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4 Editorial
Mundo de Regeneração
1
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 1. reimp. Rio de
Janeiro: FEB, 2011. Cap. 3, it. 1 e 4, respectivamente.
2
Idem. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 55.
P
or que a morte, sendo tão provou, cientificamente, a imor- milagres ou sortilégios, entre eles
natural quanto o nasci- talidade e resgatou o espírito da a materialização de Espíritos, con-
mento, fenômeno corri- matéria, “matando a morte”. Não fundida com a “ressuscitação” ou
queiro ao qual todos estamos su- se trata mais de convicção reli- “ressurreição” dos mortos.
jeitos, sem exceção, ainda é con- giosa. Trata-se de estar bem ou Denomina-se “morte” o esgo-
siderada algo sinistro e tão miste- mal informado, pois, sem prejuí- tamento ou a cessação da ativi-
rioso? Por que ela é tão incom- zo dos princípios revelados pelo dade vital nos organismos. Nós,
preendida e causa tanto sofri- Consolador, o Espírito já foi pe- os espíritas, chamamo-la “de-
mento, sobretudo quando sur- sado, medido e fotografado por sencarnação”, palavra que desig-
preende prematuramente nossos uma legião de sábios, pesquisa- na, com maior precisão, o even-
entes queridos? dores e cientistas de renome, to, pois o que se dá, na realida-
O Espiritismo veio, em boa hora, conforme registrado nos anais da de, é o desprendimento do Espí-
desmistificar a morte, mostrando História. rito ou do princípio inteligente
a sua verdadeira face, e, o que é Muito da incompreensão e do do corpo físico, que a esse se ha-
mais importante, veio realçar temor da morte repousa no des- via ligado por meio do fenômeno
a importância da vida, demons- conhecimento da natureza espi- encarnatório.
trando que ela transcende a ques- ritual do homem e no desconhe- Deus criou os Espíritos sim-
tão da sobrevivência. Entretan- cimento do perispírito, este, o in- ples e ignorantes, impondo a eles
to, mesmo para os que estu- vólucro inseparável da alma ou encarnações sucessivas, com o
dam a realidade além-túmulo, a Espírito, elemento semimaterial, objetivo de fazê-los chegar à per-
morte dos entes queridos é al- fluídico, indestrutível, que serve feição, gradualmente, pelo pró-
go difícil de aceitar e adminis- de intermediário entre o Espírito prio mérito. Logo, a evolução se
trar. Isso mostra quanto ainda e o corpo físico. O estudo das pro- processa por fases, pois não é
somos imaturos, espiritualmen- priedades e das funções do peris- possível escalar o cume glorioso
te, e quanto temos ainda de des- pírito dilata novos horizontes à da plena vitória espiritual sobre
materializar nossos pensamen- Ciência e constitui a chave de si mesmo num só voo. Assim,
tos e sentimentos. uma grande quantidade de fenô- podemos comparar o mundo fí-
Todas as religiões pregam menos, preconceituosamente ne- sico a uma escola, a um campo
a imortalidade da alma, mas a gados pelo materialismo e quali- de provas para o Espírito. André
Doutrina Espírita foi além: com- ficados por outras crenças como Luiz afirma:
O
luminoso ensinamento de daí deverá resultar em benefício Não raro, aquilo que nos chega
Jesus, registrado por Ma- para consolidação de uma socie- aos ouvidos são meras conjeturas
teus e pelos evangelistas dade ética e justa. Todavia, a repro- e suposições maldosas, às quais
Marcos (4:24) e Lucas (6:37), des- vação lançada à conduta de outra não deveríamos dar o menor cré-
taca os perigos de nos deixarmos pessoa, não significa denegri-la dito. Levianamente, porém, não
levar pelos julgamentos inconse- perante os demais, pois, nesse caso, só as transmitimos a outrem,
quentes de situações e pessoas, só há maledicência e maldade. Jesus emprestando-lhes foros de vera-
sem nenhuma cautela, alterando não proibiu que se destruísse o mal, cidade, como até exageramos,
o verdadeiro juízo dos aconteci- dando-nos exemplos significati- acrescentando-lhes detalhes fan-
mentos. Não somos comedidos nas vos para combatê-lo, mas chamou tasiosos para melhor convencer
sentenças que proferimos ao usar- atenção para agirmos de acordo os que nos escutam.
