By_Lu*Ch@QuE
DESDE 1921
ANO 100 ┆ Nº 33.321
Folha lança
campanha
em defesa da
democracia
Inspirada na mobilização
das Diretas Já, de 1984,
a Folha lança no sábado
(27), no intervalo do Jor-
nal Nacional, campanha
publicitária em defesa da
democraci:a. No mesmo
fim de semana, publicará
o projeto “O que Foi a Di-
tadura”, direcionado so-
bretudo a quem não viveu
o período de 1964 a 1985.
No domingo, inicia cur-
so online gratuito de 4 au-
las sobre o tema. Poder A10
Agência Pública faz
colaboração para
investigar óbitos
Saúde B5
Gabriela Prioli
Começarei
perguntando
O pior inimigo das pseu-
doverdades não são os sá-
bios, são os curiosos, que,
aoperguntarem,expõema
preguiçadocrente.Naridi-
cularização da dúvidamo-
ra a vergonha do que nem
sabe por qual razão acre-
dita no que crê. Opinião A2
Advogada, passa a escrever às quintas
Câmara dá
aval a CNH
com validade
de dez anos
A Câmara dos Deputa-
dos aprovou ontem pro-
jeto que amplia para dez
anos a validade da cartei-
ra de motorista de pesso-
as com menos de 50 anos
de idade. Os parlamenta-
res também aumentaram
de 20 para 40 pontos a to-
lerância para a suspensão
da CNH, exceto em casos
de infrações gravíssimas.
O texto agora segue pa-
ra o Senado. Cotidiano B7
Moraes decide soltar
Sara Winter, mas impõe
uso de tornozeleira A6
Câmara de SP extingue
autarquias de serviço
funerário e limpeza B6
UM JORNAL A SERVIÇO DO BRASIL
SP mira setembro para volta às
aulas; capital prevê abrir bares
Retomada das creches às universidades depende de melhoria no controle da Covid-19 no estado
O governo de São Paulo
anunciou ontem que prevê
retomar as aulas presenci-
ais, com rodízio entre os es-
tudantes, em 8 de setembro.
Apropostaabrangedecre-
ches a universidades, das re-
des estadual e municipal, e
serve de recomendação às
entidades privadas.
Senado aprova novo marco do saneamento
O Senado aprovou ontem o
projetodonovomarcoregu-
latório do saneamento bási-
co.Apropostabuscaestimu-
la a participação da iniciati-
va privada no setor.
COM DESFILE GRANDIOSO, RÚSSIA CELEBRA 75 ANOS DO FIM DA 2ª GUERRA
Tanques soviéticos T-34, em parada militar pelo Dia da Vitória em Moscou; Putin tenta reescrever história do conflito
ISSN 1414-5723
33321
9 771414 572056
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
Acondição,contudo,éque Na etapainicialdaretoma-
todo o estado esteja durante da escolar, as atividades vol-
pelo menos 28 dias na fase tarão com apenas 35% das
amarela da reabertura, com turmas em sala. Numa se-
funcionamento controlado gunda fase, serão 70%, até
de comércio e de serviços a chegar a 100% na terceira.
40% da capacidade, além de O protocolo inclui distan-
bares e salões de beleza. ciamento mínimo e moni-
Hoje,nenhumaregiãopau- toramento das condições
lista está nesse estágio. de saúde dos alunos.
O projeto de lei recebeu 65 São estabelecidas metas
votos favoráveis e 13 contrá- decoberturade99%deágua
rios. Já aprovado na Câmara potável e de 90% de esgoto
dos Deputados, o texto se- em até 12 anos, com exten-
guirá agora para sanção do sãodoprazoemseteanos,se
presidente Jair Bolsonaro. comprovada inviabilidade.
EDITORIAIS A2
AUDIÊNCIA/MÊS
PÁGINAS VISTAS 340.339.921 Custo ambiental
VISITANTES ÚNICOS 54.958.699 Sobre pressões externas
contraaçõesdeBolsonaro.
Na capital, o prefeito Bru-
no Covas (PSDB) afirmou,
em live, esperar que nes-
ta sexta-feira (26) a cidade
avance de fase no progra-
ma de flexibilização do es-
tado, o que permitiria rea-
brir barese restaurantespor
seis horas ao dia a partir da
próxima segunda-feira (29).
O custo estimado da uni-
versalização dos serviços no
país, de acordo com o rela-
tor Tasso Jereissati (PSDB-
CE), é de cerca de R$ 700 bi-
lhões. Mercado A19 e A22
Alexander Nemenov/AFP
Mundo A18
A vacina e o Brasil
Acerca de atratividade pa-
ra testes de imunizantes.
R$ 5,00
Atualmente, São Paulo se
encontra na segunda fase
(cor laranja), que autoriza a
operação de lojaseescritóri-
os, com limitação de 20% da
ocupação. Saúde B1 e B2
Professores do estado
veem anúncio precipitado
e ameaçam fazer greve B1
Nove estados têm
mais de 80% das
UTIs ocupadas
A escalada dos casos gra-
ves de coronavírus fez
crescer a ocupação dos
leitos de UTI (Unidade de
Terapia Intensiva) em 16
estados. Assim, já chega a
nove o número de estados
com mais 80% dos leitos
para o tratamento da Co-
vid preenchidos. Saúde B3
Crise da Covid-19
afeta mais pretos
e pardos, diz IBGE
Mercado A20
Grupo no Banco
Mundial tenta
barrar Weintraub
A Associação de Funcio-
nários do Banco Mundi-
al enviou carta ao conse-
lho de ética do órgão com
críticas a Abraham Wein-
traub e pediu que sua no-
meação a uma diretoria
fosse revista. O conselho
informou não poder influ-
irnaindicação. Mercado A23
Ilustrada B8
Fechados, museus
controlam luz e calor
a distância e analisam
raio-x dos quadros
Turismo B12
Parques temáticos
reabrem no Brasil e
no exterior e viram
alvo de críticas
a eee
Funcionários do Banco Mundial pedem
suspensão da indicação de Weintraub
Conselho de ética, no entanto, diz que não tem influência na nomeação e que ex-ministro deve ser eleito
-
Marina Dias cação em espera até que es-
sas alegações possam ser re-
washington A Associação de visadas e b) garantir que o sr.
Funcionários do Banco Mun- Weintraubsejaavisadodeque
dial (WBG Staff Association) otipodecomportamentopelo
enviou nesta quarta (24) car- qualeleéacusadoétotalmente
ta ao conselho de ética da ins- inaceitável nesta instituição.”
tituição com críticas duras ao Weintraub foi nomeado pa-
ex-ministro Abraham Wein- ra a vaga de diretor-executivo
traub (Educação) e o pedido na cadeira do grupo do Brasil,
paraquesuanomeaçãoadire- mas ainda precisa ser eleito.
tor-executivo seja reavaliada. O processo, porém, é um
Ocolegiado,noentanto, res- formalidade —já que o Bra-
pondeuquenãopodeinfluen- sil tem maioria na votação
ciarnanomeaçãooueleiçãode que pode levar até quatro se-
um diretor-executivo e que o manas. Não há até agora indi-
código de conduta da institu- cação de resistência ao nome
içãosópodeseraplicadopara do ex-ministro por parte dos
funcionáriosjáempossados,o
quenãoéocasodeWeintraub.
O documento da associa-
outros oito países com poder
devoto—Colômbia,Equador,
Haiti, Panamá, Suriname, Re-
ção de funcionários solicita públicaDominicana, Filipinas
que haja apuração das decla- e Trinidad & Tobago.
raçõesdecaráterracistasobre O movimento da associa-
a China dadas por Weintraub ção, por sua vez, criou uma
—inquérito enviado pelo STF pressão interna antecipada
à primeira instância nesta se- por parte dos funcionários, já
mana—edoseudiscursopre- que o ex-ministro ainda não
gando a prisão de ministros assumiu a cadeira represen-
da Suprema Corte. tada pelo Brasil e ainda não
AassociaçãopedequeWein- tem vínculos formalizados
traub seja notificado por com o banco.
seu comportamento “total- O conselho de ética respon-
mente inaceitável” e que sua deu quenãopodebarrara no-
nomeação seja suspensa até meação. “A partir do momen-
o fim das investigações. toemqueelesetornaum fun-
“Solicitamos formalmente cionário do conselho, um di-
ao conselho de ética que re- retor-executivoestásujeitoao
veja os fatos por trás dessas Código de Conduta para Fun-
múltiplas alegações, com in- cionários do conselho [o Có-
tenção de a) colocar sua indi- digo], que se aplica prospec-
ECHOENERGIA PARTICIPAÇÕES S.A. - CNPJ/ME nº 24.743.678/0001-22 - NIRE 35.300.491.190 - Ata de Assembleia Geral Extraordi-
nária, realizada em 8 de junho de 2020 - Data, Hora e Local: Aos 8 dias do mês de junho de 2020, às 10h00 (dez) horas, no endereço da
sede social da Echoenergia Participações S.A. (“Companhia”), localizada na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Briga-
deiro Faria Lima, nº 1663, 4º andar, Jardim Paulistano, CEP 01452-001. Convocação e Presença: Dispensada a convocação em virtude da
presença de acionistas representando 100% (cem por cento) do capital social da Companhia, nos termos do artigo 124, parágrafo 4º da Lei
nº 6.404/76, conforme alterada (“Lei das Sociedades por Ações”), conforme assinaturas constantes no Livro de Presença de Acionistas.
Composição da Mesa: Lara Monteiro da Silva - Presidente; e Mario Harry Lavoura - Secretário. I. Ordem do Dia: Examinar, discutir e deli-
berar sobre: (a) a autorização para realização, pela Companhia, da sua primeira emissão de debêntures simples, não conversíveis em
ações, da espécie quirografária, em série única, no valor total de R$ 180.000.000,00 (cento e oitenta milhões de reais) (“Emissão” e “Debên-
tures”, respectivamente), para distribuição pública, com esforços restritos de distribuição, nos termos da Instrução da Comissão de Valores
Mobiliários (“CVM”) nº 476, de 16 de janeiro de 2009, conforme alterada (“Instrução CVM 476”) e da Lei nº 12.431, de 24 de junho de 201
(“Lei 12.431” e “Oferta Restrita”, respectivamente), por meio da celebração da “Escritura Particular da 1ª (Primeira) Emissão de Debêntures
Simples, Não Conversíveis em Ações, da Espécie Quirografária, em Série Única, para Distribuição Pública, com Esforços Restritos, da
Echoenergia Participações S.A.”, entre e a Simplific Pavarini Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda. (“Agente Fiduciário”), na
qualidade de agente fiduciário, representando a comunhão dos titulares das Debêntures (“Debenturistas”), e a Companhia, na qualidade de
emissora das Debêntures (“Escritura de Emissão”); (b) a autorização para celebração, pela Companhia, do Contrato de Distribuição (confor-
me definido abaixo); e (c) a autorização à diretoria da Companhia, ou aos seus procuradores, para prática de todos e quaisquer atos neces-
sários e/ou convenientes à realização, formalização, implementação e/ou aperfeiçoamento das deliberações tomadas nesta Assembleia com
relação à Emissão, incluindo a celebração dos contratos e documentos acessórios à Escritura de Emissão e ao Contrato de Distribuição e
seus eventuais aditamentos (a Escritura de Emissão, em conjunto com o Contrato de Distribuição e os respectivos aditamentos, denomina-
dos “Documentos da Operação”). II. Deliberações: Após examinadas e discutidas as matérias constantes da ordem do dia, as seguintes
deliberações foram aprovadas, por unanimidade de votos e sem quaisquer restrições: (a) A celebração, pela Companhia, da Escritura de
Emissão, e realização, nos termos do artigo 59 da Lei das Sociedades por Ações, da Emissão e da Oferta Restrita, que terão as seguintes
características e condições principais: (i) Número da Emissão. 1ª (primeira) emissão de debêntures da Companhia. (ii) Valor Total da Emis-
são. O valor total da Emissão é de R$ 180.000.000,00 (cento e oitenta milhões de reais), na Data de Emissão (conforme abaixo definida).
(iii) Número de Séries. A Emissão será realizada em série única. (iv) Quantidade de Debêntures. Serão emitidas 180.000 (cento e oitenta
mil) debêntures. (v) Banco Liquidante e Escriturador. A instituição prestadora de serviços de banco liquidante da Emissão e de escrituração
das Debêntures será o Banco Bradesco S.A., instituição financeira com sede no Núcleo Cidade de Deus, s/nº, Vila Yara, Osasco, Estado de
São Paulo, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 60.746.948/0001-12 (“Banco Liquidante” e “Escriturador”, respectivamente). (vi) Regime de Colo-
cação. As Debêntures serão objeto de oferta pública de distribuição com esforços restritos, sob o regime de garantia firme de colocação, com
relação à totalidade das Debêntures, nos termos da Instrução CVM 476, conforme o “Contrato de Estruturação, Coordenação e Distribuição
Pública, com Esforços Restritos, sob o Regime de Garantia Firme de Colocação, de Debêntures Simples, Não Conversíveis em Ações, da
Espécie Quirografária, em Série Única, da 1ª (Primeira) Emissão da Echoenergia Participações S.A.” (“Contrato de Distribuição”), com inter-
mediação de instituição financeira integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários (“Coordenador Líder”), tendo como público
alvo das Debêntures quaisquer investidores profissionais, nos termos definidos no artigo 9º-A da Instrução da CVM nº539, (“Investidores
Profissionais”). (vii) Procedimento de Distribuição. O plano de distribuição seguirá o procedimento descrito na Instrução CVM 476, observa-
do o disposto no Contrato de Distribuição. Para tanto, o Coordenador Líder poderá acessar, no máximo, 75 (setenta e cinco) Investidores
Profissionais, sendo possível a subscrição ou aquisição por, no máximo, 50 (cinquenta) Investidores Profissionais. (viii) Preço de Subscrição.
O preço de subscrição de cada uma das Debêntures, na Primeira Data de Integralização (conforme definido abaixo), será o Valor Nominal
Unitário, admitindo-se, ainda, ágio ou deságio na integralização das Debêntures, desde que ofertado em igualdade de condições a todos os
investidores em cada data de integralização (“Preço de Subscrição”). (ix) Forma de Subscrição e Integralização. As Debêntures serão
subscritas e integralizadas, no mercado primário, em uma ou mais datas, sendo considerada “Primeira Data de Integralização”, para fins da
Escritura de Emissão, a data da primeira subscrição e integralização das Debêntures. A integralização das Debêntures será realizada à
vista, no ato de subscrição, em moeda corrente nacional, dentro do período de distribuição na forma do artigo 7-A e 8º da Instrução CVM
476, e de acordo com os procedimentos da B3, em valor correspondente ao Preço de Subscrição, sendo a liquidação realizada por meio da
B3. (x) Fiança Bancária. Para assegurar o fiel, integral e pontual pagamento do valor total da dívida da Companhia representada pelas De-
bêntures e todos os seus acessórios, incluindo o Valor Nominal Atualizado (conforme abaixo definido), acrescido da Remuneração (confor-
me abaixo definido) e dos Encargos Moratórios (conforme abaixo definido), conforme aplicável, bem como das demais obrigações pecuniá-
rias previstas nesta Escritura de Emissão, incluindo, sem limitação, tributos, taxas, comissões, honorários e despesas advocatícias, custas
e despesas judiciais ou extrajudiciais, honorários do Agente Fiduciário, e outras despesas e custos de natureza semelhante, incorridas pelo
Agente Fiduciário, com relação à execução da Escritura de Emissão (“Obrigações Garantidas”), a Companhia deverá contratar ou fazer com
que seja contratada, até 15 de dezembro de 2020, garantia fidejussória, na modalidade de fiança bancária, limitada ao valor do serviço da
dívida devidos nos períodos sucessivos de 12 (doze) meses contados a partir de 16 de dezembro de 2020 (“Período de Cobertura da
Fiança”), conforme valor de amortização do Valor Nominal Atualizado, conforme aplicável, acrescido dos Juros Remuneratórios e da Atuali-
zação Monetária Estimada a serem devidos nos próximos 12 (doze) meses (“Limite da Fiança”), por meio da apresentação de carta de
fiança (“Carta de Fiança”), na forma prevista na Escritura de Emissão, sendo que: (i) com relação à emissão da primeira Carta de Fiança,
esta deverá ser contratada junto a uma instituição financeira (“Fiador”) que (a) possua rating mínimo em escala local AA- emitido pela
Standard & Poor’s ou a Fitch Ratings, ou seu equivalente pela Moody’s (“Rating Mínimo Fiador”), e (b) seja uma das instituições financeiras
listadas na Escritura de Emissão; e (ii) com relação à emissão da segunda e posteriores Cartas de Fiança, estas sejam contratadas perante
Fiador que possua, ao menos, o Rating Mínimo Fiador (“Fiança Bancária”). (xi) Fiança Bancária Complementação ICSD. Observados os
termos e condições da Escritura de Emissão, caso a Companhia não mantenha o ICSD Mínimo durante o período da Emissão e até o pa-
gamento integral das Obrigações Garantidas, mas atinja o ICSD Gatilho, a Companhia deverá entregar carta de fiança complementar
(“Carta de Fiança ICSD”), no prazo de 120 (cento e vinte dias) contados do final do exercício social de medição do ICSD Consolidado
(conforme será definido na Escritura de Emissão). (xii) Valor Nominal Unitário. O valor nominal unitário das Debêntures será de R$ 1.000,00
(mil reais), na Data de Emissão (conforme definido abaixo) (“Valor Nominal Unitário”). (xiii) Data de Emissão. Para todos os fins de direito e
efeitos, a data de emissão das Debêntures será o dia 15 de junho de 2020 (“Data de Emissão”). (xiv) Prazo e Data de Vencimento. Ressal-
vadas as hipóteses de liquidação antecipada em razão do vencimento antecipado das obrigações decorrentes das Debêntures e de Resga-
te Antecipado Facultativo Total (conforme definido abaixo), nos termos a serem previstos na Escritura de Emissão, o vencimento das Debên-
tures ocorrerá em 10 (dez) anos contados da Data de Emissão, ou seja, em 15 de junho de 2030 (“Data de Vencimento”). (xv) Forma e
Comprovação de Titularidade das Debêntures. As Debêntures serão emitidas na forma nominativa e escritural, sem a emissão de cautelas
ou certificados, sendo que, para todos os fins de direito, a titularidade das Debêntures será comprovada pelo extrato das Debêntures emitido
pelo Escriturador. Adicionalmente, para as Debêntures custodiadas eletronicamente na B3, será expedido extrato em nome do Debenturista
que servirá de comprovante de titularidade de tais Debêntures. (xvi) Conversibilidade e Permutabilidade. As Debêntures serão simples, não
conversíveis em ações de emissão da Companhia, nem permutáveis em ações de outras sociedades ou por outros valores mobiliários de
qualquer natureza. (xvii) Espécie. As Debêntures serão da espécie quirografária, nos termos do artigo 58 da Lei das Sociedades por Ações.
(xviii) Direito de Preferência. Não haverá qualquer direito de preferência na subscrição das Debêntures. (xix) Atualização Monetária das
Debêntures. As Debêntures terão o seu Valor Nominal Unitário ou o saldo do Valor Nominal Unitário atualizado monetariamente, a partir da
Primeira Data de Integralização ou da última Data de Pagamento dos Juros Remuneratórios das Debêntures, conforme o caso, até a data
do efetivo pagamento, pela variação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo calculado (“IPCA”), divulgado mensal-
mente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (“IBGE”), calculada de forma pro rata temporis, com base em 252 (duzentos e
cinquenta e dois) Dias Úteis (conforme será definido na Escritura de Emissão) (“Atualização Monetária”), sendo que o produto da Atualiza-
ção Monetária será incorporado automaticamente ao Valor Nominal Unitário ou ao saldo do Valor Nominal Unitário, conforme o caso (“Valor
Nominal Atualizado”), conforme fórmula a ser definida na Escritura de Emissão. (xx) Juros Remuneratórios das Debêntures. Sobre o Valor
Nominal Atualizado incidirão juros remuneratórios prefixados de 6,90% (seis inteiros e noventa centésimos por cento) ao ano, base 252
(duzentos e cinquenta e dois) Dias Úteis (“Juros Remuneratórios”). (xxi) Pagamento dos Juros Remuneratórios. Os Juros Remuneratórios
serão apurados e pagos semestralmente, conforme termos e condições a serem previstos na Escritura, sempre no dia 15 (quinze) dos
meses de junho e dezembro de cada ano, sendo certo que o primeiro pagamento de Juros Remuneratórios das Debêntures será realizado
em 15 de junho de 2021 e os demais pagamentos ocorrerão sucessivamente, sendo o último pagamento realizado na Data de Vencimento
(cada uma dessas datas uma “Data de Pagamento dos Juros Remuneratórios”). Farão jus ao recebimento dos Juros Remuneratórios aque-
les que forem titulares de Debêntures ao final do Dia Útil imediatamente anterior à respectiva data de pagamento. (xxii) Repactuação Pro-
gramada. Não haverá repactuação programada das Debêntures. (xxiii) Amortização do Valor Nominal Unitário. O Valor Nominal Atualizado
das Debêntures será amortizado em 8 (oito) parcelas anuais e consecutivas, sempre no dia 15 (quinze) de junho de cada ano, nas respec-
tivas datas de amortização, sendo a primeira parcela devida em 15 de junho de 2023 e a última na Data de Vencimento das Debêntures,
conforme cronograma e percentuais a serem previstos na Escritura de Emissão. (xxiv) Local de Pagamento. Os pagamentos a que fazem
jus as Debêntures serão efetuados pela Companhia, conforme termos e condições a serem previstos na Escritura de Emissão, (i) com rela-
ção àquelas que estejam custodiadas eletronicamente pela B3, utilizando-se os procedimentos adotados pela B3; ou (ii) na hipótese de as
Debêntures não estarem custodiadas eletronicamente na B3, (a) na sede da Companhia ou, conforme o caso, (b) de acordo com os proce-
dimentos adotados pelo Escriturador. (xxv) Prorrogação dos Prazos. Considerar-se-ão automaticamente prorrogadas as datas de pagamen-
to de qualquer obrigação até o primeiro Dia Útil subsequente, se a data de vencimento da respectiva obrigação coincidir com feriado decla-
rado nacional, sábado ou domingo, ou ainda, quando não houver expediente comercial ou bancário na Cidade de São Paulo, Estado de São
Paulo, sem qualquer acréscimo aos valores a serem pagos, ressalvados os casos de obrigações pecuniárias inclusive para fins de cálculo,
cujos pagamentos devam ser realizados por meio da B3, hipótese em que somente haverá prorrogação quando a data de pagamento da
respectiva obrigação coincidir com sábado, domingo ou feriado declarado nacional. (xxvi) Encargos Moratórios. Sem prejuízo dos Juros
Remuneratórios, ocorrendo impontualidade no pagamento pela Companhia de quaisquer obrigações pecuniárias relativas às Debêntures,
os débitos vencidos e não pagos serão acrescidos de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, calculados pro rata temporis, desde a
data de inadimplemento até a data do efetivo pagamento, bem como de multa não compensatória de 2% (dois por cento) sobre o valor de-
vido, independentemente de aviso, notificação ou interpelação judicial ou extrajudicial (“Encargos Moratórios”). (xxvii) Aquisição Facultativa.
Conforme o disposto no inciso II do § 1º do artigo 1º da Lei 12.431, após decorridos 2 (dois) anos contados da Data de Emissão, ou seja,
em 15 de junho de 2022, as Debêntures poderão ser adquiridas pela Companhia, conforme termos e condições a serem previstos na Escri-
tura de Emissão, no mercado secundário, a qualquer momento, condicionado ao aceite do respectivo Debenturista vendedor, por valor igual
ou inferior ao Valor Nominal Atualizado, devendo o fato constar do relatório da administração e das demonstrações financeiras, ou por valor
superior ao Valor Nominal Atualizado, conforme o caso, desde que observadas as regras expedidas pela CVM e o disposto no artigo 55,
parágrafo 3º, da Lei das Sociedades por Ações. As Debêntures que venham a ser adquiridas nos termos da Escritura de Emissão poderão:
(i) ser canceladas, observado o disposto na Lei 12.431, e a Resolução CMN 4751; (ii) permanecer na tesouraria da Companhia; ou (iii) ser
novamente colocadas no mercado. As Debêntures adquiridas pela Companhia para permanência em tesouraria nos termos da Escritura de
Emissão, se e quando recolocadas no mercado, farão jus aos mesmos valores de Atualização Monetária e Juros Remuneratórios das de-
mais Debêntures. (xxviii) Resgate Antecipado Facultativo Total. A Companhia poderá optar, conforme termos e condições a serem previstos
na Escritura de Emissão, a seu exclusivo critério, por realizar o resgate antecipado facultativo integral das Debêntures (“Resgate Antecipado
Facultativo Total”), a qualquer tempo, a partir da data que corresponder a 5 (cinco) anos após a Data de Emissão, desde que (i) esteja
adimplente com suas obrigações nos termos da Escritura de Emissão; e (ii) o prazo médio ponderado dos pagamentos transcorrido entre a
Data de Emissão e a data do efetivo resgate seja o previsto na Resolução CMN 4751, ou outro prazo mínimo que venha previsto na legisla-
ção ou regulamentação aplicáveis, observadas as previsões da Escritura de Emissão em relação aos procedimentos para Resgate Anteci-
pado Facultativo Total e o valor a ser pago pela Emissora em relação a cada uma das Debêntures. (xxix) Fundo de Amortização. Não será
constituído fundo de amortização para a presente Emissão. (xxx) Vencimento Antecipado. A) Na ocorrência de qualquer das hipóteses pre-
vistas abaixo (cada uma dessas hipóteses, um “Evento de Vencimento Antecipado Automático”), todas as obrigações objeto da Escritura de
Emissão serão consideradas antecipadamente vencidas e imediatamente exigíveis, conforme termos e condições a serem previstos na
Escritura de Emissão: I. inadimplemento, pela Companhia, de qualquer obrigação pecuniária relativa às Debêntures e/ou prevista na Escri-
tura de Emissão, não sanado no prazo de 2 (dois) Dias Úteis contados da data do respectivo inadimplemento, exceto (a) nos casos em que
houver prazo de cura específico para cumprimento da referida obrigação, os quais deverão ser observados; ou (b) no caso de execução da
Carta de Fiança pelo Agente Fiduciário, desde que referida execução tenha sido iniciada na mesma data do respectivo inadimplemento,
conforme previsto na Escritura de Emissão, e o valor inadimplido tenha sido integralmente pago pelo Fiador dentro do prazo de pagamento
By_Lu*Ch@QuE
tivamente”, diz a resposta do cial,ridicularizandoosotaque
colegiado, em documento ob- chinês e culpando a China pe-
tido pela Folha. la Covid-19 e acusando os chi-
O presidente do colegia- neses de ‘dominação mundi-
do, Guenther Schoenleitner, al’; levando a Suprema Corte
afirmou ainda que Weintraub a abrir uma investigação por
deve ser eleito em breve pelo crime de racismo.”
grupo de países, uma vez que Segundo a associação, “o
o governo brasileiro tem mai- Banco Mundial acaba de as-
oria no consórcio e nenhuma sumir uma posição moral cla-
influência externa pode ser ra paraeliminaro racismoem
feita nesse caso. nossa instituição” e, portan-
Por mais que não haja opo- to, o comportamento do ex-
siçãoformalpor partedos ou- ministro é inaceitável.
tros países ao ex-ministro até “Isso significa um compro-
agora, funcionários levaram o misso de todos os funcioná-
desconforto com sua nome- rios e membros do conselho
ação a público e criaram um de expor o racismo onde quer
cenário,nomínimo,maisdes-
gastante para Weintraub den-
trodainstituiçãomultilateral.
que ovejamos. Confiamos em
que o conselho de ética com-
partilhe dessa visão efaremos
Depois da eleição, são inici- tudo ao alcance para aplicá-
ados os trâmites burocráticos la”, finaliza o texto.
para o início da função na se- A carta indica ainda que,
de do banco, em Washington, apesar de o grupo do Brasil
commandatoquevaiaté31de ter outros oito países, a esco-
outubro e precisa ser renova- lha do nome de Weintraub “é
do no mês seguinte. do Brasil e somente do Brasil”,
A carta da associação, tam- mas os funcionários dobanco
bém enviada a todos os funci- devem seguir um padrão de
onários do banco nesta quar- comportamento condizente
ta, cita as ameaças feitas por com os valores da instituição.
Weintraub a ministros da Su- Weintraub colocou uma fo-
prema Corte do Brasil, além to em suas redes sociais na
dos comentários racistas que terça (23) posando em fren-
o ex-ministrofezcontraa Chi- te a um dos principais pon-
naeminorias,comoapopula- tos turísticos de Washington.
ção indígena brasileira. Não há, porém, nenhum
“De acordo com múltiplas compromisso oficial para ele
fontes, o senhor Weintraub agendado via embaixada do
publicou um tuíte de carga ra- Brasil nos EUA, e o Banco
da Carta de Fiança, de forma que a respectiva obrigação pecuniária permaneça adimplida pela Companhia e não reste qualquer obrigação
pecuniária relativa às Debêntures em situação de inadimplemento após a execução da Carta de Fiança; II. cessão a terceiros, no todo ou
em parte, pela Companhia, de quaisquer de suas obrigações nos termos da Escritura de Emissão sem que haja anuência prévia de Deben-
turistas, na forma prevista na Escritura de Emissão, reunidos em assembleia geral de Debenturistas especialmente convocada para esse
fim; III. liquidação, dissolução, extinção ou encerramento das atividades da Companhia e/ou suas Controladas Relevantes (conforme será
definido na Escritura de Emissão); IV. (a) decretação de falência da Companhia e/ou suas Controladas Relevantes; (b) pedido de autofalên-
cia formulado pela Companhia e/ou suas Controladas Relevantes; (c) pedido de falência da Companhia e/ou suas Controladas Relevantes,
formulado por terceiros, não elidido no prazo legal; ou (d) pedido de recuperação judicial ou de recuperação extrajudicial formulado pela
Companhia e/ou suas Controladas Relevantes, independentemente do deferimento do respectivo pedido; V. transformação da forma socie-
tária da Companhia de sociedade por ações para qualquer outro tipo societário, nos termos dos artigos 220 a 222 da Lei das Sociedades
por Ações; VI. questionamento judicial sobre a validade, a exequibilidade e/ou a existência da Escritura de Emissão, da Carta de Fiança e/
ou quaisquer de suas disposições, e/ou de quaisquer outros documentos relacionados à Emissão, pela Companhia e/ou por suas Controla-
das (conforme será definido na Escritura de Emissão); VII. se for verificada a invalidade, nulidade, inexequibilidade ou ineficácia total ou
parcial da Escritura de Emissão ou da Carta de Fiança, por meio de decisão judicial exequível cujos efeitos não tenham sido suspensos ou
revertidos pela Companhia em até 15 (quinze) Dias Úteis contados do proferimento de tal decisão; e VIII. declaração de vencimento anteci-
pado de Obrigação Financeira (conforme será definido na Escritura de Emissão) da Companhia ou suas Controladas, local ou internacional,
cujo valor, individual ou agregado, seja igual ou superior a R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais) ou seu equivalente em outras moedas,
atualizado anualmente, a partir da Data de Emissão, pela variação positiva do IPCA, exceto em caso de declaração de vencimento anteci-
pado de Obrigação Financeira relacionada exclusivamente à 1ª (primeira) emissão de debêntures da Ventos de São Jorge Holding S.A. B)
Sem prejuízo do disposto no item “A” acima, o Agente Fiduciário deverá convocar, em 1 (um) Dia Útil contado da data em que tomar ciência
da ocorrência de quaisquer dos eventos descritos a seguir (cada um desses eventos um “Evento de Vencimento Antecipado Não Automático”
e, em conjunto com os Eventos de Vencimento Antecipado Automáticos, “Eventos de Vencimento Antecipado”), assembleia geral de Deben-
turistas para deliberar sobre a não declaração do vencimento antecipado das Debêntures, devendo ser aplicado o procedimento a ser pre-
visto na Escritura de Emissão: I. inadimplemento, pela Companhia, de qualquer obrigação não pecuniária prevista na Escritura de Emissão,
não sanado no prazo de até 15 (quinze) Dias Úteis contados da data de comunicação por escrito enviada pelo Agente Fiduciário, sendo que
o prazo previsto neste inciso não se aplica às obrigações para as quais tenha sido estipulado prazo de cura específico ou para qualquer dos
demais Eventos de Vencimento Antecipado; II. caso a Companhia utilize os recursos obtidos por meio da Oferta Restrita em desacordo com
o disposto na Escritura de Emissão; III. comprovação de insuficiência, incorreção ou inconsistência de qualquer declaração feita pela Com-
panhia na Escritura de Emissão, em qualquer aspecto relevante; IV. comprovação de falsidade de qualquer declaração feita pela Companhia
na Escritura de Emissão; V. alteração do objeto social da Companhia, conforme disposto em seu estatuto social vigente na Data de Emissão,
exceto se não resultar em alteração de sua atividade principal; VI. inadimplemento de qualquer Obrigação Financeira, pela Companhia ou
suas Controladas, cujo valor, individual ou agregado, seja igual ou superior a R$ 40.000.000,00 (quarenta milhões de reais) ou seu equiva-
lente em outras moedas, atualizado anualmente, a partir da Data de Emissão, pela variação positiva do IPCA, não sanados nos respectivos
prazos de cura; VII. protesto de títulos contra a Companhia ou suas Controladas, cujo valor, individual ou agregado, seja igual ou superior a
R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) ou seu equivalente em outras moedas, atualizado anualmente, a partir da Data de Emissão,
pela variação positiva do IPCA; exceto, em qualquer caso, se no prazo de até 30 (trinta) dias contados do respectivo protesto, tiver sido va-
lidamente comprovado ao Agente Fiduciário, na qualidade de representante dos Debenturistas, que (a) foi obtida decisão judicial para a
anulação ou suspensão de seus efeitos; (b) foi realizado depósito em juízo dos valores objeto do protesto; (c) o protesto foi cancelado; (d) foi
apresentada defesa e foram prestadas garantias em juízo; ou (e) foi comprovado pela Companhia e/ou pela respectiva Controlada, conforme
o caso, perante o juízo competente, que o protesto foi indevidamente efetuado nos termos da legislação aplicável; VIII. existência de decisão
judicial em segunda instância ou transitada em julgado ou decisão arbitral, condenando a Companhia ou suas Controladas Relevantes em
montante individual ou agregado, igual ou superior a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) ou seu equivalente em outras moedas,
ou, independentemente do valor, que possa gerar Efeito Adverso Relevante, salvo se a referida decisão judicial ou arbitral tiver sido ou esti-
ver sendo cumprida; IX. existência de decisão judicial em segunda instância ou transitada em julgado ou decisão arbitral condenando a
Companhia ou as Controladas por danos ambientais, crimes ambientais, trabalho infantil ou análogo ao de escravo, que afete o Projeto e
que possa resultar em um Efeito Adverso Relevante; X. expropriação, nacionalização, desapropriação ou qualquer meio de aquisição com-
pulsória, por qualquer autoridade governamental, da totalidade ou parte substancial dos ativos da Companhia ou de qualquer Controlada
Relevante que possa causar um Efeito Adverso Relevante (conforme será definido na Escritura de Emissão), exceto se tal ato for cancelado,
sustado ou, por qualquer forma, suspenso, em qualquer hipótese, dentro do prazo legal; XI. extinção da autorização da Agência Nacional de
Energia Elétrica - ANEEL para o Projeto (conforme será definido na Escritura de Emissão) em relação ao qual não caiba mais qualquer re-
curso administrativo ou judicial e que implique no término definitivo da concessão; XII. não manutenção dos índices Dívida Líquida / EBITDA
(a serem verificados conforme metodologia a ser prevista na Escritura de Emissão) indicados abaixo a serem apurados trimestralmente,
sendo primeira apuração para o fechamento anual do ano de 2022, ou seja, 31 de dezembro de 2022, observado que o Dívida Líquida /
EBITDA deverá ser mensurado pela Companhia, que deverá incluir a memória de cálculo, com as contas abertas, explicitando as rubricas
necessárias para apuração dos referidos índices financeiros e verificado pelo Agente Fiduciário (A) para os 1º, 2º e 3º (terceiro) trimestres
de cada ano, por meio de relatório demonstrativo preparado pela Companhia com base nos balancetes trimestrais da Companhia e enviado
ao Agente Fiduciário em até 45 (quarenta e cinco) dias contados do encerramento do respectivo trimestre; e (B) para o 4º trimestre de cada
ano, por meio de relatório do auditor independente da Companhia, com base em suas demonstrações financeiras anuais:
Período Dívida Líquida / EBITDA
4º trimestre de 2022 5,75x
1º trimestre de 2023 e 2º trimestre de 2023 5,50x
3º trimestre de 2023 5,30x
4º trimestre de 2023 5,25x
1º trimestre de 2024 5,00x
2º trimestre de 2024 e 3º trimestre de 2024 4,75x
4º trimestre de 2024 e 1º trimestre de 2025 4,50x
2º trimestre de 2025 até a Data de Vencimento 4,25x
XIII. caso a Companhia não mantenha o ICSD Mínimo (conforme será definido na Escritura de Emissão) durante o período da Emissão e
até o pagamento integral das Obrigações Garantidas, exceto no caso em que a Companhia atinja o ICSD Gatilho (conforme será definido
na Escritura de Emissão) e apresente a Carta de Fiança ICSD, nos termos da Escritura de Emissão; XIV. não renovação, não obtenção,
cancelamento, revogação, suspensão ou cassação das autorizações, outorgas, subvenções, alvarás, pareceres de acesso ou licenças (ex-
ceto as ambientais) para a implantação do Projeto, emitida pela ANEEL, necessárias para a construção, implementação, desenvolvimento
e/ou operação do Projeto (observado o respectivo estágio de implementação do Projeto), bem como para o regular exercício das atividades
desenvolvidas pela Companhia e/ou pelas Controladas Relevantes, exceto se, (a) a Companhia ou as Controladas Relevantes tiver realiza-
do tempestivamente o protocolo solicitando a renovação, ou (b) dentro do prazo de 15 (quinze) Dias Úteis a contar do cancelamento, revo-
gação, suspensão ou cassação, ou da data em que a autorização, outorga, subvenção, alvará ou licença devesse ter sido obtida ou renova-
da, a Companhia comprove a existência de provimento administrativo ou jurisdicional autorizando a continuidade de suas atividades até a
renovação ou obtenção da referida autorização, outorga, subvenção, alvará ou licença; XV. não renovação, cancelamento, revogação ou
suspensão das autorizações ou licenças de natureza ambiental, exigidas para o regular exercício das atividades desenvolvidas pelas Con-
troladas Relevantes, que afete de forma significativa o regular exercício das atividades desenvolvidas pela Companhia e suas Controladas
Relevantes, exceto com relação àquelas autorizações ou licenças que: (a) estejam em processo de regularização e para as quais haja pro-
vimento jurisdicional que garanta sua vigência até a efetiva regularização; ou (b) cuja solicitação de renovação tenha sido realizada tempes-
tivamente nos termos da Legislação Socioambiental (conforme será definido na Escritura de Emissão); XVI. em caso de (a) abandono total,
ou (b) abandono parcial e/ou paralisação na operação do Projeto, desde que possam causar um Efeito Adverso Relevante, por um prazo
superior a 45 (quarenta e cinco) dias consecutivos ou 60 (sessenta) dias não consecutivos no total durante um período de 180 (cento e oi-
tenta) dias; XVII. redução do capital social da Companhia, sem que haja anuência prévia de Debenturistas, na forma prevista na Escritura
de Emissão, reunidos em assembleia geral de Debenturistas especialmente convocada para esse fim, conforme disposto no parágrafo 3º do
artigo 174 da Lei das Sociedades por Ações; XVIII. resgate, recompra, amortização ou bonificação de ações e/ou pagamento de dividendos,
juros sobre capital próprio ou qualquer outra forma de distribuição de resultados da Companhia a seus respectivos acionistas além dos divi-
dendos obrigatórios previstos no artigo 202 da Lei das Sociedades por Ações, exceto caso a Companhia (1) esteja adimplente em relação
a quaisquer obrigações pecuniárias relacionadas às Debêntures e (2) enquanto o ICSD Consolidado anual da Companhia não estiver
abaixo do ICSD Mínimo e a Companhia estiver cumprindo com o índice Dívida Líquida / EBITDA aplicável; XIX. ocorrência de qualquer
transferência do controle acionário (conforme definição de controle prevista no artigo 116 da Lei das Sociedades por Ações) direto ou indi-
reto da Companhia exceto (i) se previamente autorizado por Debenturistas em assembleia geral de Debenturistas convocada especialmen-
te para esse fim, caso a respectiva transferência de controle ocorra dentro do prazo de 2 (dois) anos contados da Data de Emissão; ou (ii)
caso a respectiva transferência de controle ocorra após o prazo de 2 (dois) anos contados da Data de Emissão, se a Companhia assegurar
aos Debenturistas que o desejarem, durante o prazo mínimo de 6 (seis) meses contados da data de efetivação da transferência do controle,
o direito de aquisição das Debêntures de que forem titulares, mediante o pagamento do Valor Nominal Atualizado, acrescido dos Juros Re-
muneratórios, calculada pro rata temporis, desde a Primeira Data de Integralização ou a Data de Pagamento dos Juros Remuneratórios
imediatamente anterior, conforme o caso, até a data do efetivo pagamento, sem qualquer prêmio ou penalidade, observadas as restrições
previstas na Lei 12.431; XX. cisão, fusão ou incorporação (na qual a Companhia é incorporada) ou incorporação de ações da Companhia,
nos termos do artigo 252 da Lei das Sociedades por Ações, nos termos do disposto no caput do artigo 231 da Lei das Sociedades por Ações,
exceto em caso de Reorganizações Permitidas Emissora (conforme será definido na Escritura de Emissão); XXI. cisão, fusão ou incorpora-
ção (na qual uma Controlada Relevante é incorporada) ou incorporação de ações de qualquer das Controladas Relevantes, em uma ou mais
operações, nos termos do artigo 252 da Lei das Sociedades por Ações e seguindo o disposto no caput do artigo 231 da Lei das Sociedades
por Ações, exceto em caso de Reorganizações Permitidas Controladas Relevantes (conforme será definido na Escritura de Emissão); XXII.
caso a Companhia ou qualquer de suas Controladas realize, em uma ou mais operações, a alienação, direta ou indireta, de quaisquer de
suas subsidiárias, desde que o cálculo do EBITDA correspondente ao ativo alienado seja equivalente a 10% (dez por cento) ou mais do úl-
timo EBITDA consolidado divulgado pela Companhia ou qualquer de suas Controladas, conforme o caso; e XXIII. constituição pela Compa-
nhia ou por qualquer de suas Controladas de ônus sobre os dividendos a serem recebidos de suas Controladas, ou qualquer outra espécie
de cessão ou vinculação sobre os mesmos direitos a terceiros que não os Debenturistas, exceto com relação (i) aos dividendos que já te-
nham sido onerados como garantia à financiamentos contratados para realização do Projeto; (ii) a eventuais ônus sobre dividendos que
sejam necessários para contratação de novos financiamentos pela Companhia em substituição aos já existentes na presente data; (iii) a
ônus constituídos para fins de garantia dos financiamentos dos projetos de Controladas que ainda não tenham contratado os respectivos
financiamentos; ou (iv) a ônus sobre dividendos de Controladas que sejam adquiridas pela Companhia e que correspondam a ônus pré-
-existentes ao tempo da aquisição da respectiva Controlada. (xxxi) Demais Condições. Todas as demais condições e regras específicas re-
lacionadas à Emissão e/ou às Debêntures serão tratadas na Escritura de Emissão. (b) A celebração, pela Companhia, do Contrato de Dis-
tribuição, de forma a viabilizar a distribuição das Debêntures pelo Coordenador Líder aos Investidores Profissionais, respeitados os termos
e condições das Debêntures, conforme descrito no item “a” acima. (c) Autorização à diretoria da Companhia, ou seus procuradores, a prati-
car todos os atos necessários e/ou convenientes à realização da Emissão e/ou da Oferta Restrita, bem como ratificar quaisquer atos já
praticados neste sentido, incluindo, mas não se limitando, (i) a contratação de instituição financeira autorizada a operar no mercado de ca-
pitais para realizar a distribuição pública das Debêntures, com esforços restritos, nos termos da Instrução CVM 476; (ii) a contratação dos
demais prestadores de serviços inerentes à Emissão, à Oferta Restrita e às Debêntures, incluindo, sem limitação, o Escriturador, o Banco
Liquidante, o Agente Fiduciário, os assessores legais, a agência de classificação de risco (rating) das Debêntures, a B3, dentre outros; e (iii)
praticar todo e qualquer ato necessário à realização da Oferta Restrita e da Emissão, incluindo a celebração de todos os documentos ne-
cessários à concretização da Emissão, dentre os quais o Contrato de Distribuição e a Escritura de Emissão. III. Encerramento: Nada mais
havendo a se tratar, a sessão foi suspensa para lavratura da presente ata, achada conforme e assinada pelos presentes. IV. Assinaturas:
Mesa: Lara Monteiro da Silva (Presidente); Mario Harry Lavoura (Secretário). São Paulo, 8 de junho de 2020. Certifico que a presente con-
fere com a original lavrada em livro próprio. Lara Monteiro da Silva - Presidente; Mario Harry Lavoura - Secretário.
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 A23
mercado
COMUNICAÇÃO DE EXTRAVIO
A JUNTA COMERCIAL DO
ESTADO DE SÃO PAULO.
VILA AYMORE SA TERRENOS E
CONSTRUÇÕES, RUA CARDEAL
ARCOVERDE, 2210 – PINHEIROS, CEP
05408-040; CNPJ 49.335.078/0001-56, NIRE
353.003.059.49, COMUNICA O EXTRAVIO DAS
02 (DUAS) VIAS, ORIGINAIS DOS
PROCESSOS JUCESP 14.074 DE 30/07/1940
E 21.560 DE 04/07/1944
CATUMBI EMPREENDIMENTOS
E PARTICIPAÇÕES S/A.
CNPJ 02.904.978/0001-03
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
Ficam os acionistas da CATUMBI EMPREEN-
DIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A. convoca-
dos a se reunirem em Assembleia Geral Ordi-
nária e Extraordinária, que será realizada às
Mundial, instituição com o 09h30 do dia 09 de julho de 2020, na sede
social localizada à Rua Herval nº 745, na ci-
qual ainda não tem vínculo, dade de São Paulo-SP, com a seguinte ordem
do dia: (a) aprovação das demonstrações fi-
não informou se há reuni- nanceiras do exercício social encerrado em 31
de dezembro de 2019, que foram publicadas
ões marcadas para os próxi- no Diário Oficial do Estado e no jornal Folha
de São Paulo, edição de 03 de junho de 2020;
mos dias. (b) aumento do capital social; (c) destinação
Oex-ministroviajouàspres- do lucro líquido do exercício; e (d) outros as-
suntos de interesse social. Será exigida dos
sas a Miami na semana passa- representantes legais e dos procuradores de
acionistas a comprovação sobre a regularida-
da e levantou dúvidas sobre de da representação, como condição para in-
gresso no recinto da Assembleia Geral.
como entrou nos EUA sob as São Paulo, 25 de junho 2020
restrições impostas a passa- MANOEL RODRIGUES RENTROIA
PRESIDENTE
geiros do Brasil em razão da ANTONIO GILDO PETRONGARI
DIRETOR VICE-PRESIDENTE
pandemia do coronavírus. JOSÉ ARMANDO RODRIGUES
C. DA SILVA - DIRETOR
Ele chegou a Miami no sá-
bado (20), dois dias depois de
ter sido demitido pelo presi-
dente Jair Bolsonaro, mas sua
exoneração foi publicada em
edição extra do Diário Oficial ASSINE A
da União somente depois que
ele havia entrado nos EUA.
Na terça, o Planalto ratifi-
c
folha.com/assine
cou a data de demissão, pas-
sando-a para sexta (19).
Companhia de Gás de São Paulo - COMGÁS
CNPJ/MF: 61.856.571/0001-17 - NIRE: 35.300.045.611
Assembleia Geral Ordinária - Edital de Convocação
Ficam convocados os Senhores Acionistas da Companhia de Gás de São Paulo - Comgás
(“Companhia”) a se reunirem em Assembleia Geral Ordinária (“Assembleia Geral”) a ser realizada
no dia 24 de julho de 2020, às 10h00min, de modo exclusivamente digital, nos termos do artigo
21-C da Instrução CVM nº 481, de 17 de dezembro de 2009 (“ICVM 481”), conforme alterada, inclusive
pela Instrução CVM nº 622, de 17 de abril de 2020 (“ICVM 622”), sem prejuízo do uso do boletim de
voto a distância como meio para o exercício do direito de voto, a fim de deliberarem sobre a seguinte
Ordem do Dia: (i) Apreciação das contas dos Administradores e do relatório da Administração, exame,
discussão e votação das demonstrações financeiras, acompanhadas do parecer dos Auditores
Independentes, do Conselho Fiscal e Comitê de Auditoria da Companhia, referentes ao exercício
social encerrado em 31.12.2019; (ii) Destinação do lucro líquido referente ao exercício social encerrado
em 31.12.2019; (iii) Ratificação do Orçamento de Capital referente ao exercício de 2019 e aprovação
do Orçamento de Capital referente ao exercício de 2020; (iv) Definição do número de membros a
compor o Conselho de Administração da Companhia para o mandato que se encerrará na Assembleia
Geral em que se deliberar acerca das demonstrações financeiras do exercício social encerrado em
31 de dezembro de 2021; (v) Eleição dos membros do Conselho de Administração da Companhia,
com a homologação do resultado da eleição do representante dos empregados no Conselho de
Administração da Companhia; (vi) Instalação do Conselho Fiscal da Companhia; (vii) Fixação do
número de membros do Conselho Fiscal da Companhia; (viii) Eleição dos membros efetivos e
suplentes do Conselho Fiscal da Companhia; e (ix) Ratificação da remuneração global anual dos
administradores e membros do Conselho Fiscal da Companhia referente ao exercício de 2019 e
aprovação da remuneração global anual dos administradores e membros do Conselho Fiscal da
Companhia para o exercício de 2020. 1. Instruções Gerais: A Companhia informa que, em decorrência
da pandemia do coronavírus (COVID-19) e as medidas recomendadas pelas autoridades para prevenir
a sua propagação, incluindo evitar a aglomeração de pessoas, realizará a Assembleia Geral de modo
exclusivamente digital, nos termos da ICVM 622/20. Assim, a administração da Companhia recomenda
que os seus acionistas optem pela participação por meio dos boletins de voto a distância
disponibilizados pela Companhia nos termos da ICVM 481/09 e conforme instruções contidas no
Manual e Proposta divulgados pela Companhia. A Companhia disponibilizará um sistema eletrônico
de participação remota que permitirá que os acionistas participem da Assembleia Geral sem a
necessidade de se fazerem presentes fisicamente. A participação dos acionistas na Assembleia Geral
está condicionada à apresentação dos documentos solicitados no Manual divulgado pela Companhia,
de acordo com a forma de participação escolhida pelo acionista, que, conforme acima exposto, poderá
optar por participar por meio eletrônico na plataforma digital ou por boletim de voto a distância. O
sistema eletrônico para participação remota estará disponível para acesso a partir das 09:30h do dia
24 de julho de 2020. Por meio da plataforma digital, o acionista terá acesso ao vídeo da mesa e aos
áudios da sala de conferência onde será realizada a Assembleia Geral e poderá manifestar-se via
áudio. As orientações e os dados para conexão no sistema eletrônico, incluindo a senha necessária,
serão enviados aos acionistas que manifestarem interesse em participar remotamente por meio do
e-mail Investidores@comgas.com.br, aos cuidados da Área de Relações com Investidores da
Companhia, até o dia 22 de julho de 2020 (inclusive). Nesse mesmo e-mail os acionistas deverão
enviar também os documentos indicados no Manual. Lembramos que, em razão do cancelamento
da Assembleia Geral Ordinária prevista para ocorrer em 29 de abril de 2020 (“AGO Cancelada”), nos
termos do Fato Relevante divulgado em 24 de abril de 2020, todos os documentos relacionados à
AGO Cancelada ficam sem efeito, incluindo o boletim de voto a distância divulgado em 30 de março
de 2020, e, portanto, não serão considerados para fins desta Assembleia Geral. Encontra-se à
disposição dos senhores acionistas, na sede social da Companhia, nos sites da Comissão de Valores
Mobiliários (www.cvm.gov.br), da B3 S.A. - Brasil, Bolsa, Balcão (www.b3.com.br) e de relações com
investidores da Companhia (ri.comgas.com.br), em observância ao parágrafo único do artigo 121,
caput do artigo 133 e aos artigos 9º e seguintes da Instrução CVM nº 481/09, cópia do Manual e da
Proposta da Administração, do boletim de voto a distância e dos documentos pertinentes às matérias
que serão debatidas na Assembleia Geral. O percentual mínimo para adoção do processo de voto
múltiplo para a eleição dos membros do Conselho de Administração é de 5% (cinco por cento), nos
termos da Instrução CVM n° 165, de 11 de dezembro de 1991 e alterações posteriores, e o prazo
para sua solicitação é de até 48 (quarenta e oito) horas antes da referida Assembleia Geral, conforme
estabelecido no parágrafo 1º do Artigo 141 da Lei n° 6.404/76. São Paulo, 24 de junho de 2020.
Rubens Ometto Silveira Mello
Presidente do Conselho de Administração
Cyrela Brazil Realty S/A Empreendimentos e Participações
Companhia Aberta - CNPJ nº 73.178.600/0001-18 - NIRE 35.300.137.728 | Código CVM nº 14460
Edital de Convocação - Assembleia Geral Ordinária a ser realizada em 23 de julho de 2020
Cyrela Brazil Realty S/A Empreendimentos e Participações (“Companhia”), vem pela presente, nos termos
do artigo 124 da Lei 6.404/1976 (“Lei das S.A.”) e dos artigos 3º e 5º da Instrução CVM 481/2009 (“ICVM 481/2009”),
convocar a Assembleia Geral Ordinária (“Assembleia”), a ser realizada, em primeira convocação, no dia 23 de julho
de 2020, às 11h00, exclusivamente de modo digital, para examinar, discutir e votar a respeito da seguinte or-
dem do dia: (i) as demonstrações financeiras da Companhia, acompanhadas do relatório dos auditores independentes
e do parecer do conselho fiscal, referentes ao exercício social findo em 31 de dezembro de 2019; (ii) o relatório da
administração e as contas dos administradores referentes ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2019;
(iii) a proposta da administração para destinação do resultado da Companhia relativo ao exercício social findo em 31
de dezembro de 2019; (iv) a fixação do número de membros do Conselho de Administração da Companhia; (v) a elei-
ção dos membros do Conselho de Administração da Companhia; (vi) a indicação, dentre os conselheiros eleitos, dos
Co-Presidentes do Conselho de Administração; (vii) a caracterização dos membros independentes do Conselho de
Administração da Companhia; e (viii) a fixação da remuneração global anual dos administradores e membros do
Conselho Fiscal para o exercício de 2020. Informações Adicionais: Para participação na Assembleia, o acionista
deverá solicitar o cadastro para o Departamento de Relações com Investidores da Companhia, o qual deverá ser im-
preterivelmente recebido pela Companhia até o dia 21 de julho de 2020, por meio do endereço eletrônico ri@cyrela.
com.br (“Cadastro”). A solicitação de Cadastro necessariamente deverá (i) conter a identificação do acionista e, se for
o caso, de seu representante legal que comparecerá à Assembleia, incluindo seus nomes completos e seus CPF ou
CNPJ, conforme o caso, e telefone e endereço de e-mail do solicitante; e (ii) ser acompanhada dos documentos neces-
sários para participação na Assembleia, conforme descritos a seguir. Validada a sua condição e a regularidade dos
documentos pela Companhia após o Cadastro, o acionista receberá, até 24 horas antes da Assembleia, as instruções
para acesso ao sistema eletrônico para participação na Assembleia. Caso o acionista não receba as instruções de
acesso com até 24 horas de antecedência do horário de início da Assembleia, deverá entrar em contato com o Depar-
tamento de Relações com Investidores, por meio do e-mail ri@cyrela.com.br, com até 3 horas de antecedência do ho-
rário de início da Assembleia, para que seja prestado o suporte necessário. Não poderão participar da Assembleia os
acionistas que não efetuarem o Cadastro e/ou não informarem a ausência do recebimento das instruções de acesso à
Assembleia na forma e prazos previstos acima. Na data da Assembleia, o acesso à plataforma digital estará disponível
a partir de 30 minutos antes e até 15 minutos após o horário de início da Assembleia, sendo que o registro da presen-
ça do acionista via sistema eletrônico somente se dará mediante o acesso ao sistema, conforme instruções e nos ho-
rários aqui indicados. Após 15 minutos do início da Assembleia, não será possível o ingresso do acionista na Assem-
bleia, independentemente da realização do cadastro prévio. Assim, a Companhia recomenda que os acionistas aces-
sem a plataforma digital para participação da Assembleia com pelo menos 15 minutos de antecedência. Nos termos
do artigo 126 da Lei das S.A., e do artigo 13, Parágrafo Único, do Estatuto da Companhia, para participar da Assem-
bleia, os acionistas ou seus representantes deverão apresentar juntamente com a solicitação no Cadastro, além da
digitalização do documento de identidade e dos atos societários que comprovem a representação legal, via digitaliza-
da dos seguintes documentos: (a) comprovante expedido pela instituição financeira prestadora dos serviços de escri-
turação das ações da Companhia com, no máximo, 5 (cinco) dias de antecedência da data da realização da Assembleia;
(b) instrumento de outorga de poderes de representação; e (c) relativamente aos acionistas participantes da custódia
fungível de ações nominativas, extrato contendo a respectiva participação acionária, emitido pelo órgão competente
com, no máximo, 5 (cinco) dias de antecedência da data da realização da Assembleia. O representante do acionista
pessoa jurídica deverá apresentar digitalização dos seguintes documentos, devidamente registrados no órgão compe-
tente: (a) contrato ou estatuto social; e (b) ato societário de eleição do administrador que (b.i) comparecer à Assem-
bleia como representante da pessoa jurídica, ou (b.ii) assinar procuração para que terceiro represente acionista pessoa
jurídica, com certificado digital autorizado pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras (“ICP-Brasil”). No tocan-
te aos fundos de investimento, a representação dos cotistas na Assembleia caberá à instituição administradora ou
gestora, observado o disposto no regulamento do fundo. Nesse caso, o representante da administradora ou gestora do
fundo, além dos documentos societários acima mencionados relacionados à gestora ou à administradora, deverá
apresentar juntamente com a solicitação de Cadastro o regulamento do fundo, devidamente registrado no órgão
competente. Para participação por meio de procurador, a outorga de poderes de representação deverá ter sido realiza-
da há menos de 1 ano, nos termos do artigo 126, § 1º da Lei das S.A. Em cumprimento ao disposto no artigo 654, §1º
e §2º da Lei 10.406/2002 (“Código Civil”), a procuração deverá conter indicação do lugar onde foi passada, qualifica-
ção completa do outorgante e do outorgado, data e objetivo da outorga com a designação e extensão dos poderes
conferidos, contendo o reconhecimento da firma do outorgante ou ter sido assinada por certificado digital emitido por
autoridades certificadoras vinculadas à ICP-Brasil. As pessoas naturais acionistas da Companhia somente poderão ser
representadas na Assembleia por procurador que seja acionista, administrador da Companhia, advogado ou instituição
financeira, consoante previsto no artigo 126, §1º da Lei das S.A. As pessoas jurídicas acionistas da Companhia poderão
ser representadas por procurador constituído em conformidade com seu contrato ou estatuto social e segundo as
normas do Código Civil, sem a necessidade de tal pessoa ser administrador da Companhia, acionista ou advogado
(Processo CVM RJ2014/3578, julgado em 04.11.2014). Os documentos dos acionistas expedidos no exterior devem
conter reconhecimento das firmas dos signatários por Tabelião Público e ser traduzidos, sendo dispensado o apostila-
mento ou a legalização em Consulado Brasileiro, conforme aplicável. Conforme previsto no §1º do artigo 141 da Lei
das S.A., no artigo 4º da ICVM 481/2009 e nos artigo 1º e 3º da Instrução CVM 165/1991, é facultado aos acionistas
titulares, individual ou conjuntamente, de ações representativas de, no mínimo, 5% do capital social com direito a voto
requerer, por meio de notificação escrita entregue à Companhia até 48 horas antes da Assembleia, a adoção do pro-
cesso de voto múltiplo para a eleição dos membros do conselho de administração. No cálculo do percentual necessário
para requerer a adoção do procedimento de voto múltiplo as ações de emissão da Companhia mantidas em tesou-
raria devem ser excluídas (Processos CVM RJ2013/4386 e RJ2013/4607, julgado em 04.11.2014). Os documentos e
informações relativos às matérias a serem deliberadas na Assembleia encontram-se à disposição dos acionistas na
sede e no site da Companhia (https://cyrela.globalri.com.br/pt/), e foram enviados à CVM (www.cvm.gov.br) e à B3
S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão (www.b3.com.br). Nos termos da ICVM 481/2009, serão considerados presentes à AGE
os acionistas cujo boletim de voto a distância tenha sido considerado válido pela Companhia, os acionistas repre-
sentados conforme procuração na forma do Pedido Público de Procuração ou os acionistas que tenham registrado
sua presença no sistema eletrônico de participação a distância de acordo com as orientações acima. Ressalta-se que
não haverá a possibilidade de comparecer fisicamente à AGE, uma vez que ela será realizada exclusivamente de
modo digital. A Companhia ressalta que será de responsabilidade exclusiva do acionista assegurar a compatibilida-
de de seus equipamentos com a utilização da plataforma digital Webcast e com o acesso à teleconferência. A
Companhia não se responsabilizará por quaisquer dificuldades de viabilização e/ou de manutenção de conexão e
de utilização da plataforma digital que não estejam sob controle da Companhia. São Paulo, 23 de junho de 2020.
Elie Horn - Co-Presidente do Conselho de Administração.
B4 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 a eee
saúde coronavírus By_Lu*Ch@QuE

Ministério da Saúde recua transição entre estações. A

gente imagina que a transição
epidemiológica está ocorren-
do no Brasil, o que aumenta
Como também tem ocor-
rido, Rio de Janeiro foi o se-
gundo estado com mais mor-
tes, 142, seguido por Ceará,

e admite aumento de casos

o alerta nos estados que não que registrou 87 óbitos.
passaram pelo que o Nor- Pernambuco, com 86 mor-
te e Nordeste passaram nos tes registradas em 24 horas,
últimos meses”, disse. vem logo em seguida.
O novo coronavírus tam- Em comparação a dados
bém avança ao interior. Atu- de duas semanas atrás, tem
Expectativa de que país havia chegado a platô não se confirmou, diz secretário almente, 4.937 municípios do havido um aparente aumen-
país, o equivalente a 88,6% do to no número de mortes di-
total, já registram casos. árias registradas em Goiás,
-
Natália Cancian mortesnaúltimasemana,que Dados também apontam Minas Gerais, Paraná, Rio
e Raquel Lopes voltoua registrar avanço após uma redução no total de ca- Grande do Norte, Rio Gran-
um primeiro sinal de queda. sos nas capitais e aumento de do Sul e Santa Catarina.
brasília Após informar, na Dados apresentados pela nos registros no interior. O Brasil tem uma taxa de
última semana, ver uma ten- pasta nesta quarta apontam cerca de 25,7 mortos por 100
dência de estabilização da que o país registra 1.188.631 mil habitantes. Os Estados
curva de casos e mortes por casos, e 53.830 mortes. Unidos, que têm o maior nú-
Covid-19, o Ministério da Sa- O cenário varia pelo país. Brasil registra 1.103 mero absoluto de mortos, e o
úde informou nesta quarta- Segundo o ministério, o Cen- Reino Unido, ambos à frente
feira (24) que o país ainda re- tro-Oeste quase dobrou o novas mortes por do Brasil na pandemia (ou se-
gistra avanço da pandemia. número de casos na compa- Covid-19 nesta quarta ja, começaram a sofrer com
A análise tem como base a ração entre as duas últimas o problema antes), têm 37 e
comparação com dados mais semanas. Houve aumento são paulo O Brasil registrou 64,9 mortos para cada 100 mil
recentes, os quais têm apon- de 98% do número de casos 1.103 novas mortes por Co- habitantes, respectivamente.
tado aumento nos registros. e 59% do número de óbitos. vid-19 e 40.995 novos casos Na Argentina, onde a pan-
“Tínhamos falado que a A região Sul também te- da doença nesta quarta-feira demiadesembarcounovedias
curva parecia que tendia à di- ve aumento de 76% do nú- (24). Com isso, o país chegou mais tarde que no Brasil e que
minuição de casos, mas nes- mero de casos e de 46% do a 53.874 mortes e 1.192.474 ca- seguiu uma quarentena mais
sa semana tivemos aumento número de óbitos no perío- sos do novo coronavírus. rígida, o índice é de 2 mortes
significativo”, disse o secretá- do. O mesmo ocorreu no Su- Os dados são fruto de cola- por 100 mil habitantes.
rio de vigilância em saúde, Ar- deste (crescimento de 26% o boração inédita entre Folha, Segundo o boletim diário
naldo Correia de Medeiros. número de casos e 30% no O Estado de S. Paulo, Extra, O do Ministério da Saúde, fo-
Segundo Medeiros, a média número de óbitos). Globo, G1 e UOL para reunir e ram confirmados 42.725 no-
diária de novos casos teve au- Já o Nordeste teve aumen- informarnúmerossobreono- vos casos e 1.185 novas mortes
mento de 22% na última se- to de 14% dos casos e redução vo coronavírus, que são cole- pela Covid-19 no Brasil nes-
mana em comparação à ante- de 11% dos óbitos, enquanto tados diretamente com as Se- ta quarta-feira (24). O total
rior. Até então, dados das se- o Norte houve redução tanto cretarias de Saúde. O balanço de mortes no país, de acor-
manas anteriores apontavam em casos quanto em óbitos. é fechado diariamenteàs 20h. do com os dados da pasta, já
para uma possível desacele- Questionado sobre o que Mais uma vez, São Paulo foi chega a 53.830 e o de casos do
ração no ritmo de aumento. levou ao novo aumento na o estado com maior número novo coronavírus a 1.188.631.
“Parecia que a curva esta- curva, o diretor do departa- de mortes, 284. Na terça (23), O consórcio de veículos de
va chegando a um platô, mas mento de vigilância, Eduardo o estado, que já perdeu 13.352 imprensa ocorre em respos-
entre a 24ª e 25ª semana epi- Macário atribuiu o avanço ao vidas desde o início da pande- ta a atitudes do governo Jair
demiológica, tivemos um au- início de um período de mai- mia e soma 238.822 infecções Bolsonaro, que ameaçou so-
mento de novos casos”, disse. or circulação de vírus respi- pelo Sars-CoV-2, havia bati- negardados,atrasouboletins,
O mesmo ocorreu em rela- ratórios em algumas regiões. Multidão na rua 25 de Março, na região central de São Paulo, do o recorde de óbitos regis- tirou informações do ar e di-
ção à média diária de novas “Estamos vivendo uma após reabertura do comércio Eduardo Knapp - 10.jun.20/Folhapress trados em 24 horas, com 434. vulgou números conflitantes.

