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CAPACITAÇÃO PARA FORMAÇÃO DE CONSULTORES

INDÚSTRIA + EFICIENTE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

I C A
E R GÉT
C I A EN
E F I CIÊN
CAPACITAÇÃO PARA FORMAÇÃO DE CONSULTORES
INDÚSTRIA + EFICIENTE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

É T I C A
N E R G
Ê N C IA E
EF I C I
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA - SESI


João Henrique de Almeida Souza
Presidente do Conselho Nacional

SESI – DEPARTAMENTO NACIONAL


Robson Braga de Andrade
Diretor

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Superintendente

Marcos Tadeu de Siqueira


Diretor de Operações

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI


Robson Braga de Andrade
Presidente do Conselho Nacional

SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor-Geral

Julio Sergio de Maya Pedrosa Moreira


Diretor-Adjunto

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
CAPACITAÇÃO PARA FORMAÇÃO DE CONSULTORES
INDÚSTRIA + EFICIENTE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

T I C A
E N E RGÉ
I Ê NCIA
EF I C
© 2017. SENAI – Departamento Nacional

© 2017. SENAI – Departamento Regional de Minas Gerais

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe da Educação do SENAI de Minas Gerais,
com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Inovação e Tecnologia - UNITEC

SENAI Departamento Regional de Minas Gerais


Educação para a Indústria

FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Bibliotecária Ilma Viana Gonçalves de Souza CRB 6ª Região/3065

S474e

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.

Eficiência energética / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.


Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamen-
to Regional de Minas Gerais. Brasília: SENAI/DN, 2017.

222 p.: il. (Série Eficiência Energética).

ISBN

1. Eficiência energética. 2. Gestão energética. 3. Indicadores de


desempenho energético. 4. Analise tarifária. I. Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Regional de Minas Gerais. II. Título. III. Série.

CDU: 620.9

SENAI Sede

Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício


Aprendizagem Industrial Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF
Departamento Nacional • Tel.: (0xx61) 3317-9001 Fax: (0xx61) 3317-9190
• http://www.senai.br
ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Exemplo de empresa consultada no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica ................................................ 20
Figura 2 - Exemplo de ficha de cadastro de cliente............................................................................................................ 21
Figura 3 - Caracterização de equipamentos quanto à eficiência energética................................................................... 22
Figura 4 - Representação da energia gerada pelo Big Bang.............................................................................................. 26
Figura 5 - Energia gerada a partir do vento (Eólica)........................................................................................................... 27
Figura 6 - Energia Potencial................................................................................................................................................... 28
Figura 7 - Transmissão de Energia Elétrica.......................................................................................................................... 29
Figura 8 - Aquecedor Solar.................................................................................................................................................... 30
Figura 9 - Painéis fotovoltaicos para geração de energia.................................................................................................. 31
Figura 10 - Mapa de radiação (Wh/m²) no Brasil................................................................................................................ 32
Figura 11 - Indicadores de desempenho utilizados no âmbito do
Programa Indústria + Eficiente. Eficiência Energética......................................................................................38
Figura 12 - Fluxo da metodologia......................................................................................................................................... 41
Figura 13 - Previsão de tempo para realização do trabalho............................................................................................. 42
Figura 14 - 14 - Relação entre as energias: aparente, ativa e reativa............................................................................... 47
Figura 15 - Gráfico de demanda registrada......................................................................................................................... 49
Figura 16 - Gráfico de Consumo Registrado X Produção................................................................................................... 60
Figura 17 - Gráfico de Demanda Registrada....................................................................................................................... 60
Figura 18 - Gráfico de Demanda e Consumo registrado................................................................................................... 61
Figura 19 - Custos tarifa Verde X Azul.................................................................................................................................. 61
Figura 20 - Gráfico de distribuição de energia elétrica por uso final na Indústria......................................................... 85
Figura 21 - Evolução do rendimento dos motores elétricos de acordo com o período de fabricação........................ 85
Figura 22 - Rendimento de um motor elétrico.................................................................................................................... 86
Figura 23 - Perdas em um motor elétrico............................................................................................................................ 87
Figura 24 - Gráfico de curvas características de um motor 75 cv..................................................................................... 88
Figura 25 - Gráfico de curvas características de um motor de 100 hp............................................................................ 93
Figura 26 - Gráfico de curvas características de um motor de 75 hp............................................................................... 93
Figura 27 - Analisador de energia para medições em campo........................................................................................... 96
Figura 28 - Índice de reflexão conforme cor da superfície................................................................................................ 98
Figura 29 - Luxímetro ........................................................................................................................................................... 100
Figura 30 - Como utilizar o luxímetro ................................................................................................................................. 100
Figura 31 - Luminária sem defletor..................................................................................................................................... 105
Figura 32 - Luminária com defletor..................................................................................................................................... 105
Figura 33 - Calor e Temperatura.......................................................................................................................................... 111
Figura 34 - Diagrama temperatura X calor fornecido....................................................................................................... 112
Figura 35 - Forno Mufla......................................................................................................................................................... 118
Figura 36 - Forno Túnel......................................................................................................................................................... 119
Figura 37 - Forno Elétrico...................................................................................................................................................... 119
Figura 38 - Caldeiras Flamotubulares.................................................................................................................................. 120
Figura 39 - Caldeiras Aquotubulares................................................................................................................................... 120
Figura 40 - Representação dos estados termodinâmicos em que se pode encontrar uma substância pura........... 125
Figura 41 - Ciclo teórico de refrigeração por compressão de vapor............................................................................... 127
Figura 42 - Esquema do sistema de refrigeração com os equipamentos básicos........................................................ 128
Figura 43 - Ciclo elementar de refrigeração por absorção............................................................................................... 130
Figura 44 - Seleção de Compressores de pequena capacidade (<5kW)......................................................................... 133
Figura 45 - Gráfico de carga de refrigeração de 100TR sem termoacumulador........................................................... 137
Figura 46 - Gráfico de carga de sistema de 100 TR com termoacumulador.................................................................. 137
Figura 47 - Perdas características de sistemas de ar comprimido.................................................................................. 139
Figura 48 - Medição dos tempos de carga e alívio do compressor para mensuração dos vazamentos.................... 146
Figura 49 - Sistema de Ventilação e seus componentes................................................................................................... 149
Figura 50 - Exemplo de duto de ventilação........................................................................................................................ 149
Figura 51 - Exemplo de um ventilador industrial............................................................................................................... 150
Figura 52 - Rotor radial ou centrífugo................................................................................................................................. 150
Figura 53 - Rotor axial........................................................................................................................................................... 151
Figura 54 - Rotor diagonal ou misto.................................................................................................................................... 151
Figura 55 - Exemplos de ventilador radial e ventilador axial........................................................................................... 151
Figura 56 - Gráfico de curva característica de um sistema hipotético ........................................................................... 153
Figura 57 - Gráfico de curva característica de um ventilador .......................................................................................... 153
Figura 58 - Gráfico ponto de operação do ventilador e sistema .................................................................................... 154
Figura 59 - Gráfico de controle da vazão por meio da variação da curva do sistema com o uso de damper .......... 154
Figura 60 - Gráfico de controle da vazão por meio da variação da rotação do ventilador ......................................... 155
Figura 61 - Diagrama de balanço de energia com as perdas do sistema....................................................................... 166
Figura 62 - Exemplo de fluxo de caixa ................................................................................................................................ 171
Figura 63 - Exemplo de fluxo de caixa................................................................................................................................. 176
Figura 64 - Fluxo de material e de energia......................................................................................................................... 180
Figura 65 - Motor de 1CV ..................................................................................................................................................... 206
Figura 66 - Galpão para torça da iluminação .................................................................................................................... 208
Figura 67 - Gráfico VLP, TIR................................................................................................................................................... 210

QUADROS
Quadro 1 - Classificação do porte das indústrias de acordo com o n° de empregados............................................... 21
Quadro 2 - Etapas da Metodologia....................................................................................................................................... 43
Quadro 3 - Grupos de consumidores de acordo com a tensão de fornecimento......................................................... 50
Quadro 4 - Descrição das potências: ativa, aparente e reativa......................................................................................... 55
Quadro 5 - Consumo específico e potencial de economia de energia............................................................................ 58
Quadro 6 - Classificação dos combustíveis......................................................................................................................... 65
Quadro 7 - Vantagens e desvantagens da utilização da madeira como insumo energético........................................ 66
Quadro 8 - Vantagens e desvantagens da utilização do óleo combustível como insumo energético......................... 67
Quadro 9 - Vantagens e desvantagens da utilização do gás natural como insumo energético................................... 68
Quadro 10 - Dados de transformadores que foram medidos com um analisador de energia.................................... 84
Quadro 11 - Exemplos de perdas fixas................................................................................................................................ 87
Quadro 12 - Características de alguns tipos de lâmpadas............................................................................................... 102
Quadro 13 - Tipos e características de lâmpadas.............................................................................................................. 103
Quadro 14 - Iluminância para cada grupo de tarefas visuais.......................................................................................... 104
Quadro 15 - Comparativo entre o ar-condicionado convencional e o ar-condicionado inverter................................ 132
TABELAS
Tabela 1 - Conversão de unidades de Energia.................................................................................................................... 29
Tabela 2 - Conversão de unidades....................................................................................................................................... 47
Tabela 3 - Comparativo entre a potência ativa, reativa e aparente................................................................................. 47
Tabela 4 - Comparativo entre potência/carga instalada, demanda contratada e demanda registrada...................... 48
Tabela 5 - Subgrupos do Grupo A......................................................................................................................................... 50
Tabela 6 - Exemplo de tarifa para consumidores A4 (de 2,3kV a 25kV) SEM ICMS........................................................ 51
Tabela 7 - Exemplo de tarifa para ultrapassagem de demanda....................................................................................... 51
Tabela 8 - Dados da conta de energia.................................................................................................................................. 57
Tabela 9 - Dados da conta de energia.................................................................................................................................. 59
Tabela 10 - Economia de acordo com a mudança de tarifa.............................................................................................. 60
Tabela 11 - Cotação de madeira de eucalipto para venda................................................................................................ 66
Tabela 12 - Simulação tarifária industrial............................................................................................................................ 69
Tabela 13 - Poder calorífico inferior para alguns combustíveis........................................................................................ 70
Tabela 14 - Poder calorífico e massa específica de alguns combustíveis........................................................................ 71
Tabela 15 - Relação entre as unidades de energia............................................................................................................. 72
Tabela 16 - Fatores de conversão de unidades de pressão.............................................................................................. 72
Tabela 17 - Unidades de conversão..................................................................................................................................... 73
Tabela 18 - Conversão de Massa de lenha de eucalipto em energia............................................................................... 75
Tabela 19 - Histórico do consumo, respectivo custo e PCI da lenha................................................................................ 76
Tabela 20 - Consumo energético total e indicador de desempenho energético............................................................ 77
Tabela 21 - Valores das perdas a vazio em transformadores de distribuição trifásicos da classe 15kV .................... 83
Tabela 22 - Rendimentos Nominais Mínimos a Plena Carga para Motores Fabricados,
Comercializados e Importados no Brasil (Classe IR2).....................................................................................89
Tabela 23 - Menores Valores de Rendimentos Nominais a Plena Carga para Motores da Classe IR3 ou Premium.......... 90
Tabela 24 - Dados Técnicos de um Luximetro.................................................................................................................... 99
Tabela 25 - Rendimento luminoso médio das fontes de luz............................................................................................ 101
Tabela 26 - Substituição de Lâmpadas de descarga e fluorescentes por LED............................................................... 102
Tabela 27 - Exemplo de tabela para levantamentos de dados de iluminação.............................................................. 107
Tabela 28 - Modelo de tabela para descrever um sistema atual de iluminação........................................................... 108
Tabela 29 - Modelo de tabela para descrever nova proposta de um sistema de iluminação .................................... 108
Tabela 30 - Dados de iluminação da Laticínios BR............................................................................................................ 110
Tabela 31 - Custos financeiros da iluminação da Laticínios BR....................................................................................... 110
Tabela 32 - Calor específico.................................................................................................................................................. 113
Tabela 33 - Poder calorífico e massa específica de alguns combustíveis....................................................................... 113
Tabela 34 - Tipos de compressores e suas aplicações ..................................................................................................... 140
Tabela 35 - Variação do consumo com a temperatura de aspiração............................................................................. 141
Tabela 36 - Variação do consumo com a pressão de desarme....................................................................................... 142
Tabela 37 - Exemplo de Tempo de Retorno do Capital .................................................................................................... 173
Tabela 38 - Exemplo de tempo de retorno do capital feito na planilha eletrônica ...................................................... 174
Tabela 39 - Exemplo de Cronograma.................................................................................................................................. 174
Tabela 40 - Exemplo de cronograma físico........................................................................................................................ 175
Tabela 41 - Exemplo de cronograma financeiro ............................................................................................................... 175
Tabela 42 - Exemplo de fluxo de caixa em forma de planilha......................................................................................... 176
Tabela 43 - Modelo de tabela de fornecimento de energia elétrica............................................................................... 179
Tabela 44 - Exemplo de tabela em que constam os sistemas de produção a serem priorizados.............................. 180
Tabela 45 - Tabela de Indicadores....................................................................................................................................... 181
Tabela 46 - Projeção do Retorno dos Investimentos........................................................................................................ 182
Tabela 47 - Tabela de redução de perdas com redução de temperatura ambiente.................................................... 189
Tabela 48 - Tabela de redução de perdas com redução de temperatura ambiente.................................................... 190
Tabela 49 - Tabela de resultados......................................................................................................................................... 195
Tabela 50 - Tabela de investimentos CAPEX....................................................................................................................... 196
Tabela 51 - Tabela de investimentos OPEX........................................................................................................................ 197
Tabela 52 - Indicadores de Desempenho........................................................................................................................... 198
Tabela 53 - Tabela retorno financeiro em iluminação. (CENÁRIO 1)............................................................................... 199
Tabela 54 - Tabela retorno financeiro em iluminação. (CENÁRIO 2)............................................................................... 200
Tabela 55 - Tabela geral de ações de eficientização em iluminação dos depósitos..................................................... 200
Tabela 56 - Fluxo de caixa .................................................................................................................................................... 207
Tabela 57 - Cálculo da VPL ................................................................................................................................................... 207
Tabela 58 - Tabela com dados do projeto ......................................................................................................................... 208
Tabela 59 - Fluxo de caixa do investimento para substituição das lâmpadas em um galpão industrial................... 209
Tabela 60 - Cálculo da TIR .................................................................................................................................................... 209
Tabela 61 - Planilha para cálculo do Payback Simples...................................................................................................... 211
Tabela 62 - Fórmula de somatório das parcelas................................................................................................................ 211
Tabela 63 - Fórmula de porcentagem de retorno em cada ano...................................................................................... 212
Tabela 64 - Fórmula para cálculo da porcentagem totalizada......................................................................................... 212
Tabela 65 - Tabela de solução do exercício payback simples utilizando a planilha eletrônica ................................... 212
Tabela 66 - Planilha para cálculo de payback descontato................................................................................................. 213
Tabela 67 - Fórmula para cálculo do fluxo descontado.................................................................................................... 213
Tabela 68 - Fórmula para cálculo do somatório................................................................................................................ 213
Tabela 69 - Fórmula para cálculo da porcentagem da parcela no ano........................................................................... 214
Tabela 70 - Fórmula para cálculo da porcentagem totalizada no ano............................................................................ 214
Tabela 71 - Tabela de solução parcial do exercício payback descontado utilizando a planilha eletrônica................ 214
Tabela 72 - Cálculo do valor restante após passarem oito anos..................................................................................... 215
Tabela 73 - Cálculo da porcentagem que falta do ano..................................................................................................... 215
Tabela 74 - Cálculo para transformar ano em mês (es).................................................................................................... 215
Tabela 75 - Cálculo para transformar mês em dia (s)....................................................................................................... 215
Tabela 76 - Tabela de solução do exercício payback descontado utilizando a planilha eletrônica............................. 216
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..................................................................................................................................... 15
1  FUNÇÕES DO CONSULTOR................................................................................................................ 17
1.1  O CONSULTOR ...........................................................................................................................................................18
1.2  LEVANTAMENTO PRELIMINAR DOS DADOS DA INDÚSTRIA ....................................................................19
1.2.1  DEFINIÇÃO DAS INDÚSTRIAS, CONFORME NÚMERO DE EMPREGADOS....................................20
1.2.2  FICHA DE CADASTRO DE CLIENTE..............................................................................................................21
1.3  A CONSULTORIA........................................................................................................................................................22
1.3.1  BENEFÍCIOS DA CONSULTORIA...................................................................................................................22
1.3.2  ELEMENTOS DE CONSUMO OBSERVADOS NA CONSULTORIA ...................................................22
2  INTRODUÇÃO À EFICIÊNCIA ENERGÉTICA....................................................................................... 25
2.1  A ENERGIA....................................................................................................................................................................26
2.2  A ENERGIA ELÉTRICA................................................................................................................................................29
2.3  ENERGIA SOLAR .......................................................................................................................................................30
2.3.1  ENERGIA SOLAR TÉRMICA.............................................................................................................................30
2.3.2  ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA.............................................................................................................31
2.4  EFICIÊNCIA ENERGÉTICA........................................................................................................................................33
3  METODOLOGIA DE TRABALHO........................................................................................................ 35
3.1  A METODOLOGIA......................................................................................................................................................36
3.2  CONCEITO DE CARGA ALVO...............................................................................................................................36
3.3  AÇÕES SEM INVESTIMENTO OU DE PEQUENOS INVESTIMENTOS.......................................................36
3.4  AÇÕES “COM INVESTIMENTO”...........................................................................................................................37
3.5  INDICADORES DE DESEMPENHO.........................................................................................................................37
3.6  FLUXO DA METODOLOGIA .................................................................................................................................40
3.6.1  ETAPAS DA METODOLOGIA.........................................................................................................................41
4  ANÁLISE TARIFÁRIA........................................................................................................................... 45
4.1  CONCEITOS BÁSICOS..............................................................................................................................................46
4.2  GRUPOS TARIFÁRIOS E TENSÕES DE FORNECIMENTO..............................................................................49
4.2.1  GRUPOS TARIFÁRIOS .....................................................................................................................................50
4.2.2  DEMANDA E CONSUMO DE ENERGIA CONFORME GRUPO TARIFÁRIO....................................52
4.2.3  FATOR DE CARGA (FC)..................................................................................................................................54
4.2.4  ENERGIA REATIVA E FATOR DE POTÊNCIA ...........................................................................................55
4.3  ANÁLISE DE CONTA DE ENERGIA........................................................................................................................56
5  GESTÃO ENERGÉTICA........................................................................................................................ 63
5.1  COMBUSTÍVEIS E EQUIVALÊNCIA ENERGÉTICA.............................................................................................64
5.2  CLASSIFICAÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS..............................................................................................................64
5.3  CARACTERIZAÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS........................................................................................................65
5.4  PROPRIEDADES DOS COMBUSTÍVEIS................................................................................................................69
5.5  EQUIVALÊNCIA DE UNIDADES..............................................................................................................................72
5.6  INDICADORES ENERGÉTICOS...............................................................................................................................74
5.7  RECURSOS TECNOLÓGICOS................................................................................................................................75
6  ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES............................................................................................ 79
6.1  INSTALAÇÕES ELÉTRICAS.......................................................................................................................................80
6.2  TRANSFORMADORES..............................................................................................................................................82
6.3  MOTORES ELÉTRICOS.............................................................................................................................................84
6.3.1  RENDIMENTO, FATOR DE POTÊNCIA E CARREGAMENTO................................................................86
6.3.2  ECONOMIA DE ENERGIA COM O CONTROLE DE VELOCIDADE EM MOTORES.....................96
6.4  ILUMINAÇÃO..............................................................................................................................................................97
6.4.1  TIPOS DE LÂMPADAS E LUMINÁRIAS........................................................................................................101
6.4.2  IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM UM SISTEMA DE ILUMINAÇÃO..............................106
6.5  FORNOS, ESTUFAS E SISTEMAS DE GERAÇÃO DE CALOR........................................................................111
6.5.1  CONCEITOS BÁSICOS....................................................................................................................................111
6.5.2  IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM GERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E USO FINAL............121
6.6  SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO.........................................................................................123
6.6.1  CONCEITOS BÁSICOS....................................................................................................................................123
6.6.2  IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM GERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E USO FINAL............134
6.7  SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO..........................................................................................................................138
6.7.1  CONCEITOS BÁSICOS.....................................................................................................................................138
6.7.2  SISTEMAS DE GERAÇÃO DE AR COMPRIMIDO....................................................................................139
6.7.3  SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE AR COMPRIMIDO............................................................................144
6.7.4  USOS FINAIS DE AR COMPRIMIDO...........................................................................................................147
6.8  SISTEMAS DE VENTILAÇÃO E EXAUSTÃO........................................................................................................148
6.8.1  CONCEITOS BÁSICOS....................................................................................................................................149
6.9  SISTEMAS DE BOMBEAMENTO............................................................................................................................158
6.9.1  CONCEITOS BÁSICOS....................................................................................................................................159
6.9.2  O QUE SÃO OS SISTEMAS DE BOMBEAMENTO..................................................................................162
6.9.3  IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM GERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E USO FINAL............165
7  ANÁLISE FINANCEIRA........................................................................................................................ 169
7.1  ANÁLISE FINANCEIRA BÁSICA...............................................................................................................................170
7.2  CUSTO DE OPORTUNIDADE..................................................................................................................................170
7.3  FLUXO DE CAIXA.......................................................................................................................................................170
7.4  TAXAS............................................................................................................................................................................171
7.5  RISCOS E INCERTEZAS.............................................................................................................................................172
7.6  TEMPO DE RETORNO DO CAPITAL....................................................................................................................172
7.6.1  TEMPO DE RETORNO DO CAPITAL TEMPO DE RETORNO DO
CAPITAL SIMPLES OU NÃO DESCONTADO............................................................................................172
7.7  ELABORAÇÃO DE CRONOGRAMA FÍSICO E FINANCEIRO:.......................................................................174
7.7.1  CRONOGRAMA FINANCEIRO:.....................................................................................................................175
8  RELATÓRIOS TÉCNICOS.................................................................................................................... 177
9  ESTUDO DE CASOS............................................................................................................................ 187
FECHAMENTO........................................................................................................................................ 202
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 203
APÊNDICE............................................................................................................................................... 206
MINICURRÍCULO DOS AUTORES.......................................................................................................... 219
APRESENTAÇÃO

Prezado(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) ao módulo II – Consultoria em Eficiência Energética.


Este módulo tem como objetivo apresentar-lhe os conteúdos formativos, que são pri-
mordiais para que você possa desenvolver as competências necessárias para exercer a
função de consultor na área da eficiência energética.
A fim de que essas competências sejam desenvolvidas, você aprenderá sobre:
- Funções e competências do consultor;
- Metodologia para desenvolvimento das atividades do consultor: levantamento pre-
liminar de dados, análise tarifária, gestão energética, análise de perdas em instalações,
análise financeira, etc;
- Elaboração de relatórios técnicos.
Vale ressaltar que esses conteúdos são de suma importância para que você realize suas
atividades profissionais de forma a atender, com eficiência e qualidade, às demandas e
exigências da indústria. Entre essas atividades, podemos citar:
- Diagnosticar os principais consumidores energéticos e a gestão de energia de uma plan-
ta produtiva;
- Identificar as soluções de maior potencial de economia;
- Orientar o planejamento das ações definidas e avaliar as intervenções realizadas pela
indústria, levando em consideração normas e procedimentos técnicos de qualidade, pro-
dutividade, preservação ambiental e saúde e segurança no trabalho.
Por fim, temos a certeza de que os conhecimentos adquiridos ao longo deste módulo
serão fundamentais para a sua formação profissional.

Bons estudos!
UNIDADE DE ESTUDO 1
FUNÇÕES DO CONSULTOR
18 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

INICIANDO SEUS ESTUDOS


Nesta unidade de estudos, você conhecerá alguns conceitos básicos que serão utilizados pelo consul-
tor, compreenderá a importância do levantamento dos dados da indústria, quais os benefícios da consul-
toria e os elementos de consumo que serão observados.

Você compreenderá que as informações não se esgotam neste capítulo e que a norma ABNT NBR ISO
50002 – “Diagnósticos Energéticos – requisitos com orientação para uso” (2014) é uma grande aliada para
enriquecer seus conhecimentos e subsidiá-lo(a) na tomada de decisão.

Você também entenderá a importância do planejamento como ferramenta de gestão do dia a dia e
como assessoramento no alcance de resultados.

Ao final desta unidade, você será capaz de:


• Identificar as atividades e os objetivos das ações do consultor;

• Identificar a estrutura organizacional e de produção da empresa.

1  FUNÇÕES DO CONSULTOR

1.1  O CONSULTOR

O consultor de energia é o elo entre o conhecimento energético e a indústria. Sua competên-


cia pode ser demonstrada das seguintes formas:

• Formação técnica adequada; Experiência; Treinamentos apropriados;

• Familiaridade com os usos da energia que será analisada;

• Conhecimento das normas locais e nacionais de diagnóstico energético;

• Habilidades técnicas específicas sobre o uso de energia;

• Requisitos apropriados legais e outros requisitos;

• Habilidades gerenciais, se for o consultor líder.

Além das competências técnicas, o consultor de energia deve ser uma pessoa discreta, priorizando a
confidencialidade dos dados da empresa, deve ser objetivo e coerente em suas ações, comunicar-se com
clareza e preocupar-se em manter os canais de comunicação necessários com a empresa para facilitar o
fluxo das informações.

DICAS

Mantenha-se sempre atualizado e acompanhe as tendências de mercado em sua profissão!


FUNÇÕES DO CONSULTOR 19

Você agora saberá como uma consultoria de eficiência energética deve ser conduzida.Veja a seguir:
• Ela deve ser alinhada com o escopo acordado com a indústria;

• As informações coletadas do desempenho energético devem ser representativas;

• O processo de coleta, validação e análise dos dados devem ser rastreáveis;

• Medições e observações devem ser pertinentes ao uso e ao consumo de energia da organização;

• As informações que serão utilizadas para quantificar o desempenho energético devem ser consisten-
tes e únicas;

• Os relatórios da consultoria devem fornecer oportunidades de melhorias do desempenho energético,


tendo como base a análise técnica e econômica pertinente.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre o consultor de energia, consulte a norma ABNT NBR ISO 50002, item 4.2, 2014.

1.2  LEVANTAMENTO PRELIMINAR DOS DADOS DA INDÚSTRIA

As indústrias são empresas que transformam matérias-primas em mercadorias, com o auxí-


lio de máquinas e ferramentas ou processos manuais. Assim, a Indústria tem normalmente um
ramo de atividade específico, exemplo: Calçado, Metalúrgica, Mecânica, Veículo, Vestuário etc.
Dessa forma, o consultor tem que conhecer o ramo específico da indústria que receberá a
consultoria, para planejar suas atividades e, caso necessário, realizar um estudo dos principais
insumos e usos finais energéticos antes mesmo da primeira visita.
Ele também deverá pesquisar sites e outras fontes e, quando proceder ao levantamento pre-
liminar, solicitar à Indústria as informações para que se possam ter subsídios para preenchi-
mento dos dados cadastrais e ter informações básicas para dar início à consultoria, tais como:

a) Ramo de Atividade específico;

b) Quantidade de turnos/funcionários;

c) Linhas de produto;

d) Volume médio de produção;

e) Insumos energéticos utilizados nos processos;

f) Localização geográfica.

Importante salientar que as informações cadastrais da indústria também podem ser


facilmente obtidas no site da Receita federal, informando o CNPJ da empresa. Veja o
exemplo a seguir.
20 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL


CADASTRO NACIONAL DA PESSOA JURÍDICA
NÚMERO DE INSCRIÇÃO
COMPROVANTE DE INSCRIÇÃO E DE DATA DE ABERTURA
03.773.700/0003-79 24/04/2001
FIL IAL SITUAÇÃO CADASTRAL
NOME EMPRESARIAL
SERVICO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI
TÍTULO DO ESTABELECIMENTO (NOME DE FANTASIA)
CENTRO COMUNIC, DESIGN E TECNOL OGIA GRAFICA - CECOTEG
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL
85.99-6-99 - Ou tras ativid ad es d e en sin o n ão esp ecificad as an terio rmen te
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS SECUNDÁRIAS
Não in fo rmad a
CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA
307-7 - SERVICO SOCIAL AUTONOMO
LOGRADOURO NÚMERO COMPLEMENTO
R SANTO AGOSTINHO 1717 BL OCO A
CEP BAIRRO/DISTRITO MUNICÍPIO UF
31.035-480 HORTO BEL O HORIZONTE MG
ENDEREÇO ELETRÔNICO TELEFONE
- (31) 3482-5635
ENTE FEDERATIVO RESPONSÁVEL (EFR)
*****
SITUAÇÃO CADASTRAL DATA DA SITUAÇÃO CADASTRAL
ATIVA 24/04/2001

Fábio Paiva Ribeiro


MOTIVO DE SITUAÇÃO CADASTRAL

SITUAÇÃO ESPECIAL DATA DA SITUAÇÃO ESPECIAL


******** ********

Figura 1 - Exemplo de empresa consultada no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica


Fonte: https://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/cnpj/cnpjreva/cnpjreva_solicitacao2.asp.

Conheça as Informações que podem ser obtidas com o Comprovante de Inscrição e de Situa-
ção Cadastral, exemplo da figura acima:

• Razão Social;

• Nome Fantasia;

• Endereço;

• CNAE; Classificação de Atividades Econômica;

• Situação cadastral;

• Dentre outros.

1.2.1  DEFINIÇÃO DAS INDÚSTRIAS, CONFORME NÚMERO DE EMPREGADOS

A classificação do porte das indústrias é um dado importante para o consultor. Segundo o


IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o critério para classificação do porte das
indústrias, conforme número de empregados, é:
FUNÇÕES DO CONSULTOR 21

PORTE DA INDÚSTRIA N° DE EMPREGADOS


MICRO Até 19 empregados

Crédito de composição:
Fábio Paiva Ribeiro
PEQUENA De 20 a 99 empregados
MÉDIA De 100 a 499 empregados
GRANDE Mais de 500 empregados

Quadro 1 - Classificação do porte das indústrias de acordo com o n° de empregados


Fonte: http://www.sebrae-sc.com.br/leis/default.asp?vcdtexto=4154

1.2.2  FICHA DE CADASTRO DE CLIENTE

Esta ficha é uma maneira prática de coletar informações cadastrais do cliente. O consultor
pode solicitá-la por e-mail antes da 1ª visita para subsidiá-lo com informações prévias e
diagnósticas. Veja modelo a seguir:
Ficha de Cadastro de Cliente
IDENTIFICAÇÃO DO CLIENTE
Razão Social:* (Preenchimento obrigatório)

Nome Fantasia:

Rua/Avenida:* (Preenchimento obrigatório) N°: Complemento:

Bairro:* (Preenchimento obrigatório) CEP: Município: UF:

Telefone Geral: Fax:

Código do Ramo de Atividade (CNAE) Inscrição Municipal:* (Preenchimento obrigatório)

CPF/CNPJ:* (Preenchimento obrigatório) Inscrição Estadual:* (Preenchimento obrigatório)

Porte da empresa:* (Preenchimento obrigatório) E-mail:* (Preenchimento obrigatório)

Número de Funcionários:
CONTATOS: FINANCEIRO / COMPRAS
Endereço para envio de Boletos e NF* (Preenchimento obrigatório)

Nome:* (Preenchimento obrigatório) Telefone:* (Preenchimento obrigatório)

E-mail:* (Preenchimento obrigatório)

Financeiro/Compras (Recebimento de NF)


Nome: Telefone:

E-mail:

RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES


Nome: Telefone:
Fábio Paiva Ribeiro

E-mail:

Local e Data:

Figura 2 - Exemplo de ficha de cadastro de cliente


Fonte: SENAI/MG (2017).
22 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

1.3  A CONSULTORIA
Continuando nossos estudos, falaremos sobre Consultoria de Eficiência Energética. Trata-se
de uma análise detalhada do desempenho energético de uma indústria que visa solucionar e
recomendar intervenções nos elementos de consumo energéticos, com o objetivo de alcançar
o melhor uso dos insumos energéticos.

Figura 3 - Caracterização de equipamentos quanto à eficiência energética


Fonte: Banco de imagens.

1.3.1  BENEFÍCIOS DA CONSULTORIA

Podemos citar como benefícios da consultoria:

• Redução do consumo energético;

• Aumento da produtividade e competitividade industrial;

• Conhecimento do perfil energético à empresa;

• Diminuição de emissões e impacto ao meio ambiente;

• Aumento da consciência sobre o desperdício;

• Impacto positivo na economia e macroeconomia.

1.3.2  ELEMENTOS DE CONSUMO OBSERVADOS NA CONSULTORIA

Para realização da consultoria energética, com base no escopo e na fronteira definidos para
diagnóstico energético (item 4.2.4 da norma ABNT NBR ISO 50002, 2014), é necessário o acesso:
FUNÇÕES DO CONSULTOR 23

• aos funcionários (engenharia, operação, manutenção etc.), fornecedores de equipamentos e de


matérias-primas.

• às fontes de informação, como manuais, desenhos técnicos, relatórios de ensaios etc.

• à organização, a instalações, equipamentos, processos e sistemas.

Dentre os sistemas e elementos de consumo mais analisados nessa consultoria estão:

• Motores Elétricos;

• Sistemas de Iluminação;

• Sistemas de Ar Comprimido;

• Sistemas de Climatização;

• Sistemas de Refrigeração;

• Sistemas de Ventilação;

• Sistemas de Exaustão;

• Sistemas de Geração de Calor;

• Sistemas de Bombeamento;

• Sistemas de Aquecimento;

• Outros Consumos Particulares.


UNIDADE DE ESTUDO 2
INTRODUÇÃO À
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
26 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

INICIANDO SEUS ESTUDOS


Nesta unidade de estudo, você conhecerá alguns conceitos voltados para os diversos tipos de
energias renováveis e não renováveis. Falaremos principalmente sobre a importância da ener-
gia elétrica e sua relevância para a sociedade no mundo moderno. Também daremos enfoque
à energia solar, tendo em vista sua crescente demanda de uso e baixo impacto ambiental.

Ao final desta unidade, você será capaz de:


• Conhecer os tipos de energia;

• Identificar características e peculiaridade das principais fontes de energia;

• Conceituar energia e eficiência energética.

2  INTRODUÇÃO À EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

2.1  A ENERGIA
Agora, você verá que a Energia, primeiro identificada pelo filósofo grego Aristóteles no século
IV A.C. é como uma realidade em constante movimento. Atualmente, dizemos que a “energia é
a medida da capacidade de realizar trabalho”.

Figura 4 - Representação da energia gerada pelo Big Bang

Fonte: Banco de imagens.

Os recursos energéticos disponíveis na terra podem ser de fontes renováveis (hidráulica, so-
lar, eólica, oceânica, geotérmica ou proveniente de biomassa) de algumas dezenas de anos;
não renováveis (petróleo, carvão mineral, gás natural) de formação de milhares de anos. Essa
INTRODUÇÃO À EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 27

segunda é associada ao risco de esgotamento, por serem utilizadas em maior rapidez, acima
do tempo necessário para sua formação. A retirada e utilização da energia produz maior ou
menor impacto. As de origem fósseis provocam danos ao meio ambiente pela emissão de ga-
ses de efeito estufa durante a queima.

Agora, você conhecerá os tipos ou formas de energia.

• A Energia Cinética: é a energia que está associada aos corpos em movimento, sendo um
dos tipos básicos de energia. Poderá manifestar-se de várias formas, tais como: no movimento
do carro, do eixo, da correnteza da água, do vento e até mesmo no voo do inseto.
Conheceremos agora a equação universal da Energia Cinética. Veja abaixo:

Ec = mV 2

2
Onde:
m = massa
V = Velocidade
Ec = Energia cinética

Figura 5 - Energia gerada a partir do vento (Eólica)


Fonte: Banco de imagens.

• A Energia Potencial: é a energia associada à posição de um corpo e que pode ser arma-
zenada. Para sua melhor compreensão, uma mola esticada, uma bola posicionada sobre uma
mesa, água no topo de uma represa, tudo isso tem energia potencial.
28 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Figura 6 - Energia Potencial


Fonte: Banco de imagens.

• Outras formas de energia: química, nuclear, térmica, luminosa (ou radiante) e elétrica. No
nível microscópio, esses tipos de energia são exemplos de energia mecânica (cinética ou poten-
cial). A energia química é armazenada em um combustível que é alterado ou quebrado durante
a combustão. A energia térmica de um corpo consiste principalmente na soma das energias
cinéticas de todas as suas moléculas.
Para quantificar a Energia no Sistema Internacional (SI), é utilizado o Joule (J), que tem, entre
outros, os seguintes múltiplos: Quilojoule, Megajoule.
A tabela a seguir apresenta os fatores de multiplicação para transformação de unidades de energia.

CONVERTER DE (SISTEMA INGLÊS) PARA MULTIPLICAR POR

Pé-libra-força (ft.lbf) joules (J) 1,3558

Pé-libra-força (ft.lbf) ergs (erg) 13.558.179,48

Pé-libra-força (ft.lbf) BTU – Britsh Thermal Unit 0,001285

Pé-libra-força (ft.lbf) calorias (cal) 0,323832

Pé poundal (ft.pdl) pé-libra-força (ft-lbf) 0,031081

Pé poundal (ft.pdl) joules (J) 0,04214

Pé poundal (ft.pdl) ergs (erg) 421.401,1009

Pé poundal (ft.pdl) polegada-libra-força (in lbf) 0,37297


INTRODUÇÃO À EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 29

CONVERTER DE (SISTEMA INGLÊS) PARA MULTIPLICAR POR

Pé poundal (ft.pdl) polegada-onça-força (in.ozf) 5,96752

BTU – Britsh Thermal Unit joules (J) 1.055,056

BTU – Britsh Thermal Unit calorias (cal) 252,2

CONVERTER DE PARA MULTIPLICAR POR


(SISTEMA MÉTRICO)

joules(J) quilocalorias (Kcal) 0,00023884

joules(J) calorias(cal) 0,23884

joules(J) BTU – Britsh Thermal Unit 0,0009478

joules(J) Quilowatts-hora (kWh) 0,00000027778

joules(J) ergs (erg) 107

ergs(erg) joules(J) 10-7

quilowatts-hora(kWh) joules(J) 3.600.000

Fábio Paiva Ribeiro


calorias (cal) joules(J) 4,1868

quilocalorias (kcal) = 1000 calorias (cal) joules (J) 4.186,8

Tabela 1 - Conversão de unidades de Energia


Fonte: https://www.dutramaquinas.com.br/view/download/unidades_de_energia.pdf

2.2  A ENERGIA ELÉTRICA


Energia elétrica ou eletricidade é a forma mais flexível das energias. Ela pode ser facilmente
transformada em qualquer outra energia, tal como luminosa, mecânica, térmica, informação
etc. Sua produção pode ser proveniente da queda da água, do movimento das marés e dos
ventos, por meio dos raios solares e outros.

Figura 7 - Transmissão de Energia Elétrica


Fonte: Banco de imagens.
30 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Com a modernidade, cada vez mais somos dependentes da eletricidade. Ela chegou para fa-
cilitar a nossa vida no trabalho, em casa, no lazer e em qualquer lugar onde estivermos.
Com o avanço da tecnologia e diante das centenas de bilhões de informações que trafegam
diariamente, necessitamos de uma fonte de energia elétrica cada vez mais eficiente.
Certamente, você está pensando “o que faríamos sem ela!”. Portanto, você percebeu a impor-
tância que ela tem para a nossa vida e agora saberá como controlamos o seu gasto.
Para quantificar a energia elétrica, a unidade mais utilizada é o Quilowatt Hora (kWh). É uti-
lizada pelas concessionárias de energia elétrica para controlar o consumo dos seus clientes.
Essa unidade será estudada com mais detalhes um pouco mais à frente.

2.3  ENERGIA SOLAR


É a principal fonte de energia da terra, proveniente da luz e do calor do sol. Ela chega numa in-
tensidade bem maior de que precisamos, mas aproveitamos apenas uma pequena parte dela.
Importante ressaltar que a energia do sol pode ser diretamente utilizada para aquecimento e
geração de eletricidade.

2.3.1  ENERGIA SOLAR TÉRMICA

No Brasil, as primeiras pesquisas de tecnologia de aquecimento solar vêm desde a década de


1960. O objetivo é o aquecimento da água por meio de coletores instalados nos telhados das
residências, hotéis, hospitais, vestiários, restaurantes industriais e outros lugares.
A geração dessa energia ocorre por meio de sistema de convecção. A água circula pelos cole-
tores através de tubos e posteriormente é armazenada em reservatório (acumulador), normal-
mente chamado de boiler.

Figura 8 - Aquecedor Solar


Fonte: Banco de imagens.

O calor proveniente do sol pode ser utilizado também para a geração de energia elétrica por
meio das usinas solares térmicas. Como isso acontece? O sistema funciona com o aquecimento
de um fluido, que é transportado até uma unidade geradora. O fluido aquecido é empregado
INTRODUÇÃO À EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 31

para a produção de vapor, que aciona uma turbina acoplada ao eixo de um gerador elétrico
que produz eletricidade.

DICAS

Um sistema solar térmico de água tem em média uma vida útil de 20 anos. Porém, pode chegar a
25 anos, caso a execução do projeto venha a atender às exigências técnicas e o equipamento ope-
re em condições próximas das ideais. Quando falamos de ideais, incluem a qualidade da água do
sistema e das manutenções corretivas e preventivas.

2.3.2  ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

O fenômeno físico do efeito fotovoltaico permite a conversão da luz em eletricidade. A luz


ou a radiação eletromagnética do sol, quando incide em uma célula fotovoltaica, composta
tipicamente por duas camadas de materiais semicondutores, um do tipo P e outro tipo N, faz
surgir nos seus terminais uma diferença de potencial (d.d.p) ou tensão elétrica. A célula sozinha
produz pouca eletricidade. Então, as células são agrupadas para produzir os painéis, módulos
ou placas fotovoltaicas, atingindo um valor de tensão elétrica considerável para o processo da
geração.
Importante saber que cerca de 95% de todas as células fotovoltaicas fabricadas no mundo
são de Silício (semicondutor), pois é um material barato e abundante na natureza. O silício é
um elemento químico extraído do quartzo e o Brasil é um dos principais produtores mundiais,
mas, a purificação necessária para construção das células não é feito no Brasil. As tecnologias
mais comuns encontradas das células fotovoltaicas são de silício monocristalino, policristalino
e a de filme fino de silício.

ATENÇÃO

Os termos painel, módulo ou placa são usados em diversas literaturas para descrever um conjun-
to empacotado de células fotovoltaicas disponíveis comercialmente.

Figura 9 - Painéis fotovoltaicos para geração de energia


Fonte: Banco de imagens.
32 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Veja, na figura a seguir, o mapa de insolação, que demonstra a energia recebida do sol ao
nível do solo no Brasil. Essa energia é medida da insolação diária da média anual típica e é
expressa em Wh/m2/dia (Watt-hora por metro quadrado dia). Essas informações contidas no
mapa são importantes para a consulta dos locais que apresentam maiores insolações no Brasil
e, por consequência, proporcionam mais oportunidades para a elaboração de projetos de mini
ou microgeração distribuída, entendida pelos setores elétricos no mundo como a produção de
energia próxima ao consumo.

SAIBA MAIS

Consulte a RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 687, DE 24 DE NOVEMBRO DE 2015 da Aneel - AGÊNCIA NACIO-


NAL DE ENERGIA ELÉTRICA, para obter mais informações referentes à microgeração e minigeração
distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica e sistema de compensação de energia
elétrica. http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2015687.pdf

VENEZUELA

COLÔMBIA
Boa Vista

Macapá

Belém São Luiz


Manaus
Fortaleza

Teresina Natal

João Pessoa

Porto Velho Recife

Rio Branco Palmas Maceió

Aracaju

Salvador
PERU
Brasília
Cuiabá
BOLÍVIA
Goiânia

Campo Grande
Belo Horizonte Vitória

CHILE São Paulo


Rio de Janeiro
PARAGUAI
Curitiba
Radiação (Wh/m2dia)
ARGENTINA
6100 a 6300 N
5900 a 6100
5700 a 5900 Florionópolis
5500 a 5700
Fábio Paiva Ribeiro

5300 a 5500
5100 a 5300 Porto Alegre
4900 a 5100
4700 a 4900
0 500 1000
4500 a 4700
URUGUAI Km

Figura 10 - Mapa de radiação (Wh/m²) no Brasil


Fonte: http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/03-energia_solar(3).pdf Pag 35.
INTRODUÇÃO À EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 33

2.4  EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


Podemos conceituar eficiência energética como as ações que visam á redução dos custos
com energia. É uma das formas ​​de combater  as  alterações climáticas, melhorar a competi-
tividade dos negócios e reduzir os custos de energia para os consumidores. A melhoria da
eficiência energética nos edifícios, nos processos industriais e nos transportes poderá reduzir
as necessidades energéticas do mundo em 2050 em até um terço.
A eficiência energética deve ser aplicada em todas as fases da cadeia energética, desde a
geração até o consumo final. Ao mesmo tempo, os benefícios da eficiência energética devem
superar as necessidades de novas gerações. Veremos, no próximo capítulo, que as ações de
eficiência energética podem ser com investimento, baixo investimento ou sem investimento.

Eficiência energética é uma atividade que busca melhorar o uso das fon-
tes de energia. A utilização racional de energia, chamada também sim-
plesmente de eficiência energética, consiste em usar de modo eficien-
te a energia para se obter um determinado resultado. Por definição, a
eficiência energética consiste da relação entre a quantidade de energia em-
pregada em uma atividade e aquela disponibilizada para sua realização
(Disponível em: http://www.abesco.com.br/pt/o-que-e-eficiencia-energetica-ee/.
Acesso em: 31/05/2017).
UNIDADE DE ESTUDO 3
METODOLOGIA DE TRABALHO
36 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

INICIANDO SEUS ESTUDOS


Nesta unidade de estudo, você conhecerá alguns conceitos e métodos importantes para refletir e en-
tender que, mesmo tendo uma metodologia a ser seguida, os resultados da consultoria energética sempre
serão particulares e específicos para cada indústria.

Ao final desta unidade, você será capaz de:


• Conceituar e identificar carga-alvo para ações com e/ou sem investimento;

• Conhecer os indicadores de desempenho;

• Identificar o fluxo da metodologia;

• Explicar as etapas da metodologia.

3  METODOLOGIA DE TRABALHO

3.1  A METODOLOGIA
A metodologia é uma grande aliada dos consultores. Palavra derivada do Latim “methodus”
(método), metodologia significa processo ou caminho para atingir um determinado objetivo.
A metodologia da consultoria de eficiência energética do Indústria + Eficiente trata-se da pa-
dronização dos atendimentos em busca de resultados satisfatórios para a indústria e deve
acontecer o mais próximo possível do que foi planejado. Ela é elaborada levando em con-
sideração os aspectos normativos (ABNT NBR ISO 50002 - Diagnósticos Energéticos, 2014) e
práticos sem esquecer as ferramentas (softwares, planilhas, exemplos e outros recursos) que
ajudam a nortear e facilitar todo o processo para o consultor.

3.2  CONCEITO DE CARGA-ALVO


É o equipamento, uso final, processo, demanda, área e outras tantas oportunidades com
ou sem investimento, que possam ser identificadas como possuidor dos maiores potenciais
de economia/redução de custos energéticos em uma empresa, desde que seja possível
quantificar e qualificar o consumo energético e que permita projetar ganhos significativos
e alcançáveis com ações de curto e médio prazo.

3.3  AÇÕES SEM INVESTIMENTO OU DE PEQUENOS INVESTIMENTOS


As ações sem investimento ou de pequenos investimentos, se referem àquelas que não ne-
cessitam de investimento em Bens de Capital (Máquinas/Equipamentos) e também são consi-
deradas neste conceito, as ações como manutenções, mudanças em processo, procedimentos,
gestão energética e outros custos operacionais (OPEX - Operational Expenditure).
METODOLOGIA DE TRABALHO 37

ATENÇÃO

A sigla OPEX (sigla da expressão Inglesa Operational Expenditure, despesas operacionais em portu-
guês) se refere ao(s) custo(s) associado(s) à manutenção dos equipamentos, despesas operacionais
e gastos consumíveis que são necessários ao funcionamento do produto/serviço do negócio de
uma empresa.

É importante que você saiba que os ganhos significativos e alcançáveis com ações de curto e
médio prazo para as ações sem investimentos podem ser definidos como:

• Mínimo de 10% de Redução no Consumo Energético (MWh/ano);

• Mínimo de 10% de Redução na Despesa com Energia (R$/ano);

• Até 12 meses para Retorno do Programa: considerando o custo da consultoria em relação à


economia gerada.

3.4  AÇÕES “COM INVESTIMENTO”


Referem-se àquelas que necessitam de investimento em Bens de Capital CAPEX- Capital Ex-
penditure, também consideradas como ações em que, para conseguir economia de energia, é
necessária a aquisição de Máquinas/Equipamentos.

ATENÇÃO

A sigla CAPEX é a sigla da expressão inglesa “Capital Expenditure” (despesas de capital ou inves-
timento em bens de capital, em português) indica a quantidade de dinheiro gasto na compra de
bens de capital ou na(s) melhoria(s) de uma determinada empresa. Podemos entender que é o
montante de investimento realizado em instalações e equipamentos de uma empresa.

3.5  INDICADORES DE DESEMPENHO


Os indicadores permitem avaliar o impacto da consultoria realizada e são expressos na forma
de: (a) redução do consumo energético, (b) redução da despesa com energia e (c) tempo de
retorno do capital investido; e são apurados considerando as ações sem investimento e ora as
ações com investimento já definidas anteriormente. Você, consultor, utilizará a Figura 11 como
ferramenta de cálculo para obter os resultados que constarão tanto no Relatório Técnico como
no Relatório Executivo.
38 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

∑( Consumo Inicial Carga-Alvo ) - ∑( Consumo Final Carga-Alvo )


1 Redução do Consumo Energético
das Cargas-Alvo sem Investimento (%) = Somatório do Consumo Inicial das Cargas-Alvo

∑( Consumo Inicial Carga Alvo )* Valor expresso em MWh/ano que corresponde ao somatório do consumo obtido
das cargas-alvo no início da consultoria.

Somatório do Consumo Final das Cargas-Alvo


Valor expresso em MWh/ano que corresponde ao somatório do consumo obtido
∑( Consumo Inicial Carga-Alvo ) - ∑( Consumo Final Carga-Alvo )
2 Redução do Consumo Energético das
Cargas-Alvo com Investimento (%) = das cargas-alvo após a realização das ações recomendadas.

