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INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, na maioria das sociedades, tem havido um aumento na expectativa de vida,
repercutindo num incremento do número de pessoas pertencentes a terceira idade,
principalmente nos países mais desenvolvidos como o Japão, a Suécia, os EUA e o Canadá
onde a expectativa média de vida é de 75 anos; nos países subdesenvolvidos, todavia, essa
expectativa média de vida não ultrapassa os 56 anos no Peru, 48 anos na Bolívia e 61 anos no
Brasil (Matsudo & Matsudo, 1992).
Desde 1930 ocorreram, no país, modificações nas causas de morbidade e mortalidade com a
redução da incidência de doenças infecto-contagiosas (sobretudo nas regiões sul e sudeste) e
aumento na incidência de doenças crônico - degenerativas, representadas principalmente pelas
doenças do aparelho circulatório. Historicamente as neoplasias não modificaram de modo
acentuado a sua prevalência na população (Brasil, 1995).
Por outro lado, sabe - se que o processo de envelhecimento é acompanhado por uma série de
alterações fisiológicas acorridas no organismo (Leite, 1990; Weineck, 1991; Skinner, 1991;
FederighiI, 1995; Faro Jr., Lourenço & Barros Neto, 1996a; Zogaib, Bittar & Bicarrelo, 1996),
bem como pelo surgimento de doenças crônico - degenerativas adivindas de hábitos de vida
inadequados (tabagismo, ingestão alimentar incorreta, tipo de atividade laboral, ausência de
atividade física regular, etc.).
Por esses motivos, diversos estudos nessa área tem procurado descrever os benefícios,
dificuldades e peculiaridades do condicionamento físico, visando prevenir e atenuar o declínio
funcional decorrente do processo de envelhecimento (Leite, 1990; Yazbek & Batistella, 1994;
Acsm, 1994; Federighi, 1995; Matsudo & Matsudo, 1993); outros trabalhos analisaram o risco à
saúde decorrente da participação do idoso em programas de exercícios (Weineck, 1991), ou os
critérios mínimos de aptidão cardiorrespiratória e motora para sustentar o programa sem risco à
saúde (Leite, 1990). O treinamento esportivo para os idosos, não como campo de realização de
altas performances mas como meio para manutenção e alcance da saúde, tem sido estudada
por Apell & Mota (1991); outros trabalhos procuraram enfocar a capacidade de desempenho ou
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treinamento do idoso verificando os declínios funcionais e comparando-os aos de outros
indivíduos (atletas, sedentários, pessoas jovens, etc.) (Skinner, 1991; Weineck, 1991).
Dessa forma o presente estudo buscou investigar como está indicada a prescrição de exercícios
para idosos, constante na literatura publicada entre 1986 e 1996, em língua portuguesa, sob a
forma de livros, periódicos, anais e publicações eletrônicas. Para tanto, procurou-se coletar
dados quanto aos seguintes aspectos: a)considerações para elaboração de programas de
exercícios para idosos; b)indicações dos objetivos para programa de exercícios dirigidos a esse
grupos de pessoas; c)composição da sessão de exercícios; d)cuidados e restrições quanto a
condução dos programas; e)intensidade, duração, freqüência e tipo de exercícios
recomendados.
CONSIDERAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE EXERCÍCIOS
Na elaboração de um programa de exercícios ísicos é importante ter o conhecimento específico
sobre a faixa etária em que o indivíduo está inserido e sobre as modificações que ocorrem neste
período, além de considerar também as peculiaridades individuais. Nesse sentido, diversos
autores tem procurado apontar alterações decorrentes do processo de envelhecimento, bem
como as implicações dessas alterações na elaboração e supervisão desses programas.
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3. cardiovascular - diminuição do débito cardíaco, diminuição da freqüência cardíaca, diminuição
do volume sistólico, diminuição da utilização de O2 pelos tecidos, diminuição do VO2 máximo,
aumento da pressão arterial, aumento na diferença arteriovenosa de O2, aumento da
concentração de ácido láctico, aumento no débito de O2, menor capacidade de adaptação e
recuperação do exercício;
4. pulmonar - diminuição da capacidade vital, aumento do volume residual, aumento do espaço
morto anatômico, aumento da ventilação durante o exercício, menor mobilidade da parede
torácica, diminuição da capacidade de difusão pulmonar O2;
5. neural - diminuição no número e tamanho dos neurônios, diminuição na velocidade de
condução nervosa, aumento do tecido conectivo nos neurônios, menor tempo de reação, menor
velocidade de movimento, diminuição no fluxo sangüíneo cerebral;
6. outros - diminuição da agilidade, diminuição da coordenação, diminuição do equilíbrio,
diminuição da flexibilidade, diminuição da mobilidade articular, aumento na rigidez de cartilagem,
tendões e ligamentos.
