. 68 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988. O Art. 2º
considera como remanescente das comunidades quilombolas, grupos étnicos raciais, segundo
critério de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais
específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão
história sofrida. O § 1º do referido artigo 2º determina que a caracterização das comunidades
dos quilombos seja atestada mediante autodefinição da própria comunidade. 2) Convenção nº
169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, de 07 de junho de 1989 – Convenção
relativa aos povos indígenas e tribais em países independentes. Em seu Art. 1º a Convenção
aplica-se: a) aos povos tribais independentes, cujas condições sociais culturais e econômicas
os distinguiam de outros setores da coletividade nacional, e que sejam regidos, total ou parci-
almente, por seus próprios costumes ou tradições ou por legislação especial. O mesmo artigo
determina que a autoidentificação como indígena ou tribal deva ser considerada critério fun-
damental para determinar os grupos aos que se aplicam as disposições da Convenção. 3)
Decreto Legislativo nº 143 de 20 de junho de 2002 – Aprova o texto da Convenção nº 169 da
Organização Internacional do Trabalho sobre os povos indígenas e tribais em países indepen-
dentes 4) ADI 3239 movida pelo Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM),
solicita a inconstitucionalidade do Decreto 4887 de 20 de novembro de 2003.
60
Processo nº 98.0007738-3 – Ação de Reintegração de Posse ajuizada pela União Federal
contra Sebastiana Camilla Henriqueta de Lima – Ministério Público Federal – 17 de dez.
2001, pp. 51-8.
61
Richard Price, “Reinventando a história dos quilombos: rasuras e confabulações”, Afro-Ásia,
n. 23 (1999), pp. 239-65.
62
Para o caso da Ilha da Marambaia, no relatório técnico e científico sobre a comunidade,
Arruti defende que: “O fim da escravidão foi bastante abrupto para os moradores da Maram-
baia. O seu isolamento do continente parece não lhes ter permitido o acesso à circulação de
informações que existiu entre as senzalas e o que Gomes (1996) denominou de “campo ne-
gro”. Ver: José Arruti (org.), Relatório técnico-científico sobre a comunidade remanescente
de quilombo da Ilha da Marambaia, p.114.
63
Ver: B. J. Barickman, “As cores do escravismo: escravistas ‘pretos’, ‘pardos’ e ‘cabras’ no
Recôncavo baiano, 1835". População e Família, v. 2, n. 2 (1999), pp. 7-62; Costa, Arraía-
Miúda; e Klein, “Os homens livres de cor na sociedade escravista brasileira, pp. 3-27.
64
Ver: Mathias Rohrig Assunção, “Quilombos Maranhenses”; Laura de Mello e Sousa, “Violên-
cia e práticas culturais no cotidiano de uma expedição contra quilombolas — Minas Gerais,
1769”; e Luíza Rios Ricci Volpato, “Quilombos em Mato Grosso - Resistência negra em área
de fronteira”, in Reis e Gomes (orgs.), Liberdade por um fio, respectivamente, pp. 433-66,
193-212 e 222-26
65
Silvia Hunold Lara, “Do singular ao plural: Palmares, capitães-do-mato e o governo dos es-
cravos”, in Reis e Gomes, Liberdade por um fio, pp. 81-109.
ANEXOS
Arquivo Nacional – Série Justiça, Ofícios de Presidente de Província,
Maço 478 66
Cópia – Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor. Em cumprimento a por-
taria reservada de 6 do corrente, tenho o dever de levar ao conheci-
mento de Vossa Excelência o resultado da diligência a que procedi na
fazenda da Marambaia de propriedade do comendador Joaquim José
de Souza Breves, procedendo em tudo de perfeito acordo com as instru-
ções contidas no referido reservado como depreenderá Vossa Excelên-
cia do auto de apreensão e busca que por cópia junto a este. No dia 8 à
meia noite em ato contínuo ao do recebimento dos ofícios e da apresen-
tação da força segui acompanhado dela para o lugar indicado e aí
chegando, ás 4 horas da manha do dia seguinte, ordenei imediatamen-
te que fossem cercados todas as senzalas da fazenda para onde conver-
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A ortografia dos documentos foi atualizada
Abstract
This article discusses the connections between history, human rights and
citizenship, through the lens of the struggles by communities founded as qui-
lombos to legalize their land occupancy based on the provisions of the 1988
Constitution and on complementary regulations passed in the 21st century. Since
the 1980s, the inhabitants of the Marambaia quilombo, an area located in the
southern Fluminense region of Rio de Janeiro, which in the 1800s consisted of
plantations and quilombos, have fought to maintain their lands and to ensure
their cultural and territorial autonomy in the face of pressure from the Brazilian
Navy, the Federal Government and the court system. The paper discusses the
various stages of this struggle and the diverse actors who have entered the
scene (lawyers, judges, anthropologists, archeologists, NGOs, Brazil´s Public
Ministry as well as federal and state governmental agencies) and the discourse
on memory the meanings and uses of history and of the legislation on quilom-
bo residents and their rights. The article also includes transcriptions and
analyses of newly uncovered historical documents from 1870 referring to the
existence of quilombos in the region.
Keywords: rural black communities – quilombos – Marambaia (Rio de Janei-
ro) – memory and citizenship