∑( Consumo Inicial Carga-Alvo )* Somatório da Despesa Inicial das Cargas-Alvo


Valor expresso em R$/ano que corresponde ao somatório das despesas com
energia obtidas das cargas-alvo no início da consultoria;

∑( Despesa Inicial Carga-Alvo ) - ∑( Despesa Final Carga-Alvo )


3 Redução das Despesas com Energia
das Cargas-Alvo sem Investimento (%) = Somatório da Despesa Final das Cargas-Alvo
Valor expresso em R$/ano que corresponde ao somatório das despesas com
∑( Despesa Inicial Carga-Alvo )* energia obtidas das cargas-alvo após a realização das ações recomendadas.

Custo do Programa
Valor expresso em R$ que corresponde ao valor do programa da consultoria
∑( Despesa Inicial Carga-Alvo ) - ∑( Despesa Final Carga-Alvo ) SENAI “Indústria + Eficiente”;
4 Redução das Despesas com Energia
=
∑( )*
das Cargas-Alvo com Investimento (%)
Despesa Inicial Carga Alvo Somatório da Economia das ações sem investimentos
Valor expresso em R$ que corresponde ao somatório de todas as economias
provenientes das ações sem investimentos em bens de capital.

Custo do Programa Somatório do Investimento de todas as ações


5 Retorno do Programa
Sem Investimento (meses) = x 12 Valor expresso em R$ que corresponde ao somatório de todos os investimentos
∑( Economia das Medidas sem Investimentos ) (OPEX e CAPEX).

Somatório das Economias das ações sem investimentos e com


investimento
∑( Investimentos das ações ) Valor expresso em R$ que corresponde ao somatório de todas as economias
6 Retorno do Programa
= x 12 provenientes das ações sem e com investimentos (OPEX e CAPEX).

Fábio Paiva Ribeiro


∑( )
Com Investimento (meses)
Economia das Medidas sem Investimentos e com investimentos

* = Quando houver mais de uma ação de oportunidade de economia na mesma carga-alvo selecionada durante a consultoria, você, ao calcular os indicadores de desempenho, deverá utilizar no denominador, apenas uma vez, o valor
inicial da carga-alvo na fórmula. O valor não deve ser duplicado para não gerar resultado incorreto.

Figura 11 - Indicadores de desempenho utilizados no âmbito do Programa Indústria + Eficiente. Eficiência Energética
Fonte: Equipe SENAI/MG MG - CETEL (2017).

Antes que você inicie os seus cálculos, é importante que conheça os conceitos de cada indi-
cador representado na Figura 11 para facilitar o seu entendimento e a sua aplicação. Vamos
lá? Acompanhe.
1. Redução do Consumo Energético das Cargas-Alvo sem Investimento (%):

É o valor expresso em percentual resultante da diferença entre o somatório do consumo inicial das
cargas-alvo e o somatório do consumo final das cargas-alvo que foram selecionadas para as ações
sem investimento.

2. Redução do Consumo Energético das Cargas-Alvo com Investimento (%):

É o valor expresso em percentual resultante da diferença entre o somatório do consumo inicial das
cargas-alvo e o somatório do consumo final das cargas-alvo que foram selecionadas para as ações
com investimento.

3. Redução das Despesas com Energia das Cargas-Alvo sem Investimento (%):

É o valor expresso em percentual resultante da diferença entre o somatório da despesa inicial com
energia das cargas-alvo, e o somatório da despesa final com energia das cargas-alvo que foram se-
lecionadas para as ações sem investimento.

4. Redução das Despesas com Energia das Cargas-Alvo com Investimento (%):

É o valor expresso em percentual resultante da diferença entre o somatório da despesa inicial com
energia das cargas-alvo e o somatório da despesa final com energia das cargas-alvo que foram se-
lecionadas para as ações com investimento.
METODOLOGIA DE TRABALHO 39

5. Retorno do Programa Sem Investimento (meses):

Resultante da razão entre o custo do programa e as economias das medidas sem investimento
implantadas pelo produto do valor de referência de retorno do programa (12 meses), sem investi-
mento. O valor final é expresso em meses.

6. Retorno do Programa Com Investimento (meses):

É o valor em meses, resultante do somatório do investimento de todas as ações e o das economias


das ações sem e com investimento.

Para facilitar seus estudos, veja a seguir um exemplo do cálculo da redução de consumo e das
Despesas com energia das cargas-alvo consideradas para ações sem investimento, itens 1 e 3
da Figura 11, com todas as informações necessárias:
a) Carga-alvo (Motor Elétrico) - Custo anual de R$35.000,00, que corresponde ao consumo energético de
57,66MWh. Proposta de desligamento em períodos de funcionamento a vazio – Economia calculada
de R$7.000,00 e 11,53MWh.

b) Carga-alvo (Compressor) – Custo anual de R$27.000,00, que corresponde ao consumo energético


de 44,48MWh. Proposta de eliminação de vazamentos – Economia calculada R$5.000,00 e 8,24MWh.

c) Carga-alvo (Compressor) – Custo anual de R$27.000,00 00, que corresponde ao consumo energético
de 44,48MWh. Proposta de fechamento de válvulas de tubulação não utilizada – Economia calculada
de R$6.000,00 e 9,88MWh.

Veja agora os cálculos da redução do consumo de energia, conforme informações e fórmula


do item 1 da Figura 11 – Indicadores de desempenho:
Observe que o denominador apresentará o somatório dos valores do consumo de energia
nas cargas-alvos antes de qualquer ação de eficiência energética na indústria, definido também
como valor inicial.
Como informado no exemplo acima, para se chegar à economia de cada carga-alvo, basta fazer
o somatório dessas economias no numerador ao aplicar a fórmula do indicador de desempenho.

Redução do Consumo de Energia das Cargas-alvo sem investimento

∑ (11, 53 + 8, 24 + 9, 88)
=
∑ (57, 66 + 44, 48)
=
∑ (29, 65)
∑ (102, 14)
= 29, 03%

Você percebeu que os itens b e c possuem a mesma carga-alvo? Esses itens fazem referência
ao mesmo elemento de uso final (compressor) e por isso o consumo energético em MWh é o
mesmo. Assim, o valor, a ser utilizado no denominador, não deverá ser duplicado para não
gerar um resultado incorreto.
Agora, acompanhe os cálculos da redução das despesas com energia, de acordo com infor-
mações e fórmulas do item 3 da Figura 11:
40 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Redução das despesas com Energia das Cargas-alvo sem investimento

∑ (R$7.000,00 + R$5.000,00 + R$6.000,00)


=
∑ (R$35.000,00 + R$27.000,00)
∑ (R$18.000,00)
=
∑ (R$62.000,00)
= 29, 03%

Novamente, podemos perceber que, para cálculo da redução de despesa com energia, ire-
mos utilizar os itens b e c, que fazem referência ao mesmo elemento de uso final (compressor)
e por isso o valor com energia em R$ é o mesmo. O valor a ser utilizado no denominador não
deverá ser duplicado para não gerar um resultado incorreto.
Agora você acompanhará o exemplo de cálculo da redução do consumo e das despesas com
energia das cargas-alvo consideradas para ações com investimento, itens 2 e 3 da Figura 11 –
Indicadores de desempenho, com todas as informações necessárias:
a) Carga-alvo (Sistema Motriz) – Custo anual de R$72.840,00, que corresponde ao consumo energético
de 120MWh. Proposta de substituição de motores atuais por mais eficientes. Economia calculada
R$4.249,00 e 7MWh.

b) Carga-alvo (Iluminação) – Custo anual de R$44.213,88, que corresponde ao consumo energético de


55MWh. Proposta de substituição lâmpadas atuais por lâmpada LED. Economia calculada R$15.175,00
e 25MWh.

c) Carga-alvo (Forno Elétrico) – Custo anual de R$81.945,00, que corresponde ao consumo energético
de 135MWh. Proposta de substituição do forno elétrico por um a Gás - GLP. Economia calculada
R$40.669,00 e 67MWh.

Iniciaremos os cálculos da redução do consumo de energia, conforme informações e fórmula


do item 2 da Figura 11 – Indicadores de desempenho:

Redução do Consumo de Energia das Cargas-alvo COM investimento

∑ (7 + 25 + 67)
=
∑ (120 + 55 + 135)

=
∑ (99)
∑ (310)
= 31, 94%

Enfim, observe os cálculos da redução das despesas com energia, de acordo com informa-
ções e fórmulas do item 4 dos indicadores de desempenho:
METODOLOGIA DE TRABALHO 41

Redução das despesas com Energia das Cargas - alvo COM investimento

∑ (R$4.249,00 + R$15.175,00 + R$40.669,00)


=
∑ (R$44.213,88 + R$72.840,00 + R$81.945,00)

∑ (R$61.093,00)
=
∑(R$198.998,88)

= 30, 70%

3.6  FLUXO DA METODOLOGIA


A fim de facilitar o seu trabalho de consultoria, é importante conhecer o fluxo da metodologia,
ou seja, todas as etapas que compõem esse processo. É o que veremos a seguir. Acompanhe!

Identificação de Usos Implementação e


Finais e Cargas Alvo Acompanhamento
(8h) (40h)

Fábio Paiva Ribeiro

Coleta e Análise Apresentação de


de Dados proposta de Intervenção
(88h) (4h)

Figura 12 - Fluxo da metodologia com a carga horária necessária para cada etapa
Fonte: Equipe SENAI/MG - CETEL (2017).

3.6.1  ETAPAS DA METODOLOGIA

Visando esclarecer atitudes assertivas no processo de consultoria e seus detalhes principais


para o alcance de melhores resultados, veja que, antes de iniciar as etapas da consultoria, será
necessário:
• Contatar o cliente para agendar a 1ª reunião.

• Esse momento é importante para solicitar-lhe o envio da última conta de energia elétrica da empresa.
Se necessário, peça-lhe também o preenchimento da Ficha de Cadastro do Cliente. O modelo desse
formulário você já o conheceu anteriormente.
42 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Levantar dados preliminares da empresa.

• Resgatando nossos conhecimentos, o levantamento é necessário para coletar informações importan-


tes para promover análises prévias que subsidiarão o desenvolvimento do trabalho.

• Realizar a reunião com o cliente para conhecer as suas necessidades e expectativas além de
explicar-lhe o objetivo da consultoria, suas etapas, métodos e os resultados esperados. Nesse mo-
mento também podemos solicitar-lhe e verificar as últimas 12 contas de insumos energéticos para
conhecero histórico de consumo da empresa.

• Fazer a análise tarifária e registrar resultados.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre o Planejamento do diagnóstico energético, consulte o item 5.2 da norma
ABNT NBR ISO 50002, 2014.

DICAS

A norma ABNT NBR ISO 50002, 2014 é uma fonte valiosa de conhecimentos. Consulte mais sobre
“Reunião
• Fazer a de abertura”
análise no eseu
tarifária item 5.3
registrar resultados.

Agora, você conhecerá as etapas da metodologia que facilitarão o seu trabalho.

Vamos lá!
Fábio Paiva Ribeiro

4 semanas 10 semanas

Análise e Acompanhamento das


Solução intervenções na Empresa

96h 44h
Figura 13 - Previsão de tempo para realização do trabalho
Fonte: Equipe SENAI/MG - CETEL (2017).
METODOLOGIA DE TRABALHO 43

CARGA
ETAPA AÇÕES RESULTADOS HORÁRIA
É a verificação in loco
Dados e Informações para a
das fontes de energia
visualização clara e precisa do
existentes na empresa e a
01 - Identificação de Usos perfil energético da empresa que
configuração dos elementos 8 horas
Finais e Cargas-Alvo. proporciona a definição de limites
consumidores alocados, a
de potenciais Cargas-Alvo a serem
fim de levantar cargas-alvo
trabalhadas.
potenciais.

 Massa de dados das Cargas-


É a Coleta de dados das
-Alvo, com propostas de intervenções
Cargas-Alvo selecionadas,
elaboradas;
análise dos dados coletados,
proposição de soluções  Implementação das ações
e elaboração de relatório identificadas no prazo da consultoria;
02 - Coleta e Análise de técnico para o empresário.
88 horas
Dados. Trata-se ainda da avaliação  Planilhas de dados compondo um
de intervenções de banco de medições;
implementação imediata
 Relatório Técnico descrevendo
das ações de baixo ou sem
as intervenções propostas propostas
investimento no período da
fundamentadas com apresentação de
realização da consultoria.
memorial de cálculo;

 Relatório Técnico para validar


com o empresário, as ações a serem
É a reunião com empresário adotadas em curto prazo.
03 - Apresentação de para apresentar,
 Cronograma de implementação 4 horas
Propostas de Intervenção. oficialmente, todas as
propostas de intervenções. das ações, com propostas de
acompanhamento e definição das
visitas à empresa pelo consultor.

É o acompanhamento ativo  Apoio, acompanhamento,


das ações sem investimento levantamento e registro das ações
e com investimento possíveis das intervenções realizadas.
04 - Implementação e
de implantação dentro do 40 horas
Acompanhamento.  Relatório executivo assinado,
período do programa da
Fábio Paiva Ribeiro

consultoria, acordadas com com os resultados das intervenções

a empresa na etapa anterior. realizadas.

Quadro 2 - Etapas da Metodologia


Fonte: Equipe SENAI/MG - CETEL (2017).
UNIDADE DE ESTUDO 4
ANÁLISE TARIFÁRIA
46 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

INICIANDO SEUS ESTUDOS


Nesta unidade de estudo, você estudará sobre a análise tarifária, que consiste no levantamento do histó-
rico de consumo de energia elétrica, considerando pelo menos os últimos 12 meses. Contudo, para que você
possa realizar essa análise, é necessário conhecer alguns conceitos básicos que veremos a partir de agora.

Ao final desta unidade, você será capaz de:


• Compreender e realizar o processo de gerenciamento de contas de energia;

• Compreender os conceitos básicos relacionados à análise tarifária;

• Conhecer e identificar os grupos tarifários e as tensões de fornecimento;

• Compreender os tipos de tarifas e analisar as contas de energia.

4  ANÁLISE TARIFÁRIA

4.1  CONCEITOS BÁSICOS


O gerenciamento das contas de energia de qualquer instalação requer o pleno conhecimento
dos sistemas energéticos existentes, além dos hábitos de utilização da instalação, dos mecanis-
mos de aquisição de energia e da experiência dos usuários e técnicos da empresa.
Logo, o primeiro passo consiste em conhecer como a energia elétrica é consumida na sua ins-
talação e em acompanhar o seu custo e consumo. Para isso, é necessário manter um registro
cuidadoso e atualizado.
Nesse sentido, os dados mensais e históricos são de grande importância para a execução da
análise tarifária, podendo ser extraídos diretamente da conta de energia elétrica. Esses dados
poderão fornecer informações preciosas sobre a contratação correta da energia e seu uso
adequado, bem como sobre a análise de seu desempenho, subsidiando a tomada de decisões.
Contudo, a fim de realizar a análise tarifária, é necessário que você conheça primeiro alguns
conceitos, sendo eles:
• Energia ativa: energia capaz de produzir trabalho. É aquela que pode ser convertida em outra forma
de energia, expressa em quilowatts-hora (kWh);

• Energia reativa: é a energia demandada por alguns equipamentos elétricos, necessária à manuten-
ção dos fluxos magnéticos e que não produz trabalho. A unidade de medida usada é o quilovar-hora
(kVArh);

• Energia aparente: a energia resultante da soma vetorial das energias ativa e reativa. É aquela que a
concessionária realmente fornece para o consumidor (kVA).

No gráfico a seguir, você verá a relação entre essas energias. Observe!


ANÁLISE TARIFÁRIA 47

h
k VA
nte
re
pa Energia
iaA
erg Reativa
En kVArh

Fábio Paiva Ribeiro


Energia Ativa kWh

Figura 14 - Relação entre as energias: aparente, ativa e reativa


Fonte: SENAI/MG (2017).

• Potência: é a quantidade de energia solicitada na unidade de tempo. A unidade usada é o quilowatt (kW).

Todos os equipamentos elétricos possuem uma potência, que pode estar identificada em
watts (W), em horse power (hp) ou em cavalo vapor (cv). Caso a potência esteja identificada em
hp ou cv, basta transformar em watts, usando as seguintes conversões:

CONVERSÃO DE UNIDADES
DE PARA MULTIPLIQUE POR

Fábio Paiva Ribeiro


kW hp 1,341
cv kW 0,736
hp kW 0,7457

Tabela 2 - Conversão de unidades


Fonte: SENAI/MG (2017).

Fábio Paiva Ribeiro


POTÊNCIA ATIVA (kW) POTÊNCIA REATIVA (kVAr) POTÊNCIA APARENTE (kVA)
145 66 159

Tabela 3 - Comparativo entre a potência ativa, reativa e aparente


Fonte: SENAI/MG (2017).

• Demanda: média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas ao sistema elétrico pela par-
cela da carga instalada em operação na unidade consumidora, durante um intervalo de tempo espe-
cificado (normalmente 15 minutos), expressa em quilowatts (kW) e quilovolt-ampère-reativo (kVAr),
respectivamente;

• Demanda contratada: demanda de potência ativa a ser obrigatória e continuamente disponibilizada


pela distribuidora, no ponto de entrega, conforme valor e período de vigência fixados em contrato, e
que deve ser integralmente paga, seja ou não utilizada durante o período de faturamento, expressa
em quilowatts (kW);

• Demanda faturável: valor da demanda de potência ativa, considerada para fins de faturamento, com
aplicação da respectiva tarifa, expressa em quilowatts (kW);
48 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Demanda medida: maior demanda de potência ativa, verificada por medição, integralizada em inter-
valos de 15 (quinze) minutos durante o período de faturamento. Se todos os equipamentos de uma
instalação estiverem ligados simultaneamente durante 15 minutos, a demanda será paga como se
eles tivessem permanecido ligados, durante o mês inteiro.

Fábio Paiva Ribeiro


POTÊNCIA/CARGA INSTALADA DEMANDA CONTRATADA (KW) DEMANDA REGISTRADA (KW)
(KW)
350 220 208

Tabela 4 - Comparativo entre potência/carga instalada, demanda contratada e demanda registrada


Fonte: SENAI/MG (2017).

Além dos conceitos apresentados anteriormente, também é importante que você conheça os
conceitos a seguir:
• Carga instalada: soma das potências nominais dos equipamentos elétricos instalados na unidade
consumidora, em condições de entrar em funcionamento, expressa em quilowatts (kW).
• Fator de carga: razão entre a demanda média e a demanda máxima da unidade consumidora ocor-
ridas no mesmo intervalo de tempo especificado.
• Fator de potência (FP): razão entre a energia elétrica ativa e a raiz quadrada da soma dos quadrados
das energias elétricas ativa e reativa, consumidas num mesmo período especificado. Pode ser calcu-
lada pela equação a seguir:

FP = kWh ou FP = kW
kVAh kVA

• Tarifas Horo-Sazonais: São as tarifas cobradas dos clientes de maior carga que são atendidos pelo
subgrupo A1. Esses clientes, além de serem cobrados pelo valor do consumo registrado de energia
(kWh), serão cobrados também pela maior demanda registrada (kW) no mês. O limite dessa demanda
é acertado em contrato entre cliente e concessionária. Essas tarifas são nomeadas como: Convencio-
nal, Verde e Azul. Elas serão caracterizadas mais adiante.
• Horário de ponta (HP): período definido pela concessionária, composto por três horas consecutivas,
compreendidas entre 17 h e 22 h, exceção feita a sábados, domingos e feriados definidos pela Reso-
lução ANEEL 414. Neste intervalo a energia elétrica é mais cara.
• Horário fora de ponta (HFP): são as horas complementares às três horas consecutivas que com-
põem o horário de ponta, acrescidas da totalidade das horas dos sábados e domingos e feriados
definidos pela Resolução ANEEL 414. Neste intervalo a energia elétrica é mais barata.
• Tarifa de demanda: valor, em reais, do kW de demanda cobrado em determinado segmento horo-
-sazonal.
• Tarifa de ultrapassagem: tarifa a ser aplicada ao valor de demanda registrada que supera o valor da
demanda contratada, respeitada a tolerância.
• Tarifa de consumo: valor, em reais, do kWh ou MWh de energia utilizada em determinado segmento
horo-sazonal.

1 Subgrupo A: subgrupo incluído no grupo A que é composto por unidades consumidoras com fornecimento em
tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou atendidas a partir de sistema subterrâneo de distribuição em tensão secundária,
caracterizado pela tarifa binômia.
ANÁLISE TARIFÁRIA 49

• Curva de Carga do Sistema: a curva de carga do sistema elétrico para um dia típico apresenta o perfil
mostrado na figura 15. O horário de ponta de 17h às 22h, como vimos anteriormente, representa o
período do dia em que o sistema demanda mais carga.

DEMANDA REGISTRADA

700

600

500

400

300

200

100

Wendell Aguiar
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00
01:00
02:00
03:00
04:00
DEMANDA

Figura 15 - Gráfico de demanda registrada


Fonte: SENAI/MG (2017).

Considerando o gráfico acima, no qual percebemos que se consome mais energia no horário
de ponta, concluímos que ele reflete, em parte, a maioria dos consumidores do sistema elétrico
brasileiro.
Portanto, o sistema precisa ser dimensionado para atender à carga máxima solicitada por
todos os clientes atendidos por uma determinada concessionária. Sendo assim, qualquer au-
mento de demanda na ponta impacta em investimento por parte das concessionárias visando
realizar esse atendimento.
Logo, é por meio da sinalização tarifária, isto é, preços mais elevados e mais baixos nos HP e
HFP, respectivamente, que se pretende tornar a curva do sistema mais plana ao longo do dia.
Tendo em vista os conceitos já apresentados, estudaremos a seguir a classificação dos consu-
midores, isto é, os grupos tarifários, e as tensões de fornecimento.

SAIBA MAIS

Para obter maiores informações sobre esses e outros conceitos relacionados à análise tarifária,
consulte a Resolução Nº414/2010 da ANEEL.

4.2  GRUPOS TARIFÁRIOS E TENSÕES DE FORNECIMENTO


Saiba que os consumidores são classificados de acordo com o seu ramo de atividade, indus-
trial, comercial, rural, etc., e considerando, também, o nível de tensão em que são atendidos,
conforme quadro abaixo:
50 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Consumidores atendidos em alta tensão, acima de 2.300volts, como indústrias, shoppings, e alguns
GRUPO A
edifícios comerciais e públicos.

Fábio Paiva Ribeiro


Consumidores atendidos em baixa tensão (127 volts e 220 volts). Geralmente, pertencem às catego-
GRUPO B
rias: residencial, comércio, serviços, boa parte dos edifícios comerciais e alguns prédios públicos.

Quadro 3 - Grupos de consumidores de acordo com a tensão de fornecimento


Fonte: SENAI/MG (2017).

Destacamos, ainda, que o Grupo A é dividido em subgrupos, por exemplo, o subgrupo A4.
Nele, além da maioria das indústrias, geralmente temos os prédios públicos, principalmente
os que são considerados consumidores de grande porte, tais como: hospitais, universidades,
prédios de grande porte com atividades administrativas, instalações militares, entre outros.
Na tabela a seguir, veja os subgrupos do grupo A, que também são classificados de acordo
com suas tensões de fornecimento:

SUBGRUPOS TENSÃO DE FORNECIMENTO

A1 ≥ 230 kV

A2 88 kV a 138 kV

A3 69 kV

A3a 30 a 44 kV

Fábio Paiva Ribeiro


A4 2,3 kV a25 kV

AS Subterrâneo

Tabela 5 - Subgrupos do Grupo A


Fonte: SENAI/MG (2017).

Vale ressaltar que, para efeito de faturamento da energia elétrica, distinguem-se somente
dois grupos tarifários: o grupo A, Alta Tensão, e o grupo B, Baixa Tensão.

4.2.1  GRUPOS TARIFÁRIOS

Como vimos, grupos tarifários é a forma de dividir os clientes de acordo a tensão de forne-
cimento. Os clientes de baixa tensão, < 2.300 V, são enquadrados no Grupo B; e os de maior
tensão são enquadrados no Grupo A.

A) CONSUMIDORES DO SUBGRUPO AS

As instalações ligadas em área atendida pela concessionária pelo sistema subterrâneo, em


baixa tensão, poderão ser atendidas pelas tarifas binômias do subgrupo AS, desde que tenham
ANÁLISE TARIFÁRIA 51

consumo igual ou superior a 30 MWh/mês e cujo contrato de demanda seja, no mínimo, igual a
150 kW. Caso contrário, serão atendidas por tarifa monômia do subgrupo AS, aplicada apenas
sobre o consumo.

B) CONSUMIDORES DO GRUPO B (BAIXA TENSÃO)

As instalações enquadradas no Grupo B têm tarifa monômia, ou seja, são cobradas ape-
nas pela energia consumida cujo valor depende das classes: residencial, comercial, rural,
entre outras.

C) CONSUMIDORES DO GRUPO A (ALTA TENSÃO)

As instalações enquadradas no Grupo A têm tarifa binômio, ou seja, são cobradas pela de-
manda contratada e pelo consumo.
Essas instalações são enquadradas em três modalidades tarifárias:
• Tarifação Convencional;

• Tarifação Verde;

• Tarifação Azul.

Na tabela a seguir, temos um exemplo de tarifa para consumidores do subgrupo A4. Observe!

DEMANDA (R$/KW) CONSUMO


TIPO
PONTA FORA DE PONTA PONTA FORA DE PONTA

Fábio Paiva Ribeiro


AZUL 31,67 9,06 0,454 0,325
VERDE 9,06 1,22 0,325
CONVENCIONAL 31,86 0,446

Tabela 6 - Exemplo de tarifa para consumidores A4 (de 2,3kV a 25kV) SEM ICMS
Fonte: SENAI/MG (2017).

ATENÇÃO

É importante ressaltar que o valor da tarifa é alterado anualmente pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL).

A seguir, temos um exemplo de tarifa para ultrapassagem de demanda:

TIPO DEMANDA (R$/KW)


PONTA FORA DE PONTA
Fábio Paiva Ribeiro

AZUL 62,20 18,12


VERDE 18,12
CONVENCIONAL 63,92

Tabela 7 - Exemplo de tarifa para ultrapassagem de demanda


Fonte: SENAI/MG (2017).
52 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

4.2.2  DEMANDA E CONSUMO DE ENERGIA CONFORME GRUPO TARIFÁRIO

Agora você aprenderá sobre o consumo e a demanda conforme o grupo tarifário. Acompanhe!

A) TARIFA CONVENCIONAL

Na tarifação convencional, o consumidor pactua com a concessionária definindo, assim, o va-


lor desejado para a demanda, o que chamamos de demanda contratada, independentemente
da hora do dia (horário de ponta ou fora de ponta).
Se a demanda contratada for inferior a 300 kW, desde que nos onze meses anteriores não
tenham ocorrido três registros consecutivos ou seis registros alternados de demanda superio-
res a 300 kW, os consumidores do Grupo A, subgrupos A3a, A4 e AS podem ser enquadrados
na tarifa Convencional.
Nesse caso, a conta de energia será composta por:

PARCELA DO CONSUMO + PARCELA DA DEMANDA + PARCELA DA ULTRAPASSAGEM

Logo, a fim de sabermos o valor da parcela de consumo, precisamos fazer o seguinte cálculo:

PARCELA DO CONSUMO = TARIFA DE CONSUMO X CONSUMO MEDIDO

Para sabermos o valor da parcela de demanda, por sua vez, fazemos o seguinte cálculo:

PARCELA DE DEMANDA = TARIFA DE DEMANDA X DEMANDA CONTRATADA

Por fim, para identificarmos o valor da parcela de ultrapassagem, devemos fazer o cálculo
a seguir:

PARCELA DE ULTRAPASSAGEM = TARIFA DE ULTRAPASSAGEM X


(DEMANDA MEDIDA – DEMANDA CONTRATADA).

ATENÇÃO

Na tarifação convencional, a tarifa de ultrapassagem corresponde a três vezes o valor da tarifa


de Demanda. A modalidade convencional binômia será extinta após o 3° Ciclo de revisão tarifá-
ria periódica (3CRTP) para concessionárias e o 1° ciclo de revisão tarifária periódica (1CRTP) para
permissionárias.

B) TARIFA VERDE

O enquadramento dos consumidores do Grupo A, subgrupos A3a, A4 e AS, na tarifa horo-sa-


zonal verde é opcional. Nessa modalidade tarifária, o consumidor pactua com a concessionária
o valor desejado para a demanda, ou seja, a demanda contratada, independentemente da hora
do dia (ponta ou fora de ponta).
ANÁLISE TARIFÁRIA 53

Nesses casos, a conta de energia será composta da soma de parcelas relativas ao consumo,
no horário de ponta e fora da ponta, mais a parcela da demanda e a parcela da ultrapassagem,
sendo seu valor calculado da seguinte forma:

PARCELA CONSUMO = TARIFA DE CONSUMO NA PONTA X CONSUMO MEDIDO NA PONTA +


TARIFA DE CONSUMO FORA DA PONTA X CONSUMO MEDIDO FORA DA PONTA

A parcela da demanda é calculada multiplicando-se a tarifa de demanda pela demanda con-


tratada ou pela demanda medida (a maior das duas), caso a demanda medida não ultrapasse a
demanda contratada em mais de 5%. Logo, para calculá-la, temos a seguinte expressão:

PARCELA DEMANDA = TARIFA DE DEMANDA X DEMANDA CONTRATADA

É importante você saber, ainda, que, na tarifa verde, só é cobrada a parcela de ultrapassagem
quando a demanda medida ultrapassa em 5% a demanda contratada. Para definir o seu valor,
devemos fazer o seguinte cálculo:

PARCELA DE ULTRAPASSAGEM = TARIFA DE ULTRAPASSAGEM X


(DEMANDA MEDIDA – DEMANDA CONTRATADA)

C) TARIFA AZUL

O enquadramento dos Consumidores do Grupo A, subgrupos A1, A2, e A3, na tarifa Ho-
ro-Sazonal Azul, é obrigatório. Nessa modalidade tarifária, o consumidor pactua com a
concessionária o valor desejado para a demanda contratada no horário de ponta e fora
da ponta.
Contudo, é importante você saber que, embora não esteja explicitado na Resolução 414 da
ANEEL, o consumidor pode contratar valores de demanda diferentes para o horário de ponta
e fora de ponta.
O valor da parcela de consumo é definido conforme a seguir:

PARCELA DE CONSUMO = TARIFA DE CONSUMO NA PONTA X CONSUMO MEDIDO NA PONTA


+ TARIFA DE CONSUMO FORA DA PONTA X CONSUMO MEDIDO FORA DA PONTA

A parcela da demanda na tarifa azul é calculada da seguinte forma:

PARCELA DEMANDA = TARIFA DE DEMANDA NA PONTA X DEMANDA CONTRATADA NA PONTA +


TARIFA DE DEMANDA FORA DA PONTA X DEMANDA CONTRATADA FORA DA PONTA

A parcela de ultrapassagem, por sua vez, é cobrada apenas quando a demanda medida ul-
trapassa os limites de tolerância da demanda contratada. Esse limite é de 5% para subgrupos
A1, A2, A3, A3a, A4 e AS
As tarifas de ultrapassagem são diferenciadas por horário, sendo mais caras nas horas
de ponta.
54 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

PARCELA ULTRAPASSAGEM = TARIFA DE ULTRAPASSAGEM NA PONTA X (DEMANDA MEDIDA NA PONTA


– DEMANDA CONTRATADA NA PONTA) + TARIFA DE ULTRAPASSAGEM FORA DE PONTA X (DEMANDA
MEDIDA FORA DA PONTA – DEMANDA CONTRATADA FORA DA PONTA)

4.2.3  FATOR DE CARGA (FC)

Anteriormente, vimos sobre as tarifas referentes ao consumo de energia elétrica. Agora, va-
mos aprender sobre o fator de carga (FC). Acompanhe!
O fator de carga (FC) é um índice que informa se a empresa está usando racionalmente a
energia que consome. É a razão entre a demanda média e a demanda máxima da unidade
consumidora ocorridas em um mesmo intervalo de tempo.
Sendo assim, ele mostra a relação entre o consumo de energia e a demanda de potência em
um determinado período de tempo, variando de 0 (zero) a 1 (um).
Saiba que quanto mais próximo de 1 (um), melhor está sendo o aproveitamento da potência
disponível para uso.
Veremos agora os tipos de fatores de carga, de acordo com a tarifação.

• Fator de carga na tarifação convencional: quando o faturamento de uma instalação é feito na tari-
fação convencional, adota-se que o tempo médio mensal em que a energia elétrica está disponível é
de 24 horas por dia ou 730 horas por mês. Nesse caso, o fator de carga será:

300.000 (kWh)
Fator de Carga = = 0,82
500 (kW) x 730h

• O fator de carga na tarifação horo-sazonal azul: quando uma instalação tem seu faturamento pela
tarifa verde ou azul o tempo médio mensal continua sendo de 730 h/mês.

Nesse caso, o custo da energia vai variar em função de sua utilização no período seco ou úmi-
do e no período de ponta e fora de ponta.
A seguir, temos a expressão utilizada para se calcular o fator de carga no horário de ponta (FC HP):

FC HP = CONSUMO MENSAL NO HORÁRIO DE PONTA (KWH) /


(DEMANDA NO HORÁRIO DE PONTA (KW) X H DO PERÍODO

Veja agora a expressão utilizada para se calcular o fator de carga no horário fora de ponta (FC HFP):

FC HFP = CONSUMO MENSAL NO HORÁRIO FORA DE PONTA (KWH) /


DEMANDA NO HORÁRIO FORA DE PONTA (KW) X H DO PERÍODO
ANÁLISE TARIFÁRIA 55

Já para se calcular o fator de carga mensal, temos a seguinte expressão:

FC MENSAL = CONSUMO MENSAL (KWH) / DEMANDA REGISTRADA (KW) X 730

4.2.4  ENERGIA REATIVA E FATOR DE POTÊNCIA

Vimos, no item sobre tensão de fornecimento, que a energia reativa é a energia solicitada
por alguns equipamentos elétricos para a manutenção dos fluxos magnéticos, não produzin-
do trabalho.
A unidade de medida usualmente utilizada para a energia reativa é o VArh ou kVArh (1
kVArh = 1000 VARh). A unidade de medida usada para medir a potência reativa, por vez, é o
VAR ou kVAr.
Saiba que a potência reativa é o componente da potência global necessária à magnetização
que não produz trabalho, provocando o aquecimento dos condutores, o que resulta em perdas
de energia elétrica.
A energia reativa deve ser suficiente, apenas, para manter os fluxos magnéticos dos equi-
pamentos que necessitam de campos magnéticos para seu funcionamento, por exemplo, os
motores de indução.
É importante você saber, ainda, que o limite para sua presença nas instalações consumido-
ras é dado por um fator denominado fator de potência (FP). Esse fator estabelece a relação
entre a energia ativa, energia real que produz trabalho, e a potência total, ou potência apa-
rente do circuito.
É importante perceber que o fluxo de potência em circuitos de corrente alternada tem três
componentes, sendo eles:

É a capacidade do circuito em produzir trabalho em um determinado período de


POTÊNCIA ATIVA (P)
tempo, sendo medida em Watts (W).

Devido aos elementos reativos da carga, a potência aparente, que é o produto da


POTÊNCIA APARENTE (S) tensão pela corrente do circuito, será igual ou maior do que a potência ativa. Medida
em Volt-Ampères (VA).

É a medida da energia armazenada que é devolvida para a fonte durante cada ciclo
de corrente alternada. É utilizada para produzir os campos elétrico e magnético
POTÊNCIA REATIVA (Q)
Fábio Paiva Ribeiro

necessários para o funcionamento de certos tipos de cargas, por exemplo, retifica-


dores industriais e motores elétricos. Medida em volt-ampère-reativo (VAr).

Quadro 4 - Descrição das potências: ativa, aparente e reativa


Fonte: SENAI/MG (2017).
56 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

De acordo com a Resolução Normativa n° 414/2010 da ANEEL, as instalações elétricas dos


consumidores devem ter um FP não inferior a 0,92 (indutivo ou reativo). Isso equivale a dizer
que: 92% da potência total, ou aparente, deve ser utilizada para produzir trabalho, isto é, po-
tência ativa.
Ainda segundo essa Resolução Normativa, para a apuração da Energia Reativa Excedente e
da Demanda Reativa Excedente, deve-se considerar:
• O período de 6 (seis) horas consecutivas, compreendido, a critério da distribuidora, entre 23h30 e
6h30. Apenas os fatores de potência inferiores a 0,92 capacitivo, verificados em cada intervalo de 1
(uma) hora, devem ser faturados;

• O período diário complementar ao definido no tópico anterior. Apenas os fatores de potência inferio-
res a 0,92 indutivo, verificados em cada intervalo de 1 (uma) hora, devem ser faturados.

ATENÇÃO

Caso o fator de potência de uma instalação seja inferior a 0,92, a concessionária cobrará multa
em decorrência do baixo fator de potência. Logo, caberá ao responsável pela instalação provi-
denciar as medidas corretivas.

4.3  ANÁLISE DE CONTA DE ENERGIA

Agora que você já viu alguns conceitos básicos sobre as análises tarifárias, tais como: tipos de
tarifas, grupo de consumidores, fator de potência etc., veremos a seguir a análise e o acompa-
nhamento do consumo de energia elétrica.
Saiba que os dados históricos e periódicos do consumo de energia elétrica, especialmente
nos consumidores tarifados em alta tensão AT, são de grande importância para qualquer pro-
grama de conservação de energia.
Destacamos que esses dados poderão fornecer informações preciosas que subsidiarão a
identificação dos equipamentos com maior consumo de energia, bem como a análise dos seus
desempenhos e programas de acompanhamento diário, semanal e mensal, trazendo resulta-
dos mais compensadores e reduzindo seus custos operacionais.
Em grandes edificações, é fundamental compreender que, para identificar os equipamen-
tos que mais consomem energia de forma inadequada, geralmente, são necessárias medições
pontuais para acompanhamento do seu desempenho operacional. Nesse caso, é aconselhável
o auxílio de pessoal especializado, capaz de realizar um estudo completo e de propor as solu-
ções mais adequadas para cada situação.
A fim de realizar o acompanhamento do consumo de energia elétrica das instalações do Gru-
po A, ao longo do tempo, sugere-se aqui um modelo de tabela. Acompanhe!
FUNÇÕES DO CONSULTOR 57

DEMANDA ULTRAPASSAGEM HFPkW

DEMANDA ULTRAPASSAGEM HPkW

ENERGIA REATIVA HFP kVAr

ENERGIA REATIVA HP kVAr

VALOR EM R$ MENSAL

ILUMINAÇÃO PÚBLICA
CONSUMO HFP kWh

CONSUMO HP kWh

DEMANDA HFP kW

DEMANDA HP kW

MULTAS

TOTAL
MÊS

JANEIRO

FEVEREIRO

MARÇO

ABRIL

MAIO

JUNHO

JULHO

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO
Fábio Paiva Ribeiro

NOVEMBRO

DEZEMBRO

Tabela 8 - Dados da conta de energia


Fonte: SENAI/MG (2017).

A tabela acima engloba todas as informações de qualquer sistema tarifário, a partir da tarifa-
ção Horo-Sazonal Azul. Para sua aplicação em sistemas tarifados pelas tarifas: convencional e
horo-sazonal Verde, basta desprezar as colunas não utilizadas nessas tarifas.
Durante o acompanhamento e controle do consumo de energia, podem-se definir alguns
índices que servirão de indicadores comparativos, sendo eles:
58 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

É a energia gasta para a realização de um trabalho dividido pela quantidade pro-


duzida. Quanto menor for, mais eficiente será o equipamento ou processo. No caso
CONSUMO ESPECÍFICO
de indústria, teríamos, por exemplo: toneladas/kWh de produção, consumo/peças
produzidas, kWh/tonelada, etc.

Pode-se definir o potencial de economia a ser perseguido por meio da comparação

Fábio Paiva Ribeiro


POTENCIAL DE entre os parâmetros teóricos de um determinado equipamento, por exemplo: dados
ECONOMIA DE ENERGIA do fabricante, relativos ao desempenho e consumo com os parâmetros medidos no
desempenho real do mesmo equipamento.

Quadro 5 - Consumo específico e potencial de economia de energia


Fonte: SENAI/MG (2017).

Vale ressaltar que outros indicadores poderão ser criados e usados, dependendo do tipo de
atividade desenvolvida nas instalações em estudo, tais como: m³ de lenha/tonelada de vapor
gerado, consumo de gás/peças produzidas, m2 iluminado/kW de iluminação instalado etc.
Tendo em vista os conteúdos estudados até aqui, aprenderemos agora a interpretar, de forma
adequada, os dados obtidos por meio do acompanhamento do consumo da energia elétrica.
Logo, é importante que você esteja atento às orientações que se seguem:
• Organizar, em uma tabela, as informações mensais de consumo e demanda de energia elétrica, obti-
dos diretamente das contas mensais apresentadas pela concessionária;

• Questionar a razão de um determinado aumento de consumo para que você possa identificar a ocor-
rência de consumos desnecessários de eletricidade em determinados períodos;

• Fazer uma lista dos equipamentos utilizados na instalação, identificando seus horários de funciona-
mento, considerando as 24 horas do dia, no decorrer do mês;

• Anotar, para cada mês, o número de dias considerados na leitura do medidor, os respectivos con-
sumos de cada mês e o consumo médio diário, obtido pela divisão do consumo em cada mês pelo
número de dias entre as datas das leituras.

• Analisar as demandas registradas durante o período. Elas não devem ter grandes variações, pois
aumentos significativos só se justificam pela instalação de novas cargas elétricas. Caso contrário, ha-
vendo grandes variações, realize uma avaliação sistemática acerca da operação de equipamentos que
possam apresentar particularidades que resultem em valores diferentes de demanda;

• Verificar a diferença entre os valores de demanda registrada e faturada. Se os valores não estiverem
próximos, estará havendo desnecessário acréscimo à conta de energia elétrica. Analisar esse resulta-
do de acordo com o tipo de tarifação contratado com a concessionária;

• Observar, também, a diferença entre a demanda contratada e a demanda registrada. No sistema


horo-sazonal, é importante que essa diferença seja pequena para evitar a cobrança de tarifas de
ultrapassagem. O pagamento sistemático de tarifas de ultrapassagem requer a avaliação da possi-
bilidade de revisão do contrato com a concessionária, de modo a adequar a demanda contratada
às necessidades da edificação, evitando a ocorrência de ultrapassagens acima dos valores estabe-
lecidos pela legislação;
FUNÇÕES DO CONSULTOR 59

• No caso do faturamento pela tarifa azul, desenvolver a mesma análise para os horários de ponta e
fora de ponta;
• Calcular os consumos específicos criados para as atividades desenvolvidas na edificação. O(s) índice(s)
não deve(m) variar muito de um mês para o outro, a não ser em decorrência de sazonalidades, por
exemplo: períodos de férias em escolas. Caso haja grande variação, fora de períodos excepcionais,
pesquise as causas dessa variação.

ATENÇÃO

Tenha o cuidado de lembrar que os dados da conta de energia elétrica se referem ao consumo
do mês anterior. Verificar, ainda, as datas de leitura dos medidores que podem não ser coinci-
dentes com o mês do calendário.

• Observar o fator de carga (FC) ao longo dos meses. Quanto mais próximo da unidade, menor o
custo médio do kWh consumido. Logo, havendo grandes variações, investigue e elimine as causas
dessa ocorrência.

EXEMPLO DE ANÁLISE TARIFÁRIA

A seguir, temos uma tabela que pode ser utilizada de forma a nos auxiliar no registro e na
interpretação dos dados obtidos por meio do acompanhamento do consumo de energia elé-
trica. Observe!
Após anotar os dados de produção da empresa e preencher a planilha de análise tarifária,
constatamos as seguintes situações:

VERDE SEM GERAÇÃO DIESEL NA PONTA


DEMANDA CONSUMO TOTAL
MESES
HFP FATURADO ULTRAPASSAGEM HP FATURADO HFP FATURADO FATURA

nov/15 1.295 R$15.575,07 R$2.285,15 31.416 R$ 50.947,47 578.200 R$ 249.670,64 R$ 318.478,33

dez/15 .582 R$ 19.026,84 R$9.188,69 42.504 R$ 68.928,93 625.100 R$ 269.922,38 R$ 367.066,84

jan/16 1.505 R$18.100,76 R$7.336,52 48.972 R$ 79.418,11 635.600 R$ 274.456,35 R$ 379.311,74

fev/16 1.435 R$17.258,86 R$ 5.652,73 51.282 R$ 83.164,25 653.800 R$ 282.315,23 R$388.391,07

mar/16 1.372 R$ 16.501,15 R$ 4.137,32 53.592 R$ 86.910,39 561.400 R$ 242.416,29 R$ 349.965,15

abr/16 1.330 R$15.996,02 R$3.127,04 55.440 R$ 89.907,30 554.400 R$ 239.393,64 R$ 348.424,00

mai/16 1.274 R$15.322,50 R$ 1.780,01 59.136 R$ 95.901,12 603.400 R$ 260.552,17 R$ 373.555,80

jun/16 1.246 R$ 14.985,74 R$ - 82.236 R$ 133.362,49 536.200 R$ 231.534,76 R$ 379.883,00

jul/16 1.309 R$15.743,45 R$ 2.621,90 85.008 R$ 137.857,86 583.100 R$ 251.786,50 R$ 408.009,71

ago/16 1.218 R$14.648,98 R$ - 80.190 R$ 130.044,48 567.000 R$ 244.834,41 R$ 389.527,88

set/16 1.239 R$14.901,55 R$ - 79.200 R$ 128.439,00 532.700 R$ 230.023,44 R$ 373.363,99


Fábio Paiva Ribeiro

out/16 1.197 R$ 14.432,50 R$ - 72.600 R$ 117.735,75 537.600 R$ 232.139,29 R$ 364.307,53


TOTAL
R$192.493,43 R$36.129,35 741.576 R$ 1.202.617,14 6.968.500 R$3.009.045,11 R$ 4.440.285,02
ANUAL

Tabela 9 - Dados da conta de energia


Fonte: SENAI/MG (2017).
60 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Considerado os dados referentes à conta de energia registrados na tabela acima e na Tabela 6,


concluímos que:
• Houve um aumento considerável da demanda nos meses de dezembro 2016 a abril de 2017 sem,
contudo, um aumento proporcional na produção;

• O aumento do consumo não foi proporcional ao aumento da demanda;

• O sistema de aquecimento a gás estava em manutenção, reforma, e a empresa foi obrigada a ligar o
sistema de aquecimento elétrico.

• O aumento ocorreu no horário fora de ponta (HFP), sendo assim, é possível a redução dos custos com
a mudança da tarifa de verde para azul, como veremos no na Figura 19 (Custos tarifa Verde X Azul) e
na Tabela 10 de custos anuais. Acompanhe!

CUSTOS R$ ANUAIS ESTIMADO

Fábio Paiva Ribeiro


THS VERDE S/ DIESEL R$ 4.440.285,00
THS AZUL R$ 4.304.079,00
ECONOMIA R$ 136.206,00

Tabela 10 - Economia de acordo com a mudança de tarifa


Fonte: SENAI/MG (2017).

CONSUMO MENSAL (kWh) x Produção (ton)


800.000 5.070 Consumo Energia
700.000 5.060 Ativa HFP
5.050
600.000
5.040
500.000 5.030 Consumo Energia
400.000 5.020 Ativa HP
300.000 5.010
5.000
Fábio Paiva Ribeiro

200.000
4.990 Produção
100.000 4.980
0 4.970
mar/2016
nov/2015

mai/2016
jan/2016

set/2016
jul/2016

Figura 16 - Gráfico de Consumo Registrado X Produção


Fonte: SENAI/MG (2017).

1800
1600
1400

1200
1000
Kw

800
600 DEMANDA
REGISTRADA
400
200
Fábio Paiva Ribeiro

0 DEMANDA
CONTRATADA
5

6
1

01

01

01

01
20

20

/2

/2

l/2

t/2
v/

n/

ar

ai

ju

se
no

ja

m
m

PERÍODO

Figura 17 - Gráfico de Demanda Registrada


Fonte: SENAI/MG (2017).
FUNÇÕES DO CONSULTOR 61

CONSUMO MENSAL (kWh) x DEMANDA (kW)


800.000 2000
700.000

600.000 1500
500.000
400.000 1000
300.000

200.000 500

Fábio Paiva Ribeiro


100.000 CONSUMO
ENERGIA
0 0
ATIVA HFP
nov/2015

dez/2015

jan/2016

fev/2016

mar/2016

abr/2016

mai/2016

jun/2016

jul/2016

ago/2016

set/2016

out/2016
Figura 18 - Gráfico de Demanda e Consumo registrado
Fonte: SENAI/MG (2017).

R$450.000,00

R$400.000,00
R$350.000,00
R$300.000,00
R$250.000,00
R$200.000,00
R$150.000,00
R$100.000,00
THS VERDE - TARIFA ATUAL THS AZUL
R$50.000,00
Fábio Paiva Ribeiro

R$-
set/2015

out/2015

jan/2016

mar/2016

mai/2016

jun/2016

ago/2016

out/2016

nov/2016
dez/2015

Figura 19 - Custos tarifa Verde X Azul


Fonte: SENAI/MG (2017).
UNIDADE DE ESTUDO 5
GESTÃO ENERGÉTICA
64 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

INICIANDO SEUS ESTUDOS


Vimos, na unidade anterior, a ligação direta do uso de energia elétrica e a sua estreita ligação com os
custos de operação de uma indústria. Contudo, podem existir outros recursos energéticos com impacto
representativo no custo produção. Para obter o melhor resultado, em termos de eficiência energética e
financeira, torna-se imprescindível que as indústrias desenvolvam ações de controle desses recursos. A
essa ação damos o nome de Gestão Energética.

Estima-se, que, nos processos térmicos existentes nos diversos setores industriais, cerca de 53% utili-
zam algum tipo de fonte energética diferente da energia elétrica. Historicamente, identifica-se que as fon-
tes mais utilizadas são os combustíveis sólidos, como o carvão vegetal e mineral. Contudo, após a década
de 1960, com a massificação do processo de exploração de petróleo, combustível líquido mais utilizado
nos dias atuais, tem-se reduzido drasticamente a utilização dos combustíveis sólidos.

Nesta unidade, você estudará os principais combustíveis utilizados nos processos térmicos, de combus-
tão, usados pelas indústrias e suas principais características técnicas.

Ao final desta unidade, você será capaz de:


• Identificar as melhores opções, em termos de recursos energéticos, a serem utilizados por uma in-
dústria, seja em termos de redução do consumo e/ou substituição de recurso, possibilitando, assim,
a completa gestão energética dos recursos utilizados.