Só 45% usam máscara de forma correta na Baixada Santista Taxa de contágio para de cair no
Foram observadas 12.588 pessoas em cinco cidades entre os dias 17 e 19 de junho Brasil, e pandemia ainda acelera
Em % Usam máscara bruxelas O contágio de co- Brasil e Colômbia foram
corretamente Deixam Deixam Manuseiam Usam ronavírus no Brasil parou de os únicos países sul-ameri-
(ajustada e cobrindo Não usam nariz e boca nariz de forma máscara cair depois de três semanas canos que não registraram
nariz e boca) máscaras descobertos descoberto inadequada mal ajustada seguidas de desaceleração, queda na transmissão entre
segundo cálculos do Impe- os seis acompanhados por
Total 45,1 15,5 12,9 12 7,8 6,5 rial College, uma das princi- terem ao menos dez mor-
Cubatão 63,5 16,9 10,4 7,9 0 1,2 pais instituições globais de tes em cada uma das duas
pesquisa de epidemias. Pela semanas anteriores e míni-
Praia Grande 44,1 18,8 14,8 9,5 5,3 7,3 nona semana seguida, o país mo de cem mortes desde o
Santos 33,4 14,6 12 16,6 14 9,3 apresenta taxa acima de 1, o começo da pandemia.
Guarujá 32,9 14,3 17,6 14,1 10 10,7
queindicaqueatransmissão A taxa de contágio na Co-
continua fora de controle. lômbia passou de 1,1, na se-
São Vicente 55,8 12,7 9,9 10,5 7,8 3,1 O número, também cha- mana passada, para 1,36. A
mado de Rt, indica para Argentina caiu de 1,29 para
Fonte: Evaldo Stanislau Araújo, infectologista e professor da USP e da Faculdade de Medicina São Judas Tadeu quantas pessoas na média 1,2, o Chile, de 1,12 para 1,08,
cada infectado transmite a Bolívia, de 1,36 para 1,07 e
o patógeno. A taxa calcula- o Peru, de 1,36 para 1,02.
Na Baixada Santista, menos da metade No entanto, há os que de-
fendem que ainda faltam evi-
da nesta semana para a Co-
vid-19 no Brasil é de 1,06, li-
Com base no número de
mortes registradas no Bra-

usa máscara corretamente, diz estudo

-
Cláudia Collucci
são paulo Um estudo em cin-
co cidades da Baixada Santis-
ta revela que apenas 45% de
12.588 pessoas observadas
nas ruas usam máscaras faci-
ais de proteção de forma cor-
reta, ou seja, ajustadas e co-
brindo o nariz e a boca.
O restante (55%) transitava
sem proteção ou usava incor-
retamente a máscara, o que
aumenta o risco de contami-
nação pelo novo coronavírus.
Segundo modelos matemá-
ticos feitos nos EUA, é preciso
que mais de 80% das pessoas
usemadequadamentemásca-
ras para que haja algum con-
trole na disseminação da Co-
vid-19. Na segunda (22), a Jus-
tiça determinou que o presi-
dente Jair Bolsonaro use más-
cara em espaços públicos.
A Baixada Santista já ultra-
passou 19 mil casos de Co-
vid-19 e soma ao menos 844
mortes. Está na fase laranja
do plano paulista de relaxa-
mento das medidas de isola-
mento, em que podem fun-
cionar, com capacidade limi-
tada, shoppings, comércio de
rua e serviços em geral.
A pesquisa de campo foi fei-
taporcincoestudantesdeme-
dicinadaUniversidadeSãoJu-
das Tadeu, sob coordenação
do professor e infectologista
Evaldo Stanislau de Araújo.
O trabalho foi submetido à
revista científica The Lancet.
É um dosprimeirosestudos
a medir o uso de máscaras fa-
ciais na vida real durante a
pandemia. Foi feito de 17 a 19
de junho de 2020 nas princi-
pais avenidas dos municípios
de Santos, São Vicente, Cuba-
tão, Guarujá e Praia Grande.
Por três dias consecutivos,
por um período de uma hora,
omesmopesquisadorocupou
o mesmo local na mesma rua,
observando e registrando o
comportamento em relação
ao uso de máscaras.
“A gente tinha a percepção
de que muitas não usavam
corretamente as máscaras,
mas agora existe um dado
concreto dessa realidade, o
que pode ajudar nas medi-
das preventivas”, diz Araújo.
Do total de pessoas obser-
vadas, 15,5% não usavam más-
cara; 24,9% estavam com o
acessório, mas expuseram a
boca e/ou nariz; 17,8% toca-
ram a máscara durante o uso,
e 6,5% a utilizava de forma
mal ajustada no rosto.
“Aspessoasvãoparaasruas,
pensam que estão protegidas,
que estão fazendo a sua par-
te, mas estão correndo riscos
por utilizar a máscara de ma-
neira errada. Estar nas ruas
dessa forma é totalmente de-
saconselhável”, diz o médico.
Ele faz uma analogia com
o uso do preservativo na pre-
venção do HIV. “A máscara
está para a Covid hoje como
o preservativo esteve para o
HIV em algum momento.”
O infectologista diz que em
ambas situações fica nítido
que a necessidade de mudan-
çadecomportamento,masas
pessoas precisam ser educa-
das para isso. “A máscara não
faz parte da nossa cultura, é
desconfortável, muita gente
tem a percepção de falta do
ar,sobretudoapopulaçãoido-
sa. Mas o uso correto é funda-
mental. Do contrário, esta-
remos alimentando o vírus.”
Inquérito sorológico de ba-
se populacional realizado na
Baixada Santista mostra que,
em dois meses, a taxa de anti-
corpos para o Sars-Cov-2 pas-
sou de 1,4% para 6,6%.
“A Baixada [Santista] é uma
região de pessoas idosas, tem
um cinturão de pobreza, e o
vírus ainda está circulando de
forma intensa.” Na segunda-
feira (22), Santos liberou ba-
nho de mar com distância de
1,5 metro entre os banhistas.
Uma simulação recente
com 60 milhões de pessoas
feita por pesquisadores do
Reino Unido mostra que se
todos usassem máscaras na
maior parte do tempo não ha-
veria segunda ou terceira on-
das da pandemia porque o ín-
dice de propagação da doen-
ça cairia para abaixo de um.
Para o principal autor do es-
tudo britânico, Ricardo Stutt,
pesquisador da Universidade
Cambridge,asanálisesrespal-
dam a adoção imediata e uni-
versal de máscaras. Ele afir-
ma que se isso for combina-
do com distanciamento físi-
co e algum grau de confina-
mento, a pandemia poderia
ser administrada de modo
responsável,comrecuperação
da economia antes mesmo
de haver uma vacina eficaz.
dências sólidas sobre a real
efetividade dessa medida, já
que realizar estudos científi-
cos para medir diretamente
a eficácia das máscaras seria
muito complicado. Voluntári-
os teriam, por exemplo, que
ser deliberadamente expos-
tosaovírus,algoinsustentável
do ponto de vista ético.
A despeito das limitações,
no início deste mês, a OMS
(Organização Mundial da Sa-
úde) passou a recomendar o
uso de máscaras, aconselhan-
do governos a encorajar a po-
pulação a adotá-las em espa-
çospúblicos.Porém,ressaltou
que essa éapenas uma das fer-
ramentas usadas para reduzir
o risco de transmissão do no-
vo coronavírus e que é preci-
so cuidado para que ela não
traga uma falsa sensação de
proteção contra a Covid-19.
Segundo Evaldo Araújo, a
expectativa é que os resulta-
dos da pesquisa feita na Bai-
xada Santista gerem campa-
nhas públicas que ensinem
o uso correto da máscara
e que informem que a vida
de alguém depende disso.
ParaoepidemiologistaPau-
lo Lotufo, professor da Facul-
dade deMedicina daUSP, ore-
sultado do estudo mostra que
“nunca dá para imaginar que
o óbvio está óbvio”. “É preciso
reforçar o básico de novo: la-
varcorretamenteasmãos,uso
de máscaras e de álcool gel.”
Ele lembra que as comis-
sões de controle de infecção
dentro dos hospitais se pau-
tampelarepetiçãodessescon-
ceitos. “As pessoas esquecem,
outras não aprendem, ou-
tras relaxam. Tem que ficar
ensinando sempre”, afirma.
geiramente acima do 1,05 da
semana anterior. Ela indica
que cada 100 pessoas con-
taminadas transmitem o ví-
rus para 106, que por sua vez
transmitem para 112,36 e as-
sim por diante, fazendo com
que adoença seespalhe com
velocidadecrescentenopaís.
Ocentrodeestudosdeepi-
demia do Imperial College
usa em seus cálculos o nú-
mero de mortes. A taxa de
contágio se refere ao mo-
mento de infecção; por isso,
o impacto de eventuais me-
didas de prevenção aparece
em cerca de duas semanas.
A OMS (Organização Mun-
dial de Saúde) tem observa-
do que, em países grandes e
desiguais como o Brasil, a di-
nâmica da epidemia varia de
regiãopararegiãoeépreciso
aumentar a vigilância (com
testes e rastreamento) para
suprimir o contágio.
Vírus solto
Taxa de contágio (Rt) calculada para o Brasil
3,0
2,81
2,5
2 se a taxa for 2, cada
2,0
1,5
1,49
1,3
1,0
0,5
0,0
27.abr. 4.mai. 11.mai. 18.mai. 24.mai. 31.mai. 7.jun. 14.jun. 21.jun.
Fonte: Imperial College
sil, os cientistas também cal-
culam que o número de ca-
sos de coronavírus no país é
de cerca do triplo do decla-
rado: o total acumulado de
brasileiros contaminados
seria de mais de 3 milhões.
Para chegar a essa estima-
tiva, o Imperial College par-
tedoregistrodeóbitos,onde
a subnotificação é menor, e
considera a premissa de que
eles equivalem a 1,38% dos
casosrelatados14diasantes.
Para um total de 52.645
mortes registradas até esta
terça (23), a conta indica que
haveria mais de 3,8 milhões
de pessoas infectadas pelo
vírus do começo da pande-
mia até duas semanas atrás.
Os cientistas também es-
timam que o número de
mortes nesta semana seja
de7.900,indicandoaumento
emrelaçãoàsemanaanterior.
Ana Estela de Sousa Pinto
A taxa de contágio indica
para quantas pessoas cada
contaminado transmite o
coronavírus. Por exemplo,
infectado transmite para
outras duas pessoas
1,06
a eee
Projeto que aumenta
validade da CNH para
10 anos vai ao Senado
Regra se aplica a motoristas de até 50 anos; texto aprovado
na Câmara ainda eleva o limite de pontos na carteira para 40
-
Danielle Brant
brasília A Câmara dos Depu-
tados aprovou nesta quarta
(24) projeto que amplia para
dez anos a validade da cartei-
ra de motoristas com menos
de 50 anos de idade, medida
mais rígida do que a proposta
pelo presidente Jair Bolsona-
ro (sem partido), que queria
estender o prazo para condu-
tores com menos de 65 anos.
O texto-base foi aprovado
na terça-feira (23), e os depu-
tados só acataram uma pro-
posta de alteração ao proje-
to, que, agora, vai ao Senado.
Hoje, o código estabelece
que a CNH deve ser renova-
da a cada cinco anos para mo-
toristas até 65 anos, e a cada
três anos após essa idade. O
texto do governo estabelecia
que os exames para renova-
ção devem ser realizados a ca-
da dez anos para motoristas
comaté65anos.Depoisdisso,
o prazo cai para cinco anos.
No projeto aprovado, os de-
putados mantiveram o prazo
de dez anos de validade, mas
apenas para motoristas pro-
fissionais de até 50 anos. En-
tre 50 anos e 70 anos, os exa-
mes de aptidão física e men-
tal devem ser refeitos a cada
cinco anos —mesmo prazo
para motoristas de aplicati-
vos e que exerçam ativida-
de remunerada em veículos.
Após os 70 anos, a renovação
ocorre a cada três anos.
O texto-base previa que
motoristas que exerçam ati-
vidade remunerada em veí-
culo, como de aplicativo, pre-
cisariam renovar a carteira a
cada cinco anos. Nesta quar-
ta, os deputados suprimiram
esse trecho do projeto.
Os deputados mantiveram
os demais dispositivos vota-
dos na terça, que alteram o
Código de Trânsito Brasileiro.
No projeto enviado por Bol-
sonaro, crítico do que consi-
dera uma “indústria da mul-
ta” no país, o limite máximo
de pontos que um motorista
pode ter sem perder a habili-
taçãodobrava,passandode20
para 40 pontos. O relator do
texto, deputado Juscelino Fi-
lho (DEM-MA), decidiu esta-
belecer um freio nesse ponto.
Ele manteve a ampliação de
20 para 40 pontos, mas ape-
nas para motoristas que não
cometerem infração gravíssi-
ma. Se houver uma infração
gravíssima, o limite cai para
30 pontos. Com duas ou mais
infrações do tipo, a pontua-
ção volta a ser de 20 pontos.
O projeto prevê ainda que,
no caso de motoristas que
exerçam atividade remunera-
da em veículo, o limite será de
40pontos,independentemen-
te da natureza das infrações.
MORTES
Artista de coração e alma, foi
para o cinema a melhor plateia
REGINA POROGER (1929-2020)
são paulo ApaulistanaRegina
Porogerfoiumaartistaquebri-
lhouforadospalcos.Desdecri-
ança, queria enveredar pelos
caminhosda arte, fosse no te-
atro,nocinemaounamúsica.
Na escola onde estudava,
em Campinas (93 km de SP),
atuou pela primeira vez na
peça “Colégio Interno”, fa-
mosa com a atriz Eva Todor.
Ao longo de sua vida, Regina
O relator também endure-
ceu a proposta de regra sobre
cadeirinha. Emjunhode 2019,
quando foi enviado à Câma-
ra pelo presidente Jair Bolso-
naro (sem partido), o projeto
de lei provocou controvérsia.
O texto do governo obri-
gava o uso do equipamen-
to de proteção para crian-
ças com idade até sete anos e
meio,mastrocavaamultapor
advertência por escrito.
Aobrigatoriedade dousode
cadeirinhas para crianças até
sete anos e meio consta em
uma resolução do Contran
(ConselhoNacionaldeTrânsi-
to), que diz que o descumpri-
mento dessa regra é infração
gravíssima,punívelcommulta
(valor base de R$ 293,47), se-
te pontos na carteira e reten-
ção do veículo até que a irre-
gularidade seja sanada. Além
disso, até 10 anos, crianças
devem ir no banco traseiro.
Juscelino Filho decidiu exi-
giraobrigatoriedadedacadei-
rinha para crianças de até dez
anos que não tenham atingi-
do 1,45 m de altura. Elas deve-
rão ser transportadas no ban-
co de trás dos carros. Ele ain-
da retirou do projeto o dispo-
sitivo que eliminava a multa.
Por fim, o relator também
aumentoudeseteanosemeio
para dez anos a idade mínima
paraquecriançassejamtrans-
portadas na garupa de motos,
alegando que, até essa idade,
a estatura do menor ainda es-
tá se desenvolvendoe seusos-
sos e órgãos ainda são frágeis.
Outra mudança aprovada
e que envolve motocicletas é
a permissão para que trafe-
guem entre veículos quando
o trânsito estiver parado ou
lento. No código de trânsito,
ultrapassar veículos parados
no sinal era infração grave pu-
nida com multa. O texto apro-
vado prevê que a infração não
se aplica a motos.
Inicialmente, orelatorhavia
proposto a proibição de que
motos trafegassem pelos cor-
redores. Após pressão de gru-
pos de motoqueiros, decidiu
incluir a permissão no texto,
mas com a restrição de que is-
so só pode ocorrer se o fluxo
estiver parado ou lento.
Odeputadotambémincluiu
no projeto a possibilidade de
adoção de áreas de espera pa-
ra motos junto aos sinais de
trânsito, à frente da linha de
retenção dos demais veícu-
los, e mudou de gravíssima
para média a infração come-
tida por motoqueiros que tra-
fegam com faróis apagados.
O texto obriga o motorista
a manter faróis acesos tam-
bém na chuva, neblina e cer-
ração —na lei atual, a exigên-
cia é para quem trafega à noi-
te e, durante o dia, em túneis.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
apresentaria o texto outras
vezes, tantas que sabia inter-
pretar cada linha.
Mas, na verdade, era o ci-
nema que enchia os olhos de
Regina de felicidade.
Fã de Al Pacino, Leonardo
DiCaprio, Dustin Hoffman e
Meryl Streep, gostava de as-
sistir aos filmes repetidas ve-
zes, como aconteceu com “La
LaLand”(seisvezes).Cadavez
$ feito a cada dois anos e meio.
O que muda
caso o projeto
seja aprovado
LIMITE DE PONTUAÇÃO
• 40 pontos para quem
não cometer infração
gravíssima nos
últimos 12 meses
• 30 pontos para
quem cometer uma
infração gravíssima
• 20 pontos para quem
cometer duas ou mais
infrações gravíssimas
• Motoristas que exercem
atividade remunerada
com o veículo (taxistas,
de aplicativo, ônibus etc.)
terão limite de 40 pontos,
independentemente se
cometeram infrações
gravíssimas ou não;
eles podem zerar as
pontuações se fizerem
curso de reciclagem ao
somarem 30 pontos
VALIDADE DA CNH
• 10 anos para motoristas
com até 50 anos de idade
• 5 anos para motoristas
com até 70 anos
• 3 anos para motoristas
acima dos 80 anos
CADEIRINHA
• Exigência (contestada
pelo governo Bolsonaro)
foi incluída na lei, para
crianças com até 10 anos e
limite de 1,45 m de altura
VELOCIDADE ALTA
• Motoristas que dirigem
com velocidade superior
a 50% do limite da via
passarão por processo
administrativo antes de
terem a CNH apreendida
e o direito de dirigir
suspenso (hoje, isto
ocorre imediatamente)
que revivia as histórias das te-
lonas, encontrava um detalhe
importante diferente.
“Com a morte dela, o cine-
ma perde uma de suas maio-
res estrelas. Mas não porque
foi atriz ou trabalhou em seus
bastidores. Ela viveu sua vida
inteira numa sala de cinema”,
conta o filho, o jornalista e fo-
tógrafo Sergio Poroger, 63.
“Quando não estava numa
saladecinema,assistiaatodos
os gêneros de filmes na televi-
são. Mas sua preferência era
pelos filmes que se passavam
em tribunais. Sabia os nomes
de todos artistas e diretores
de Hollywood”, recorda ele.
By_Lu*Ch@QuE
O projeto retira a exigência
de uso de faróis baixos em ro-
dovias com mais de uma pis-
ta, mas mantém para rodovi-
as de pista simples no caso de
veículos que não tiverem lu-
zes de rodagem diurna. Ôni-
bus, vans e motos deverão
usar luz baixa de dia e à noite.
Asmudançasincluemainda
condicionar o licenciamento
anual a que o motorista tenha
participado de campanhas de
recall para substituição ou re-
paro de veículos, e exigir que
motoristas de vans, ônibus e
caminhões tenham resultado
negativo em exame toxicoló-
gico para tirar a CNH, a ser re-
Por fim, o texto cria o regis-
tropositivo demotoristas, pa-
ra cadastrar aqueles que não
tiverem cometido infração de
trânsito sujeita a pontuação
nos últimos 12 meses. União,
estadosemunicípiospoderão
usar o registro para conceder
benefíciosfiscaisoutarifários
aos motoristas cadastrados.
Especialistas criticam
mudanças propostas
a Código de Trânsito
-
Thiago Amâncio
são paulo Parte das mudan-
ças propostas pela Câmara
ao Código de Trânsito enfren-
ta resistência entre entidades
e especialistas na área de se-
gurança do trânsito, especial-
mente a que aumenta o limi-
te de infrações que os moto-
ristas podem cometer.
Um sistema rígido de pon-
tos reduz “de 11% a 40% na co-
missão de infrações e conse-
quente redução de 15% a 34%
das mortes no trânsito, de
acordo com diversos estu-
dos internacionais”, diz Han-
nah Machado, coordenadora
de Desenho Urbano da Ini-
ciativa Bloomberg de Segu-
rança Viária Global. Em sua
visão, o texto acerta, porém,
ao instituir na lei a obrigato-
riedade da cadeirinha.
Éestetambémumdosprin-
cipais méritos do projeto pa-
ra Antonio Meira Júnior, pre-
sidente da Associação Brasi-
leira de Medicina de Tráfego.
RafaelCalabria,especialista
em mobilidade do Idec (Ins-
tituto de Defesa do Consumi-
dor),afirmaqueaexigênciada
cadeirinha perde seu impac-
to positivo uma vez que “os
motoristas agora podem vio-
lar duas vezes mais as regras”.
“O texto enviado pelo go-
verno federal era inaceitável.
Agora, com as mudanças pro-
postas, está apenas ruim”, diz.
Para o consultor em trans-
porte Sergio Ejzenberg, o au-
mento do limite de pontos é
negativo, mas a fiscalização
enseja melhora, sobretudo
nas de infrações de velocida-
de, quando bons motoristas
podemserpenalizadosporra-
dares mal colocados, afirma.
No entanto, o especialista
se diz favorável ao aumento
do limite para motoristas pro-
fissionais. “Eles circulam até
15 vezes mais que um moto-
rista amador. Por estar mais
sujeito a infração, pode per-
der a carteira e, assim, o em-
prego. Por isso, é preciso um
limite mais elástico.”
Um dos capítulos da vida
de Regina não escapou de ser
eternizado pela sétima arte
—a história de amor com o
marido, Luiz Poroger, virou
tema de um curta-metragem.
Luiz a viu pela primeira vez
no centro da capital paulis-
ta. Regina atravessava a rua
da Cantareira. No dia 31 de
dezembro, durante festa de
Réveillon no Palácio do Tro-
cadero, aconteceu o convite
para a primeira dança, que
só terminou em janeiro de
2018, com a morte de Luiz.
Palco do surgimento da
paixão, o palácio não existe
mais. Já “Lábios que Beijei”,
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
EDIFÍCIO INACABADO É OCUPADO EM SÃO PAULO
Edifício conhecido como Caveirão, no centro da cidade
de São Paulo, estava abandonado e com obras inacabadas,
e acabou sendo ocupado por famílias de baixa renda
em busca de moradia Marcello Zambrana/Agif/Folhapress
Aulas práticas para tirar
carteira de habilitação
voltam nesta 5ª em SP
-
Alana Ambrosio
são paulo | agora O estado
São Paulo inicia nesta quin-
ta-feira a retomada gradu-
al das atividades dos CFCs
(centrosdeformaçãodecon-
dutores) credenciados pelo
Detran.SP, gestão João Doria
(PSDB), com aulas remotas.
Assim voltam a ser atendi-
das as demandas iniciadas
antes da suspensão do aten-
dimento presencial em fun-
çãodapandemiadonovoco-
ronavírus, ainda em março.
O cronograma será dividi-
do em etapas: o reinício das
aulas práticas começa quin-
ta e as teóricas ficam para a
próxima segunda-feira (29).
As aulas teóricas para pri-
meira habilitação serão mi-
nistradas pelos instruto-
res por videoconferência.
Já aqueles que passam por
reciclagem terão acompa-
nhamento online, enquan-
to a realização das provas
será presencial e individual.
O uso de máscara será
obrigatório e os centros de
formação deverão oferecer
álcool em gel para higieni-
zação das mãos.
Cerca de 50 mil candida-
tos de primeira habilitação,
carteira para portadores de
necessidades especiais, mu-
dança de categorias e reabi-
litação serão atendidas. O
interpretada por Orlando Sil-
va, música predileta de Re-
gina, virou trilha sonora da
história de amor do casal.
O papel de mãe talvez te-
nha sido o melhor de sua vida.
“Regina foi uma mãe gigan-
tescamente protetora e que-
rida. Não havia um dia que ela
nãomeligasseparaperguntar
se me alimentei bem, se dor-
mi bem. Não havia uma vol-
ta de viagem em que ela dei-
xasse de me recepcionar com
um ‘welcome’”, diz Sergio.
Regina Poroger morreu no
dia17dejunho,aos90anos,de
pneumoniabacteriana.Viúva,
deixatrêsfilhosecinconetos.
B7
cotidiano
Detran espera dobrar esse
númeronapróximasemana.
Já os testes práticos, com
previsão de retomada pa-
ra a primeira quinzena de
julho, serão realizados em
ambientes abertos, defini-
dos pelos municípios e com
adequação de horários en-
tre um exame e outro. O ob-
jetivo é reduzir a quantida-
de de provas. Alunos e ins-
trutores deverão usar más-
cara e o veículo passará por
higienização a cada exame.
A oferta dos serviços é
possível graças a um siste-
ma de reconhecimento fa-
cial desenvolvido pela Pro-
desp (empresa de tecnolo-
gia do Governo) para com-
provar a identidade dos con-
dutores, por meio da biome-
tria já cadastrada quando os
alunos fizeram a matrícula.
A autorização para a re-
alização dos cursos teóri-
cos e práticos será conce-
dida apenas para os muni-
cípios que estejam estabe-
lecidos a partir da chamada
fase dois (laranja), do pla-
no da gestão Doria (PSDB).
Nesta fase, shoppings cen-
ters (exceto praças de ali-
mentação), comércio de rua
e serviços em geral podem
funcionar com capacidade
limitada a 20%, horário re-
duzido para 4 horas segui-
dos e adoção de protocolos.
JACKSON PEREIRA DIAS Aos
35, solteiro. Quinta (25/6) às 17h.
Cemitério são Francisco de Paula
RENAN SILVA BITTENCOURT
Aos 45, solteiro. Quinta (25/6)
às 17h. Igreja da fazenda
Procure o Serviço Funerário Municipal de
São Paulo: tel. (11) 3396-3800 e central 156;
prefeitura.sp.gov.br/servicofunerario.
Anúncio pago na Folha: tel. (11) 3224-4000.
Seg. a sex.: 10h às 20h. Sáb. e dom.: 12h às 17h.
Aviso gratuito na seção: folha.com/
mortes até as 18h para publicação no dia
seguinte (19h de sexta para publicação
aos domingos) ou pelo telefone (11)
3224-3305 das 16h às 18h em dias
úteis. Informe um número de telefone
para checagem das informações.
A2 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 a eee
opinião By_Lu*Ch@QuE

Benett

a
UM J O R NA L A SE RV I Ç O D O B RA SI L
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Antonio Manuel Teixeira Mendes, Luiz Frias e Sérgio Dávila (secretário)
diretoria-executiva Marcelo Benez (comercial), Marcelo Machado
Gonçalves (financeiro) e Eduardo Alcaro (planejamento e novos negócios)

EDITORIAIS
editoriais@grupofolha.com.br

Custo ambiental O voo só acontece se houver o vazio

Política desastrosa de Bolsonaro resulta em mais
pressões de entidades estrangeiras sobre o Brasil
Comaemergênciaclimáticabaten-
do à porta, a preocupação com a
preservação do ambiente já há al-
gum tempo deixou de estar restri-
ta a ativistas, ONGs e fóruns temá-
ticos para se tornar assunto cor-
rente entre os principais atores
econômicos do planeta.
O Brasil, território da maior flo-
restatropicaldomundo,ocupa,pa-
ra o bem e para omal, lugar central
nessas discussões. Se até há pou-
co o sucesso do país no combate
ao desmatamento granjeou-lhe re-
cursos e prestígio internacional,
hoje a situação se afigura diversa.
A política antiambiental do go-
verno Jair Bolsonaro não apenas
vem revertendo os ganhos obtidos
naconservaçãodaAmazôniacomo
tem devastado a imagem do Brasil
no exterior —com possíveis preju-
ízos para os negócios nacionais.
Esse ponto ganhou nova dimen-
são nas últimas semanas, quando,
preocupados com o desmonte das
políticasdepreservação,empresas,
políticos e entidades estrangeiras,
sobretudo da Europa, intensifica-
ram as pressões sobre o país.
Na segunda (22), um grupo de 29
fundos de investimento, que jun-
tos administram algo em torno
de R$ 20 trilhões, enviaram carta
aberta a sete embaixadas brasilei-
ras na Europa, no Japão e nos EUA
solicitando reuniões para discutir
a destruição amazônica.
Dias antes, três dezenas de euro-
deputados demandaram do presi-
dente da Câmara dos Deputados,
RodrigoMaia(DEM-RJ),açõespara
“manter a estrutura legal necessá-
ria para proteger as florestas bra-
sileiras”. O Parlamento Europeu
é uma das instâncias que precisa
aprovar o acordo entre Mercosul e
União Europeia (UE), assinado em
2019, para que ele entre em vigor.
Essepactocomercialfoioalvoda
terceira iniciativa, encampada por
cinco entidades, que, numa quei-
xa à ombudsman da UE, pediram
que sua ratificação seja suspensa.
Tambémospresidentesdosprin-
cipais bancos privados do Brasil
manifestaram, nesta semana, in-
quietação com a forma como o pa-
ís vem lidando com a questão am-
biental. Após o registro em 2019 da
maior taxa de desmatamento em
umadécada,dadospreliminaresin-
dicam que a destruição pode cres-
cer ainda mais neste ano.
Certamentesabedoradasperdas
que esse descalabro pode acarre-
tar,aministraTerezaCristina(Agri-
cultura) afirmou, durante evento,
que o Brasil poderia aumentar sua
produção de alimentos “sem der-
rubar uma árvore sequer”.
Diante do passivo até agora acu-
mulado, será necessário, entretan-
to, muito mais do que palavras pa-
ra que esses riscos não se materia-
lizem em ações contra o país.
-
Gabriela Prioli
sãopaulo Sempredigo,quandoques-
tionada sobre a minha estratégia pa-
ra analisar o mundo, quesouboa em
fazer perguntas. Nem sempre tenho
respostas, mas sempre tenho algo a
perguntar. Começarei neste espaço,
portanto, perguntando.
E, para materializar a troca fun-
damental que eu estabeleço com
quem me acompanha, farei a per-
gunta que mais escuto: como eles
não notam que estão errados?
A resposta, ironias da vida, passa
pelo custo de perguntar. Para no-
tar que estou errado, eu preciso ad-
mitir essa possibilidade e questio-
nar o senhor das minhas verdades
incorporadas. Só que perguntar é
admitir a ignorância. Não saber te
faz vulnerável. Questionar dá traba-
lho. Mais fácil, como disse Orwell,
no prefácio de “A Revolução dos Bi-
chos”, a “mentalidade de gramofo-
ne”: reproduzo sem refletir e sigo
seguro nas minhas certezas e con-
victo do meu poder.
O problema dessa certeza irrefle-
tida é que a “verdade” pode ser mol-
dada de acordo com as vontades de
Desafios do novo normal
- foradaUniãoEuropeia,nople-
Ana Cristina Rosa
brasília A pandemia evidenciou a
necessidade de nos reinventarmos.
As mudanças instituídas em ritmo
acelerado estabeleceram um novo
normal, no qual quase tudo o que
era feito de forma presencial foi in-
viabilizado. Repentinamente,nos vi-
mos obrigados a adotar o modo vir-
tual como alternativa para conter o
surto do vírus e preservar a saúde.
Nessecenário,asplataformasdigi-
tais são essenciais para viabilizar as
novas formas de trabalho, estudo e
quem as pronuncia, deixando-nos à
mercê dos artesãos dos fatos, que,
tirando uma coisa ali e acrescen-
tando outra acolá, dão à sua obra
o formato desejado.
A única forma de se blindar, in-
sisto, é a dúvida. O pior inimigo das
pseudoverdades não são os sábios,
são os curiosos, que, ao pergunta-
rem, expõem a preguiça do crente.
Na ridicularização da dúvida mo-
ra a vergonha daquele que nem se-
quer sabe por qual razão acredita
no que crê.
Rubem Alves já escreveu que “o
voo só acontece se houver o vazio”
e que o vazio é “a ausência de certe-
zas”. “Os homens”, diz ele, “querem
voar,mastememovazio.Nãopodem
viver sem certezas. Por isso, trocam
o voo por gaiolas. As gaiolas são o lu-
gar onde as certezas moram.”
Perguntar é a afirmação da liber-
dade. O voo. É abrir as portas das
nossas gaiolas.
Se a verdade liberta, a vergonha da
dúvida nos aprisiona cada vez mais.
Advogada e comentarista política, passa a
escrever neste espaço às quintas-feiras.
parte dos casos e a respeito da qual
as queixas intensificaram-se nos úl-
timos meses à medida que aumen-
tou nossa dependência da internet.
No quesito segurança, junto com a
ampliação em massa do sistema de
teletrabalho cresceram os ataques
cibernéticos a sistemas de acesso
remoto. Dados da Associação Bra-
sileira de Internet apontam que as
investidas com o objetivo de desco-
brir nome de usuário e senha para
acessar o “remote desktop proto-
A mentira
pode pouco
-
Maria Hermínia Tavares
Pesquisadora do Cebrap e
professora aposentada da USP.
Escreve às quintas
Háquemtenhaacreditadoque,
por volta de 2018, um dos fi-
lhos de Lula foi flagrado cir-
culando por Dubai numa Fer-
rari banhada a ouro. Há tam-
bém os que estavam conven-
cidos de que, no tempo da La-
va Jato, o juiz Sergio Moro era
financiado pela CIA.
Algumas dessas notícias pa-
tentemente falsas circularam
velozmente pelas redes soci-
ais entre o impeachment de
Dilma Rousseff e a eleição de
Jair Bolsonaro.
Ainda hoje, não são poucos
os que creem que a enxurra-
da de rumores absurdos, que
atulharam as caixas de mensa-
gens dos usuários da internet
durante a campanha eleitoral,
expliquem a vitória do “mito”
da extrema direita. Da mesma
forma como, no exterior, teri-
am sido responsáveis pelo êxi-
to de Donald Trump, em 2016,
oudosquequeriamaInglaterra
biscito também naquele ano.
No país, a convicção da im-
portância maléfica da desin-
formação intencional baseia-
se em parte no acesso muito
amplo dos brasileiros à inter-
net —em especial ao What-
sApp, YouTube e Facebook—
e na sua feroz utilização pelos
bolsonaristas radicais.
Pela importância do assun-
to, convém olhar para os estu-
dos que deram ao tema aten-
ção rigorosa. Pesquisas feitas

A vacina e o Brasil
País atrai interesse de farmacêuticas por méritos e
defeitos; autoridades devem buscar mais opções
O Brasil se tornou relevante no
mercado de testes de vacinas con-
traaCovid-19—emcertapartepor
seus méritos, mas sobretudo pe-
lo fracasso em achatar a curva de
avanço dos contágios.
Dois dos imunizantes mais pro-
missores, um produzido pela Uni-
versidade de Oxford em parceria
com o laboratório sueco-britânico
AstraZeneca e o outro pela compa-
nhia chinesa Sinovac, terão parte
de sua fase 3 de testes, a última an-
tesdaaprovação,realizadanopaís.
Uma parcela do interesse em re-
alizar os testes por aqui está relaci-
onada à boa estrutura médico-la-
boratorial disponível, que permi-
te acompanhar de perto os volun-
tários, submetendo-os aos exames
necessários para monitorar possí-
veis efeitos colaterais.
No caso do consórcio europeu, a
parceria para a testagem é com a
Universidade Federal de São Pau-
lo; no da firma chinesa, com o Ins-
tituto Butantan, vinculado ao go-
verno estadual paulista.
Também é conveniente para as
farmacêuticas associar os testes, e
eventualmente seus custos, a acor-
dos de transferência de tecnologia
para a produção em massa da va-
cina, caso ela se mostre viável —e
o Brasil tem boa capacidade de fa-
bricação, por meio do Butantan e
da Fundação Oswaldo Cruz (labo-
ratório Farmanguinhos).
No caso da iniciativa chinesa, o
acordo com o Butantan já está fir-
mado; no da europeia, um acerto
com o Ministério da Saúde para
produção em Farmanguinhos de-
ve ser assinado nos próximos dias.
Lamentavelmente, porém, o
grande atrativo que leva as far-
macêuticas a procurarem o Brasil
não reside em virtudes, mas no fa-
to de que o vírus ainda circula com
força por aqui, o que torna o pro-
cesso de testagem da eficácia da
vacina bem mais rápido e robusto.
Na Europa, é cadente o número
de novos infectados; na China, o
vírus está praticamente controla-
do. Estas não constituem as condi-
ções ideais de teste de uma vacina.
É positivo que os governos fe-
deral e paulista estejam se mobi-
lizando para assegurar que o Bra-
sil tenha acesso a vacinas tão logo
elas recebam aprovação. As auto-
ridades não podem se acomodar,
entretanto. A taxa de fracasso de
vacinas, mesmo das que chegam à
fase 3, mostra-se elevada.
Para que o país não fique a ver
navios, cumpre traçar planos al-
ternativos com outras entidades
em estágio avançado de desenvol-
vimento da vacina, além de já pre-
parar a estrutura de produção em
massa do imunizante. Por mais ex-
periência que se tenha, não é tri-
vial produzir mais de uma cente-
na de milhão de doses e aplicá-las.
relacionamento. E precisamos aten-
tarparaaomenosdoisfatoresfunda-
mentais: a democratização do aces-
so à internet e a segurança digital.
Cada vez mais, temos de solucio-
nar problemas coletivos e desenvol-
ver novas competências online. Ta-
refa quase impossível para mais de
umquartodanossapopulação(26%),
que continua desconectada segun-
dolevantamentodoCentroRegional
para o Desenvolvimento de Estudos
sobre a Sociedade da Informação.
Para além da exclusão digital há
ainda o problema da qualidade do
serviço, que deixa a desejar em boa
Rouba, mas é pouco
- thoutpartisanship?FakeNews
Mariliz Pereira Jorge
rio de janeiro Impressiona, ainda
que não surpreenda, o contorcio-
nismo dos apoiadores do governo
para empacotar a corrupção como
um mal menor diante da prisão de
Fabrício Queiroz e da possibilidade
de o primeiro-filho, o senador Flá-
vio Bolsonaro, ter o mesmo destino.
Corrupção, confirmamos mais
uma vez, nunca foi a razão para ele-
gerumsujeitoignóbilcomoJair.Fos-
se isso, bolsonaristas não defende-
riam agora rachadinha como prá-
tica aceitável, “porque todo mun-
do faz”, “porque nem se compara
ao que o PT ou Sérgio Cabral rou-
baram”. Mesmo para o padrão tu-
piniquim de lambe-bota de políti-
co, essa praga que nos assola, a mí-
tica frase “rouba, mas faz” sofre aqui
um duplo twist carpado.
Sabemos que a moral de parte da
populaçãoéflexível.Batepalmaspa-
ra tipos como Paulo Maluf, porque
construiu pontes e avenidas, embo-
ra tenha enchido o bolso com mi-
lhões. Defende que partido que tira
pobre da miséria não merece crítica
col”, uma das ferramentas de aces-
so remoto mais utilizadas, cresce-
ram 333% em dois meses.
Definitivamente não estávamos
preparados para esta mudança re-
pentina do presencial para o virtu-
al. A questão que se impõe agora é
se vamos conseguir nos adaptar de
maneira rápida e satisfatória para
estabelecer e garantir padrões de
igualdade e segurança online. Tu-
do isso enquanto um velho proble-
ma brasileiro, a desigualdade soci-
al, só faz crescer no país.
Jornalista especializada em comunicação pública.
O colunista Bruno Boghossian volta em 1º de julho
nenhuma, apenas redenção, apesar
dos comprovados pesares.
De Adhemar de Barros ao PT, o
“rouba, mas faz” sempre foi exalta-
do. Coisa nova na vida política é a
defesa apaixonada do “rouba, mas
é pouco”. Não é pouco e faz falta na
educação, na saúde, na segurança.
Bolsonaro tem razão quando diz
que osbrasileiros deveriam ser estu-
dados. Muitos fecham o nariz e pu-
lam no esgoto do pragmatismo polí-
tico. Apoiadores do presidente têm
demonstrado que podem nadar de
braçada nessa imundice ao aceitar
rachadinha, contratação de funcio-
nário fantasma, inclusive pelo então
deputado Jair, uso de verba pública
para financiar atos privados e sites
ideológicos, além dos superfatura-
mentos tão disseminados nos gabi-
netes parlamentares.
Com um ano e meio de governo,
resultados desastrosos em todas as
áreas, já sabemos que o apoio ao clã
presidencial é irrestrito e pode evo-
luir até mesmo para o “rouba, não
faz nada, mas e daí?”.
principalmente nos EUA indi-
cam que a crença em notícias
falsas é bem maior entre pes-
soas com simpatias por parti-
dos e que a sua aceitação cres-
ce quando as fake news confir-
mam convicções políticas an-
teriores. Eleitores apartidários
são menos suscetíveis a rumo-
res políticos fabricados.
Resultados semelhantes fo-
ramencontradosnumapesqui-
sa feita em Minas Gerais, per-
to das últimas eleições, pelos
cientistas políticos Frederico
Batista Pereira, Natalia Bue-
no, Felipe Nunes e Nara Pavão,
apresentados no excelente ar-
tigo, submetido para publica-
ção, “Motivated reasoning wi-
in the 2018 Brazilian elections”
(Raciocínio motivado sem par-
tidarismo? Notícias falsas nas
eleições brasileiras de 2018).
Eles constataram que simpa-
tizantes do PT tendem a acre-
ditar em notícias falsas favorá-
veis ao partido, enquanto an-
tipetistas aceitam aquelas que
reforçam suas crenças anteri-
ores. Os dois grupos não mu-
dam muito de posição mes-
mo ao serem informados de
que era tudo mentira. Eleito-
res apartidários, a maioria no
Brasil, são bem mais céticos
diante de informações falsas.
Patranhaspolíticas,digitadas
por humanos ou impulsiona-
das por robôs, poluem o am-
biente social e provavelmente
contribuem para aumentar a
polarização do eleitorado, re-
forçando posições extremas.
Nesse sentido, fazem mal à de-
mocracia. Mas estão longe de
ter a influência sobre os eleito-
resaelasatribuída.Aindabem.
mhermtavares@gmail.com
a eee
TENDÊNCIAS/DEBATES
folha.com/tendencias debates@grupofolha.com.br
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular
o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
Basta de esticar a corda
Acossados, Bolsonaro e os generais palacianos intimidam as instituições
- João Miguel Montes Cellos
Ivan Valente
Deputado federal (PSOL-SP)
Em plena conjunçãodegravescrises
sanitária, econômicaepolítica,esta-
mos diante de um desgoverno abso-
luto, ocupado por um presidente in-
capaz,perverso,toscoecomvocação
totalitária. Os crimes de responsa-
bilidade se empilham na proporção
dos pedidos de impeachment (45).
No enfrentamento da pandemia,
o negacionismo criminoso de Jair
Bolsonaro estimula o contágio em
massa, despreza a ciência, destrói
e militariza o Ministério da Saúde,
esconde números, incentiva a inva-
são de UTIs e barbaridades que po-
dem levá-lo não só ao impedimen-
to, mas ao Tribunal Penal Interna-
cional por genocídio de seu povo.
No último período, Bolsonaro par-
ticipou de seis atos ilegais que vão
desde o resgate do AI-5 até o fecha-
mento do Congresso e do STF. Num
deles, na frente do Quartel General
do Exército, bradou: “Não vamos ne-
gociar nada” e “chega da velha políti-
ca”. Na semana seguinte, estava nos
braços do velho centrão corrupto
e fisiológico de Roberto Jefferson e
Valdemar da Costa Neto.
Na indescritível reunião de 22 de
abril, que expôs as vísceras do gover-
no sob o silêncio obsequioso dos ge-
nerais, Bolsonaro escala sua sanha
autoritária para atropelar a Consti-
tuição e as leis. Intervenção desca-
rada na Polícia Federal para prote-
ger o filho Flávio, o Queiroz, as mi-
lícias cariocas e as investigações in-
cômodas como a do assassinato de
Marielle Franco.
Na mesma reunião, deu seu mai-
or recado: “Eu quero armar o povo”,
alémdeanunciararevogaçãodetrês
portarias do Exército que permiti-
am marcação e rastreamento de ar-
mas e munições. Cobrou dos minis-
tros da Defesa e da Justiça a assina-
tura imediata da portaria 1.634, que
O ódio terraplanista
Moldado pelos petistas, derrubou Dilma e elegeu o capitão reformado
- ca unida. Travestidos de guardi-
Miguel de Almeida
Escritor e diretor dos documentários ‘Não Estávamos Ali para Fazer Amigos’ e ‘Tunga, o Esquecimento das Paixões’,
é autor de ‘Primavera nos Dentes’ (ed. Três Estrelas)
Ali pelo final de seu livro “Capitalis-
mo na América”, Alan Greenspan,
economista e ex-presidente do Fe-
deral Reserve dos Estados Unidos,
se detém na clivagem em voga na
política americana. No ódio escan-
dido por Donald Trump a cada três
entre quatro verbos de suas frases.
Greenspan, um republicano de
quatro costados, capaz de criticar
Reagan e elogiar Clinton, com todo
o respeito liberal, conclui que a ani-
mosidade na política se dá por uma
questão econômica. Simples: pela
primeira vez em décadas, a atual ge-
ração de americanos será mais po-
bre do que a geração de seus pais e
avós. É quando proliferam as antas.
No caso dos Estados Unidos, ber-
ço da revolução digital (ou 4ª Revo-
lução Industrial), a destruição cria-
tiva espreme as antigas profissões,
substituídas pela robótica e anteri-
ormente pela mão de obra barata
de países asiáticos, e aumenta a de-
sigualdade social.
Simples, de novo: basta ver que a
Amazon disparou no mercado de
ações,eredescomoJ.Crewemesmo
Zara, de comércio varejista tradicio-
nal, enfrentam semelhante mau hu-
mor experimentado 120 anos atrás
pelos fabricantes de selas e chico-
tes (e também pelos proprietários
de cavalos), quando o automóvel
ganhou as ruas.
O livro de Greenspan me lembrou
de uma conversa final de tarde em
dezembro de 2014, na praia de Ita-
puã (BA), com o poeta Antonio Ri-
sério. Ambos estávamos escandali-
multiplicava em 36 vezes a permis-
são de aquisição de munição por
pessoa/ano. Felizmente obtivemos
liminar na Justiça Federal impedin-
do sua validação. Além disso, Eduar-
do Bolsonaro faz lobby explícito pa-
ra a fábrica americana de armas SIG
Sauer. Em todas essas ações houve
constrangimento para o Exército. A
quem interessa essa política arma-
mentista? Às milícias, ao crime or-
ganizado e aos CACs (caçadores, ati-
radores e colecionadores).
A sua cruzada autoritária se mani-
festa no cotidiano do governo: na re-
vogaçãodeportarias daAnistia,cuja
comissão hoje é formada por admi-
radores de Brilhante Ustra; no ata-
que frontal à liberdade de impren-
sa; e na agressão a jornalistas. Faz
parte do arsenal a desidratação da
Lei de Acesso à Informação para tor-
nar opaca a administração pública.
Mas o que atinge agora o coração
do governo é a investigação das fa-
[ tam julgamentos políticos”.
Quem estica a corda
deve pedir desculpas
à nação e se recolher
aos seus compromissos
constitucionais que
jurou defender. O resto
responde pelo nome
de golpe de Estado.
(...) Interpretações
esdrúxulas do artigo 142
da Constituição é coisa
de golpistas e de juristas
alugados por ditaduras
zados com a campanha eleitoral de
reeleição de Dilma Rousseff, quando
o marqueteiro petista, João Santa-
na, o antes popular Patinhas, forjara
de vez a clivagem lulista de “nós” ou
“eles”; e, para ganhar, inventara saco
de inverdades contra Marina Silva.
Lembro de dizer a Risério: isso vai
voltar, a campanha destampou um
ódio, adicionou à política novamen-
te um amargor de frustração cuja
reação, ensinam os mandamentos
quânticos, será em proporções mai-
ores. Pois o ódio moldado pelos pe-
tistas, Lula à frente, derrubou Dilma
e elegeu o capitão reformado.
E o ódio fermentou ainda em fo-
go alto sob a primária política eco-
[ ce que contraiu há pouco a H1N1)…
O retorno de Lula das
tumbas do ABC, contra os
manifestos democráticos,
revela a estratégia da foto:
“nós” ou “eles”, sempre.
Petistas x bozonaristas.
Interessa a rivalidade
binária, tão entranhada na
vida brasileira. E imaginar
que a Frente Ampla, em
1966, juntou contra os
milicos Jango Goulart,
JK e Carlos Lacerda…
By_Lu*Ch@QuE
ke news, tanto no Supremo como na
CPMI do Congresso —com a quebra
dosigilodefabricantesefinanciado-
res da rede de produção industrial
de mentiras por robôs e contrata-
dos, e seu impulsionamento ilegal
por empresários bolsonaristas des-
de a campanha eleitoral de 2018. Is-
so poderá levar à prisão do “gabine-
te do ódio” e até mesmo à cassação
da chapa Bolsonaro-Mourão.
Outro fator que enerva Bolsona-
ro são as manifestações democráti-
cas contra o fascismo, que se multi-
plicam. Chamar os participantes de
“terroristas e viciados” evidencia o
pavor de que as ruas impulsionem
o seu impeachment.
Acossados e isolados, Bolsona-
ro e os generais palacianos intimi-
dam as instituições democráticas e
o povo brasileiro. Heleno ameaça o
STF com “consequências imprevisí-
veis”, Ramos adverte a oposição com
o “não estique a corda”. É o caso da
nota assinada por Mourão, Azeve-
do e Bolsonaro com recado ao TSE
e ao STF afirmando que “não acei-
Quem estica a corda deve pedir
desculpas à nação e se recolher aos
seus compromissos constitucionais
quejuroudefender.Orestoresponde
pelo nome de golpe de Estado. Rom-
per com a democracia é a aventura
que as Forças Armadas não podem
e não devem embarcar novamente.
São instituições de Estado que de-
vem repelir o assédio aos quartéis e
não se permitir servir de escudo e
blindagem a Jair Bolsonaro e roda.
Enquanto isso, o STF deixa claro
que a Constituição não contempla
um quarto poder imperial modera-
dor das Forças Armadas. Interpre-
tações esdrúxulas do artigo 142 da
Constituição é coisa de golpistas e
de juristas alugados por ditaduras.
nômica de Dilma-Mantega, de ma-
triz geiselista, com um saldo de 12
milhões de desempregados e os ha-
bituais PIBs negativos.
Seosamericanosseencontramcli-
vadospelapolíticatrumpista,embo-
ra acumulem crescimentos de PIB
algo tímidos, jogue a lupa na reali-
dade brasileira, cujo desempenho
econômico desde a década de 1980
é mais anêmico do que um figuran-
te de reality da Record.
Enquantoosamericanospadecem
pela trituração de ocupações, mui-
tas delas já obsoletas, ou de técnica
limitada (carros: até russos possu-
em as suas marcas!), o Brasil cum-
pre sua sina de viver ideias fora do
tempo. Cada vez mais o Brasil políti-
co se assemelha ao desempenho nas
pistas de Rubinho Barrichello (pare-
Caiu no conto da direita em 1964
(achando que o latifundiário João
Goularteracomunista!);em2002,no
ideário esquerdista-estatista (quan-
do a União Soviética ruíra décadas
antes); e, em 2018, no assombro na-
zibozonarista (na época aVenezuela
de Chaves e Maduro já era miasma).
O retorno de Lula das tumbas do
ABC,contraosmanifestosdemocrá-
ticos,revelaaestratégiadafoto:“nós”
ou“eles”,sempre.Petistasxbozona-
ristas.Interessaarivalidadebinária,
tão entranhada na vida brasileira. E
imaginar que a Frente Ampla, em
1966, juntou contra os milicos Jango
Goulart,JKeCarlosLacerda…Éramos
mais sofisticados (ideológica e espi-
ritualmente) e não sabíamos.
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
PAINEL DO LEITOR
folha.com/paineldoleitor leitor@grupofolha.com.br
Cartas para al. Barão de Limeira, 425, São Paulo, CEP 01202-900. A Folha se reserva o
direito de publicar trechos das mensagens. Informe seu nome completo e endereço
#UseAmarelo pela Democracia
“Inspirada nas Diretas Já, Folha
lança campanha em defesa da de-
mocracia” (Poder, 24/6). Parabéns,
Folha de S.Paulo! Necessária como
nunca,indispensávelcomosempre.
(Curitiba, PR)
Manifestantes em ato por eleições
diretas, em 1984 Reprodução
Devido à minha idade, vivi os rigo-
res da ditadura. Hoje ouço pessoas
adultasdefenderemum regimeau-
toritário e o fechamento do Con-
gresso e do STF. Quando tento ar-
gumentar, me chamam de comu-
nista, também sem saber exata-
mente o que isso significa. Tenho
de me monitorar perto de certos
amigos para não comprar briga.
Por isso tudo, agradeço à Folha pe-
la iniciativa. Espero que funcione.
Rinaldo Bastos Vieira Filho
(Belo Horizonte, MG)
Volta às aulas
“Aulas em SP retornam em 8 de se-
tembro apenas se todo o estado es-
tiver na 3ª fase da reabertura”, Co-
tidiano, 24/6). Projeto totalmente
imaginário e impraticável na exe-
cução. O papel aceita tudo.
Peter Janos Wechsler (São Paulo, SP)
Manobras tributárias
Os empresários apoiadores do go-
verno estão entre os maiores deve-
dores do fisco. Esse dinheiro faz
muita falta neste momento difícil
pela qual a população está passan-
do, com desemprego e fome (“Re-
ceita Federal aponta manobras tri-
butárias de empresários ligados a
Bolsonaro”, Mercado, 23/6).
Eliane Plácido de Almeida
(Santos, SP)
* (“Nordeste terá prejuízo de mais
Caramba, a Receita pode divulgar
isso? Existe sigilo fiscal? Deve ser
em defesa da democracia.
Francisco de Assis Amâncio
(Campinas, SP)
* E o cancelamento da Oktoberfest
Tutti buona gente. Famiglia míti-
ões da moral e da ética. As leis bo-
as são as que só valem para os ou-
tros, os trouxas, como eu, que pa-
gamosimpostosemdia.Nãoponho
os pés nessas lojas nem que sejam
as últimas do planeta. Do hambúr-
guer feito a base de muito desma-
tamento do senhor Madero até o
cheiro é indigesto.
Aguinaldo Pedro (São Paulo, SP)
*
Não existe empresa brasileira que
não deva algo para o paquidérmi-
co Estado gastalhão brasileiro. São
milhares de normas, taxas e sobre-
taxas. É impossível, mesmo para o
mais honesto empresário, sobre-
viver pagando todos os impostos
corretamente.
Luiz Henrique Pereira (Curitiba, PR)
* é que eles também irão envelhe-
Seramigodoreitemsuasvantagens.
Paulo Pinheiro Machado
(Florianópolis, SC )
Coronavírus
“Taxa de contágio para de cair no
Brasil; pandemia acelera há nove
semanas” (Saúde, 24/6). Nenhu-
ma surpresa, tudo dentro do espe-
rado. Veja o que o Sul está fazendo
agora —fechando o que nunca de-
veria ter aberto. Nenhum país fez o
que o Brasil está fazendo, relaxan-
doemplenaascensãodascontami-
naçõesemortes.Nossosdirigentes
municipais,estaduaisefederaissão
fracos. O povo não confia neles, ex-
ceto uma dúzia de fanáticos. Estão
aceitando as pressões do empresa-
riado. País sem Ministério da Saú-
de em plena pandemia. Querem
acabar com o vírus usando armas.
Silvio Luiz de Oliveira (São Paulo, SP)
A3
opinião
Gafanhotos
Os gafanhotos constituem um ex-
celente alimento. São como cama-
rões voadores, mas não comem as
sujeiras que são normalmente co-
midas pelos camarões no fundo do
mar.Epodemserfacilmentecaptu-
rados com redes. Não é invenção.
Isso é estudo da FAO (“Nuvem de
gafanhotos ameaça plantações no
Sul do Brasil”, Mercado, 24/6).
Ernesto Pichler (São Paulo, SP)
Weintraub
Um antiglobalista, preconceituoso
e racista que não respeita as pesso-
as e as instituições. Ir “trabalhar”
em uma instituição que preza pelo
multilaterialismo é, no mínimo, bi-
zarro (“Associação do Banco Mun-
dial diz que Weintraub fere código
e pede que nomeação seja reavali-
ada”, Poder, 24/6).
Adriana Maccacchero
(Rio de Janeiro, RJ)
*
Alguns golpes dão certo, outros
nem tanto. Cara de pau .
Jane Santos (Rio de Janeiro, RJ)
*
“Estornem” esse cara de volta para
o Brasil, onde a cana o espera. São
esses elementos que atrapalham o
Brasil aqui e no exterior. Cana nele.
Rômulo José de Andrade Costa
(Uberlândia, MG)
Filhocracia
Maisumavez,oprofessorecolunis-
taConradoHübnerMendespremia
os leitores da Folha com um texto
impecável e certeiro (“Eduardo e
Flávio, Poder, 24/6). Revela a des-
façatez dos dois parlamentares in-
tegrantes da filhocracia miliciana,
que ainda contam com a leniência
e a inação dos Conselhos de Ética
das duas casas do Congresso. Em
meio à pandemia, continuam re-
verberando o discurso de ódio à
democracia e expondo a sua im-
punidade.
Jonas Nilson da Matta (São Paulo, SP)
São João
A responsabilidade da coordena-
ção da crise foi delegada pelo STF.
Montanhas de dinheiro foram en-
viadas a estados e municípios. Que
cobrem de seus representantes
de R$ 1 bilhão sem festas de São
João”, Mercado, 23/6).
Cláudio Roberto Possoni
(São Paulo, SP)
*
de Berlim? O prejuízo lá foi de cer-
ca de 1 bilhão de euros. Se não ti-
vermos a festa de Blumenau nes-
te ano, o prejuízo equivalerá a pelo
menos uns cincos são João do Nor-
deste, com folga, pois o movimen-
todafestaimpactaumacadeiapro-
dutiva enorme —cerveja, marre-
cos, patos, porcos, peixes, sem fa-
lar nas bandas. E as festas satélites
de Brusque, Itajaí e Santa Cruz do
Sul, entre outras.
Fabricio M. Souza (Contagem, MG)
Envelhecer
Segundo recente notícia nesta
Folha, uma tenente e um sargen-
to agrediram um jornalista, física e
verbalmente,aoqualchamaramde
velho (“Policiais militares agridem
jornalistas no interior do RS e al-
gemam repórter” Cotidiano, 23/6).
Quem puder avise a essa dupla de
militares que a “minha vingança”
cer. E a velhice por si só não muda
ninguém. Se hoje eles são idiotas,
quando velhos serão ainda muito
mais idiotas.
Maria Antônia Rodrigues Gigliotti
(Lorena, SP)
poder (24.jun., pág. a4) Diferente-
mente do publicado na reporta-
gem “Senado aprova adiar a elei-
ção para novembro, e proposta vai
à Câmara”, a propaganda eleitoral
de rádio e televisão não foi esten-
dida na PEC aprovada pelos sena-
dores. O prazo continua de 35 dias
até a antevéspera da eleição.
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 A5

By_Lu*Ch@QuE
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 A7

By_Lu*Ch@QuE
A8 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 a eee
poder By_Lu*Ch@QuE

Masquandooinquéritovoltar
aoprocurador-geral, oque ele
deveria fazer? Não pode apre-
sentar denúncia sobre os fa-
tos que foram apurados por-
queoinquéritonãofoicondu-
zidoda maneiradevida? Era
necessário corrigir desdelogo
essa condução para que não
houvessequestionamentoso-
bre a validade dessas provas.
Ainda há possibilidade, na vi-
são do sr., de correção dos ru-
mos desse inquérito ou ele já
setornouinócuo? Acorreção
para que haja a validade [das
provas] se daria através des-
ses dois pontos...
Então ele se torna inó-
cuo? Consideramos que, ao
concentrar nas mãos de um
ministro, essas provas são
contaminadas pela violação
dos princípios do juiz natu-
ral e do sistema acusatório. Se
a gente puder comparar, veja
mendou,emdocumentoassi-
nado por Augusto Aras [pro-
curador-geral], que o Minis-
tério Público não questione
“
A investiga-
medidasde gestores públicos ção e punição
relativas à pandemia, porque desses casos
“não há consenso científico”. [ataques con-
O que o sr. achou disso? A tra ministros
recomendação não foi obje- do STF e atos
to de prévio debate no âmbi- antidemo-
to do CNMP, como costuma cráticos]
ocorrer. Não foi aprovada, se- se impõe,
quer, pelo plenário do CNMP, de maneira
mas apenas pela presidência rápida e com
e pela corregedoria nacional.
rigor. De
O STF reconheceu que os
standards técnicos e as evi- outro lado,
dências científicas que devem isso não pode
ser observados são aqueles ser feito com
quepartemdeorganizaçõese violação do
entidadesinternacionaisena- sistema acu-
cionais reconhecidas erespei- satório e ao
tadas, como a OMS, bem co- princípio do
mo que, com base no princí- juiz natural
pio da prevenção-precaução,
deve-se cobrar a autoconten-
ção no uso de substâncias ou
produtos que podem causar

Pedro Ladeira - 27.set.19/Folhapress
comoseinicioudemaneirato-
talmente diversa o inquérito
sobre os atos antidemocráti-
cos.Dentrodoscript.Vocêpe-
de, através do procurador-ge-
ral da República a abertura do
inquérito, os ministros anali-
sam os pedidos, deferem, e a
Polícia Federal cumpre.
Comoosr.vêoposicionamen-
to do procurador-geral a res-
“
danos à vida ou à saúde.
Diante de circunstâncias
que limitam a atuação do Mi-
nistério Público em áreas es- Não é
senciais, como no próprio
razoável que
combate à pandemia, trazen-
do prejuízo para a sociedade, justamente
as entidades associativas do a autoridade
MP irão impugnar a referi- que pode
da recomendação na Justiça. investigar e
denunciar o
O procurador-geral da Repú- presidente

Inquérito das fake news

peito desses dois casos? Em
relaçãoaosatosantidemocrá-
ticos, me parece que a atua-
ção foi muito rápida. Os atos
ocorreram no fim de sema-
blica afirmou ao jornal O Glo- da República
boque,sehouvesseaprovação possa ser
da lista tríplice pelo Congres- escolhido
so, teria que haver a possibili- livremente
dade de que integrantes dos

no Supremo tem vício de

na [19 de abril] e já houve pe-
dido de abertura de investi-
gação policial, que foi deferi-
da pelo Supremo e isso levou
a diligências bem específicas.
por ele. Dizer
Ministérios Públicos do Tra- que isso é
balho e Militar se tornassem
corporativis-
PGR. O sr. concorda? Não,
claro que não. A chefia do Mi- ta é o mesmo
nistérioPúblicodoTrabalhoe que dizer que

origem, diz procurador

Emrelaçãoaodasfakenews, do Ministério Público Militar o eleitor não
aANPRcompreendequeopo- já é escolhida a partir de uma deve votar,
sicionamento mais adequa- lista tríplice. Todos os Minis- pois almejam
do —temos portanto outra térios Públicos do país, com escolher
compreensão— é que o sim- exceção do nosso, já têm um melhores re-
Para Fábio Nóbrega, presidente da associação da categoria, STF plesfatodeoMinistérioPúbli-
co acompanhar as diligências
processo de escolha das res-
pectivas chefias.
presentantes

não pode concentrar papel de vítima, investigador e julgador não corrige esse vício de ori-
gem. Os pedidos têm que ser O presidente da República já
feitospeloMinistérioPúblico. afirmou que indicaria o pro-

ENTREVISTA
FÁBIO NÓBREGA
-
José Marques
são paulo Embora o STF (Su-
premo Tribunal Federal) te-
nha decidido na semana pas-
sada pela legalidade do inqué-
rito das fake news, a entida-
de que representa integran-
tes do Ministério Público Fe-
deral mantém o posiciona-
mento de que as provas cole-
tadas estão “contaminadas”.
A justificativa da entidade
é pelo fato de a investigação
nãotersidoabertadamaneira
usual.Oinquéritofoiinstaura-
do de ofício, ou seja, sem pro-
vocação da PGR (Procurado-
ria-Geral da República), e o
relator, Alexandre de Moraes,
foi designado pelo presidente
Dias Toffoli, e não sorteado.
À Folha o presidente da
ANPR (Associação Nacional
dos Procuradores da Repúbli-
ca), Fábio George Cruz da Nó-
brega, 49, diz que o “vício de
origem” comprometeu a in-
vestigação e pode invalidá-la.
Ele defende que haja inves-
tigação sobre os ataques a
autoridades e repudia ofen-
sas ao Supremo, mas discor-
da da condução do inquérito.
“Osministrosnãopodemcon-
centrar diversos papéis, de ví-
tima, investigador e julgador,
isso quebra a imparcialidade
do julgamento”, afirma.
* que se haja um sorteio para
A decisão do STF de manter o
inquéritodasfakenewsgerou
críticas dos que consideram
a abertura da investigação ir-
regular. Como o sr. vê a ques-
tão? É importante sairmos
dessa polarização. É inadmis-
sível, por um lado, a existên-
cia de ofensas e ataques con-
tra ministros e de atos antide-
mocráticosquepeçamaextin-
ção ou fechamento do Supre-
mo e do Congresso. Todas as
entidades e as pessoas do país
precisam repudiar essas inici-
ativas. A investigação e puni-
ção desses casos se impõe, de
maneira rápida e com rigor.
De outro lado, isso não po-
de ser feito com violação do
sistema acusatório e ao prin-
cípio do juiz natural. Quem
deve conduzir essas investi-
gações são o Ministério Públi-
co e a polícia judiciária. Os mi-
nistrosnãopodemconcentrar
diversos papéis, de vítima, in-
vestigador e julgador, porque
isso quebra a imparcialidade
do julgamento.
Também há necessidade
definir o juiz que decidirá es-
sas questões, é o princípio do
juiz natural. A violação do sis-
tema acusatório e do princí-
piodojuiznatural,anossover,
acaba por ocasionar uma in-
fração ao devido processo le-
gal que mereceria correção.
Quando o inquérito for con-
cluído,voltaparaaPGR. Oin-
quérito deveria ter sido pedi-
do desde o início pelo procu-
rador-geral,easmedidasdeve-
riam ser analisadas pelo Judi-
ciário. Desde o início compre-
endemos que há desrespeito
ao devido sistema legal e es-
sa é a razão pela qual a ANPR
tem assim se manifestado.
Fábio
George Qual o encaminhamento que
Cruz da a ANPR deu ao abaixo-assina-
Nóbrega, 49 do dos procuradores que pe-
Procurador deaoCongressoquealistatrí-
regional da plicesejaobrigatória? Alista
República tríplice é uma luta antiga da
na 5ª Região ANPR. Fizemos isso nas du-
e presidente as últimas décadas informal-
da Associa- mente e vinha sendo respei-
ção Nacional tado por todos os presiden-
dos Procu- tes,masoatualignoroualista.
radores da Nós compreendemos que
República não é razoável que justamen-
no biênio te a autoridade que pode in-
2019-2021. vestigar e denunciar o presi-
Formado dente da República possa ser
em direito escolhido livremente por ele.
pela Uni- Dizer que isso é corporativis-
versidade ta é o mesmo que dizer que o
Federal da eleitor não deve votar, pois al-
Paraíba, foi mejam escolher melhores re-
conselheiro presentantes.
do CNMP A ANPR recebeu o manifes-
entre 2014 to,quejácontacomquase700
e 2018 assinaturas, e assim que hou-
veroretornoàsatividadespre-
senciais do Congresso Nacio-
nal,esperapoderapresentá-lo.
O CNMP (Conselho Nacional
do Ministério Público) reco-
“
curador-geral da República,
Augusto Aras, ao STF, já se au-
toconvidouparaumacerimô-
nia do Ministério Público Fe- O presidente
deral e faz questão de sinali-
da República,
zar uma suposta proximida-
de que teria com o procura- com essas
dor-geral. Essas atitudes afe- ações [gestos
tam a imagem da instituição de aproxima-
MPF? O presidente da Re- ção com Au-
pública, com essas ações, de- gusto Aras],
monstranãoterumacompre- demonstra
ensão muito clara sobre co- não ter uma
mo devem funcionar os po- compreensão
deres da República e as ins- muito clara
tituições em um Estado de- sobre como
mocrático de Direito. É pre- devem
ciso respeitar a independên- funcionar os
cia das instituições e dos ou-
poderes da
tros poderes.
Considerando que existe República
uma investigação em curso e as insti-
contra o presidente da Repú- tuições em
blica,essasinsinuaçõeseessas um Estado
menções não ajudam no dis- democrático
tanciamento necessário que de Direito
precisaocorrerparaqueas in-
vestigações venhamasercon-
duzidas de maneira transpa-
rente, sem que haja qualquer
tipo de alusão à proximidade
existente entre ambos.

Projeto de lei no Congresso prevê rastrear mensagens viralizadas

-
Patrícia Campos Mello
são paulo O projeto de lei das
fake news, que deve ser vota-
do nesta quinta (25) no Sena-
do, manteve pontos polêmi-
cos como rastreamento de
mensagens no WhatsApp e
exigência de documentos e
número de celular para aber-
tura de contas em redes soci-
ais, além de prever a criação
de órgão de autorregulação
para plataformas de internet.
O relatório do senador An-
geloCoronel(PSD-BA)sobreo
projeto de leid0senador Ales-
sandro Vieira (Cidadania-SE)
foi protocolado nesta quarta
(24). Se aprovado no Senado,
o projeto segue para tramita-
ção na Câmara.
Há pressãodas plataformas
de internet, de entidades da
sociedade civil e legisladores
como o senador Alvaro Dias
(Podemos-PR) para adiar a
votação, mas, até a publica-
ção deste texto, o presidente
do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), não havia anunci-
ado nenhuma mudança.
Coronel manteve a exigên-
cia de guarda dos registros da
cadeia de reencaminhamen-
tos de mensagens no What-
sApp, para identificar a ori-
gem de conteúdos ilícitos.
Para o diretor de Políticas
Públicas do WhatsApp para
a América Latina, Pablo Bel-
lo, o rastreamento será como
uma “tornozeleira eletrônica
em milhões de brasileiros”.
Para entidades da socieda-
de civil, trata-se de ameaça à
privacidade,poisserápossível
saber com quem todo mundo
estáfalandoemconversaspri-
vadas, o que poderá ser usa-
do para perseguição política.
Uma crítica era que o What-
sAppteriadeguardarosregis-
trosdemilhõesdemensagens
para o caso de alguém ser al-
vo de medida judicial. Coro-
nel fez uma mudança no tex-
to, que passa a exigir o arma-
zenamento só de mensagens
que tenham sido reencami-
nhadas mais de cinco vezes,
oqueconfigurariaviralização.
Outropontocriticado, aexi-
gênciadedocumentodeiden-
tidade e número de celular no
Brasilparacadastrodecontas
em redes sociais e nos aplica-
tivos de mensagens privada,
também foi mantido.
Críticos afirmam que a me-
dida gerará exclusão digital,
pois impede pessoas que não
têm celular ou documento de
terem contas em redes soci-
ais, além de ser uma violação
à privacidade. Para os legisla-
dores, a medida pode identi-
ficar perfis falsos de usuári-
os que cometem atos ilícitos.
“Engraçado, o WhatsApp
queria ter um sistema de pa-
gamentos —ou seja, para ga-
nhardinheiro,ficarcomosda-
dos das pessoas não é quebra
de privacidade, mas para aju-
dar a Justiça é?” disse à Folha
Coronel. Ele se referia ao ser-
viço de pagamentos via What-
sApplançadopelaempresana
semana passada e suspenso
nesta semana pelo BC.
A instituição de autorregu-
lação, dispositivo previsto no
texto, seria responsável por
elaborar regras e adotar me-
didas como rotular e colocar
advertênciasemconteúdoca-
racterizado como desinfor-
mação (fake news). Chamado
de “autorregulação regulada”,
o mecanismo veio da emen-
da do senador Antonio Anas-
tasia (PSD-MG) e é inspirado
na legislação alemã de 2017.
Composta por especialis-
tas independentes aponta-
dos pelas empresas, a insti-
tuição criaria regras para re-
ceber e apurar denúncias de
notícias fraudulentas.
A instituição se reportaria a
uma Autoridade de Transpa-
rência da Comunicação Digi-
tal, composta por integrantes
do Congresso, do Executivo e
da sociedade civil. Ela analisa-
ria se as diretrizes estão sen-
do cumpridas, e haverá multa
para descumprimento.
O projeto também determi-
naqueascontasderedessoci-
ais de certos funcionários pú-
blicos e ocupantes de cargos
eletivos sejam consideradas
de interesse público, e têm de
respeitar os princípios da ad-
ministração pública, além de
listar regras de transparência
para publicidade estatal, pro-
ibindo a veiculação em deter-
minados sites que promovem
a violência, por exemplo.
Coronel retirou do texto to-
das as previsões de crimina-
lização, como os artigos que
passavam a incluir o financia-
mento de redes de fake news
nas leis de organização crimi-
nosa e lavagem de dionheiro.
Facebook, Google, Twitter
e WhatsApp, em análise en-
viada a senadores, caracteri-
zaram a legislação como “um
projeto de coleta massiva de
dados das pessoas resultando
no aprofundamento da exclu-
são digital e pondo em risco
a privacidade e segurança de
milhares de cidadãos”.
Em carta divulgada nesta
quarta, 43 entidades da socie-
dadecivildizemquealeiame-
aça a liberdade de expressão
e o direito à privacidade e co-
loca os usuários sob suspeita.
“Asplataformasestãofazen-
do um lobby brutal”, declara
Coronel. “Rejeitam qualquer
tipo de regulação, querem
continuar no mesmo modus
operandi, redes sociais são
terra de ninguém.”
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 A9

By_Lu*Ch@QuE
A10 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
poder
Entre o medo e a liberdade
O Supremo, assim como o governo, erra quando toma opinião como delito
- não, mas é evidente que há um
Fernando Schüler
Professor do Insper e curador do projeto Fronteiras do Pensamento. Foi diretor da Fundação Iberê Camargo
Talvez não devesse, mas me sur-
preendo que o tema da liberda-
dedeexpressãotenhasetornado
centralemnossodebate.Joelda
Fonseca definiu bem a questão:
devemospunirideiasagressivas
eviolentas?Suarespostaénega-
tivaeveiocomumaprovocação:
“mepreocupomaiscoma‘justi-
ça’dasredesdoquecomasfalas
violentas que ela busca punir”.
Minharespostatambéméne-
gativa.Elavemnatrilhadapri-
meira emenda americana. Me
parece também a linha de Hé-
lio Schwartsman dizendo que
ademocraciaaceita“quaisquer
| dom. Elio Gaspari, Janio de Freitas | seg. Celso Rocha de Barros | ter. Joel Pinheiro da Fonseca | qua. Elio Gaspari, Conrado Hübner Mendes | qui. Fernando Schüler | sex. Reinaldo Azevedo | sáb. Demétrio Magnoli
Comício das Diretas Já no aniversário de São Paulo, em 1984
Inspirada nas Diretas Já, Folha
lançacampanhapró-democracia
Jornal apresenta filme na TV, projeto especial e curso gratuito sobre a ditadura
são paulo A Folha lança no
próximo sábado (27) uma
campanha publicitária em
defesa dademocracia.Ofilme
será exibido no intervalo do
Jornal Nacional, da TV Globo.
No mesmo fim de semana,
a Folha publicará o projeto “O
que Foi a ditadura”, que disse-
ca o período autoritário de
1964-85 e é direcionado prin-
cipalmente a pessoas que não
o viveram diretamente.
Uma pesquisa Datafolha
com a opinião dos brasileiros
sobre a ditadura e o grau de
conhecimento a respeito de
alguns de seus pontos tam-
bém será divulgada.
Segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Es-
tatística), 54,2% da população
brasileira nasceu após 1985,
quando o regime terminou.
Somando os que eram crian-
ças de até 10 anos nessa data,
o percentual sobe para 69,4%.
Ou seja, 7 em cada 10 brasi-
leiros não viveram a ditadu-
ra ou eram muito jovens pa-
ra terem fixado na experiên-
ciao quefoiaquelemomento.
Na mesma linha, estreia
também no dia 28 um curso
online gratuito de quatro au-
las promovido pela Folha. O
objetivo é explicar didatica-
mente as várias fases da dita-
dura,dosantecedentesdogol-
pede31demarçode1964atéa
transição para a democracia.
O pacote tem por finalida-
demostrar,sobretudoparaos
mais jovens, qual era a reali-
críticas, em quaisquer termos,
masnãoadmiteaçõesconcretas
com o objetivo de subjugá-la”.
O debate me fez voltar ao in-
quérito das fake news, conduzi-
do pelo Supremo. Muita gente
querespeitomediznãoveraline-
nhumproblemaequeopontoé
simplesmentedarumbastaaes-
te“bandodefascistas”.Háquem
pensediferente.Nomínimoafal-
ta de clareza sobre o que exata-
menteseestápretendendopunir.
Resolviconferircomumpouco
maisdedetalhe.Volteiaodocu-
mentoemqueoministrorelator
doinquéritoapresentasualista
Fernando Santos - 25.jan.84/Folhapress
dade do período autoritário.
“Opapelinstitucionaldeum
jornalcomoaFolhaémostrar
demaneiradidáticaesemviés
oqueaconteceu,paraquenão
aconteçamais.Nãohásolução
foradademocracia,nãoháca-
minho que não o da Constitu-
ição”, diz o diretor de Redação
da Folha, Sérgio Dávila.
A campanha contra a dita-
dura é inspirada na mobiliza-
çãodasDiretasJá,em1984,em
que o jornal teve destaque, e
foi criada internamente.
Há 36 anos, uma faixa ama-
rela foiacrescentada embaixo
do cabeçalho do jornal, junto
dafrase“Useamarelopelasdi-
retas já”. Agora, a faixa retor-
na, com a frase “#UseAmarelo
pelaDemocracia”, nas versões
impressa e digital. O filme pu-
blicitário será veiculado ain-
da em canais de TVs abertas
e pagas e em mídias sociais.
O amarelo foi a cor das Dire-
tas e, embora com variações,
principalmente na camisa da
seleção brasileira, tenha sido
apropriado por Jair Bolsona-
roeseusapoiadores, vemsen-
do resgatado por grupos com
bandeiras pró-democracia
surgidosnasúltimassemanas.
A ditadura militar foi mar-
cada por ausência de eleições
presidenciais diretas, interfe-
rência do regime nos Poderes
LegislativoeJudiciário,censu-
ra e repressão violenta à opo-
sição, com assassinatos e tor-
turacomopolíticasdeEstado.
“Oobjetivodas açõesémos-
de“mensagensilícitas”exempli-
ficando como atua a “associa-
çãocriminosa”queseinvestiga.
São 25 mensagens. Três delas
trazemreferênciaaintervenção
militaroucoisadogênero(“pas-
souahoradecontarmoscomas
forças armadas!”, me pareceu
a mais dura); seis delas usam
termos de baixo calão e xinga-
mentos (“canalhas”, “vagabun-
dos”,“crápulas)e16nãopassam
de opinião política mais ou me-
noscontundente.Metadedirige-
senãoapenasaoSupremo,mas
a outros Poderes e lideranças,
ousimplesmenteàsinstituições.
trar para esta geração o que
foi aquele regime de exceção,
seus horrores, a tortura siste-
mática,odesaparecimentode
adversários políticos, a cassa-
ção dos direitos fundamen-
tais”, diz Dávila. “Além disso,
acabar com o mito do regime
incorruptível e democrata.”
Na economia, a ditadura
adotou um modelo que, se te-
ve momentos de euforia, dei-
xouasementeparahiperinfla-
ção, aumento da desigualda-
de e endividamento externo.
Também favoreceu a cor-
rupção em grandes obras e
gerou escândalos que só não
foram mais divulgados em ra-
zão da falta de transparência
e da perseguição à imprensa.
Todoessepanoramaseráte-
ma de um curso online minis-
A Primeira Página da Folha
de 24 de abril de 1984, com
uma tarja amarela em
defesa da democracia
By_Lu*Ch@QuE
Aqueconclusãodevemosche-
gar?Oprimeiropontoénãojul-
garessascoisasapartirdogos-
to pró ou contra o governo. Se
alguém quer fazer isso,boa sor-
te. De minha parte, não faço.Se
o STF erra ao punir opinião, er-
ratambém ogoverno ao tentar
enquadrar na Lei de Seguran-
ça Nacional uma charge asso-
ciando o presidente à suástica
nazista. A pergunta é sobre di-
reitos. Sobre nossa capacidade
de separar o que é um crime e o
que é retórica odiosa ou ideias
que julgamos politicamente in-
suportáveis.Vamosrepetir:dois
trado pelo jornalista e escri-
torOscar Pilagallo. Emquatro
aulas, Pilagallo falará sobre a
armação do golpe, a escalada
autoritária, o endurecimento
do regime a partir do Ato Ins-
titucional nº 5 (1968) e a reto-
mada da democracia (1985).
“As pessoas, especialmente
as mais jovens, tendem a dar
de barato que a democracia é
uma coisa que sempre esteve
aí. Mas se esquecem, ou não
sabem, que nem sempre foi
assim”, afirma Pilagallo, au-
tor de “O Golpe de 64” (Três
Estrelas), entre outros livros.
Segundo ele, o discurso de
justificar o golpe e a repres-
são da ditadura para evitar
um mal maior, no caso uma
suposta ameaça comunis-
ta, tem crescido nos últimos
anos, propagado sobretudo
por Bolsonaro e seus aliados.
O presidente, que tem um
histórico de elogios ao perío-
do da ditadura, já participou
de atos de apoiadores que os-
tentavam bandeiras antide-
mocráticas. Um inquérito no
STF investiga quem financia
esse tipo de manifestação.
Pilagallo diz que seu objeti-
vo é que o curso seja analítico
e equilibrado, retratando fiel-
mente as diversas facetas da
ditadura. “O desafio é grande,
exatamente pela polarização
que vivemos. Qualquer visão
mais equilibrada tende a apa-
nhar dos dois lados”, afirma.
H INSCREVA-SE NO CURSO EM
oquefoiaditadura.folha.uol.com.br
terços das “mensagens ilícitas”
citadas no inquérito não pas-
sam de opiniões (dessas que a
internet anda abarrotada) so-
bre o STF e as instituições.
Podemos fazer de conta que
problema aí. Não acho que isto
expresseoslimitesquedesejamos
paraaliberdadedeexpressãoem
nossademocracia.Nãomerefi-
ro a ameaças de “estuprar” ou
“enforcar”quemquerqueseja.A
leibrasileiraébastanteclaraso-
brecomolidarcomessascoisas.
Merefiroexclusivamenteaote-
madaopinião.Individualouor-
ganizada,nãoimporta.Opinião
degruposmaisoumenosarticu-
lados,vistoqueéumdireitoque
pessoasdeesquerdaoudedirei-
ta se organizem, combinem “le-
vantar”hashtagsparadefender
as ideias (corretas ou não) que
julgarem conveniente defender.
Penso que o Brasil tem uma
Suprema Corte da qual deve se
orgulhar, por muitas razões.
Com críticas ao governo,
TCU arquiva ações sobre
licitação que excluiu Folha
-
Julio Wiziack
brasília Com críticas ao go-
verno, o TCU (Tribunal de
Contas da União) decidiu,
nesta quarta (24), arquivar
duas representações con-
trárias à exclusão da Folha
de edital de licitação da Pre-
sidência para a contratação
de acesso digital ao conteú-
do de jornais e revistas naci-
onais e internacionais.
Os ministros arquivaram
por unanimidade as ações
por causa da perda do obje-
to, já que o governo recuou
da medida. Decidiram, po-
rém, corrigir o voto do rela-
tor, Augusto Sherman, que,
ao recomendar os arquiva-
mentos, mostrou-se favorá-
vel à exclusão da Folha ou de
qualquer outro veículo em
uma futura licitação.
A exclusãodaFolha da lici-
tação da Secretaria-Geral da
Presidência ocorreu no final
de novembro, um mês após
Bolsonaro ter afirmado pu-
blicamente que havia reco-
mendadoocancelamentode
todas as assinaturas do jor-
nal por órgãos da adminis-
tração pública direta.
A lista do edital de licita-
ção contemplava 24 jornais
(sem a Folha) e 10 revistas.
Opregão tinha valor total es-
timado de R$ 194 mil.
Houve protestos e críticas.
Algumas entidades defende-
ram que Bolsonaro havia vi-
olado princípios constituci-
onais como os da impessoa-
lidade e moralidade. Pressi-
onado, o Palácio do Planalto
recuou da medida.
Na época, o subprocura-
dor-geral junto ao TCU, Lu-
cas Furtado, e o deputado
federal Paulo Teixeira (PT-
SP) entraram com represen-
tações na corte para que se
apurasse possível censura e
abuso de poder.
Para Furtado, a medida de
Bolsonaro possuía motivos
que “desbordam dos estrei-
tos limites da via discricio-
nária do ato administrativo”,
além de ofender os “princí-
pios constitucionais da im-
pessoalidade, isonomia, mo-
tivação e moralidade”.
Augusto Sherman, rela-
tor das representações, le-
vou seu voto a plenário nes-
taquarta-feiradefendendoo
arquivamento, diante da re-
vogação do ato pelo gover-
no, mas disse que a decisão
do Planalto havia sido legal.
“É opção administrativa
amparada pelo poder discri-
cionário do gestor a escolha
do rol de jornais/mídias de
quesepretendecontrataras-
sinaturas, não cabendo a es-
te tribunal interferir em tal
decisão”, afirmou Sherman.
a eee
Mas talvez lhe esteja faltando
umexercíciodeautocontenção.
Considerar que ministros cum-
prem uma função pública e es-
tãosujeitosàcríticapública.Da
mesmíssima forma que as de-
maisautoridadesdaRepública.
E mais: no contexto de uma
sociedade que tende sistemati-
camente a abusar da palavra.
Pelo excesso, pelo grotesco, pe-
la irresponsabilidade. E para
tudo isso encontra um antído-
to: a irrelevância.
Ademocracianãopodeconvi-
vercomaameaçadiretaeobjeti-
vadeviolência.Masigualmente
não deve conviver com o medo.
Omedodeexerceracrítica,por
ácida e contundente que seja.
Nãodeveríamosdeixarquea
paixãopolítica,queporvezespa-
receaúnicavariávelorientando
odebatepúblico,obstruanossa
defesadosdireitosmaiselemen-
tares. Direitos dos quais, tenho
certeza, a maioria de nós não
gostaria de abrir mão.
Dantas, que tinha pedido
vista dos processos, foi a fa-
vor dos arquivamentos, mas
alertou os demais ministros
dequeconcordarcomaposi-
ção de Sherman seria “chan-
celar a decisão da Presidên-
cia de cortar os veículos que
bem entender”.
“O interesse público nes-
sa questão é evidente”, disse.
“Não se compara [veículo de
comunicação]àscomprasde
equipamentos ou de papel
higiênico. Entender como
entendeu a Selog [unidade
técnica que instruiu os pro-
cessos] seria chancelar um
tipo de atuação da adminis-
tração [pública] que, a meu
ver, apresenta indícios de
desvio de finalidade.”
O voto de Dantas foi apro-
vado pelos ministros.
Apesar dos arquivamen-
tos, a procuradora-geral do
Ministério Público junto ao
TCU, Cristina Machado, de-
fendeu as investigações.
“A exclusão do maior e
mais lido veículo [do edital]
deveser,nomínimo,deanáli-
se da motivação sob pena de
estarmos fechando os olhos
para eventual retaliação.”
“O certame perdeu o obje-
to, mas não a possível ilicitu-
de”, afirmou o ministro An-
dré Luiz de Carvalho. “Me-
lhor prosseguir com a inves-
tigação.Nãohouveanulação
[do edital], algo que expres-
saria vontade própria, mas
umarevogação[imposição].”
Para ele, o governo poderá
tentar novamente algo simi-
lar em um novo edital. Ape-
sar disso, os ministros, por
unanimidade, acharam me-
lhor arquivar as duas repre-
sentações por perda de ob-
jeto, sem acatar a posição da
área técnica
“Se tiverem juízo, apalavra
de nossa procuradora-geral
é suficiente para tomarem
[o governo] cuidado”, disse
o ministro Raimundo Car-
reiro ao decidir pelo arqui-
vamento.
“
A exclusão do maior
e mais lido veículo
[do edital] deve
ser, no mínimo, de
análise da motivação
sob pena de
estarmos fechando
os olhos para
eventual retaliação
Cristina Machado
procuradora-geral do Ministério
Público junto ao TCU
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 A11

By_Lu*Ch@QuE
A12 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
poder
COMO CHEGAMOS AQUI?
A chapa Bolsonaro-Mourão é alvo de oito ações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sendo que outras duas
já foram arquivadas. Elas pedem a cassação do presidente e de seu vice. Apresentados em 2018, os pedidos têm como
base a Constituição, o Código Eleitoral e a Lei Complementar 64, que definem os possíveis casos de inelegibilidade.
Diferentemente de pedidos de impeachment na Câmara, que miram apenas o presidente, o eventual avanço de uma
dessas ações no TSE cassaria o mandato de Jair Bolsonaro (sem partido) e de seu vice, Hamilton Mourão (PRTB)
FOLHA EXPLICA
Entenda as acusações contra
Bolsonaro e Mourão no TSE
Ações podem levar à cassação da chapa e convocação de novas eleições
Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão em cerimônia de posse de André Mendonça no Ministério da Justiça, em abril
-
Daniela Arcanjo
e Géssica Brandino
ATAQUE CONTRA
GRUPO DE MULHERES
Quem moveu a ação?
Foramduasações.Umadaco-
ligação “Vamos Sem Medo de
Mudar o Brasil” (PSOL/PCB)
com Guilherme Boulos e ou-
tra da coligação “Unidos Para
Transformar o Brasil” (Rede/
PV) com Marina Silva.
Por quê?
A chapa é acusada de obter
vantagem eleitoral de forma
ilícitapormeiodainvasão,em
setembro de 2018, do grupo
“Mulheres unidas contra Bol-
sonaro”, no Facebook. Com o
nome alterado para “Mulhe-
res com Bolsonaro #17” a pá-
gina foi compartilhada pelo
então candidato Bolsonaro.
Os autores acusam mem-
bros da campanha de Bolso-
naro de participação indireta,
ao comemorar o ataque e es-
palhar notícias falsas contra
as administradoras do grupo.
OdeputadoEduardoBolsona-
ro (PSL-SP) também é alvo na
ação apresentada pela Rede.
Qual o andamento?
O julgamento começou em
novembro. Na ocasião, o mi-
nistro relator e corregedor
do TSE, Og Fernandes, pediu
o arquivamento de ambos os
processos, porém a sessão foi
interrompida pelo pedido de
vista de Edson Fachin. No dia
9, na retomada, Fachin abriu
divergênciaaopedirprovape-
ricial. O placar estava 3 a 2 pa-
ra o pedido de Fachin, quan-
do Alexandre de Moraes pe-
diu vista. Também falta votar
Luís Roberto Barroso.
Outro lado
As defesas do presidente Bol-
sonaro e do vice-presidente
Mourão negam participação
deles nas invasões. Os advo-
gados do presidente afirmam
$ que na época ele estava inter-
Como funciona nado após sofrer o atentado a
o processo no TSE faca eque oquefezfoiagrade-
cer o apoio ao se deparar com
um grupo que supostamente
Quem pode apresentar endossariasuacandidatura.A
uma ação? defesa também diz que o fa-
Qualquer partido, to não é grave, pois a invasão
coligação, candidato durou menos de 24 horas e só
ou o Ministério duas mensagens sem vincula-
Público Eleitoral ção com os candidatos foram
enviadas no período.
Quando as ações podem Os advogados de Mourão
ser apresentadas? afirmaram que a única acu-
Crimes eleitorais se sação contra ele seria de ter
referem a atos cometidos propagado uma notícia falsa
durante a campanha, ao dar entrevista a um jornal
e as ações devem ser de Manaus, dizendo que a pá-
movidas antes da gina na rede tinha sido com-
diplomação dos eleitos pradaporopositores.Adefesa
chamou a ação de “aventura
O que acontece após processual, com vistas a ma-
o julgamento? cularaimagem”dosacusados.
Se a representação for
julgada procedente, os
mandatos dos acusados OUTDOORS IRREGULARES
são cassados e eles Quem moveu a ação?
ficam inelegíveis por A coligação “O Povo Feliz de
oito anos, contados a Novo” (PT/PC do B/PROS).
partir do pleito. Eles
podem recorrer ao STF Por quê?
Abuso de poder econômico
Quem assume cometido pela suposta insta-
o Executivo? lação de dezenas de outdoors
Se a cassação ocorrer nos em 33 municípios de 13 esta-
dois primeiros anos do dos. A coligação aponta que
mandato, são convocadas a uniformidade das peças ca-
novas eleições. Se racterizariaaçãoorquestrada,
ocorrer na metade final além de não constar CNPJ e ti-
do mandato, os novos ragem do material.
chefes do Executivo são
escolhidos em eleição Qual o andamento?
indireta no Congresso O TSE rejeitou a ação nesta
terça-feira (23) por unanimi-
dade. Nos votos, os ministros
alegaram que não há provas
suficientes e que a instalação
deoutdoorsemalgumascida-
des não causou desequilíbrio
em uma eleição presidencial.
Outro lado
As defesas de Bolsonaro e
Mourão alegaram que eles
nãosãoresponsáveispelassu-
postas condutas ilegais e que
os outdoors foram instalados
antes do período das eleições.
By_Lu*Ch@QuE
Pedro Ladeira - 29.abr.20/Folhapress
MENSAGENS
CONTRA HADDAD
Quem moveu a ação?
Foram três ações. Uma da co-
ligação “O Povo Feliz de No-
vo” e duas da “Brasil Sobera-
no” (PDT/Avante).
Por quê?
A partir de reportagem da
Folha que revelou indícios de
que empresários bolsonaris-
tas financiaram o envio em
massa de mensagens contra
o candidato da coligação, Fer-
nando Haddad (PT), a chapa
é acusada de abuso de poder
econômicoeusoindevidodos
meiosdecomunicaçãodigital.
Qual o andamento?
Asaçõesestãoemprocessode
coleta de provas. No dia 12, Og
Fernandes negouarequisição
de documentos para a CPMI
das Fake News no Congres-
so e para o TRE-SP, mas aten-
deu o pedido de consulta ao
ministro Alexandre de Mora-
es sobre o compartilhamento
de provas do inquérito das fa-
ke news no STF. Os advogados
deBolsonarosemanifestaram
contra o compartilhamento.
Em outubro de 2019, seis
operadoras entregaraminfor-
mações solicitadas pela Justi-
ça Eleitoral no âmbito de uma
das ações movidas pelo PDT.
Outro lado
AsdefesasdeBolsonaro,Mou-
rão e do principal sócio da
empresa investigada, Yacows,
afirmamque a reportagem da
Folha não apresenta provas
de ilegalidades. Alegam, ain-
da, que material jornalístico
não é suficiente e que os acu-
sadores não mostraram “ele-
mento concreto” de ilicitude.
USO FRAUDULENTO
DE CPFS
Quem moveu a ação?
A coligação “O Povo Feliz de
Novo” (PT/PC do B/PROS).
Por quê?
Com base em relato e docu-
mentos apresentados à Jus-
tiça do Trabalho, reportagem
da Folha revelou que empre-
sas recorreramaousofraudu-
lentodenomeeCPFdeidosos
para registrar chips de celular
nas eleições de 2018.
Aoperaçãogarantiaodispa-
ro de lotes de mensagens em
benefício de políticos. Para a
coligação do PT, “tais condu-
tas são ilegais, uma vez que
consubstanciam usoderobôs
em campanha eleitoral, falsi-
dade ideológica para propa-
ganda e compra irregular de
cadastros de usuários”.
Qual o andamento?
Em processo de produção de
provas. A ação é uma das que
serábeneficiadapelocompar-
tilhamento de provas do in-
quérito das fake news.
Outro lado
A defesa de Lindolfo Alves Ne-
to,sóciodetrêsempresasacu-
sadas, disse que a compra de
chips não constituiria crime.
Segundo seu advogado, eles
são vendidos no mercado e
usados para envio de mensa-
gens sem cadastro.
TRATAMENTO
PRIVILEGIADO DA RECORD
Quem moveu a ação?
AcoligaçãoPT/PCdoB/PROS.
Por quê?
AcoligaçãoalegaqueaTVRe-
cordeoportalR7afrontaram
oprincípiodeigualdadeaosu-
postamente dar tratamento
privilegiadoaBolsonaro,oque
configuraria uso indevido de
meiosdecomunicação.Aação
citaqueEdirMacedo,donoda
Record, declarou apoio a Bol-
sonaro no Facebook.
Qual o andamento?
A ação foi julgada improce-
dente em outubro de 2019.
a eee
Em decisão unânime, os mi-
nistros entenderam que as re-
portagens da Record eram de
cunho jornalístico, sem qual-
querpedidodevoto.Emmaio
deste ano, porém, a coligação
do PT pediu esclarecimentos
de “suposta omissão e contra-
dição” nos autos.
Outro lado
Osadvogadosdosveículosde-
fenderam o respeito às liber-
dades de expressão e jornalís-
tica e disseram que não cabia
à coligação interferir na linha
editorial. Também alegaram
que a isonomia na eleição não
foi prejudicada e que a repor-
tagem tratava apenas do es-
tado de saúde de Bolsonaro.
COMUNICADO EM EMPRESA
Quem moveu a ação?
AcoligaçãoPT/PCdoB/PROS.
Por quê?
Emoutubrode2018, a chapae
o empresário Denisson Mou-
ra de Freitas foram acusados
de abuso de poder econômi-
co. Nas eleições, Freitas, do-
no da empresa Komeko, soli-
citou,em um comunicado em
áudio, que seus funcionários
usassem camisetas e adesivos
em apoio a Bolsonaro.
Qual o andamento?
Em dezembro de 2018 a ação
foi julgada improcedente pe-
lo TSE, que concluiu não ha-
ver abuso no engajamento do
empresário, que não fez ame-
aças aos funcionários. A ação
foiarquivadaemabrilde2019.
Outro lado
A defesa de Mourão disse que
ele não tinha conhecimen-
to do áudio veiculado e que
não há prova de que a chapa
tenha pagado qualquer ma-
terial. Os advogados de Bol-
sonaro disseram que, quan-
do ele soube que empresários
estavam manifestando apoio
a ele em ambiente profissio-
nal, usou as redes sociais para
pedir que não fizessem isso.
AdefesadeFreitasdisseque
depois de o ato ter sido apon-
tado como abusivo, desistiu
da distribuição de camisetas.
CONSTRANGIMENTO DE
FUNCIONÁRIOS DA HAVAN
Quem moveu a ação?
AcoligaçãoPT/PCdoB/PROS.
Por quê?
Segundo a coligação do PT, o
empresárioLucianoHang,do-
nodaredeHavan,constrangia
funcionários a votar no então
candidato do PSL. Alegou-se
“ameaças de fechamento de
lojas e dispensa de funcioná-
rios” e uma suposta pesquisa
para saber em quem os fun-
cionários votariam. À época,
o Ministério Público do Tra-
balho em Santa Catarina pe-
diu a cobrança de multas de
Hang sob a acusação de coa-
gir funcionários.
Qual o andamento?
Processofoiarquivadoemde-
zembro de 2018. Os ministros
entenderam que a ação base-
ou-se na liminar do Ministé-
rio Público do Trabalho e em
reportagens sobre a amizade
de Hang e Bolsonaro, provas
que seriam inconsistentes.
Outro lado
AdefesadeBolsonaroafirmou
que não havia provas de inter-
ferência dele nas ações prati-
cadas por Hang. A de Mourão
negou que houve constrangi-
mentoaosfuncionários,argu-
mentando que muitos o apoi-
aramporassumiroposiciona-
mento pró-Bolsonaro.
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 A13

By_Lu*Ch@QuE

Resposta aos ataques do Itaú.

