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INDÚSTRIA + EFICIENTE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
I C A
E R GÉT
C I A EN
E F I CIÊN
CAPACITAÇÃO PARA FORMAÇÃO DE CONSULTORES
INDÚSTRIA + EFICIENTE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
É T I C A
N E R G
Ê N C IA E
EF I C I
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
T I C A
E N E RGÉ
I Ê NCIA
EF I C
© 2017. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe da Educação do SENAI de Minas Gerais,
com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Bibliotecária Ilma Viana Gonçalves de Souza CRB 6ª Região/3065
S474e
ISBN
CDU: 620.9
SENAI Sede
QUADROS
Quadro 1 - Classificação do porte das indústrias de acordo com o n° de empregados............................................... 21
Quadro 2 - Etapas da Metodologia....................................................................................................................................... 43
Quadro 3 - Grupos de consumidores de acordo com a tensão de fornecimento......................................................... 50
Quadro 4 - Descrição das potências: ativa, aparente e reativa......................................................................................... 55
Quadro 5 - Consumo específico e potencial de economia de energia............................................................................ 58
Quadro 6 - Classificação dos combustíveis......................................................................................................................... 65
Quadro 7 - Vantagens e desvantagens da utilização da madeira como insumo energético........................................ 66
Quadro 8 - Vantagens e desvantagens da utilização do óleo combustível como insumo energético......................... 67
Quadro 9 - Vantagens e desvantagens da utilização do gás natural como insumo energético................................... 68
Quadro 10 - Dados de transformadores que foram medidos com um analisador de energia.................................... 84
Quadro 11 - Exemplos de perdas fixas................................................................................................................................ 87
Quadro 12 - Características de alguns tipos de lâmpadas............................................................................................... 102
Quadro 13 - Tipos e características de lâmpadas.............................................................................................................. 103
Quadro 14 - Iluminância para cada grupo de tarefas visuais.......................................................................................... 104
Quadro 15 - Comparativo entre o ar-condicionado convencional e o ar-condicionado inverter................................ 132
TABELAS
Tabela 1 - Conversão de unidades de Energia.................................................................................................................... 29
Tabela 2 - Conversão de unidades....................................................................................................................................... 47
Tabela 3 - Comparativo entre a potência ativa, reativa e aparente................................................................................. 47
Tabela 4 - Comparativo entre potência/carga instalada, demanda contratada e demanda registrada...................... 48
Tabela 5 - Subgrupos do Grupo A......................................................................................................................................... 50
Tabela 6 - Exemplo de tarifa para consumidores A4 (de 2,3kV a 25kV) SEM ICMS........................................................ 51
Tabela 7 - Exemplo de tarifa para ultrapassagem de demanda....................................................................................... 51
Tabela 8 - Dados da conta de energia.................................................................................................................................. 57
Tabela 9 - Dados da conta de energia.................................................................................................................................. 59
Tabela 10 - Economia de acordo com a mudança de tarifa.............................................................................................. 60
Tabela 11 - Cotação de madeira de eucalipto para venda................................................................................................ 66
Tabela 12 - Simulação tarifária industrial............................................................................................................................ 69
Tabela 13 - Poder calorífico inferior para alguns combustíveis........................................................................................ 70
Tabela 14 - Poder calorífico e massa específica de alguns combustíveis........................................................................ 71
Tabela 15 - Relação entre as unidades de energia............................................................................................................. 72
Tabela 16 - Fatores de conversão de unidades de pressão.............................................................................................. 72
Tabela 17 - Unidades de conversão..................................................................................................................................... 73
Tabela 18 - Conversão de Massa de lenha de eucalipto em energia............................................................................... 75
Tabela 19 - Histórico do consumo, respectivo custo e PCI da lenha................................................................................ 76
Tabela 20 - Consumo energético total e indicador de desempenho energético............................................................ 77
Tabela 21 - Valores das perdas a vazio em transformadores de distribuição trifásicos da classe 15kV .................... 83
Tabela 22 - Rendimentos Nominais Mínimos a Plena Carga para Motores Fabricados,
Comercializados e Importados no Brasil (Classe IR2).....................................................................................89
Tabela 23 - Menores Valores de Rendimentos Nominais a Plena Carga para Motores da Classe IR3 ou Premium.......... 90
Tabela 24 - Dados Técnicos de um Luximetro.................................................................................................................... 99
Tabela 25 - Rendimento luminoso médio das fontes de luz............................................................................................ 101
Tabela 26 - Substituição de Lâmpadas de descarga e fluorescentes por LED............................................................... 102
Tabela 27 - Exemplo de tabela para levantamentos de dados de iluminação.............................................................. 107
Tabela 28 - Modelo de tabela para descrever um sistema atual de iluminação........................................................... 108
Tabela 29 - Modelo de tabela para descrever nova proposta de um sistema de iluminação .................................... 108
Tabela 30 - Dados de iluminação da Laticínios BR............................................................................................................ 110
Tabela 31 - Custos financeiros da iluminação da Laticínios BR....................................................................................... 110
Tabela 32 - Calor específico.................................................................................................................................................. 113
Tabela 33 - Poder calorífico e massa específica de alguns combustíveis....................................................................... 113
Tabela 34 - Tipos de compressores e suas aplicações ..................................................................................................... 140
Tabela 35 - Variação do consumo com a temperatura de aspiração............................................................................. 141
Tabela 36 - Variação do consumo com a pressão de desarme....................................................................................... 142
Tabela 37 - Exemplo de Tempo de Retorno do Capital .................................................................................................... 173
Tabela 38 - Exemplo de tempo de retorno do capital feito na planilha eletrônica ...................................................... 174
Tabela 39 - Exemplo de Cronograma.................................................................................................................................. 174
Tabela 40 - Exemplo de cronograma físico........................................................................................................................ 175
Tabela 41 - Exemplo de cronograma financeiro ............................................................................................................... 175
Tabela 42 - Exemplo de fluxo de caixa em forma de planilha......................................................................................... 176
Tabela 43 - Modelo de tabela de fornecimento de energia elétrica............................................................................... 179
Tabela 44 - Exemplo de tabela em que constam os sistemas de produção a serem priorizados.............................. 180
Tabela 45 - Tabela de Indicadores....................................................................................................................................... 181
Tabela 46 - Projeção do Retorno dos Investimentos........................................................................................................ 182
Tabela 47 - Tabela de redução de perdas com redução de temperatura ambiente.................................................... 189
Tabela 48 - Tabela de redução de perdas com redução de temperatura ambiente.................................................... 190
Tabela 49 - Tabela de resultados......................................................................................................................................... 195
Tabela 50 - Tabela de investimentos CAPEX....................................................................................................................... 196
Tabela 51 - Tabela de investimentos OPEX........................................................................................................................ 197
Tabela 52 - Indicadores de Desempenho........................................................................................................................... 198
Tabela 53 - Tabela retorno financeiro em iluminação. (CENÁRIO 1)............................................................................... 199
Tabela 54 - Tabela retorno financeiro em iluminação. (CENÁRIO 2)............................................................................... 200
Tabela 55 - Tabela geral de ações de eficientização em iluminação dos depósitos..................................................... 200
Tabela 56 - Fluxo de caixa .................................................................................................................................................... 207
Tabela 57 - Cálculo da VPL ................................................................................................................................................... 207
Tabela 58 - Tabela com dados do projeto ......................................................................................................................... 208
Tabela 59 - Fluxo de caixa do investimento para substituição das lâmpadas em um galpão industrial................... 209
Tabela 60 - Cálculo da TIR .................................................................................................................................................... 209
Tabela 61 - Planilha para cálculo do Payback Simples...................................................................................................... 211
Tabela 62 - Fórmula de somatório das parcelas................................................................................................................ 211
Tabela 63 - Fórmula de porcentagem de retorno em cada ano...................................................................................... 212
Tabela 64 - Fórmula para cálculo da porcentagem totalizada......................................................................................... 212
Tabela 65 - Tabela de solução do exercício payback simples utilizando a planilha eletrônica ................................... 212
Tabela 66 - Planilha para cálculo de payback descontato................................................................................................. 213
Tabela 67 - Fórmula para cálculo do fluxo descontado.................................................................................................... 213
Tabela 68 - Fórmula para cálculo do somatório................................................................................................................ 213
Tabela 69 - Fórmula para cálculo da porcentagem da parcela no ano........................................................................... 214
Tabela 70 - Fórmula para cálculo da porcentagem totalizada no ano............................................................................ 214
Tabela 71 - Tabela de solução parcial do exercício payback descontado utilizando a planilha eletrônica................ 214
Tabela 72 - Cálculo do valor restante após passarem oito anos..................................................................................... 215
Tabela 73 - Cálculo da porcentagem que falta do ano..................................................................................................... 215
Tabela 74 - Cálculo para transformar ano em mês (es).................................................................................................... 215
Tabela 75 - Cálculo para transformar mês em dia (s)....................................................................................................... 215
Tabela 76 - Tabela de solução do exercício payback descontado utilizando a planilha eletrônica............................. 216
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..................................................................................................................................... 15
1 FUNÇÕES DO CONSULTOR................................................................................................................ 17
1.1 O CONSULTOR ...........................................................................................................................................................18
1.2 LEVANTAMENTO PRELIMINAR DOS DADOS DA INDÚSTRIA ....................................................................19
1.2.1 DEFINIÇÃO DAS INDÚSTRIAS, CONFORME NÚMERO DE EMPREGADOS....................................20
1.2.2 FICHA DE CADASTRO DE CLIENTE..............................................................................................................21
1.3 A CONSULTORIA........................................................................................................................................................22
1.3.1 BENEFÍCIOS DA CONSULTORIA...................................................................................................................22
1.3.2 ELEMENTOS DE CONSUMO OBSERVADOS NA CONSULTORIA ...................................................22
2 INTRODUÇÃO À EFICIÊNCIA ENERGÉTICA....................................................................................... 25
2.1 A ENERGIA....................................................................................................................................................................26
2.2 A ENERGIA ELÉTRICA................................................................................................................................................29
2.3 ENERGIA SOLAR .......................................................................................................................................................30
2.3.1 ENERGIA SOLAR TÉRMICA.............................................................................................................................30
2.3.2 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA.............................................................................................................31
2.4 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA........................................................................................................................................33
3 METODOLOGIA DE TRABALHO........................................................................................................ 35
3.1 A METODOLOGIA......................................................................................................................................................36
3.2 CONCEITO DE CARGA ALVO...............................................................................................................................36
3.3 AÇÕES SEM INVESTIMENTO OU DE PEQUENOS INVESTIMENTOS.......................................................36
3.4 AÇÕES “COM INVESTIMENTO”...........................................................................................................................37
3.5 INDICADORES DE DESEMPENHO.........................................................................................................................37
3.6 FLUXO DA METODOLOGIA .................................................................................................................................40
3.6.1 ETAPAS DA METODOLOGIA.........................................................................................................................41
4 ANÁLISE TARIFÁRIA........................................................................................................................... 45
4.1 CONCEITOS BÁSICOS..............................................................................................................................................46
4.2 GRUPOS TARIFÁRIOS E TENSÕES DE FORNECIMENTO..............................................................................49
4.2.1 GRUPOS TARIFÁRIOS .....................................................................................................................................50
4.2.2 DEMANDA E CONSUMO DE ENERGIA CONFORME GRUPO TARIFÁRIO....................................52
4.2.3 FATOR DE CARGA (FC)..................................................................................................................................54
4.2.4 ENERGIA REATIVA E FATOR DE POTÊNCIA ...........................................................................................55
4.3 ANÁLISE DE CONTA DE ENERGIA........................................................................................................................56
5 GESTÃO ENERGÉTICA........................................................................................................................ 63
5.1 COMBUSTÍVEIS E EQUIVALÊNCIA ENERGÉTICA.............................................................................................64
5.2 CLASSIFICAÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS..............................................................................................................64
5.3 CARACTERIZAÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS........................................................................................................65
5.4 PROPRIEDADES DOS COMBUSTÍVEIS................................................................................................................69
5.5 EQUIVALÊNCIA DE UNIDADES..............................................................................................................................72
5.6 INDICADORES ENERGÉTICOS...............................................................................................................................74
5.7 RECURSOS TECNOLÓGICOS................................................................................................................................75
6 ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES............................................................................................ 79
6.1 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS.......................................................................................................................................80
6.2 TRANSFORMADORES..............................................................................................................................................82
6.3 MOTORES ELÉTRICOS.............................................................................................................................................84
6.3.1 RENDIMENTO, FATOR DE POTÊNCIA E CARREGAMENTO................................................................86
6.3.2 ECONOMIA DE ENERGIA COM O CONTROLE DE VELOCIDADE EM MOTORES.....................96
6.4 ILUMINAÇÃO..............................................................................................................................................................97
6.4.1 TIPOS DE LÂMPADAS E LUMINÁRIAS........................................................................................................101
6.4.2 IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM UM SISTEMA DE ILUMINAÇÃO..............................106
6.5 FORNOS, ESTUFAS E SISTEMAS DE GERAÇÃO DE CALOR........................................................................111
6.5.1 CONCEITOS BÁSICOS....................................................................................................................................111
6.5.2 IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM GERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E USO FINAL............121
6.6 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO.........................................................................................123
6.6.1 CONCEITOS BÁSICOS....................................................................................................................................123
6.6.2 IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM GERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E USO FINAL............134
6.7 SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO..........................................................................................................................138
6.7.1 CONCEITOS BÁSICOS.....................................................................................................................................138
6.7.2 SISTEMAS DE GERAÇÃO DE AR COMPRIMIDO....................................................................................139
6.7.3 SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE AR COMPRIMIDO............................................................................144
6.7.4 USOS FINAIS DE AR COMPRIMIDO...........................................................................................................147
6.8 SISTEMAS DE VENTILAÇÃO E EXAUSTÃO........................................................................................................148
6.8.1 CONCEITOS BÁSICOS....................................................................................................................................149
6.9 SISTEMAS DE BOMBEAMENTO............................................................................................................................158
6.9.1 CONCEITOS BÁSICOS....................................................................................................................................159
6.9.2 O QUE SÃO OS SISTEMAS DE BOMBEAMENTO..................................................................................162
6.9.3 IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM GERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E USO FINAL............165
7 ANÁLISE FINANCEIRA........................................................................................................................ 169
7.1 ANÁLISE FINANCEIRA BÁSICA...............................................................................................................................170
7.2 CUSTO DE OPORTUNIDADE..................................................................................................................................170
7.3 FLUXO DE CAIXA.......................................................................................................................................................170
7.4 TAXAS............................................................................................................................................................................171
7.5 RISCOS E INCERTEZAS.............................................................................................................................................172
7.6 TEMPO DE RETORNO DO CAPITAL....................................................................................................................172
7.6.1 TEMPO DE RETORNO DO CAPITAL TEMPO DE RETORNO DO
CAPITAL SIMPLES OU NÃO DESCONTADO............................................................................................172
7.7 ELABORAÇÃO DE CRONOGRAMA FÍSICO E FINANCEIRO:.......................................................................174
7.7.1 CRONOGRAMA FINANCEIRO:.....................................................................................................................175
8 RELATÓRIOS TÉCNICOS.................................................................................................................... 177
9 ESTUDO DE CASOS............................................................................................................................ 187
FECHAMENTO........................................................................................................................................ 202
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 203
APÊNDICE............................................................................................................................................... 206
MINICURRÍCULO DOS AUTORES.......................................................................................................... 219
APRESENTAÇÃO
Prezado(a) aluno(a),
Bons estudos!
UNIDADE DE ESTUDO 1
FUNÇÕES DO CONSULTOR
18 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Você compreenderá que as informações não se esgotam neste capítulo e que a norma ABNT NBR ISO
50002 – “Diagnósticos Energéticos – requisitos com orientação para uso” (2014) é uma grande aliada para
enriquecer seus conhecimentos e subsidiá-lo(a) na tomada de decisão.
Você também entenderá a importância do planejamento como ferramenta de gestão do dia a dia e
como assessoramento no alcance de resultados.
1 FUNÇÕES DO CONSULTOR
1.1 O CONSULTOR
Além das competências técnicas, o consultor de energia deve ser uma pessoa discreta, priorizando a
confidencialidade dos dados da empresa, deve ser objetivo e coerente em suas ações, comunicar-se com
clareza e preocupar-se em manter os canais de comunicação necessários com a empresa para facilitar o
fluxo das informações.
DICAS
Você agora saberá como uma consultoria de eficiência energética deve ser conduzida.Veja a seguir:
• Ela deve ser alinhada com o escopo acordado com a indústria;
• As informações que serão utilizadas para quantificar o desempenho energético devem ser consisten-
tes e únicas;
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o consultor de energia, consulte a norma ABNT NBR ISO 50002, item 4.2, 2014.
b) Quantidade de turnos/funcionários;
c) Linhas de produto;
f) Localização geográfica.
Conheça as Informações que podem ser obtidas com o Comprovante de Inscrição e de Situa-
ção Cadastral, exemplo da figura acima:
• Razão Social;
• Nome Fantasia;
• Endereço;
• Situação cadastral;
• Dentre outros.
Crédito de composição:
Fábio Paiva Ribeiro
PEQUENA De 20 a 99 empregados
MÉDIA De 100 a 499 empregados
GRANDE Mais de 500 empregados
Esta ficha é uma maneira prática de coletar informações cadastrais do cliente. O consultor
pode solicitá-la por e-mail antes da 1ª visita para subsidiá-lo com informações prévias e
diagnósticas. Veja modelo a seguir:
Ficha de Cadastro de Cliente
IDENTIFICAÇÃO DO CLIENTE
Razão Social:* (Preenchimento obrigatório)
Nome Fantasia:
Número de Funcionários:
CONTATOS: FINANCEIRO / COMPRAS
Endereço para envio de Boletos e NF* (Preenchimento obrigatório)
E-mail:
E-mail:
Local e Data:
1.3 A CONSULTORIA
Continuando nossos estudos, falaremos sobre Consultoria de Eficiência Energética. Trata-se
de uma análise detalhada do desempenho energético de uma indústria que visa solucionar e
recomendar intervenções nos elementos de consumo energéticos, com o objetivo de alcançar
o melhor uso dos insumos energéticos.
Para realização da consultoria energética, com base no escopo e na fronteira definidos para
diagnóstico energético (item 4.2.4 da norma ABNT NBR ISO 50002, 2014), é necessário o acesso:
FUNÇÕES DO CONSULTOR 23
• Motores Elétricos;
• Sistemas de Iluminação;
• Sistemas de Ar Comprimido;
• Sistemas de Climatização;
• Sistemas de Refrigeração;
• Sistemas de Ventilação;
• Sistemas de Exaustão;
• Sistemas de Bombeamento;
• Sistemas de Aquecimento;
2.1 A ENERGIA
Agora, você verá que a Energia, primeiro identificada pelo filósofo grego Aristóteles no século
IV A.C. é como uma realidade em constante movimento. Atualmente, dizemos que a “energia é
a medida da capacidade de realizar trabalho”.
Os recursos energéticos disponíveis na terra podem ser de fontes renováveis (hidráulica, so-
lar, eólica, oceânica, geotérmica ou proveniente de biomassa) de algumas dezenas de anos;
não renováveis (petróleo, carvão mineral, gás natural) de formação de milhares de anos. Essa
INTRODUÇÃO À EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 27
segunda é associada ao risco de esgotamento, por serem utilizadas em maior rapidez, acima
do tempo necessário para sua formação. A retirada e utilização da energia produz maior ou
menor impacto. As de origem fósseis provocam danos ao meio ambiente pela emissão de ga-
ses de efeito estufa durante a queima.
• A Energia Cinética: é a energia que está associada aos corpos em movimento, sendo um
dos tipos básicos de energia. Poderá manifestar-se de várias formas, tais como: no movimento
do carro, do eixo, da correnteza da água, do vento e até mesmo no voo do inseto.
Conheceremos agora a equação universal da Energia Cinética. Veja abaixo:
Ec = mV 2
2
Onde:
m = massa
V = Velocidade
Ec = Energia cinética
• A Energia Potencial: é a energia associada à posição de um corpo e que pode ser arma-
zenada. Para sua melhor compreensão, uma mola esticada, uma bola posicionada sobre uma
mesa, água no topo de uma represa, tudo isso tem energia potencial.
28 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
• Outras formas de energia: química, nuclear, térmica, luminosa (ou radiante) e elétrica. No
nível microscópio, esses tipos de energia são exemplos de energia mecânica (cinética ou poten-
cial). A energia química é armazenada em um combustível que é alterado ou quebrado durante
a combustão. A energia térmica de um corpo consiste principalmente na soma das energias
cinéticas de todas as suas moléculas.
Para quantificar a Energia no Sistema Internacional (SI), é utilizado o Joule (J), que tem, entre
outros, os seguintes múltiplos: Quilojoule, Megajoule.
A tabela a seguir apresenta os fatores de multiplicação para transformação de unidades de energia.
Com a modernidade, cada vez mais somos dependentes da eletricidade. Ela chegou para fa-
cilitar a nossa vida no trabalho, em casa, no lazer e em qualquer lugar onde estivermos.
Com o avanço da tecnologia e diante das centenas de bilhões de informações que trafegam
diariamente, necessitamos de uma fonte de energia elétrica cada vez mais eficiente.
Certamente, você está pensando “o que faríamos sem ela!”. Portanto, você percebeu a impor-
tância que ela tem para a nossa vida e agora saberá como controlamos o seu gasto.
Para quantificar a energia elétrica, a unidade mais utilizada é o Quilowatt Hora (kWh). É uti-
lizada pelas concessionárias de energia elétrica para controlar o consumo dos seus clientes.
Essa unidade será estudada com mais detalhes um pouco mais à frente.
O calor proveniente do sol pode ser utilizado também para a geração de energia elétrica por
meio das usinas solares térmicas. Como isso acontece? O sistema funciona com o aquecimento
de um fluido, que é transportado até uma unidade geradora. O fluido aquecido é empregado
INTRODUÇÃO À EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 31
para a produção de vapor, que aciona uma turbina acoplada ao eixo de um gerador elétrico
que produz eletricidade.
DICAS
Um sistema solar térmico de água tem em média uma vida útil de 20 anos. Porém, pode chegar a
25 anos, caso a execução do projeto venha a atender às exigências técnicas e o equipamento ope-
re em condições próximas das ideais. Quando falamos de ideais, incluem a qualidade da água do
sistema e das manutenções corretivas e preventivas.
ATENÇÃO
Os termos painel, módulo ou placa são usados em diversas literaturas para descrever um conjun-
to empacotado de células fotovoltaicas disponíveis comercialmente.
Veja, na figura a seguir, o mapa de insolação, que demonstra a energia recebida do sol ao
nível do solo no Brasil. Essa energia é medida da insolação diária da média anual típica e é
expressa em Wh/m2/dia (Watt-hora por metro quadrado dia). Essas informações contidas no
mapa são importantes para a consulta dos locais que apresentam maiores insolações no Brasil
e, por consequência, proporcionam mais oportunidades para a elaboração de projetos de mini
ou microgeração distribuída, entendida pelos setores elétricos no mundo como a produção de
energia próxima ao consumo.
SAIBA MAIS
VENEZUELA
COLÔMBIA
Boa Vista
Macapá
Teresina Natal
João Pessoa
Aracaju
Salvador
PERU
Brasília
Cuiabá
BOLÍVIA
Goiânia
Campo Grande
Belo Horizonte Vitória
5300 a 5500
5100 a 5300 Porto Alegre
4900 a 5100
4700 a 4900
0 500 1000
4500 a 4700
URUGUAI Km
Eficiência energética é uma atividade que busca melhorar o uso das fon-
tes de energia. A utilização racional de energia, chamada também sim-
plesmente de eficiência energética, consiste em usar de modo eficien-
te a energia para se obter um determinado resultado. Por definição, a
eficiência energética consiste da relação entre a quantidade de energia em-
pregada em uma atividade e aquela disponibilizada para sua realização
(Disponível em: http://www.abesco.com.br/pt/o-que-e-eficiencia-energetica-ee/.
Acesso em: 31/05/2017).
UNIDADE DE ESTUDO 3
METODOLOGIA DE TRABALHO
36 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
3 METODOLOGIA DE TRABALHO
3.1 A METODOLOGIA
A metodologia é uma grande aliada dos consultores. Palavra derivada do Latim “methodus”
(método), metodologia significa processo ou caminho para atingir um determinado objetivo.
A metodologia da consultoria de eficiência energética do Indústria + Eficiente trata-se da pa-
dronização dos atendimentos em busca de resultados satisfatórios para a indústria e deve
acontecer o mais próximo possível do que foi planejado. Ela é elaborada levando em con-
sideração os aspectos normativos (ABNT NBR ISO 50002 - Diagnósticos Energéticos, 2014) e
práticos sem esquecer as ferramentas (softwares, planilhas, exemplos e outros recursos) que
ajudam a nortear e facilitar todo o processo para o consultor.
ATENÇÃO
A sigla OPEX (sigla da expressão Inglesa Operational Expenditure, despesas operacionais em portu-
guês) se refere ao(s) custo(s) associado(s) à manutenção dos equipamentos, despesas operacionais
e gastos consumíveis que são necessários ao funcionamento do produto/serviço do negócio de
uma empresa.
É importante que você saiba que os ganhos significativos e alcançáveis com ações de curto e
médio prazo para as ações sem investimentos podem ser definidos como:
ATENÇÃO
A sigla CAPEX é a sigla da expressão inglesa “Capital Expenditure” (despesas de capital ou inves-
timento em bens de capital, em português) indica a quantidade de dinheiro gasto na compra de
bens de capital ou na(s) melhoria(s) de uma determinada empresa. Podemos entender que é o
montante de investimento realizado em instalações e equipamentos de uma empresa.