5  GESTÃO ENERGÉTICA

5.1  COMBUSTÍVEIS E EQUIVALÊNCIA ENERGÉTICA


É importante que você saiba que combustível é uma das formas mais antigas utilizadas pelo
homem para a geração de calor, energia ou luz, por meio do processo de queima ou combus-
tão. Vale ainda esclarecer que a temperatura na qual o combustível inicia seu processo de
queima é denominada temperatura de ignição e que a combustão é um processo químico
realizado pela combinação do combustível e o oxigênio do ar.
Assim, todo o processo de combustão resulta em liberação de quantidades de calor denomi-
nadas poder calorífico, em que cada combustível possui o seu poder calorífico, que se divide
ainda em poder calorífico superior e inferior. Complementando nosso estudo, veja a seguir a
classificação dos combustíveis.

5.2  CLASSIFICAÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS


O quadro a seguir apresenta a classificação dos combustíveis mais utilizados nos diversos
setores produtivos:
GESTÃO ENERGÉTICA 65

CLASSIFICAÇÃO TIPO EXEMPLOS


Lenha
Madeira Serragem
Cavacos
Natural Turfa
Linhito
Sólidos Antracito
Hulha
Carvão vegetal
Coque de carvão
Artificiais
Coque de petróleo
Briquetes
Petróleo
Naturais
Óleos de Xisto
Líquidos Derivados do Petróleo
Artificiais Alcatrão
Álcool
Gás Natural
Naturais
Metano
Hidrogênio
Butano e Propano
GLP
Gasosos
Gás de Iluminação
Artificiais
Gás de Coqueria
Gás de Nafta
Gás de Gasogênio

Fábio Paiva Ribeiro


Gás de Alto Forno
Coloidais (mistura de combustíveis sólidos e líquidos)
Resíduos de Fabricação e de Extração

Quadro 6 - Classificação dos combustíveis


Fonte: Conservação de energia, 2002.

5.3  CARACTERIZAÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS

Continuando os estudos, agora caracterizaremos os combustíveis como fontes energéti-


cas de origem orgânica ou mineral que, ao reagirem com oxigênio, promovem a geração
de energia.
Os combustíveis aplicados ao uso industrial possuem elevado teor de carbono, hidrogênio e
resíduos e são encontrados em três diferentes estados: sólido, líquido e gasoso.
Você conhecerá agora os principais combustíveis industriais nos diferentes estados.
Vamos lá!
66 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

A) Combustíveis Sólidos
Madeira (lenha): é um dos combustíveis mais antigos utilizados nos processos de aqueci-
mento nas indústrias e possui como estruturas principais a celulose, resinas, água e sais mi-
nerais. Também é utilizada como carvão vegetal para a geração de energia elétrica e outras
aplicações ligadas ao setor residencial, agropecuário e industrial.
É caracterizada como um dos principais insumos energéticos utilizados nos processos térmi-
cos, que apresenta vantagens e desvantagens quanto a sua utilização energética em compara-
ção aos óleos combustíveis. Veja o quadro a seguir:

VANTAGENS: DESVANTAGENS:
• Baixo custo de aquisição; • Menor poder calorífico;
• Processo de combustão que não promove a emissão de • Maior possibilidade de geração de material particu-
dióxido de enxofre (gás altamente tóxico); lado para a atmosfera e as dificuldades no estoque e
• Reduzido impacto ambiental com menor emissão de cin- armazenamento.

Fábio Paiva Ribeiro


zas no meio ambiente;
• Menor impacto na operação do equipamento de queima
no que diz respeito à manutenção.

Quadro 7 - Vantagens e desvantagens da utilização da madeira como insumo energético


Fonte: SENAI/MG (2017).

Cotações de madeira de eucalipto para produtos - Estado de São Paulo - 2016 (R$/m³)

Produto jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16 out/16 nov/16 dez/16 Media

Energia 42.84 44.01 44.46 44.46 41.32 41.73 41.32 39.90 41.32 41.63 41.32 41.32 42.1

Processo 41.14 40.73 39.52 38.76 41.05 41.10 41.05 40.89 41.05 40.57 40.48 40.81 40.6

Tratamento * 67.71 63.71 59.5 58.56 62.38 61.75 61.13 57.33 62.38 61.75 58.63 58.13 61.08

Serraria * 112.14 115.71 115 113.57 118.57 119.29 119.57 124.17 121.43 120.00 122.43 122.07 118.66
Fábio Paiva Ribeiro

Fonte: IEA/Fundação Florestal/Florestar São Paulo.


* As cotações relativas a ”tratamento” e à “serraria” não estão sendo consideradas para efeito dos índices de preço por carecerem
ainda de um número maior de informações e, portanto, devem ser consideradas apenas como indicativas.

Tabela 11 - Cotação de madeira de eucalipto para venda


Fonte: IEA; Fundação Florestal; Florestar São Paulo; disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/florestas.

Carvão Mineral: classificado em quatro formas diferentes: turfa, linhito, antracito e hulha.
A turfa possui baixo poder calorífico e excesso de umidade. O linhito possui poder calorífico
superior à turfa e o seu uso é restrito. O antracito é um carvão seco com elevado poder calorí-
GESTÃO ENERGÉTICA 67

fico e muito utilizado pelo setor industrial. A hulha, por sua vez, é o verdadeiro carvão mineral.
O carvão mineral também é utilizado na produção do coque para fins siderúrgicos e, quando
beneficiado, é denominado como carvão vapor e carvão metalúrgico. O carvão vapor é usado
no processo de geração de energia elétrica e na indústria cimenteira. Já o carvão metalúrgico é
utilizado em coquerias para geração de coque de carvão mineral.

Coque de Carvão: combustível resultante do processo da destilação em coquerias. É intensi-


vamente utilizado na indústria siderúrgica e de fundição.

Coque de Petróleo: é derivado do petróleo e representa cerca de 5% a 10% do petróleo total


que entra na refinaria. Não requer processos complexos para liberação de energia térmica no
processo de combustão.

Carvão Vegetal: produzido pelo processo de carbonização da madeira em fornos especiais


e é largamente utilizado em siderúrgicas que consomem cerca de 82% da sua produção total.

Bagaço de cana: é um resíduo da cana-de-açúcar e sua estrutura é composta por fibras (prin-
cipalmente celulose, hemicelulose e lignina), sais minerais, açúcar residual, substâncias solú-
veis e água. Também é utilizado para a geração de energia elétrica em processos de cogeração.

B) Combustíveis líquidos

Óleo Combustível: classificado como óleo combustível destilado e utilizado na indústria em


sistemas de aquecimento de fornos e caldeiras. Representa um dos combustíveis mais utiliza-
dos pelo setor industrial em sistemas térmicos diversos.

É importante você saber que cada processo térmico utiliza um tipo específico de óleo para a
queima, variando assim as características desse sistema. Em função da viscosidade, são sele-
cionados o teor de enxofre e o ponto de fluidez. Vale ressaltar, ainda, que a Portaria ANP nº 80,
de 30 de abril de 1999, estabelece a especificação dos óleos combustíveis a serem comerciali-
zados no Brasil.

Veja, no quadro a seguir, suas vantagens e desvantagens:

VANTAGENS: DESVANTAGENS:
• Menor formação de resíduos e • Processo de combustão com emissão de gases tóxicos;
geração de poluentes; • Com a necessidade de utilização de altos volumes de excesso de ar de combus-
• Bom escoamento dentro das tão, apresenta emissão de óxidos de nitrogênio (NOx), principalmente quando
temperaturas de especificação; operando em temperaturas elevadas;
• Maior segurança na operação e • Requer um sistema para aquecer o óleo, a fim de reduzir a resposta de elevação
no armazenamento. de temperatura em caso de interrupção do funcionamento do equipamento;
Fábio Paiva Ribeiro

• Emite fuligem no processo de combustão e necessita de manutenção em perío-


dos reduzidos;
• Baixa eficiência térmica.

Quadro 8 - Vantagens e desvantagens da utilização do óleo combustível como insumo energético


Fonte: SENAI/MG (2017).
68 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Complementando nosso estudo, é importante esclarecer que há uma grande diversidade de


óleos combustíveis e, por isso, não apresentaremos relação de custos médios de aquisição.
Gasolina: derivado de petróleo formado por cadeia de hidrocarbonetos com alto poder ca-
lorífico.
Diesel: é derivado do petróleo bruto e seu processo de combustão possui como característi-
ca principal a grande liberação de energia. Por isso, é largamente aplicado às grandes cargas.
Etanol: biocombustível produzido a partir da cana-de-açúcar, mandioca, milho ou beterraba.

C) Combustíveis gasosos
Gás natural: combustível considerado de baixo potencial poluente, por apresentar reduzi-
dos níveis de emissão de poluentes na atmosfera. Possui alto poder calorífico e variada possi-
bilidade de utilização nos processos térmicos.
Na ultima década, observamos a crescente utilização do gás natural como fonte de energia.
Diante disso, vários aspectos podem justificar esse crescimento, entre eles, podemos citar: a
fiscalização ambiental mais intensa e, consequentemente, o agravamento das penalidades.
Veja, no quadro a seguir, as vantagens e desvantagens do uso desse recurso:

VANTAGENS: DESVANTAGENS:
• Redução drástica na emissão de gases tóxicos e • Em função de possuir menor densidade e comparando-o com
partículas sólidas; os combustíveis líquidos e sólidos, o gás natural possui limita-
• Uso direto do processo de combustão; ções para o armazenamento e a portabilidade;
• Alta eficiência térmica no processo de combustão; • Processo de combustão libera altos níveis de vapor d’água,
• Possibilidade de automação do sistema de chama, elevando assim o seu calor específico e reduzindo sua tempe-

Fábio Paiva Ribeiro


permitindo a redução do consumo de combustível. ratura de combustão;
• Por apresentar elevado valor de calor específico, há formação
de condensado de vapor.

Quadro 9 - Vantagens e desvantagens da utilização do gás natural como insumo energético


Fonte: SENAI/MG (2017).

Acompanhe, na tabela a seguir, as tarifas praticadas no setor industrial pela concessionária


COMGÁS, com vigência desde 1º/04/2017:
GESTÃO ENERGÉTICA 69

Industrial
Tarifas de Gás Natural Canalizado
Área de Concessão da Comgás
Deliberação ARDESP n° 716, de 30/03/2017, com vigência a partir de 01/04/2017

Segmento Industrial
VALORES SEM ICMS VALORES COM ICMS
VARIÁVEL FIXO VARIÁVEL
CLASSES Volime m³/mês Fixo - R$/mês R$/m³ R$/m³ R$/m³
1 Até 50.000,00 m³ 195,98 1,681789 230,56 1,978575
2 50.000,01 a 300.000,00 m³ 30.662,92 1,072424 36.074,02 1,261675
3 300.000,01 a 500.000,00 m³ 51.104,87 1,004225 60.123,38 1,181441
4 500.000,01 a 1.000.000,00 m³ 57.375,31 0,991685 67.500,36 1,166688
5 1.000.000,01 a 2.000.000,00m³ 83.004,97 0,966055 97.652,91 1,136535
6 >2.000.000,00m³ 128.233,79 0,94344 150.863,28 1,109929

Nota do Faturamento: Cada classe é independente. Aplica-se a cada uma delas um encargo variável e um encar-
go fixo.

Notas:
1) Valores para Gás Natural referidos nas seguintes condições:
Poder Calorífico Superior: 9.400 kcal/m³ (39.348,400 kj/m³ ou 10,932 kWh/m³)
Temperatura = 293,15° K (20°C)
Pressão = 101.325 Pa (1 atm)

Fábio Paiva Ribeiro


2) Fórmula de Cálculo de Importe: I = F +(CM x V), onde:
F = Valor do engargo Fixo
CM = Consumo Mensal Medido em m³
V = Valor do encargo Variável

Tabela 12 - Simulação tarifária industrial


Fonte: http://www.comgas.com.br/pt/nossosServicos/Tarifas/Paginas/industrial.aspx . Acesso em 15/03/207.

Gás liquefeito de petróleo (GLP): utilizado como combustível em aplicações de aquecimento, que
necessitem de grande volume de combustível, em função de sua alta capacidade de condensação.

5.4  PROPRIEDADES DOS COMBUSTÍVEIS


Apresentaremos, agora, algumas caraterísticas técnicas dos combustíveis assim como a com-
paração entre eles, de forma a proporcionar a melhor relação custo-eficiência para o processo,
tendo, como cenário, a infraestrutura para combustão existente na indústria e, também, sua
alteração, caso haja viabilidade.
Sendo assim, seguem as principais características que devem ser analisadas quando da utili-
zação de um combustível num processo térmico:

• Viscosidade: propriedade aplicada aos líquidos que representa a resistência ao escoamento de um


fluido, variando em função da temperatura do sistema. Um sistema que apresenta elevação de tem-
peratura provoca a diminuição de viscosidade do fluido, beneficiando o seu escoamento.
70 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Ponto de fluidez: inversamente ao conceito de viscosidade, que avalia a resposta do fluido combus-
tível ao processo de elevação de temperatura, o ponto de fluidez está relacionado ao menor valor de
temperatura, no qual podemos identificar o escoamento de um fluido.

• Umidade: característica relacionada, principalmente aos combustíveis sólidos, que especifica o per-
centual de água contida no combustível e está diretamente relacionada à capacidade de combustão
do combustível.

• Poder Calorífico (PC): representa a quantidade de calor liberada num processo de combustão, po-
dendo ser classificado em superior ou inferior. O poder calorífico superior (PCs) inclui a energia do
combustível mais o calor latente da água presente nos gases de combustão, pois considera que ela
esteja líquida. Já o poder calorífico inferior (PCi) não considera isso. O PCi é um importante parâmetro
para avaliação da eficiência térmica na geração de vapor.

COMBUSTÍVEL PODER CALORÍFICO INFERIOR DENSIDADE

Óleo combustível B1 9.590 kcal/kg 1000 kg/m³

Gás natural (Tépico) 8.800 kcal/m³ -

GLP 11.100 kcal/kg -

Lenha 3.100 kcal/kg 400 kg/m³

Bagaço de cana 2.130 kcal/kg -

Carvão vegetal 6.460 kcal/kg 260 kg/m³

Carvão Mineral ¹ 2.850 kcal/kg -


Fábio Paiva Ribeiro

Carvão vapor sem especificação, podendo ser especificados produtos com PCs Superior.
1

Tabela 13 - Poder calorífico inferior para alguns combustíveis


Fonte: NOGUEIRA, Luiz Augusto Hora [et. al.], 2005.
GESTÃO ENERGÉTICA 71

PODER CALORÍFICO PODER CALORÍFICO MASSA ESPECÍFICA


ENERGÉTICO INFERIOR SUPERIOR kg/m3
kcal/kg kcal/kg

Óleo diesel 42613 45000 851

Óleo combustível 39964 45627 999

Gasolina 44187 47009 738

GLP 46155 49186 552

Querosene 43518 46423 787

Coque carvão mineral 28883 30558 -

Lixívia - 12684 2100

Carvão vegetal 25597 28465 250

Álcool anidro 26790 29679 791

Álcool hidratado 24907 27837 809

Lenha [1] 10591 13814 390

Bagaço de cana [2] 7439 9448 -

Gás de refinaria [3] 34627 36837 780

Gás natural [3] 35807 39348 -

Fábio Paiva Ribeiro


Gás canalizado [3] 17707 19674 -

Gás Coqueria [3] 18418 18837 -

(1) Lenha com 25% de umidade

(2) bagaço com 50% de umidade

(3) kcal/m3

Tabela 14 - Poder calorífico e massa específica de alguns combustíveis


Fonte: VIANA, Augusto Nelson Carvalho[et. al.], 2012.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre outras características dos combustíveis, leia o livro Combustível e Com-
bustão Industrial de Roberto Garcia, ano de publicação 2002.
72 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

5.5  EQUIVALÊNCIA DE UNIDADES


A seguir, listaremos algumas tabelas de equivalência entre diferentes unidades relacionadas
aos sistemas térmicos de aquecimento. Acompanhe!

UNIDADE DE [kcal] [kJ] [BTU] [kWh]


ENERGIA

[Kcal] 1 4 4 1,163 x 10³

[kj] 0,2388 1 0,9478 2,778 x 104

[BTU] 0,252 1,055 1 2412,14

Fábio Paiva Ribeiro


[kWh] 860 3600 1,9307 x 104 1

Obs.: Multiplicar o valor na unidade da linha para obter a unidade da coluna

Tabela 15 - Relação entre as unidades de energia


Fonte: NOGUEIRA, Luiz Augusto Hora [et. al.], 2005.

“[kN/m²] “[lbf/pol²] “[Torr] “[kgf/m²]


FATOR [bar] [kgf/cm²] [atm]
[kPa]” [psi]” [mmHg]” [mmH2O]”

“1
[kN/m²] 1 0,01 0,0102 9,87x10³ 0,14504 7,501 102
[kPa]”

“1
100 1 1,02 0,987 14,504 750,1 1,021x10
[bar]”

“1
98,0665 0,980665 1 0,9678 10,223 735,56 1,00x10
[kgf/cm²]”

“1
101,3 1,01325 1,0332 1 14,696 760 1,033x10
[atm]”

“1
[lbf/pol²] 6,8948 0,06895 0,70307 0,068046 1 51,7 704,28
[psi]”
“1
[Torr] 0,13332 1,3332x10³ 1,3595x10³ 1,3158x10³ 1,9337x10² 1 13,62
[mmHg]”
“1
[kgf/m²] 9,79x10³ 0,9794x10 1,00x10 0,965x10 1,4199x10³ 0,0734 1
Fábio Paiva Ribeiro

[mmH2O]”

Obs.: Multiplicaro valor na unidade da linha para obter a unidade da coluna.

Tabela 16 - Fatores de conversão de unidades de pressão


Fonte: NERI, Judas Tadeu, [20??],15p.
GESTÃO ENERGÉTICA 73

1 kg de GLP 11750 kcal

1m³ Gás Natural 0,79 kg GLP

1 m³ Gás Natural 9400 kcal

1000 kcal 252 BTU

1 ha de mata (Nordeste) 85 estereos de lenha

1 estereo de lenha 1m³ de lenha

1 m³ de lenha 340 kg de lenha

1 tonelada equivalente de petróleo (tep) 10.800.000 kcal

1 tonelada de lenha 0,234 tep

1 m³ de lenha 859.248 kcal

1 kg de lenha 2527,2 kcal

1 litro de GLP 0,527 kg

1kg de óleo combustível 10.000 kcal

4 m³ de ar queimam 1kg de lenha

10 m³ De ar queimam 1 m³ de Gás Natural

24 m³ de ar queimam 1m³ de GLP

Fábio Paiva Ribeiro


23 m³ de ar queimam 1 kg de GLP

((PCI/8,9)-50) / 100) = m³ de ar p/ queimar 1 m³ de GN após a queima gera aprox. 1m³ de CO²

Tabela 17 - Unidades de conversão


Fonte: Dados de unidades de conversão

Veremos, a seguir, um exemplo de conversão:


Vamos calcular quantos m³ de gás natural (GN) equivalem a 1 kg de GLP?
Considerando os valores apresentados na Tabela 15, temos:

1 kg de GLP = 11.750 kcal


1 m³ de GN = 9.400 kcal

Portanto,

1 kg de GLP = 1,25 m³ de GN

SAIBA MAIS

Caso você queira aprofundar seus conhecimentos sobre unidades de conversão, leia o livro Com-
bustível e Combustão Industrial de Roberto Garcia, ano de publicação 2002.

Acompanhe a seguir os indicadores energéticos!


74 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

5.6  INDICADORES ENERGÉTICOS

Saiba que toda gestão energética tem como princípio o uso racional e responsável de todos
os insumos, sem abrir mão da produtividade. Logo, uma das formas de acompanhamento e
monitoramento da utilização dos recursos, dentro de uma planta produtiva, é por meio de in-
dicadores de eficiência energética.
Ressaltamos que, mesmo com a opção de desenvolvermos vários indicadores, neste momen-
to, focaremos somente nos dois mais utilizados: consumo específico de energia (CE) e custo
médio de energia.

Consumo Específico de Energia (CE)

A análise do consumo de energia (kWh) em relação ao foco de produção da indústria (quan-


tidade de produtos fabricados, número de horas trabalhadas etc.) é que gera os indicadores.
O valor do consumo específico de energia (CE) é obtido por meio da seguinte expressão:

CAi
CE =
QPi
Onde:
CA - consumo mensal de energia dado em kWh/mês;
QP – quantidade de produto ou serviço produzido no mês pela unidade consumidora;
i - índice referente ao mês de análise do histórico de dados.
Os dados referentes ao consumo mensal de energia (CA) devem coincidir com a produção no
mês (QP). É de suma importância utilizar o exato consumo de energia e da produção no perío-
do a ser analisado.

A) Custo Médio de Energia (CMe)

Para a definição do indicador de custo médio de energia (CMe), também chamado de custo
unitário de energia, utilizaremos a seguinte expressão:

= Consumo de Energia no Mês (kWh)


Custo total da Conta de energia (R$)
CMe

Onde:
CMe – custo médio de energia (R$/kWh).
GESTÃO ENERGÉTICA 75

5.7  RECURSOS TECNOLÓGICOS


Saiba que, para dar suporte a nossa atividade de gestão energética, é necessária a utilização
de alguma ferramenta (planilha eletrônica ou softwares de gestão energética) que permita o
acompanhamento financeiro e de consumo, além de possibilitar a simulação de cenários rela-
cionados aos insumos energéticos utilizados na indústria.
Uma ferramenta de gestão energética tem como objetivo principal gerar valores para análi-
se que permitam a identificação, a simulação de cenários e posterior validação de potenciais
de economia energética, relacionados à fatura de energia elétrica e demais fontes de energia
(combustíveis) utilizadas no processo produtivo da indústria, quando aplicável.
Sua utilização permite a simulação de diferentes cenários, em termos financeiros e de con-
sumo, visando à correta aquisição e utilização dos diversos recursos energéticos da indústria.

GÁS NATURAL GÁS GLP


FATOR DE PREÇO FATOR DE PREÇO
PCI PCI
Nm3 R$ CONVERSÃO MWh MÉDIO Kg R$ CONVERSÃO MWh MÉDIO
(kcal/M2) (kcal/M2)
kcal=>kWh R$/MWh kcal=>kWh R$/MWh
8.500 DIV/0! 11.000 DIV/0!
8.500 DIV/0! 11.000 DIV/0!
8.500 DIV/0! 11.000 DIV/0!
8.500 DIV/0! 11.000 DIV/0!
8.500 DIV/0! 11.000 DIV/0!
8.500 DIV/0! 11.000 DIV/0!
8.500 0,00116222 DIV/0! 11.000 0,00116222 DIV/0!
8.500 DIV/0! 11.000 DIV/0!
8.500 DIV/0! 11.000 DIV/0!
8.500 DIV/0! 11.000 DIV/0!

Fábio Paiva Ribeiro


8.500 DIV/0! 11.000 DIV/0!
8.500 DIV/0! 11.000 DIV/0!
0 0 8.500 0,00 DIV/0! 0,00 0,00 11.000 0,00 DIV/0!

Tabela 18 - Conversão de Massa de lenha de eucalipto em energia


Fonte: SENAI/MG (2017).

Como característica principal, os combustíveis possuem a capacidade de gerar calor, que é


chamada de Poder Calorífico, que pode ser Poder Calorífico Superior (PCS), normalmente ob-
tido por meio de medições realizadas em laboratórios, e Poder Calorífico Inferior (PCI) que é
obtido matematicamente em função do PCS.
Para o PCS, a água contida no combustível está na forma líquida, estado típico nas condições
de ensaio em laboratório e pouco aplicado em situações práticas. Já para o PCI, a água se apre-
senta como vapor, que é o que acontece nos produtos de combustão nas chaminés. Por essa
razão, deve-se considerar sempre o PCI e não o PCS.
Quanto maior o PCI, maior será a capacidade de um combustível gerar calor. Quanto menor
for sua área ou volume, maior será seu poder calorífico. Logo, é possível atingir a mesma quan-
tidade de energia com um menor volume de material combustível utilizado. Você percebeu a
importância dessa relação? Sigamos.
76 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Para darmos continuidade ao nosso processo de aprendizagem, acesse no ambiente virtual a


planilha “Análise tarifária de insumos”, localizada na aba “conteúdo”. Abra a planilha e, na aba
“INSUMOS ENERGÉTICOS _PROD_VER”, observe o método de conversão do volume ou massa
de material combustível utilizado em energia.
Continuando a análise da tabela (aba), nas colunas “kg” e “R$”, devem ser inseridos manual-
mente a massa de material consumido e o valor pago no insumo mensalmente. De acordo com
o PCI do material e com o fator de conversão (kcal para kWh), a tabela calcula automaticamente
a energia, em MWh, consumida mensalmente, além do indicador energético R$/MWh.

LENHA MISTA
MÊS/ANO “FATOR DE PREÇO
PCI
kG R$ CONVERSÃO MWh MÉDIO
(kcal/kg) kcal kWh” R$/MWh
jan/16 208608 23469 3100 751,59 31,23
fev/16 236979 26661 3100 853,8 31,23
mar/16 217344 24450 3100 783,06 31,22
abr/16 254976 28680 3100 918,65 31,22
mai/16 239040 26890 3100 861,23 31,22
jun/16 162288 18260 3100 584,7 31,23
0,00116222
jul/16 188400 21198 3100 678,78 31,23
ago/16 197856 22262 3100 712,85 31,23
set/16 182688 20553 3100 658,2 31,23
out/16 200592 22568 3100 722,71 31,23

Fábio Paiva Ribeiro


nov/16 174432 19625 3100 628,46 31,23
dez/16 183024 20593 3100 659,41 31,23
TOTAL 2.446.224 275.209 8813,46 31,23

Tabela 19 - Histórico do consumo, respectivo custo e PCI da lenha


Fonte: SENAI/MG (2017).

Inicialmente, para essas análises, devem ser realizadas algumas indagações e observações:
O PCI tabelado está adequado ao material combustível?
É necessário corrigir o PCI do material combustível a algum valor de umidade específico?
Você está considerando o rendimento do equipamento (caldeira, motor diesel ou forno), em
que se realiza a queima do combustível?
Caso os dados da indústria sejam registrados em unidades diferentes do tabelado, devem ser
feitas alterações, ou seja, se o consumo de lenha da indústria for registrado em m³, deve ser reali-
zado um empilhamento de lenha nas dimensões 1x1x1 m em uma balança. A massa medida (em
kg/m³) deverá ser utilizada como densidade para conversão dos valores mensais de m³ para kg.
Se possível, execute esse processo de empilhamento e pesagem em mais de uma amostra,
de forma a identificar possíveis variabilidades do insumo, obtendo assim uma média das den-
sidades com maior confiabilidade.
GESTÃO ENERGÉTICA 77

Outra forma de fazermos a conversão é por meio da conversão matemática:

kg
m3=
ρ
Onde:
m³ - volume utilizado (ocupado)
kg – massa do material
ρ – densidade (massa) específica
Ao final da aba, as colunas de “Consumo Energético Total” e “Indicador de desempenho Ener-
gético (IDE)” apresentam, respectivamente, o somatório da energia consumida por todos os
insumos com a fatura de energia elétrica e sua fração com a produção mensal, que significa o
consumo de energia total da indústria por unidade de produção.

CONSUMO
PRODUÇÃO IDE
MÊS/ANO ENERGÉTICO TOTAL
ton MWh MWh/ton
jan/16 1.334 775,59 0,5814
fev/16 1.624 873,4 0,5378
mar/16 1.629 804,66 0,494
abr/16 1.400 938,65 0,6705
mai/16 1.231 882,03 0,7165
jun/16 1.433 606,3 0,4231
jul/16 1.434 700,78 0,4887
ago/16 1.799 732,05 0,4069
Fábio Paiva Ribeiro

set/16 1.711 676,6 0,3954


out/16 1.671 736,71 0,4409
nov/16 1.579 644,46 0,4081
dez/16 1.889 679,41 0,3597
TOTAL 18.734 9.050,66 0,4831

Tabela 20 - Consumo energético total e indicador de desempenho energético


Fonte: SENAI/MG (2017).
UNIDADE DE ESTUDO 6
ANÁLISE DE PERDAS
EM INSTALAÇÕES
80 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

INICIANDO SEUS ESTUDOS


Nesta unidade de estudo, falaremos sobre como realizar uma análise de perdas de energia em instala-
ções elétricas. Para que você possa realizar esse tipo de análise, é fundamental compreender os diversos
sistemas de distribuição de energia. É o que veremos a seguir.

Ao final desta unidade, você será capaz de:


• identificar problemas nas instalações elétricas que causam o aumento do consumo de energia elétrica;

• compreender o que são os transformadores e os motores elétricos, além de como utilizá-los a fim de
evitar as perdas de energia elétrica nas instalações;

• conhecer os diferentes sistemas que podem compor as instalações elétricas industriais, sendo eles:
sistema de iluminação, sistemas de refrigeração e climatização, sistemas de ventilação e exaustão,
sistema de ar comprimido e o sistema de bombeamento.

6  ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES

6.1  INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Em geral, nas instalações elétricas, podemos verificar alguns problemas que podem gerar o
aumento do consumo de energia elétrica e ocasionar falhas no sistema, tais como:
• Afundamentos de tensão e frequência;

• Desequilíbrio de tensão;

• Distorções harmônicas;

• Interrupções frequentes;

• Subtensão;

• Sobretensão;

• Cintilação (“flicker”);

• Energia reativa excedente (baixo fator de potência).

Antes de tudo, saiba que o sistema elétrico de distribuição de energia de uma instalação in-
dustrial pode apresentar diversos arranjos. As configurações desses arranjos são definidas em
função dos elementos abaixo:
• Confiabilidade do suprimento desejado de energia elétrica;

• Regulação de tensão adequada às necessidades das cargas elétricas;

• Flexibilidade de operação do sistema;

• Facilidade para a adição de novas cargas;

• Investimentos necessários para sua implantação.


ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 81

É importante você saber que, em qualquer arranjo, um sistema de distribuição de energia


é constituído por: transformadores, disjuntores, chaves seccionadoras, chaves fusíveis, con-
tadores, barramentos, cabos condutores e conectores. Todos esses dispositivos apresentam
resistências elétricas e, por consequência, apresentam perdas Joule.
Dessa forma, em todos os sistemas de distribuição de energia elétrica, existem perdas que
podem alcançar valores elevados, aumentando o consumo de energia elétrica.
Além disso, essas perdas aquecem o ambiente, exigindo, em muitos casos, a instalação de
ventiladores e exaustores, o que eleva ainda mais o consumo de energia e a demanda da po-
tência solicitada.
A fim de evitar esses transtornos e prejuízos, seguem algumas recomendações:
• Implemente transformadores próximos aos principais centros de consumo;
• Evite sobrecarregar circuitos de distribuição e mantenha bem balanceadas as redes trifásicas;
• Condutor superaquecido é um sinal de sobrecarga. Substitua esse condutor por outro de maior bitola
ou redistribua a sua carga para outros circuitos;
• Dimensione adequadamente os condutores, sendo que, para cada instalação, se deve calcular a se-
ção ótima e mais econômica dos condutores, o custo do capital e o preço da energia;
• Para potências elevadas, dê preferência ao transporte de energia em alta tensão, mesmo que isso
exija a instalação de um transformador ao lado do equipamento;
• Emendas de fios e cabos devem ser bem feitas, por meio de conectores apropriados, devendo-se dar
atenção às emendas de cobre com alumínio;
• Reduza o comprimento dos condutores, pois essa redução, principalmente em baixa tensão, é a for-
ma mais adequada de minimizar perdas ôhmicas pela redução da resistência elétrica;
• Escolha adequadamente as cargas elétricas indutivas, ou seja, a sua potência de operação deve ser a
mais próxima de sua potência nominal;
• Evite operar uma carga indutiva em vazio, devendo, sempre que possível, ser desligada da rede quan-
do estiver nessas condições;

• Sempre mantenha uma distribuição de cargas equilibradas entre os condutores.

É importante destacarmos que uma causa muito comum de perda de energia e o consequen-
te aumento na conta de energia elétrica é a fuga de corrente. Saiba que as fugas de corrente
são um comprometimento da segurança, devendo ser sanadas assim que detectadas. Suas
principais causas são:
• Aparelhos defeituosos;
• Emendas mal feitas ou mal isoladas;
• Fios desencapados ou com isolamento desgastado;

• Conexões inadequadas ou malfeitas.

ATENÇÃO

A fim de se detectar fugas de correntes em instalações de médio e grande porte é necessário o


auxílio de um profissional habilitado.
82 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Conforme mencionado, a fim de se evitarem as fugas de correntes, é necessário um cuidado


especial em relação às emendas de fios e cabos. Essas devem ser bem feitas por meio de co-
nectores apropriados, devendo-se utilizar, principalmente, às emendas de cobre com alumínio
e conectores bimetálicos.
É fundamental isolar as emendas com fita isolante, não utilizando esparadrapos, fitas adesi-
vas etc. Além disso, elas deverão estar sempre em caixas de passagem e derivações e nunca
em eletrodutos.

DICAS

Não efetue emendas com fios de seções (bitolas) diferentes. Além de perigosas, essa prática
pode aumentar as perdas no sistema.

Por fim, é importante destacar que uma distribuição não equilibrada de cargas pelas fases
pode causar vários efeitos, tais como:
• Queima de fusíveis ou desligamento dos disjuntores;

• Aquecimento dos condutores e conexões;

• Funcionamento inadequado dos equipamentos conectados a uma fase mais carregada que
as demais.

Logo, o desequilíbrio deve ser corrigido, transferindo alguns equipamentos da fase mais car-
regada para a fase menos carregada. Ressaltamos que a medição e a transferência da carga
devem ser executadas por profissional habilitado.

6.2  TRANSFORMADORES
Um  transformador é  um dispositivo destinado a transmitir energia elétrica ou potência elé-
trica de um circuito a outro, induzindo tensões, correntes e/ou de modificar os valores das
impedâncias elétricas de um circuito elétrico.
Os transformadores podem ser usados pra elevar a tensão para que a energia seja
transmitida com menores perdas ou para abaixar a tensão e permitir mais segurança e
uso.

A seguir, veja algumas recomendações quanto ao uso de transformadores:

1. Elimine progressivamente os transformadores muito antigos, substituindo-os, quando ocorrerem


avarias, por outros modernos.

2. Utilize o transformador com carregamento na faixa de 70% a 80% de sua potência nominal, obten-
do-se rendimento e vida útil satisfatórios.

3. Quando um transformador é mantido sob tensão e não fornece nenhuma potência, suas perdas no
cobre são praticamente nulas, enquanto as perdas no ferro ocorrem sempre.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 83

DICAS

É aconselhável deixar os transformadores desligados da rede durante prazos relativamente cur-


tos, no máximo uma semana, quando não estão em serviço. Essa ação busca evitar problemas
decorrentes da absorção de umidade.

4. Quando existirem diversos transformadores para alimentar a mesma instalação, seria mais eco-
nômico ajustar a carga em funcionamento, alternando o uso dos transformadores, limitando-se,
assim, as perdas em vazio nas horas de baixa carga, ou em que a indústria não esteja funcionando.

5. Como as perdas no núcleo praticamente independem do carregamento do transformador, elas


ocorrem mesmo operando em vazio. Dessa forma, uma das maneiras de se reduzir perdas é desli-
gar o transformador quando ele não estiver alimentando nenhuma carga.

6. Em muitos casos, pode ser viável ter um transformador de menor porte, exclusivo para alimentação
da iluminação, de modo a permitir mantê-la ligada durante a execução dos serviços de limpeza e
vigilância nos horários em que a empresa não esteja funcionando.

7. Faça manutenção preventiva dos transformadores, visando eliminar paralisações de emergência. A


manutenção de transformadores é relativamente simples e se constitui basicamente na detecção
de vazamentos, ensaio de rigidez dielétrica do óleo, inspeção das partes metálicas, testes de isola-
ção e limpeza geral.

8. Adquira transformadores de boa qualidade, observando sempre as normas brasileiras.

9. Quando uma indústria dispõe de mais de um transformador, pode-se obter uma redução das per-
das com uma adequada redistribuição das cargas elétricas entre os transformadores, de forma que
os que operam com carregamento elevado tenham sua corrente reduzida, enquanto que outros,
com carregamento baixo, recebam parte da carga.

POTENCIA [KVA] PERDAS EM VAZIO MÁXIMA [W]

150 540

225 765
Fábio Paiva Ribeiro

300 950

500 1525

Tabela 21 - Valores das perdas a vazio em transformadores de distribuição trifásicos da classe 15kV

Fonte: NBR 5440/2014

Veja, no quadro que se segue, exemplos reais de uma indústria siderúrgica cujos transforma-
dores foram medidos com um analisador de energia.
84 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

N° 1: TRANSFORMADOR
DE 300 KVA – 220V N° 2 - TRANSFORMADOR N° 3- TRANSFORMADOR
(UTILIZADO NOS DE500 KVA – 220V DE 1000 KVA – 440V (FORNO)
ESCRITÓRIOS)
Tensão: os valores registrados das Tensão: Os valores registrados Tensão: Os valores registrados das
tensões se enquadram dentro de das tensões se enquadram den- tensões se enquadram dentro de
uma variação permitida. tro de uma variação permitida. uma variação permitida

Corrente: Os valores de corrente se Corrente: Os valores registrados Corrente: Os valores registrados de


encontram equilibrados. de corrente se encontram dese- corrente se encontram desequilibra-
quilibrados, devido ao sistema de dos, devido ao sistema de iluminação
iluminação e às cargas bifásicas. e às cargas bifásicas.

Demanda: Os valores de demanda Os valores de demanda máxima Demanda: Os valores de demanda


máxima registrada do transformador registrada do transformador no máxima registrada do transformador
no período analisado situaram-se em período analisado situaram-se em no período analisado situaram-se em
torno de 41,87 kVA. torno de 116,76 kVA. torno de 480,63 kVA.

Fator de Potência: O fator de potên- Fator de Potência: O fator de Fator de Potência: O fator de potên-
cia registrado pelo medidor teve potência registrado pelo medidor cia registrado pelo medidor teve uma
uma média de 0,85i. teve uma média de 0,85i. média de 0,99i.

Fábio Paiva Ribeiro


Carregamento: 14% de carregamen- Carregamento: 23% de carrega-
Carregamento: 48% de carregamento
to. mento.

Quadro 10 - Dados de transformadores que foram medidos com um analisador de energia.


Fonte: REIS, Maurício Rodrigues dos (2017)

Como podemos observar, com base nos dados registrados no quadro acima, podemos obter
economia de energia elétrica desligando o transformador n° 2, de 500kVA e agrupando as car-
gas de 220V nos transformadores nº1, de 300 kVA/220V.
Considerando todas as perdas a vazio do transformador de 500kVA, podemos definir
que, a retirada dele proporcionará uma economia mensal de aproximadamente 1.098
kWh/mês.

6.3  MOTORES ELÉTRICOS


Iniciaremos nossos estudos sobre os motores elétricos. Saiba que eles são responsáveis
por converter energia elétrica em energia mecânica, por meio da interação entre os campos
magnéticos dos enrolamentos do estator e do rotor. Os motores elétricos industriais podem
ser amplamente classificados como motores de indução, motores de corrente contínua ou
motores síncronos.
Contudo, é importante você saber que todos os tipos de motores têm os mesmos quatro
componentes operacionais, sendo eles: estator (enrolamentos estacionários), rotor (enrola-
mentos rotativos), rolamentos e estrutura (carcaça).
No Brasil, de acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a indústria consome 43,7%
de toda energia elétrica nacional e a força motriz em operação usa 68% dessa energia elétrica.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 85

Sendo assim, podemos concluir que aproximadamente 30% de toda a energia elétrica produzi-
da no Brasil são consumidas por motores elétricos.

Força Motriz (68,30%)


Eletrolise (3,10%)

Eletrotermia (22,80%)

Fábio Paiva Ribeiro


Iluminação: 5,80%

Figura 20 - Gráfico de distribuição de energia elétrica por uso final na Indústria


Fonte: CORREIA, Paulo; SOUZA, Reinaldo Castro. Pesquisa de posse de equipamento e hábitos de uso. Rio de Janeiro: ELETROBRÁS/PROCEL, 2008. 206p.

Ainda, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), constatou-se que, em pes-
quisas de mercado, se tornou comum a prática de recondicionamento de motores antigos no
setor industrial. Com uma média de vida útil superior a 17 anos, segundo estudo da Associação
Brasileira de Manutenção (ABRAMAN), realizado no ano de 2013, sabe-se que uma expressi-
va parte dos motores em utilização no parque industrial brasileiro é de fabricação anterior a
dezembro de 2009.

Evolução 2013
Rendimento: 96,5%

Rendimento motores elétricos (60cv 4 polos)

2010
Rendimento: 95,1%

2000
Rendimento: 93,9%

1990
Rendimento: 90,2%

1980
Fábio Paiva Ribeiro

Rendimento: 90%

1960
Rendimento: 88%

Figura 21 - Evolução do rendimento dos motores elétricos de acordo com o período de fabricação
Fonte: CATÁLOGO WEG. Uso eficiente de energia elétrica, motores elétricos. Disponível em: http://catalogo.weg.com.br.

Esse elevado número de equipamentos antigos, ainda em atividade, não atende aos níveis
mínimos de eficiência definidos pelas regulamentações do setor. Com a idade avançada dos
equipamentos e uma perda natural de sua eficiência no decorrer do tempo, percebe-se que
86 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

diversos estabelecimentos do setor industrial adquirem produtos usados e recondicionados,


com um preço atrativamente mais baixo ou, ainda, solicitam o recondicionamento de seus mo-
tores antigos às empresas especializadas.
Tendo em vista esses conhecimentos, é imprescindível que você conheça dois importantes
fatores relacionados à eficiência no uso da energia elétrica pelos motores elétricos: o rendi-
mento (η) e o fator de potência (FP). É o que veremos a seguir.

6.3.1  RENDIMENTO, FATOR DE POTÊNCIA E CARREGAMENTO

É imprescindível que você conheça dois importantes fatores relacionados à eficiência no uso
da energia elétrica pelos motores elétricos: o rendimento (η), definido como a relação entre a
energia mecânica entregue no eixo rotativo e a entrada de energia elétrica em seus terminais,
e o fator de potência (FP).
Os motores, como outras cargas indutivas, são caracterizados por fatores de potência meno-
res que um. Como resultado, o consumo de corrente total necessário para fornecer a mesma
potência ativa é maior do que para uma carga caracterizada por um FP maior.
Um efeito importante de operar com um FP inferior é que as perdas por aquecimento no cir-
cuito que alimenta o motor serão maiores, uma vez que elas são proporcionais ao quadrado da
corrente. Assim, tanto um valor elevado para η como um FP próximo da unidade são desejados
para uma operação global eficiente na instalação elétrica de um motor.
Saiba que os motores de gaiola de esquilo são normalmente mais eficientes que os motores de
rotor bobinado, e os motores de alta velocidade são normalmente mais eficientes do que os moto-
res de baixa velocidade. A eficiência também é uma função da temperatura do motor. Além disso,
com a maioria dos equipamentos, a eficiência do motor aumenta com a capacidade nominal.
Devido às perdas internas dos motores, a potência mecânica de saída no eixo é sempre me-
nor do que a potência elétrica de alimentação. Daí nasce o conceito de rendimento, cujo valor
é sempre menor que a unidade.
as

Pe
rd
Pe

Fábio Paiva Ribeiro

n = Ps Ps
Pe
Figura 22 - Rendimento de um motor elétrico
Fonte: SENAI/MG (2017).
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 87

A eficiência de um motor é determinada por perdas intrínsecas que podem ser reduzidas
apenas por mudanças na concepção do motor. Essas perdas são de dois tipos:
• Perdas fixas: independentes da carga do motor;

• Perdas variáveis: dependentes da carga do motor.

Veja, no quadro a seguir, exemplos de perdas fixas:

Também podem ser chamadas de perdas no ferro, consistem em aquecimento causado


PERDAS NO NÚCLEO pelas correntes de Foucault e perdas por histerese no estator. Elas variam de acordo com o
MAGNÉTICO
material do núcleo e geometria e com a tensão de entrada.

Fábio Paiva Ribeiro


PERDAS POR ATRITO Causadas por atrito nos rolamentos do motor e por perdas aerodinâmicas associadas com
E VENTILAÇÃO a ventoinha de ventilação e outras peças rotativas.

Quadro 11 - Exemplos de perdas fixas


Fonte: SENAI/MG (2017).

Já as perdas variáveis ​​consistem em perdas Joule nas bobinas do estator e do rotor e várias
perdas dispersas. A resistência ao fluxo de corrente no estator e rotor resulta na geração de
calor que é proporcional à resistência do material e ao quadrado da corrente (I²R). As perdas
dispersas ou perdas adicionais, ou por dispersão, incluem todas as perdas não classificadas
anteriormente e normalmente crescem com o carregamento da máquina. Elas surgem de uma
variedade de fontes e são difíceis de medi-las diretamente ou de calculá-las, mas são geralmen-
te proporcionais ao quadrado da corrente do rotor.
Na próxima figura, temos a representação das perdas de energia elétrica em um motor. Observe!

PERDAS NO
FERRO

PERDAS NO
ROTOR

PERDAS NO PERDAS POR


ESTATOR ATRITO
Wendell Aguiar

PERDAS POR
VENTILAÇÃO

Figura 23 - Perdas em um motor elétrico


Fonte: SENAI/MG (2017).
88 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

As características de desempenho em carga parcial de um motor também dependem do seu


projeto. Tanto η como FP caem para níveis muito baixos em cargas baixas. A Figura 5 mostra o
efeito da carga no fator de potência e na eficiência de um motor de 75 cv. Observe que o fator
de potência cai drasticamente em cargas parciais.

100 1.0 C 0.0

C - ESCORREGAMENTO
A
90 0.9 1.0

80 0.8 2.0

70 0.7 3.0
B
60 0.6 4.0

50 0.5 5.0

D - CORRENTE EM 220V (A)


400
40 0.4
B - FATOR POTÊNCIA

300
A - RENDIMENTO

200

D 100

Fábio Paiva Ribeiro


0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

Potência fornecida em relação à nominal (%)


Figura 24 - Gráfico de curvas características de um motor 75 cv
Fonte: http://catalogo.weg.com.br/tec_cat/tech_motor_curva_web.asp

Quando um motor tem uma potência muito maior que a exigida pelo equipamento acio-
nado, o motor funciona em carga parcial. Nesse estado, a eficiência do motor é reduzida. A
substituição nessas ocasiões de carga parcial por um motor menor permitirá que ele trabalhe
totalmente carregado e opere com maior eficiência. Esse arranjo é geralmente mais econômico
para motores maiores e somente quando eles estão operando com menos de um terço a meio
de capacidade, dependendo do seu tamanho.

MOTOR PREMIUM OU IR3

É importante você saber que os fabricantes de motores têm empreendido esforços e tecnolo-
gias para a redução das perdas nos motores elétricos, visando a melhores índices de eficiência
e ao atendimento às normas técnicas do setor. Vale destacar que os motores elétricos foram
os primeiros equipamentos a terem plano de metas de aumento de sua eficiência.
Até 2010, eram fabricados motores classificados como standard ou IR1 (motores da linha pa-
drão ou convencional) e motores classificados como de alto rendimento ou IR2. A partir de 2010,
somente motores elétricos com rendimentos mínimos da classe IR2 (alto rendimento) podem ser
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 89

fabricados, comercializados e importados no Brasil, de acordo com a portaria interministerial nº


553 de 2005, ou seja, os motores da classe IR1 (padrão) foram retirados do mercado.
Na Tabela a seguir, temos os rendimentos mínimos exigidos no Brasil desde o ano de 2010,
de acordo com a portaria interministerial nº 553 de 2005 (classe IR2).

POTÊNCIA NOMINAL VELOCIDADE SÍNCRONA (rpm)

3600 1800 1200 900


kW cv 2 polos 4 polos 6 polos 8 polos

RENDIMENTO NOMINAL
0,75 1 80,0 80,5 80,0 70,0

1,1 1,5 82,5 81.5 77,0 77,0

1,5 2 83,5 84,0 83,0 82,5

2,2 3 85,0 85,0 83,0 84,0

3 4 85,0 86,0 85,0 85,5

3,7 5 87,5 87,5 87,5 85,5

4,4 6 88,0 88,5 87,5 85,5

5,5 7,5 88,5 89,5 88,0 85,5

7,5 10 89,5 89,5 88,5 88,5

9,2 12,5 89,5 90,0 88,5 88,5

11 15 90,2 91,0 90,2 88,5

15 20 90,2 91,0 90,2 89,5

18,5 25 91,0 92,4 91,7 89,5

22 30 91,0 92,4 91,7 91,0

30 40 91,7 93,0 93,0 91,0

37 50 92,4 93,0 93,0 91,7

45 60 93,0 93,6 93,6 91,7

55 75 93,0 94,1 93,6 91,7

75 100 93,6 94,5 94,1 93,0

90 125 94,5 94,5 94,1 93,6

110 150 94,5 95,0 95,0 93,6


Fábio Paiva Ribeiro

132 175 94,7 95,0 95,0 94,5

150 200 95,0 95,0 95,0 94,5

185 250 95,4 95,0 95,0 95,0

Tabela 22 - Rendimentos Nominais Mínimos a Plena Carga para Motores Fabricados, Comercializados e Importados no Brasil (Classe IR2)
Fonte: http://catalogo.weg.com.br/tec_cat/tech_motor_curva_web.asp.