Pela transparência com os clientes
e a transformação do mercado financeiro.

Estamos há 20 anos lutando contra um sistema financeiro concentrado que nunca inovou
e nunca se preocupou com o que realmente importa: o cliente.

Tenho certeza que os bancos preferem o Brasil do passado, com juros altos e baixa concorrência,
explorando ainda mais os empresários e os investidores individuais.

Quem nunca recebeu uma oferta do seu banco com um cheque especial abusivo, um empréstimo
com as mais altas taxas de juros do mundo, um “investimento” na caderneta de poupança, um título de capitalização
desnecessário, um fundo com taxas exorbitantes, um consórcio para bater a meta do fim do mês e assim por diante?

Temos muito orgulho do que estamos construindo. Comecei em uma sala de 25m² como assessor de investimentos
e conseguimos, quase 20 anos depois, fazer com que mais de 2 milhões de brasileiros invistam melhor.
Contribuímos para a criação de uma nova indústria, com mais competição, melhores produtos, melhores serviços
e mais alinhamento com o cliente.

Desde o início, levamos educação financeira para as pessoas e mostramos que investimento
se faz com visão de longo prazo e transparência.

Para alcançar a nossa missão, contamos com mais de 7.000 assessores independentes, que trabalham
incansavelmente para trazer as melhores oportunidades para os investidores.

A nova campanha do Itaú ataca o comissionamento dos assessores na distribuição de produtos financeiros,
como se ganhar dinheiro com o trabalho fosse errado. Sempre fomos transparentes nisso. O assessor é um empresário,
um empreendedor que tem a sua própria empresa e somente sobrevive se a visão for de longo prazo, com um cliente
realmente satisfeito e com muita ética em todos as suas atitudes. Se ele falhar, não poderá mudar de emprego, mas, sim,
fechará o seu negócio.

Com certeza temos muitos pontos a evoluir, natural de toda empresa. Mas trabalhamos duro para melhorar
sempre e tenho orgulho de dizer que temos o maior índice de satisfação de todo o sistema financeiro brasileiro
(NPS de 71 auditado). Para nós, essa é a melhor prova da sustentabilidade do nosso negócio.

A campanha do Itaú só reforça que estamos no caminho certo. Para o maior banco do país, com mais de 90 anos
de tradição, ir a público e ofender uma profissão tão fundamental para o desenvolvimento financeiro dos
brasileiros, é porque realmente percebeu que não consegue mais competir colocando o cliente em primeiro lugar.

Tenho uma certeza: se tem algo que o banco não é, nem nunca foi, é ser feito para você.

Apesar de toda a nossa história, estamos só no começo. Podem ter certeza de que não descansaremos enquanto
todos os abusos dos bancos não acabarem.

Nosso propósito: transformar o mercado financeiro para melhorar a vida das pessoas.
A14 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 a eee
By_Lu*Ch@QuE
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 A15

By_Lu*Ch@QuE poder

Bolsonaro ‘fura bolha’ e negocia com nanicos

Em blindagem contra impeachment, presidente pretende ampliar sua base para além do centrão e planeja viagens
-
Daniel Carvalho por aliados nos estados que voaraferroviaTransnordesti- BR-381entreGovernadorVala- naro haver deficiência na co- lhado por pessoas próximas
viram governadores adver- na e inaugurar obra da trans- dares e Belo Horizonte (MG), municação institucional do a, além de tentar fortalecer
brasília Em meio às crises sários se apropriando do ca- posição do rio São Francisco. e uma ponte sobre o rio Ma- Planalto. Diariamente, em su- sua relação com o Congresso,
sanitária, econômica e polí- pital político de empreendi- Na semana que vem, está pre- deira, em Rondônia, na BR- as redes sociais, o presidente se distanciar da polêmica en-
tica, o presidente Jair Bolso- mentos bancados pela União. vistaviagemaPalmas(TO)pa- 364, que vai ligar o Acre à Ma- lista de forma burocrática re- volvendo seu filho e a esten-
naropretendeampliarsuaba- “Há uma série de sugestões ra entregar máquinas. lha Rodoviária Nacional e cri- alizações do Executivo. der uma bandeira branca ao
se no Congresso para além do de visitas para entregas de O Ministério da Infraestru- ar um corredor com o Peru. Para se esquivar das crises, Supremo Tribunal Federal.
centrão, furando a bolha des- obras. A ideia é viajar toda se- tura vai apresentar na próxi- “O governo federal tem fei- Bolsonaro parou de falar com Desde a semana passada, a
se bloco de partidos e negoci- mana”, disse o líder do gover- ma semana mais de 30 obras to muitas ações e, por ausên- jornalistas e, quando muito, Secom (Secretaria de Comu-
ando diretamente com legen- no no Senado, Fernando Be- que podem ser inauguradas cia do presidente, capitaliza o conversa por alguns minutos nicação) passou a ficar debai-
das menores. zerra Coelho (MDB-PE). no segundo semestre, como governador”, afirmou o líder com apoiadores que são cha- xo do recém-criado Ministé-
Além disso, pretende rodar O périplo começa nesta sex- a segunda ponte sobre o rio do PSC na Câmara. mados para o jardim do Alvo- rio das Comunicações, sob o
o país fazendo inaugurações ta (26), quando vai a Penafor- Guaíba, em Porto Alegre (RS), No café da manhã, parla- rada, longe dos microfones. comando do deputado Fábio
e entregas. É uma tentativa te,nointeriordoCeará,sobre- mais 66 km de duplicação na mentares disseram a Bolso- Bolsonaro tem sido aconse- Faria (PSD-RN).
de impor uma agenda positi-
va, com a justificativa de não
deixar que governadores se
apropriemdefeitosdeseugo-
verno e para prestigiar regio-
nalmente seus aliados.
Nesta quarta (24), Bolsona-
ro recebeu a bancada do PSC
(9 deputados e 1 senador) em
café no Palácio da Alvorada. A
bancada ficou de apresentar
ao general Luiz Eduardo Ra-
mos (Secretaria de Governo)
a lista de cargos em que tem
interesse nos estados.
“Isso está se ajustando. Tem
muita gente de outros gover-
nos ocupando cargo. Se ele fi-
zer isso, não vai estar se con-
trapondoaoquefalounacam-
panha.Nãovaidarministério.
Agora,abasealiadaparticipar
da gestão é natural e republi-
cano. É prestígio”, disse à Fo-
lha o líder do PSC na Câma-
ra, André Ferreira (PE).
Bolsonarofoieleitocomum
discurso que condenava a po-
líticaenegavaatrocadeapoio
no Congresso por espaços no
governo. Neste ano, porém,
ele refez seu posicionamento.
A negociação direta com
partidos menores represen-
ta uma mudança na estraté-
gia.ComoaFolhamostrouem
maio, o Palácio do Planalto vi-
nhaoferecendooscargosàcú-
pula do centrão —Progressis-
tas, PL e Republicanos— para
que estes gerenciassem as va-
gasparaaslegendasmenores.
Agora, Bolsonaro quer in-
cluir partidos além daqueles
que integram o centrão na re-
dedeproteçãoquetentacons-
truir no Congresso para se
blindar de um eventual pro-
cesso de impeachment caso
os desdobramentos da prisão
de Fabrício Queiroz agravem
a atual crise política.
Nasemanapassada,nomes-
mo dia em que o ex-assessor
do senador Flávio Bolsonaro
(Republicanos-RJ) foi detido,
opresidentealmoçoucomde-
putadosedissequequerfazer
reuniõesfrequentescominte-
grantes do Congresso.
Queiroz foi preso em um
imóvelemAtibaia(SP)perten-
cente ao advogado Frederick
Wassef, responsável pelas de-
fesas de Flávio e de Bolsonaro
até o domingo (21). O manda-
do de prisão foi expedido pe-
la Justiça do Rio de Janeiro.
Além de o policial reforma-
do ter sido preso preventiva-
mente, há mandado de prisão
contra a mulher dele, Márcia
Aguiar, que foi assessora de
Flávio na Assembleia Legis-
lativa do Rio de Janeiro.
O fato de Bolsonaro ter am-
pliado seu diálogo para além
das fronteiras do centrão não
significa que o grupo vai per-
der espaço no governo.
Na semana passada, auxili-
ares palacianos disseram que
opresidentesinalizouqueno-
vos indicados do centrão de-
vem ser nomeados para car-
gosdesegundoeterceiroesca-
lõesnospróximosdias,naten-
tativa de assegurar apoio em
um momento de fragilidade.
Em outra frente, Bolsona-
ro quer viajar pelo país en-
tregando de equipamentos e
inaugurando de obras.
Por causa da pandemia, o
presidente viajou pouco no
primeiro semestre. A última
inauguração da qual partici-
pou foi em fevereiro, ao cor-
tar a fita da alça de ligação da
ponte Rio-Niterói à Linha Ver-
melha. Noprimeirosemestre,
oMinistériodaInfraestrutura
contabilizou 31 inaugurações.
O presidente foi cobrado
A16 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
mundo coronavírus
EUA registram 35 mil infectados em
24 horas e temem focos até dezembro
País teve terceiro pior dia desde os primeiros registros da doença; houve aumento em 26 estados
-
Marina Dias
washington Foiprecisotrocar
a metáfora para tentar expli-
car o aumento de novos casos
de coronavírus em mais da
metade dos EUA —nesta ter-
ça (22), opaís somou 35 mil in-
fectados, no terceiro pior dia
desde o início da pandemia.
Especialistas e técnicos do
governo americano substitu-
íram a tese de que uma forte
segundaondavai atingir o pa-
ís até o fim do ano pela ideia
de que haverá surtos em vá-
rias regiões, em espécie de
incêndio que pode se alastrar
até depois de dezembro.
A intensidade e a extensão
das chamas —que podem se
espalhar caso não sejam con-
troladas— vão depender da
capacidade de testagem e do
processo de reabertura eco-
nômica, em curso em todos
os 50 estados americanos.
Regiões que não reendure-
cerem suas regras de higiene
e distanciamento social em
meio aos repiques, por exem-
plo, devem ser mais impacta-
das e se tornar um problema
para o restante do país.
“Temosqueparardepensar
emondas.Nolugardisso,ima-
ginaria um incêndio que cres-
ce em brasas. Se essas brasas
pousam num lugar onde as
pessoas não estão tomando
o cuidado necessário, elas ex-
plodem”, afirma John Swartz-
berg,especialistaemdoenças
infecciosas da Universidade
da Califórnia em Berkeley.
Líderes da pandemia no
mundo, os EUA registram
mais de 2,3 milhões de casos
e 121 mil mortes por Covid-19.
Segundo levantamento do
jornal The New York Times,
26 dos 50 estados america-
nos tiveram aumento susten-
tado de novos casos da doen-
ça nos últimos 14 dias —mes-
mo depois de o país ter regis-
trado tendência nacional de
queda no fim do mês passado.
Apesar do temor de que
protestos que reuniram mul-
tidões contra o racismo pu-
dessem contribuir para que
os números subissem ainda
mais,especialistasouvidospe-
la Folha dizem que a situação
piorou principalmente emes-
tados que retomaram as ativi-
dadesde formaprematuraou
naqueles que não haviam si-
doatingidos devez pelovírus.
“O que estamos vendo atu-
almente é o aumento de no-
voscasosemestadosquenun-
ca foram realmente bloque-
ados e estão reabrindo sem
nunca terem reduzido mui-
to a transmissão”, diz o epide-
miologista Arnold Monto, da
Universidade de Michigan.
Com 50%, Biden está 14 pontos à frente de Trump
the new york times Joe Biden
abriu uma vantagem signifi-
cativa sobre o presidente Do-
nald Trump na corrida para
2020, aumentando sua lide-
rança entre as mulheres e os
eleitores não brancos e regis-
trandoaumentoemsuaapro-
vação por alguns grupos tra-
dicionalmente republicanos
queseafastaramdopresiden-
te após sua reação ineficaz à
pandemia do coronavírus.
Os resultados são de uma
nova pesquisa nacional fei-
ta pelo New York Times e o
Siena College. Biden está 14
pontos percentuais à frente
de Trump, com 50% dos vo-
tos contra 36%. É uma das
menores porcentagens de
intenções de votos de Trump
e um sinal de que ele é clara-
menteoazarãonomomento.
O republicano foi um líder
impopular durante pratica-
mente toda sua Presidência.
Fez poucos esforços desde a
“Não é uma segunda on-
da, são crises onde pessoas
que estão em um lugar com
algum grau de transmissão
se reúnem e passam muito
tempo sem máscaras.”
Os quadros mais preocu-
pantes estão no sul e na cos-
ta oeste dos EUA, como Okla-
homa, Missouri, Arizona, Fló-
rida e Texas, que chegou a re-
gistrar 5.400 novos casos em
um único dia nesta semana.
Governados por republi-
canos, do partido de Donald
Trump, essesestados retoma-
ram suas atividades no início
de maio, ainda sem ampla ca-
pacidade de fazer testes e de
monitorar novos casos.
Nestasemana,aFlóridache-
gou a mais de 100 mil casos, o
Texas,119mil,eoArizona,54,7
mil.Missouriaparececom18,7
milcasoseOklahoma,10,7mil.
Governada por um demo-
crata, a Califórnia foi um dos
primeirosestadosaentrarem
quarentena nos EUA e tam-
bém figura entre os que regis-
tram aumento nos novos ca-
sos. Especialistas tentam en-
tender as razões para os picos
nesse cenário —além da rea-
bertura em andamento, que
incluiu parques e praias, de-
mografia e densidade popula-
cional devem entram na con-
ta, assim como a testagem.
O maior número de testes
é usado como argumento pe-
las autoridades estaduais —e
também por Trump— para o
justificar o aumento de casos,
mas especialistas dizem que
só isso não é suficiente para
explicar os repiques, já que as
hospitalizações e a porcen-
tagem de testagem positiva
também aumentaram.
Durante um comício em
Oklahoma no fim de sema-
na, Trump afirmou que havia
orientado o governo a dimi-
nuir a testagem, para que os
números baixassem nos EUA.
Três dias depois, Anthony
Fauci, diretor do Instituto de
Doenças Infecciosas e um dos
especialistasmaisrespeitados
do país, desmentiu o chefe.
Em sessão no Congresso na
terça (23), Fauci, que integra
a força-tarefa sobre corona-
vírus na Casa Branca, disse a
parlamentares que não rece-
beu nenhuma orientação de
Trump para diminuir os tes-
tes. “É o oposto. Vamos fazer
mais testes, e não menos.”
O médico disse que tem vis-
to “um aumento perturbador
de infecções” em vários esta-
dosequeospróximosdias“se-
rão cruciais para observar co-
mo vamos endereçar as ques-
tões [de controle dos repi-
ques], principalmente no Ari-
zona, na Flórida e no Texas.”
2016 para ampliar seu apoio
além da base de direita que
o levou ao cargo com 46% do
votopopularevitóriamodes-
ta no Colégio Eleitoral.
Mas em um recorte expres-
sivo do eleitorado a desapro-
vação a Trump cresceu con-
forme seu governo deixou de
conter o novo coronavírus
que paralisou a economia e,
depois, quando ele reagiu à
onda de protestos por justiça
racialcomumdiscursoagres-
sivo e ameaças militares.
A imagem que surge é a de
um país pronto para rejeitar
um presidente que, para a
maioria, falhou nos princi-
pais testes em seu governo.
Biden supera Trump por
margens enormes entre os
eleitoresnegrosehispânicos,
e as mulheres e jovens pare-
cem inclinados a escolher
Biden por uma margem ain-
da maior do que preferiram
Hillary Clinton em 2016. Mas
a eee
By_Lu*Ch@QuE
O consenso entre os especi-
alistas é que, caso não sejam
controlados, esses picos po-
demseespalharporoutrasre-
giões e atingir inclusive esta-
dos que já passaram pelo pior
e começaram sua reabertura
de forma gradual, como No-
va York, com mais de 393 mil
casos e quase 31 mil mortes.
Noestadomaisatingidodos
EUA, os nova-iorquinos cum-
priram uma rigorosa quaren-
tena de quase três meses e ini-
ciaram a reabertura somente
em 8 de junho. Na cidade de
Washington, por sua vez, a se-
gunda fase de retomada eco-
nômica começou nasegunda-
feira (22), depois de alguns pi-
cos de novos casos, seguidos
de uma tendência de queda.
Além da capital, 15 estados
registram baixa nos novos ca-
sosnasúltimasduassemanas.
Especialistas e autoridades
já projetavam os repiques di-
ante da reabertura, mas co-
mo esses picos têm ou não si-
do controlados é a principal
preocupaçãoapartirdeagora.
A avaliação é que, entre ju-
Equipe realiza testes drive-thru na Flórida, onde houve repique de casos Chandan Kahanna/AFP lho e agosto, no verão do he-
misfério norte, as pessoas re-
laxemseuscomportamentos.
Aumento de casos de Covid-19 nos EUA As chances de infecção ao ar
Total de casos no país por dia livrediminueme,porestarem
fora de casa, elas podem criar
40.000 umafalsasensação denorma-
35.023 lidade. Swartzberg diz que es-
35.000 33.965
sa também pode ser uma das
30.000 26.751 explicações para o fato de os
Total dos EUA protestos não terem causa-
25.000
do explosões de novos casos.
20.000 21.894 2.348.976 “Os atos aconteceram nas
ruas, aoarlivre,onde o contá-
15.000 casos
gioémaisdifícil.Alémdisso, a
10.000 maioria usava máscara, o que
5.000
88
121.178 pode nos fazer pensar que es-
se acessório é ainda mais im-
mortes
0 portante do que a gente pen-
1.mar 1.abr. 1.mai 1.jun. 23.jun. sava durante essa pandemia.”
Monto acrescenta que,
em estados como Nova York
Por estado e Michigan, onde os atos
Casos por dia aconteceram ainda sob re-
8.152 gras de quarentena e de-
8.000
pois de níveis muito altos
de contaminação, os índices
estão inclusive em queda.
6.149 Califórnia Para eles, são necessárias
6.000
ao menos duas medidas para
5.080 Texas impedirqueessesnovospicos
se espalhem de maneira uni-
4.000 3.630 Arizona forme e ainda mais preocu-
3.879
pante pelos EUA: mais testes
3.286 Flórida e a possibilidade de retomar
2.529 a quarentena em estados on-
2.000 1.848 de a situação está piorando.
1.234 598 Nova York* A tese, porém, é bloqueada
415 Missouri pela barreira política.
218 Oklahoma** Trump diz que não vai de-
0 cretar mais uma vez o fecha-
1.mar 1.abr. 1.mai 1.jun. 22/23.jun. mento dos Estados Unidos
e é seguido por governado-
Total de casos Total de mortes res como Ron DeSantis, da
Em milhares Flórida, que afirma que não
30.970
voltará à quarentena —am-
393,9
bos com medo do impacto
econômico das restrições.
Já Greg Abbott, do Texas,
alarmou-se com os mais de
191,0 5.000 casos em um dia nes-
124,2 ta semana em seu estado e
103,5
58,4 5.637 pediu que as pessoas fiquem
3.237 em casa depois de quase um
19,1 11,0 2.246 1.398 993 371
mês e meio de reabertura.
“Infelizmente, aprendemos
ri
a
ri
C a rk
na
C a rk
na
xa
xa
m
m
ni
ni
id
id
ou
ou
que é muito fácil reabrir, mas
Yo
Yo
i zo
i zo
ór
ór
ór
ór
ho
ho
Te
Te
is s
is s
va
va
Fl
Fl
lif
lif
Ar
Ar
la
la
é bem mais difícil fechar de
M
M
No
No
Ok
Ok
novo depois disso”, completa
*Um dos estados mais afetados, mas em tendência de queda **Dado de 22.jun Fonte: The New York Times
o professor de Berkeley.
o ex-vice também empata A pesquisa revelou que Bi- PACOTE MENSAL NO EZ
comTrumpentreoshomens, den diminuiu a vantagem de ROOM SERVICE ACADEMIA ESTACIONAMENTO SEGURANÇA CLEAN
brancos e pessoas de meia- Trump entre os brancos me-
STUDIO
idade ou idosas, que costu- nos instruídos. O êxodo de
3750,
CULINÁRIA JAPONESA
mavam ser a espinha dorsal eleitores brancos do Parti- E CONTEMPORÂNEA MENSAL 00
do sucesso republicano. do Republicano foi acentua- 2 RESTAURANTES A PARTIR
Arlene Myles, 75, de Den- do entre os jovens, tendência CAFETERIA
ver, disse que foi republica- perigosaparaquemjádepen- BAR
na por quase 60 anos antes dia muito dos mais velhos.
de mudar seu registro para Entre os brancos com me-
independente no início de nos de 45 anos, 52% disseram
2020. Myles disse que resol- apoiar Biden, e 30%, a favor
veu “dar uma chance”, mas de Trump. E mais que o do-
concluiu que Trump e seu bro de brancos jovens o ve-
partido eram irremediáveis. em de modo muito desfavo-
“Eu achava que era uma rável do que muito favorável.
boa republicana e que eles Alguma indecisão sobre
tinham os mesmos valores Trumpderivadasatitudesra- WHATSAPP
que eu, mas eles falharam to- ciais dos eleitores. Segundo a 98880-6303 FACEBOOK.COM/EZHOTEIS
talmente nos últimos anos.” pesquisa,oseleitoresbrancos (11) 3346-7799
As mulheres brancas com com menos de 45 anos são
diploma universitário prefe- majoritariamente apoiado- HıGIENIZAÇÃO | RECOMENDAÇÕES OMS
rem Biden aTrumpcom mar- res do movimento Vidas Ne-
gem de 39 pontos percentu-
ais. Em 2016, pesquisas de
boca de urna revelaram que
gras Importam, enquanto os
brancos mais velhos têm opi-
niões mais duvidosas sobre o
WW W . EZHOTEIS . COM .BR
AV. ARMANDO FERRENTINI, 668 - ACLIMAÇÃO - SÃO PAULO - 5M. AV.PAULISTA
esse grupo preferia Hillary a ativismo por justiça social.
Trump por 7 pontos. Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
a eee
Máscaras entram na guerra cultural
Uma minoria de americanos trata a exigência com a paixão ao direito de portar armas
- Desde março, epidemiologis-
Lúcia Guimarães
É jornalista e vive em Nova York desde 1985. Foi correspondente da TV Globo, da TV Cultura e do canal GNT, além de colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo
Aimagemdosrostossorridentes
era assustadora. Com raras ex-
ceções, não se via máscaras co-
brindo o rosto das pessoas que
encheramumauditóriocomca-
pacidade para 3.000 em Phoe-
nix,noArizona,naterça(23),pa-
ra mais um comício de Donald
Trump. O Arizona está baten-
do recordes de contaminação
porcoronavíruseogovernoes-
tadual não tem capacidade de
aplicar testes em larga escala.
O sistema hospitalar do esta-
do está perto do esgotamento.
| dom. Sylvia Colombo | seg. Mathias Alencastro | qui. Lúcia Guimarães | sex. Tatiana Prazeres | sáb. Roberto Simon, Jaime Spitzcovsky
Manifestantes pelo mundo exibem mensagens em suas máscaras, item básico no combate ao coronavírus
Na pandemia, máscaras se
tornam cartazes em protestos
Manifestações depois da morte de homem negro trouxeram novas práticas
-
Daniela Arcanjo
são paulo Na eclosão dos pro-
testos antirracismo nos EUA,
a ativista Trinice McNally es-
treou uma atividade em sua
militância: organizar a entre-
ga de máscaras aos manifes-
tantes. A educadora tem par-
ticipado dos atos do distrito
de Columbia por meio do Mo-
vimento por Vidas Negras.
Na pandemia, as máscaras
Bispos da Universal em Angola tomam controle de templos
-
Gilberto Nascimento
são paulo | bbc news brasil Um
grupo de bispos e pastores
da Igreja Universal do Rei-
no de Deus em Angola afir-
mouterassumido nasegunda
(22) o controle de 35 templos
em Luanda e cerca de 50 em
outras províncias do país.
Os religiosos angolanos de-
clararam ruptura com a ges-
tão brasileira. É um movi-
mento sem precedentes, que
começou em novembro de
2019, com a divulgação de
um manifesto com críticas à
direção brasileira da igreja.
Emnotaoficial,aIgrejaUni-
versaldoReinodeDeusdeAn-
gola afirmou que alguns tem-
plos no país foram invadidos
Phoenix foi a segunda para-
da de Trump na volta à estra-
da em campanha desde o início
da quarentena em março. No
sábado (20), Trump esperava
dezenas de milhares de segui-
dores no estádio de Tulsa, em
Oklahoma, e teve que se con-
tentar com 6.200, a maioria re-
cusando a oferta de máscaras.
Múltiplos estudos têm com-
provado a eficácia do uso de
máscaras em público por
todaapopulaçãoparacomba-
ter a propagação da Covid-19.
que invadiram o cotidiano da
população estão também em
manifestações políticas,onde
viraram uma espécie de car-
taz para palavras de ordem.
A morte de George Floyd foi
o estopim para dias seguidos
de protestos pelo mundo. No
dia 12 de junho, em Atlanta, a
morte de outro negro pela po-
lícia gerou novos protestos.
As máscaras distribuídas
por McNally estampavam du-
“por um grupo de ex-pastores
desvinculados da instituição
por práticas e desvio de con-
dutas morais e, em alguns ca-
sos, criminosas e contrárias
aos princípios cristãos exigi-
dos de um ministro de culto”.
A Universal diz que os ex-
pastores teriam usado vio-
lência e promovido “ataques
xenófobos”, além de agredir
pastores, esposas de pastores
e funcionários “com objetivo
de tomar de assalto a igreja,
com propósitos escusos”.
A Universal é liderada pelo
bispo brasileiro Edir Macedo
e tem 10 mil templos espalha-
dos por mais de cem países.
Reúne500milfiéisemAngola.
O controle será assumido,
segundoogruporebelado,pe-
By_Lu*Ch@QuE
Mas,nosEUA,opresidentene- de americanos trata a exigên-
gacionistafoioprimeiroasabo- ciadousodemáscaracomuma
tararecomendaçãodesuapró- paixãoreservadahistoricamen-
pria força-tarefa. Trump não é te ao direito de portar armas.
fotografado em público usan- Ascenasdeviolênciaemlocais
do máscaras, não só por vai- fechadosqueexigemusodemás-
dade e temor de parecer fraco, caras,comosupermercados,se
mastambém,elepróprioadmi- repetem, com empregados ca-
tiu,paranãodarprazeraosque çando fregueses, muitas vezes
chama de inimigos na mídia. idosos vulneráveis, que não ad-
Assim, a mais barata e fácil mitem ter escolhido ambas —
de improvisar proteção con- independênciaepossívelmorte.
tra a contaminação em mas- A liberdade individual é par-
sa se tornou uma bandeira na te do imaginário que formou a
guerra cultural. Uma minoria república americana. Mas esse
Reuters e AFP
as mensagens: “Stop killing A peça já havia sido usada
black people” (parem de ma- massivamente emoutrospro-
tar a população negra) e “de- testos mesmo antes da pan-
fund the police” —descapita- demia. No ano passado, ela
lize a polícia, movimento que se tornou símbolo dos mani-
questionaaverbadestinadaàs festantes pró-democracia de
forças de segurança dos EUA. Hong Kong. “Saíamos com
A ativista diz que identifica máscaras, mas elas serviam
aqueles que estão desprotegi- para nos proteger de gás e
dos, oferece o acessório e ain- bombas”, explica o ativista
da engaja-os na causa. “Não Tam Tak-Chi. Muitas eram an-
encontrei ninguém que não titóxicas,nãocirúrgicas.Enão
tenha agradecidoe colocado.” funcionavam como cartazes.
lo bispo Valente Bezerra Luiz, igreja no país, o bispo brasilei-
então vice-presidente da igre- ro Honorilton Gonçalves, ex-
ja, que passará a se chamar vice-presidentedaTVRecord.
Igreja Universal de Angola. Os Os religiosos dizem não te-
dissidentes dizem já ter o co- rem sido atendidos. No ma-
mando de 42% dos templos. nifesto, já pediam aos líderes
Bisposepastoresangolanos brasileiros da igreja que dei-
acusamadireçãobrasileira de xassemo paísparaque a insti-
evasãodedivisas,expatriação tuição passasse a ser adminis-
ilícita de capital, racismo, dis- trada apenas por angolanos.
criminação, abuso de autori- Dinis Bundo, identificado
dade, imposição de vasecto- como obreiro da Universal e
mia a pastores e intromissão porta-voz do grupo rebelado,
na vida conjugal deles. reclamou das benesses aos
Reclamam ainda de privi- brasileiros. Segundo ele, as
légios a bispos brasileiros e melhores igrejas sempre fo-
pediam uma maior valoriza- ram designadas aos brasilei-
ção do episcopado angolano. ros, beneficiados com bons
O manifesto elaborado em salários e carros modernos.
novembro e assinado por 320 Bundo afirmou que, além
bispos e pastores foi encami- das 35 igrejas em Luanda, os
nhado ao principal líder da manifestantes controlam 18
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
coronavírus mundo
veio ferrenho que confunde li-
berdade com licença ilimitada
está no cerne do fracasso épi-
co em combater a pandemia
na maior potência científica,
médica e militar do planeta.
tas chamam a atenção para a
dificuldade de promover medi-
dassanitáriasemmassa,como
asquetiveramsucessonaauto-
ritáriaChina.Agravandoocená-
rio,estáofatodequeosestados
gerem seus sistemas de saúde.
Algunsgovernadoresrepublica-
nosaliadosaopresidentetrata-
ram a pandemia como conspi-
ração liberal para prejudicar a
economiaeameaçarareeleição.
Mas os casos de Covid-19 vol-
taram a disparar em 26 dos 50
estados. Republicanos dão si-
nais de pânico com a adesão a
um presidente que considera a
pandemia um assunto resolvi-
doeháquasetrêssemanasnão
Em audiência no Congres-
so dos EUA no último dia 10,
o irmão de Floyd, Philonise,
estampou três frases na sua
máscara: “justiça para Floyd”,
“vidasnegrasimportam”e“eu
não consigo respirar”.
Apesardoteorpolítico,aati-
vista McNally diz que o obje-
tivo imediato da distribuição
continua sendo o mais óbvio:
proteger os manifestantes do
novocoronavírus.“Nãoquere-
moscolocar avidadessas pes-
soas em mais perigo ainda.”
Ela lembra que as comuni-
dades negras e de baixa ren-
da concentram casos e mor-
tes por coronavírus de manei-
ra desproporcional nos EUA.
As organizações de que Mc-
Nally participa estão promo-
vendo treinamentos e distri-
buindo kits para tentar mini-
mizar os riscos. Levar álcool
em gel e tentar manter a dis-
tância são algumas das re-
comendações que, como ela
mesma reconhece, não estão
sendo seguidas à risca. “Man-
ter o distanciamento social
não está funcionando tanto,
maseuvimaispessoasusando
máscarasdo quenãousando.”
NoBrasil,aestratégia foiab-
sorvida tanto por apoiadores
de Jair Bolsonaro quanto por
movimentos de oposição.
“As pessoas estão fazendo
máscaras de diferentes mo-
delos, estampas, de clubes de
futebol. E nós estamos fazen-
do com as nossas palavras de
ordem”, afirma Atnágoras Lo-
pes. Ele é membro da Central
SindicalConlutas,quenasúlti-
mas duas manifestações con-
tra o governo distribuiu más-
caras em que se lia “Fora Bol-
sonaro e Mourão” acima do
logo da entidade. Só em São
Paulo, eles já foram mil peças.
O outro lado também lança
mão dessa nova ferramenta.
No fim de maio, a deputada
bolsonarista Bia Kicis (PSL-
DF) acumulou mais uma po-
lêmica ao usar uma máscara
em que se lia “e daí?” durante
sessão plenária da casa. A fra-
se havia sido dita por Bolso-
naro dias antes, ao ser ques-
igrejas em Benguela, 14 em
Malanje, 10 em Huambo e 8
em Luanda-Norte. Em alguns
templos houve resistência. Os
angolanostomaramaschaves
dos estabelecimentos e, em
meio a discussões e empur-
rões,osresponsáveisatéaque-
le momento foram expulsos.
A nota da Igreja Universal
afirma que os invasores espa-
lharam “mentiras absurdas,
como essa acusação de racis-
mo”,paraconfundirasocieda-
de angolana. “Basta frequen-
tar qualquer culto da Univer-
sal, em qualquer país do mun-
do, para comprovar que bis-
pos, pastores e fiéis são de to-
das origens e tons de pele, de
todas as classes sociais.”
A suposta obrigatoriedade
A17
fala com membros da força-ta-
refa que exibia todo dia em co-
letivas até abril. O governador
do Texas, Greg Abbott, um céti-
co de primeira hora, implorou
aostexanosparaficarememca-
sa na terça (23), quando admi-
tiunovorecordedecontamina-
çãoehospitalizaçõesnoestado.
A recusa em usar máscaras
nocomíciodoginásioemTulsa
mistura alienação ao temor de
aparentar dissidência no culto
dapersonalidadepresidencial.
Ironicamente,háumaparce-
la de americanos com motivos
legítimos para temer que más-
caras sinalizem criminalidade.
Sãoosnegros,desproporcional-
menteatingidospelapandemia
e desproporcionalmente mor-
tos pela polícia. “Qual a morte
que vão escolher?”, perguntou
Vickie Mays, professora de Sa-
údePúblicadaUniversidadeda
Califórnia. “Covid ou um tiro?”
tionado sobre o número de
mortos pela pandemia.
No Twitter, ela disse que a
máscara fora doação de um
fã. A expressão, segundo ela,
fazia referência a um vídeo
que dizia frases como: “e daí
que cidadãos de bem estejam
apanhando da polícia e guar-
das municipais pelo simples
exercício de seu direito cons-
titucional de ir e vir?”.
O presidente passou a usar
oacessórionomeiodemarço.
Ainda assim, ele não atende a
critérios objetivos. Nas mani-
festações a que comparece,
onde há aglomerações, não é
visto com o item de proteção.
A atitude de Bolsonaro não
foi inspirada no presidente
dos EUA, Donald Trump. O
republicano não tem segui-
do a recomendação de espe-
cialistas. No fim de maio, afir-
mou que não usou a máscara
em visita a uma fábrica para
“não dar esse prazer à mídia”.
Outros líderes de direita no
mundo seguem a mesma car-
tilha. Boris Johnson, premiê
do Reino Unido, tampouco é
visto se protegendo, mesmo
após ter contraído o vírus.
Para Jennifer Berdahl, pro-
fessora de psicologia social
da Universidade da Colum-
bia Britânica, a máscara não
é apenas mais uma platafor-
ma de protesto. O não uso da
peça também é visto como
uma afronta pela pesquisado-
ra. “Foi uma reação da direita,
em grande parte alimentada
porpessoascomoTrump,que
estavam zombando das preo-
cupações com o coronavírus.”
Berdahl usa um de seus te-
mas de estudo para expli-
car o fenômeno: as relações
de gênero. Para a acadêmi-
ca, Trump deu o exemplo de
que “homens de verdade não
usam máscaras”. Ela identifi-
cou alguns pontos da “mascu-
linidade tóxica”, como deno-
minou, que podem se relaci-
onar a esse comportamento.
“Usarumamáscarasignifica
admitir que eu posso ficar do-
ente,estouseguindoasregras
e estou ouvindo os cientistas.”
depastoresseremsubmetidos
a cirurgia de vasectomia, se-
gundoaUniversal,éumexem-
plo de fake news “facilmen-
te desmentida pelo fato de
que muitos bispos e pastores
da Universal têm filhos”.
O que a instituição estimu-
la, conforme a nota, “é o pla-
nejamento familiar”.
E finaliza: “Esclarecemos
que, respeitada a unidade de
doutrina da fé que une a Igre-
ja Universal do Reino de Deus
em todos os 127 países onde
está presente, nos cinco con-
tinentes, a Universal de cada
nação dispõe de total autono-
miaadministrativaparaenca-
minhar e resolver suas ques-
tões locais, sempre observan-
do as leis e as tradições”.
A18 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 a eee
mundo By_Lu*Ch@QuE

Com desfile, Putin reescreve O demônio mora nos deta-

lhes. Desde o ano passado, o
presidente tem intensifica-
do uma ofensiva para fazer
Aqui, ele traz sensibilida-
des atuais à mesa, já que os
poloneses são a linha-dura da
Otan (aliança militar ociden-

história de olho no presente

Dia da Vitória na pandemia ocorre antes de votação crucial para o russo
ANÁLISE
-
Igor Gielow
são paulo Ao comandar o
mais grandioso desfile do Dia
da Vitória na Segunda Guerra
Mundial nos seus 20 anos de
poder,opresidenterusso,Vla-
dimir Putin, consolidou sua
ofensiva para reescrever ahis-
tória daquele conflito de olho
na narrativa de seu presente.
Há 75 anos, a então Uni-
ão Soviética liderou o es-
forço com os Aliados oci-
dentais para a derrota
da Alemanha nazista.
A parada militar do coro-
navírus, como foi apelida-
da por críticos da oposição,
transcorreu nesta quarta-
feira (24) apesar de a Rússia
seguir como o terceiro país
mais atingido pela pandemia,
atrás de EUA e Brasil.
São mais de 600 mil casos
e um número relativamen-
te baixo de mortos, 8.500,
atribuído a métodos criati-
vos de contabilidade funerá-
ria russa por céticos e a um
sistema mais preciso de aferi-
ção, segundo o Kremlin.
Em Moscou, Putin e vete-
ranos idosos que passaram
por quarentena sentaram-se
lado a lado, sem máscaras.
Não havia o tradicional públi-
co na rua, e quem foi à praça
Vermelha ganhou proteções
e teve duas cadeiras de sepa-
ração do vizinho no palanque
junto à muralha do Kremlin.
O desfile ocorreu uma se-
mana antes do referendo so-
bre um pacote de mudan-
ças constitucionais diversas,
mas que tem em um item
seu ponto central: permiti-
rá zerar a contagem de man-
datos presidenciais para Pu-
tin, abrindo caminho para ele
disputar a eleição de 2024 e,
se reeleito, a de 2030.
A abertura gradual das ci-
dades russas, após quaren-
tenas vistas como tardias, e
a parada foram vistas como
incentivos para que a popu-
lação participe do referendo.
Com a popularidade em
59%, alta para padrões oci-
dentais, mas a mais baixa de
sua carreira, Putin precisa de
um comparecimento grande
àsurnas.Mesmopesquisasin-
dependentes sugerem que as
mudanças serão aprovadas.
Ficar no poder até os 83
anos, em 2036, sempre foi al-
go contra o que o jovial Pu-
tin defendia quando ascen-
deu ao cargo de primeiro-mi-
nistro em 1999, sendo eleito
presidente pela primeira de
quatro vezes no ano seguinte.
A mais recente, em 2018.
Como czar moderno, con-
tudo, ele progressivamen-
te moldou a política russa
à sua imagem. E parte cen-
tral dessa construção será en-
tronizada na Constituição se
o referendo assim deixar.
Defende o texto sua verda-
de histórica, e a difamação
dos seus heróis será vedada.
valer o que será agora cons-
titucionalmente a tal verda-
de histórica. Quer equivalên-
cia moral entre os Acordos de
Munique de 1938 e o pacto
nazi-soviético de 1939.
Munique é ensinada no
Ocidente como erros do Rei-
no Unido e França para apa-
ziguar Adolf Hitler (1889-
1945) às expensas de terras
habitadas por alemães ét-
nicos na Tchecoslováquia,
enquanto o acordo de 1939
é visto como um aperto de
mãos entre Belzebu e Satã.
Na Rússia de Putin, o pac-
to foi uma defesa contra uma
guerra comprada no ano an-
terior pelos Aliados. É meia
verdade, dado que em Mu-
nique não foi combinada se-
cretamente a partilha da Eu-
ropa Oriental como fizeram
nazistas e soviéticos.
Além disso, o presidente
russo com isso minimiza a
incompetência militar do di-
tador soviético Josef Stálin
(1878-1953). Ele apostou que
Hitler se meteria em um ato-
leiro de trincheiras ao atacar
Soldados russos marcham na parada do Dia da Vitória na primeiro o flanco ocidental,
praça Vermelha, coração de Moscou Ramil Sitdikov/Reuters como na Primeira Guerra.
Tendo fuzilado boa parte
de sua elite militar no fim dos
Ao longo dos anos, Pu- “É impossível imaginar o anos 1930, Stálin descontou o
tin substitui a nostalgia co- que teria acontecido ao mun- avanço da guerra mecanizada
munista pós-soviética pe- doseoExércitoVermelhonão —em 1940, só os britânicos
lo fervor patriótico, e o Dia tivesse se colocado no cami- resistiam ainda aos nazistas.
da Vitória, 9 de maio por- nho do fascismo”, completou. Assim, os avanços quando
que em Moscou já tinha pas- Putin está certo. Os Aliados Hitler o traiu em 1941 foram
sado da meia-noite quando ocidentais não teriam ganho enormes e desastrosos para
a Alemanha capitulou em a guerra, ao menos em 1945, a União Soviética, que só não
Berlim, virou data sacra. sem os comunistas do leste. caiu porque seu vasto terri-
A parada foi remarcada de- Nada menos que 68% dos tório e recursos eram incon-
vido à pandemia. russos atuais perderam al- quistáveisaofim—eoditador
Osheróis,dissePutinnodis- gum parente na guerra, que nazista insistiu num megalô-
curso desta quarta, “defen- matou 27 milhões de soviéti- mano assalto frontal ao país.
deram sua terra, libertaram cos, o povo mais sacrificado Putin vai além, apontando
os Estados europeus, salva- entre os 70 milhões de mor- para países como a Polônia e
ram o povo da Alemanha do tos do conflito lá chamado Ucrânia, acusando seus cola-
nazismo e de sua ideologia”. de Grande Guerra Patriótica. boradores do nazismo.
tal) ante Moscou. E a Ucrânia
teve a Crimeia amputada e o
leste convulsionado a partir
de 2014 por ordens de Putin,
visando evitar a tomada polí-
tica do Ocidente sobre o país.
Estabelecendo-se como de-
fensor de um passado ideali-
zado, onde os erros de Stálin
e atrocidades são notas de ro-
dapé, Putin busca legitimar
sua posição interna.
Para o público externo, su-
as palavras foram mais conti-
das. Agradeceu e disse “hon-
rar todos os Estados” que aju-
daram os soviéticos e exaltou
cooperação internacional.
Mas o real recado estava na
praça e nos céus moscovitas.
Após o tradicional desfile de
armas antigas, encabeçado
pelos legendários tanques
T-34, Putin ofertou o clássi-
co show de poderio militar.
Quatro interceptadores
MiG-31 voaram com mísseis
hipersônicos Kinjal, entre as
75 aeronaves presentes.
No chão, foi apresentado
o novo lança-foguetes TOS-
2 e feita a usual exibição fá-
lica de mísseis interconti-
nentais com capacidade
nuclear, apropriada para o
masculino ambiente militar.
Unindo-se às armas, 14 mil
soldados testados e quaren-
tenados, inclusive convida-
dos de 13 países, incluindo
as quase rivais China e Índia.
A pandemia, contudo, ofus-
cou o plano putinista de ce-
lebrar o zênite de seu poder.
Líderes que participariam
do evento, como Xi Jinping
(China) e Emmanuel Macron
(França), ficaram em casa.
Mesmo entre a dúzia que
veio, houve baixa: o presiden-
te do Quirguistão foi embora
quandodoisassessoresforam
confirmados com Covid-19.

Eduardo Knapp / Folhapress

MUITO A sede da Folha sempre foi um lugar agitado, mas tudo mudou depois
da pandemia. A Redação jamais esteve tão silenciosa.

OBRIGADA,
O que explica que o jornal tenha conseguido bater seu recorde de audiência
no meio de tanta calmaria?
É que a adrenalina deixou a Redação e foi para centenas de casas. Neste
momento, poucos profissionais da Folha trabalham presencialmente.
Nesta hora não importa onde as pessoas estejam. Todo esforço vale a pena,
afinal, o jornalismo profissional nunca foi tão necessário para o país.
Por isso, nós queremos agradecer pelo apoio aos mais de 40 milhões de

LEITORAS E LEITORES leitores, que acompanham a Folha em suas versões online ou impressa.
Sem os leitores, não existe jornalismo de qualidade.

UM JOR NA L A SERV IÇO DO BR A SIL

mercado
coronavírus
a eee
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 By_Lu*Ch@QuE
A19

Senado aprova projeto que abre o

saneamento para iniciativa privada
Proposta estabelece metas para universalizar fornecimento de água e coleta e tratamento de esgoto e vai para sanção
-
Iara Lemos tar no parecer o mesmo tex- sas prsaindo ivadas possam A ideia dos aliados de Bol- caso de atraso de pagamento. “A aprovação do marco re-
to que havia saído da Câma- prestar o serviço. Vencedoras sonaro é que as medidas pos- Para Paula Rodrigues, coor- gulatório será importante pa-
brasília O Senado aprovou ra. Entre os pontos a serem de licitação terão de se com- sam vigorar já em 2021 para denadora da Divisão Técnica ra a universalizaçãodo sanea-
nesta quarta-feira (24), por 65 firmados em contratos, está prometer com metas para os ajudarnaretomada daecono- de Engenharia Sanitária, Re- mento, uma vez que vai atra-
a 13, o projeto do novo mar- a cobertura de 99% do forne- próximos dez anos. mia, além de ampliar o acesso cursos Hídricos e Biotecnolo- ir capital privado para o se-
co regulatório do saneamen- cimento de água potável e de Composto por 23 artigos, o a água e esgoto no país. Pelo gia do Instituto de Engenha- tor e gerar competição entre
to básico. A medida estimu- 90% para coleta e tratamento marco deve ser sancionado texto,tambémficadetermina- ria, o novo marco será um im- as prestadoras de serviços de
la a participação da iniciati- de esgoto à população. sem demora pelo presiden- do que não haverá interrup- pulso para a atração de novos água e esgoto”, afirmou.
va privada no setor. O projeto prevê que empre- te, mas vetos são esperados. ção dos serviços, mesmo em investimentos ao país. Leia mais na pág. A22
Toda a bancada do PT, com
seis senadores, votou contra
a proposta.
Depois de um apelo do pre-
sidentedaCasa,DaviAlcolum-
bre(DEM-AP),oslíderesparti-
dários anunciaram a retirada
dos destaques, o que possibi-
litou que o projeto fosse vota-
do sem que houvesse mudan-
ças. Já aprovado na Câmara,
o projeto seguirá para sanção
do presidente Jair Bolsonaro.
A proposta estabelece me-
tas de saneamento a serem
cumpridas em até 12 anos. O
custo estimado da universa-
lização dos serviços, segun-
do o relator Tasso Jereissa-
ti (PSDB-CE), é de R$ 700 bi-
lhões no período.
O prazo para cumprimento
das metas poderá ser acres-
cido de mais sete anos. Isso
será adotado se a empresa
prestadora do serviço com-
provar inviabilidade técnica
ou financeira.
Jereissati elogiou o acordo
feitoporAlcolumbreparaace-
lerar a aprovação da matéria.
Segundoele,a necessidadede
um marco do saneamento in-
terfere até mesmo no desen-
volvimento da educação.
“Muitossetoreseconômicos
dependem da adequada pres-
tação desses serviços, desta-
cando-se o de turismo, que
não se desenvolve em regi-
ões com precário saneamen-
to básico”, afirmou Jereissati.
“A universalização do sa-
neamento também está as-
sociada à produtividade e à
escolaridade, pois áreas sem
acesso à rede de distribuição
de água e de coleta de esgoto
apresentam maior atraso es-
colar”, disse o senador.
OlíderdoPTnoSenado,Ro-
gério Carvalho (SE), afirmou,
aoanunciarqueabancadairia
votar em bloco contra o pro-
jeto que não houve tempo pa-
ra a discussão da matéria en-
tre os senadores.
“Nossa avaliação é que es-
se debate deveria ocorrer um
pouco mais para a frente, no
sistema normal de delibera-
ção, tempo em que estaría-
mos no pós-pandemia, quan-
do se apresentaria o cenário
claro de que marco regulató-
rio nós vamos precisar para
garantir que vamos ter a uni-
versalização”, disse.
O novo marco tem criado
expectativasparaaeconomia,
sobretudo em momento à es-
perada retomada pós-pande-
mia do coronavírus.
O ministro Luiz Ramos (Se-
cretaria de Governo) afirmou
nestaquartaqueanovaleipo-
derá gerar até 1 milhão de em-
pregos em cinco anos.
A nova legislação, em razão
das carências do setor, é vista
como um ponto de estímulo
do crescimento. Os desafios
são grandes. Dados mais re-
centes do Instituto Trata Bra-
silestimamquemenos100mi-
lhões de brasileiros não têm
acesso à coleta e tratamento
de esgoto. Isso ajuda na pro-
liferação de doenças, argu-
mento que fortaleceu a vota-
ção do projeto na pandemia.
O contexto do novo corona-
vírus deu força à proposta en-
tre senadores. O projeto esta-
va paradonaCasa desde o fim
do ano passado.
Apóspedidosdaequipeeco-
nômica e do ministro Paulo
Guedes (Economia), o presi-
dente do Senado delegou Je-
reissati a missão de constru-
ir o relatório.
Jereissati levou menos de
uma semana para sacramen-
A20 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
mercado coronavírus
PAINEL S.A.
Beco sem saída
Os sindicatos e as associações de escolas particulares
criticaram a decisão do governo de São Paulo de libe-
rar o retorno só em setembro, mas a avaliação entre
donos de instituições de ensino é a de que não havia
outra alternativa diante do cenário atual da pandemia.
“Não tinha muito jeito de ser diferente mesmo. O que
se sente, tanto em relação aos professores quanto às
famílias dos alunos, é que há muito medo de voltar”,
diz Mauro Aguiar, diretor do colégio Bandeirantes.
aula EledizqueoBandeiran-
tes vinha preparando o retor-
no com o Sírio Libanês, mas
havia dificuldade em montar
a grade horária. “Tinha de fa-
zer um sistema híbrido, mes-
mocomamaiorparteremota,
masháadificuldadedepreen-
cher as aulas presenciais pelo
medo dos educadores, que fi-
cam expostos”, afirma Aguiar.
peso A notícia de que o fun-
dador daCrossFit, GregGlass-
man, vendeu a empresa nes-
ta quarta (24) pode ter efeitos
para os donos das academias
brasileiros que ainda tinham
contratosemandamentomas
planejavam deixaramarcano
momento da renovação.
alongamento A venda ocor-
re após Glassman gerar uma
crise de racismo na empre-
sa ao questionar o motivo de
lamentar a morte de George
Floyd. “Foi uma sinalização
boa ter trocado de mãos. Ago-
ra temos de olhar para onde
vai virar o leme para vermos
sevamoscontinuar nessebar-
co”,afirmaDiegoGalípolo,do-
no da CrossFit Ximbó.
aquecimento WillyOhshima,
dono Gomixel em Sorocaba
(SP), diz que se desfiliou da
CrossFit após os comentári-
os racistas do presidente. Se-
gundo ele, a venda da marca
não é o suficiente para atrai-
lo de volta. “Eles estão tentan-
do reverter o caos, mas preci-
sam fazer mais mudanças es-
truturais pra resgatar o sen-
so de comunidade”, afirma.
queda livre Após apresen-
tar o maior recuo mensal em
maio,oíndicedeconfiançado
empresário do comércio da
CNC (confederação do setor)
continua caindo. Em junho,
chegou a 66,7 pontos, o me-
nor patamar da série históri-
ca iniciada em 2011, com inter-
valo entre 0 e 200. A queda de
28,6% ante maio foi maior do
que a marca do mês passado.
abismo Os tombos levaram
ao nível recorde de pessimis-
mo entre os empresários.
Mais de 90% deles percebem
as condições atuais da econo-
mia como piores e quase 75%
pretendem reduzir o quadro
de funcionários, segundo a
CNC. O índice que mede a ex-
pectativa do setor também
chegou pela primeira vez à
zona de avaliação negativa.
com Mariana Grazini
INDICADORES
JUROS
Junho, em % ao mês
Mínimo Máximo
6,00
8,00 7,89
3,89
Cheque Empréstimo
especial pessoal
Fonte: Procon-SP
CONTRIBUIÇÃO
À PREVIDÊNCIA
Competência junho*
Autônomo, empregador e facultativo
Valor mín. R$ 1.045 20% R$ 209
Valor máx. R$ 6.101,06 20% R$ 1.220,21
MEI (Microempreendedor)
Valor mín. R$ R$ 1.045 5% R$ 52,25
Assalariado Alíquota
Até R$ 1.045 7,5%
De R$ 1.045,01 a R$ 2.089,60 9%
De R$ 2.089,61 a R$ 3.134,40 12%
De R$ 3.134,41 a R$ 6.101,06 14%
*O prazo da competência de junho vence
em 20.jul para empresas; para pessoas
físicas, vence em 15.jul. O prazo para
a competência de maio foi adiado
para novembro para empresas
Joana Cunha
painelsa@grupofolha.com.br
check-in Enquanto as ativi-
dades de turismo hibernam
durante a crise do coronaví-
rus, a despeito do movimen-
to inicial de reabertura no se-
tor, a gigante da hotelaria Ac-
cor resolveu ampliar a oferta
de seus serviço de “long stay”,
como é chamada a estadia es-
tendida paramoradiadesolu-
ção rápida nos hotéis.
check-out A rede já ofere-
cia o long stay, como no Ada-
gio Aparthotel, mas diante da
queda na demanda por diári-
as enfrentada por toda a ho-
telaria, ela passa a concentrar
mais esforços na expansão
deste outro serviço no mo-
mentodereduçãodasviagens.
reserva O projeto começa
com um desconto de 50% no
primeiro mês para os paco-
tes de estadia superior a três
meses. Vai funcionar em 24
unidades da Accor na Gran-
de São Paulo e outros 24 en-
dereços das bandeiras Novo-
tel, Mercure, ibis, ibis Styles e
Adagio Aparthotel, em esta-
dos como Minas Gerais, Pa-
raná, Rio Grande do Sul e Rio.
bagagem Por causa da pan-
demia, não haverá acesso a
áreas comuns, mas perma-
necem os serviço de limpe-
za e lavanderia. Essa não é a
primeirarespostaqueaAccor
criou para lidar com a crise.
A rede já lançou o “room offi-
ce”, ou seja, retirou as camas
de uma parte de seus quartos
para transformá-los em es-
critórios alugados por diária.
motor Após o aumento da
demanda na pandemia pelos
seguros da modalidade per
pay use, conhecidos como “li-
ga e desliga”, cresce também o
interesse em oferecer o servi-
ço. É que o modelo de cober-
turas pontuais, que foi libera-
do no Brasil em 2019, funcio-
na bem para quem busca eco-
nomia, mas começa a chamar
atenção da alta renda.
alarme A3SEG,corretorado
segmento premium, lançou
apólice “liga e desliga” para
carros de luxo, esportivos ou
de coleção. A alternativa vem
no momento em que a desva-
lorizaçãodorealimpactaova-
lor de mercado desses veícu-
los. “A crise afeta todos os es-
tratos sociais. Todos querem
pagar menos”, afirma Paulo
Kalassa, sócio da corretora.
IMPOSTO DE RENDA
Em R$ Alíquota, Deduzir,
em % em R$
Até
1.903,98 Isento
De 1.903,99
7,5 142,80
até 2.826,65
De 2.826,66
15 354,80
até 3.751,05
De 3.751,06 22,5 636,13
até 4.664,68
Acima de 27,5 869,36
4.664,68
EMPREGADOS DOMÉSTICOS
Considerando o piso na capital e Grande SP
Alíquota Mínimo Máximo
em R$ em R$
Empregado De 7,5% 97,04 713,09
a 14%
Empregador 20% 250,50 1.220,21
*O prazo para o patrão da doméstica
vence em 7.jul. A guia de pagamento
dos patrões inclui a contribuição ao INSS
do empregador e da doméstica, o FGTS,
a multa para a demissão e o seguro
contra acidentes. A contribuição ao INSS
da doméstica pode ser descontada de
seu salário. O prazo para a competência
de maio foi adiado para novembro
By_Lu*Ch@QuE
Pretos, pardos, pobres
e sem estudo são mais
afetados pelo coronavírus
Além de sentirem mais os sintomas da Covid-19, grupos são
os que sofrem os maiores impactos econômicos, afirma IBGE
-
Diego Garcia e
Nicola Pamplona
rio de janeiro A primeira di-
vulgação mensal da Pnad Co-
vid-19, edição extraordinária
da pesquisa do IBGE criada
para medir os efeitos do no-
vo coronavírus sobre a popu-
lação e o mercado de traba-
lho, mostrou que os brasilei-
ros mais afetados pela doen-
ça são os pretos, pardos, po-
bres e sem estudo.
Osresultadosmostramque,
além de relatarem incidência
maior dos sintomas da Co-
vid-19, brasileiros desses gru-
pos também sentiram de ma-
neira mais forte os impactos
econômicos provocados pe-
la pandemia, que levou ao fe-
chamento de estabelecimen-
tos e suspensão de operações
industriais.
Entre os 4,2 milhões de bra-
sileirosqueapresentaramsin-
tomas da doença em maio,
70% deles eram de cor pre-
ta ou parda, informou nesta
quarta-feira (24) o IBGE. Essa
população é maioria no país,
com 54,8% de representativi-
dade, mas o volume de pesso-
as com sintomas de síndrome
gripal mostra que a doença os
afetou em maior proporção.
Alémdisso,adoençaatingiu
emmaiorquantidadeosbrasi-
leiroscommenorgraudeins-
trução. Só 12,5% das pessoas
que relataram sentir os sinto-
mastêmensinosuperiorcom-
pletooupós-graduação.Jáqua-
se50%nãotêminstrução,têm
oensinofundamentalincom-
pleto ou o médio incompleto.
Foramconsideradosnapes-
quisa como sintomas conju-
gados a perda de olfato ou de
paladar,outosseefebreedifi-
culdade para respirar, ou tos-
seefebreedornopeito,todos
eles possíveis indicativos de
síndromegripal,quepodeser
ou não associados à Covid-19.
No mercado de trabalho, fi-
caaindamaisperceptívelalei-
tura de que a cor e o nível de
escolaridade exerceraminflu-
ência sobre os efeitos da pan-
demia. Em maio, segundo o
IBGE, 19 milhões de brasilei-
ros foram afastados do traba-
lho. Entre eles, 9,7 milhões fi-
caram sem remuneração.
Entreostrabalhadoresbran-
cos,16,1%foramafastados.En-
treospretosepardos,oíndice
de afastamento foi de 20,8%.
“Partedessapopulação[pre-
ta e parda] está concentrada
emocupaçõesnaconstruçãoe
no comércio, que foram mais
afetadas”, disse Cimar Azere-
do, coordenador do IBGE.
O IBGE detectou também
que o afastamento se deu em
maiorintensidadeentreosin-
formais e em setores de servi-
ços, incluindo os serviços do-
mésticos sem carteira assina-
da, categoria em que 33,6%
dos trabalhadores deixaram
de ir ao trabalho em maio.
São ocupações que exigem
menor escolaridade, o que
se refletiu também na taxa
de afastamentos por nível de
instrução.Entreosbrasileiros
comcursosuperiorcompleto,
15% disseram ter sido afasta-
dos do trabalho em maio. Nos
outros níveis, a taxa se situa
entre 19% e 20%.
Apenas 9% dos pretos e par-
dos tiveram a oportunidade
de trabalhar em home offi-
ce, e 17,6% dos brasileiros de
cor branca puderam aderir a
essa iniciativa.
A Covid-19 fez ainda com
que 28,9% da população pre-
ta ou parda deixasse de pro-
curartrabalho.Osbrancosso-
maram 18,7% nesse quesito.
Historicamente, o desem-
Mais da metade dos trabalhadores afastados
durante a pandemia ficou sem remuneração em maio
Em milhões
População ocupada
Afastados do trabalho pela pandemia
Afastados sem remuneração
38,1
18,8
6,3 8,2
5,7
1,8
0,9 3,1 4,2
Norte Nordeste Sudeste
Total no Brasil
84,4
Em milhões
Ocupados não afastados 65,4
Em home office 8,7
Ocupados afastados do trabalho 18,9
Afastados devido ao distanciamento social 15,7
Na informalidade 29,2
Ocupados afastados devido ao distanciamento social
Em %
Trabalhador doméstico sem carteira assinada
Empregado do setor público sem carteira assinada
Empregado do setor privado sem carteira assinada
Conta própria
Militar e servidor estatutário
19,6
Empregado do setor público com carteira assinada
16,9
Trabalhador doméstico com carteira assinada
16,6
Empregado do setor privado com carteira assinada
13,4
Empregador
11,2
Fonte: Pnad
12,5% prego é maior entre pretos e
das pessoas pardos do que entre brancos
que relata- no país. Em maio, sob o efei-
ram sentir os to da pandemia, não foi dife-
sintomas têm rente: segundo o IBGE, a ta-
ensino superior xa de desemprego de pretos
completo ou e pardos foi de 12%, ante 9%
pós-graduação. verificados entre os brancos.
Nãoépossível,porém, com-
50% parar os dados dessa pesqui-
não têm ins- sa com os da Pnad Contínua,
trução, têm queapuraataxadedesempre-
o ensino fun- go oficial no país, já que esta
damental última tem metodologia di-
incompleto ferente, com coleta de dados
ou o médio durante três meses e em um
incompleto número maior de domicílios.
A Pnad Covid foi criada es-
pecialmente para tentar iden-
tificar os efeitos da pandemia
sobre o mercado de trabalho
e a saúde dos brasileiros, com
o objetivo de servir de base
para a elaboração de políti-
cas públicas para minimizar
os impactos da crise.
A pesquisa mostra que a re-
gião com maior incidência
de sintomas conjugados, por
exemplo, é o Norte, com 7,8%
da população apresentando
esse quadro. No Amazonas,
umdosestadosmaisafetados
pela pandemia, com mais de
2.600mortes,oíndicechegou
a 8,8%. Em São Paulo, estado
com mais óbitos, acima dos
13 mil, a taxa ficou em só 1,1%.
Mostratambémqueasdesi-
gualdades regionais também
são vistas quando se trata de
efeitoseconômicosdapande-
mia:NorteeNordestelideram
em incidência de trabalhado-
a eee
13,9
7,1
1,9
1,2
0,8 0,6
Sul Centro-
Oeste
18,9 9,7
33,6
29,8
22,9
22,5
res afastados, com taxas de
23,3%e26,6%respectivamen-
te,edetrabalhadoresquefica-
ramsemremuneração(53,2%
e 55,3% dos afastados).
A maior taxa de afastamen-
to se deu entre informais: do-
mésticos sem carteira assi-
nada (33,6%), empregados
do setor público sem carteira
(29,8%)eempregadosdosetor
privado sem carteira (22,9%).
“Claramente os trabalha-
dores domésticos sem cartei-
ra foram os mais afetados pe-
la pandemia. Parcela expres-
siva deles tem renda média
abaixo de um saláriomínimo.
Já os com carteira foram me-
nosafetadosporquetêmmais
estabilidade”, disse Azeredo.
Entre os setores, o maior
percentual de pessoas afasta-
das foi verificado em Outros
serviços (37,8%), Serviço do-
méstico (28,9%) e Alojamen-
to e alimentação (28,5%), es-
te último um dos segmentos
maisafetadospelofechamen-
to do comércio de rua.
Jáasatividadesdeagricultu-
ra, pecuária, produção flores-
tal, pesca e aquicultura regis-
traramomenorpercentualde
pessoas afastadas após o iní-
cio da pandemia: 6,8%.
O rendimento efetivo dos
trabalhadores brasileiros em
maio foi de R$ 1.899, 18,2%
menor do que o rendimen-
to habitual. As maiores que-
das foram verificadas nas re-
giões Nordeste (19,7%) e Su-
deste (19,3%).
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 A21

By_Lu*Ch@QuE
 A22 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 a eee
mercado coronavírus By_Lu*Ch@QuE

STF proíbe corte salarial

de servidor e veta redução Licitação sob novo tatais terão até março de 2022
para negociar com os muni-
cípios em que atuam a trans-
formação desses contratos

marco regulatório
em concessõesdeaté30anos.
de repasse a Poderes Emcontrapartida,precisam
estabelecer metas de univer-
salização dos serviços e de-
-
Matheus Teixeira os ministros Dias Toffoli, Ed- monstrar capacidade para re-

deslancha só em 2023
son Fachin, Marco Aurélio e alizar os investimentos.
brasília OSTF(SupremoTri- RobertoBarrosoforamfavo- As balizas financeiras para
bunalFederal)decidiuqueo ráveis, e os outros sete for- avaliar a capacidade do cum-
Executivonãopodereduziro maram maioria contra o ar- primento das metas são um
repasse de verbas aos Pode- tigo da lei. dos pontos que ainda preci-
resLegislativoeJudiciárioem
tempos de crise financeira.
O relator, ministro Alexan-
dre de Moraes, defendeu a Investimento em saneamento pode chegar a R$ 750 bi sam de definição por decreto,
que deverá ocorrer em até 90
A decisão vale para esta-
dos, municípios eparaaUni-
inconstitucionalidade des-
se ponto.
e é aposta do governo para saída da crise do coronavírus dias depois da sanção da lei.
“Muitoscontratosdeprogra-
ão e foi tomada nesta quar- “Esse dispositivo estabe- ma não têm metas e os balan-
ta-feira (24), quando a corte leceu um novo mecanismo, -
Ivan Martínez-Vargas $ çosdascompanhiasestaduais
concluiu a análise de ações que,aomeuver,nãoguardou O novo marco regulatório do saneamento não detalham o que é inves-
quequestionavamaLRF(Lei pertinência com o modelo são paulo Onovomarcoregu- tido em cada município”, diz
de Responsabilidade Fiscal). de freios e contrapesos es- latóriodosaneamento,quein- Modelo abre mais caminho Bloco Carlos Henrique Lima, presi-
No julgamento, os minis- tabelecidos constitucional- centivará a ampliação da par- para empresas privadas Para que municípios dente do conselho de admi-
tros também invalidaram mente, que existe para asse- ticipação de empresas priva- menores se tornem nistração da Águas do Brasil,
um trecho da legislação que gurar o exercício responsá- das no setor, ainda depende Objetivo atraentes para as empresas, que opera em 14 municípios.
permitiaocortedesaláriode vel, mas independente.” de regulamentações que se- O projeto busca a estados e municípios podem Eleprevêqueaparticipação
servidores públicos com re- Em relação ao corte salari- rão alvo de disputa entre o se- universalização do contratar serviço de forma de mercado do setor privado
dução proporcional de car- al, porém, Moraes sustentou tor privado e as estatais. saneamento básico até 2033 coletiva, formando blocos chegará a 40%.
ga horária. que se tratava de alternativa Entre a regulamentação e A previsão de investimento A adesão é voluntária, e A lei também atribui po-
A LRF foi sancionada em legal para solucionar a falta a modelagem dos novos pro- é de até R$ 700 bilhões os participantes podem deres à ANA (Agência Naci-
2000e,desde2002,apermis- temporáriaderecursoseevi- jetos, especialistas acreditam deixá-lo quando quiserem onal de Águas), que deverá
sãoparaadiminuiçãodeven- tar medidas mais graves pre- queasprimeiraslicitaçõesde- O PROJETO elaborar diretrizes gerais pa-
cimentosquandoseultrapas- vistasnaConstituição,como vam começar a sair do papel Contratos Regulação ra o setor, com a previsão de
saos60%degastoscorrentes a demissão de servidores es- apenas em 2023. Os investi- Os municípios não poderão O saneamento básico que as licitações sejam reali-
com pessoal estava suspen- táveis, pelo descumprimen- mentos em saneamento são a transferir a execução dos do Brasil será regulado zadas em blocos de cidades a
sa por decisão liminar (pro- to do teto de despesas. grande aposta do governo fe- serviços de saneamento para pela ANA (Agência serem agrupadas de modo a
visória) do Supremo. “Por que exigir que ele per- deral para a recuperação eco- empresas públicas estaduais Nacional de Águas) garantir a viabilidade econô-
Ambas as medidas inva- ca o cargo se, em um ano e nômica pós-pandemia do no- Será preciso abrir O órgão poderá oferecer mica dos contratos.
lidadas eram um pleito de meio, dois anos, a situação vo coronavírus. licitação para que haja ajuda técnica e financeira Embora os municípios con-
prefeitos e, principalmente, pode se alterar? É melhor Onovomarcodosaneamen- concorrência de empresas para municípios e tinuemcomoosentescompe-
de governadores com cofres para o servidor e para a ad- to prevê que a universaliza- públicas e privadas blocos de municípios tentes pela regulação do sa-
estaduais endividadose sem ministração mantê-lo. O ser- ção dos serviços de água e es- neamento, a nova lei estipu-
capacidadedeinvestimento. vidor tem o direito de dizer: goto seja atingida até 2033, o Prorrogação Comitê la que quem não seguir as di-
O veto à diminuição do re- ‘Eu prefiro manter minha que demandaria investimen- Os acordos em vigor com Será criado o Comitê retrizes da ANA não receberá
passedoduodécimoaoutros carreira a ficar desempre- tos de R$ 750 bilhões, segun- a iniciativa privada têm Interministerial de recursos públicos nem pode-
Poderes foi decidido por um gado e ganhar uma indeni- do estimativa da consultoria até março de 2020 para Saneamento, com o rão fazer modelagem de con-
placar apertado de 6 a 5, en- zação’”, argumentou. KPMGencomendada pelaAb- serem prorrogados por objetivo de assegurar cessões com ajuda de bancos
quanto a questão salarial do Barroso concordou com con (associação das operado- mais 30 anos. Para isso, a implementação da públicos, como o BNDES.
funcionalismoficouem7a4. Moraes,dizendo queaCons- ras privadas de saneamento). as empresas precisam política federal de “A ANA vai precisar de pe-
O julgamento foi conclu- tituição prevê expressamen- A projeção leva em conta a comprovar viabilidade Saneamento básico e de lo menos seis meses para se
ído com o voto do ministro teaperdadocargocomome- realização de aportes para ex- econômico-financeira coordenar a alocação de estruturar para cumprir esse
Celso de Mello. Todos os de- dida extrema. “É socialmen- pansão da infraestrutura de recursos financeiros papel”, diz Lima.
mais magistrados já haviam temelhorpermitiraredução saneamento e recursos para Meta Uma regra mais clara pode-
seposicionadoemjulgamen- da jornada do que obrigar o recompor a depreciação dos As empresas devem Lixão ria evitar conflitossobre inde-
to no ano passado. administrador a determinar ativos existentes. se comprometer com Estabelece prazo para nizações devidas por um mu-
Os ministros Edson Fa- a perda do cargo”, disse. A concretização desses in- metas a serem cumpridas que as cidades encerrem nicípioaumacompanhiaesta-
chin, Rosa Weber, Cármen A corrente vencedora, no vestimentos, no entanto, de- até o fim de 2033 lixões a céu aberto dual por investimentos even-
Lúcia, Ricardo Lewandows- entanto, entendeu que o ar- pende da regulamentação de Entre elas: cobertura de 99% Para capitais e regiões tualmente não pagos.
ki, Luiz Fux, Marco Aurélio e tigo 37 da Constituição pre- pontosdaleiqueaindaopõem para o fornecimento de água metropolitanas, o Também faltam critérios
Celso de Mello se opuseram vê a irredutibilidade dos sa- ascompanhiasestaduais(res- potável e de 90% para coleta prazo vai até 2024 para pedido de reequilíbrio fi-
àreduçãosalarial;Alexandre lários, o que impossibilida- ponsáveis por 72% do setor) e e tratamento de esgoto Com cidades com mais de nanceiro do contrato em caso
de Moraes, Gilmar Mendes, de a aplicação da LRF. as operadoras privadas (que Não poderá ocorrer a 100 mil habitantes, até 2022 de problemas não previstos.
Dias Toffoli e Luís Roberto “Entre essas ressalvas [ao hoje têm 6% do mercado). interrupção dos serviços Entre 100 e 50 mil Para Radamés Casseb, pre-
Barroso divergiram. uso do dispositivo] não está A nova lei permite maior habitantes, até 2023 sidente da Aegea, que atua
A ministra Cármen Lúcia a hipótese criada pela Lei de competição no setor porque Subsídio E, inferior a 50 mil, até 2024 em 57 municípios, a espera
foi contra mexer na remu- Responsabilidade”, afirmou acaba com a figura do chama- Famílias de baixa renda será maior. “O nascimento
neração dos servidores, mas Rosa Weber. do contrato de programa, que poderão receber subsídios Cobrança de tarifa de projetos pelo novo marco
disse que seria constitucio- permitia às companhias esta- para cobrir os custos Municípios e o DF passarão ainda deve levar de três a cin-
nal reduzir a carga horária. duais fornecerem os serviços do fornecimento dos a cobrar tarifas sobre co anos para virem ao merca-
Sobre a previsão da LRF
-
Vinicius Torres Freire de água e esgoto aos municí- serviços de saneamento serviços urbanos do. Os projetos de agora leva-
de reduzir repasses em ca- Excepcionalmente hoje pios sem concorrênciadireta. Poderão ter gratuidade na Entre eles estão poda de ram anos para serem mode-
so de frustração de receitas, a coluna não é publicada. Pelo texto aprovado, as es- conexão à rede de esgoto árvores e varrição de ruas lados”, afirma.

