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05/06/20 REPORTAGEM
Bolsonaro costumava usar o avalizou, explicou, foi a discordância familiares, que estavam sob a mira
helicóptero branco da Presidência, em relação à apreensão do aparelho de uma investigação de auditores em
mas na ocasião optou pela aeronave telefônico do presidente da suas declarações de renda. A paz
camuflada, que levava as cores do República, “uma questão de reinou por um tempo. O próprio
Exército — podia ser apenas uma segurança institucional”, no seu inquérito do fim do mundo nunca
contingência do momento, talvez o entender. havia sido um problema para
outro helicóptero estivesse passando Bolsonaro até alcançar os seus.
por manutenção, mas nos tempos A relação de amor e ódio entre o
turbulentos que Brasília vive tudo é STF e o governo, da qual Azevedo Outro momento em que o
visto como sinal. A interlocutores, virou uma espécie de árbitro, presidente se refugiou no silêncio foi
Azevedo explicou que presença dele remonta ao período da campanha quando, em novembro, o STF
a bordo guardava relação mais com eleitoral de 2018, quando o filho 03 derrubou um dos pilares da Lava
a segurança presidencial do que com do presidente, Eduardo Bolsonaro, Jato, a prisão após a segunda
qualquer outra coisa: representaria sapecou a infeliz declaração de que instância. Ele não só ficou calado
um endosso ao bom funcionamento bastavam um soldado e um cabo como orientou seus ministros a não
da aeronave. Antes do sobrevoo, para fechar o Supremo. De lá para se manifestarem. Em entrevista
também havia causado apreensão a cá, o relacionamento funcionou como publicada na última edição de
chancela de Azevedo à nota do um pêndulo, sempre ao sabor dos Crusoé, o ex-ministro da Justiça
general da reserva Augusto Heleno, humores e decisões de parte a parte. Sergio Moro escancarou o motivo:
ministro-chefe do GSI, que falava em Em 2019, Dias Toffoli, com o apoio “O que se dizia no Planalto era que
“consequências imprevisíveis” após de Gilmar Mendes, suspendeu em a soltura de Lula era boa
um despacho rotineiro do STF sobre decisão monocrática – hoje tão politicamente para o presidente”.
um pedido de recolhimento do criticada pelo governo – os Tudo caminhava relativamente sem
celular do presidente, inquéritos com base em dados do grandes sobressaltos até que veio, de
posteriormente arquivado pelo Coaf, entre eles o que investiga o uma vez, uma sequência de decisões
ministro Celso de Mello. Azevedo, primogênito do presidente, Flávio. nada agradáveis ao Planalto.
porém, rechaça ter concordado com Bolsonaro, claro, gostou. E retribuiu Bolsonaro não gostou, por exemplo,
os termos milimetricamente com um gesto simpático: atuou para quando a corte deu a governadores
escolhidos por Heleno ao redigir o que a Receita Federal deixasse de e prefeitos poderes para decidir
documento-ameaça. O que ele importunar Gilmar, Toffoli e sobre medidas de contenção da
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pandemia. Depois, veio a decisão do em que o “deixa disso” não funcionar
próprio Alexandre de Moraes de mais? Ele vai levar adiante a escalada
impedir a nomeação de Alexandre autoritária? Tentará usar as Forças
Ramagem, nome do coração de Armadas como poder moderador,
Bolsonaro para o comando da PF, e para intervir a seu favor em caso de
a divulgação autorizada por Celso de necessidade? Mesmo com o
Mello da íntegra do vídeo da reunião armistício costurado nos últimos dias,
ministerial. Mais trabalho para hoje coabitam três alas no STF. A
Azevedo, o general do “deixa disso”. primeira dorme absolutamente
tranquila e descarta por completo a
Apesar de hasteada a bandeira hipótese de implosão da ordem
branca, no STF é sedimentada a constitucional. Toffoli é a principal
percepção de que, se Azevedo e expressão desta corrente. A segunda
outros bombeiros do Planalto não segue com o sinal de alerta ligado e
atuassem como freio e contrapeso de mede semanalmente o pulso do
Bolsonaro, o presidente ultrapassaria governo, caso de Barroso e
o limite da responsabilidade. O temor Alexandre de Moraes. A última,
é que, se a crise recrudescer, o encabeçada por Celso de Mello, é a
general não seja capaz de frear os que acredita seriamente na hipótese
ímpetos autoritários do chefe. O de ruptura democrática. A quem
governo vende do outro lado da quiser ouvir, Azevedo insiste: “Não
praça a tese de que Bolsonaro recua vai ter golpe”.
e não faz tudo o que fala. Só que, no
entender de integrantes do STF, ele Com reportagem de Fabio
não recua, mas é recuado. E no dia Serapião
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O fator TSE
vedado por lei.
