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fHol. t . Domingo 21 òt CDutubro òt 1849. tt..'}. |


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O AMOR-PERFEITO
J0R1VAL CRITICO JOCOSO EIXSTRUCTIVO.

DUAS PALAVRAS AO ARTISTA. jornal ao frágil baixei, que sulca o


mar procelloso da imprensa; mas
,AL pensávamos que havia- esperávamos que nào houvesse hoje
mos de dar ao Artista tanto uma inquisição tào forte, que nos
•incommodo com a nossa ap- compellisse á fogueira. Além d'isso,
parição; mal pensávamos que o nos- estávamos no Rio de .Janeiro, longe
so mesquinho—prólogo— havia de do domínio dos O J " Padres. «£TJ
excitar a sua bilis, a derramar sobre Ainda mais; dá-nos licença para
nós o fel sarcástico; mal pensava- que digamos alguma cousa —a res-
mos quo lhe causaria tamanha irri- peito das botas de Napoleão, do cha-
tação o pobre artigo acerca do thea- pco de Henrique I III, da cabcllcira
tro, que nada mais foi do que a de Ganganelle, de Phebo, Phacton-
exhibição de um facto mais ou me- te,etc., etc. Tudo o mais lhe perten-
nos colorido, um d'esses enredos, ce, por exclusivo privilegio!!!...
que se nutrem nos bastidores thca- Após estas bcllczas, felicita o di-
traes, e que nunca deixam de per- rector, e mais súcia, que elle conhe-
tencer ao domínio do público. ce, lá do theatro pela appariçào do
Mas a sublimada sapiência do nosso periódico.
contemporâneo, tocando a meta, e Ora nào ha duvida que o AMOR-
tomando, como deve, para si o cx- PI-RFEITO foi bastante indiscreto.—
clusivismo, nao consente que nin- Sahir á luz, fallar sobre o theatro,
guém lhe vedo a senda, e muito me- sem que primeiro houvesse de pedir
nos que se aventure a seguil-o, posto venia ao Artista ?! ao único homem
que de longe e com tardo passo. que sabe escrever, ao Poeta por cx-
O nosso modesto prólogo foi obsc- ccllencia, ao varão prestimoso, que
quiado com estas animadoras pala-so tem licença para tratar sobre o
vras — Que prólogo!... Aqtiillo è que theatro?! ao ente, cujos princípios
c escrever!... Commettemos e ver- tão rígidos, e cuja moral tão subli-
dade um grande crime em dizer que mada só em taes assumptos podem
—o nome era uma voz com que se dar-lhe direito a decidir ex-cathe-
davam a conhecer as cousas, e muito dra ?!
maior, porque comparamos o nosso E' por certo mais do que arrojo, e

X0H91 mmm
<E> 3mor4)rrfctto.
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demasiada vaidade!.... Em tempo cher-se com os seus — roga-se, alu-