Fundação Zerbini
CNPJ/ME nº 50.644.053/0001-13
Aviso de Licitações
Não fazer nada em saneamento deixa de ser Isso resolve o lado da oferta.
Afinal, haverá projetos de ta-

opção, estamos em busca do tempo perdido

A Fundação Zerbini torna público os processos abaixo, para a Unidade do Instituto do Coração – InCor-HCFMUSP, manhosignificativo,comqua-
a saber: Proc. 202/20 – P.P. 05/2020 para Aquisição de Aspirador Cirúrgico que será realizado em 08/07/2020 às
09:30 hrs. Proc. 2136/2018 – P.P. 19/2018 para Aquisição de Servidores Básicos de entrada que será realizado lidade e em quantidade.
em 07/07/2020 às 09:30 hrs. Os editais poderão ser obtidos na íntegra no site: www.zerbini.org.br.
São Paulo, 24 de junho de 2020. Valmir Oliveira e Rafael Miranda
Por fim, e não menos im-
portante, vem o novo marco
OPINIÃO ou novos players privados), do processo foi um divisor do saneamento, votado nesta
BIOVIDA SAÚDE LTDA. CNPJ 04.299.138/0001-94 especialmente em termos de de águas. Saímos de um mo- quarta (24) no Senado, oriun-
NOTIFICAÇÃO POR EDITAL
Para Fins de cumprimento do Art.13 parágrafo Único, Inciso II da Lei 9656/98, e da Súmula Normativa 28/2015 da ANS - -
Bopp Dieterich fusões e aquisições. delo no qual a grande maio- dodoprojetodelein.4.162/19,
Agência Nacional de Saúde Suplementar a Biovida Saúde notifica por Edital seus beneciários não localizados através de
correspondência emitida pelo sistema de Aviso de Recebimento (AR) dos Correios. Conforme matricula e CPF abaixo. e Bruna Bouissou Porém, ainda assim, vê-se ria de iniciativas era via pro- e resultante de ampla discus-
120784 - 087.102.048; 362251 - 014.141.818; 371168 - 012.643.218; 430082 - 218.303.068; 448299 - 034.736.568; 549968 - 013.405.998;
572793 - 168.898.378; 576050 - 319.800.028; 613682 - 282.111.618; 613923 - 279.956.778; 615766 - 593.241.636; 616037 - 117.753.478; Sócios da área de Infraestrutura nítido desejo da iniciativa pri- cedimentos de manifestação são legislativa e duas medidas
620726 - 043.807.245; 630136 - 896.458.638; 631544 - 038.347.598; 637310 - 217.009.159; 646025 - 304.940.858; 653725 - 282.812.208;
664375 - 149.286.108; 669450 - 341.867.388; 673542 - 258.580.718; 674905 - 074.085.728; 678494 - 302.182.398; 679148 - 574.048.528;
e Direito Público do Azevedo vada de ampliar sua atuação de interesse (PMIs) ou mani- provisórias com vigências en-
Sette Advogados
683204 - 140.414.668; 696236 - 692.990.808; 704804 - 026.330.254; 715557 - 275.391.848; 719236 - 039.410.734; 739593 - 407.172.368;
742880 - 453.934.568; 755106 - 427.726.888; 757537 - 064.113.735; 757672 - 177.067.638; 759356 - 056.131.488; 765711 - 513.709.178; no setor. festações da iniciativa priva- cerradas.
765883 - 276.741.168; 774556 - 040.792.698; 775304 - 324.383.478; 775553 - 163.415.268; 778966 - 173.637.378; 779456 - 318.333.304;
783775 - 059.539.018; 784143 - 714.497.014; 793424 - 255.797.668; 795306 - 458.309.848; 800252 - 205.906.958; 800347 - 089.971.358;
Mas o que mudou para ter- da (MIPs), executadas de for- A nosso ver, o projeto de lei
800349 - 288.572.408; 806231 - 905.154.718; 807099 - 039.608.238; 819969 - 479.131.488; 819988 - 220.244.688; 819997 - 282.700.278;
821898 - 094.626.228; 822413 - 018.287.798; 825245 - 436.396.918; 825903 - 459.095.248; 826713 - 311.185.108; 827510 - 305.608.268;
As oportunidades no setor mos uma visão tão positiva ma fragmentada. contém quatro pilares de mu-
829978 - 206.029.328; 831151 - 938.601.535; 832023 - 190.729.658; 837717 - 259.405.578; 837732 - 259.405.578; 838018 - 314.198.078;
839508 - 273.909.588; 840296 - 945.174.365; 840496 - 274.971.698; 841148 - 330.736.288; 844955 - 397.622.638; 845489 - 490.861.848;
de saneamento no Brasil são do setor? Muita coisa! Opapelqueosbancospúbli- danças essenciais que visam
845585 - 228.584.398; 846167 - 035.794.618; 847669 - 449.607.728; 847734 - 043.422.376; 849399 - 013.179.268; 852314 - 003.835.248; enormes. Para um país que é Em primeiro lugar, o debate cos, especialmente o BNDES, endereçar problemas estru-
852953 - 383.553.858; 854273 - 110.853.796; 855623 - 335.871.518; 856125 - 563.121.858; 858025 - 030.385.398; 858394 - 366.071.918;
858821 - 375.474.628; 859032 - 256.274.008; 859075 - 256.274.008; 860695 - 404.016.568; 860821 - 373.722.738; 861012 - 449.195.208; anonaeconomiamundial,ter está maduro, ainda que tenha passaram a ter como estrutu- turais do setor, especialmen-
861329 - 163.091.748; 861573 - 284.871.948; 862660 - 378.976.138; 862661 - 107.510.898; 863919 - 358.934.398; 863966 - 281.625.308;
864301 - 357.047.178; 867101 - 328.192.438; 867318 - 055.124.094; 868600 - 492.718.058; 869382 - 431.110.248; 869862 - 343.938.138; 100 milhões de pessoas sem durado anos a fio. Chegou-se radorestemsido determinan- te quanto às suas condições
871119 - 299.875.978; 871533 - 341.129.888; 871794 - 153.498.498; 871996 - 148.708.308; 872652 - 518.359.158; 872769 - 091.465.795;
874246 - 068.240.708; 874489 - 369.677.898; 875670 - 576.182.728; 875727 - 247.743.568; 875839 - 527.618.958; 876307 - 462.791.168;
acesso a serviços de esgota- a um entendimento generali- te para a evolução do setor. regulatórias:
877163 - 101.366.336; 877318 - 479.373.188; 878123 - 047.780.778; 878242 - 302.249.678; 879009 - 399.532.488; 879209 - 456.186.328;
879213 - 915.736.538; 879254 - 301.290.148; 880171 - 575.584.408; 880308 - 404.935.618; 880521 - 378.557.798; 880824 - 111.710.298;
mento sanitário e 35 milhões zado, inclusive na classe po- Agora há, e seguirá havendo, 1) adoção de metas para
880945 - 531.553.288; 881057 - 122.491.118; 881241 - 225.373.068; 881330 - 213.517.068; 881658 - 293.194.838; 882175 - 431.891.268. sem acesso a água limpa sim- lítica, de que “não fazer” dei- um fluxo de oportunidades. universalização dos serviços
plesmente não é admissível. xadeser uma opção.Estamos até 2033;
Entretanto, essa tem sido a si- em busca do tempo perdido. 2) nacionalização da regula-
tuação há décadas. Em segundo lugar, crise ção mediante a atribuição de
O esforço para atender a após crise ficou mais palpá- competência à ANA (Agência
Comunicado essa demanda reprimida é vel a necessidade de inves- Nacionalde Águas) para insti-
REAJUSTE M2M 2020 enorme, e o poder público tir pesadamente em sanea- tuirnormasdereferênciapara
A Telefônica Brasil S.A., doravante denominada VIVO, operadora do Serviço Móvel não possui condições de rea- mento. Tivemos uma crise hí- o saneamento básico em âm-
Pessoal (SMP) nas Regiões, I,II e III do Plano Geral de Autorizações do SMP (PGA-SMP),
que abrange todo o território nacional, em atenção aos Regulamentos do respectivo lizá-lo sozinho. Prova disso é drica sem precedentes; tive- bito nacional;
serviço, comunica a seus usuários e ao público em geral, que a partir de 01/08/2020 a existência em si desse gap. mos (temos) uma crise eco- 3) incentivo à prestação re-
os valores de mensalidade dos Pacotes M2M SMARTCENTER, descritos a seguir, serão
reajustados de acordo com o índice IGP-DI acumulado de maio/2020 de 6,81%,
Até já se tornou fala repetiti- nômica e fiscal que reduziu a gionalizada dos serviços;
conforme condições estabelecidas em contrato. va que o investimento priva- quase zero o espaço orçamen- 4) obrigatoriedade de for-
Pacotes M2M SMARTCENTER do, nacional e estrangeiro, é tário para investimento; e malizaçãodecontratodecon-
M2M SMARTCENTER PACOTE 2MB M2M SMARTCENTER PACOTE 40GB
essencial, e que a retomada há uma crise sanitária cessão quando a prestação
M2M SMARTCENTER PACOTE 8MB PAC SC M2M 2 MB DINAMICO 4G econômica passará pela in- que exige, no mínimo, água dos serviços se der por enti-
M2M SMARTCENTER PACOTE 20MB PAC SC M2M 8 MB DINAMICO 4G fraestrutura, sendo o sanea- para lavar as mãos (um luxo dade que não integre a admi-
M2M SMARTCENTER PACOTE 50MB
M2M SMARTCENTER PAC COMP 100MB
PAC SC M2M 20 MB DINAMICO 4G
PAC SC M2M 50 MB DINAMICO 4G
mento a estrela.
Emsíntese,háumacarência
que 12 milhões de pessoas
em regiões metropolitanas
[ nistração de seu titular. Esse
contrato de concessão deve-
M2M SMARTCENTER PACOTE 100MB PAC SC M2M 100 MB DINAMICO 4G
M2M SMARTCENTER PACOTE 200MB PAC SC M2M 200MB DINAMICO 4G generalizada; baixa capacida- não têm). Esforço para rá ser precedido de licitação
de do setor público de enfren- Em terceiro lugar, o poder e conter as cláusulas mínimas
M2M SMARTCENTER PACOTE 500MB
M2M SMARTCENTER PACOTE 1GB
PAC SC M2M 500 MB DINAMICO 4G
PAC SC M2M 1 GB DINAMICO 4G tar o desafio (seja em termos de mobilização que as mídias
atender à demanda exigidas pela Lei de Conces-
PAC SC M2M COMP 3 GB PAC SC M2M 3 GB DINAMICO 4G de estruturação, gestão e/ou sociais deram aos “sem-voz” reprimida no sões (lei federal 8.987/1995),
M2M SMARTCENTER PACOTE 3GB PAC SC M2M 10 GB DINAMICO 4G
M2M SMARTCENTER PACOTE 10GB PAC SC M2M 40 GB DINAMICO 4G
investimento); muito lobby contribuiu para incutir um saneamento é inclusive quanto a metas de
corporativocontramudanças senso de urgência. expansão, qualidade e efici-
Para mais informações, consulte o site https://www.vivo.com.br/para-empresas/
no setor; barreiras de entra- Emquartolugar,houveuma enorme, e o poder ência dos serviços e cláusu-
contratos-e-regulamentos/movel ou a nossa Central de Relacionamento com o Cliente
está à sua disposição 24 horas por dia, 7 dias por semana, pelo telefone *8486, 1058,
da para investimentos e ope- mudança substancial na rea- público não possui las financeiras.
radores privados; um merca- lização dos estudos para pro- Para concluir, estamos ani-
0800151551 ou 142 para pessoas com deficiência de fala/audição.
do secundário incipiente (an- jetos de saneamento. A mu- condições de mados com as perspectivas
te a falta de desestatizações dança de institucionalidade realizá-lo sozinho e preparados para elas.
A24 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 a eee
mercado coronavírus By_Lu*Ch@QuE

Eugenia e coronavírus ação, seja pela omissão do es-

Crianças e adolescentes das periferias e favelas são mais atingidos pela Covid-19
- se crianças e adolescentes das
Cida Bento
Diretora-executiva do Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), é doutora em psicologia pela USP
Inúmeras são as reportagens e
estudos apontando que o ocul-
tamento ou manipulação do
dado cor/raça nos formulári-
os de notificação da Covid-19
e, acrescente-se a esse contex-
to, a retirada do CEP dos re-
gistros representam um esfor-
ço de encobrir uma política
eugênica que não investe es-
forços para estancar a pan-
demia porque quem está sen-
do preferencialmente atingi-
do são os pobres, os negros e
os favelados.
Assim, o crescimento e a am-
pliação de vozes contra a ideia
de que algumas vidas valem
mais do que outras, que carac-
teriza o fascismo e o racismo,
é fundamental como forma de
preservar e fortalecer as insti-
tuições, que devem se posici-
onar firmemente protegendo
os direitos de sua população,
em particular de suas crian-
ças e adolescentes.
No Brasil, o número de mor-
tes e internações de crianças
e adolescentes na pandemia
está muito acima dos demais
países, e a maior parte des-
sas crianças e adolescentes
são negras, vivem em periferi-
as, favelas ou bairros pobres,
de acordo com artigo de Julia
Dolce, da Agência Pública, de
junho de 2020.
No universo dos adolescen-
tes, são 59,4% de negros en-
tre os casos notificados, ante
38,8% dos de brancos.
Dolce destaca ainda que a
mortalidade de jovens brasi-
leiros por Covid-19 é pratica-
mente dois terços maior do
que a verificada em países ri-
cos, segundo pesquisa da Uni-
versidade de Paris
No entanto, o dado cor/raça,
fundamental para compreen-
der melhor essa situação, figu-
ra como “ignorado” ou mesmo
não preenchido em aproxima-
damente 40% dos formulários
de hospitalizações e óbitos, in-
dicando que a lei não vem sen-
do cumprida e o Estado não
desenvolveu campanhas ex-
plicativas sobre a importân-
cia dessa informação para a
definição de políticas públi-
cas a fim de enfrentar os de-
safios da pandemia.
Importa destacar aqui que
a mortalidade de crianças e
jovens negros, de indígenas,
idosos, quilombolas, seja pela
tado, pode representar a polí-
tica eugenista, na atualidade.
A eugenia significa esterili-
zar, exterminar, invisibilizar,
separar os indesejáveis. Assim,
periferias e favelas são atingi-
dos diferencialmente pela Co-
vid-19, eles também o são pe-
la brutalidade policial, como
observamos no aumento de as-
sassinatos de crianças e ado-
lescentes nos últimos anos.
Em 2019, cinco crianças de
menos de 12 anos e 43 adoles-
centes de 12 a 18 anos foram
mortos nas favelas do Rio de
Janeiro por agentes do Estado
brasileiro —policiais.
E, segundo o Atlas da Violên-
cia 2019, na idade de 21 anos,
quando ocorre o pico dos ris-
cos de uma pessoa ser vítima
de homicídio, negros têm 147%
mais chances de serem assas-
sinados do que brancos.
Mortos em casa, em parques
de diversões, nas escolas, em
diferentes lugares das peri-
ferias e favelas onde deveri-
am estar protegidos. Diver-
sos estudos têm revelado que
a identificação do local é um
dos elementos que legitimam
a morte.
A ideia de favela construí-
da como ausência, ilegalida-
de e desordem, um “proble-
ma” a ser solucionado, vem
permitindo a entrada abusi-
va do Estado para lidar com
a violência. Então, retirar o
CEP de registros não é invisi-
bilizar a política nas periferi-
as e favelas?
Mais do que nunca, precisa-
mos juntar as diferentes vozes
da sociedade brasileira na re-
tomada dos pactos civilizatóri-
os que possibilitam o cumpri-
mento do que define a Consti-
tuição Federal: a proteção in-
tegral de todas as crianças e
adolescentes e de segmentos
vulnerabilizados da sociedade.

| dom. Samuel Pessôa | seg. Marcia Dessen | ter. Nizan Guanaes, Cecilia Machado | qua. Helio Beltrão | qui. Cida Bento, Solange Srour | sex. Nelson Barbosa | sáb. Marcos Mendes, Rodrigo Zeidan

Itaú e XP se bicam após

campanha que critica
modelo de corretoras
FOLHAINVEST
-
Eduardo Cucolo
são paulo A nova campanha
de marketing do Itaú Uni-
banco, na qual a instituição
critica o modelo de corre-
toras e agentes autônomos,
provocou reação por parte
da XP Investimentos, insti-
tuição da qual o maior ban-
co privado do país é sócio.
No filme que começou a
ser veiculado na terça-feira
(23) pelo Itaú Personnalité,
o ator Marcos Veras apare-
ce na tela em 2019, durante
o período de euforia com a
alta dos mercados financei-
PRAGA TAMBÉM INFESTA O IÊMEN, NO ORIENTE MÉDIO ros, e em 2020, após a queda
Garoto segura gafanhoto em Sanaa; insetos prejudicam lavouras em país já afetado pela guerra Mohammed Mohammed/Xinhua provocada pela pandemia.
“A moda aqui em 2019 é
ter conta em corretora. As-
feito para você”, disse o pre-
sidente da XP, em referência
ao slogan do Itaú.
Após a repercussão, o Itaú
informou que a campanha
do Personnalité tem como
objetivo ressaltar seus atri-
butos positivos, como a pla-
taforma aberta de produtos
financeiros eomodelo dein-
centivos que tem como foco
uma visão de longo prazo,
além dos resultados e satis-
fação para o cliente.
“O Itaú Unibanco acredita
que ética independe de mo-
delo e há bons profissionais
em todas as configurações,
seja um agente autônomo
ou um gerente de banco. O
Itaú Unibanco está sempre
aberto ao debate transpa-
rente e honesto, e não é di-
ferente desta vez.”

Monocultura favorece nuvem

sessor [financeiro] também
tá na moda. Insiste o tempo
todo, ‘investe nisso, investe
naquilo, não tem risco’. Es-
tou me sentido o rei de Wall
Emnota,aABAAI(Associa-
çãoBrasileiradeAgentesAu-
tônomos de Investimentos)
afirmourepudiarapropagan-
da veiculada pelo Itaú “inju-

de gafanhotos, diz especialista

Bando de insetos na Argentina está a cem quilômetros da fronteira com o Brasil
AGROFOLHA
-
Reinaldo José Lopes
são carlos Os fatores que le-
vamaosurgimentodenuvens
de gafanhotos na América do
Sul ainda não estão totalmen-
te claros, mas é bastante pro-
vável que alterações ambien-
tais causadas pelaaçãohuma-
na, como as grandes lavouras
de monocultura, acabem fa-
vorecendo a formação des-
ses bandos com dezenas de
milhões de insetos.
“A monocultura não apenas
concentra grandes quantida-
des de alimento para os gafa-
nhotosnumúnicolugarcomo
tende a eliminar competido-
res e inimigos naturais”, diz
o entomólogo Ângelo Parise
Pinto, da UFPR (Universida-
de Federal do Paraná).
“Há ainda o fato de que a
monocultura retira obstácu-
los para a movimentação de-
les,criandoumapaisagemho-
mogêneaquefacilitaaagrega-
ção e a migração dos grupos.”
Nuvensdegafanhotoscomo
aqueapareceunosúltimosdi-
as na fronteira da Argentina
com o Brasil são um fenôme-
no registrado de forma inter-
mitente há milênios. Os inse-
tossãoumadasdezpragasen-
viadas por Deus contra o Egi-
to segundo o livro bíblico do
Êxodo,noAntigoTestamento.
“Devoraram toda a erva da
terra e todo o fruto das árvo-
res”,dizotexto.JánoApocalip- recursos agrícolas de um pa-
se,últimolivrodoNovoTesta- ís inteiro, a não ser em regiões
mento,gafanhotoshorrendos que já sofrem com inseguran-
surgem depois que um anjo ça alimentar crônica, como a
soaumatrombetae,emvezde África ao sul do Saara.
devorar plantações, eles ator- “É preciso considerar que
mentam o mundo com pica- essas explosões populacio-
das semelhantes às de escor- nais entre insetos tendem a
piões. Também há menções a ser fenômenos que começam
tais pragas em épicos gregos e rapidamente e podem termi-
hindus da Antiguidade. nar muito rapidamente tam-
Em épocas mais recentes, o bém”, diz Parise Pinto.
aparecimento periódico das Tudo indica que a nuvem
grandes agregações de inse- de gafanhotos dos últimos di-
tos pode devastar plantações as, no momento localizada a
em quase todos os continen- pouco mais de cem quilôme-
tes (as exceções são a Amé- tros da fronteira da Argenti-
rica do Norte e a Antártida), na com o Brasil, seja formada
mas o efeito costuma ser lo- pormembrosdaespécieSchis-
calizado, raramente afetan- tocerca cancellata, tipicamen-
do de forma significativa os te sul-americana. Gafanhotos
capazes de formar essas agre-
gações são, na verdade, muito
$ raros: apenas 20 das 6.000 es-
Para encerrar ações pécies do grupo apresentam
que ligam herbicida a esse comportamento.
Alémdisso,mesmoasespé-
câncer, Bayer vai pagar ciescomessacapacidadenor-
US$ 10,5 bi nos EUA malmentelevamvidasolitária,
A Bayer disse que chegou a encontrandooutrosindivídu-
acordo para encerrar dezenas ossóparaoacasalamento.Cir-
de milhares de processos nos cunstânciasambientaisespe-
EUA que dizem que o Roundup cíficas, como maior disponi-
(à base de glifosato) causa bilidade de alimento, podem
câncer. É um marco na batalha alterar essa dinâmica e fazer
jurídica da empresa alemã, com que surjam as nuvens.
que vem derrubando o preço Nesses casos, a própria ana-
da ação há quase dois anos. tomia dos insetos sofre mu-
A Bayer herdou milhares de danças profundas, com alte-
processos contra a inventora rações na coloração e o surgi-
do Roundup, a Monsanto, mento de certas protuberân-
quando adquiriu a gigante cias no corpo.
agrícola americana, em 2018. As grandes massas de bi-
chos juntos conferem cer-
ta proteção a seus membros
contra predadores (no míni-
mo, é mais difícil alcançar os
gafanhotos que estiverem na
parte“maisfunda”danuvem);
além disso,as mudançasnafi-
siologia dos animais faz com
queeles fiquem maisresisten-
tes a micro-organismos cau-
sadores de doenças quando
assumem a forma gregária.
Como o processo de forma-
ção das nuvens é gradual e co-
meça quando os gafanhotos
ainda estão em sua fase ima-
tura (as chamadas ninfas), o
melhor método de combate
ao problema é monitorar os
insetos com frequência e eli-
minar as agregações em seu
estágio inicial. Além do uso
de inseticidas convencionais,
também é possível aplicar bi-
oinseticidas—esporosdefun-
gos capazes de infectar e ma-
tar os gafanhotos.
Segundo o pesquisador da
UFPR, ainda não há estudos
confiáveis sobre as variáveis
ambientais (alterações no ca-
lor e na umidade, por exem-
plo) que poderiam favorecer
o aumento das nuvens de ga-
fanhotos na América do Sul.
De qualquer modo, as mu-
danças climáticas causadas
pelo homem certamente têm
potencial para ampliar o al-
cance dessas espécies em re-
giões antes consideradas fri-
as demais para sua presença,
afirma Parise Pinto.
Street”, afirma o ator.
O investidor de 2020 afir-
ma: “Aqui em 2020, deu para
ver que não tinha risco para
ele[assessorfinanceiro],que
ganhava comissão por tipo
de investimento. Ainda bem
quevocêdeixouseudinheiro
no Personnalité. São especi-
alistas isentos. Aprendeu?”
Nesta quarta (24), Guilher-
me Benchimol, presidente-
executivo e fundador da XP,
publicou “resposta aos ata-
quesdoItaú”,bancoquecom-
prou em 2017 49,9% da XP.
“Estamoshá20anoslutan-
do contra um sistema finan-
ceiroconcentradoquenunca
inovouenuncasepreocupou
com o que realmente impor-
ta: o cliente! Tenho certeza
de que os bancos preferem
o Brasil do passado, com ju-
ros altos e baixa concorrên-
cia, explorando ainda mais
os empresários e os investi-
dores individuais.”
Benchimol questiona
quem nunca recebeu uma
oferta do seu banco com um
cheque especial abusivo, um
empréstimo com as mais al-
tas taxas de juros do mundo,
uminvestimentonapoupan-
ça ou título de capitalização
desnecessário.
“A campanha do Itaú só
reforça que estamos no ca-
minho certo. Para o maior
banco do país, com mais de
90 anos de tradição, ir a pú-
blico e ofender uma profis-
são tão fundamental para o
desenvolvimento financei-
ro dos brasileiros, é porque
realmentepercebeuque não
consegue mais competir co-
locandoo clienteemprimei-
ro lugar. Tenho uma certe-
za: se tem algo que o banco
não é, nem nunca foi, é ser
riandootrabalhodemaisde
12milprofissionaiscertifica-
dos e credenciados”.
Também em nota, a An-
cord (associação das corre-
toras) afirmou que o papel
dos agentes autônomos de
investimento éfundamental
para o crescimento da base
de investidores no mercado
de capitais e um elo vital en-
tre investidores e produtos e
serviços disponíveis.
Para Bradesco,
regulação do open
banking ameaça setor
são paulo Omembrodocon-
selho de administração do
Bradesco e ex-vice-presiden-
tedetecnologiaseoperações
do banco, Maurício Minas,
disse nesta quarta-feira (24)
que o sistema bancário pre-
cisa enxergar o open ban-
king de maneira cuidadosa.
O motivo para a cautela,
segundo o executivo, seria
a regulamentação do mo-
delo que considera um desa-
fio e até mesmo uma amea-
ça ao setor. Minas não deta-
lhou, porém, quais ameaças
enxerga na regulamentação
do novo sistema.
“Éumaregulaçãoextrema-
mente agressiva e até assi-
métrica em relação ao ban-
coincumbente[osgrandes].”
O open banking, também
conhecido como sistema fi-
nanceiro aberto, consiste na
adoção de tecnologia padro-
nizada e permite que clien-
tes decidam como acessar
e com quem compartilhar
seus dados financeiros.
Isabela Bolzani
saúde
coronavírus
a eee
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 B1 By_Lu*Ch@QuE
53.874 mortes
País contabilizou 1.103 novos
óbitos entre terça e quarta
1.192.474 casos
Foram registradas 40.995
novas infecções em 24 horas

Aulas voltam em 8 de setembro se SP das aulas em São Paulo.

“No surto de H1N1, as aulas
ficaram paradas por 15 dias e
isso teve um impacto signifi-

progredir para 3ª fase de reabertura

Cidades precisarão estar há pelo menos 4 semanas na fase amarela para medida se concretizar
-
Isabela Palhares
e João Gabriel
são paulo O governo de São
Paulo anunciou nesta quarta-
feira (24) que espera retomar
as aulas presenciais no esta-
do, com rodízio entre os estu-
dantes, no dia 8 de setembro.
A condição para isso, contu-
do, é que todo o estado este-
ja durante pelo menos 28 di-
as (quatro semanas) na fase
amarela do plano de reaber-
tura da economia paulista.
Hoje, nenhuma região está
nessa fase, que prevê flexibi-
lização com abertura contro-
lada de comércio e serviços a
40% da capacidade, além de
baresesalõesdebeleza.Todas
estão nafase vermelha (alerta
máximo, sem abertura) ou la-
ranja (controle, com abertura
de comércio e serviços a 20%
da capacidade). As outras fa-
ses são a verde (abertura par-
cial, a 60%) e azul (normalida-
de controlada).
Segundo o governador Jo-
ão Doria, (PSDB), o plano de
volta às aulas engloba de cre-
ches a universidades, da rede
estadual e municipal, e tam-
bém serve como recomenda-
ção às entidades privadas. O
plano completo e as condi-
ções de retomada, se atingi-
das ou não, serão anunciados
apenas no dia 4 de setembro.
A proposta de volta às aulas
presenciais prevê ainda que
haverá uma combinação de
aulas presenciais e a distân-
cia. Desde abril, o governo
do estado tem feito aulas re-
motas para os estudantes da
rede estadual —parte dessas
atividades continuará sendo
feita com o uso de tecnologia
no segundo semestre. Muitos
alunos, porém, não tem parti-
cipado das atividades.
O governo afirmou ainda
quetrabalhanumprojetocha-
O secretário da Educação de SP, Rossiele Soares, participa remotamente de entrevista da gestão Doria
mado“4ºano”,quecriaumno-
vo ano letivo para os estudan-
tes do último ciclo do ensino
médio que desejem comple-
mentar a experiência esco-
lar, mas não deu novos deta-
lhes. Esse ano adicional não
será obrigatório.
Na primeira etapa da reto-
mada das aulas, as atividades
voltam com 35% dos estudan-
tes em sala. Depois, numa se-
gundafase,serão70%,atéche-
gar a 100% na terceira. Os pro-
tocolos englobam distancia-
mento entre os alunos, moni-
toramento das condições de
saúde e protocolos de higie-
nização dos ambientes.
Além disso, atividades co-
mo feiras, congressos e fes-
tas ficam suspensa por tem-
po indeterminado.
Comocondiçãoparaoinício
dasaulascom35%dosalunos,
o governo do estado estabele-
ceuqueomunicípiodeveráes-
tar na fase 3 de flexibilização
da quarentena. Para avançar
para 75% de alunos presenci-
ais, apenas quando as cidades
estiverem na fase 4.
Os municípiose escolas par-
ticulares terão liberdade pa-
ra definir como será a volta
de 35% dos alunos, por exem-
plo,sevoltamapenascomalu-
nos da educação infantil ousó
com os estudantes do último
ano do ensino médio ou alter-
nandoosdiasentreasturmas.
O modelo de retomada gra-
dual nas escolas estaduais se-
rá definido em julho.
A suspensão das aulas pre-
senciais, iniciada em março
por causa da pandemia do
novo coronavírus,atingiu13,3
milhões de estudantes e 1 mi-
lhão de profissionais da edu-
cação, o que representa 32%
da população do estado, disse
o secretário da Educação do
estado, Rossieli Soares, que
participou da entrevista por
videoconferência —ele se re-
cupera da Covid-19, após pas-
Divulgação/Governo do Estado de SP
sar 15 dias internado e ter al-
ta no último dia 17.
“Desde que se preserve algo
queéumaregradeouro,odis-
tanciamento de 1,5 metro, [o
ensinopresencial]poderávol-
tar na primeira etapa até 35%.
É um percentual em que con-
seguimos cumprir os proto-
colos, conseguimos fazer um
atendimento educacional im-
portanteetambémprocessos
pedagógicos de preparação”,
explicou Soares.
O secretário de Educação
afirmou que levará até três
anos para recuperar a defa-
sagem na aprendizagem du-
rante o período de suspensão
cativonoaprendizadodosalu-
nos na época, com queda de 4
pontos nas avaliações. Por is-
so, o nosso planejamento de
recuperação agora vai até o
fim de 2022”, disse.
A educação complementar
terá regras específicas,segun-
do ele, de acordo com o pla-
no de afrouxamento da qua-
rentena em São Paulo.
Segundo o governo, não ha-
verá retorno localizado no ca-
so da educação, uma vez que
o setor causa grande deslo-
camento de pessoas entre as
diferentes regiões do estado.
Paraasegundafasedoretor-
no, 60% das regiões precisam
estar na etapa verde da flexi-
bilização da quarentena por
mais de 14 dias e, para a últi-
ma etapa da retomada, 80%
das regiões precisam se estar
nessa situação. A fase verde é
a penúltima da escala.
“Se uma região porventura
regredir [...], nós vamos tra-
tar a exceção naquela região,
mantendo o estado aberto”,
afirmou Soares.
Segundoasdiretrizesdo go-
verno, serão proibidas feiras,
palestras,seminários,compe-
tições, campeonatos espor-
tivos, comemorações ou as-
sembleias.
Será obrigatório o uso de
máscaras, que serão distribu-
ídas pelo governo, tanto den-
tro do estabelecimento de en-
sino,mastambémnasvanses-
colares. Não será permitido o
uso dos bebedouros compar-
tilhados, e serão disponibili-
zado canecas e garrafas pa-
ra estudantes e funcionários.
Evidentemente,quemapre-
sentar sintomas, será afasta-
do das atividades.
O decreto definitivo sobre
a volta às aulas no estado de
São Paulo será publicado no
dia 2 de julho, afirmou Soares.
As regras de retomada das
aulaspresenciaistambémsão
válidas para o ensino superi-
or público e privado. No en-
tanto, USP, Unesp e Unicamp,
as três principais universida-
des do estado, já informaram
que só devem retomar as ati-
vidadespresenciais paraaulas
práticas e alunos concluintes.

Fases de abertura gradual da quarentena em São Paulo

Desde 1º.jun, as cidades avançam ou não de fase segundo a evolução local da doença

Divisão por Departamento Regional de Saúde Sim Aberto com restrições Não A ser definido
Fase 1
Fase 2 S. José do Rio Preto Barretos Franca Atividades econômicas Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5
Fase 3 Ribeirão Preto Espaços públicos
Fase 4 Atividades imobiliárias
Fase 5 Araraquara/São Carlos
Concessionárias
Araçatuba S. João da Boa Vista Escritórios
Piracicaba Bares, restaurantes e similares
Comércio
Campinas Taubaté
Shopping centers
Salões de beleza
Presidente Sub-região Oeste RMSP Academias
Sub-região Norte RMSP
Prudente Marília Teatros e cinemas
Sub-região Leste RMSP
Bauru Eventos que gerem aglomerações*
Sub-região Sudeste RMSP
Indústria não essencial
Município de São Paulo
Sorocaba Construção civil
Sub-região Sudoeste RMSP
Educação
*como esportivos Registro Baixada Santista Transporte
Fonte: Governo do estado de São Paulo

Escolas privadas preveem demissões, e públicas ameaçam greve

são paulo Com o anúncio de
que as aulas presenciais em
São Paulo só poderão ser re-
tomadasapartirdesetembro,
segundo critérios do governo
estadual, as escolas particu-
lares temem a perda de mais
alunos e de terem que demi-
tir professores. Já os docen-
tes acham precoce o retorno.
Representantes dos profes-
sores de escolas públicas di-
zem, por sua vez, que os do-
centes receberam a notícia
compreocupação,numadeci-
sãoqueavaliamcomo“prema-
tura”e“incerta”,oquepodele-
varàparalisaçãodacategoria.
O anúncio surpreendeu os
colégios particulares, que se
programavamparavoltarcom
parte dos alunos em julho ou
agosto. Como o governo João
Doria(PSDB)autorizouareto-
mada de comércio e serviços,
muitas famílias precisam das
escolas abertas para que pos-
sam voltar a trabalhar.
“Desde que anunciaram a
abertura do comércio, a es-
cola particular começou a se
preparar para receber os alu-
nos dessas famílias”, afirmou
Benjamin Ribeiro, presidente
do Sieeesp (sindicato das es-
colas particulares do estado).
Para a entidade, as famílias,
sobretudoascomcriançaspe-
quenas,podemterderecorrer
aoutrosserviços, comobabás
ou mães crecheiras. “As famí-
lias não irão continuar a es-
perar a escola abrir enquan-
to precisam trabalhar”, disse.
Levantamento do sindica-
to aponta que as creches (que
atendem crianças dos 0 aos 3
anos)perderamaomenos10%
das matrículas desde o início
da pandemia, o que represen-
ta mais de 53 mil alunos.
“Asfamíliasnãovãocontinu-
ar com os filhos na escola sa-
bendo que eles só terão mais
três meses de aula. E os colé-
gios estão em situação finan-
ceiracomplicadaevãoterque
demitirprofessores”,afirmou.
Arthur Fonseca, diretor da
escola Uirapuru e membro da
Abepar(associaçãodeescolas
particulares), também avalia
que o plano de retomada das
aulas deveria ter considerado
a situação das famílias com
crianças pequenas. “As rea-
lidades são distintas e deve-
ria haver um plano específico
para a educação infantil, com
uma retomada antecipada.”
Osprofessoresdaredeparti-
cular temem as demissões até
setembroetambémoaumen-
to da carga de trabalho após
a retomada das aulas.
Segundoeles,asescolasnão
avaliam estender o ano letivo
nopróximoanoedevemapro-
veitar sábados e emendas de
feriados para completar as
800 horas letivas em 2020.
Outra preocupação é a de
que não consigam manter as
aulas do ensino a distância.
Como sempre haverá 35% da
turmaemsala, osdocentes te-
rão de estar presentes na es-
cola todos os dias. Os alunos
que não estiverem em sala,
porém, poderão se ver à deri-
va, já que não restará tempo
para a preparar as aulas onli-
ne, que exigem outro tipo de
trabalho, sobretudo no caso
dofundamental1,emquenão
há rodízio de matérias.
Os sindicatos de professo-
res das redes municipais e es-
taduais de São Paulo avaliam
que o anúncio da reabertura
das aulas é precipitado.
Eles afirmam que o estado
continua a registrar recordes
de novos casos e que não há
garantia de segurança para a
volta às aulas.
“O estado tem recorde atrás
de recorde e quer colocar 5
milhões de estudantes nas es-
colas estaduais. Antes de re-
tomarmos, o governador te-
rá que apresentar um plano
bem estruturado do que fa-
rá nas unidades para garan-
tir o distanciamento e quan-
tos professores irá contratar
já que as turmas serão redu-
zidas”, disse a deputada Ma-
ria Izabel Noronha (PT), pre-
sidente da Apeoesp (principal
sindicato da categoria).
“Acreditamos que não era o
momentoaindadeseanunci-
ar,porquenãosesabecomoes-
tará a situação até setembro.
Muitos professores já entra-
ram em contato conosco, an-
tecipando que não irão voltar
às escolas caso não haja mais
certezasobreasegurançacon-
traatransmissãodovírus”,diz
Silvio dos Santos Martins, 2º
vice-presidente do Centro do
Professorado Paulista.
O Sinpeeem (sindicato dos
professores da rede muni-
cipal) também afirmou não
considerar que haja seguran-
ça para a retomada das aulas,
sobretudo paraaeducação in-
fantil onde não é possível ga-
rantir o distanciamento de
alunos e professores.
Com o Agora
B2 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
saúde coronavírus
Covas diz esperar que
restaurantes e bares
possam abrir dia 29
Setor propõe mesas a 1,5 m de distância, mas também
em áreas internas, vetadas na próxima fase de reabertura
-
Artur Rodrigues
são paulo O prefeito de São
Paulo, Bruno Covas (PSDB),
afirmou que espera que a ca-
pital paulista avance de fase
no plano de reabertura do go-
verno do estado na sexta-fei-
ra (26), permitindo abertura
de bares e restaurantes a par-
tir da próxima segunda (29).
A declaração foi dada em
uma live do Itaú BBA, nesta
quarta-feira(24).Ocálculodos
indicadores que definem a fa-
se da capital no plano de rea-
bertura ainda não havia sido
concluído, mas os índices da
semana passada apontavam
para o cumprimento da mai-
oria das metas exigidas pelo
governo João Doria (PSDB).
“Sexta-feiraogovernodoes-
tado deve apresentar nova re-
classificação das regiões e da
cidade de São Paulo. A nossa
expectativa é que cidade de
São Paulo entre na fase 3, o
que permite a reabertura seis
horaspordiadosrestaurantes
aqui na cidade”, disse Covas.
“Claro que eles nunca dei-
xaram de funcionar, a maio-
ria deles passou para entre-
gar delivery. Isso significa que
devem ter tido uma receita
de 25%, 30% do que tinham.
A gente sabe da dificuldade
que foi para esse setor pas-
sar por todo esse período. A
expectativa é que a partir de
segunda-feira eles possam re-
tomar a atividade, claro que
assinando o protocolo com a
prefeituradeSãoPauloejáes-
tamos trabalhandopara isso”,
acrescentou o prefeito.
Todas as sextas, o governo
anuncia o balanço, que inclui
a reclassificação das cidades.
Atualmente, São Paulo está
na segunda fase (cor laranja),
que permite a abertura de co-
mércios e escritórios, com li-
mitação a 20% da capacidade.
Dos cinco índices, ao me-
nos quatro foram atingidos
pela cidade: UTI (69,6% nes-
ta semana), variação de ca-
sos (1,13), variação de interna-
ções (0,98) e taxa leitos para
coronavírus por 100 mil habi-
CALIFÓRNIA TEM MALHAÇÃO COM ISOLAMENTO
Pessoas se exercitam separadas por cortinas de plástico em uma academia na praia de Redondo, na Califórnia,
nos Estados Unidos, estado onde academias reabriram no último dia 16 Frederic J. Brown - 16.jun.20/AFP
SP registra 2º maior número de novos casos
Marca perde apenas para contagem atípica
Número de novos casos por dia
20.000
15.000
10.000
5.000
642
0
1º.abr
Média semanal variável de novos casos
8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000 302,7
0
1º.abr
*Em 19.jun, um problema no sistema do governo ‘represou’ dois dias de novos casos,
o que causou o pico anormal. Fonte: Governo do estado de São Paulo
tantes (32,2). Na semana pas-
sada, quando foi feito o últi-
mo balanço, a taxa de varia-
ção de óbitos (acima de 1, em
1,09) continuava a barrar a ca-
pital e as vagas de UTI ainda
não haviam ficado abaixo de
70%, conforme o exigido.
A gestão Covas tem traba-
lhado nas minutas dos pro-
tocolos entregues por seto-
res que podem ser abertos.
O setor de bares, restauran-
tes e hotéis, por exemplo, en-
tregou proposta que prevê
mesas com 1,5 m de distância
e cadeiras a 1 m de distância,
o que reduziria a capacidade
dos locais em ao menos 50%.
A categoria enviou ao gover-
no estadual nesta semana um
ofício pedindo para que não
haja exigência que o atendi-
mento seja feito apenas em
áreas externas, como prevê
o plano de reabertura para a
fase amarela. Na avaliação do
setor, isso excluiria a maioria
dos estabelecimentos.
OpresidentedaAbrasel(As-
19.030*
9.347
24.jun
6.757,9
24.jun
sociação Brasileira de Bares e
Restaurantes) de São Paulo,
Percival Maricato, afirma que
é preciso que haja a liberação
de ao menos 40% da capaci-
dade desses estabelecimen-
tos para que o funcionamen-
tosejaviávelfinanceiramente.
“Nós achamos internamen-
te que é o setor mais bem pre-
parado para trabalhar. Até
porque a segurança alimen-
tar é do cotidiano do restau-
rante”, disse. “Do ponto de vis-
ta econômico talvez seja o se-
tor que mais precisa. E onde é
que vão comer essas pessoas
que estão indo trabalhar [em
setores já reabertos]?”.
Maricato diz ainda que se
trata apenas do início da ten-
tativa de retorno à vida nor-
mal para os restaurantes e ba-
res, mas que isso dependerá
principalmente de financia-
mentos que até o momento
não foram disponibilizados.
Clubespaulistanostambém
esperam obter autorização
para reabrir até o fim do mês.
By_Lu*Ch@QuE
O Esporte Clube Pinheiros,
por exemplo, deve distribuir
cartilhas aos seus associados
e já fez algumas adaptações.
De acordo com o site do
Sindi Clube (que representa
as entidades), já foi enviada
proposta que prevê, entre ou-
tros pontos, flexibilização do
horário de trabalho, redução
de jornada dos funcionários
ou home office, além de es-
paçamento entre os treinos
para evitar aglomerações.
Consultado, o sindicato
afirmou que haverá uma re-
união com o governador no
sábado (27) para encaminha-
mento do protocolo. A pre-
feitura afirmou que “rece-
beu as propostas de protoco-
lo de reabertura dos clubes
de entidades que estiveram
com o prefeito Bruno Covas
e secretários municipais”.
A administração diz ainda
que elas estão sendo analisa-
das de acordo com o estabe-
lecido no decreto municipal.
No dia 8 de junho, o prefeito
atendeu o presidente do Sin-
di Clube (Sindicato dos Clu-
bes do Estado de São Paulo),
Paulo Movizzo, e presidentes
de clubes tradicionais como
o Hebraica e Paineiras. Sobre
a reabertura de bares, a ges-
tão Covas afirma que “ have-
rá divulgaçãoepublicaçãoem
Diário Oficial das liberações,
quando chegar o momento”.
SP tem 2ª maior marca
de novos casos, atrás
apenas de dia atípico
-
João Gabriel
são paulo O estado de São
Paulo registrou, nesta quar-
ta (24), o segundo maior nú-
mero de novos casos de coro-
navírus em 24 horas desde o
início da pandemia: 9.347. Ao
todo, são 238.822 casos.
O recorde é de 19 mil regis-
tros, em 19 de junho. Na oca-
sião, porém, um problema no
sistemadogovernocausoure-
presamento de dados e acu-
mulou dois dias de contagem,
o que causou o pico anormal.
Na última terça-feira (23), o
estado registrou recorde de
óbitos em 24 horas, 434. Com
mais284destaquarta,atingiu
13.352 mortes no total.
Na segunda (22), o governo
anunciouqueointeriordeSão
Paulo passou a capital no nú-
mero de novos casos de infec-
ção pela primeira vez. Segun-
do o secretário de Desenvol-
vimento Regional, Marcos Vi-
nholi,foramregistrados14,5%
mais casos no interior que na
capital na última semana.
28 moradores de rua já
morreram por Covid-19
na cidade de São Paulo
são paulo Ao menos 28 mo-
radores de rua morreram
por Covid-19 na capital pau-
lista desde o início da pan-
demia, segundo dados da
Prefeitura de São Paulo.
Além disso, mais de 500
pessoas em situação de rua
passaram por abrigos para
casos suspeitos ou confir-
mados da doença.
Entre as vítimas da doen-
ça estava Suelen Ferreira Ro-
drigues, que vivia na região
da Mooca (zona leste de SP).
“Ela tinha outros problemas
de saúde, não estava bem.
A gente encaminhou para
a UBS, depois ela foi para o
hospital”, conta o padre Jú-
lioLancellotti,daPastoraldo
Povo de Rua, que acompa-
nhava a situação da mulher.
Lancellotti diz que o ex-
companheiro de Suelen es-
tá sendo acompanhado, in-
clusive psicologicamente,
após a morte dela.
De acordo com censo da
prefeitura, há 24.344 mora-
doresderuanacidadedeSão
Paulo, dos quais 7.002 estão
no grupo de risco e têm mais
de 50 anos, e 2.210 têm mais
de 60 anos. Do total, 12.651
vivem em situação de rua
—os demais, em abrigos.
Aprefeituradacapitalpau-
lista diz que, durante a pan-
demia, criou 1.072 vagas de
acolhimento para pessoas
emsituaçãoderua,comdois
locais voltados especifica-
mente para casos suspeitos
e confirmados da doença.
UmdesseslocaisficanaLa-
pa (zona oeste), e é destina-
do para pessoas com suspei-
ta de ter contraído o vírus.
No total, 411 pessoas já pas-
saram por lá —atualmente,
o espaço abriga 51.
O outro fica na Vila Cle-
mentino (zona sul), voltado
a pessoas com confirmação
do diagnóstico de Covid-19.
Por ali, já passaram 115 pes-
soas —atualmente, há 11.
Assim como os dados da
população geral, há grande
subnotificação e dificuldade
em se saber qual é a real di-
mensão da epidemia entre
aqueles que vivem nas ruas.
O principal atendimento
ocorre por meio dos consul-
tórios de rua, serviço muni-
cipal que possui médicos,
enfermeiros e outros pro-
fissionais. Atualmente, são
25 equipes que atuam tam-
bém na busca de sintomas
de Covid-19, entre outros.
Igrejas católicas e ortodoxas em
SP retomam missas presenciais
são paulo As igrejas católi-
cas e ortodoxas na cidade de
SãoPaulopoderãoretomara
realização de atividades pre-
senciais a partir da próxima
segunda-feira (29) seguindo
um protocolo de reabertu-
ra gradual, aprovado pela
prefeitura do município.
As normas foram apresen-
tadas nesta quarta (24) pela
Arquidiocese de São Paulo.
De acordo com o protoco-
lo sanitário, as igrejas devem
evitar aglomerações e o fiéis
devem respeitar o espaço
mínimo de 1,5 metro entre
as pessoas. A igreja também
ficaresponsávelporoferecer
álcoolemgelnaentradaesa-
ída dos ambientes e seguir o
horário de atendimento ao
público previsto pelo Pla-
no São Paulo de reabertura
das atividades no estado.
Além disso, os locais tam-
bém terão que aferir peri-
odicamente a temperatura
corporal dos colaboradores
e frequentadores e impedir
a permanência no ambien-
te de pessoas que estiverem
com temperatura corporal
igual ou superior a 37,5°C.
A Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB)
recomenda que fiéis que es-
tejam ou se sintam doentes
a eee
Com a chegada do inver-
no, onde há maior dissemi-
nação de doenças respirató-
rias, aumenta a a apreensão
entreosmoradoresderua.O
coronavírus se soma a uma
conjuntura na qual todos os
anoshápessoasquemorrem
de frio pela cidade. No con-
texto da pandemia, há ain-
da muitos relatos de agra-
vamento dos problemas por
quadros de depressão.
Geralmente mais lotados
no inverno, os albergues são
ambientes onde há potenci-
al de fácil disseminação da
Covid-19, devido à grande
concentração de pessoas.
A prefeitura sustenta, po-
rém, que os centros de aco-
lhida têm estrutura higie-
nizadas constantemente,
são mantidos com as jane-
las abertas para melhorar a
ventilação e que “as camas
foram colocadas em distân-
cia segura” nos albergues.
De acordo com o padre Jú-
lioLancellotti,porém,asolu-
ção ideal seria haver hotéis
para os moradores de rua.
“A questão é aglomerar. Vo-
cê coloca 100, 200 pessoas
no mesmo lugar. Tem muita
gente dormindo junta”, diz.
Voltadosapessoas emgru-
po de risco, os hotéis para
essa população foram uma
promessa da gestão Bruno
Covas (PSDB) que, até o mo-
mento,nãofoiconcretizada.
A prefeitura afirma que
foram recebidas três pro-
postas para o edital de cre-
denciamento para estabe-
lecimentos hoteleiros. Em
análise, as três foram ina-
bilitadas por não atende-
rem aos critérios exigidos.
“A pasta estuda alternativas
para viabilizar o projeto”,
diz a gestão. AR
“
A questão
é aglomerar.
Você coloca 100,
200 pessoas no
mesmo lugar.
Tem muita gente
dormindo junta
Padre Júlio Lancellotti
sobre a situação dos albergues
para moradores de rua
não frequentem as missas.
Para os frequentadores
que são do grupo de risco
(idosos ou pessoas com co-
morbidades), a CNBB suge-
re que assistam às missas
durante a semana, quan-
do há um número menor
de pessoas em comparação
às cerimônias dominicais.
As igrejas também de-
vem realizar um controle
da quantidade de frequenta-
dores durante as missas pa-
ra que seja possível respei-
tar o distanciamento social.
No documento em que pu-
blicouasregraspararetoma-
da das missas, a CNBB pede
para que as igrejas fixem,
em lugares visíveis, cartazes
com orientaçõessobre as re-
gras de higiene e de distan-
ciamento e para que as co-
munidades organizem equi-
pes para auxiliar os fiéis no
cumprimento das normas.
Dom Odilo Pedro Scherer,
arcebispo de São Paulo, re-
força, em carta direcionada
às igrejas, que elas não dei-
xem de transmitir as cele-
brações em ambiente virtu-
al, prática adotadadurante a
pandemia, para os que não
possam comparecer às ce-
rimônias presenciais consi-
gam acompanhá-las de casa.
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 B3

By_Lu*Ch@QuE coronavírus saúde

A pandemia e seus tempos Cinco minutos também po-

No confinamento o dia dura cinco minutos, mas meses podem parecer anos
- beça diz que sim, mas não é
Sérgio Rodrigues
Escritor e jornalista, autor de “O Drible” e “Viva a Língua Brasileira”
“Meus dias duram cinco mi-
nutos”, me escreveu outro dia
uma amiga por email. Não
esqueci mais essa hipérbole,
que ela usou de passagem e
que talvez soasse banal em
outro contexto. Achei-a per-
feita para expressar um efei-
to do confinamento que não
foi devidamente antecipado.
Três meses atrás, quando
muitos de nós estávamos no
começo do túnel de isolamen-
to social, uma grande preo-
cupação era o que fazer com
o tempo que, óbvio, passaría-
mos a ter de sobra.
Sem o tempo perdido no
trânsito e nas compras; em-
pregado em visitar amigos,
receber a visita deles, encon-
trá-los na rua; investido em
cinema, restaurante, dentis-
ta, academia de ginástica
—quanto tempo ia sobrar!
Houve quem ficasse con-
tente. Um freio de arruma-
ção! Hora de ler os clássicos
adiados há décadas. Marato-
nar séries maneiras. Aprender
mandarim, filosofia, cozinha
tailandesa, crochê.
É claro —mas não custa re-
forçar— que falo da parcela
privilegiada que pôde se dar
ao luxo de ficar em casa num
país que, politicamente doente,
nunca adotou o confinamento
de forma efetiva e coordenada.
Logo o isolamento se revelou
um consumidor voraz do recur-
so tempo, palavra que trouxe-
mos no século 13 do latim “tem-
pus” para designar a “duração
relativa das coisas, que cria no
ser humano a ideia de presen-
te, passado e futuro” (Houaiss).
Foi o que se viu: a lavanderia
insana das compras; as horas
passadas junto a fogão, pia e
vassoura; os cuidados com os
filhos sem escola; o jeito que
deu o tempo do trabalho (para
quem, privilegiado em dobro,
conseguiu mantê-lo) de se in-
filtrar no tempo do “repouso”.
Por tudo isso, é natural que
os dias pareçam durar cin-
co minutos, e que três meses
escoem num estalar de de-
dos, deixando uma sensação
de três semanas.
Ao mesmo tempo, seria inge-
nuidade não reconhecer que
a distorção em nosso senti-
do de tempo promovida pelo
cruzamento de Cronos com
Covid tem complexidades.
dem durar um dia inteiro, e
meses parecerem anos.
Pensando bem, terá mesmo
havido um tempo pré-pande-
mia? Haverá um pós? A ca-
sempre que o coração acre-
dita. O tempo pandêmico
sabe ser uma esfinge.
Por um lado, a concentração
de nossos afazeres num núme-
ro limitado mas intensivo de
tarefas rotineiras, mecânicas,
se soma à tendência dos dias à
homogeneidade, a uma falta
de eventos que passa a ser de-
sejada (“no news, good news”),
para tornar o tempo ligeiro e
indistinto como o vento.
Em compensação, viver o
tempo inteiro com o peso da
possibilidade de um evento tre-
mendo, o evento que acabaria
com todos os eventos, lhe dá
uma gravidade turva de eras.
O tempo do isolamento
pandêmico é ambíguo por-
que marca um tempo fora do
tempo, um hiato, um compas-
so de espera, ao mesmo tem-
po deprimente e desejável,
insuportável e acolhedor.
Sair de seu círculo de té-
dio é enfrentar a possibilida-
de nada desprezível de uma
aceleração brusca do tempo
e da marcha dos eventos até
o ponto da ruptura, aquele
em que já não haverá tempo
—a finitude, a morte.
No entanto, deve-se reconhe-
cer que todo esse drama es-
tá chegando ao fim. Não por-
que o vírus tenha perdido fô-
lego no país, mas porque nos-
sos governantes —e grande
parte da população, com bons
motivos ou não— decretaram
que acabou o isolamento.
Vamos ao tempo do deus-da-
rá. Talvez a gente acabe des-
cobrindo que os dias têm du-
rado cinco minutos como me-
táfora do piscar de olhos com
que a vida passa na terra.

| dom. Antonio Prata | seg. Tabata Amaral, Thiago Amparo | ter. Vera Iaconelli | qua. Ilona Szabó de Carvalho, Jairo Marques | qui. Sérgio Rodrigues | sex. Tati Bernardi | sáb. Oscar Vilhena Vieira, Luís Francisco Carvalho Filho

Nove estados têm

mais de 80% de
Suspenso por
ocupação em leitos
de UTI para Covid-19
causa Covid-19,
Em 22.jun, nas redes estaduais
Festival de
Leitos % de leitos
Parintins segue
MG
existentes

2.901
ocupados

91
indefinido
-
Monica Prestes
RR 41 88
manaus A pandemia de Co-
vid-19 deixou indefinida a
MT 240 87
realização da maior mani-
festação cultural do Ama-
RN 213 84 zonas, o Festival Folclóri-
co de Parintins.
Tradicionalmente rea-
PE 745 83 lizada no último fim de
semana de junho, a fes-
ta, que atrai, em média,
ES 662 82 60 mil turistas por ano à
ilha de Parintins, no Bai-
xo Amazonas, foi suspensa
MA 416 82
em maio e ainda não tem
nova data para acontecer.
CE 711 81 A suspensão se dá por
causa do alto risco de con-
taminação no evento, que
Pacientes com Covid-19 na UTI do Hospital do M’Boi Mirim, zona sul de São Paulo Lalo de Almeida/ Folhapress AC 48 81 reúne mais de 17 mil pes-
soas no Bumbódromo de

Com MG, 9 estados têm mais

Parintins durante três noi-
BA 896 75 tes, sem falar nos cerca de
7.000 artistas dos bumbás
Caprichoso e Garantido,
GO 158 75
que se apresentam na are-

de 80% das UTIs ocupadas

Uso de leitos para pacientes de Covid-19 cresceu em 16 unidades federativas
salvador, belo horizonte, rio
de janeiro, curitiba, recife, por-
to alegre, são paulo, brasília e
manaus A escalada dos casos
graves do novo coronavírus
fez crescer a ocupação dos
leitos de UTI (Unidade de
Terapia Intensiva) em 16 es-
tados brasileiros. Nove têm
mais 80% deles ocupados.
Minas Gerais, com alta dos
casos na capital e no interi-
or, tinha taxa de 90,6% de
ocupação na segunda-feira
(22), a maior do país. Rorai-
ma (88%), Mato Grosso (87%)
e Rio Grande do Norte (84%)
vêm na sequência, todos com
os casos aumentando.
Sem separar leitos para
Covid-19, a Secretaria Esta-
dual de Saúde de Minas diz
que 16% das internações de
pacientes graves são relacio-
nadas à doença. Há um mês,
a ocupação de leitos de UTI
no estado era de 69%. Com
a flexibilização da economia
em várias regiões, incluindo,
os números saltaram.
A a promotoria mineira,
com base em análises e estu-
dos, estimou na semana pas-
sada que o estado chegaria ao
esgotamento dos leitos nesta
quinta. A data foi adiada gra-
çasàexpansãonaredeestadu-
al, disse o secretário adjunto
de saúde, Marcelo Cabral, em
entrevista nesta quarta (24).
Das 14 macrorregiões de
saúde do estado, seis têm
percentual de ocupação de
UTIs acima de 90%, inclu-
indo as de Belo Horizonte,
Uberlândia e Juiz de Fora.
Nesta quarta, Minas che-
gou a 31.343 casos de Covid-19
confirmados e 771 mortes. As
internações por Síndrome
Respiratória Aguda Grave au-
mentaram 718% em relação
ao mesmo período de 2019.
Um dos primeiros estados
a autorizar a reabertura de
comércio e de parques pú-
blicos, Mato Grosso conti-
nua com uma escalada no
número de pacientes gra-
ves. A ocupação dos leitos
de UTI, que há duas sema-
nas era de 13%, está em 87%.
A situação é mais grave no
interior. Nas cidades de Ron-
donópolis, Cáceres e Sorriso,
aocupaçãodoserade100%na
terça (22). Em Várzea Grande,
na Grande Cuiabá, só 1 dos
40 leitos para pacientes com
Covid-19 estava disponível.
Pernambuco, Maranhão e
Ceará também têm ocupa-
ção acima de 80%, mas vi-
vem desaceleração no nú-
mero de casos graves.
No Maranhão, onde o sis-
tema de saúde atingiu o co-
lapso há cerca de dois meses,
o governo começou a redire-
cionar UTIs reservadas para
pacientes com o novo coro-
navírus para pessoas com ou-
tras doenças. Em uma sema-
na, o número de leitos para
Covid-19 caiu de 474 para 416.
A Secretaria Estadual da Sa-
úde apontou queda na ocu-
pação de leitos, do número
de novos casos e da taxa de
contágio na Grande Ilha, for-
mada por São Luís, São José
de Ribamar, Paço do Lumiar
e Raposa. No interior do es-
tado, porém, houve aumento
de casos graves. Na segunda,
80% dos leitos fora da Gran-
de Ilha estavam ocupados.
Há duas semanas, eram 68%.
Pernambuco também re-
gistra queda na demanda
de pacientes com Síndrome
Respiratória Aguda Grave por
leitos de UTI. Na terça, a taxa
de ocupação na rede pública
estadual era de 83%. Desde o
início da pandemia. Há uma
semana, a cifra era 87%.
Espírito Santo (82%) e
Acre (81%) completam a lis-
ta de unidades federativas
com mais de 80% dos leitos
ocupados.
No Rio de Janeiro, a taxa de
ocupação das UTIs cai há al-
gumas semanas. Na segunda,
era de 57% . Contribuiu pa-
ra a melhora a inauguração
de hospital de campanha em
São Gonçalo no dia 18.
Outros cinco hospitais de
campanha prometidos pe-
lo governador Wilson Witzel
(PSC) não foram abertos até
hoje. Estudo da Secretaria de
Saúde recomendou que eles
não fossem mais construídos,
já que a ocupação está baixa e
os custos de seriam altos
Em São Paulo, o governo
do estado diz que não houve
tensionamento nos leitos de
UTI a despeito do novo recor-
de de óbitos em 24 horas re-
gistrado na terça. A taxa de
ocupação é de 65,7%, contra
70% na semana passada.
Bahia (75% dos leitos ocu-
pados), Distrito Federal
(67,2%) e Paraná (59%) têm
crescimento no número de
pacientes graves.
No Paraná, alguns hospi-
tais públicos de Curitiba e
na região oeste do estado es-
tão sem leitos exclusivos pa-
ra infectados por Covid-19.
A taxa média de 59% só é
empurrada para baixo gra-
ças às condições favoráveis
das outras áreas do estado.
Na semana passada, a taxa
era de 51%. Em Curitiba, 78%
das UTIs estão preenchidas.
Em meio a medidas de fle-
xibilização do isolamento,
Mato Grosso do Sul continua
sendo o único estado com
ocupação de leitos abaixo de
50%, mas com tendência de
alta. O número de leitos ocu-
pados subiu de 10% para 23%
em uma semana. João Pedro
Pitombo, Fernanda Canofre,
Diego Garcia, Júlia Barbon,
Katna Baran, João Valadares,
Paula Sperb, Ana Luiza Albu-
querque, Carolina Moraes, Ra-
quel Lopes e Monica Prestes
na, e nas centenas de tra-
RO 132 75 balhadores envolvidos na
produção, no transporte e
na segurança das alegorias.
AL 270 73 O cancelamento do
evento na data tradicio-
PA 701 70
nal foi anunciado em 25
de maio, mas desde então
o governo do estado não
se posicionou mais.
AM* 205 70 O festival movimentou
mais de R$ 476 milhões
RS 2.058 68 entre 2005 e 2019, atrain-
do mais de 750 mil turistas
que,em2019,gastaram,em
PI 419 68 média, R$ 147 por dia.
Na semana passada, a di-
retoriados doisbois,Capri-
SE 166 68 choso e Garantido, cobrou,
por meio de uma carta,
uma definição, ainda que
DF 428 67 provisória, de nova data.
A secretária executiva de
SP* 0 66 Comunicação do Governo
do Amazonas, Cristiane
Mota, informou que ain-
SC* 0 64 da não há uma data defini-
da para a realização do fes-
tival e que qualquer deci-
PB 354 61 são vai depender da situa-
ção da rede de assistência
médica e dos indicadores
PR 786 59 epidemiológicos, não só
de Parintins e do Amazo-
RJ 587 57 nas, como de diferentes lu-
gares do país e do mundo,
de onde vêm os visitantes.
TO 54 50 “Não há como prever um
mês sem antes a avaliação
de o que vai acontecer, sem
MS 209 23 esse tempo de observação
epidemiológica. As agremi-
açõesepatrocinadorestêm
AP* 0 0 conversado com o governo
constantemente, mas ain-
*Dado não informado da não há definição de mês
CE e BA incluem leitos estaduais e para realização do evento
municipais. MG contabiliza todos os
leitos, não apenas os para Covid-19. RS e e tampouco de cancela-
SC incluem leitos estaduais, municipais e mento para este ano. Tu-
privados. RJ contabiliza apenas os
hospitais de referência. Fonte: governos do depende da evolução
estaduais da pandemia”, justificou.
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 B5

By_Lu*Ch@QuE coronavírus saúde

Agência Pública lança ação Brasil não tem

participativa para apurar
mortes por coronavírus
são paulo Muitas são as per-
guntas ainda sem resposta so-
bre a pandemia da Covid-19
no Brasil: quantas são as ví-
timas realmente, quem são
elas, quais fatores levaram ao
agravamento de sua saúde?
Para investigar as circuns-
tânciasdasmortesdasvítimas
do novo coronavírus, a Agên-
ciaPúblicainicianestaquinta-
(25) um projeto participativo
que busca identificar as cau-
sas da subnotificação dos ca-
sosdeóbitonopaís.Umques-
tionárioserálançadoparaque
leitores contem histórias de
familiares e conhecidos que
TESTE DA VACINA DE OXFORD COMEÇA EM SP morreram de coronavírus.
Voluntários aguardam para entrar em centro da Unifesp onde são conduzidos testes OprojetoHistóriasqueCon-
da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela universidade de Oxford Amanda Perobelli/Reuters tam busca a ajuda do público
para entender quais fatores,
como cor, gênero, doenças as-
há uma subnotificação, mas
precisamos entender em que
situações isso ocorre, entre
quais pessoas é mais comum,
comoessamorteéregistrada.”
A investigação partirá das
informações colhidas pelo
questionário, que será divul-
gado em todo o país. O for-
mulário pode ser acessado
em http://agen.pub/participe
“Os leitores poderão nos
contar como têm sido a tes-
tagem, o atendimento médi-
co e a documentação dos ca-
sos em seus municípios. Com
essas informações, podemos
encontrartendênciaseenten-
der melhor como a pandemia
está ocorrendo pelo Brasil,
que tem situações tão diver-
sas”, diz Natalia Viana, direto-
ra e cofundadora da Pública.
diretriz contra a
doença, diz TCU
brasília Relatório do TCU
(TribunaldeContasdaUni-
ão) aprovado nesta quarta
(24)afirmaquefaltamdire-
trizesaogovernofederalno
combateàpandemiadoco-
ronavírus e que isso pode-
rá causar mais infecções e
mortes, além de desperdí-
cio de dinheiro público.
No documento, o mi-
nistro Vital do Rêgo rela-
ta dez riscos potenciais
e ressalta a importância
de uma coordenação com
os governadores para evi-
tar danos ainda maiores à
saúde da população.
Aauditoriafeitapelostéc-
nicos do TCU na atuação
do Comitê de Crise da Co-
vid-19,criadoemmarçope-
lo governo para monitorar
etraçarestratégiasdecom-
bate ao vírus, “não identifi-
coudiretrizescapazesdees-

Anticorpos contra
sociadas e profissão, podem
ter contribuído para as mor-
tes. O objetivo é também en-
contrar tendências que leva-
ramocasoanãoseridentifica-
A investigação participati-
va tem sido bastante usada
nos Estados Unidos, país com
o maior número de casos de
coronavírus no mundo, pa-
tabelecerobjetivosaserem
perseguidos por todos os
entes e atores envolvidos”.
Outropontoalvodecríti-
casdoTCUfoiaausênciade