mos de excessiva severidade para com os verdadeiros preceitos da Quanto desamor ao próximo
com os deslizes alheios, esquecendo- caridade cristã. ressalta dessas atitudes!2
-nos dos graves erros que comete- Os malefícios decorrentes da ati-
mos, quiçá, muito mais sérios do tude imprudente de escarnecermos Ao se referirem às palavras deli-
que aqueles que exprobramos. o próximo, sem os cuidados neces- tuosas e levianas que transmiti-
Essa máxima é interpretada de for- sários na apreciação que fazemos mos ao mundo, os amigos espiri-
ma judiciosa por Allan Kardec, ao da sua conduta, estimulam a crítica tuais alertam-nos para a rapidez
afirmar: contumaz das pequenas imperfei- com que elas se deflagram, consti-
ções que possui, sem nos darmos tuindo-se “nesse quase impercep-
[...] não devemos julgar com conta de que certas ações que de- tível fermento de incompreensão”,
mais severidade os outros, do ploramos em outrem são insigni- sendo responsável pelo surgimen-
que nos julgamos a nós mes- ficantes diante das dificuldades to de “vasta epidemia de maledi-
mos, nem condenar em outrem morais que ainda possuímos. O cência”,3 resultado do exagero de
aquilo de que nos absolvemos. autor espírita Rodolfo Calligaris nos intrometermos na vida alheia.
Antes de profligarmos a alguém (1913-1975) legou-nos importan- Certas depreciações excessivas
uma falta, vejamos se a mesma tes contribuições a respeito do te- transformam-se em calúnia, fruto
censura não nos pode ser feita.1 ma, sobretudo ao afirmar que gos- da falta de vigilância daqueles que
tamos de “passar adiante fatos e possuem o errado hábito de me-
O mal deve ser banido, pois cons- boatos desagradáveis”2 com o in- noscabar, pelos motivos mais cor-
titui um dever reprimi-lo, o que tuito claro de provocar rumor: riqueiros, as pessoas que agem de
Vivência dos
postulados espíritas
Luiza Leontina Andrade Ribeiro, presidente da Federação Espírita do Estado
de Mato Grosso, faz considerações históricas e sobre a atualidade
do Movimento Espírita de seu Estado
Reformador: Como surgiu o Espi- cleos de estudos espíritas em Luiza: As ideias unificacionistas no
ritismo em Mato Grosso? Há Cen- Cuiabá em casas de famílias. Há, Movimento Espírita do país, em
tros antigos em funcionamento? arquivadas na Biblioteca Nacio- 1949, ano do Pacto Áureo, chegam
Luiza: A história do Espiritismo nal, 40 edições do jornal espírita a Mato Grosso, através do presiden-
em Mato Grosso tem seu marco A Verdade, que circulou em Cuia- te da FEB, Sr. Antônio Wantuil de
inicial na última década do século bá no final do século XIX e que Freitas que, naquele ano, manteve
XIX. Nesse período, a principal relatam a existência de algumas
via de transporte em nosso Estado sociedades espíritas fundadas na-
era a fluvial, pelos rios Cuiabá e quele período.
Paraguai e através da bacia do Prata. O Centro Espírita Cuiabá co-
Mato Grosso tinha comunicação memorou, em 2011, o seu centená-
direta não só com o litoral brasi- rio e continua em plena atividade.
leiro, mas também com o Exterior. Teve início em 1906, com estudos
Dessa forma, chega à cidade de no lar do italiano Rafael Verlan-
Cáceres, às margens do rio Para- gieri. Vianna de Carvalho, que mo-
guai, o espanhol Sr. Júlio Senderos rou em Cuiabá, participou ati-
y Palomares, trazendo consigo O vamente do Movimento Espíri-
Livro dos Espíritos. Ele reúne, no ta nesse período e, integrando-se
dia 30 de novembro de 1896, um ao grupo de trabalhadores espí-
grupo de obreiros para a funda- ritas da Capital, incentivou
ção de uma Associação, com a fi- a fundação desse
nalidade de estudar a Doutrina centro.
