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O SAPO APAIXONADO

(Em cena está um sapo sentado numa pedra)

NARRADOR – O Sapo estava sentado à beira do rio. Sentia-se esquisito. Não


sabia se estava contente ou se estava triste.
(Entra em cena um peixe)

PEIXE – Olá amigo Sapo! Um bem-haja para ti!

SAPO – Olá amigo peixe.

PEIXE – O que é que tens amigo? Passa-se alguma coisa? Estás esquisito.

SAPO – Oh amigo peixe… Não sei o que é que tenho… Sinto-me diferente…

PEIXE – Humm… vê se te animas, amigo. Adeus, até breve!

SAPO – Adeus, amigo peixe…


(O Sapo levanta-se da pedra e distraidamente caminha pelo palco )

NARRADOR – Toda a semana o Sapo tinha andado como que a sonhar. Que é
que teria ele? Então encontrou o porquinho.
(Entra em cena o porquinho)

PORQUINHO – Olá, Sapo. Não estás com muito bom ar, que é que tens?

SAPO – Não sei. Tenho vontade de rir e de chorar ao mesmo tempo. E aqui
dentro de mim tenho uma coisa que faz tum-tum.

PORQUINHO (Pensativo) – Talvez estejas constipado. É melhor ires à Casa do


Senhor Mocho buscar um xarope e depois ires para casa e meteres-te na cama.

SAPO – Muito agradecido, amigo Porquinho. Vou seguir o teu conselho. Adeus.

PORQUINHO – Adeus, amigo Sapo. As suas melhoras.


(Sai de cena o Porquinho. O Sapo caminha um pouco e sai de cena. A seguir entra o Mocho
com um livro na mão a consultá-lo. Depois entra em cena o Sapo)

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SAPO – Olá, meu sábio amigo Mocho. A porta estava aberta e entrei…

MOCHO – Olá meu caro amigo Sapo. Bem-vindo à minha humilde casa. Em que
posso ser-lhe útil?

SAPO – Sinto-me constipado. Tem algum xarope para curar-me?

MOCHO – Ora, ora, meu caro amigo. Na minha casa há de tudo um pouco.
Aguarda um pouco que vou já buscar o xarope.
(Sai de cena o Mocho e fica sozinho o Sapo)

SAPO (Preocupado) (Vira-se para o público) – Será que o meu amigo porquinho tem
razão? Será que estou constipado?!
(Entra em cena o Mocho com um frasco na mão)

MOCHO – Aqui está o Xarope para te curar da constipação. (Dá-lhe ao Sapo). As


suas melhoras, meu caro amigo Sapo.

SAPO – Obrigado, amigo Mocho. Adeus.


(Sai de cena o Sapo e depois o Mocho)

NARRADOR – O nosso amigo Sapo assim o fez. Foi para casa, tomou o Xaropo e
deitou-se na sua cama. Quando acordou continuou no mesmo estado, ora com
vontade de rir ora com vontade de chorar e sentia o seu pequenito coração a
bater muito rápido.
(Entra em cena o Sapo)

SAPO (Preocupado) (Vira-se para o público) – Se não estou constipado, o que é que
tenho? Talvez a minha amiga Lebre me possa ajudar.
(Sapo caminha pelo palco e sai de cena. A seguir entra a Lebre com um regador e um vaso.
Seguidamente entra em cena o Sapo)

SAPO – Amiga Lebre, não me sinto muito bem.

LEBRE – Então meu amigo Sapo, que é que tens?

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SAPO – Umas vezes fico com calor e outras vezes fico com frio. E aqui dentro de
mim (Aponta com o dedo no coração) uma coisa faz tum-tum.

LEBRE (Pensativa) – Humm… Ah! Já sei. É o teu coração. O meu também faz tum-
tum.

SAPO – Mas o meu às vezes faz tum-tum mais depressa do que de costume. Faz
um-dois, um-dois, um-dois.

LEBRE – Pois, meu amigo Sapo. Lamento mas não te consigo ajudar. Talvez a
nossa amiga Tartaruga o possa fazê-lo.

SAPO – Obrigado na mesma, minha querida amiga Lebre. É mesmo isso que vou
fazer. Vou ter com a Tartaruga e pode ser que me ajude. Adeus.

LEBRE – Adeus.
(O Sapo sai de cena e depois de regar a flor, a Lebre sai de cena. Entra a Tartaruga com um
espanador e limpa o espaço. A seguir entra o Sapo)

SAPO – Olá amiga Tartaruga.

TARTARUGA (Surpreendida) – Oh! Olá amigo Sapo. À quanto tempo que não te
via… Vieste para me ajudar a limpar a minha casa? “Ahahaha…” Não me parece.
Mas, estás esquisito, o que é que tens?

SAPO – Pois, não sei o que tenho. Às vezes tenho vontade de rir e outras vezes
tenho vontade de chorar… Umas vezes fico com calor e outras fico com frio. E
aqui dentro de mim (Aponta com o dedo no coração) uma coisa faz tum-tum.