Já na próxima tabela, vemos os menores valores de rendimentos nominais à plena carga para
motores da classe IR3 ou Premium:
90 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

POTÊNCIA NOMINAL VELOCIDADE SÍNCRONA (rpm)


3600 1800 1200 900
kW CV 2 polos 4 polos 6 polos 8 polos
RENDIMENTO NOMINAL
0,75 1 77,0 83,5a 82,5 75,5
1,1 1,5 84,0 86.5 b
87,5 c 78,5
1,5 2 85,5 86,5 88,5 d 84,0
2,2 3 86,5 89,5 e
89,5 f 85,5
3 4 88,5 89,5 89,5 86,5
3,7 5 88,5 89,5 89,5 86,5
4,4 6 88,5 89,5 89,5 86,5
5,5 7,5 89,5 91,7 g
91,0 86,5
7,5 10 90,2 91,7 91,0 89,5
9,2 12,5 91,0 92,4 91,7 89,5
11 15 91,0 92,4 91,7 89,5
15 20 91,0 93,0 91,7 90,2
18,5 25 91,7 93,6 93 90,2
22 30 91,7 93,6 93 91,7
30 40 92,4 94,1 94,1 91,7
37 50 93 94,5 94,1 92,4
45 60 93,6 95 94,5 92,4
55 75 93,6 95,4 94,5 93,6
75 100 94,1 95,4 95 93,6
90 125 95 95,4 95 94,1
110 150 95 95,8 95,8 94,1
132 175 95,4 96,2 95,8 94,5
150 200 95,4 96,2 95,8 94,5
185 250 95,8 96,2 95,8 95,0
220 300 95,8 96,2 95,8 95
260 350 95,8 96,2 95,8 95
300 400 95,8 96,2 95,8 95
330 450 95,8 96,2 95,8 95
370 500 95,8 96,2 95,8 95

*Erro (valor inferior à classe IR2)

a) para motores na carcaça 80, o valor minímo do rendimento é 83%


b) para motores na carcaça 80, o valor minímo do rendimento é 84%
c) para motores na carcaça 90, o valor minímo do rendimento é 85,5%
d) para motores na carcaça 100, o valor minímo do rendimento é 86,5%
e) para motores na carcaça 90, o valor minímo do rendimento é 87,5%
f) para motores na carcaça 100, o valor minímo do rendimento é 87%
Fábio Paiva Ribeiro

g) para motores na carcaça 112, o valor minímo do rendimento é 91%

Tabela 23 - Menores Valores de Rendimentos Nominais a Plena Carga para Motores da Classe IR3 ou Premium
Fonte: ABNT NBR 17094-1/2013.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 91

A ABNT NBR 17094-1:2013, que trata da normalização brasileira para motores elétricos, prevê
em seu texto motores com rendimentos superiores aos de alto rendimento (classe IR2), que seriam
os motores da classe IR3 ou rendimento premium. Logo, vários fabricantes já produzem motores
elétricos com essa classe, ou até mesmo superior, seguindo uma nova tendência internacional.
A redução das perdas, com o consequente aumento do rendimento, é obtida por mudanças
no projeto, na utilização de processos de fabricação mais complexos e em modificações nos
materiais utilizados, o que implica, evidentemente, o aumento dos custos de fabricação. Logo,
os motores da classe IR3 ou premium são mais caros, comparados aos motores da classe IR2.

ATENÇÃO

Os valores dos rendimentos e demais informações dos motores elétricos devem sempre ser con-
sultados na ABNT NBR 17094-1/2013.

Cabe destacar que, além do aumento dos rendimentos, comparados na Tabela 21, existe
também uma extensão das potências até o valor 500 cv.
A seguir, você aprenderá sobre como determinar as economias de energia elétrica em um
motor. Acompanhe!
Se um motor elétrico de potência “P” (em kW) funciona por um período de “t” (horas por ano),
podemos calcular a quantidade de energia consumida anualmente da seguinte maneira:

E=P * t
T > 4*k*T
Sabemos que a potência elétrica, em kW, fornecida aos terminais do motor e a potência me-
v desse motor se relacionam
cânica, em hp ou cv, disponível no eixo p por meio do rendimento “η”.
Lembre-se de que, caso a potência mecânica seja dada em “hp” (horse Power), deve-se utilizar o
fator de conversão 0,746; e, se for em “cv” (cavalo vapor), deve-se utilizar o fator de conversão 0,735.
A partir dessas informações, podemos calcular a energia consumida anualmente por um mo-
tor da seguinte forma:

( )
E kWh
ano ( )
= P(cv) * 0,735 * t horas * 1
ano n

E ( kWh) = P(cv) * 0,735 * t ( horas ) *


1
ano ano n
Ou

E ( kWh) = P(hp) * 0,746 * t ( horas ) *


1
ano ano n

E ( kWh) = P(hp) * 0,746 * t ( horas ) *


1
ano ano n

EA( kWh) = P(cv) * 0,735 * t ( horas ) * ( )


1 1 -
ano ano n1 n2

EA( kWh) = P(cv) * 0,735 * t ( horas ) * ( )


1 1 -
ano ano n1 n2
92 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

E kWh
ano ( )
= P(cv) * 0,735 * t horas * 1
ano n ( )
Considerando a substituição de um motor em operação de rendimento conhecido η1 (IR1 ou

( ) ( )
IR2) por um motor de mesma potência, mas rendimento superior 1 η2 (IR3), sendo que ambos
kWh = P(hp) 0,746 t horas
E
estarão sujeitos ao mesmo carregamento
ano * * ano e *velocidades
nominal, tensão n constantes, temos
kWh
( )
que a economia anual (EA),Equando=seP(cv)
ano * 0,735
opta pela horas
* t ano será
substituição,
1
* nde: ( )
EA( E (kWh) =) P(cv)
kWh
ano
ano
= P(cv)0,735
* * * ( ( ) * () *
0,735t *horast horas 11 1
ano
ano ) n-
n1 n2
E( ) * ( )*
kWh = P(hp) 0,746 t horas 1
ano * ano n
No caso de acionamento de carga variável, você deverá calcular os valores da economia obti-
E ( kWh) = kWh * t ( ) 1
EFA ( R$ ) = EA ( ) * ( kWh 1) 1
P(hp) * 0,746 horas
dos em cada intervalo de carga e somá-los para a obtenção da economia anual.
ano ano n TE R$ *
EA( ) * ( )* ( )
ano ano
Para saber qual a economia financeira anual, basta multiplicar a tarifa de energia praticada
kWh = P(cv) 0,735 t horas
pela concessionária ou preço *
anomédio da energia elétricaano n1 empresa
pago pela n2 onde se está reali-
-

zando o estudo de substituição (TE).


EA( kWh) = P(cv) * t (MOTOR
horas
) * (R$)
( 1) 1 )
TRI = ( *
0,735DO
PREÇO -
ano ano n1 n2

EFA ( R$ ) = EA (kWh( R$) * )TE ( kWh )


(ano)
R$
ano EFA anoano

EFA ( R$ ) = EA( kWh) * TE ( kWh R$


O cálculo do tempo de retorno do investimento simplificado, também chamado de tempo
ano ano )
TRI = ( )
de retorno do capital simples, por não considerar taxas de juros, aumentos da energia, entre
PREÇO DO MOTOR (R$)

( TRI (= ( PREÇOEFADO( MOTOR ) ) (R$) )


outros, é feito como se segue:
Potência (ano)
elétrica medida demandada pela carga ao motor (kW)
F =
C R$

)
ano
Potência Nominal (cv)*0,735
(kW)
Rendimento(%)

EFA ( R$ )
(ano)

ano

Você pode observar que


(
F =o tempo de retorno do investimento será tanto menor quanto maior for:
)
Potência elétrica medida demandada pela carga ao motor (kW)

( )
C
• a diferença entre os rendimentos dos Potência
motores Nominal (cv)*0,735
em análise; (kW)

( )
Rendimento(%)
• a tarifa ou preço médio
F = de energia pago pela organização;
Potência elétrica medida demandada pela carga ao motor (kW)

( )
C
Potência Nominal (cv)*0,735
• a quantidade de horas de funcionamento dos motores; (kW)
Rendimento(%)

• a potência desenvolvida pelos motores.

Importante dizer que, depois de decorrido o tempo de retorno do investimento, a economia


de energia em cada ano é convertida diretamente em lucro (R$) para a empresa.
Em se tratando de motores novos, com dados de placa legíveis e 100 % de carregamento, podemos
proceder aos cálculos descritos anteriormente, ou, caso o mesmo motor esteja com uma carga abai-
xo da nominal, identificaremos seu rendimento a partir das suas curvas características que relacio-
nam rendimento, corrente, entre outros parâmetros que são fornecidos pelos fabricantes.
Por exemplo:
Um motor cujos dados de placa são: 100 hp, 60 Hz, 3560 rpm, 220 V, 238 A de alto rendimento
(IR2), mas operando, em sua pior situação de carga, com uma corrente de 175 A.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 93

100 1.0 C 0.0


A

C - ESCORREGAMENTO
90 0.9 1.0

80 0.8 2.0

70 0.7 B 3.0

60 0.6 4.0

50 0.5 5.0

D - CORRENTE EM 220V (A)


400
40 0.4
B - FATOR POTÊNCIA

300
A - RENDIMENTO

200
D
100

Fábio Paiva Ribeiro


0

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

Potência fornecida em relação à nominal (%)

Figura 25 - Gráfico de curvas características de um motor de 100 hp


Fonte: http://ecatalog.weg.net/tec_cat/tech_motor_curva_web.asp) 08/03/17

Fazendo-se uso da informação da corrente na curva característica do motor fornecida pelo fa-
bricante, mostrada na Figura 6, obtemos potência de trabalho, rendimento, fator de potência,
além de outras informações. Para o exemplo apresentado, a potência de trabalho desse motor
é de aproximadamente 70%, ou seja, 70 hp, com um rendimento de 93,8%.
Nesse caso, percebe-se que se pode empregar um motor mais próximo da potência da carga,
por exemplo, um motor de 75 hp IR3 (rendimento premium).

100 1.0 C 0.0


C - ESCORREGAMENTO

90 0.9 A 1.0

80 0.8 2.0

70 0.7
B 3.0

60 0.6 4.0

50 0.5 5.0
D - CORRENTE EM 220V (A)

400
40 0.4
B - FATOR POTÊNCIA

300
A - RENDIMENTO

200

B 100
Fábio Paiva Ribeiro

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130

Potência fornecida em relação à nominal (%)

Figura 26 - Gráfico de curvas características de um motor de 75 hp


Fonte: http://ecatalog.weg.net/tec_cat/tech_motor_curva_web.asp) 08/03/17
94 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

E kWh
Já, para essa nova condição,
ano ( )
= P(cv)
teremos um rendimento
* ano * n (
94,2 %1e uma corrente de trabalho
horas
0,735 * t de
de 160 A. Além do rendimento ligeiramente mais alto, com uma corrente menor, teremos me-
)
nores perdas por efeito Joule (aquecimento) nos alimentadores, havendo também uma peque-
na melhoria no fator de potência.

( )
E kWh
ano
= P(hp) MAIS * t horas *
* 0,746
SAIBA
ano
1
n ( )
Para saber mais sobre cálculo de rendimento de motores elétricos, leia a dissertação Estimação
da Eficiência de Motores de Indução Considerando apenas as Grandezas Elétricas. Disponí-

( ) ( )( )
vel em: <http://saturno.unifei.edu.br/bim/2014008436.pdf>
EA kWh = P(cv) * 0,735 * t horas * 1 -
1
ano ano n1
n2
Você deve ter observado nos gráficos que, quando a potência fornecida pelo motor à carga
em relação à potência nominal está acima de 75 %, o rendimento alcança seus valores máxi-
mos, indicando que tal motor está bem dimensionado.
R$ =
EFA ano ( )
EA kWh
ano *
DICAS
R$
TE kWh ( ) ( )
Alguns fabricantes disponibilizam em aplicativos na web ferramentas com as quais é possível aces-
sar bancos de dados de seus motores e simular os ganhos energéticos a partir de substituição de
motores de rendimento padrão = PREÇO
TRIpor outro de maiorDO
(
MOTOR (R$)
rendimento. Acesse: www.weg.net/see+
)
( )
(ano)
R$
EFA ano
O fator de carregamento de um motor pode ser entendido como a potência elétrica medida
que está sendo demandada por uma determinada carga acionada em relação à potência elé-
trica, demandada pelo motor em condições nominais e pode ser estimado da seguinte forma:

( )
Potência elétrica medida demandada pela carga ao motor (kW)
FC =
( Potência Nominal (cv)*0,735
Rendimento(%)
(kW)
)
Analisando a equação anterior, observamos que, se a potência da carga for muito inferior à sua
potência nominal, pode-se dizer, em um primeiro momento, que o motor se encontra sobredi-
mensionado. No entanto, existem várias situações impostas pelo ciclo de operação que torna
obrigatório o uso de motores com potências superiores à da carga para que eles não se danifi-
quem, por exemplo, em acionamentos que envolvem a partida de cargas com elevada inércia.
Nessas situações, você deverá realizar uma análise térmica, procurando avaliar o perfil de
elevação de temperatura do motor durante o ciclo de trabalho. O mesmo se aplica à análise da
partida, identificando-se a curva de conjugado da carga, a fim de comparar o tempo de partida
com o tempo de rotor bloqueado do motor.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre análise térmica e dinâmica de motores elétricos, leia o livro Eficiência
Energética, Teoria e Prática. Disponível em: <https://static-cms-si.s3.amazonaws.com/media/
uploads/arquivos/Eficiencia_energetica_Teoria_e_pratica.pdf>.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 95

Como vimos, a duração do tempo de funcionamento de um motor influencia no seu consu-


mo, e há situações em que esse motor pode ficar funcionando a vazio, ou seja, com carrega-
mento próximo de zero.
Daí surge a seguinte pergunta: é mais vantajoso desligar o motor durante esse período ou deixá-lo
ligado? A resposta será dada após avaliarmos onde o consumo é menor: na partida ou durante o pe-
ríodo ocioso. Como regra prática, pode-se desligar o motor quando o tempo em vazio for dez vezes
E = P * t quando for verificada a seguinte expressão:
maior do que o tempo de partida ou, mais tecnicamente,

Tv > 4 * k * Tp
Nessa expressão, k é um fator que depende da categoria do motor e vale 2,50, 2,00 e 1,35
para as categorias N, H e D, respectivamente. TP e TV são o tempo de partida e o tempo em
vazio, ambos em segundos. Quando optamos por essa medida de melhoria de desempenho
energético, devemos avaliar os efeitos de eventuais partidas subsequentes sobre o aqueci-
mento motor (análise térmica).
Considerando os conteúdos abordados até aqui sobre os motores elétricos, ressaltamos que
a manutenção inadequada de motores pode gerar aumentos de suas perdas e levá-los a ope-
rar de forma inadequada.
Além disso, uma lubrificação deficiente pode causar aumento do atrito nos mancais ou rola-
mentos do motor e dos equipamentos a ele acoplados. As perdas no cobre do motor, por sua
vez, deverão aumentar com o aumento da sua temperatura. Tendo em vista essas considera-
ções, é necessário providenciar ventilação adequada e manter as superfícies de troca de calor
e tampa defletora sempre limpas.
Na indústria, é muito comum a prática de rebobinar motores queimados. A quantidade de
motores rebobinados em algumas indústrias pode ultrapassar 50% do total instalado. Um re-
bobinagem raramente vai manter a eficiência do motor em níveis aceitáveis e, na maioria dos
casos, ocorrerão perdas na sua eficiência.
A rebobinagem de motores pode afetar uma série de fatores que contribuem para a eficiên-
cia do motor. Por exemplo: um problema comum que ocorre quando se aplica calor ao pacote
de chapas do núcleo magnético dos motores. O isolamento entre laminados pode ser danifica-
do, aumentando assim as perdas por corrente de Foucault. Uma mudança no entreferro pode
afetar o fator de potência e o torque de saída.
Já os desequilíbrios de corrente resultam em componentes de sequência negativa de corren-
te e de conjugado desenvolvido, acarretando em perdas adicionais, aumento no aquecimento
dos enrolamentos e redução da vida útil dos mancais.
Assim, antes de tecer qualquer avaliação técnica e econômica de conservação de energia em
motores elétricos, deve-se averiguar e controlar a tensão da alimentação, verificando o seu
desequilíbrio, se estão dentro de seus limites e se há a presença de harmônicos. É possível, a
partir da medição da tensão nas três fases, determinar o desequilíbrio de tensão, como sendo
o máximo desvio da tensão média, dividido pela tensão média.
Veja, a seguir, algumas orientações básicas quanto às boas práticas de manutenção que po-
dem ajudar a prolongar a vida útil dos motores e as cargas por eles acionadas:
96 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Conferir periodicamente o alinhamento do motor e da carga acionada;

• Avaliar as condições de carregamento do motor;

• Inspecionar regularmente os rolamentos e transmissões para reduzir as perdas por atrito;

• Evite rebobinamento de motores antigos ou que já passaram por esse procedimento;

• Retirar sujeira/poeira dos condutos de ventilação do motor (para garantir a dissipação de calor adequada);

• Verifique e elimine ruídos e vibrações;

• Equilibre a corrente elétrica nas três fases;

• Verifique se as características do motor são adequadas às condições do ambiente onde está instalado
(IP, classe de temperatura etc.).

6.3.2  ECONOMIA DE ENERGIA COM O CONTROLE DE VELOCIDADE EM MOTORES

Saiba que, em várias aplicações em que se deseja controlar o fluxo de determinado fluido em tu-
bulações e dutos, tais como: vazão de leite, água fria ou quente, ar para ventilação, entre outros, se
utilizam equipamentos que inserem ou retiram perdas de carga no sistema. Como exemplos desses
equipamentos, podemos citar: válvulas de controle em bombas e dampers nos ventiladores que per-
mitem manipular a vazão restringindo, abrindo ou fechando a passagem do fluido pela tubulação.
As cargas centrífugas, como bombas e ventiladores, por exemplo, são regidas por leis, conhe-
cidas como “Leis de Afinidade”, que estabelecem uma relação linear, quadrática e cúbica da
vazão, pressão e potência, respectivamente, em relação à rotação. Em vez de controlarmos o
fluxo, inserindo perdas de carga no sistema, podemos fazê-lo por meio do controle da veloci-
dade dos motores com o emprego de conversores de frequência.
Para avaliarmos se o controle de velocidade para uma determinada carga é uma medida de
melhoria de desempenho energético, deveremos estudar o perfil de carregamento do motor
durante os ciclos de trabalho típicos.
O primeiro passo é você identificar o número de horas de operação do equipamento em es-
tudo nas suas várias condições de carga. Isso pode ser facilmente realizado utilizando um ana-
lisador de energia com memória para armazenar as medições durante o período de análise.

Figura 27 - Analisador de energia para medições em campo


Fonte: SENAI/MG (2017).
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 97

Algumas informações são necessárias para que você possa avaliar a economia de energia em
aplicações de velocidade variável, sendo elas:
• Método de controle da vazão:

• Válvula de controle (bomba) ou damper (ventilador) na saída;

• Recirculação (bomba) ou fluxo livre (ventilador);

• Embreagem magnética (acoplamento de corrente de Foucault);

• Guia de admissão ou dampers de entrada (somente ventilador);

• Motor de duas velocidades.

• Dados da bomba ou do ventilador:

• Curvas de eficiência e de carga.

• Informações sobre o processo:

• Peso específico (para bombas) ou densidade específica de produtos (para ventiladores);

• Curva de carga do sistema;

• Ciclo de trabalho do equipamento, isto é, níveis de vazão e duração.

• Informações de eficiência de todos os equipamentos do sistema elétrico relevantes:

• Motores de velocidade constante e variável;

• Variadores de velocidade;

• Engrenagens;

• Transformadores.

6.4  ILUMINAÇÃO

Estudaremos agora a iluminação. Você sabia que ela é responsável por, aproximadamente,
23% do consumo de energia elétrica residencial, 44% do setor comercial e serviços, 1% no setor
industrial e 3,3% na iluminação pública?

SAIBA MAIS

Na iluminação predial existe, normalmente, um elevado potencial de economia de energia elé-


trica. Por isso, é muito importante orientar todos os usuários e funcionários da administração
do prédio sobre a importância de adotarem procedimentos que resultem no menor consumo de
energia possível, sem a perda da operacionalidade e do conforto, por exemplo, setorização dos
circuitos e troca por lâmpadas eficientes.

Visando ao atendimento das necessidades de iluminação, é fundamental considerar a relação entre:


98 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• A quantidade e a qualidade da luz necessária;


• A fonte de luz a ser utilizada;
• A tarefa visual a ser executada;
• A produtividade exigida;
• As condições de segurança da instalação.

Em consequência, é de suma importância analisar a quantidade e o tipo de iluminação ade-


quados à natureza da utilização de cada ambiente. Portanto, todo e qualquer estudo de projeto
ou otimização da energia elétrica em sistemas de iluminação predial devem obedecer às nor-
mas brasileiras, em especial a ABNT NBR ISO/CIE 8995-1/2013.
A seguir, veremos alguns conceitos luminotécnicos2 importantes:

• Fluxo luminoso: medida de potência luminosa emitida de uma fonte de luz [Ø] =lm.
• Iluminância: quantidade de luz direcionada numa unidade de área. Para calculá-la utiliza-
mos a seguinte fórmula: [E] = lm/m² =lx.
• Potência da lâmpada: Potência elétrica da lâmpada informada pelo fabricante.
• Eficiência luminosa: medida da eficiência, da fonte de luz (fluxo luminoso pela potência de
cada lâmpada). Para calcular essa eficiência utilizamos a fórmula: [n] = lm/W.
• Intensidade luminosa: caracteriza a quantidade de luz projetada num ponto. [I] = cd.
• Luminância: medida da visualização de uma superfície iluminada. Fórmula utiliza para cal-
cular essa medida: [L] = cd/m².
• Fator de utilização (FU): o fluxo luminoso emitido por uma lâmpada sofre influência do tipo
de luminária e da conformação física do ambiente onde ele se propagará. Sendo assim, o
fluxo luminoso útil (FU) que incidirá sobre o plano de trabalho está relacionado diretamente
à eficiência luminosa do conjunto lâmpada, luminária e ambiente.
Na tabela a seguir, temos o índice de reflexão da luz de acordo com a cor superfície. Esse
índice representa a eficiência do fluxo luminoso.

Superfície Escura 10% de reflexão

Superfície Média 30% de reflexão


Fábio Paiva Ribeiro

Superfície Clara 50% de reflexão

Superfície Branca 70% de reflexão

Figura 28 - Índice de reflexão conforme cor da superfície.


Fonte: SENAI/MG (2017).

2 Conceitos luminotécnicos: conceitos utilizados para determinar as características das lâmpadas e dos aparelhos
de iluminação.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 99

• Índice do ambiente (RCR): é a relação entre as dimensões do local, tanto para iluminação
direta como indireta. Exemplo: fatores de reflexão do teto x fatores de reflexão das paredes.
• Fator ou Índice de Reflexão: é a relação entre o fluxo luminoso refletido e o incidente, ou
seja, é a porcentagem de luz refletida por uma superfície em relação à luz incidente. Em
iluminação, são considerados os índices de reflexão do teto, paredes e chão, necessários
para a realização do cálculo luminotécnico.
Para medirmos a quantidade de luz em um ambiente (LUX) e sabermos se ele atende as
normas vigentes (NBR8995-1/2013 – Iluminação em Ambientes de Trabalho), é necessária a
utilização de um instrumento chamado Luxímetro.
É importante você saber que o Luxímetro é um instrumento fotoelétrico que registra, por
meio da incidência de luz na célula fotoelétrica3, a quantidade, isto é, a intensidade de luz exis-
tente em um determinado ambiente.
Na tabela a seguir, temos a descrição das características de um Luxímetro:

DISPLAY: LCD, Cristal líquido

ESCALA: 0 a 50.000Lux/fc em 4 faixas

+-5,0% Obs.:Exatidão com referência a lâmpada padrão incandescente com


PRECISÃO:
temepratura de cor de 2856K

RESOLUÇÃO: 1Lux/fc a 100Lux

FUNÇÕES: Máx Hold e Data Hold

DESLIGAMENTO: Automático após 15 minutos

UMIDADE DE OPERAÇÃO: Máxima de 80%UR

SELEÇÃO: Manual

FREQUÊNCIA: 2 vezes/seg

TEMPO DE RESPOSTA: 2seg

CONFORMIDADE COM: CE

ALIMENTAÇÃO: 1 bateria de 9V

TAMANHO DO APARELHO: 188 x 64,5 x 24,5mm

TAMANHO DA FOTOCÉLULA: 115 x 60 x 27mm

PESO DO APARELHO: 160g

PESO DA FOTOCÉLULA: 80g


Fábio Paiva Ribeiro

PESO(G): 120

Fotocélula separada do aparelho (construída em foto diodo de silício com filtro


OBS.:
que torna a sensibilidade mais próxima da curva CIE)

Tabela 24 - Dados Técnicos de um Luximetro


Fonte: SENAI/MG (2017)

3 Célula fotoelétrica: dispositivo capaz de converter a energia solar em energia elétrica.


100 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Figura 29 - Luxímetro
Fonte: Banco de imagens

A seguir, você verá um passo a passo mostrando como o luxímetro deve ser utilizado. Acom-
panhe!
1. Ajustar o instrumento para a escala adequada (de forma semelhante à feita em multí-
metros, por exemplo). Caso o valor indicado seja igual a 1, deve-se aumentar a escala.
2. Evitar aplicar sombras sobre o sensor, a não ser que elas sejam necessárias para a me-
dição.
3. Utilizar o sensor paralelo à superfície a ser estudada.
4. Caso a superfície de trabalho não seja especificada, executar a medição a 75 cm do chão
em um plano horizontal.
5. A medição deve ser executada em diferentes pontos de trabalho, definidos de acordo
com o tamanho da sala na norma NBR 15215/2004, com o intuito de obter uma medição
mais precisa de toda a sala.
6. Quando a medição for executada com o sensor na mão de uma pessoa, não sobre uma
superfície de trabalho, deve-se atentar ao nivelamento dele;
FOTOCÉLULA LUZ INCIDENTE

PLANO DE
TRABLHO
0,75 cm ACIMA DO PISO

INDICADOR
DE LEITURA
Fábio Paiva Ribeiro

ESCALA
APROPRIADA

Figura 30 - Como utilizar o luxímetro


Fonte: SENAI/MG (2017).
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 101

6.4.1  TIPOS DE LÂMPADAS E LUMINÁRIAS

A) LÂMPADAS

Existem diversos tipos de lâmpadas disponíveis no mercado para diversas utilizações. Contu-
do, a característica mais importante na escolha da lâmpada é a sua eficiência luminosa.
Define-se como eficiência luminosa a capacidade da fonte de luz em converter eletricidade
em luminosidade. A eficiência luminosa é medida em lumens/watt. Quanto maior for essa re-
lação, maior será a eficiência da lâmpada.
Na tabela a seguir, veja a eficiência luminosa de acordo com o tipo de lâmpada:

MODELO Lm/W

INCANDESCENTE 17

HALÓGENA 22

LUZ MISTA 28

VAPOR DE MERCÚRIO 58

FLUORESCENTE 68

VAPOR DE SÓDIO 85
Fábio Paiva Ribeiro

LÂMPADA A VAPOR METÁLICO 170

LED 136

Tabela 25 - Rendimento luminoso médio das fontes de luz


Fonte: SENAI/MG (2017).

No quadro a seguir, veremos as características de alguns tipos de lâmpadas. Acompanhe!

Apresentam maior eficiência e, também, maior expectativa de vida do que as lâmpadas


LÂMPADAS
incandescentes. Essas lâmpadas exigem reatores para seu funcionamento, os quais devem
FLUORESCENTES
ser de boa qualidade e de alta eficiência, para que o fluxo luminoso e a vida útil da lâmpada
TUBULARES
sejam compatíveis com os valores nominais de fabricação.

Na escala de eficiência luminosa, as lâmpadas de luz mista estão um degrau acima das
incandescentes, com vida útil mais longa. Não necessitam de reator, o que representa um
LÂMPADAS DE LUZ
menor custo de instalação. Porém, sua eficiência energética é muito baixa, elevando muito
MISTA
seu custo operacional, quando comparada com as fluorescentes, vapor de mercúrio ou
outras lâmpadas de descarga.
102 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Utilizadas principalmente para iluminação de áreas externas. Necessitam de reator


LÂMPADAS
para sua operação. Essas lâmpadas apresentam vida mais longa e maior eficiência
DE VAPOR DE
quando comparadas com as incandescentes e mistas. Sua resposta visual, em relação à
MERCÚRIO
reprodução de cores, é deficitária.

LÂMPADAS A Contêm uma série de aditivos metálicos, além do mercúrio, para melhorar a reprodu-

Fábio Paiva Ribeiro


VAPOR METÁLICO ção das cores e a eficiência luminosa, que supera de 1,5 a 2 vezes, em média, a perfor-
(MULTIVAPOR) mance das lâmpadas a vapor de mercúrio.

Quadro 12 - Características de alguns tipos de lâmpadas


Fonte: SENAI/MG (2017).

SAIBA MAIS

As lâmpadas fluorescentes tubulares possuem praticamente a mesma eficiência das lâmpadas


fluorescentes compactas. É muito comum a utilização de lâmpadas fluorescentes tubulares de
20W ou 40W nas cozinhas das residências, hotéis e estacionamentos. Nessas situações, a troca
por uma fluorescente compacta não vale a pena, pois esse tipo de lâmpada também economiza
energia, quando comparadas com as incandescentes.

Na tabela a seguir, veja o gasto de vários modelos de lâmpadas em comparação às lâmpadas de LED:

LÂMPADAS EXISTENTES LED SUBSTITUTO


MODELO WATTS WATTS %
70 HPS 95 W 35 W 63%
100 HPS 130 W 53 W 59%
150 HPS 190 W 88 W 54%
200 HPS 240 W 123 W 56%
400 HPS 465 W 211 W 55%
175 MV 198 W 35 W 82%
250 MV 295 W 53 W 82%
400 MV 465 W 88 W 81%
FLUORESCENTE 2X40W 96 W 18 W 63%
FLUORESCENTE 2X54W 110 W 25 W 54%
FLUORESCENTE 2X110W 230 W 38 W 67%
FLUORESCENTE 2X20W 48 W 9W 63%
Fábio Paiva Ribeiro

LFC 15W 15W 7,5 W 50%


PROJETOR 150W 150W 30 W 80%
INCANDESCENTE 60 W 60 W 12W 80%

Tabela 26 - Substituição de Lâmpadas de descarga e fluorescentes por LED


Fonte: SENAI/MG (2017).
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 103

No quadro que se segue, observe as características dos tipos de lâmpadas:

TIPO CARACTERÍSTICAS GERAIS

• Excelente reprodução de cores;


• Baixa eficiência luminosa;
Incandescente
• Vida mediana: 1.000 horas;
Comum
• Não exige equipamentos auxiliares;
• Grandes variedades de formas.

• Excelente reprodução de cores;


• Eficiência luminosa maior que a incandescente comum;
Incandescente
• Vida mediana: 2.000 horas;
Halógena
• Exige equipamentos auxiliares, dependendo da tensão;
• Vários tamanhos, inclusive refletores.

• De moderada a excelente reprodução de cores;


• Boa eficiência luminosa;
Fluorescente • Vida mediana: 7.500 a 20.000 horas;
• Exige equipamentos auxiliares (reator);
• Forma tubular em vários tamanhos.

• Boa reprodução de cores;


• Boa eficiência luminosa;
Fluorescente
• Vida mediana: 3.000 a 12.000 horas;
Compacta
• Exige equipamentos auxiliares (reator);
• Pequenas dimensões.

• Moderada reprodução de cores;


• Moderada eficiência luminosa;
Mista
• Vida mediana: 8.000 horas;
• Não exige equipamentos auxiliares.

• Moderada reprodução de cores;


Vapor de • Boa eficiência luminosa;
Mercúrio • Vida mediana: 12.000 a 24.000 horas;
• Exige equipamentos auxiliares.

• Boa reprodução de cores;


• Boa eficiência luminosa;
Vapor Metálico
• Vida mediana: 3.000 a 20.000 horas;
• Exige equipamentos auxiliares (reator e ignitor);

• Pobre reprodução de cores;


Vapor de Sódio • Alta eficiência luminosa;
Alta Pressão • Vida mediana: 12.000 a 55.000 horas;
• Exige equipamentos auxiliares (reator e ignitor).

• Excelente reprodução de cores;


Fábio Paiva Ribeiro

• Alta eficiência luminosa;


LED
• Vida mediana: 12.000 a 55.000 horas;
• Exige equipamentos auxiliares (driver).

Quadro 13 - Tipos e características de lâmpadas


Fonte: SENAI/MG (2017).
104 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre os níveis de iluminação recomendáveis, consulte a norma brasileira “Ilu-
minância de Interiores”– ABNT NBR ISO/CIE 8995-1, 2013. Essa norma determina os valores de
iluminância segundo o tipo de atividade desenvolvida no ambiente, com base em três variáveis:
acuidade visual do observador, velocidade e precisão requerida no trabalho e condições de re-
fletância da tarefa.

FAIXA ILUMINÂNCIA (LUX) TIPO DE ATIVIDADE

20
30 Áreas públicas com arredores escuros.
50
Iluminação geral para 50
áreas usadas ininter-
75 Orientação simples para permanência curta.
ruptamente ou com
tarefas visuais simples. 100
100
150 Recintos não utilizados para trabalho contínuo, depósitos.
200
200
Tarefas com requisitos visuais limitados, trabalho bruto de
300
maquinaria, auditórios.
500
500
Iluminação geral para Tarefas com requisitos visuais normais, trabalho médio de
750
área de trabalho. maquinaria, escritórios.
1000
1000
Tarefas com requisitos especiais, gravação manual, inspeção,
1500
indústria de roupas.
2000
2000
Tarefas visuais exatas e prolongadas, Iluminação adicional
3000
para eletrônica de pequenos tamanhos, auditórios.
5000

Iluminação adicional 5000


para tarefas visuais 7500 Tarefas visuais muito exatas, montagem de microeletrônica.
difíceis 10000
Fábio Paiva Ribeiro

10000
15000 Tarefas visuais muito especiais, cirurgia.
20000

Quadro 14 - Iluminância para cada grupo de tarefas visuais


Fonte: Norma 8995-1 de 2014
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 105

B) LUMINÁRIAS

É importante você saber que as luminárias devem promover uma adequada distribuição da
luz emitida, proporcionando o máximo aproveitamento no plano de trabalho, além de fixar e
proteger a lâmpada.
Sendo assim, para determinar a eficiência de uma luminária, temos que considerar a relação
entre o fluxo luminoso por ela emitido e o fluxo da lâmpada. Esse valor varia conforme o tipo
de luminária, sua construção física e a finalidade a que se destina.
Vale ressaltar que quanto maior a sua eficiência, menor será a quantidade de lâmpadas ne-
cessárias para promover a iluminação desejada e, portanto, mais econômico em termos ope-
racionais será o sistema adotado.
Nas figuras que se seguem, temos dois exemplos de luminárias. Observe!

Figura 31 - Luminária sem defletor


Fonte: Banco de imagens

Figura 32 - Luminária com defletor


Fonte: Banco de imagens
106 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Tendo em vistas os conteúdos estudados até aqui, veremos agora algumas dicas que visam à
melhoria da eficiência dos sistemas de iluminação. Acompanhe!
1. Identificar no sistema de iluminação os pontos de consumo elevado e desnecessário de
energia elétrica.

2. Realizar periodicamente campanhas de uso racional de energia, para combater os desper-


dícios originados nos hábitos de consumo.

3. Adequar os níveis de iluminação aos locais de trabalho e de circulação de acordo com o


tamanho do ambiente e tipo de atividade segundo a norma NBR 8995-1, 2013.

4. Substituir lâmpadas ineficientes e utilizar somente reatores de alta eficiência.

5. Remover lâmpadas desnecessárias.

6. Usar preferencialmente luminárias abertas, retirando o protetor de acrílico (quando ne-


cessário) para obter uma redução de até 50% do número de lâmpadas.

7. Modificar os sistemas de controle liga-desliga do sistema de iluminação para facilitar o


desligamento de áreas eventualmente sem uso.

8. Melhorar a manutenção do sistema de iluminação.

9. Projetar corretamente novos sistemas de iluminação.

10. Desligar luzes de dependências que não estiverem em uso.

11. Utilizar relés fotoelétricos, para controlar o número de lâmpadas acesas, em função da luz
natural no local ou usar sensores de presença em ambientes de utilização ocasional.

12. Substituir luminárias por outras que melhorem o rendimento luminoso do conjunto lu-
minária/lâmpada utilizando luminárias espelhadas, também chamadas de “luminárias de
alta eficiência”.

13. Utilizar iluminação complementar sobre superfícies de trabalho tais como, pranchetas,
mesas de omputador, mesas de trabalho, e outros, para complementar a necessidade de
maior iluminação no ambiente de trabalho.

14. Utilizar de relés fotoelétricos, para controlar o número de lâmpadas acesas, em função da
luz natural no local.

15. Usar preferencialmente lâmpadas LED.

6.4.2  IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM UM SISTEMA DE ILUMINAÇÃO

Ao descrever um sistema de iluminação, você deve considerar as seguintes questões:


• Quais os tipos de lâmpadas utilizadas? Exemplos: fluorescentes 40W, fluorescentes 20W,
incandescentes, outros.

• Quais os tipos de luminárias utilizadas? Exemplos: de embutir ou sobrepor.


ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 107

• Quais os tipos de reatores utilizados? Exemplos: eletromagnéticos ou eletrônicos.


• Incluir fotos do sistema atual.
• Descrever as ações no sistema de iluminação propostas.
É importante destacar, ainda, que o projeto de eficiência energética dos equipamentos de
sistemas de iluminação em instalações prediais consiste em:
• retirar os componentes do sistema de iluminação antigos, tais como: luminárias com lâm-
padas fluorescentes tubulares de 2x40W, 3x40W, 4x40W, 2x20W, 3x20W, 4x20W, lâmpadas
incandescentes, reatores eletromagnéticos;
• instalar um novo sistema eficiente, composto por luminárias reflexivas com uma ou duas
lâmpadas fluorescentes tubulares de 32W ou de 16W, reatores eletrônicos ou LED tubulares
de 2x8W ou 2x18W e fluorescentes compactas ou LED Compacta em substituição a lâmpa-
das incandescentes.
Além disso, é necessário dimensionar as lâmpadas e luminárias de forma mais adequada ao
ambiente e considerar, também, todas as ações de natureza operacional e de manutenção que
possam maximizar a economia de energia nas instalações da edificação.
Na tabela a seguir, são apresentados exemplos de equipamentos de um sistema de ilumina-
ção levantados em uma empresa. Veja!

POTÊNCIA POTÊNCIA
DESCRIÇÃO QUANTIDADE UNITÁRIA (W) TOTAL (W)

Lâmpadas de 40 W 200 40 8000

Lâmpadas de 20 W 60 20 1200

Incandescente 60 W 20 60 1200

Mista de 500 W 15 500 7500

Reatores Eletromagnéticos.
100 16 1600
2X40W

Reatores Eletromagnéticos.
30 8 240
Fábio Paiva Ribeiro

2X20W

Total 425 19740

Tabela 27 - Exemplo de tabela para levantamentos de dados de iluminação

Fonte: SENAI/MG (2017).

Agora, apresentamos-lhe modelos de tabelas que podem ser adotadas para descrever um
sistema de iluminação atual e a proposta de um novo sistema:
 
 
 
 
 
108

AMBIENTE
EMPRESA /

AMBIENTE
EMPRESA /
 
 
 
 
 
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

1x20 W Fluorescente

 
 
 
 
 
2X8 W LED 2x20 W Fluorescente

 
 
 
 

 
1x40 W Fluorescente

 
 
 
 
2X18 W LED TUBULAR
2x40 W Fluorescente

 
 
 
 
 
2X36 W LED TUBULAR 3x40 W Fluorescente

 
 
 
 

 
4x40 W Fluorescente
1X30 W LED PROJETOR

 
 
 
 
1X110 W Fluorescente

 
 
 
 
 
1X50 W LED PROJETOR
2X110 W Fluorescente

 
 
 
 
1X100 W LED INDUSTRIAL   9 W LFC

 
 
 
 
 

 
16 W LFC

Fonte: SENAI/MG (2017).


1X12 W LED COMPACTA

 
 
 
 
 

Fonte: SENAI/MG – CETEL, 2017.


60 W Incandescente

 
 
 
 
 
 

1X5 W LED COMPACTA LFC 25W

 
 
 
 
 

 
SITUAÇÃO ATUAL

25W LFC LFC 45W


 
 
 
 
 

SITUAÇÃO / PROPOSTA

 
Dicróica
 
 
 
 
 

LED 3W
Tabela 28 - Modelo de tabela para descrever um sistema atual de iluminação 1X 20 W Cabeceira

 
 
 
 
 
 

150W PUBLICA 2 X 20 W Cabeceira

Tabela 29 - Modelo de tabela para descrever nova proposta de um sistema de iluminação


 
 
 
 
 

400W Vapor Mercúrio

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00
Potência Proposta (kW)
Potência atual (kW)
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00

Consumo Proposto (kWh/

0,00

0,00

0,00

0,00

0,00
mês) Consumo Atual (kWh/
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00

Wendell Aguiar mês)


Wendell Aguiar
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 109

A fim de sabermos a relação custo-benefício de um projeto de iluminação, precisamos reali-


zar alguns cálculos. É o que veremos a seguir.

Para o cálculo das metas do sistema de iluminação, devemos considerar as seguintes premissas:

• Tempo anual de operação dos sistemas de iluminação;

• Número de horas diárias = XX horas;

• Número de dias por mês = XX dias;

• Número de meses por ano = XX meses;

• Total de Horas = XX horas/ano;

• Vida útil dos reatores: XX anos;

• Vida útil das luminárias: XX anos;

• Vida útil das lâmpadas: XX horas;

Para o cálculo da vida útil das lâmpadas em anos, temos:

Vida útil em anos = Vida útil da lâmpada (horas)


Tempo de utilização da lâmpada no ano (h/ano)

A seguir, veremos o estudo luminotécnico da área administrativa da empresa Laticínios BR


com a situação atual e proposta. Acompanhe!

Etapas do estudo:

1º Medir as dimensões do ambiente, anotar tipo de atividade e cores das paredes.

2º Medir LUX do ambiente e compará-la com a norma NBR8995-1, 2013, se está compatível com o que

foi medido.

3º Caso esteja compatível, calcular a substituição por luminária LED de mesmo fluxo luminoso.

4º Se não estiver compatível, realizar o cálculo luminotécnico em software e anotar qual lâmpada LED

deve ser instalada na área proposta.

5º Anotar a quantidade de horas de funcionamento e fazer o cálculo de economia para cada ambiente.

6º Pesquisar o preço das luminárias propostas e calcular tempo de retorno do capital.


110 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

ILUMINAÇÃO LATICÍNIOS BR
DIMENSÕES POTÊNCIA INSTALADA POTÊNCIA PROPOSTA

AMBIENTE

kwh/mês Atual

funcionamento
kwh/mês Atual
H L C

Fluorescente

Fluorescente

atual em kW

atual em kW
250 W Mista

INDUSTRIAL
COMPACTA

125 W LED
Compacta

economia
Consumo

Consumo
TUBULAR

TUBULAR
12 W LED

36 W LED

kwh/mês
Potência

Potência
9W LED
2x54 W
1X20W

Horas
25 W
RH - Sala de Recepção 2,8 2,9 3,6 1 0,11 24,2 2 0,072 15,84 8,36 10

RH - Administração 2,8 4,0 5,5 2 0,22 67,76 4 0,144 44,35 23,41 14

RH - Almoxarifado 2,8 4,5 5,5 1 0,11 12,1 2 0,072 7,92 4,18 5

Sala de Reunião I 2,8 4,1 6,4 2 0,22 24,2 4 0,144 15,84 8,36 5

Gerente Industria 2,8 4,2 6,4 2 0,22 67,76 4 0,144 44,35 23,41 14

WC Masculino 2,3 2,3 4,9 1 0,025 2,2 1 0,012 1,06 1,14 4

WC Feminino 2,3 2,3 4,1 1 0,025 2,2 1 0,012 1,06 1,14 4

Arquivo Fiscal 2,8 2,4 8,9 1 0,11 4,84 4 0,144 6,34 -1,50 2

Arquivo Morto 2,8 2,7 4,2 1 0,11 2,42 2 0,072 1,58 0,84 1

Copa 2,8 6,3 4,0 2 0,22 48,4 2 0,072 15,84 32,56 10

Sala de Treinamento 2,8 6,4 8,7 6 0,66 116,16 12 0,432 76,03 40,13 8

Refeitório 2,8 8,6 17,2 1 24 2,664 937,728 1 48 1,737 611,42 326,30 16

Cozinha 2,8 8,3 8,7 7 0,77 271,04 14 0,504 177,41 93,63 16

Laboratórios -
2,7 4,1 4,0 2 0,22 77,44 4 0,144 50,69 26,75 16

Fábio Paiva Ribeiro


Garantia da Qualidade

Galpão Expedição 7,0 42,0 77,0 45 11,25 3712,5 45 4,5 1485,00 2227,50 15

1 2 51 45 16,93 5370,948 1 2 102 45 8,205 2554,73 2816,22

Tabela 30 - Dados de iluminação da Laticínios BR


Fonte: SENAI/MG (2017).

PREÇO PREÇO ECONOMIA ECONOMIA


MODELO QUANTIDADE PAYBACK
UNITÁRIO TOTAL ANUAL KWH ANUAL R$
12 W LED COMPACTA 2 R$25,40 R$ 50,80 27,456 R$ 16,47 3,08
36 W LED TUBULAR 102 R$89,00 R$9.078,00 6973,824 R$ 4.184,29 2,17
Fábio Paiva Ribeiro

100 W LED INDUSTRIAL 45 R$405,00 R$18.225,00 26730 R$ 16.038,00 1,14


9W LED TUBULAR 1 R$16,65 R$ 22,90 63,36 R$ 38,02 0,60
TOTAL R$536,05 R$27.376,70 33794,64 R$ 20.276,78 1,35

Tabela 31 - Custos financeiros da iluminação da Laticínios BR


Fonte: SENAI/MG - CETEL, 2017.

Neste estudo, podemos concluir que, com base na tabela acima, a substituição da iluminação
atual por LED proporcionará para a empresa uma economia anual de 33.794 kwh, tendo um
investimento estimado em R$ 20.277,00 e tempo de retorno do capital aproximado de 1 ano e
4 meses.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 111

6.5  FORNOS, ESTUFAS E SISTEMAS DE GERAÇÃO DE CALOR


Um dos principais focos de atuação em eficiência energética dentro das empresas são aque-
las relacionadas a usos térmicos. Podemos citar alguns usos finais, como: fornos, estufas e
sistemas de geração de calor, no nosso caso, as caldeiras.
As ações de eficiência energética voltadas a esses usos finais citados acima têm como objetivo a
redução de custos e desperdícios energéticos, além de ações de melhoria ambiental e de produção.
Neste momento, faremos uma apresentação dos principais conceitos ligados à termodinâmi-
ca, assim como um resumo dos mais comuns equipamentos térmicos, de aquecimento, utiliza-
dos pelas empresas, com potencial de implantação de ações de eficiência energética. Também
apresentaremos a você informações gerais para identificação e proposição de ações que visam
ao alcance de desempenho energético mais eficiente relacionado ao uso térmico.

6.5.1  CONCEITOS BÁSICOS

Você conhecerá agora alguns conceitos importantes para compreender melhor as ações de
eficiência energética aplicados a fornos, estufas e geração de calor.

A) TERMODINÂMICA
A termodinâmica é o ramo da física que analisa a conexão entre o calor trocado por um sis-
tema e o trabalho realizado por ele num processo de transformação. Para iniciar nossas ativi-
dades, realizaremos uma breve abordagem envolvendo alguns conceitos de termodinâmica.
• Calor e Temperatura: a temperatura de um corpo é dada pela energia cinética, ou seja,
pela movimentação média de suas moléculas. Calor pode ser entendido como a energia que
flui entre dois corpos ou sistemas, em função de uma diferença de temperatura. Podemos
afirmar, então, que o calor é uma forma de energia que está em deslocamento, colocada em
movimento pela diferença de temperatura. Veja as figuras a seguir:

Figura 33 - Calor e Temperatura


112 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Calor sensível: é o calor retirado ou adicionado a um corpo, causando uma mudança de


temperatura sem causar uma mudança de fase. Esse processo de variação de ganho térmi-
co possui como variáveis: a massa do material, a variação de temperatura no processo e o
tipo de material. A equação abaixo define tal fenômeno. Veja!

Q = m.c.ΔT [kJ ºC]


Legenda:

Q = calor sensível recebido ou transferido em kJ


m = massa do corpo em kg
c = calor específico em kJ/kg.k e
ΔT = T2 – T1 → variação de temperatura do corpo [°C, K]

• Calor Latente: ao contrário do calor sensível, calor latente é aquele que é removido ou
adicionado a um corpo sem causar mudança de temperatura, mas causando mudança de
fase.
Veja o exemplo a seguir!
DIAGRAMA TEMPERATURA X CALOR FORNECIDO

Temeperatura

B
100 ºC
C
Fábio Paiva Ribeiro

Calor Fornecido

Figura 34 - Diagrama temperatura X calor fornecido


Fonte: SILVA, Andre Luiz Vieira da. (2017)

No diagrama acima, podemos ver claramente o conceito de calor latente. Ao ser aquecido
próximo a sua temperatura de vaporização, a água passa por uma elevação de temperatura re-
cebendo calor sensível, no trecho entre AB. Ao iniciar o processo de vaporização, no trecho BC,
ela continua recebendo calor, contudo sem existir alteração de sua temperatura, configurando
assim o seu processo de mudança de estado.
• Calor Específico: representa a quantidade de calor necessário para elevar em 1,0 °C a
temperatura de 1,0 g de massa de água no estado líquido a 1atm (com variação de tempe-
ratura entre 14,5ºC e 15,5ºC).
Na tabela a seguir, você perceberá que cada material possui sua capacidade de absorver ou
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 113

rejeitar calor. Acompanhe!

SUBSTÂNCIA CALOR ESPECÍFICO (cal/gºC) CALOR ESPECÍFICO(kJ/kgºC)


Água 1,00 4,19
Álcool 0,58 2,43
Alumínio 0,22 0,92
Chumbo 0,03 0,13

Fábio Paiva Ribeiro


Cobre 0,09 0,39
Ferro 0,11 0,46
Mercúrio 0,03 0,14
Prata 0,06 0,23
Vidro 0,20 0,84

Tabela 32 - Calor específico


Fonte: MARQUES, Milton, 2002.

• Poder Calorífico: representa a quantidade de calor liberada num processo de combustão.


Ele pode ser classificado em superior ou inferior, conforme demonstrado na tabela a seguir.
O poder calorífico superior inclui a energia do combustível mais o calor latente da água pre-
sente nos gases de combustão, pois considera que ela esteja líquida. Já o poder calorífico in-
ferior não considera isso. Como a temperatura de saída dos gases de combustão é superior à
temperatura de vaporização da água, essa medida é mais realista.

