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CONTRIBUIÇÕES DA ETNOZOOLOGIA PARA A CONSERVAÇÃO DA FAUNA

SILVESTRE

Submetido em: 30/05/2014.


Aprovado em:16/12/2014.

Jaciara Raquel Barbosa de Lima1, Roberto Remígio Florêncio2, Carlos Alberto Batista
dos Santos3.
1
Professora da Cooperativa Educacional de Xingó. Bióloga, Licenciada pela UNEB/Campus VIII. Atua na
área de etnozoologia com comunidades Indígenas e quilombolas. Quadra A, n°10, BNH, Paulo Afonso-BA.
48.605-146. E-mail: raquelzinha.lima@hotmail.com.
2
Professor Auxiliar do IF Sertão Pernambucano. Linguista e Pedagogo. Mestrando em Educação, Cultura e
Territórios Semiáridos, Programa de póes-graduação da Universidade do Estado da Bahia, Campus III.
3
Professor assistente da UNEB/DTCS, Doutorando em Etnobiologia e Conservação da Natureza (UFRPE),
possui Mestrado em Zoologia e Graduação em Ciências Biológicas. Atua na área de Zoologia, Conservação
da Biodiversidade, Manejo de Fauna Silvestre, Etnobiologia, Etnozoologia e Etnoecologia. Membro do
Nectas/UNEB e Opará/UNEB.

Resumo: O uso da fauna vem se perpetuando ao longo da história da humanidade, e nas


sociedades contemporâneas, animais silvestres vêm sendo utilizados para diversas
finalidades, desde alimentação, atividades culturais, comércio, subprodutos no vestuário,
ferramentas além da zooterapia e da utilização como elementos mágico-religiosos. Essa
diversidade de usos dos animais pelas populações humanas, aliado a outros fatores, tem
levado muitas espécies de animais a risco de extinção. Um dos grandes desafios
enfrentados atualmente pelos ambientalistas e gestores do meio ambiente é conciliar a
conservação dos recursos naturais com as necessidades das populações locais que
muitas vezes dependem diretamente desses recursos para sua sobrevivência. Neste
sentido os estudos etnozoológicos tornam-se um importante instrumento para manejo dos
recursos faunísticos, uma vez que o conhecimento da forma de uso dos animais pelas
populações ajuda a determinar quais as espécies que mais sofrem pressão de uso e
comércio de animais, contribuindo dessa forma para elaboração de estratégias de
conservação e uso sustentável da fauna, levando em consideração não apenas a
diversidade biológica mais também a diversidade cultural e necessidade de sobrevivência
das populações locais. Como alternativa aos modelos vigentes de conservação, a criação
de grupos de pesquisadores interdisciplinares, buscando contribuições em outras áreas
para promover estudos que venham estabelecer ligação entre os estudos etnozoológicos
e os estudos conservacionistas, subsidiando assim a elaboração de propostas de uso
sustentável da fauna silvestre.

Palavras-chave: Conservação da fauna. Etnociência. Zooterapia.

ETHNOZOOLOGY: CONTRIBUTIONS FOR THE CONSERVATION OF WILD FAUNA

Abstract: The use of wildlife continues to exist throughout the history of mankind, and in
contemporary societies, wild animals have been used for many purposes, from food,
cultural activities, commerce, by-products in clothing, tools beyond zootherapy and use
Revista Ouricuri, Paulo Afonso, Bahia, v.4, n.3, p.048-067. nov./dez., 2014.
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elements like magic- religious. This diversity of uses of animals by human populations,
combined with other factors, has led many animal species at risk of extinction. One of the
major challenges currently faced by environmentalists and environmental managers is to
reconcile the conservation of natural resources with the needs of local people who often
depend directly on these resources for their survival. In this sense the studies
Ethnozoological become an important tool for management of wildlife resources, since the
knowledge of how to use the animals for which species and populations are suffering
greater pressure contributes to development of strategies for conservation and sustainable
use of wildlife, taking into account not only biological diversity also more cultural diversity
and survival needs of the local populations. As an alternative to models vingente
conservatio, the creation of groups of interdisciplinary researchers, seeking contributions
in other areas to promote studies of the binding studies Ethnozoological studies
conservationists to prepare proposals for the sustainable use of wildlife.