Covid-19 podem
docomadoença,comoausên-
cia de teste, demora no resul-
tado e falta de atendimento.
“Em um momento em que
os dados oficiais não refletem
ra entender as circunstânci-
as da pandemia. “Em uma si-
tuaçãocomtantosproblemas,
com especificidades locais, a
participação do leitor ajuda a
médicoseoutrosespecialis-
tas de saúde no comitê. Is-
soestavaprevistodesdesua
criaçãoeficouemsegundo
planodesdequeopresiden-

diminuir em 3 meses
Estudo reforça necessidade de prevenção para quem já
foi infectado, mas corpo tem outras respostas imunes
-
Phillippe Watanabe
são paulo Pessoas que tive-
ram Covid-19, com ou sem
sintomas, podem ter queda
nosníveisdeanticorposcon-
tra a doença entre dois e três
meses após a infecção, apon-
ta uma pesquisa publicada
na última semana na revista
científica Nature Medicine.
O estudo, conduzido na
China, analisou 37 pessoas
assintomáticas e 37 com sin-
tomas moderados. Todas ti-
veram a infecção confirma-
da por meio do teste RT-PCR,
considerado padrão-ouro
para a detecção do vírus.
Os pacientes foram anali-
sados até oito semanas após
deixaram o hospital. Segun-
do os pesquisadores, a mai-
oria teve redução de anticor-
pos IgG —que indicam que
a infecção ocorreu há mais
tempo, podem durar bas-
tante no sangue e, por isso,
são considerados um bom
marcador de imunidade.
Além disso, os anticorpos
IgG estavam abaixo do nível
detectável em 40% dos vo-
luntários assintomáticos e
em 13% dos sintomáticos.
A redução dos níveis de an-
ticorpos pode implicar nas
nasestratégiasdeimunidade
e nas pesquisas sorológicas
que vêm sendo conduzidas.
“Os dados indicam os ris-
cos do uso de passaportes de
imunidade para a Covid-19 e
dão suporte à continuidade
de medidas de intervenção
de saúde, incluindo distan-
ciamento social”, afirmam os
autores da pesquisa.
Em abril, a OMS disse que
oschamados“passaportesde
vel segunda onda da pande-
mia a partir de reinfecções.
A bióloga Natalia Paster-
nak, presidente do Institu-
to Questão de Ciência, tam-
bém disse, via suas redes so-
ciais, que questões sobre a
imunidadeaonovocoronaví-
rus permanecem em aberto.
Segundo ela, os resultados
nãoquerem dizer não desen-
volvemos imunidade contra
o coronavírus nem que esta-
mos suscetíveis a uma rein-
fecção. “Anticorpos não são
nossa única resposta imune”,
disse. “O fato de ‘perdermos’
rapidamente o IgG não quer
dizer que não temos respos-
ta celular ou que não tenha-
mos desenvolvido células de
memória,capazesdemontar
umarepostarapidamenteca-
soovírusinfectenovamente.”
Ela disse ainda que não es-
tamos vendo casos de rein-
fecção de forma consisten-
te, então parece que quem
teve a doença e se recuperou
está protegido. “Mas o fato é
que ainda nao sabemos, por
isso não podemos relaxar as
medidas de prevenção.”
Pasternak e Weissmann
concordam que mesmo as
pessoas que já tiveram Co-
vid-19 precisam continuar
com medidas preventivas
Diretor do Einstein
diz que crise mostra
o valor da ciência
são paulo “Esperoqueaspes-
soas tenham aprendido o va-
lor da ciência pela falta dela”,
disse o médico Luiz Vicen-
a realidade e há uma angústia encontrar falhas, tendências, teJairBolsonarodecidiuco-
da população para entender histórias”, disse Anna Beatriz. locarnocomandodoMinis-
e investigar o que de fato está O “engagement reporting”, tério da Saúde um militar.
acontecendo, podemos reu- termo em inglês para esse ti- O governo não é obri-
nir esforços para entender a po de apuração participativa, gado a acatar uma reco-
real dimensão da pandemia
em seus vários problemas”,
foi utilizado por exemplo na
ProPublica,emNovaYork,pa-
mendação do tribunal.
No entanto, terá de arcar
diz Anna Beatriz Anjos, re-
pórter da Pública e uma das
ra identificar as condições de
trabalho de médicos e profis-
com as consequências ca-
so haja prejuízos ao erário
responsáveis pelo projeto. sionaisdesaúdenapandemia. depois do alerta.
dos poucos que tinham algu- Ela afirma que a ideia do Fundada em 2011 por jor- O tribunal determinou
ma evidência de melhora. projeto não é encontrar o nú- nalistas mulheres, a Agên- que a Casa Civil publique
“Hoje aprendemos muita mero real de casos ou mortes cia Pública produz reporta- na internet as atas das re-
coisa, como o uso do corti- da doença, mas as circuns- gens investigativas e já ven- uniões do comitê a cada 15
coide, anticoagulante e oxi- tâncias ou padrões da falta ceu mais de 40 prêmios naci- dias. Essa medida precisa
genação. Melhoramos muito de notificação. “Sabemos que onais e internacionais. ser cumprida.
o entendimento da doença.
Pessoas que morreram há
quatro meses provavelmen-
te não morreriam hoje, por-
que entendemos mais a do-
ença. Então, faz todo sentido
que você retire da indicação
uma coisa que no momen-
to não é mais tão necessária,
porque temos outros proto-
colos que são sabidamente
mais eficientes para paci-
entes graves”, explicou ele.
Comentando o fato de que
há mais de 140 vacinas sendo
testadas pelo mundo, o mé-
dico disse que a chance de
ter uma vacina que funcione
está muito mais baseada na
quantidadedoquenoconhe-
cimento real sobreo vírus.”
Isso porque ainda se co-
nhece muito pouco sobre
o Sars-Cov-2 em geral, ex-
plicou Rizzo, citando a falta
de compreensão sobre quais
são as populações resisten-
tes ao coronavírus.
O médico, porém, pareceu
otimista ao falar dos resul-
tados de algumas vacinas
que já demonstraram resul-
tados prévios positivos. É o
caso da vacina desenvolvi-
da pela Universidade de Ox-
ford, que está sendo testa-
da no Brasil pela Unifesp.
Além do contágio pelo co-
ronavírus e vacinas, o médi-
co também falou sobre a sa-
úde mental das pessoas du-
rante a quarentena, algo que In
nformação
tem sido estudado pelo Hos-
pital Albert Einstein. “Come-
naa palma da mão:

imunidade” não devem ser
usados como estratégia pa-
ra flexibilizar as quarentenas
contra o coronavírus. O do-
te Rizzo, que é diretor supe-
rintendente de pesquisa do
Instituto Israelita de Ensino
e Pesquisa Albert Einstein.
6
çamos a estudar não só se ia o melhor remédio
piorar a saúde mental, mas
quais as alternativas para A Folha
F lança a FolhaMed, uma
mitigar o estresse”, disse ele. asssinatura pensada para os

cumento divulgado na épo-
ca, que revisou 20 estudos ci-
entíficos, disse que “não há
evidências de que as pesso-
as que se recuperaram de
Covid-19 e tenham anticor-
pos estejam protegidas con-
tra uma segunda infecção”.
O risco é que pessoas com
resultado positivo no tes-
te passem a ignorar conse-
lhos de saúde público, por
se considerarem imunes a
uma segunda infecção.
De acordo com o infectolo-
gista Leonardo Weissmann,
consultor da SBI (Sociedade
Brasileira de Infectologia), o
estudoaindanãotrazrespos-
tas definitivas, mas levanta
questões sobre uma possí-
RizzoparticipoudoAoVivo
em Casa, nesta quarta-feira
(24), série de lives realizadas
pela Folha durante a quaren-
tena. A conversa foi mediada
por Cláudia Collucci, repór-
ter especializada em saúde.
Para ele, faltaram, da par-
te da ciência, estudos contí-
nuos após outros epidemi-
as, como a Sars-Cov-1 e Mers.
“Faltouciência e faltou inves-
timento quando o problema
foi anunciado há duas déca-
das, foi a famosa crônica da
morte anunciada”, disse ele.
Ele também comentou so-
bre a hidroxicloroquina. O
medicamento, que foi o cen-
tro de discussões políticas,
eranoiníciodapandemiaum
“A pressão de perder o con-
tato com os próprios familia-
res é adicionada a outros fa-
tores geradores de estresse,
comonoscasosdeumainter-
naçãopelaCovid-19,emquea
pessoa fica isolada”, explicou
Rizzo, que disse que, duran-
teumapesquisa,observou-se
que as pessoas se estressam
com qualquertipo de notícia
relacionada ao coronavírus,
até mesmo as boas.
Alternativas já conheci-
das são indicadas para to-
dos durante este período
de isolamento, como fazer
exercício, falar regularmen-
te com amigos e familiares,
meditar e até mesmo olhar
uma imagem da natureza.
meses grátis
pro
ofissionais que atuam na área
méédica. Ela dá acesso a todo o
connteúdo do jornal e conta também
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B6 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
ONGS FAZEM DISTRIBUIÇÃO DE KITS DE HIGIENE EM PARAISÓPOLIS
Moradores da favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, se reúnem no campo de futebol da comunidade para receber
kits com máscaras e produtos de higiene pessoal distribuídos por organizações não governamentais Rivaldo Gomes/Folhapress
Sob os holofotes, OMS vira alvo
recorrente de desinformação
Organização foi tema de 146 checagens ao redor do mundo desde janeiro
-
Nathália Afonso
agência lupa Com a pan-
demia da Covid-19, a Orga-
nização Mundial da Saúde
(OMS) ganhou uma visibili-
dade inédita. E, como conse-
quência,ainstituiçãotambém
acabou se tornando um alvo
cotidiano de desinformação.
Em alguns casos, a imagem
da entidade foi usada para le-
gitimar tratamentos sem efi-
cáciacomprovadaecontestar
políticaspúblicascontraado-
ença. Em outros, tornou-se o
epicentro de teorias da cons-
piração. De meados de janei-
ro até 23 de junho, 146 verifi-
caçõesforamfeitasenvolven-
doainstituição,segundoasba-
sesdedadosCoronavirusFacts
Alliance e CoronaVerificado.
Entreostratamentossupos-
tamente recomendados pela
instituiçãoestãoalgumasdro-
gas que, de fato, foram estu-
dadas como potenciais alter-
nativascontraCovid-19.Em17
de março, checadores da Ín-
dia desmentiram que a OMS
teria recomendado oficial-
mente o uso de cloroquina.
Outros medicamentos su-
postamente aprovados pela
organização são bem menos
óbvios. Em Taiwan, usuári-
os de redes sociais compar-
tilharam que a OMS subscre-
veu o uso de nicotina como
forma de combater a doen-
ça. Já na Argentina, circulou
que a OMS recomendava o
consumo de bebidas quentes
para matar o vírus.
Nada disso é verdadeiro.
Umdoscasosmaiscuriosos
vemdeMadagascar,paísinsu-
larnacostaorientaldaÁfrica.
Opresidentedopaís,AndryRa-
joelina, defende que uma be-
IMÓVEIS
CONSÓRCIOS/
FINANCIAMENTOS
DE IMÓVEIS
CONSÓRCIO DE IMÓVEL
CONTEMPLADO
Crédito de R$ 416 MIL para
comprar, construir, quitar, ou
refinanciar R$ 54 mil + Parcelas
F: (11) 93491 9288
bidalocalà base de artemísia,
apelidada de Covid-Organics
(CVO), seria um tratamento
eficaz contra a doença —algo
que não tem qualquer emba-
samento científico até o mo-
mento. Na França, circulou a
informação de que a OMS te-
ria recomendado essa bebida
como a cura da Covid-19.
Emoutrospaíses,aCVOtor-
nou-se o epicentro de uma te-
oria da conspiração. Em abril,
circulou em Madagascar e em
outros países africanos que a
OMS, em conluio com a Fran-
ça, teria tentado envenenar a
CVO para deliberadamente
atrasar a descoberta de um
tratamento para a doença.
A “fonte” dessa informação
seria o médico francês Didier
Raoult, um dos principais de-
fensores douso dacloroquina
contra a Covid-19. Depois, ou-
tro boato apareceu: a organi-
zação teria tentado oferecer
um suborno de US$ 20 mi-
lhõesparaopresidenteRajoe-
lina envenenar a bebida. Essa
peça foi desmentida por che-
cadores da França, da Itália
e da Tanzânia. A informação
chegou no Brasil em junho e
também foi desmentida.
Das 146 verificações que ci-
tavam a OMS, 21 tratavam so-
bre isolamento social, distan-
ciamento social ou quarente-
na. Na maioria dos casos, fa-
las de dirigentes da institui-
ção, como o diretor-geral Te-
dros Adhanom Ghebreyesus,
foram tiradas de contexto.
Em outubro, checadores
de fatos da Colômbia tive-
ram que desmentir um bo-
ato de que uma quarente-
na universal teria sido reco-
mendada pela instituição. Pe-
lo Twitter, a organização des-
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coronavírus
By_Lu*Ch@QuE
mentiu a informação e disse
que indicava o isolamento, a
testagem da população e o
tratamento de doentes pa-
ra o combate da Covid-19 em
países afetados pela doença
—não uma quarentena geral.
No Brasil, o boato foi na di-
reção oposta. No final de mar-
ço, uma frase de Ghebreyesus
sobreoefeitodapandemiaem
famílias pobres foi deturpa-
da e publicada como se o di-
retor-geral da OMS se opuses-
se às medidas de isolamento
social. Na época, o presiden-
te Jair Bolsonaro (sem parti-
do) publicou essa informação
falsa em seu Twitter.
Boatos do tipo prevalece-
ram nos últimos meses. Na
Índia, um falso protocolo da
OMS sobre a duração das me-
didas de restrição de movi-
mento foi difundido como
verdadeiro. O documento re-
comendaria que medidas fos-
sem relaxadas três semanas
após sua adoção .A própria
OMS desmentiu a informa-
ção. Já na Ucrânia, checado-
res esclareceram a declara-
ção da instituição de que o
autoisolamento seria inefi-
caz no combate à Covid-19.
Obviamente, era falsa.
Outro ponto em comum na
desinformação envolvendo a
organização em diversos pa-
íses são as teorias da conspi-
ração. Muitas delas envolvem
o fundador da Microsoft, Bill
Gates. Checadores de Esta-
dos Unidos, Rússia e Alema-
nha já tiveram de desmentir
textos e vídeos que afirma-
vam que o bilionário ameri-
cano possui “ações” da orga-
nização e que, por isso, esta-
ria utilizando sua influência
para criar uma vacina.
Sem liberdade de imprensa
não há democracia
eee
saúde
Nos Estados Unidos, o texto
afirma que Gatesteria15% das
ações,enquantonaAlemanha
os boatos indicam que o em-
presário detém 80% da enti-
dade. Logicamente, a OMS
não é uma empresa de capi-
tal aberto, e Gates, portanto,
não é “acionista” dela.
Outro boato que menciona-
va a OMS e o empresário cir-
culou na Irlanda. Checadores
do país desmentiram uma in-
formação que dizia que a or-
ganização, o magnata e sua
mulher estariam sendo acu-
sados de genocídio. A publi-
cação no Facebook mostra
supostos documentos de um
Tribunal Internacional de Di-
reitos Humanos (The Human
RightsTribunalInternational,
em inglês) usados no “caso”. O
taltribunalnemsequerexiste.
Porfim,onomedaOMStem
sidousadoindevidamenteem
alguns países latino-america-
nos para a prática de golpes.
Em março, circulou pelo
WhatsApp uma mensagem
com a promessa de ajuda fi-
nanceira da instituição pa-
ra usuários que fizessem um
cadastramento. O objetivo
dos criminosos era roubar
dados de pessoas que pas-
sam dificuldades financei-
ras causadas pela pandemia.
Esse golpe foi identificado
por checadores do Equador,
Peru e Argentina.
Esta coluna foi escrita pela Agência
Lupa a partir das bases de dados
públicas mantidas pelos projetos
CoronaVerificado e LatamChequea
Coronavírus, que têm apoio do Google
News Initiative, e pela CoronaVirusFacts
Alliance, que reúne 88 organizações
de checagem em todo mundo. A
produção das análises tem o apoio do
Instituto Serrapilheira e da Unesco.
Veja outras verificações e conheça os
parceiros em coronaverificado.news
a eee
cotidiano
Câmara paulistana
extingue autarquias
de serviço funerário
e limpeza urbana
“
-
Artur Rodrigues
são paulo A Câmara Munici-
pal de São Paulo aprovou nes- É um projeto
ta quarta-feira (24) um proje- que já vinha
to de lei de reforma adminis- sendo deba-
trativa que extingue cerca de tido antes da
3.000 cargos e também acaba pandemia,
com autarquias municipais. pois foi
O projeto foi aprovado em aprovado
segunda votação nesta quar- em primeira
ta, com 31 votos favoráveis e votação em
12 contrários. Agora, seguirá fevereiro.
para a sanção do prefeito Bru- No entanto,
no Covas (PSDB), seu autor. a crise atual
O texto prevê a extinção reforçou
de órgãos como Serviço Fu- ainda mais a
nerário, a Amlurb (Autori- necessidade
dade Municipal de Limpeza de enxuga-
Urbana), o Ilume (Departa- mento da
mento de Iluminação Públi- máquina e
ca) e a SPTuris, entre outros. de eficiência
O plano também cria uma nos gastos
agência reguladora, a SP Re- públicos, e é
gula, que vai fiscalizar a con- isso o que a
cessão desses serviços à ini- reforma ad-
ciativa privada. ministrativa
A reforma elimina 3.587 car- propicia
gos e cria 627, de acordo com Eduardo Tuma
cálculoapresentadopeloExe- Presidente
cutivo. A Câmara afirma que da Câmara
o corte vai levar a uma econo-
miadeR$125milhõesporano.
Municipal
de São Paulo
“É um projeto que já vinha
sendo debatido antes da pan-
demia, pois foi aprovado em
primeira votação em feverei-
ro.Noentanto,acriseatualre-
forçou ainda mais a necessi-
dade de enxugamento da má-
quina e de eficiência nos gas-
tos públicos, e é isso o que a
reformaadministrativapropi-
cia”, disse o presidente da Câ-
mara, Eduardo Tuma (PSDB).
A oposição criticou a apro-
vação do projeto. Celso Gi-
annazi (PSOL) votou con-
tra e afirmou que não é mo-
mento para se discutir pro-
jetos que não dizem respei-
to à pandemia. “A gente tem
que discutir aqui a proteção
social das pessoas”, afirmou.
O Sindsep (sindicato que re-
presenta os servidores muni-
cipais) disse que não houve
transparência e que não há
sentido discutir um projeto
pensado antes da pandemia.
“Imaginem acabar agora
com a Autarquia Hospitalar
Municipal que faz a gestão da
maioriadeleitosdeUTIdaCa-
pital e com os cargos vagos de
profissionaisdamedicinaeda
enfermagem existentes hoje
nos hospitais, justamente no
momentoemqueo Estadode
São Paulo bateu recorde de
434 mortes pelo novo coro-
navírus nas últimas 24 horas,
caminhando para a segunda
onda”, diz nota do sindicato.
“Imaginem conceder o ser-
viçofunerárioparaosetorpri-
vado, depois de a Prefeitura
lançar em abril um plano de
contingenciamento que cus-
tou milhões de reais, prepa-
rando-se com 13 mil novas co-
vas, cemitério vertical, enter-
ros noturnos e frigoríficos pa-
ra conservar corpos, preven-
do até 400 sepultamentos por
dia”, continua o comunicado.
ASSINE A
c
folha.com/assine
 a eee
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 B8
By_Lu*Ch@QuE

Detalhe de raio-x da tela ‘O Escolar’, do artista Vincent van Gogh, ao lado de uma reprodução do quadro original, obra do acervo do Masp que passou por análise durante a quarentena Divulgação

Beleza adormecida
Longe dos olhos do público, restauradores controlam luz e temperatura dos museus a
distância e usam a quarentena para analisar exames raio-x e infravermelho dos quadros
-
Carolina Moraes
sãopaulo “Tereza”,obradoar-
tistaTunganoInstitutoInho-
tim,ocupacincovezesmaises-
paçoduranteapandemia.Es-
tendidosnochão,os565cober-
toresqueformavamumalon-
gatrançaforamdesentrelaça-
dos para evitar que a peça, no
museufechado,atraiainsetos.
Sem previsão de reabrir, o
institutonosarredoresde Be-
loHorizonteeoutrosmuseus
do país repensaram a manu-
tenção dos acervos para res-
peitarodistanciamentosocial.
No Inhotim, o primeiro de-
safio foi criar protocolos de
conservaçãoqueenvolvessem
uma única pessoa. O procedi-
mento não era comum no es-
paço —com muitas obras em
larga escala, o normal era tra-
balharemequipe,contaPaulo
Soares,gerentedaáreatécnica.
Ainstalação“DeLamaLâmi-
na”, de Matthew Barney, por
exemplo,exigiadecincoaseis
pessoas e um andaime para a
limpeza da árvore de seis me-
trosnocentrodaobra—bran-
ca,apeçatendeaficarcoberta
do pó vermelho da região de
mineraçãoondeficaomuseu.
“Não fazemos mais isso, ia
ser muito desafiador, então
houve um cuidado para en-
volver a peça por completo
comumtecido”,contaSoares.
OMasporganizavistoriasse-
manais do acervo e das mos-
trastemporárias—deHélioOi-
ticicaedabailarinaecoreógra-
faamericanaTrishaBrown—,
que nem chegaram a abrir.
CecíliaWinter,coordenado-
ra de acervo, conservação e
restauro, conta que a equipe
decidiu manter as luzes ace-
sas para facilitar o controle a
distância,masmaisbaixasque
o normal para proteger as pe-
ças —as mais sensíveis foram
cobertas. “A luz tem um efei-
tocumulativo.Pensanumaex-
posição que ainda não abriu.
Depoisqueomuseuvoltar,ela
vaitermaistrês,quatromeses
deexposiçãoàluz”,elaafirma.
Atemperaturaeaumidade,
controladasadistância,estão
maisestáveisnoperíododefe-
chamento,masoquemaisno-
taram foi a diminuição de pó
nasobras,resultadodafaltade
públicoedotrânsitoreduzido
de carros na avenidaPaulista.
No início da quarentena,
quando o museu estava fe-
chado, só com funcionários
trabalhandoali,equipesavan-
çaramnaanálisedasobras,en-
tre elas três telas do impressi-
onista Pierre-Auguste Renoir
—“RosaeAzul”,de1881,“Retra-
to deMartheBérard”, de1879,
e “Dama Sorrindo”, de 1875.
Exames como raio-x, infra-
vermelho e análise para res-
tauro só podem ser feitos nu-
ma sala de vídeo quase nunca
disponível em dias normais.
“Hámuitascoisasqueagen-
te está conseguindo fazer de
casaqueodiaadianãopermi-
tia, como organizar arquivos,
documentos”, conta a produ-
tora Marina Moura, do Masp.
O Instituto Moreira Salles
também avançou na catalo-
gação do acervo, que hoje
tem cerca de 2,5 milhões de
itens, durante a pandemia. A
instituição ainda passou a fa-
zer o controle remoto de umi-
dade e temperatura, mas pre-
cisou treinar —a distância—
os bombeiros para monito-
rar as suas reservas técnicas.
O empréstimo de obras a
outros museus também se-
guiu novos protocolos no ato
da devolução, conta Teodora
Carneiro, chefe de conserva-
ção e restauro da Pinacoteca.
Antesdapandemia,umfun-
cionáriodomuseuiriaàinsti-
tuição em que a obra foi exi-
bida para fazer a verificação.
Agora, o processo é feito por
videochamada,eumadaspar-
tespassaumalanternacomluz
rasanteparaconferiraintegri-
dadeemdetalhesdaimagem.
Quando os trabalhos retor-
nam,tambémpassamporuma
quarentenaparaevitarquepe-
çascontaminadas,emespeci-
al com coronavírus, tenham
contatocomorestodoacervo.
Aequipedeconservaçãoain-
da se reveza em duas idas se-
manais ao museu para duas
funções principais —trocar o
papel do instrumento que re-
gistratemperaturaeumidade
relativa dos espaços e esvazi-
ar as caixas que acumulam a
água dos desumidificadores.
SegundoCarneiro,areaber-
turaéincertaemuitosprocedi-
mentosquepodemseradota-
dosparareceberopúblicoain-
daestãosónoplanodateoria.
“Algumas dúvidas e questões
vão aparecer quando a gente
sedepararcomomuseuaber-
to, com o público”, ela afirma.
Marilucia Botallo, diretora
técnica do Instituto de Arte
Contemporânea, conta que
os museus e as instituições da
área estão articuladas e discu-
tindoemconjuntocomoman-
ter os acervos em condições
adequadas e os possíveis pro-
tocolos para uma reabertura.
Oinstitutoviveumcasopar-
ticular.Pelaprimeiravezcom
umasedeprópria,elenemche-
gou a abrir as portas. A inau-
guração teria uma exposição
de projetos nunca realizados
de artistas como Ivan Serpa e
Iole de Freitas, trabalhos que
serão vistos só na retomada.
“Foi um fechamento sem
anúncio prévio que deman-
dou um desafio inédito pa-
ra as equipes de conserva-
ção. São profissionais que ve-
mos como espécie de linha de
frente na proteção de um pa-
trimônio que é de todos nós”,
diz Renata Motta, presidente
do Conselho Internacional
de Museus, o Icom, no Brasil.
Oconselhopublicoudiretri-
zesdetalhadasparaauxiliaros
museus no processo de con-
servaçãoduranteapandemia.
Mesmo com as dificulda-
des dessa adaptação brusca
e inesperada, Motta assinala
o episódio como uma opor-
tunidade de aumentar a pre-
sença dos museus no ambi-
ente digital. Segundo ela, is-
so pode resultar numa visibi-
lidade maior de seus acervos.
“Essavaiserumagrandegui-
nada”, diz Gabriel Moore, ges-
tordeacervodoInstitutoMo-
reira Salles, sobre a atuação
online dos museus. “Isso pas-
sapelaampliaçãodosacervos
digitais que já existem, mas
também pela adoção de no-
vastecnologiasparafazervisi-
tas virtuais mais qualificadas,
interfaces de pesquisa, apre-
sentação gráfica de acervos.”
Mesmo com um movimen-
to de reabertura dos espaços
em outros países, a incerte-
za da retomada no Brasil, se-
gundo Cecília Winter, ainda é
o maior desafio das equipes.
“Tínhamos uma lista, um
cronogramadoanoderestau-
rosdeobras, trocasde moldu-
ras. Temos um restauro gran-
decomumprofissionalquevi-
ria da França que está suspen-
so. O pior é não saber quan-
do vamos voltar”, ela afirma.
No começo da quarentena,
o Masp fazia um plano com
previsão de abertura a cada
semana, listando o que seria
possível executar com as da-
tas previstas. A prática se tor-
nou inviável com a extensão
contínua do confinamento.
“Em geral, como no mundo
todo, está sendo bem desafi-
ador, sem contar uma certa
ansiedade que a equipe toda
passa por querer entender
o dia de amanhã. Algumas
ações de conservação nós
não desempenhamos agora,
mas sabemos que, no futuro
próximo, vamos precisar”, diz
Paulo Soares, do Inhotim.
“Que mundo é esse que vai
se apresentar para todos?”
Leia mais na pág. B9
a eee
A arte não vai ilustrar
o coronavírus, afirma
diretor da Pinacoteca
Jochen Volz diz que as obras já antecipavam atual cenário de
pandemia e por isso a sociedade vai redescobrir os museus
- pelo deputado José Nelto
Clara Balbi
são paulo Já vão mais de três
meses desde que grande par-
te dos museus do país fecha-
ram, obedecendo às medidas
dedistanciamentosocial.Mas
o que será preciso para rea-
brirem, quando reabrirem?
Diretor da Pinacoteca, o
alemão Jochen Volz esclare-
ce que, antes de mais nada,
é preciso um sinal verde ine-
quívoco dos órgãos de saúde
para retomar as atividades,
o que ainda não aconteceu.
Ésóentãoqueosprotocolos
que ele e a equipe vêm desen-
volvendo,emparceriacomor-
ganizações museológicas, co-
legas daqui e de fora e o pró-
priogoverno,serãorepassados
aosfuncionários,muitoantes
de uma abertura ao público.
Há quatro anos à frente da
Pinacoteca, depois de assinar
a penúltima edição da Bienal
de São Paulo e de comandar
o Instituto Inhotim, em Mi-
nas Gerais, e a Serpentine,
em Londres, ele admite que
os sábados gratuitos no mu-
seu,antesvibrantes,serãoum
tantomelancólicosnosmeses
depois da reabertura. “Agora,
estaremos juntos, mas de ou-
tro jeito. Vai ser um momento
de aprender, para todos nós.”
O aprendizado deve ir além
do controle do fluxo dos vi-
sitantes e da elaboração de
uma série de normas mais es-
tritas, no entanto. Ao que tu-
do indica, os museus que rea-
brirão não serão os mesmos.
Em parte, por causa das
muitas demissões ocorridas
Qualidade em queda livre
‘Hard’ mostra que HBO aposta em conteúdo simplório no Brasil
- pla no Brasil. De acordo com
Mauricio Stycer
Jornalista e crítico de TV, autor de ‘Topa Tudo por Dinheiro’. É mestre em sociologia pela USP
Séries ruins ou muito ruins há
aosmontesporaí,naTVaberta,
nos canais por assinatura, nos
serviçosdestreaming.Estãona
grade para preencher espaço,
ocupar o tempo do espectador
e,eventualmente,encontrarfãs.
Não esperam, nem merecem,
muita atenção dos críticos.
Mas quando é a HBO que
exibe uma série de baixa qua-
lidade, como “Hard”, o ruído
que causa se torna difícil de
ignorar. Trata-se, como se
sabe, do canal que teve o
papel mais importante na
revolução que elevou o sta-
tus da televisão no século 21.
Com um modelo baseado em
assinantes, e não em publicida-
de, desde os anos 1990, a HBO
apostou em conteúdos ousa-
dos e inovadores. E mostrou
que havia público suficiente
para viabilizar essa aposta.
Séries como “Oz”, de 1997,
“Sex and the City”, de 1998, e
“Família Soprano”, de 1999, se-
guidas por outras como “A Sete
Palmos”, de 2001, “The Wire”, de
2002, e, mais para frente, “Em
Terapia”, de 2008, “The News-
room”, de 2012, “Girls”, de 2012,
e “The Leftovers”, de 2014, esta-
beleceram a HBO como um fa-
rol para quem apostava em ori-
ginalidade e qualidade na TV.
Não por acaso, em 2013, ao
lançar “House of Cards”, a série
que anunciou a transformação
da Netflix numa grande produ-
nesses lugares nos últimos
meses. Mas também porque
são esperados ainda mais cor-
tes para o ano que vem, quan-
do a crisefinanceira se refletir
no bolso dos patrocinadores.
Volz afirma que a Pinacote-
ca, junto com a Secretaria de
Cultura e Economia Criativa
de São Paulo, à qual é subor-
dinada, conseguiu até agora
mantertodososfuncionários.
Também preservou toda a
programação do ano, entre
elas uma mostra organizada
com a americana Terra Foun-
dationreunindoartistascomo
AndyWarhol,EdwardHopper
eCindySherman.MasVolzain-
daprevêumanodifícilàfrente.
A solução será montar ex-
posições que evitam grandes
riscos financeiros, sem tantos
empréstimos internacionais,
porexemplo,afirma odiretor.
Com isso, pode ser que o fe-
nômeno das mostras block-
buster, organizadas em torno
de temas pop e com artistas
que se confundem com cele-
bridades, diminua —embora
Volz se oponha à nomencla-
tura que, segundo ele, passa
a noção equivocada de que
é ruim atrair mais público.
Tambéméprovávelquehaja
uma valorização da produção
e da diversidade local, conti-
nua Volz. “Mostras de artistas
famosos têm uma aparência
muito igual em Londres, No-
va York, São Paulo. É interes-
sante imaginar que, no futu-
ro,ojeitodefazerissoganhará
de novo uma pimenta local.”
É uma aproximação que
já vinha em curso nos últi-
tora de conteúdo, um dos prin-
cipais executivos da empresa,
Ted Sarandos, explicou: “O ob-
jetivo é nos tornarmos a HBO
mais rapidamente do que a
HBOconsigaviraruma Netflix”.
Produzindo desde 2005
(“Mandrake”), a HBO Brasil
nunca conseguiu atingir o mes-
mo padrão da matriz, mas já
exibiu algumas séries de ótimo
nível, como “Magnífica 70”, de
2015, e registrou alguns suces-
sos de qualidade, como “O Ne-
gócio”, de 2013, e “Psi”, de 2014.
Lançada em maio, “Hard” si-
naliza a aposta num conteúdo
simplórioemaispopular.Copro-
duzidapelaGullane,comrecur-
sos da Condecine, a Contribui-
çãoparaoDesenvolvimentoda
IndústriaCinematográficaNa-
cional, é baseada numa série
francesa com o mesmo título.
Apremissaéboa:apósamorte
do marido logo na primeira ce-
na, sua mulher descobre que o
negócio que mantém o alto pa-
drão de vida da família é uma
produtora de vídeos pornôs.
Ao longo de seis episódios,
acompanhamosSofia,papelde
Natalia Lage, mergulhar nesse
universo. Inicialmente com no-
jo,elaevoluiparaacuriosidade
e, rapidamente, se transforma
numaempresáriasagazevoraz.
É uma comédia que não faz
rir em momento algum. Em
algumas passagens, propõe
algumas questões mais séri-
By_Lu*Ch@QuE
MÔNICA BERGAMO
mos anos, segundo Volz. A
própria Pinacoteca planeja-
va abrir neste ano uma nova
mostra de acervo permanen-
te, incluindo mais artistas ne-
gros, indígenas e mulheres.
“O momento é de entender
o papel de um museu dentro
de uma sociedade, o que im-
plica desenvolver uma cons-
ciência em relação às respon-
sabilidades sociais, raciais,
ambientais. Mas, obviamen-
te, entendendo o museu co-
mo um espaço de estar junto.”
Estar junto, aliás, é uma
ideia recorrente na fala de
Volz. Mas como estar junto
numa situação como a do
Brasil recente, em que a arte
esteve sob ataque constante?
“Penso que tenho que en-
contrar um jeito de conven-
cer a sociedade da importân-
cia da cultura, como uma for-
ça que cria uma identidade,
conecta pessoas. Assim co-
mo sempre temos que brigar
pela nossa liberdade, sempre
temos que lutar pela cultura.”
Questionado sobre como
essa cultura retratará os tem-
pos de pandemia, Volz inver-
te a interrogação. “Responde-
ria isso de outra forma. Para
mim é muito claro que a pro-
dução de muitos artistas já
tinha antecipado o que está
acontecendo agora”, ele diz.
“Não acho que os artistas
vão ilustrar o coronavírus.
Mas questões que se tornam
urgentes agora, como a desi-
gualdade social, o racismo, os
problemas ambientais, são
discussões do nosso tempo,
e estarão muito presentes.”
as, como o preconceito con-
tra os atores que se dedicam
a esse ofício, mas consegue
tornar ainda pior a imagem
dos profissionais, retratando-
os como ignorantes.
Por três longos episódios,
sem sair do lugar, “Hard” mos-
tra o esforço de Sofia de produ-
zir “filmes de bom gosto”. O ro-
teiro não desenvolve nenhuma
história paralela e se concen-
tra exclusivamente no percur-
so previsível da protagonista.
Bons atores (Denise Del Vec-
chio, Martha Nowill, Julio Ma-
chado) submergem diante do
texto primário. Natalia Lage
faz a mesma cara de espanto
em todas as cenas. Apenas Fer-
nandoAlvesPinto,comooprag-
máticocineastaPierre,sesalva.
O roteiro é repleto de diá-
logos simplórios, como este.
“Tem uma coisa muito boa que
eu faço para desestressar”, diz
Lúcia. “O quê?”, pergunta So-
fia. “Sexo”, responde a amiga.
“Hard” segue uma tendência
na produção de séries brasilei-
ras de ficção mais recentes, co-
mo“NinguémTáOlhando”,pro-
dução da Netflix, do ano pas-
sado, que apostam em histó-
rias simples, infantis mesmo,
em busca de um público maior.
Muito distante do que já re-
presentou, a HBO parece es-
tar disposta apenas a poder
dizer que tem conteúdo bra-
sileiro em seu catálogo.
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 B9
coronavírus ilustrada
monica.bergamo@grupofolha.com.br
FORA,
MORO
QUARENTENA
A possibilidade de Sergio
Moro participar do comí-
cio virtual pela democra-
cia organizado pelo Direi-
tos Já rachou o movimen-
to. O convite foi proposto
(Podemos-GO). A reação
de políticos de centro-es-
querda foi imediata.
porta Oex-ministroAldoRe-
belo, por exemplo, afirmou:
“Avisem quando estiver para
acontecer”. Guilherme Bou- 1
los diz: “Se ele entrar por uma Criolo no Instagram
porta, eu saio por outra”.
coragem O parlamentargoi-
ano afirmou à coluna que de-
fendeu o convite a Moro por
eletertidoa“coragemdepou-
cos” de combater a corrupção
e nunca ter se insurgido con-
tra a democracia.
história Ele lembrou que,
para derrubar a ditadura mi-
litar, políticos como José Sar-
ney e ACM saíram da Arena e
aderiram ao campo democrá-
tico, na década de 1980.
ele, sim Um outro ponto de
discórdia no grupo foi a leitu-
ra de um documento na aber-
tura do evento, no dia 26. Ele 2
não tocava em Jair Bolsonaro. Anderson Di Rizzi no Instagram
Líderes de oposição exigiram
que o nome do presidente es-
tivesse no texto.
balaio Arevelação,pelacolu-
naPainel,dequeoeventoreu-
niriaosex-presidentesMichel
Temer, José Sarney e FHC, e
os ex-presidenciáveis Fernan-
do Haddad (PT-SP) e Guilher-
me Boulos, além de Luciano
Huck, gerou outra confusão.
tô fora Temer, que já tinha
até enviado vídeo para o ato, e
Sarney desistiram de partici-
par. O presidente Dias Toffoli
tinha confirmado presença e
também deu um passo atrás.
3
tá difícil O racha em tor- Bivolt no Instagram
no de Moro e de outros te-
mas explicitam a dificuldade
de se formar uma frente am- O rapper causa A jornalista e colunis-
Criolo 1 ta do UOL Bianca Santana in-
uma das lideranças que parti- publicou gressounaJustiçacomaçãode
ciparádoevento,oníveldees- uma selfie indenizaçãopordanosmorais
garçamento nos últimos anos para divulgar contraopresidenteJairBolso-
no Brasil foi enorme —e não seus even- naro(sempartido),que,emli-
há hoje liderança que consi- tos virtuais ve do dia 28 de maio, a acusou
ga unir os distintos polos da nesta de escrever notícias falsas. O
disputa política. quarentena. valorrequisitadoédeR$50mil.
O ator
ventos MinistrosdoSTF(Su- Anderson Di palanque Novídeo,Bolsona-
premo Tribunal Federal) ana- Rizzi 2 pediu roafirmatersolicitadoaosseus
lisam que Jair Bolsonaro bai- aos seus assessoresquereunissem“fake
xou as armas e parece de fa- seguidores news da mídia”. “Tem uma tal
to disposto a estabelecer di- que usem de Bianca Santana aqui, uma
álogo permanente com ela. máscara. blogueira,né?”,disseaolerum
A rapper dos textos. Em seguida, o pre-
na paz Três ministros estari- Bivolt 3 sidente citou reportagem pu-
am especialmente empenha- postou uma blicada pelo site Huffpost em
dos na missão: André Men- selfie sem 2018 sobre propaganda elei-
donça,daJustiça,JorgeOlivei- maquiagem toral do PT barrada pelo TSE
ra, da Secretaria-Geral da Pre- (Tribunal Superior Eleitoral).
sidência, e José Levi, da AGU
(Advocacia-Geral da União). leitura O texto não era de
autoria de Bianca Santana e,
gostei Além de diálogo, si- na verdade, confirmava que
nais concretos enviados pe- Bolsonaro havia sido alvo de
lo governo foram bem recebi- fake news —daí a interven-
dos, como a revogação de por- ção do TSE.
taria do MEC contra cotas e a
que permitia à Abin acessar recomendo A deputada es-
dados das carteiras de moto- tadual Isa Penna (PSOL-SP)
ristas de todos os brasileiros. enviou ao governador de São
Paulo, João Doria (PSDB), in-
de lá para cá A Prefeitura de dicação pela reativação da
São Bernardo do Campo vai Comissão Especial para Redu-
transferir o edifício em que ção da Letalidade em Ações
seria instalado o “Museu do envolvendo Policiais.
Lula”, como ficou conhecido
o projeto do Museu do Traba- alta O órgão havia sido cri-
lho e do Trabalhador, ao Go- ado no ano 2000 pela gestão
verno de SP. Nele será insta- do ex-governador Mário Co-
lada a Fábrica de Cultura 4.0, vas. Segundo levantamento
queseráumpolodedesenvol- realizadonoanopassadopela
vimento de tecnologias e ar- ouvidoria das polícias de São
tesdigitaiseestaránoguarda- Paulo, mortes causadas por
chuva da Secretaria de Cultu- fardados cresceram 45,85%
ra e Economia Criativa de SP. desde os governos Covas.
com Bruno B. Soraggi, Bianka Vieira e Victoria Azevedo
B10 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
ilustrada coronavírus
Pandemia faz quatro meses de Brasil
O coronavírus pode ter nascido na China, mas nunca foi tão brasileiro
- ta, faxineira, manicure, para
Flávia Boggio
Roteirista e autora do núcleo de humor da TV Globo
Quarentena, guerra ideoló-
gica e pandemia. Com tan-
tos acontecimentos, nem pa-
rece que o novo coronavírus
chegou ao Brasil há apenas
quatro meses. Conheça a tra-
jetória do vírus que nasceu
na China, mas encontrou
um ambiente fértil em terras
brasileiras.
Confirmado pela primei-
ra vez em fevereiro, a che-
gada do arremedo proteico
foi subestimada. Assim co-
| dom. Ricardo Araújo Pereira | seg. Claudia Tajes | ter. Manuela Cantuária | qua. Gregorio Duvivier | qui. Flávia Boggio | sex. Renato Terra | sáb. José Simão
É HOJE
EM CASA
-
Tony Goes
tonygoes@uol.com.br
Filme sobre líder
trans, exibido em
Cannes, estreia
nas plataformas
Indianara
Plataformas digitais, 16 anos
O filme de Aude Chevalier-Be-
aumel e Marcelo Barbosa tra-
çaumperfildalídertransIndi-
anara Siqueira, fundadora da
Casa Nem —um abrigo para
pessoas LGBT+ no Rio de Ja-
neiro. Exibido em Cannes e
na Mostra de Cinema de São
Paulo do ano passado, “Indi-
anara” estreia diretamente
nas principais plataformas
de streaming depois de ven-
cer diversos prêmios. A partir
de 5 de julho, o filme também
estará disponível no Mubi.
The Good Doctor
Globo, 0h, 12 anos
A segunda temporada da sé-
rie protagonizada pelo mé-
dico autista Shaun Murphy
(Freddie Highmore) chega à
TV aberta. Todas as três es-
tão disponíveis no Globoplay.
Na Linha de Frente
Band, 22h45, 14 anos
Novo reality nacional que
acompanha a rotina de
policiais e bombeiros.
Irmãos à Obra: Lar Sempre Lar
Discovery Home & Health, 22h10, livre
Em cada um dos 14 episódi-
os de sua nova série, os gême-
os Drew e Jonathan Scott re-
formam uma casa diferente.
O Guarda-Costas
Telecine Touch, 22h, 10 anos
Whitney Houston faz uma
cantora que se apaixona por
seu segurança (Kevin Cost-
ner). Sucesso de bilheteria
em 1992, o filme mandou a
canção “I Will Always Love
You” para o topo das paradas.
Dança Contemporânea
sesctv.org.br, grátis, livre
O SescTV disponibilizou on-
line os 13 episódios da no-
va temporada da série, que
destaca as poéticas do cor-
po negro. Nesta quinta (25),
o site também transmite ao
vivo o espetáculo “Mensa-
gens de Moçambique”, com a
Taanteatro Companhia.
Music Online
Music Box Brazil e redes
sociais, 14h, 12 anos
Márcio Mazzeron conversa
ao vivo, por chamada de ví-
deo, com nomes da música
brasileira, toda terça e quinta.
Breve Miragem do Sol
Instagram da Globo Filmes, 18h
O diretor Eryk Rocha con-
versa com Fabricio Bolivei-
ra e Barbara Colen, atores
de seu premiado filme, a ser
lançado em breve.
mo um estrangeiro que se
ofende quando é chamado
de gringo, quis provar que
era muito mais do que uma
gripezinha e veio para ficar.
Como muitos turistas, o co-
ronavírus veio da Itália dire-
to para o Carnaval. Foi aco-
lhido pela famosa hospita-
lidade brasileira numa con-
fraternização familiar. Além
do vírus, o anfitrião reuniu
cerca de 30 familiares, pro-
vando que, muitas vezes,
QUADRINHOS
Piratas do Tietê Laerte
Daiquiri Caco Galhardo
Níquel Náusea Fernando Gonsales
A Vida Como Ela Yeah Adão Iturrusgarai
Não Há Nada Acontecendo André Dahmer
Viver Dói Fabiane Langona
Péssimas Influências Estela May
By_Lu*Ch@QuE
parente é serpente.
Encantado com o alto as-
tral brasileiro, o vírus foi di-
reto para a Bahia, como con-
vidado especial de um casa-
mento de blogueira. Ficou ín-
timo de celebridades, musas
fitness e até dançou no pal-
co com Preta Gil. A presen-
ça constante nas colunas so-
ciais mostrou que até quem
é não vivo sempre aparece.
Seguiu para Brasília, onde
descobriu que a mamata esta-
va longe de acabar até para um
vírus. Viajou na comitiva do
presidenteparaosEstadosUni-
dos e voltou na primeira clas-
se com o secretário de Comu-
nicação. Ninguém deu muita
bola, já que não foi a pior coisa
transportada em avião oficial.
Corre à boca pequena que
o vírus se encontrou pessoal-
mente com o presidente Bolso-
naro diversas vezes, que teria se
mostrado receptivo ao amon-
toado de proteínas, já que ele
a eee
tem corpo de atleta. Mas o
pequeno ser queria mais.
Aproveitou seu livre aces-
so à classe alta, adepta do
#fiqueemcasa, mas sem abrir
mão da empregada, motoris-
circular por toda a popula-
ção. A cada feriado, conhe-
cia uma nova cidade, ficando
cada vez mais popular longe
das capitais.
O que mais fez o coronaví-
rus se encantar pelo país é o
carinho com que é recebido
em shoppings, praias, churras-
caria, mureta da Urca e shows
de pinguins dançantes no Beto
Carrero World. Mesmo depois
de matar 50 mil pessoas e do
Brasil se tornar o país onde a
doença mais cresce no mundo.
O vírus pode ter nascido
na China, mas nunca foi tão
brasileiro.
Galvão Bertazzi
GODOKU
A RECREATIVA www.recreativa.com.br/fsp
As regras do Godoku são simples:
SOLUÇÃO
o jogador deve preencher o
quadro maior, que está dividido
em nove grids, com nove lacunas
cada um, de forma que os
espaços em branco contenham
as letras presentes no diagrama.
As letras não podem se repetir
na mesma coluna, linha ou grid.
No destaque será lido o outro
nome do totó
CRUZADAS
HORIZONTAIS
1. Gritar em conjunto 2. Outro nome do beija-flor, usado pelo
povo do campo 3. As iniciais do jornalista Marinho (1904-
2003), fundador da Rede Globo / A parte do carro que se
conserta na borracharia 4. Pensar e repensar sobre alguma
coisa / As iniciais do escritor francês Dumas (1802-1870)
5. Cidade e ilha oceânica de Pernambuco 6. A viva é pura
e a apagada é misturada com água / Classe de indivíduos
com determinados predicados 7. As duas metades de um
tabuleiro de xadrez / Diz-se de indivíduo duro e indelicado
por caráter e modos 8. Aspergir / A décima parte de mil 9.
Indivíduo indígena amazônico 10. O que falta a quem está su-
focando / Queimar, calcinar 11. Elogiar, enaltecer / American
Airlines 12. Remediar para passar por uma cirugia 13. (Fig.)
Que demonstra muito entusiasmo.
VERTICAIS
1. Andar ligeiro / (Astron.) A estrela mais brilhante de uma
constelação 2. (Pop.) Fã de rock pesado 3. As iniciais da
cantora Nana / Importante cidade espanhola, na região da
Andaluzia / Sigla inglesa da potência de Donald Trump 4.
Cédula em concursos populares / Remediável 5. Feito com
linhas geométricas / Filmado 6. (Elet.) Ligar um circuito,
um dispositivo ao solo / Emparedar 7. Que me pertence /
Produto extraído da cana, usado para adoçar / As iniciais do
Aragão, dos “Trapalhões” 8. Sigla de um estado que faz divisa
com a Bahia e Sergipe / Local onde se faz musculação 9.
Vistoria / Um Estado como o Qatar.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
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12
13
Açúcar, RA, 8. AL, Academia, 9. Ronda, Emirado.
4. Cupom, Sanável, 5. Linear, Rodado, 6. Aterrar, Murar, 7. Meu,
VERTICAIS: 1. Corricar, Alfa, 2. Metaleiro, 3. NC, Málaga, USA,
nomâmi, 10. Ar, Adurir, 11. Louvar, AA, 12. Sedar, 13. Acalorado.
Ad, 5. Itamaracá, 6. Cal, Raça, 7. Alas, Rude, 8. Regar, Cem, 9. Ia-
HORIZONTAIS: 1. Conclamar, 2. Cuitelo, 3. RM, Pneu, 4. Remoer,
a eee
O músico João Bosco Daniel Marenco/Folhapress
Com ‘o astral de caramujo’, João Bosco é
guiado por violão em disco de memórias
Músico atualiza samba-enredo e lembra canções que criou ao longo de décadas ao lado de Aldir Blanc
-
Lucas Brêda
são paulo João Bosco não
pôde mostrar a nova versão
de “Profissionalismo É Isso
Aí” a Aldir Blanc. “Ele já ti-
nha aprovado essa ideia de
ver o ‘Profissionalismo’ em
blues”, diz o cantor e com-
positor. “Mas não pôde ou-
vir essa gravação. Assim co-
mo não ouviu a [versão de]
‘Cordeiro de Nanã’. Ele tinha
se mostrado muito curioso.”
Bosco lembra seu parceiro
Geraldo Azevedo presta tributo às festas juninas em novo álbum
são paulo Geraldo Azevedo
não se lembra de ter ficado
tanto tempo longe dos palcos
quanto nos meses de qua-
rentena. “Nunca fiquei tanto
tempo sem pegar um avião”,
diz o cantor e compositor.
Tanto quanto a vida na es-
trada, em especial neste mês,
Azevedo sente falta das fes-
tas de santo Antônio, são Jo-
ão e são Pedro. Devido à pan-
demia, os arrasta-pés deste
ano ocorrerão só em trans-
missões pelas redes sociais ou
estão adiados para quando o
contágio estiver controlado.
Um dos artistas mais requi-
sitados para as celebrações
juninas, ele celebra essa cul-
tura com um disco. “Arraiá
de Geraldo Azevedo”, gra-
vado ao vivo, é o registro de
um show que o cantor apre-
senta há mais de dez anos.
“Quandocomeceia fazeros
shows de São João, ainda era
muitomaisdecançõesprópri-
as —xotes, xaxados, baiões.
Depois,comeceiainserirclás-
sicos.Nãopodiadeixardecan-
tar Jackson do Pandeiro e Lu-
iz Gonzaga, são os mentores.”
“Arraiá”, registrado no Circo
Voador,ondeAzevedoseapre-
sentaemjunhohá11anos,traz
no repertório clássicos atem-
poraisdoforrónordestino.Só
de Luiz Gonzaga, aparecem
trechos de “Olha pro Céu”,
“São João na Roça”, “ABC do
Sertão”, “Xote das Meninas”
e “Sabiá”, mas ainda há espa-
ço para “Óia Eu Aqui de No-
vo”,deAntônio deBarros, “Pe-
trolina e Juazeiro”, de Jorge de
Altinho, e “O Canto da Ema”,
musical ao longo de cinco dé-
cadas, com quem sua obra se
confunde de muitas formas,
quemorreuvítimadaCovid-19
em maio. O músico chegou a
adiar o novo disco, “Abricó-
de-Macaco”, em que estão as
faixas que ele queria mostrar
a Blanc, mas lançou o álbum
—acompanhadoporregistro
audiovisual—noúltimodia15.
“Foimuitodifícildeaceitar”,
elediz,sobreamortedeBlanc.
“ProfissionalismoÉIssoAí”,
lançada em 1980 pela banda
conhecida na voz de Jackson
do Pandeiro, entre outras.
A influência dessas mú-
sicas, diz Azevedo, vem da
infância. “Hoje a gente sa-
be que o forró virou nacio-
nal, mas nasci na zona rural
de Petrolina. A expectativa
era grande. A gente junta-
va madeira para a fogueira,
todas as casa tinham. Além
dos fogos, ainda limitados,
existiam superstições. Eu,
por exemplo, tive padrinho
e madrinha de São João, da-
queles rituais na fogueira.”
DointeriordePernambuco,
ele lembra de assar milho na
brasa,doclimadepaqueranos
convites para dançar quadri-
lha, das comidas típicas e dos
jogos. “A gente não tinha luz
elétrica e dormia umas 20h,
mas no São João a fogueira
iluminava a noite toda.”
Já conhecido, Azevedo che-
gava a ficar intoxicado com a
fumaça das fogueiras nas tur-
nês juninas pelo estado natal.
Até passou a pedir uma bar-
raca com comidas típicas no
camarim. “Era uma das coi-
sas que eu sentia falta. Pe-
dia à produção para montar
no camarim. Com munguzá,
canjica, doce de macaxeira.”
Além da memória junina,
“Arraiá” tem versões puxa-
das para o forró de “Espumas
ao Vento” (famosa na voz de
Fagner) e de músicas conhe-
cidas de Azevedo, entre elas
“Moça Bonita” e “Sétimo Céu”.
Mais do que o repertório
autoral, o cantor insere sua
estética pessoal no forró. É
uma mistura das caracterís-
Black Rio, é uma das compo-
sições de Bosco e Blanc recri-
adas em “Abricó-de-Macaco”.
Mas o disco, feito em sua mai-
orianoanopassado,éamploe
tem“caradenação”,dizBosco.
Com 14 regravações e du-
as inéditas, “Abricó-de-Ma-
caco” traz versões renova-
das de faixas de Bosco, como
“Mano que Zuera” e “Cabeça
de Nêgo”. E passa por outros
compositores, da recriação
do afro-samba “Água de Be-
ber” à versão elétrica de “For-
ticas mais tradicionais do es-
tilo com a linguagem desen-
volvida por Azevedo a partir
dos anos 1970, em discos co-
mo “Bicho de 7 Cabeças”, e
também ao lado dos contem-
porâneoseparceirosdeGran-
de Encontro, Elba Ramalho,
Alceu Valença e Zé Ramalho.
Segundo o cantor, que in-
crementa as músicas com ba-
teria, guitarras e percussões,
o forró pé-de-serra —de san-
fona, piano e zabumba— se-
gue o mais autêntico até ho-
je. Ainda assim, o estilo per-
deu espaço nos últimos anos.
O cenário começou a mu-
dar nos anos 1990, ele lembra.
Ele chegou a brigar com uma
prefeita de Campina Grande,
na Paraíba, depois que Elba
Ramalho foi substituída por
Zezé di Camargo & Luciano.
“Porra, é uma festa nordes-
tina. Só acho que realmente
se perdeu um pouco. Mas o
Brasil tem essa riqueza mu-
sical. Temos que aceitar de-
mocraticamente”, ele afirma.
Essa percepção, diz o can-
tor, faz falta ao governo fede-
ral. “Não entende a necessida-
de do povo. E tem essas ma-
nifestações antidemocráticas
apoiadas pelo presidente.”
Azevedo sempre foi contrá-
rio à ditadura militar, desde
quando começou a cantar no
Recife,interagindocommovi-
mentos estudantis, até fazer
quadrinhos críticos para jor-
naisclandestinos.Masdizque
nunca militou por partidos.
Mesmoassim,foipresoduas
vezes. Na primeira, em 1969,
ficou enclausurado por 40 di-
By_Lu*Ch@QuE
ró em Limoeiro”.
“Nunca acreditei em arte
nostálgica. Acredito em me-
mória, mas sempre olhando
para a frente, com suas ob-
servações intuitivas de ho-
je. E tudo acontece de forma
intuitiva. É como se o violão
me conduzisse”, ele afirma.
Entre as lembranças esta-
vam o samba-enredo “Cho-
ra, Chorões”, homenagem ao
choro desfilada pela Estácio
de Sá em 1985, e um show de
Miles Davisaoqualeleassistiu
O músico Geraldo Azevedo Bruno Santos/Folhapress
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
coronavírus ilustrada
no Theatro Municipal do Rio
de Janeiro em maio de 1974. A
obra de Davis e a de Hermeto
Pascoal influenciaram “Hor-
da”, uma das inéditas do dis-
co. Mais agressiva, foi feita a
partir do documentário “O
Mês que Não Terminou”, que
temtrilhaassinadaporBosco.
“É uma música mais guer-
reira, um distúrbio dentro da
ordem oficial”, diz, lembran-
do junho de 2013, tema do fil-
me dirigido por Raul Mourão
e Francisco, filho de Bosco.
B11
Aoutrainéditaéafaixa-títu-
lo, um samba sem refrão que
se desenrola como um fluxo
de consciência. Ou, como diz
Bosco, um “samba de carre-
tel” —“quanto mais linha vo-
cê puxa, mais samba vem”—,
no estilo de “Linha de Passe”,
uma das colaborações mais
conhecidas dele com Blanc.
Com letra de Francisco Bos-
co, “Abricó-de-Macaco” des-
creve a paisagem urbana do
Rio, do futebol na areia aos
passinhos do funk. É a vida
que existe “do firmamento ao
chão”, uma ideia de abrangên-
cia que acompanha o disco.
O título vem de um fruto,
que nasce na Amazônia e cor-
re risco de extinção. Bosco vê
a árvore em praças do Rio.
“Existe uma lenda de que
seremos uma nação mais hu-
mana, de que a divisão de ren-
da vai ser melhor. Você fica es-
perando, do tipo ‘agora vai’. E
esse fruto nasce também as-
sim —bloqueado, fechado,
obscuro. Só que ele se abre e
fica bonito de ver. É uma re-
flexão que serve como nação.”
No fluxo do violão e das
memórias de Bosco, há ain-
da a mescla de composições
próprias antigas com algu-
mas faixas de outros autores.
O processo de reunião e re-
criação do repertório, diz o
músico,éorgânicoeestáintei-
ramente ligado ao seu instru-
mento favorito. Como Blanc
diz no samba “Sonho de Cara-
mujo”, Bosco sê vê como um
“caramujo musical”, que vive
“dentro da casca” do violão.
“Deixooviolãomeconduzir,
porque é onde moro. E acre-
dito naquilo. Você acaba vi-
vendo no mundo da intuição.”
Ao comentar a falta dos pê-
sames da Secretaria Especial
da Cultura, então comanda-
da pela atriz Regina Duarte,
à família de Aldir Blanc, Bos-
co se lembra de uma bebe-
deira com Zeca Pagodinho.
“Em determinado momen-
to, falei ‘vou embora, senão
não vou achar nem minha ca-
sa’. Ele disse assim: ‘Que é is-
so, depois que a gente erra o
prédio, qualquer andar ser-
ve’. Não adianta você mudar
os andares. Pode trocar um
ministro pelo outro. A tenta-
tiva é que, em 2022, consiga-
mosmudardeprédio.Quanto
àmúsica,seguimoscantando.”
Abricó-de-Macaco
João Bosco. Gravadora: Som Livre.
Disponível nas plataformas digitais
as. “Levei choque, enfiaram
coisa nas minhas unhas e de-
rammuitaporrada.” Nasegun-
da vez, já nos anos 1970, a si-
tuação foi mais complicada.
“Fui preso com minha mu-
lher na época, com os amigos
dela, que estavam ligados [a
movimentos organizados].
Mas até provar que não tinha
nada a ver, era muito difícil.”
Segundo o cantor, a prisão
aconteceu porque ele tinha
distribuídos panfletoscontrá-
rios à censura. Mas ele lembra
de ter sido confundido com
outra pessoa pelas caracte-
rísticas físicas —passaram di-
as o chamando de “Valério”.
Antes de começar a dar en-
trevistassobreoassunto,Aze-
vedo ficou anos sem detalhar
as torturas. “Tinha certa ver-
gonha. Fui muito humilhado.”
“Falavam‘vocêvaicantarpa-
ramim’. Imagine,vocêencapu-
zado,nu,eelesaoredor,falan-
do para cantar.Se não cantas-
se, levava porrada. Eu termi-
nava cantando e, mesmo de-
pois de cantar, eles continua-
vam. Era muito humilhante.”
Geraldo Azevedo lamenta a
impossibilidadedereagircon-
tra o governo nas ruas. Aos 75
anos, ele trabalha diariamen-
te em suas músicas, prepara
lives e aguarda a volta aos pal-
cos.“Comoemtodatempesta-
de, espero que venha um mo-
mento de bonança logo.” LB
Arraiá de Geraldo Azevedo
Artista: Geraldo Azevedo. Gravadora:
Geração. Nas plataformas digitais
Contardo Calligaris
Excepcionalmente, a
coluna não é publicada hoje
B12 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
turismo coronavírus
Parques temáticos reabrem e viram alvo de críticas
Espaços no Brasil e no exterior criam protocolos de higiene para voltar a funcionar mesmo com avanço da pandemia
-
Ana Luiza Tieghi
são paulo Embora os casos
de Covid-19 continuem em al-
ta no país, o setor de parques
temáticos começou a se me-
xer para a roda voltar a girar.
Maior complexo do Brasil,
o Beto Carrero World, em Pe-
nha (SC), voltou a funcionar
em 12 de junho, depois de três
meses fechado. Uma portaria
da Secretaria de Saúde do es-
tado autorizou a reabertura.
“Santa Catarina teve atitu-
des rápidas para controlar a
contaminação e tem provado
a todos que é possível, através
da conscientização, retornar
à rotina com segurança”, dis-
se o departamento de comu-
nicação do parque, por email.
Nesta quarta (24), foram fe-
chados shoppings e academi-
as em Florianópolis, por cau-
sa de um aumento no núme-
ro de casos e de internações.
Para entrar no Beto Carre-
ro, o visitante não pode estar
com a temperatura corporal
acima de 37,8ºC e precisa usar
máscara. Os brinquedos são
limpos a cada uso.
A quantidade de visitantes
foi limitada a 30% da capaci-
dade, e os espetáculos em lo-
caisfechadosestãosuspensos.
No final de semana, uma
apresentação em área aberta
geroupolêmica.Fotosdeuma
arquibancada com muitos vi-
sitantes foram alvo de críticas
nas redes sociais. As posta-
gensdiziamqueaspessoases-
tavammuitopróximaserecla-
mavam da falta de máscaras.
Segundo o Beto Carrero,
o problema foi o ângulo das
imagens. “Daquele ponto, po-
de parecer que a arquibanca-
daestácheia,masosshowses-
tão funcionando com 30% da
capacidade”, disse o departa-
mento de comunicação.
Hoje, o complexo só recebe
pessoas da região Sul.
Em Gramado (RS), onde
hotéis e restaurantes podem
funcionar desde 6 de maio, o
parque de neve indoor Snow-
land chegou a reabrir entre 10
e 12 de junho, mas precisou fe-
char novamente.
Isso porque a Serra Gaúcha
passoudabandeiralaranjapa-
ra a vermelha, que represen-
ta o estado de maior atenção
com a contaminação, após re-
gistrar aumento no número
de casos da doença. A mudan-
ça foi revertida na terça (23).
O local vai reabrir de novo
nesta quinta (25), com capa-
cidade de visitação reduzida,
uso de máscaras obrigatório
e distanciamento nas filas.
Porserumlocalcomtempe-
raturas baixas, o parque em-
presta casacos aos visitantes.
Migalhas milagrosas
Comecei a colecionar lembranças de viagem que foram realmente especiais
- Nova York —o medo de ser pe-
Zeca Camargo
Jornalista e apresentador, autor de “A Fantástica Volta ao Mundo”
A inspiração para o título de
hoje veio de um piquenique
de fim de verão no Jardim das
Tulherias, em Paris, com vista
privilegiada para o Louvre. Na
toalha, potes de tarama (pas-
ta de ovas de bacalhau), pre-
sunto cru, queijos tão infinitos
quanto as garrafas de vinho,
quase todas vazias.
O grupo de amigos iria se se-
parar dali a dois dias e fazía-
mos listas de prioridades an-
tes da partida. Mais de uma
pessoa manifestou o desejo de
ir até a rue du Bac, Saint Ger-
main, visitar a Capela de Nos-
sa Senhora da Medalha Mila-
grosa e levar para o Brasil, jus-
tamente, várias medalhinhas
| qui. Josimar Melo, Zeca Camargo
1 A China, primeiro país a re-
A cada uso, a roupa é lavada,
seca a 45ºC e embalada.
“A abertura nos dias 10, 11 e
12 foi uma oportunidade para
validar os protocolos e fazer
ajustes”, afirma Paulo Mento-
ne, diretor-executivo. Segun-
do ele, 70% do público nesses
dias veio da região Sul.
Outro parque brasileiro, o
Hopi Hari, em Vinhedo (SP),
chegoua anunciar que reabri-
ria no dia 4 de julho, mas te-
ve que voltar atrás porque a
curva de casos em sua região
cresceu. Ainda não foi divul-
gada uma nova data.
OHotPark,complexoaquá-
tico em Rio Quente (GO),
anunciou a reabertura para
7 de agosto. Já o Beach Park,
em Aquiraz (CE), e o Ther-
mas dos Laranjais, em Olím-
pia(SP),nãodivulgaramdata.
A Adibra (associação do se-
tor) criou um protocolo que
os associados devem seguir
quando decidirem pela reto-
mada, com base em medidas
adotadas pela Iaapa (associa-
ção internacional).
Segundo a entidade, em um
primeiro momento, os espa-
ços podem funcionarcom até
50% da capacidade. Cada em-
presa deve decidir se isso é su-
ficiente para manter o negó-
cio e se há condições sanitá-
rias para a volta da operação.
“Do ponto de vista empre-
sarial, abrir e ter que voltar
atrás é complicado, mas isso
está acontecendo em todos
—uma lembrança de fé para
os cristãos.
Uma de nossas amigas, que
dançava sobre a relva, juntou-
se a nós e ouviu a conversa com
certa estranheza. Não sendo
cristã, ela parecia não ter ideia
do que falávamos e, coroando
sua desorientação, perguntou:
“Alguém pode me explicar o
que é essa migalha milagrosa
que vocês falam tanto?”.
Embalados por todo aquele
vinho, soltamos uma estrondo-
sa gargalhada. A própria auto-
ra da expressão equivocada se
divertiu com a história. E nós
ganhamos um novo bordão
para as conversas de amigos.
Ressuscitei a ideia de uma
2 abertura dos parques da em-
3 em Orlando
migalha milagrosa recente-
mente, quando, privado de
qualquer viagem nos últimos
meses, comecei a colecionar
lembranças de viagem que fo-
ram realmente especiais. Mi-
galhas da memória, digamos,
mas nada ordinárias.
Não falo dos clássicos car-
tões-postais —Torre Eiffel, Coli-
seu, Hagia Sophia, Pelourinho,
Taj Mahal. Mas daqueles mo-
mentos, entre tantos, que fo-
ram “milagrosos” ou, ainda,
transformadores, que deram
um sentido maior não apenas
a determinada viagem, mas a
minha própria vida.
Alguns deles já dividi aqui
mesmo com você: aquele meu
By_Lu*Ch@QuE
aniversário em Luang Pra-
bang, no Laos, quando reuni
todos meus amigos mais que-
ridos na Caverna dos Mil Bu-
das; o mamão que ganhei de
presente de despedida de um
amigo saindo de São Tomé e
Príncipe; meu primeiro passeio
pelas ruas de Bancoc ouvin-
do “King Street”, das Soulettes.
Mas a memória trouxe coisas
ainda mais especiais. Como o
amigo secreto que fiz com mi-
nha família e poucos amigos
num hotel distante na Namí-
bia —uma confraternização
que era de Natal, mas atempo-
ral na renovação dos laços en-
tre as pessoas que ali, no meio
do nada, trocavam presentes
Ren Long/Xinhua
Fotos Divulgação
1 Visitante
no parque da
Disney em
Xangai, na
China
2 Turistas
passam
por área de
desinfecção,
uma das
medidas
adotadas
pelo Beto
Carrero, em
Penha (SC)
3 Visitantes
em
montanha-
russa do
Universal,
improvisados.
Ou a primeira vez que inau-
gurei meu ritual de colocar
uma moeda embaixo de um
Ganesha na ala de artes da Ín-
dia no Museu Metropolitan, em
go pela segurança vencido pe-
la excitação de um gesto trans-
gressor e de fé. (Perdi a conta
de quantas vezes fiz isso e me
orgulhava sempre de ver, ao re-
tornar lá, as moedas aos pés do
deus com cabeça de elefante.)
Encontrar um enorme Bu-
da soterrado e sorridente nas
ruínas de um vilarejo às mar-
gens do lago Inle, Myanmar,
e ficar tão encantado a ponto
de não ouvir o guia me cha-
mar por mais de 15 minutos
foi, sem dúvida, um momen-
to iluminado. Mágico.
Mas nenhuma dessas lem-
branças se compara à manhã
em que acordei embaixo de
uma árvore com uma menina
de três anos de idade seguran-
do um frango sobre minha ca-
beça. Ela era Rachel, filha do
a eee
os setores”, diz Vanessa Cos-
ta, presidente da entidade.
Ela afirma que muitos par-
ques, incluindo aqueles que
ficam dentro de shoppings e
os itinerantes, não consegui-
ram financiamento com o go-
verno federal e correm o ris-
co de fechar definitivamente.
“Fomos o primeiro setor a
seratingidoeseremosumdos
últimos a se recuperar”, diz.
A retomada no exterior é
vistacomotimismo pelaasso-
ciação.“AreaberturanosEsta-
dos Unidos e na Ásia é como
um ensaio para nós. Eles têm
medidas similares ao nosso
protocolo, o que nos mostra
que ele é suficiente”, afirma.
A médica Tânia Chaves, da
Sociedade Brasileira de Infec-
tologia,discorda.“As medidas
não são 100% seguras porque
existem muitas variáveis en-
volvidas”, afirma. O cumpri-
mento correto do protocolo
por todos os visitantes é um
dos pontos problemáticos.
Para ela, ainda não é o mo-
mento dos brasileiros irem a
parques de diversão. “Não po-
demos pensar nisso agora.”
gistrar casos de Covid-19, foi
onde os complexos reabri-
ram mais cedo. A Disney de
Xangai voltou a operar em 11
de maio; a de Hong Kong, na
última quinta (18).
A Disney já anunciou a rea-
bertura dos seus parques em
Tóquio (1º de julho), Orlando
(11dejulho),Paris(15dejulho)
e na Califórnia (17 de julho).
Sindicatos que represen-
tam 17 mil funcionários da
empresa na Califórnia envia-
ram uma carta ao governo do
estado na qual afirmam não
estaremconvencidosdequeé
seguro retomar as atividades.
Também há uma petição
com mais de 7.000 assinatu-
ras que pede o adiamento da
presa em Orlando.
A Flórida registra mais de
103 mil casos da doença e ba-
teu o recorde de novos infec-
tados no sábado (20), com
4.049 pessoas contaminadas.
A Disney será um dos últi-
mos grupos a retomar as ati-
vidades na Flórida. No esta-
do, vários outros já estão em
funcionamento, como o Se-
aWorld e o Busch Gardens.
O Universal foi um dos pri-
meirosaretomarasatividades
em Orlando, em 5 de junho.
Segundoa empresa,a quan-
tidadedevisitantesfoireduzi-
da, há medição de temperatu-
ra e o uso de máscaras é obri-
gatório no local. Além disso,
há marcações para distancia-
mento social e a limpeza é re-
alizada com mais frequência.
meu guia em Papua Nova Gui-
né, que tinha o curioso nome
de Weekly —assim mesmo, “se-
manalmente” em inglês.
Eu fazia um trekking pela
ilha tão enigmática e, depois
de chegar à aldeia de Weekly e
assistir a uma hipnótica dan-
ça do fogo na noite anterior,
despertei como de um transe
naquela cena adorável. Rachel
tinha soltado a ave e parecia
pedir um abraço. Irrecusável.
Naquele alvorecer, a árvore,
meu cansaço, o registro da ce-
rimônia ancestral, os peque-
nos braços de Rachel no meu
pescoço e todo amor que eu
sentia se misturaram para me
levar a uma outra dimensão.
Da qual eu jamais gostaria
de ter saído.
De tudo que vivi pelo mundo,
essa foi uma das experiências
mais fortes e inexplicáveis. E,
nesse longo hiato de viagens,
eu só sinto gratidão de poder
guardá-la num lugar tão espe-
cial na minha coleção de mi-
galhas milagrosas.
a eee
esporte coronavírus
O atacante Marcus Rashford em ação durante a partida do Manchester United contra o Sheffield United na quarta-feira (24), em Old Trafford
Infância pobre e estímulo de
técnico formaram Rashford
Engajado, atacante do United teve sucesso ao pressionar governo britânico
-
Alex Sabino
são paulo No início de abril,
o secretário de saúde do Rei-
no Unido, Matt Hancock, dis-
se que os jogadores de futebol
deveriam fazer mais pelo pa-
ís no período de crise. Ele se
referia às arrastadas negoci-
ações para redução de salá-
rios por causa da pandemia.
Os atletas precisavam, se-
gundo Hancock, abrir mão
de parte dos vencimentos pa-
ra evitar demissões de funci-
onários dos clubes.
Pouco mais de dois meses
depois,foiavezdeumjogador
cobrar o governo. A campa-
nhalideradaporMarcusRash-
ford,22,atacantedoManches-
ter United, pôsoprimeiro-mi-
nistro Boris Johnson contra a
paredeeofezsecomprometer
a gastar 120 milhões de libras
(cerca de R$ 750 milhões) em
vouchers de alimentação pa-
ra 1,3 milhão de crianças em
situação de vulnerabilidade
durante as férias escolares.
Obenefícioeraconsiderado
temporário pelo governo, en-
quanto as escolas estivessem
fechadas por causa da pande-
mia e as crianças sem acesso
às refeições servidas no in-
tervalo das aulas. A previsão
Como que não aconteceu nada?
Será verdade que a falta de futebol devido à pandemia mostrou sua desimportância?
- ja menor que o da saudade de
Juca Kfouri
Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP
O argentino Jorge Valdano, 64,
brilhou no ataque do Real Ma-
drid onde foi bicampeão euro-
peu em 1985 e 1986. Ganhou
até o prêmio de melhor joga-
dor estrangeiro da temporada.
Como treinador madridis-
ta, venceu o Campeonato Es-
panhol de 1995 e, depois, as-
sumiu a direção de futebol do
clube merengue.
Campeão mundial pela Ar-
gentina na Copa de 1986, quan-
do marcou quatro gols, um de-
les na final contra a Alema-
nha, tem também um título ar-
gentino pelo Newell’s Old Boys,
| dom. Juca Kfouri, Tostão | seg. Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho | ter. Renata Mendonça | qua. Tostão | qui. Juca Kfouri | sex. Paulo Vinicius Coelho | sáb. Katia Rubio
era que ele fosse interrompi-
do com a chegada das férias.
Rashford começou uma
campanha nas redes sociais
com pedidos para que os elei-
tores pressionassem os mem-
bros do parlamento e que o
benefício fosse estendido. A
comoção foi tão grande que,
em 24 horas, o governo anun-
ciou a continuidade do pro-
grama nas férias. A manchete
de um dos tabloides ingleses
foi: “Rashford 1 x 0 Johnson”.
Nesta quarta (24), o ata-
cante foi titular do Manches-
ter United na goleada por 3
a 0 sobre o Sheffield United,
pelo Campeonato Inglês. Os
três gols foram marcados pe-
lo francês Anthony Martial.
Hancock agradeceu ao en-
gajamento do jogador eocha-
mou em seguida, durante en-
trevista à Sky News, de Daniel
Rashford. “Nós somos muito
gratos ao que Marcus conse-
guiu, não só por nós, mas por
todos os quefazemotrabalho
de levar alimentação a crian-
ças em situação de pobreza.
Graças à ajuda dele, consegui-
mos levar comida a milhões
de crianças vulneráveis”, afir-
maLindsayBoswell,presiden-
te da Fare Share, ONG que dis-
tribuiu refeições para famíli-
em 1974.
De sete instrumentos, além
de comentarista e de belo pro-
grama de entrevistas na TV,
“Universo Valdano”, é colunis-
ta do El País.
Brilhante colunista, tão bom
que se pode dizer que é o Tos-
tão do jornal espanhol.
É dele, em fins de maio, o tex-
to que segue, quando a pande-
mia ainda impedia a volta do
futebol na Espanha.
“Há uma corrente de opini-
ão que está crescendo, à qual
adere gente que desconfia do
futebol e que diz algo indis-
ÉBy_Lu*Ch@QuE
HOJE
EM CASA
as carentes no Reino Unido.
A partir do início da pan-
demia, em março, Rashford
abraçou a causa. Fez a maior
doação individual da histó-
ria da entidade e contribuiu
com outros bancos de comi-
da, entidades ao redor do pa-
ís em que as pessoas podem
doar ou, se precisarem, cole-
tar os alimentos.
“A campanha dele para que
as crianças continuem a re-
ceber os vouchers do gover-
no durante as férias será um
enorme alívio para as famíli-
as que têm sofrido muito com
essa crise”, completa Boswell.
Os vales são de 15 libras
(R$ 90) semanais, que po-
dem ser usados em compras
no supermercado.
“Eu sei o que representa
porque já fui uma dessas cri-
anças”, disse o atacante ao fa-
zer o apelo ao governo.
Nascido em Wythenshawe,
ao sul de Manchester, Marcus
Rashford chegou ao United
aos 7 anos. Criado apenas pe-
la mãe, precisou várias vezes
da ajuda das famílias de ami-
gos, que o convidavam para
jantar para que ele não fosse
dormir de barriga vazia.
“Minha mãe tinha dois em-
pregos, e mesmo assim tínha-
cutível: passamos três meses
sem futebol e não aconteceu
nada. ‘Podemos viver assim’,
asseguram.
De fato, o mundo seguiu gi-
rando, indiferente.
Ninguém convocou manifes-
tações para sua volta e não se
sabe de nenhum suicídio por
sua ausência.
Está tudo certo.
Devo dizer, além do mais, que
em muitas ocasiões o futebol
dá motivos para que desconfi-
emos de sua ganância consu-
mista, da violência sempre la-
tente, e às vezes explícita den-
14h Southampton x Arsenal
Inglês, FOX SPORTS
mos muita dificuldade para
pagar as contas e comprar
comida”, relembra. Ele afirma
que, por ter passado pelo fan-
tasma da fome e visto outras
pessoascomomesmoproble-
ma, resolveu abraçar a causa.
O retorno foi imediato. Bo-
ris Johnson lhe telefonou pa-
ra dizer que o atacante deu
grande contribuição no de-
bate sobre a pobreza na In-
glaterra. Rashford foi elogi-
ado publicamente por políti-
cos, jornalistas, companhei-
ros e ex-jogadores. Os maio-
$ e quero fazer isso. Nenhuma
Liverpool goleia e pode
ser campeão inglês
nesta quinta-feira
Depois de golear o Crystal
Palace por 4 a 0 na quarta
(24), o Liverpool pode acabar
com o jejum de 30 anos
sem ser campeão inglês
nesta quinta (25). O título
será confirmado com sete
rodadas de antecipação
se o Manchester City não
conseguir derrotar o Chelsea
em Londres. O último
Inglês conquistado pelo
Liverpool foi em 1990
tro de si, e de sua onipresen-
ça nos meios de comunicação.
Mas, como parte da indús-
tria do entretenimento, o fu-
tebol existe para nos divertir.
E para despertar emoções co-
munitárias que de outro modo
estariam adormecidas.
Estou sem ver futebol o mes-
mo tempo que estou sem po-
der beijar meus netos. E tam-
pouco aconteceu nada.
Exceto que, sem vê-los, vivo
infinitamente pior.”
Sou capaz de apostar que
Tostão assinaria embaixo.
E não tenho a menor dúvida
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
14h30 Eibar x Valencia
Espanhol, ESPN
Michael Regan/AFP
res rivais do United, Liverpo-
ol e Manchester City, publica-
ramnotasafirmandoestarem
orgulhosos dele.
“Precisa ser feito mais. Eu
não quero que isso seja o fim
porque há os próximos pas-
sos,eprecisamosanalisarqual
a resposta possível. As pesso-
as estão sofrendo o ano todo
e precisamos saber como po-
demos ajudá-las da melhor
forma”, disse, em entrevista
à BBC no dia em que o gover-
no decidiu voltar atrás na po-
lítica dos vouchers.
Rashford foi encorajado pe-
lo técnico da seleção inglesa,
Gareth Southgate, a se posi-
cionar e participar da vida do
país. Atletas negros, como ele
e Raheem Sterling, disseram
queotreinadorosaconselhou
a tentar fazer a diferença nas
comunidades e falarem sobre
o passado. Rashford, que apa-
receu aos 18 anos em 2016 no
time profissional do United,
pôs em prática o conselho.
“Tudo aconteceu muito rá-
pido na minha vida. Eu tenho
a chance de dar algo de volta
criança deveria ir para a ca-
ma com fome, sem um prato
quente de comida.”
Aos 20 anos, ele fez parte da
seleção inglesa que chegou às
semifinais da Copa do Mundo
de 2018, na Rússia, a melhor
campanha da equipe na com-
petição desde otítulo de1966.
Quando foi convocado pa-
ra o Mundial, ele postou no
Twitterumafotoemhomena-
gem à mãe, Melaine, e escre-
veu: “Depois de você ficar por
anos de pé na beira do cam-
po no frio e debaixo de chuva,
mãe, nós vamos para a Copa”.
em dizer que assino, embora,
no meu caso, que não joguei
como Valdano e Tostão, nem
muito menos fui campeão do
mundo como os dois, o peso
da abstinência do futebol se-
minhas netas.
Jamais passou por minha ca-
beça que ficaria cem dias sem
tocá-las e não sei o que seria
de mim se não existisse o tal do
FaceTime, meio pelo qual as
atormento diariamente.
Já pensei em cometer todas
as irresponsabilidades possí-
veis, mas as duas, Luiza e Ju-
lia, de 15 e 12 anos, parecem
mais responsáveis que o avô.
Entendo o sentimento de cul-
pa que teriam, o mesmo de
meus quatro filhos, se depois
de uma visita o danado do ví-
rus me pegasse ou a avó.
Duas adolescentes mais res-
ponsáveis que a cartolagem
açodada em voltar com o fu-
tebol no Brasil longe de con-
B13
16h Chelsea x Manchester City
Inglês, ESPN BRASIL
Globo entra na
Justiça contra
Fifa e pode ficar
sem Copa do
Mundo de 2022
-
Gabriel Vaquer
aracaju | uol O Grupo Glo-
bo conseguiu uma liminar
na 6ª Vara Empresarial da
Justiça do Estado do Rio de
Janeiro na terça-feira (23)
para não pagar de forma
imediata o valor de US$ 90
milhões (R$ 463 milhões,
no câmbio atual), previs-
to no contrato de direitos
de transmissão celebrado
com a Fifa para o período
entre 2015 e 2022.
O pagamento deveria
acontecer no próximo dia
30 de junho. A emissora
espera renegociar os valo-
res do vínculo em razão da
pandemia do novo corona-
vírus. O contrato em ques-
tão contempla a Copa do
Mundo de 2022, no Qatar.
O processo foi interpre-
tado no último dia 16 e foi
julgado em caráter de ur-
gência. Ele corre em segre-
do de Justiça, mas o UOL
Esporte obteve acesso à li-
minar favorável para a Glo-
bo, assinada pela juíza Ma-
ria Cristina de Lima Brito.
A magistrada concedeu li-
minar enquanto ocontrato
não é julgado na Justiça da
Suíça, onde foi celebrado.
A Globo alega que a pan-
demia do novo coronaví-
rus fez todos os grupos de
mídia passarem por difi-
culdades financeiras. Além
disso, o grupo de comuni-
cação brasileiro alega que
competições da Fifa que
estavam previstas para es-
te ano foram canceladas e
que isso causou prejuízo.
Entre os eventos previs-
tos para este ano estavam
o Mundial de futsal e as Co-
pas do Mundo feminina
sub-17esub-20—todosadi-
ados para o próximo ano.
Por fim, a emissora ale-
ga que o valor ficou impa-
gável. US$ 90 milhões, no
câmbio atual, representa
algo próximo de R$ 500
milhões, um fluxo de caixa
queaGlobonãotemnomo-
mento. A empresa brasilei-
ra alega ser uma boa parce-
ria —das cinco parcelas de
contratopagasanualmente
desde 2015, a emissora pa-
gou todas em dia.
Segundo o documento,
a intenção da Globo não é
rescindir o contrato, mas
renegociar os valores para
termosmaisaceitáveiscom
a situação atual do mundo
até o fim do acordo.
Caso a Fifa se oponha, a
emissoranãodescartaficar
sem o contrato— ou seja,
sem a Copa de 2022.
trolar a pandemia.
Fossem elas apenas mais res-
ponsáveis que os cartolas e
nem seria surpreendente, dian-
te da tradição dos ditos cujos.
Terrível é constatar que têm
mais juízo e sensibilidade que
o ogro do Palácio do Planalto.
Capaz de fazer demagógico
discurso político no velório de
jovem paraquedista, incapaz
de fazer gesto algum para as
famílias de mais de 50 mil fa-
mílias enlutadas pela pande-
mia que ele ajuda diariamen-
te a ficar mais grave.
Assim como não faz um ace-
no aos profissionais da saúde
que tentam minimizar diaria-
mente a catástrofe.
O mundo seria melhor sem
os cartolas do nosso futebol.
Incomparavelmente melhor
se com mais Valdanos e ne-
nhum, rigorosamente nenhum,
Bolsonaro.
Ainda mais com a netas por
perto. E futebol.
folhacorrida
RUMO AO CENTENÁRIO
Redação me via como ‘patricinha’, lembra Joyce
Pascowitch, que inovou coluna social nos anos 80
FOLHA, 100
HUMANOS DA FOLHA
-
Teté Ribeiro
são paulo Era 1986. Joyce Pas-
cowitch dirigia a revista AZ,
que tinha sido a Around, da
boate Gallery, uma das pri-
meiras customizadas do Bra-
sil, antes mesmo do produto
terganhadoessenome,quan-
do foi convidada para ser co-
lunista social na Folha.
“Eu estava no final de uma
hepatite, decidida a mudar
de vida, mas não resisti a ou-
vir a proposta”, conta ela em
seu escritório na Casa Glamu-
rama, de que é dona hoje em
dia (a entrevista foi feita an-
tes da quarentena).
Ouviu ochamado, pediu pa-
ra pensar e depois de um tem-
po disse que sim, desde que a
coluna não tivesse o nome de-
la. O então editor da Ilustra-
da, Matinas Suzuki Jr., e o se-
cretário de Redação Caio Tú-
lio Costa, que fizeram o con-
vite, reagiram: tem que ter o
nome. “Então bem pequeni-
ninho, lá embaixo”, pediu ela.
“Não, tem que ser grande e
em cima”, disse Matinas. Joy-
ce pensou mais um pouco e
encarou o desafio.
Mas não sabia datilografar.
Escrevia pequenos textos à
mão na revista que dirigia. Foi
aprender na raça, já na Reda-
çãodojornal.“Ficavalácatan-
do milho”, lembra.
Mesmoassim,revolucionou
a maneira de fazer coluna so-
cial com notícias de persona-
gens de outros meios, não só
da sociedade, como empresá-
rios,artistas,chefsdecozinha,
políticos. “No começo eu não
sabia nada de política, então
HUMANOS TENTAM RECUPERAR ‘CIDADE DOS MACACOS’ NA TAILÂNDIA
Habitantes de Lopburi estão refugiados em suas casas após milhares de macacos, atração para turistas hoje inexistentes, ficarem fora de controle
Você tem medo de quê?
Já somos uma geração traumatizada pelo medo
- Medo dos desumanos. Medo
Mirian Goldenberg
Antropóloga, professora da UFRJ e autora de “Liberdade, Felicidade e Foda-se!”
Medo do vírus. Medo da mor-
te. Medo da depressão. Medo
da dor. Medo da ansiedade.
Medo da incerteza. Medo da
desesperança. Medo do ama-
nhã. Medo do hoje. Medo do
erro. Medo da loucura. Medo
da doença. Medo do abando-
no. Medo da maldade. Medo
do pânico. Medo do desespe-
ro. Medo da guerra. Medo do
Joyce Pascowitch em evento em São Paulo
o jornal me ajudava. O Boris
(Casoy),quefaziaoPainel,me
dava uma nota por dia. Acho
que era a sobra”, afirma. De-
pois tomou gosto.
“Não fiz exatamente um
projeto de coluna quando eu
entrei.Nãopenseinojeitoque
ia escrever, sobre quem, com
que equipe. A coluna era co-
mo eu era”, diz.
E ela era ousada, antena-
da, tinha humor. E foi intro-
duzindo um jeito coloquial de
escrever, com termos que vi-
nham das pessoas com quem
convivia. “Tinha lasanha, que
era um cara bonitão, saia jus-
ta, que depois ficou famo-
sofrimento. Medo da impotên-
cia. Medo de tudo.
Medo de sair de casa. Medo
de viajar. Medo de uma vida
sem propósito. Medo de desis-
tir de lutar. Medo de desperdi-
çar o tempo com o que não é
importante. Medo de ser inú-
til e improdutiva. Medo de não
confiar nas pessoas. Medo de
não conseguir cuidar e prote-
a eee
QUINTA-FEIRA, 25 DEBy_Lu*Ch@QuE
JUNHO DE 2020 B14
SÉRIE REÚNE
PERFIS
DE PROFIS-
SIONAIS
DA FOLHA
Repórteres,
fotógrafos,
editores,
designers,
entre outros
profissionais,
são parte da
história da
Folha, que
está perto de
completar
100 anos —o
centenário será
celebrado em
fevereiro de
2021. Lembrar
essas pessoas
é o objetivo da
série Humanos
da Folha, que
terá ao menos
dois textos
publicados
Marcus Leoni - 31.jan.2017/Folhapress por mês.
so no Brasil inteiro”, diz. “Eu Cardoso, que governou o pa-
não escrevia nada antes, en- ís entre 1995 e 2002). Foi em
tão o único jeito que eu sabia 1997, o Fernando Collor ain-
me expressar era o jeito que da era relevante naquela épo-
eu pensava”. ca,eumaColloreumCardoso
E foi sem usar uma palavra juntos era notícia”, diz.
difícil que Joyce deu vários fu- “Outra inesquecível foi uma
ros. De alguns ela lembra até briga de soco na casa do (ex-
hoje. “Um, principalmente, banqueiroeeconomista)Ede-
causou muito burburinho, mar Cid Ferreira, numa festa
quando revelei que a There- ultra high-society”.
zaCollor (ex-mulher de Pedro Talvez a mais relevante te-
Collor de Mello, irmão de Fer- nha sido a revelação da Ope-
nando Collor, presidente do ração Uruguai, que tentava li-
Brasil entre março de 1990 e vrar Collor do impeachment
dezembro de 1992) estava na- comaexplicaçãodequeele ti-
morando o Paulo Henrique nha conseguido um alto em-
Cardoso (filho do então pre- préstimo no Uruguai, e que
sidente Fernando Henrique era com esse dinheiro que
ger quem eu amo. Medo de não Medodosvelhofóbicos.Medo
fazer tudo o que eu posso para dos perversos. Medo dos odien-
minimizar o sofrimento. Medo tos. Medo dos violentos. Medo
de não conseguir dormir e me dos bandidos. Medo dos cruéis.
alimentar. Medo das crises po- Medodosirracionais.Medodos
líticas e econômicas. Medo de autoritários.Medodostortura-
não ter força, coragem e equi- dores. Medo dos homofóbicos.
líbrio para conseguir sobrevi- Medo dospreconceituosos.Me-
ver física e mentalmente. Medo do dos vampiros. Medo dos pa-
de nunca mais ter tesão. Medo rasitas. Medo dos mentirosos.
de perder tudo. Medodosinsanos.Medodosig-
bancava seu estilo de vida.
“Também lembro a nota
que eu tinha e não dei, com o
o namoro da economista Zé-
lia Cardoso de Mello (minis-
tra da Economia do governo
Collor) e do então deputado
federal Bernardo Cabral (ex-
ministro da Justiça). Ele me
contou e pediu off. Respeitei,
depois me arrependi profun-
damente”, conta. “Não existe
off. Quer segredo, que vá con-
tarparaoutrapessoa”,afirma.
O dia a dia da jornalista não
era tranquilo. Principalmen-
te o relacionamento com a
Secretaria de Redação, o co-
mando do jornal. “Tinha que
aprovar a coluna todos os di-
as, às vezes com os secretá-
rios, às vezes com o (diretor
de Redação) Otavio (Frias Fi-
lho, morto em 2018). Isso era
bom,dividiaaresponsabilida-
de, mas a relação com a che-
fia não era fácil”, diz.
“Não sei quanta graça o Ota-
vio via em ter uma coluna co-
mo a minha. O Matinas enten-
dia melhor, gostava. O Caio
Túlio, não”, conta.
Joyce lembra que um que ti-
nha orgulho do trabalho de-
la era o sr. Frias (Octavio Fri-
as de Oliveira, publisher da
Folha, morto em 2007), que
fazia questão de apresentá-
la para quem vinha visitar o
jornal. “Nos almoços do nono
andar, ele sempre queria sa-
ber das fofocas que eu tinha.
Era um homem muito espe-
cial, fascinante, engraçado.”
JácomorestodaRedaçãoas
relaçõeserammenostranspa-
rentes. “A Folha era uma festa
nos anos 80, todo mundo na-
moravatodomundo”,lembra,
sem relevar se ela mesma na-
morou alguém.
“Mas pairava no ar uma sen-
sação de que eu era uma pa-
tricinha, eu sentia isso todos
osdias”,diz.Ecompleta:“Uma
patricinha que se tornou uma
dascolunistasmaisimportan-
tes do Brasil.”
Mladen Antonov/AFP
norantes. Medo dos fanáticos.
Medo dos corruptos. Medo dos
ladrões.Medodosaproveitado-
res. Medo dos insensatos. Me-
do dos sádicos. Medo dos cri-
minosos. Medo dos genocidas.
dos psicopatas. Medo dos so-
ciopatas. Medo dos intoleran-
tes. Medo dos ditadores. Medo
dos monstros. Medo dos trucu-
lentos. Medo dos tiranos. Medo
dos sanguinários. Medodos ra-
cistas,dosmachistas,dosegoís-
tas,dosnarcisistas,dosoportu-
nistas, dos fascistas, dos nazis-
tas, dos absolutistas, dos extre-
mistas, dos totalitaristas, dos
negacionistas, dos terraplanis-
tas e dos outros istas.
Medo dos meus medos.
Você tem medo de quê?
LEITOR
EM CASA
Ao longo de três meses, colunistas e
blogueiros deram sugestões para o
período de quarentena, como livros,
filmes e séries. Agora convidamos
vocês, leitoras e leitores, a enviar
suas recomendações para
enviesuanoticia@grupofolha.com.br
Informe nome, profissão e cidade
onde mora. As melhores dicas serão
selecionadas para publicação.
Veja as dicas já publicadas em
https://www1.folha.uol.com.
br/ilustrada/leitor-em-casa
-
João Vinicius Schimith
estudante de Governador Valadares (MG)
PARA VER
As Guerras do Brasil.doc
Série. Netflix, 2018. 2h12min
Sérietratadosdiversoscon-
flitos ocorridos no Brasil
desde seu descobrimento
até a contemporaneidade,
conflitos entre índios, ne-
gros e portugueses, a Guer-
ra do Paraguai e até mes-
mo a criação e dissemina-
ção do Comando Vermelho
e do PCC.
A Segunda Guerra em Cores
Série. Netflix, 2009. 11h3min
Explicaomaiorconflitomi-
litar de todos os tempos, a
Segunda Guerra Mundial,
com uma análise comple-
ta, abordando desde o pré-
guerra até suas consequên-
cias no pós-guerra, além de
como a disputa moldou di-
retamenteomundoemque
vivemos hoje.
ACERVO FOLHA
Há 50 anos 25.jun.1970
Sem taça Jules
Rimet, 8 atletas
da seleção
chegam a SP
Os oito jogadores da sele-
ção brasileira de futebol
que vieram para São Pau-
loforamrecebidosporcen-
tenas de milhares de torce-
dores, após a conquista do
tricampeonato da Copa do
Mundo, no México.
Rivellino, Clodoaldo, Le-
ão, Ado, Zé Maria, Edu, Bal-
dochi e Joel tiveram pou-
co tempo para abraçar os
parentes no aeroporto de
Congonhas. Primeiro, por-
que,logoqueaportadoCa-
ravelle que trouxe os cam-
peões se abriu, o governa-
dor Abreu Sodré e o pre-
feito Paulo Maluf subiram
a bordo, para os cumpri-
mentos oficiais. Depois,
porque, pouco depois, fo-
ram desfilar em carro do
Corpo de Bombeiros.
Pelé não veio com o gru-
po.Eleprecisou irdiretodo
Rio de Janeiro, onde a dele-
gação brasileira estava, pa-
ra Santos, atendendo a um
chamado familiar.
O desfile atraiu 400 mil
torcedores, que só lamen-
taramaausênciadataçaJu-
lesRimet,queficounoBan-
codoEstadodaGuanabara.
LEIA MAIS EM
H
acervo.folha.com.br
saúde
coronavírus
a eee
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 B1 By_Lu*Ch@QuE
53.874 mortes
País contabilizou 1.103 novos
óbitos entre terça e quarta
1.192.474 casos
Foram registradas 40.995
novas infecções em 24 horas