PODER CALORÍFICO PODER CALORÍFICO MASSA ESPECÍFICA


ENERGÉTICO INFERIOR SUPERIOR kg/m3
kcal/kg kcal/kg
Óleo diesel 42613 45000 851
Óleo combustível 39964 45627 999
Gasolina 44187 47009 738
GLP 46155 49186 552
Querosene 43518 46423 787
Coque carvão mineral 28883 30558 -
Lixívia - 12684 2100
Carvão vegetal 25597 28465 250
Álcool anidro 26790 29679 791
Álcool hidratado 24907 27837 809
Lenha [1] 10591 13814 390
Bagaço de cana [2] 7439 9448 -
Fábio Paiva Ribeiro

Gás de refinaria [3] 34627 36837 780


Gás natural [3] 35807 39348 -
Gás canalizado [3] 17707 19674 -
Gás Coqueria [3] 18418 18837 -

(1) Lenha com 25% de umidade


(2) bagaço com 50% de umidade
(3) kcal/m3

Tabela 33 - Poder calorífico e massa específica de alguns combustíveis


Fonte: VIANA, Augusto Nelson Carvalho[et. al], 2012..
114 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre processos de combustão industrial, verifique o NOGUEIRA, capítulo 4, 2005.

B) MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIAS DE CALOR

Existem três modos básicos de transferência de calor: condução, convecção e radiação. Nos
sistemas reais, esses modos ocorrem de forma combinada e acoplada. A seguir, você conhece-
rá cada um deles.
• Condução: é o processo de transferência de calor típico em materiais sólidos ou meio fluido
em repouso. Quando dois materiais apresentam uma diferença de temperatura, tem-se a
transferência de energia térmica do lado mais quente para o mais frio.
Veremos uma expressão básica para a taxa de condução de calor em uma superfície plana, de-
finida também como (qcond), em [W/m2], onde (k) corresponde à condutividade térmica, (A), à área
de troca térmica e (x), à distância entre as superfícies quente e fria, respectivamente à (T1) e (T2).

Q (T1 - T2)
qcond = A =k . x

Vale ainda esclarecer que a condutividade térmica é uma propriedade física dos materiais, em
que temos valores baixos para os isolantes e elevados para os metais bons condutores de calor.
• Convecção: ocorre nos materiais líquidos e gases. Imagine um líquido em processo de aque-
cimento num determinado recipiente. A parte inferior do recipiente receberá calor pelo pro-
cesso de condução no fundo do recipiente. Como os líquidos geralmente não são bons con-
dutores de calor, apenas a área mais próxima ao fundo do recipiente é aquecida.
Essa parcela se expande, torna-se menos densa que a parte próxima à borda superior do
recipiente, iniciando assim o movimento desse fluido para a superfície. Essa reação provoca o
movimento da água no sentindo inverso, da borda para o fundo, acarretando o ciclo térmico
denominado de convecção.
Ao analisar um sistema convectivo, devemos estar atentos às variáveis que influenciam no
processo de transferência térmica. Podemos citar a geometria e a velocidade do fluido como
uma das variáveis mais importantes. Em um sistema de distribuição térmica em regime turbu-
lento, a troca de calor é muito mais efetiva que sob regime laminar.
Também é possível identificar sistemas convectivos em que a velocidade do fluido é determi-
nada por causas externas, como em um ventilador ou bomba, denominada como convecção
forçada, ou por diferenças de densidade provocadas pela transferência de calor, no caso deno-
minada convecção natural. Veja a expressão a seguir:

qconv = h. A .(Tf - Ts)


ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 115

Nessa expressão, temos:


Temperatura do fluido(Tf), temperatura da superfície (Ts) e o coeficiente de transferência de
calor (h) e (A) área de troca térmica para determinar a taxa de troca térmica por convecção, qconv.

• Radiação: sistema de transferência de calor realizado por meio de ondas eletromagnéticas


sem a necessidade de um meio material para sua propagação. Imagine uma pessoa posicio-
nada próxima a uma fogueira no período de inverno.

A sensação de calor aumenta ou diminui todas as vezes que nos movimentamos mais pró-
ximos ou mais distantes da fogueira. A sensação de calor ocorre quando o corpo se aproxima
da fogueira, submetendo-se assim ao processo de absorção de radiação térmica gerada pelo
fogo. Nesse fenômeno, o corpo terá a sua energia térmica elevada, por meio da exposição ao
fogo ao longo do tempo, enquanto o fogo terá a sua energia reduzida.
O calor transferido, designado como (qrad), é dado em função de um fator Ɛ, que relaciona
a forma do corpo e as características radiativas de sua superfície, denominada emissividade, à
sua área A e à sua constante física σ (Constante de Stefan-Boltzmann, igual a 5,6697 x 10-8) e
ainda à temperatura do corpo (T1) e do ambiente em torno desse corpo (T2). Acompanhe!

qrad = σ ε A (T14 - T24)

É importante observar que essa troca térmica está associada à constante física de valor muito
baixo. Assim, existe a necessidade que uma das temperaturas seja alta, usualmente acima de
1.000ºC, como no caso das fornalhas das caldeiras.

C) LÍQUIDO E VAPOR

Diversos equipamentos operam com sistemas térmicos, tais como: caldeiras, condensadores,
evaporadores e outros. Nesses processos, podemos identificar claramente os equipamentos
para geração de aquecimento, vaporização, condensação etc.
Para essa análise, torna-se importante o conhecimento básico do líquido utilizado no proces-
so térmico, assim como conceitos básicos ligados a sistemas pressurizados:
• Fases da matéria: representam o estado em que podem ser encontrados os elementos e
compostos. São definidos em três fases da matéria:

Sólido: forma definida e de composição molecular rígida. Difícil compressão.


Líquido: moléculas com limitada capacidade de movimentação. Difícil compressão.
Gasoso: moléculas com livre capacidade de movimentação. Fácil compressão.
• Massa específica ou densidade de massa (ρ): relação entre massa (m) e volume (V).
116 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

= m ; dado em kg/m3
V

• Volume específico (v): volume ocupado por unidade de massa.

V 1
ν= = ρ ; dado em m3/kg
m

• Peso específico (ɣ): razão entre o peso e o volume de uma determinada substância. Pode-
mos apresentá-lo ainda como o produto da densidade (ρ) pela aceleração da gravidade (g).

ɣ= ρ . g ; dado em kg/s2.m2

• Viscosidade: a resistência apresentada a um determinado líquido num processo de


escoamento. Quanto maior a viscosidade de um líquido, maior a sua dificuldade no
processo de escoamento.

• Modelo de gás ideal: um gás pode ser considerado ideal quando apresenta baixa densida-
de e temperatura abaixo do ponto de condensação.

• Lei dos gases ideais: a fim de entender melhor o comportamento do gás ideal, é importante
destacar algumas informações sobre sua estrutura interna. Por apresentar grande número
de pequenas partículas, condição básica para atender o princípio da cinética dos gases, o gás
ideal apresenta uma movimentação interna constante e aleatória.

Tomemos agora, como referência para o gás ideal, as seguintes variáveis de estado:
1. Aplicável ao dispositivo onde está armazenado: volume V, número de mols n e pressão p.

2. Aplicável ao dispositivo onde está armazenado e ao gás: temperatura T.

Uma ou mais variáveis de estado citadas acima, quando submetidas às variações de tempe-
ratura ou pressão, possuem como característica a influência no comportamento das demais,
resultando em mudança de estado do sistema.
Por meio dessas variações, foi observada a proporcionalidade entre as grandezas pV e nT,
assim como uma declividade da interpolação dessas denominada R. Daí, temos a equação re-
ferente à lei dos gases ideais:

pV = nRT
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 117

D) SISTEMAS BÁSICOS COM UM GÁS

São três os tipos de sistemas que possibilitam a transformação do gás a partir de processos
de variação de temperatura, volume e pressão ao interagirem com o local de armazenamento:
• Sistema Isocórico (Isométrico): volume constante, onde Vf = Vi. Mesmo submetido a um
processo de elevação de temperatura e consequentemente de pressão interna, não haverá
alteração de volume final.

• Sistema Isobárico: pressão constante, onde pf = pi. A variação da temperatura provoca


uma variação do volume interno, aumentando ou diminuindo a sua área. Veja a sua
representação:

Mg
p = patm +
A
• Sistema Isotérmico: temperatura constante, onde pfVf= piVi. As variáveis volume e pressão
possuem comportamento inverso, ou seja, quando aumentamos o valor de um, o outro ten-
derá a diminuir, de forma a manter a temperatura constante. Veja:

p = nRT = constante
V V

E) EQUIPAMENTOS PARA COMBUSTÃO

Entre os dispositivos responsáveis pelo processo de aquecimento de um sistema, podemos


listar os queimadores como um dos mais importantes. Esses equipamentos são responsáveis
pela geração e manutenção da chama ideal (eficiente), por meio do controle da mistura ar e
combustível. Apresentamos-lhe, abaixo, as características básicas dos queimadores para os
diversos estados físicos de combustível.
• Queimadores para gás: processo de combustão com grande controle, devido à fácil mistu-
ra dos combustíveis com o oxigênio do ar na reação de queima. Podem ser classificados em
função da necessidade de ar secundário (aerados) ou não (não aerados).

• Queimadores para líquidos: são avaliados em função de sua capacidade, produção de


energia e tipo de combustível a ser utilizado. Classificam-se em função do método de atomi-
zação: mecânica, por fluidos ou mistos.

• Queimadores de sólidos: queimador em que a mistura ar-combustível é realizada buscan-


do manter, ao redor das partículas, as taxas ideais de ar de combustão. Para facilitar a mis-
tura, é realizada a pulverização do combustível, que possibilita ainda a utilização de menos
excesso de ar e a rápida adequação às oscilações de carga no sistema.
118 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre equipamentos para combustão, consulte o livro “Conservação de Energia:
eficiência energética de instalações e equipamentos”, coordenado por Milton Marques (Eletro-
brás/Procel), Jamil Haddad e André Ramon Silva Martins (Escola Federal de Engenharia de Itaju-
bá), 2. ed. , 2001.

F) FORNOS, ESTUFAS E CALDEIRAS

Os fornos são equipamentos destinados ao aquecimento de materiais diversos. São utiliza-


dos para cozimento, fusão, calcinação, tratamento térmico, secagem etc. e opera com a trans-
ferência de calor ao material. Para atingir essas características, a construção de um forno re-
quer estudo cauteloso de transferência de calor, da circulação dele e dos meios de minimizar
as perdas de chaminé e por radiação.
Você conhecerá alguns tipos de fornos e suas características. Vamos lá!
• Fornos Mufla: são câmaras que se encontram no interior do equipamento. Os gases de
combustão circulam pela parte externa da câmara e saem sem ter contato com o material.

Figura 35 - Forno Mufla


Fonte: SILVA, André Luiz Vieira. (2017)

• Fornos Túneis: nesse tipo de equipamento, o combustível e o material estão em câmaras


distintas em que há contato dos gases de combustão com o material. O deslocamento do
material em sua estrutura interna proporciona um aquecimento gradual, até o seu ponto
máximo de operação que, posteriormente, realiza o processo inverso de resfriamento até a
saída do equipamento.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 119

Figura 36 - Forno Túnel


Fonte: Banco de imagens

• Fornos elétricos: podem ser à resistência, a arco-voltaico ou de indução. Possuem alta efici-
ência térmica pela inexistência de perdas no processo de combustão. Contudo, apresentam
alto custo de operação pelo seu consumo de energia elétrica.

Figura 37 - Forno Elétrico


Fonte: Banco de imagens

• Geradores de vapor ou caldeiras: são equipamentos que produzem e armazenam vapor


sob pressão superior à atmosférica. Podem ser flamotubulares ou aquotubulares. Falare-
mos sobre cada um deles.
1. Caldeiras flamotubulares: possuem o processo de combustão dentro da própria caldei-
ra, no tubo-fornalha. Os gases de combustão percorrem os tubos internamente, fornecen-
do o calor à água até a sua vaporização.
120 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

feixe tubular

queimador

Fábio Paiva Ribeiro


balão

Figura 38 - Caldeiras Flamotubulares


Fonte: SENAI/MG (2017).

2. Caldeiras aquotubulares: com essas caldeiras, tornaram-se possíveis maiores produções


de vapor a pressões elevadas e a altas temperaturas. Atualmente, elas existem em uma
infinidade de tamanhos e formatos. Nesse tipo de caldeira, a água circula no interior dos
tubos e os gases da combustão circulam por fora.

água vapor

Fábio Paiva Ribeiro

Figura 39 - Caldeiras Aquotubulares


Fonte: SENAI/MG (2017).

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre caldeiras e uso de vapor, consulte o livro “Conservação de Energia: efi-
ciência energética de instalações e equipamentos”, coordenado por Milton Marques (Eletrobrás/
Procel), Jamil Haddad e André Ramon Silva Martins (Escola Federal de Engenharia de Itajubá),
capítulo 9, 2. ed. , 2001. E também “LIVRO TÉCNICO PROCEL - Eficiência Energética no Uso de
Vapor”, capítulo 5, 2005.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 121

6.5.2  IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM GERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E USO FINAL

Atualmente, em qualquer processo produtivo, a busca por redução de perdas pode significar
aumentos representativos de produtividade. A utilização de equipamentos e processos que
busquem a eficiência máxima dos diferentes processos tornou-se um desafio cada vez maior
para as empresas.
Você verá agora algumas oportunidades e análises que poderá realizar, de forma inicial, para
avaliar a eficiência em fornos (estufas) e geradores de vapor. Apresentaremos a você apenas
conceitos básicos envolvendo os usos finais e algumas recomendações. Acompanhe!

A) FORNOS E ESTUFAS

Por sua semelhança de operação, optamos em apresentar-lhe as recomendações para efi-


ciência desses usos finais de forma agrupada:
• Avaliar o carregamento do equipamento, ajustando-o, sempre que possível, à sua capacida-
de nominal;

• Analisar a programação de carregamento do forno/estufa, visando reduzir ao máximo o


intervalo de operação entre o processo de carregamento e retirada de carga, de forma a
aproveitar o calor gerado internamente;

• Verificar a existência de práticas de avaliação (manutenção) dos refratários assim como a sua
condição operacional (atual) se possível. Essa ação visa reduzir as perdas térmicas pelas paredes;

• Avaliar os acessos de carga térmica (queimador) e carregamento dos fornos/estufas, que


devem estar sempre com boa condição de isolação (fechamento). Tal condição é de extrema
importância para reduzir as perdas térmicas entre as fornadas.

Possíveis perdas por corrente de convecção podem estar relacionadas ao local onde o equi-
pamento estará localizado, submetendo-o a uma constante corrente de ar frio na sua estru-
tura, menor que a sua temperatura de operação. É muito importante a análise do layout da
área para ajudá-lo na definição dos possíveis pontos críticos e na operação do forno/estufa.
Lembre-se de que um equipamento submetido à tal perda térmica (perda por convecção)
aumentará o seu consumo ideal de energia, de forma a suprir o funcionamento inadequado
do equipamento.

B) GERADOR DE CALOR (CALDEIRAS)

A energia para produção de vapor pode ser obtida por meio de sistemas de combustão ou de
recuperação de calor de processo. Analisaremos, agora, os equipamentos geradores de calor
ou simplesmente caldeiras. Nesses equipamentos, a transferência térmica é efetuada na sua
estrutura interna. A vaporização da água provoca uma elevação da pressão interna da caldeira
e o deslocamento do vapor gerado à linha de distribuição, num circuito fechado.
122 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Você conhecerá alguns conceitos básicos para análise de caldeiras e algumas ações de efi-
ciência energética. Vamos lá!
Genericamente, a eficiência térmica pode ser definida pela equação:

Qu
n=
Qf
Temos n como a eficiência térmica, Qucalor útil (kW) e Qfcalor transferido pelo combustível (kW).
Na prática, podemos assumir o processo de determinação da eficiência térmica em método
direto e indireto. Tendo em vista a complexidade para determinação das variáveis relacionadas
a esses métodos, não os abordaremos quantitativamente, mas faremos apenas uma breve
definição do método indireto.
Nesse método, o foco da análise são as perdas no fluxo de gases pela chaminé. As perdas de
calor são estimadas a partir da análise das seguintes variáveis: perdas na chaminé, perdas por
radiação e convecção e perdas por purgas.
Paralelamente, não podemos nos esquecer de avaliar outros aspectos relacionados ao pro-
cesso de operação das caldeiras, tais como:
• Controle do sistema de combustão: a eficiência do sistema de combustão está direta-
mente associada ao excesso de ar utilizado no processo. Deve-se buscar a quantidade de
ar de combustão aplicável ao combustível utilizado. Excesso de ar resulta na diminuição
da eficiência da caldeira. Portanto, um sistema de combustão eficiente está diretamente
relacionado à sua correta operação e ao acompanhamento e à manutenção constante dos
seus parâmetros de processo.
• Controle de temperatura dos gases de exaustão: a inexistência de controle no pro-
cesso de combustão, especificamente no que tange à emissão de gases de exaustão
com temperaturas elevadas, está diretamente relacionado à perda energética. Elevadas
temperaturas dos gases de exaustão podem significar um desperdício de combustível na
operação do sistema.
• Controle de fuligem: o excesso de fuligem no sistema de geração dos gases provoca
a formação de uma estrutura isolante reduzindo a eficiência térmica do sistema. Um
dos impactos diretos da formação de fuligem é a elevação da temperatura nos gases
de exaustão.
• Diminuição das perdas de calor: deve-se efetuar avaliação regular da estrutura física
da caldeira e dos sistemas de queima e combustão; identificar possíveis perdas de calor
e vazamentos de água quente e de vapor; verificar a condição de operação do sistema de
isolamento térmico do vaso de pressão e do sistema de distribuição e retorno.
• Operação da caldeira: a eficiência máxima de uma caldeira, em média, pode ser alcan-
çada quando operada entre 80% a 90% da sua capacidade nominal. Quando operado
acima desses números, observa-se a redução da vida útil do equipamento. Analoga-
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 123

mente, ao operar abaixo do ponto ideal de operação, teremos uma redução da eficiên-
cia de operação.
• Distribuição do sistema de vapor: deve-se identificar e avaliar possíveis pontos de
vazamento de vapor assim como de descargas, com foco na sua minimização ou elimi-
nação e também verificar o isolamento térmico da linha de distribuição e dos equipa-
mentos. Linhas de pressão operando a vazio deverão ser devidamente identificadas e
bloqueadas. Sempre que possível, também se deve avaliar a possibilidade de recupe-
ração de condensado.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre oportunidades de eficiência energética em fornos, estufas e caldeiras,
consulte o livro “Conservação de Energia: eficiência energética de instalações e equipamentos”,
coordenado por Milton Marques (Eletrobrás/Procel), Jamil Haddad e André Ramon Silva Martins
(Escola Federal de Engenharia de Itajubá), capítulo 9, 2. ed. , 2001. E também o NOGUEIRA, 2005.

6.6  SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO


Destacamos que nosso objetivo não é aprofundar sobre o tema de sistemas de refrigeração
e climatização, mas, sim, fazer um estudo preliminar que servirá de base para você que atuará
como consultor em eficiência energética.
Logo, caso julgue necessário, você poderá verificar outras referências (livros, vídeos etc.) para
a realização de um estudo mais aprofundado sobre esse tema. Portanto, temos como objetivo,
neste momento, capacitar você para que seja capaz de reconhecer as oportunidades de econo-
mia no sistema de refrigeração.

6.6.1  CONCEITOS BÁSICOS

Sabemos que tanto a refrigeração quanto o condicionamento de ar tem como objetivo o con-
trole da temperatura de algum produto, substância, ambiente ou meio. Logo, os componentes
básicos de ambos os sistemas não diferem, sendo eles: compressores, trocadores de calor,
ventiladores, bombas, tubos, dutos e equipamentos de proteção e controle.
Já em relação à capacidade instalada, há uma predominância dos sistemas de climatização
sobre a refrigeração industrial, no que diz respeito ao número de unidades instaladas. No en-
tanto, a refrigeração industrial apresenta características próprias que requerem mão de obra
mais especializada, uma vez que utilizam tecnologias mais modernas e controles mais apura-
dos que os sistemas de climatização.
Vale ressaltar que os sistemas de refrigeração industrial, ao trabalharem com temperaturas
negativas, chegando a -60ºC, enfrentam problemas típicos de operação a baixas temperaturas,
normais nesse tipo de instalações. Esses problemas não ocorrem em sistemas de climatização
que trabalham com temperaturas mais elevadas.
124 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

A seguir, veremos alguns conceitos básicos que são necessários para a compreensão dos
sistemas de refrigeração e climatização. Acompanhe!

A) CONCEITOS BÁSICOS DA TERMODINÂMICA E SUAS INTER-RELAÇÕES:

• Propriedades termodinâmicas: características macroscópicas de um sistema, tais como:


volume, massa, temperatura e pressão, e propriedades não mensuráveis diretamente,
como por exemplo: energia interna (u), entalpia (h) e entropia (s), sendo as duas últimas de
interesse para os sistemas de refrigeração.

• Estado termodinâmico: condição em que se encontra a substância, sendo caracterizado


pelas suas propriedades.

• Processo: mudança de estado de um sistema. Logo, representa qualquer mudança nas


propriedades da substância. Já a descrição de um processo típico envolve a especificação
dos estados de equilíbrio inicial e final.

• Cicio: processo ou uma série de processos em que o estado inicial e o estado final do sis-
tema, ou substância, coincidem.

• Substancia pura: qualquer substancia que tenha composição química invariável e homo-
gênea. Pode existir em mais de uma fase: sólida, liquida e gasosa, mas a sua composição
química é a mesma em qualquer uma das fases.

• Temperatura de saturação: designa a temperatura na qual se dá a vaporização de


uma substância pura, a uma dada pressão, a qual, por sua vez, é chamada “pressão de
saturação”.

• Líquido Saturado: se uma substância encontra-se como líquido à temperatura e pressão


de saturação, diz-se que ela está no estado de líquido saturado.

• Líquido Sub-resfriado: se a temperatura do líquido é menor que a temperatura de satu-


ração para a pressão existente, o líquido é chamado de líquido sub-resfriado ou líquido
comprimido.

• Título (x): quando uma substância se encontra parte líquida e parte vapor, na temperatu-
ra de saturação, a relação entre a massa de vapor e massa total é chamada de título.

• Vapor Saturado: se uma substância se encontra completamente como vapor na tempera-


tura de saturação, ela é chamada de “vapor saturado”.

• Vapor Superaquecido: quando o vapor está a uma temperatura maior que a temperatura
de saturação é chamada de “vapor superaquecido”.

• Entalpia (h): quando a pressão é constante em um processo, resultando u + Pv, chama-


mos essa propriedade termodinâmica de “entalpia”, representada pela letra h e dada ma-
tematicamente por:
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 125

h = u + pv
• Entropia (s): representa, segundo alguns autores, uma medida da desordem molecular da
substância ou, segundo outros, a medida da probabilidade de ocorrência de um dado esta-
do da substância.
• Fluidos Refrigerantes: para que haja a transferência de energia em forma de refrigeração é
necessária a utilização de um fluido refrigerante para executar essa tarefa.

A figura a seguir retrata a terminologia anteriormente definida para os diversos estados ter-
modinâmicos em que se pode encontrar uma substância pura. Observe!

P
P
P

T
VAPOR
LÍQUIDO LÍQUIDO T LÍQUIDO T
T < TSAT LÍQUIDO T=TSAT
SUB-RESFRIADO T < TSAT LÍQUIDO VAPOR ÚMIDO 0<x<1
SATURADO x=0
P P
P

T P T P T
VAPOR GÁS
VAPOR SUPERAQ.
SATURADO
Wendell Aguiar

T=TSAT VAPOR T=TSAT VAPOR T>>>TSAT


SATURADO x=1 SUPERAQUECIDO GÁS

Figura 40 - Representação dos estados termodinâmicos em que se pode encontrar uma substância pura
Fonte: SENAI/MG (2017).

Como sabemos, os sistemas de refrigeração trabalham em várias faixas de temperatura que


vão de 15ºC a -60ºC. Sendo assim, para atender essas demandas de forma mais eficaz, é neces-
sário utilizar o fluido mais eficiente para a faixa de temperatura que desejamos alcançar.
126 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

SAIBA MAIS

Para saber mais sobe os fluidos refrigerantes, acesse o material complementar disponível na
plataforma online.

A.1) TABELAS E DIAGRAMAS DE PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DOS FLUIDOS FRIGORÍFICOS

Antes de prosseguirmos para os tipos de refrigeração existentes, devemos saber como de-
terminar as propriedades termodinâmicas de uma substância. Essas propriedades podem ser
determinadas por meio da utilização de fórmulas ou tabelas.
Saiba que as tabelas estão disponíveis para todos os fluidos refrigerantes existentes e são
obtidas por meio de equações de estado. As tabelas de propriedades termodinâmicas estão
divididas em três categorias, sendo elas:
• Relaciona as propriedades do líquido comprimido (ou sub-resfriado);

• Relaciona as propriedades de saturação (líquido saturado e vapor saturado);

• Relaciona as propriedades de vapor superaquecido.

Uma das equações de estado mais simples e mais conhecida é aquela que relaciona as seguintes
propriedades termodinâmicas: pressão, volume específico e temperatura absoluta para o gás ideal,
sendo expressa por:

Pv = RT
Vale ressaltar que, em todas as tabelas, as propriedades são apresentadas em função da tem-
h ==hL
Pv RT+ x(hv - hL)
peratura ou da pressão ou em função de ambas. Para a região de líquido+vapor, conhecido o
título, as propriedades devem ser determinadas pelas equações:
v = vL + x(vv - vL)
h =shL
= sL + x(sv- hL)
+ x(hv - sL)
v = vL + x(vv - vL)
= sL=+Qx(sv
sCOP o
= - sL)
Energia Útil

Legenda:
Wc Energia Gasta

x = Título Q
h = Entalpia
8.792,5
Energia3,03
Útil
u = Energia interna COP = o
= = =
COP hl = Entalpia do líquido
ul = Energia interna do líquido hv = 2900
W Energia
Entalpia do Gasta
vapor
c
uV = Energia interna do vapor s = Entropia
v = Volume específico sl = Entropia do líquido
8.792,5
vl = Volume específico do líquidoCOP =
sv = Entropia do
2900
= vapor
3,03
vv = Volume específico do vapor
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 127

Nessas tabelas, para condições de saturação, basta conhecer apenas uma propriedade para
obter as demais. Já para as condições de vapor superaquecido, é necessário conhecer duas
propriedades, a fim de se obter as demais. Podemos representar também em diagramas de
Mollier, que utiliza como ordenada a pressão absoluta (P) e como abscissa a entalpia específica
(h), conforme a Figura 41:

P(kgf/cm2) C

VAPOR SATURADO

3 Tc CONDENSAÇÃO
2
Pc s2 = s 1

EXPANSÃO COMPRESSÃO

SUB ESFRIADO
EVAPORAÇAO

Po
4 To 1

Fábio Paiva Ribeiro


h3 = h 4 h1 h2 h

Figura 41 - Ciclo teórico de refrigeração por compressão de vapor


Fonte: SENAI/MG (2017).

B) TIPOS DE CICLOS DE REFRIGERAÇÃO

Prosseguindo os nossos estudos, devemos entender primeiro que a lei da termodinâmica es-
tabelece que a energia não pode ser criada nem destruída, mas somente transformadas entre
as várias formas de energia existentes.
Logo, nos sistemas de refrigeração, essas transformações de energia são feitas por meio da
transferência de calor. Essa transferência pode acontecer por meio da condução, da convecção
ou da radiação. Tendo em vista os sistemas de refrigeração, trabalharemos com dois tipos bá-
sicos: a refrigeração por compressão e a refrigeração por absorção de vapor.
Ao se introduzir um líquido em um vaso no qual existe vácuo e a temperatura das paredes é
constante, esse líquido se evaporará imediatamente. Sendo assim, você precisa compreender
que, no processo por compressão do vapor, o calor necessário para a mudança do estado lí-
quido para o gasoso é fornecido pelas paredes do vaso. Já no processo de absorção de vapor,
o calor latente é extraído dos lados do vaso.

A seguir, temos um passo a passo sobre como ocorre o processo de refrigeração por com-
pressão a vapor. Acompanhe!
128 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

1. Por meio do compressor, o refrigerante é submetido à compressão, resultando, assim,


como processo final, o vapor em alta temperatura e pressão.
2. Ao passar pelo condensador, o vapor passa por um processo de transferência de calor,
retornando ao estado de líquido saturado.
3. Após o condensador, ocorre à expansão do líquido no dispositivo de expansão, válvula
de expansão termostática ou em um tubo capilar, sendo submetido a um processo de
elevação gradual de temperatura e pressão, alcançando o estado de líquido + vapor.
4. No evaporador temos a transferência de calor ao líquido + vapor, com temperatura
constante, obtendo na saída o vapor seco.

Na figura a seguir, temos o ciclo teórico simples de refrigeração por compressão de


vapor. Observe!

QC
3 2

CONDENSADOR

LADO DE ALTA PRESSÃO


DISPOSITIVO
DE EXPANSÃO
LADO DE BAIXA PRESSÃO 1

4 WC

COMPRESSOR
Wendell Aguiar

EVAPORADOR
QO

Figura 42 - Esquema do sistema de refrigeração com os equipamentos básicos


Fonte: SENAI/MG (2017).

Em um ciclo de refrigeração, o objetivo é a remoção de calor do ambiente a ser refrigerado.


E, para sabermos a eficiência de uma instalação frigorífica, utilizamos o Coeficiente de Perfor-
mance (COP) do ciclo. Assim, seu COP é definido como sendo a razão entre o calor retirado e o
trabalho realizado.
Pv = RT
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 129

h = hL + x(hv - hL)
v = vL + x(vv - vL)
s = sL + x(sv - sL)
Saiba que o COP é dado pela equação que se segue:

Qo Energia Útil
COP = =
Wc Energia Gasta

Legenda: 8.792,5
COP = 2900
= 3,03

Qo = quantidade de calor, por unidade de tempo, retirada do meio que se quer resfriar (pro-
duto) por meio do evaporador do sistema frigorífico.
Wc = trabalho realizado para retirar o calor do meio ou produto.

Em teoria, o COP é função somente das propriedades do refrigerante, consequentemente,


das temperaturas de condensação e vaporização. Entretanto, o desempenho dependerá tam-
bém do compressor e dos demais equipamentos do sistema. Seguem abaixo algumas obser-

Pv = RT
vações importantes sobre esse sistema.

• Para cada 1ºC de redução de temperatura de condensação reduz o consumo de energia de


1,5 a 3,0% no sistema frigorífico.

• O subresfriamento deve ser utilizado somente para garantir a entrada de líquido no dispo-
h = hL + x(hv - hL)
sitivo de expansão, mantendo dessa forma a capacidade frigorífica do sistema, e não com o
objetivo de se obter ganho de desempenho.

v = vL + x(vv - vL)
• Manter o sistema superaquecido, de acordo com o limite de cada gás utilizado somente para
garantir a segurança e evitar entrada de líquido no compressor.

s = sL + x(sv - sL)
A seguir, temos um exemplo de como calcular o COP de um equipamento de refrigeração.
Acompanhe!

Calcule o COP de um equipamento de refrigeração cuja capacidade é 30.000 BTU/h (quanti-

Qo
dade de calor, por unidade de tempo, retirada do meio que se quer resfriar) e seu consumo em
1 hora é de 2.900 Wh (trabalho realizado para retirar o calor do meio). Saiba que 12.000BTU/h
Energia Útil
= 3.517 W. COP = =
Wc Energia Gasta
Resposta: por regra de 3 se 12.000 BTU/h = 3.517W, então 30.000 BTU/h = 8.792,5 W, sendo
assim, o COP será:

8.792,5
COP = 2900
= 3,03

DICAS

Saiba que quanto maior for o COP, mais eficiente será o equipamento de refrigeração!
130 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

B.2). REFRIGERAÇÃO POR ABSORÇÃO DE VAPOR

Neste sistema, o evaporador não é conectado a um compressor (em vermelho) e, sim, a outro
vaso chamado de “absorvedor”, conforme figura e fluxo a seguir:

QC QE

CONDENSADOR GERADOR

SOLUÇÃO DILUÍDA
VÁLVULA BOMBA
DE EXPANSÃO COMPRESSOR

EVAPORADOR ABSORVEDOR

Wendell Aguiar
QO QS

Figura 43 - Ciclo elementar de refrigeração por absorção. (Desenho do autor)


Fonte: SENAI/MG (2017).

Evaporador Condensador Gerador Absorvedor Evaporador

Esse sistema de resfriamento pode trabalhar com energia de baixa qualidade termodinâmica
em forma de calor como, por exemplo, vapor de exaustão e água quente à pressão elevada.
Teoricamente, é necessária apenas uma bomba para transportar a mistura portador-refrige-
rante do absorvedor, à baixa pressão, para o gerador, à alta pressão. O sistema de absorção
mais comumente usado na indústria é baseado nos pares (misturas binárias), por exemplo,
amônia e água (NH3-H2O).
Saiba, ainda, que esse sistema é usado para chillers de absorção utilizada em sistemas de co-
geração de energia. Os Chillers consistem em sistemas para resfriamento de água. A água gela-
da produzida por eles é utilizada com o objetivo de arrefecer o ar, produtos ou equipamentos,
conforme necessidade. Normalmente, sua capacidade de refrigeração é dada em TR (Tonelada
de Refrigeração) e 1 TR equivale a 12.000 BTU.

As características mais marcantes desse sistema são:

• Absorvem mais energia que sua produção frigorífica;


• Podem utilizar energia térmica em lugar da elétrica;
• Permitem maior variação de cargas;
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 131

• Permitem a recuperação do calor perdido no processo;

• São simples, silenciosas e sem vibração.

C) AR-CONDICIONADO

Após termos estudado sobre os sistemas de refrigeração, veremos agora sobre um dos com-
ponentes dos sistemas de climatização: ar-condicionado. Frequentemente, utilizamos a sigla
AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar-Condicionado) ou HVAC (do inglês Heating, ventilation and
air conditioning) para tratar de sistemas de climatização.
Saiba que o condicionamento de ar é um processo que visa ao controle simultâneo, num
ambiente delimitado, da pureza, da umidade, da temperatura e da movimentação do ar. Eles
são indispensáveis para aumentar o conforto e a produtividade em ambientes que manipulam
produtos inflamáveis ou tóxicos e, também, em ambiente de manufatura em que é necessário
termos o controle da umidade, da temperatura etc.
O sistema de ar-condicionado pode ser classificado quanto ao fluido que se emprega para
remoção do calor:
• Utilizando apenas ar;

• instalações ar-água;

• instalações apenas água;

• instalações de expansão direta.

A seguir, abordaremos os tipos de ar-condicionado, considerando o fluido que utilizam, ten-


do em vista a remoção do calor. Acompanhe!

• Instalações Apenas Ar

Essas instalações se caracterizam por baixo custo inicial, manutenção centralizada e, portan-
to, econômica, apresentando a possibilidade de funcionar com ar exterior durante as estações
intermediárias. A regulagem da temperatura ambiente (resfriamento) pode ser efetuada por
meio de um termostato ambiente, ou também, no ar de recirculação. O termostato pode atuar
sobre o fluido que chega à serpentina de resfriamento, sobre um “by-pass” da serpentina de
resfriamento, ou sobre uma serpentina de aquecimento. Em qualquer caso, a vazão de ar per-
manece constante.

• Instalações Ar-Água

Neste tipo de instalação, as condições dos ambientes condicionados são reguladas mediante
condicionadores de ar do tipo “fan-coil”. Os fan-coils são condicionadores de ar constituídos es-
sencialmente de um ventilador centrífugo, filtros, uma serpentina e uma bandeja de condensa-
do. As serpentinas dos condicionadores, de acordo com o tipo e funcionamento da instalação,
podem ser alimentadas com água quente ou com água fria.
132 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Instalações Apenas Água com “fan-coils”

Os equipamentos são alimentados por água fria durante a época de verão e por água quen-
te durante o inverno. É importante ressaltar que, nesse tipo de instalação, a geração do frio é
centralizada em chillers e o controle é feito individualmente em cada ambiente por fan-coils.

• Instalações tipo expansão direta

Essas instalações são compostas basicamente de dois modelos:

Ar-condicionado Tipo Janela: sistema de climatização mais simples em que todos os seus
componentes estão acoplados na mesma estrutura. O aquecimento é feito por resistências elé-
tricas. Geralmente, tem capacidade baixa entre 7.000 a 30.000 BTU/h. Esses equipamentos ocu-
pam pouco espaço, têm baixo custo de manutenção, pequena capacidade e maior nível de ruído.

Ar-condicionado tipo Splits: esses equipamentos possuem a unidade evaporadora sepa-


rada da unidade condensadora, sendo interligadas por tubulações. Logo, eles proporcionam
menor ruído no ambiente e capacidades superiores ao ar-condicionado tipo janela, chegando
até a 60.0000 BTU/h.

Para ambientes maiores, utiliza-se normalmente outro tipo de ar-condicionado cuja instala-
ção é do tipo expansão direta. Esse sistema é chamado sistema de “Self Contained” (condicio-
nadores autônomos). Nele, utilizam-se condicionadores de ar compactos ou divididos que en-
cerram em seus gabinetes todos os componentes necessários para efetuar o tratamento do ar.
Nesses equipamentos, também, se pode conectar uma rede de dutos de distribuição de ar
à baixa velocidade. Eles podem ser encontrados com capacidades variando entre 5 e 30 TR e,
geralmente, são instalados em grandes ambientes, por exemplo: teatros, salas de telemarke-
ting etc.
Os sistemas de ar-condicionado podem ser fabricados com sistema de partida com controle de
temperatura liga/desliga ou pelo sistema classificado atualmente como inverter (acionamento por
inversor de frequência), que permite uma melhor economia e controle de velocidade do sistema.
Veja, no quadro a seguir, uma comparação entre o ar-condicionado convencional e o ar-con-
dicionado inverter.

AR-CONDICIONADO CONVENCIONAL AR-CONDICIONADO INVERTER


Temperatura Oscila Mantém temperatura constante
Funciona com picos de energia Evita picos de energia
Circuito liga/desliga para climatização Circuito inteligente para climatização
Demora atingir temperatura Atinge temperatura mais rápida
Fábio Paiva Ribeiro

Jato de ar mais intenso Jato de ar mais suave e contínuo


Nível alto de ruído Nível baixo de ruído
Menos econômico Mais econômico

Quadro 15 - Comparativo entre o ar condicionado convencional e o ar condicionado inverter


Fonte: REIS, Mauricio Rodrigues dos, (2017)
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 133

Sabemos que a eficiência de um bom sistema de refrigeração ou climatização de grande por-


te dependerá de uma boa escolha do compressor. A seguir, daremos algumas dicas de como
fazer essa seleção de acordo com a sua necessidade. Acompanhe!

D) SELEÇÃO DE COMPRESSORES

Para se escolher um compressor, primeiro, é necessário saber qual será sua aplicação e con-
siderar, ainda, vários aspectos básicos, por exemplo: condições de operação, capacidade re-
querida e curva de carga.
Entre os compressores de maior potência, temos:
• Compressores Parafusos: podem ser classificados como parafuso simples ou parafuso du-
plo, sendo que sua capacidade de resfriamento está na faixa de 20 a 1.300 TR.
• Compressor de Palhetas: são divididos em palhetas simples e de múltiplas palhetas. Sua
eficiência mecânica é próxima de 87% quando ele está operando com uma relação de pres-
são de 3,5.
• Compressor Centrífugo: seus parâmetros são quase idênticos aos compressores parafuso.
Sua capacidade pode ser controlada por meio de variação da rotação.
• Compressores Scroll: Este equipamento proporciona maior eficiência, operação suave e
silenciosa, baixa variação de torque, além de custo de manutenção menor em relação aos
de parafusos.

+10ºC 0ºC -20ºC -40ºC


Nível de
Alta Média Baixa
temperatura

Tipo de
compressor SCROLL ALTERNATIVO

HERMÉTICO SEMI-HERMÉTICO
Tipo de
resfriamento

A AR REFRIGERANTE

Acionamento TRIFÁSICO MONOFÁSICO


Fábio Paiva Ribeiro

EFICIÊNCIA

Figura 44 - Seleção de Compressores de pequena capacidade (<5kW)


Fonte: SENAI/MG (2017)
134 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

6.6.2  IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM GERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E USO FINAL

Antes de qualquer coisa, é importante caracterizar o sistema de climatização e refrigeração ins-


talado na empresa em estudo. Essa caracterização é importante porque ela identificará os tipos
de compressores, os fluidos refrigerantes, as válvulas, os condensadores, acumuladores etc.
Sistema de Geração de Frio: composto pelos equipamentos responsáveis pela produção
de um fluido à baixa temperatura. Esse fluido, por sua vez, remove o calor dos produtos ou
do ambiente. Destacamos que esse sistema é composto por compressores, condensadores,
dispositivos de expansão e evaporadores.
Sistema de Distribuição: responsável pelo transporte e distribuição do fluido à baixa tempe-
ratura, produzido pela geração, até a utilização.
A seguir, veremos algumas oportunidades de eficientização em sistema de geração, distribui-
ção e uso final de frio.
Fique atento às oportunidades relacionadas à inexistência de termostato ou pressostato ou
temperaturas muito abaixo do necessário ao armazenamento de determinados produtos. Há
um potencial interessante de economia de energia elétrica nessas situações. Acompanhe.
Os equipamentos de geração de frio são projetados para operarem em média 16 a 18 horas
para cada ciclo de 24 horas, ou seja, no máximo 75 % do tempo. Quando faltarem acessórios
de controle (termostato ou pressostato), você observará que os equipamentos de refrigeração
funcionarão continuamente desperdiçando energia elétrica. Nessas situações, você poderá cal-
cular as perdas por meio da fórmula abaixo:

Pit = 6 * Cm kWh
24 mês ( )
Legenda:
Cm é o consumo médio (kWh/mês) dos motores dos equipamentos de refrigeração.
Já nos casos em que a temperatura está abaixo do necessário, você poderá calcular o desper-
dício de energia por meio da seguinte fórmula:

ρ •
Perdas = V * ar * CPar * ∆T * Cm
Qo
Legenda:
Qo = Capacidade de refrigeração do compressor [kcal/h]
V = Vazão dos forçadores de ar das câmaras frias [m³/h]
ρar = massa específica do ar nas CNTP (0°C e 1 atm) cujo valor é 1,293
Cpar = calor específico do ar cujo valor é 0,24 [kcal/kg°C]
ΔT = diferença entre a temperatura recomendada e a temperatura medida.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 135

A) OPORTUNIDADES DE MELHORIA NA DISTRIBUIÇÃO DE FRIO

• Utilizar isolamento eficiente em tubulações e tanques;


• Eliminar o vazamento de fluido refrigerante;
• Dimensionar corretamente as linhas de sucção;
• Dimensionar corretamente as linhas de descarga;
• Trocar periodicamente os filtros secadores.

B) OPORTUNIDADE DE MELHORIA NA GERAÇÃO DE FRIO

• Facilitar a circulação por meio da utilização dos evaporadores;


• Remover ou ajustar para valores mínimos os reguladores de pressão;
• Instalar separadores de óleo e dimensionar corretamente as linhas de sucção;
• Manter as superfícies de transferência de calor limpas;
• Não instalar condensadores em locais sujeitos à radiação solar direta ou próximos de fontes
de calor;
• Facilitar a circulação de ar por meio da utilização dos condensadores;
• Promover a remoção periódica de ar e gases não condensáveis do interior do sistema;
• Adotar válvulas de expansão eletrônicas;
• Instalar superfície adicional de transferência de calor no condensador ou na sua saída;
• Sempre que possível, utilizar condensadores evaporativos;
• Evitar que a instalação opere em condições de carga parcial;
• Utilizar compressores parafuso com controle de rotação;
• Utilizar controle de rotação nos ventiladores dos condensadores e torre de resfriamento;
• Promover o intertravamento entre ventilador da torre, compressor e bomba;
• Eliminar vazamentos do sistema de condensação.

C) OPORTUNIDADE DE MELHORIA NO USO FINAL DE FRIO

• Promover o correto isolamento das câmaras e dos equipamentos refrigerados, valorizando


as barreiras de vapor;
• Reparar e eliminar todos os vazamentos de ar nas câmaras frigoríficas;
• Promover o correto isolamento das câmaras e dos equipamentos refrigerados, valorizando
as barreiras de vapor;
136 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Reparar e eliminar todos os vazamentos de ar nas câmaras frigoríficas;


• Instalar cortinas plásticas (PVC) ou cortinas de ar na porta da câmara frigorífica;
• Desligar os ventiladores dos evaporadores quando não estiverem sendo utilizados;
• Adotar ventiladores eficientes, associados a motores de alto rendimento para os evapora-
dores;
• Controlar a rotação dos motores dos ventiladores;
• Utilizar sistema de iluminação eficiente com controle automático;
• Utilizar sistema de controle automático para o sistema anticondensação superficial;
• Instalar e/ou manter regulados os termostatos das câmaras;
• Desligar os equipamentos existentes no interior das câmaras quando não estiverem sendo
utilizados;
• Aperfeiçoar os ciclos de degelo e/ou instalar controle automático.
É importante destacar que uma forma de economia, tanto no dimensionamento quanto no
uso de equipamento, é o processo de termoacumulação de energia (frio). Saiba que esse pro-
cesso gera e acumula frio, nos momentos de baixo consumo, para que ele seja reutilizado nos
momentos de alto consumo. Sendo assim, nessa situação, podemos utilizar equipamentos de
menor potência.
Sabemos, também, que o sistema de ar-condicionado no período de verão é o maior respon-
sável pela ocorrência de aumento de demanda de energia elétrica em instalações comerciais.
Nos momentos de alta temperatura, quando o ar-condicionado é mais necessário, para manter
temperaturas confortáveis, temos também o aumento da demanda de energia de outras car-
gas existentes na instalação, tais como: iluminação, equipamentos, computadores.
Logo, esse aumento de demanda de energia em horários de pico de calor ou no horário de
ponta exige o aumento de fontes adicionais de energia por parte das concessionárias de ener-
gia. Além disso, a energia elétrica consumida, durante o horário de ponta, tem uma tarifa maior
que a tarifa no horário fora de ponta.
Sendo assim, a armazenagem de frio, ou seja, a termoacumulação consiste, também, em
um método para deslocamento dos horários de ponta de carga, ou ainda, para nivelamento
da carga, que reduz a demanda, transferindo o consumo de energia do horário de ponta para
um horário fora de ponta. Esse processo, consequentemente, reduz os custos de energia e de
despesas com a instalação de mais equipamentos visando ao atendimento da demanda.
É importante você saber, ainda, que a termoacumulação proporciona a redução de custos de
projeto e possibilita o uso de equipamentos com capacidade média, operando 24 horas por
dia, em vez de máquinas com capacidade integral para atender aos picos.
Na Figura 45, temos um sistema de refrigeração que necessita de 100 TR. Já na Figura 46,
temos um sistema de refrigeração com termoacumulador que necessita de 60TR. Compare!
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 137

TR
120
100
80
60
TR
40
20
0

Wendell Aguiar
01:00

03:00

05:00

07:00

09:00

11:00

13:00

15:00

17:00

19:00

21:00

23:00
Figura 45 - Gráfico de carga de refrigeração de 100TR sem termoacumulador
Fonte: SENAI/MG (2017).

TR
70
60
50
40
30 TR
20
10
0 Wendell Aguiar
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:00
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00
00:00

Figura 46 - Gráfico de carga de sistema de 100 TR com termoacumulador


Fonte: SENAI/MG (2017).

Tendo em vista as Figuras 45 e 46, podemos concluir que a instalação do termoacumulador


proporcionou a redução de custos com produção no horário fora de ponta e possibilitou o uso
de um equipamento de menor porte.
Por fim, é importante destacarmos que o uso racional da energia elétrica na refrigeração vai
desde a fase de projeto, especificando o equipamento adequado e mais econômico, passa pela
distribuição até chegar ao uso adequado da refrigeração.
Seguem alguns aspectos que precisam ser considerados, visando ao uso racional do sistema
de refrigeração:
• Ajuste inadequado da temperatura das câmaras e freezers;
• Falta de automatização do sistema que permite funcionamento em cascata ou desligamento
no horário de ponta;
• Uso de iluminação inadequada ou falta de sensor de presença para desligá-la;
138 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Isolamento inadequado ou incidência direta de raios solares ou ventilação direta ocasionan-


do perda de frio com o ambiente;
• Isolamento inadequado das portas e falta de cortina para evitar perda de frio;
• Armazenagens inadequadas de alimentos com excesso de produto que dificulta circulação
de ar ou subutilização;
• Instalação de câmaras e balcões perto de cargas térmicas.

Seguem, também, algumas dicas visando ao uso racional do sistema de refrigeração:

• Balcões e ilhas devem ser cobertos ou fechados à noite ou até mesmo desligar no horário
noturno quando as características do produto e/ou operacionais permitirem;
• Manter o evaporador limpo e sem acúmulo de gelo com válvulas termostáticas reguladas e
tubulações isoladas;
• Instalar controle de velocidade nos compressores parafuso e ventiladores;
• Manter as superfícies de transferências de calor limpas;
• Utilizar isolamento eficiente em tubulações;
• Adotar motores eficientes em ventiladores e compressores;
• Automatizar torre e intertravar o sistema dela com as bombas e compressores;
• Eliminar vazamentos no sistema.

6.7  SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO


Iniciaremos nossos estudos sobre o ar comprimido. Saiba que ele é uma fonte de energia
largamente utilizada na indústria e possui características que permitem seu uso nos mais di-
versos segmentos, do alimentício ao petrolífero. Além disso, o ar comprimido é ideal para a
realização de trabalhos de alta repetitividade e velocidade. Sua produção, por sua vez, está
diretamente relacionada ao consumo de energia elétrica e suas perdas, também, resultam em
perdas de eletricidade. A seguir, veremos conceitos que são fundamentais para que você possa
compreender o funcionamento de um sistema de ar comprimido. Acompanhe!

6.7.1  CONCEITOS BÁSICOS

Os processos que envolvem o ar comprimido: geração, tratamento, distribuição e consumo de-


vem ser eficientes, buscando a otimização do uso da energia. Para tanto, os profissionais envolvi-
dos nesses processos devem possuir e aplicar seus conhecimentos visando às melhores práticas.
É importante você saber que o ar, em seu estado natural, não possui potencial para rea-
lizar trabalho. Para tanto, faz-se necessário energizá-lo por meio do aumento da pressão.
E, para fornecer essa energia ao ar, são utilizadas máquinas termodinâmicas chamadas de
compressores.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 139

Após comprimido, o ar poderá ser transportado por meio de dutos e realizar trabalho em
outros locais. A pneumática é a área da engenharia que se ocupa do ar comprimido e de suas
técnicas de controle. Todos os processos, desde a geração até a própria utilização do ar com-
primido, promovem perdas de energia. Essas perdas de energia, por sua vez, são atribuídas a
diversos fatores, sendo que os principais estão relacionados na figura a seguir.

Perda por
Perda vazamento de ar
de calor de
compressão
84%
5%

Perda por
queda de
pressão
2%

Perda nas

Fábio Paiva Ribeiro


aplicações
9% de uso final

Figura 47 - Perdas características de sistemas de ar comprimido


Fonte: ROCHA, Newton Ribeiro, 2005.