algum devia o AMOB-PERFEITO tocar, ga-se, precisa-se, etc.,efaa bem.... fi
nem levemente, n'esse thesouroTcv}0 O Mercantil, por este lado, »'• mais
exclusivo patrimônio pertencia ao pobre, porém sempre rico cm pole-
Artista. Elle sim, homem experi- mica, linguagem e estylo, menos
mentado,— ARTISTA exímio, pôde nos folhetins que affogam os leitores
e deve francamente decretar sobre o entre vagalhòes de sensaboria.
theatro; fallar com toda a convicção O Liberal e Correio da Tarde con-
t|iic soe outorgar a — sà verdade, e tinuam empregando todas as forças
uma consciência pura; porque o para sustentarem o numero de seus
— ARTISTA N Ao SE X I:MM. ! ! ! — assignantes: isto torna-se muito lou-
Afrontando porém todos os furo- vável, por ser a conservação direito
res e satyras do contemporâneo, e natural que se torna inviolável, e é
de outros, continuaremos em nossa garantido pela lei de todos os códi-
encetada empreza, desprezando po- gos conhecidos.
lemicas, que nada servem para o Da Marmota nada podemos dizer
nosso fito, e muito menos incensan- alem do que ella expende cm seus
do ou deprimindo injustamente fal- annuncios:—Marmota! Marmota!
sas ou verdadeiras divindades, com o Marmota ! O que corresponde a —
unieo fim de attingir ao ponto de Bichas ! Bichas!! Bichas!!! —Que
sórdido ou mui legitimo interesse. pechincha ! —Vamos á rua de tal a
Eftas mal traçadas linhas sirvam correr.... mesmo deitando os bofes
de resposta ao illustrado Artista, a pela bocea fora!.... Ahi ha objectos
quem nem de leve nos aceusa a preciosos par bon marche !
consciência de haver offendido, e do O Artista esse — quis taliae fandi
qual nào merecíamos, e nem espevflttempere etlacrimis— sabe latim! —
vaiiios a acrimoniosa e mordaz O seu mister ó nobre: trata só do
sat\ra. com que se dignou brin- dó, ré, mim,— e de um mysterioso
dar-nos amor de charada ! — declarando com
um chiste inqualificável e com uma
pilhéria engraçadissiraa : — O Artis-
ta nunca dá explicação de suas chara-
R E V I S T A O A SEMANA. das^....—Prosiga no seu propósi-
t o — não nos diga nada.... não.... e
TÉ hoje nada tem appareci- persuada-se que, em paga do seu si-
do nos jornaes d'esta corte gilo, ha de obter uma boa grinalda
que mereça extractar-secom composta de botelhas de Salsaparri-
•utilidade para os leitores do Iha de Sands, e Xaroqe do Bosqae.
AMOR-PERFEITO. O Jornal do Com- Não gostámos da caricatura—e
mercio, apezar do seu tamanho e lar- com a devida venia diremos—que
gura, contenta-se e continua a en- quando nos não apparecesse o crií
imm
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do, que devia ser o J.... ao menos o ttsta, a quem se paga com escasso
camarão devia estar alçado sobre o prêmio o serviço, que elle muitas
fíafeiro: c a Dulcinca, com desprezo vezes presta á sociedade em cada ba-
dos latidos, recebendo o Jornal, e ga de suor que derrama.— iVeste
entregando — un petit bilhet doux — ponto descançamos não nos empre-
cuidadosamente perfumado em ex- zarios, mas sim na dignidade sem-
trail de miei para o redactor!... pre illcza das authoridades compe-
No theatro nào tem oceorrido se- tentes.
não o costumado: a S r / Ida con- Quanto á Revista Theatral, apenas
tinua a gaguejar,—expressão de um diremos que o desforço é sempre
velhote da geral — que não podendojusto, é muito nobre, e se torna
dizer trinado gorgeio ou som mágicosempre muito necessário quando se
—disse gaguejar, e lavrou três ten- tem de moralisar e satisfazer ú so-
tos; porque elle, a nosso vêr, joga a ciedade e ao público; mas é sem-
partida com o Artista, e o A... Vere- pre muito torpe quando, apresen-
mos quem ganha. tando esse montão de verdades a
O Sr. Costa lá vai fazendo o que que quiz chamar verdadeiras, a Be-
pôde; o Sr. Brunaci do mesmo mo- vista Theatral, desce á baixeza de
do, c assim por diante. O theatro de — gritar ás armas—em uni tempo
S. Pedro d'Alcântara e um completo de tanta tranquillidade e de uma paz
museu de numismatica. Ascoristas tão completa ! Isto quer dizer que
parecem moedas dos reis Macedo- o autor do tal — Artigo Nacional—
nios; as bailarinnsjtem certo geito by- nos não pôde dizer muitas verdades,
sanlino, que nol as faz crer contem- sem as entremear de palavras que
porâneas dos jogos do Hipprodomo. lhe sejam inteiramente oppostas.
Sobre este montão d^anciens Sa- Terminamos pois, reconhecendo
voyards vai proceder-se á reforma: que mais não devemos alongar os
chamamos n'esta reforma a atten- nossos raciocínios porque ser
çtío das authoridades, —primo, por metter fouce era ceara alheia, sei
que os contractos se acham assigna- comtudo deixarmos de confessar
dos por quem os não pôde garantir; que hemos medo da catastrophc do
secundo, porque não é só por meio tal grito, porque tememos que a
de uma escriptura que um homem Sr/ Ida, cedendo ao espirito do sé-
estranho lhes assigna que os canto- culo e desprezando mesmo os jor-
res se decidem a vir para longes ter- naes Austríacos, e a derrota dos
ras, mas sim pela confiança e res- Húngaros nos venha fazer gelar de
peito que mereça o paiz na expres- susto, querendo imitar os altos fei-
são geral do estrangeiro;—tertio, tos de certa heroina portugueza.
porque as authoridades não consen- O MONTANHEZ.
tem fraudes, e muito mais quando