“É possível trazer prova denunciados na ação eleitoral movida Augusto Aras, pediu a suspensão do
emprestada de processos criminais pelo PSDB de Aécio Neves eram que chamou de “inquérito atípico”.
ou de inquéritos para um processo vagos e tratavam de suposto abuso Ele ressaltou que “compete ao
eleitoral. A grande questão é se essas de poder político e econômico na Ministério Público dirigir a
provas dizem respeito ao que está campanha de 2014. investigação criminal” e que “o
sendo investigado”, afirma a sistema acusatório impõe profunda
advogada eleitoral Marilda Silveira, O placar apertado há três anos separação entre as funções de
diretora do Instituto Brasileiro de mostra que se trata de um debate investigar/acusar e de julgar” – nem
Direito Eleitoral. Ela explica que o delicado. O TSE vai ter que avaliar, na instauração da investigação nem
debate sobre compartilhamento de por exemplo, se as provas nas etapas posteriores houve
provas “é corriqueiro” na Justiça produzidas no inquérito de Alexandre participação da PGR.
Eleitoral. Essa, aliás, foi a grande de Moraes têm relação com os
discussão durante o julgamento do supostos ilícitos apontados pelo PT A pedido do relator Edson
pedido de cassação da chapa de e pelo PDT. A ação apresentada Fachin, o presidente do STF, Dias
Dilma Rousseff e Michel Temer, em pelos petistas tem escopo mais Toffoli, pautou para a próxima
2017. restrito e cita o uso de recursos quarta-feira, 10, o julgamento no
privados para impulsionar mensagens plenário da corte do pedido de
Na época, o ministro Herman enviadas a eleitores. A peça inicial do suspensão do inquérito. A tendência,
Benjamin pediu ao então juiz Sergio processo do PDT é mais ampla e segundo informações de bastidores,
Moro o compartilhamento de menciona possíveis impulsionamentos é que o tribunal autorize a
informações dos processos da Lava também em redes sociais. continuidade das investigações com
Jato. As provas foram alguns ajustes, como dar maior
“emprestadas”, mas, por quatro O uso do inquérito do fim do transparência à apuração e exigir que
votos a três, o TSE entendeu que elas mundo nas ações eleitorais contra a Alexandre de Moraes se declare
não poderiam ser usadas para cassar chapa de Bolsonaro depende ainda impedido de julgar uma eventual
a chapa. Com isso, Temer se livrou de uma decisão do STF sobre a ação movida com base no inquérito
da cassação e pôde concluir o validade da investigação conduzida conduzido por ele próprio. O
mandato. Naquele caso, a avaliação unilateralmente por Alexandre de objetivo é se vacinar contra novos
foi que as provas da Lava Jato Moraes. Em uma dura manifestação ataques de Bolsonaro e dos
tratavam de repasse de estatais a enviada ao Supremo nesta semana, bolsonaristas, que veem um golpe
agentes públicos, enquanto os ilícitos o procurador-geral da República, em curso contra o presidente no
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TSE, com a chancela do Supremo.
Na avaliação de aliados de
Bolsonaro, uma cassação via
impeachment seria hoje mais difícil
porque o Centrão, grupo dominante
no Congresso, está “neutralizado”
com a distribuição de cargos no
segundo e terceiro escalões do
governo. A “jogada”, segundo eles,
só eventualmente será concretizada
em 2021, a partir de quando uma
eventual cassação da chapa
presidencial resultaria em eleições
indiretas – nesse caso, o substituto
do presidente seria escolhido pelos
deputados federais e senadores, Poder Judiciário forte sem um juiz então candidato em 2018. Embora
como determina o artigo 81 da independente, altivo e seguro”, disse sejam de baixíssimo risco político ao
Constituição. Se a vacância dos ele na última quarta-feira, 3. presidente — o relator Og
cargos de presidente e de vice Fernandes já se manifestou pela
ocorrer nos dois primeiros anos de Há dez dias na presidência do improcedência das ações por falta de
mandato, uma nova eleição direta TSE, o ministro Luís Roberto provas –. essas ações
teria de ser realizada. Barroso, que entoa desde sempre um especificamente servem como
discurso firme em defesa das termômetro do clima no plenário. “O
Em meio à escalada de ataques instituições e contra arroubos TSE tem tradição de imparcialidade.
