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Universidade Federal de Lavras

GZO112 - Melhoramento Genético Aplicado à Produção


Animal

Cruzamento

Diana Carla Fernandes Oliveira


Doutoranda em Genética e Melhoramento Animal

Lavras, 2019
Recursos genéticos

• Ferramentas do melhoramento

São duas ferramentas disponíveis para promover o melhoramento


genético de qualquer espécie:

Seleção

Acasalamento Cruzamento
Acasalamento x Cruzamento

Acasalamento: Troca de gametas que resulta em concepção, gestação e


nascimento de filhos

Cruzamento: consiste no acasalamento de indivíduos de espécie, raça


ou linhagens diferentes

TODO CRUZAMENTO É UM ACASALAMENTO, MAS NEM TODO


ACASALAMENTO É UM CRUZAMENTO
Cruzamento
• Finalidades

✓ Utilizar dos benefícios do aumento de vigor dos animais cruzados


(heterose)

✓ Usar da “complementariedade” das raças no sistema de produção


(equilibrar pontos fortes e fracos)
Cruzamento - Finalidades

• Formação de novas raças e compostos

• Flexibilidade aos sistemas de produção


Comparação entre cachara Pseudoplatystoma punctifer e o híbrido “pintado da amazônia”
produzido com Leiarius marmoratus (Jundiá da amazônia). Em destaque o tamanho da
cabeça reduzido do híbrido. Obs: Exemplares com aproximadamente 700- 800g.
Heterose

• Definido como sendo a diferença entre a média dos indivíduos oriundos


do cruzamento, os cruzados, e a média dos pais

• Efeito proveniente de ação genética não-aditiva – interações alélicas e/ou


gênicas

CONCEITOS/ASPECTOS IMPORTANTES

• Distância genética entre as raças utilizadas (% heterozigose)

• Classe da característica
Heterose
Heterose

• Causas da heterose:

É causada pela heterozigose envolvendo ação gênica não aditiva (dominância,


sobredominância e epistasia

• DOMINÂNCIA : “os alelos dominantes têm efeitos favoráveis no vigor,


enquanto os alelos recessivos fazem, em geral, com que indivíduos
homozigotos sejam menos vigorosos”

• Exemplo: AAbb X aaBB = F1 AaBb


Heterose

SOBREDOMINÂNCIA : O maior valor adaptativo dos cruzados, em relação aos


puros, cada um dos alelos tem função diferente, ocorrendo no heterozigoto
a soma das ações dos alelos divergentes”
• O heterozigoto (Aa) é superior a qualquer dos homozigotos (AA ou aa)

• EPISTASIA : supõe-se que haja interação de alelos de diferentes locos. Um


alelo de um loco junto com outro de loco diferente resultaria em efeito
mais favorável.

• Devido à complexidade dos tipos de interação possíveis entre os genes de


locos diferentes, é difícil avaliar o efeito da epistasia sobre a Heterose.
Causas genéticas da heterose

DOMINÂNCIA :
Valor genotípico
A
b A AA = 2
c b bb = 3 F1
D c cc = 5
D DD = 8
VG = 18
Variedade X
=
Valor genotípico
a AaBbCcDd = 20
a aa = 1
B
B BB = 4
C
C CC = 6
d
d dd = 7
Variedade Y VG = 18
Heterose

• Consequências:
✓ Diminui a homozigose- aumenta a heteroze dos animais mestiços em
relação à heterozigose média da população

A heterozigose é a probabilidade dos alelos do mesmo locus


terem vindo de raças diferentes. O aumento da heretozigose não
implica diretamente em aumento da heterose.

✓ Dificulta a detecção de genes deletérios recessivos

✓ Aumenta a uniformidade de F1
Tipos de heterose

• Individual- aumento de performance em um animal individualmente em


relação a média dos pais, que não têm relação com efeitos maternos,
paternos ou ligados ao sexo

• Materna- heterose na população atribuível a utilização de fêmeas


cruzadas ao invés de puras

• Paterna- qualquer vantagem utilizando reprodutores cruzados ao invés de


puros sobre a performance da progênie
Nível de Heterose
• Conceito estatístico que mede a probabilidade de que os genes do mesmo
par de alelos provenham de raças distintas

• Ex:
• P1= 20 H= (24 – 17,5) / 17,5
H= 0,37
• P2= 15
• F1= 24
H= 37%
HABILIDADE COMBINATÓRIA OU CAPACIDADE DE
COMBINAÇÃO

“Denomina-se capacidade combinante a habilidade de combinação genética


entre linhagens”.

“Propriedade das linhagens acasaladas fornecerem bons produtos”.


“Quando uma linhagem é acasalada com várias outras e produz com todas
bons resultados diz-se que a capacidade de combinação é geral”
(aditividade).