∑( Consumo Inicial Carga Alvo )* Valor expresso em MWh/ano que corresponde ao somatório do consumo obtido
das cargas-alvo no início da consultoria.
Custo do Programa
Valor expresso em R$ que corresponde ao valor do programa da consultoria
∑( Despesa Inicial Carga-Alvo ) - ∑( Despesa Final Carga-Alvo ) SENAI “Indústria + Eficiente”;
4 Redução das Despesas com Energia
=
∑( )*
das Cargas-Alvo com Investimento (%)
Despesa Inicial Carga Alvo Somatório da Economia das ações sem investimentos
Valor expresso em R$ que corresponde ao somatório de todas as economias
provenientes das ações sem investimentos em bens de capital.
* = Quando houver mais de uma ação de oportunidade de economia na mesma carga-alvo selecionada durante a consultoria, você, ao calcular os indicadores de desempenho, deverá utilizar no denominador, apenas uma vez, o valor
inicial da carga-alvo na fórmula. O valor não deve ser duplicado para não gerar resultado incorreto.
Figura 11 - Indicadores de desempenho utilizados no âmbito do Programa Indústria + Eficiente. Eficiência Energética
Fonte: Equipe SENAI/MG MG - CETEL (2017).
Antes que você inicie os seus cálculos, é importante que conheça os conceitos de cada indi-
cador representado na Figura 11 para facilitar o seu entendimento e a sua aplicação. Vamos
lá? Acompanhe.
1. Redução do Consumo Energético das Cargas-Alvo sem Investimento (%):
É o valor expresso em percentual resultante da diferença entre o somatório do consumo inicial das
cargas-alvo e o somatório do consumo final das cargas-alvo que foram selecionadas para as ações
sem investimento.
É o valor expresso em percentual resultante da diferença entre o somatório do consumo inicial das
cargas-alvo e o somatório do consumo final das cargas-alvo que foram selecionadas para as ações
com investimento.
3. Redução das Despesas com Energia das Cargas-Alvo sem Investimento (%):
É o valor expresso em percentual resultante da diferença entre o somatório da despesa inicial com
energia das cargas-alvo, e o somatório da despesa final com energia das cargas-alvo que foram se-
lecionadas para as ações sem investimento.
4. Redução das Despesas com Energia das Cargas-Alvo com Investimento (%):
É o valor expresso em percentual resultante da diferença entre o somatório da despesa inicial com
energia das cargas-alvo e o somatório da despesa final com energia das cargas-alvo que foram se-
lecionadas para as ações com investimento.
METODOLOGIA DE TRABALHO 39
Resultante da razão entre o custo do programa e as economias das medidas sem investimento
implantadas pelo produto do valor de referência de retorno do programa (12 meses), sem investi-
mento. O valor final é expresso em meses.
Para facilitar seus estudos, veja a seguir um exemplo do cálculo da redução de consumo e das
Despesas com energia das cargas-alvo consideradas para ações sem investimento, itens 1 e 3
da Figura 11, com todas as informações necessárias:
a) Carga-alvo (Motor Elétrico) - Custo anual de R$35.000,00, que corresponde ao consumo energético de
57,66MWh. Proposta de desligamento em períodos de funcionamento a vazio – Economia calculada
de R$7.000,00 e 11,53MWh.
c) Carga-alvo (Compressor) – Custo anual de R$27.000,00 00, que corresponde ao consumo energético
de 44,48MWh. Proposta de fechamento de válvulas de tubulação não utilizada – Economia calculada
de R$6.000,00 e 9,88MWh.
∑ (11, 53 + 8, 24 + 9, 88)
=
∑ (57, 66 + 44, 48)
=
∑ (29, 65)
∑ (102, 14)
= 29, 03%
Você percebeu que os itens b e c possuem a mesma carga-alvo? Esses itens fazem referência
ao mesmo elemento de uso final (compressor) e por isso o consumo energético em MWh é o
mesmo. Assim, o valor, a ser utilizado no denominador, não deverá ser duplicado para não
gerar um resultado incorreto.
Agora, acompanhe os cálculos da redução das despesas com energia, de acordo com infor-
mações e fórmulas do item 3 da Figura 11:
40 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Novamente, podemos perceber que, para cálculo da redução de despesa com energia, ire-
mos utilizar os itens b e c, que fazem referência ao mesmo elemento de uso final (compressor)
e por isso o valor com energia em R$ é o mesmo. O valor a ser utilizado no denominador não
deverá ser duplicado para não gerar um resultado incorreto.
Agora você acompanhará o exemplo de cálculo da redução do consumo e das despesas com
energia das cargas-alvo consideradas para ações com investimento, itens 2 e 3 da Figura 11 –
Indicadores de desempenho, com todas as informações necessárias:
a) Carga-alvo (Sistema Motriz) – Custo anual de R$72.840,00, que corresponde ao consumo energético
de 120MWh. Proposta de substituição de motores atuais por mais eficientes. Economia calculada
R$4.249,00 e 7MWh.
c) Carga-alvo (Forno Elétrico) – Custo anual de R$81.945,00, que corresponde ao consumo energético
de 135MWh. Proposta de substituição do forno elétrico por um a Gás - GLP. Economia calculada
R$40.669,00 e 67MWh.
∑ (7 + 25 + 67)
=
∑ (120 + 55 + 135)
=
∑ (99)
∑ (310)
= 31, 94%
Enfim, observe os cálculos da redução das despesas com energia, de acordo com informa-
ções e fórmulas do item 4 dos indicadores de desempenho:
METODOLOGIA DE TRABALHO 41
Redução das despesas com Energia das Cargas - alvo COM investimento
∑ (R$61.093,00)
=
∑(R$198.998,88)
= 30, 70%
Figura 12 - Fluxo da metodologia com a carga horária necessária para cada etapa
Fonte: Equipe SENAI/MG - CETEL (2017).
• Esse momento é importante para solicitar-lhe o envio da última conta de energia elétrica da empresa.
Se necessário, peça-lhe também o preenchimento da Ficha de Cadastro do Cliente. O modelo desse
formulário você já o conheceu anteriormente.
42 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
• Realizar a reunião com o cliente para conhecer as suas necessidades e expectativas além de
explicar-lhe o objetivo da consultoria, suas etapas, métodos e os resultados esperados. Nesse mo-
mento também podemos solicitar-lhe e verificar as últimas 12 contas de insumos energéticos para
conhecero histórico de consumo da empresa.
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o Planejamento do diagnóstico energético, consulte o item 5.2 da norma
ABNT NBR ISO 50002, 2014.
DICAS
A norma ABNT NBR ISO 50002, 2014 é uma fonte valiosa de conhecimentos. Consulte mais sobre
“Reunião
• Fazer a de abertura”
análise no eseu
tarifária item 5.3
registrar resultados.
Vamos lá!
Fábio Paiva Ribeiro
4 semanas 10 semanas
96h 44h
Figura 13 - Previsão de tempo para realização do trabalho
Fonte: Equipe SENAI/MG - CETEL (2017).
METODOLOGIA DE TRABALHO 43
CARGA
ETAPA AÇÕES RESULTADOS HORÁRIA
É a verificação in loco
Dados e Informações para a
das fontes de energia
visualização clara e precisa do
existentes na empresa e a
01 - Identificação de Usos perfil energético da empresa que
configuração dos elementos 8 horas
Finais e Cargas-Alvo. proporciona a definição de limites
consumidores alocados, a
de potenciais Cargas-Alvo a serem
fim de levantar cargas-alvo
trabalhadas.
potenciais.
4 ANÁLISE TARIFÁRIA
• Energia reativa: é a energia demandada por alguns equipamentos elétricos, necessária à manuten-
ção dos fluxos magnéticos e que não produz trabalho. A unidade de medida usada é o quilovar-hora
(kVArh);
• Energia aparente: a energia resultante da soma vetorial das energias ativa e reativa. É aquela que a
concessionária realmente fornece para o consumidor (kVA).
h
k VA
nte
re
pa Energia
iaA
erg Reativa
En kVArh
• Potência: é a quantidade de energia solicitada na unidade de tempo. A unidade usada é o quilowatt (kW).
Todos os equipamentos elétricos possuem uma potência, que pode estar identificada em
watts (W), em horse power (hp) ou em cavalo vapor (cv). Caso a potência esteja identificada em
hp ou cv, basta transformar em watts, usando as seguintes conversões:
CONVERSÃO DE UNIDADES
DE PARA MULTIPLIQUE POR
• Demanda: média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas ao sistema elétrico pela par-
cela da carga instalada em operação na unidade consumidora, durante um intervalo de tempo espe-
cificado (normalmente 15 minutos), expressa em quilowatts (kW) e quilovolt-ampère-reativo (kVAr),
respectivamente;
• Demanda faturável: valor da demanda de potência ativa, considerada para fins de faturamento, com
aplicação da respectiva tarifa, expressa em quilowatts (kW);
48 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
• Demanda medida: maior demanda de potência ativa, verificada por medição, integralizada em inter-
valos de 15 (quinze) minutos durante o período de faturamento. Se todos os equipamentos de uma
instalação estiverem ligados simultaneamente durante 15 minutos, a demanda será paga como se
eles tivessem permanecido ligados, durante o mês inteiro.
Além dos conceitos apresentados anteriormente, também é importante que você conheça os
conceitos a seguir:
• Carga instalada: soma das potências nominais dos equipamentos elétricos instalados na unidade
consumidora, em condições de entrar em funcionamento, expressa em quilowatts (kW).
• Fator de carga: razão entre a demanda média e a demanda máxima da unidade consumidora ocor-
ridas no mesmo intervalo de tempo especificado.
• Fator de potência (FP): razão entre a energia elétrica ativa e a raiz quadrada da soma dos quadrados
das energias elétricas ativa e reativa, consumidas num mesmo período especificado. Pode ser calcu-
lada pela equação a seguir:
FP = kWh ou FP = kW
kVAh kVA
• Tarifas Horo-Sazonais: São as tarifas cobradas dos clientes de maior carga que são atendidos pelo
subgrupo A1. Esses clientes, além de serem cobrados pelo valor do consumo registrado de energia
(kWh), serão cobrados também pela maior demanda registrada (kW) no mês. O limite dessa demanda
é acertado em contrato entre cliente e concessionária. Essas tarifas são nomeadas como: Convencio-
nal, Verde e Azul. Elas serão caracterizadas mais adiante.
• Horário de ponta (HP): período definido pela concessionária, composto por três horas consecutivas,
compreendidas entre 17 h e 22 h, exceção feita a sábados, domingos e feriados definidos pela Reso-
lução ANEEL 414. Neste intervalo a energia elétrica é mais cara.
• Horário fora de ponta (HFP): são as horas complementares às três horas consecutivas que com-
põem o horário de ponta, acrescidas da totalidade das horas dos sábados e domingos e feriados
definidos pela Resolução ANEEL 414. Neste intervalo a energia elétrica é mais barata.
• Tarifa de demanda: valor, em reais, do kW de demanda cobrado em determinado segmento horo-
-sazonal.
• Tarifa de ultrapassagem: tarifa a ser aplicada ao valor de demanda registrada que supera o valor da
demanda contratada, respeitada a tolerância.
• Tarifa de consumo: valor, em reais, do kWh ou MWh de energia utilizada em determinado segmento
horo-sazonal.
1 Subgrupo A: subgrupo incluído no grupo A que é composto por unidades consumidoras com fornecimento em
tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou atendidas a partir de sistema subterrâneo de distribuição em tensão secundária,
caracterizado pela tarifa binômia.
ANÁLISE TARIFÁRIA 49
• Curva de Carga do Sistema: a curva de carga do sistema elétrico para um dia típico apresenta o perfil
mostrado na figura 15. O horário de ponta de 17h às 22h, como vimos anteriormente, representa o
período do dia em que o sistema demanda mais carga.
DEMANDA REGISTRADA
700
600
500
400
300
200
100
Wendell Aguiar
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
DEMANDA
Considerando o gráfico acima, no qual percebemos que se consome mais energia no horário
de ponta, concluímos que ele reflete, em parte, a maioria dos consumidores do sistema elétrico
brasileiro.
Portanto, o sistema precisa ser dimensionado para atender à carga máxima solicitada por
todos os clientes atendidos por uma determinada concessionária. Sendo assim, qualquer au-
mento de demanda na ponta impacta em investimento por parte das concessionárias visando
realizar esse atendimento.
Logo, é por meio da sinalização tarifária, isto é, preços mais elevados e mais baixos nos HP e
HFP, respectivamente, que se pretende tornar a curva do sistema mais plana ao longo do dia.
Tendo em vista os conceitos já apresentados, estudaremos a seguir a classificação dos consu-
midores, isto é, os grupos tarifários, e as tensões de fornecimento.
SAIBA MAIS
Para obter maiores informações sobre esses e outros conceitos relacionados à análise tarifária,
consulte a Resolução Nº414/2010 da ANEEL.
Consumidores atendidos em alta tensão, acima de 2.300volts, como indústrias, shoppings, e alguns
GRUPO A
edifícios comerciais e públicos.
Destacamos, ainda, que o Grupo A é dividido em subgrupos, por exemplo, o subgrupo A4.
Nele, além da maioria das indústrias, geralmente temos os prédios públicos, principalmente
os que são considerados consumidores de grande porte, tais como: hospitais, universidades,
prédios de grande porte com atividades administrativas, instalações militares, entre outros.
Na tabela a seguir, veja os subgrupos do grupo A, que também são classificados de acordo
com suas tensões de fornecimento:
A1 ≥ 230 kV
A2 88 kV a 138 kV
A3 69 kV
A3a 30 a 44 kV
AS Subterrâneo
Vale ressaltar que, para efeito de faturamento da energia elétrica, distinguem-se somente
dois grupos tarifários: o grupo A, Alta Tensão, e o grupo B, Baixa Tensão.
Como vimos, grupos tarifários é a forma de dividir os clientes de acordo a tensão de forne-
cimento. Os clientes de baixa tensão, < 2.300 V, são enquadrados no Grupo B; e os de maior
tensão são enquadrados no Grupo A.
A) CONSUMIDORES DO SUBGRUPO AS
consumo igual ou superior a 30 MWh/mês e cujo contrato de demanda seja, no mínimo, igual a
150 kW. Caso contrário, serão atendidas por tarifa monômia do subgrupo AS, aplicada apenas
sobre o consumo.
As instalações enquadradas no Grupo B têm tarifa monômia, ou seja, são cobradas ape-
nas pela energia consumida cujo valor depende das classes: residencial, comercial, rural,
entre outras.
As instalações enquadradas no Grupo A têm tarifa binômio, ou seja, são cobradas pela de-
manda contratada e pelo consumo.
Essas instalações são enquadradas em três modalidades tarifárias:
• Tarifação Convencional;
• Tarifação Verde;
• Tarifação Azul.
Na tabela a seguir, temos um exemplo de tarifa para consumidores do subgrupo A4. Observe!
Tabela 6 - Exemplo de tarifa para consumidores A4 (de 2,3kV a 25kV) SEM ICMS
Fonte: SENAI/MG (2017).
ATENÇÃO
É importante ressaltar que o valor da tarifa é alterado anualmente pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL).
Agora você aprenderá sobre o consumo e a demanda conforme o grupo tarifário. Acompanhe!
A) TARIFA CONVENCIONAL
Logo, a fim de sabermos o valor da parcela de consumo, precisamos fazer o seguinte cálculo:
Para sabermos o valor da parcela de demanda, por sua vez, fazemos o seguinte cálculo:
Por fim, para identificarmos o valor da parcela de ultrapassagem, devemos fazer o cálculo
a seguir:
ATENÇÃO
B) TARIFA VERDE
Nesses casos, a conta de energia será composta da soma de parcelas relativas ao consumo,
no horário de ponta e fora da ponta, mais a parcela da demanda e a parcela da ultrapassagem,
sendo seu valor calculado da seguinte forma:
É importante você saber, ainda, que, na tarifa verde, só é cobrada a parcela de ultrapassagem
quando a demanda medida ultrapassa em 5% a demanda contratada. Para definir o seu valor,
devemos fazer o seguinte cálculo:
C) TARIFA AZUL
O enquadramento dos Consumidores do Grupo A, subgrupos A1, A2, e A3, na tarifa Ho-
ro-Sazonal Azul, é obrigatório. Nessa modalidade tarifária, o consumidor pactua com a
concessionária o valor desejado para a demanda contratada no horário de ponta e fora
da ponta.
Contudo, é importante você saber que, embora não esteja explicitado na Resolução 414 da
ANEEL, o consumidor pode contratar valores de demanda diferentes para o horário de ponta
e fora de ponta.
O valor da parcela de consumo é definido conforme a seguir:
A parcela de ultrapassagem, por sua vez, é cobrada apenas quando a demanda medida ul-
trapassa os limites de tolerância da demanda contratada. Esse limite é de 5% para subgrupos
A1, A2, A3, A3a, A4 e AS
As tarifas de ultrapassagem são diferenciadas por horário, sendo mais caras nas horas
de ponta.
54 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Anteriormente, vimos sobre as tarifas referentes ao consumo de energia elétrica. Agora, va-
mos aprender sobre o fator de carga (FC). Acompanhe!
O fator de carga (FC) é um índice que informa se a empresa está usando racionalmente a
energia que consome. É a razão entre a demanda média e a demanda máxima da unidade
consumidora ocorridas em um mesmo intervalo de tempo.
Sendo assim, ele mostra a relação entre o consumo de energia e a demanda de potência em
um determinado período de tempo, variando de 0 (zero) a 1 (um).
Saiba que quanto mais próximo de 1 (um), melhor está sendo o aproveitamento da potência
disponível para uso.
Veremos agora os tipos de fatores de carga, de acordo com a tarifação.
• Fator de carga na tarifação convencional: quando o faturamento de uma instalação é feito na tari-
fação convencional, adota-se que o tempo médio mensal em que a energia elétrica está disponível é
de 24 horas por dia ou 730 horas por mês. Nesse caso, o fator de carga será:
300.000 (kWh)
Fator de Carga = = 0,82
500 (kW) x 730h
• O fator de carga na tarifação horo-sazonal azul: quando uma instalação tem seu faturamento pela
tarifa verde ou azul o tempo médio mensal continua sendo de 730 h/mês.
Nesse caso, o custo da energia vai variar em função de sua utilização no período seco ou úmi-
do e no período de ponta e fora de ponta.
A seguir, temos a expressão utilizada para se calcular o fator de carga no horário de ponta (FC HP):
Veja agora a expressão utilizada para se calcular o fator de carga no horário fora de ponta (FC HFP):
Vimos, no item sobre tensão de fornecimento, que a energia reativa é a energia solicitada
por alguns equipamentos elétricos para a manutenção dos fluxos magnéticos, não produzin-
do trabalho.
A unidade de medida usualmente utilizada para a energia reativa é o VArh ou kVArh (1
kVArh = 1000 VARh). A unidade de medida usada para medir a potência reativa, por vez, é o
VAR ou kVAr.
Saiba que a potência reativa é o componente da potência global necessária à magnetização
que não produz trabalho, provocando o aquecimento dos condutores, o que resulta em perdas
de energia elétrica.
A energia reativa deve ser suficiente, apenas, para manter os fluxos magnéticos dos equi-
pamentos que necessitam de campos magnéticos para seu funcionamento, por exemplo, os
motores de indução.
É importante você saber, ainda, que o limite para sua presença nas instalações consumido-
ras é dado por um fator denominado fator de potência (FP). Esse fator estabelece a relação
entre a energia ativa, energia real que produz trabalho, e a potência total, ou potência apa-
rente do circuito.
É importante perceber que o fluxo de potência em circuitos de corrente alternada tem três
componentes, sendo eles:
É a medida da energia armazenada que é devolvida para a fonte durante cada ciclo
de corrente alternada. É utilizada para produzir os campos elétrico e magnético
POTÊNCIA REATIVA (Q)
Fábio Paiva Ribeiro
• O período diário complementar ao definido no tópico anterior. Apenas os fatores de potência inferio-
res a 0,92 indutivo, verificados em cada intervalo de 1 (uma) hora, devem ser faturados.
ATENÇÃO
Caso o fator de potência de uma instalação seja inferior a 0,92, a concessionária cobrará multa
em decorrência do baixo fator de potência. Logo, caberá ao responsável pela instalação provi-
denciar as medidas corretivas.
Agora que você já viu alguns conceitos básicos sobre as análises tarifárias, tais como: tipos de
tarifas, grupo de consumidores, fator de potência etc., veremos a seguir a análise e o acompa-
nhamento do consumo de energia elétrica.
Saiba que os dados históricos e periódicos do consumo de energia elétrica, especialmente
nos consumidores tarifados em alta tensão AT, são de grande importância para qualquer pro-
grama de conservação de energia.
Destacamos que esses dados poderão fornecer informações preciosas que subsidiarão a
identificação dos equipamentos com maior consumo de energia, bem como a análise dos seus
desempenhos e programas de acompanhamento diário, semanal e mensal, trazendo resulta-
dos mais compensadores e reduzindo seus custos operacionais.
Em grandes edificações, é fundamental compreender que, para identificar os equipamen-
tos que mais consomem energia de forma inadequada, geralmente, são necessárias medições
pontuais para acompanhamento do seu desempenho operacional. Nesse caso, é aconselhável
o auxílio de pessoal especializado, capaz de realizar um estudo completo e de propor as solu-
ções mais adequadas para cada situação.
A fim de realizar o acompanhamento do consumo de energia elétrica das instalações do Gru-
po A, ao longo do tempo, sugere-se aqui um modelo de tabela. Acompanhe!
FUNÇÕES DO CONSULTOR 57
VALOR EM R$ MENSAL
ILUMINAÇÃO PÚBLICA
CONSUMO HFP kWh
CONSUMO HP kWh
DEMANDA HFP kW
DEMANDA HP kW
MULTAS
TOTAL
MÊS
JANEIRO
FEVEREIRO
MARÇO
ABRIL
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
Fábio Paiva Ribeiro
NOVEMBRO
DEZEMBRO
A tabela acima engloba todas as informações de qualquer sistema tarifário, a partir da tarifa-
ção Horo-Sazonal Azul. Para sua aplicação em sistemas tarifados pelas tarifas: convencional e
horo-sazonal Verde, basta desprezar as colunas não utilizadas nessas tarifas.
Durante o acompanhamento e controle do consumo de energia, podem-se definir alguns
índices que servirão de indicadores comparativos, sendo eles:
58 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Vale ressaltar que outros indicadores poderão ser criados e usados, dependendo do tipo de
atividade desenvolvida nas instalações em estudo, tais como: m³ de lenha/tonelada de vapor
gerado, consumo de gás/peças produzidas, m2 iluminado/kW de iluminação instalado etc.
Tendo em vista os conteúdos estudados até aqui, aprenderemos agora a interpretar, de forma
adequada, os dados obtidos por meio do acompanhamento do consumo da energia elétrica.
Logo, é importante que você esteja atento às orientações que se seguem:
• Organizar, em uma tabela, as informações mensais de consumo e demanda de energia elétrica, obti-
dos diretamente das contas mensais apresentadas pela concessionária;
• Questionar a razão de um determinado aumento de consumo para que você possa identificar a ocor-
rência de consumos desnecessários de eletricidade em determinados períodos;
• Fazer uma lista dos equipamentos utilizados na instalação, identificando seus horários de funciona-
mento, considerando as 24 horas do dia, no decorrer do mês;
• Anotar, para cada mês, o número de dias considerados na leitura do medidor, os respectivos con-
sumos de cada mês e o consumo médio diário, obtido pela divisão do consumo em cada mês pelo
número de dias entre as datas das leituras.
• Analisar as demandas registradas durante o período. Elas não devem ter grandes variações, pois
aumentos significativos só se justificam pela instalação de novas cargas elétricas. Caso contrário, ha-
vendo grandes variações, realize uma avaliação sistemática acerca da operação de equipamentos que
possam apresentar particularidades que resultem em valores diferentes de demanda;
• Verificar a diferença entre os valores de demanda registrada e faturada. Se os valores não estiverem
próximos, estará havendo desnecessário acréscimo à conta de energia elétrica. Analisar esse resulta-
do de acordo com o tipo de tarifação contratado com a concessionária;
• No caso do faturamento pela tarifa azul, desenvolver a mesma análise para os horários de ponta e
fora de ponta;
• Calcular os consumos específicos criados para as atividades desenvolvidas na edificação. O(s) índice(s)
não deve(m) variar muito de um mês para o outro, a não ser em decorrência de sazonalidades, por
exemplo: períodos de férias em escolas. Caso haja grande variação, fora de períodos excepcionais,
pesquise as causas dessa variação.
ATENÇÃO
Tenha o cuidado de lembrar que os dados da conta de energia elétrica se referem ao consumo
do mês anterior. Verificar, ainda, as datas de leitura dos medidores que podem não ser coinci-
dentes com o mês do calendário.
• Observar o fator de carga (FC) ao longo dos meses. Quanto mais próximo da unidade, menor o
custo médio do kWh consumido. Logo, havendo grandes variações, investigue e elimine as causas
dessa ocorrência.
A seguir, temos uma tabela que pode ser utilizada de forma a nos auxiliar no registro e na
interpretação dos dados obtidos por meio do acompanhamento do consumo de energia elé-
trica. Observe!