virtuais desferidos pelos bolsonaristas autoritários, já demonstrou que dará Aqui, ninguém é perseguido e
que encurralou no inquérito do fim celeridade às ações. Ele pautou para ninguém é protegido, a gente faz o
do mundo, Alexandre de Moraes a próxima terça-feira, 9, o que é o certo”, afirmou Barroso em
tem recebido apoio de uma série de julgamento de duas ações que pedem seu discurso de posse.
setores da sociedade e aproveitado a cassação da chapa de Bolsonaro
eventos públicos para mandar pelo suposto envolvimento do
recados. “Não há democracia sem presidente no ataque hacker a uma Com reportagem de Helena
Poder Judiciário forte. E não há página de Facebook contrária ao Mader
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E a rua ruge cá
O deslize da Vale
Os atravessadores
O modelo de abordagem dos
atravessadores foi relatado a Crusoé
por dois operadores do mercado de
importação de equipamentos de
saúde, como máscaras, aventais e
respiradores, os mais necessários na
pandemia. A ação ilustra uma das
estratégias utilizadas por quem quer
tirar proveito da conjunção perfeita
para negócios obscuros trazida pela
situação de calamidade: contratos
sem licitação de um lado e produtos
com preços inflacionados de outro.
Compras emergenciais para
combater o novo coronavírus são
investigadas em mais da metade dos
estados brasileiros por suspeita de
fraude, superfaturamento e
Lobistas e empresários espertos até no terminal de cargas os corrupção. Na maioria dos casos, os
aproveitam a pandemia (e os seus importadores dos equipamentos de negócios contam com a participação
contatos políticos) para ganhar saúde que mais faltam no Brasil, com de intermediários sem nenhum
dinheiro intermediando negócios um único objetivo: lucrar com a histórico de atuação no setor e que
entre o poder público e fornecedores Covid-19. O método já é manjado. utilizam empresas de fachada ou em
chineses Dizem possuir contatos políticos nome de laranjas para assinar os
dentro de governos estaduais e contratos e emitir notas. O resultado
prefeituras que garantem vultosos é que muitos produtos comprados
Luiz Vassallo contratos — alguns chegam a exibir pelos governos nem sequer foram
termos já assinados com o poder entregues, outros já chegaram
Fabio Leite público — e se oferecem como danificados aos hospitais e outros
“intermediários” do negócio em troca ainda foram entregues em desacordo
Hospedados em hotéis nos de uma valiosa comissão. Se o com a encomenda. Há até casos de
arredores do aeroporto carregamento já tinha um destino prefeituras que compraram
internacional de Guarulhos, na final definido, eles oferecem mais, respiradores e receberam outros
Grande São Paulo, homens bem tentam interceptar a mercadoria. equipamentos – o famoso gato por
trajados e bons de lábia aplicam a Essa é apenas uma face de um lebre.
máxima de que toda crise é uma esquema que além de drenar dinheiro
oportunidade. De olho nas compras público põe em risco a vida de No início da semana, a polícia da
emergenciais milionárias feitas por pacientes que agonizam em um Bahia prendeu três pessoas acusadas
governantes de todo o país para sistema à beira do colapso. de vender, e não entregar, 300
enfrentar a pandemia, eles assediam respiradores por 48,7 milhões de
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reais ao Consórcio Nordeste, dele que havia aparecido nas entrega, porém, atrasou. Em uma
formado pelos nove estados da investigações do mensalão ganhou mensagem, a Hichens chegou a
região. No Ceará, a Polícia Federal um contrato de 720 milhões de reais informar que não sabia sequer se a
investiga um prejuízo de 25,4 milhões na Valec, a estatal federal que cuida carga já havia saído da alfândega na
de reais provocado pela compra de das ferrovias, embora tivesse sido China ou desembarcado em Nova
150 aparelhos pela prefeitura de banida pelo Tribunal de Contas da York. Diante da confusão, Doria
Fortaleza. No Mato Grosso, os 22 União. O contrato previa o suspendeu o restante dos
ventiladores pulmonares adquiridos fornecimento de trilhos importados pagamentos e reduziu a compra para
pela prefeitura de Rondonópolis da China. Enquanto faturava com os 1.280 respiradores. Até agora,
eram falsos — eram, na verdade, contratos polpudos com o governo, apenas 183 aparelhos foram
monitores. Em Pernambuco e no o “Grego” levava uma vida de luxo entregues.