TARTARUGA (Pensativa) – Humm… Amigo Sapo, espera um pouco. Vou buscar a


minha enciclopédia porque os livros são nossos amigos e de certeza que vou
encontrar uma resposta para o teu problema.

SAPO – Deus te oiça, amiga Tartaruga. Deus te oiça.


(Sai de cena a Tartaruga)

SAPO (Vira-se para o público) – Os livros são nossos amigos?! A minha amiga
Tartaruga está sempre a ler, é impressionante!
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(Entra a Tartaruga com um grande livro)

TARTARUGA (Abre o livro) – Ora vejamos… Coração a bater acelerado, ataque de


calor e de frio… quer dizer que estás apaixonado!

SAPO (Surpreendido) – Apaixonado? Ena pá! Estou apaixonado! Obrigado amiga


Tartaruga. Adeusinho.
(Sai de cena a Tartaruga e o Sapo caminha aos saltos pelo palco)

SAPO (Alegre) – Estou apaixonado, estou apaixonado, estou apaixonado, estou


apaixo….
(Entra o Pássaro)

PÁSSARO (Assustado) – O que se passa amigo Sapo? O que é que tens? Ganhaste
a Lotaria?

SAPO – Olá, amigo Pássaro. Melhor do que isso, estou apaixonado!

PÁSSARO – Bem, isso é uma boa notícia. Por quem é que estás apaixonado?

SAPO (Pensativo) – Eu estou apaixonado por… Já sei! Estou apaixonado pela linda
e adorável Patinha Branca!

PÁSSARO (Incrédulo) – Não pode ser. Um Sapo não pode estar apaixonado por
uma pata. Tu és verde e ela é branca.

SAPO – O que é que isso importa? Estou apaixonado pela Pata Branca e pronto!
(Saem de cena o Sapo e o Pássaro)

NARRADOR – Não sabia escrever, mas sabia fazer bonitas pinturas. Quando
voltou para casa fez uma pintura linda, com vermelho, azul e muito verde, que
era a cor que ele mais gostava. À noite, quando já estava escuro, saiu com a
pintura e enfiou-a por baixo da porta da Pata.
(Entra em cena o Sapo com um envelope e deixa no chão do palco e sai de cena)

NARRADOR – Com a emoção, tinha o coração a bater com toda a força.


(Entra em cena a pata e muito admirada apanha a carta)
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PATA (Curiosa) – Quem é que me terá mandado esta linda pintura?
(Sai de cena a Pata)

NARRADOR – No dia seguinte, o Sapo colheu um belo ramo de flores. Ia


oferece-las à Pata.
(Entra em cena o Sapo com um ramo de flores e para a meio do palco)

NARRADOR - Mas quando chegou à porta não teve coragem para a enfrentar.
Pôs as flores na soleira da porta e fugiu o mais depressa que pôde.
(O Sapo mete as flores no chão e sai a correr de cena)

NARRADOR – O Sapo não conseguia arranjar coragem para falar.


(Entra a Pata e apanha com carinho o ramo de flores e cheira-as)

PATA (Encantada) – Que lindo ramo de flores. Mas quem é que os mandaria?
(Sai de cena a Pata)

NARRADOR – Pobre Sapo! Perdeu o apetite e à noite não conseguia dormir… E


as coisas continuaram assim durante semanas. Como é que havia de mostrar à
Pata que gostava dela?
(Entra em cena o Sapo)

SAPO (Vira-se para o público) – Tenho de fazer uma coisa de que mais ninguém
seja capaz. Tenho que bater o recorde do mundo de salto em altura! A Patinha
vai ficar muito surpreendida, e depois ela também vai gostar de mim.
(O Sapo começa a treinar aos saltos pelo palco)

NARRADOR – O Sapo começou logo a treinar. Praticou salto em alturas durante


dias a fio. Saltava cada vez mais alto, até às nuvens. Nunca nenhum sapo do
mundo tinha saltado tão alto.
(Entra a Pata e vê o Sapo aos saltos)

PATA (Preocupada) – Que é que terá o Sapo? Saltar assim é perigoso. Ainda acaba
por se magoar.
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(O Sapo cai e magoa-se)

SAPO (Grita) – Aiiii…


(A Pata preocupada aproxima-se do Sapo)

PATA (Preocupada) – Ó Sapo, podias ter-te matado! Olha que tens de ter cuidado.
Gosto tanto de ti!

SAPO (Nervoso) – Eu também gosto muito de ti, querida Pata!


(Os dois abraçam-se carinhosamente)

NARRADOR – Tinha o coração a fazer tum-tum, mais depressa do que nunca, e


ficou com a cara muito verde. Desde então, amam-se perdidamente. (Saem de
cena os dois muito agarrados) Verde e Branca. O Amor não conhece barreiras.

FIM

PERSONAGENS:
Narrador:________________
Sapo:________________
Peixe:________________
Porquinho:________________
Mocho:_________________
Lebre:_________________
Tartaruga:________________
Pássaro:_________________
Pata Branca:__________________ 6

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