Espírita, o qual deu origem ao
Centro Espírita Mateus, que está Reformador: E
hoje com seus 115 anos, localiza- como ocorreu a
do na região Central da referida organização do
cidade, com várias atividades dou- Mov imento
trinárias. Em1893, já existiam nú- Espírita?
correspondência com espíritas Luiza: A Federação promove: en- lhante às reuniões das Comissões
mato-grossenses, lançando as pri- contros anuais de presidentes e vi- Regionais do CFN da FEB. No
meiras sementes sobre a ideia de se ces dos centros espíritas do Esta- sábado acontece uma reunião
criar uma entidade federativa no do, oportunidade em que trata- conjunta com todos os trabalha-
Estado. A Federação Espírita do Es- mos de assuntos importantes do dores, e, no domingo, reuniões es-
tado de Mato Grosso (FEEMT) foi Movimento Espírita em sintonia pecíficas por áreas. Cursos e se-
fundada na Convenção Espírita do com a reunião do CFN; reuniões minários nas áreas doutrinárias
Estado, em Campo Grande, em 14 do Conselho Federativo Estadual e administrativas são ministra-
de dezembro de 1956, tendo como que acontecem duas vezes por ano, dos nos centros espíritas pelos
presidente o Sr. Aristotelino Alves traçando diretrizes para o Movi- trabalhadores da Federação e das
Praieiro. Dois centros espíritas ti- mento Estadual; Caravanas fede- FEEMTs Regionais durante o ano;
veram relevante trabalho na fun- rativas da diretoria executiva para há, também, escalas de palestras
dação da Federação. Um foi a Fra- as regiões Centro, Sul, Norte, Leste, nos centros espíritas adesos.
ternidade Espírita Educandária, Oeste e Noroeste do Estado, onde
em Campo Grande, e o outro, na os facilitadores, em sintonia com Reformador: Como vocês imple-
Capital, Centro Espírita Cuiabá, o que acontece nas Comissões Re- mentam as Campanhas e temas
local onde a FEEMT funcionou até gionais e na Reunião do CFN, tro- definidos pelo CFN?
1995, quando construiu sua sede cam experiências com os traba- Luiza: As campanhas e temas
própria. Ao longo desses anos, a lhadores dos diversos centros do definidos pelo CFN, oriundos do
Federação vem exercendo sua fina- Interior; cursos de capacitação, trabalho unificado, têm sido di-
lidade doutrinária e administrativa, com o objetivo de qualificar dou- vulgados por todos os canais de
junto aos centros espíritas do Es- trinariamente o trabalhador nas integração com o trabalhador
tado. São órgãos constitutivos da diversas áreas de atuação do Cen- espírita e por todos os meios de
FEEMT: a Assembleia Geral, for- tro Espírita; Confraternização dos comunicação da FEEMT com o
mada pelos presidentes de centros Jovens Espíritas (Conjemat), no Movimento Espírita do Estado.
espíritas adesos, o Conselho Fede- período do carnaval. Em 2012 o Aproveitamos encontros como o
rativo Estadual, formado pelos evento será regionalizado e em de presidentes e vices, o momento
coordenadores gerais das FEEMTs 2013 a Conjemat será estadual; das Caravanas federativas e, tam-
Regionais, a diretoria executiva e o Projeto Espiritizar da FEEMT, por bém, os Encontros com os coor-
conselho fiscal, eleitos pela Assem- meio de seminários e videoaulas, denadores das FEEMTs Regio-
bleia Geral, e as FEEMTs Regionais. que têm, como norteadoras, as nas e reuniões do Conselho Fe-
Com o crescimento do Movimen- obras básicas kardequianas, as derativo Estadual, estas formadas
to Espírita unificado e a sua matu- quais cooperam em profundida- por coordenadores de FEEMTs
ridade, inicia-se, em agosto de 2010, de, com as atividades doutrinárias Regionais, as quais acontecem duas
o processo de instalação das FEEMTs dos centros espíritas; jornal Mato vezes por ano. Nesses espaços de
Regionais, que são as unidades Grosso Espírita, que está de volta convivência procuramos sensibi-
regionais da FEEMT. Hoje, já são com matérias e importantes arti- lizar as lideranças do Movimen-
20 delas instaladas, fortalecendo e gos doutrinários, alcançando o tra- to Espírita para a importância
ampliando o Movimento e esti- balhador espírita de todo o Estado. do trabalho unificado e capaci-
mulando a formação de novos tá-los para as campanhas defini-
centros espíritas. Reformador: Como vocês atuam das pelo CFN.
junto aos centros do Interior?
Reformador: Quais são as principais Luiza: Através de seis caravanas Reformador: Há programações
linhas de atuação da Federação? federativas, cujo modelo é seme- mais abrangentes para este ano?