Aulas voltam em 8 de setembro se SP das aulas em São Paulo.

“No surto de H1N1, as aulas
ficaram paradas por 15 dias e
isso teve um impacto signifi-

progredir para 3ª fase de reabertura

Cidades precisarão estar há pelo menos 4 semanas na fase amarela para medida se concretizar
-
Isabela Palhares
e João Gabriel
são paulo O governo de São
Paulo anunciou nesta quarta-
feira (24) que espera retomar
as aulas presenciais no esta-
do, com rodízio entre os estu-
dantes, no dia 8 de setembro.
A condição para isso, contu-
do, é que todo o estado este-
ja durante pelo menos 28 di-
as (quatro semanas) na fase
amarela do plano de reaber-
tura da economia paulista.
Hoje, nenhuma região está
nessa fase, que prevê flexibi-
lização com abertura contro-
lada de comércio e serviços a
40% da capacidade, além de
baresesalõesdebeleza.Todas
estão nafase vermelha (alerta
máximo, sem abertura) ou la-
ranja (controle, com abertura
de comércio e serviços a 20%
da capacidade). As outras fa-
ses são a verde (abertura par-
cial, a 60%) e azul (normalida-
de controlada).
Segundo o governador Jo-
ão Doria, (PSDB), o plano de
volta às aulas engloba de cre-
ches a universidades, da rede
estadual e municipal, e tam-
bém serve como recomenda-
ção às entidades privadas. O
plano completo e as condi-
ções de retomada, se atingi-
das ou não, serão anunciados
apenas no dia 4 de setembro.
A proposta de volta às aulas
presenciais prevê ainda que
haverá uma combinação de
aulas presenciais e a distân-
cia. Desde abril, o governo
do estado tem feito aulas re-
motas para os estudantes da
rede estadual —parte dessas
atividades continuará sendo
feita com o uso de tecnologia
no segundo semestre. Muitos
alunos, porém, não tem parti-
cipado das atividades.
O governo afirmou ainda
quetrabalhanumprojetocha-
O secretário da Educação de SP, Rossiele Soares, participa remotamente de entrevista da gestão Doria
mado“4ºano”,quecriaumno-
vo ano letivo para os estudan-
tes do último ciclo do ensino
médio que desejem comple-
mentar a experiência esco-
lar, mas não deu novos deta-
lhes. Esse ano adicional não
será obrigatório.
Na primeira etapa da reto-
mada das aulas, as atividades
voltam com 35% dos estudan-
tes em sala. Depois, numa se-
gundafase,serão70%,atéche-
gar a 100% na terceira. Os pro-
tocolos englobam distancia-
mento entre os alunos, moni-
toramento das condições de
saúde e protocolos de higie-
nização dos ambientes.
Além disso, atividades co-
mo feiras, congressos e fes-
tas ficam suspensa por tem-
po indeterminado.
Comocondiçãoparaoinício
dasaulascom35%dosalunos,
o governo do estado estabele-
ceuqueomunicípiodeveráes-
tar na fase 3 de flexibilização
da quarentena. Para avançar
para 75% de alunos presenci-
ais, apenas quando as cidades
estiverem na fase 4.
Os municípiose escolas par-
ticulares terão liberdade pa-
ra definir como será a volta
de 35% dos alunos, por exem-
plo,sevoltamapenascomalu-
nos da educação infantil ousó
com os estudantes do último
ano do ensino médio ou alter-
nandoosdiasentreasturmas.
O modelo de retomada gra-
dual nas escolas estaduais se-
rá definido em julho.
A suspensão das aulas pre-
senciais, iniciada em março
por causa da pandemia do
novo coronavírus,atingiu13,3
milhões de estudantes e 1 mi-
lhão de profissionais da edu-
cação, o que representa 32%
da população do estado, disse
o secretário da Educação do
estado, Rossieli Soares, que
participou da entrevista por
videoconferência —ele se re-
cupera da Covid-19, após pas-
Divulgação/Governo do Estado de SP
sar 15 dias internado e ter al-
ta no último dia 17.
“Desde que se preserve algo
queéumaregradeouro,odis-
tanciamento de 1,5 metro, [o
ensinopresencial]poderávol-
tar na primeira etapa até 35%.
É um percentual em que con-
seguimos cumprir os proto-
colos, conseguimos fazer um
atendimento educacional im-
portanteetambémprocessos
pedagógicos de preparação”,
explicou Soares.
O secretário de Educação
afirmou que levará até três
anos para recuperar a defa-
sagem na aprendizagem du-
rante o período de suspensão
cativonoaprendizadodosalu-
nos na época, com queda de 4
pontos nas avaliações. Por is-
so, o nosso planejamento de
recuperação agora vai até o
fim de 2022”, disse.
A educação complementar
terá regras específicas,segun-
do ele, de acordo com o pla-
no de afrouxamento da qua-
rentena em São Paulo.
Segundo o governo, não ha-
verá retorno localizado no ca-
so da educação, uma vez que
o setor causa grande deslo-
camento de pessoas entre as
diferentes regiões do estado.
Paraasegundafasedoretor-
no, 60% das regiões precisam
estar na etapa verde da flexi-
bilização da quarentena por
mais de 14 dias e, para a últi-
ma etapa da retomada, 80%
das regiões precisam se estar
nessa situação. A fase verde é
a penúltima da escala.
“Se uma região porventura
regredir [...], nós vamos tra-
tar a exceção naquela região,
mantendo o estado aberto”,
afirmou Soares.
Segundoasdiretrizesdo go-
verno, serão proibidas feiras,
palestras,seminários,compe-
tições, campeonatos espor-
tivos, comemorações ou as-
sembleias.
Será obrigatório o uso de
máscaras, que serão distribu-
ídas pelo governo, tanto den-
tro do estabelecimento de en-
sino,mastambémnasvanses-
colares. Não será permitido o
uso dos bebedouros compar-
tilhados, e serão disponibili-
zado canecas e garrafas pa-
ra estudantes e funcionários.
Evidentemente,quemapre-
sentar sintomas, será afasta-
do das atividades.
O decreto definitivo sobre
a volta às aulas no estado de
São Paulo será publicado no
dia 2 de julho, afirmou Soares.
As regras de retomada das
aulaspresenciaistambémsão
válidas para o ensino superi-
or público e privado. No en-
tanto, USP, Unesp e Unicamp,
as três principais universida-
des do estado, já informaram
que só devem retomar as ati-
vidadespresenciais paraaulas
práticas e alunos concluintes.

Fases de abertura gradual da quarentena em São Paulo

Desde 1º.jun, as cidades avançam ou não de fase segundo a evolução local da doença

Divisão por Departamento Regional de Saúde Sim Aberto com restrições Não A ser definido
Fase 1
Fase 2 S. José do Rio Preto Barretos Franca Atividades econômicas Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5
Fase 3 Ribeirão Preto Espaços públicos
Fase 4 Atividades imobiliárias
Fase 5 Araraquara/São Carlos
Concessionárias
Araçatuba S. João da Boa Vista Escritórios
Piracicaba Bares, restaurantes e similares
Comércio
Campinas Taubaté
Shopping centers
Salões de beleza
Presidente Sub-região Oeste RMSP Academias
Sub-região Norte RMSP
Prudente Marília Teatros e cinemas
Sub-região Leste RMSP
Bauru Eventos que gerem aglomerações*
Sub-região Sudeste RMSP
Indústria não essencial
Município de São Paulo
Sorocaba Construção civil
Sub-região Sudoeste RMSP
Educação
*como esportivos Registro Baixada Santista Transporte
Fonte: Governo do estado de São Paulo

Escolas privadas preveem demissões, e públicas ameaçam greve

são paulo Com o anúncio de
que as aulas presenciais em
São Paulo só poderão ser re-
tomadasapartirdesetembro,
segundo critérios do governo
estadual, as escolas particu-
lares temem a perda de mais
alunos e de terem que demi-
tir professores. Já os docen-
tes acham precoce o retorno.
Representantes dos profes-
sores de escolas públicas di-
zem, por sua vez, que os do-
centes receberam a notícia
compreocupação,numadeci-
sãoqueavaliamcomo“prema-
tura”e“incerta”,oquepodele-
varàparalisaçãodacategoria.
O anúncio surpreendeu os
colégios particulares, que se
programavamparavoltarcom
parte dos alunos em julho ou
agosto. Como o governo João
Doria(PSDB)autorizouareto-
mada de comércio e serviços,
muitas famílias precisam das
escolas abertas para que pos-
sam voltar a trabalhar.
“Desde que anunciaram a
abertura do comércio, a es-
cola particular começou a se
preparar para receber os alu-
nos dessas famílias”, afirmou
Benjamin Ribeiro, presidente
do Sieeesp (sindicato das es-
colas particulares do estado).
Para a entidade, as famílias,
sobretudoascomcriançaspe-
quenas,podemterderecorrer
aoutrosserviços, comobabás
ou mães crecheiras. “As famí-
lias não irão continuar a es-
perar a escola abrir enquan-
to precisam trabalhar”, disse.
Levantamento do sindica-
to aponta que as creches (que
atendem crianças dos 0 aos 3
anos)perderamaomenos10%
das matrículas desde o início
da pandemia, o que represen-
ta mais de 53 mil alunos.
“Asfamíliasnãovãocontinu-
ar com os filhos na escola sa-
bendo que eles só terão mais
três meses de aula. E os colé-
gios estão em situação finan-
ceiracomplicadaevãoterque
demitirprofessores”,afirmou.
Arthur Fonseca, diretor da
escola Uirapuru e membro da
Abepar(associaçãodeescolas
particulares), também avalia
que o plano de retomada das
aulas deveria ter considerado
a situação das famílias com
crianças pequenas. “As rea-
lidades são distintas e deve-
ria haver um plano específico
para a educação infantil, com
uma retomada antecipada.”
Osprofessoresdaredeparti-
cular temem as demissões até
setembroetambémoaumen-
to da carga de trabalho após
a retomada das aulas.
Segundoeles,asescolasnão
avaliam estender o ano letivo
nopróximoanoedevemapro-
veitar sábados e emendas de
feriados para completar as
800 horas letivas em 2020.
Outra preocupação é a de
que não consigam manter as
aulas do ensino a distância.
Como sempre haverá 35% da
turmaemsala, osdocentes te-
rão de estar presentes na es-
cola todos os dias. Os alunos
que não estiverem em sala,
porém, poderão se ver à deri-
va, já que não restará tempo
para a preparar as aulas onli-
ne, que exigem outro tipo de
trabalho, sobretudo no caso
dofundamental1,emquenão
há rodízio de matérias.
Os sindicatos de professo-
res das redes municipais e es-
taduais de São Paulo avaliam
que o anúncio da reabertura
das aulas é precipitado.
Eles afirmam que o estado
continua a registrar recordes
de novos casos e que não há
garantia de segurança para a
volta às aulas.
“O estado tem recorde atrás
de recorde e quer colocar 5
milhões de estudantes nas es-
colas estaduais. Antes de re-
tomarmos, o governador te-
rá que apresentar um plano
bem estruturado do que fa-
rá nas unidades para garan-
tir o distanciamento e quan-
tos professores irá contratar
já que as turmas serão redu-
zidas”, disse a deputada Ma-
ria Izabel Noronha (PT), pre-
sidente da Apeoesp (principal
sindicato da categoria).
“Acreditamos que não era o
momentoaindadeseanunci-
ar,porquenãosesabecomoes-
tará a situação até setembro.
Muitos professores já entra-
ram em contato conosco, an-
tecipando que não irão voltar
às escolas caso não haja mais
certezasobreasegurançacon-
traatransmissãodovírus”,diz
Silvio dos Santos Martins, 2º
vice-presidente do Centro do
Professorado Paulista.
O Sinpeeem (sindicato dos
professores da rede muni-
cipal) também afirmou não
considerar que haja seguran-
ça para a retomada das aulas,
sobretudo paraaeducação in-
fantil onde não é possível ga-
rantir o distanciamento de
alunos e professores.
Com o Agora
B2 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
saúde coronavírus
Covas diz esperar que
restaurantes e bares
possam abrir dia 29
Setor propõe mesas a 1,5 m de distância, mas também
em áreas internas, vetadas na próxima fase de reabertura
-
Artur Rodrigues
são paulo O prefeito de São
Paulo, Bruno Covas (PSDB),
afirmou que espera que a ca-
pital paulista avance de fase
no plano de reabertura do go-
verno do estado na sexta-fei-
ra (26), permitindo abertura
de bares e restaurantes a par-
tir da próxima segunda (29).
A declaração foi dada em
uma live do Itaú BBA, nesta
quarta-feira(24).Ocálculodos
indicadores que definem a fa-
se da capital no plano de rea-
bertura ainda não havia sido
concluído, mas os índices da
semana passada apontavam
para o cumprimento da mai-
oria das metas exigidas pelo
governo João Doria (PSDB).
“Sexta-feiraogovernodoes-
tado deve apresentar nova re-
classificação das regiões e da
cidade de São Paulo. A nossa
expectativa é que cidade de
São Paulo entre na fase 3, o
que permite a reabertura seis
horaspordiadosrestaurantes
aqui na cidade”, disse Covas.
“Claro que eles nunca dei-
xaram de funcionar, a maio-
ria deles passou para entre-
gar delivery. Isso significa que
devem ter tido uma receita
de 25%, 30% do que tinham.
A gente sabe da dificuldade
que foi para esse setor pas-
sar por todo esse período. A
expectativa é que a partir de
segunda-feira eles possam re-
tomar a atividade, claro que
assinando o protocolo com a
prefeituradeSãoPauloejáes-
tamos trabalhandopara isso”,
acrescentou o prefeito.
Todas as sextas, o governo
anuncia o balanço, que inclui
a reclassificação das cidades.
Atualmente, São Paulo está
na segunda fase (cor laranja),
que permite a abertura de co-
mércios e escritórios, com li-
mitação a 20% da capacidade.
Dos cinco índices, ao me-
nos quatro foram atingidos
pela cidade: UTI (69,6% nes-
ta semana), variação de ca-
sos (1,13), variação de interna-
ções (0,98) e taxa leitos para
coronavírus por 100 mil habi-
CALIFÓRNIA TEM MALHAÇÃO COM ISOLAMENTO
Pessoas se exercitam separadas por cortinas de plástico em uma academia na praia de Redondo, na Califórnia,
nos Estados Unidos, estado onde academias reabriram no último dia 16 Frederic J. Brown - 16.jun.20/AFP
SP registra 2º maior número de novos casos
Marca perde apenas para contagem atípica
Número de novos casos por dia
20.000
15.000
10.000
5.000
642
0
1º.abr
Média semanal variável de novos casos
8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000 302,7
0
1º.abr
*Em 19.jun, um problema no sistema do governo ‘represou’ dois dias de novos casos,
o que causou o pico anormal. Fonte: Governo do estado de São Paulo
tantes (32,2). Na semana pas-
sada, quando foi feito o últi-
mo balanço, a taxa de varia-
ção de óbitos (acima de 1, em
1,09) continuava a barrar a ca-
pital e as vagas de UTI ainda
não haviam ficado abaixo de
70%, conforme o exigido.
A gestão Covas tem traba-
lhado nas minutas dos pro-
tocolos entregues por seto-
res que podem ser abertos.
O setor de bares, restauran-
tes e hotéis, por exemplo, en-
tregou proposta que prevê
mesas com 1,5 m de distância
e cadeiras a 1 m de distância,
o que reduziria a capacidade
dos locais em ao menos 50%.
A categoria enviou ao gover-
no estadual nesta semana um
ofício pedindo para que não
haja exigência que o atendi-
mento seja feito apenas em
áreas externas, como prevê
o plano de reabertura para a
fase amarela. Na avaliação do
setor, isso excluiria a maioria
dos estabelecimentos.
OpresidentedaAbrasel(As-
19.030*
9.347
24.jun
6.757,9
24.jun
sociação Brasileira de Bares e
Restaurantes) de São Paulo,
Percival Maricato, afirma que
é preciso que haja a liberação
de ao menos 40% da capaci-
dade desses estabelecimen-
tos para que o funcionamen-
tosejaviávelfinanceiramente.
“Nós achamos internamen-
te que é o setor mais bem pre-
parado para trabalhar. Até
porque a segurança alimen-
tar é do cotidiano do restau-
rante”, disse. “Do ponto de vis-
ta econômico talvez seja o se-
tor que mais precisa. E onde é
que vão comer essas pessoas
que estão indo trabalhar [em
setores já reabertos]?”.
Maricato diz ainda que se
trata apenas do início da ten-
tativa de retorno à vida nor-
mal para os restaurantes e ba-
res, mas que isso dependerá
principalmente de financia-
mentos que até o momento
não foram disponibilizados.
Clubespaulistanostambém
esperam obter autorização
para reabrir até o fim do mês.
By_Lu*Ch@QuE
O Esporte Clube Pinheiros,
por exemplo, deve distribuir
cartilhas aos seus associados
e já fez algumas adaptações.
De acordo com o site do
Sindi Clube (que representa
as entidades), já foi enviada
proposta que prevê, entre ou-
tros pontos, flexibilização do
horário de trabalho, redução
de jornada dos funcionários
ou home office, além de es-
paçamento entre os treinos
para evitar aglomerações.
Consultado, o sindicato
afirmou que haverá uma re-
união com o governador no
sábado (27) para encaminha-
mento do protocolo. A pre-
feitura afirmou que “rece-
beu as propostas de protoco-
lo de reabertura dos clubes
de entidades que estiveram
com o prefeito Bruno Covas
e secretários municipais”.
A administração diz ainda
que elas estão sendo analisa-
das de acordo com o estabe-
lecido no decreto municipal.
No dia 8 de junho, o prefeito
atendeu o presidente do Sin-
di Clube (Sindicato dos Clu-
bes do Estado de São Paulo),
Paulo Movizzo, e presidentes
de clubes tradicionais como
o Hebraica e Paineiras. Sobre
a reabertura de bares, a ges-
tão Covas afirma que “ have-
rá divulgaçãoepublicaçãoem
Diário Oficial das liberações,
quando chegar o momento”.
SP tem 2ª maior marca
de novos casos, atrás
apenas de dia atípico
-
João Gabriel
são paulo O estado de São
Paulo registrou, nesta quar-
ta (24), o segundo maior nú-
mero de novos casos de coro-
navírus em 24 horas desde o
início da pandemia: 9.347. Ao
todo, são 238.822 casos.
O recorde é de 19 mil regis-
tros, em 19 de junho. Na oca-
sião, porém, um problema no
sistemadogovernocausoure-
presamento de dados e acu-
mulou dois dias de contagem,
o que causou o pico anormal.
Na última terça-feira (23), o
estado registrou recorde de
óbitos em 24 horas, 434. Com
mais284destaquarta,atingiu
13.352 mortes no total.
Na segunda (22), o governo
anunciouqueointeriordeSão
Paulo passou a capital no nú-
mero de novos casos de infec-
ção pela primeira vez. Segun-
do o secretário de Desenvol-
vimento Regional, Marcos Vi-
nholi,foramregistrados14,5%
mais casos no interior que na
capital na última semana.
28 moradores de rua já
morreram por Covid-19
na cidade de São Paulo
são paulo Ao menos 28 mo-
radores de rua morreram
por Covid-19 na capital pau-
lista desde o início da pan-
demia, segundo dados da
Prefeitura de São Paulo.
Além disso, mais de 500
pessoas em situação de rua
passaram por abrigos para
casos suspeitos ou confir-
mados da doença.
Entre as vítimas da doen-
ça estava Suelen Ferreira Ro-
drigues, que vivia na região
da Mooca (zona leste de SP).
“Ela tinha outros problemas
de saúde, não estava bem.
A gente encaminhou para
a UBS, depois ela foi para o
hospital”, conta o padre Jú-
lioLancellotti,daPastoraldo
Povo de Rua, que acompa-
nhava a situação da mulher.
Lancellotti diz que o ex-
companheiro de Suelen es-
tá sendo acompanhado, in-
clusive psicologicamente,
após a morte dela.
De acordo com censo da
prefeitura, há 24.344 mora-
doresderuanacidadedeSão
Paulo, dos quais 7.002 estão
no grupo de risco e têm mais
de 50 anos, e 2.210 têm mais
de 60 anos. Do total, 12.651
vivem em situação de rua
—os demais, em abrigos.
Aprefeituradacapitalpau-
lista diz que, durante a pan-
demia, criou 1.072 vagas de
acolhimento para pessoas
emsituaçãoderua,comdois
locais voltados especifica-
mente para casos suspeitos
e confirmados da doença.
UmdesseslocaisficanaLa-
pa (zona oeste), e é destina-
do para pessoas com suspei-
ta de ter contraído o vírus.
No total, 411 pessoas já pas-
saram por lá —atualmente,
o espaço abriga 51.
O outro fica na Vila Cle-
mentino (zona sul), voltado
a pessoas com confirmação
do diagnóstico de Covid-19.
Por ali, já passaram 115 pes-
soas —atualmente, há 11.
Assim como os dados da
população geral, há grande
subnotificação e dificuldade
em se saber qual é a real di-
mensão da epidemia entre
aqueles que vivem nas ruas.
O principal atendimento
ocorre por meio dos consul-
tórios de rua, serviço muni-
cipal que possui médicos,
enfermeiros e outros pro-
fissionais. Atualmente, são
25 equipes que atuam tam-
bém na busca de sintomas
de Covid-19, entre outros.
Igrejas católicas e ortodoxas em
SP retomam missas presenciais
são paulo As igrejas católi-
cas e ortodoxas na cidade de
SãoPaulopoderãoretomara
realização de atividades pre-
senciais a partir da próxima
segunda-feira (29) seguindo
um protocolo de reabertu-
ra gradual, aprovado pela
prefeitura do município.
As normas foram apresen-
tadas nesta quarta (24) pela
Arquidiocese de São Paulo.
De acordo com o protoco-
lo sanitário, as igrejas devem
evitar aglomerações e o fiéis
devem respeitar o espaço
mínimo de 1,5 metro entre
as pessoas. A igreja também
ficaresponsávelporoferecer
álcoolemgelnaentradaesa-
ída dos ambientes e seguir o
horário de atendimento ao
público previsto pelo Pla-
no São Paulo de reabertura
das atividades no estado.
Além disso, os locais tam-
bém terão que aferir peri-
odicamente a temperatura
corporal dos colaboradores
e frequentadores e impedir
a permanência no ambien-
te de pessoas que estiverem
com temperatura corporal
igual ou superior a 37,5°C.
A Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB)
recomenda que fiéis que es-
tejam ou se sintam doentes
a eee
Com a chegada do inver-
no, onde há maior dissemi-
nação de doenças respirató-
rias, aumenta a a apreensão
entreosmoradoresderua.O
coronavírus se soma a uma
conjuntura na qual todos os
anoshápessoasquemorrem
de frio pela cidade. No con-
texto da pandemia, há ain-
da muitos relatos de agra-
vamento dos problemas por
quadros de depressão.
Geralmente mais lotados
no inverno, os albergues são
ambientes onde há potenci-
al de fácil disseminação da
Covid-19, devido à grande
concentração de pessoas.
A prefeitura sustenta, po-
rém, que os centros de aco-
lhida têm estrutura higie-
nizadas constantemente,
são mantidos com as jane-
las abertas para melhorar a
ventilação e que “as camas
foram colocadas em distân-
cia segura” nos albergues.
De acordo com o padre Jú-
lioLancellotti,porém,asolu-
ção ideal seria haver hotéis
para os moradores de rua.
“A questão é aglomerar. Vo-
cê coloca 100, 200 pessoas
no mesmo lugar. Tem muita
gente dormindo junta”, diz.
Voltadosapessoas emgru-
po de risco, os hotéis para
essa população foram uma
promessa da gestão Bruno
Covas (PSDB) que, até o mo-
mento,nãofoiconcretizada.
A prefeitura afirma que
foram recebidas três pro-
postas para o edital de cre-
denciamento para estabe-
lecimentos hoteleiros. Em
análise, as três foram ina-
bilitadas por não atende-
rem aos critérios exigidos.
“A pasta estuda alternativas
para viabilizar o projeto”,
diz a gestão. AR
“
A questão
é aglomerar.
Você coloca 100,
200 pessoas no
mesmo lugar.
Tem muita gente
dormindo junta
Padre Júlio Lancellotti
sobre a situação dos albergues
para moradores de rua
não frequentem as missas.
Para os frequentadores
que são do grupo de risco
(idosos ou pessoas com co-
morbidades), a CNBB suge-
re que assistam às missas
durante a semana, quan-
do há um número menor
de pessoas em comparação
às cerimônias dominicais.
As igrejas também de-
vem realizar um controle
da quantidade de frequenta-
dores durante as missas pa-
ra que seja possível respei-
tar o distanciamento social.
No documento em que pu-
blicouasregraspararetoma-
da das missas, a CNBB pede
para que as igrejas fixem,
em lugares visíveis, cartazes
com orientaçõessobre as re-
gras de higiene e de distan-
ciamento e para que as co-
munidades organizem equi-
pes para auxiliar os fiéis no
cumprimento das normas.
Dom Odilo Pedro Scherer,
arcebispo de São Paulo, re-
força, em carta direcionada
às igrejas, que elas não dei-
xem de transmitir as cele-
brações em ambiente virtu-
al, prática adotadadurante a
pandemia, para os que não
possam comparecer às ce-
rimônias presenciais consi-
gam acompanhá-las de casa.
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 B3

By_Lu*Ch@QuE coronavírus saúde

A pandemia e seus tempos Cinco minutos também po-

No confinamento o dia dura cinco minutos, mas meses podem parecer anos
- beça diz que sim, mas não é
Sérgio Rodrigues
Escritor e jornalista, autor de “O Drible” e “Viva a Língua Brasileira”
“Meus dias duram cinco mi-
nutos”, me escreveu outro dia
uma amiga por email. Não
esqueci mais essa hipérbole,
que ela usou de passagem e
que talvez soasse banal em
outro contexto. Achei-a per-
feita para expressar um efei-
to do confinamento que não
foi devidamente antecipado.
Três meses atrás, quando
muitos de nós estávamos no
começo do túnel de isolamen-
to social, uma grande preo-
cupação era o que fazer com
o tempo que, óbvio, passaría-
mos a ter de sobra.
Sem o tempo perdido no
trânsito e nas compras; em-
pregado em visitar amigos,
receber a visita deles, encon-
trá-los na rua; investido em
cinema, restaurante, dentis-
ta, academia de ginástica
—quanto tempo ia sobrar!
Houve quem ficasse con-
tente. Um freio de arruma-
ção! Hora de ler os clássicos
adiados há décadas. Marato-
nar séries maneiras. Aprender
mandarim, filosofia, cozinha
tailandesa, crochê.
É claro —mas não custa re-
forçar— que falo da parcela
privilegiada que pôde se dar
ao luxo de ficar em casa num
país que, politicamente doente,
nunca adotou o confinamento
de forma efetiva e coordenada.
Logo o isolamento se revelou
um consumidor voraz do recur-
so tempo, palavra que trouxe-
mos no século 13 do latim “tem-
pus” para designar a “duração
relativa das coisas, que cria no
ser humano a ideia de presen-
te, passado e futuro” (Houaiss).
Foi o que se viu: a lavanderia
insana das compras; as horas
passadas junto a fogão, pia e
vassoura; os cuidados com os
filhos sem escola; o jeito que
deu o tempo do trabalho (para
quem, privilegiado em dobro,
conseguiu mantê-lo) de se in-
filtrar no tempo do “repouso”.
Por tudo isso, é natural que
os dias pareçam durar cin-
co minutos, e que três meses
escoem num estalar de de-
dos, deixando uma sensação
de três semanas.
Ao mesmo tempo, seria inge-
nuidade não reconhecer que
a distorção em nosso senti-
do de tempo promovida pelo
cruzamento de Cronos com
Covid tem complexidades.
dem durar um dia inteiro, e
meses parecerem anos.
Pensando bem, terá mesmo
havido um tempo pré-pande-
mia? Haverá um pós? A ca-
sempre que o coração acre-
dita. O tempo pandêmico
sabe ser uma esfinge.
Por um lado, a concentração
de nossos afazeres num núme-
ro limitado mas intensivo de
tarefas rotineiras, mecânicas,
se soma à tendência dos dias à
homogeneidade, a uma falta
de eventos que passa a ser de-
sejada (“no news, good news”),
para tornar o tempo ligeiro e
indistinto como o vento.
Em compensação, viver o
tempo inteiro com o peso da
possibilidade de um evento tre-
mendo, o evento que acabaria
com todos os eventos, lhe dá
uma gravidade turva de eras.
O tempo do isolamento
pandêmico é ambíguo por-
que marca um tempo fora do
tempo, um hiato, um compas-
so de espera, ao mesmo tem-
po deprimente e desejável,
insuportável e acolhedor.
Sair de seu círculo de té-
dio é enfrentar a possibilida-
de nada desprezível de uma
aceleração brusca do tempo
e da marcha dos eventos até
o ponto da ruptura, aquele
em que já não haverá tempo
—a finitude, a morte.
No entanto, deve-se reconhe-
cer que todo esse drama es-
tá chegando ao fim. Não por-
que o vírus tenha perdido fô-
lego no país, mas porque nos-
sos governantes —e grande
parte da população, com bons
motivos ou não— decretaram
que acabou o isolamento.
Vamos ao tempo do deus-da-
rá. Talvez a gente acabe des-
cobrindo que os dias têm du-
rado cinco minutos como me-
táfora do piscar de olhos com
que a vida passa na terra.

| dom. Antonio Prata | seg. Tabata Amaral, Thiago Amparo | ter. Vera Iaconelli | qua. Ilona Szabó de Carvalho, Jairo Marques | qui. Sérgio Rodrigues | sex. Tati Bernardi | sáb. Oscar Vilhena Vieira, Luís Francisco Carvalho Filho

Nove estados têm

mais de 80% de
Suspenso por
ocupação em leitos
de UTI para Covid-19
causa Covid-19,
Em 22.jun, nas redes estaduais
Festival de
Leitos % de leitos
Parintins segue
MG
existentes

2.901
ocupados

91
indefinido
-
Monica Prestes
RR 41 88
manaus A pandemia de Co-
vid-19 deixou indefinida a
MT 240 87
realização da maior mani-
festação cultural do Ama-
RN 213 84 zonas, o Festival Folclóri-
co de Parintins.
Tradicionalmente rea-
PE 745 83 lizada no último fim de
semana de junho, a fes-
ta, que atrai, em média,
ES 662 82 60 mil turistas por ano à
ilha de Parintins, no Bai-
xo Amazonas, foi suspensa
MA 416 82
em maio e ainda não tem
nova data para acontecer.
CE 711 81 A suspensão se dá por
causa do alto risco de con-
taminação no evento, que
Pacientes com Covid-19 na UTI do Hospital do M’Boi Mirim, zona sul de São Paulo Lalo de Almeida/ Folhapress AC 48 81 reúne mais de 17 mil pes-
soas no Bumbódromo de

Com MG, 9 estados têm mais

Parintins durante três noi-
BA 896 75 tes, sem falar nos cerca de
7.000 artistas dos bumbás
Caprichoso e Garantido,
GO 158 75
que se apresentam na are-

de 80% das UTIs ocupadas

Uso de leitos para pacientes de Covid-19 cresceu em 16 unidades federativas
salvador, belo horizonte, rio
de janeiro, curitiba, recife, por-
to alegre, são paulo, brasília e
manaus A escalada dos casos
graves do novo coronavírus
fez crescer a ocupação dos
leitos de UTI (Unidade de
Terapia Intensiva) em 16 es-
tados brasileiros. Nove têm
mais 80% deles ocupados.
Minas Gerais, com alta dos
casos na capital e no interi-
or, tinha taxa de 90,6% de
ocupação na segunda-feira
(22), a maior do país. Rorai-
ma (88%), Mato Grosso (87%)
e Rio Grande do Norte (84%)
vêm na sequência, todos com
os casos aumentando.
Sem separar leitos para
Covid-19, a Secretaria Esta-
dual de Saúde de Minas diz
que 16% das internações de
pacientes graves são relacio-
nadas à doença. Há um mês,
a ocupação de leitos de UTI
no estado era de 69%. Com
a flexibilização da economia
em várias regiões, incluindo,
os números saltaram.
A a promotoria mineira,
com base em análises e estu-
dos, estimou na semana pas-
sada que o estado chegaria ao
esgotamento dos leitos nesta
quinta. A data foi adiada gra-
çasàexpansãonaredeestadu-
al, disse o secretário adjunto
de saúde, Marcelo Cabral, em
entrevista nesta quarta (24).
Das 14 macrorregiões de
saúde do estado, seis têm
percentual de ocupação de
UTIs acima de 90%, inclu-
indo as de Belo Horizonte,
Uberlândia e Juiz de Fora.
Nesta quarta, Minas che-
gou a 31.343 casos de Covid-19
confirmados e 771 mortes. As
internações por Síndrome
Respiratória Aguda Grave au-
mentaram 718% em relação
ao mesmo período de 2019.
Um dos primeiros estados
a autorizar a reabertura de
comércio e de parques pú-
blicos, Mato Grosso conti-
nua com uma escalada no
número de pacientes gra-
ves. A ocupação dos leitos
de UTI, que há duas sema-
nas era de 13%, está em 87%.
A situação é mais grave no
interior. Nas cidades de Ron-
donópolis, Cáceres e Sorriso,
aocupaçãodoserade100%na
terça (22). Em Várzea Grande,
na Grande Cuiabá, só 1 dos
40 leitos para pacientes com
Covid-19 estava disponível.
Pernambuco, Maranhão e
Ceará também têm ocupa-
ção acima de 80%, mas vi-
vem desaceleração no nú-
mero de casos graves.
No Maranhão, onde o sis-
tema de saúde atingiu o co-
lapso há cerca de dois meses,
o governo começou a redire-
cionar UTIs reservadas para
pacientes com o novo coro-
navírus para pessoas com ou-
tras doenças. Em uma sema-
na, o número de leitos para
Covid-19 caiu de 474 para 416.
A Secretaria Estadual da Sa-
úde apontou queda na ocu-
pação de leitos, do número
de novos casos e da taxa de
contágio na Grande Ilha, for-
mada por São Luís, São José
de Ribamar, Paço do Lumiar
e Raposa. No interior do es-
tado, porém, houve aumento
de casos graves. Na segunda,
80% dos leitos fora da Gran-
de Ilha estavam ocupados.
Há duas semanas, eram 68%.
Pernambuco também re-
gistra queda na demanda
de pacientes com Síndrome
Respiratória Aguda Grave por
leitos de UTI. Na terça, a taxa
de ocupação na rede pública
estadual era de 83%. Desde o
início da pandemia. Há uma
semana, a cifra era 87%.
Espírito Santo (82%) e
Acre (81%) completam a lis-
ta de unidades federativas
com mais de 80% dos leitos
ocupados.
No Rio de Janeiro, a taxa de
ocupação das UTIs cai há al-
gumas semanas. Na segunda,
era de 57% . Contribuiu pa-
ra a melhora a inauguração
de hospital de campanha em
São Gonçalo no dia 18.
Outros cinco hospitais de
campanha prometidos pe-
lo governador Wilson Witzel
(PSC) não foram abertos até
hoje. Estudo da Secretaria de
Saúde recomendou que eles
não fossem mais construídos,
já que a ocupação está baixa e
os custos de seriam altos
Em São Paulo, o governo
do estado diz que não houve
tensionamento nos leitos de
UTI a despeito do novo recor-
de de óbitos em 24 horas re-
gistrado na terça. A taxa de
ocupação é de 65,7%, contra
70% na semana passada.
Bahia (75% dos leitos ocu-
pados), Distrito Federal
(67,2%) e Paraná (59%) têm
crescimento no número de
pacientes graves.
No Paraná, alguns hospi-
tais públicos de Curitiba e
na região oeste do estado es-
tão sem leitos exclusivos pa-
ra infectados por Covid-19.
A taxa média de 59% só é
empurrada para baixo gra-
ças às condições favoráveis
das outras áreas do estado.
Na semana passada, a taxa
era de 51%. Em Curitiba, 78%
das UTIs estão preenchidas.
Em meio a medidas de fle-
xibilização do isolamento,
Mato Grosso do Sul continua
sendo o único estado com
ocupação de leitos abaixo de
50%, mas com tendência de
alta. O número de leitos ocu-
pados subiu de 10% para 23%
em uma semana. João Pedro
Pitombo, Fernanda Canofre,
Diego Garcia, Júlia Barbon,
Katna Baran, João Valadares,
Paula Sperb, Ana Luiza Albu-
querque, Carolina Moraes, Ra-
quel Lopes e Monica Prestes
na, e nas centenas de tra-
RO 132 75 balhadores envolvidos na
produção, no transporte e
na segurança das alegorias.
AL 270 73 O cancelamento do
evento na data tradicio-
PA 701 70
nal foi anunciado em 25
de maio, mas desde então
o governo do estado não
se posicionou mais.
AM* 205 70 O festival movimentou
mais de R$ 476 milhões
RS 2.058 68 entre 2005 e 2019, atrain-
do mais de 750 mil turistas
que,em2019,gastaram,em
PI 419 68 média, R$ 147 por dia.
Na semana passada, a di-
retoriados doisbois,Capri-
SE 166 68 choso e Garantido, cobrou,
por meio de uma carta,
uma definição, ainda que
DF 428 67 provisória, de nova data.
A secretária executiva de
SP* 0 66 Comunicação do Governo
do Amazonas, Cristiane
Mota, informou que ain-
SC* 0 64 da não há uma data defini-
da para a realização do fes-
tival e que qualquer deci-
PB 354 61 são vai depender da situa-
ção da rede de assistência
médica e dos indicadores
PR 786 59 epidemiológicos, não só
de Parintins e do Amazo-
RJ 587 57 nas, como de diferentes lu-
gares do país e do mundo,
de onde vêm os visitantes.
TO 54 50 “Não há como prever um
mês sem antes a avaliação
de o que vai acontecer, sem
MS 209 23 esse tempo de observação
epidemiológica. As agremi-
açõesepatrocinadorestêm
AP* 0 0 conversado com o governo
constantemente, mas ain-
*Dado não informado da não há definição de mês
CE e BA incluem leitos estaduais e para realização do evento
municipais. MG contabiliza todos os
leitos, não apenas os para Covid-19. RS e e tampouco de cancela-
SC incluem leitos estaduais, municipais e mento para este ano. Tu-
privados. RJ contabiliza apenas os
hospitais de referência. Fonte: governos do depende da evolução
estaduais da pandemia”, justificou.
B4 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 a eee
saúde coronavírus By_Lu*Ch@QuE

Ministério da Saúde recua e sição entre estações. A gente

imagina que a transição epi-
demiológica está ocorren-
do no Brasil, o que aumenta
Como também tem ocorri-
do, Rio de Janeiro foi o segun-
do estado com mais mortes,
142, seguido por Ceará, que

admite aumento de casos

Expectativa de que país havia chegado a platô não se confirmou, diz secretário
-
Natália Cancian
e Raquel Lopes
brasília Após informar, na
última semana, ver uma ten-
dênciadeestabilizaçãodacur-
va de casos e mortes por Co-
vid-19, o Ministério da Saúde
informou nesta quarta-feira
(24) que o país ainda registra
avanço da pandemia.
A análise tem como base a
comparação com dados mais
recentes, os quais têm apon-
tado aumento nos registros.
“Tínhamos falado que a cur-
va parecia que tendia à dimi-
nuiçãodecasos,masnessase-
mana tivemos aumento signi-
ficativo”, disse o secretário de
vigilância em saúde, Arnaldo
Correia de Medeiros.
Segundo Medeiros, a média
diária de novos casos teve au-
mentode22%naúltimasema-
na em comparação à anterior.
Até então, dados das semanas
anteriores apontavam para
uma possível desaceleração
no ritmo de aumento.
“Parecia que a curva esta-
va chegando a um platô, mas
entre a 24ª e 25ª semana epi-
demiológica, tivemos um au-
mento de novos casos”, disse.
O mesmo ocorreu em rela-
ção à média diária de novas
mortesnaúltimasemana,que
voltoua registrar avanço após
um primeiro sinal de queda.
Dados apresentados pela
pasta nesta quarta apontam
que o país registra 1.188.631
casos, e 53.830 mortes.
O cenário varia pelo país.
Segundo o ministério, o Cen-
tro-Oeste quase dobrou o nú-
merodecasosnacomparação
entre as duas últimas sema-
nas. Houve aumento de 98%
do número de casos e 59% do
número de óbitos.
A região Sul também teve
aumento de 76% do núme-
ro de casos e de 46% do nú-
mero de óbitos no período.
O mesmo ocorreu no Sudes-
te (crescimento de 26% o nú-
mero de casos e 30% no nú-
mero de óbitos).
Já o Nordeste teve aumen-
to de 14% dos casos e redução
de 11% dos óbitos, enquanto
o Norte houve redução tanto
em casos quanto em óbitos.
Questionado sobre o que le-
vou ao novo aumento na cur-
va,odiretordodepartamento
de vigilância, Eduardo Macá-
rio atribuiu o avanço ao início
de um período de maior cir-
culação de vírus respiratórios
em algumas regiões.
“Estamosvivendoumatran-
o alerta nos estados que não
passaram pelo que o Norte e
Nordeste passaram nos últi-
mos meses”, disse.
O novo coronavírus tam-
bém avança ao interior. Atu-
almente, 4.937 municípios do
país, o equivalente a 88,6% do
total, já registram casos.
Dados também apontam
uma redução no total de ca-
sos nas capitais e aumento
nos registros no interior.
Brasil registra 1.103
novas mortes por
Covid-19 nesta quarta
são paulo O Brasil registrou
1.103 novas mortes por Co-
vid-19 e 40.995 novos casos
da doença nesta quarta-feira
(24). Com isso, o país chegou
a 53.874 mortes e 1.192.474 ca-
sos do novo coronavírus.
Os dados são fruto de cola-
boração inédita entre Folha,
O Estado de S. Paulo, Extra, O
Globo, G1 e UOL para reunir e
informarnúmerossobreono-
vo coronavírus, que são cole-
tados diretamente com as Se-
cretarias de Saúde. O balanço
é fechado diariamenteàs 20h.
Mais uma vez, São Paulo foi
o estado com maior número
de mortes, 284. Na terça (23),
o estado, que já perdeu 13.352
vidas desde o início da pande-
mia e soma 238.822 infecções
pelo Sars-CoV-2, havia bati-
Multidão na rua 25 de Março, na região central de São Paulo, do o recorde de óbitos regis-
após reabertura do comércio Eduardo Knapp - 10.jun.20/Folhapress trados em 24 horas, com 434.
registrou 87 óbitos.
Pernambuco, com 86 mor-
tes registradas em 24 horas,
vem logo em seguida.
Em comparação a dados de
duas semanas atrás, tem ha-
vido um aparente aumento
no número de mortes diári-
as registradas em Goiás, Mi-
nas Gerais, Paraná, Rio Gran-
de do Norte, Rio Grande do
Sul e Santa Catarina.
O Brasil tem uma taxa de
cerca de 25,7 mortos por 100
mil habitantes. Os Estados
Unidos, que têm o maior nú-
mero absoluto de mortos, e o
Reino Unido, ambos à frente
do Brasil na pandemia (ou se-
ja, começaram a sofrer com
o problema antes), têm 37 e
64,9 mortos para cada 100 mil
habitantes, respectivamente.
Na Argentina, onde a pan-
demiadesembarcounovedias
mais tarde que no Brasil e que
seguiu uma quarentena mais
rígida, o índice é de 2 mortes
por 100 mil habitantes.
Segundo o boletim diário
doMinistériodaSaúde,foram
confirmados 42.725 novos ca-
sos e 1.185 novas mortes pela
Covid-19 no Brasil nesta quar-
ta-feira (24). O total de mortes
no país, de acordo com os da-
dos da pasta, já chega a 53.830
e o de casos do novo corona-
vírus a 1.188.631.
O consórcio de veículos de
imprensa ocorre em respos-
ta a atitudes do governo Jair
Bolsonaro, que ameaçou so-
negardados,atrasouboletins,
tirou informações do ar e di-
vulgou números conflitantes.

Só 45% usam máscara de forma correta na Baixada Santista Taxa de contágio para de cair no
Foram observadas 12.588 pessoas em cinco cidades entre os dias 17 e 19 de junho Brasil, e pandemia ainda acelera
Em % Usam máscara bruxelas O contágio de co- Brasil e Colômbia foram
corretamente Deixam Deixam Manuseiam Usam ronavírus no Brasil parou de os únicos países sul-ameri-
(ajustada e cobrindo Não usam nariz e boca nariz de forma máscara cair depois de três semanas canos que não registraram
nariz e boca) máscaras descobertos descoberto inadequada mal ajustada seguidas de desaceleração, queda na transmissão entre
segundo cálculos do Impe- os seis acompanhados por
Total 45,1 15,5 12,9 12 7,8 6,5 rial College, uma das princi- terem ao menos dez mor-
Cubatão 63,5 16,9 10,4 7,9 0 1,2 pais instituições globais de tes em cada uma das duas
pesquisa de epidemias. Pela semanas anteriores e míni-
Praia Grande 44,1 18,8 14,8 9,5 5,3 7,3 nona semana seguida, o país mo de cem mortes desde o
Santos 33,4 14,6 12 16,6 14 9,3 apresenta taxa acima de 1, o começo da pandemia.
Guarujá 32,9 14,3 17,6 14,1 10 10,7
queindicaqueatransmissão A taxa de contágio na Co-
continua fora de controle. lômbia passou de 1,1, na se-
São Vicente 55,8 12,7 9,9 10,5 7,8 3,1 O número, também cha- mana passada, para 1,36. A
mado de Rt, indica para Argentina caiu de 1,29 para
Fonte: Evaldo Stanislau Araújo, infectologista e professor da USP e da Faculdade de Medicina São Judas Tadeu quantas pessoas na média 1,2, o Chile, de 1,12 para 1,08,
cada infectado transmite a Bolívia, de 1,36 para 1,07 e
o patógeno. A taxa calcula- o Peru, de 1,36 para 1,02.
Apenas 45% das pessoas usam máscara Noentanto,háosquedefen-
dem que ainda faltam evidên-
da nesta semana para a Co-
vid-19 no Brasil é de 1,06, li-
Com base no número de
mortes registradas no Bra-

da forma correta na Baixada Santista

-
Cláudia Collucci
são paulo Um estudo em cin-
co cidades da Baixada Santis-
ta revela que apenas 45% de
12.588 pessoas observadas
nas ruas usam máscaras faci-
ais de proteção de forma cor-
reta, ou seja, ajustadas e co-
brindo o nariz e a boca.
O restante (55%) transitava
sem proteção ou usava incor-
retamente a máscara, o que
aumenta o risco de contami-
nação pelo novo coronavírus.
Segundo modelos matemá-
ticos feitos nos EUA, é preciso
que mais de 80% das pessoas
usemadequadamentemásca-
ras para que haja algum con-
trole na disseminação da Co-
vid-19. Na segunda (22), a Jus-
tiça determinou que o presi-
dente Jair Bolsonaro use más-
cara em espaços públicos.
A Baixada Santista já ultra-
passou 19 mil casos de Co-
vid-19 e soma ao menos 844
mortes. Está na fase laranja
do plano paulista de relaxa-
mento das medidas de isola-
mento, em que podem fun-
cionar, com capacidade limi-
tada, shoppings, comércio de
rua e serviços em geral.
A pesquisa de campo foi fei-
taporcincoestudantesdeme-
dicinadaUniversidadeSãoJu-
das Tadeu, sob coordenação
do professor e infectologista
Evaldo Stanislau de Araújo.
O trabalho foi submetido à
revista científica The Lancet.
É um dosprimeirosestudos
a medir o uso de máscaras fa-
ciais na vida real durante a
pandemia. Foi feito de 17 a 19
de junho de 2020 nas princi-
pais avenidas dos municípios
de Santos, São Vicente, Cuba-
tão, Guarujá e Praia Grande.
Por três dias consecutivos,
por um período de uma hora,
omesmopesquisadorocupou
o mesmo local na mesma rua,
observando e registrando o
comportamento em relação
ao uso de máscaras.
“A gente tinha a percepção
de que muitas não usavam
corretamente as máscaras,
mas agora existe um dado
concreto dessa realidade, o
que pode ajudar nas medi-
das preventivas”, diz Araújo.
Dototaldepessoasobserva-
das, 15,5% não usavam másca-
ra; 24,9% estavam com o aces-
sório, mas expuseram a boca
e/ou nariz; 17,8% tocaram a
máscara durante o uso, e 6,5%
a utilizava de forma mal ajus-
tada no rosto.
“Aspessoasvãoparaasruas,
pensam que estão protegidas,
que estão fazendo a sua par-
te, mas estão correndo riscos
por utilizar a máscara de ma-
neira errada. Estar nas ruas
dessa forma é totalmente de-
saconselhável”, diz o médico.
Ele faz uma analogia com
o uso do preservativo na pre-
venção do HIV. “A máscara es-
tá para a Covid hoje como o
preservativoesteveparaoHIV
em algum momento.”
O infectologista diz que em
ambas situações fica nítido
que a necessidade de mudan-
çadecomportamento,masas
pessoas precisam ser educa-
das para isso. “A máscara não
faz parte da nossa cultura, é
desconfortável, muita gente
tem a percepção de falta do
ar,sobretudoapopulaçãoido-
sa. Mas o uso correto é funda-
mental. Do contrário, esta-
remos alimentando o vírus.”
Inquérito sorológico de ba-
se populacional realizado na
Baixada Santista mostra que,
em dois meses, a taxa de anti-
corpos para o Sars-Cov-2 pas-
sou de 1,4% para 6,6%.
“A Baixada [Santista] é uma
região de pessoas idosas, tem
um cinturão de pobreza, e o
vírus ainda está circulando de
forma intensa.” Na segunda-
feira (22), Santos liberou ba-
nho de mar com distância de
1,5 metro entre os banhistas.
Umasimulaçãorecentecom
60 milhões de pessoas feita
por pesquisadores do Reino
Unido mostra que se todos
usassem máscaras na maior
parte do tempo não haveria
segunda ou terceira ondas da
pandemia porque o índice de
propagação da doença cairia
para abaixo de um.
Para o principal autor do es-
tudo britânico, Ricardo Stutt,
pesquisador da Universidade
Cambridge,asanálisesrespal-
dam a adoção imediata e uni-
versal de máscaras. Ele afir-
ma que se isso for combinado
com distanciamento físico e
algum grau de confinamento,
a pandemiapoderia ser admi-
nistrada de modo responsá-
vel, com recuperação da eco-
nomia antes mesmo de haver
uma vacina eficaz.
ciassólidassobrearealefetivi-
dade dessa medida, já que re-
alizar estudos científicos pa-
ra medir diretamente a eficá-
cia das máscaras seria muito
complicado. Voluntários teri-
am, por exemplo, que ser de-
liberadamente expostos ao
vírus, algo insustentável do
ponto de vista ético.
A despeito das limitações,
no início deste mês, a OMS
(Organização Mundial da Sa-
úde) passou a recomendar o
uso de máscaras, aconselhan-
do governos a encorajar a po-
pulação a adotá-las em espa-
çospúblicos.Porém,ressaltou
que essa éapenas uma das fer-
ramentas usadas para reduzir
o risco de transmissão do no-
vo coronavírus e que é preci-
so cuidado para que ela não
traga uma falsa sensação de
proteção contra a Covid-19.
Segundo Evaldo Araújo, a
expectativa é que os resulta-
dos da pesquisa feita na Bai-
xada Santista gerem campa-
nhas públicas que ensinem o
uso correto da máscara e que
informem que a vida de al-
guém depende disso.
ParaoepidemiologistaPau-
lo Lotufo, professor da Facul-
dade deMedicina daUSP, ore-
sultado do estudo mostra que
“nunca dá para imaginar que
o óbvio está óbvio”. “É preciso
reforçar o básico de novo: la-
varcorretamenteasmãos,uso
de máscaras e de álcool gel.”
Ele lembra que as comis-
sões de controle de infecção
dentro dos hospitais se pau-
tampelarepetiçãodessescon-
ceitos. “As pessoas esquecem,
outras não aprendem, outras
relaxam. Tem que ficar ensi-
nando sempre”, afirma.
geiramente acima do 1,05 da
semana anterior. Ela indica
que cada 100 pessoas con-
taminadas transmitem o ví-
rus para 106, que por sua vez
transmitem para 112,36 e as-
sim por diante, fazendo com
que adoença seespalhe com
velocidadecrescentenopaís.
Ocentrodeestudosdeepi-
demia do Imperial College
usa em seus cálculos o nú-
mero de mortes. A taxa de
contágio se refere ao mo-
mento de infecção; por isso,
o impacto de eventuais me-
didas de prevenção aparece
em cerca de duas semanas.
A OMS (Organização Mun-
dial de Saúde) tem observa-
do que, em países grandes e
desiguais como o Brasil, a di-
nâmica da epidemia varia de
regiãopararegiãoeépreciso
aumentar a vigilância (com
testes e rastreamento) para
suprimir o contágio.
Vírus solto
Taxa de contágio (Rt) calculada para o Brasil
3,0
2,81
2,5
2 se a taxa for 2, cada
2,0
1,5
1,49
1,3
1,0
0,5
0,0
27.abr. 4.mai. 11.mai. 18.mai. 24.mai. 31.mai. 7.jun. 14.jun. 21.jun.
Fonte: Imperial College
sil, os cientistas também cal-
culam que o número de ca-
sos de coronavírus no país é
de cerca do triplo do decla-
rado: o total acumulado de
brasileiros contaminados
seria de mais de 3 milhões.
Para chegar a essa estima-
tiva, o Imperial College par-
tedoregistrodeóbitos,onde
a subnotificação é menor, e
considera a premissa de que
eles equivalem a 1,38% dos
casosrelatados14diasantes.
Para um total de 52.645
mortes registradas até esta
terça (23), a conta indica que
haveria mais de 3,8 milhões
de pessoas infectadas pelo
vírus do começo da pande-
mia até duas semanas atrás.
Os cientistas também es-
timam que o número de
mortes nesta semana seja
de7.900,indicandoaumento
emrelaçãoàsemanaanterior.
Ana Estela de Sousa Pinto
A taxa de contágio indica
para quantas pessoas cada
contaminado transmite o
coronavírus. Por exemplo,
infectado transmite para
outras duas pessoas
1,06
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 B5

By_Lu*Ch@QuE coronavírus saúde

Agência Pública lança ação Brasil não tem

participativa para apurar
mortes por coronavírus
são paulo Muitas são as per-
guntas ainda sem resposta so-
bre a pandemia da Covid-19
no Brasil: quantas são as ví-
timas realmente, quem são
elas, quais fatores levaram ao
agravamento de sua saúde?
Para investigar as circuns-
tânciasdasmortesdasvítimas
do novo coronavírus, a Agên-
ciaPúblicainicianestaquinta-
(25) um projeto participativo
que busca identificar as cau-
sas da subnotificação dos ca-
sosdeóbitonopaís.Umques-
tionárioserálançadoparaque
leitores contem histórias de
familiares e conhecidos que
TESTE DA VACINA DE OXFORD COMEÇA EM SP morreram de coronavírus.
Voluntários aguardam para entrar em centro da Unifesp onde são conduzidos testes OprojetoHistóriasqueCon-
da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela universidade de Oxford Amanda Perobelli/Reuters tam busca a ajuda do público
para entender quais fatores,
como cor, gênero, doenças as-
há uma subnotificação, mas
precisamos entender em que
situações isso ocorre, entre
quais pessoas é mais comum,
comoessamorteéregistrada.”
A investigação partirá das
informações colhidas pelo
questionário, que será divul-
gado em todo o país. O for-
mulário pode ser acessado
em http://agen.pub/participe
“Os leitores poderão nos
contar como têm sido a tes-
tagem, o atendimento médi-
co e a documentação dos ca-
sos em seus municípios. Com
essas informações, podemos
encontrartendênciaseenten-
der melhor como a pandemia
está ocorrendo pelo Brasil,
que tem situações tão diver-
sas”, diz Natalia Viana, direto-
ra e cofundadora da Pública.
diretriz contra a
doença, diz TCU
brasília Relatório do TCU
(TribunaldeContasdaUni-
ão) aprovado nesta quarta
(24)afirmaquefaltamdire-
trizesaogovernofederalno
combateàpandemiadoco-
ronavírus e que isso pode-
rá causar mais infecções e
mortes, além de desperdí-
cio de dinheiro público.
No documento, o mi-
nistro Vital do Rêgo rela-
ta dez riscos potenciais
e ressalta a importância
de uma coordenação com
os governadores para evi-
tar danos ainda maiores à
saúde da população.
Aauditoriafeitapelostéc-
nicos do TCU na atuação
do Comitê de Crise da Co-
vid-19,criadoemmarçope-
lo governo para monitorar
etraçarestratégiasdecom-
bate ao vírus, “não identifi-
coudiretrizescapazesdees-

Anticorpos contra
sociadas e profissão, podem
ter contribuído para as mor-
tes. O objetivo é também en-
contrar tendências que leva-
ramocasoanãoseridentifica-
A investigação participati-
va tem sido bastante usada
nos Estados Unidos, país com
o maior número de casos de
coronavírus no mundo, pa-
tabelecerobjetivosaserem
perseguidos por todos os
entes e atores envolvidos”.
Outropontoalvodecríti-
casdoTCUfoiaausênciade

Covid-19 podem
docomadoença,comoausên-
cia de teste, demora no resul-
tado e falta de atendimento.
“Em um momento em que
os dados oficiais não refletem
ra entender as circunstânci-
as da pandemia. “Em uma si-
tuaçãocomtantosproblemas,
com especificidades locais, a
participação do leitor ajuda a
médicoseoutrosespecialis-
tas de saúde no comitê. Is-
soestavaprevistodesdesua
criaçãoeficouemsegundo
planodesdequeopresiden-

diminuir em 3 meses
Estudo reforça necessidade de prevenção para quem já
foi infectado, mas corpo tem outras respostas imunes
-
Phillippe Watanabe
são paulo Pessoas que tive-
ram Covid-19, com ou sem
sintomas, podem ter queda
nosníveisdeanticorposcon-
tra a doença entre dois e três
meses após a infecção, apon-
ta uma pesquisa publicada
na última semana na revista
científica Nature Medicine.
O estudo, conduzido na
China, analisou 37 pessoas
assintomáticas e 37 com sin-
tomas moderados. Todas ti-
veram a infecção confirma-
da por meio do teste RT-PCR,
considerado padrão-ouro
para a detecção do vírus.
Os pacientes foram anali-
sados até oito semanas após
deixaram o hospital. Segun-
do os pesquisadores, a mai-
oria teve redução de anticor-
pos IgG —que indicam que
a infecção ocorreu há mais
tempo, podem durar bas-
tante no sangue e, por isso,
são considerados um bom
marcador de imunidade.
Além disso, os anticorpos
IgG estavam abaixo do nível
detectável em 40% dos vo-
luntários assintomáticos e
em 13% dos sintomáticos.
A redução dos níveis de an-
ticorpos pode implicar nas
nasestratégiasdeimunidade
e nas pesquisas sorológicas
que vêm sendo conduzidas.
“Os dados indicam os ris-
cos do uso de passaportes de
imunidade para a Covid-19 e
dão suporte à continuidade
de medidas de intervenção
de saúde, incluindo distan-
ciamento social”, afirmam os
autores da pesquisa.
Em abril, a OMS disse que
oschamados“passaportesde
vel segunda onda da pande-
mia a partir de reinfecções.
A bióloga Natalia Paster-
nak, presidente do Institu-
to Questão de Ciência, tam-
bém disse, via suas redes so-
ciais, que questões sobre a
imunidadeaonovocoronaví-
rus permanecem em aberto.
Segundo ela, os resultados
nãoquerem dizer não desen-
volvemos imunidade contra
o coronavírus nem que esta-
mos suscetíveis a uma rein-
fecção. “Anticorpos não são
nossa única resposta imune”,
disse. “O fato de ‘perdermos’
rapidamente o IgG não quer
dizer que não temos respos-
ta celular ou que não tenha-
mos desenvolvido células de
memória,capazesdemontar
umarepostarapidamenteca-
soovírusinfectenovamente.”
Ela disse ainda que não es-
tamos vendo casos de rein-
fecção de forma consisten-
te, então parece que quem
teve a doença e se recuperou
está protegido. “Mas o fato é
que ainda nao sabemos, por
isso não podemos relaxar as
medidas de prevenção.”
Pasternak e Weissmann
concordam que mesmo as
pessoas que já tiveram Co-
vid-19 precisam continuar
com medidas preventivas
Diretor do Einstein
diz que crise mostra
o valor da ciência
são paulo “Esperoqueaspes-
soas tenham aprendido o va-
lor da ciência pela falta dela”,
disse o médico Luiz Vicen-
a realidade e há uma angústia encontrar falhas, tendências, teJairBolsonarodecidiuco-
da população para entender histórias”, disse Anna Beatriz. locarnocomandodoMinis-
e investigar o que de fato está O “engagement reporting”, tério da Saúde um militar.
acontecendo, podemos reu- termo em inglês para esse ti- O governo não é obri-
nir esforços para entender a po de apuração participativa, gado a acatar uma reco-
real dimensão da pandemia
em seus vários problemas”,
foi utilizado por exemplo na
ProPublica,emNovaYork,pa-
mendação do tribunal.
No entanto, terá de arcar
diz Anna Beatriz Anjos, re-
pórter da Pública e uma das
ra identificar as condições de
trabalho de médicos e profis-
com as consequências ca-
so haja prejuízos ao erário
responsáveis pelo projeto. sionaisdesaúdenapandemia. depois do alerta.
dos poucos que tinham algu- Ela afirma que a ideia do Fundada em 2011 por jor- O tribunal determinou
ma evidência de melhora. projeto não é encontrar o nú- nalistas mulheres, a Agên- que a Casa Civil publique
“Hoje aprendemos muita mero real de casos ou mortes cia Pública produz reporta- na internet as atas das re-
coisa, como o uso do corti- da doença, mas as circuns- gens investigativas e já ven- uniões do comitê a cada 15
coide, anticoagulante e oxi- tâncias ou padrões da falta ceu mais de 40 prêmios naci- dias. Essa medida precisa
genação. Melhoramos muito de notificação. “Sabemos que onais e internacionais. ser cumprida.
o entendimento da doença.
Pessoas que morreram há
quatro meses provavelmen-
te não morreriam hoje, por-
que entendemos mais a do-
ença. Então, faz todo sentido
que você retire da indicação
uma coisa que no momen-
to não é mais tão necessária,
porque temos outros proto-
colos que são sabidamente
mais eficientes para paci-
entes graves”, explicou ele.
Comentando o fato de que
há mais de 140 vacinas sendo
testadas pelo mundo, o mé-
dico disse que a chance de
ter uma vacina que funcione
está muito mais baseada na
quantidadedoquenoconhe-
cimento real sobreo vírus.”
Isso porque ainda se co-
nhece muito pouco sobre
o Sars-Cov-2 em geral, ex-
plicou Rizzo, citando a falta
de compreensão sobre quais
são as populações resisten-
tes ao coronavírus.
O médico, porém, pareceu
otimista ao falar dos resul-
tados de algumas vacinas
que já demonstraram resul-
tados prévios positivos. É o
caso da vacina desenvolvi-
da pela Universidade de Ox-
ford, que está sendo testa-
da no Brasil pela Unifesp.
Além do contágio pelo co-
ronavírus e vacinas, o médi-
co também falou sobre a sa-
úde mental das pessoas du-
rante a quarentena, algo que In
nformação
tem sido estudado pelo Hos-
pital Albert Einstein. “Come-
naa palma da mão:

imunidade” não devem ser
usados como estratégia pa-
ra flexibilizar as quarentenas
contra o coronavírus. O do-
te Rizzo, que é diretor supe-
rintendente de pesquisa do
Instituto Israelita de Ensino
e Pesquisa Albert Einstein.
6
çamos a estudar não só se ia o melhor remédio
piorar a saúde mental, mas
quais as alternativas para A Folha
F lança a FolhaMed, uma
mitigar o estresse”, disse ele. asssinatura pensada para os

cumento divulgado na épo-
ca, que revisou 20 estudos ci-
entíficos, disse que “não há
evidências de que as pesso-
as que se recuperaram de
Covid-19 e tenham anticor-
pos estejam protegidas con-
tra uma segunda infecção”.
O risco é que pessoas com
resultado positivo no tes-
te passem a ignorar conse-
lhos de saúde público, por
se considerarem imunes a
uma segunda infecção.
De acordo com o infectolo-
gista Leonardo Weissmann,
consultor da SBI (Sociedade
Brasileira de Infectologia), o
estudoaindanãotrazrespos-
tas definitivas, mas levanta
questões sobre uma possí-
RizzoparticipoudoAoVivo
em Casa, nesta quarta-feira
(24), série de lives realizadas
pela Folha durante a quaren-
tena. A conversa foi mediada
por Cláudia Collucci, repór-
ter especializada em saúde.
Para ele, faltaram, da par-
te da ciência, estudos contí-
nuos após outros epidemi-
as, como a Sars-Cov-1 e Mers.
“Faltouciência e faltou inves-
timento quando o problema
foi anunciado há duas déca-
das, foi a famosa crônica da
morte anunciada”, disse ele.
Ele também comentou so-
bre a hidroxicloroquina. O
medicamento, que foi o cen-
tro de discussões políticas,
eranoiníciodapandemiaum
“A pressão de perder o con-
tato com os próprios familia-
res é adicionada a outros fa-
tores geradores de estresse,
comonoscasosdeumainter-
naçãopelaCovid-19,emquea
pessoa fica isolada”, explicou
Rizzo, que disse que, duran-
teumapesquisa,observou-se
que as pessoas se estressam
com qualquertipo de notícia
relacionada ao coronavírus,
até mesmo as boas.
Alternativas já conheci-
das são indicadas para to-
dos durante este período
de isolamento, como fazer
exercício, falar regularmen-
te com amigos e familiares,
meditar e até mesmo olhar
uma imagem da natureza.
meses grátis
pro
ofissionais que atuam na área
méédica. Ela dá acesso a todo o
connteúdo do jornal e conta também
comm uma newsletter semanal que
aprresenta notícias, reportagens,
para profissionais da saúde enttrevistas e os avanços em
tratamentos médicos, além de
artigos editados pela equipe
A partir do 7º mês,
de médicos e pesquisadores do
R$ 9,90 mensais
Hospital Israelita Albert Einstein.
pelo período de Acoompanhe os conteúdos
6 meses. excclusivos pelo seu computador,
tab
blet ou celular e esteja sempre
atu
ualizado sobre os últimos
aco
ontecimentos no
cam
mpo da saúde.
assinefolha.com.br/folhamed
*R$ 29,90 mensais a partir do 13º mês.
B6 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 a eee
saúde coronavírus By_Lu*Ch@QuE