Em face desses aspectos, antes de iniciar qualquer tipo de exercício, considera-se importante
que o idoso seja submetido a uma avaliação médica cuidadosa, constando preferencialmente de
um teste de esforço para prescrição do programa, quanto a essa recomendação é importante
levar em conta alguns critérios que deverão influenciar a seleção do protocolo e servem,
também, para ilustrar algumas das importantes restrições impostas pelo envelhecimento quanto
a realização de exercícios: a diminuição do VO2 máximo pode requerer que se opte por um teste
de baixa e moderada intensidade e maior duração, isso se deve também a um maior tempo
requerido para que se alcance o stead - state; usar maior período de aquecimento e pequenos
incrementos nas cargas ou incremento em intervalos de tempo maior; em função da maior
fadigabilidade deve ser diminuída a duração total do teste; a diminuição dos níveis de equilíbrio
e força indica o uso prioritário da bicicleta (ergômetro); a redução na coordenação muscular
exige, muitas vezes, a realização de mais de um teste até que se chegue a um resultado
confiável; outros fatores como o uso de dentaduras, a diminuição da acuidade visual e auditiva,
devem ser também considerados (Matsudo & Matsudo, 1993).
A partir do reconhecimento desses fatores é possível compreender que o idoso é relativamente
mais fraco, mais lento e menos potente; verificando-se com o avanço da idade uma redução no
desempenho que requer regulação do sistema nervoso, como no caso do equilíbrio e do tempo
de reação (Skinner, 1991).
OBJETIVOS DO PROGRAMA DE EXERCÍCIOS DIRIGIDOS A IDOSOS:
Existe um consenso, entre os autores, que os objetivos de um programa de exercícios devem
estar diretamente relacionados com as modificações mais importantes e que são decorrentes do
processo de envelhecimento. Desse modo, um programa de exercícios para idosos deve estar
direcionado: a)ao melhoramento da flexibilidade, força, coordenação e velocidade; b)elevação
dos níveis de resistência, com vistas a redução das restrições no rendimento pessoal para
realização de atividades cotidianas; c)manutenção da gordura corporal em proporções
aceitáveis. Esses aspectos irão influenciar na melhoria da qualidade de vida (Matsudo &
Matsudo, 1992;Apell & Mota, 1991; Marques, 1996) e poderão atenuar os efeitos da diminuição
do nível de aptidão física na realização de atividades diárias e na manutenção de um maior grau
de independência (Marques, 1996).
O programa de exercícios para idosos deve proporcionar benefícios em relação as capacidades
motoras que apoiam a realização das atividades da vida diária, melhorando a capacidade de
trabalho e lazer e alterando a taxa de declínio do estado funcional (Marques, 1996; Faro Jr.,
Lourenço & Barros Neto, 1996c; ACSM, 1994).
Segundo Yazbeck & Batistella (1994) o programa de exercícios terá como objetivo a melhoria do
condicionamento físico, diminuição do risco cardiovascular e melhoria da qualidade de vida.
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COMPOSIÇÃO DO PROGRAMA DE EXERCÍCIOS
Segundo Weineck (1991) e Acms (1994) devem estar incluídos em um programa de exercícios
para idosos o treino da força muscular, da mobilidade articular e da resistência; a preocupação
quanto a essas variáveis se deve a notável diminuição da força muscular após os 60 anos de
idade (Phillips & Haskel apud Marques, 1996), do mesmo modo, a flexibilidade e a resistência
diminuem com a idade, sabe-se, porém, que esta perda é maior quando os indivíduos não fazem
qualquer atividade física. Desse modo, mesmo que se verifique uma redução da capacidade de
trabalho com o avanço da idade, a atividade física e o treino podem contrabalançar estas
alterações já mencionadas (Marques, 1996).