E
m várias oportunidades um que ninguém está aqui em jornada Isso costuma acontecer com o
confrade fez uma enquete de férias. homem comum, muito preocu-
com a seguinte pergunta: O resultado dessa displicência pado com o próprio bem-estar,
é o comportamento materialis- nada interessado em questões
O que está você fazendo na Terra? ta, o comer, vestir, dormir, trabalhar, que ultrapassem os limites do
procriar, divertir-se, em lamentá- imediatismo.
Espantosamente, a maioria não vel marca-passo espiritual. Onde passar o feriado prolon-
soube responder. A Doutrina Espírita explica gado, como pagar o cartão de cré-
Significa que considerável par- que não há retrocesso para o Es- dito estourado, questionar a con-
cela da Humanidade não sabe pírito. Nossos patrimônios inte- tratação de um jogador de fute-
nem cogita saber por que cargas lectuais, morais e espirituais, ja- bol, escolher a marca de cerveja,
d’água estamos neste bólido celes- mais se perdem. acompanhar a novela de desta-
te que é a Terra, viajando à veloci- Por concessão da Bondade Di- que, criticar o governo…
dade vertiginosa de 108 mil quilô- vina, o que somos hoje, fruto de Esses são alguns dos temas
metros por hora em torno do Sol. nossas aquisições no pretérito, ao que centralizam suas cogitações,
Pior: não se preocupa com sua longo dos milênios, é inalienável. sem tempo nem espaço para al-
ignorância! Construímos um patrimônio que go menos prosaico, mais metafí-
Está aí uma das razões pelas está guardado nos arquivos do in- sico, por exemplo, definir como
quais poucos aproveitam integral- consciente, a repercutir em nosso veio parar nesse atribulado pla-
mente as oportunidades de edifica- comportamento, maneira de ser, neta.
ção que a reencarnação nos oferece. vocação, aptidões…
Se nem mesmo sabem por que O problema é o estacionamen-
nasceram, por que vivem, e o to, o interromper o processo evo- Diz Montaigne (1533-1592):
que vai lhes acontecer portas aden- lutivo com a inércia, a ausência de
tro do túmulo, fica difícil cumprir iniciativa, de empenho por apren- O proveito dos estudos consiste
os objetivos da jornada humana, a der, crescer, conquistar novos pa- em nos tornarmos melhores e mais
partir do princípio elementar de tamares. sábios.
A
confiança constitui a base de Só serei confiável a alguém e tência da confiança. Jamais confiare-
um relacionamento feliz. confiarei em outro, se tornar-me mos em uma pessoa antiética. Assim
Em nossa vida, intera- acreditável ou perceber que ou- também não conquistaremos a con-
gimos com o semelhante o tempo trem é passível de credibilidade. fiança de outrem agindo sem ética.
todo, direta ou indiretamente. Em Caso contrário, não há confiança. Porém, confiança é mais que cre-
decorrência da característica de A credibilidade envolve pelo me- dibilidade. É também afinidade.
sociabilidade inerente à natureza nos três requisitos imprescindíveis: o A afinidade exige três condições:
humana, é compreensível a neces- conhecimento, a experiência e a ética. simpatia, convivência, amizade.
sidade de convivência com os ou- O conhecimento é adquirido pelo Quando nos simpatizamos com
tros para que o processo evolutivo estudo, pesquisa, busca, observa- alguém ou vice-versa, a confiança
se efetue. Por meio das relações ção, reflexão. Tendemos a confiar é fácil de ser estabelecida. Há uma
sociais, desenvolvemos as habili- em alguém que sabe, conhece, do- aproximação espontânea, seja por
dades de comunicação, interação mina o assunto. Sentimo-nos se- semelhança de gostos, seja por iden-
e compreensão do próximo na si- guros e mais tranquilos diante de tificação de ideias.A simpatia facilita-
tuação em que ele se encontra. A alguém especialista na área e que rá a empatia em que nos colocamos
alteridade torna-se indispensável se expressa com propriedade. no lugar do outro e tendemos a en-
para quem deseja seguir o curso A experiência advém da prática, xergar e socorrer suas necessidades.
natural de sua evolução. do exercício, da repetição, da vivên- Seria bom se a simpatia ocorresse
Todavia, a confiança não é virtude cia. Também temos mais facilidade naturalmente entre todos. Mas, não
fácil de conquistar. Nem ao que pre- em confiar em alguém que tem ex- é assim que acontece na realidade.