Keywords: Conservation of wildlife . Ethnoscience. Zootherapy.

INTRODUÇÃO

O Brasil é detentor de uma alta diversidade biológica. Estima-se que o Brasil possua entre

15% e 20% da diversidade biológica mundial, sendo também detentor do maior número

de espécies endêmicas do planeta (Alves, Rosa, 2007). Esta biodiversidade está

indissociavelmente ligada ao nosso extenso patrimônio sociocultural (Santili, 2002). São

mais de 200 tribos indígenas e um grande número de comunidades tradicionais, que

possuem um conhecimento considerável sobre a fauna e flora local e uma variedade de

estratégias de uso dos recursos naturais (Alves, 2008; Alves & Rosa, 2007)

A respeito dessa temática, a Convenção da Diversidade Biológica, estabelecida durante a

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD),

realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992, reconhece, a “estreita e tradicional

dependência de recursos biológicos de muitas comunidades locais e populações

indígenas com estilos de vida tradicionais”. O art. 8 o. (j) estabelece que os países

signatários, entre eles o Brasil, devem “respeitar, preservar e manter o conhecimento,

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inovações e práticas das comunidades locais e populações indígenas com estilos de vida

tradicionais relevantes à conservação e utilização sustentável da diversidade biológica”.

A preocupação com a conservação da diversidade biológica vem crescendo nos últimos

anos, decorrentes principalmente, da degradação do meio ambiente e práticas não

sustentáveis de uso dos recursos naturais. Entretanto o grande desafio da atualidade é

conciliar a conservação dos recursos naturais, com as necessidades da humanidade,

principalmente para as populações locais, que dependem diretamente desses recursos

para sua sobrevivência (Arruda, 1999).

Para Torres et al. (2009), o uso sustentável dos recursos naturais deve possuir como uma

das suas premissas a compreensão das interações entre as populações humanas e seu

meio ambiente. Nesse contexto, pesquisas etnocientíficas são fundamentais, pois buscam

entender como diversas culturas humanas percebem o mundo natural, revestindo-se de

um caráter multidisciplinar para investigar as percepções acerca das relações

homem/natureza e como estas são classificadas pelos diversos grupos sociais, através da

linguagem (Begossi, 1993)

O prefixo grego ethno tem sido utilizado por sintetizar o modo como às sociedades

compreendem o mundo (Martin, 1995), quando utilizado antes de uma área acadêmica

como a zoologia, temos a etnozoologia, isto significa que os pesquisadores desta área

estão investigando não apenas a fauna local, mas a percepção de uma população

culturalmente diferenciada sobre aquele objeto, no caso, os animais (Marques, 2002).

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Durante toda a história da humanidade é sabido da interação estabelecida entre o homem

e os recursos naturais. Esta relação baseia-se principalmente na necessidade do homem

buscar na natureza os recursos para sua sobrevivência. O uso da fauna vem se

perpetuando ao longo da história da humanidade, e nas sociedades contemporâneas,

animais silvestres vêm sendo utilizados para diversas finalidades, desde alimentação,

atividades culturais, comércio de animais vivos e subprodutos usados como vestuário,

ferramentas, com finalidade medicinal e/ou mágico-religioso (Alves; Rosa, 2006; Alves;

Pereira-Filho, 2007). No Brasil, animais vêm sendo amplamente utilizados como recurso

medicinal desde antes da chegada dos colonizadores (Costa Neto, 2000).