“Quando uma linhagem é acasalada com várias outras e produz bons


resultados somente com uma ou com poucas, diz-se que a capacidade de
combinação é específica” (não aditividade).

VG(AB) = CCG(A) + CCG(B) + CCE(AB)


HETEROSE EM CARACTERÍSTICAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA EM
ESPÉCIES DOMÉSTICAS

• A maioria das características de importância econômica nos animais


domésticos é quantitativa e apresenta baixa a média herdabilidade
(aditividade).

• Baixa herdabilidade – maior proporção de genes de ação não aditiva


(dominância, sobredominância e epistasia).

• Baixa herdabilidade – maior grau de heterose e melhor resposta ao


cruzamento.
G=A+D+I
Assim, P = A + D + I + E
Fenótipo

G = A + (D + I)
P=G+E
CAPACIDADE DE COMBINAÇÃO

• Para o estudo sistemático dos cruzamentos entre raças utiliza-se um


delineamento experimental chamado de Cruzamento em Dialelo
CAPACIDADE DE COMBINAÇÃO

• “Propriedade das linhagens acasaladas fornecerem bons produtos”

• “Quando uma linhagem é acasalada com várias outras e produz com


todas bons resultados diz-se que a capacidade de combinação é geral”.
CAPACIDADE GERAL DE COMBINAÇÃO (CGC)

• Cruzando-se cada linha com várias outras, obtém-se uma medida


adicional do seu desempenho médio

• A CGC representa o valor médio de todos os F1 tendo aquela linha como


um dos pais, o valor sendo expresso como desvio em relação à média
geral e é função dos efeitos genéticos aditivos dos genes.
CAPACIDADE ESPECÍFICA DE COMBINAÇÃO (CEC)

“Quando uma linhagem é acasalada com várias outras e produz bons


resultados somente com uma ou com poucas, diz se que a capacidade de
combinação é específica”.

VG(AB) = CCG(A) + CCG(B) + CCE(AB)


Os descendentes do cruzamento de machos A
com fêmeas B podem ser diferentes do
recíproco (machos B com fêmeas A).
Grupos Genéticos (Fêmeas)
Grupos Genéticos
(Machos) VAR.
UFLA GIFT Total
COMERCIAL
UFLA 163,34 148,29 184,28
495,91
VAR. COMERCIAL 134,78 165,18 154,41
454,37
GIFT 150,76 176,15 0
326,91
Total
448,88 489,62 338,69 1277,19
Tabela 2: Capacidade Geral e Específica de combinação e Efeito Materno

Variedades
Variável VAR.
UFLA
COMERCIAL GIFT
CGC -2,1855 -2,31708333 6,75125

PFILE CEC 7,87125 5,632 -18,11375

EM -10,022083 3,557916667 9,69625


Variedade paterna: UFLA e materna: GIFT
Tabela 3: Média do rendimento de filé dos cruzamentos

Grupos Genéticos (Fêmeas)


Grupos Genéticos
(Machos) VAR.
UFLA GIFT Total
COMERCIAL
UFLA 33,6 33,25 32,95 99,8
VAR. COMERCIAL 33,58 33,33 31,26 98,17
GIFT 33,13 32,96 0 66,09
Total 100,31 99,54 64,21 264,06
Tabela 4: Capacidade Geral e Específica de combinação e Efeito Materno

Variedades
Variável
UFLA
VAR. COMERCIAL GIFT
CGC 0,34416667 -0,05583333 -0,4325

RFILE CEC -0,8975 0,4075 0,0325

EM 0,42916667 0,1725 -0,9025

Variedade paterna: VAR. COMERCIAL e materna: UFLA


Sistema de cruzamento

• O cruzamento não é mistura de raças, mas sim, deve partir de um


planejamento onde será previamente definido o "objetivo final do criador“

• Após a escolha da raça, deve-se procurar identificar os animais


melhoradores para esta ou aquela característica;

• Portanto, a escolha do reprodutor e a seleção de matrizes vão formar a


combinação certa na dose indicada.
Ponto chave em cruzamentos

X
Usar ou não o cruzamento??
• Por que usar?

• Brasil: diversidade de condições de produção


Usar ou não o cruzamento??
• Por que usar?
• Brasil: diversidade de condições de produção
Usar ou não o cruzamento??
• Por que usar?
• Brasil: diversidade de condições de produção
Usar ou não o cruzamento??
Mercado interno e externo: demanda por qualidade
Usar ou não o cruzamento??
• Por que usar?
• Eficiência: produtividade (futuro)

Concorrência com outras cadeias

Preservação ambiental
Usar ou não o cruzamento??
• Por que não usar?
• Baixo nível gerencial, em média

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