tende se tornar digno dela nem para periência, já viveu a situação ora en- Allan Kardec, em sua sabedoria
quem almeja confiar em alguém. frentada, aprendeu a lição. Pressu- orientada pelos Espíritos superiores,
Em certa oportunidade, aprendi põe-se intuitivamente que quem já tratou da questão em O Evangelho
a fórmula “quase mágica”1 da con- atravessou uma experiência dolo- segundo o Espiritismo, quando en-
fiança. Veja como é simples essa rosa saberá lidar com outra seme- sina que não teremos o mesmo
questão, para não dizer o contrário: lhante que surgir no caminho. O in- nível de afinidade para com todo
Confiança é igual à credibilidade. divíduo experto estaria, assim, mais mundo. Esclarece o Codificador:
apto a enfrentar a contingência e
1
lidar com segurança ante o desafio. A diversidade na maneira de sen-
Fórmula apresentada pelo Prof. Aldo Hon-
A ética na abordagem platônica – tir, nessas duas circunstâncias
da, em curso institucional ministrado pela
Fundação Dom Cabral, na cidade de Bra- da busca da verdade, do bem e do diferentes [diante de um inimigo
sília, em 2009. amor – é indispensável para a exis- e na companhia de um amigo],
A
s efemérides das publicações tos, meu filho. Ninguém se dimi- também apresentam um aspecto
de Paulo e Estêvão (70 anos nuirá por ser bom e tolerante. muito especial; todas as fisiono-
em julho) e de Viagem Espí- Quanto à providência mais dig- mias refletem a franqueza e cor-
rita em 1862 (150 anos em dezem- na, cabível no caso, é conceder dialidade; nós nos sentimos à
bro) merecem estudos e reflexões liberdade a todos eles.1 vontade nesses ambientes sim-
com vistas à transposição às situa- páticos, verdadeiros templos da
ções de vida e à aplicação para a Anota Kardec: fraternidade [...].4
realidade atual.
Os dois livros têm foco em via- Em caso de dissidência, aquele que Sobre o episódio da pitonisa de
gens, com diferenças de abrangência crer estar com a razão deverá pro- Filipes,considerada um oráculo infa-
espacial e de duração temporal: em vá-lo, sendo mais caridoso e mais lível e que mercantilizava seus dons:
Paulo e Estêvão, o autor espiritual benevolente. O erro estará, eviden- “Paulo, que nunca se conformou
rememora a epopeia da trajetória temente, com aquele que dene- com a mercancia dos bens celestes,
de Paulo, o notável divulgador que grir o outro e atirar-lhe a pedra.2 percebeu o mecanismo oculto dos
com suas muitas viagens concreti- acontecimentos e, senhor de todos
zou a disseminação do Cristianis- Emmanuel considera que “A insti- os particulares do assunto, esperou
mo; em Viagem Espírita em 1862, tuição de Antioquia era, então, mui- que o visitante do invisível nova-
Allan Kardec relata suas experiên- to mais sedutora que a própria igre- mente aparecesse” e o admoestou:
cias de contatos diretos com os pri- ja de Jerusalém. Vivia-se ali num
meiros centros, caracterizando a ambiente de simplicidade pura, sem [...] por amor ao Evangelho; em
primeira ação concreta de Movi- qualquer preocupação com as dispo- nome de Jesus Cristo ordeno que
mento Espírita. Respeitadas as dife- sições rigoristas do judaísmo [...]”.3 te retires para sempre! Proíbo-te,
renças, ambos visitaram, apoiaram, O Codificador relata sua experiência: em nome do Senhor, estabele-
orientaram e estimularam a forma- ceres confusão entre as criaturas,
ção de agremiações pioneiras. [...] recolhemos exemplos admi- incentivando interesses mesqui-
Analisemos as duas obras que ráveis de zelo, abnegação e de- nhos do mundo em detrimento
focalizam assuntos muito pertinen- votamento, numerosas demons- dos sagrados interesses de Deus!
tes aos trabalhadores espíritas de trações de caridade verdadeira- Imediatamente a pobre rapariga
nossos tempos. Para conciliar a in- mente evangélica que, com justa recobrou energias e libertou-se
dulgência com a necessidade de re- razão, poderíamos chamar: Belos da atuação malfazeja.5
primir o mal, assevera Gamaliel: traços do Espiritismo. As reuniões
compostas exclusivamente de Oportunos os comentários de
– Toda a autoridade é de Deus. verdadeiros e sinceros espíritas, Ismael Gomes Braga por ocasião
Nós somos simples instrumen- daqueles nos quais fala o coração, do lançamento de Paulo e Estêvão:
Busquemos
a luz
“Toda escritura inspirada por Deus é proveitosa... para instrução na justiça.”