Neste contexto, a etnozoologia é definida como um estudo transdisciplinar da relação

entre populações humanas e animais que estão inseridos no ambiente que as cercam,

com especial atenção ao conhecimento, uso e manejo dos recursos faunísticos (Marques,

2002), para Campos (1994), a etnozoologia traduz-se como o estudo da ciência zoológica

do “Outro”, construída a partir do referencial de saberes da Academia, investigando a

forma que o homem percebe, classifica e utiliza os animais, levando em consideração as

perspectivas culturais de cada grupo humano.

Diante do exposto, o presente estudo objetivou analisar e discutir o papel dos estudos

etnozoológicos para o desenvolvimento de estratégias para a conservação e uso

sustentável dos animais silvestres. Para isso foi realizado uma seleção de artigos

publicados em periódicos científicos, livros e capítulos de livros, utilizando-se sistemas de

busca on-line através da base de dados Web of Science e Gooogle Scholar, utilizando-se

como palavras-chave, etnozoologia, zooterapia, conservação de fauna e estratégias de

caça.

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ETNOZOOLOGIA E CONSERVAÇÃO

O emprego do termo Etnozoologia teve início nos Estados Unidos no final do século XIX

com o trabalho de Mason em 1899, sendo definido pelo autor como “a zoologia da região

tal como narrada pelo selvagem”. Neste trabalho, Mason investigou as técnicas de caça

de alguns povos indígenas norte-americanos. No entanto na literatura, o termo só

apareceu em 1914 no artigo intitulado Ethnozoology of the Tewa Indians, de Henderson e

Harrington (Santos-Fita & Costa Neto, 2007).

As relações homem/animais constituem uma das cinco conexões básicas que toda e

qualquer sociedade, em qualquer época e lugar, mantém com a natureza, as outras

quatro são: mineral, botânica, humana e sobrenatural (Marques, 1995). Essa diversidade

de interações com os animais pode ser investigada do ponto de vista das disciplinas da

ciência ocidental, tais como zoologia, psicologia e etologia, quanto pela perspectiva da

etnociência, mais particularmente da etnozoologia (Costa Neto, 2000).

Surgiram assim os estudos etnozoológicos, que têm abordado vários temas, Albuquerque

et al (2012) realizaram um trabalho abrangente de revisão com estudos realizados nos

últimos 50 anos sobre a flora, a fauna de vertebrados, ecologia humana e etnobiologia na

caatinga, e verificaram que esses estudos têm dado enfoque à zooterapia (Costa Neto,

2000; Moura & Marques, 2008; Costa Neto, 2009; Alves et al. 2007a; Alves et al. 2008;

Coutinho et al. 2009; Alves et al. 2009; Lima & Santos, 2010; Alves et al. 2011a; 2011b;

Souto et al. 2011; Ferreira et al. 2012), mágico-religiosos (Costa Neto, 2002; Leo Neto et

al. 2009; Leo Neto et al. 2012), percepção cultural e a elaboração de sistemas tradicionais

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de classificação dos animais (Mourão & Nordi, 2002; Alves & Nishida, 2002), identificação

dos significados culturais dos animais (Costa Neto, 1998), conhecimentos tradicionais à

respeito da biologia, ecologia e manejo dos animais (Moura & Marques, 2007 ), entre

outros aspectos.

Em relação à fauna silvestre, seus usos e os meios pelos quais eles são explorados pelos

seres humanos, bem como as tradições culturais que realizam as interações entre

pessoas e animais, geram uma pressão maior ou menor nas populações exploradas

(Alves et al. 2008; Alves et al. 2010). Para garantir um futuro para as populações de

animais, os conservacionistas devem entender não só a ecologia, mas também as

interações econômicas e culturais que ligam os sistemas ecológicos e sociais em um

sistema regional comum, e os feedbacks que regem essas interações (Alves &

Albuquerque 2012a).

Este comportamento humano frente aos animais é formado pelo conjunto de valores,

conhecimentos e percepções, bem como pela natureza das relações que os seres

humanos mantêm com esses organismos (Drew, 2005). Para Alves et al. (2009), a

conexão estabelecida entre os seres humanos e as demais espécies animais envolve

relações extremamente importantes para as sociedades humanas, uma vez que estas

mantém relações de dependência ou co-dependência da fauna.

