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IV- A NECESSIDADE DA EFETIVIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI DE

ALIENAÇÃO PARENTAL
A Alienação Parental corresponde a mais um grande porcentual de
situação que contribui na disseminação da família e faz parte do cotidiano dos
profissionais que trabalham na Justiça de Família, Infância e Juventude. Afinal,
conflitos de família, inscritos em histórias particulares, envolvem, normalmente,
emoções extremas, vividas no contexto de relações significativas dos
envolvidos.
Normalmente os processos de ruptura são frequentemente muito
dolorosos, deteriorando as relações de modo avassalador. As consequências
da Alienação Parental costumam ser grave a criança e ou adolescente
envolvido.
Visto isso, fica clarividente a importância de se discutir e de se levar ao
judiciário a ausência de aplicabilidade e eficiência da lei ao qual se destina a
este assunto.
A finalidade básica da lei 12.318/2010 é proteger os direitos
fundamentais da criança e adolescente. Conforme o disposto no Art. 3º da
referida lei: A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da
criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a
realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui
abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos
deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.
Conclui-se que a alienação parental deve ser combatida por que:
a) fere o direito fundamental de uma convivência familiar saudável; b)
prejudica o afeto nas relações familiares; c) constitui abuso moral contra a
criança ou o adolescente; d) quem provoca descumpre os deveres inerentes
ao responsável pelo menor.

l. DA INAPLICABILIDADE DO ART. 4º DA LEI 12.318/10

Ao que se refere à inaplicabilidade do Art. 4º da lei 12.318/2010 logra:


Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício,
em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o
processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência,
ouvido o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para
preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente,
inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva
reaproximação entre ambos, se assim for o caso.
Contudo, podemos concluir que os processos envolvendo alienação
parental deveriam seguir a forma prioritária de tramitação, porem pode-se
evidenciar que na pratica não temos a efetividade deste artigo de lei nos
casos concretos.
Pensamento este também afirmado pelo autor Rolf Madaleno,

“Evidentemente, a prioridade de tramitação haverá de


garantir o direito ao contraditório, que não restará violado se o
juiz determinar a execução das medidas provisórias
necessárias para a higidez psíquica da criança ou adolescente
[...]” (MADALENO E MADALENO, 2013, p. 105).

Por envolver questão de interesse público e envolvendo menor


parcialmente e ou totalmente incapaz é possível afirmar que esse tema está
adequado à linha de pesquisa do Curso de Direito, visto que a família possui
amparo constitucional, devendo sempre ser protegida, principalmente as
crianças que são as mais atingidas e merecem proteção peculiar.
Vejamos, o caso abaixo ao qual retrata a ineficácia do Poder Judiciário que
não cumpriu o disposto na Lei da Alienação Parental e impôs a guarda
unilateral, situação que acontece na maioria dos casos.
No blog “Migalhas” de 22 de abril de 2014, o advogado Evandro Luiz da Silva
Rezende expõe sobre o episódio:
(...) esta é, na verdade e infelizmente, mais uma morte
anunciada, vítima do Judiciário brasileiro, que nunca cumpre o
disposto em leis importantes, como a lei da Alienação
Parental e a lei da Guarda Compartilhada. Nesse caso, cabia
ao juiz, ao ter percebido o flagrante indício de alienação
parental, a imposição judicial de um regime com período de
visitação mínimo entre a criança e sua avó, aplicando a
hipótese do art. 6º, II da Lei 12.318/2010
Ainda nesse sentido, ressaltamos a demora que esses procedimentos,
durante todo este período interrompem-se a convivência entre ambos “filhos e
genitores”. Vale enfatizar a série de avaliações, testes e entrevistas que se
sucedem, às vezes durante anos, acaba não sendo conclusivo e são muito
desgastantes para o menor envolvido.
Desta forma o juiz deve sempre priorizar o maior interesse da criança e
adolescente, que em regra é menor, manter contato com seus dois genitores.
Porém se um deles for acusado de abuso sexual, esse contato deve ser
extinto.
E de extrema importância a convivência da criança com os dois
genitores, para seu desenvolvimento saudável e em um ambiente tranquilo e
acolhedor. Caso não haja esse contato por um longo período de tempo, pode-
se extinguir o vinculo amoroso entre as partes, o que com causa danos à
criança.
Ao se referir neste assunto Silva e Resende define que as condições
psíquicas do ser humano são construídas desde a infância, com a
convivência familiar e os primeiros laços estabelecidos. Logo a ausência de
um dos pais que conviveu com a criança pode gerar sensação de abandono
que estas crianças fantasiam sofrer e pela falta (da realidade) causada pelo
ausente.