m cilas vão reeahir sobre o infeliz Ar-


4 CD 2lmor-#crfftto.
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OS ESPECULADORES. agora ás outras; mas, antes disso, cum-

m tSTií mundo é um aggrcgado de espe-


culações.
N.to duvidamos entretanto que haja al-
guém tão pretencioso, ou falto das lições
pre-nos revelar um dialogo, que ouvimos.
— !Não tens de que viver?....
— Estou desempregado....
— Foste despedido, por não poderes
supporlar o desarrazoado patrão?...
da Y°ida liumana, que se abalance a contes-
— Assim foi. Esses homens são hoje —
tar esta verdade ; porém jamais o conse-
uns reis pequenos; — e julgam que nin-
guirá, máu grado empregue todos os recur-
guém mais lhes pôde subtrair o exclusivo.
sos da melhapbysira, a mais intrincada, e
— Isso não é nada; nem vale a pena de
ouse forçar a lógica até os últimos limites.
Kis aqui uma these : oecupar-se com taes misérias, o pensamen-
to por um instante.
— Uni ente deve viver.
— Mas, estou desarranjado....
— Para viver, é mister oceorrer ás ne-
— Põe uma fabrica de charutos.
cessidades da vida.
— Não tenho fundos e muito menos cre-
— Ora, para o conseguir, lia muitos
dito.
meios, uns difliceis e trabalhosos, e oulros
— Faz-te corretor de algum fabricante. •
brandos e moderados.
— Isso é mais fácil, porém não chegam S
— De qual d'elles se deve lançar mão de
os ganhos para a satisfarão dos.'vicio», de '
preferencia ?
que me apoderei, quando tinha franca a ga-
— Parece razoável que deve empregar-
veta do patrão.
se os meios menos árduos, e mais profícuos;
com tonto que satisfaçam o disideratum, — Arvora-te mascate volante; diz que
que se procura. desembarcaste ha pouco de bordo, e que
A necessidade, quasi sempre, fúrça a passaste as fazendas, que vendes — tão ba-
imaginação, desenvolve recursos e desco- rato, por contrabando.
bre os meios pelos quaes possa ser satis- — Não acho máu o conselho; porém é
feita. A prova d'esta asserção, vemos nós muito incómmodo andar a estender as per-
todos os dias n'esta boa e nobre capital. nas por essas ruas.
Entremos em matéria. — Ah! quere3 somente gozar o frueto,
Qual o desejo hoje dos nossos moços, sem que te sujeites ao trabalho?—Não está
apenas saindo dos bancos, onde cursaram máu.... mas julgo que o não poderás con-
os primeiros estudos, e ainda muito próxi- seguir por muito tempo.
mos ás faixas da infância? — Não é tanto pelo trabalho.... é tam-
Uma caria de bacharel em direito ou em bém porque acho seus inconvenientes no
medicina. conselho.
E quando, por qualquer circumsíancia, — E quaes são elles?
(em a qual tem grande parte o bom di- — Em primeiro Jogar, os Guardas, Fis-
nheiro ! ) não podem satisfazer sua vonta-
caes, Vigias e todo esse enorme batalhão
de, eil-os que mudam de rumo eis que
de exactores, que por ahi anda, sob varia-
se lhes apresenta um campo vasto,—.a car-da nomenclatura, são de tal sorte vigilan- £_,
reira dé tnijii e^ailo publico,— que, apezar
tes, que não deixam um — pobre diabo— j j »
de ler seus pujes e precalços, também traz
pôr pés em ramo verde. Haja vista o que | ^ j
coras Zo seu bocado de máu caminho. estão praticando com os pobres pretinlio»
Ate aqui tratamos de uma classe; vamos de — ceslo e corda,— e com aquelles que
CD 2ln)or-flerfeito. õ
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vão pacificamente a serviço de seus Srs., — E t|nem é — essa gente? — Não me