Agora, vamos conhecer melhor os processos relacionados à utilização do ar comprimido.


Acompanhe!

6.7.2  SISTEMAS DE GERAÇÃO DE AR COMPRIMIDO

Os sistemas de geração são compostos por vários subsistemas, tais como: compressores, mo-
tores, acionamentos, equipamentos para o tratamento do ar e reservatório. Logo, o componente
responsável por captar o ar ambiente e elevar sua pressão é o compressor. A regulagem dos parâ-
metros é feita pelos controles e são retiradas as contaminações do ar por meio de seu tratamento.
O rendimento global dos sistemas de geração de ar comprimido pode ser calculado a partir
da relação entre a energia elétrica consumida pela energia presente no ar comprimido. Ou ain-
da, utilizar o indicador de consumo específico que relaciona o consumo de eletricidade (kWh) à
vazão de ar comprimido (m3/h).
O principal elemento da geração de ar comprimido é o compressor. Saiba que existem diver-
sos tipos de compressores com características muito distintas. Cada compressor tem melhor
aplicação à determinada faixa de pressão e vazão. Sendo assim, a escolha do compressor é
determinante para se obterem os melhores custos durante sua vida útil.
140 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

O item que mais impacta nesse custo é o consumo de energia, em torno de 76% dos custos,
e o custo inicial de aquisição e instalação gira em torno dos 12%. A tabela a seguir apresenta
os tipos de compressores e suas faixas de aplicação. É importante ressaltar que essas faixas
sofrem constantes alterações pela evolução das tecnologias aplicadas e pela busca constante
da evolução pelos fabricantes de equipamentos.

P2 MAX (kPa)
VAZÃO ASPIRADA P2 / P1 Max
COMPRESSOR PRESSÃO DE
(m³/min) TAXA DE COMPRESSÃO
DESCARGA
250000
Alternativo Até 250 4,0 (por cilindro)
ou mais

Palhetas 2 a 80 900 4,0 (por carcaça)

Parafusos 10 a 700 4500 4,0 (por carcaça)

10,0 (por carcaça de


Centrífugos 50 a 2800 70000
múltiplos estágios)

Fábio Paiva Ribeiro


6,0 (por carcaça de
Axiais 1500 a 25000 1000
múltiplos estágios)

Tabela 34 - Tipos de compressores e suas aplicações


Fonte: ROCHA, Newton Ribeiro, 2005.

ATENÇÃO

A escolha do compressor não deve ser pautada apenas por seu custo de aquisição. Outras carac-
terísticas devem ser consideradas, tais como: custos de manutenção e o nível de pureza que se
deseja obter para o ar, entre outras.

Assim como devemos escolher o melhor tipo de compressor para cada processo, também é
fundamental considerarmos o correto dimensionamento do compressor, visando garantir sua
máxima eficiência. Uma medida de aumento de eficiência que deve ser avaliada é a troca de
compressores definidos como inadequados para as faixas de operação.
Contudo, antes de recomendar a substituição de um compressor, devemos calcular as
relações de custo e consumo, considerando o investimento necessário e tempo de retorno
do investimento.
Outras medidas, além da escolha adequada do compressor, podem contribuir para o aumen-
to da eficiência na geração de ar comprimido. É o que veremos a seguir.
A temperatura do ar aspirado é fator preponderante, quanto menor a temperatura do ar
ambiente aspirado pelo compressor, menor será a energia gasta para comprimi-lo. Isso ocorre
devido ao aumento da massa específica do ar com a diminuição da temperatura. Com relação
a essa eficiência, podem-se aproximar os valores de aumento de 1% do consumo específico
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 141

para cada aumento de 4°C de temperatura e redução de 1% do consumo específico para cada
redução de 3°C de temperatura, considerando uma temperatura ambiente de 21°C. A tabela a
seguir demonstra tais valores.

TEMPERATURA DO POTÊNCIA ECONOMIZADA


AR DE ASPIRAÇÃO OU INCREMENTADA
(°C) Temperatura de referência 21°c

-1,0 7,5% (Economizado)

4,0 5,7% (economizado)

10,0 3,8% (economizado)

16,0 1,9%(economizado)

21,0 00

27,0 1,9% (incrementado)

32,0 3,8% (incrementado)

38,0 5,7% (incrementado)

Fábio Paiva Ribeiro


43,0 7,6% (incrementado)

49,0 9,5% (incrementado)

Tabela 35 - Variação do consumo com a temperatura de aspiração


Fonte: ROCHA, Carlos Roberto; GUIMARÃES, Marco Aurélio, 2005.

Veremos a seguir um exemplo de economia obtida a partir da redução da temperatura do ar


aspirado. Acompanhe!
Um compressor do tipo parafuso aspira ar do interior da casa de máquinas a 43°C. A tem-
peratura ambiente no exterior da casa de máquinas é de 27°C. Para reduzir o consumo de
energia elétrica, foi proposta a instalação de um duto para aspiração do ar no exterior da casa
de máquinas.
De acordo com a Tabela 34, o consumo de energia incrementado pela aspiração do ar a 43°C
é de 7,6% e, na temperatura ambiente, de 27°C é de 1,9%. O potencial de economia é calculado
pela diferença entre os incrementos de consumo: 7,6 – 1,9 = 5,7%. Isso representa uma econo-
mia de 5,7% do consumo atual.
O motor elétrico utilizado é de 150 CV, cuja potência de trabalho média, em regime de com-
pressão, é de 93 kW, e o ciclo de trabalho opera 11 horas por dia e 26 dias por mês de com-
pressão efetiva. O consumo mensal do compressor, por sua vez, era, até então, de 26.598 kWh/
mês. Esse consumo é calculado pelo produto da potência média em regime de trabalho e do
número de horas em operação por mês.
A redução de 5,7% proporciona uma economia de 1516 kWh/mês. Se o custo médio da ener-
gia é R$ 0,40/kWh, a economia obtida pela redução da temperatura do ar aspirado será de R$
606,43/mês ou R$ 7.227,21/ano.
142 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

A sujeira no filtro de aspiração é outro fator que prejudica o rendimento dos compressores.
Devem-se manter procedimentos de limpeza e troca dos filtros como manutenção periódica
realizada de forma sistêmica. Da mesma forma, a troca de óleo dos compressores deve ser
realizada de acordo com as recomendações do fabricante e o uso de óleos sintéticos pode pro-
porcionar uma redução de até 5% do consumo de energia.
A pressão de trabalho é um fator importante para o correto funcionamento dos elementos
de uso final pneumáticos e deve ser regulada de acordo com as recomendações do fabricante.
Muitos sistemas utilizam diferentes níveis de pressão de trabalho e a regulagem é geralmente
realizada por válvulas redutoras.
Esse processo provoca grande perda, pois se gastou certa quantidade de energia para elevar
a pressão, que será reduzida sem realizar trabalho algum. Logo, em muitos casos, torna-se eco-
nômico utilizar compressores de diferentes pressões e vazões para atender aos subsistemas
com diferentes solicitações de operação.
A pressão de trabalho deve ser regulada no menor valor que atenda aos requisitos dos equi-
pamentos consumidores, considerando as perdas da transmissão. Esse ajuste é realizado na
pressão de desarme do pressostato de controle liga/desliga. Se regulado com valores acima da
pressão de trabalho da linha, fará com que o compressor permaneça ligado por mais tempo
que o necessário, consumindo mais energia.
A tabela a seguir mostra as relações entre a potência requerida para comprimir o ar em um
estágio de compressão e a pressão de desarme. Relaciona, também, os consumos específicos
médios, considerando as condições recomendadas em projeto, no qual o ajuste do desarme
considera no máximo 0,8 bar acima da pressão de trabalho. Observe!

PRESSÃO DE DESARME POTÊNCIA REQUERIDA POR CONSUMO ESPECÍFICO


IDEAL OU AJUSTADA bar UNIDADE DE VAZÃO cv/m3/min kWh/m3
0,70 1,29 0,0160
1,75 2,65 0,0320
3,50 4,25 0,0520
5,60 5,7 0,0700
Fábio Paiva Ribeiro

7,00 6,49 0,0800


10,50 8,02 0,0980
14,00 9,28 0,114

Tabela 36 - Variação do consumo com a pressão de desarme


Fonte: ROCHA, Carlos Roberto; GUIMARÃES, Marco Aurélio, 2005

O correto dimensionamento das tubulações de acessórios pode minimizar as perdas de car-


ga ao longo da linha e promover uma redução do consumo de energia. Saiba que 80% da ener-
gia gasta no processo de compressão é transformada em calor. Nos setores industriais, onde
estão presentes os processos de geração de ar comprimido e também de geração de calor, é
possível direcionar a energia perdida nos compressores para este outro sistema.
Dessa forma, é possível recuperar a energia térmica anteriormente dissipada para o ambien-
te. Muitos compressores possuem sistemas de refrigeração (cooler) a ar ou à água, em que se
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 143

encontram, além da possibilidade de recuperação do calor, uma possível redução do consumo


energético para a própria refrigeração.
Saiba, ainda, que existem diversos métodos de controle para sistemas de ar comprimido.
Esses métodos se tornam mais complexos na medida do aumento das variações de demanda
dos usos finais. Sistemas com necessidade de ar comprimido constante são mais facilmente
gerenciáveis, assim como podem ser compostos por único compressor e manter níveis desejá-
veis de eficiência. Já os sistemas com grande variação de demanda de ar comprimido ao longo
do tempo, ou com necessidade de níveis distintos de pressão de trabalho, exigem métodos de
controle mais complexos. Agora, estudaremos esses métodos.
• Controle por cascata de compressores: é o método mais comum. Ele opera acionando, se-
paradamente, os compressores, de acordo com os pontos mínimos e máximos de operação
predefinidos para cada compressor. O número de compressores em operação é proporcio-
nal à demanda por ar dos usos finais.

ATENÇÃO

No sistema de controle por cascata, é recomendado o uso de no máximo quatro compressores.

• Controle carga/vazio ou carga/alívio: mantém o motor ligado, mesmo quando a demanda


por ar comprimido é zerada, ou seja, o motor opera a vazio nesses períodos. Isso se faz ne-
cessário, pois os motores utilizados não possuem frequência de acionamento (liga/desliga)
capaz de suprir as necessidades de ar, mantendo uma faixa estreita de variação de pressão.
Logo, para se garantir o perfeito funcionamento do sistema e a vida útil do motor, depois de
atingida a pressão máxima, uma válvula interna é aberta direcionando a vazão de ar para a
atmosfera e não realizando a compressão. Nesse período, o motor consome cerca de 20%
da energia à plena carga, mas sem realizar trabalho algum.

• Conversores de frequência: apresentam como solução para aplicações em que a variação


de demanda é alta. Nesse método de controle, a velocidade do motor é proporcional à ne-
cessidade de ar comprimido dos usos finais. Como o rendimento do motor também é redu-
zido com a variação da velocidade, o uso de conversores de frequência deve ser estudado
caso a caso. Se aplicados em sistemas inadequados, esses conversores podem provocar o
aumento do consumo de energia, além de terem efeito negativo como medida para eficiên-
cia energética.

• Método de controle On/Off: é geralmente utilizado em sistemas de baixa demanda em que


os compressores de baixa capacidade poderão permanecer desligados por período de tem-
po considerável sem comprometer o fornecimento de ar comprimido. Nesse método, uma
faixa de pressão é regulada para a carga do compressor e o reservatório suprirá a demanda
de ar no período em que o compressor permanece desligado.
144 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

ATENÇÃO

É importante comparar constantemente a frequência de operação recomendada pelo fabricante


do motor com a frequência real, garantindo durabilidade do equipamento. Os vazamentos de-
vem ser monitorados regularmente, pois aumentam a frequência de operações do compressor.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre os sistemas de controle e eficiência energética para redes de ar com-
primido, leia o livro: ROCHA, N.R. Eficiência energética em sistemas de ar comprimido. Rio de
Janeiro: Eletrobrás; Procel, 2005. 208 p., disponível em http://www.procelinfo.com.br/main.
asp?View=%7B5A08CAF0-06D1-4FFE-B33595D83F8DFB98%7D&Team=&params=itemID=%7B-
B0B7D12D-40B4-442A-A3DF-0A810A985863%7D;&UIPartUID=%7B05734935-6950-4E3F-A-
182-629352E9EB18%7D

6.7.3  SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE AR COMPRIMIDO

Agora que você já aprendeu sobre os sistemas de geração do ar comprimido, estudaremos os


sistemas de distribuição do ar comprimido. Saiba que esses sistemas são responsáveis por levar
o ar comprimido dos elementos de geração aos elementos de consumo. Nesse processo, ocor-
rem perdas energéticas decorrentes especialmente das quedas de pressão e dos vazamentos.
Os projetos de linhas de distribuição utilizam, como limites recomendados, as perdas de 0,3
bar ou 5% da pressão de trabalho. Diversos fatores podem elevar essa perda, por exemplo,
as alterações no traçado ou inserção de novos pontos de consumo. Essas quedas de pressão,
por sua vez, provocam o mau funcionamento dos equipamentos. Observa-se, também, que
muitas empresas adotam o aumento do ajuste de pressão como medida para corrigir essas
falhas. Essa medida não é adequada, pois proporciona maiores perdas e, consequentemente,
aumento do consumo de energia elétrica.
As perdas ligadas à queda de pressão são provocadas por acessórios de rede, por exemplo:
curvas, válvulas, filtros etc., e pelo mau dimensionamento das tubulações. Vale ressaltar que a
queda de pressão pode ocasionar a perda de potência nos equipamentos ou são compensadas
pelo aumento da pressão de desarme do pressostato. A cada aumento de 0,25 bar, necessário
para compensar as perdas de carga, é consumida 1,5% a mais de potência o compressor.
Para minimizar essas perdas, precisamos fazer uma escolha adequada no que diz respeito
aos acessórios, além de realizar dimensionamento correto da tubulação. Recomenda-se, ainda,
que a linha principal utilize um fechamento em anel, o que reduz as distâncias entre os pontos
de consumo e o compressor, gerando, assim, uma velocidade de deslocamento do ar reduzida,
o que contribui para a diminuição das perdas.
As quedas de pressão podem ser observadas a partir da instalação de um manômetro junto
aos elementos de consumo. É importante destacar que podem existir variações entre um equi-
pamento e outro, em virtude das distâncias ou número maior de acessórios nos percursos do ar.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 145

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre dimensionamento de sistemas de ar comprimido, leia a dissertação: “Di-
mensionamento De Um Sistema De Ar Comprimido Para Uma Empresa De Pequeno Porte” – eng
mec Eduardo Bortolin. Disponível em: http://www.fahor.com.br/publicacoes/TFC/EngMec/2014/
Eduardo_Bortolin.pdf

Outro fator que contribui para perdas significativas em muitas empresas é a presença de va-
zamentos de ar comprimido. Esses vazamentos ocorrem, normalmente, por manutenção ina-
dequada ou a falta dela. Em muitos casos, esses vazamentos são ignorados pelos funcionários
e podem atingir valores representativos no consumo de energia.
Saiba que a ocorrência de vazamentos é maior nas conexões soldadas, rosqueadas ou flan-
geadas. Isso ocorre pelo desgaste das vedações ou por corrosão. Além disso, o uso de manguei-
ras e tubulações de material não adequado é outra causa para os vazamentos. As conexões
rápidas, geralmente utilizadas no ligamento das ferramentas às linhas de ar, sofrem desgastes
e são pontos de vazamento com o passar do tempo.
Logo, tendo em vista esses fatores que contribuem para o vazamento do ar comprimido e
que, consequentemente, contribuem para as perdas energéticas, é fundamental a realização
de inspeções e de manutenções periódicas, com o objetivo detectar e corrigir pequenas falhas.
As inspeções podem utilizar aparelhos ultrassônicos capazes de detectar os menores furos.
E como podemos calcular a vazão de ar perdido em um furo? Para isso, podemos utilizar a
pressão da linha e pelo diâmetro do furo. Assim, é necessário realizar um levantamento dos
furos e vazamentos para definir as prioridades para atuação. Todavia, essa análise é demorada
e, por isso, apresentaremos outro método utilizado para estimar o vazamento total do sistema.
Acompanhe!
Para realizar tal procedimento, a instalação deve atender alguns pré-requisitos:
• A instalação consumidora de ar comprimido deverá estar fora de operação, ou seja, os equi-
pamentos consumidores devem estar ligados normalmente à rede, porém inoperantes.
• Caso exista na instalação mais de um compressor para alimentar a rede, dá-se preferência
ao de menor porte. Todas as características do compressor devem ser conhecidas, principal-
mente, a vazão que pode produzir.
• O manômetro instalado na rede ou no reservatório deverá estar funcionando perfeitamente
e, se possível, calibrado.
• São necessários dois cronômetros.
• Utilizar os mesmos níveis de pressão que estiverem ajustados no pressostato de controle e
certificar-se de que esteja funcionando perfeitamente.
Atendidos esses pré-requisitos, realizaremos os seguintes passos:
• Ligar, manualmente, o compressor que será usado no teste, colocando-o em carga até que
a pressão da rede atinja o valor de desarme.
146 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Quando ocorrer o desarme (alívio), acionar o primeiro cronômetro, deixando-o funcionar


durante todo o teste.
• Assim que a pressão da linha cair e o compressor religar e entrar em regime de compressão,
acionar o outro cronômetro, o qual deverá ser parado logo que novamente for atingida a
pressão de desligamento.
• Essa rotina deverá ser repetida, pelo menos, cinco vezes, para se obter uma maior precisão
dos resultados.
• Ao final da última repetição do teste, ambos os cronômetros devem ser desligados.

t1

t1 t2 t3 t4 t5

Fábio Paiva Ribeiro


CARGA

CARGA

CARGA

CARGA

CARGA

Figura 48 - Medição dos tempos de carga e alívio do compressor para mensuração dos vazamentos.
Fonte: ROCHA, Newton Ribeiro, 2005.

Saiba que esse teste nos fornece informações para se calcular a vazão de ar que atravessa
os orifícios da instalação que é, aproximadamente, igual ao volume de ar deslocado pelo com-
pressor no período. Para calcular os vazamentos, aplica-se a seguinte equação:

Q vaz X T = Q comp X t

Q vaz = Q comp X t
T
Legenda:
Qcomp = capacidade nominal de produção do compressor usado no teste (m3/min);
T = tempo total (alivio + compressão) registrado no primeiro cronômetro (min);
Qvaz = vazão atribuída aos vazamentos (m3/min);
t = tempos do compressor em carga (compressão) registrado pelo segundo cronômetro.
A partir da vazão atribuída aos vazamentos Qvaz , é possível obter o percentual de perdas pela
equação:
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 147

% perda = Q vaz X 100


Q global
Legenda:
Qglobal: soma das vazões de todos os compressores que operam de forma simultânea.
Esse percentual é aplicável ao consumo de energia elétrica. Logo, podemos estimar a perda
em kWh a partir de medições do consumo dos motores de todos os compressores analisa-
dos. Tendo em mãos os custos específicos, R$/kWh, calculam-se as perdas financeiras com
os vazamentos.
A seguir, veja um exemplo de economia obtida a partir da eliminação de vazamentos:
Um compressor, do tipo pistão duplo estágio de compressão, é aplicado a um sistema de con-
sumo em que foram detectados múltiplos pontos de vazamento. Foi proposta pela auditoria da
empresa uma ação de manutenção corretiva e a elaboração de um cronograma para eliminar
os vazamentos e manter as condições das instalações em bom estado.
Para estimar a economia a ser obtida com a ação, realizaram-se medições do consumo
específico de energia do compressor (0,758 kWh/m3), assim como do tempo de carga (1,15
min) e descarga (17,08 min) com a planta produtiva parada, em que os únicos elementos de
consumo são os vazamentos. A placa de dados do compressor nos informa sua capacidade
de 566 l/min.
Pela aplicação da equação “Qvaz = (Qcomp x t) / T”, calculou-se o vazamento de ar comprimi-
do em 35,70 l/min ou 2,14 m3/h.
Dado o consumo específico e o período de utilização do compressor de 8 h/dia e 22 dias/mês,
temos que, se eliminados 100% dos vazamentos, a economia gerada será de 285,82 kWh/mês.
Se o custo da energia nessa empresa é de R$ 0,40/kWh, a economia será de R$ 114,32/mês e
R$ 1.371,94/ano.

6.7.4  USOS FINAIS DE AR COMPRIMIDO

Você estudará agora os usos finais de ar comprimido. Logo, as ações de melhoria do consu-
mo de energia relacionada aos usos finais devem ser priorizadas em relação às demais, pois
podem potencializar as ações sobre os sistemas de geração e distribuição.
O desperdício de ar comprimido nos usos finais pode estar ligado ao uso em aplica-
ções desnecessárias ou pela não adoção de boas práticas nos sistemas pneumáticos.
Para adotar medidas de redução do consumo, é necessário conhecer as necessidades
de ar de cada elemento consumidor, em termos de qualidade, vazão e pressão. Tam-
bém, é necessário conhecer o perfil de carga, pois sistemas que apresentam grandes
variações de demanda de ar comprimido devem operar de forma eficiente quando a
demanda for parcial.
O ar comprimido é um dos insumos industriais mais caros e deve ser evitado sempre que
houver uma maneira energeticamente mais eficiente de se realizar o trabalho. Processos,
148 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

como limpeza, secagem, resfriamento, mistura, bombeamento, entre outros operados a ar,
devem ser, sempre que possível, convertidos para acionamentos elétricos ou mecânicos
mais eficientes.
É importante destacar que equipamentos que permaneçam desligados por qualquer período
de tempo, mas, conectados à linha de ar, devem possuir válvulas solenoides automáticas, de
forma a desligar o suprimento de ar nas paradas. Equipamentos desativados devem ser desco-
nectados da rede de ar comprimido. Toda aplicação consumidora de ar comprimido substituí-
do gera uma economia igual ou próxima ao seu consumo.
Os níveis de pressão exigidos pelas aplicações de uso final devem ser revisados frequente-
mente, observando se equipamentos de diferentes fabricantes ou modelos possuem os mes-
mos requisitos. Agrupar equipamentos com requisitos idênticos facilita o gerenciamento e con-
trole do consumo. Não adotar a pressão máxima permitida como pressão de trabalho, avaliar
e, sempre que possível, eliminar aplicações que demandem altas pressões, mantendo os níveis
da rede de ar o mais baixo o possível.
O estado de conservação das ferramentas e aplicações pneumáticas afeta diretamente seu
consumo.

DICAS

Está disponível no site do PROCEL uma planilha eletrônica, chamada E3AC, que permite calcular as
perdas em sistemas de ar comprimido, fornecendo os resultados em energia e custo das perdas.
Disponível em: http://www.procelinfo.com.br/main.asp?View=%7BA6340DFB-8A42-41FC-A79D-
B43A839B00E9%7D&Team=&params=itemID=%7B2858421F-0EFD-4B5E-9326-44119AAE4D4C%-
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6.8  – SISTEMAS DE VENTILAÇÃO E EXAUSTÃO

Vamos estudar agora os sistemas de ventilação e exaustão. É importante você saber que a
ventilação e exaustão são operações realizadas por meios mecânicos que visam o controle de
variáveis, como temperatura e umidade, funcionamento de máquinas, distribuição do ar e eli-
minação de agentes nocivos à saúde, como gases, vapores, poeiras, névoas, micro-organismos
e odores. Esse ar poluído, ao ser removido por meio de sistema de exaustão, será tratado e
entregue à atmosfera sem qualquer risco de poluição ambiental.
A fim de compreendermos esses sistemas, apresentaremos a você alguns conceitos, os ti-
pos e o comportamento dos ventiladores operando com rotação constante e variável, com o
objetivo de subsidiá-lo para as análises de economia de energia em sistemas de ventilação e
exaustão. Acompanhe!
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 149

6.8.1  CONCEITOS BÁSICOS

Difusores de saída

Trocador de calor

Abafador de ruido
Filtro

Acoplamento

Wendell Aguiar
Captação de ar
Ventilador centrífugo Motor elétrico
Figura 49 - Sistema de Ventilação e seus componentes
Fonte: Adaptado de Improving Fan system Performance – A source book for industry – U.S. Department of Energy

Um sistema de ventilação ou exaustão é constituído por:


• Dutos: similares às tubulações de um sistema de bombeamento. Eles têm a função de con-
duzir o fluido de trabalho, ar puro ou com contaminantes, entre as extremidades do sistema
de ventilação.

Figura 50 - Exemplo de duto de ventilação


Fonte: Banco de imagens
150 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Dampers: funcionam como as “válvulas” dos sistemas de ventilação e podem ser manuais ou
automáticos. Sua função é controlar e ajustar a vazão do fluido de trabalho.
• Filtros e lavadores: aplicados para remover pó, particulado sólido, contaminantes e odores
durante o escoamento do fluido, além de aumentar a umidade do ar.
• Abafadores de ruído: utilizados para reduzir o nível de barulho produzido pelo ventilador.
• Caixas de mistura: utilizados para misturar correntes gasosas diversas e garantir a especifica-
ção do gás insuflado no ambiente. Por exemplo: o ar de retorno de um ambiente com condi-
cionamento de ar e o ar externo são misturados na caixa de mistura para garantir uma taxa de
renovação específica e manter em nível baixo a concentração de contaminantes, tal como o CO2.
• Trocadores de calor: tem como função aquecer ou resfriar o fluido.
• Difusores: instalados na extremidade dos dutos, são os elementos responsáveis por distri-
buir/remover adequadamente o ar dos ambientes.
• Ventiladores/Exaustores: têm a função de movimentar o fluido por meio da produção de
forças que se desenvolvem na massa de ar em consequência da rotação de seu rotor que é
composto com certo número de pás especiais. Saiba que quando o ar é impulsionado para
o interior do ambiente o chamamos de ventilador e quando o ar é retirado do interior do
ambiente o chamamos de exaustor.

Figura 51 - Exemplo de um ventilador industrial


Fonte: Banco de imagens

Os ventiladores serão classificados, conforme a geometria do seu rotor, em:


• Centrífugos ou radiais: aqueles em que o formato do rotor impõe um escoamento predo-
minantemente segundo planos perpendiculares ao eixo.

Figura 52 - Rotor radial ou centrífugo


Fonte: Banco de imagens
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 151

• Axiais: aquelas em que o formato do rotor impõe um escoamento predominantemente na


direção paralela ao eixo;

Figura 53 - Rotor axial


Fonte: Banco de imagens

• Fluxo misto: aqueles em que o formato do rotor impõe um escoamento simultaneamente


nas direções axial e perpendicular ao eixo.

Figura 54 - Rotor diagonal ou misto


Fonte: Banco de imagens

A geometria muda para atender as vazões e pressões necessárias solicitadas por uma ins-
talação. Existe o ventilador adequado para a instalação certa. O rotor radial opera vazões pe-
quenas e grandes pressões; o rotor misto, médias vazões e médias pressões; e o axial, grandes
vazões e pequenas pressões.
A seguir temos um ventilador radial e um ventilador axial:
Fábio Paiva Ribeiro

Figura 55 - Exemplos de ventilador radial e ventilador axial


Fonte: Banco de Imagens
152 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

DICAS

Um equipamento escolhido corretamente proporcionará melhores rendimentos para uma insta-


lação de ventilação e exaustão.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre os equipamentos que fazem parte de um Sistema de Ventilação e Exaus-
tão, leia o livro “Ventiladores e Exaustores – Guia Básico”. Disponível em: < https://static-cms-si.
s3.amazonaws.com/media/uploads/arquivos/Ventiladores.pdf>.

Após termos estudado sobre os componentes de um sistema de ventilação e sobre a classi-


ficação dos ventiladores de acordo com a geometria dos seus rotores, vamos estudar agora o
termo curva característica do sistema de ventilação.
Saiba que esse termo é usado para representar a perda de pressão (carga) proporcionada
pelos componentes do sistema de ventilação, tais como dutos, captadores, curvas, cotovelos, e
as quedas de pressão que ocorrem por meio do equipamento, por exemplo: filtros ou ciclones.
A curva de resistência do sistema é simplesmente uma representação gráfica da pressão
exigida para mover o ar pelo sistema. Para um determinado sistema, com uma vazão fixa, ha-
verá uma correspondente perda de carga. Contudo, se a vazão for mudada, a perda de carga
resultante também mudará.
A resistência do sistema varia com o quadrado do volume de ar que flui através do sistema.
Para um determinado volume de ar, o ventilador, em um sistema com dutos estreitos e múlti-
plas curvas de raio curto, vai ter que trabalhar mais para superar uma maior resistência do sis-
tema do que seriam em um sistema com dutos de seções transversais maiores e um número
mínimo de curvas de raio longo.
Longos dutos estreitos com muitas curvas e torções exigem mais energia para puxar o ar
através deles. Consequentemente, para uma determinada velocidade do ventilador, o ventila-
dor será capaz de puxar menos ar através desse sistema do que através de um sistema curto
sem curvas.
Desse modo, a resistência do sistema aumenta substancialmente à medida que o volume
de ar que flui através do sistema aumenta. A resistência vai aumentar com o quadrado do
fluxo de ar (vazão). Inversamente, a resistência diminui à medida que o fluxo diminui. Para
determinar o volume que o ventilador produzirá, é necessário conhecer as características de
resistência do sistema.
Em sistemas existentes, a resistência do sistema pode ser medida. Nos sistemas que foram
projetados, mas não construídos, a resistência do sistema deve ser calculada. Geralmente, é
gerada uma curva de resistência do sistema para várias vazões no eixo x e a resistência asso-
ciada no eixo y, conforme figura a seguir:
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 153

100

90 Curva do Sistema

80

70
N/m2
60

50

40

30

Fábio Paiva Ribeiro


20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
m3/s

Figura 56 - Gráfico de curva característica de um sistema hipotético


Fonte: SENAI/MG (2017).

As características do ventilador podem ser representadas na forma de curvas de desempe-


nho para o equipamento em questão sob um conjunto específico de condições. Logo, tratam
de representações gráficas dos valores de vazão, pressão, velocidade do ventilador e potência
mecânica necessárias, para conduzir o ventilador nas condições indicadas. Algumas curvas de
ventilador também incluirão uma curva de eficiência para que um projetista de sistemas saiba
onde naquela curva o ventilador estará operando nas condições escolhidas. Atenção especial
deve ser dada às curvas de pressão estática da curva versus fluxo.
100

90 Curva do Ventilador

80

70
N/m2

60

50

40

30
Fábio Paiva Ribeiro

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
m3/s

Figura 57 - Gráfico de curva característica de um ventilador


Fonte: SENAI/MG (2017).

É importante saber, ainda, que a intersecção da curva do sistema com a curva de pressão
estática define o ponto de operação. Quando a resistência do sistema muda, o ponto de ope-
ração também muda.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre cálculo das perdas de um sistema de ventilação, consulte o livro Ventilação
Industrial e Controle da Poluição, de autoria Archibald Joseph Macintyre, 2. Ed., ano 1990.
154 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

100
Curva do Sistema
90
Curva do Ventilador
80

70

N/m2
60

50 Ponto de Operação
40

30

Fábio Paiva Ribeiro


20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
m3/s

Figura 58 - Gráfico ponto de operação do ventilador e sistema


Fonte: SENAI/MG (2017).

Em várias aplicações, seja na indústria ou comércio (shoppings), as instalações de ventilação


operam com seus equipamentos na rotação constante e, para promover a variação de vazão
de ar, principalmente na sua diminuição, utilizam-se válvulas (dampers) que estrangulam a tu-
bulação, aumentando a pressão do ventilador com o aumento das perdas do sistema.
A figura a seguir foi elaborada considerando um sistema de ventilação hipotético em que se
controla o fluxo de ar, reduzindo-o por meio de um damper. Para cada vazão de ar desejada é
necessário variar a abertura do damper restringindo, assim, a tubulação e, consequentemente,
diminuindo a vazão de ar de Q1 até Q3.
Em contrapartida, você pode observar que a pressão solicitada ao ventilador aumenta de P1
até P3. Veja que a curva do ventilador permanece inalterada, enquanto teremos uma curva do
sistema para cada abertura do damper.
120
110 Curva do Ventilador

100 Curva do Sistema S1

90 Curva do Sistema S2
p3
80 Curva do Sistema S3

70p2
N/m2

60

50
p1
40

30
Fábio Paiva Ribeiro

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Q3 Q2 Q1 m3/s

Figura 59 - Gráfico de controle da vazão por meio da variação da curva do sistema com o uso de damper
Fonte: SENAI/MG (2017).

Saiba que essa prática, normalmente, penaliza energeticamente a instalação, se comparada


à variação de vazão por meio da rotação variável, conforme figura a seguir.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 155

120
110 Curva do Sistema S1

100 Curva do Ventilador rotação nº1

90 Curva do Ventilador rotação nº2


Curva do Ventilador rotação nº3
80

70
N/m2
60

50
p6
40

30p5

Fábio Paiva Ribeiro


20

10p4

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Q3 Q2 Q1 m3/s

Figura 60 - Gráfico de controle da vazão por meio da variação da rotação do ventilador


Fonte: SENAI/MG (2017).

Nesse caso, para cada vazão de ar desejada, é reduzida a velocidade do ventilador (rotação)
e, consequentemente, alcançamos as mesmas vazões de ar de Q1 até Q3 obtidas pelo controle
por meio do damper. Contudo, você pode observar que as pressões solicitadas ao ventilador
são bem menores e, de forma contrária ao caso anterior, reduzem de P4 até P6. Veja que nes-
se tipo de controle de vazão, a curva do sistema permanece inalterada, enquanto temos uma
curva do ventilador para cada rotação de trabalho.
A seguir, temos um exemplo de como calcular o valor da energia elétrica a ser economizada
de acordo com o sistema de ventilação. Acompanhe!
Considerando o rendimento do motor elétrico como ɳmotor, do ventilador ɳvent, “t” como o tem-
po (em horas) de permanência no ponto de operação e P3 e P4 como pressões exigidas ao ven-
tilador em N/m², ao optarmos pelo controle da vazão pela variação da rotação alcançando o
valor de vazão Q3 (m³/s), temos que a energia elétrica economizada será:

Q3 * (P3 - P4 )
E[Wh] = t
nmotor * nvent *

Você deverá analisar, também, as solicitações do sistema no que se referem às variações de


vazão e o tempo de permanência de um determinado ponto de operação, principalmente na
diminuição da vazão.
Os ventiladores operam segundo um conjunto de leis que relacionam a sua velocidade com
a vazão, a potência e a pressão. Logo, uma mudança de velocidade de qualquer ventilador irá
alterar previsivelmente a sua vazão, a pressão necessária para deslocar o ar e a potência ne-
cessária para operá-lo na nova rotação.
As Leis de Afinidades descrevem o seguinte: para um dado rotor, operando o mesmo fluido
e mantendo a densidade, a vazão volumétrica Q é diretamente proporcional à rotação “n”, a
diferença de pressão “Δp” é proporcional ao quadrado de “n”, e “Pmec” a potência mecânica no
eixo, que é proporcional ao cubo de “n”, ou seja:
156 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Q2 n2 ∆p2
( )
n Pe2 n
( )
2 3
= ; = 2 ; = 2 ;
Q1 n1 ∆p1 n1 Pe1 n1

Em outras palavras:
• Ao variarmos a rotação do ventilador em 10%, a vazão de ar sofrerá um incremento ou
decremento de 10%;
• Ao reduzirmos a velocidade do ventilador em 10 %, a diferença de pressão necessária para
deslocar o ar reduzirá em 19 % e um incremento de 10 % na rotação causará um aumento
de 21 % na queda de pressão;
• Ao reduzirmos a rotação do ventilador em 10 %, reduziremos a potência requerida no eixo
do motor em 27 % e, ao aumentarmos a velocidade do ventilador em 10 %, aumentaremos
a potência requerida no eixo em 33 %.
Vejamos a seguir alguns exemplos de como aplicar as Leis de Afinidades para os ventiladores.
Acompanhe!
Ao especificar um ventilador centrífugo para um sistema de ar-condicionado foi considerado
pelo engenheiro uma vazão de 41.400 m³/h contra uma pressão de 640 Pa, exigindo-se uma po-
tência elétrica do motor de 8,18 kW e uma rotação de 890 rpm para atendimento aos requisitos
de condicionamento ambiental de um determinado ambiente. O ambiente nunca foi ocupado
em sua totalidade, de forma que é possível reduzir a vazão de ar para 30.000 m³/h para atendi-
mento à carga térmica de ar condicionado real menor que a planejada. Se utilizarmos controle de
velocidade para promovermos a adequação da vazão ao necessário, quais seriam os novos va-
lores para rotação do ventilador, pressão estática e potência elétrica considerando acoplamento
direto (ɳ = 100%), e que o motor apresentará rendimento de 93% nas duas situações?
Primeiro, vamos calcular o valor da nova rotação na qual o ventilador deverá trabalhar:

Q2 n2 n
= => 30.000 = 2
Q1 n1 41.400 890

=> n2 = 30.000 * 890 => n2 = 644,93


41.400

n2 ~
= 645rpm

Agora, vamos calcular o valor da nova pressão estática na qual o ventilador deverá trabalhar:

∆p2 n ∆p
( ) => 640 = ( 645 )
2 2
= 2 2
∆p1 n1 890

( )
2
645
=> ∆p2 = 640 * 890 => ∆p2 = 336,14

∆p2 ~
= 336pa
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 157

Finalmente, vamos calcular a nova potência demandada pelo conjunto ventilador e motor
elétrico:
Potência no eixo (Pe1) = 8,18 * 0,93 = 7,61 kW

Pe2 n Pe2
( ) ( )
2 3
= 2 => = 645
Pe1 n1 7,61 890

( )
3
645
=> Pe2 = 7,61* 890 => Pe2 = 2,9 kW

Pe2
Pele = = 2,9 = 3,11 kW
nmotor 0,93

Vale salientar que, se houver uma redução significativa na potência do ventilador, é aconse-
lhável avaliar a substituição do motor por um menor.

SAIBA MAIS

Alguns fabricantes disponibilizam em aplicativos na web ferramentas, em que é possível acessar


bancos de dados de ventiladores e seus motores além de simular os ganhos energéticos a par-
tir da substituição do sistema de controle de vazão. Disponível em: http://energysave.abb-drives.
com/?_ga=1.28205876.962242099.1489159017#/fan.

Outra forma de reduzir a velocidade do ventilador é com a utilização de motores de múlti-


plas velocidades e selecionar as rotações mais baixas para os intervalos em que a demanda
de vazão de ar é menor. No entanto, muitas das mesmas vantagens disponíveis, a partir de
um motor de várias velocidades, também estão disponíveis a partir do uso de inversores
de frequência.
É importante você saber que os inversores de frequência são comumente usados ​​como solu-
ções de retrofit devido à sua capacidade de trabalhar com motores existentes.
Além disso, eles tendem a operar em fatores de potência unitário, que pode reduzir os pro-
blemas e custos associados com bancos de capacitores para compensação reativa. Todavia, os
inversores nem sempre podem ser utilizados. É necessário avaliar as regiões de instabilidade
grave de forma a não operar em rotações que exponham o ventilador a condições de funcio-
namento ineficientes.
Vale ressaltar, ainda, que muitos ventiladores têm frequências de ressonância em velocida-
des abaixo de suas velocidades normais de operação. Logo, ao operarem a essas velocidades
de ressonância, os ventiladores podem gerar altos níveis de vibração que, se não corrigidos,
causarão vibrações prejudiciais. Devido ao fato de que a lentidão do ventilador aumenta o risco
de encontrar uma dessas condições, um inversor, se usado, deve ser programado para evitar
tais frequências.
158 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Outra preocupação é o efeito de redução da velocidade do ventilador em um siste-


ma com alta pressão estática. Quando a velocidade de rotação do ventilador é reduzida,
o ventilador gera menos pressão, e alguns ventiladores funcionam mal nessas condições. Por
exemplo, em muitos sistemas de ventiladores, as saídas de duto são equipadas com amor-
tecedores, normalmente fechados, que requerem certa quantidade de pressão estática para
abri-los. Se um inversor retarda o ventilador, de modo que esse requisito de pressão estática
excede a pressão gerada pelo ventilador, nenhum fluxo de ar será gerado e o ventilador pode-
rá funcionar mal.
Durante os levantamentos dos potenciais de economia de energia elétrica em sistemas de
ventilação, devem ser observadas algumas ações que podem contribuir para o alcance de me-
lhores índices de desempenho energético, sendo eles:
• Limpar periodicamente os filtros, trocando-os quando necessário;
• Verificar as perdas por vazamento nas tubulações, vedando todas as fugas de ar;
• Verificar se as instalações de ar fresco possuem registro de saída que fique fechado quando
o equipamento estiver desligado;
• Reduzir a resistência ao fluxo de ar (perdas de carga) ao mínimo, substituindo as seções dos
dutos e os elementos que acrescentam resistência desnecessária ao sistema;
• Realizar a limpeza periódica dos ventiladores;
• Verificar o alinhamento e tensão de todas as correias, ajustando-as quando necessário;
• Lubrificar os mancais dos motores e todas as partes móveis de acordo com as recomenda-
ções do fabricante;
• Avaliar a possibilidade de substituição dos motores elétricos por outros de rendimento
superior.

6.9  SISTEMAS DE BOMBEAMENTO


Desde os primórdios, os agrupamentos humanos necessitavam e, ainda, necessitam de
fontes de água para sobreviverem. Vale ressaltar que muitas são as destinações dadas aos
recursos hídricos utilizados pelo homem, como: saneamento, alimentação, agricultura, cria-
ção de animais.
No princípio, os grupos familiares e sociais fixavam moradia no entorno dos corpos d’água.
Com o passar do tempo e com o consequente crescimento desses grupos, os recursos hídri-
cos, que apresentavam características como potabilidade e usabilidade, tornaram-se escassos,
uma vez que eram utilizados para suprirem suas demandas cotidianas. Com isso, houve a
necessidade de deslocamento desses grupos para outras regiões ou a captação de água de
outras localidades.
É importante ressaltar que, transportar água de outras localidades, principalmente a longas
distâncias e com terrenos muito acidentados, nunca foi uma tarefa fácil para o homem. Para
suprir essa demanda cada vez mais crescente, foram criados os sistemas de transporte e adu-
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 159

ção de água. Esses sistemas, posteriormente, foram melhorados com o advento de instrumen-
tos e técnicas de bombeamento.
Como qualquer outro sistema, os sistemas de bombeamento de água, ou um outro fluido
qualquer, requerem instalações adequadas e energia. E esse é o tema que abordaremos agora:
a eficiência energética, ou seja, verificaremos quais são os principais pontos de um sistema de
bombeamento que podem ser otimizados, a fim de melhorarem seu desempenho e minimiza-
rem os gastos com energia.
Acompanhe!

6.9.1  CONCEITOS BÁSICOS

Antes de darmos prosseguimento a nossos estudos sobre os Sistemas de Bombeamento, é


necessário revisarmos alguns conceitos, sendo eles:

A) MASSA ESPECÍFICA

A massa específica pode ser definida como a relação entre a massa de um corpo e seu volu-
me. Sua representação normalmente é feita pela letra grega ρ e é dada pela seguinte expres-
são matemática:

P= m
V
Diante do exposto e em condições normais de temperatura e pressão (CNTP), podemos assu-
mir que para a água: ρ = 1.000kg/m3.

B) PESO ESPECÍFICO

Já o peso específico (ɣ) de uma substância é determinado a partir da relação entre seu peso
de (w) e o volume (V) por ele ocupado. Observe:

ɣ= w
V
Sendo assim e ainda sob CNTP, temos que a água apresenta um ɣ = 1.000kgf/m3 ou 9.800N/m3.

DICAS

Para os líquidos, a variação da massa específica com a temperatura e a pressão é muito pequena,
podendo ser considerada, para as finalidades deste livro, constante. A mesma observação vale
para o peso específico, pois é direta sua relação com a massa específica.
160 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

C) DENSIDADE

A densidade ou densidade relativa (d) de uma substância é determinada a partir da relação


(divisão) entre sua massa específica e a massa específica de outra adotada como referência em
CNTP. Para os líquidos, tomamos a massa específica da água como referência. A partir desse
conceito, podemos afirmar que a densidade ou densidade relativa é adimensional.

D) VISCOSIDADE ABSOLUTA (OU DINÂMICA)

Podemos entender a viscosidade dinâmica (μ) como a capacidade que um líquido apresenta
em resistir a um esforço de cisalhamento4, ou seja, a resistência ao escoamento.

E) VISCOSIDADE CINEMÁTICA

A viscosidade cinemática (v) pode ser determinada a partir da razão entre a viscosidade abso-
luta e a massa específica da substância de estudo, em nosso caso, a água.

μ
v=
ρ
A viscosidade cinemática varia em função da temperatura. Usualmente, em questões de hi-
dráulica, o valor da viscosidade cinemática, a uma temperatura de 20°C é de, aproximadamen-
te, 0,000001003m2/s, ou 1x10-6.

F) NÚMERO DE REYNOLDS

É um número adimensional que representa o regime de fluxo de um fluido: laminar (calmo)


ou turbulento (movimento caótico das moléculas).

G) CARGA DE PRESSÃO (ENERGIA DE PRESSÃO)

A carga de pressão pode ser definida como a posição “h” da coluna de um fluido na qual a al-
tura do líquido de peso específico ɣ é capaz de produzir sobre a superfície líquida uma pressão
igual à atmosférica.

H) VAZÃO

A vazão (Q) em uma tubulação é definida como o volume de líquido passante por uma seção reta
dessa tubulação em um determinado tempo (T). Ela pode ser representada algebricamente por:

4 Fenômeno de deformação ao qual um corpo está sujeito quando as forças que sobre ele agem provocam um
deslocamento em planos diferentes, mantendo o volume constante.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 161

Q= V
T

I) CARGA HIDRÁULICA

De um modo bem simples, podemos entender a carga hidráulica (h) em um ponto qualquer,
em um meio fluido, como a altitude do ponto (z) e a pressão do fluido (Ψ), ou seja, é a ‘força’ da
água.

J) PERDAS DE CARGA

As perdas de carga podem ser categorizadas em dois tipos: perda por carga distribuída e
perda de carga localizada. A primeira deve-se ao atrito entre o fluido e a tubulação ao longo de
seu trajeto. Já a segunda é caracterizada pela presença de “descontinuidades” ou pontos espe-
cíficos, como reduções no diâmetro da tubulação, derivações, curvas, cavitação etc.

K) ALTURA ESTÁTICA (GEOMÉTRICA)

A altura estática ou geométrica é definida como a diferença entre as cotas da superfície livre
da água do ponto de origem e do ponto para onde se deseja bombeá-la.

L) ALTURA MANOMÉTRICA

A altura manométrica, altura total de elevação ou ainda altura manométrica total é a altura
total que deve ser vencida para se levar o fluido de um ponto a outro, considerando também
as perdas de carga do sistema.

M) CAVITAÇÃO

A cavitação é um processo de formação de cavidades (bolhas de vapor ou de gás) em um


líquido, em decorrência da redução da pressão total dentro de tubulações e bombas.

N) BOOSTERS

Em sistemas hidráulicos, em que a perda de carga ou de vazão são expressivas, faz-se neces-
sária a utilização de boosters, que são equipamentos capazes de impelir potência hidráulica ao
sistema, principalmente em estações elevatórias.
Agora que recapitulamos esses conceitos tão importantes, falaremos sobre os Sistemas de
Bombeamento.
162 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

6.9.2  O QUE SÃO OS SISTEMAS DE BOMBEAMENTO

Podemos definir bomba como qualquer máquina ou dispositivo utilizado para elevar o nível de um
fluido ou fazê-lo seguir em determinada direção, ou para comprimir gases ou torná-los rarefeitos.
Já os sistemas de bombeamento são conjuntos mecânicos constituídos por bombas e acessó-
rios, tais como tanques, tubulações e válvulas. Os principais componentes de uma bomba são: o
rotor, a carcaça e o difusor. Saiba que o rotor tem por função transmitir energia cinética ao fluido
e o difusor, por sua vez, realiza a conversão da energia cinética em pressão de elevação.
Após essa introdução, vamos ver mais algumas informações importantes acerca das bombas
e dos sistemas de bombeamento. Acompanhe!
As bombas são divididas em dois grandes grupos, sendo eles:
A) Bombas de deslocamento positivo ou volumétricas;

B) Turbobombas, rotodinâmicas, hidrodinâmicas ou, ainda, dinâmicas.

Outra classificação para as bombas pode ser feita em função do tipo de rotor que a compõe:
A) Bombas centrífugas ou radiais;

B) Centrífugas helicoidais;

C) Centrífugas axiais.

E o que devemos considerar quando desejamos escolher uma bomba?


Para tal escolha, precisamos determinar a vazão e altura manométrica totais requeridas pelo
sistema e o tipo de fluido que se deseja movimentar. Além disso, devemos considerar o local
onde ela será instalada, ou seja, se será instalada dentro ou fora do corpo d’água.
Dentre inúmeras opções que você possa ter, considere que a melhor bomba será aquela que
apresenta a menor potência instalada necessária e que apresente, ainda, o melhor rendimento.
A seguir, veremos um pouco sobre as curvas de desempenho de bombas, instrumentos mui-
to úteis no auxílio de seleção desses equipamentos.

I - CURVAS DE DESEMPENHO DE BOMBAS

As curvas de desempenho de bombas são capazes de nos fornecer informações importantes


acerca do desempenho das bombas comerciais. Cada tipo e modelo de bomba apresenta cur-
vas específicas, que são elaboradas por seus próprios fabricantes a partir de ensaios.
Os principais tipos de curvas de desempenho são:
A) Carga X Vazão;

B) Potência absorvida X Vazão;

C) Rendimento X Vazão.

A melhor bomba será aquela que você possa conciliar os melhores dados de desempenho
dentre as três curvas citadas.
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 163

DICAS

Escolha, preferencialmente, as bombas comerciais, pois, como dito, elas apresentam curvas de
desemprenho já elaboradas. Já em relação às bombas industriais, muitas delas são feitas sob de-
manda do cliente e, por isso, podem não apresentar as curvas já desenvolvidas.

II - MEDIÇÕES E PARÂMETROS DE CONTROLE

Após a montagem e instalação dos componentes de um sistema, é necessário o controle de


seu funcionamento e eficiência.
Para tanto, devemos observar os principais parâmetros e lançar mão de alguns instrumen-
tos. Vamos lá!
A) Pressão

Na averiguação da pressão em sistemas de bombeamento, é lançada mão de equipamento


denominados manômetros. Os manômetros podem apresentar diferentes formas construti-
vas e matérias em sua constituição.
B) Vazão

A determinação da vazão não é uma tarefa fácil, em função dos regimes de escoamento
(laminar ou turbulento), cavitação etc. Vários são os instrumentos e métodos para se determi-
nar a vazão em um sistema hidráulico. O mais usual é o tubo de Pitot.