Após anotar os dados de produção da empresa e preencher a planilha de análise tarifária,
constatamos as seguintes situações:
• O sistema de aquecimento a gás estava em manutenção, reforma, e a empresa foi obrigada a ligar o
sistema de aquecimento elétrico.
• O aumento ocorreu no horário fora de ponta (HFP), sendo assim, é possível a redução dos custos com
a mudança da tarifa de verde para azul, como veremos no na Figura 19 (Custos tarifa Verde X Azul) e
na Tabela 10 de custos anuais. Acompanhe!
200.000
4.990 Produção
100.000 4.980
0 4.970
mar/2016
nov/2015
mai/2016
jan/2016
set/2016
jul/2016
1800
1600
1400
1200
1000
Kw
800
600 DEMANDA
REGISTRADA
400
200
Fábio Paiva Ribeiro
0 DEMANDA
CONTRATADA
5
6
1
01
01
01
01
20
20
/2
/2
l/2
t/2
v/
n/
ar
ai
ju
se
no
ja
m
m
PERÍODO
600.000 1500
500.000
400.000 1000
300.000
200.000 500
dez/2015
jan/2016
fev/2016
mar/2016
abr/2016
mai/2016
jun/2016
jul/2016
ago/2016
set/2016
out/2016
Figura 18 - Gráfico de Demanda e Consumo registrado
Fonte: SENAI/MG (2017).
R$450.000,00
R$400.000,00
R$350.000,00
R$300.000,00
R$250.000,00
R$200.000,00
R$150.000,00
R$100.000,00
THS VERDE - TARIFA ATUAL THS AZUL
R$50.000,00
Fábio Paiva Ribeiro
R$-
set/2015
out/2015
jan/2016
mar/2016
mai/2016
jun/2016
ago/2016
out/2016
nov/2016
dez/2015
Estima-se, que, nos processos térmicos existentes nos diversos setores industriais, cerca de 53% utili-
zam algum tipo de fonte energética diferente da energia elétrica. Historicamente, identifica-se que as fon-
tes mais utilizadas são os combustíveis sólidos, como o carvão vegetal e mineral. Contudo, após a década
de 1960, com a massificação do processo de exploração de petróleo, combustível líquido mais utilizado
nos dias atuais, tem-se reduzido drasticamente a utilização dos combustíveis sólidos.
Nesta unidade, você estudará os principais combustíveis utilizados nos processos térmicos, de combus-
tão, usados pelas indústrias e suas principais características técnicas.
5 GESTÃO ENERGÉTICA
A) Combustíveis Sólidos
Madeira (lenha): é um dos combustíveis mais antigos utilizados nos processos de aqueci-
mento nas indústrias e possui como estruturas principais a celulose, resinas, água e sais mi-
nerais. Também é utilizada como carvão vegetal para a geração de energia elétrica e outras
aplicações ligadas ao setor residencial, agropecuário e industrial.
É caracterizada como um dos principais insumos energéticos utilizados nos processos térmi-
cos, que apresenta vantagens e desvantagens quanto a sua utilização energética em compara-
ção aos óleos combustíveis. Veja o quadro a seguir:
VANTAGENS: DESVANTAGENS:
• Baixo custo de aquisição; • Menor poder calorífico;
• Processo de combustão que não promove a emissão de • Maior possibilidade de geração de material particu-
dióxido de enxofre (gás altamente tóxico); lado para a atmosfera e as dificuldades no estoque e
• Reduzido impacto ambiental com menor emissão de cin- armazenamento.
Cotações de madeira de eucalipto para produtos - Estado de São Paulo - 2016 (R$/m³)
Produto jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16 dez/16 Media
Energia 42.84 44.01 44.46 44.46 41.32 41.73 41.32 39.90 41.32 41.63 41.32 41.32 42.1
Processo 41.14 40.73 39.52 38.76 41.05 41.10 41.05 40.89 41.05 40.57 40.48 40.81 40.6
Tratamento * 67.71 63.71 59.5 58.56 62.38 61.75 61.13 57.33 62.38 61.75 58.63 58.13 61.08
Serraria * 112.14 115.71 115 113.57 118.57 119.29 119.57 124.17 121.43 120.00 122.43 122.07 118.66
Fábio Paiva Ribeiro
Carvão Mineral: classificado em quatro formas diferentes: turfa, linhito, antracito e hulha.
A turfa possui baixo poder calorífico e excesso de umidade. O linhito possui poder calorífico
superior à turfa e o seu uso é restrito. O antracito é um carvão seco com elevado poder calorí-
GESTÃO ENERGÉTICA 67
fico e muito utilizado pelo setor industrial. A hulha, por sua vez, é o verdadeiro carvão mineral.
O carvão mineral também é utilizado na produção do coque para fins siderúrgicos e, quando
beneficiado, é denominado como carvão vapor e carvão metalúrgico. O carvão vapor é usado
no processo de geração de energia elétrica e na indústria cimenteira. Já o carvão metalúrgico é
utilizado em coquerias para geração de coque de carvão mineral.
Bagaço de cana: é um resíduo da cana-de-açúcar e sua estrutura é composta por fibras (prin-
cipalmente celulose, hemicelulose e lignina), sais minerais, açúcar residual, substâncias solú-
veis e água. Também é utilizado para a geração de energia elétrica em processos de cogeração.
B) Combustíveis líquidos
É importante você saber que cada processo térmico utiliza um tipo específico de óleo para a
queima, variando assim as características desse sistema. Em função da viscosidade, são sele-
cionados o teor de enxofre e o ponto de fluidez. Vale ressaltar, ainda, que a Portaria ANP nº 80,
de 30 de abril de 1999, estabelece a especificação dos óleos combustíveis a serem comerciali-
zados no Brasil.
VANTAGENS: DESVANTAGENS:
• Menor formação de resíduos e • Processo de combustão com emissão de gases tóxicos;
geração de poluentes; • Com a necessidade de utilização de altos volumes de excesso de ar de combus-
• Bom escoamento dentro das tão, apresenta emissão de óxidos de nitrogênio (NOx), principalmente quando
temperaturas de especificação; operando em temperaturas elevadas;
• Maior segurança na operação e • Requer um sistema para aquecer o óleo, a fim de reduzir a resposta de elevação
no armazenamento. de temperatura em caso de interrupção do funcionamento do equipamento;
Fábio Paiva Ribeiro
C) Combustíveis gasosos
Gás natural: combustível considerado de baixo potencial poluente, por apresentar reduzi-
dos níveis de emissão de poluentes na atmosfera. Possui alto poder calorífico e variada possi-
bilidade de utilização nos processos térmicos.
Na ultima década, observamos a crescente utilização do gás natural como fonte de energia.
Diante disso, vários aspectos podem justificar esse crescimento, entre eles, podemos citar: a
fiscalização ambiental mais intensa e, consequentemente, o agravamento das penalidades.
Veja, no quadro a seguir, as vantagens e desvantagens do uso desse recurso:
VANTAGENS: DESVANTAGENS:
• Redução drástica na emissão de gases tóxicos e • Em função de possuir menor densidade e comparando-o com
partículas sólidas; os combustíveis líquidos e sólidos, o gás natural possui limita-
• Uso direto do processo de combustão; ções para o armazenamento e a portabilidade;
• Alta eficiência térmica no processo de combustão; • Processo de combustão libera altos níveis de vapor d’água,
• Possibilidade de automação do sistema de chama, elevando assim o seu calor específico e reduzindo sua tempe-
Industrial
Tarifas de Gás Natural Canalizado
Área de Concessão da Comgás
Deliberação ARDESP n° 716, de 30/03/2017, com vigência a partir de 01/04/2017
Segmento Industrial
VALORES SEM ICMS VALORES COM ICMS
VARIÁVEL FIXO VARIÁVEL
CLASSES Volime m³/mês Fixo - R$/mês R$/m³ R$/m³ R$/m³
1 Até 50.000,00 m³ 195,98 1,681789 230,56 1,978575
2 50.000,01 a 300.000,00 m³ 30.662,92 1,072424 36.074,02 1,261675
3 300.000,01 a 500.000,00 m³ 51.104,87 1,004225 60.123,38 1,181441
4 500.000,01 a 1.000.000,00 m³ 57.375,31 0,991685 67.500,36 1,166688
5 1.000.000,01 a 2.000.000,00m³ 83.004,97 0,966055 97.652,91 1,136535
6 >2.000.000,00m³ 128.233,79 0,94344 150.863,28 1,109929
Nota do Faturamento: Cada classe é independente. Aplica-se a cada uma delas um encargo variável e um encar-
go fixo.
Notas:
1) Valores para Gás Natural referidos nas seguintes condições:
Poder Calorífico Superior: 9.400 kcal/m³ (39.348,400 kj/m³ ou 10,932 kWh/m³)
Temperatura = 293,15° K (20°C)
Pressão = 101.325 Pa (1 atm)
Gás liquefeito de petróleo (GLP): utilizado como combustível em aplicações de aquecimento, que
necessitem de grande volume de combustível, em função de sua alta capacidade de condensação.
• Ponto de fluidez: inversamente ao conceito de viscosidade, que avalia a resposta do fluido combus-
tível ao processo de elevação de temperatura, o ponto de fluidez está relacionado ao menor valor de
temperatura, no qual podemos identificar o escoamento de um fluido.
• Umidade: característica relacionada, principalmente aos combustíveis sólidos, que especifica o per-
centual de água contida no combustível e está diretamente relacionada à capacidade de combustão
do combustível.
• Poder Calorífico (PC): representa a quantidade de calor liberada num processo de combustão, po-
dendo ser classificado em superior ou inferior. O poder calorífico superior (PCs) inclui a energia do
combustível mais o calor latente da água presente nos gases de combustão, pois considera que ela
esteja líquida. Já o poder calorífico inferior (PCi) não considera isso. O PCi é um importante parâmetro
para avaliação da eficiência térmica na geração de vapor.
Carvão vapor sem especificação, podendo ser especificados produtos com PCs Superior.
1
(3) kcal/m3
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre outras características dos combustíveis, leia o livro Combustível e Com-
bustão Industrial de Roberto Garcia, ano de publicação 2002.
72 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
“1
[kN/m²] 1 0,01 0,0102 9,87x10³ 0,14504 7,501 102
[kPa]”
“1
100 1 1,02 0,987 14,504 750,1 1,021x10
[bar]”
“1
98,0665 0,980665 1 0,9678 10,223 735,56 1,00x10
[kgf/cm²]”
“1
101,3 1,01325 1,0332 1 14,696 760 1,033x10
[atm]”
“1
[lbf/pol²] 6,8948 0,06895 0,70307 0,068046 1 51,7 704,28
[psi]”
“1
[Torr] 0,13332 1,3332x10³ 1,3595x10³ 1,3158x10³ 1,9337x10² 1 13,62
[mmHg]”
“1
[kgf/m²] 9,79x10³ 0,9794x10 1,00x10 0,965x10 1,4199x10³ 0,0734 1
Fábio Paiva Ribeiro
[mmH2O]”
Portanto,
1 kg de GLP = 1,25 m³ de GN
SAIBA MAIS
Caso você queira aprofundar seus conhecimentos sobre unidades de conversão, leia o livro Com-
bustível e Combustão Industrial de Roberto Garcia, ano de publicação 2002.
Saiba que toda gestão energética tem como princípio o uso racional e responsável de todos
os insumos, sem abrir mão da produtividade. Logo, uma das formas de acompanhamento e
monitoramento da utilização dos recursos, dentro de uma planta produtiva, é por meio de in-
dicadores de eficiência energética.
Ressaltamos que, mesmo com a opção de desenvolvermos vários indicadores, neste momen-
to, focaremos somente nos dois mais utilizados: consumo específico de energia (CE) e custo
médio de energia.
CAi
CE =
QPi
Onde:
CA - consumo mensal de energia dado em kWh/mês;
QP – quantidade de produto ou serviço produzido no mês pela unidade consumidora;
i - índice referente ao mês de análise do histórico de dados.
Os dados referentes ao consumo mensal de energia (CA) devem coincidir com a produção no
mês (QP). É de suma importância utilizar o exato consumo de energia e da produção no perío-
do a ser analisado.
Para a definição do indicador de custo médio de energia (CMe), também chamado de custo
unitário de energia, utilizaremos a seguinte expressão:
Onde:
CMe – custo médio de energia (R$/kWh).
GESTÃO ENERGÉTICA 75
LENHA MISTA
MÊS/ANO “FATOR DE PREÇO
PCI
kG R$ CONVERSÃO MWh MÉDIO
(kcal/kg) kcal kWh” R$/MWh
jan/16 208608 23469 3100 751,59 31,23
fev/16 236979 26661 3100 853,8 31,23
mar/16 217344 24450 3100 783,06 31,22
abr/16 254976 28680 3100 918,65 31,22
mai/16 239040 26890 3100 861,23 31,22
jun/16 162288 18260 3100 584,7 31,23
0,00116222
jul/16 188400 21198 3100 678,78 31,23
ago/16 197856 22262 3100 712,85 31,23
set/16 182688 20553 3100 658,2 31,23
out/16 200592 22568 3100 722,71 31,23
Inicialmente, para essas análises, devem ser realizadas algumas indagações e observações:
O PCI tabelado está adequado ao material combustível?
É necessário corrigir o PCI do material combustível a algum valor de umidade específico?
Você está considerando o rendimento do equipamento (caldeira, motor diesel ou forno), em
que se realiza a queima do combustível?
Caso os dados da indústria sejam registrados em unidades diferentes do tabelado, devem ser
feitas alterações, ou seja, se o consumo de lenha da indústria for registrado em m³, deve ser reali-
zado um empilhamento de lenha nas dimensões 1x1x1 m em uma balança. A massa medida (em
kg/m³) deverá ser utilizada como densidade para conversão dos valores mensais de m³ para kg.
Se possível, execute esse processo de empilhamento e pesagem em mais de uma amostra,
de forma a identificar possíveis variabilidades do insumo, obtendo assim uma média das den-
sidades com maior confiabilidade.
GESTÃO ENERGÉTICA 77
kg
m3=
ρ
Onde:
m³ - volume utilizado (ocupado)
kg – massa do material
ρ – densidade (massa) específica
Ao final da aba, as colunas de “Consumo Energético Total” e “Indicador de desempenho Ener-
gético (IDE)” apresentam, respectivamente, o somatório da energia consumida por todos os
insumos com a fatura de energia elétrica e sua fração com a produção mensal, que significa o
consumo de energia total da indústria por unidade de produção.
CONSUMO
PRODUÇÃO IDE
MÊS/ANO ENERGÉTICO TOTAL
ton MWh MWh/ton
jan/16 1.334 775,59 0,5814
fev/16 1.624 873,4 0,5378
mar/16 1.629 804,66 0,494
abr/16 1.400 938,65 0,6705
mai/16 1.231 882,03 0,7165
jun/16 1.433 606,3 0,4231
jul/16 1.434 700,78 0,4887
ago/16 1.799 732,05 0,4069
Fábio Paiva Ribeiro
• compreender o que são os transformadores e os motores elétricos, além de como utilizá-los a fim de
evitar as perdas de energia elétrica nas instalações;
• conhecer os diferentes sistemas que podem compor as instalações elétricas industriais, sendo eles:
sistema de iluminação, sistemas de refrigeração e climatização, sistemas de ventilação e exaustão,
sistema de ar comprimido e o sistema de bombeamento.
Em geral, nas instalações elétricas, podemos verificar alguns problemas que podem gerar o
aumento do consumo de energia elétrica e ocasionar falhas no sistema, tais como:
• Afundamentos de tensão e frequência;
• Desequilíbrio de tensão;
• Distorções harmônicas;
• Interrupções frequentes;
• Subtensão;
• Sobretensão;
• Cintilação (“flicker”);
Antes de tudo, saiba que o sistema elétrico de distribuição de energia de uma instalação in-
dustrial pode apresentar diversos arranjos. As configurações desses arranjos são definidas em
função dos elementos abaixo:
• Confiabilidade do suprimento desejado de energia elétrica;
É importante destacarmos que uma causa muito comum de perda de energia e o consequen-
te aumento na conta de energia elétrica é a fuga de corrente. Saiba que as fugas de corrente
são um comprometimento da segurança, devendo ser sanadas assim que detectadas. Suas
principais causas são:
• Aparelhos defeituosos;
• Emendas mal feitas ou mal isoladas;
• Fios desencapados ou com isolamento desgastado;
ATENÇÃO
DICAS
Não efetue emendas com fios de seções (bitolas) diferentes. Além de perigosas, essa prática
pode aumentar as perdas no sistema.
Por fim, é importante destacar que uma distribuição não equilibrada de cargas pelas fases
pode causar vários efeitos, tais como:
• Queima de fusíveis ou desligamento dos disjuntores;
• Funcionamento inadequado dos equipamentos conectados a uma fase mais carregada que
as demais.
Logo, o desequilíbrio deve ser corrigido, transferindo alguns equipamentos da fase mais car-
regada para a fase menos carregada. Ressaltamos que a medição e a transferência da carga
devem ser executadas por profissional habilitado.
6.2 TRANSFORMADORES
Um transformador é um dispositivo destinado a transmitir energia elétrica ou potência elé-
trica de um circuito a outro, induzindo tensões, correntes e/ou de modificar os valores das
impedâncias elétricas de um circuito elétrico.
Os transformadores podem ser usados pra elevar a tensão para que a energia seja
transmitida com menores perdas ou para abaixar a tensão e permitir mais segurança e
uso.
2. Utilize o transformador com carregamento na faixa de 70% a 80% de sua potência nominal, obten-
do-se rendimento e vida útil satisfatórios.
3. Quando um transformador é mantido sob tensão e não fornece nenhuma potência, suas perdas no
cobre são praticamente nulas, enquanto as perdas no ferro ocorrem sempre.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 83
DICAS
4. Quando existirem diversos transformadores para alimentar a mesma instalação, seria mais eco-
nômico ajustar a carga em funcionamento, alternando o uso dos transformadores, limitando-se,
assim, as perdas em vazio nas horas de baixa carga, ou em que a indústria não esteja funcionando.
6. Em muitos casos, pode ser viável ter um transformador de menor porte, exclusivo para alimentação
da iluminação, de modo a permitir mantê-la ligada durante a execução dos serviços de limpeza e
vigilância nos horários em que a empresa não esteja funcionando.
9. Quando uma indústria dispõe de mais de um transformador, pode-se obter uma redução das per-
das com uma adequada redistribuição das cargas elétricas entre os transformadores, de forma que
os que operam com carregamento elevado tenham sua corrente reduzida, enquanto que outros,
com carregamento baixo, recebam parte da carga.
150 540
225 765
Fábio Paiva Ribeiro
300 950
500 1525
Tabela 21 - Valores das perdas a vazio em transformadores de distribuição trifásicos da classe 15kV
Veja, no quadro que se segue, exemplos reais de uma indústria siderúrgica cujos transforma-
dores foram medidos com um analisador de energia.
84 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
N° 1: TRANSFORMADOR
DE 300 KVA – 220V N° 2 - TRANSFORMADOR N° 3- TRANSFORMADOR
(UTILIZADO NOS DE500 KVA – 220V DE 1000 KVA – 440V (FORNO)
ESCRITÓRIOS)
Tensão: os valores registrados das Tensão: Os valores registrados Tensão: Os valores registrados das
tensões se enquadram dentro de das tensões se enquadram den- tensões se enquadram dentro de
uma variação permitida. tro de uma variação permitida. uma variação permitida
Fator de Potência: O fator de potên- Fator de Potência: O fator de Fator de Potência: O fator de potên-
cia registrado pelo medidor teve potência registrado pelo medidor cia registrado pelo medidor teve uma
uma média de 0,85i. teve uma média de 0,85i. média de 0,99i.
Como podemos observar, com base nos dados registrados no quadro acima, podemos obter
economia de energia elétrica desligando o transformador n° 2, de 500kVA e agrupando as car-
gas de 220V nos transformadores nº1, de 300 kVA/220V.
Considerando todas as perdas a vazio do transformador de 500kVA, podemos definir
que, a retirada dele proporcionará uma economia mensal de aproximadamente 1.098
kWh/mês.
Sendo assim, podemos concluir que aproximadamente 30% de toda a energia elétrica produzi-
da no Brasil são consumidas por motores elétricos.
Eletrotermia (22,80%)
Ainda, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), constatou-se que, em pes-
quisas de mercado, se tornou comum a prática de recondicionamento de motores antigos no
setor industrial. Com uma média de vida útil superior a 17 anos, segundo estudo da Associação
Brasileira de Manutenção (ABRAMAN), realizado no ano de 2013, sabe-se que uma expressi-
va parte dos motores em utilização no parque industrial brasileiro é de fabricação anterior a
dezembro de 2009.
Evolução 2013
Rendimento: 96,5%
2010
Rendimento: 95,1%
2000
Rendimento: 93,9%
1990
Rendimento: 90,2%
1980
Fábio Paiva Ribeiro
Rendimento: 90%
1960
Rendimento: 88%
Figura 21 - Evolução do rendimento dos motores elétricos de acordo com o período de fabricação
Fonte: CATÁLOGO WEG. Uso eficiente de energia elétrica, motores elétricos. Disponível em: http://catalogo.weg.com.br.
Esse elevado número de equipamentos antigos, ainda em atividade, não atende aos níveis
mínimos de eficiência definidos pelas regulamentações do setor. Com a idade avançada dos
equipamentos e uma perda natural de sua eficiência no decorrer do tempo, percebe-se que
86 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
É imprescindível que você conheça dois importantes fatores relacionados à eficiência no uso
da energia elétrica pelos motores elétricos: o rendimento (η), definido como a relação entre a
energia mecânica entregue no eixo rotativo e a entrada de energia elétrica em seus terminais,
e o fator de potência (FP).
Os motores, como outras cargas indutivas, são caracterizados por fatores de potência meno-
res que um. Como resultado, o consumo de corrente total necessário para fornecer a mesma
potência ativa é maior do que para uma carga caracterizada por um FP maior.
Um efeito importante de operar com um FP inferior é que as perdas por aquecimento no cir-
cuito que alimenta o motor serão maiores, uma vez que elas são proporcionais ao quadrado da
corrente. Assim, tanto um valor elevado para η como um FP próximo da unidade são desejados
para uma operação global eficiente na instalação elétrica de um motor.
Saiba que os motores de gaiola de esquilo são normalmente mais eficientes que os motores de
rotor bobinado, e os motores de alta velocidade são normalmente mais eficientes do que os moto-
res de baixa velocidade. A eficiência também é uma função da temperatura do motor. Além disso,
com a maioria dos equipamentos, a eficiência do motor aumenta com a capacidade nominal.
Devido às perdas internas dos motores, a potência mecânica de saída no eixo é sempre me-
nor do que a potência elétrica de alimentação. Daí nasce o conceito de rendimento, cujo valor
é sempre menor que a unidade.
as
Pe
rd
Pe
n = Ps Ps
Pe
Figura 22 - Rendimento de um motor elétrico
Fonte: SENAI/MG (2017).
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 87
A eficiência de um motor é determinada por perdas intrínsecas que podem ser reduzidas
apenas por mudanças na concepção do motor. Essas perdas são de dois tipos:
• Perdas fixas: independentes da carga do motor;
Já as perdas variáveis consistem em perdas Joule nas bobinas do estator e do rotor e várias
perdas dispersas. A resistência ao fluxo de corrente no estator e rotor resulta na geração de
calor que é proporcional à resistência do material e ao quadrado da corrente (I²R). As perdas
dispersas ou perdas adicionais, ou por dispersão, incluem todas as perdas não classificadas
anteriormente e normalmente crescem com o carregamento da máquina. Elas surgem de uma
variedade de fontes e são difíceis de medi-las diretamente ou de calculá-las, mas são geralmen-
te proporcionais ao quadrado da corrente do rotor.
Na próxima figura, temos a representação das perdas de energia elétrica em um motor. Observe!
PERDAS NO
FERRO
PERDAS NO
ROTOR
PERDAS POR
VENTILAÇÃO
C - ESCORREGAMENTO
A
90 0.9 1.0
80 0.8 2.0
70 0.7 3.0
B
60 0.6 4.0
50 0.5 5.0
300
A - RENDIMENTO
200
D 100
Quando um motor tem uma potência muito maior que a exigida pelo equipamento acio-
nado, o motor funciona em carga parcial. Nesse estado, a eficiência do motor é reduzida. A
substituição nessas ocasiões de carga parcial por um motor menor permitirá que ele trabalhe
totalmente carregado e opere com maior eficiência. Esse arranjo é geralmente mais econômico
para motores maiores e somente quando eles estão operando com menos de um terço a meio
de capacidade, dependendo do seu tamanho.
É importante você saber que os fabricantes de motores têm empreendido esforços e tecnolo-
gias para a redução das perdas nos motores elétricos, visando a melhores índices de eficiência
e ao atendimento às normas técnicas do setor. Vale destacar que os motores elétricos foram
os primeiros equipamentos a terem plano de metas de aumento de sua eficiência.
Até 2010, eram fabricados motores classificados como standard ou IR1 (motores da linha pa-
drão ou convencional) e motores classificados como de alto rendimento ou IR2. A partir de 2010,
somente motores elétricos com rendimentos mínimos da classe IR2 (alto rendimento) podem ser
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 89
RENDIMENTO NOMINAL
0,75 1 80,0 80,5 80,0 70,0
Tabela 22 - Rendimentos Nominais Mínimos a Plena Carga para Motores Fabricados, Comercializados e Importados no Brasil (Classe IR2)
Fonte: http://catalogo.weg.com.br/tec_cat/tech_motor_curva_web.asp.