muito antes das horas de recolher. forces tanto a paciência explica-te....
— Isso agora parece razoável. Mas qual senão adeus ...
«•' o segundo obstáculo, que encontras? — Ora, não dês cavaco
— Eu te digo. Nem sempre os fregue- — Mas enlão falia.
zcs estão pelas nossas canlilenas; cquando — São massas heterogenias... são COIIUK,
algum se embala com taes lamúrias, não pela maior parle— são matérias brutas.
trata tle comprar-nos mais cousa alguma, — Pião te julgava tão enigmático; e por
assim que conhece o tremendo logro que isso não quero mais acrisolar a paciência...
lhe pregamos. — Deploro a tua innocencia
— Isso tem bom remédio. — E eu me felicito por fruil-a....
— Equolé? — Olha que a innocencia, ás vezes, é
— Trata verdade, e sé homem honrado. o caminho mais certo para chegar-se ao
— Isso não é possível. vicio.
— E por que motivo? — Cada vez le entendo menos; e como
— Porque então deixaria o campo livre estás agora philosoph.indo, adeus
aos velhacos. — Então, não queres mais explicações,
— N'esse caso emprega-te n'uma casa de nem dar-me conselhos?...
vigésimos. — Nada, natla : vejo que não precisas
— Estás louco, amigo ? ! d'elles.
— Pois é tamanho disparate o que acabo — Pois bem : ouve sempre uma peque-
de aconselhar-te? ! na explicação.
— Disparate n ã o ; mas tem seus con- — Vamos a ella ; mas sem rodeios.
formes. — Pois te persuades que, com 8o reis de
— E quaes são elles? .'(00 ou 600 vigésimos, quando muito, se
— Ha mais diflkuldade em ser hoje ad- pagam casas, caixeiros, gasta-se á Ia grande
millido a uma casa de vender vigésimos, e se enriquece em pouco tempo?!...
do que a ser empregado em uma — repar- — Que diabo de enigma c esse? Estás
tição pública. mangando comigo....
— E qual é a razão d'isso ? — Está bom, amigo ; mudemos de con-
— Não sei; mas contar-te-Lei o que te- versa. Em outra occasião te darei mais am-
nho podido colligir. plas explicações. Vamos agora tratar dos
— Terei n'isso muita satisfação. casamentos.
— A venda de vigésimos é hoje uma — — Basta, basta já assás ine fizeste a
maçoneria impenetrável;—e supponho que cabeça andar á roda....
quem deseja pertencer-lhe tem de passar — Então, adeus alé outra -vez.
por provas horríveis.
E por esle modo separaram-se os ami-
— Oh! meu Deus! Que estás dizen-
-ij do?!.... gos; mas não perdemos de todo a esperan-
ça de darmos ao piélo a continuação dos
Jl] — Nada mais do que uma verdade.
ESPVCl'1 ADOr.FS.
M — Explica-te.
V^^j — O negocio de vigésimos c uni dos mais
%ü|Ül mysteriosos que existem: basta saber a
tSí—5 gente com quem, pela maior parte, tem de •*-& - r
mmmÊmm
CD 2lmor $f rfeito.
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cavalheiros, cada qual mais solicito cm pio-