Amazonas, contratos emergenciais, no Lago Sul, bairro nobre de
muitos deles negociados por lobistas Brasília. Dono de uma mansão, Basile é peça-chave da
e empresários que se põem como circulava pela cidade a bordo de uma investigação do MP paulista sobre o
intermediários entre fornecedores Ferrari. maior contrato emergencial do
chineses e os órgãos públicos governo Doria e já foi intimado a
brasileiros, também viraram caso de Alguns anos se passaram e Basile depor. As suspeitas em torno do
polícia. Esses atravessadores, em deixou os trilhos da Valec para empresário voltaram a ser rotina. Um
muitos dos casos, mantêm estreitos faturar com respiradores na mês antes do negócio milionário
laços políticos. A seguir, pandemia. É, novamente (e fechado com o governo tucano, a
apresentamos alguns casos literalmente), um negócio da China. Polícia Federal vasculhou os
emblemáticos de gente que tem Ele é eminência parda da Hichens endereços dele em razão de uma
faturado com a pandemia. Harrison & Co, uma corretora de outra empreitada com o dinheiro
valores de brasileiros que moram na público. Desta vez, no Detran do
Flórida, nos Estados Unidos, Paraná — segundo a investigação,
Do mensalão para a pandemia contratada sem licitação pelo uma empresa da qual Basile é sócio
governo João Doria, do PSDB, para fraudou uma licitação a partir da qual
O empresário brasiliense Basile intermediar a compra de 3 mil faturou, ao cabo de um ano, 77
Pantazis, ex-tesoureiro do PTB, já respiradores chineses para São milhões de reais. O contrato era para
apareceu como personagem de Paulo. O contrato, de 550 milhões fazer o cadastro de veículos. A
alguns negócios suspeitos com o de reais, foi revelado em abril por história do negócio joga ainda mais
poder público. No escândalo do Crusoé e está sendo investigado pelo névoa sobre o contrato firmado para
mensalão, uma de suas empresas foi Tribunal de Contas e pelo Ministério fornecer respiradores. Assim como
pilhada compartilhando com o Público paulista por suspeita de no acerto com o governo paulista,
partido de Roberto Jefferson um sobrepreço. Embora o nome de Basile não aparecia à frente do
quinhão do que faturava nos Basile não apareça em nenhum negócio, mas estava sempre presente
Correios. Conhecido como “Grego”, documento, é ele quem manda para nas decisões. Em mensagens
Basile tem amizade com políticos de as autoridades paulistas o e-mail com apreendidas, ele é tratado como “Big
diferentes naipes, como o ex-senador a proposta oficial da Hichens, com Apple”, por manter negócios em
Gim Argello, que chegou a ser preso o pedido de pagamento antecipado Nova York. “Avisa o Basile”, disse
pela Lava Jato. Para além da parceria de 30% e os dados de uma conta um dos investigados, ao discutir o
com o PTB nos anos Lula, sua bancária em Atlanta. No início de contrato que agora está sendo
atuação em contratos públicos é maio, quando a empresa disse ter escarafunchado pelo MP do Paraná.
repleta de atritos com os órgãos de embarcado o primeiro lote com 500
fiscalização e controle. Ainda no aparelhos, o governo Doria já havia A Crusoé, Basile Pantazis disse
governo petista, a mesma empresa transferido 242 milhões de reais. A ser “consultor de comércio exterior”
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da Hichens. Ele relata que prestou pulmonares no sul do país. respiradores danificados ao governo
esclarecimentos por escrito ao de Helder Barbalho, do MDB.