Apesar das leis de proteção da fauna silvestre, estes continuam sendo vastamente

utilizados na alimentação das populações humanas em diversas partes do mundo

(Andrade; Costa Neto, 2006). Os pesquisadores que estudam as relações entre os

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animais e as comunidades locais focam a exploração excessiva, a caça e o comércio

ilegal de animais silvestres (Albuquerque et al. 2012).

Entre essas interações destaca-se a caça de animais vertebrados. Essa prática tem sido

apontada como ameaça para algumas espécies de vertebrados localmente caçados,

portanto as implicações dessas atividades para a conservação são evidentes. O mau uso

dos recursos da Caatinga tem causado danos irreversíveis a esta região, as

consequências de anos de extrativismo predatório são visíveis, causando perdas

irrecuperáveis da flora e da fauna (Schober, 2002).

A caça tem sido considerada uma das principais razões da diminuição das populações e

da extinção de espécies (Redford, 1997). Paradoxalmente, para algumas culturas

primitivas, a caça envolve uma série de mitos, crenças e tabus alimentares, que de certa

forma, amparam a sobrevivência de determinadas espécies (Branco, 1999; Beltrão &

Guerra, 2003) e atuam como reguladoras do equilíbrio ecológico (Posey, 1987).

Diversos estudos tem enfocado a importância da caça para as comunidades tradicionais

(Altrichter, 2005; Alves et al., 2009; 2012a; 2012b; Barbosa et al., 2010; Bodmer & Pezo,

1999; Bodmer & Robinson, 2004; Fernandes-Ferreira et al., 2012; Ferreira et al., 2012;

Mena et al., 2000; Ojasti, 2000; Peres, 1996; Peres & Nascimento, 2006; Peres &

Palacios, 2007; Redford & Robinson, 1987; Robinson & Bennett, 2004; Thiollay, 2005;

Trinca & Ferrari, 2006; entre outros).

O uso de produtos derivados de animais silvestres na alimentação representa a principal

fonte de proteína animal para as comunidades tradicionais de diferentes áreas tropicais

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(Bodmer & Robinson, 2004). Esta atividade, no entanto, vem sendo apontada como uma

das causas de extinção ou declínio populacional de várias espécies da fauna silvestre

(Altrichter, 2005; Alvard et al., 1997; Bodmer & Pezo, 1999; Chiarello, 2000; Peres, 1996;

1997, Redford & Robinson, 1987; Thiollay, 2005; Thoisy et al., 2005). Somente na

Amazônia Brasileira, estima-se que sejam consumidos, anualmente, pelas populações

rurais, entre 9 e 23 milhões de aves, mamíferos e répteis (Peres, 2000).

A conciliação entre utilização e conservação dos recursos naturais busca um projeto

amplo e árduo de remodelação de conceitos e atitudes (Bacelar & Silva, 2008),

contribuindo para a efetivação desta proposta, Diegues (2000) propõe o conceito de

Etnoconservação que utilizada em sentido amplo, implica na conservação ou manutenção

de alguns ou de todos os componentes da diversidade biológica, incluindo o uso

sustentável, sua restauração e recuperação, a partir dos saberes e fazeres locais.

AS COMUNIDADES TRADICIONAIS E O USO DA FAUNA SILVESTRE

Comunidades Tradicionais é aqui definida como grupos culturalmente diferenciados, e

que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que

ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução

cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e

práticas gerados e transmitidos pela tradição em consonância com o Decreto nº

6.040/2007 (Brasil, 2007), Essas comunidades sofrem uma forte influência do meio

natural, devido as interações que mantem com os recursos naturais, apresentando,

portanto, modos de vida e cultura diferenciadas (Urbano & Monteles, 2007). Segundo

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Ellen (1997), o conhecimento biológico tradicional é o resultado de gerações de

experiências acumuladas, experimentação e troca de informação.