Já na próxima tabela, vemos os menores valores de rendimentos nominais à plena carga para
motores da classe IR3 ou Premium:
90 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Tabela 23 - Menores Valores de Rendimentos Nominais a Plena Carga para Motores da Classe IR3 ou Premium
Fonte: ABNT NBR 17094-1/2013.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 91
A ABNT NBR 17094-1:2013, que trata da normalização brasileira para motores elétricos, prevê
em seu texto motores com rendimentos superiores aos de alto rendimento (classe IR2), que seriam
os motores da classe IR3 ou rendimento premium. Logo, vários fabricantes já produzem motores
elétricos com essa classe, ou até mesmo superior, seguindo uma nova tendência internacional.
A redução das perdas, com o consequente aumento do rendimento, é obtida por mudanças
no projeto, na utilização de processos de fabricação mais complexos e em modificações nos
materiais utilizados, o que implica, evidentemente, o aumento dos custos de fabricação. Logo,
os motores da classe IR3 ou premium são mais caros, comparados aos motores da classe IR2.
ATENÇÃO
Os valores dos rendimentos e demais informações dos motores elétricos devem sempre ser con-
sultados na ABNT NBR 17094-1/2013.
Cabe destacar que, além do aumento dos rendimentos, comparados na Tabela 21, existe
também uma extensão das potências até o valor 500 cv.
A seguir, você aprenderá sobre como determinar as economias de energia elétrica em um
motor. Acompanhe!
Se um motor elétrico de potência “P” (em kW) funciona por um período de “t” (horas por ano),
podemos calcular a quantidade de energia consumida anualmente da seguinte maneira:
E=P * t
T > 4*k*T
Sabemos que a potência elétrica, em kW, fornecida aos terminais do motor e a potência me-
v desse motor se relacionam
cânica, em hp ou cv, disponível no eixo p por meio do rendimento “η”.
Lembre-se de que, caso a potência mecânica seja dada em “hp” (horse Power), deve-se utilizar o
fator de conversão 0,746; e, se for em “cv” (cavalo vapor), deve-se utilizar o fator de conversão 0,735.
A partir dessas informações, podemos calcular a energia consumida anualmente por um mo-
tor da seguinte forma:
( )
E kWh
ano ( )
= P(cv) * 0,735 * t horas * 1
ano n
E kWh
ano ( )
= P(cv) * 0,735 * t horas * 1
ano n ( )
Considerando a substituição de um motor em operação de rendimento conhecido η1 (IR1 ou
( ) ( )
IR2) por um motor de mesma potência, mas rendimento superior 1 η2 (IR3), sendo que ambos
kWh = P(hp) 0,746 t horas
E
estarão sujeitos ao mesmo carregamento
ano * * ano e *velocidades
nominal, tensão n constantes, temos
kWh
( )
que a economia anual (EA),Equando=seP(cv)
ano * 0,735
opta pela horas
* t ano será
substituição,
1
* nde: ( )
EA( E (kWh) =) P(cv)
kWh
ano
ano
= P(cv)0,735
* * * ( ( ) * () *
0,735t *horast horas 11 1
ano
ano ) n-
n1 n2
E( ) * ( )*
kWh = P(hp) 0,746 t horas 1
ano * ano n
No caso de acionamento de carga variável, você deverá calcular os valores da economia obti-
E ( kWh) = kWh * t ( ) 1
EFA ( R$ ) = EA ( ) * ( kWh 1) 1
P(hp) * 0,746 horas
dos em cada intervalo de carga e somá-los para a obtenção da economia anual.
ano ano n TE R$ *
EA( ) * ( )* ( )
ano ano
Para saber qual a economia financeira anual, basta multiplicar a tarifa de energia praticada
kWh = P(cv) 0,735 t horas
pela concessionária ou preço *
anomédio da energia elétricaano n1 empresa
pago pela n2 onde se está reali-
-
)
ano
Potência Nominal (cv)*0,735
(kW)
Rendimento(%)
EFA ( R$ )
(ano)
ano
( )
C
• a diferença entre os rendimentos dos Potência
motores Nominal (cv)*0,735
em análise; (kW)
( )
Rendimento(%)
• a tarifa ou preço médio
F = de energia pago pela organização;
Potência elétrica medida demandada pela carga ao motor (kW)
( )
C
Potência Nominal (cv)*0,735
• a quantidade de horas de funcionamento dos motores; (kW)
Rendimento(%)
C - ESCORREGAMENTO
90 0.9 1.0
80 0.8 2.0
70 0.7 B 3.0
60 0.6 4.0
50 0.5 5.0
300
A - RENDIMENTO
200
D
100
Fazendo-se uso da informação da corrente na curva característica do motor fornecida pelo fa-
bricante, mostrada na Figura 6, obtemos potência de trabalho, rendimento, fator de potência,
além de outras informações. Para o exemplo apresentado, a potência de trabalho desse motor
é de aproximadamente 70%, ou seja, 70 hp, com um rendimento de 93,8%.
Nesse caso, percebe-se que se pode empregar um motor mais próximo da potência da carga,
por exemplo, um motor de 75 hp IR3 (rendimento premium).
90 0.9 A 1.0
80 0.8 2.0
70 0.7
B 3.0
60 0.6 4.0
50 0.5 5.0
D - CORRENTE EM 220V (A)
400
40 0.4
B - FATOR POTÊNCIA
300
A - RENDIMENTO
200
B 100
Fábio Paiva Ribeiro
E kWh
Já, para essa nova condição,
ano ( )
= P(cv)
teremos um rendimento
* ano * n (
94,2 %1e uma corrente de trabalho
horas
0,735 * t de
de 160 A. Além do rendimento ligeiramente mais alto, com uma corrente menor, teremos me-
)
nores perdas por efeito Joule (aquecimento) nos alimentadores, havendo também uma peque-
na melhoria no fator de potência.
( )
E kWh
ano
= P(hp) MAIS * t horas *
* 0,746
SAIBA
ano
1
n ( )
Para saber mais sobre cálculo de rendimento de motores elétricos, leia a dissertação Estimação
da Eficiência de Motores de Indução Considerando apenas as Grandezas Elétricas. Disponí-
( ) ( )( )
vel em: <http://saturno.unifei.edu.br/bim/2014008436.pdf>
EA kWh = P(cv) * 0,735 * t horas * 1 -
1
ano ano n1
n2
Você deve ter observado nos gráficos que, quando a potência fornecida pelo motor à carga
em relação à potência nominal está acima de 75 %, o rendimento alcança seus valores máxi-
mos, indicando que tal motor está bem dimensionado.
R$ =
EFA ano ( )
EA kWh
ano *
DICAS
R$
TE kWh ( ) ( )
Alguns fabricantes disponibilizam em aplicativos na web ferramentas com as quais é possível aces-
sar bancos de dados de seus motores e simular os ganhos energéticos a partir de substituição de
motores de rendimento padrão = PREÇO
TRIpor outro de maiorDO
(
MOTOR (R$)
rendimento. Acesse: www.weg.net/see+
)
( )
(ano)
R$
EFA ano
O fator de carregamento de um motor pode ser entendido como a potência elétrica medida
que está sendo demandada por uma determinada carga acionada em relação à potência elé-
trica, demandada pelo motor em condições nominais e pode ser estimado da seguinte forma:
( )
Potência elétrica medida demandada pela carga ao motor (kW)
FC =
( Potência Nominal (cv)*0,735
Rendimento(%)
(kW)
)
Analisando a equação anterior, observamos que, se a potência da carga for muito inferior à sua
potência nominal, pode-se dizer, em um primeiro momento, que o motor se encontra sobredi-
mensionado. No entanto, existem várias situações impostas pelo ciclo de operação que torna
obrigatório o uso de motores com potências superiores à da carga para que eles não se danifi-
quem, por exemplo, em acionamentos que envolvem a partida de cargas com elevada inércia.
Nessas situações, você deverá realizar uma análise térmica, procurando avaliar o perfil de
elevação de temperatura do motor durante o ciclo de trabalho. O mesmo se aplica à análise da
partida, identificando-se a curva de conjugado da carga, a fim de comparar o tempo de partida
com o tempo de rotor bloqueado do motor.
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre análise térmica e dinâmica de motores elétricos, leia o livro Eficiência
Energética, Teoria e Prática. Disponível em: <https://static-cms-si.s3.amazonaws.com/media/
uploads/arquivos/Eficiencia_energetica_Teoria_e_pratica.pdf>.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 95
Tv > 4 * k * Tp
Nessa expressão, k é um fator que depende da categoria do motor e vale 2,50, 2,00 e 1,35
para as categorias N, H e D, respectivamente. TP e TV são o tempo de partida e o tempo em
vazio, ambos em segundos. Quando optamos por essa medida de melhoria de desempenho
energético, devemos avaliar os efeitos de eventuais partidas subsequentes sobre o aqueci-
mento motor (análise térmica).
Considerando os conteúdos abordados até aqui sobre os motores elétricos, ressaltamos que
a manutenção inadequada de motores pode gerar aumentos de suas perdas e levá-los a ope-
rar de forma inadequada.
Além disso, uma lubrificação deficiente pode causar aumento do atrito nos mancais ou rola-
mentos do motor e dos equipamentos a ele acoplados. As perdas no cobre do motor, por sua
vez, deverão aumentar com o aumento da sua temperatura. Tendo em vista essas considera-
ções, é necessário providenciar ventilação adequada e manter as superfícies de troca de calor
e tampa defletora sempre limpas.
Na indústria, é muito comum a prática de rebobinar motores queimados. A quantidade de
motores rebobinados em algumas indústrias pode ultrapassar 50% do total instalado. Um re-
bobinagem raramente vai manter a eficiência do motor em níveis aceitáveis e, na maioria dos
casos, ocorrerão perdas na sua eficiência.
A rebobinagem de motores pode afetar uma série de fatores que contribuem para a eficiên-
cia do motor. Por exemplo: um problema comum que ocorre quando se aplica calor ao pacote
de chapas do núcleo magnético dos motores. O isolamento entre laminados pode ser danifica-
do, aumentando assim as perdas por corrente de Foucault. Uma mudança no entreferro pode
afetar o fator de potência e o torque de saída.
Já os desequilíbrios de corrente resultam em componentes de sequência negativa de corren-
te e de conjugado desenvolvido, acarretando em perdas adicionais, aumento no aquecimento
dos enrolamentos e redução da vida útil dos mancais.
Assim, antes de tecer qualquer avaliação técnica e econômica de conservação de energia em
motores elétricos, deve-se averiguar e controlar a tensão da alimentação, verificando o seu
desequilíbrio, se estão dentro de seus limites e se há a presença de harmônicos. É possível, a
partir da medição da tensão nas três fases, determinar o desequilíbrio de tensão, como sendo
o máximo desvio da tensão média, dividido pela tensão média.
Veja, a seguir, algumas orientações básicas quanto às boas práticas de manutenção que po-
dem ajudar a prolongar a vida útil dos motores e as cargas por eles acionadas:
96 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
• Retirar sujeira/poeira dos condutos de ventilação do motor (para garantir a dissipação de calor adequada);
• Verifique se as características do motor são adequadas às condições do ambiente onde está instalado
(IP, classe de temperatura etc.).
Saiba que, em várias aplicações em que se deseja controlar o fluxo de determinado fluido em tu-
bulações e dutos, tais como: vazão de leite, água fria ou quente, ar para ventilação, entre outros, se
utilizam equipamentos que inserem ou retiram perdas de carga no sistema. Como exemplos desses
equipamentos, podemos citar: válvulas de controle em bombas e dampers nos ventiladores que per-
mitem manipular a vazão restringindo, abrindo ou fechando a passagem do fluido pela tubulação.
As cargas centrífugas, como bombas e ventiladores, por exemplo, são regidas por leis, conhe-
cidas como “Leis de Afinidade”, que estabelecem uma relação linear, quadrática e cúbica da
vazão, pressão e potência, respectivamente, em relação à rotação. Em vez de controlarmos o
fluxo, inserindo perdas de carga no sistema, podemos fazê-lo por meio do controle da veloci-
dade dos motores com o emprego de conversores de frequência.
Para avaliarmos se o controle de velocidade para uma determinada carga é uma medida de
melhoria de desempenho energético, deveremos estudar o perfil de carregamento do motor
durante os ciclos de trabalho típicos.
O primeiro passo é você identificar o número de horas de operação do equipamento em es-
tudo nas suas várias condições de carga. Isso pode ser facilmente realizado utilizando um ana-
lisador de energia com memória para armazenar as medições durante o período de análise.
Algumas informações são necessárias para que você possa avaliar a economia de energia em
aplicações de velocidade variável, sendo elas:
• Método de controle da vazão:
• Variadores de velocidade;
• Engrenagens;
• Transformadores.
6.4 ILUMINAÇÃO
Estudaremos agora a iluminação. Você sabia que ela é responsável por, aproximadamente,
23% do consumo de energia elétrica residencial, 44% do setor comercial e serviços, 1% no setor
industrial e 3,3% na iluminação pública?
SAIBA MAIS
• Fluxo luminoso: medida de potência luminosa emitida de uma fonte de luz [Ø] =lm.
• Iluminância: quantidade de luz direcionada numa unidade de área. Para calculá-la utiliza-
mos a seguinte fórmula: [E] = lm/m² =lx.
• Potência da lâmpada: Potência elétrica da lâmpada informada pelo fabricante.
• Eficiência luminosa: medida da eficiência, da fonte de luz (fluxo luminoso pela potência de
cada lâmpada). Para calcular essa eficiência utilizamos a fórmula: [n] = lm/W.
• Intensidade luminosa: caracteriza a quantidade de luz projetada num ponto. [I] = cd.
• Luminância: medida da visualização de uma superfície iluminada. Fórmula utiliza para cal-
cular essa medida: [L] = cd/m².
• Fator de utilização (FU): o fluxo luminoso emitido por uma lâmpada sofre influência do tipo
de luminária e da conformação física do ambiente onde ele se propagará. Sendo assim, o
fluxo luminoso útil (FU) que incidirá sobre o plano de trabalho está relacionado diretamente
à eficiência luminosa do conjunto lâmpada, luminária e ambiente.
Na tabela a seguir, temos o índice de reflexão da luz de acordo com a cor superfície. Esse
índice representa a eficiência do fluxo luminoso.
2 Conceitos luminotécnicos: conceitos utilizados para determinar as características das lâmpadas e dos aparelhos
de iluminação.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 99
• Índice do ambiente (RCR): é a relação entre as dimensões do local, tanto para iluminação
direta como indireta. Exemplo: fatores de reflexão do teto x fatores de reflexão das paredes.
• Fator ou Índice de Reflexão: é a relação entre o fluxo luminoso refletido e o incidente, ou
seja, é a porcentagem de luz refletida por uma superfície em relação à luz incidente. Em
iluminação, são considerados os índices de reflexão do teto, paredes e chão, necessários
para a realização do cálculo luminotécnico.
Para medirmos a quantidade de luz em um ambiente (LUX) e sabermos se ele atende as
normas vigentes (NBR8995-1/2013 – Iluminação em Ambientes de Trabalho), é necessária a
utilização de um instrumento chamado Luxímetro.
É importante você saber que o Luxímetro é um instrumento fotoelétrico que registra, por
meio da incidência de luz na célula fotoelétrica3, a quantidade, isto é, a intensidade de luz exis-
tente em um determinado ambiente.
Na tabela a seguir, temos a descrição das características de um Luxímetro:
SELEÇÃO: Manual
FREQUÊNCIA: 2 vezes/seg
CONFORMIDADE COM: CE
ALIMENTAÇÃO: 1 bateria de 9V
PESO(G): 120
Figura 29 - Luxímetro
Fonte: Banco de imagens
A seguir, você verá um passo a passo mostrando como o luxímetro deve ser utilizado. Acom-
panhe!
1. Ajustar o instrumento para a escala adequada (de forma semelhante à feita em multí-
metros, por exemplo). Caso o valor indicado seja igual a 1, deve-se aumentar a escala.
2. Evitar aplicar sombras sobre o sensor, a não ser que elas sejam necessárias para a me-
dição.
3. Utilizar o sensor paralelo à superfície a ser estudada.
4. Caso a superfície de trabalho não seja especificada, executar a medição a 75 cm do chão
em um plano horizontal.
5. A medição deve ser executada em diferentes pontos de trabalho, definidos de acordo
com o tamanho da sala na norma NBR 15215/2004, com o intuito de obter uma medição
mais precisa de toda a sala.
6. Quando a medição for executada com o sensor na mão de uma pessoa, não sobre uma
superfície de trabalho, deve-se atentar ao nivelamento dele;
FOTOCÉLULA LUZ INCIDENTE
PLANO DE
TRABLHO
0,75 cm ACIMA DO PISO
INDICADOR
DE LEITURA
Fábio Paiva Ribeiro
ESCALA
APROPRIADA
A) LÂMPADAS
Existem diversos tipos de lâmpadas disponíveis no mercado para diversas utilizações. Contu-
do, a característica mais importante na escolha da lâmpada é a sua eficiência luminosa.
Define-se como eficiência luminosa a capacidade da fonte de luz em converter eletricidade
em luminosidade. A eficiência luminosa é medida em lumens/watt. Quanto maior for essa re-
lação, maior será a eficiência da lâmpada.
Na tabela a seguir, veja a eficiência luminosa de acordo com o tipo de lâmpada:
MODELO Lm/W
INCANDESCENTE 17
HALÓGENA 22
LUZ MISTA 28
VAPOR DE MERCÚRIO 58
FLUORESCENTE 68
VAPOR DE SÓDIO 85
Fábio Paiva Ribeiro
LED 136
Na escala de eficiência luminosa, as lâmpadas de luz mista estão um degrau acima das
incandescentes, com vida útil mais longa. Não necessitam de reator, o que representa um
LÂMPADAS DE LUZ
menor custo de instalação. Porém, sua eficiência energética é muito baixa, elevando muito
MISTA
seu custo operacional, quando comparada com as fluorescentes, vapor de mercúrio ou
outras lâmpadas de descarga.
102 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
LÂMPADAS A Contêm uma série de aditivos metálicos, além do mercúrio, para melhorar a reprodu-
SAIBA MAIS
Na tabela a seguir, veja o gasto de vários modelos de lâmpadas em comparação às lâmpadas de LED:
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre os níveis de iluminação recomendáveis, consulte a norma brasileira “Ilu-
minância de Interiores”– ABNT NBR ISO/CIE 8995-1, 2013. Essa norma determina os valores de
iluminância segundo o tipo de atividade desenvolvida no ambiente, com base em três variáveis:
acuidade visual do observador, velocidade e precisão requerida no trabalho e condições de re-
fletância da tarefa.
20
30 Áreas públicas com arredores escuros.
50
Iluminação geral para 50
áreas usadas ininter-
75 Orientação simples para permanência curta.
ruptamente ou com
tarefas visuais simples. 100
100
150 Recintos não utilizados para trabalho contínuo, depósitos.
200
200
Tarefas com requisitos visuais limitados, trabalho bruto de
300
maquinaria, auditórios.
500
500
Iluminação geral para Tarefas com requisitos visuais normais, trabalho médio de
750
área de trabalho. maquinaria, escritórios.
1000
1000
Tarefas com requisitos especiais, gravação manual, inspeção,
1500
indústria de roupas.
2000
2000
Tarefas visuais exatas e prolongadas, Iluminação adicional
3000
para eletrônica de pequenos tamanhos, auditórios.
5000
10000
15000 Tarefas visuais muito especiais, cirurgia.
20000
B) LUMINÁRIAS
É importante você saber que as luminárias devem promover uma adequada distribuição da
luz emitida, proporcionando o máximo aproveitamento no plano de trabalho, além de fixar e
proteger a lâmpada.
Sendo assim, para determinar a eficiência de uma luminária, temos que considerar a relação
entre o fluxo luminoso por ela emitido e o fluxo da lâmpada. Esse valor varia conforme o tipo
de luminária, sua construção física e a finalidade a que se destina.
Vale ressaltar que quanto maior a sua eficiência, menor será a quantidade de lâmpadas ne-
cessárias para promover a iluminação desejada e, portanto, mais econômico em termos ope-
racionais será o sistema adotado.
Nas figuras que se seguem, temos dois exemplos de luminárias. Observe!
Tendo em vistas os conteúdos estudados até aqui, veremos agora algumas dicas que visam à
melhoria da eficiência dos sistemas de iluminação. Acompanhe!
1. Identificar no sistema de iluminação os pontos de consumo elevado e desnecessário de
energia elétrica.
11. Utilizar relés fotoelétricos, para controlar o número de lâmpadas acesas, em função da luz
natural no local ou usar sensores de presença em ambientes de utilização ocasional.
12. Substituir luminárias por outras que melhorem o rendimento luminoso do conjunto lu-
minária/lâmpada utilizando luminárias espelhadas, também chamadas de “luminárias de
alta eficiência”.
13. Utilizar iluminação complementar sobre superfícies de trabalho tais como, pranchetas,
mesas de omputador, mesas de trabalho, e outros, para complementar a necessidade de
maior iluminação no ambiente de trabalho.
14. Utilizar de relés fotoelétricos, para controlar o número de lâmpadas acesas, em função da
luz natural no local.
POTÊNCIA POTÊNCIA
DESCRIÇÃO QUANTIDADE UNITÁRIA (W) TOTAL (W)
Lâmpadas de 20 W 60 20 1200
Incandescente 60 W 20 60 1200
Reatores Eletromagnéticos.
100 16 1600
2X40W
Reatores Eletromagnéticos.
30 8 240
Fábio Paiva Ribeiro
2X20W
Agora, apresentamos-lhe modelos de tabelas que podem ser adotadas para descrever um
sistema de iluminação atual e a proposta de um novo sistema:
108
AMBIENTE
EMPRESA /
AMBIENTE
EMPRESA /
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
1x20 W Fluorescente
2X8 W LED 2x20 W Fluorescente
1x40 W Fluorescente
2X18 W LED TUBULAR
2x40 W Fluorescente
2X36 W LED TUBULAR 3x40 W Fluorescente
4x40 W Fluorescente
1X30 W LED PROJETOR
1X110 W Fluorescente
1X50 W LED PROJETOR
2X110 W Fluorescente
1X100 W LED INDUSTRIAL 9 W LFC
16 W LFC
SITUAÇÃO ATUAL
SITUAÇÃO / PROPOSTA
Dicróica
LED 3W
Tabela 28 - Modelo de tabela para descrever um sistema atual de iluminação 1X 20 W Cabeceira
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Potência Proposta (kW)
Potência atual (kW)
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
mês) Consumo Atual (kWh/
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Para o cálculo das metas do sistema de iluminação, devemos considerar as seguintes premissas:
Etapas do estudo:
2º Medir LUX do ambiente e compará-la com a norma NBR8995-1, 2013, se está compatível com o que
foi medido.
3º Caso esteja compatível, calcular a substituição por luminária LED de mesmo fluxo luminoso.
4º Se não estiver compatível, realizar o cálculo luminotécnico em software e anotar qual lâmpada LED
5º Anotar a quantidade de horas de funcionamento e fazer o cálculo de economia para cada ambiente.
ILUMINAÇÃO LATICÍNIOS BR
DIMENSÕES POTÊNCIA INSTALADA POTÊNCIA PROPOSTA
AMBIENTE
kwh/mês Atual
funcionamento
kwh/mês Atual
H L C
Fluorescente
Fluorescente
atual em kW
atual em kW
250 W Mista
INDUSTRIAL
COMPACTA
125 W LED
Compacta
economia
Consumo
Consumo
TUBULAR
TUBULAR
12 W LED
36 W LED
kwh/mês
Potência
Potência
9W LED
2x54 W
1X20W
Horas
25 W
RH - Sala de Recepção 2,8 2,9 3,6 1 0,11 24,2 2 0,072 15,84 8,36 10
Sala de Reunião I 2,8 4,1 6,4 2 0,22 24,2 4 0,144 15,84 8,36 5
Gerente Industria 2,8 4,2 6,4 2 0,22 67,76 4 0,144 44,35 23,41 14
Arquivo Fiscal 2,8 2,4 8,9 1 0,11 4,84 4 0,144 6,34 -1,50 2
Arquivo Morto 2,8 2,7 4,2 1 0,11 2,42 2 0,072 1,58 0,84 1
Sala de Treinamento 2,8 6,4 8,7 6 0,66 116,16 12 0,432 76,03 40,13 8
Laboratórios -
2,7 4,1 4,0 2 0,22 77,44 4 0,144 50,69 26,75 16
Galpão Expedição 7,0 42,0 77,0 45 11,25 3712,5 45 4,5 1485,00 2227,50 15
Neste estudo, podemos concluir que, com base na tabela acima, a substituição da iluminação
atual por LED proporcionará para a empresa uma economia anual de 33.794 kwh, tendo um
investimento estimado em R$ 20.277,00 e tempo de retorno do capital aproximado de 1 ano e
4 meses.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 111
Você conhecerá agora alguns conceitos importantes para compreender melhor as ações de
eficiência energética aplicados a fornos, estufas e geração de calor.
A) TERMODINÂMICA
A termodinâmica é o ramo da física que analisa a conexão entre o calor trocado por um sis-
tema e o trabalho realizado por ele num processo de transformação. Para iniciar nossas ativi-
dades, realizaremos uma breve abordagem envolvendo alguns conceitos de termodinâmica.