III - RESERVATÓRIOS

Os reservatórios são componentes hidráulicos, cuja função é a armazenagem e posterior


alimentação de água em um sistema. Eles devem ser bem dimensionados e instalados em
locais adequados, a fim de garantir que, em um sistema, a vazão e a altura manométrica
sejam constantes.
A escolha do tipo (apoiado ou elevado), da localização (montante ou jusante) e do dimen-
sionamento correto de um reservatório deve considerar as curvas de demanda em cada
ponto a ser abastecido por ele. Além disso, devemos fazer a escolha e o dimensionamento
adequados dos elementos e dispositivos que estarão ligados a eles (bombas, válvulas, tu-
bulações etc.).

IV - AUTOMAÇÃO

A automação dos sistemas (válvulas, bombas, boosters, etc.) é uma prática recomendada den-
tro de qualquer sistema. Uma vez que se faça necessária (eventual ou programada) a inter-
venção, teremos uma economia, ao evitar perdas de tempo ou falhas humanas. E, ainda, a
automação facilita e otimiza as operações cotidianas de um dado sistema.
164 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

V - VÁLVULAS

Diversos são os tipos e as aplicações das válvulas em um sistema, cada qual com suas espe-
cificidades e aplicações. A escolha do tipo e a determinação de seu posicionamento deve ser
feito de modo a otimizar a operacionalização do conjunto, tendo como premissas: a economia,
a praticidade, a rapidez e a segurança.
A seguir, citaremos os principais tipos de válvulas:
• Válvulas do tipo on/of;
• Válvulas redutoras de pressão;
• Válvulas sustentadoras de pressão;
• Válvulas de alívio;
• Válvulas controladoras de nível;
• Válvulas limitadoras de vazão;
• Válvulas para a prevenção de golpe de aríete;
• Válvulas de alívio rápido.

ATENÇÃO

Cada tipo de válvula tem sua curva específica de perda de carga.

VI - ECONOMIA DE ENERGIA E REDUÇÃO DE DEMANDA

Para o cálculo da economia de energia e de redução de demanda de um sistema, devemos sem-


pre considerar que a demanda e a capacidade hidráulica do sistema devem estar em equilíbrio.
Os reservatórios devem operar dentro de seus volumes mínimo e máximo para não haver
nem subutilização nem sobrecarga de seus componentes. Assim, evitaremos perdas com ma-
nutenções e intervenções não programadas junto ao sistema.
A análise das curvas de demanda horária e dos regimes pluviométricos da região onde é ins-
talado um sistema de abastecimento deve ser realizada previamente ao projeto, além de ser
monitorado e avaliado durante toda a sua operação.
Estudos sobre as possíveis variações na demanda de recursos, a operacionalidade do sistema
e programas de inspeção e a manutenção devem ser práticas estratégicas e rotineiras, a fim
de sanar, também, possíveis ineficiências e problemas de todo o sistema, bem como a moder-
nização dele.
Durante as fases de projeto ou de implantação de um sistema hidráulico, podemos nos deparar
com a possibilidade de não existir no mercado uma bomba que atenda às necessidades do projeto
ou, ainda, poderão ocorrer variações no regime de funcionamento, aumento de demanda e mu-
danças na rugosidade interna das tubulações. Como podemos resolver essas questões?
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 165

Para otimizar as operações de nosso sistema, diminuindo custo ou melhorando seu desem-
penho e eficiência energética, podemos lançar mão de algumas ações, por exemplo:

1 ) MUDANÇA NA CONFIGURAÇÃO NO SISTEMA DE BOMBAS

A mudança na disposição ou configuração de um sistema de bombas pode deixá-lo mais


dinâmico e mais eficiente energeticamente, mudando ou criando associações de bombas em
série ou em paralelo, dependendo da necessidade apresentada.

O uso de bombas ligadas em série (em sequência) é de grande valia quando observada, por
exemplo, a necessidade de aumentar a altura manométrica do sistema, evitando, assim, inves-
timentos em bombas de maior potência e mais caras. Nesse caso, a bomba a jusante funcio-
nará como um booster.

Já o uso de bombas em paralelo se torna interessante quando é preciso aumentar a vazão no


sistema. Contudo, precisamos estar cientes de que, mesmo quando a associação é composta
por elementos idênticos, a vazão fornecida por cada um deles é menor que se estivéssemos
com apenas um elemento no sistema. Outra justificativa para a aplicação desse tipo de confi-
guração é a redução do consumo de energia elétrica para o funcionamento do sistema. Saiba,
ainda, que, quando observada baixa na demanda da vazão, uma das bombas pode ser retirada
de operação.

2) SELEÇÃO OTIMIZADA DE BOMBAS POR MEIO DE SOFTWARES

Selecionar uma bomba ou um conjunto delas não é uma tarefa nada fácil. Devemos consi-
derar nessa seleção aspectos, como: potência instalada de cada uma, vazão, capacidade de
carga, consumo energético etc. E, ainda, devemos lançar mão de diversas tabelas, gráficos
e ábacos.

Para facilitar nossa seleção, podemos usar softwares de fabricantes como instrumento de
auxílio para a realização dessa seleção e para a análise de leiaute de um sistema.

6.9.3  IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES EM GERAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E USO FINAL

Vamos aprender agora a identificar algumas possibilidades de intervenção nos sistemas de


bombeamento no que diz respeito à geração, à distribuição e ao seu uso final. Vamos lá!

Para identificarmos nossas oportunidades de otimização em um sistema de bombeamento, é


necessário saber que, em se tratando do uso de recursos hídricos, temos o seguinte diagrama
genérico de balanço de energias:
166 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Perdas no motor elétrico Eficiência global


e acoplamento. do sistema
5 - 20% 20 - 35%

50 - 80%
En. Elétrica Uso Final
Motor - Bomba Distribuição
100%  = 50%

Fábio Paiva Ribeiro


Perdas na bomba Perdas físicas
10 - 40% (Vazamentos)
5 - 10%

Figura 61 - Diagrama de balanço de energia com as perdas do sistema


Fonte: MANUAL PRÁTICO - EFICIÊNCIA ENERGÉ. ELETROBRÁS/PROCEL e o consórcio EFFICIENTIA/FUPAI. 2005

Nesse diagrama, os pontos de melhoria na eficiência energética estão, sobretudo, nas perdas
do sistema.
Além disso, precisamos conhecer, também, as características de nosso sistema de bombea-
mento a ser otimizado, incluindo seus componentes e parâmetros de operação, bem como as
instalações onde ele está inserido.
Levantar dados reais e atuais acerca da operação de seu sistema é importante, pois tais da-
dos, associados às suas características construtivas, nos darão uma visão maior e melhor das
intervenções que poderão ser realizadas com o objetivo otimizar os processos e reduzir custos.
É importante também você saber que uma avaliação sobre as equações de potência e con-
sumo em um sistema de bombeamento nos dá algumas dicas de como podemos identificar
melhorias de desempenho energético:

γ * Q * HMT
P= e C = P* t
ηbomba * ηmotor

Ao reduzirmos o peso específico (Y), a vazão bombeada (Q), a altura manométrica (HMT) e o
tempo de bombeamento e com o incremento nos rendimentos da bomba (ɳbomba) e do motor
(ɳmotor), consequentemente, reduziremos o consumo energético da instalação de bombeamen-
to em questão.
Mas você já pensou em quais são as principais oportunidades de melhoria, considerando o
bombeamento, a distribuição e o uso final de um sistema de bombeamento?
De modo geral, podemos citar como principais oportunidades de melhoria:
ANÁLISE DE PERDAS EM INSTALAÇÕES 167

• Redução de perdas por vazamento e do desperdício de água no uso final;


• Redução da altura manométrica, da perda de carga pelo aumento do diâmetro da tubula-
ção, implementação de melhorias na rugosidade das tubulações, redução de vazamentos
para a melhoria da eficiência na distribuição;
• Rendimento das bombas e dos motores, redução da vazão durante o recalque. Escolha das
melhores associações entre as bombas para melhoria da eficiência no bombeamento;
• Otimização da reserva de água com o aumento do bombeamento para fora do horário de
ponta e aumento do volume dos reservatórios;
• Controle da vazão por meio de conversores de frequência.
Vale ressaltar que, geralmente, todas essas ações para melhoria da eficiência energética de
um sistema de bombeamento já foram estudados e estão descritas na literatura disponível.
Diante disso, o que temos a fazer é conhecer e avaliar as potencialidades de melhoria dentro
de nossos sistemas, pois as soluções serão específicas para cada caso.

DICAS

Alguns fabricantes disponibilizam em aplicativos na web ferramentas em que é possível acessar


bancos de dados de bombas e seus motores, além de simular os ganhos energéticos a partir da
substituição do sistema de controle de vazão.
Disponível em: http://energysave.abb-drives.com/?_ga=1.28205876.962242099.1489159017#/fan.

Logo, verifique bem as potencialidades de seu sistema, procure e implemente as soluções


mais simples e econômicas disponíveis. Automatize seu sistema. Dissemine políticas de uso
consciente dos recursos.
Sua empresa, a população e o meio ambiente só têm a ganhar.
UNIDADE DE ESTUDO 7
ANÁLISE FINANCEIRA
170 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

INICIANDO SEUS ESTUDOS


Nesta Unidade de Estudo, você saberá a importância da avaliação econômica de investimento, a partir
das oportunidades que surgem após análise técnica dos dados coletados e medidos na indústria.

A viabilidade técnica sinaliza que é possível produzir a mesma quantidade de produto com a utilização
de uma quantidade menor de energia. O resultado da viabilidade técnica encontrada por si só não é con-
dição determinante e definitiva para implementação das ações, pois a palavra final do empresário depen-
derá da viabilidade econômica e dos recursos disponíveis.

Ao final desta unidade, você será capaz de:


• Calcular o Tempo de Retorno do Capital simples, para auxiliar o consultor na análise econômica e financeira;
• Compreender a importância da análise financeira de investimento como ferramenta para tomada
de decisão.

Acompanhe!

7  ANÁLISE FINANCEIRA

7.1  ANÁLISE FINANCEIRA BÁSICA


É um método que possibilita a análise das consequências financeiras das decisões de negó-
cios. Para isso, faz-se necessário aplicar técnicas específicas que permitam coletar informações
e avaliar uma série de dados para, assim, estimar o rendimento de um determinado investi-
mento e verificar riscos dentre outras questões. A seguir, você aprenderá, de forma mais deta-
lhada, como realizar essa análise. Acompanhe!

7.2  CUSTO DE OPORTUNIDADE


Quando um empresário decide fazer certo investimento, por exemplo, reduzir o consumo
de energia no sistema motriz da sua fábrica, ele encontra alternativas ou oportunidades de
investir seu capital.
Uma vez verificada a viabilidade técnica, essas alternativas apresentam compensações com-
paradas à opção que foi escolhida. Assim, o investidor decide renunciar aos prováveis ganhos
que poderia ter quando descarta tal alternativa. Supondo que todas as opções possuem o mes-
mo nível de risco, o custo da melhor alternativa rejeitada é o custo de oportunidade.

7.3  FLUXO DE CAIXA


É uma maneira simplificada de representar graficamente as receitas e as despesas de um
projeto ao longo de um determinado tempo. No fluxo de caixa, são contabilizadas as entradas
(recursos) e as saídas (despesas).
ANÁLISE FINANCEIRA 171

A diferença entre receita e despesas proporciona o fluxo líquido dos recursos para o projeto
e essa análise é muito importante para o alcance do objetivo final.
Na figura a seguir, você observará seta para baixo que representa certo capital “I” no instante
Zero, que proporciona um retorno anual “A” representado pelas setas para cima durante um
período “n” ou um valor “F” após esse mesmo período. Veja:

Entrada de Recursos F

A A A A A

0 1 2 n-1 n

Fábio Paiva Ribeiro


Saída - despesas
I
Figura 62 - Exemplo de fluxo de caixa
Fonte: SENAI/MG (2017)

7.4  TAXAS

Em finanças, diz-se que X%, normalmente expresso em porcentagem, é a taxa de juros


anual de um empréstimo, por exemplo. Você deve estar se perguntando: Qual é o valor do
dinheiro? Desprezando o valor da inflação, mais vale uma pessoa receber um determinado
valor hoje do que daqui a um ano. Apesar de ser uma questão bastante intuitiva e indivi-
dual, certamente dependerá de cada indivíduo o quanto está disposto a receber por espe-
rar (juros). Assim, podemos dizer que a taxa de juros é um prêmio para que essa pessoa
espere o que lhe é devido.
Quando perguntamos qual é a melhor taxa de desconto para ser utilizada em um projeto,
certamente não teremos uma única resposta. Precisaremos inserir o conceito de Taxa Mínima
de Atratividade (TMA), que é a taxa pela qual o investidor (a empresa) opera, ou seja, há uma
taxa tal que, abaixo dela, a empresa prefere decidir a não investir, pois tem melhores opções,
também conhecida como Custo de Oportunidade, já estudado no tópico acima.
É possível imaginar, para efeitos de exemplificação, que uma empresa consiga investir seu dinhei-
ro em uma instituição financeira por uma taxa de 0,9% ao mês. Logo, se a operação da empresa,
ou seja, sua atividade fim, não render mais que esse índice, é mais conveniente que a “empresa
seja vendida” e o valor obtido seja aplicado em uma operação financeira que gerará mais retorno.
172 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Nesse caso, esse é o seu Custo de Oportunidade e o índice de 0,9% a.m. é sua TMA. É possível
que a empresa consiga remunerar seu próprio capital por meio de suas operações, compra de
matéria-prima, manufatura, venda e logística, a uma taxa de 4% a.m.
Assim, ainda que o banco ofereça sua melhor taxa e consiga oferecer apenas 0,9% a.m., a
direção da empresa reconhece que, se aplicar qualquer recurso em sua própria produção, ob-
terá 4% a.m. Agora essa será a sua TMA.

7.5  RISCOS E INCERTEZAS

Apesar de ter diferentes sentidos em distintos contextos, genericamente, pode-se dizer que
situações de risco podem ocorrer quando existe a probabilidade de um resultado ser diferente
daquele que foi previsto. Sempre estamos na presença de um risco quando é conhecida a pro-
babilidade de um resultado ocorrer diante de uma série de acontecimentos possíveis, ou seja,
quando há várias opções de resultados.
Importante compreender que, ainda que saibamos as possibilidades de uma ação ou um
conjunto de ações e não se conhecendo as probabilidades de ocorrência de cada uma delas,
estamos diante de uma incerteza. Portanto, a falta de certeza dos fatos gera riscos e incertezas.

7.6  TEMPO DE RETORNO DO CAPITAL

O tempo de retorno do capital, sem dúvida, é o mais difundido para análise de viabilidade
econômica, devido principalmente a sua facilidade de aplicação quando estamos à procura de
resposta para a seguinte pergunta: Em quanto tempo retornará o dinheiro investido em um proje-
to ou equipamento? Então, estudaremos agora o tempo de retorno do capital simples.

7.6.1  TEMPO DE RETORNO DO CAPITAL SIMPLES

Quando falamos de tempo de retorno do capital simples, estamos fazendo um procedimento de


cálculo no qual não se leva em consideração o custo de capital, ou seja, não utilizamos a taxa de
juros nos cálculos.
O cálculo do tempo de retorno do capital para análise é feito apenas dividindo o custo da
implantação do investimento pelo benefício esperado. Simples assim. Em outras palavras,
esse cálculo mostra quanto tempo é necessário para que os benefícios se igualem ao inves-
timento. Observe a fórmula a seguir:

n= investimento
benefício esperado

n => tempo do retorno do capital. O valor encontrado se refere a um resultado em ano(s).


Caso necessite do resultado em meses, basta multiplicar o resultado por 12.
ANÁLISE FINANCEIRA 173

Veja:

n= investimento x 12
benefício esperado

Os exemplos a seguir demonstram claramente o tempo de retorno do capital simples.


Exemplo 1: tempo de retorno do capital simples, em meses, feitos em planilha eletrônica
com parcelas fixas.

TEMPO DE RETORNO DO CAPITAL SIMPLES

MESES INVESTIMENTO CAIXA % MÊS % TOTALIZADO

0 R$ 40.000,00

1 R$ 2.222,22 5,56% 5,56%

2 R$ 2.222,22 5,56% 11,11%

3 R$ 2.222,22 5,56% 16,67%

4 R$ 2.222,22 5,56% 22,22%

5 R$ 2.222,22 5,56% 27,78%

6 R$ 2.222,22 5,56% 33,33%

7 R$ 2.222,22 5,56% 38,89%

8 R$ 2.222,22 5,56% 44,44%

9 R$ 2.222,22 5,56% 50,00%

10 R$ 2.222,22 5,56% 55,56%

11 R$ 2.222,22 5,56% 61,11%

12 R$ 2.222,22 5,56% 66,67%

13 R$ 2.222,22 5,56% 72,22%

14 R$ 2.222,22 5,56% 77,78%

15 R$ 2.222,22 5,56% 83,33%

16 R$ 2.222,22 5,56% 88,89%


Fábio Paiva Ribeiro

17 R$ 2.222,22 5,56% 94,44%

18 R$ 2.222,22 5,56% 100,00%

Total R$ 40.000,00

Tabela 37 - Exemplo de Tempo de Retorno do Capital


Fonte: SENAI/MG (2017)
174 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

No exemplo acima, observamos que o retorno do investimento ocorrerá em 1,5 anos ou 18 meses.
Exemplo 2: tempo de retorno do capital simples, em anos, feito em planilha eletrônica com
parcelas não fixas.

TEMPO DE RETORNO DO CAPITAL SIMPLES

ANOS INVESTIMENTO CAIXA % MÊS % TOTALIZADO


0 R$ 155.000,00

1 R$ 45.000,00 29,03% 29,03%

2 R$ 20.000,00 12,90% 41,94%

3 R$ 10.000,00 6,45% 48,39%

Fábio Paiva Ribeiro


4 R$ 25.000,00 16,13% 64,52%

5 R$ 55.000,00 35,48% 100%

Total R$ 155.000,00
Tabela 38 - Exemplo de tempo de retorno do capital feito na planilha eletrônica
Fonte: SENAI/MG (2017)

ATENÇÃO

O tempo de retorno do capital simples não leva em consideração as diferenças de riscos nos projetos
e qualquer taxa de desconto, ou seja, o valor do dinheiro no tempo não é considerado. Também não
leva em consideração projetos muito ou pouco arriscados que são calculados da mesma forma.

7.7  ELABORAÇÃO DE CRONOGRAMA FÍSICO E FINANCEIRO:


De acordo com o fluxo da metodologia que você já conhece, a elaboração do cronograma
físico deverá ser feito com o empresário, analisando os resultados e as recomendações regis-
tradas em relatório técnico. Sugerimos a você que elabore, nessa reunião, o planejamento das
intervenções, usando cronograma semelhante aos das tabelas abaixo ou utilize um software
específico. Conforme metodologia, você terá 40 horas para realizar o acompanhamento das
intervenções na empresa, num período de até 2 meses.
• Exemplo 1

MESES
ETAPAS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
ETAPA 1
ETAPA 2
Fábio Paiva Ribeiro

ETAPA 3
ETAPA 4
OUTRAS
Tabela 39 - Exemplo de Cronograma
Fonte: SENAI/MG (2017)
ANÁLISE FINANCEIRA 175

• Exemplo 2

16/01/17 20/01/17 24/01/17 28/01/17 01/02/17 05/02/17 09/02/17 13/02/17 17/02/17 21/02/17

Tarefa 1 5

Tarefa 2 1

Tarefa 3 6

Tarefa 4 2

Tarefa 5 7

Tarefa 6 4

Tarefa 7 8

Tarefa 8 2

Tarefa 9 3

Tarefa 10 3

Tarefa 11 3

Tarefa 12 2

Fábio Paiva Ribeiro


Tarefa 12 Tarefa 11 Tarefa 10 Tarefa 9 Tarefa 8 Tarefa 7 Tarefa 6 Tarefa 5 Tarefa 4 Tarefa 3 Tarefa 2 Tarefa 1
Início 15/02/17 11/02/17 09/02/17 07/02/17 04/02/17 28/01/17 05/02/17 28/01/17 27/01/17 22/01/17 22/01/17 16/01/17
Duração (dias) 2 3 3 3 2 8 4 7 2 6 1 5

Tabela 40 - Exemplo de cronograma físico


Fonte: SENAI/MG (2017)

7.7.1  CRONOGRAMA FINANCEIRO

Os resultados técnicos são condições importantes e necessárias. Porém, a decisão do em-


presário dependerá da viabilidade econômica e dos recursos disponíveis para o investimento.
• Exemplo 1

MESES
ETAPAS

TOTAL

Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8 Mês 9 Mês 10 Mês 11 Mês 12

Etapa1 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$

Etapa2 R$ R$ R$ R$ R$ R$

Etapa3 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$

Etapa4 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Fábio Paiva Ribeiro

Outras R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$

Total R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$

Tabela 41 - Exemplo de cronograma financeiro


Fonte: SENAI/MG (2017)
176 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Exemplo 2 - Fluxo de Caixa:

Receita/Entradas Valor Futuro

4 5 7
0 1 2 3 6
Período de tempo

Fábio Paiva Ribeiro


Valor Presente Despesas/Saídas

Figura 63 - Exemplo de fluxo de caixa


Fonte: SENAI/MG (2017)

• Exemplo 3

ENTRADAS ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5


Alteração de Demanda Contratada R$ 25.820,00

Mudança de Modalidade Tarifária R$ 14.978,00 R$ 15.633,00

Correção de Fator de potência R$ 1.280,00

Economia com Energia R$ 8.652,00 R$ 15.002,00 R$ 19.232,00 R$ 25.532,00 R$ 26.532,00

(=) Total R$ 50.730,00 R$ 30.635,00 R$ 19.232,00 R$ 25.532,00 R$ 26.532,00

SAÍDAS ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5


Compra de Motores R$ 15.000,00 R$ 12.840,00 R$ 14.500,00 R$ 9.840,00 R$ 2.630,00

Troca de Compressor R$ 8.500,00 R$ 4.300,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00

Gerador R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 R$ 8.000,00

(=) Total R$ 31.500,00 R$ 25.140,00 R$ 23.700,00 R$ 19.040,00 R$ 11.830,00

RESULTADO ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5


(=) Saldo Inicial R$ 19.230,00 R$ 24.725,00 R$ 20.257,00 R$ 26.749,00

(+) Total de Entradas R$ 50.730,00 R$ 30.635,00 R$ 19.232,00 R$ 25.532,00 R$ 26.532,00


Fábio Paiva Ribeiro

(-) Total de Saídas R$ 31.500,00 R$ 25.140,00 R$ 23.700,00 R$ 19.040,00 R$ 11.830,00

(=) Resultado Final R$ 19.230,00 R$ 24.725,00 R$ 20.257,00 R$ 26.749,00 R$ 41.451,00

Tabela 42 - Exemplo de fluxo de caixa em forma de planilha


Fonte: SENAI/MG (2017)
UNIDADE DE ESTUDO 8
RELATÓRIOS TÉCNICOS
178 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

INICIANDO SEUS ESTUDOS


Agora que você já aprendeu sobre como é feito um estudo de eficiência energética e as atividades
que devem ser realizadas, aprenderemos a seguir como apresentar essas informações para um cliente
de maneira coordenada e de fácil compreensão por meio da utilização de um documento padronizado:
o relatório técnico.

Sabemos que existem várias formas de elaborar um relatório técnico. Contudo, é importante destacar
que ele precisa estar de acordo com o que foi acordado entre você e o seu cliente, isto é, a empresa.

O modelo de relatório apresentado neste módulo segue um padrão predefinido no programa Indústria
+ Eficiente. Acompanhe a seguir os itens obrigatórios que constam nesse modelo de relatório técnico.

8  RELATÓRIOS TÉCNICOS
O relatório técnico deverá ser uma referência para a empresa no que diz respeito à eficiência
energética. Ele trará um conjunto de dados e análises dos diversos cenários, com potencial
de economia encontrados, a fim de implantar medidas de redução de consumo dos insumos
energéticos e de custos. O seu conteúdo contempla, no mínimo, os dados e análises referentes
ao perfil de consumo da empresa, os principais usos finais instalados (que são utilizados no
processo produtivo), a identificação dos potenciais de economia e o estudo de viabilidade para
implantação das ações propostas.
Em seguida, apresentamos o modelo de relatório desenvolvido para essa metodologia.

TÍTULO: PROGRAMA INDÚSTRIA + EFICIENTE


A metodologia de consultoria tem o objetivo de aumentar a produtividade das pequenas e
médias indústrias participantes por meio da redução do consumo energético e da despesa
com energia.
A Consultoria para Eficiência Energética é uma das ações desse programa e visa à eliminação
dos desperdícios energéticos dentro das indústrias, por meio de ferramentas que podem po-
tencializar os resultados e aumentar sua produtividade.
A consultoria para Eficiência Energética
A consultoria para Eficiência Energética visa alcançar o melhor uso das fontes de energia
por meio de análises e soluções para os elementos de consumo energéticos de uma empresa,
como motores, iluminação, refrigeração etc. As soluções implementadas têm o objetivo de
reduzir o consumo energético por unidade produzida, ou seja, possibilita as empresas a fazer
mais com menos, ou produzir mais com menos energia, reduzindo dessa forma os custos de
produção e aumentando a produtividade industrial.

I.OBJETIVO
O objetivo desse documento é apresentar os resultados da consultoria especializada por
meio de uma metodologia denominada “Indústria + Eficiente”, realizado nas áreas (ilumina-
ção, motores, aquecimento, ventilação, ar comprimido etc.) da empresa, para contribuir com
o aumento da produtividade da empresa em questão.
RELATÓRIOS TÉCNICOS 179

II. ESCOPO
Para cumprimento do objetivo desse serviço de consultoria, o escopo do projeto foi dividido
em etapas de trabalho, conforme programação abaixo:
1 - Caracterização do consumo energético.
2 - Apresentação visual dos dados do fluxo de energia com identificação de recursos de maior
consumo energético.
3 - Identificação de oportunidades de melhoria.
4 - Descrição das intervenções realizadas a partir da lista de priorização da empresa.
5 – Descrição dos Resultados.
6 - análise dos indicadores de redução do consumo de energia e a projeção do retorno dos
investimentos.
7 – Conclusão.
A seguir, abordaremos cada etapa que deve constar no escopo do relatório.
Acompanhe!

1. Caracterização do consumo energético


Você deverá descrever brevemente como é feito o suprimento de energia, como é feita a
medição, além de inserir uma tabela de fornecimento de energia elétrica, citar e mensurar
outras fontes de energia (térmica, combustível etc.).
Veja o exemplo de uma tabela de fornecimento de energia elétrica.

N° DO CLIENTE
Nº DA INSTALAÇÃO
DISTRIBUIDORA
MODALIDADE TARIFÁRIA
Ana Maria Lima

TENSÃO DE FORNECIMENTO
DEMANDA CONTRATADA
Tabela 43 - Modelo de tabela de fornecimento de energia elétrica.
Fonte: SENAI/MG (2017).

2. Apresentação visual dos dados do fluxo de energia com identificação de recursos de


maior consumo energético
Nesse item, você deverá inserir a imagem do Fluxo de Material e Energia no modelo proposto,
em orientação paisagem e tamanho A4. Esse item é obrigatório e deve estar legível.
Além disso, você deverá apresentar uma descrição da empresa, analisar e comentar sobre o
Fluxo de Material e Energia e inserir a tabela de sistemas.
180 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

INSUMO ÁREAS DE CONSUMO


ENERGÉTICO SISTEMAS

Administrativo
Energia Elétrica
XX.XXX kWh/ano Produção Iluminação
XX% do custo com
energé�cos
Processo 1 Processo 2 Processo 3
Sist. Motrizes
GLP XX.XXX MWh/ano
10.000 kWh/ano
Processo 4 Processo 5 Processo 6 Sist. Bombeamento
XX% do custo com
Matéria-Prima 1 energé�cos XX.XXX MWh/ano
XX.XXX kg/ano Produto
Processo 7 99.999 kg/ano
Matéria Prima 2 Processo 8 Processo 9 Sist. Ar comprimido
Etanol
X.XXX kg/ano XX.XXX 0 kWh/ano
XX.XXX MWh/ano
XX% do custo com
energé�cos Processo 10 Processo 11 Processo 12
Sist.
Refrigeração/Térmicos
Água
XX.XXX litros/ano
X % do custo com Expedição
energé�cos
Maiores consumos energéticos

Figura 64 - Fluxo de material e de energia


Fonte: SENAI/MG - CETEL, 2017.

O fluxo de material e energia trata da representação gráfica dos processos energéticos da


empresa. Nele são apresentadas as principais matérias-primas, os insumos energéticos, as
áreas de consumo, os sistemas energéticos, o processo produtivo e os principais produtos.

As matérias-primas e produtos devem ser inseridos com a unidade que mais se adequar à
sua natureza, como toneladas por ano ou unidade por ano.

Os insumos energéticos são os tipos de energia ou combustíveis utilizados no processo.


Devem ser apresentados com seus respectivos valores de energia fornecida ao sistema, as-
sim como sua representatividade no total de energéticos da empresa. O fluxo da Figura 64
demonstra os insumos gás, energia elétrica, lenha e água. Devem ser retirados ou inseridos
insumos energéticos, de acordo com a realidade da empresa atendida.

As áreas da empresa que consomem energia devem ser representadas, assim como um fluxo
do processo produtivo que demonstre a forma como a energia é consumida. Os processos de
maior consumo devem ser destacados.

Sistemas energéticos são os tipos de consumidores presentes na empresa. Esses sistemas


são divididos em: iluminação, sistemas motrizes, sistemas de bombeamento, sistemas de ar
comprimido e sistemas térmicos. Os consumos e sistemas mais impactantes nos gastos com
energia deverão ser destacados em relação aos demais.

ATENÇÃO
Nem todos os sistemas apresentados estarão presentes nas empresas atendidas e esse campo
deve ser adequado, retirando ou inserindo sistemas.
É importante que o fluxo apresente de forma clara o consumo energético da empresa ou carga
foco da consultoria, fornecendo uma visão geral do processo e informações que orientem a to-
mada de decisões sobre a gestão de energia da empresa atendida.
RELATÓRIOS TÉCNICOS 181

3. Identificação das oportunidades de melhoria


Nesse item, você deverá selecionar na tabela a seguir quais os sistemas consumidores de
energia, adotados pela indústria, deverão ser priorizados no decorrer da consultoria.

SISTEMAS CONSUMIDORES DE ENERGIA PRIORIZADOS


Análise Tarifária
Análise do sistema de iluminação;
Verificação do consumo em sistemas motrizes e sistemas de bombeamento (se houver);

Ana Maria Lima


Análise do sistema de refrigeração, inclusive sistemas térmicos (se houver);
Análise do sistema de ar comprimido (se houver).

Tabela 44 - Exemplo de tabela em que constam os sistemas consumidores de energia a serem priorizados
Fonte: Equipe SENAI/MG - CETEL (2017)

Após a seleção dos sistemas consumidores, você deve qualificar as cargas-alvo (informando
quais equipamentos, elementos de uso final ou processo) e também quantificar as cargas-alvo
(informar o consumo em MWh e despesa em R$ que representa), tanto aquela considerada
para ações com investimento quanto para ações sem investimento.
4. Descrição das intervenções realizadas a partir da lista de priorização da empresa

Após ter selecionado os sistemas consumidores de energia a serem priorizados, para cada
um deles, você deverá descrever como será realizada a implementação. Logo, se você selecio-
nou, por exemplo, dois sistemas consumidores de energia, os dois devem constar no relatório.

ATENÇÃO

Você não precisará explicar, neste momento, a Fluxo de Materiais e Energia, pois a ferramenta já
foi apresentada no item 2.

4.1 Sistema Consumidor de Energia 1


Explicar nesse subitem as análises e as ações realizadas na empresa, os problemas que foram
encontrados, buscando correlacionar com a solução definida junto à empresa, tendo em vista
o sistema consumidor de energia que foi priorizado.

4.2 Sistema Consumidor de Energia 2


Explicar nesse subitem as análises e as ações realizadas na empresa, os problemas que foram
encontrados, buscando correlacionar com a solução definida junto à empresa, tendo em vista
o sistema consumidor de energia que foi priorizado.

4.3 Sistema Consumidor de Energia “n”


Explicar nesse subitem as análises e as ações realizadas na empresa, os problemas que foram
encontrados, buscando correlacionar com a solução definida junto com a empresa tendo em
vista o sistema consumidor de energia que foi priorizado.
Observação.: No título acima, “n” indica todas as possibilidades de atuação subsequentes
182 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

para Sistema Consumidor de Energia. Portanto não a limitação de ações. A lista de priorização
da empresa deve contemplar o máximo de oportunidades e potenciais possíveis.

5. Descrição dos resultados


Por fim, como último item do relatório técnico, temos a descrição dos resultados que foram
obtidos pela consultoria.
5.1 Resultados
Segue modelo de tabela a ser utilizada para a apresentação dos resultados.

INDICADORES DE DESEMPENHO

Valor Valor Resultado Valor Resultado


Indicadores
Inicial Projetado Projetado Alcançado Alcançado

Consumo Energético
xxxxx xxxxx
(MWh/ano) xxxxx xxxxx xxxxx
% %
(sem investimento)

Consumo Energético
xxxxx
(MWh/ano) xxxxx xxxxx Não Aplicável Não Aplicável
%
(com investimento)

Despesa Energética
xxxxx xxxxx
(R$/ano) xxxxx xxxxx xxxxx
% %
(sem investimento)

Despesa Energética
xxxxx
(R$/ano) xxxxx xxxxx Não Aplicável Não Aplicável
%
(com investimento)

Retorno do
Programa (mês) xxxxx xxxxx xxxxx Não Aplicável xxxxx
(sem investimento)

Retorno do Fábio Paiva Ribeiro


Programa (mês) xxxxx xxxxx xxxxx Não Aplicável xxxxx
(com investimento)

Tabela 45 - Tabela de Indicadores


Fonte: Fonte: Equipe SENAI/MG - CETEL (2017)

5.2 Análise dos Indicadores de redução de consumo de energia


Nesse subitem, você deverá descrever, em um breve parágrafo, para cada indicador, um de-
talhamento dos ganhos obtidos:
a) Análise da Redução do Consumo Energético (MWh/ano) sem investimentos:
Realizar a análise do indicador de redução do consumo energético em MWh/ano sem investimentos.
Esse indicador é obrigatório medir e analisar.

b) Análise da Redução do Consumo Energético (MWh/ano) com investimentos:


Realizar a análise do indicador de redução do consumo energético em MWh/ano com investimentos.
Esse indicador é obrigatório medir e analisar.
RELATÓRIOS TÉCNICOS 183

c) Análise da Redução da Despesa com Energia (R$/ano) sem investimentos:


Realizar a análise do indicador de redução da despesa com energia em R$/ano sem investimentos.
Esse indicador é obrigatório medir e analisar.

d) Análise da Redução da Despesa com Energia (R$/ano) com investimentos:


Realizar a análise do indicador de redução da despesa com energia em R$/ano com investimentos.
Esse indicador é obrigatório medir e analisar.

e) Análise do Retorno do Programa (sem investimentos) em meses:


Realizar a análise do indicador de retorno do programa sem investimentos, considerando apenas
o valor pago pela empresa para realização da consultoria do programa “Indústria + Eficiente”. Esse
indicador é obrigatório medir e analisar.

f) Análise do Retorno do Programa (com investimentos) em meses:


Realizar a análise do indicador de retorno do programa com investimentos, exceto o valor pago pela
empresa para realização da consultoria do programa “Indústria + Eficiente”. Esse indicador é obrigatório
medir e analisar.

Observação: São obrigatórios, ainda, a tabela de indicadores, vista anteriormente, e a análise


dos indicadores do programa.

6. Projeção do Retorno dos Investimentos


Nesse item, você deverá apresentar um plano de ação com recomendações de eficientização
com e sem investimento, uma análise de resultados técnicos e econômicos e o tempo de retor-
no do capital.
Logo, você deverá descrever o atendimento com análise do retorno do programa (com e sem
investimento) de cada item analisado.
Segue o modelo de uma tabela para que você possa apresentar esses dados.

RESUMO DA ECONOMIA ANUAL ESTIMADA TEMPO DE


INVESTIMENTO RETORNO
ITEM AÇÃO DE DO
VALOR PREVISTO
ANALISADO MELHORIA MWH/ANO INVESTIMENTO
(em R$) (em R$)
PROPOSTA (em meses)

TOTAL

Tabela 46 - Projeção do Retorno dos Investimentos


Fonte: Equipe SENAI/MG - CETEL (2017).
184 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

7. Conclusão
Nesse item, temos a conclusão do atendimento. Logo, você deverá inserir a análise dos ganhos
de produtividade alcançados, ou seja, o impacto dos indicadores na produção da empresa.
III - CHECK-LIST PARA APOIO NAS ATIVIDADES
Agora, segue um check list para que você possa analisar e definir as intervenções que devem
ser executadas nos sistemas consumidores de enegia que foram priorizados.
Apresentaremos abaixo alguns pontos de observação que podem ser úteis em sua consultoria
de Eficiência Energética. Vale ressaltar que se tratam-se de procedimentos básicos para análise
de usos finais de energia elétrica. Acompanhe!

Análise Tarifária
• Solicitar as 12 últimas contas de energia;
• Preencher planilha de analise tarifaria e modulação das contas (Tarifas Verde, Azul, Convencional
ou Livre);
• Verificar perspectivas de crescimento da empresa, situação do contrato junto à concessionária;
• Dimensionar bancos de capacitores e demanda e determinar melhor tarifa e horário de ponta
• Estudo de viabilidade técnica econômica.

Gestão Energética
• Realizar levantamento dos combustíveis;
• Verificar aquisição dos Insumos;
• Realizar estudo de conversão energética;
• Verificar os indicadores energéticos.

Alimentação, Transformação e Distribuição de Energia


• Identificar a localização das subestações;
• Verificar dados característicos dos transformadores;
• Realizar levantamento das grandezas elétricas dos transformadores (Carregamento Tensões e Cor-
rentes por fase);
• Analisar os estados de conservação e manutenção do ambiente e dos equipamentos;
• Localizar o aterramento da Subestação;
• Verificar a temperatura no interior e fora da cabine dos transformadores;
• Realizar varredura por TERMOVISOR dos principais quadros de distribuição;
• Estudar a possibilidade de alterar o nível de tensão nos circuitos de distribuição;
• Medir a corrente que circula nos alimentadores principais e verificar desequilíbrios.

Motores Elétricos
• Anotar os dados de placa do motor (potência, RPM, corrente, tensão, FP e rendimento);
RELATÓRIOS TÉCNICOS 185

• Medir a corrente do motor com carga;


• Anotar tipo de acionamento do motor (Partida direta, soft start, etc.);
• Verificar situação do rolamento, sistema de acoplamento e fixação do motor;
• Verificar o regime de funcionamento do motor;
• Analisar o carregamento e estudo de aplicação de filtros e inversores;
• Realizar estudo de viabilidade de aplicação de inversores, filtros e motores de alto rendimento.
• Especificar motores eficientes e cotar preço;
• Realizar estudo de viabilidade técnico econômica do uso final.

Iluminação
• Medir o nível de iluminamento médio de cada ambiente;
• Preencher tabela listando tipo de lâmpada, potência, quantidade e acessórios;
• Listar tipo de luminária utilizada, estado de conservação;
• Anotar cor do teto, parede, piso e tipo de atividade principal do ambiente;
• Verificar os tipos de lâmpadas e luminárias especiais (antiexplosão etc.);
• Verificar a divisão dos circuitos de iluminação (setorização);
• Verificar o tempo de funcionamento diurno, noturno e horário de limpeza do ambiente;
• Verificar a possibilidade de aproveitamento da luz natural;
• Especificar lâmpadas eficientes e cotar preço;
• Fazer estudo de viabilidade técnico econômica do uso final.

Fornos, Estufas e Sistemas de Geração de Calor ou vapor


• Anotar os tipos de equipamento existentes (Caldeiras, Saunas, Boiler, Estufas etc);
• Verificar os tipos de combustíveis utilizados;
• Calcular carga térmica necessária;
• Verificar estado dos isolamentos e perdas;
• Verificar o regime de funcionamento do equipamento;
• Medir o consumo e a temperatura do sistema;
• Especificar os equipamentos eficientes e cotar preço;
• Realizar estudo de viabilidade econômica.

Sistemas de Climatização e Refrigeração


• Anotar dados de placa dos equipamentos (potência, BTU, corrente, tensão e rendimento, modelo);
• Medir corrente do equipamento com carga;
• Anotar tipo de insuflamento;
• Anotar tamanho da área, atividade e carga térmica;
• Recalcular carga térmica do ambiente;
186 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

• Verificar o regime de funcionamento do equipamento;


• Especificar equipamentos eficientes e cotar preço;
• Realizar estudo de viabilidade econômica.

Sistemas de Ar Comprimido
• Anotar dados de placa e modelo dos compressores (potência, vazão, corrente, tensão e rendimento,
modelo);
• Medir corrente do equipamento com carga;
• Anotar dimensões e características das redes de distribuição;
• Anotar pressão na saída do ar comprimido e na entrada das máquinas;
• Recalcular carga do sistema e necessidade das máquinas;
• Verificar o regime de funcionamento do equipamento;
• Especificar equipamentos eficientes e cotar preço;
• Realizar estudo de viabilidade econômica.

Sistemas de Exaustão e Ventilação


• Anotar tipos de equipamento existentes;
• Medir corrente do equipamento com carga;
• Anotar tipo de insuflamento;
• Anotar tamanho da área, atividade e carga térmica;
• Recalcular carga térmica do ambiente;
• Verificar o regime de funcionamento do equipamento;
• Especificar equipamentos eficientes e cotar preço;
• Realizar estudo de viabilidade econômica.

Sistemas de Bombeamento
• Anotar tipos de bombas existentes;
• Calcular curva de nível;
• Verificar excesso de curva nas tubulações;
• Verificar o regime de funcionamento do equipamento;
• Medir consumo;
• Especificar equipamentos eficientes e cotar preço;
• Realizar estudo de viabilidade econômica.

Avaliação de resultados
• Elaborar plano de ação com recomendações de eficientização com e sem investimento;
• Realizar análise de resultados técnicos econômicos;
• Apresentar os indicadores de desempenho;
• Apresentar o tempo de retorno do capital.
UNIDADE DE ESTUDO 9
ESTUDO DE CASOS
188 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

INICIANDO SEUS ESTUDOS


Nesta Unidade de Estudo, veremos algumas situações que poderão ser enfrentadas por você, con-
sultor em eficiência energética. Essas situações reproduzem questionamentos e incertezas que dispa-
ram a necessidade de avaliar, criticar e analisar, visando a uma tomada de decisão assertiva. Trata-se
de estudos de casos em que os conhecimentos teóricos, estudados até aqui, são colocados em prática.
Destacamos que eles são fundamentais para que você, consultor, raciocine criticamente e argumente
situações que podem ser vivenciadas no seu dia a dia. 

Ao final desta unidade, você será capaz de:


• Identificar o problema; 
• Avaliar criticamente as melhores estratégias para a resolução do problema;
• Relacionar as abordagens teóricas e práticas do curso, envolvidas no problema; 

• Solucionar problemas. 

9  ESTUDO DE CASOS

ESTUDO DE CASO 1: ANÁLISE DE REDUÇÃO DAS PERDAS DEVIDO À TEMPERATURA


DO AR ASPIRADO PELO COMPRESSOR

Durante a Consultoria em Eficiência Energética na empresa Laticínios BR S.A., você identificou


que existe um compressor do tipo parafuso, aspirando ar no interior da casa de máquinas.
Realizando medições com o auxílio de um termohigrômetro, foi possível identificar que a tem-
peratura do ar aspirado na casa de máquinas é, em média, 45°C, enquanto a temperatura do
ar atmosférico é 32°C. Analisando os dados de placa, observa-se que o motor elétrico possui
potência nominal de 150 CV, e as medições realizadas com o analisador de energia indicam
potência média de trabalho em regime de compressão da ordem de 95 kW. Segundo o Sr. José
Reinaldo, supervisor de manutenção, o ciclo de trabalho opera das 7h às 21h e 30 dias por mês
de compressão efetiva. Durante o horário de almoço, das 11h às 13h, não há ciclo de trabalho.
Dados:

Custo Específico de Energia Ativa 0,60 R$/kWh;

Custo Energia Ativa HP 1,62 R$/kWh; e

Custo Energia Ativa HFP 0,43 R$/kWh.

PROJETO 1: Calcule a economia mensal em kWh/mês e R$/mês, com a redução da tempera-


tura do ar aspirado, considerando o custo específico da energia elétrica.

PROJETO 2: Calcule a economia anual em MWh/ano e R$/ano, com a redução da temperatura


do ar aspirado, considerando o custo da energia elétrica por posto tarifário e um fator de segu-
rança de 10% para a economia financeira.
ESTUDO DE CASOS 189

RESOLUÇÃO PROJETO 1: Análise de Redução das perdas devido à temperatura do ar as-


pirado pelo Compressor

Na tabela a seguir, tem-se:

TEMPERATURA DO POTÊNCIA ECONOMIZADA


AR DE ASPIRAÇÃO OU INCREMENTADA
(°C) Temperatura de referência 21°c
-1,0 7,5% (Economizado)
4,0 5,7% (economizado)
10,0 3,8% (economizado)
16,0 1,9%(economizado)
21,0 00
27,0 1,9% (incrementado)
32,0 3,8% (incrementado)

Fábio Paiva Ribeiro


38,0 5,7% (incrementado)
43,0 7,6% (incrementado)
49,0 9,5% (incrementado)

Tabela 47 - Tabela de redução de perdas com redução de temperatura ambiente.


Fonte: ROCHA, Newton Ribeiro, 2005.

- O valor para 45ºC (obtido por interpolação entre os valores 43ºC e 49ºC) é igual a 8,2% (in-
cremento)
- Para 32ºC = 3,8% incremento
- Diferença de incrementos: 8,2 - 3,8 = 4,4%
- Logo, o percentual de 4,4% é a energia economizada sobre o que se estiver sendo consu-
mindo até então.

b95kW x 12 horas x 30 dias


mês l
b MWh l dia
consumo atual mês = 1.000

Consumo atual = 34,200 MWh/mês

MWh
Economia energética estimada = 34, 200 mês x 4, 4%

Economia energética estimada – 1,505 MWh/mês


190 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

kWh
Economia financeira estimada = 1.505 mês x 0, 60 R$/kWh

Economia financeira estimada = R$ 903,00/mês


RESOLUÇÃO PROJETO 2: Análise de Redução das perdas devido à temperatura do
ar aspirado pelo Compressor

Na tabela a seguir, tem-se:

TEMPERATURA DO POTÊNCIA ECONOMIZADA


AR DE ASPIRAÇÃO OU INCREMENTADA
(°C) Temperatura de referência 21°c

-1,0 7,5% (Economizado)

4,0 5,7% (economizado)

10,0 3,8% (economizado)

16,0 1,9%(economizado)

21,0 00

27,0 1,9% (incrementado)

32,0 3,8% (incrementado)


Fábio Paiva Ribeiro
38,0 5,7% (incrementado)

43,0 7,6% (incrementado)

49,0 9,5% (incrementado)

Tabela 48 - Tabela de redução de perdas com redução de temperatura ambiente.


Fonte: ROCHA, Newton Ribeiro, 2005.

- O valor para 45ºC (obtido por interpolação entre os valores 43ºC e 49ºC) é igual a
8,2% (incremento)
- Para 32ºC = 3,8% incremento
- Diferença de incrementos: 8,2 - 3,8 = 4,4%
- Logo, o percentual de 4,4% é a energia economizada sobre o que se estiver sendo
consumindo até então.

(( 95 kW x 9 hora s dias horas dias meses


dia x 22 mês + 95 kW x 12 dia x 8 mês ) x 12 ano )
(
Consumo HFP MWh
an o )= 1.000

Consumo atual HFP = 335,16 MWh/ano


ESTUDO DE CASOS 191

MWh
Economia energé tica estimada HFP = 335,16 an o x 4,4 %

Economia energética estimada HFP = 14,75 MWh/ano

kWh
Economia financeira estimada HFP = 14 75 an o x 0 43 R$/ kWh

Economia financeira estimada HFP = R$6.341,23 /ano

b95kW x 3 horas x 22 dias


ê x 12 ano l
meses
Consumo atual HP b ano l =
MWh dia m s
1.000

Consumo atual HP 75,24 MWh /ano


Consumo atual HP = 75,24 MWh /ano
MWh
Economia energética estimada HP = 75, 24 ano x 4, 4%

Economia energética estimada HP = 3,311 MWh/ano

kWh
Economia financeira estimada HP = 3.311 ano x 1, 62 R$/kWh

Economia financeira estimada HP = R$ 5.363,11 /ano

Consumo atual = 410,400 MWh /ano

Economia total estimada = 18,06 MWh /ano

Economia total estimada = R$ 11.704,33 /ano

R$
Economia financeira estimada corrigida = 11.704, 33 an o x 90%

Economia financeira estimada corrigida = R$ 10.533,90 /ano


192 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Conclusão:
O Projeto 1 não traduz a melhor resolução com foco nos resultados do programa. O fato de
considerar o custo da energia específico e não o custo por posto tarifário, apesar de considerar
outros fatores, como: demanda, multas e encargos, representa uma economia inferior. Além
disso, conforme os indicadores do programa, a economia alcançada deve ser apresentada por
período anual em MWh/ano.
O projeto 2 traduz a melhor solução para o cálculo de economia em MWh do sistema. O custo
da energia é calculado por posto tarifário (ponta e fora de ponta) além de projetar a economia
anual com a adoção das medidas, conforme estabelece os indicadores do programa e as boas
práticas da consultoria de Eficiência Energética. Outro aspecto importante é a utilização de um
fator de segurança para a apresentação da economia financeira, que tem a capacidade de ab-
sorver uma pequena alteração do cenário analisado. Além disso, a análise por posto tarifário
possibilita a redução de custos com a mudança no processo produtivo para evitar o uso de
equipamento no horário de ponta. Um exemplo disso é o revezamento de operadores no ho-
rário de almoço para evitar desligamento do ar comprimido neste horário e com isso desliga-lo
duas horas mais cedo no horário de ponta.