O BAILE. digaluar-lhe attenções.... ridículas ollen-
ções que cm ligor, não valem um olhor;
A alguns annos, ouvi uma moça di- porém, não sobe ella que um riso seu é
zer que o baile era — um céu aber- muitas vezes mais perigoso do tpie todas os
t o — ; hoje, ella mesma sustenta que é — respostas que necessárias pareçam ás innu-
um inferno fechado ! — Não querendo sup- meras questões que o pedantismo traz sem-
pôr que seja a falta ou sobra do gosto, nem pre estudadas ? ignora que, cetlendo aos
tão pouco a inconstância com que as mas caprichos de improvisado cavalheirismo,
linguas brindam o sexo feminino, a causa submelte-se a um exame presidido pela
de opinião tão opposta, inclino-me á crer malcdicencia ? quem sabe ? ! Mas impos-
que uma e outra tem seu cabimento con- sível lhe é desconhecer a dilTereuça que ha
forme as circumstancias. no travar-se-lhe da mão: o homem que
O baile civilisa, instiue e recreia, d i - ama é gelo ou fogo, e sofTre de febre ou
zem estes ; o baile desmoralisa, deslustra e calafrio, quando sente a ligeira pressão dos
enfada, acerescentam aquelles: no baile, dedos da mulher amada; aquelle que a
adquirem-se amizades e relações, trata-se suppõe um passatempo, um desenfado para
com u Fociedade c conhece-se o inundo, a sua vida de conquistador imaginário, é
aflirmam os rapazes ; no baile, bradam os todo banalidade ou eslupidez, e muitas ve- J,
velhos, perde-se o pundonor c o brio, es- zes indiffercnlismo ou grosseria.
tabelece-se o contacto com a pouca ver-
:onha e desconhecem-se os deveres so- Si a nossa sociedade estivesse constituída
ciaes!.... Ora, ou eu não os entendo, ou debaixo das mesmas proporções que mui-
me faliam verdade: que uma cousa tas outras, si os deveres á ella prescriptos
pôde e não pôde ser ao mesmo tempo, nin- fossem cumpridos em toda a sua extensão, >
guém será capaz de sustentar, e d'ahi parte pouco me custaria o sacrifício de que faço
o meu principio de ju'gar o baile um céu alarde; porém, entre nós, ainda a civilisa-
ou um inferno, segundo a maneira de en- ção debate-se com os infamantes princípios
caral-o e nunca geralmente. da devassidão; o homem licencioso e liber-
Desde já declaro-me contra o baile do tino ainda não foi excluído do recinto que
nosso paiz : foi ahi que perdi a minha li- só compete ao honesto, em razão de dar-
berdade, foi d'ahi que comecei á ai rasiar mos por ora importância aos effeitos e não
os ferros da minha escravidão ; porém não ás causas.
é este o principal motivo da minha queixa; Uma mãi, ciosa da educação de sua fi -
ao contrario, capacitado estou de ser o me- lha, crendo como outros que o baile ins-
nor e o que eu mais preso. Zeloso como true, ao mesmo ^empo que recreia, para
um Beduino, apaixonado como o Mouro lá guia seus passos e trata de cultivar-lhe o
de Veneza, não posso resistir ao desespero espirito nas doutrinas dos salões; um pai,
que de mim se apossa quando a vejo pelo deleixado no extravaganciar de seu filho,
braço de outro á percorrer os salões e sor- julgando também como outros que no baile
rindo ás suas palavras sem expressão, ás adquirem-se relações e amizades, corre um
suas plirases banaes e lisonjeiras que mil véu por sobre as despezas á que o louco se
vezes têetn sido empregadas n'aquella mes- entrega, e anima-o na carreira da ociosida-
ma noile. d e ; uma moça, educada debaixo de princí-
Concordo que a mulher não deve ser pios, suppondo o baile um céu aberto, pre-
ima estatua quando collocada entre dois cipita-se ao encontro dos prazeres inces-
CD &mov-<)}trU\to. 7
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santrs <• sempre novos que agradam ao es- significação elles ignoram por se aebar fora
pirito, mas que faliam ao coração uma lin- do seu elemento.
guagem diversa da que ella alé nlão ouvi- L é por essa razão que a sociedade geme
ra ; um inanceho, entregue á si mesmo sob o peso do immoral: o baile não tem a
desde a mais tenra idade, acreditando ver forma que it- lhe perlendeu dar na SIM crea-
no baile a morada da orgia, accommelte ção : é—um inferno fechado—, porque to-
com as armas da estupidez a vaidade da da» :is suas portas acham-se guarnecidas
mulher : lisonjeirn, prodigalisa-lhe um sem pelo que ha de mais asqueroso e degradan-
numero de termos escolhidos, porém de te : a ociosidade e a infâmia.
ordinário sem nexo, fal- a corar á princi-
pio, mas tem certeza de que mais tarde es- C. Ros.
tarão de accordo: á esta classe pertence o
galardão de transformar o baile em inferno
fechado.
E d'ahi nasce o grande embaraço de es-
tabelecer-se uma reunião sem mescla : o
POESIA.
homem é ávido em adquirir renome, qual-
quci que elle seja ; a mulher é por demais
fraca em d-ixar-se incensar, qualquer que VI-A... E AMEI-A!...
seja o lliurihulo que o faça.
0 baile perde para mim todo o effcilo, Os olhos da minha bella
toda a belleza, desde que a sociabilidade São negros e são v iv ates ;
degenera em liberdade, em licença. Sendo Dão assim doce expressão
i sua origem destinada á bòa organisação A s suas mimosas faces.
de uma sociedade que, por assim dizer, for-
me unia só família, impossível lhe é prospe- Quaes são seus olhos são negros
rar cmquanlo se apresentarem em campo Os seus cabellos lambem;
opiniões e mesmo acções Iam heterogêneas. Com tal composto, mnU graça
—A innocencia é ahi posta cm hasta; con- 0 seu semblante contem.
t-tirrein a infâmia, a baixeza, a miséria, para
d'ella assenhorearem-se, e então honin, A sua tez não é alva,
reputação, dignidade, étudoatassalhado no Mas tle còr morena e linda ;
circulo dosociosos, dos jogadores, dos bai- Sua bocea é breve, em rosto
larinos de nossos dias. Longe de mim a De belleza assa/, infiuda.
idéia de equiparar todos os inancebos que
freqüentam salões; seria uma injustiça tan-
to mais digna de censura, quanto mais li- A expressão de seus olhos
mitado é o alcance da minha proposição. E' lão doce, é lão fagueira,
Ate agora não me tenho referido, e nunca Que de amores mata logo
me refeiirci, sempre que houver de arran- Cuma forca feiticeira !...
car mascaras.Jsinão á essa alluviã» tle semi-
vagabnndos que não faliam, não comem, E eu morri apenas vi
não dormem sinão ao som de contradanças O seu todo tão perfeito...
e valsas, e que despertam pronunciando ri- Eu senti ao vèl-a assim
dículas declarações de sentimentos, cuja Uni volcão dentro em roeu peito!.
8 CD Stmor-fJcrfrito.
•Y\XXYXYYYYUYIYa\Y\Y\lYYYYYmYXXXYYXYXXXX'*YYY\Y\Y\XJYY\VY(Y(YVVYIXIX\mX\XJYY'XIVVVXYYYYYY»l