• Calor e Temperatura: a temperatura de um corpo é dada pela energia cinética, ou seja,
pela movimentação média de suas moléculas. Calor pode ser entendido como a energia que
flui entre dois corpos ou sistemas, em função de uma diferença de temperatura. Podemos
afirmar, então, que o calor é uma forma de energia que está em deslocamento, colocada em
movimento pela diferença de temperatura. Veja as figuras a seguir:
• Calor Latente: ao contrário do calor sensível, calor latente é aquele que é removido ou
adicionado a um corpo sem causar mudança de temperatura, mas causando mudança de
fase.
Veja o exemplo a seguir!
DIAGRAMA TEMPERATURA X CALOR FORNECIDO
Temeperatura
B
100 ºC
C
Fábio Paiva Ribeiro
Calor Fornecido
No diagrama acima, podemos ver claramente o conceito de calor latente. Ao ser aquecido
próximo a sua temperatura de vaporização, a água passa por uma elevação de temperatura re-
cebendo calor sensível, no trecho entre AB. Ao iniciar o processo de vaporização, no trecho BC,
ela continua recebendo calor, contudo sem existir alteração de sua temperatura, configurando
assim o seu processo de mudança de estado.
• Calor Específico: representa a quantidade de calor necessário para elevar em 1,0 °C a
temperatura de 1,0 g de massa de água no estado líquido a 1atm (com variação de tempe-
ratura entre 14,5ºC e 15,5ºC).
Na tabela a seguir, você perceberá que cada material possui sua capacidade de absorver ou
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 113
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre processos de combustão industrial, verifique o NOGUEIRA, capítulo 4, 2005.
Existem três modos básicos de transferência de calor: condução, convecção e radiação. Nos
sistemas reais, esses modos ocorrem de forma combinada e acoplada. A seguir, você conhece-
rá cada um deles.
• Condução: é o processo de transferência de calor típico em materiais sólidos ou meio fluido
em repouso. Quando dois materiais apresentam uma diferença de temperatura, tem-se a
transferência de energia térmica do lado mais quente para o mais frio.
Veremos uma expressão básica para a taxa de condução de calor em uma superfície plana, de-
finida também como (qcond), em [W/m2], onde (k) corresponde à condutividade térmica, (A), à área
de troca térmica e (x), à distância entre as superfícies quente e fria, respectivamente à (T1) e (T2).
Q (T1 - T2)
qcond = A =k . x
Vale ainda esclarecer que a condutividade térmica é uma propriedade física dos materiais, em
que temos valores baixos para os isolantes e elevados para os metais bons condutores de calor.
• Convecção: ocorre nos materiais líquidos e gases. Imagine um líquido em processo de aque-
cimento num determinado recipiente. A parte inferior do recipiente receberá calor pelo pro-
cesso de condução no fundo do recipiente. Como os líquidos geralmente não são bons con-
dutores de calor, apenas a área mais próxima ao fundo do recipiente é aquecida.
Essa parcela se expande, torna-se menos densa que a parte próxima à borda superior do
recipiente, iniciando assim o movimento desse fluido para a superfície. Essa reação provoca o
movimento da água no sentindo inverso, da borda para o fundo, acarretando o ciclo térmico
denominado de convecção.
Ao analisar um sistema convectivo, devemos estar atentos às variáveis que influenciam no
processo de transferência térmica. Podemos citar a geometria e a velocidade do fluido como
uma das variáveis mais importantes. Em um sistema de distribuição térmica em regime turbu-
lento, a troca de calor é muito mais efetiva que sob regime laminar.
Também é possível identificar sistemas convectivos em que a velocidade do fluido é determi-
nada por causas externas, como em um ventilador ou bomba, denominada como convecção
forçada, ou por diferenças de densidade provocadas pela transferência de calor, no caso deno-
minada convecção natural. Veja a expressão a seguir:
A sensação de calor aumenta ou diminui todas as vezes que nos movimentamos mais pró-
ximos ou mais distantes da fogueira. A sensação de calor ocorre quando o corpo se aproxima
da fogueira, submetendo-se assim ao processo de absorção de radiação térmica gerada pelo
fogo. Nesse fenômeno, o corpo terá a sua energia térmica elevada, por meio da exposição ao
fogo ao longo do tempo, enquanto o fogo terá a sua energia reduzida.
O calor transferido, designado como (qrad), é dado em função de um fator Ɛ, que relaciona
a forma do corpo e as características radiativas de sua superfície, denominada emissividade, à
sua área A e à sua constante física σ (Constante de Stefan-Boltzmann, igual a 5,6697 x 10-8) e
ainda à temperatura do corpo (T1) e do ambiente em torno desse corpo (T2). Acompanhe!
É importante observar que essa troca térmica está associada à constante física de valor muito
baixo. Assim, existe a necessidade que uma das temperaturas seja alta, usualmente acima de
1.000ºC, como no caso das fornalhas das caldeiras.
C) LÍQUIDO E VAPOR
Diversos equipamentos operam com sistemas térmicos, tais como: caldeiras, condensadores,
evaporadores e outros. Nesses processos, podemos identificar claramente os equipamentos
para geração de aquecimento, vaporização, condensação etc.
Para essa análise, torna-se importante o conhecimento básico do líquido utilizado no proces-
so térmico, assim como conceitos básicos ligados a sistemas pressurizados:
• Fases da matéria: representam o estado em que podem ser encontrados os elementos e
compostos. São definidos em três fases da matéria:
= m ; dado em kg/m3
V
V 1
ν= = ρ ; dado em m3/kg
m
• Peso específico (ɣ): razão entre o peso e o volume de uma determinada substância. Pode-
mos apresentá-lo ainda como o produto da densidade (ρ) pela aceleração da gravidade (g).
ɣ= ρ . g ; dado em kg/s2.m2
• Modelo de gás ideal: um gás pode ser considerado ideal quando apresenta baixa densida-
de e temperatura abaixo do ponto de condensação.
• Lei dos gases ideais: a fim de entender melhor o comportamento do gás ideal, é importante
destacar algumas informações sobre sua estrutura interna. Por apresentar grande número
de pequenas partículas, condição básica para atender o princípio da cinética dos gases, o gás
ideal apresenta uma movimentação interna constante e aleatória.
Tomemos agora, como referência para o gás ideal, as seguintes variáveis de estado:
1. Aplicável ao dispositivo onde está armazenado: volume V, número de mols n e pressão p.
Uma ou mais variáveis de estado citadas acima, quando submetidas às variações de tempe-
ratura ou pressão, possuem como característica a influência no comportamento das demais,
resultando em mudança de estado do sistema.
Por meio dessas variações, foi observada a proporcionalidade entre as grandezas pV e nT,
assim como uma declividade da interpolação dessas denominada R. Daí, temos a equação re-
ferente à lei dos gases ideais:
pV = nRT
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 117
São três os tipos de sistemas que possibilitam a transformação do gás a partir de processos
de variação de temperatura, volume e pressão ao interagirem com o local de armazenamento:
• Sistema Isocórico (Isométrico): volume constante, onde Vf = Vi. Mesmo submetido a um
processo de elevação de temperatura e consequentemente de pressão interna, não haverá
alteração de volume final.
Mg
p = patm +
A
• Sistema Isotérmico: temperatura constante, onde pfVf= piVi. As variáveis volume e pressão
possuem comportamento inverso, ou seja, quando aumentamos o valor de um, o outro ten-
derá a diminuir, de forma a manter a temperatura constante. Veja:
p = nRT = constante
V V
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre equipamentos para combustão, consulte o livro “Conservação de Energia:
eficiência energética de instalações e equipamentos”, coordenado por Milton Marques (Eletro-
brás/Procel), Jamil Haddad e André Ramon Silva Martins (Escola Federal de Engenharia de Itaju-
bá), 2. ed. , 2001.
• Fornos elétricos: podem ser à resistência, a arco-voltaico ou de indução. Possuem alta efici-
ência térmica pela inexistência de perdas no processo de combustão. Contudo, apresentam
alto custo de operação pelo seu consumo de energia elétrica.
feixe tubular
queimador
água vapor
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre caldeiras e uso de vapor, consulte o livro “Conservação de Energia: efi-
ciência energética de instalações e equipamentos”, coordenado por Milton Marques (Eletrobrás/
Procel), Jamil Haddad e André Ramon Silva Martins (Escola Federal de Engenharia de Itajubá),
capítulo 9, 2. ed. , 2001. E também “LIVRO TÉCNICO PROCEL - Eficiência Energética no Uso de
Vapor”, capítulo 5, 2005.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 121
Atualmente, em qualquer processo produtivo, a busca por redução de perdas pode significar
aumentos representativos de produtividade. A utilização de equipamentos e processos que
busquem a eficiência máxima dos diferentes processos tornou-se um desafio cada vez maior
para as empresas.
Você verá agora algumas oportunidades e análises que poderá realizar, de forma inicial, para
avaliar a eficiência em fornos (estufas) e geradores de vapor. Apresentaremos a você apenas
conceitos básicos envolvendo os usos finais e algumas recomendações. Acompanhe!
A) FORNOS E ESTUFAS
• Verificar a existência de práticas de avaliação (manutenção) dos refratários assim como a sua
condição operacional (atual) se possível. Essa ação visa reduzir as perdas térmicas pelas paredes;
Possíveis perdas por corrente de convecção podem estar relacionadas ao local onde o equi-
pamento estará localizado, submetendo-o a uma constante corrente de ar frio na sua estru-
tura, menor que a sua temperatura de operação. É muito importante a análise do layout da
área para ajudá-lo na definição dos possíveis pontos críticos e na operação do forno/estufa.
Lembre-se de que um equipamento submetido à tal perda térmica (perda por convecção)
aumentará o seu consumo ideal de energia, de forma a suprir o funcionamento inadequado
do equipamento.
A energia para produção de vapor pode ser obtida por meio de sistemas de combustão ou de
recuperação de calor de processo. Analisaremos, agora, os equipamentos geradores de calor
ou simplesmente caldeiras. Nesses equipamentos, a transferência térmica é efetuada na sua
estrutura interna. A vaporização da água provoca uma elevação da pressão interna da caldeira
e o deslocamento do vapor gerado à linha de distribuição, num circuito fechado.
122 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Você conhecerá alguns conceitos básicos para análise de caldeiras e algumas ações de efi-
ciência energética. Vamos lá!
Genericamente, a eficiência térmica pode ser definida pela equação:
Qu
n=
Qf
Temos n como a eficiência térmica, Qucalor útil (kW) e Qfcalor transferido pelo combustível (kW).
Na prática, podemos assumir o processo de determinação da eficiência térmica em método
direto e indireto. Tendo em vista a complexidade para determinação das variáveis relacionadas
a esses métodos, não os abordaremos quantitativamente, mas faremos apenas uma breve
definição do método indireto.
Nesse método, o foco da análise são as perdas no fluxo de gases pela chaminé. As perdas de
calor são estimadas a partir da análise das seguintes variáveis: perdas na chaminé, perdas por
radiação e convecção e perdas por purgas.
Paralelamente, não podemos nos esquecer de avaliar outros aspectos relacionados ao pro-
cesso de operação das caldeiras, tais como:
• Controle do sistema de combustão: a eficiência do sistema de combustão está direta-
mente associada ao excesso de ar utilizado no processo. Deve-se buscar a quantidade de
ar de combustão aplicável ao combustível utilizado. Excesso de ar resulta na diminuição
da eficiência da caldeira. Portanto, um sistema de combustão eficiente está diretamente
relacionado à sua correta operação e ao acompanhamento e à manutenção constante dos
seus parâmetros de processo.
• Controle de temperatura dos gases de exaustão: a inexistência de controle no pro-
cesso de combustão, especificamente no que tange à emissão de gases de exaustão
com temperaturas elevadas, está diretamente relacionado à perda energética. Elevadas
temperaturas dos gases de exaustão podem significar um desperdício de combustível na
operação do sistema.
• Controle de fuligem: o excesso de fuligem no sistema de geração dos gases provoca
a formação de uma estrutura isolante reduzindo a eficiência térmica do sistema. Um
dos impactos diretos da formação de fuligem é a elevação da temperatura nos gases
de exaustão.
• Diminuição das perdas de calor: deve-se efetuar avaliação regular da estrutura física
da caldeira e dos sistemas de queima e combustão; identificar possíveis perdas de calor
e vazamentos de água quente e de vapor; verificar a condição de operação do sistema de
isolamento térmico do vaso de pressão e do sistema de distribuição e retorno.
• Operação da caldeira: a eficiência máxima de uma caldeira, em média, pode ser alcan-
çada quando operada entre 80% a 90% da sua capacidade nominal. Quando operado
acima desses números, observa-se a redução da vida útil do equipamento. Analoga-
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 123
mente, ao operar abaixo do ponto ideal de operação, teremos uma redução da eficiên-
cia de operação.
• Distribuição do sistema de vapor: deve-se identificar e avaliar possíveis pontos de
vazamento de vapor assim como de descargas, com foco na sua minimização ou elimi-
nação e também verificar o isolamento térmico da linha de distribuição e dos equipa-
mentos. Linhas de pressão operando a vazio deverão ser devidamente identificadas e
bloqueadas. Sempre que possível, também se deve avaliar a possibilidade de recupe-
ração de condensado.
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre oportunidades de eficiência energética em fornos, estufas e caldeiras,
consulte o livro “Conservação de Energia: eficiência energética de instalações e equipamentos”,
coordenado por Milton Marques (Eletrobrás/Procel), Jamil Haddad e André Ramon Silva Martins
(Escola Federal de Engenharia de Itajubá), capítulo 9, 2. ed. , 2001. E também o NOGUEIRA, 2005.
Sabemos que tanto a refrigeração quanto o condicionamento de ar tem como objetivo o con-
trole da temperatura de algum produto, substância, ambiente ou meio. Logo, os componentes
básicos de ambos os sistemas não diferem, sendo eles: compressores, trocadores de calor,
ventiladores, bombas, tubos, dutos e equipamentos de proteção e controle.
Já em relação à capacidade instalada, há uma predominância dos sistemas de climatização
sobre a refrigeração industrial, no que diz respeito ao número de unidades instaladas. No en-
tanto, a refrigeração industrial apresenta características próprias que requerem mão de obra
mais especializada, uma vez que utilizam tecnologias mais modernas e controles mais apura-
dos que os sistemas de climatização.
Vale ressaltar que os sistemas de refrigeração industrial, ao trabalharem com temperaturas
negativas, chegando a -60ºC, enfrentam problemas típicos de operação a baixas temperaturas,
normais nesse tipo de instalações. Esses problemas não ocorrem em sistemas de climatização
que trabalham com temperaturas mais elevadas.
124 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
A seguir, veremos alguns conceitos básicos que são necessários para a compreensão dos
sistemas de refrigeração e climatização. Acompanhe!
• Cicio: processo ou uma série de processos em que o estado inicial e o estado final do sis-
tema, ou substância, coincidem.
• Substancia pura: qualquer substancia que tenha composição química invariável e homo-
gênea. Pode existir em mais de uma fase: sólida, liquida e gasosa, mas a sua composição
química é a mesma em qualquer uma das fases.
• Título (x): quando uma substância se encontra parte líquida e parte vapor, na temperatu-
ra de saturação, a relação entre a massa de vapor e massa total é chamada de título.
• Vapor Superaquecido: quando o vapor está a uma temperatura maior que a temperatura
de saturação é chamada de “vapor superaquecido”.
h = u + pv
• Entropia (s): representa, segundo alguns autores, uma medida da desordem molecular da
substância ou, segundo outros, a medida da probabilidade de ocorrência de um dado esta-
do da substância.
• Fluidos Refrigerantes: para que haja a transferência de energia em forma de refrigeração é
necessária a utilização de um fluido refrigerante para executar essa tarefa.
A figura a seguir retrata a terminologia anteriormente definida para os diversos estados ter-
modinâmicos em que se pode encontrar uma substância pura. Observe!
P
P
P
T
VAPOR
LÍQUIDO LÍQUIDO T LÍQUIDO T
T < TSAT LÍQUIDO T=TSAT
SUB-RESFRIADO T < TSAT LÍQUIDO VAPOR ÚMIDO 0<x<1
SATURADO x=0
P P
P
T P T P T
VAPOR GÁS
VAPOR SUPERAQ.
SATURADO
Wendell Aguiar
Figura 40 - Representação dos estados termodinâmicos em que se pode encontrar uma substância pura
Fonte: SENAI/MG (2017).
SAIBA MAIS
Para saber mais sobe os fluidos refrigerantes, acesse o material complementar disponível na
plataforma online.
Antes de prosseguirmos para os tipos de refrigeração existentes, devemos saber como de-
terminar as propriedades termodinâmicas de uma substância. Essas propriedades podem ser
determinadas por meio da utilização de fórmulas ou tabelas.
Saiba que as tabelas estão disponíveis para todos os fluidos refrigerantes existentes e são
obtidas por meio de equações de estado. As tabelas de propriedades termodinâmicas estão
divididas em três categorias, sendo elas:
• Relaciona as propriedades do líquido comprimido (ou sub-resfriado);
Uma das equações de estado mais simples e mais conhecida é aquela que relaciona as seguintes
propriedades termodinâmicas: pressão, volume específico e temperatura absoluta para o gás ideal,
sendo expressa por:
Pv = RT
Vale ressaltar que, em todas as tabelas, as propriedades são apresentadas em função da tem-
h ==hL
Pv RT+ x(hv - hL)
peratura ou da pressão ou em função de ambas. Para a região de líquido+vapor, conhecido o
título, as propriedades devem ser determinadas pelas equações:
v = vL + x(vv - vL)
h =shL
= sL + x(sv- hL)
+ x(hv - sL)
v = vL + x(vv - vL)
= sL=+Qx(sv
sCOP o
= - sL)
Energia Útil
Legenda:
Wc Energia Gasta
x = Título Q
h = Entalpia
8.792,5
Energia3,03
Útil
u = Energia interna COP = o
= = =
COP hl = Entalpia do líquido
ul = Energia interna do líquido hv = 2900
W Energia
Entalpia do Gasta
vapor
c
uV = Energia interna do vapor s = Entropia
v = Volume específico sl = Entropia do líquido
8.792,5
vl = Volume específico do líquidoCOP =
sv = Entropia do
2900
= vapor
3,03
vv = Volume específico do vapor
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 127
Nessas tabelas, para condições de saturação, basta conhecer apenas uma propriedade para
obter as demais. Já para as condições de vapor superaquecido, é necessário conhecer duas
propriedades, a fim de se obter as demais. Podemos representar também em diagramas de
Mollier, que utiliza como ordenada a pressão absoluta (P) e como abscissa a entalpia específica
(h), conforme a Figura 41:
P(kgf/cm2) C
VAPOR SATURADO
3 Tc CONDENSAÇÃO
2
Pc s2 = s 1
EXPANSÃO COMPRESSÃO
SUB ESFRIADO
EVAPORAÇAO
Po
4 To 1
Prosseguindo os nossos estudos, devemos entender primeiro que a lei da termodinâmica es-
tabelece que a energia não pode ser criada nem destruída, mas somente transformadas entre
as várias formas de energia existentes.
Logo, nos sistemas de refrigeração, essas transformações de energia são feitas por meio da
transferência de calor. Essa transferência pode acontecer por meio da condução, da convecção
ou da radiação. Tendo em vista os sistemas de refrigeração, trabalharemos com dois tipos bá-
sicos: a refrigeração por compressão e a refrigeração por absorção de vapor.
Ao se introduzir um líquido em um vaso no qual existe vácuo e a temperatura das paredes é
constante, esse líquido se evaporará imediatamente. Sendo assim, você precisa compreender
que, no processo por compressão do vapor, o calor necessário para a mudança do estado lí-
quido para o gasoso é fornecido pelas paredes do vaso. Já no processo de absorção de vapor,
o calor latente é extraído dos lados do vaso.
A seguir, temos um passo a passo sobre como ocorre o processo de refrigeração por com-
pressão a vapor. Acompanhe!
128 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
QC
3 2
CONDENSADOR
4 WC
COMPRESSOR
Wendell Aguiar
EVAPORADOR
QO
h = hL + x(hv - hL)
v = vL + x(vv - vL)
s = sL + x(sv - sL)
Saiba que o COP é dado pela equação que se segue:
Qo Energia Útil
COP = =
Wc Energia Gasta
Legenda: 8.792,5
COP = 2900
= 3,03
Qo = quantidade de calor, por unidade de tempo, retirada do meio que se quer resfriar (pro-
duto) por meio do evaporador do sistema frigorífico.
Wc = trabalho realizado para retirar o calor do meio ou produto.
Pv = RT
vações importantes sobre esse sistema.
• O subresfriamento deve ser utilizado somente para garantir a entrada de líquido no dispo-
h = hL + x(hv - hL)
sitivo de expansão, mantendo dessa forma a capacidade frigorífica do sistema, e não com o
objetivo de se obter ganho de desempenho.
v = vL + x(vv - vL)
• Manter o sistema superaquecido, de acordo com o limite de cada gás utilizado somente para
garantir a segurança e evitar entrada de líquido no compressor.
s = sL + x(sv - sL)
A seguir, temos um exemplo de como calcular o COP de um equipamento de refrigeração.
Acompanhe!
Qo
dade de calor, por unidade de tempo, retirada do meio que se quer resfriar) e seu consumo em
1 hora é de 2.900 Wh (trabalho realizado para retirar o calor do meio). Saiba que 12.000BTU/h
Energia Útil
= 3.517 W. COP = =
Wc Energia Gasta
Resposta: por regra de 3 se 12.000 BTU/h = 3.517W, então 30.000 BTU/h = 8.792,5 W, sendo
assim, o COP será:
8.792,5
COP = 2900
= 3,03
DICAS
Saiba que quanto maior for o COP, mais eficiente será o equipamento de refrigeração!
130 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Neste sistema, o evaporador não é conectado a um compressor (em vermelho) e, sim, a outro
vaso chamado de “absorvedor”, conforme figura e fluxo a seguir:
QC QE
CONDENSADOR GERADOR
SOLUÇÃO DILUÍDA
VÁLVULA BOMBA
DE EXPANSÃO COMPRESSOR
EVAPORADOR ABSORVEDOR
Wendell Aguiar
QO QS
Esse sistema de resfriamento pode trabalhar com energia de baixa qualidade termodinâmica
em forma de calor como, por exemplo, vapor de exaustão e água quente à pressão elevada.
Teoricamente, é necessária apenas uma bomba para transportar a mistura portador-refrige-
rante do absorvedor, à baixa pressão, para o gerador, à alta pressão. O sistema de absorção
mais comumente usado na indústria é baseado nos pares (misturas binárias), por exemplo,
amônia e água (NH3-H2O).
Saiba, ainda, que esse sistema é usado para chillers de absorção utilizada em sistemas de co-
geração de energia. Os Chillers consistem em sistemas para resfriamento de água. A água gela-
da produzida por eles é utilizada com o objetivo de arrefecer o ar, produtos ou equipamentos,
conforme necessidade. Normalmente, sua capacidade de refrigeração é dada em TR (Tonelada
de Refrigeração) e 1 TR equivale a 12.000 BTU.
C) AR-CONDICIONADO
Após termos estudado sobre os sistemas de refrigeração, veremos agora sobre um dos com-
ponentes dos sistemas de climatização: ar-condicionado. Frequentemente, utilizamos a sigla
AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar-Condicionado) ou HVAC (do inglês Heating, ventilation and
air conditioning) para tratar de sistemas de climatização.
Saiba que o condicionamento de ar é um processo que visa ao controle simultâneo, num
ambiente delimitado, da pureza, da umidade, da temperatura e da movimentação do ar. Eles
são indispensáveis para aumentar o conforto e a produtividade em ambientes que manipulam
produtos inflamáveis ou tóxicos e, também, em ambiente de manufatura em que é necessário
termos o controle da umidade, da temperatura etc.
O sistema de ar-condicionado pode ser classificado quanto ao fluido que se emprega para
remoção do calor:
• Utilizando apenas ar;
• instalações ar-água;
• Instalações Apenas Ar
Essas instalações se caracterizam por baixo custo inicial, manutenção centralizada e, portan-
to, econômica, apresentando a possibilidade de funcionar com ar exterior durante as estações
intermediárias. A regulagem da temperatura ambiente (resfriamento) pode ser efetuada por
meio de um termostato ambiente, ou também, no ar de recirculação. O termostato pode atuar
sobre o fluido que chega à serpentina de resfriamento, sobre um “by-pass” da serpentina de
resfriamento, ou sobre uma serpentina de aquecimento. Em qualquer caso, a vazão de ar per-
manece constante.
• Instalações Ar-Água
Neste tipo de instalação, as condições dos ambientes condicionados são reguladas mediante
condicionadores de ar do tipo “fan-coil”. Os fan-coils são condicionadores de ar constituídos es-
sencialmente de um ventilador centrífugo, filtros, uma serpentina e uma bandeja de condensa-
do. As serpentinas dos condicionadores, de acordo com o tipo e funcionamento da instalação,
podem ser alimentadas com água quente ou com água fria.
132 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Os equipamentos são alimentados por água fria durante a época de verão e por água quen-
te durante o inverno. É importante ressaltar que, nesse tipo de instalação, a geração do frio é
centralizada em chillers e o controle é feito individualmente em cada ambiente por fan-coils.
Ar-condicionado Tipo Janela: sistema de climatização mais simples em que todos os seus
componentes estão acoplados na mesma estrutura. O aquecimento é feito por resistências elé-
tricas. Geralmente, tem capacidade baixa entre 7.000 a 30.000 BTU/h. Esses equipamentos ocu-
pam pouco espaço, têm baixo custo de manutenção, pequena capacidade e maior nível de ruído.