OMS vira alvo cotidiano de desinformação

Nos holofotes com a Covid-19, organização foi tema de 146 checagens ao redor do mundo entre janeiro e 23 de junho
-
Nathália Afonso OMS teria recomendado ofici- que não tem qualquer emba- teria tentado oferecer um su- do recomendada pela OMS. desinformação envolvendo a
almente o uso de cloroquina. samento científico até o mo- borno de US$ 20 milhões pa- Pelo Twitter, a organização OMSemdiversospaísessãoas
agência lupa Com a pande- Outros medicamentos su- mento. Na França, circulou a ra o presidente Rajoelina en- desmentiuainformaçãoedis- teorias da conspiração. Mui-
mia da Covid-19, a Organiza- postamente aprovados pela informação de que a OMS te- venenar a bebida. Essa peça se que indicava o isolamento, tas delas envolvem o funda-
ção Mundial da Saúde (OMS) organização são bem menos ria recomendado essa bebi- foi desmentida por checa- a testagem da população e o dor da Microsoft, Bill Gates.
ganhou uma visibilidade iné- óbvios. Em Taiwan, usuários da como a cura da Covid-19. dores da França, da Itália e tratamento de doentes pa- Checadores de Estados
dita. E, como consequência, a de redes sociais compartilha- Emoutrospaíses,aCVOtor- da Tanzânia. A informação ra o combate da Covid-19 em Unidos, Rússia e Alemanha
instituiçãotambémviroualvo ram que a OMS subscreveu o nou-se o epicentro de uma te- chegou ao Brasil em junho países afetados pela doença desmentiram textos e víde-
cotidiano de desinformação. uso de nicotina para comba- oria da conspiração. Em abril, e também foi desmentida. —não uma quarentena geral. os que diziam que o bilioná-
De meados de janeiro até 23 ter a doença. Já na Argentina, circulou em Madagascar e em Das 146 verificações que ci- No Brasil, o boato foi na rio americano financia ou
de junho, 146 verificações fo- circulou que a OMS recomen- outros países africanos que a tavam a OMS, 21 tratavam so- direção oposta. No final de possui “ações” da organiza-
ram feitas envolvendo a ins- dava o consumo de bebidas OMS, em conluio com a Fran- bre isolamento social, distan- março, uma frase de Ghe- ção e que estaria utilizan-
tituição, segundo as bases quentes para matar o vírus. ça, teria tentado envenenar a ciamento social ou quarente- breyesus sobre o efeito da do sua influência para criar
de dados Coronavirus Facts Nada disso é verdadeiro. CVO para deliberadamente na. Na maioria dos casos, fa- pandemia em famílias po- uma vacina. Logicamente, a
Alliance e CoronaVerificado. Um dos casos mais curiosos atrasar a descoberta de um las de dirigentes da institui- bres foi deturpada e publi- OMS não é uma empresa de
Entreostratamentossupos- vem de Madagascar. O presi- tratamento para a doença. ção, como o diretor-geral Te- cada como se ele se opuses- capital aberto, e Gates, por-
tamente recomendados pe- dente do país, Andry Rajoe- A “fonte” dessa informa- dros Adhanom Ghebreyesus, se às medidas de isolamen- tanto, não é “acionista” dela.
la instituição estão algumas lina, defende que uma bebi- ção seria o médico francês foram tiradas de contexto. to social. Na época, o presi- Em março, circulou pelo
drogas que, de fato, foram da local à base de artemísia, Didier Raoult, um dos prin- Em outubro, checadores da dente Jair Bolsonaro (sem WhatsApp uma mensagem
estudadas contra a Covid-19. apelidada de Covid-Organics cipais defensores da cloro- Colômbia tiveram que des- partido) publicou essa infor- com a promessa de ajuda fi-
Em 17 de março, checadores (CVO), seria um tratamento quina. Depois, outro boa- mentir um boato de que uma mação falsa em seu Twitter. nanceira da OMS para usuá-
da Índia desmentiram que a eficaz contra a doença —algo to apareceu: a organização quarentena universal teria si- Outro ponto em comum na rios que fizessem um cadas-
tramento. O objetivo dos cri-
minosos era roubar dados de
pessoasquepassamdificulda-
FUNDAÇÃO DE APOIO AO ENSINO, PESQUISA E ASSISTÊNCIA des financeiras causadas pe-
DO HOSPITAL DAS CLINICAS DA F.M.R.P.U.S.P. la pandemia. Esse golpe foi
LICITAÇÃO identificado por checadores
Aberto Pregão nº 49/2020, do tipo menor preço, para aquisição de implante percutaneo... e nº 50/2020, aquisição
de grampeador extraluminal..; a serem realizados em 8/7/2020, às 9 horas. Pregão Presencial nº 39/2020 para doEquador,PerueArgentina.
aquisição de fios de Kirschner...teve seu encerramento reagendado para 7/7/2020, às 9 horas.
Edital disponível no site www.faepa.br.
Esta coluna foi escrita pela Agência
Lupa a partir das bases de dados
PREFEITURA MUNICIPAL públicas mantidas pelos projetos
DE PITANGUEIRAS CoronaVerificado e LatamChequea
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 022/2020 Coronavírus, que têm apoio do Google
Acha-se aberto no Município de Pitangueiras, estado de News Initiative, e pela CoronaVirusFacts
São Paulo, o Pregão Eletrônico nº 022/2020, tipo maior
desconto por Item, que tem como objeto FORMAÇÃO DE Alliance, que reúne 88 organizações
REGISTRO DE PREÇOS para aquisição de MEDICAMEN- de checagem em todo mundo. A
TOS PARA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA DO MUNICÍPIO, produção das análises tem o apoio do
em atendimento a Secretaria Municipal de Saúde de
acordo com as especificações do Anexo I do Edital. Tipo:
Instituto Serrapilheira e da Unesco.
Menor preço por Item. Objeto: Medicamentos para assis- Veja outras verificações e conheça os
tência farmacêutica do município. Oferta de Compra - BEC parceiros em coronaverificado.news
n°. 854300801002020OC00022. Data do início do prazo
para envio da proposta eletrônica: 26 de junho de 2020.
SINDICATO DOS HOSPITAIS, CLÍNICAS, CASAS DE SAÚDE, LABORATÓRIOS Data e hora da abertura da sessão pública: 09 de julho
de 2020, às 09h00min. Local e horário para retirada do
DE PESQUISAS E ANÁLISES CLÍNICAS E DEMAIS ESTABELECIMENTOS Edital: Departamento de Licitações da Prefeitura Munici-
DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE RIBEIRÃO PRETO – SINDHORP pal de Pitangueiras, sito à Rua Dr. Euclides Zanini Caldas
EDITAL DE CONVOCAÇÃO – ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA nº. 66, Centro, das 08h00min às 17h00min, através do site
CNPJ 06.027.069/0001-95 oficial do Município de Pitangueiras/SP www.pitangueiras.
Pelo presente edital de convocação, faço saber que no dia 02 de julho de 2020, será realizada Assembleia Geral sp.gov.br, bem como através do site www.bec.sp.gov.br.
Ordinária com os Associados do Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Pitangueiras, 24 de junho de 2020.
Clínicas e Demais Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Ribeirão Preto – SINDHORP, A ASSEMBLEIA OCORRERÁ Marcos Aurélio Soriano - Prefeito Municipal
NA SALA PLATAFORMA ZOOM DO SINDRIBEIRÃO QUE DISPONIBILIZARÁ LINK INVITE DE ACESSO
REMOTO PARA PARTICIPAÇÃO DOS ASSOCIADOS VIA INTERNET, em primeira convocação às 09:30 horas
PREFEITURA MUNICIPAL
(com metade mais um dos representantes) e em segunda convocação às 10:00 horas (com qualquer número de DE PITANGUEIRAS
representantes), para deliberação da seguinte ordem do dia: a) Parecer do Conselho Fiscal sobre o Balanço do Exercício PREGÃO ELETRÔNICO Nº 024/2020
de 2019, e b) Leitura, Discussão e Votação do Relatório da Diretoria e Balanço do Exercício de 2019. Acha-se aberto no Município de Pitangueiras, estado de
YUSSIF ALI MERE JÚNIOR - PRESIDENTE São Paulo, o Pregão Eletrônico nº 024/2020, tipo maior
desconto por Item, que tem como objeto AQUISIÇÃO DE
KITS DE MERENDA ESCOLAR - “PREGÃO SIMPLIFICA-
DO” DO ARTIGO 4-G DA LEI FEDERAL Nº 13.979/2020
CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPOS DO JORDÃO (COVID-19), em atendimento a Secretaria Municipal de
Estado de São Paulo Educação, de acordo com as especificações do Anexo
EDITAL Nº 03/CPL/2019 RETIFICADO I do Edital. Tipo: Menor preço por Item. Objeto: Aquisição
A Comissão de Licitação da Câmara Municipal de Campos do Jordão comunica a realização de Licitação na de kits de merenda escolar. Oferta de Compra - BEC n°.
modalidade Tomada de Preços: 854300801002020OC00023. Data do início do prazo
TOMADA DE PREÇOS nº 01/CPL/2019 para envio da proposta eletrônica: 26 de junho de 2020.
Objeto: Contratação de empresa para fornecimento de licença de uso de software para as áreas deAdministração de Pessoal; Data e hora da abertura da sessão pública: 02 de julho
Portal do Servidor; Compras, Licitações e Contratos; Almoxarifado; Patrimônio; Portal da Transparência; Controle Interno; de 2020, às 09h00min. Local e horário para retirada do
Financeira e Contabilidade, Protocolo; Ouvidoria; E-SIC, assim como para o Gerenciamento do Sistema, incluindo serviços de Edital: Departamento de Licitações da Prefeitura Municipal
Prefeitura Municipal de Marília migração, implantação, treinamento, manutenção e suporte técnico operacional. de Pitangueiras, sito à Rua Dr. Euclides Zanini Caldas nº.
Retirada do Edital: 29/06/2020 a 13/07/2020 66, Centro, das 08h00min às 17h00min, através do site ofi-
TERMO DE ABERTURA cial do Município de Pitangueiras/SP www.pitangueiras.
Horário: das 09h00 às 13h00
EDITAL DE LICITAÇÃO Nº 058/2020 Entrega dos Envelopes: 14/07/2020 – até às 09h30m sp.gov.br, bem como através do site www.bec.sp.gov.br.
Pitangueiras, 24 de junho de 2020.
Nº DA LICITAÇÃO NO BANCO DO BRASIL: 820768 Abertura: 14/07/2020 –às 10h00 Marcos Aurélio Soriano - Prefeito Municipal
Prefeitura Municipal de Marília. Modalidade: Pregão. Forma: Eletrônica. Objeto: Registro de Preço Endereço: Câmara Municipal de Campos do Jordão
para eventual aquisição de Materiais de Adereço, Artesanato, Costura e Afins. Prazo 12 meses. Rua Inácio Caetano – 490 – Vila Abernéssia
Cadastramento das Propostas: Até o Dia: 07/07/2020 às 08:00 horas. Início do Pregão: Dia: Campos do Jordão – SP
07/07/2020 às 09:00 horas no Portal do Banco do Brasil, site: www.licitacoes-e.com.br. O Edital Os interessados poderão solicitar a retirada do Edital, à partir de 29/06/2020, através do site da Câmara Municipal de PREFEITURA MUNICIPAL DE SERTÃOZINHO
também estará disponível no site www.marilia.sp.gov.br/licitacao. Demais informações na Diretoria Campos do Jordão – www.camaracamposdojordao.sp.gov.br EDITAL RESUMIDO DO PREGÃO PRESENCIAL Nº 029/2020. OBJETO: CONTRATAÇÃO DE EMPRESA PARA LICENCIAMENTO DE USO DE SOFTWARES DE GESTÃO
de Licitações - Av. Santo Antônio, 2377 ou pelo email: pregao7@marilia.sp.gov.br. Não poderão participar empresas cuja atividade constante no CNPJ ou Contrato Social não seja compatível com o PÚBLICA COM A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS PARA INSTALAÇÃO,ASSESSORIA TÉCNICA PARA IMPLANTAÇÃO, MIGRAÇÃO DE DADOS,
Daniel Carlos Magalhães - Secretário Municipal de Esportes, Lazer e Juventude ADAPTAÇÃO, AJUSTES DA SOLUÇÃO, TREINAMENTO DE USUÁRIOS E CORPO TÉCNICO DE INFORMÁTICA, MANUTENÇÃO TÉCNICA, MANUTENÇÃO LEGAL E
objeto da Licitação. SUPORTE TÉCNICO. ABERTURA/ENCERRAMENTO: se dará às 09:00 horas do dia 08/07/2020, para entrega dos envelopes: proposta e habilitação. A licitação
Helter Rogério Bochi - Secretário Municipal da Educação Informações Adicionais: 12-3668-9600 (Rodrigo/Carlos Eduardo)
Wania Lombardi - Secretária Municipal da Assistência e Desenvolvimento Social. supra será realizada na sala de Licitações - Paço Municipal, sito à Rua Aprígio de Araújo, 837, Sertãozinho/SP. O Edital poderá ser retirado junto ao Departamento
COMISSÃO DE LICITAÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPOS DO JORDÃO - SP de Políticas de Suprimentos do Município nos horários das 08:30 às 11:30 e das 13:00 às 17:00 horas e no site www.sertaozinho.sp.gov.br. INFORMAÇÕES:TEL.
TERMO DE CONVOCAÇÃO (16) 2105-3044 ou 2105-3052. Secretaria de Administração; Departamento de Políticas de Suprimentos, 24 de junho de 2020. Eder Rafael Zamoner. Pregoeiro.
CONCORRÊNCIA PÚBLICA - 004/2019
Contratação de empresa especializada para prestar serviços de manutenção, cadastro e
modernização do parque de iluminação pública do Município de Marília. Termo de Convocação:
SANTA GIANNA CENTRO HOSPITALAR S.A. SINDICATO DOS PROFESSORES DE SOROCABA
CNPJ nº 05.876.878/0001-09 - NIRE nº 35.300498.59-3
Visando subsídios para julgamento preciso das propostas apresentadas, como forma de diligência EDITAL DE CONVOCAÇÃO - ASSEMBLÉIAS GERAIS ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA Edital de Convocação de Assembleia Virtual Geral Ordinária. Pelo presente edital, ficam convocados os professores sindicalizados,
e sob pena de desclassificação, ficam intimadas as Licitantes, Citéluz Serviços de Iluminação Ficam convocados os Acionistas para A.G.O./E, em 30/6/2020, as 16 horas em 1ª convocação, para deliberar sobre a empregados nos estabelecimentos de ensino da rede particular nos municípios de Sorocaba, Alambari, Alumínio, Angatuba, Apiaí, Araçariguama,
Urbana S/A; Consórcio Engie Terwan - IP Marília (Sadenco Sul-Americana de Engenharia e seguinte Ordem do Dia: I. A.G.O.: a) Tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações Araçoiaba da Serra, Barão de Antonina, Barra do Chapéu, Bofete, Bom Sucesso de Itararé, Buri, Campina do Monte Alegre, Capão Bonito, Capela
Comércio Ltda., e Terwan Soluções em Eletricidade Indústria e Comércio Ltda.), Ilumitech financeiras relativas ao exercício social encerrado em 31/12/2019; b) Analisar e deliberar sobre os Balanço Patrimonial do Alto, Cesário Lange, Conchas, Coronel Macedo, Guapiara, Guareí, Ibiúna, Iperó, Itaberá, Itaí, Itaoca, Itapetininga, Itapeva, Itapirapuã Paulista,
Construtora Ltda.; RT Energia e Serviços Ltda. e SELT Engenharia Ltda., para que demonstrem e as Demonstrações Financeira e de Resultados do Exercício de 2019, relativas à Companhia; c) Prestação de escla- Itaporanga, Itararé, Mairinque, Nova Campina, Paranapanema, Piedade, Pilar do Sul, Porangaba, Quadra, Ribeira, Ribeirão Branco, Ribeirão Grande,
recimentos, pela Diretoria Executiva, quanto as atividades da Companhia durante o exercício de 2019. II. A.G.E.: a) Riversul, Salto de Pirapora, São Miguel Arcanjo, São Roque, Sarapuí,Tapiraí,Taquarituba,Taquarivaí,Tatuí,Torre de Pedra,Vargem Grande Paulista
a viabilidade e exequibilidade de suas propostas. O Termo de Convocação em sua íntegra está e Votorantim, na base territorial do SINDICATO DOS PROFESSORES DE SOROCABA, CNPJ 60.121.753/0001-87, com sede na Rua Francisco
disponível no site www.marilia.sp.gov.br/licitacao, informações telefones: (14) 3402-4410. Prestação de contas do período de 1/1/2020 à 31/5/2020; b) Tomar conhecimento e referendar as operações de vendas Ferreira Leão, nº 90 – Vila Leão, CEP 18040-429, Sorocaba/SP, para a Assembleia Virtual Geral Ordinária, a ser realizada no dia 30 de junho de
Cidimar Luiz Furquim - Presidente da Comissão Permanente de Licitação de ações realizadas pelo Conselho de Administração; c) Deliberar sobre proposta para aquisição de imóvel (terreno ao 2020, terça-feira, no endereço virtual:https://us04web.zoom.us/j/74580185021?pwd=ZnJjTEVMVERzaGpDQjQwODRRY0g3Zz09, que irá ocorrer
lado da entrada das instalações do Centro Hospitalar); d) Deliberar sobre proposta para contratação, pela Companhia, às 18 horas e 30 minutos, em primeira convocação, com o quórum estatutário, ou às 19 horas, em segunda convocação, com qualquer número
TERMO DE PRORROGAÇÃO de operação de financiamento junto a instituição financeira, cujos recursos irão viabilizar a aquisição de estrutura de trabalhadores presentes com a finalidade de discutir e deliberar sobre a seguinte ordem do dia: A – Relatório anual de atividades e balanço
EDITAL DE LICITAÇÃO Nº 003/2020 metálica para a ala E do Centro Hospitalar, sendo tal contratação realizada mediante prestação de aval/fiança pelos patrimonial do exercício 2019. Sorocaba, 23 de junho de 2020. MARA KITAMURA - Presidente do Sindicato dos Professores de Sorocaba.
membros da Diretoria Executiva da Companhia; e) Análise e deliberação quanto a valorização das ações de emissão da
Órgão: Prefeitura Municipal de Marília. Modalidade: Tomada de Preços. Objeto: Contratação de Companhia, com data base de 1/8/2020; f) Análise e deliberação quanto à liquidação dos contratos de mútuos firmados
empresa especializada para o fornecimento de material e mão de obra para execução de obras pela Companhia (Mutuária) com alguns acionistas (Mutuantes). Cumpre esclarecer que, considerando o atual contexto
complementares na construção de portais e construção de totens, conforme planilha de custos, relacionado à pandemia do novo corona vírus (COVID-19), as A.G.O./E.’s serão conjuntamente realizadas, exclusiva- PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO MANUEL
projetos e anexos. Termo de Prorrogação: Haja vista não ter acudido licitantes interessados, fica mente, de modo digital, por meio da disponibilização de sistema eletrônico que possibilitará que os acionistas Aviso de Resultado de Recurso - O Município de São Manuel comunica que o recurso interposto pela empresa MAZZA, FREGOLENTE
prorrogada a data do certame, a saber: Encerramento: Dia 13/07/2020 às 09:30 horas. Abertura: acompanhem e votem, sem prejuízo do envio do boletim de voto à distância. Os acionistas interessados em participar E CIA. – ELETRICIDADE E CONSTRUÇÕES LTDA., CNPJ 00.026.315/0001-08 em relação ao Processo 204/1/2020 – Tomada de
Dia 13/07/2020 às 09:40 horas. O Edital e o Termo de Prorrogação em sua íntegra estão disponíveis das Assembleias por meio de sistema eletrônico a distância, deverão enviar e-mail para o endereço financeiro@ Preços nº 001/2020, cujo objeto é a contratação de empresa para executar a substituição da iluminação pública da Avenida José
no site www.marilia.sp.gov.br/licitacao. Informações email: licitacao1@marilia.sp.gov.br. santagiannach.com.br, até 2 dias antes da data da reunião, manifestando seu interessem em participar e, dessa Horácio Mellão, Avenida Aldo Marine e no entorno do Conjunto Poliesportivo (Avenida Enéas Cintra da Silveira, Rua Marcelo Giorgi e
Engenheiro Hélcio Freire do Carmo - Secretário Municipal de Obras Públicas forma, solicitando o link de acesso. Para solicitar o acesso o acionista deverá informar/comprovar: (i) identidade e/ou Rua Guilherme Innocenti) – São Manuel- SP, foi declarado IMPROVIDO. A decisão completa encontra-se disponível através do link:
de seu representante legal que comparecerá a reunião, incluindo seus nomes completos e seus CPF ou CNPJ, conforme https://www.saomanuel.sp.gov.br/portal/editais/0/1/1575/. São Manuel, 24 de junho de 2020. Ricardo Salaro Neto - Prefeito Municipal.
TERMO DE RATIFICAÇÃO o caso, e telefone e endereço de e-mail do solicitante; e (ii) ser acompanhada dos documentos (cópias legíveis): RG, AVISO DE REABERTURA DE LICITAÇÃO - O Município de São Manuel/SP torna público a reabertura da sessão para abertura do
Ratifico a dispensa de licitação para fornecimento de material e mão de obra para reforma e CPF, Contrato Social, CNPJ, conforme o caso. Na data da A.G.O., o link de acesso à plataforma será encaminhado para envelope de Proposta – Tomada de Preços sob n.º 001/2020 – Processo Administrativo n.º 204/1/2020 que tem como objeto a
adequação da Praça Pública do Jardim Santa Antonieta 3, localizada na Rua Manoel Pinheiro o e-mail do acionista, e estará disponível a partir de 15 minutos de antecedência e até 15 minutos após o horário de contratação de empresa para executar a substituição da iluminação pública da Avenida José Horácio Mellão, Avenida Aldo Marine e no
Matos X Rua Hercília da Silva Rocha, conforme planilha de custos, memorial descritivo e anexos, início das Assembleias, sendo que o registro da presença do acionista somente se dará mediante o acesso via link. entorno do Conjunto Poliesportivo (Avenida Enéas Cintra da Silveira, Rua Marcelo Giorgi e Rua Guilherme Innocenti) – São Manuel- SP, a
diretamente da empresa Companhia de Desenvolvimento Econômico de Marília - CODEMAR Após 15 minutos do início das Assembleias, não será possível o ingresso dos acionistas na reunião. Assim, a Companhia ser realizado no dia 26 de junho de 2020 às 14:30 horas na sede administrativa do município de São Manuel situado a Rua Dr. Júlio de
inscrita no CNPJ/MF nº 44.477.354/0001-05, com fulcro no Artigo 24 Inciso VIII da Lei Federal recomenda que os acionistas acessem a plataforma digital para participação nas Assembleias com, pelo menos, 15 Faria n.º 518 – São Manuel – SP. São Manuel, 24 de junho de 2020. Gisele Hyppolito Jorgetto - Presidente da Comissão de Licitações.
minutos de antecedência. Eventuais manifestações de voto nas Assembleias deverão ser feitas, exclusivamente, por
8.666/93 e suas posteriores alterações.
meio do sistema de teleconferência, conforme instruções detalhadas a serem prestadas pela mesa no início da reunião.
Hélcio Freire do Carmo - Secretário Municipal de Obras Públicas Dessa maneira, o sistema de videoconferência (Meet Google) será reservado para acompanhamento das Assembleias,
TERMO DE REVOGAÇÃO acesso ao vídeo e áudio da mesa, bem como visualização de eventuais documentos que sejam compartilhados pela
EDITAL DE LICITAÇÃO Nº 002/2020
mesa durante a reunião, sem possibilidade de manifestação. Os acionistas também poderão votar nas Assembleias por
meio de boletim de voto à distância, devendo, para tanto, solicitar a Companhia que encaminhe o boletim através do
INSTITUIÇÃO DE COOPERAÇÃO INTERMUNICIPAL DO MÉDIO PARAOPEBA
Órgão: Prefeitura Municipal de Marília. Modalidade: Tomada de Preços. Objeto: Fornecimento de endereço eletrônico financeiro@santagiannach.com.br. A Companhia ressalta que será de responsabilidade exclu- i.CISMEP
material e mão de obra para construção de muro de arrimo na Avenida Eliezer Rocha, conforme siva dos acionistas assegurarem a compatibilidade de seus equipamentos com a utilização da plataforma digital Meet
planilha de custo, memorial descritivo e projeto anexo. Termo de Revogação: Haja vista não ter Google e o acesso à teleconferência. A Companhia não ser responsabilizará por quaisquer dificuldades de viabilização
e/ou manutenção de conexão e de utilização da plataforma digital que não esteja sob o controle da Companhia. Franca, A INSTITUIÇÃO DE COOPERAÇÃO INTERMUNICIPAL DO MÉDIO PARAOPEBA –
acudido licitantes interessados no certame novamente, após prorrogação da abertura da sessão,
fica Revogada a presente licitação. Informações poderão ser obtidas no site: www.marilia.sp.gov.br/ 18, 25 e 27/6/2020. Carlos Henrique de Barros - Presidente do Conselho de Administração (18, 25 e 27/6) ICISMEP comunica a realização do Pregão Eletrônico nº 47/2020, relativo ao Processo
licitacao ou através do email: licitacao3@marilia.sp.gov.br. Licitatório n° 73/2020, nos moldes das Leis Federais n° 10.520/2002 e 8.666/1993, sob o
Engenheiro Hélcio Freire do Carmo - Secretário Municipal de Obras Públicas regime de menor preço global por item. A abertura das propostas se dará às 09h do dia
EXTRATO DA PORTARIA NÚMERO 38315 10/07/2020, a disputa ocorrerá às 10h do mesmo dia. Objeto licitado é: REGISTRO DE
Penalidade: Multa no valor de 30% sobre o valor dos produtos não entregues (Seis cestas no valor PREÇOS PARA FUTURA E EVENTUAL AQUISIÇÃO DE UNIDADE MÓVEL DE
unitário de R$ 113,90) Atualizado desde 17/03/2015 pelo índice utilizado no município (IGPM). ESTERILIZAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE (UMEES) PARA CONTROLE DE ZOONOSES
Aplicada à Golden Food Comércio e Exportação de Alimentos EIRELI, pessoa jurídica inscrita no
CNPJ sob nº 08.004.710/0001-00; a fundamentação completa se encontra publicada no Diário - CASTRAMÓVEL. O edital completo está no site: www.licitacoes-e.com.br do Banco do
Oficial do Município de Marília, site: https://diariooficial.marilia.sp.gov.br/, do dia 24 de junho de 2020. Brasil S/A, no site da ICISMEP www.icismep.mg.gov.br e ainda se encontra disponível no
Valquíria Galo Febrônio Alves - Corregedora Geral do Município setor de Licitações, situado na Rua Córsega, nº 318, Arquipélago Verde, Betim/MG, no
Ramiro Bonfietti - Secretário Municipal da Administração e de Planejamento Econômico horário de 10h às 16h, mediante prévio recolhimento dos emolumentos. Mais informações,
EXTRATO DA PORTARIA NÚMERO 38316 telefone (31) 3512-4414. A pregoeira, 24/06/2020.
Penalidade: Multa no valor de 50% sobre o valor total dos produtos não entregues atualizado desde
25/11/15 (data em que foi notificado) pelo índice utilizado no município (IGPM) cumulada com sanção
de suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a
administração pública pelo prazo de 01 (um) ano. Aplicada à empresa Bachega & Lima Ltda. -ME,
pessoa jurídica inscrita no CNPJ sob nº 17.893.147/0001-50; a fundamentação completa se encontra
publicada no Diário Oficial do Município de Marília, site: https://diariooficial.marilia.sp.gov.br/, do dia Secretaria Municipal de Saúde
24 de junho de 2020.
Valquíria Galo Febrônio Alves - Corregedora Geral do Município
ABERTURA DE LICITAÇÃO
Ramiro Bonfietti - Secretário Municipal da Administração e de Planejamento Econômico
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 021/2020
EXTRATOS DE REGISTRO DE PREÇOS
Processo nº 04.000.295.20.83 - Identificador Banco do Brasil nº 820859
Contratante: Prefeitura Municipal de Marília. Processo: Pregão Eletrônico n° 059/2020. Objeto:
Objeto: Registro de Preços para Contratação de Empresa Especializada na Prestação de Serviços de
Registro de Preços para eventual aquisição de Gêneros Alimentícios para festas juninas. Assinatura:
24/06/2020. Vigência: 23/06/2021. Ata de Registro de Preços: 277/2020. Contratada: Nori Coleta, Transporte e Disposição Final Ambientalmente Adequada de Resíduos Sólidos de Saúde dos
Distribuidora de Produtos Alimentícios EIRELI - EPP. Valor Máximo R$25.112,20. Contratante: Grupos A, B e E, Necessários para Atender a Demanda do Municípios de Belo Horizonte e dos Órgãos
Prefeitura Municipal de Marília. Processo: Pregão Eletrônico nº 069/2020. Objeto: Registro de Partícipes.
Preços para eventual aquisição de papel sulfite A4 e materiais gráficos diversos. Assinatura: • Abertura das propostas dia 08/07/2020 às 08:00 horas;
24/06/2020. Vigência: 23/06/2021. Ata de Registro de Preços 281/2020. Contratada: Locamais
• Abertura da sessão de lances dia 08/07/2020 a partir de 10:00 horas.
Serviços Eireli. Valor Máximo R$131.822,80. Contratante: Prefeitura Municipal de Marília.
Processo: Pregão Eletrônico n° 085/2020. Objeto: Registro de Preços para eventual aquisição de Para participar da sessão de abertura do pregão eletrônico, os interessados deverão cadastrar-se junto
mesas e bancos de concreto. Assinatura: 24/06/2020. Vigência: 23/06/2021. Ata de Registro de às agências do BANCO DO BRASIL S/A. Informações no endereço www.licitacoes-e.com.br. Para
Preços: 288/2020. Contratada: Ind. e Com. de Mobiliário Urbano Ltda. - EPP. Valor Máximo cadastro no SUCAF (Sistema Único de Cadastro de Fornecedores – Belo Horizonte/MG), acessar
R$55.500,00. Contratante: Prefeitura Municipal de Marília. Processo: Pregão Eletrônico www.pbh.gov.br/sucaf ou ligar: (31) 3277-4677. O edital está disponível em https://prefeitura.pbh.
n° 076/2020. Objeto: Registro de Preços para eventual aquisição de medicamentos. Assinatura: gov.br/licitacoes/saude. Qualquer informação ou orientação adicional poderá ser obtida na Gerência
24/06/2020. Vigência 23/06/2021. Ata de Registro de Preços 289/2020. Contratada Aglon
Comércio e Representações Ltda. Valor Máximo: R$142.500,00. Ata de Registro de Preços: de Compras, à Avenida Afonso Pena, 2.336, 6º andar, Bairro Savassi, Belo Horizonte/MG, pelo e-mail:
291/2020. Contratada: CM Hospitalar S/A. Valor Máximo: R$75.660,00. Ata de Registro de cplsmsa@pbh.gov.br ou pelo telefone: (31) 3277-7735.
Preços: 293/2020. Contratada: Cristalia Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda. Valor Máximo: Ricardo Lopes Martins
R$668.714,00. Ata de Registro de Preços: 295/2020. Contratada: Fragnari Distribuidora de Diretor de Logística
Medicamentos Ltda. Valor Máximo: R$31.082,00. Ata de Registro de Preços: 299/2020. Contratada:
Merck S/A. Valor Máximo R$184.948,20. Ata de Registro de Preços: 300/2020. Contratada: Partner Jackson Machado Pinto
Farma Distribuidora de Medicamentos Eireli - ME. Valor Máximo R$88.920,00. Secretário Municipal de Saúde
a eee QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 B7

cotidiano By_Lu*Ch@QuE

Câmara aprova O projeto retira a exigência

de uso de faróis baixos em ro-
dovias com mais de uma pis-
ta, mas mantém para rodovi-

projeto que amplia

as de pista simples no caso de
veículos que não tiverem lu-
zes de rodagem diurna. Ôni-
bus, vans e motos deverão
usar luz baixa de dia e à noite.

validade da CNH
Pelo projeto, que vai ao Senado, carteira de motorista
com menos de 50 anos de idade terá validade de dez anos
-
Danielle Brant
brasília A Câmara dos Depu-
tados aprovou nesta quarta-
(24) projeto que amplia para
dez anos a validade da cartei-
ra de motoristas com menos
de 50 anos de idade, medida
mais rígida do que a proposta
pelo presidente Jair Bolsona-
ro (sem partido), que queria
estender o prazo para condu-
tores com menos de 65 anos.
O texto-base foi aprovado
na terça-feira (23), e os depu-
tados só acataram uma pro-
posta de alteração ao proje-
to, que, agora, vai ao Senado.
Hoje, o código estabelece
que a CNH deve ser renova-
da a cada cinco anos para mo-
toristas até 65 anos, e a cada
três anos após essa idade. O
texto do governo estabelecia
que os exames para renova-
ção devem ser realizados a ca-
da dez anos para motoristas
comaté65anos.Depoisdisso,
o prazo cai para cinco anos.
No projeto aprovado, os de-
putados mantiveram o prazo
de dez anos de validade, mas
apenas para motoristas pro-
fissionais de até 50 anos. En-
tre 50 anos e 70 anos, os exa-
mes de aptidão física e men-
tal devem ser refeitos a cada
cinco anos —mesmo prazo
para motoristas de aplicati-
vos e que exerçam ativida-
de remunerada em veículos.
Após os 70 anos, a renovação
ocorre a cada três anos.
O texto-base previa que
motoristas que exerçam ati-
vidade remunerada em veí-
culo, como de aplicativo, pre-
cisariam renovar a carteira a
cada cinco anos. Nesta quar-
ta, os deputados suprimiram
esse trecho do projeto.
Os deputados mantiveram
os demais dispositivos vota-
dos na terça, que alteram o
Código de Trânsito Brasileiro.
No projeto enviado por Bol-
sonaro, crítico do que consi-
dera uma “indústria da mul-
ta” no país, o limite máximo
de pontos que um motorista
pode ter sem perder a habili-
taçãodobrava,passandode20
para 40 pontos. O relator do
texto, deputado Juscelino Fi-
lho (DEM-MA), decidiu esta-
belecer um freio nesse ponto.
Ele manteve a ampliação de
20 para 40 pontos, mas ape-
nas para motoristas que não
cometerem infração gravíssi-
ma. Se houver uma infração
gravíssima, o limite cai para
30 pontos. Com duas ou mais
infrações do tipo, a pontua-
ção volta a ser de 20 pontos.
O projeto prevê ainda que,
no caso de motoristas que
exerçam atividade remunera-
da em veículo, o limite será de
40pontos,independentemen-
te da natureza das infrações.
O relator também endure-
ceu a proposta de regra sobre
cadeirinha. Emjunhode 2019,
quando foi enviado à Câma-
ra pelo presidente Jair Bolso-
naro (sem partido), o projeto
de lei provocou controvérsia.
O texto do governo obri-
gava o uso do equipamen-
to de proteção para crian-
ças com idade até sete anos e
meio,mastrocavaamultapor
advertência por escrito.
Aobrigatoriedade dousode
cadeirinhas para crianças até
sete anos e meio consta em
uma resolução do Contran
(ConselhoNacionaldeTrânsi-
to), que diz que o descumpri-
mento dessa regra é infração
gravíssima,punívelcommulta
(valor base de R$ 293,47), se-
te pontos na carteira e reten-
ção do veículo até que a irre-
gularidade seja sanada. Além
disso, até 10 anos, crianças
devem ir no banco traseiro.
Juscelino Filho decidiu exi-
giraobrigatoriedadedacadei-
rinha para crianças de até dez
anos que não tenham atingi-
do 1,45 m de altura. Elas deve-
rão ser transportadas no ban-
co de trás dos carros. Ele ain-
da retirou do projeto o dispo-
sitivo que eliminava a multa.
Por fim, o relator também
aumentoudeseteanosemeio
para dez anos a idade mínima
paraquecriançassejamtrans-
portadas na garupa de motos,
alegando que, até essa idade,
a estatura do menor ainda es-
tá se desenvolvendoe seusos-
sos e órgãos ainda são frágeis.
Outra mudança aprovada
e que envolve motocicletas é
a permissão para que trafe-
guem entre veículos quando
o trânsito estiver parado ou
lento. No código de trânsito,
ultrapassar veículos parados
no sinal era infração grave pu-
nida com multa. O texto apro-
vado prevê que a infração não
se aplica a motos.
Inicialmente, orelatorhavia
proposto a proibição de que
motos trafegassem pelos cor-
redores. Após pressão de gru-
pos de motoqueiros, decidiu
incluir a permissão no texto,
mas com a restrição de que is-
so só pode ocorrer se o fluxo
estiver parado ou lento.
Odeputadotambémincluiu
no projeto a possibilidade de
adoção de áreas de espera pa-
ra motos junto aos sinais de
trânsito, à frente da linha de
retenção dos demais veícu-
los, e mudou de gravíssima
para média a infração come-
tida por motoqueiros que tra-
fegam com faróis apagados.
O texto obriga o motorista
a manter faróis acesos tam-
bém na chuva, neblina e cer-
ração —na lei atual, a exigên-
cia é para quem trafega à noi-
te e, durante o dia, em túneis.
$ feito a cada dois anos e meio.
O que muda
caso o projeto
seja aprovado
LIMITE DE PONTUAÇÃO
• 40 pontos para quem
não cometer infração
gravíssima nos
últimos 12 meses
• 30 pontos para
quem cometer uma
infração gravíssima
• 20 pontos para quem
cometer duas ou mais
infrações gravíssimas
• Motoristas que exercem
atividade remunerada
com o veículo (taxistas,
de aplicativo, ônibus etc.)
terão limite de 40 pontos,
independentemente se
cometeram infrações
gravíssimas ou não;
eles podem zerar as
pontuações se fizerem
curso de reciclagem ao
somarem 30 pontos
VALIDADE DA CNH
• 10 anos para motoristas
com até 50 anos de idade
• 5 anos para motoristas
com até 70 anos
• 3 anos para motoristas
acima dos 80 anos
CADEIRINHA
• Exigência (contestada
pelo governo Bolsonaro)
foi incluída na lei, para
crianças com até 10 anos e
limite de 1,45 m de altura
VELOCIDADE ALTA
• Motoristas que dirigem
com velocidade superior
a 50% do limite da via
passarão por processo
administrativo antes de
terem a CNH apreendida
e o direito de dirigir
suspenso (hoje, isto
ocorre imediatamente)
Asmudançasincluemainda
condicionar o licenciamento
anual a que o motorista tenha
participado de campanhas de
recall para substituição ou re-
paro de veículos, e exigir que
motoristas de vans, ônibus e
caminhões tenham resultado
negativo em exame toxicoló-
gico para tirar a CNH, a ser re-
Por fim, o texto cria o regis-
tropositivo demotoristas, pa-
ra cadastrar aqueles que não
tiverem cometido infração de
trânsito sujeita a pontuação
nos últimos 12 meses. União,
estadosemunicípiospoderão
usar o registro para conceder
benefíciosfiscaisoutarifários
aos motoristas cadastrados.
Especialistas criticam
mudanças propostas
a Código de Trânsito
-
Thiago Amâncio
são paulo Parte das mudan-
ças propostas pela Câmara
ao Código de Trânsito enfren- EDIFÍCIO INACABADO É OCUPADO EM SÃO PAULO
ta resistência entre entidades Edifício conhecido como Caveirão, no centro da cidade
e especialistas na área de se- de São Paulo, estava abandonado e com obras inacabadas,
gurança do trânsito, especial- e acabou sendo ocupado por famílias de baixa renda
mente a que aumenta o limi- em busca de moradia Marcello Zambrana/Agif/Folhapress
te de infrações que os moto-
ristas podem cometer.
Um sistema rígido de pon-
tos reduz “de 11% a 40% na
comissão de infrações e con- Aulas práticas para tirar
carteira de habilitação
sequente redução de 15% a
34% das mortes no trânsi-
to, de acordo com diversos
estudos internacionais”, diz
Hannah Machado, coordena-
dora de Desenho Urbano da
voltam nesta 5ª em SP
Iniciativa Bloomberg de Se- -
Alana Ambrosio Detran espera dobrar esse
gurança Viária Global. númeronapróximasemana.
Em sua visão, o texto acer- são paulo | agora O estado Já os testes práticos, com
ta, porém, ao instituir na lei a São Paulo inicia nesta quin- previsão de retomada pa-
obrigatoriedadedacadeirinha ta-feira a retomada gradu- ra a primeira quinzena de
Éestetambémumdosprin- al das atividades dos CFCs julho, serão realizados em
cipais méritos do projeto pa- (centrosdeformaçãodecon- ambientes abertos, defini-
ra Antonio Meira Júnior, pre- dutores) credenciados pelo dos pelos municípios e com
sidente da Associação Brasi- Detran.SP, gestão João Doria adequação de horários en-
leira de Medicina de Tráfego. (PSDB), com aulas remotas. tre um exame e outro. O ob-
RafaelCalabria,especialista Assim voltam a ser atendi- jetivo é reduzir a quantida-
em mobilidade do Idec (Ins- das as demandas iniciadas de de provas. Alunos e ins-
tituto de Defesa do Consumi- antes da suspensão do aten- trutores deverão usar más-
dor),afirmaqueaexigênciada dimento presencial em fun- cara e o veículo passará por
cadeirinha perde seu impac- çãodapandemiadonovoco- higienização a cada exame.
to positivo uma vez que “os ronavírus, ainda em março. A oferta dos serviços é
motoristas agora podem vio- O cronograma será dividi- possível graças a um siste-
lar duas vezes mais as regras”. do em etapas: o reinício das ma de reconhecimento fa-
“O texto enviado pelo go- aulas práticas começa quin- cial desenvolvido pela Pro-
verno federal era inaceitável. ta e as teóricas ficam para a desp (empresa de tecnolo-
Agora, com as mudanças pro- próxima segunda-feira (29). gia do Governo) para com-
postas, está apenas ruim”, diz. As aulas teóricas para pri- provar a identidade dos con-
Para o consultor em trans- meira habilitação serão mi- dutores, por meio da biome-
porte Sergio Ejzenberg, o au- nistradas pelos instruto- tria já cadastrada quando os
mento do limite de pontos é res por videoconferência. alunos fizeram a matrícula.
negativo, mas a fiscalização Já aqueles que passam por A autorização para a re-
enseja melhora, sobretudo reciclagem terão acompa- alização dos cursos teóri-
nas de infrações de velocida- nhamento online, enquan- cos e práticos será conce-
de, quando bons motoristas to a realização das provas dida apenas para os muni-
podemserpenalizadosporra- será presencial e individual. cípios que estejam estabe-
dares mal colocados, afirma. O uso de máscara será lecidos a partir da chamada
No entanto, o especialista obrigatório e os centros de fase dois (laranja), do pla-
se diz favorável ao aumento formação deverão oferecer no da gestão Doria (PSDB).
do limite para motoristas pro- álcool em gel para higieni- Nesta fase, shoppings cen-
fissionais. “Eles circulam até zação das mãos. ters (exceto praças de ali-
15 vezes mais que um moto- Cerca de 50 mil candida- mentação), comércio de rua
rista amador. Por estar mais tos de primeira habilitação, e serviços em geral podem
sujeito a infração, pode per- carteira para portadores de funcionar com capacidade
der a carteira e, assim, o em- necessidades especiais, mu- limitada a 20%, horário re-
prego. Por isso, é preciso um dança de categorias e reabi- duzido para 4 horas segui-
limite mais elástico.” litação serão atendidas. O dos e adoção de protocolos.

MORTES coluna.obituario@grupofolha.com.br

Artista de coração e alma, foi que revivia as histórias das te-

lonas, encontrava um detalhe
Um dos capítulos da vida
de Regina não escapou de ser
tada por Orlando Silva, músi-
ca predileta de Regina, virou
JACKSON PEREIRA DIAS Aos
35, solteiro. Quinta (25/6) às 17h.
para o cinema a melhor plateia importante diferente.
“Com a morte dela, o cine-
eternizado pela sétima arte
—a história de amor com o
trilha sonora da história de
amor do casal.
Cemitério são Francisco de Paula

REGINA POROGER (1929-2020)
são paulo ApaulistanaRegina
Porogerfoiumaartistaquebri-
lhouforadospalcos.Desdecri-
ança, queria enveredar pelos
caminhosda arte, fosse no te-
atro,nocinemaounamúsica.
Na escola onde estudava,
em Campinas (93 km de SP),
atuou pela primeira vez na
peça “Colégio Interno”, fa-
mosa com a atriz Eva Todor.
Ao longo de sua vida, Regina
apresentaria o texto outras
vezes, tantas que sabia inter-
pretar cada linha.
Mas, na verdade, era o cine-
ma que enchia os olhos de Re-
gina de felicidade.
Fã de Al Pacino, Leonardo
DiCaprio, Dustin Hoffman e
Meryl Streep, gostava de as-
sistir aos filmes repetidas ve-
zes, como aconteceu com “La
LaLand”(seisvezes).Cadavez
ma perde uma de suas maio-
res estrelas. Mas não porque
foi atriz ou trabalhou em seus
bastidores. Ela viveu sua vida
inteira numa sala de cinema”,
conta o filho, o jornalista e fo-
tógrafo Sergio Poroger, 63.
“Quando não estava numa
saladecinema,assistiaatodos
os gêneros de filmes na televi-
são. Mas sua preferência era
pelos filmes que se passavam
em tribunais. Sabia os nomes
de todos artistas e diretores
de Hollywood”, recorda ele.
marido, Luiz Poroger, virou
tema de um curta-metragem.
Luiz a viu pela primeira vez
no centro da capital paulista.
Regina atravessava a rua da
Cantareira. No dia 31 de de-
zembro, durante festa de Ré-
veillonnoPaláciodoTrocade-
ro, aconteceu o convite para a
primeira dança, que só termi-
nou em janeiro de 2018, com
a morte de Luiz.
Palco do surgimento da pai-
xão,opalácionãoexistemais.
Já“LábiosqueBeijei”,interpre-
O papel de mãe talvez tenha
sidoomelhordesuavida.“Re-
gina foi uma mãe gigantesca-
mente protetora e querida.
Não havia um dia que ela não
me ligasse para perguntar se
me alimentei bem, se dormi
bem. Não havia uma volta de
viagem em que ela deixasse
de me recepcionar com um
‘welcome’”, diz Sergio.
Regina Poroger morreu no
dia17dejunho,aos90anos,de
pneumoniabacteriana.Viúva,
deixatrêsfilhosecinconetos.
RENAN SILVA BITTENCOURT Aos
45, solteiro. Quinta (25/6) às 17h.
Igreja da fazenda
Procure o Serviço Funerário Municipal de
São Paulo: tel. (11) 3396-3800 e central 156;
prefeitura.sp.gov.br/servicofunerario.
Anúncio pago na Folha: tel. (11) 3224-4000.
Seg. a sex.: 10h às 20h. Sáb. e dom.: 12h às 17h.
Aviso gratuito na seção: folha.com/
mortes até as 18h para publicação no dia
seguinte (19h de sexta para publicação
aos domingos) ou pelo telefone (11)
3224-3305 das 16h às 18h em dias
úteis. Informe um número de telefone
para checagem das informações.
 a eee
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 B8
By_Lu*Ch@QuE

Detalhe de raio-x da tela ‘O Escolar’, do artista Vincent van Gogh, ao lado de uma reprodução do quadro original, obra do acervo do Masp que passou por análise durante a quarentena Divulgação