– PAULO. (II TIMÓTEO, 3:16.)
P
ocura a ideia pelo valor que lhe é próprio.
Quando a moeda comum te vem às mãos, não indagas de onde proveio.
Ignoras se procede da casa de um homem justo ou injusto, se esteve, antes,
a serviço de um santo ou de um malfeitor.
Conhecendo-lhe a importância, sabes conservá-la ou utilizá-la, com senso práti-
co, porque aprendeste a perceber nela o selo da autoridade que te orienta a luta
humana.
O dinheiro é uma representação do poder aquisitivo do governo temporal a que
te submetes e, por isso, não lhe discutes a origem, respeitando-o e aproveitando-o,
na altura das possibilidades com que se apresenta.
Na mesma base, surgem as ideias renovadoras e edificantes.
Por que exigir sejam elas subscritas, em sua exposição, por nossos parentes ou
amigos particulares, a fim de que produzam o efeito salutar que esperamos delas em
nós e ao redor de nós?
Toda página consoladora e instrutiva é dádiva do Alto.
Não importa que os pensamentos nela corporificados tenham vindo por inter-
médio do espírito de nossos pais terrestres ou de nossos filhos na carne, de nossos
afeiçoados ou de nossos companheiros.
O essencial é o proveito que nos possa oferecer.
O dinheiro com que adquires o pão de hoje pode ter passado ontem pelas mãos
do teu adversário maior, mas não deixa de ser uma bênção para a garantia de tua
sustentação, pelo valor de que se reveste.
Assim também, a mensagem de qualquer procedência, que nos induza ao bem ou
à verdade, é sempre valiosa e santa em seus fundamentos, porque, usando-a em
nossa alma e em nossa experiência, podemos adquirir os talentos eternos da
sabedoria e do amor, por tratar-se de recurso salvador nascido da infinita mise-
ricórdia de nosso Pai Celestial.
Busquemos a luz onde se encontre e a treva não nos alcançará.
Fonte: XAVIER, Francisco C. Fonte viva. ed. esp. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 121.
U
ma prezada irmã, residente tamento! É preciso que a irmã se do respeito a Deus e suas leis, bem
em Brasília, minha corres- capacite de que a morte é um fato como da fraternidade para com o
pondente, escreveu-me carta tão natural em nossa vida como o próximo, nossos irmãos de Huma-
melancólica, queixando-se de males é o nascimento do Sol no Oriente, nidade. Necessariamente, se apenas
físicos, talvez sérios, e declarando todos os dias, e o seu ocaso, todas habitamos a Terra por determina-
que, sendo mãe de dez filhos, teme as tardes, no Ocidente. do tempo, se não é ela a verdadei-
a morte em vista da orfandade em Em verdade a morte não existe ra pátria do Espírito, nosso ser real,
que os deixará, e ainda porque ig- em parte alguma. Se o Sol desapa- e sim o além-túmulo, esse Infinito
nora o que a espera no Além, as rece no Ocidente e sobrevém a noi- sideral, havemos de, um dia, aban-
decepções, os erros que ali poderá te, doze horas depois ele ressurge donar o nosso corpo material à
deparar. Pede-me consolo e escla- no Oriente tão vivo, brilhante e Terra, de onde ele se origina, por-
recimentos, uma vez que me su- belo como nos dias anteriores. Se que esse corpo não tem entrada
põe espírita trabalhador. a semente, lançada à terra, apa- no Além, para vivermos a vida ver-
Minha irmã, o que, em primei- rentemente apodrece e morre, dadeira e imortal, que é a vida espi-
ro lugar, devo lhe aconselhar, o dias depois germina, floresce e ritual, a nossa vida normal. A mor-
de que será urgente tratar, antes de frutifica no esplendor dos jardins te, portanto, é apenas isto: uma fa-
tudo, é da recuperação da sua saú- e das searas, fornecendo vida e se nova do nosso ser real, que é o
de. E isso a irmã poderá conse- alegria para todos os seres viven- nosso Espírito, a nossa alma.