Para ambientes maiores, utiliza-se normalmente outro tipo de ar-condicionado cuja instala-
ção é do tipo expansão direta. Esse sistema é chamado sistema de “Self Contained” (condicio-
nadores autônomos). Nele, utilizam-se condicionadores de ar compactos ou divididos que en-
cerram em seus gabinetes todos os componentes necessários para efetuar o tratamento do ar.
Nesses equipamentos, também, se pode conectar uma rede de dutos de distribuição de ar
à baixa velocidade. Eles podem ser encontrados com capacidades variando entre 5 e 30 TR e,
geralmente, são instalados em grandes ambientes, por exemplo: teatros, salas de telemarke-
ting etc.
Os sistemas de ar-condicionado podem ser fabricados com sistema de partida com controle de
temperatura liga/desliga ou pelo sistema classificado atualmente como inverter (acionamento por
inversor de frequência), que permite uma melhor economia e controle de velocidade do sistema.
Veja, no quadro a seguir, uma comparação entre o ar-condicionado convencional e o ar-con-
dicionado inverter.
D) SELEÇÃO DE COMPRESSORES
Para se escolher um compressor, primeiro, é necessário saber qual será sua aplicação e con-
siderar, ainda, vários aspectos básicos, por exemplo: condições de operação, capacidade re-
querida e curva de carga.
Entre os compressores de maior potência, temos:
• Compressores Parafusos: podem ser classificados como parafuso simples ou parafuso du-
plo, sendo que sua capacidade de resfriamento está na faixa de 20 a 1.300 TR.
• Compressor de Palhetas: são divididos em palhetas simples e de múltiplas palhetas. Sua
eficiência mecânica é próxima de 87% quando ele está operando com uma relação de pres-
são de 3,5.
• Compressor Centrífugo: seus parâmetros são quase idênticos aos compressores parafuso.
Sua capacidade pode ser controlada por meio de variação da rotação.
• Compressores Scroll: Este equipamento proporciona maior eficiência, operação suave e
silenciosa, baixa variação de torque, além de custo de manutenção menor em relação aos
de parafusos.
Tipo de
compressor SCROLL ALTERNATIVO
HERMÉTICO SEMI-HERMÉTICO
Tipo de
resfriamento
A AR REFRIGERANTE
EFICIÊNCIA
Pit = 6 * Cm kWh
24 mês ( )
Legenda:
Cm é o consumo médio (kWh/mês) dos motores dos equipamentos de refrigeração.
Já nos casos em que a temperatura está abaixo do necessário, você poderá calcular o desper-
dício de energia por meio da seguinte fórmula:
ρ •
Perdas = V * ar * CPar * ∆T * Cm
Qo
Legenda:
Qo = Capacidade de refrigeração do compressor [kcal/h]
V = Vazão dos forçadores de ar das câmaras frias [m³/h]
ρar = massa específica do ar nas CNTP (0°C e 1 atm) cujo valor é 1,293
Cpar = calor específico do ar cujo valor é 0,24 [kcal/kg°C]
ΔT = diferença entre a temperatura recomendada e a temperatura medida.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 135
TR
120
100
80
60
TR
40
20
0
Wendell Aguiar
01:00
03:00
05:00
07:00
09:00
11:00
13:00
15:00
17:00
19:00
21:00
23:00
Figura 45 - Gráfico de carga de refrigeração de 100TR sem termoacumulador
Fonte: SENAI/MG (2017).
TR
70
60
50
40
30 TR
20
10
0 Wendell Aguiar
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
• Balcões e ilhas devem ser cobertos ou fechados à noite ou até mesmo desligar no horário
noturno quando as características do produto e/ou operacionais permitirem;
• Manter o evaporador limpo e sem acúmulo de gelo com válvulas termostáticas reguladas e
tubulações isoladas;
• Instalar controle de velocidade nos compressores parafuso e ventiladores;
• Manter as superfícies de transferências de calor limpas;
• Utilizar isolamento eficiente em tubulações;
• Adotar motores eficientes em ventiladores e compressores;
• Automatizar torre e intertravar o sistema dela com as bombas e compressores;
• Eliminar vazamentos no sistema.
Após comprimido, o ar poderá ser transportado por meio de dutos e realizar trabalho em
outros locais. A pneumática é a área da engenharia que se ocupa do ar comprimido e de suas
técnicas de controle. Todos os processos, desde a geração até a própria utilização do ar com-
primido, promovem perdas de energia. Essas perdas de energia, por sua vez, são atribuídas a
diversos fatores, sendo que os principais estão relacionados na figura a seguir.
Perda por
Perda vazamento de ar
de calor de
compressão
84%
5%
Perda por
queda de
pressão
2%
Perda nas
Os sistemas de geração são compostos por vários subsistemas, tais como: compressores, mo-
tores, acionamentos, equipamentos para o tratamento do ar e reservatório. Logo, o componente
responsável por captar o ar ambiente e elevar sua pressão é o compressor. A regulagem dos parâ-
metros é feita pelos controles e são retiradas as contaminações do ar por meio de seu tratamento.
O rendimento global dos sistemas de geração de ar comprimido pode ser calculado a partir
da relação entre a energia elétrica consumida pela energia presente no ar comprimido. Ou ain-
da, utilizar o indicador de consumo específico que relaciona o consumo de eletricidade (kWh) à
vazão de ar comprimido (m3/h).
O principal elemento da geração de ar comprimido é o compressor. Saiba que existem diver-
sos tipos de compressores com características muito distintas. Cada compressor tem melhor
aplicação à determinada faixa de pressão e vazão. Sendo assim, a escolha do compressor é
determinante para se obterem os melhores custos durante sua vida útil.
140 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
O item que mais impacta nesse custo é o consumo de energia, em torno de 76% dos custos,
e o custo inicial de aquisição e instalação gira em torno dos 12%. A tabela a seguir apresenta
os tipos de compressores e suas faixas de aplicação. É importante ressaltar que essas faixas
sofrem constantes alterações pela evolução das tecnologias aplicadas e pela busca constante
da evolução pelos fabricantes de equipamentos.
P2 MAX (kPa)
VAZÃO ASPIRADA P2 / P1 Max
COMPRESSOR PRESSÃO DE
(m³/min) TAXA DE COMPRESSÃO
DESCARGA
250000
Alternativo Até 250 4,0 (por cilindro)
ou mais
ATENÇÃO
A escolha do compressor não deve ser pautada apenas por seu custo de aquisição. Outras carac-
terísticas devem ser consideradas, tais como: custos de manutenção e o nível de pureza que se
deseja obter para o ar, entre outras.
Assim como devemos escolher o melhor tipo de compressor para cada processo, também é
fundamental considerarmos o correto dimensionamento do compressor, visando garantir sua
máxima eficiência. Uma medida de aumento de eficiência que deve ser avaliada é a troca de
compressores definidos como inadequados para as faixas de operação.
Contudo, antes de recomendar a substituição de um compressor, devemos calcular as
relações de custo e consumo, considerando o investimento necessário e tempo de retorno
do investimento.
Outras medidas, além da escolha adequada do compressor, podem contribuir para o aumen-
to da eficiência na geração de ar comprimido. É o que veremos a seguir.
A temperatura do ar aspirado é fator preponderante, quanto menor a temperatura do ar
ambiente aspirado pelo compressor, menor será a energia gasta para comprimi-lo. Isso ocorre
devido ao aumento da massa específica do ar com a diminuição da temperatura. Com relação
a essa eficiência, podem-se aproximar os valores de aumento de 1% do consumo específico
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 141
para cada aumento de 4°C de temperatura e redução de 1% do consumo específico para cada
redução de 3°C de temperatura, considerando uma temperatura ambiente de 21°C. A tabela a
seguir demonstra tais valores.
16,0 1,9%(economizado)
21,0 00
A sujeira no filtro de aspiração é outro fator que prejudica o rendimento dos compressores.
Devem-se manter procedimentos de limpeza e troca dos filtros como manutenção periódica
realizada de forma sistêmica. Da mesma forma, a troca de óleo dos compressores deve ser
realizada de acordo com as recomendações do fabricante e o uso de óleos sintéticos pode pro-
porcionar uma redução de até 5% do consumo de energia.
A pressão de trabalho é um fator importante para o correto funcionamento dos elementos
de uso final pneumáticos e deve ser regulada de acordo com as recomendações do fabricante.
Muitos sistemas utilizam diferentes níveis de pressão de trabalho e a regulagem é geralmente
realizada por válvulas redutoras.
Esse processo provoca grande perda, pois se gastou certa quantidade de energia para elevar
a pressão, que será reduzida sem realizar trabalho algum. Logo, em muitos casos, torna-se eco-
nômico utilizar compressores de diferentes pressões e vazões para atender aos subsistemas
com diferentes solicitações de operação.
A pressão de trabalho deve ser regulada no menor valor que atenda aos requisitos dos equi-
pamentos consumidores, considerando as perdas da transmissão. Esse ajuste é realizado na
pressão de desarme do pressostato de controle liga/desliga. Se regulado com valores acima da
pressão de trabalho da linha, fará com que o compressor permaneça ligado por mais tempo
que o necessário, consumindo mais energia.
A tabela a seguir mostra as relações entre a potência requerida para comprimir o ar em um
estágio de compressão e a pressão de desarme. Relaciona, também, os consumos específicos
médios, considerando as condições recomendadas em projeto, no qual o ajuste do desarme
considera no máximo 0,8 bar acima da pressão de trabalho. Observe!
ATENÇÃO
ATENÇÃO
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre os sistemas de controle e eficiência energética para redes de ar com-
primido, leia o livro: ROCHA, N.R. Eficiência energética em sistemas de ar comprimido. Rio de
Janeiro: Eletrobrás; Procel, 2005. 208 p., disponível em http://www.procelinfo.com.br/main.
asp?View=%7B5A08CAF0-06D1-4FFE-B33595D83F8DFB98%7D&Team=¶ms=itemID=%7B-
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182-629352E9EB18%7D
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre dimensionamento de sistemas de ar comprimido, leia a dissertação: “Di-
mensionamento De Um Sistema De Ar Comprimido Para Uma Empresa De Pequeno Porte” – eng
mec Eduardo Bortolin. Disponível em: http://www.fahor.com.br/publicacoes/TFC/EngMec/2014/
Eduardo_Bortolin.pdf
Outro fator que contribui para perdas significativas em muitas empresas é a presença de va-
zamentos de ar comprimido. Esses vazamentos ocorrem, normalmente, por manutenção ina-
dequada ou a falta dela. Em muitos casos, esses vazamentos são ignorados pelos funcionários
e podem atingir valores representativos no consumo de energia.
Saiba que a ocorrência de vazamentos é maior nas conexões soldadas, rosqueadas ou flan-
geadas. Isso ocorre pelo desgaste das vedações ou por corrosão. Além disso, o uso de manguei-
ras e tubulações de material não adequado é outra causa para os vazamentos. As conexões
rápidas, geralmente utilizadas no ligamento das ferramentas às linhas de ar, sofrem desgastes
e são pontos de vazamento com o passar do tempo.
Logo, tendo em vista esses fatores que contribuem para o vazamento do ar comprimido e
que, consequentemente, contribuem para as perdas energéticas, é fundamental a realização
de inspeções e de manutenções periódicas, com o objetivo detectar e corrigir pequenas falhas.
As inspeções podem utilizar aparelhos ultrassônicos capazes de detectar os menores furos.
E como podemos calcular a vazão de ar perdido em um furo? Para isso, podemos utilizar a
pressão da linha e pelo diâmetro do furo. Assim, é necessário realizar um levantamento dos
furos e vazamentos para definir as prioridades para atuação. Todavia, essa análise é demorada
e, por isso, apresentaremos outro método utilizado para estimar o vazamento total do sistema.
Acompanhe!
Para realizar tal procedimento, a instalação deve atender alguns pré-requisitos:
• A instalação consumidora de ar comprimido deverá estar fora de operação, ou seja, os equi-
pamentos consumidores devem estar ligados normalmente à rede, porém inoperantes.
• Caso exista na instalação mais de um compressor para alimentar a rede, dá-se preferência
ao de menor porte. Todas as características do compressor devem ser conhecidas, principal-
mente, a vazão que pode produzir.
• O manômetro instalado na rede ou no reservatório deverá estar funcionando perfeitamente
e, se possível, calibrado.
• São necessários dois cronômetros.
• Utilizar os mesmos níveis de pressão que estiverem ajustados no pressostato de controle e
certificar-se de que esteja funcionando perfeitamente.
Atendidos esses pré-requisitos, realizaremos os seguintes passos:
• Ligar, manualmente, o compressor que será usado no teste, colocando-o em carga até que
a pressão da rede atinja o valor de desarme.
146 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
t1
t1 t2 t3 t4 t5
CARGA
CARGA
CARGA
CARGA
Figura 48 - Medição dos tempos de carga e alívio do compressor para mensuração dos vazamentos.
Fonte: ROCHA, Newton Ribeiro, 2005.
Saiba que esse teste nos fornece informações para se calcular a vazão de ar que atravessa
os orifícios da instalação que é, aproximadamente, igual ao volume de ar deslocado pelo com-
pressor no período. Para calcular os vazamentos, aplica-se a seguinte equação:
Q vaz X T = Q comp X t
Q vaz = Q comp X t
T
Legenda:
Qcomp = capacidade nominal de produção do compressor usado no teste (m3/min);
T = tempo total (alivio + compressão) registrado no primeiro cronômetro (min);
Qvaz = vazão atribuída aos vazamentos (m3/min);
t = tempos do compressor em carga (compressão) registrado pelo segundo cronômetro.
A partir da vazão atribuída aos vazamentos Qvaz , é possível obter o percentual de perdas pela
equação:
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 147
Você estudará agora os usos finais de ar comprimido. Logo, as ações de melhoria do consu-
mo de energia relacionada aos usos finais devem ser priorizadas em relação às demais, pois
podem potencializar as ações sobre os sistemas de geração e distribuição.
O desperdício de ar comprimido nos usos finais pode estar ligado ao uso em aplica-
ções desnecessárias ou pela não adoção de boas práticas nos sistemas pneumáticos.
Para adotar medidas de redução do consumo, é necessário conhecer as necessidades
de ar de cada elemento consumidor, em termos de qualidade, vazão e pressão. Tam-
bém, é necessário conhecer o perfil de carga, pois sistemas que apresentam grandes
variações de demanda de ar comprimido devem operar de forma eficiente quando a
demanda for parcial.
O ar comprimido é um dos insumos industriais mais caros e deve ser evitado sempre que
houver uma maneira energeticamente mais eficiente de se realizar o trabalho. Processos,
148 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
como limpeza, secagem, resfriamento, mistura, bombeamento, entre outros operados a ar,
devem ser, sempre que possível, convertidos para acionamentos elétricos ou mecânicos
mais eficientes.
É importante destacar que equipamentos que permaneçam desligados por qualquer período
de tempo, mas, conectados à linha de ar, devem possuir válvulas solenoides automáticas, de
forma a desligar o suprimento de ar nas paradas. Equipamentos desativados devem ser desco-
nectados da rede de ar comprimido. Toda aplicação consumidora de ar comprimido substituí-
do gera uma economia igual ou próxima ao seu consumo.
Os níveis de pressão exigidos pelas aplicações de uso final devem ser revisados frequente-
mente, observando se equipamentos de diferentes fabricantes ou modelos possuem os mes-
mos requisitos. Agrupar equipamentos com requisitos idênticos facilita o gerenciamento e con-
trole do consumo. Não adotar a pressão máxima permitida como pressão de trabalho, avaliar
e, sempre que possível, eliminar aplicações que demandem altas pressões, mantendo os níveis
da rede de ar o mais baixo o possível.
O estado de conservação das ferramentas e aplicações pneumáticas afeta diretamente seu
consumo.
DICAS
Está disponível no site do PROCEL uma planilha eletrônica, chamada E3AC, que permite calcular as
perdas em sistemas de ar comprimido, fornecendo os resultados em energia e custo das perdas.
Disponível em: http://www.procelinfo.com.br/main.asp?View=%7BA6340DFB-8A42-41FC-A79D-
B43A839B00E9%7D&Team=¶ms=itemID=%7B2858421F-0EFD-4B5E-9326-44119AAE4D4C%-
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Vamos estudar agora os sistemas de ventilação e exaustão. É importante você saber que a
ventilação e exaustão são operações realizadas por meios mecânicos que visam o controle de
variáveis, como temperatura e umidade, funcionamento de máquinas, distribuição do ar e eli-
minação de agentes nocivos à saúde, como gases, vapores, poeiras, névoas, micro-organismos
e odores. Esse ar poluído, ao ser removido por meio de sistema de exaustão, será tratado e
entregue à atmosfera sem qualquer risco de poluição ambiental.
A fim de compreendermos esses sistemas, apresentaremos a você alguns conceitos, os ti-
pos e o comportamento dos ventiladores operando com rotação constante e variável, com o
objetivo de subsidiá-lo para as análises de economia de energia em sistemas de ventilação e
exaustão. Acompanhe!
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 149
Difusores de saída
Trocador de calor
Abafador de ruido
Filtro
Acoplamento
Wendell Aguiar
Captação de ar
Ventilador centrífugo Motor elétrico
Figura 49 - Sistema de Ventilação e seus componentes
Fonte: Adaptado de Improving Fan system Performance – A source book for industry – U.S. Department of Energy
• Dampers: funcionam como as “válvulas” dos sistemas de ventilação e podem ser manuais ou
automáticos. Sua função é controlar e ajustar a vazão do fluido de trabalho.
• Filtros e lavadores: aplicados para remover pó, particulado sólido, contaminantes e odores
durante o escoamento do fluido, além de aumentar a umidade do ar.
• Abafadores de ruído: utilizados para reduzir o nível de barulho produzido pelo ventilador.
• Caixas de mistura: utilizados para misturar correntes gasosas diversas e garantir a especifica-
ção do gás insuflado no ambiente. Por exemplo: o ar de retorno de um ambiente com condi-
cionamento de ar e o ar externo são misturados na caixa de mistura para garantir uma taxa de
renovação específica e manter em nível baixo a concentração de contaminantes, tal como o CO2.
• Trocadores de calor: tem como função aquecer ou resfriar o fluido.
• Difusores: instalados na extremidade dos dutos, são os elementos responsáveis por distri-
buir/remover adequadamente o ar dos ambientes.
• Ventiladores/Exaustores: têm a função de movimentar o fluido por meio da produção de
forças que se desenvolvem na massa de ar em consequência da rotação de seu rotor que é
composto com certo número de pás especiais. Saiba que quando o ar é impulsionado para
o interior do ambiente o chamamos de ventilador e quando o ar é retirado do interior do
ambiente o chamamos de exaustor.
A geometria muda para atender as vazões e pressões necessárias solicitadas por uma ins-
talação. Existe o ventilador adequado para a instalação certa. O rotor radial opera vazões pe-
quenas e grandes pressões; o rotor misto, médias vazões e médias pressões; e o axial, grandes
vazões e pequenas pressões.
A seguir temos um ventilador radial e um ventilador axial:
Fábio Paiva Ribeiro
DICAS
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre os equipamentos que fazem parte de um Sistema de Ventilação e Exaus-
tão, leia o livro “Ventiladores e Exaustores – Guia Básico”. Disponível em: < https://static-cms-si.
s3.amazonaws.com/media/uploads/arquivos/Ventiladores.pdf>.
100
90 Curva do Sistema
80
70
N/m2
60
50
40
30
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
m3/s
90 Curva do Ventilador
80
70
N/m2
60
50
40
30
Fábio Paiva Ribeiro
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
m3/s
É importante saber, ainda, que a intersecção da curva do sistema com a curva de pressão
estática define o ponto de operação. Quando a resistência do sistema muda, o ponto de ope-
ração também muda.
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre cálculo das perdas de um sistema de ventilação, consulte o livro Ventilação
Industrial e Controle da Poluição, de autoria Archibald Joseph Macintyre, 2. Ed., ano 1990.
154 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
100
Curva do Sistema
90
Curva do Ventilador
80
70
N/m2
60
50 Ponto de Operação
40
30
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
m3/s
90 Curva do Sistema S2
p3
80 Curva do Sistema S3
70p2
N/m2
60
50
p1
40
30
Fábio Paiva Ribeiro
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Q3 Q2 Q1 m3/s
Figura 59 - Gráfico de controle da vazão por meio da variação da curva do sistema com o uso de damper
Fonte: SENAI/MG (2017).
120
110 Curva do Sistema S1
70
N/m2
60
50
p6
40
30p5
10p4
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Q3 Q2 Q1 m3/s
Nesse caso, para cada vazão de ar desejada, é reduzida a velocidade do ventilador (rotação)
e, consequentemente, alcançamos as mesmas vazões de ar de Q1 até Q3 obtidas pelo controle
por meio do damper. Contudo, você pode observar que as pressões solicitadas ao ventilador
são bem menores e, de forma contrária ao caso anterior, reduzem de P4 até P6. Veja que nes-
se tipo de controle de vazão, a curva do sistema permanece inalterada, enquanto temos uma
curva do ventilador para cada rotação de trabalho.
A seguir, temos um exemplo de como calcular o valor da energia elétrica a ser economizada
de acordo com o sistema de ventilação. Acompanhe!
Considerando o rendimento do motor elétrico como ɳmotor, do ventilador ɳvent, “t” como o tem-
po (em horas) de permanência no ponto de operação e P3 e P4 como pressões exigidas ao ven-
tilador em N/m², ao optarmos pelo controle da vazão pela variação da rotação alcançando o
valor de vazão Q3 (m³/s), temos que a energia elétrica economizada será:
Q3 * (P3 - P4 )
E[Wh] = t
nmotor * nvent *
Q2 n2 ∆p2
( )
n Pe2 n
( )
2 3
= ; = 2 ; = 2 ;
Q1 n1 ∆p1 n1 Pe1 n1
Em outras palavras:
• Ao variarmos a rotação do ventilador em 10%, a vazão de ar sofrerá um incremento ou
decremento de 10%;
• Ao reduzirmos a velocidade do ventilador em 10 %, a diferença de pressão necessária para
deslocar o ar reduzirá em 19 % e um incremento de 10 % na rotação causará um aumento
de 21 % na queda de pressão;
• Ao reduzirmos a rotação do ventilador em 10 %, reduziremos a potência requerida no eixo
do motor em 27 % e, ao aumentarmos a velocidade do ventilador em 10 %, aumentaremos
a potência requerida no eixo em 33 %.
Vejamos a seguir alguns exemplos de como aplicar as Leis de Afinidades para os ventiladores.
Acompanhe!
Ao especificar um ventilador centrífugo para um sistema de ar-condicionado foi considerado
pelo engenheiro uma vazão de 41.400 m³/h contra uma pressão de 640 Pa, exigindo-se uma po-
tência elétrica do motor de 8,18 kW e uma rotação de 890 rpm para atendimento aos requisitos
de condicionamento ambiental de um determinado ambiente. O ambiente nunca foi ocupado
em sua totalidade, de forma que é possível reduzir a vazão de ar para 30.000 m³/h para atendi-
mento à carga térmica de ar condicionado real menor que a planejada. Se utilizarmos controle de
velocidade para promovermos a adequação da vazão ao necessário, quais seriam os novos va-
lores para rotação do ventilador, pressão estática e potência elétrica considerando acoplamento
direto (ɳ = 100%), e que o motor apresentará rendimento de 93% nas duas situações?
Primeiro, vamos calcular o valor da nova rotação na qual o ventilador deverá trabalhar:
Q2 n2 n
= => 30.000 = 2
Q1 n1 41.400 890
n2 ~
= 645rpm
Agora, vamos calcular o valor da nova pressão estática na qual o ventilador deverá trabalhar:
∆p2 n ∆p
( ) => 640 = ( 645 )
2 2
= 2 2
∆p1 n1 890
( )
2
645
=> ∆p2 = 640 * 890 => ∆p2 = 336,14
∆p2 ~
= 336pa
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 157
Finalmente, vamos calcular a nova potência demandada pelo conjunto ventilador e motor
elétrico:
Potência no eixo (Pe1) = 8,18 * 0,93 = 7,61 kW
Pe2 n Pe2
( ) ( )
2 3
= 2 => = 645
Pe1 n1 7,61 890
( )
3
645
=> Pe2 = 7,61* 890 => Pe2 = 2,9 kW
Pe2
Pele = = 2,9 = 3,11 kW
nmotor 0,93
Vale salientar que, se houver uma redução significativa na potência do ventilador, é aconse-
lhável avaliar a substituição do motor por um menor.
SAIBA MAIS
ção de água. Esses sistemas, posteriormente, foram melhorados com o advento de instrumen-
tos e técnicas de bombeamento.
Como qualquer outro sistema, os sistemas de bombeamento de água, ou um outro fluido
qualquer, requerem instalações adequadas e energia. E esse é o tema que abordaremos agora:
a eficiência energética, ou seja, verificaremos quais são os principais pontos de um sistema de
bombeamento que podem ser otimizados, a fim de melhorarem seu desempenho e minimiza-
rem os gastos com energia.
Acompanhe!
A) MASSA ESPECÍFICA
A massa específica pode ser definida como a relação entre a massa de um corpo e seu volu-
me. Sua representação normalmente é feita pela letra grega ρ e é dada pela seguinte expres-
são matemática:
P= m
V
Diante do exposto e em condições normais de temperatura e pressão (CNTP), podemos assu-
mir que para a água: ρ = 1.000kg/m3.