Ministério Público, que teria se dado Assim como Basile Pantazis, André Felipe de Oliveira, que é
por satisfeito com as explicações e Guasti atuou em nome de uma filiado ao DEM, chegou a ser
cancelado sua intimação para depor empresa com a qual não tem nenhum secretário de Esportes do ex-
– o promotor José Carlos Blat, que vínculo societário. A dona da firma governador José Roberto Arruda,
conduz o caso, nega e diz que o usada na contratação é motorista de preso em 2010, quando comandava
depoimento está mantido. Basile ônibus. Apesar de prometer a o Distrito Federal, por implantar seu
conta ainda que “conversou sobre os compra de respiradores da China, a próprio mensalão. Suplente de
detalhes” do negócio fechado com empresa representada pelo senador, Oliveira foi detido em maio
o governo de São Paulo com Wilson atravessador nunca mandou nem em Brasília depois de o Ministério
Melo, presidente da Investe SP, sequer 50 mil dólares para fora do Público Federal descobrir que a
espécie de agência de fomento a país. Os bancos estranharam os empresa que ele representava
negócios do Estado. Melo nega. Diz pagamentos milionários do governo recebeu 25 milhões de reais da
que as tratativas da Hichens foram de Santa Catarina à pequena firma, gestão Helder Barbalho para
feitas com a Secretaria de Saúde. A o que desencadeou uma operação fornecer 200 ventiladores
Hichens afirma que a repactuação do policial em meados de maio que importados da China, mas os
contrato com o governo está “em derrubou o então secretário Douglas equipamentos entregues eram
negociação”. Borba e instaurou uma crise no diferentes do modelo contratado e
governo de Carlos Moisés, do PSL. apresentavam defeitos. Técnicos se
O ‘homem da Casa Civil’ A Justiça bloqueou todo o valor deram conta de que os aparelhos não
repassado para a empresa tinham sequer baterias internas para
Em Santa Catarina, promotores representada por Guasti. Apenas 50 o caso de queda de energia nos
e policiais tentam avançar na suspeita dos 200 aparelhos necessários para hospitais. Além disso, não podiam
de que o intermediário da compra de atender as vítimas do novo ser esterilizados. Em depoimento
200 respiradores por 33 milhões de coronavírus chegaram aos hospitais revelado por O Antagonista, Oliveira
reais pelo governo do estado foi catarinenses. O empresário, ao que disse ter oferecido os produtos
escolhido a dedo pelo ex-chefe da tudo indica, vendeu o que não tinha. diretamente ao governador, por
Casa Civil, Douglas Borba, que já Os investigadores agora querem mensagem de WhatsApp. O
foi alvo de um pedido de prisão por avançar nas suas conexões políticas. governador nega ter participação nas
causa dos contratos emergenciais — irregularidades.
a medida foi negada pela Justiça Fábio Guasti alega que foi
local. Médico e empresário, Fábio “apenas o intermediário” do contrato Laranjas e fantasmas no Rio
Guasti já tinha 40 milhões de reais com o governo de Santa Catarina.
em contratos com a prefeitura de Ele diz ter sido “questionado No Rio de Janeiro, onde as
Guarulhos, onde mora, e é mais um informalmente”, por ser médico, investigações já resultaram na prisão
que viu na pandemia uma grande sobre eventuais fornecedores ao do ex-subsecretário de Saúde
oportunidade de ampliar seus estado, mas não informa quem o Gabriell Neves e agora miram uma
negócios. Filiado ao PSC, ele já procurou. Ele nega “amizade” com possível participação do governador
havia conseguido um contrato de 21 secretários de Santa Catarina. Wilson Witzel, do PSC, o esquema
milhões de reais sem licitação com o envolveu uma rede de empresas em
governo Helder Barbalho, no Pará, O amigo dos Maias nome de laranjas, sem lastro
para fornecer os cartões de financeiro e sem capacidade de
alimentação a estudantes durante a No Pará, uma cria de Rodrigo e prestar o serviço, para forjar
crise quando surgiu a facilidade de Cesar Maia na política de Brasília foi pesquisas de preços e direcionar
faturar também com ventiladores parar na cadeia pela venda de contratações emergenciais com
05/06/20
pagamentos adiantados. Os
contratos para a compra de 1 mil
respiradores para as unidades de
saúde fluminense somam 183
milhões de reais e foram firmados
com empresas pequenas de outros
setores, como alimentação e
informática. Uma delas chama-se
MHS e tem como sócio formal um
homem que já foi registrado
formalmente como “motorista de
carro de passeio” de uma outra
empresa – olha só que coincidência
– cujo nome aparece entre as firmas
que apresentaram propostas ao
governo em uma cotação de preços
que, tudo indica, não passou de uma
simulação mal-ajambrada.
Leany Lemos
O exemplo gaúcho
Helena Mader
Chegando perto