Senti que só adoral-a Minha primaira e segunda


Desejou meu coração, Nos sapatos são achadas;
Até mesmo nos ourives,
Que elevado captivou-se E nos brazões encontrados.
De tão rara perfeição.
Mas a segunda c primeira
E... adorei-a !... seus olhos Bem mostra caverna ou cova;
Voltaram-se enlão p'ra mim ! Também que 6 nome de santa
N'um mudo volver disseram Facilmente isso se prova.
— Eu lambem te adoro assim....
A terceira com a quarta
E' apropriado ensejo
Foi d'est'arte em nós nascido Em que alguns animaet
Tào casto, lão puro amor... Mitigão vital desejo.
Cresceu e com elle eu acho
Na minha vida doçòr. Se a estas terceira e quarta
Inda um O antepozeres,
Que é falta de oecupação
Seus aíTectos, seus extremos, Concordarás se quizeres.
Cheios todos de candura,
Foram p'ra minha existência A quarta com a primeira
A mais completa ventura. Certa vestidura é,
Fr.oni.YNO ALVES DA COSTA.
Em muitas corporações
Um accessorio da fé. É
E nem só em certos dias
LOGOGR1PHO. Percorro toda a cidade,
Como em própria occasião
A minha primeira só Me verás em quantidade.
Designa-se certo instrumento
A cujo trabalho dão Finalmente, o todo meu
Bem grande aproveitamento. Existe nas grandes cortes,
Os monarchas me possuem,
Porém se então me dobrares E homens de grande portes.
Verás sem nenhuma falta F. A. DA COSTA.
Que mostro com tal juneção
Dignidade mui alta.

Ei ainda as duas juntas


(Muda em O o A segundo)
Me acharas cm qualquer ave
Que vires por este mundo.
Nas Igrejas se me encontra — 4
E em toda e qualquer parte —1
Para que seja perfeito
1
Precisa de ter muita arte.
Inda ás duas se quireres .•^•••«•••.•«•••»»«>i.>,í.í.íá> ííímí
O A primeiro em O trocar,
Sem muito custo me vês A explicação das charadas
Dos navios n'um logar.
do n.° antecedente éi — 1/
Mrsmo se á minha primeira Capoeira — 2." Jararaca.
Um D quizeres juntar,
Em bem diversos misteres Typ. CLÁSSICA de F. A. de Almeida
Me deres certo encontrar. rua da Valia, 141.






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