B) PESO ESPECÍFICO
Já o peso específico (ɣ) de uma substância é determinado a partir da relação entre seu peso
de (w) e o volume (V) por ele ocupado. Observe:
ɣ= w
V
Sendo assim e ainda sob CNTP, temos que a água apresenta um ɣ = 1.000kgf/m3 ou 9.800N/m3.
DICAS
Para os líquidos, a variação da massa específica com a temperatura e a pressão é muito pequena,
podendo ser considerada, para as finalidades deste livro, constante. A mesma observação vale
para o peso específico, pois é direta sua relação com a massa específica.
160 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
C) DENSIDADE
Podemos entender a viscosidade dinâmica (μ) como a capacidade que um líquido apresenta
em resistir a um esforço de cisalhamento4, ou seja, a resistência ao escoamento.
E) VISCOSIDADE CINEMÁTICA
A viscosidade cinemática (v) pode ser determinada a partir da razão entre a viscosidade abso-
luta e a massa específica da substância de estudo, em nosso caso, a água.
μ
v=
ρ
A viscosidade cinemática varia em função da temperatura. Usualmente, em questões de hi-
dráulica, o valor da viscosidade cinemática, a uma temperatura de 20°C é de, aproximadamen-
te, 0,000001003m2/s, ou 1x10-6.
F) NÚMERO DE REYNOLDS
A carga de pressão pode ser definida como a posição “h” da coluna de um fluido na qual a al-
tura do líquido de peso específico ɣ é capaz de produzir sobre a superfície líquida uma pressão
igual à atmosférica.
H) VAZÃO
A vazão (Q) em uma tubulação é definida como o volume de líquido passante por uma seção reta
dessa tubulação em um determinado tempo (T). Ela pode ser representada algebricamente por:
4 Fenômeno de deformação ao qual um corpo está sujeito quando as forças que sobre ele agem provocam um
deslocamento em planos diferentes, mantendo o volume constante.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 161
Q= V
T
I) CARGA HIDRÁULICA
De um modo bem simples, podemos entender a carga hidráulica (h) em um ponto qualquer,
em um meio fluido, como a altitude do ponto (z) e a pressão do fluido (Ψ), ou seja, é a ‘força’ da
água.
J) PERDAS DE CARGA
As perdas de carga podem ser categorizadas em dois tipos: perda por carga distribuída e
perda de carga localizada. A primeira deve-se ao atrito entre o fluido e a tubulação ao longo de
seu trajeto. Já a segunda é caracterizada pela presença de “descontinuidades” ou pontos espe-
cíficos, como reduções no diâmetro da tubulação, derivações, curvas, cavitação etc.
A altura estática ou geométrica é definida como a diferença entre as cotas da superfície livre
da água do ponto de origem e do ponto para onde se deseja bombeá-la.
L) ALTURA MANOMÉTRICA
A altura manométrica, altura total de elevação ou ainda altura manométrica total é a altura
total que deve ser vencida para se levar o fluido de um ponto a outro, considerando também
as perdas de carga do sistema.
M) CAVITAÇÃO
N) BOOSTERS
Em sistemas hidráulicos, em que a perda de carga ou de vazão são expressivas, faz-se neces-
sária a utilização de boosters, que são equipamentos capazes de impelir potência hidráulica ao
sistema, principalmente em estações elevatórias.
Agora que recapitulamos esses conceitos tão importantes, falaremos sobre os Sistemas de
Bombeamento.
162 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Podemos definir bomba como qualquer máquina ou dispositivo utilizado para elevar o nível de um
fluido ou fazê-lo seguir em determinada direção, ou para comprimir gases ou torná-los rarefeitos.
Já os sistemas de bombeamento são conjuntos mecânicos constituídos por bombas e acessó-
rios, tais como tanques, tubulações e válvulas. Os principais componentes de uma bomba são: o
rotor, a carcaça e o difusor. Saiba que o rotor tem por função transmitir energia cinética ao fluido
e o difusor, por sua vez, realiza a conversão da energia cinética em pressão de elevação.
Após essa introdução, vamos ver mais algumas informações importantes acerca das bombas
e dos sistemas de bombeamento. Acompanhe!
As bombas são divididas em dois grandes grupos, sendo eles:
A) Bombas de deslocamento positivo ou volumétricas;
Outra classificação para as bombas pode ser feita em função do tipo de rotor que a compõe:
A) Bombas centrífugas ou radiais;
B) Centrífugas helicoidais;
C) Centrífugas axiais.
C) Rendimento X Vazão.
A melhor bomba será aquela que você possa conciliar os melhores dados de desempenho
dentre as três curvas citadas.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 163
DICAS
Escolha, preferencialmente, as bombas comerciais, pois, como dito, elas apresentam curvas de
desemprenho já elaboradas. Já em relação às bombas industriais, muitas delas são feitas sob de-
manda do cliente e, por isso, podem não apresentar as curvas já desenvolvidas.
A determinação da vazão não é uma tarefa fácil, em função dos regimes de escoamento
(laminar ou turbulento), cavitação etc. Vários são os instrumentos e métodos para se determi-
nar a vazão em um sistema hidráulico. O mais usual é o tubo de Pitot.
III - RESERVATÓRIOS
IV - AUTOMAÇÃO
A automação dos sistemas (válvulas, bombas, boosters, etc.) é uma prática recomendada den-
tro de qualquer sistema. Uma vez que se faça necessária (eventual ou programada) a inter-
venção, teremos uma economia, ao evitar perdas de tempo ou falhas humanas. E, ainda, a
automação facilita e otimiza as operações cotidianas de um dado sistema.
164 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
V - VÁLVULAS
Diversos são os tipos e as aplicações das válvulas em um sistema, cada qual com suas espe-
cificidades e aplicações. A escolha do tipo e a determinação de seu posicionamento deve ser
feito de modo a otimizar a operacionalização do conjunto, tendo como premissas: a economia,
a praticidade, a rapidez e a segurança.
A seguir, citaremos os principais tipos de válvulas:
• Válvulas do tipo on/of;
• Válvulas redutoras de pressão;
• Válvulas sustentadoras de pressão;
• Válvulas de alívio;
• Válvulas controladoras de nível;
• Válvulas limitadoras de vazão;
• Válvulas para a prevenção de golpe de aríete;
• Válvulas de alívio rápido.
ATENÇÃO
Para otimizar as operações de nosso sistema, diminuindo custo ou melhorando seu desem-
penho e eficiência energética, podemos lançar mão de algumas ações, por exemplo:
O uso de bombas ligadas em série (em sequência) é de grande valia quando observada, por
exemplo, a necessidade de aumentar a altura manométrica do sistema, evitando, assim, inves-
timentos em bombas de maior potência e mais caras. Nesse caso, a bomba a jusante funcio-
nará como um booster.
Selecionar uma bomba ou um conjunto delas não é uma tarefa nada fácil. Devemos consi-
derar nessa seleção aspectos, como: potência instalada de cada uma, vazão, capacidade de
carga, consumo energético etc. E, ainda, devemos lançar mão de diversas tabelas, gráficos
e ábacos.
Para facilitar nossa seleção, podemos usar softwares de fabricantes como instrumento de
auxílio para a realização dessa seleção e para a análise de leiaute de um sistema.
50 - 80%
En. Elétrica Uso Final
Motor - Bomba Distribuição
100% = 50%
Nesse diagrama, os pontos de melhoria na eficiência energética estão, sobretudo, nas perdas
do sistema.
Além disso, precisamos conhecer, também, as características de nosso sistema de bombea-
mento a ser otimizado, incluindo seus componentes e parâmetros de operação, bem como as
instalações onde ele está inserido.
Levantar dados reais e atuais acerca da operação de seu sistema é importante, pois tais da-
dos, associados às suas características construtivas, nos darão uma visão maior e melhor das
intervenções que poderão ser realizadas com o objetivo otimizar os processos e reduzir custos.
É importante também você saber que uma avaliação sobre as equações de potência e con-
sumo em um sistema de bombeamento nos dá algumas dicas de como podemos identificar
melhorias de desempenho energético:
γ * Q * HMT
P= e C = P* t
ηbomba * ηmotor
Ao reduzirmos o peso específico (Y), a vazão bombeada (Q), a altura manométrica (HMT) e o
tempo de bombeamento e com o incremento nos rendimentos da bomba (ɳbomba) e do motor
(ɳmotor), consequentemente, reduziremos o consumo energético da instalação de bombeamen-
to em questão.
Mas você já pensou em quais são as principais oportunidades de melhoria, considerando o
bombeamento, a distribuição e o uso final de um sistema de bombeamento?
De modo geral, podemos citar como principais oportunidades de melhoria:
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 167
DICAS
A viabilidade técnica sinaliza que é possível produzir a mesma quantidade de produto com a utilização
de uma quantidade menor de energia. O resultado da viabilidade técnica encontrada por si só não é con-
dição determinante e definitiva para implementação das ações, pois a palavra final do empresário depen-
derá da viabilidade econômica e dos recursos disponíveis.
Acompanhe!
7 ANÁLISE FINANCEIRA
A diferença entre receita e despesas proporciona o fluxo líquido dos recursos para o projeto
e essa análise é muito importante para o alcance do objetivo final.
Na figura a seguir, você observará seta para baixo que representa certo capital “I” no instante
Zero, que proporciona um retorno anual “A” representado pelas setas para cima durante um
período “n” ou um valor “F” após esse mesmo período. Veja:
Entrada de Recursos F
A A A A A
0 1 2 n-1 n
7.4 TAXAS
Nesse caso, esse é o seu Custo de Oportunidade e o índice de 0,9% a.m. é sua TMA. É possível
que a empresa consiga remunerar seu próprio capital por meio de suas operações, compra de
matéria-prima, manufatura, venda e logística, a uma taxa de 4% a.m.
Assim, ainda que o banco ofereça sua melhor taxa e consiga oferecer apenas 0,9% a.m., a
direção da empresa reconhece que, se aplicar qualquer recurso em sua própria produção, ob-
terá 4% a.m. Agora essa será a sua TMA.
Apesar de ter diferentes sentidos em distintos contextos, genericamente, pode-se dizer que
situações de risco podem ocorrer quando existe a probabilidade de um resultado ser diferente
daquele que foi previsto. Sempre estamos na presença de um risco quando é conhecida a pro-
babilidade de um resultado ocorrer diante de uma série de acontecimentos possíveis, ou seja,
quando há várias opções de resultados.
Importante compreender que, ainda que saibamos as possibilidades de uma ação ou um
conjunto de ações e não se conhecendo as probabilidades de ocorrência de cada uma delas,
estamos diante de uma incerteza. Portanto, a falta de certeza dos fatos gera riscos e incertezas.
O tempo de retorno do capital, sem dúvida, é o mais difundido para análise de viabilidade
econômica, devido principalmente a sua facilidade de aplicação quando estamos à procura de
resposta para a seguinte pergunta: Em quanto tempo retornará o dinheiro investido em um proje-
to ou equipamento? Então, estudaremos agora o tempo de retorno do capital simples.
n= investimento
benefício esperado
Veja:
n= investimento x 12
benefício esperado
0 R$ 40.000,00
Total R$ 40.000,00
No exemplo acima, observamos que o retorno do investimento ocorrerá em 1,5 anos ou 18 meses.
Exemplo 2: tempo de retorno do capital simples, em anos, feito em planilha eletrônica com
parcelas não fixas.
Total R$ 155.000,00
Tabela 38 - Exemplo de tempo de retorno do capital feito na planilha eletrônica
Fonte: SENAI/MG (2017)
ATENÇÃO
O tempo de retorno do capital simples não leva em consideração as diferenças de riscos nos projetos
e qualquer taxa de desconto, ou seja, o valor do dinheiro no tempo não é considerado. Também não
leva em consideração projetos muito ou pouco arriscados que são calculados da mesma forma.
MESES
ETAPAS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
ETAPA 1
ETAPA 2
Fábio Paiva Ribeiro
ETAPA 3
ETAPA 4
OUTRAS
Tabela 39 - Exemplo de Cronograma
Fonte: SENAI/MG (2017)
ANÁLISE FINANCEIRA 175
• Exemplo 2
16/01/17 20/01/17 24/01/17 28/01/17 01/02/17 05/02/17 09/02/17 13/02/17 17/02/17 21/02/17
Tarefa 1 5
Tarefa 2 1
Tarefa 3 6
Tarefa 4 2
Tarefa 5 7
Tarefa 6 4
Tarefa 7 8
Tarefa 8 2
Tarefa 9 3
Tarefa 10 3
Tarefa 11 3
Tarefa 12 2
MESES
ETAPAS
TOTAL
Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12
Etapa1 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Etapa2 R$ R$ R$ R$ R$ R$
Etapa3 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Etapa4 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Fábio Paiva Ribeiro
Outras R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Total R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
4 5 7
0 1 2 3 6
Período de tempo
• Exemplo 3
Sabemos que existem várias formas de elaborar um relatório técnico. Contudo, é importante destacar
que ele precisa estar de acordo com o que foi acordado entre você e o seu cliente, isto é, a empresa.
O modelo de relatório apresentado neste módulo segue um padrão predefinido no programa Indústria
+ Eficiente. Acompanhe a seguir os itens obrigatórios que constam nesse modelo de relatório técnico.
8 RELATÓRIOS TÉCNICOS
O relatório técnico deverá ser uma referência para a empresa no que diz respeito à eficiência
energética. Ele trará um conjunto de dados e análises dos diversos cenários, com potencial
de economia encontrados, a fim de implantar medidas de redução de consumo dos insumos
energéticos e de custos. O seu conteúdo contempla, no mínimo, os dados e análises referentes
ao perfil de consumo da empresa, os principais usos finais instalados (que são utilizados no
processo produtivo), a identificação dos potenciais de economia e o estudo de viabilidade para
implantação das ações propostas.
Em seguida, apresentamos o modelo de relatório desenvolvido para essa metodologia.
I.OBJETIVO
O objetivo desse documento é apresentar os resultados da consultoria especializada por
meio de uma metodologia denominada “Indústria + Eficiente”, realizado nas áreas (ilumina-
ção, motores, aquecimento, ventilação, ar comprimido etc.) da empresa, para contribuir com
o aumento da produtividade da empresa em questão.
RELATÓRIOS TÉCNICOS 179
II. ESCOPO
Para cumprimento do objetivo desse serviço de consultoria, o escopo do projeto foi dividido
em etapas de trabalho, conforme programação abaixo:
1 - Caracterização do consumo energético.
2 - Apresentação visual dos dados do fluxo de energia com identificação de recursos de maior
consumo energético.
3 - Identificação de oportunidades de melhoria.
4 - Descrição das intervenções realizadas a partir da lista de priorização da empresa.
5 – Descrição dos Resultados.
6 - análise dos indicadores de redução do consumo de energia e a projeção do retorno dos
investimentos.
7 – Conclusão.
A seguir, abordaremos cada etapa que deve constar no escopo do relatório.
Acompanhe!
N° DO CLIENTE
Nº DA INSTALAÇÃO
DISTRIBUIDORA
MODALIDADE TARIFÁRIA
Ana Maria Lima
TENSÃO DE FORNECIMENTO
DEMANDA CONTRATADA
Tabela 43 - Modelo de tabela de fornecimento de energia elétrica.
Fonte: SENAI/MG (2017).
Administrativo
Energia Elétrica
XX.XXX kWh/ano Produção Iluminação
XX% do custo com
energé�cos
Processo 1 Processo 2 Processo 3
Sist. Motrizes
GLP XX.XXX MWh/ano
10.000 kWh/ano
Processo 4 Processo 5 Processo 6 Sist. Bombeamento
XX% do custo com
Matéria-Prima 1 energé�cos XX.XXX MWh/ano
XX.XXX kg/ano Produto
Processo 7 99.999 kg/ano
Matéria Prima 2 Processo 8 Processo 9 Sist. Ar comprimido
Etanol
X.XXX kg/ano XX.XXX 0 kWh/ano
XX.XXX MWh/ano
XX% do custo com
energé�cos Processo 10 Processo 11 Processo 12
Sist.
Refrigeração/Térmicos
Água
XX.XXX litros/ano
X % do custo com Expedição
energé�cos
Maiores consumos energéticos
As matérias-primas e produtos devem ser inseridos com a unidade que mais se adequar à
sua natureza, como toneladas por ano ou unidade por ano.
As áreas da empresa que consomem energia devem ser representadas, assim como um fluxo
do processo produtivo que demonstre a forma como a energia é consumida. Os processos de
maior consumo devem ser destacados.
ATENÇÃO
Nem todos os sistemas apresentados estarão presentes nas empresas atendidas e esse campo
deve ser adequado, retirando ou inserindo sistemas.
É importante que o fluxo apresente de forma clara o consumo energético da empresa ou carga
foco da consultoria, fornecendo uma visão geral do processo e informações que orientem a to-
mada de decisões sobre a gestão de energia da empresa atendida.
RELATÓRIOS TÉCNICOS 181
Tabela 44 - Exemplo de tabela em que constam os sistemas consumidores de energia a serem priorizados
Fonte: Equipe SENAI/MG - CETEL (2017)
Após a seleção dos sistemas consumidores, você deve qualificar as cargas-alvo (informando
quais equipamentos, elementos de uso final ou processo) e também quantificar as cargas-alvo
(informar o consumo em MWh e despesa em R$ que representa), tanto aquela considerada
para ações com investimento quanto para ações sem investimento.
4. Descrição das intervenções realizadas a partir da lista de priorização da empresa
Após ter selecionado os sistemas consumidores de energia a serem priorizados, para cada
um deles, você deverá descrever como será realizada a implementação. Logo, se você selecio-
nou, por exemplo, dois sistemas consumidores de energia, os dois devem constar no relatório.
ATENÇÃO
Você não precisará explicar, neste momento, a Fluxo de Materiais e Energia, pois a ferramenta já
foi apresentada no item 2.
para Sistema Consumidor de Energia. Portanto não a limitação de ações. A lista de priorização
da empresa deve contemplar o máximo de oportunidades e potenciais possíveis.
INDICADORES DE DESEMPENHO
Consumo Energético
xxxxx xxxxx
(MWh/ano) xxxxx xxxxx xxxxx
% %
(sem investimento)
Consumo Energético
xxxxx
(MWh/ano) xxxxx xxxxx Não Aplicável Não Aplicável
%
(com investimento)
Despesa Energética
xxxxx xxxxx
(R$/ano) xxxxx xxxxx xxxxx
% %
(sem investimento)
Despesa Energética
xxxxx
(R$/ano) xxxxx xxxxx Não Aplicável Não Aplicável
%
(com investimento)
Retorno do
Programa (mês) xxxxx xxxxx xxxxx Não Aplicável xxxxx
(sem investimento)
TOTAL
7. Conclusão
Nesse item, temos a conclusão do atendimento. Logo, você deverá inserir a análise dos ganhos
de produtividade alcançados, ou seja, o impacto dos indicadores na produção da empresa.
III - CHECK-LIST PARA APOIO NAS ATIVIDADES
Agora, segue um check list para que você possa analisar e definir as intervenções que devem
ser executadas nos sistemas consumidores de enegia que foram priorizados.
Apresentaremos abaixo alguns pontos de observação que podem ser úteis em sua consultoria
de Eficiência Energética. Vale ressaltar que se tratam-se de procedimentos básicos para análise
de usos finais de energia elétrica. Acompanhe!
Análise Tarifária
• Solicitar as 12 últimas contas de energia;
• Preencher planilha de analise tarifaria e modulação das contas (Tarifas Verde, Azul, Convencional
ou Livre);
• Verificar perspectivas de crescimento da empresa, situação do contrato junto à concessionária;
• Dimensionar bancos de capacitores e demanda e determinar melhor tarifa e horário de ponta
• Estudo de viabilidade técnica econômica.
Gestão Energética
• Realizar levantamento dos combustíveis;
• Verificar aquisição dos Insumos;
• Realizar estudo de conversão energética;
• Verificar os indicadores energéticos.
Motores Elétricos
• Anotar os dados de placa do motor (potência, RPM, corrente, tensão, FP e rendimento);
RELATÓRIOS TÉCNICOS 185
Iluminação
• Medir o nível de iluminamento médio de cada ambiente;
• Preencher tabela listando tipo de lâmpada, potência, quantidade e acessórios;
• Listar tipo de luminária utilizada, estado de conservação;
• Anotar cor do teto, parede, piso e tipo de atividade principal do ambiente;
• Verificar os tipos de lâmpadas e luminárias especiais (antiexplosão etc.);
• Verificar a divisão dos circuitos de iluminação (setorização);
• Verificar o tempo de funcionamento diurno, noturno e horário de limpeza do ambiente;
• Verificar a possibilidade de aproveitamento da luz natural;
• Especificar lâmpadas eficientes e cotar preço;
• Fazer estudo de viabilidade técnico econômica do uso final.
Sistemas de Ar Comprimido
• Anotar dados de placa e modelo dos compressores (potência, vazão, corrente, tensão e rendimento,
modelo);
• Medir corrente do equipamento com carga;
• Anotar dimensões e características das redes de distribuição;
• Anotar pressão na saída do ar comprimido e na entrada das máquinas;
• Recalcular carga do sistema e necessidade das máquinas;
• Verificar o regime de funcionamento do equipamento;
• Especificar equipamentos eficientes e cotar preço;
• Realizar estudo de viabilidade econômica.
Sistemas de Bombeamento
• Anotar tipos de bombas existentes;
• Calcular curva de nível;
• Verificar excesso de curva nas tubulações;
• Verificar o regime de funcionamento do equipamento;
• Medir consumo;
• Especificar equipamentos eficientes e cotar preço;
• Realizar estudo de viabilidade econômica.
Avaliação de resultados
• Elaborar plano de ação com recomendações de eficientização com e sem investimento;
• Realizar análise de resultados técnicos econômicos;
• Apresentar os indicadores de desempenho;
• Apresentar o tempo de retorno do capital.
UNIDADE DE ESTUDO 9
ESTUDO DE CASOS
188 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
• Solucionar problemas.
9 ESTUDO DE CASOS
- O valor para 45ºC (obtido por interpolação entre os valores 43ºC e 49ºC) é igual a 8,2% (in-
cremento)
- Para 32ºC = 3,8% incremento
- Diferença de incrementos: 8,2 - 3,8 = 4,4%
- Logo, o percentual de 4,4% é a energia economizada sobre o que se estiver sendo consu-
mindo até então.
MWh
Economia energética estimada = 34, 200 mês x 4, 4%
kWh
Economia financeira estimada = 1.505 mês x 0, 60 R$/kWh
16,0 1,9%(economizado)
21,0 00
- O valor para 45ºC (obtido por interpolação entre os valores 43ºC e 49ºC) é igual a
8,2% (incremento)
- Para 32ºC = 3,8% incremento
- Diferença de incrementos: 8,2 - 3,8 = 4,4%
- Logo, o percentual de 4,4% é a energia economizada sobre o que se estiver sendo
consumindo até então.
MWh
Economia energé tica estimada HFP = 335,16 an o x 4,4 %
kWh
Economia financeira estimada HFP = 14 75 an o x 0 43 R$/ kWh
kWh
Economia financeira estimada HP = 3.311 ano x 1, 62 R$/kWh
R$
Economia financeira estimada corrigida = 11.704, 33 an o x 90%
Conclusão:
O Projeto 1 não traduz a melhor resolução com foco nos resultados do programa. O fato de
considerar o custo da energia específico e não o custo por posto tarifário, apesar de considerar
outros fatores, como: demanda, multas e encargos, representa uma economia inferior. Além
disso, conforme os indicadores do programa, a economia alcançada deve ser apresentada por
período anual em MWh/ano.
O projeto 2 traduz a melhor solução para o cálculo de economia em MWh do sistema. O custo
da energia é calculado por posto tarifário (ponta e fora de ponta) além de projetar a economia
anual com a adoção das medidas, conforme estabelece os indicadores do programa e as boas
práticas da consultoria de Eficiência Energética. Outro aspecto importante é a utilização de um
fator de segurança para a apresentação da economia financeira, que tem a capacidade de ab-
sorver uma pequena alteração do cenário analisado. Além disso, a análise por posto tarifário
possibilita a redução de custos com a mudança no processo produtivo para evitar o uso de
equipamento no horário de ponta. Um exemplo disso é o revezamento de operadores no ho-
rário de almoço para evitar desligamento do ar comprimido neste horário e com isso desliga-lo
duas horas mais cedo no horário de ponta.