guir, certamente, perseverando tes. O mesmo sucede, pela morte, Nada há na morte que nos pos-
com o tratamento médico, esfor- a todos nós, homens e mulheres. sa atemorizar, causar horror. O te-
çando-se por combater esse incô- A Terra, planeta chamado de mor da morte foi criado pela teo-
modo do temor da morte, que al- “provas e expiações”, onde habita- logia das diversas religiões, que
tera o seu sistema nervoso, produ- mos temporariamente, não é a nos- nos falam de fogos eternos supli-
zindo um desequilíbrio que, em sa habitação verdadeira ou defini- ciando as almas sem remissão, de
absoluto, não auxiliará o seu tra- tiva. Nela apenas reencarnamos a demônios e castigos que nos tor-
fim de que o nosso Espírito possa turam pelas menores falhas, co-
1
Artigo inédito, gentilmente cedido por fa- progredir, evoluindo penosamen- metidas às vezes pela ignorância
miliares da médium, assinado com o pseu- te para libertar-se de suas imperfei- secular em que vivem os homens
dônimo Frederico Francisco, agora publi-
ções, seus instintos inferiores atra- a respeito dos assuntos de Deus.
cado por ocasião da passagem do 28o
aniversário de sua desencarnação, ocorri- vés dos testemunhos da dor, do tra- Por sua vez, os artistas de todos os
da em 9 de março de 1984. balho e, acima de tudo, do amor e tempos, desejando engrandecer as
O
Sermão Profético, também narão a muitos. 6Haveis de ou- entenda! – 16então, os que esti-
chamado Discurso Escato- vir falar sobre guerras e rumo- verem na Judeia fujam para as
lógico, foi pronunciado por res de guerras. Cuidado para montanhas, 17aquele que estiver
Jesus no monte das Oliveiras, o não vos alarmardes. É preciso no terraço, não desça para apa-
qual, em razão de sua amplitude, que essas coisas aconteçam, mas nhar as coisas da sua casa, 18e
merece estudo mais aprofundado. ainda não é o fim. 7Pois se le- aquele que estiver no campo não
O texto de Mateus (24:1-31), em vantará nação contra nação e volte atrás para apanhar a sua
seguida reproduzido, anuncia uma reino contra reino. E haverá fo- veste! 19Ai daquelas que estiverem
Era de Transição (versículos 6 a me e terremotos em todos os grávidas e estiverem amamen-
26) e outra de Regeneração (versí- lugares. 8Tudo isso será o prin- tando naqueles dias! 20Pedi que
culos 27 a 31), segundo interpre- cípio das dores”. a vossa fuga não aconteça no
tação espírita.1 9
Nesse tempo, vos entregarão à inverno ou num sábado. 21Pois
tribulação e vos matarão, e sereis naquele tempo haverá grande
Introdução – 1Jesus saiu do odiados de todos os povos por tribulação, tal como não houve
Templo, e como se afastava, os causa do meu nome. 10E então desde o princípio do mundo até
discípulos o alcançaram para muitos sucumbirão, haverá trai- agora, nem tornará a haver ja-
fazê-lo notar as construções do ções e guerras intestinas. 11E sur- mais. 22E se aqueles dias não fos-
Templo. 2Mas ele respondeu- girão falsos profetas em grande sem abreviados, nenhuma vida se
-lhes: “Vedes tudo isto? Em ver- número e enganarão a muitos. salvaria. Mas, por causa dos elei-
12
dade vos digo: não ficará aqui E pelo crescimento da iniqui- tos, aqueles dias serão abreviados.
