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Comentários – Exercícios da aula 1

Os quatro autores citados na primeira aula servem a um único propósito


(ainda que cada um o faça de uma perspectiva diferente): tornar evidente a
dimensão histórica da vida humana. Justamente por sermos feitos de “tempo” é
que, paradoxalmente, ele se nos escapa. Como realidade tão óbvia,
constitutiva e natural do homem, o tempo só deixa de ser transparente à
medida que é registrado de alguma forma. À medida que o historiador, o
romancista ou o biógrafo desejam verdadeiramente salvar do esquecimento
algo que aconteceu, uma experiência que tiveram, alguém que já foram.
As vidas bem vividas, portanto, são aquelas que souberam salvar a própria
substância; aquelas nas quais o sujeito biográfico foi sendo cultivado, pouco
a pouco, para uma espécie de revelação: o objeto revelado nada mais era do
que um “eu próprio” (self) que tornou possível a cada um desses homens e
mulheres a marca da individualidade.
Como fazer isso? Como ser historiador de si mesmo, salvar do esquecimento
o tempo – experiências, fatos, matérias – que são sua própria vida e que se
não forem tiradas do limbo da memória, serão inexoravelmente massa amorfa?

Duas coisas são necessárias: retorno às origens – aos sonhos e heróis de que
fala Bernanos – e a leitura dos clássicos literários, pelos quais podemos ensaiar
nossas vidas, tornar patentes alguns matizes, aprofundar analogias e, ao fim e
ao cabo, ler a nós mesmos.

***
Sobre a questão dos espelhos de Lacan, trata-se de uma anedota interessante:
o espelho é um modo de “se ver”. Quanto mais espelhos por aí, maior a auto-
observação. Tente pensar na experiência de, andando por um shopping, por
exemplo, passar em frente a um espelho. No mesmo instante você se
reconhecerá – o que requer, antes de qualquer coisa, uma pretensão de
identidade (“sou eu ali”). É como se os espelhos promovessem ou impelissem
o autorreconhecimento, pondo em evidência a imagem de alguém que se
pretende UM, apartado ou diferenciado de tudo que não é aquela imagem que
vê refletida.

***

Exercícios sobre os textos da Aula 2


1) Do texto de Foster (texto 1), comente a inferência feita a partir de sua
leitura: “a maneira de contar é tão importante quanto o que é
contado”.

2) Redija o “primeiro parágrafo” da sua autobiografia.


3) A partir do texto 2 (Abertura da Alma), esclareça a diferença entre
“fatos de uma vida” e “fatos que mereçam ser narrados”.

Sugestão de filme para o fim de semana: “A última noite”


(http://www.adorocinema.com/filmes/filme-42731/)

Abraço e até domingo.


Prof. Tiago

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