Beleza adormecida
Longe dos olhos do público, restauradores controlam luz e temperatura dos museus a
distância e usam a quarentena para analisar exames raio-x e infravermelho dos quadros
-
Carolina Moraes
sãopaulo “Tereza”,obradoar-
tistaTunganoInstitutoInho-
tim,ocupacincovezesmaises-
paçoduranteapandemia.Es-
tendidosnochão,os565cober-
toresqueformavamumalon-
gatrançaforamdesentrelaça-
dos para evitar que a peça, no
museufechado,atraiainsetos.
Sem previsão de reabrir, o
institutonosarredoresde Be-
loHorizonteeoutrosmuseus
do país repensaram a manu-
tenção dos acervos para res-
peitarodistanciamentosocial.
No Inhotim, o primeiro de-
safio foi criar protocolos de
conservaçãoqueenvolvessem
uma única pessoa. O procedi-
mento não era comum no es-
paço —com muitas obras em
larga escala, o normal era tra-
balharemequipe,contaPaulo
Soares,gerentedaáreatécnica.
Ainstalação“DeLamaLâmi-
na”, de Matthew Barney, por
exemplo,exigiadecincoaseis
pessoas e um andaime para a
limpeza da árvore de seis me-
trosnocentrodaobra—bran-
ca,apeçatendeaficarcoberta
do pó vermelho da região de
mineraçãoondeficaomuseu.
“Não fazemos mais isso, ia
ser muito desafiador, então
houve um cuidado para en-
volver a peça por completo
comumtecido”,contaSoares.
OMasporganizavistoriasse-
manais do acervo e das mos-
trastemporárias—deHélioOi-
ticicaedabailarinaecoreógra-
faamericanaTrishaBrown—,
que nem chegaram a abrir.
CecíliaWinter,coordenado-
ra de acervo, conservação e
restauro, conta que a equipe
decidiu manter as luzes ace-
sas para facilitar o controle a
distância,masmaisbaixasque
o normal para proteger as pe-
ças —as mais sensíveis foram
cobertas. “A luz tem um efei-
tocumulativo.Pensanumaex-
posição que ainda não abriu.
Depoisqueomuseuvoltar,ela
vaitermaistrês,quatromeses
deexposiçãoàluz”,elaafirma.
Atemperaturaeaumidade,
controladasadistância,estão
maisestáveisnoperíododefe-
chamento,masoquemaisno-
taram foi a diminuição de pó
nasobras,resultadodafaltade
públicoedotrânsitoreduzido
de carros na avenidaPaulista.
No início da quarentena,
quando o museu estava fe-
chado, só com funcionários
trabalhandoali,equipesavan-
çaramnaanálisedasobras,en-
tre elas três telas do impressi-
onista Pierre-Auguste Renoir
—“RosaeAzul”,de1881,“Retra-
to deMartheBérard”, de1879,
e “Dama Sorrindo”, de 1875.
Exames como raio-x, infra-
vermelho e análise para res-
tauro só podem ser feitos nu-
ma sala de vídeo quase nunca
disponível em dias normais.
“Hámuitascoisasqueagen-
te está conseguindo fazer de
casaqueodiaadianãopermi-
tia, como organizar arquivos,
documentos”, conta a produ-
tora Marina Moura, do Masp.
O Instituto Moreira Salles
também avançou na catalo-
gação do acervo, que hoje
tem cerca de 2,5 milhões de
itens, durante a pandemia. A
instituição ainda passou a fa-
zer o controle remoto de umi-
dade e temperatura, mas pre-
cisou treinar —a distância—
os bombeiros para monito-
rar as suas reservas técnicas.
O empréstimo de obras a
outros museus também se-
guiu novos protocolos no ato
da devolução, conta Teodora
Carneiro, chefe de conserva-
ção e restauro da Pinacoteca.
Antesdapandemia,umfun-
cionáriodomuseuiriaàinsti-
tuição em que a obra foi exi-
bida para fazer a verificação.
Agora, o processo é feito por
videochamada,eumadaspar-
tespassaumalanternacomluz
rasanteparaconferiraintegri-
dadeemdetalhesdaimagem.
Quando os trabalhos retor-
nam,tambémpassamporuma
quarentenaparaevitarquepe-
çascontaminadas,emespeci-
al com coronavírus, tenham
contatocomorestodoacervo.
Aequipedeconservaçãoain-
da se reveza em duas idas se-
manais ao museu para duas
funções principais —trocar o
papel do instrumento que re-
gistratemperaturaeumidade
relativa dos espaços e esvazi-
ar as caixas que acumulam a
água dos desumidificadores.
SegundoCarneiro,areaber-
turaéincertaemuitosprocedi-
mentosquepodemseradota-
dosparareceberopúblicoain-
daestãosónoplanodateoria.
“Algumas dúvidas e questões
vão aparecer quando a gente
sedepararcomomuseuaber-
to, com o público”, ela afirma.
Marilucia Botallo, diretora
técnica do Instituto de Arte
Contemporânea, conta que
os museus e as instituições da
área estão articuladas e discu-
tindoemconjuntocomoman-
ter os acervos em condições
adequadas e os possíveis pro-
tocolos para uma reabertura.
Oinstitutoviveumcasopar-
ticular.Pelaprimeiravezcom
umasedeprópria,elenemche-
gou a abrir as portas. A inau-
guração teria uma exposição
de projetos nunca realizados
de artistas como Ivan Serpa e
Iole de Freitas, trabalhos que
serão vistos só na retomada.
“Foi um fechamento sem
anúncio prévio que deman-
dou um desafio inédito pa-
ra as equipes de conserva-
ção. São profissionais que ve-
mos como espécie de linha de
frente na proteção de um pa-
trimônio que é de todos nós”,
diz Renata Motta, presidente
do Conselho Internacional
de Museus, o Icom, no Brasil.
Oconselhopublicoudiretri-
zesdetalhadasparaauxiliaros
museus no processo de con-
servaçãoduranteapandemia.
Mesmo com as dificulda-
des dessa adaptação brusca
e inesperada, Motta assinala
o episódio como uma opor-
tunidade de aumentar a pre-
sença dos museus no ambi-
ente digital. Segundo ela, is-
so pode resultar numa visibi-
lidade maior de seus acervos.
“Essavaiserumagrandegui-
nada”, diz Gabriel Moore, ges-
tordeacervodoInstitutoMo-
reira Salles, sobre a atuação
online dos museus. “Isso pas-
sapelaampliaçãodosacervos
digitais que já existem, mas
também pela adoção de no-
vastecnologiasparafazervisi-
tas virtuais mais qualificadas,
interfaces de pesquisa, apre-
sentação gráfica de acervos.”
Mesmo com um movimen-
to de reabertura dos espaços
em outros países, a incerte-
za da retomada no Brasil, se-
gundo Cecília Winter, ainda é
o maior desafio das equipes.
“Tínhamos uma lista, um
cronogramadoanoderestau-
rosdeobras, trocasde moldu-
ras. Temos um restauro gran-
decomumprofissionalquevi-
ria da França que está suspen-
so. O pior é não saber quan-
do vamos voltar”, ela afirma.
No começo da quarentena,
o Masp fazia um plano com
previsão de abertura a cada
semana, listando o que seria
possível executar com as da-
tas previstas. A prática se tor-
nou inviável com a extensão
contínua do confinamento.
“Em geral, como no mundo
todo, está sendo bem desafi-
ador, sem contar uma certa
ansiedade que a equipe toda
passa por querer entender
o dia de amanhã. Algumas
ações de conservação nós
não desempenhamos agora,
mas sabemos que, no futuro
próximo, vamos precisar”, diz
Paulo Soares, do Inhotim.
“Que mundo é esse que vai
se apresentar para todos?”
Leia mais na pág. B9
a eee
A arte não vai ilustrar
o coronavírus, afirma
diretor da Pinacoteca
Jochen Volz diz que as obras já antecipavam atual cenário de
pandemia e por isso a sociedade vai redescobrir os museus
- pelo deputado José Nelto
Clara Balbi
são paulo Já vão mais de três
meses desde que grande par-
te dos museus do país fecha-
ram, obedecendo às medidas
dedistanciamentosocial.Mas
o que será preciso para rea-
brirem, quando reabrirem?
Diretor da Pinacoteca, o
alemão Jochen Volz esclare-
ce que, antes de mais nada,
é preciso um sinal verde ine-
quívoco dos órgãos de saúde
para retomar as atividades,
o que ainda não aconteceu.
Ésóentãoqueosprotocolos
que ele e a equipe vêm desen-
volvendo,emparceriacomor-
ganizações museológicas, co-
legas daqui e de fora e o pró-
priogoverno,serãorepassados
aosfuncionários,muitoantes
de uma abertura ao público.
Há quatro anos à frente da
Pinacoteca, depois de assinar
a penúltima edição da Bienal
de São Paulo e de comandar
o Instituto Inhotim, em Mi-
nas Gerais, e a Serpentine,
em Londres, ele admite que
os sábados gratuitos no mu-
seu,antesvibrantes,serãoum
tantomelancólicosnosmeses
depois da reabertura. “Agora,
estaremos juntos, mas de ou-
tro jeito. Vai ser um momento
de aprender, para todos nós.”
O aprendizado deve ir além
do controle do fluxo dos vi-
sitantes e da elaboração de
uma série de normas mais es-
tritas, no entanto. Ao que tu-
do indica, os museus que rea-
brirão não serão os mesmos.
Em parte, por causa das
muitas demissões ocorridas
Qualidade em queda livre
‘Hard’ mostra que HBO aposta em conteúdo simplório no Brasil
- pla no Brasil. De acordo com
Mauricio Stycer
Jornalista e crítico de TV, autor de ‘Topa Tudo por Dinheiro’. É mestre em sociologia pela USP
Séries ruins ou muito ruins há
aosmontesporaí,naTVaberta,
nos canais por assinatura, nos
serviçosdestreaming.Estãona
grade para preencher espaço,
ocupar o tempo do espectador
e,eventualmente,encontrarfãs.
Não esperam, nem merecem,
muita atenção dos críticos.
Mas quando é a HBO que
exibe uma série de baixa qua-
lidade, como “Hard”, o ruído
que causa se torna difícil de
ignorar. Trata-se, como se
sabe, do canal que teve o
papel mais importante na
revolução que elevou o sta-
tus da televisão no século 21.
Com um modelo baseado em
assinantes, e não em publicida-
de, desde os anos 1990, a HBO
apostou em conteúdos ousa-
dos e inovadores. E mostrou
que havia público suficiente
para viabilizar essa aposta.
Séries como “Oz”, de 1997,
“Sex and the City”, de 1998, e
“Família Soprano”, de 1999, se-
guidas por outras como “A Sete
Palmos”, de 2001, “The Wire”, de
2002, e, mais para frente, “Em
Terapia”, de 2008, “The News-
room”, de 2012, “Girls”, de 2012,
e “The Leftovers”, de 2014, esta-
beleceram a HBO como um fa-
rol para quem apostava em ori-
ginalidade e qualidade na TV.
Não por acaso, em 2013, ao
lançar “House of Cards”, a série
que anunciou a transformação
da Netflix numa grande produ-
nesses lugares nos últimos
meses. Mas também porque
são esperados ainda mais cor-
tes para o ano que vem, quan-
do a crisefinanceira se refletir
no bolso dos patrocinadores.
Volz afirma que a Pinacote-
ca, junto com a Secretaria de
Cultura e Economia Criativa
de São Paulo, à qual é subor-
dinada, conseguiu até agora
mantertodososfuncionários.
Também preservou toda a
programação do ano, entre
elas uma mostra organizada
com a americana Terra Foun-
dationreunindoartistascomo
AndyWarhol,EdwardHopper
eCindySherman.MasVolzain-
daprevêumanodifícilàfrente.
A solução será montar ex-
posições que evitam grandes
riscos financeiros, sem tantos
empréstimos internacionais,
porexemplo,afirma odiretor.
Com isso, pode ser que o fe-
nômeno das mostras block-
buster, organizadas em torno
de temas pop e com artistas
que se confundem com cele-
bridades, diminua —embora
Volz se oponha à nomencla-
tura que, segundo ele, passa
a noção equivocada de que
é ruim atrair mais público.
Tambéméprovávelquehaja
uma valorização da produção
e da diversidade local, conti-
nua Volz. “Mostras de artistas
famosos têm uma aparência
muito igual em Londres, No-
va York, São Paulo. É interes-
sante imaginar que, no futu-
ro,ojeitodefazerissoganhará
de novo uma pimenta local.”
É uma aproximação que
já vinha em curso nos últi-
tora de conteúdo, um dos prin-
cipais executivos da empresa,
Ted Sarandos, explicou: “O ob-
jetivo é nos tornarmos a HBO
mais rapidamente do que a
HBOconsigaviraruma Netflix”.
Produzindo desde 2005
(“Mandrake”), a HBO Brasil
nunca conseguiu atingir o mes-
mo padrão da matriz, mas já
exibiu algumas séries de ótimo
nível, como “Magnífica 70”, de
2015, e registrou alguns suces-
sos de qualidade, como “O Ne-
gócio”, de 2013, e “Psi”, de 2014.
Lançada em maio, “Hard” si-
naliza a aposta num conteúdo
simplórioemaispopular.Copro-
duzidapelaGullane,comrecur-
sos da Condecine, a Contribui-
çãoparaoDesenvolvimentoda
IndústriaCinematográficaNa-
cional, é baseada numa série
francesa com o mesmo título.
Apremissaéboa:apósamorte
do marido logo na primeira ce-
na, sua mulher descobre que o
negócio que mantém o alto pa-
drão de vida da família é uma
produtora de vídeos pornôs.
Ao longo de seis episódios,
acompanhamosSofia,papelde
Natalia Lage, mergulhar nesse
universo. Inicialmente com no-
jo,elaevoluiparaacuriosidade
e, rapidamente, se transforma
numaempresáriasagazevoraz.
É uma comédia que não faz
rir em momento algum. Em
algumas passagens, propõe
algumas questões mais séri-
By_Lu*Ch@QuE
MÔNICA BERGAMO
mos anos, segundo Volz. A
própria Pinacoteca planeja-
va abrir neste ano uma nova
mostra de acervo permanen-
te, incluindo mais artistas ne-
gros, indígenas e mulheres.
“O momento é de entender
o papel de um museu dentro
de uma sociedade, o que im-
plica desenvolver uma cons-
ciência em relação às respon-
sabilidades sociais, raciais,
ambientais. Mas, obviamen-
te, entendendo o museu co-
mo um espaço de estar junto.”
Estar junto, aliás, é uma
ideia recorrente na fala de
Volz. Mas como estar junto
numa situação como a do
Brasil recente, em que a arte
esteve sob ataque constante?
“Penso que tenho que en-
contrar um jeito de conven-
cer a sociedade da importân-
cia da cultura, como uma for-
ça que cria uma identidade,
conecta pessoas. Assim co-
mo sempre temos que brigar
pela nossa liberdade, sempre
temos que lutar pela cultura.”
Questionado sobre como
essa cultura retratará os tem-
pos de pandemia, Volz inver-
te a interrogação. “Responde-
ria isso de outra forma. Para
mim é muito claro que a pro-
dução de muitos artistas já
tinha antecipado o que está
acontecendo agora”, ele diz.
“Não acho que os artistas
vão ilustrar o coronavírus.
Mas questões que se tornam
urgentes agora, como a desi-
gualdade social, o racismo, os
problemas ambientais, são
discussões do nosso tempo,
e estarão muito presentes.”
as, como o preconceito con-
tra os atores que se dedicam
a esse ofício, mas consegue
tornar ainda pior a imagem
dos profissionais, retratando-
os como ignorantes.
Por três longos episódios,
sem sair do lugar, “Hard” mos-
tra o esforço de Sofia de produ-
zir “filmes de bom gosto”. O ro-
teiro não desenvolve nenhuma
história paralela e se concen-
tra exclusivamente no percur-
so previsível da protagonista.
Bons atores (Denise Del Vec-
chio, Martha Nowill, Julio Ma-
chado) submergem diante do
texto primário. Natalia Lage
faz a mesma cara de espanto
em todas as cenas. Apenas Fer-
nandoAlvesPinto,comooprag-
máticocineastaPierre,sesalva.
O roteiro é repleto de diá-
logos simplórios, como este.
“Tem uma coisa muito boa que
eu faço para desestressar”, diz
Lúcia. “O quê?”, pergunta So-
fia. “Sexo”, responde a amiga.
“Hard” segue uma tendência
na produção de séries brasilei-
ras de ficção mais recentes, co-
mo“NinguémTáOlhando”,pro-
dução da Netflix, do ano pas-
sado, que apostam em histó-
rias simples, infantis mesmo,
em busca de um público maior.
Muito distante do que já re-
presentou, a HBO parece es-
tar disposta apenas a poder
dizer que tem conteúdo bra-
sileiro em seu catálogo.
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020 B9
coronavírus ilustrada
monica.bergamo@grupofolha.com.br
FORA,
MORO
QUARENTENA
A possibilidade de Sergio
Moro participar do comí-
cio virtual pela democra-
cia organizado pelo Direi-
tos Já rachou o movimen-
to. O convite foi proposto
(Podemos-GO). A reação
de políticos de centro-es-
querda foi imediata.
porta Oex-ministroAldoRe-
belo, por exemplo, afirmou:
“Avisem quando estiver para
acontecer”. Guilherme Bou- 1
los diz: “Se ele entrar por uma Criolo no Instagram
porta, eu saio por outra”.
coragem O parlamentargoi-
ano afirmou à coluna que de-
fendeu o convite a Moro por
eletertidoa“coragemdepou-
cos” de combater a corrupção
e nunca ter se insurgido con-
tra a democracia.
história Ele lembrou que,
para derrubar a ditadura mi-
litar, políticos como José Sar-
ney e ACM saíram da Arena e
aderiram ao campo democrá-
tico, na década de 1980.
ele, sim Um outro ponto de
discórdia no grupo foi a leitu-
ra de um documento na aber-
tura do evento, no dia 26. Ele 2
não tocava em Jair Bolsonaro. Anderson Di Rizzi no Instagram
Líderes de oposição exigiram
que o nome do presidente es-
tivesse no texto.
balaio Arevelação,pelacolu-
naPainel,dequeoeventoreu-
niriaosex-presidentesMichel
Temer, José Sarney e FHC, e
os ex-presidenciáveis Fernan-
do Haddad (PT-SP) e Guilher-
me Boulos, além de Luciano
Huck, gerou outra confusão.
tô fora Temer, que já tinha
até enviado vídeo para o ato, e
Sarney desistiram de partici-
par. O presidente Dias Toffoli
tinha confirmado presença e
também deu um passo atrás.
3
tá difícil O racha em tor- Bivolt no Instagram
no de Moro e de outros te-
mas explicitam a dificuldade
de se formar uma frente am- O rapper causa A jornalista e colunis-
Criolo 1 ta do UOL Bianca Santana in-
uma das lideranças que parti- publicou gressounaJustiçacomaçãode
ciparádoevento,oníveldees- uma selfie indenizaçãopordanosmorais
garçamento nos últimos anos para divulgar contraopresidenteJairBolso-
no Brasil foi enorme —e não seus even- naro(sempartido),que,emli-
há hoje liderança que consi- tos virtuais ve do dia 28 de maio, a acusou
ga unir os distintos polos da nesta de escrever notícias falsas. O
disputa política. quarentena. valorrequisitadoédeR$50mil.
O ator
ventos MinistrosdoSTF(Su- Anderson Di palanque Novídeo,Bolsona-
premo Tribunal Federal) ana- Rizzi 2 pediu roafirmatersolicitadoaosseus
lisam que Jair Bolsonaro bai- aos seus assessoresquereunissem“fake
xou as armas e parece de fa- seguidores news da mídia”. “Tem uma tal
to disposto a estabelecer di- que usem de Bianca Santana aqui, uma
álogo permanente com ela. máscara. blogueira,né?”,disseaolerum
A rapper dos textos. Em seguida, o pre-
na paz Três ministros estari- Bivolt 3 sidente citou reportagem pu-
am especialmente empenha- postou uma blicada pelo site Huffpost em
dos na missão: André Men- selfie sem 2018 sobre propaganda elei-
donça,daJustiça,JorgeOlivei- maquiagem toral do PT barrada pelo TSE
ra, da Secretaria-Geral da Pre- (Tribunal Superior Eleitoral).
sidência, e José Levi, da AGU
(Advocacia-Geral da União). leitura O texto não era de
autoria de Bianca Santana e,
gostei Além de diálogo, si- na verdade, confirmava que
nais concretos enviados pe- Bolsonaro havia sido alvo de
lo governo foram bem recebi- fake news —daí a interven-
dos, como a revogação de por- ção do TSE.
taria do MEC contra cotas e a
que permitia à Abin acessar recomendo A deputada es-
dados das carteiras de moto- tadual Isa Penna (PSOL-SP)
ristas de todos os brasileiros. enviou ao governador de São
Paulo, João Doria (PSDB), in-
de lá para cá A Prefeitura de dicação pela reativação da
São Bernardo do Campo vai Comissão Especial para Redu-
transferir o edifício em que ção da Letalidade em Ações
seria instalado o “Museu do envolvendo Policiais.
Lula”, como ficou conhecido
o projeto do Museu do Traba- alta O órgão havia sido cri-
lho e do Trabalhador, ao Go- ado no ano 2000 pela gestão
verno de SP. Nele será insta- do ex-governador Mário Co-
lada a Fábrica de Cultura 4.0, vas. Segundo levantamento
queseráumpolodedesenvol- realizadonoanopassadopela
vimento de tecnologias e ar- ouvidoria das polícias de São
tesdigitaiseestaránoguarda- Paulo, mortes causadas por
chuva da Secretaria de Cultu- fardados cresceram 45,85%
ra e Economia Criativa de SP. desde os governos Covas.
com Bruno B. Soraggi, Bianka Vieira e Victoria Azevedo
B10 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
ilustrada coronavírus
Pandemia faz quatro meses de Brasil
O coronavírus pode ter nascido na China, mas nunca foi tão brasileiro
- ta, faxineira, manicure, para
Flávia Boggio
Roteirista e autora do núcleo de humor da TV Globo
Quarentena, guerra ideoló-
gica e pandemia. Com tan-
tos acontecimentos, nem pa-
rece que o novo coronavírus
chegou ao Brasil há apenas
quatro meses. Conheça a tra-
jetória do vírus que nasceu
na China, mas encontrou
um ambiente fértil em terras
brasileiras.
Confirmado pela primei-
ra vez em fevereiro, a che-
gada do arremedo proteico
foi subestimada. Assim co-
| dom. Ricardo Araújo Pereira | seg. Claudia Tajes | ter. Manuela Cantuária | qua. Gregorio Duvivier | qui. Flávia Boggio | sex. Renato Terra | sáb. José Simão
É HOJE
EM CASA
-
Tony Goes
tonygoes@uol.com.br
Filme sobre líder
trans, exibido em
Cannes, estreia
nas plataformas
Indianara
Plataformas digitais, 16 anos
O filme de Aude Chevalier-Be-
aumel e Marcelo Barbosa tra-
çaumperfildalídertransIndi-
anara Siqueira, fundadora da
Casa Nem —um abrigo para
pessoas LGBT+ no Rio de Ja-
neiro. Exibido em Cannes e
na Mostra de Cinema de São
Paulo do ano passado, “Indi-
anara” estreia diretamente
nas principais plataformas
de streaming depois de ven-
cer diversos prêmios. A partir
de 5 de julho, o filme também
estará disponível no Mubi.
The Good Doctor
Globo, 0h, 12 anos
A segunda temporada da sé-
rie protagonizada pelo mé-
dico autista Shaun Murphy
(Freddie Highmore) chega à
TV aberta. Todas as três es-
tão disponíveis no Globoplay.
Na Linha de Frente
Band, 22h45, 14 anos
Novo reality nacional que
acompanha a rotina de
policiais e bombeiros.
Irmãos à Obra: Lar Sempre Lar
Discovery Home & Health, 22h10, livre
Em cada um dos 14 episódi-
os de sua nova série, os gême-
os Drew e Jonathan Scott re-
formam uma casa diferente.
O Guarda-Costas
Telecine Touch, 22h, 10 anos
Whitney Houston faz uma
cantora que se apaixona por
seu segurança (Kevin Cost-
ner). Sucesso de bilheteria
em 1992, o filme mandou a
canção “I Will Always Love
You” para o topo das paradas.
Dança Contemporânea
sesctv.org.br, grátis, livre
O SescTV disponibilizou on-
line os 13 episódios da no-
va temporada da série, que
destaca as poéticas do cor-
po negro. Nesta quinta (25),
o site também transmite ao
vivo o espetáculo “Mensa-
gens de Moçambique”, com a
Taanteatro Companhia.
Music Online
Music Box Brazil e redes
sociais, 14h, 12 anos
Márcio Mazzeron conversa
ao vivo, por chamada de ví-
deo, com nomes da música
brasileira, toda terça e quinta.
Breve Miragem do Sol
Instagram da Globo Filmes, 18h
O diretor Eryk Rocha con-
versa com Fabricio Bolivei-
ra e Barbara Colen, atores
de seu premiado filme, a ser
lançado em breve.
mo um estrangeiro que se
ofende quando é chamado
de gringo, quis provar que
era muito mais do que uma
gripezinha e veio para ficar.
Como muitos turistas, o co-
ronavírus veio da Itália dire-
to para o Carnaval. Foi aco-
lhido pela famosa hospita-
lidade brasileira numa con-
fraternização familiar. Além
do vírus, o anfitrião reuniu
cerca de 30 familiares, pro-
vando que, muitas vezes,
QUADRINHOS
Piratas do Tietê Laerte
Daiquiri Caco Galhardo
Níquel Náusea Fernando Gonsales
A Vida Como Ela Yeah Adão Iturrusgarai
Não Há Nada Acontecendo André Dahmer
Viver Dói Fabiane Langona
Péssimas Influências Estela May
By_Lu*Ch@QuE
parente é serpente.
Encantado com o alto as-
tral brasileiro, o vírus foi di-
reto para a Bahia, como con-
vidado especial de um casa-
mento de blogueira. Ficou ín-
timo de celebridades, musas
fitness e até dançou no pal-
co com Preta Gil. A presen-
ça constante nas colunas so-
ciais mostrou que até quem
é não vivo sempre aparece.
Seguiu para Brasília, onde
descobriu que a mamata esta-
va longe de acabar até para um
vírus. Viajou na comitiva do
presidenteparaosEstadosUni-
dos e voltou na primeira clas-
se com o secretário de Comu-
nicação. Ninguém deu muita
bola, já que não foi a pior coisa
transportada em avião oficial.
Corre à boca pequena que
o vírus se encontrou pessoal-
mente com o presidente Bolso-
naro diversas vezes, que teria se
mostrado receptivo ao amon-
toado de proteínas, já que ele
a eee
tem corpo de atleta. Mas o
pequeno ser queria mais.
Aproveitou seu livre aces-
so à classe alta, adepta do
#fiqueemcasa, mas sem abrir
mão da empregada, motoris-
circular por toda a popula-
ção. A cada feriado, conhe-
cia uma nova cidade, ficando
cada vez mais popular longe
das capitais.
O que mais fez o coronaví-
rus se encantar pelo país é o
carinho com que é recebido
em shoppings, praias, churras-
caria, mureta da Urca e shows
de pinguins dançantes no Beto
Carrero World. Mesmo depois
de matar 50 mil pessoas e do
Brasil se tornar o país onde a
doença mais cresce no mundo.
O vírus pode ter nascido
na China, mas nunca foi tão
brasileiro.
Galvão Bertazzi
GODOKU
A RECREATIVA www.recreativa.com.br/fsp
As regras do Godoku são simples:
SOLUÇÃO
o jogador deve preencher o
quadro maior, que está dividido
em nove grids, com nove lacunas
cada um, de forma que os
espaços em branco contenham
as letras presentes no diagrama.
As letras não podem se repetir
na mesma coluna, linha ou grid.
No destaque será lido o outro
nome do totó
CRUZADAS
HORIZONTAIS
1. Gritar em conjunto 2. Outro nome do beija-flor, usado pelo
povo do campo 3. As iniciais do jornalista Marinho (1904-
2003), fundador da Rede Globo / A parte do carro que se
conserta na borracharia 4. Pensar e repensar sobre alguma
coisa / As iniciais do escritor francês Dumas (1802-1870)
5. Cidade e ilha oceânica de Pernambuco 6. A viva é pura
e a apagada é misturada com água / Classe de indivíduos
com determinados predicados 7. As duas metades de um
tabuleiro de xadrez / Diz-se de indivíduo duro e indelicado
por caráter e modos 8. Aspergir / A décima parte de mil 9.
Indivíduo indígena amazônico 10. O que falta a quem está su-
focando / Queimar, calcinar 11. Elogiar, enaltecer / American
Airlines 12. Remediar para passar por uma cirugia 13. (Fig.)
Que demonstra muito entusiasmo.
VERTICAIS
1. Andar ligeiro / (Astron.) A estrela mais brilhante de uma
constelação 2. (Pop.) Fã de rock pesado 3. As iniciais da
cantora Nana / Importante cidade espanhola, na região da
Andaluzia / Sigla inglesa da potência de Donald Trump 4.
Cédula em concursos populares / Remediável 5. Feito com
linhas geométricas / Filmado 6. (Elet.) Ligar um circuito,
um dispositivo ao solo / Emparedar 7. Que me pertence /
Produto extraído da cana, usado para adoçar / As iniciais do
Aragão, dos “Trapalhões” 8. Sigla de um estado que faz divisa
com a Bahia e Sergipe / Local onde se faz musculação 9.
Vistoria / Um Estado como o Qatar.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1
2
3
4
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6
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11
12
13
Açúcar, RA, 8. AL, Academia, 9. Ronda, Emirado.
4. Cupom, Sanável, 5. Linear, Rodado, 6. Aterrar, Murar, 7. Meu,
VERTICAIS: 1. Corricar, Alfa, 2. Metaleiro, 3. NC, Málaga, USA,
nomâmi, 10. Ar, Adurir, 11. Louvar, AA, 12. Sedar, 13. Acalorado.
Ad, 5. Itamaracá, 6. Cal, Raça, 7. Alas, Rude, 8. Regar, Cem, 9. Ia-
HORIZONTAIS: 1. Conclamar, 2. Cuitelo, 3. RM, Pneu, 4. Remoer,
a eee
O músico João Bosco Daniel Marenco/Folhapress
Com ‘o astral de caramujo’, João Bosco é
guiado por violão em disco de memórias
Músico atualiza samba-enredo e lembra canções que criou ao longo de décadas ao lado de Aldir Blanc
-
Lucas Brêda
são paulo João Bosco não
pôde mostrar a nova versão
de “Profissionalismo É Isso
Aí” a Aldir Blanc. “Ele já ti-
nha aprovado essa ideia de
ver o ‘Profissionalismo’ em
blues”, diz o cantor e com-
positor. “Mas não pôde ou-
vir essa gravação. Assim co-
mo não ouviu a [versão de]
‘Cordeiro de Nanã’. Ele tinha
se mostrado muito curioso.”
Bosco lembra seu parceiro
Geraldo Azevedo presta tributo às festas juninas em novo álbum
são paulo Geraldo Azevedo
não se lembra de ter ficado
tanto tempo longe dos palcos
quanto nos meses de qua-
rentena. “Nunca fiquei tanto
tempo sem pegar um avião”,
diz o cantor e compositor.
Tanto quanto a vida na es-
trada, em especial neste mês,
Azevedo sente falta das fes-
tas de santo Antônio, são Jo-
ão e são Pedro. Devido à pan-
demia, os arrasta-pés deste
ano ocorrerão só em trans-
missões pelas redes sociais ou
estão adiados para quando o
contágio estiver controlado.
Um dos artistas mais requi-
sitados para as celebrações
juninas, ele celebra essa cul-
tura com um disco. “Arraiá
de Geraldo Azevedo”, gra-
vado ao vivo, é o registro de
um show que o cantor apre-
senta há mais de dez anos.
“Quandocomeceia fazeros
shows de São João, ainda era
muitomaisdecançõesprópri-
as —xotes, xaxados, baiões.
Depois,comeceiainserirclás-
sicos.Nãopodiadeixardecan-
tar Jackson do Pandeiro e Lu-
iz Gonzaga, são os mentores.”
“Arraiá”, registrado no Circo
Voador,ondeAzevedoseapre-
sentaemjunhohá11anos,traz
no repertório clássicos atem-
poraisdoforrónordestino.Só
de Luiz Gonzaga, aparecem
trechos de “Olha pro Céu”,
“São João na Roça”, “ABC do
Sertão”, “Xote das Meninas”
e “Sabiá”, mas ainda há espa-
ço para “Óia Eu Aqui de No-
vo”,deAntônio deBarros, “Pe-
trolina e Juazeiro”, de Jorge de
Altinho, e “O Canto da Ema”,
musical ao longo de cinco dé-
cadas, com quem sua obra se
confunde de muitas formas,
quemorreuvítimadaCovid-19
em maio. O músico chegou a
adiar o novo disco, “Abricó-
de-Macaco”, em que estão as
faixas que ele queria mostrar
a Blanc, mas lançou o álbum
—acompanhadoporregistro
audiovisual—noúltimodia15.
“Foimuitodifícildeaceitar”,
elediz,sobreamortedeBlanc.
“ProfissionalismoÉIssoAí”,
lançada em 1980 pela banda
conhecida na voz de Jackson
do Pandeiro, entre outras.
A influência dessas mú-
sicas, diz Azevedo, vem da
infância. “Hoje a gente sa-
be que o forró virou nacio-
nal, mas nasci na zona rural
de Petrolina. A expectativa
era grande. A gente junta-
va madeira para a fogueira,
todas as casa tinham. Além
dos fogos, ainda limitados,
existiam superstições. Eu,
por exemplo, tive padrinho
e madrinha de São João, da-
queles rituais na fogueira.”
DointeriordePernambuco,
ele lembra de assar milho na
brasa,doclimadepaqueranos
convites para dançar quadri-
lha, das comidas típicas e dos
jogos. “A gente não tinha luz
elétrica e dormia umas 20h,
mas no São João a fogueira
iluminava a noite toda.”
Já conhecido, Azevedo che-
gava a ficar intoxicado com a
fumaça das fogueiras nas tur-
nês juninas pelo estado natal.
Até passou a pedir uma bar-
raca com comidas típicas no
camarim. “Era uma das coi-
sas que eu sentia falta. Pe-
dia à produção para montar
no camarim. Com munguzá,
canjica, doce de macaxeira.”
Além da memória junina,
“Arraiá” tem versões puxa-
das para o forró de “Espumas
ao Vento” (famosa na voz de
Fagner) e de músicas conhe-
cidas de Azevedo, entre elas
“Moça Bonita” e “Sétimo Céu”.
Mais do que o repertório
autoral, o cantor insere sua
estética pessoal no forró. É
uma mistura das caracterís-
Black Rio, é uma das compo-
sições de Bosco e Blanc recri-
adas em “Abricó-de-Macaco”.
Mas o disco, feito em sua mai-
orianoanopassado,éamploe
tem“caradenação”,dizBosco.
Com 14 regravações e du-
as inéditas, “Abricó-de-Ma-
caco” traz versões renova-
das de faixas de Bosco, como
“Mano que Zuera” e “Cabeça
de Nêgo”. E passa por outros
compositores, da recriação
do afro-samba “Água de Be-
ber” à versão elétrica de “For-
ticas mais tradicionais do es-
tilo com a linguagem desen-
volvida por Azevedo a partir
dos anos 1970, em discos co-
mo “Bicho de 7 Cabeças”, e
também ao lado dos contem-
porâneoseparceirosdeGran-
de Encontro, Elba Ramalho,
Alceu Valença e Zé Ramalho.
Segundo o cantor, que in-
crementa as músicas com ba-
teria, guitarras e percussões,
o forró pé-de-serra —de san-
fona, piano e zabumba— se-
gue o mais autêntico até ho-
je. Ainda assim, o estilo per-
deu espaço nos últimos anos.
O cenário começou a mu-
dar nos anos 1990, ele lembra.
Ele chegou a brigar com uma
prefeita de Campina Grande,
na Paraíba, depois que Elba
Ramalho foi substituída por
Zezé di Camargo & Luciano.
“Porra, é uma festa nordes-
tina. Só acho que realmente
se perdeu um pouco. Mas o
Brasil tem essa riqueza mu-
sical. Temos que aceitar de-
mocraticamente”, ele afirma.
Essa percepção, diz o can-
tor, faz falta ao governo fede-
ral. “Não entende a necessida-
de do povo. E tem essas ma-
nifestações antidemocráticas
apoiadas pelo presidente.”
Azevedo sempre foi contrá-
rio à ditadura militar, desde
quando começou a cantar no
Recife,interagindocommovi-
mentos estudantis, até fazer
quadrinhos críticos para jor-
naisclandestinos.Masdizque
nunca militou por partidos.
Mesmoassim,foipresoduas
vezes. Na primeira, em 1969,
ficou enclausurado por 40 di-
By_Lu*Ch@QuE
ró em Limoeiro”.
“Nunca acreditei em arte
nostálgica. Acredito em me-
mória, mas sempre olhando
para a frente, com suas ob-
servações intuitivas de ho-
je. E tudo acontece de forma
intuitiva. É como se o violão
me conduzisse”, ele afirma.
Entre as lembranças esta-
vam o samba-enredo “Cho-
ra, Chorões”, homenagem ao
choro desfilada pela Estácio
de Sá em 1985, e um show de
Miles Davisaoqualeleassistiu
O músico Geraldo Azevedo Bruno Santos/Folhapress
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
coronavírus ilustrada
no Theatro Municipal do Rio
de Janeiro em maio de 1974. A
obra de Davis e a de Hermeto
Pascoal influenciaram “Hor-
da”, uma das inéditas do dis-
co. Mais agressiva, foi feita a
partir do documentário “O
Mês que Não Terminou”, que
temtrilhaassinadaporBosco.
“É uma música mais guer-
reira, um distúrbio dentro da
ordem oficial”, diz, lembran-
do junho de 2013, tema do fil-
me dirigido por Raul Mourão
e Francisco, filho de Bosco.
B11
Aoutrainéditaéafaixa-títu-
lo, um samba sem refrão que
se desenrola como um fluxo
de consciência. Ou, como diz
Bosco, um “samba de carre-
tel” —“quanto mais linha vo-
cê puxa, mais samba vem”—,
no estilo de “Linha de Passe”,
uma das colaborações mais
conhecidas dele com Blanc.
Com letra de Francisco Bos-
co, “Abricó-de-Macaco” des-
creve a paisagem urbana do
Rio, do futebol na areia aos
passinhos do funk. É a vida
que existe “do firmamento ao
chão”, uma ideia de abrangên-
cia que acompanha o disco.
O título vem de um fruto,
que nasce na Amazônia e cor-
re risco de extinção. Bosco vê
a árvore em praças do Rio.
“Existe uma lenda de que
seremos uma nação mais hu-
mana, de que a divisão de ren-
da vai ser melhor. Você fica es-
perando, do tipo ‘agora vai’. E
esse fruto nasce também as-
sim —bloqueado, fechado,
obscuro. Só que ele se abre e
fica bonito de ver. É uma re-
flexão que serve como nação.”
No fluxo do violão e das
memórias de Bosco, há ain-
da a mescla de composições
próprias antigas com algu-
mas faixas de outros autores.
O processo de reunião e re-
criação do repertório, diz o
músico,éorgânicoeestáintei-
ramente ligado ao seu instru-
mento favorito. Como Blanc
diz no samba “Sonho de Cara-
mujo”, Bosco sê vê como um
“caramujo musical”, que vive
“dentro da casca” do violão.
“Deixooviolãomeconduzir,
porque é onde moro. E acre-
dito naquilo. Você acaba vi-
vendo no mundo da intuição.”
Ao comentar a falta dos pê-
sames da Secretaria Especial
da Cultura, então comanda-
da pela atriz Regina Duarte,
à família de Aldir Blanc, Bos-
co se lembra de uma bebe-
deira com Zeca Pagodinho.
“Em determinado momen-
to, falei ‘vou embora, senão
não vou achar nem minha ca-
sa’. Ele disse assim: ‘Que é is-
so, depois que a gente erra o
prédio, qualquer andar ser-
ve’. Não adianta você mudar
os andares. Pode trocar um
ministro pelo outro. A tenta-
tiva é que, em 2022, consiga-
mosmudardeprédio.Quanto
àmúsica,seguimoscantando.”
Abricó-de-Macaco
João Bosco. Gravadora: Som Livre.
Disponível nas plataformas digitais
as. “Levei choque, enfiaram
coisa nas minhas unhas e de-
rammuitaporrada.” Nasegun-
da vez, já nos anos 1970, a si-
tuação foi mais complicada.
“Fui preso com minha mu-
lher na época, com os amigos
dela, que estavam ligados [a
movimentos organizados].
Mas até provar que não tinha
nada a ver, era muito difícil.”
Segundo o cantor, a prisão
aconteceu porque ele tinha
distribuídos panfletoscontrá-
rios à censura. Mas ele lembra
de ter sido confundido com
outra pessoa pelas caracte-
rísticas físicas —passaram di-
as o chamando de “Valério”.
Antes de começar a dar en-
trevistassobreoassunto,Aze-
vedo ficou anos sem detalhar
as torturas. “Tinha certa ver-
gonha. Fui muito humilhado.”
“Falavam‘vocêvaicantarpa-
ramim’. Imagine,vocêencapu-
zado,nu,eelesaoredor,falan-
do para cantar.Se não cantas-
se, levava porrada. Eu termi-
nava cantando e, mesmo de-
pois de cantar, eles continua-
vam. Era muito humilhante.”
Geraldo Azevedo lamenta a
impossibilidadedereagircon-
tra o governo nas ruas. Aos 75
anos, ele trabalha diariamen-
te em suas músicas, prepara
lives e aguarda a volta aos pal-
cos.“Comoemtodatempesta-
de, espero que venha um mo-
mento de bonança logo.” LB
Arraiá de Geraldo Azevedo
Artista: Geraldo Azevedo. Gravadora:
Geração. Nas plataformas digitais
Contardo Calligaris
Excepcionalmente, a
coluna não é publicada hoje
B12 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
turismo coronavírus
Parques temáticos reabrem e viram alvo de críticas
Espaços no Brasil e no exterior criam protocolos de higiene para voltar a funcionar mesmo com avanço da pandemia
-
Ana Luiza Tieghi
são paulo Embora os casos
de Covid-19 continuem em al-
ta no país, o setor de parques
temáticos começou a se me-
xer para a roda voltar a girar.
Maior complexo do Brasil,
o Beto Carrero World, em Pe-
nha (SC), voltou a funcionar
em 12 de junho, depois de três
meses fechado. Uma portaria
da Secretaria de Saúde do es-
tado autorizou a reabertura.
“Santa Catarina teve atitu-
des rápidas para controlar a
contaminação e tem provado
a todos que é possível, através
da conscientização, retornar
à rotina com segurança”, dis-
se o departamento de comu-
nicação do parque, por email.
Nesta quarta (24), foram fe-
chados shoppings e academi-
as em Florianópolis, por cau-
sa de um aumento no núme-
ro de casos e de internações.
Para entrar no Beto Carre-
ro, o visitante não pode estar
com a temperatura corporal
acima de 37,8ºC e precisa usar
máscara. Os brinquedos são
limpos a cada uso.
A quantidade de visitantes
foi limitada a 30% da capaci-
dade, e os espetáculos em lo-
caisfechadosestãosuspensos.
No final de semana, uma
apresentação em área aberta
geroupolêmica.Fotosdeuma
arquibancada com muitos vi-
sitantes foram alvo de críticas
nas redes sociais. As posta-
gensdiziamqueaspessoases-
tavammuitopróximaserecla-
mavam da falta de máscaras.
Segundo o Beto Carrero,
o problema foi o ângulo das
imagens. “Daquele ponto, po-
de parecer que a arquibanca-
daestácheia,masosshowses-
tão funcionando com 30% da
capacidade”, disse o departa-
mento de comunicação.
Hoje, o complexo só recebe
pessoas da região Sul.
Em Gramado (RS), onde
hotéis e restaurantes podem
funcionar desde 6 de maio, o
parque de neve indoor Snow-
land chegou a reabrir entre 10
e 12 de junho, mas precisou fe-
char novamente.
Isso porque a Serra Gaúcha
passoudabandeiralaranjapa-
ra a vermelha, que represen-
ta o estado de maior atenção
com a contaminação, após re-
gistrar aumento no número
de casos da doença. A mudan-
ça foi revertida na terça (23).
O local vai reabrir de novo
nesta quinta (25), com capa-
cidade de visitação reduzida,
uso de máscaras obrigatório
e distanciamento nas filas.
Porserumlocalcomtempe-
raturas baixas, o parque em-
presta casacos aos visitantes.
Migalhas milagrosas
Comecei a colecionar lembranças de viagem que foram realmente especiais
- Nova York —o medo de ser pe-
Zeca Camargo
Jornalista e apresentador, autor de “A Fantástica Volta ao Mundo”
A inspiração para o título de
hoje veio de um piquenique
de fim de verão no Jardim das
Tulherias, em Paris, com vista
privilegiada para o Louvre. Na
toalha, potes de tarama (pas-
ta de ovas de bacalhau), pre-
sunto cru, queijos tão infinitos
quanto as garrafas de vinho,
quase todas vazias.
O grupo de amigos iria se se-
parar dali a dois dias e fazía-
mos listas de prioridades an-
tes da partida. Mais de uma
pessoa manifestou o desejo de
ir até a rue du Bac, Saint Ger-
main, visitar a Capela de Nos-
sa Senhora da Medalha Mila-
grosa e levar para o Brasil, jus-
tamente, várias medalhinhas
| qui. Josimar Melo, Zeca Camargo
1 A China, primeiro país a re-
A cada uso, a roupa é lavada,
seca a 45ºC e embalada.
“A abertura nos dias 10, 11 e
12 foi uma oportunidade para
validar os protocolos e fazer
ajustes”, afirma Paulo Mento-
ne, diretor-executivo. Segun-
do ele, 70% do público nesses
dias veio da região Sul.
Outro parque brasileiro, o
Hopi Hari, em Vinhedo (SP),
chegoua anunciar que reabri-
ria no dia 4 de julho, mas te-
ve que voltar atrás porque a
curva de casos em sua região
cresceu. Ainda não foi divul-
gada uma nova data.
OHotPark,complexoaquá-
tico em Rio Quente (GO),
anunciou a reabertura para
7 de agosto. Já o Beach Park,
em Aquiraz (CE), e o Ther-
mas dos Laranjais, em Olím-
pia(SP),nãodivulgaramdata.
A Adibra (associação do se-
tor) criou um protocolo que
os associados devem seguir
quando decidirem pela reto-
mada, com base em medidas
adotadas pela Iaapa (associa-
ção internacional).
Segundo a entidade, em um
primeiro momento, os espa-
ços podem funcionarcom até
50% da capacidade. Cada em-
presa deve decidir se isso é su-
ficiente para manter o negó-
cio e se há condições sanitá-
rias para a volta da operação.
“Do ponto de vista empre-
sarial, abrir e ter que voltar
atrás é complicado, mas isso
está acontecendo em todos
—uma lembrança de fé para
os cristãos.
Uma de nossas amigas, que
dançava sobre a relva, juntou-
se a nós e ouviu a conversa com
certa estranheza. Não sendo
cristã, ela parecia não ter ideia
do que falávamos e, coroando
sua desorientação, perguntou:
“Alguém pode me explicar o
que é essa migalha milagrosa
que vocês falam tanto?”.
Embalados por todo aquele
vinho, soltamos uma estrondo-
sa gargalhada. A própria auto-
ra da expressão equivocada se
divertiu com a história. E nós
ganhamos um novo bordão
para as conversas de amigos.
Ressuscitei a ideia de uma
2 abertura dos parques da em-
3 em Orlando
migalha milagrosa recente-
mente, quando, privado de
qualquer viagem nos últimos
meses, comecei a colecionar
lembranças de viagem que fo-
ram realmente especiais. Mi-
galhas da memória, digamos,
mas nada ordinárias.
Não falo dos clássicos car-
tões-postais —Torre Eiffel, Coli-
seu, Hagia Sophia, Pelourinho,
Taj Mahal. Mas daqueles mo-
mentos, entre tantos, que fo-
ram “milagrosos” ou, ainda,
transformadores, que deram
um sentido maior não apenas
a determinada viagem, mas a
minha própria vida.
Alguns deles já dividi aqui
mesmo com você: aquele meu
By_Lu*Ch@QuE
aniversário em Luang Pra-
bang, no Laos, quando reuni
todos meus amigos mais que-
ridos na Caverna dos Mil Bu-
das; o mamão que ganhei de
presente de despedida de um
amigo saindo de São Tomé e
Príncipe; meu primeiro passeio
pelas ruas de Bancoc ouvin-
do “King Street”, das Soulettes.
Mas a memória trouxe coisas
ainda mais especiais. Como o
amigo secreto que fiz com mi-
nha família e poucos amigos
num hotel distante na Namí-
bia —uma confraternização
que era de Natal, mas atempo-
ral na renovação dos laços en-
tre as pessoas que ali, no meio
do nada, trocavam presentes
Ren Long/Xinhua
Fotos Divulgação
1 Visitante
no parque da
Disney em
Xangai, na
China
2 Turistas
passam
por área de
desinfecção,
uma das
medidas
adotadas
pelo Beto
Carrero, em
Penha (SC)
3 Visitantes
em
montanha-
russa do
Universal,
improvisados.
Ou a primeira vez que inau-
gurei meu ritual de colocar
uma moeda embaixo de um
Ganesha na ala de artes da Ín-
dia no Museu Metropolitan, em
go pela segurança vencido pe-
la excitação de um gesto trans-
gressor e de fé. (Perdi a conta
de quantas vezes fiz isso e me
orgulhava sempre de ver, ao re-
tornar lá, as moedas aos pés do
deus com cabeça de elefante.)
Encontrar um enorme Bu-
da soterrado e sorridente nas
ruínas de um vilarejo às mar-
gens do lago Inle, Myanmar,
e ficar tão encantado a ponto
de não ouvir o guia me cha-
mar por mais de 15 minutos
foi, sem dúvida, um momen-
to iluminado. Mágico.
Mas nenhuma dessas lem-
branças se compara à manhã
em que acordei embaixo de
uma árvore com uma menina
de três anos de idade seguran-
do um frango sobre minha ca-
beça. Ela era Rachel, filha do
a eee
os setores”, diz Vanessa Cos-
ta, presidente da entidade.
Ela afirma que muitos par-
ques, incluindo aqueles que
ficam dentro de shoppings e
os itinerantes, não consegui-
ram financiamento com o go-
verno federal e correm o ris-
co de fechar definitivamente.
“Fomos o primeiro setor a
seratingidoeseremosumdos
últimos a se recuperar”, diz.
A retomada no exterior é
vistacomotimismo pelaasso-
ciação.“AreaberturanosEsta-
dos Unidos e na Ásia é como
um ensaio para nós. Eles têm
medidas similares ao nosso
protocolo, o que nos mostra
que ele é suficiente”, afirma.
A médica Tânia Chaves, da
Sociedade Brasileira de Infec-
tologia,discorda.“As medidas
não são 100% seguras porque
existem muitas variáveis en-
volvidas”, afirma. O cumpri-
mento correto do protocolo
por todos os visitantes é um
dos pontos problemáticos.
Para ela, ainda não é o mo-
mento dos brasileiros irem a
parques de diversão. “Não po-
demos pensar nisso agora.”
gistrar casos de Covid-19, foi
onde os complexos reabri-
ram mais cedo. A Disney de
Xangai voltou a operar em 11
de maio; a de Hong Kong, na
última quinta (18).
A Disney já anunciou a rea-
bertura dos seus parques em
Tóquio (1º de julho), Orlando
(11dejulho),Paris(15dejulho)
e na Califórnia (17 de julho).
Sindicatos que represen-
tam 17 mil funcionários da
empresa na Califórnia envia-
ram uma carta ao governo do
estado na qual afirmam não
estaremconvencidosdequeé
seguro retomar as atividades.
Também há uma petição
com mais de 7.000 assinatu-
ras que pede o adiamento da
presa em Orlando.
A Flórida registra mais de
103 mil casos da doença e ba-
teu o recorde de novos infec-
tados no sábado (20), com
4.049 pessoas contaminadas.
A Disney será um dos últi-
mos grupos a retomar as ati-
vidades na Flórida. No esta-
do, vários outros já estão em
funcionamento, como o Se-
aWorld e o Busch Gardens.
O Universal foi um dos pri-
meirosaretomarasatividades
em Orlando, em 5 de junho.
Segundoa empresa,a quan-
tidadedevisitantesfoireduzi-
da, há medição de temperatu-
ra e o uso de máscaras é obri-
gatório no local. Além disso,
há marcações para distancia-
mento social e a limpeza é re-
alizada com mais frequência.
meu guia em Papua Nova Gui-
né, que tinha o curioso nome
de Weekly —assim mesmo, “se-
manalmente” em inglês.
Eu fazia um trekking pela
ilha tão enigmática e, depois
de chegar à aldeia de Weekly e
assistir a uma hipnótica dan-
ça do fogo na noite anterior,
despertei como de um transe
naquela cena adorável. Rachel
tinha soltado a ave e parecia
pedir um abraço. Irrecusável.
Naquele alvorecer, a árvore,
meu cansaço, o registro da ce-
rimônia ancestral, os peque-
nos braços de Rachel no meu
pescoço e todo amor que eu
sentia se misturaram para me
levar a uma outra dimensão.
Da qual eu jamais gostaria
de ter saído.
De tudo que vivi pelo mundo,
essa foi uma das experiências
mais fortes e inexplicáveis. E,
nesse longo hiato de viagens,
eu só sinto gratidão de poder
guardá-la num lugar tão espe-
cial na minha coleção de mi-
galhas milagrosas.
a eee
esporte coronavírus
O atacante Marcus Rashford em ação durante a partida do Manchester United contra o Sheffield United na quarta-feira (24), em Old Trafford
Infância pobre e estímulo de
técnico formaram Rashford
Engajado, atacante do United teve sucesso ao pressionar governo britânico
-
Alex Sabino
são paulo No início de abril,
o secretário de saúde do Rei-
no Unido, Matt Hancock, dis-
se que os jogadores de futebol
deveriam fazer mais pelo pa-
ís no período de crise. Ele se
referia às arrastadas negoci-
ações para redução de salá-
rios por causa da pandemia.
Os atletas precisavam, se-
gundo Hancock, abrir mão
de parte dos vencimentos pa-
ra evitar demissões de funci-
onários dos clubes.
Pouco mais de dois meses
depois,foiavezdeumjogador
cobrar o governo. A campa-
nhalideradaporMarcusRash-
ford,22,atacantedoManches-
ter United, pôsoprimeiro-mi-
nistro Boris Johnson contra a
paredeeofezsecomprometer
a gastar 120 milhões de libras
(cerca de R$ 750 milhões) em
vouchers de alimentação pa-
ra 1,3 milhão de crianças em
situação de vulnerabilidade
durante as férias escolares.
Obenefícioeraconsiderado
temporário pelo governo, en-
quanto as escolas estivessem
fechadas por causa da pande-
mia e as crianças sem acesso
às refeições servidas no in-
tervalo das aulas. A previsão
Como que não aconteceu nada?
Será verdade que a falta de futebol devido à pandemia mostrou sua desimportância?
- ja menor que o da saudade de
Juca Kfouri
Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP
O argentino Jorge Valdano, 64,
brilhou no ataque do Real Ma-
drid onde foi bicampeão euro-
peu em 1985 e 1986. Ganhou
até o prêmio de melhor joga-
dor estrangeiro da temporada.
Como treinador madridis-
ta, venceu o Campeonato Es-
panhol de 1995 e, depois, as-
sumiu a direção de futebol do
clube merengue.
Campeão mundial pela Ar-
gentina na Copa de 1986, quan-
do marcou quatro gols, um de-
les na final contra a Alema-
nha, tem também um título ar-
gentino pelo Newell’s Old Boys,
| dom. Juca Kfouri, Tostão | seg. Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho | ter. Renata Mendonça | qua. Tostão | qui. Juca Kfouri | sex. Paulo Vinicius Coelho | sáb. Katia Rubio
era que ele fosse interrompi-
do com a chegada das férias.
Rashford começou uma
campanha nas redes sociais
com pedidos para que os elei-
tores pressionassem os mem-
bros do parlamento e que o
benefício fosse estendido. A
comoção foi tão grande que,
em 24 horas, o governo anun-
ciou a continuidade do pro-
grama nas férias. A manchete
de um dos tabloides ingleses
foi: “Rashford 1 x 0 Johnson”.
Nesta quarta (24), o ata-
cante foi titular do Manches-
ter United na goleada por 3
a 0 sobre o Sheffield United,
pelo Campeonato Inglês. Os
três gols foram marcados pe-
lo francês Anthony Martial.
Hancock agradeceu ao en-
gajamento do jogador eocha-
mou em seguida, durante en-
trevista à Sky News, de Daniel
Rashford. “Nós somos muito
gratos ao que Marcus conse-
guiu, não só por nós, mas por
todos os quefazemotrabalho
de levar alimentação a crian-
ças em situação de pobreza.
Graças à ajuda dele, consegui-
mos levar comida a milhões
de crianças vulneráveis”, afir-
maLindsayBoswell,presiden-
te da Fare Share, ONG que dis-
tribuiu refeições para famíli-
em 1974.
De sete instrumentos, além
de comentarista e de belo pro-
grama de entrevistas na TV,
“Universo Valdano”, é colunis-
ta do El País.
Brilhante colunista, tão bom
que se pode dizer que é o Tos-
tão do jornal espanhol.
É dele, em fins de maio, o tex-
to que segue, quando a pande-
mia ainda impedia a volta do
futebol na Espanha.
“Há uma corrente de opini-
ão que está crescendo, à qual
adere gente que desconfia do
futebol e que diz algo indis-
ÉBy_Lu*Ch@QuE
HOJE
EM CASA
as carentes no Reino Unido.
A partir do início da pan-
demia, em março, Rashford
abraçou a causa. Fez a maior
doação individual da histó-
ria da entidade e contribuiu
com outros bancos de comi-
da, entidades ao redor do pa-
ís em que as pessoas podem
doar ou, se precisarem, cole-
tar os alimentos.
“A campanha dele para que
as crianças continuem a re-
ceber os vouchers do gover-
no durante as férias será um
enorme alívio para as famíli-
as que têm sofrido muito com
essa crise”, completa Boswell.
Os vales são de 15 libras
(R$ 90) semanais, que po-
dem ser usados em compras
no supermercado.
“Eu sei o que representa
porque já fui uma dessas cri-
anças”, disse o atacante ao fa-
zer o apelo ao governo.
Nascido em Wythenshawe,
ao sul de Manchester, Marcus
Rashford chegou ao United
aos 7 anos. Criado apenas pe-
la mãe, precisou várias vezes
da ajuda das famílias de ami-
gos, que o convidavam para
jantar para que ele não fosse
dormir de barriga vazia.
“Minha mãe tinha dois em-
pregos, e mesmo assim tínha-
cutível: passamos três meses
sem futebol e não aconteceu
nada. ‘Podemos viver assim’,
asseguram.
De fato, o mundo seguiu gi-
rando, indiferente.
Ninguém convocou manifes-
tações para sua volta e não se
sabe de nenhum suicídio por
sua ausência.
Está tudo certo.
Devo dizer, além do mais, que
em muitas ocasiões o futebol
dá motivos para que desconfi-
emos de sua ganância consu-
mista, da violência sempre la-
tente, e às vezes explícita den-
14h Southampton x Arsenal
Inglês, FOX SPORTS
mos muita dificuldade para
pagar as contas e comprar
comida”, relembra. Ele afirma
que, por ter passado pelo fan-
tasma da fome e visto outras
pessoascomomesmoproble-
ma, resolveu abraçar a causa.
O retorno foi imediato. Bo-
ris Johnson lhe telefonou pa-
ra dizer que o atacante deu
grande contribuição no de-
bate sobre a pobreza na In-
glaterra. Rashford foi elogi-
ado publicamente por políti-
cos, jornalistas, companhei-
ros e ex-jogadores. Os maio-
$ e quero fazer isso. Nenhuma
Liverpool goleia e pode
ser campeão inglês
nesta quinta-feira
Depois de golear o Crystal
Palace por 4 a 0 na quarta
(24), o Liverpool pode acabar
com o jejum de 30 anos
sem ser campeão inglês
nesta quinta (25). O título
será confirmado com sete
rodadas de antecipação
se o Manchester City não
conseguir derrotar o Chelsea
em Londres. O último
Inglês conquistado pelo
Liverpool foi em 1990
tro de si, e de sua onipresen-
ça nos meios de comunicação.
Mas, como parte da indús-
tria do entretenimento, o fu-
tebol existe para nos divertir.
E para despertar emoções co-
munitárias que de outro modo
estariam adormecidas.
Estou sem ver futebol o mes-
mo tempo que estou sem po-
der beijar meus netos. E tam-
pouco aconteceu nada.
Exceto que, sem vê-los, vivo
infinitamente pior.”
Sou capaz de apostar que
Tostão assinaria embaixo.
E não tenho a menor dúvida
QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
14h30 Eibar x Valencia
Espanhol, ESPN
Michael Regan/AFP
res rivais do United, Liverpo-
ol e Manchester City, publica-
ramnotasafirmandoestarem
orgulhosos dele.
“Precisa ser feito mais. Eu
não quero que isso seja o fim
porque há os próximos pas-
sos,eprecisamosanalisarqual
a resposta possível. As pesso-
as estão sofrendo o ano todo
e precisamos saber como po-
demos ajudá-las da melhor
forma”, disse, em entrevista
à BBC no dia em que o gover-
no decidiu voltar atrás na po-
lítica dos vouchers.
Rashford foi encorajado pe-
lo técnico da seleção inglesa,
Gareth Southgate, a se posi-
cionar e participar da vida do
país. Atletas negros, como ele
e Raheem Sterling, disseram
queotreinadorosaconselhou
a tentar fazer a diferença nas
comunidades e falarem sobre
o passado. Rashford, que apa-
receu aos 18 anos em 2016 no
time profissional do United,
pôs em prática o conselho.
“Tudo aconteceu muito rá-
pido na minha vida. Eu tenho
a chance de dar algo de volta
criança deveria ir para a ca-
ma com fome, sem um prato
quente de comida.”
Aos 20 anos, ele fez parte da
seleção inglesa que chegou às
semifinais da Copa do Mundo
de 2018, na Rússia, a melhor
campanha da equipe na com-
petição desde otítulo de1966.
Quando foi convocado pa-
ra o Mundial, ele postou no
Twitterumafotoemhomena-
gem à mãe, Melaine, e escre-
veu: “Depois de você ficar por
anos de pé na beira do cam-
po no frio e debaixo de chuva,
mãe, nós vamos para a Copa”.
em dizer que assino, embora,
no meu caso, que não joguei
como Valdano e Tostão, nem
muito menos fui campeão do
mundo como os dois, o peso
da abstinência do futebol se-
minhas netas.
Jamais passou por minha ca-
beça que ficaria cem dias sem
tocá-las e não sei o que seria
de mim se não existisse o tal do
FaceTime, meio pelo qual as
atormento diariamente.
Já pensei em cometer todas
as irresponsabilidades possí-
veis, mas as duas, Luiza e Ju-
lia, de 15 e 12 anos, parecem
mais responsáveis que o avô.
Entendo o sentimento de cul-
pa que teriam, o mesmo de
meus quatro filhos, se depois
de uma visita o danado do ví-
rus me pegasse ou a avó.
Duas adolescentes mais res-
ponsáveis que a cartolagem
açodada em voltar com o fu-
tebol no Brasil longe de con-
B13
16h Chelsea x Manchester City
Inglês, ESPN BRASIL
Globo entra na
Justiça contra
Fifa e pode ficar
sem Copa do
Mundo de 2022
-
Gabriel Vaquer
aracaju | uol O Grupo Glo-
bo conseguiu uma liminar
na 6ª Vara Empresarial da
Justiça do Estado do Rio de
Janeiro na terça-feira (23)
para não pagar de forma
imediata o valor de US$ 90
milhões (R$ 463 milhões,
no câmbio atual), previs-
to no contrato de direitos
de transmissão celebrado
com a Fifa para o período
entre 2015 e 2022.
O pagamento deveria
acontecer no próximo dia
30 de junho. A emissora
espera renegociar os valo-
res do vínculo em razão da
pandemia do novo corona-
vírus. O contrato em ques-
tão contempla a Copa do
Mundo de 2022, no Qatar.
O processo foi interpre-
tado no último dia 16 e foi
julgado em caráter de ur-
gência. Ele corre em segre-
do de Justiça, mas o UOL
Esporte obteve acesso à li-
minar favorável para a Glo-
bo, assinada pela juíza Ma-
ria Cristina de Lima Brito.
A magistrada concedeu li-
minar enquanto ocontrato
não é julgado na Justiça da
Suíça, onde foi celebrado.
A Globo alega que a pan-
demia do novo coronaví-
rus fez todos os grupos de
mídia passarem por difi-
culdades financeiras. Além
disso, o grupo de comuni-
cação brasileiro alega que
competições da Fifa que
estavam previstas para es-
te ano foram canceladas e
que isso causou prejuízo.
Entre os eventos previs-
tos para este ano estavam
o Mundial de futsal e as Co-
pas do Mundo feminina
sub-17esub-20—todosadi-
ados para o próximo ano.
Por fim, a emissora ale-
ga que o valor ficou impa-
gável. US$ 90 milhões, no
câmbio atual, representa
algo próximo de R$ 500
milhões, um fluxo de caixa
queaGlobonãotemnomo-
mento. A empresa brasilei-
ra alega ser uma boa parce-
ria —das cinco parcelas de
contratopagasanualmente
desde 2015, a emissora pa-
gou todas em dia.
Segundo o documento,
a intenção da Globo não é
rescindir o contrato, mas
renegociar os valores para
termosmaisaceitáveiscom
a situação atual do mundo
até o fim do acordo.
Caso a Fifa se oponha, a
emissoranãodescartaficar
sem o contrato— ou seja,
sem a Copa de 2022.
trolar a pandemia.
Fossem elas apenas mais res-
ponsáveis que os cartolas e
nem seria surpreendente, dian-
te da tradição dos ditos cujos.
Terrível é constatar que têm
mais juízo e sensibilidade que
o ogro do Palácio do Planalto.
Capaz de fazer demagógico
discurso político no velório de
jovem paraquedista, incapaz
de fazer gesto algum para as
famílias de mais de 50 mil fa-
mílias enlutadas pela pande-
mia que ele ajuda diariamen-
te a ficar mais grave.
Assim como não faz um ace-
no aos profissionais da saúde
que tentam minimizar diaria-
mente a catástrofe.
O mundo seria melhor sem
os cartolas do nosso futebol.
Incomparavelmente melhor
se com mais Valdanos e ne-
nhum, rigorosamente nenhum,
Bolsonaro.
Ainda mais com a netas por
perto. E futebol.
folhacorrida
RUMO AO CENTENÁRIO
Redação me via como ‘patricinha’, lembra Joyce
Pascowitch, que inovou coluna social nos anos 80
FOLHA, 100
HUMANOS DA FOLHA
-
Teté Ribeiro
são paulo Era 1986. Joyce Pas-
cowitch dirigia a revista AZ,
que tinha sido a Around, da
boate Gallery, uma das pri-
meiras customizadas do Bra-
sil, antes mesmo do produto
terganhadoessenome,quan-
do foi convidada para ser co-
lunista social na Folha.
“Eu estava no final de uma
hepatite, decidida a mudar
de vida, mas não resisti a ou-
vir a proposta”, conta ela em
seu escritório na Casa Glamu-
rama, de que é dona hoje em
dia (a entrevista foi feita an-
tes da quarentena).
Ouviu ochamado, pediu pa-
ra pensar e depois de um tem-
po disse que sim, desde que a
coluna não tivesse o nome de-
la. O então editor da Ilustra-
da, Matinas Suzuki Jr., e o se-
cretário de Redação Caio Tú-
lio Costa, que fizeram o con-
vite, reagiram: tem que ter o
nome. “Então bem pequeni-
ninho, lá embaixo”, pediu ela.
“Não, tem que ser grande e
em cima”, disse Matinas. Joy-
ce pensou mais um pouco e
encarou o desafio.
Mas não sabia datilografar.
Escrevia pequenos textos à
mão na revista que dirigia. Foi
aprender na raça, já na Reda-
çãodojornal.“Ficavalácatan-
do milho”, lembra.
Mesmoassim,revolucionou
a maneira de fazer coluna so-
cial com notícias de persona-
gens de outros meios, não só
da sociedade, como empresá-
rios,artistas,chefsdecozinha,
políticos. “No começo eu não
sabia nada de política, então
HUMANOS TENTAM RECUPERAR ‘CIDADE DOS MACACOS’ NA TAILÂNDIA
Habitantes de Lopburi estão refugiados em suas casas após milhares de macacos, atração para turistas hoje inexistentes, ficarem fora de controle
Você tem medo de quê?
Já somos uma geração traumatizada pelo medo
- Medo dos desumanos. Medo
Mirian Goldenberg
Antropóloga, professora da UFRJ e autora de “Liberdade, Felicidade e Foda-se!”
Medo do vírus. Medo da mor-
te. Medo da depressão. Medo
da dor. Medo da ansiedade.
Medo da incerteza. Medo da
desesperança. Medo do ama-
nhã. Medo do hoje. Medo do
erro. Medo da loucura. Medo
da doença. Medo do abando-
no. Medo da maldade. Medo
do pânico. Medo do desespe-
ro. Medo da guerra. Medo do
Joyce Pascowitch em evento em São Paulo
o jornal me ajudava. O Boris
(Casoy),quefaziaoPainel,me
dava uma nota por dia. Acho
que era a sobra”, afirma. De-
pois tomou gosto.
“Não fiz exatamente um
projeto de coluna quando eu
entrei.Nãopenseinojeitoque
ia escrever, sobre quem, com
que equipe. A coluna era co-
mo eu era”, diz.
E ela era ousada, antena-
da, tinha humor. E foi intro-
duzindo um jeito coloquial de
escrever, com termos que vi-
nham das pessoas com quem
convivia. “Tinha lasanha, que
era um cara bonitão, saia jus-
ta, que depois ficou famo-
sofrimento. Medo da impotên-
cia. Medo de tudo.
Medo de sair de casa. Medo
de viajar. Medo de uma vida
sem propósito. Medo de desis-
tir de lutar. Medo de desperdi-
çar o tempo com o que não é
importante. Medo de ser inú-
til e improdutiva. Medo de não
confiar nas pessoas. Medo de
não conseguir cuidar e prote-
a eee
QUINTA-FEIRA, 25 DEBy_Lu*Ch@QuE
JUNHO DE 2020 B14
SÉRIE REÚNE
PERFIS
DE PROFIS-
SIONAIS
DA FOLHA
Repórteres,
fotógrafos,
editores,
designers,
entre outros
profissionais,
são parte da
história da
Folha, que
está perto de
completar
100 anos —o
centenário será
celebrado em
fevereiro de
2021. Lembrar
essas pessoas
é o objetivo da
série Humanos
da Folha, que
terá ao menos
dois textos
publicados
Marcus Leoni - 31.jan.2017/Folhapress por mês.
so no Brasil inteiro”, diz. “Eu Cardoso, que governou o pa-
não escrevia nada antes, en- ís entre 1995 e 2002). Foi em
tão o único jeito que eu sabia 1997, o Fernando Collor ain-
me expressar era o jeito que da era relevante naquela épo-
eu pensava”. ca,eumaColloreumCardoso
E foi sem usar uma palavra juntos era notícia”, diz.
difícil que Joyce deu vários fu- “Outra inesquecível foi uma
ros. De alguns ela lembra até briga de soco na casa do (ex-
hoje. “Um, principalmente, banqueiroeeconomista)Ede-
causou muito burburinho, mar Cid Ferreira, numa festa
quando revelei que a There- ultra high-society”.
zaCollor (ex-mulher de Pedro Talvez a mais relevante te-
Collor de Mello, irmão de Fer- nha sido a revelação da Ope-
nando Collor, presidente do ração Uruguai, que tentava li-
Brasil entre março de 1990 e vrar Collor do impeachment
dezembro de 1992) estava na- comaexplicaçãodequeele ti-
morando o Paulo Henrique nha conseguido um alto em-
Cardoso (filho do então pre- préstimo no Uruguai, e que
sidente Fernando Henrique era com esse dinheiro que
ger quem eu amo. Medo de não Medodosvelhofóbicos.Medo
fazer tudo o que eu posso para dos perversos. Medo dos odien-
minimizar o sofrimento. Medo tos. Medo dos violentos. Medo
de não conseguir dormir e me dos bandidos. Medo dos cruéis.
alimentar. Medo das crises po- Medodosirracionais.Medodos
líticas e econômicas. Medo de autoritários.Medodostortura-
não ter força, coragem e equi- dores. Medo dos homofóbicos.
líbrio para conseguir sobrevi- Medo dospreconceituosos.Me-
ver física e mentalmente. Medo do dos vampiros. Medo dos pa-
de nunca mais ter tesão. Medo rasitas. Medo dos mentirosos.
de perder tudo. Medodosinsanos.Medodosig-
bancava seu estilo de vida.
“Também lembro a nota
que eu tinha e não dei, com o
o namoro da economista Zé-
lia Cardoso de Mello (minis-
tra da Economia do governo
Collor) e do então deputado
federal Bernardo Cabral (ex-
ministro da Justiça). Ele me
contou e pediu off. Respeitei,
depois me arrependi profun-
damente”, conta. “Não existe
off. Quer segredo, que vá con-
tarparaoutrapessoa”,afirma.
O dia a dia da jornalista não
era tranquilo. Principalmen-
te o relacionamento com a
Secretaria de Redação, o co-
mando do jornal. “Tinha que
aprovar a coluna todos os di-
as, às vezes com os secretá-
rios, às vezes com o (diretor
de Redação) Otavio (Frias Fi-
lho, morto em 2018). Isso era
bom,dividiaaresponsabilida-
de, mas a relação com a che-
fia não era fácil”, diz.
“Não sei quanta graça o Ota-
vio via em ter uma coluna co-
mo a minha. O Matinas enten-
dia melhor, gostava. O Caio
Túlio, não”, conta.
Joyce lembra que um que ti-
nha orgulho do trabalho de-
la era o sr. Frias (Octavio Fri-
as de Oliveira, publisher da
Folha, morto em 2007), que
fazia questão de apresentá-
la para quem vinha visitar o
jornal. “Nos almoços do nono
andar, ele sempre queria sa-
ber das fofocas que eu tinha.
Era um homem muito espe-
cial, fascinante, engraçado.”
JácomorestodaRedaçãoas
relaçõeserammenostranspa-
rentes. “A Folha era uma festa
nos anos 80, todo mundo na-
moravatodomundo”,lembra,
sem relevar se ela mesma na-
morou alguém.
“Mas pairava no ar uma sen-
sação de que eu era uma pa-
tricinha, eu sentia isso todos
osdias”,diz.Ecompleta:“Uma
patricinha que se tornou uma
dascolunistasmaisimportan-
tes do Brasil.”
Mladen Antonov/AFP
norantes. Medo dos fanáticos.
Medo dos corruptos. Medo dos
ladrões.Medodosaproveitado-
res. Medo dos insensatos. Me-
do dos sádicos. Medo dos cri-
minosos. Medo dos genocidas.
dos psicopatas. Medo dos so-
ciopatas. Medo dos intoleran-
tes. Medo dos ditadores. Medo
dos monstros. Medo dos trucu-
lentos. Medo dos tiranos. Medo
dos sanguinários. Medodos ra-
cistas,dosmachistas,dosegoís-
tas,dosnarcisistas,dosoportu-
nistas, dos fascistas, dos nazis-
tas, dos absolutistas, dos extre-
mistas, dos totalitaristas, dos
negacionistas, dos terraplanis-
tas e dos outros istas.
Medo dos meus medos.
Você tem medo de quê?
LEITOR
EM CASA
Ao longo de três meses, colunistas e
blogueiros deram sugestões para o
período de quarentena, como livros,
filmes e séries. Agora convidamos
vocês, leitoras e leitores, a enviar
suas recomendações para
enviesuanoticia@grupofolha.com.br
Informe nome, profissão e cidade
onde mora. As melhores dicas serão
selecionadas para publicação.
Veja as dicas já publicadas em
https://www1.folha.uol.com.
br/ilustrada/leitor-em-casa
-
João Vinicius Schimith
estudante de Governador Valadares (MG)
PARA VER
As Guerras do Brasil.doc
Série. Netflix, 2018. 2h12min
Sérietratadosdiversoscon-
flitos ocorridos no Brasil
desde seu descobrimento
até a contemporaneidade,
conflitos entre índios, ne-
gros e portugueses, a Guer-
ra do Paraguai e até mes-
mo a criação e dissemina-
ção do Comando Vermelho
e do PCC.
A Segunda Guerra em Cores
Série. Netflix, 2009. 11h3min
Explicaomaiorconflitomi-
litar de todos os tempos, a
Segunda Guerra Mundial,
com uma análise comple-
ta, abordando desde o pré-
guerra até suas consequên-
cias no pós-guerra, além de
como a disputa moldou di-
retamenteomundoemque
vivemos hoje.
ACERVO FOLHA
Há 50 anos 25.jun.1970
Sem taça Jules
Rimet, 8 atletas
da seleção
chegam a SP
Os oito jogadores da sele-
ção brasileira de futebol
que vieram para São Pau-
loforamrecebidosporcen-
tenas de milhares de torce-
dores, após a conquista do
tricampeonato da Copa do
Mundo, no México.
Rivellino, Clodoaldo, Le-
ão, Ado, Zé Maria, Edu, Bal-
dochi e Joel tiveram pou-
co tempo para abraçar os
parentes no aeroporto de
Congonhas. Primeiro, por-
que,logoqueaportadoCa-
ravelle que trouxe os cam-
peões se abriu, o governa-
dor Abreu Sodré e o pre-
feito Paulo Maluf subiram
a bordo, para os cumpri-
mentos oficiais. Depois,
porque, pouco depois, fo-
ram desfilar em carro do
Corpo de Bombeiros.
Pelé não veio com o gru-
po.Eleprecisou irdiretodo
Rio de Janeiro, onde a dele-
gação brasileira estava, pa-
ra Santos, atendendo a um
chamado familiar.
O desfile atraiu 400 mil
torcedores, que só lamen-
taramaausênciadataçaJu-
lesRimet,queficounoBan-
codoEstadodaGuanabara.
LEIA MAIS EM
H
acervo.folha.com.br
A4 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
poder
PAINEL
Camila Mattoso
painel@grupofolha.com.br
Válvula de escape
Apressãovinda dedentrodopróprio governoedealia-
dosnoCongressopelaprorrogaçãodoauxílioemergen-
cialcomovalorcheiodeR$600fezaequipeeconômica
aceleraropassonaelaboraçãodoRendaBrasil,quesuce-
deráoBolsaFamília.Aavaliaçãoéqueoauxíliodeusus-
tentaçãoaJairBolsonaronasclassesmaispobres.Como
PauloGuedes (Economia)diz ser difícilmanteramedi-
dapormaistempo,alegandocustoaltoaopaís,discute-
se a apresentação do projeto para agosto ou setembro.
blindagem Como mostrou
a Folha, a Economia prepa-
rava o lançamento do novo
programa social para o pós-
pandemia. Agora, o enxerga
como uma espécie de vaci-
na aos pedidos pela prorro-
gação do auxílio emergenci-
al por R$ 600.
massa Paulo Guedes e auxi-
liares ressaltam que o benefí-
cio temumcustoelevado.São
R$ 50 bilhões por mês contra
R$ 30 bilhões por ano gastos
no Bolsa Família. Mas dizem
desejar fazer uma transição
suave de saída. O programa
ajudou a levantar a populari-
dade nas classes mais pobres,
principalmente no Nordeste.
com quem anda Os apelos de
Rodrigo Maia (DEM-RJ) pela
manutenção do valor cheio,
naleituradeauxiliaresdeGue-
des, se devem à aproximação
do presidente da Câmara a
setores de esquerda. A visão
é a de que líderes do centrão
não têm ido na mesma linha.
O presidente Bolsonaro afir-
mou que não há dinheiro pa-
ra prorrogar por R$ 600.
confirmado Apesar do de-
sembarque dos ex-presiden-
tes Michel Temer e José Sar-
ney do ato de sexta (26), Fer-
nando Guimarães afirma que
a live em defesa da democra-
cia do Direitos Já está de pé.
Temer chegou a mandar um
vídeo para o movimento, mas
desistiu por achar que há tom
crítico a Bolsonaro.
para onde Participantespas-
saram a terça (24) travando
uma disputa sobre o caráter
do ato. Guimarães diz não
acreditar que o ex-presiden-
te não tenha entendido que
haveria críticas ao governo.
oração “No momento em
que estamos, com o presiden-
te indiferente a mais de 50 mil
mortoseindovaiaumatoque
pede o AI-5, tem como imagi-
nar reunir pessoas da políti-
ca e da sociedade para rezar
uma missa?”, disse o organi-
zador. “Não vou subestimar
a experiência política de Mi-
chel Temer. É óbvio que o tra-
to é franco e a compreensão é
clara”, completou Guimarães.
TIROTEIO
O general da Saúde mostrou que
conhece de curva de uma epidemia
tanto quanto de inverno no Nordeste
De Alexandre Padilha (PT-SP), deputado federal, sobre o aumento de
contaminações de Covid-19 na última semana
com Mariana Carneiro, Guilherme Seto e Daniel Haidar
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R$ 5 (seg. a sáb.) R$ 5,50 R$ 6
R$ 7 (domingo) R$ 8 R$ 8,50
filho de peixe Enquanto o
presidente vem defendendo
a reabertura das atividades,
seu filho votou nesta terça
(23) a favor da tese de que a
pandemia é motivo suficien-
te para adiar as eleições. Flá-
vio Bolsonaro foi um dos 67
votos favoráveis à mudança.
No segundo turno, o senador
não votou e o adiamento foi
aprovado por 64 a 7.
explicações O desembarga-
dor Paulo Sérgio Rangel, que
participará do julgamento
do HC de Flávio nesta quin-
ta (25), teve de prestar escla-
recimentos nos últimos di-
as ao CNJ após vir à tona que
era sócio de uma empresa. A
Crusoé revelou que ele tinha
comprado sua parte de um
empresário preso em maio,
suspeito de desvios na saúde.
afaste de mim Segundo do-
cumentos obtidos pelo Pai-
nel, Rangel informou ao ór-
gão que, “por boa fé”, resol-
veu vender sua participação
na empresa, mas que sua em-
preitada não violava a Lei Or-
gânica da Magistratura ou o
Código de Ética, porque era
sócio minoritário e não tinha
poder de gerência na firma.
oficial O ministro interino
EduardoPazuello(Saúde) no-
meou o empresário Airton
Soligo, conhecido como Cas-
cavel, como assessor especi-
al em seu gabinete. A nome-
ação foi publicada nesta ter-
ça (23), no Diário Oficial. Co-
mo mostrou o Painel, Casca-
velnegociavaemnomedomi-
nistério sem ter nenhum vín-
culo com o governo.
agrado O Ministério da Jus-
tiça vai inaugurar nesta quin-
ta (24) uma galeria de fotos de
policiais que atuam no Vigia,
programa de combate ao cri-
me organizado na fronteira.
luto Haverá uma homena-
gem ao soldado Daniel Trar-
bach,quemorreuaos20anos,
no mês passado no Paraná.
Durante uma operação, a em-
barcação em que estava foi
atingida por um barco clan-
destino que transportava ma-
conha. Dois sobreviventes es-
tarão presentes.
339.542 exemplares
340.339.921
54.958.699
Carga tributária 3,65%
AL, BA, PE, SE, TO Outros estados
R$ 1.177 R$ 1.460
AL, BA, PE, SE, TO Outros estados
R$ 9,25 R$ 10
R$ 11 R$ 11,50
By_Lu*Ch@QuE
Aprovada no Senado, PEC
que adia eleição esbarra
em resistência da Câmara
Maia tenta reunir apoio de partidos de centro, mas bancadas estão
rachadas em meio à pressão de prefeitos que buscam reeleição
-
Danielle Brant
brasília Depois da tramita-
ção acelerada no Senado, a
PEC (proposta de emenda à
Constituição) do adiamento
das eleições municipais en-
trou em marcha lenta na Câ-
mara, enquanto o presidente
da Casa, Rodrigo Maia (DEM-
RJ), tenta reunir o apoio de
partidos de centro ao texto.
Pautada na quinta-feira
passada (18) pelo presidente
do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), a PEC foi aprova-
da na última terça-feira (23)
pelos senadores em votação
em dois turnos.
Conforme o texto aprova-
do, o primeiroturno seria adi-
adode4deoutubropara15de
novembro. O segundo turno,
onde necessário, passaria de
25 de outubro para o dia 29
de novembro.
Desde que a votação da PEC
no Senado foi anunciada,
Maia, que é um defensor do
adiamento, começou a aler-
tar que, na Câmara, a situa-
ção estava bem longe do con-
senso visto na Casa vizinha.
Bancadas de partidos como
MDB, PP, PL, DEM, Republica-
nos e PSL estão rachadas so-
bre o adiamento. Somadas, as
legendas têm 216 deputados
—de um total de 513 da Casa.
Para passar na Câmara, a
proposta precisa ser aprova-
da pelo plenário em dois tur-
nos e obter o apoio de pelo
menos três quintos dos de-
putados (308 votos) em cada
uma das votações.
A divisão é fruto da pressão
de prefeitos e vereadores que
buscam a reeleição. Presiden-
te da FNP (Frente Nacional
de Prefeitos), Jonas Donizet-
te (PSB), prefeito reeleito de
Campinas, reconhece haver
um lobby para manter as da-
tas atuais das eleições.
“Alguns prefeitos estão fa-
zendo contato direto com de-
putados, mas isso não foi fei-
to pela frente”, diz. “Eu não
conversei com o presidente
do Senado nem com o da Câ-
mara pedindo isso.”
Manter as datas, admite o
presidente da FNP, favorece
os atuais ocupantes do cargo.
“O adversário tem menos
tempo, e, nesse momento em
que a população está falando
só de Covid-19, esvazia o de-
bate de outros assuntos da ci-
dade”, afirma.
Donizette defende que a vo-
tação da PEC ocorra até o fim
de junho, para que haja uma
clareza sobre o cenário eleito-
ral e para que seja possível al-
terarprazos,como odedesin-
compatibilização de servido-
res públicos —segundo o atu-
al calendário do TSE (Tribu-
nal Superior Eleitoral), isso só
pode ser feito até 4 de julho.
Além disso, em ano eleito-
ral há restrição para repasse
de verbas. “Precisa ficar asse-
gurado que, pelo menos para
Covid, os repasses ficarão ga-
rantidos”, diz Donizette.
Conforme o TSE, a partir
de 4 de julho ficaria proibida
a transferência voluntária de
recursos da União aos esta-
dos e municípios, e dos esta-
dos aos municípios. “Mas es-
te ano é excepcionalíssimo, e
estamos dependemos muito
de repasse de verba que foi
aprovada”, afirma.
Para tentar viabilizar o adi-
amento, Maia busca um acor-
docomlíderespartidários.No
entanto, na avaliação de con-
gressistas, vai ser difícil con-
seguir esse consenso.
Alguns criticam a decisão
do Senado de começar a tra-
mitação pela Casa. Eles argu-
Rodrigo Maia em sessão nesta quarta Najara Araújo/Câmara dos Deputados
$ priada”, afirma. “Para que is-
Principais datas, segundo o Senado
15.ago Prazo para o desligamento
daqueles que quiserem
disputar os cargos de
prefeito ou vice-prefeito
31.ago Início das convenções
a 16.set partidárias para a escolha
dos candidatos
26.set Data limite para registro
dos candidatos na
Justiça Eleitoral
27.set Período da propaganda
a 12.nov eleitoral, sendo que
a de rádio e TV deve
começar 35 dias antes da
antevéspera da eleição
15.nov Primeiro turno de votações
para vereadores e prefeitos
29.nov Segundo turno para
municípios com mais
de 200 mil eleitores
15.dez Entrega das prestações
de contas dos candidatos
e do próprio comitê
à Justiça Eleitoral
27.dez Último prazo para realização
de eleições em municípios
mais afetados pela pandemia
mentamque,comoaresistên-
cia é maior na Câmara, que é
mais municipalista e onde há
mais interesse nesse perío-
do eleitoral, o debate deveria
tersidoesgotadoprimeiroen-
tre os deputados.
Inicialmente, a intenção do
presidentedaCâmaraélevara
PEC para votação diretamen-
te em plenário, como ocor-
reu com a única outra PEC
votada virtualmente, a do Or-
çamento de Guerra.
Com isso, evitaria uma eta-
pa obrigatória, mas que retar-
daria a discussão: a constitui-
ção de uma comissão especial
para analisar o mérito da pro-
posta. Pelo regimento, o cole-
giado teria até 40 sessões pa-
ra avaliar a proposição.
De acordo com parlamen-
tares, caso Maia decida cons-
tituir a comissão especial, vai
sinalizar que está difícil cons-
truir um acordo com os líde-
res dos partidos de centro
e que a PEC pode, inclusive,
não ser votada.
A possibilidade é rechaçada
por partidos da oposição. Lí-
der do PSB na Câmara, o de-
putadoAlessandroMolon(RJ)
defende o adiamento para ga-
rantir que todos os eleitores
consigamparticipardopleito.
“É o mínimo de respeito ao
princípio democrático que se
faça a eleição num contexto
como esse na data mais apro-
a eee
so ocorra sem que haja pror-
rogação de mandato, o que
também é antidemocrático,
isso tem que se dar em no-
vembro ou dezembro.”
Manter a data, avalia o de-
putado fluminense, excluiria
eleitores de grupos de risco
e também prejudicaria can-
didatos que não teriam pari-
dade de condições com pre-
feitos e vereadores que estão
no cargo e tentam a reeleição.
Na avaliação dele, se a PEC
não passar na Câmara, além
do desgaste que a notícia ge-
rariaparaaimagemdosdepu-
tados, haveria o risco de judi-
cialização da questão.
“Corre-se oriscodeaJustiça
decidir, provocada por qual-
quer partido, pelo adiamen-
to das eleições”, afirma.
“Se o Congresso cometer o
erro de não aprovar, depois
não poderá reclamar de ati-
vismo judicial, porque o Con-
gresso está tendo a oportuni-
dadededecidirelemesmope-
lo adiamento.”
LíderdoPCdoBnaCâmara,
a deputada Perpétua Almei-
da (AC) também avalia que
a manutenção das datas atu-
ais é um risco muito grande.
“Ou a Câmara toma essa de-
cisãodefazeroadiamento,co-
mo votou o Senado, ou o TSE
terá de decidir por nós, e isso
é muito ruim, porque senão é
o TSE que vai legislar.”
Umdosprincipaisargumen-
tos usados por congressistas
que defendem a manuten-
ção das datas do calendário
do TSE é a falta de consen-
so sobre quando haverá, de
fato, uma queda na curva da
pandemia.
Alguns especialistas falam
em agosto e setembro, en-
quanto outros só veem uma
melhora a partir de outubro.
Além disso, a pandemia atin-
ge os municípios de maneira
diferente, como ressaltou o
próprio Maia em entrevista
na semana passada.
Sem uma clareza sobre
quando seria seguro realizar
os dois turnos, eles avaliam
que adiar para novembro ou
dezembro seria inócuo.
Portrásdoimpasseháainda
a tentativa de alguns congres-
sistas do centrão —grupo for-
mado por partidos como PP,
PL e Republicanos— de ten-
tarem unificar a eleição mu-
nicipal com o pleito de 2022.
A proposta é rechaçada pe-
lo presidente do TSE, o minis-
tro Luís Roberto Barroso, que
descartaqualquermedidaque
prorrogue mandatos de pre-
feitos e vereadores.
Em maio, o ministro afir-
mou que unir eleições muni-
cipais e nacionais traria um
“inferno gerencial” ao TSE.
A6 QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2020
poder
O ministro do STF Gilmar Mendes em live na última terça-feira
STF discute se Gilmar decidirá
o futuro de Queiroz e Flávio
Ministro poderia ser responsável automático por processos ligados a senador
-
Matheus Teixeira
brasília Integrantes do STF
(Supremo Tribunal Federal)
começaram a discutir reser-
vadamente se Gilmar Mendes
seria ou não o responsável au-
tomático por qualquer recur-
so que venha a ser apresenta-
do pelo senador Flávio Bol-
sonaro (Republicanos-RJ) ou
por Fabrício Queiroz à corte.
A tese sustentada aponta
que o fato de Gilmar ter si-
do relator de uma ação apre-
sentada pelo senador no ano
passado o torna prevento pa-
ra assumir futuros casos rela-
cionados à investigação que
corre em primeira instância.
O filho do presidente Jair
Bolsonaro é investigado por-
que teria sido líder de uma as-
sociação criminosa formada
para desviar parte dos salári-
os dos servidores de seu gabi-
nete na Assembleia Legislati-
va do Rio de Janeiro.
Em operação no último dia
18, Queiroz, que foi assessor
de Flávio e seria o responsá-
vel por recolher os pagamen-
tosdosfuncionários,foipreso
por decisão da Justiça do Rio.
O filho de Bolsonaro foi depu-
tado estadual de fevereiro de
2003 a janeiro de 2019.
A aposta no STF é que uma
eventual relatoria de Gilmar
para habeas corpus ou recur-
sos do senador ou de envolvi-
dos no caso darão poder ao
ministro e ampliarão a influ-
ência dele no governo.
Gilmarjáfoiresponsávelpor
ser um dos padrinhos da indi-
caçãodoatualadvogado-geral
da União, José Levi, e, apesar
de fazer críticas a Bolsonaro,
costumamanterinterlocução
com membros do governo.
A prevenção, jargão usado
para situações em que um mi-
nistrojáatuouemprocessosi-
milar etorna-se oresponsável
automáticoporcasosconexos
que chegam à corte, teria sur-
gido no ano passado.
Em setembro de 2019, Gil-
mar relatou reclamação apre-
sentada por Flávio e atendeu
ao pedido dos advogados do
senador para determinar a
suspensão da tramitação dos
processos que tinham como
alvo o senador e Queiroz.
Oministrosebaseouemde-
cisãodopresidente doSTF,Di-
as Toffoli, que havia suspen-
dido investigações criminais
que usavam dados detalha-
dos de órgãos de controle co-
Reprodução
moCoaf,Receita eBancoCen-
tral sem autorização judicial.
Meses depois, Gilmar revo-
gou a própria decisão após o
plenário derrubar a liminar
de Toffoli. Assim, teve pros-
seguimento a investigação
pela prática da “rachadinha”.
O professor e doutor em di-
reito constitucional Ademar
Borges acredita que é uma hi-
póteserealaprevençãodeGil-
mar para casos relacionados
ao senador Flávio Bolsonaro.
“À luz do que está disposto
no artigo 69 do regimento in-
ternoeconsiderandoaprática
doSupremo,emregraominis-
tro que examina a liminar ou
o mérito de um pedido de um
investigado fica prevento pa-
ra outros pedidos deste ou de
outrosalvosdaação,seoriun-
dos do mesmo procedimen-
to ou de casos conexos”, diz.
Otrechocitado estipula que
a prevenção não estará carac-
terizada se o ministro tiver
sido relator de um proces-
so, mas não tenha analisado
o mérito —o que não ocor-
reu na reclamação de Flávio
apresentada no ano passado.
Borges afirma que o Códi-
go deProcesso Penal também
prevêhipótesesdeprevenção,
mas que o STF costuma resol-
verquestõesrelativasàrelato-
ria de processos com base no
regimento interno, que tam-
bém tem força de lei.
“O regimento interno do
STF têm regras mais especí-
ficas sobre o tema porque há
muitaspossibilidadesdiferen-
tes de interação entre diver-
sos recursos e ações.”
Geralmente, a defesa do in-
vestigado indica a prevenção
de um ministro para o caso e
o presidente da corte decide
se realiza sorteio entre todos
integrantes, como é mais co-
mum, ou se encaminha o pro-
cessodiretoparaumgabinete.
Em geral, é praxe o presi-
denteencaminharocasopara
o ministro indicado pelos ad-
vogados para que o magistra-
do opine se, de fato, está pre-
vento para tocar o caso.
O professor e mestre em di-
reito criminal Ruiz Ritter afir-
ma que, quando há conexão
entrefatosanalisadospeloSTF,
caracteriza-se a prevenção.
“Tendo Gilmar relatado
ação anterior envolvendo os
mesmos fatos, a tendência é
que esteja prevento para no-
vos julgamentos a respeito
destes na Corte”, salienta.
Assim, Gilmar também po-
deriarelatarhabeascorpusde
Queiroz, por exemplo, que é
alvo da mesma investigação.
O policial militar aposenta-
doteveaprisãopreventivade-
cretada porque estaria inter-
ferindonasinvestigaçõescon-
duzidaspeloMinistérioPúbli-
co do Rio de Janeiro.
A mulher dele, Márcia Agui-
ar, que foi assessora de Flávio
naAssembleia,tambémtevea
prisão decretada, mas é con-
siderada foragida.
Jair Bolsonaro e Queiroz se
conhecemdesde1984.Nogabi-
nete de Flávio, Queiroz foi no-
meadoem2007edeixouocar-
go em 15 de outubro de 2018.
Queiroz foi detido na casa
de Frederick Wassef, que, até
aquele momento era advoga-
do de Flávio no caso e já de-
fendeu também o presidente.
As primeiras notícias so-
bre o suposto esquema da
“rachadinha” surgiram em
2018, após as eleições, quan-
do se tornaram públicos rela-
tórios do Coaf que indicaram
movimentações atípicas nas
contas de Queiroz.
O ex-assessor afirmou que
recebia parte dos valores dos
salários dos colegas de gabi-
nete e que usava o dinheiro
para remunerar assessores
informais de Flávio, sem co-
nhecimento dele. Sua defe-
sa, contudo, nunca apontou
os beneficiários dos valores.
Parcelamento de
imóvel explica
suspeita em inquérito
-
Italo Nogueira
rio de janeiro Assuspeitasque
geraram o inquérito eleitoral
contra o senador Flávio Bol-
sonaro têm como origem o fi-
nanciamento feito pelo filho
do presidente Jair Bolsonaro
na aquisição de um imóvel.
A apuração sobre falsidade
ideológica para fins eleitorais
é a única que se tem notícia
conduzida pela Polícia Fede-
ral no estado que tem como
alvo direto o senador.
A Superintendência da PF
no Rio é alvo de interferên-
cia do presidente desde o ano
passado,temainvestigadope-
la Procuradoria-Geral da Re-
pública em inquérito autori-
By_Lu*Ch@QuE
zado pelo STF.
A PF sugeriu o arquivamen-
to do caso sobre Flávio. O Mi-
nistério Público Eleitoral con-
cordou, mas o juiz Flávio Ita-
baiana, responsável pelo in-
quérito na Justiça Eleitoral,
submeteu a decisão à 2ª Câ-
mara de Coordenação e Re-
visão do MPF.
O inquérito eleitoral foi
aberto em fevereiro de 2018
após denúncia-crime do ad-
vogado Eliezer Gomes da Sil-
va com base em reportagem
da Folha. O jornal apontou a
evolução patrimonial de Jair
Bolsonaro e seus filhos políti-
cos: Carlos (vereador), Eduar-
do(deputadofederal)eFlávio
(à época, deputado estadual).
Ohojesenadorsetornouin-
vestigado pela prática de falsi-
dade eleitoral por ter atribuí-
dovaloresdistintosaummes-
mo imóvel nas declarações de
bens entregues à Justiça Elei-
toralnospleitosde2014e2016.
Em 2014, quando disputou
uma cadeira na Assembleia
do Rio, ele atribuiu o valor de
R$ 565 mil a uma cobertura
em Laranjeiras. Dois anos de-
pois, ela apareceu em sua de-
claração valendo R$ 423 mil.
Documentos da transação
mostram que o valor total do
imóvel é de R$ 1,7 milhão, ad-
quirido por Flávio e a mulher,
Fernanda. Eles financiaram a
compra da cobertura.
O valor apresentado em
2014 se refere ao total pago
pelo casal até dezembro de
2013. Em 2016, Flávio incluiu
em sua declaraçãoeleitoral só
sua metade paga em parcelas
pelo imóvel até o final de 2015.
Segundo Valdir Amorim,
consultor tributário da IOB,
a forma correta de se decla-
rar imóveis financiados no
Imposto de Renda é apontar
como valor apenas as parce-
las pagas —indicando o pre-
ço total na descrição.
Eledissetambémqueoimó-
vel pode ser declarado por
apenas um dos cônjuges, des-
de que o outro informe o fato
em seus documentos fiscais.
Os tribunais eleitorais têm
decididopelotrancamentode
ações penais que versam so-
bre erros nas declarações de
bens. Magistrados têm con-
siderado que não há poten-
cial lesivo em casos como o
de Flávio.
Esse inquérito eleitoral te-
ve, ao longo de dois anos, tra-
mitação acidentada.
Moraes solta Sara Winter,
mas impõe utilização de
tornozeleira eletrônica
-
Marcelo Rocha
brasília O ministro Alexan-
dredeMoraes,relatornoSTF
(Supremo Tribunal Federal)
do inquérito dos atos anti-
democráticos, decidiu nesta
quarta (24) liberar da prisão
a ativista Sara Giromini, co-
nhecida como Sara Winter.
Ela terá que usar tornoze-
leira eletrônica, assim como
os outros cinco integrantes
do grupo de extrema direi-
ta 300 do Brasil que estavam
presos por ordem do STF.
Além do monitoramento
eletrônico, Winter e os de-
mais,casorecebamautoriza-
ção de saída diurna para tra-
balhar ou estudar, terão de
manter distanciamento de,
no mínimo, um quilômetro
das sedes do STF e do Con-
gresso e das casas de minis-
troseparlamentaresalvosde
ataques verbais e ameaças.
Fora os eventuais desloca-
mentosparatrabalharoues-
tudar, segundo a decisão de
Moraes, o grupo deverá per-
manecer em casa.
Caberá à Vara de Execu-
ções Penais do Distrito Fe-
deral delimitar as áreas nos
perímetros de residência,
local de trabalho ou de es-
tudo por onde cada um po-
derá circular.
Winterestáentreoslíderes
do grupo 300 do Brasil, um
dos responsáveis pelas ma-
nifestações de apoio ao pre-
sidenteJairBolsonaronasúl-
timas semanas em Brasília e
de ataques a integrantes do
Congresso e do Supremo.
Ela foi presa no dia 15. Re-
cebeu duas ordens de pri-
são temporária, de cinco di-
as cada, determinadas pelo
ministro Alexandre de Mo-
raes. Sara estava no presídio
feminino da Colmeia, em ci-
dade satélite de Brasília.
A PGR (Procuradoria-Ge-
ral da República) havia pe-
dido as prisões após reunir
indícios de que o grupo vi-
nha organizando e captan-
do recursos financeiros pa-
ra ações que se enquadram
na Lei de Segurança Nacio-
nal, que define crimes con-
tra a ordem política e social.
Comoosmandadosdepri-
sãotemporáriavenciamnes-
ta quarta, a Polícia Federal
propôs as medidas alterna-
tivas. A PGR (Procuradoria
BOLSONARO SE REÚNE COM PARLAMENTARES
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tomou café
da manhã com parlamentares nesta quarta-feira;
leia mais na pág. A15 Marcos Corrêa/Divulgação Presidência
a eee
Geral da República) concor-
dou. As autoridades avali-
aram que persiste a neces-
sidade de se manter restri-
ções à atuação dos investi-
gados porque há uma apu-
ração em curso.
A decisão de Alexandre de
Moraes proíbe ainda que os
seis integrantes do 300 do
Brasil mantenham contato,
seja telefônico ou telemáti-
co, com os demais alvos do
inquéritodosatosantidemo-
cráticos, incluindo bloguei-
ros, empresários e políticos.
O objetivo das prisões era
o de ouvir os acusados e re-
unir informações de como
funciona o suposto esque-
ma criminoso.
Em depoimento à PF no
dia em que foi presa, a mili-
tantebolsonaristanegouque
ela e o seu grupo tenham ti-
do envolvimento com o lan-
çamentodefogosdeartifício
em direção do prédio do STF
no noite do dia 13 (sábado).
No dia 17, dois dias após
ser detida, a Procuradoria
da República no Distrito Fe-
deral denunciou Winter sob
a acusação dos crimes de in-
júria e ameaça, praticados
de forma continuada con-
tra Alexandre de Moraes, de
acordo com o MPF (Ministé-
rio Público Federal).
Em nota, a defesa de Win-
ter afirmou que as restrições
decirculaçãoecomunicação
impostas a ela e aos demais
são “absolutamente despro-
porcionais e desprovidas de
razoabilidade”.
“Em uma leitura simples
da decisão, percebemos que
há grave e inequívocaofensa
aoprincípiodapresunçãode
inocência, Constituição Fe-
deral, Art. 5º, LVII, onde ‘nin-
guém será considerado cul-
pado até o trânsito em julga-
do de sentença penal conde-
natória’, haja vista o seu teor
condizer a uma velada sen-
tença penal condenatória.”
Os advogados afirmaram
ainda que protocolaram na
terça (23) duas ações — uma
exceção de impedimento e
outra de suspeição— junto
ao STF para afastar Moraes
de quaisquer processos que
envolvam Winter.
“O que restauraria o devi-
do processo legal e o respei-
to ao contraditório e a am-
pla defesa”, disseram.