VI- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Lei 12.318/2010 vem preencher uma lacuna referente à proteção


psicológica do menor, pois ao dispor sobre a alienação parental vem coibir
esse tipo de comportamento tão prejudicial à formação da criança e
adolescente e ampliar a proteção integral ofertada pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente. Não devemos esquecer que a Constituição Federal dispõe
como dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
Para a compreensão da Alienação Parental é necessário, além da
explanação e da conceitualização, a identificação dos agentes ativos e
passivos. Sendo assim, o genitor aqui poderá ser a mãe ou o pai, que, para o
melhor entendimento, serão discriminados na condição de guardião e/ou
alienador, aquele que detém a guarda do filho; e, de genitor e/ou alienado –
aquele que é vítima da alienação. Impende ressaltar que o filho é também
identificado como alienado, sendo a maior e principal vítima da Alienação
Parental.
Os filhos são os mais atingidos por essas mudanças, deve-se
reconhecê-los como hipossuficientes no mundo dos adultos e suas relações
familiares. São os genitores responsáveis em protegê-los sócio, moral,
psicológica e financeiramente, deixando claro os suas identidades, bem como
ente de uma relação e convivência parental, extensiva também aos avós, tios e
demais parentes.
A preocupação principal de advogados e juízes deve ser a proteção do
desenvolvimento emocional e psicológico da criança e isto nunca pode ser feito
com as fáceis e simplistas soluções tradicionais de "visitas" quinzenais do pai,
que são ainda hoje, paradoxalmente, a forma mais comum de decisão judicial.
Os operadores de direito deverão buscar sempre o melhor interesse do
filho alienado, esse interesse é mediato, ou seja, é a formação e preservação
da sua personalidade, são os seus direitos enquanto ente civil.
Cuidadosamente deverão ser observados os interesses imediatos, pois,
estes poderão encontrar-se revestidos de falsas deduções, levando a erro o
jurisdicionado.
Desta forma, devemos entender que o Judiciário não deve ser a primeira
opção, onde quando detectada a situação, deve o genitor alienado procurar
apoio psicossocial para a vítima e iniciar o acompanhamento psicoterapêutico.
Não conseguindo estabelecer diálogo com o alienante, negando-se ele a
participar do processo de reconstrução do relacionamento, deve o alienado
requerer ao Juízo da Vara de Família, Infância e Juventude as providências
cabíveis, escreve em artigo sobre os efeitos jurídicos da SAP.
A tarefa da delimitação do significado do direito de acesso à justiça, por
sua vez, exige a demarcação do significado do termo justiça: valor que se
pretende consagrar com a efetivação do acesso. Por essas razões,
reservamos, para a sequência do presente estudo, a tarefa da demarcação dos
sentidos que pretendemos atribuir à justiça e ao acesso. Justiça é, por
excelência, uma palavra vaga, ambígua e carregada de significado emotivo,
fato que justifica a diversidade de significados a ela atribuídos.

REFERENCIAS

MADALENO, Ana Carolina Carpes; MADALENO, Rolf. Síndrome da


alienação parental: importância da detecção aspectos legais e
processuais. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 47-54.
PORTAL ESPIGÃO. Prioridade para processos de alienação parental está
em análise na Comissão de Justiça. Disponível em:
https://portalespigao.com.br/prioridade-para-processos-de-alienacao-parental-
esta-em-analise-na-comissao-de-justica/. Acessado em: 26 de Out. de 2019.

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