RESTRIÇÕES CUIDADOS
Altas intensidades de exercicios ( MARQUES, 1966; MATSUDO & MATSUDO, 1993; FARO
JÚNIOR, LOURENÇO & BARROS NETO, 1996c) Não ultrapassar a amplitude máxima dos
movimentos ( MARQUES,1966 )
Solicitação do sistema anaeróbico deve ser evitada ( MARQUES,1966, LEITE, 1990; FARO
JÚNIOR, LOURENÇO & BARROS NETO, 1996c) Não prolongar exercícios na presença de dor
( MARQUES,1966 )
Exercicios isométricos ( MARQUES,1966, LEITE, 1990; FARO JÚNIOR, LOURENÇO &
BARROS NETO, 1996c) Uso de medicamentos ( YAZBECK & BATISTELLA,1994 )
Movimentos Rápidos e bruscos ( MATSUDO & MATSUDO, 1992) Não levar a exaustão (
MATSUDO & MATSUDO, 1992)
Os movimentos podem ser realizados com extensão completa, mas a amplitude máxima de uma
articulação não deve ser ultrapassada, pois os movimentos de hiper extensão afetam a
estabilidade das articulações e podem ter como conseqüência, danos e dores mais ou menos
permanentes (Marques, 1996).
Segundo Yazbeck & Batistella (1994) e Matsudo & Matsudo (1992), as atividades esportivas
devem ser realizadas em temperaturas amenas, nunca em condições climáticas extremas de frio
e calor. Outro aspecto importante a ser observado é a utilização de medicamentos, que pode
produzir no organismo efeitos indesejáveis durante a realização de esforços físicos Marques
(1996).
Foi possível observar que alguns autores, ao abordar os cuidados e restrições relativos a
elaboração de programas de exercícios para idosos, não mencionam os motivos ou a base
teórica que apoia a sua proposição, apontando apenas um breve comentário sobre o assunto.
Com relação ao tipo de exercício físico, existe um consenso de que a melhor opção esta nos
exercícios dinâmicos, de predominância aeróbia, em função dos benefícios que se pode obter ao
nível da aptidão cardiorrespiratória, força e resistência muscular, com menor sobrecarga sobre o
músculo cardíaco (Marques, 1996), do mesmo modo, acredita-se que uma freqüência de 3
sessões semanais parece ser aceitável. Ao compararmos as indicações acerca da duração e
intensidade para o programa de exercícios, observou-se uma diversidade muito grande nas
recomendações constantes das publicações consultadas (ver a quadro 02). QUADRO 2 -
Intensidade e duração para exercicios físicos, indicada por diversos autores:
Para Matsudo & Matsudo (1992) a intensidade do esforço físico deverá corresponder a uma
fração de 50 a 74 % do VO2 máximo ou da freqüência cardíaca máxima; uma escala visando a
determinação da percepção subjetiva de esforço pode ser um recurso bastante útil na
verificação da intensidade dos exercícios, recomenda-se adotar níveis entre 12-13 da escala
proposta por Gunnar Borg que varia de 6 a 20. Um outro assunto que merece destaque diz
respeito a estratégia empregada para estimativa da freqüência cardíaca máxima, quanto a esse
aspecto Weineck (1991) sugere que, em programas dirigidos a iniciantes idosos, possa ser
utilizada a seguinte estratégia: FCM = 180 - idade (anos).
FIGURA 01 - Duração das sessões de exercicios fisicos para a 3a idade, variações nas
recomendações constantes de algumas publicações.
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MINUTOS
. 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
MÍNIMO . ------------------ ------------------ ------------------- --------- . . .
MÁXIMO . . ------------------ ------------------- ----------------- ------------------ -------------- ---------
CONCLUSÕES
Não foram verificadas divergências quanto ao tipo e freqüência semanal, contudo, observou-se
grandes variações na indicação da duração e intensidade recomendados em programas de
exercícios dirigidos para idosos.
Existiu uma abordagem diversificada quanto ao modo de progressão dos exercícios, além de
existirem poucas referências na literatura a respeito das atividades visando desenvolvimento da
força muscular e flexibilidade.
Em face do exposto, sugere-se realizar outros estudos procurando definir com maior precisão:
a)parâmetros para prescrição de exercícios dirigidos a idosos;
b)disposição seqüencial adequada para os componentes de um programa de exercícios físicos;
c)modo de progressão adequado em programas desenvolvidos com idosos.
REFERÊNCIAS Bibliográficas
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46, 1991
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