ESTUDO DE CASO 2: ANÁLISE DE REDUÇÃO DO CONSUMO ENERGÉTICO EM


CÂMARAS FRIGORÍFICAS
Avaliando as possibilidades de melhoria no setor de refrigeração da empresa Laticínios
BR S.A, você se depara com uma câmara frigorífica cujo sistema de refrigeração é dotado
de um compressor com potência frigorífica de Qo = 160.000 kcal/h e encontra-se à tem-
peratura de -5°C. A potência elétrica do compressor é de 100 kW, e o mesmo permanece
em funcionamento 22 h/dia, 30 dias/mês. A vazão do ventilador (15,5 kW e 1770 rpm) do
evaporador desta câmara é de 24.000 m³/h.
PROJETO 1: Calcule a economia anual em MWh/ano com a redução da vazão do ventila-
dor do evaporador para 20.000 m³/h através da instalação de um inversor de frequência.
Considere que a temperatura ideal varia apenas ±0,1°C em torno da temperatura medida.
PROJETO 2: O manual de instruções da câmara recomenda temperatura em 0ºC. Calcule
a economia anual em MWh/ano apenas com a redução da temperatura de resfriamento da
câmara.

RESOLUÇÃO PROJETO 1: Análise de Redução do Consumo Energético com Ade-


quação da Temperatura de Câmaras Frigoríficas

Consumo do Compressor

Cm b ano l = 0, 100 MW x 22 dia x 30 mês x 12 meses/ano


MWh horas dias

Cm = 792 MWh/ano
ESTUDO DE CASOS 193

Quantidade de calor retirada em excesso da câmara

b kcal l
3 ^t ar h x 0, 24 3
kcal ^Ct h
m3 kg
Q h = 20.000 h x 1, 20 kgar x 0, 1
Q b h l = 20.000 h x 1, 20 3 ^t ar h x 0, 24 kg.C ^Ct ar h x 0, 1
kcal
m m kg .C kcal
m
Q = 576 kcal/h
Q = 576 kcal/h
Q
t red = Q x Cm Q
0
t red = Q x Cm
0

t red b ano l = 160.000 x 792


MWh 576
t red b ano l = 160.000 x 792
MWh 576

t red = 2, 851 MWh/ano


t red = 2, 851 MWh/ano

Redução do consumo do ventilador do evaporador.

Pelas Leis de Afinidade para cargas centrífugas, temos:

( ) ( )
Q2 n2 ∆p2 n 2
Pe2 n 3
= ; = 2 ; = 2 ;
Q1 n1 ∆p1 n1 Pe1 n1

20.000 = nn2 => n = 1.475rpm


20.000
24.000 =1.770=> n2 = 1.475rpm
2 2
24.000 1.770

Pe2
Pe2 =
15,5 =
15,5
(( 1.475 ))
1.475 33 =>Pe = 8,97kW
1.770 =>Pe22= 8,97kW
1.770
194 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Red. vent ( MWh


ano ) = (15,5 - 8,97)
kWh x 22 horas x 30 dias
1000 dia mês x 12 meses
ano

Red. vent = 51,72 ( MWh


ano )

Pred Total = 2,851 + 51,72 = 54,57 MWh/ano

RESOLUÇÃO PROJETO 2: Análise de Redução do Consumo Energético com Ade-


quação da Temperatura de Câmaras Frigoríficas

Consumo do Compressor

Quantidade de calor retirada em excesso da câmara

Qb l= b kcal l 24.000mkcal
^ h ^ ar h 3x ^^t h x]-05, 24
gh
kcal ^Ct
kcal de calor
Quantidade 24.000 kgda câmara
m em excesso
retirada
3 3
kg
Q =
x 1, 20 h3 t ar x 0, 24 x
h kg.C 1 ,C20
t 0 ar-
kg.C
h h m m

Q = 34.560 kcal/h Q = 34.560 kcal/h

Quantidade de calor retirada em excesso da câmara

Q
t red = Q x Cm
0

t red b ano l = 160.000 x 792


MWh 34.560

t red = 171, 72 MWh/ano


ESTUDO DE CASOS 195

Q
t red = Q Q x Cm
t red =0 Q x Cm
0

t red b ano
MWh l = 34.560
t red b ano l160
MWh = 34 x 792
.560
.000
160.000 x 792

t red = 171, 72 MWh/ano


t red = 171, 72 MWh/ano
Conclusão:
O projeto 1 pode ser considerado como uma solução em eficiência energética entretan-
to, é uma medida de melhoria que demanda investimento, como a aquisição de um inver-
sor de frequência para regular a velocidade e consequentemente a vazão do ventilador do
evaporador. Este investimento deverá ser considerado no payback da economia financeira.
O projeto 2 possui uma maior viabilidade para sua implementação visto que apresenta
economia energética e a mesma não possui investimentos. A economia é alcançada atra-
vés de mudança de hábitos, como a adequação da temperatura da câmara frigorífica, de
acordo com a necessidade dos alimentos que se deseja resfriar e o manual do fabricante.

ESTUDO DE CASO 3: ANÁLISE DE RESULTADOS


Durante a Consultoria em Eficiência Energética do programa Indústria + Eficiente de uma em-
presa do setor de alimentos, você aplicou corretamente a metodologia da consultoria, realizou
as verificações, coletou informações, fez medições, análises, e pesquisas. Além disso, montou a
tabela das cargas-alvo com, sem e baixo investimento. Juntos, acompanharemos os dois desa-
fios que farão parte das suas atividades de análise de resultados no dia a dia como consultor.
É importante que você reflita sobre as situações propostas que aperfeiçoarão seus conhe-
cimentos para adotar decisões assertivas em seu trabalho. Esse estudo de caso contempla
apenas ações até a fase “Apresentação de Proposta de Intervenção”. Com isso, não serão ana-
lisados os indicadores “Valor Alcançado” e “Resultado Alcançado”.
Observe com atenção a tabela a seguir!
VALORES INCIAIS ITEM ECONOMIA ANUAL
TEMPO DE
196

DAS CARGAS-ALVO ANALISADO RESUMO DA AÇÃO DE ESTIMADA INVESTIMENTO


MELHORIA PROPOSTA PREVISTO RETORNO DO
MWh/ano Valor (Cargas-Alvo) MWh/ano Valor INVESTIMENTO

Reprogramação de
Gestão
0 R$ 15.855,00 pagamentoda fatura de 0 R$ 15.855,00 R$ 0,00 Imediato
Energética energia elétrica

Alteração de Modalidade
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

R$ Gestão
0 1.833.000,00 Energética Tarifária e Demanda 0 R$ 133.456,00 R$ 2.500,00 < 1 mês
(requer projeto)
Gestão Manutenção no Banco de
0 R$ 59.863,00 0 R$ 59.863,00 R$ 2.400,00 < 1 mês
Energética Capacitores

Sistema e
Substituição de lâmpadas
77,45 R$ 47.012,15 Iluminação 38,20 R$ 23.187,40 R$ 17.000,00 8,8 meses
vapor metálico por LED
Depósito
Sistema e Desligamento das
77,45 R$ 47.012,15 Iluminação luminárias vapor metálico 0,75 R$ 455,24 R$ 0,00 Imediato
Depósito durante almoço e café
Setorização do circuito
Sistema e
com luminárias atuais
77,45 R$ 47.012,15 Iluminação 8,45 R$ 5.129,15 R$ 798,00 1,9 meses
em 2 blocos e acionando
Depósito
apenas 1
Desligamento do ar
Sistema HVAC

Tabela 49 - Tabela de resultados.


3,87 R$ 2.949,00 condicionado durante 0,54 R$ 328,50 R$ 0,00 Imediato
Diretorias

Fonte: Equipe SENAI/MG – CETEL.(2017)


almoço

R$ Sistema de Ar Redução de pressão - ajuste


985,66 598.295,62 Comprimido + dedicar compressor 2 ao 152,80 R$ 90.899,98 R$ 0,00 Imediato
calibrador de pneus
R$ Sistema de Ar Redução de temperatura
985,66 598.295,62 Comprimido de captação do ar 32,56 R$ 19.763,92 R$ 2.400,00 1,45 meses

985,66 R$ Sistema de Ar Redução de vazamentos - 207,38 R$ 125.879,66 R$ 7.000,00 <1 mês


598.295,62 Comprimido manutenção

Substituição do motor
R$ Sistema de Ar 300 cv por outro de
985,66 598.295,62 Comprimido mesma potência e melhor 122,57 R$ 74.399,99 R$ 105.000,00 16,9 mesesv
rendimento
Wendell Aguiar
RETORNO DO PROGRAMA
REDUÇÃO DAS DESPESAS COM ENERGIA
REDUÇÃO DE CONSUMO COM ENERGIA

cadores de desempenho:
AÇÕES COM INVESTIMENTO - CAPEX INDICADORES DO PROGRAMA
CIENTE, estudado anteriormente.

CONSUMO -6- tempo de


CUSTO INICIAL CUNSUMO ECONOMIA ECONOMIA
CARGA-ALVO INICIAL CUSTO DEPOIS INVESTIMENTO -2- kWh/a % -4- R$/a % retorno do
ANTES DEPOIS ENERGÉTICA FINANCEIRA
ANTES capital (meses)
Iniciemos então os desafios. Vamos lá!

SISTEMA DE AR 985,66 R$ 598.295,00 863,09 R$ 523.895,01 122,57 MWh/ R$74.399,99


R$ 105.000,00
COMPRIMIDO MWh/ano / ano MWh/ano / ano ano / ano

SISTEMA DE R$
77,45 MWh/ R$ 47.012,15 39,25 MWh/ R$ 23.824,75 38,20 MWh/ R$ 17.000,00
ILUMINAÇÃO 23.187,40 /
ano / ano ano / ano ano / ano
DEPÓSITO ano

Fonte: Equipe SENAI/MG –CETEL. (2017).


Tabela 50 - Tabela de investimentos CAPEX.
15,1% 15,1% 2,87

R$
TOTAL COM 1063,11 R$ 645.307,15 902,34 R$ 547.719,76 160,77 MWh/
97.587,39 / R$ 122.000,00
INVESTIMENTO MWh/ano / ano MWh/ano / ano ano
ano
ESTUDO DE CASOS

Wendell Aguiar
197

1) A tabela a seguir apresenta os cálculos com investimento CAPEX com os seguintes indi-
do Excel. Lembramos que você poderá utilizar o arquivo INDICADORES_INDÚSTRIA_MAIS_EFI-
remos as fórmulas dos indicadores que você conheceu no material online direto em planilhas
relatórios que serão apresentados para o industriário. Para facilitar a sua compreensão, aplica-
Neste primeiro desafio, calcularemos os 6 indicadores de desempenho que irão compor os
RETORNO DO PROGRAMA
198

REDUÇÃO DAS DESPESAS COM ENERGIA

REDUÇÃO DE CONSUMO COM ENERGIA

AÇÕES SEM INVESTIMENTO - OPEX INDICADORES DO PROGRAMA

-5- tempo
CONSUMO CUSTO INICIAL CUNSUMO ECONOMIA ECONOMIA de retorno
CARGA-ALVO CUSTO DEPOIS INVESTIMENTO -1- kWh/a % -3- R$/a %
INICIAL ANTES ANTES DEPOIS ENERGÉTICA FINANCEIRA do capital
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

(meses)

Gestão
0,00 MWh/ano R$ 15.855,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 0,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 15.855,00 / ano R$
Energética

Gestão
0,00 MWh/ano R$ 1.833.000,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 1.699.544,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 133.456,00 / ano R$ 2.500,00 / ano
Energética
- Retorno do programa;

Gestão
0,00 MWh/ano R$ 59.863,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 0,00 / ano 0,00 MWh/ano R$ 59.863,00 / ano R$ 2.400,00 / ano
Energética

Sistema de
Iluminação 77,45 MWh/ano R$ 47.012,05 / ano 76,70 MWh/ano R$ 46.556,80 / ano 0,75 MWh/ano R$ 455,25 / ano R$
Depósito
- Redução de consumo de energia.

Sistema de
Iluminação 69,00 MWh/ano R$ 41.882,90 / ano 8,45 MWh/ano R$ 5.129,15 / ano R$ 798,00 / ano
- Redução das despesas com energia;

Depósito
com os seguintes indicadores de desempenho:

Sistema HVAC 3,87 MWh/ano R$ 2.949,00 / ano 3,33 MWh/ano R$ 2.620,50 / ano 0,54 MWh/ano R$ 328,50 / ano R$

40,6% 18,5% 0,53

Fonte: Equipe SENAI/MG –CETEL (2017).


Tabela 51 - Tabela de investimentos OPEX.
Sistema de Ar
985,66 MWh/ano R$ 598.295,62 / ano 832,86 MWh/ano R$ 507.395,64 / ano 152,80 MWh/ano R$ 90.899,98 / ano R$
Comprimido

Sistema de Ar
953,10 MWh/ano R$ 578.531,70 / ano 32,56 MWh/ano R$ 19.763,92 / ano R$ 2.400,00 / ano
Comprimido

Sistema de Ar
778,28 MWh/ano R$ 472.415,96 / ano 207,38 MWh/ano R$ 125.879,66 / ano R$ 7.000,00 / ano
Comprimido

TOTAL
PARCIAL EM
1066,98 MWh/ R$ 2.541.119,67 2713,27 MWh/ R$ 3.348.947,50 402,48 MWh/ R$ 435.775,46 R$ 15.098,00
INVESTIMENTO
ano / ano ano / ano ano / ano / ano
OU BAIXO
INVESTIMENTO
2) A tabela a seguir apresenta os cálculos sem investimento/baixo investimento- OPEX

Fábio Paiva Ribeiro


ESTUDO DE CASOS 199

Você deve estar pensando: Por que alguns campos da tabela acima ficaram sem preenchi-
mento ou com valor zerado em MWh/ano? Pense e reflita intensamente sobre isso...
Então, vamos às respostas.
O termo “Gestão Energética” é uma carga-alvo que apresenta oportunidades de redução de
despesas e não reduz consumo com energia. Ações aplicadas em Gestão Energética, não alte-
ram o kWh na conta de energia. Muito interessante tudo isso, não é? Por isso, estão zeradas.
O valor a ser utilizado no denominador não deverá ser duplicado ou triplicado para não gerar
um resultado incorreto. Observe que estamos utilizando a carga-alvo Sistema de Iluminação
com duas ações e a carga-alvo Sistema de Ar Comprimido com três ações. Por isso, estão sem
preenchimento nos campos de “Consumo Inicial Antes” das intervenções e “Custo Inicial Antes”
das intervenções.
Você é muito capaz e atingiu seus objetivos! Parabéns! Aplique os conhecimentos adquiridos
em sua rotina de trabalho.
3) Agora, passaremos os valores calculados dos indicadores de desempenho das planilhas
acima para a tabela a seguir:

INDICADORES DE DESEMPENHO

VALOR VALOR RESULTADO


INDICADORES
INICIAL PROJETADO PROJETADO

CONSUMO ENERGÉTICO (MWh/ano)


1066,98 MWh/ano 439,76 MWh/ano 41,2%
(sem investimentos)

CONSUMO ENERGÉTICO (MWh/ano)


1.063,11 MWh/ano 160,77 MWh/ano 15,1%
(com investimento)

DESPESA ENERGÉTICA (R$/ANO)


R$ 2.556.974,77 /ano R$ 476.106,01 /ano 18,6%
(sem investimento)

DESPESA ENERGÉTICA (R$/ANO)


R$ 645.307,77 /ano R$ 97.587,39 /ano 15,1%
(com investimento)

RETORNO DO PROGRAMA (MÊS)


NA NA 0,53 meses
(sem investimento)
Fábio Paiva Ribeiro

RETORNO DO PROGRAMA (MÊS)


NA NA 2,9 meses
(com investimento)

Tabela 52 - Indicadores de Desempenho.


Fonte: Fonte: Equipe SENAI/MG –CETEL (2017).
200 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Iniciaremos agora o segundo desafio. Está preparado?


A sua atenção para a tabela 49 é muito importante. Vamos relembrar que as ações diferentes
são aplicadas para a mesma carga-alvo e que devemos aproveitar todas as ações possuidoras
dos maiores potenciais de economia/redução de custos energéticos e financeiros durante a
consultoria em uma empresa.
Conforme foi apresentado na tabela de resultados, as ações permitem economia financeira e
energética projetadas quando aplicadas isoladamente na carga-alvo. Quando forem aplicadas
simultaneamente e em ordens diversas, de acordo com as combinações possíveis, o resultado
das reduções do consumo e despesas projetadas será diferente do executado, pois o resultado
de uma ação interferirá no efeito da outra. Importante salientar ainda que, durante a consul-
toria, a prioridade é orientar o empresário para executar as ações sem e/ou de baixos investi-
mentos, mas sempre lembrando que a decisão final é dele.
Agora, apresentaremos a você os cálculos de redução do consumo e despesas em R$ e MWh,
para Iluminação, em dois cenários, conforme tabela abaixo:
• Primeiro Cenário da Carga-alvo:- Sistema de Iluminação Depósito. Ordem das ações:

• Substituição de lâmpadas vapor metálico por LED;

• Setorização do circuito com luminárias atuais em 2 blocos e acionando apenas 1;

• Desligamento das luminárias LED durante almoço e café.

PRIMEIRO CENÁRIO - SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DEPÓSITO

CONSUMO CUSTO INICIAL CONSUMO CUSTO ECONOMIA ECONOMIA


CARGA-ALVO
INICIAL ANTES ANTES DEPOIS DEPOIS ENERGÉTICA FINANCEIRA

Substituição de
R$ 47.012,15 / 39,25 MWh/ R$ 23.824,75 38,20 MWh/ R$ 23.187,40
lâmpadas vapor 77,45 MWh/ano
ano ano /ano ano /ano
metálico por LED

Setorização do
circuito com
luminárias LED R$ 23.824,75 / 19,63 MWh/ R$ 11.912,38 19,63 MWh/ R$ 11.912,38
39,25 MWh/ano
em 2 blocos ano ano /ano ano /ano
e acionando
apenas 1

Desligamento
das luminárias R$ 11.912,38 / 17,66 MWh/ R$ 10.720,37 R$ 1.192,01
19,63 MWh/ano 1,96 MWh/ano
LED durante ano ano /ano /ano
almoço e café
Fábio Paiva Ribeiro

59,79 MWh/ R$ 36.291,78


Economias
ano /ano

Tabela 53 - Tabela retorno financeiro em iluminação. (CENÁRIO 1)


Fonte: Equipe SENAI/MG –CETEL (2017).
ESTUDO DE CASOS 201

• Segundo Cenário da Carga-alvo - Sistema de Iluminação Depósito Ordem das ações:

• Setorização do circuito com luminárias atuais em 2 blocos e acionando apenas 1;

• Desligamento das luminárias vapor metálico durante almoço e café;

• Substituição de lâmpadas vapor metálico por LED.

SEGUNDO CENÁRIO - SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DEPÓSITO

CONSUMO CUSTO INICIAL CONSUMO CUSTO ECONOMIA ECONOMIA


Ações
INICIAL ANTES ANTES DEPOIS DEPOIS ENERGÉTICA FINANCEIRA

Setorização do
circuito com
luminárias atuais 77,45 MWh/ R$ 47.012,15 / 38,73 MWh/ R$ 23.506,08 38,73 MWh/ R$ 23.506,08 /
em 2 blocos e ano ano ano /ano ano ano
acionando apenas
1

Desligamento das
luminárias vapor 38,73 MWh/ R$ 23.506,08 / 34,80 MWh/ R$ 21.122,06 3,93 MWh/ R$ 2.384,01 /
metálico durante ano ano ano /ano ano ano
almoço e café

Substituição de
34,80 MWh/ R$ 21.122,06 / 17,40 MWh/ R$ 10.561,03 17,40 MWh/ R$ 10.561,03 /
lâmpadas vapor
ano ano ano /ano ano ano
metálico por LED

60,05 MWh/ R$ 36.451,12 /


Economias
ano ano

Tabela 54 - Tabela retorno financeiro em iluminação. (CENÁRIO 2)


Fonte: Equipe SENAI/MG –CETEL (2017).

ANÁLISE CARGA-ALVO - SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DEPÓSITO

Economias Ações Projetadas Ações Cenário 1 Ações Cenário 2

Energéticas - MWh 84,68 MWh/ano. 59,79 MWh/ano. 60,05 MWh/ano.


Fábio Paiva Ribeiro

Financeiras - R$ R$ 51.397,73 /ano R$ 36.291,78 /ano R$ 36.451,12 /ano

Tabela 55 - Tabela geral de ações de eficientização em iluminação dos depósitos.


Fonte: Equipe SENAI/MG –CETEL (2017).
202 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Conclusão: A forma como as ações são implementadas podem, ao final, proporcionar uma
economia efetiva diferente do projetado. É importante esclarecer que a sequência das ações
podem também interferir no investimento programado para a Carga-alvo. Fique atento, estu-
de e prepare-se para quaisquer questionamentos. Caso você queria explorar mais sobre esse
estudo de caso, sugerimos-lhe montar dois cenários para o Sistema de Ar Comprimido e com-
parar com a economia da tabela. Não há dúvidas de que você terá resultados interessantes.

FECHAMENTO
Este módulo ofereceu a você a oportunidade de conhecer o papel do consultor como o pro-
fissional experiente para fornecer consultas técnicas ou pareceres, além de abordar a impor-
tância da consultoria energética, alguns conceitos básicos utilizados pelo consultor e métodos
eficientes que fazem toda a diferença nos resultados da consultoria.
Você também conheceu os diversos tipos de energias renováveis e não renováveis, a impor-
tância da energia elétrica, da energia solar, cargas-alvo e a relevância da metodologia SENAI
Indústria + Eficiente, que tem como objetivo a padronização dos atendimentos em busca de
resultados satisfatórios para a indústria, levando em consideração os aspectos normativos.
A inclusão de estudos de casos trouxe uma visão concreta da aplicabilidade dos conceitos e
ferramentas abordados que exigirá empenho do consultor para identificar, analisar, avaliar e
propor soluções para um problema.
Por fim, os conteúdos desenvolvidos neste módulo, com abordagens teóricas e práticas, pro-
porcionaram relevância significativa na competência técnica e comportamental do consultor,
pois foram explicitadas as particularidades dos diversos segmentos da indústria e a importân-
cia da Gestão da Energia na busca pela Eficiência Energética no Brasil e no mundo.
REFERÊNCIAS
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 17094: máquinas elétricas girantes:
Motores de indução. Parte 1: Trifásicos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. 77 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5440: transformadores para redes aéreas
de distribuição: requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. 52 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 50002: diagnósticos energéticos:
requisitos com orientação para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. 30 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO/IEC 8995-1: iluminação de ambientes
de trabalho. Parte 1: Interior. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. 77 p.
BENSON, Gary; [et al.]. Improving fan system performance: a sourcebook for industry. Washington
DC: U.S. Department of Energy, 1989. 92p.
CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS. Eficiência energética em sistemas de refrigeração industrial e
comercial. Rio de Janeiro: Eletrobrás/Procel, 2005. (Livro Técnico)
CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS. Eficiência energética em sistemas de refrigeração industrial e
comercial. Rio de Janeiro: Eletrobrás/Procel, 2005. (Manual Prático)
COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. Manual de gerenciamento de energia. Belo
Horizonte, [20--]. 34 p.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI. Acionamento eletrônico: guia básico. Brasília:
CNI/IEL/ELETROBRÁS/PROCEL, 2009. 102 p. Vol. 8.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI. Uso eficiente da energia elétrica na indústria.
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CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI. Ventiladores e exaustores: guia básico. Brasília:
CNI/IEL/ELETROBRÁS/PROCEL, 2009. 82 p. Vol. 5.
CONSERVAÇÃO de energia: eficiência energética de instalações e equipamentos. 2ª ed. Itajubá: EFEI,
2001. 647 p.
CORREIA, Paulo; SOUZA, Reinaldo Castro. Pesquisa de posse de equipamento e hábitos de
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EFICIÊNCIA energética: teoria e prática. 1ª ed. Itajubá: EFEI, 2007. 224 p.
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Energia elétrica: conceito, qualidade e tarifa. Brasília: Eletrobrás, 2002. 115 p. (Programa de
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INDUSTRIAL audit guidebook: a guidebook for performing walk-through energy audits of


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MARQUES, Milton César Silva; HADDAD, Jamil; MARTINS, André Ramon Silva (Coord.). Conservação
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ROCHA, Carlos Roberto, MONTEIRO, Marco Aurélio Guimarães. Eficiência energética em sistemas
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ESTUDO DE CASOS 205

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Documentos consultados em sites


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31/05/2017.
206 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

APÊNDICE
Agora você conhecerá os métodos VPL, TIR e Tempo de Retorno do Capital (Payback) Descon-
tado para auxiliá-lo na análise econômica e, consequentemente, na tomada de decisões.
As diversas técnicas apresentam vantagens e desvantagens quando comparadas entre si e
devem ser aplicadas observando as suas limitações. Vamos lá!

VALOR PRESENTE LÍQUIDO


O VPL (Valor Presente Líquido) é uma função utilizada na análise da viabilidade econômica de
um projeto, podendo ser utilizado como critério para tomada de decisão. Ele é definido como
a soma dos valores presentes dos fluxos estimados calculados a partir de uma taxa prevista e
do período de duração.
Os fluxos podem ser positivos ou negativos, conforme as entradas (recursos) ou saídas (des-
pesas) de caixa. O rendimento esperado do projeto representa a taxa fornecida (pode ser de-
finido como a TMA ou simplesmente o valor de uma taxa X no período). Se o VPL encontrado
no cálculo for negativo, o retorno do projeto será menor que o investimento inicial, o que re-
comenda que ele seja reprovado. Se ele for positivo, o valor obtido no projeto será suficiente
para pagar o investimento inicial, o que o torna viável.
Faremos juntos agora a análise de um problema. Acompanhe!
Devemos avaliar se é viável a compra de 10 (dez) motores de alto rendimento de 1CV novos,
que têm expectativa de vida útil de 8 anos, conforme informado pelo fabricante. Os motores
substituirão os existentes, localizados em uma secadora de uma indústria de cerâmica verme-
lha. Utilizaremos o cálculo do valor presente líquido e o fluxo de caixa é agregado a ele a partir
de uma taxa de desconto. Se eles pagam o investimento inicial, o projeto cria valor para o in-
vestidor. Serão utilizadas duas Taxas Mínimas de Atratividade, 13% e 15%.

Figura 65 - Motor de 1CV


Fonte: Banco de Imagens
ESTUDO DE CASOS 207

INVESTIMENTO R$ 12.850,00
INICIAL:

COMPRA DE 6 (SEIS) MOTORES


DE ALTO RENDIMENTO.
FLUXO DE CAIXA ANUAL

Ano 01 R$ 3.110,00

Ano 02 R$ 3.000,00

Ano 03 R$ 2.890,00

Ano 04 R$ 2.780,00

Ano 05 R$ 2.670,00

Ano 06 R$ 2.560,00

Ano 07 R$ 2.450,00

Ano 08 R$ 2.340,00

TAXAS DE DESCONTO Fábio Paiva Ribeiro

Mínimo 13% ao ano


Máximo 15% ao ano

Tabela 56 - Fluxo de caixa


Fonte: Adaptado de http://www.cavalcanteassociados.com.br

Vamos praticar?
Convido você a lançar os valores da tabela acima na planilha eletrônica e calculá-los, confor-
me exemplo abaixo, utilizando a fórmula do VPL. Veja!

VPL DO PROJETO
13% R$559,99

15% (R$267,31) Resultado negativo


Fábio Paiva Ribeiro

Cálculo do VPL:
=VPL(Taxa;fluxo de caixa) – investimento

Tabela 57 - Cálculo da VPL


Fonte: Adaptado de http://www.cavalcanteassociados.com.br

Para que esse projeto se torne aceitável pelo investidor (empresário), ele terá que concordar
em receber uma taxa de retorno ao ano de 13%.
208 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

ATENÇÃO

A função VPL na planilha eletrônica traz para o presente os fluxos de caixa a partir do primeiro flu-
xo de caixa futuro do projeto. Para se chegar ao valor presente líquido, o consultor deve subtrair o
investimento inicial do valor obtido com a função VPL, conforme figura acima.

TAXA INTERNA DE RETORNO


A TIR (Taxa Interna de Retorno) é uma função utilizada na análise da viabilidade econômica de
projetos. É a taxa de desconto de um dado investimento, que define o valor presente líquido nulo,
ou seja, o qual permite que o projeto pague o investimento inicial, quando considerado o valor do
dinheiro em um determinado tempo.
Na planilha eletrônica, podemos calcular a TIR de um investimento, como base no investi-
mento inicial e em uma sequência de fluxo de caixa positivos que foram obtidos em intervalos
regulares.
Acompanhe o exemplo abaixo que tem como objetivo avaliar a compra de lâmpadas novas
de LED, com expectativa de vida útil de 10 anos, para substituir as lâmpadas tubulares de 40W.
Assim, calcularemos a TIR desse projeto de investimento para descobrir qual é a taxa mínima
que faz com que as receitas paguem o investimento inicial.

Figura 66 - Galpão para torça da iluminação


Fonte: Banco de imagens

Veja os dados da tabela a seguir para facilitar a sua compreensão.

PRODUTOS PREÇO UNITÁRIO QUANTIDADE TOTAL


ALUGUEL DE EQUIPAMENTOS R$ 250,00 7 R$ 1.750,00
Fábio Paiva Ribeiro

18 W LED TUBULAR 6000K R$ 22,85 1400 R$ 31.990,00


MÃO DE OBRA R$ 8,00 700 R$ 5.600,00
TOTAL DO INVESTIMENTO R$ 39.340,00

Tabela 58 - Tabela com dados do projeto


Fonte: SENAI/MG (2017)
ESTUDO DE CASOS 209

Agora, visualize o fluxo de caixa da planilha eletrônica, tendo como referência o valor do in-
vestimento e os anos estimados de vida útil das lâmpadas LED:
SUBSTITUIÇÃO DE LÂMPADAS
INVESTIMENTO E FLUXO DE CAIXA
Investimento (R$ 39.340,00)

Ano 01 R$ 8.326,11

Ano 02 R$ 8.076,11

Ano 03 R$ 7.826,11

Ano 04 R$ 7.576,11

Ano 05 R$ 7.326,11

Ano 06 R$ 7.076,11

Ano 07 R$ 6.826,11

Ano 08 R$ 6.576,11

Ano 09 R$ 6.326,11

Fábio Paiva Ribeiro


Ano 10 R$ 6.076,11

TIR 13,72%

Tabela 59 - Fluxo de caixa do investimento para substituição das lâmpadas em um galpão industrial
Fonte: Adaptado de http://www.cavalcanteassociados.com.br/article.php?id=236

Cálculo detalhado:

Ano 07 R$6.826,11
Ano 08 R$6.576,11
Ano 09 R$6.326,11
Ano 10 R$6.076,11
TIR 13,72%

Cálculo da TIR:
Fábio Paiva Ribeiro

=TIR(fluxo de caixa; estimativa)

Tabela 60 - Cálculo da TIR


Fonte: Adaptado de http://www.cavalcanteassociados.com.br/article.php?id=236

No resultado acima, A TIR de 13,72% é a taxa de desconto que torna o VPL (Valor Presente
Liquido) desse investimento nulo para o período estimado de vida útil das lâmpadas LED de 10
anos, conforme enunciado no problema proposto. A TIR também pode ser interpretada como
o retorno esperado desse investimento.
210 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

TEMPO DE RETORNO DO CAPITAL (PAYBACK) DESCONTADO


O tempo de retorno descontado é o número de períodos que zera o valor líquido presente
do projeto/investimento. A taxa utilizada é o próprio custo do capital. Para desenvolver uma
análise gráfica para o tempo de retorno descontado, podemos marcar pontos em um gráfico
para calcular o VPL para diferentes tempos de retorno, conforme exemplo na figura a seguir.
Em alguns pontos, a curva já é o suficiente para avaliar o ponto de VPL=0 que corresponderá
ao tempo procurado (TR).

VPL ($)

VPL ($)
VPL=0 t
0 TR

Fábio Paiva Ribeiro


VPL=0 t
Figura 67 - Gráfico VLP, TIR
0 TR
Fonte: Adaptado de Procel - Programa de Eficientização Industrial, Módulo Análise Econômica, ,2009, p.21.

VP = VF
(1+i)n
VP = VF
(1+i)n

VP = Valor Presente
VF = Valor Futuro
l = Taxa
n = Número de parcelas

Acompanhe os exemplos de cálculo do tempo de retorno simples, para o investimento da


troca de 10 compressores tipo pistão, por 4 mais eficientes (compressores tipo parafuso) que
gerará a mesma quantidade de ar/pressão necessária e com menor consumo do que os atuais.
Essa troca proporcionará uma economia de R$ 40.000,00 reais/ ano, com investimento inicial
de R$ 200.000,00. Na oportunidade, calcularemos também o tempo de retorno (payback) des-
contado, considerando uma taxa de juros de 12% ao ano.
ESTUDO DE CASOS 211

• Cálculo do tempo de retorno do capital simples (não descontado):

n= investimento
benefício esperado
investimento inicial
n=
economia

200.000,00
n=
40.000,00

n = 5 anos ou
n = 12 x 5 = 60 meses

Caso queira visualizar a solução do problema, crie uma planilha eletrônica seguindo as
orientações e passos a seguir:
1) Inserir os valores:

A B C
1 PAYBACK SIMPLES
2 ANOS INVESTIMENTOS NÃO DESCONTADOS
3 0 R$200.000,00

4 1 R$40.000,00

5 2 R$40.000,00

6 3 R$40.000,00
Fábio Paiva Ribeiro

7 4 R$40.000,00

8 5 R$40.000,00

Tabela 61 - Planilha para cálculo do Payback Simples


Fonte: SENAI/MG (2017)

2) Digitar, na célula C9, a fórmula de cálculo do somatório das parcelas:

C
9 =SOMA(C4:C8)

Tabela 62 - Fórmula de somatório das parcelas


Fonte: SENAI/MG (2017)
212 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Observe, na coluna A, que serão necessários 5 anos para o retorno do investimento inicial,
considerando o payback não descontado. Podemos detalhar a situação acima, considerando a
porcentagem de retorno em cada ano e a porcentagem totalizada.
3) Digitar, na célula D4, a fórmula de cálculo para a porcentagem de retorno em cada ano (%
Ano) e copiá-lo até a célula D8:
D
1
2 %ANO
3
4 =C4/$B$3

Tabela 63 - Fórmula de porcentagem de retorno em cada ano


Fonte: SENAI/MG (2017)

4) Digitar, na célula E4, a fórmula para cálculo da porcentagem totalizada e copiá-lo até a célula E8:

E
1
2 %TOTALIZANDA
3
4 =D4+E3
Tabela 64 - Fórmula para cálculo da porcentagem totalizada
Fonte: SENAI/MG (2017)

Veja o resultado abaixo. Sua tabela ficará assim:

A B C D E
1 PAYBACK SIMPLES
2 ANOS INVESTIMENTOS CAIXA %ANO %TOTALIZADA
3 0 R$200.000,00

4 1 R$40.000,00 20,00% 20,00%

5 2 R$40.000,00 20,00% 40,00%

6 3 R$40.000,00 20,00% 60,00%

7 4 R$40.000,00 20,00% 80,00%


Fábio Paiva Ribeiro

8 5 R$40.000,00 20,00% 100,00%

9 TOTAL R$200.000,00

Tabela 65 - Tabela de solução do exercício payback simples utilizando a planilha eletrônica


Fonte: SENAI/MG (2017)
ESTUDO DE CASOS 213

Resumindo: 60 meses = 5 anos x 12 meses, ou seja, tempo necessário para que ocorra o re-
torno do investimento da troca dos compressores atuais por outros mais eficientes.
B) Cálculo do tempo de retorno do capital descontado:
Agora, você fará uma planilha para calcular o tempo de retorno do capital descontado.
Vamos lá! Crie a sua planilha eletrônica de acordo com as orientações e passos a seguir:
1) Digitar os valores na planilha eletrônica, conforme figura abaixo. Não se esqueça da
fórmula da célula C13.

A B C
1 PayBack DESCONTADO
2 ANOS INVESTIMENTOS FLUXO NÃO DESCONTADOS
3 0 R$200.000,00
4 1 R$40.000,00
5 2 R$40.000,00
6 3 R$40.000,00
7 4 R$40.000,00
8 5 R$40.000,00
9 6 R$40.000,00
10 7 R$40.000,00

Fábio Paiva Ribeiro


11 8 R$40.000,00
12 9 R$40.000,00
13 TOTAL =SOMA(C4:C12)
14 Taxa ao ano 12%

Tabela 66 - Planilha para cálculo de payback descontato


Fonte: SENAI/MG (2017)

2) Montar a coluna D (Fluxo Descontado), conforme fórmula D4, que deverá ser estendida até a
célula D12. Lembre-se de deixar fixo o valor da célula B14, pressionando a tecla F4 após a escrita.

D
1
Fábio Paiva Ribeiro

2 FLUXO DESCONTADO
3
4 =C4/(1+$B$14)^A4
Tabela 67 - Fórmula para cálculo do fluxo descontado
Fonte: SENAI/MG (2017)

3) Digitar o somatório da coluna D.

D
1 =SOMA(D4:D12)
Tabela 68 - Fórmula para cálculo do somatório
Fonte: SENAI/MG (2017)
214 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

4) Montar a coluna E (% ano); inserir a fórmula da célula E4 e estendê-la até a E12. Lembre-
-se de deixar fixo o valor da célula B3, pressionando a tecla F4 após a escrita:

E
1

Fábio Paiva Ribeiro


2 % ANO
3
4 =D4/$B$3
Tabela 69 - Fórmula para cálculo da porcentagem da parcela no ano
Fonte: SENAI/MG (2017)

5) Montar a coluna F (% Totalizada); inserir a fórmula da célula F4, que deverá ser estendi-
da até a célula F12:

F
1

Fábio Paiva Ribeiro


2 % TOTALIZADA
3
4 =E4+F3
Tabela 70 - Fórmula para cálculo da porcentagem totalizada no ano
Fonte: SENAI/MG (2017)

Veja os resultados obtidos.

A B C D E F
1 PayBack DESCONTADO
FLUXO NÃO FLUXO
2 ANOS INVESTIMENTOS % ANO % TOTALIZADA
DESCONTADOS DESCONTADOS
3 0 R$200.000,00

4 1 R$40.000,00 R$35.714,29 17,86% 17,86%

5 2 R$40.000,00 R$31.887,76 15,94% 33,80%

6 3 R$40.000,00 R$28.471,21 14,24% 48,04%

7 4 R$40.000,00 R$25.420,72 12,71% 60,75%

8 5 R$40.000,00 R$22.697,07 11,35% 71,10%

9 6 R$40.000,00 R$20.265,24 10,13% 82,23%

10 7 R$40.000,00 R$18.093,97 9,05% 91,28%


Fábio Paiva Ribeiro

11 8 R$40.000,00 R$16.155,33 8,08% 99,35%

12 9 R$40.000,00 R$14.424,40 7,21% 106,56%

13 TOTAL R$360.000,00 R$213.129,99

14 Taxa ao ano 12%

Tabela 71 - Tabela de solução parcial do exercício payback descontado utilizando a planilha eletrônica
Fonte: SENAI/MG (2017)
ESTUDO DE CASOS 215

Interpretando os resultados acima, foram necessários 8 (oito) anos para recuperar 99,35% do
investimento, considerando o payback descontado. Em 9 anos, recuperaram-se 106,56% do in-
vestimento, ou seja, valor superior ao investimento. Assim, a solução para o tempo de retorno
do capital exato investido, com 100% de retorno, será de 8 anos e X mês(es) e Y dia(s).
Então, calcularemos agora o valor de X. Siga novamente os passos e acompanhe os resultados:
Na célula D14, será calculado o valor que falta após se passarem 8 anos.

14 =B3-D4-D5-D6-D7-D8-D9-D10-D11
Tabela 72 - Cálculo do valor restante após passarem oito anos
Fonte: SENAI/MG (2017)

1) Na célula D15, será calculada qual a porcentagem que falta do ano.

C D

15 % QUE FALTA DO ANO =D14/D12

Tabela 73 - Cálculo da porcentagem que falta do ano


Fonte: SENAI/MG (2017)

2) Para calcular X , transforme o ano em mês(es) na célula D16.

C D
TRANSFORMANDO
ANO EM MÊS(ES)
16 =D15*12

Tabela 74 - Cálculo para transformar ano em mês (es)


Fonte: SENAI/MG (2017)

3) Para calcular Y, transforme o mês em dia(s) na célula D17.

C D
TRANSFORMANDO
MÊS EM DIA(S)
17 =(D16-1)*30

Tabela 75 - Cálculo para transformar mês em dia (s)


Fonte: SENAI/MG (2017)
216 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Veja agora o resultado final na planilha a seguir:


A B C D E F
1 PayBack DESCONTADO
FLUXO NÃO FLUXO
2 ANOS INVESTIMENTOS % ANO % TOTALIZADA
DESCONTADOS DESCONTADOS

3 0 R$200.000,00

4 1 R$40.000,00 R$35.714,29

5 2 R$40.000,00 R$31.887,76

6 3 R$40.000,00 R$28.471,21

7 4 R$40.000,00 R$25.420,72

8 5 R$40.000,00 R$22.697,07

9 6 R$40.000,00 R$20.265,24

10 7 R$40.000,00 R$18.093,97

11 8 R$40.000,00 R$16.155,33

12 9 R$40.000,00 R$14.424,40

13 TOTAL R$360.000,00 R$213.129,99

Valor que falta após se


14 Taxa ao ano 12% R$1.294,41
passarem 8 anos

15 % Que faltam em ano 0,09 Ano

Transformando
16 1,08 1 mês
o Ano em mês(es)
Transformando
Fábio Paiva Ribeiro

17 2,31 2 dias
mês(es) em Dia(s)

18 8 anos 1 mês e 2 dias.

Tabela 76 - Tabela de solução do exercício payback descontado utilizando a planilha eletrônica


Fonte: SENAI/MG (2017)

O payback descontado para o exercício proposto é de 8 anos, 1 mês e 2 dias para chegar a
100% do retorno do investimento.
Quando levamos em consideração uma taxa esperada, o tempo de retorno do investimento
é estendido. Observamos que serão necessários mais 3 anos, 1 mês e 2 dias, quando compara-
mos o payback simples com o descontado para a situação proposta no exemplo.
ESTUDO DE CASOS 217

DICAS

• O dinheiro tem valor ao longo do tempo. Assim, não é possível comparar dois valores em datas
diferentes.
• É sabido que os recursos são limitados e escassos. Dessa forma, antes de realizar efetivamente a
recomendação de um investimento, é necessário analisar e escolher a melhor opção.
• Para comparar projetos com fluxos de caixa e investimentos distintos, é necessário calcular o
VPL. A Taxa Mínima de Atratividade deve ser utilizada como taxa de desconto para cálculo do VPL.
• Para projetos que apresentam muitos períodos, é recomendada a utilização de planilha eletrôni-
ca para a elaboração dos estudos.
• Projetos com VPL negativo devem ser excluídos da análise.
• O projeto com maior atratividade será o com maior VPL, desde que todos os projetos tenham VPL
positivo.
• A TIR é uma taxa que iguala o investimento aos Fluxos de Caixa e deve ser comparada à Taxa
Mínima de Atratividade. Comparando os resultados dos projetos, o que tiver a TIR maior que TMA
será um bom projeto.
• Payback é o método que calcula o tempo em que o investimento demora para recuperar o capital
do investidor. Assim, para maior sofisticação e rigor nos cálculos, recomendamos usar o método
do payback descontado.
• Recomendamos o uso simultâneo dos três métodos apresentados para fornecer robustez e se-
gurança para a tomada consciente de decisão.
219

MINICURRÍCULO DO(S) AUTOR(ES)

Alex Lopes Silva, graduado em Engenharia Elétrica,  Especialista em Engenharia de Se-


gurança do Trabalho e Gestão de Negócios pela PUC - Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais e Técnico em Eletromecânica pelo CEFET-MG. Possui experiência profissional
como consultor em Eficiência Energética, Qualidade de Energia, Projetos de Subestações
Elétricas, SPDA, Ensaios Elétricos e Geração Distribuída. Possui experiência acadêmica como
professor auxiliar do IPUC-MG (Instituto Politécnico da PUC-MG). Está como Analista de Tec-
nologia do SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial nas diversas áreas citadas
anteriormente.

André Luiz Vieira da Silva, graduado Engenharia de Produção pela Faculdade Pitágo-
ras  BH/MG, Técnico Industrial pelo SENAI César Rodrigues (Brasil/Japão). Atua como con-
sultor em Eficiência Energética, Projetos de Inovação Tecnológica, Melhoria de Processos e
Metrologia empresas de Minas Gerais com o apoio do SEBRAE-MG, CEMIG e FIEMG, desde
2005; Analista de Tecnologia do SENAI - MG, Coordenador do Núcleo de Tecnologia da Uni-
dade CETEL, na área de energia, melhoria de processos e metrologia (calibração e ensaios
elétricos). Atua no desenvolvimento e implantação de soluções customizadas em eficiência
energética para diversos setores industriais, tais como: eletroeletrônicos, alimentos e bebi-
das, cerâmico, extrativo-mineral e serviços. 

Braz Dias de Andrade Júnior, graduado em Engenharia de Produção pela Faculdade de


Administração e Ciências Contábeis de Itabira (FACCI), especialista em Automação Indus-
trial pela Universidade Cândido Mendes. Possui experiência em consultoria tecnológica
nas áreas de eficiência energética, Lean Manufacturing e NR12 pelo SENAI-MG e acadêmica
como professor da disciplina de Gestão da Produção pela FACCI. Autor principal do artigo
“Programação Linear Aplicada a Problemas de Designação de Mão de Obra Baseada nas
Competências Profissionais”, publicado no  XVIII Simpósio de Pesquisa Operacional & Logís-
tica da Marinha.

Cláudio Eli Batista de Andrade, graduado em Processos Gerenciais pelo Pitágoras/MG,


MBA em Gestão estratégica de Negócios (2015) e Técnico em Eletrônica Industrial pelo SENAI
César Rodrigues (Brasil/Japão). Tem experiência em docência na área de eletroeletrônica,
projetos de inovação, consultoria e projetos em eficiência energética, análise de demandas
e prospecção junto às Indústrias. Tem perfil gestor, focado em resultados e compromissado
com o trabalho e a empresa. Atualmente é Analista de Tecnologia do SENAI CETEL.
220 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Felipe Xavier Ribeiro Pacífico, graduado em Engenharia de Produção, graduando em


Engenharia Elétrica, Especialista em Engenharia Elétrica pela Universidade Cândido Men-
des, MBA em Gestão de Projetos pelo Grupo Unis - FIC e Técnico em Eletrotécnica pelo
SENAI-MG. Possui experiência profissional com manutenção, operação, comissionamento
e ensaios do Sistema Elétrico de Potência - SEP e como consultor em Eficiência Energética,
Qualidade de Energia, Inspeções de SPDA, termografia, NR10 e NR12. Está como Instrutor
de Formação Profissional do SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial nas diver-
sas áreas citadas anteriormente.

Maurício Rodrigues dos Reis, graduado em Normalização e Qualidade pelo CEFET/MG,


Técnico em Eletrotécnica pelo SENAI César Rodrigues (Brasil/Japão). Atuou como consultor
em Eficiência Energética e Melhoria de Processos para mais de 500 empresas de Minas
Gerais com o apoio do SEBRAE-MG, CEMIG e FIEMG; Consultor do SEBRAE em Energia e
Analista Técnico do SENAI na área de energia, manutenção e processos. Domínio de ferra-
mentas de gerenciamento e qualidade, MASP, 5S, FMEA, PCP entre outros. Conhecimento e
experiência em vários processos produtivos com desenvolvimento de tecnologia aplicada à
operação industrial, identificando necessidades de melhorias e implantando novas alterna-
tivas para reduzir custos e melhoria da produtividade. 

Paulo de Tarcio da Silva Junior, graduado em Engenharia de Minas pela Faculdade Ken-
nedy – BH e Especialista em Petróleo e Energias pela Universidade Estácio de Sá.  Está como
Instrutor de Formação Profissional dos cursos Técnico em Mineração, Meio Ambiente e Se-
gurança do Trabalho da Escola  Senai MG Afonso Greco.  Especialista convidado para a ela-
borar e padronizar o curso Técnico em Agrimensura para o SENAI MG nos anos de  2011 e
2015. Participou do Projeto Livros Didáticos do Curso Técnico em Mineração (SENAI - DN) no
ano de 2015.
221

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SENAI/MGDN

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor-Geral

DIRETORIA DE OPERAÇÕES

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações

UNIDADE DE INOVAÇÃO E TECNOLOGIA - UNITEC

Marcelo Fabrício Prim


Gerente-Executivo de Inovação e Tecnologia

GERÊNCIA DE INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

Mateus Simões de Freitas


Gerente-Executivo de Inovação e Tecnologia

Caroline Cabral Fernandes da Costa


Dyanna Karla Pinheiro Tavares de Lima
Emilio Sergio Marins Vieira Pinto
Marcos Dias de Paula
Sheila Maria Souza Leitão
Equipe Técnica
Coordenação do Programa Indústria + Eficiente

SENAI/MG

Olavo Machado Júnior


Presidente do Conselho Regional

Cláudio Marcassa
Diretor Regional

Ricardo Aloysio e Silva


Gerente de Educação para a Indústria

Luiz Eduardo Notini Greco


Gerente de Gestão da Educação

Enio de Oliveira
Guilherme Augusto Mendes Pereira
Priscila Cangussu de Oliveira
Sinara Badaró Leroy
Coordenação do Projeto
222 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Amanda de Azevedo Silva Martins


Ana Christina Thomaz Siuves
Coordenação Técnica Desenvolvimento do Livro Didático

Alex Lopes da Silva


André Luiz Vieira da Silva
Braz Dias de Andrade Júnior
Cláudio Eli Batista de Andrade
Felipe Xavier Ribeiro Pacífico
Maurício Rodrigues dos Reis
Paulo de Tárcio da Silva Júnior
Elaboração

Alex Lopes da Silva


André Luiz Vieira da Silva
Brayan de Souza Gamarano
Braz Dias de Andrade Júnior
Felipe Xavier Ribeiro Pacífico
Maurício Rodrigues dos Reis
Revisão Técnica

Kelly das Graças Silva


Marcela das Graças Oliveira Campos
Design Educacional

Ilma Viana Gonçalves de Souza


Rosimar Sofia Tavares Duarte
Normalização

Daniela Theodoro
Renan Gabriel Araujo Damazio
Revisão Ortográfica e Gramatical

Banco de Imagem Istockphoto.com


Fábio Paiva Ribeiro
Gabriel Lopes Barbosa
Wendell Aguiar
Fotografias, Ilustrações e Tratamento de Imagens

Luiz Eduardo de Souza Meneghel


Tatiana Daou Segalin
Projeto Gráfico

Ana Maria Lima


Diagramação

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