Consumo do Compressor
Cm = 792 MWh/ano
ESTUDO DE CASOS 193
b kcal l
3 ^t ar h x 0, 24 3
kcal ^Ct h
m3 kg
Q h = 20.000 h x 1, 20 kgar x 0, 1
Q b h l = 20.000 h x 1, 20 3 ^t ar h x 0, 24 kg.C ^Ct ar h x 0, 1
kcal
m m kg .C kcal
m
Q = 576 kcal/h
Q = 576 kcal/h
Q
t red = Q x Cm Q
0
t red = Q x Cm
0
( ) ( )
Q2 n2 ∆p2 n 2
Pe2 n 3
= ; = 2 ; = 2 ;
Q1 n1 ∆p1 n1 Pe1 n1
Pe2
Pe2 =
15,5 =
15,5
(( 1.475 ))
1.475 33 =>Pe = 8,97kW
1.770 =>Pe22= 8,97kW
1.770
194 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Consumo do Compressor
Qb l= b kcal l 24.000mkcal
^ h ^ ar h 3x ^^t h x]-05, 24
gh
kcal ^Ct
kcal de calor
Quantidade 24.000 kgda câmara
m em excesso
retirada
3 3
kg
Q =
x 1, 20 h3 t ar x 0, 24 x
h kg.C 1 ,C20
t 0 ar-
kg.C
h h m m
Q
t red = Q x Cm
0
Q
t red = Q Q x Cm
t red =0 Q x Cm
0
t red b ano
MWh l = 34.560
t red b ano l160
MWh = 34 x 792
.560
.000
160.000 x 792
Reprogramação de
Gestão
0 R$ 15.855,00 pagamentoda fatura de 0 R$ 15.855,00 R$ 0,00 Imediato
Energética energia elétrica
Alteração de Modalidade
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
R$ Gestão
0 1.833.000,00 Energética Tarifária e Demanda 0 R$ 133.456,00 R$ 2.500,00 < 1 mês
(requer projeto)
Gestão Manutenção no Banco de
0 R$ 59.863,00 0 R$ 59.863,00 R$ 2.400,00 < 1 mês
Energética Capacitores
Sistema e
Substituição de lâmpadas
77,45 R$ 47.012,15 Iluminação 38,20 R$ 23.187,40 R$ 17.000,00 8,8 meses
vapor metálico por LED
Depósito
Sistema e Desligamento das
77,45 R$ 47.012,15 Iluminação luminárias vapor metálico 0,75 R$ 455,24 R$ 0,00 Imediato
Depósito durante almoço e café
Setorização do circuito
Sistema e
com luminárias atuais
77,45 R$ 47.012,15 Iluminação 8,45 R$ 5.129,15 R$ 798,00 1,9 meses
em 2 blocos e acionando
Depósito
apenas 1
Desligamento do ar
Sistema HVAC
Substituição do motor
R$ Sistema de Ar 300 cv por outro de
985,66 598.295,62 Comprimido mesma potência e melhor 122,57 R$ 74.399,99 R$ 105.000,00 16,9 mesesv
rendimento
Wendell Aguiar
RETORNO DO PROGRAMA
REDUÇÃO DAS DESPESAS COM ENERGIA
REDUÇÃO DE CONSUMO COM ENERGIA
cadores de desempenho:
AÇÕES COM INVESTIMENTO - CAPEX INDICADORES DO PROGRAMA
CIENTE, estudado anteriormente.
SISTEMA DE R$
77,45 MWh/ R$ 47.012,15 39,25 MWh/ R$ 23.824,75 38,20 MWh/ R$ 17.000,00
ILUMINAÇÃO 23.187,40 /
ano / ano ano / ano ano / ano
DEPÓSITO ano
R$
TOTAL COM 1063,11 R$ 645.307,15 902,34 R$ 547.719,76 160,77 MWh/
97.587,39 / R$ 122.000,00
INVESTIMENTO MWh/ano / ano MWh/ano / ano ano
ano
ESTUDO DE CASOS
Wendell Aguiar
197
1) A tabela a seguir apresenta os cálculos com investimento CAPEX com os seguintes indi-
do Excel. Lembramos que você poderá utilizar o arquivo INDICADORES_INDÚSTRIA_MAIS_EFI-
remos as fórmulas dos indicadores que você conheceu no material online direto em planilhas
relatórios que serão apresentados para o industriário. Para facilitar a sua compreensão, aplica-
Neste primeiro desafio, calcularemos os 6 indicadores de desempenho que irão compor os
RETORNO DO PROGRAMA
198
-5- tempo
CONSUMO CUSTO INICIAL CUNSUMO ECONOMIA ECONOMIA de retorno
CARGA-ALVO CUSTO DEPOIS INVESTIMENTO -1- kWh/a % -3- R$/a %
INICIAL ANTES ANTES DEPOIS ENERGÉTICA FINANCEIRA do capital
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
(meses)
Gestão
0,00 MWh/ano R$ 15.855,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 0,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 15.855,00 / ano R$
Energética
Gestão
0,00 MWh/ano R$ 1.833.000,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 1.699.544,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 133.456,00 / ano R$ 2.500,00 / ano
Energética
- Retorno do programa;
Gestão
0,00 MWh/ano R$ 59.863,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 0,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 59.863,00 / ano R$ 2.400,00 / ano
Energética
Sistema de
Iluminação 77,45 MWh/ano R$ 47.012,05 / ano 76,70 MWh/ano R$ 46.556,80 / ano 0,75 MWh/ano R$ 455,25 / ano R$
Depósito
- Redução de consumo de energia.
Sistema de
Iluminação 69,00 MWh/ano R$ 41.882,90 / ano 8,45 MWh/ano R$ 5.129,15 / ano R$ 798,00 / ano
- Redução das despesas com energia;
Depósito
com os seguintes indicadores de desempenho:
Sistema HVAC 3,87 MWh/ano R$ 2.949,00 / ano 3,33 MWh/ano R$ 2.620,50 / ano 0,54 MWh/ano R$ 328,50 / ano R$
Sistema de Ar
953,10 MWh/ano R$ 578.531,70 / ano 32,56 MWh/ano R$ 19.763,92 / ano R$ 2.400,00 / ano
Comprimido
Sistema de Ar
778,28 MWh/ano R$ 472.415,96 / ano 207,38 MWh/ano R$ 125.879,66 / ano R$ 7.000,00 / ano
Comprimido
TOTAL
PARCIAL EM
1066,98 MWh/ R$ 2.541.119,67 2713,27 MWh/ R$ 3.348.947,50 402,48 MWh/ R$ 435.775,46 R$ 15.098,00
INVESTIMENTO
ano / ano ano / ano ano / ano / ano
OU BAIXO
INVESTIMENTO
2) A tabela a seguir apresenta os cálculos sem investimento/baixo investimento- OPEX
Você deve estar pensando: Por que alguns campos da tabela acima ficaram sem preenchi-
mento ou com valor zerado em MWh/ano? Pense e reflita intensamente sobre isso...
Então, vamos às respostas.
O termo “Gestão Energética” é uma carga-alvo que apresenta oportunidades de redução de
despesas e não reduz consumo com energia. Ações aplicadas em Gestão Energética, não alte-
ram o kWh na conta de energia. Muito interessante tudo isso, não é? Por isso, estão zeradas.
O valor a ser utilizado no denominador não deverá ser duplicado ou triplicado para não gerar
um resultado incorreto. Observe que estamos utilizando a carga-alvo Sistema de Iluminação
com duas ações e a carga-alvo Sistema de Ar Comprimido com três ações. Por isso, estão sem
preenchimento nos campos de “Consumo Inicial Antes” das intervenções e “Custo Inicial Antes”
das intervenções.
Você é muito capaz e atingiu seus objetivos! Parabéns! Aplique os conhecimentos adquiridos
em sua rotina de trabalho.
3) Agora, passaremos os valores calculados dos indicadores de desempenho das planilhas
acima para a tabela a seguir:
INDICADORES DE DESEMPENHO
Substituição de
R$ 47.012,15 / 39,25 MWh/ R$ 23.824,75 38,20 MWh/ R$ 23.187,40
lâmpadas vapor 77,45 MWh/ano
ano ano /ano ano /ano
metálico por LED
Setorização do
circuito com
luminárias LED R$ 23.824,75 / 19,63 MWh/ R$ 11.912,38 19,63 MWh/ R$ 11.912,38
39,25 MWh/ano
em 2 blocos ano ano /ano ano /ano
e acionando
apenas 1
Desligamento
das luminárias R$ 11.912,38 / 17,66 MWh/ R$ 10.720,37 R$ 1.192,01
19,63 MWh/ano 1,96 MWh/ano
LED durante ano ano /ano /ano
almoço e café
Fábio Paiva Ribeiro
Setorização do
circuito com
luminárias atuais 77,45 MWh/ R$ 47.012,15 / 38,73 MWh/ R$ 23.506,08 38,73 MWh/ R$ 23.506,08 /
em 2 blocos e ano ano ano /ano ano ano
acionando apenas
1
Desligamento das
luminárias vapor 38,73 MWh/ R$ 23.506,08 / 34,80 MWh/ R$ 21.122,06 3,93 MWh/ R$ 2.384,01 /
metálico durante ano ano ano /ano ano ano
almoço e café
Substituição de
34,80 MWh/ R$ 21.122,06 / 17,40 MWh/ R$ 10.561,03 17,40 MWh/ R$ 10.561,03 /
lâmpadas vapor
ano ano ano /ano ano ano
metálico por LED
Conclusão: A forma como as ações são implementadas podem, ao final, proporcionar uma
economia efetiva diferente do projetado. É importante esclarecer que a sequência das ações
podem também interferir no investimento programado para a Carga-alvo. Fique atento, estu-
de e prepare-se para quaisquer questionamentos. Caso você queria explorar mais sobre esse
estudo de caso, sugerimos-lhe montar dois cenários para o Sistema de Ar Comprimido e com-
parar com a economia da tabela. Não há dúvidas de que você terá resultados interessantes.
FECHAMENTO
Este módulo ofereceu a você a oportunidade de conhecer o papel do consultor como o pro-
fissional experiente para fornecer consultas técnicas ou pareceres, além de abordar a impor-
tância da consultoria energética, alguns conceitos básicos utilizados pelo consultor e métodos
eficientes que fazem toda a diferença nos resultados da consultoria.
Você também conheceu os diversos tipos de energias renováveis e não renováveis, a impor-
tância da energia elétrica, da energia solar, cargas-alvo e a relevância da metodologia SENAI
Indústria + Eficiente, que tem como objetivo a padronização dos atendimentos em busca de
resultados satisfatórios para a indústria, levando em consideração os aspectos normativos.
A inclusão de estudos de casos trouxe uma visão concreta da aplicabilidade dos conceitos e
ferramentas abordados que exigirá empenho do consultor para identificar, analisar, avaliar e
propor soluções para um problema.
Por fim, os conteúdos desenvolvidos neste módulo, com abordagens teóricas e práticas, pro-
porcionaram relevância significativa na competência técnica e comportamental do consultor,
pois foram explicitadas as particularidades dos diversos segmentos da indústria e a importân-
cia da Gestão da Energia na busca pela Eficiência Energética no Brasil e no mundo.
REFERÊNCIAS
ACIONAMENTO eletrônico: guia básico. Brasília; CNI /IEL /ELETROBRÁS/ PROCEL, 2009. 102 p.
ALÉ, Jorge Villar. Sistemas de ventilação industrial. Porto Alegre: PUCRS, 2001. 17 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 17094: máquinas elétricas girantes:
Motores de indução. Parte 1: Trifásicos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. 77 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5440: transformadores para redes aéreas
de distribuição: requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. 52 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 50002: diagnósticos energéticos:
requisitos com orientação para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. 30 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO/IEC 8995-1: iluminação de ambientes
de trabalho. Parte 1: Interior. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. 77 p.
BENSON, Gary; [et al.]. Improving fan system performance: a sourcebook for industry. Washington
DC: U.S. Department of Energy, 1989. 92p.
CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS. Eficiência energética em sistemas de refrigeração industrial e
comercial. Rio de Janeiro: Eletrobrás/Procel, 2005. (Livro Técnico)
CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS. Eficiência energética em sistemas de refrigeração industrial e
comercial. Rio de Janeiro: Eletrobrás/Procel, 2005. (Manual Prático)
COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. Manual de gerenciamento de energia. Belo
Horizonte, [20--]. 34 p.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI. Acionamento eletrônico: guia básico. Brasília:
CNI/IEL/ELETROBRÁS/PROCEL, 2009. 102 p. Vol. 8.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI. Uso eficiente da energia elétrica na indústria.
Brasília: CNI, [20--]. 44p.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI. Ventiladores e exaustores: guia básico. Brasília:
CNI/IEL/ELETROBRÁS/PROCEL, 2009. 82 p. Vol. 5.
CONSERVAÇÃO de energia: eficiência energética de instalações e equipamentos. 2ª ed. Itajubá: EFEI,
2001. 647 p.
CORREIA, Paulo; SOUZA, Reinaldo Castro. Pesquisa de posse de equipamento e hábitos de
uso. Rio de Janeiro: ELETROBRÁS\PORCEL, 2008. 206p.
EFICIÊNCIA energética: teoria e prática. 1ª ed. Itajubá: EFEI, 2007. 224 p.
ELETROBRÁS. PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (BRASIL).
Energia elétrica: conceito, qualidade e tarifa. Brasília: Eletrobrás, 2002. 115 p. (Programa de
eficientização da indústria).
FERREIRA, Carlos Aparecido. Motor elétrico Premium. 1ª ed. Rio de Janeiro: Eletrobrás, 2016. 68 p.
GARCIA, Roberto. Combustíveis e combustão industrial. Rio de Janeiro: Interciência, 2002. 202 p.
HADDAD, Jamil. Análise econômica de investimento: guia básico. Brasília: CNI/ELETROBRÁS/
PROCEL, 2009. 85 p. (PROCEL Indústria: edição seriada)
HINRICHS, Roger; KLEINBACH, Merlin A. Energia e meio ambiente. São Paulo: Cengage Learning,
2014. 764 p.
204 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
VIANA, Augusto Nelson Carvalho; [et.al.]. Eficiência energética: fundamentos e aplicações. 1ª ed.
Campinas: FUPAI/EXCEN/UNIFEI/ELEKTRO, 2012. 315 p.
VILLALVA, Marcelo Gradella. Energia solar fotovoltaica: conceitos e aplicações. 2ª ed. rev. atual.
São Paulo: Érica/Saraiva, 2015. 224 p.
APÊNDICE
Agora você conhecerá os métodos VPL, TIR e Tempo de Retorno do Capital (Payback) Descon-
tado para auxiliá-lo na análise econômica e, consequentemente, na tomada de decisões.
As diversas técnicas apresentam vantagens e desvantagens quando comparadas entre si e
devem ser aplicadas observando as suas limitações. Vamos lá!
INVESTIMENTO R$ 12.850,00
INICIAL:
Ano 01 R$ 3.110,00
Ano 02 R$ 3.000,00
Ano 03 R$ 2.890,00
Ano 04 R$ 2.780,00
Ano 05 R$ 2.670,00
Ano 06 R$ 2.560,00
Ano 07 R$ 2.450,00
Ano 08 R$ 2.340,00
Vamos praticar?
Convido você a lançar os valores da tabela acima na planilha eletrônica e calculá-los, confor-
me exemplo abaixo, utilizando a fórmula do VPL. Veja!
VPL DO PROJETO
13% R$559,99
Cálculo do VPL:
=VPL(Taxa;fluxo de caixa) – investimento
Para que esse projeto se torne aceitável pelo investidor (empresário), ele terá que concordar
em receber uma taxa de retorno ao ano de 13%.
208 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
ATENÇÃO
A função VPL na planilha eletrônica traz para o presente os fluxos de caixa a partir do primeiro flu-
xo de caixa futuro do projeto. Para se chegar ao valor presente líquido, o consultor deve subtrair o
investimento inicial do valor obtido com a função VPL, conforme figura acima.
Agora, visualize o fluxo de caixa da planilha eletrônica, tendo como referência o valor do in-
vestimento e os anos estimados de vida útil das lâmpadas LED:
SUBSTITUIÇÃO DE LÂMPADAS
INVESTIMENTO E FLUXO DE CAIXA
Investimento (R$ 39.340,00)
Ano 01 R$ 8.326,11
Ano 02 R$ 8.076,11
Ano 03 R$ 7.826,11
Ano 04 R$ 7.576,11
Ano 05 R$ 7.326,11
Ano 06 R$ 7.076,11
Ano 07 R$ 6.826,11
Ano 08 R$ 6.576,11
Ano 09 R$ 6.326,11
TIR 13,72%
Tabela 59 - Fluxo de caixa do investimento para substituição das lâmpadas em um galpão industrial
Fonte: Adaptado de http://www.cavalcanteassociados.com.br/article.php?id=236
Cálculo detalhado:
Ano 07 R$6.826,11
Ano 08 R$6.576,11
Ano 09 R$6.326,11
Ano 10 R$6.076,11
TIR 13,72%
Cálculo da TIR:
Fábio Paiva Ribeiro
No resultado acima, A TIR de 13,72% é a taxa de desconto que torna o VPL (Valor Presente
Liquido) desse investimento nulo para o período estimado de vida útil das lâmpadas LED de 10
anos, conforme enunciado no problema proposto. A TIR também pode ser interpretada como
o retorno esperado desse investimento.
210 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
VPL ($)
VPL ($)
VPL=0 t
0 TR
VP = VF
(1+i)n
VP = VF
(1+i)n
VP = Valor Presente
VF = Valor Futuro
l = Taxa
n = Número de parcelas
n= investimento
benefício esperado
investimento inicial
n=
economia
200.000,00
n=
40.000,00
n = 5 anos ou
n = 12 x 5 = 60 meses
Caso queira visualizar a solução do problema, crie uma planilha eletrônica seguindo as
orientações e passos a seguir:
1) Inserir os valores:
A B C
1 PAYBACK SIMPLES
2 ANOS INVESTIMENTOS NÃO DESCONTADOS
3 0 R$200.000,00
4 1 R$40.000,00
5 2 R$40.000,00
6 3 R$40.000,00
Fábio Paiva Ribeiro
7 4 R$40.000,00
8 5 R$40.000,00
C
9 =SOMA(C4:C8)
Observe, na coluna A, que serão necessários 5 anos para o retorno do investimento inicial,
considerando o payback não descontado. Podemos detalhar a situação acima, considerando a
porcentagem de retorno em cada ano e a porcentagem totalizada.
3) Digitar, na célula D4, a fórmula de cálculo para a porcentagem de retorno em cada ano (%
Ano) e copiá-lo até a célula D8:
D
1
2 %ANO
3
4 =C4/$B$3
4) Digitar, na célula E4, a fórmula para cálculo da porcentagem totalizada e copiá-lo até a célula E8:
E
1
2 %TOTALIZANDA
3
4 =D4+E3
Tabela 64 - Fórmula para cálculo da porcentagem totalizada
Fonte: SENAI/MG (2017)
A B C D E
1 PAYBACK SIMPLES
2 ANOS INVESTIMENTOS CAIXA %ANO %TOTALIZADA
3 0 R$200.000,00
9 TOTAL R$200.000,00
Resumindo: 60 meses = 5 anos x 12 meses, ou seja, tempo necessário para que ocorra o re-
torno do investimento da troca dos compressores atuais por outros mais eficientes.
B) Cálculo do tempo de retorno do capital descontado:
Agora, você fará uma planilha para calcular o tempo de retorno do capital descontado.
Vamos lá! Crie a sua planilha eletrônica de acordo com as orientações e passos a seguir:
1) Digitar os valores na planilha eletrônica, conforme figura abaixo. Não se esqueça da
fórmula da célula C13.
A B C
1 PayBack DESCONTADO
2 ANOS INVESTIMENTOS FLUXO NÃO DESCONTADOS
3 0 R$200.000,00
4 1 R$40.000,00
5 2 R$40.000,00
6 3 R$40.000,00
7 4 R$40.000,00
8 5 R$40.000,00
9 6 R$40.000,00
10 7 R$40.000,00
2) Montar a coluna D (Fluxo Descontado), conforme fórmula D4, que deverá ser estendida até a
célula D12. Lembre-se de deixar fixo o valor da célula B14, pressionando a tecla F4 após a escrita.
D
1
Fábio Paiva Ribeiro
2 FLUXO DESCONTADO
3
4 =C4/(1+$B$14)^A4
Tabela 67 - Fórmula para cálculo do fluxo descontado
Fonte: SENAI/MG (2017)
D
1 =SOMA(D4:D12)
Tabela 68 - Fórmula para cálculo do somatório
Fonte: SENAI/MG (2017)
214 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
4) Montar a coluna E (% ano); inserir a fórmula da célula E4 e estendê-la até a E12. Lembre-
-se de deixar fixo o valor da célula B3, pressionando a tecla F4 após a escrita:
E
1
5) Montar a coluna F (% Totalizada); inserir a fórmula da célula F4, que deverá ser estendi-
da até a célula F12:
F
1
A B C D E F
1 PayBack DESCONTADO
FLUXO NÃO FLUXO
2 ANOS INVESTIMENTOS % ANO % TOTALIZADA
DESCONTADOS DESCONTADOS
3 0 R$200.000,00
Tabela 71 - Tabela de solução parcial do exercício payback descontado utilizando a planilha eletrônica
Fonte: SENAI/MG (2017)
ESTUDO DE CASOS 215
Interpretando os resultados acima, foram necessários 8 (oito) anos para recuperar 99,35% do
investimento, considerando o payback descontado. Em 9 anos, recuperaram-se 106,56% do in-
vestimento, ou seja, valor superior ao investimento. Assim, a solução para o tempo de retorno
do capital exato investido, com 100% de retorno, será de 8 anos e X mês(es) e Y dia(s).
Então, calcularemos agora o valor de X. Siga novamente os passos e acompanhe os resultados:
Na célula D14, será calculado o valor que falta após se passarem 8 anos.
14 =B3-D4-D5-D6-D7-D8-D9-D10-D11
Tabela 72 - Cálculo do valor restante após passarem oito anos
Fonte: SENAI/MG (2017)
C D
C D
TRANSFORMANDO
ANO EM MÊS(ES)
16 =D15*12
C D
TRANSFORMANDO
MÊS EM DIA(S)
17 =(D16-1)*30
3 0 R$200.000,00
4 1 R$40.000,00 R$35.714,29
5 2 R$40.000,00 R$31.887,76
6 3 R$40.000,00 R$28.471,21
7 4 R$40.000,00 R$25.420,72
8 5 R$40.000,00 R$22.697,07
9 6 R$40.000,00 R$20.265,24
10 7 R$40.000,00 R$18.093,97
11 8 R$40.000,00 R$16.155,33
12 9 R$40.000,00 R$14.424,40
Transformando
16 1,08 1 mês
o Ano em mês(es)
Transformando
Fábio Paiva Ribeiro
17 2,31 2 dias
mês(es) em Dia(s)
O payback descontado para o exercício proposto é de 8 anos, 1 mês e 2 dias para chegar a
100% do retorno do investimento.
Quando levamos em consideração uma taxa esperada, o tempo de retorno do investimento
é estendido. Observamos que serão necessários mais 3 anos, 1 mês e 2 dias, quando compara-
mos o payback simples com o descontado para a situação proposta no exemplo.
ESTUDO DE CASOS 217
DICAS
• O dinheiro tem valor ao longo do tempo. Assim, não é possível comparar dois valores em datas
diferentes.
• É sabido que os recursos são limitados e escassos. Dessa forma, antes de realizar efetivamente a
recomendação de um investimento, é necessário analisar e escolher a melhor opção.
• Para comparar projetos com fluxos de caixa e investimentos distintos, é necessário calcular o
VPL. A Taxa Mínima de Atratividade deve ser utilizada como taxa de desconto para cálculo do VPL.
• Para projetos que apresentam muitos períodos, é recomendada a utilização de planilha eletrôni-
ca para a elaboração dos estudos.
• Projetos com VPL negativo devem ser excluídos da análise.
• O projeto com maior atratividade será o com maior VPL, desde que todos os projetos tenham VPL
positivo.
• A TIR é uma taxa que iguala o investimento aos Fluxos de Caixa e deve ser comparada à Taxa
Mínima de Atratividade. Comparando os resultados dos projetos, o que tiver a TIR maior que TMA
será um bom projeto.
• Payback é o método que calcula o tempo em que o investimento demora para recuperar o capital
do investidor. Assim, para maior sofisticação e rigor nos cálculos, recomendamos usar o método
do payback descontado.
• Recomendamos o uso simultâneo dos três métodos apresentados para fornecer robustez e se-
gurança para a tomada consciente de decisão.
219
André Luiz Vieira da Silva, graduado Engenharia de Produção pela Faculdade Pitágo-
ras BH/MG, Técnico Industrial pelo SENAI César Rodrigues (Brasil/Japão). Atua como con-
sultor em Eficiência Energética, Projetos de Inovação Tecnológica, Melhoria de Processos e
Metrologia empresas de Minas Gerais com o apoio do SEBRAE-MG, CEMIG e FIEMG, desde
2005; Analista de Tecnologia do SENAI - MG, Coordenador do Núcleo de Tecnologia da Uni-
dade CETEL, na área de energia, melhoria de processos e metrologia (calibração e ensaios
elétricos). Atua no desenvolvimento e implantação de soluções customizadas em eficiência
energética para diversos setores industriais, tais como: eletroeletrônicos, alimentos e bebi-
das, cerâmico, extrativo-mineral e serviços.
Paulo de Tarcio da Silva Junior, graduado em Engenharia de Minas pela Faculdade Ken-
nedy – BH e Especialista em Petróleo e Energias pela Universidade Estácio de Sá. Está como
Instrutor de Formação Profissional dos cursos Técnico em Mineração, Meio Ambiente e Se-
gurança do Trabalho da Escola Senai MG Afonso Greco. Especialista convidado para a ela-
borar e padronizar o curso Técnico em Agrimensura para o SENAI MG nos anos de 2011 e
2015. Participou do Projeto Livros Didáticos do Curso Técnico em Mineração (SENAI - DN) no
ano de 2015.
221
SENAI/MGDN
DIRETORIA DE OPERAÇÕES
SENAI/MG
Cláudio Marcassa
Diretor Regional
Enio de Oliveira
Guilherme Augusto Mendes Pereira
Priscila Cangussu de Oliveira
Sinara Badaró Leroy
Coordenação do Projeto
222 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Daniela Theodoro
Renan Gabriel Araujo Damazio
Revisão Ortográfica e Gramatical