As práticas utilizadas para explorar os recursos naturais apresentam fortes laços de

interdependência com esses mesmos recursos (Alves et al. 2009; Rêgo, 1999), assim

seus hábitos e práticas estão diretamente submetidos aos eventos naturais e a forma

como compreendem a natureza é baseada não só em experiência e racionalidade, mas

também em suas crenças e mitos. Mas, o conhecimento biológico tradicional ou

etnobiológico não pode ser mantido sem o componente da experiência, portanto se

desejamos preservar esse conjunto de experiências devemos trabalhar para conservar os

modos de vida das etnias dos quais elas emergem e desenvolvem-se (Diegues, 1996).

Para Diegues (1996), existe uma relação simbiótica entre o homem e natureza, revelada

nas atividades produtivas e nas representações simbólicas do ambiente permitindo que

tais sociedades acumulem amplo conhecimento sobre os fenômenos naturais, fauna e

flora. No entanto as crescentes pressões econômicas e culturais a que estão submetidas

as comunidades tradicionais, tem gerado graves consequências às suas práticas

cotidianas, com a substituição das práticas tradicionais pela mecanização e

industrialização dos processos produtivos (Amorozo & Gély, 1988).

Na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (MMA, 1992), princípio 22

está pactuado: “os povos indígenas e as outras comunidades tradicionais têm um papel

significativo no manejo e desenvolvimento ambientais devido ao seu conhecimento e

práticas tradicionais” (Speth et al. 1992).

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Em julho de 1988, durante o primeiro congresso internacional de etnobiologia, foi

instituída a Declaração de Belém, documento que prevê mecanismos que reconheçam a

importância dos conhecimentos e práticas dos especialistas indígenas e demais

comunidades tradicionais para a conservação da biodiversidade.

As comunidades tradicionais, com suas práticas menos agressivas ao ambiente,

adaptadas às condições locais são responsáveis diretamente pela manutenção e

conservação dos recursos genéticos existentes nesses locais. Reconhecer esse fato é

essencial para as políticas sociais e projetos a serem desenvolvidos (Ming, 1997).

Atualmente, torna-se inconcebível traçar estratégias de conservação sem considerar o

elemento humano e os impactos decorrentes do uso dos recursos naturais. Neste

contexto, a etnozoolgia se dedica a investigar os usos regionais de animais, contribuindo

para que a fauna silvestre seja devidamente valorizada não só do ponto de vista

ecológico, mas também economico e social assim busca junto às comunidades

tradicionais discutir e apontar caminhos a partir dos saberes tradicionais desta para

fornecer subsídios para implementar a conservação das espécies, embasados numa

realidade social (Alves & Souto, 2011).

A ETNOZOOLOGIA COMO INSTRUMENTO PARA CONSERVAÇÃO DA FAUNA

A etnozoologia propõe um novo modelo de ciência da conservação na qual estão inclusos

o resgate, o estudo e a valorização dos conhecimentos ecológicos locais, assumindo a

premissa de que o patrimônio natural e o patrimônio cultural, as necessidades das

populações que dependem diretamente dos recursos naturais, fazem dessas populações

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gestoras do seu meio ambiente, o que resulta em modelos de manejos sustentável muito

mais adaptados às condições locais e com maiores possibilidades de sucesso (Hazanaki,

2003).

Bergamasco e Antuniassi (1998) consideram que não levar em conta a diversidade

cultural significa ignorar possibilidades múltiplas no momento de se definir novas

estratégias de desenvolvimento, pois quando as comunidades locais não são envolvidas

no processo, torna-se difícil, se não impossível e mais oneroso identificar e entender os

valores ecológicos, sociais, culturais, econômicos e espirituais dos vários componentes do

ambiente (Sallenave, 1994).

Para Alves e Dias (2010), a única forma de viabilizar o uso sustentável dos recursos

naturais é conhecer as relações entre as populações humanas e seu ambiente, já que as

comunidades em contato com estes recursos são também responsáveis pela sua

manutenção. Neste sentido os estudos etnozoológicos tornam-se um importante

instrumento para manejo dos recursos faunísticos, uma vez que fornecem dados

referentes à fauna, além do inventario dos animais que estão sendo utilizadas pelas

populações humanas, identificando quais são as espécies expostas a maiores pressões,

para elaboração de estratégias de conservação e manejo (Alves et al. 2012b; Alves &

Souto, 2011; Alves & Souto, 2010; Alves et al. 2010).

Estes estudos têm revelado que algumas das espécies utilizadas pelo homem encontram-

se ameaçadas de extinção ou em perigo de sobreexplotação devido à demanda de

animais com uso na medicina popular, e a pressão adicional de caça sobre estas

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espécies, que também são utilizadas na alimentação humana (Alves, et al. 2012a; Alves &

Dias, 2010; Torres et al. 2009).

Como estratégia para diminuir a pressão de caça sobre esses animais, Alves & Dias

(2010) sugerem a substituição dos produtos zooterápicos por plantas medicinais ou por

matéria-prima derivada de animais não ameaçados e legalmente comercializados.

Moura & Marques (2008), em análise do sistema zooterápico tradicional de uma

população afrodescendente na Chapada Diamantina, Bahia, observou que entre os

produtos de animais usados para elaboração de medicamentos nessa comunidade,

destacam-se o uso de subprodutos, oriundos de sobras de animais utilizados no consumo

alimentar, sugerindo que esta prática pode ser aplicada em estudos conservacionistas,

uma vez que estaria maximizando o recurso retirado da natureza, ao utilizar as partes dos

animais que apresentam inutilidade e que seriam descartadas, além de diminuir a pressão

de caça sobre outros animais à procura de produtos equivalentes.

Assim, os estudos conservacionistas podem ser positivamente complementados por

estudos prévios etnozoológicos, uma vez que estes levantam dados e conhecimentos

importantes para o manejo e sustentabilidade da fauna, no entanto a ciência ocidental

muitas vezes não consegue compreender e analisar este conhecimento, por não aceitar a

existência de outros modos de percepção e explicação do universo, além dos formulados

no meio científico (Alves, et al. 2012; Costa Neto, 1999).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos etnozoológicos fornecem dados valiosos que podem nortear estratégias para

o manejo e conservação da fauna, levando em consideração não apenas a diversidade

biológica mais também a diversidade cultural e necessidade de sobrevivência das

populações locais.

Entretanto, nestes estudos muitas vezes a conservação e sustentabilidade da fauna são

discutidos de forma superficial, sem investigação e análise das causas que levaram a

extinção ou alteram o status ecológico de algumas espécies. Os estudos etnozoológicos

devem contemplar a nosso ver, a geração de planos de manejo para as espécies

utilizadas localmente e não apenas gerando um banco de dados que irão subsidiar

pesquisas posteriores. É preciso urgentemente realizar um intercâmbio de saberes entre

as instituições de pesquisa e a comunidade local, buscando alternativas para conciliar, as

práticas culturais tradicionais das comunidades, indispensáveis à manutenção da sua

identidade com o uso sustentável da fauna silvestre. Estes estudos devem trazer no seu

escopo, as implicações éticas e legais das pesquisas, deixando claro em seu texto os

mecanismos que serão utilizados para proteger a propriedade intelectual dos povos

tradicionais, conforme Resolução nº 466/2012, (CONAMA, 2012) e as condições de coleta

e transporte de material biológico atendendo a instrução normativa nº 154/2007 (IBAMA,

2007).

Uma alternativa para atender as demandas da sociedade é a criação de grupos de

pesquisadores interdisciplinares, buscando contribuições em outras áreas do

conhecimento, para promover estudos etnozoológicos com enfoque conservacionistas,

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visando a elaboração de planos de manejo para as espécies utilizadas, viabilizando assim

o aproveitamento econômico de espécies chave e a redução dos danos provocados pela

retirada da fauna silvestre do ambiente.

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