23
pedra sobre pedra: tudo será dade, o amor de muitos esfriará. Então, se alguém vos disser:
destruído”. 3Estando ele senta- 13
Aquele, porém, que perseverar “Olha o Cristo aqui!” ou “ali!”,
do no monte das Oliveiras, os até o fim, esse será salvo. não creiais. 24Pois hão de surgir
14
discípulos foram pedir-lhe, em E este Evangelho do Reino será falsos Cristos e falsos profetas, que
particular: “Dize-nos quando proclamado no mundo inteiro, apresentarão grandes sinais e
vai ser isso, qual o sinal da tua como testamento para todas as prodígios, de modo a enganar,
vinda e do fim desta época”. nações. E então virá o fim. se possível, até mesmo os elei-
O princípio das dores – 4Jesus A grande tribulação de Jerusa- tos. 25Eis que vos preveni.
respondeu: “Atenção para que lém – 15Quando, portanto, virdes A vinda do Filho do Homem
ninguém vos engane. 5Pois a abominação da desolação, de será manifesta – 26Se, portanto,
muitos virão em meu nome, di- que fala o profeta Daniel, insta- vos disserem: “Ei-lo no deserto”,
zendo: ‘O Cristo sou eu’, e enga- lada no lugar santo – que o leitor não vades até lá; “Ei-lo em luga-
res retirados”, não creiais. 27Pois um alerta, a descrição da natureza passam, à semelhança dos abutres
assim como o relâmpago parte das tribulações, o comportamento que se alimentam de cadáveres
do oriente e brilha até o poente, dos verdadeiros cristãos perante os (versículo 28: “onde estiver o ca-
assim será a vinda do Filho do acontecimentos e aspectos signi- dáver, aí se ajuntarão os abutres”).
Homem. 28Onde estiver o cadá- ficativos do reinado da paz. Emmanuel pondera a respeito
ver, aí se ajuntarão os abutres. O alerta está relacionado aos com sabedoria:
A amplitude cósmica desse acon- falsos profetas (versículos 4-6; 11
tecimento – 29Logo após a tribu- e 23-26), pois Essa figura, de alta significação
lação daqueles dias, o sol escurece- simbológica, é dos mais fortes
rá, a lua não dará a sua claridade, [...] Em todos os tempos houve apelos do Senhor, conclamando
as estrelas cairão do céu e os po- homens que exploraram, em pro- os servidores do Evangelho aos
deres dos céus serão abalados. 30En- veito de suas ambições, de seus movimentos do trabalho santi-
tão aparecerá no céu o sinal do interesses e do anseio de domi- ficante.
Filho do Homem e todas as tribos nação, certos conhecimentos que [...]
da terra baterão no peito e verão o possuíam, a fim de alcançarem Um homem que se afirma inva-
Filho do Homem vindo sobre as o prestígio de um poder sobre- riavelmente infeliz fornece a im-
nuvens do céu com poder e grande -humano, ou de uma pretensa pressão de que respira num se-
glória. 31Ele enviará os seus anjos missão divina. São esses os falsos pulcro; todavia, quando procura
que, ao som da grande trombeta, cristos e os falsos profetas. [...]2 renovar o próprio caminho, as
reunirão os seus eleitos dos quatro aves escuras da tristeza negativa
ventos, de uma extremidade até Sabemos, contudo, que o “ver- se afastam para mais longe.
a outra extremidade do céu. dadeiro profeta se reconhece por Luta contra os cadáveres de qual-
características mais sérias e exclu- quer natureza que se abriguem
A profecia indica a sucessão de sivamente morais”.2 Comuns nos em teu mundo interior. Deixa
dois grandes acontecimentos na hu- dias atuais, os falsos profetas, en- que o divino sol da espirituali-
manidade terrestre: um de sofri- carnados e desencarnados, pro- dade te penetre, pois, enquanto
mento, denominado Transição, ou- duzem um clima de intranquili- fores ataúde de coisas mortas,
tro de paz, conhecido como Rege- dade e de negatividade por onde serás seguido, de perto, pelas
neração. Por trás do simbolismo águias da destruição.3
presente no texto evangélico, des-
tacam-se quatro ordens de ideias:
Capa
A natureza das tribulações é signação: “Ai daquelas que estive- Os versículos finais da profecia
diversificada: a) Conflitos entre os rem grávidas e estiverem ama- (30 e 31) – “Então aparecerá no céu
povos (versículos 6, 7 e 10); b) mentando naqueles dias! Pedi que o sinal do Filho do Homem e todas
Guerras (versículo 6) que, “como a vossa fuga não aconteça no in- as tribos da terra baterão no pei-
todo tipo de violência humana, verno ou num sábado. Pois na- to e verão o Filho do Homem vindo
individual ou coletiva, não são re- quele tempo haverá grande tribu- sobre as nuvens do céu com poder
sultantes da vontade de Deus, mas lação, tal como não houve desde o e grande glória. Ele enviará os seus
sim expressões do egoísmo e do princípio do mundo até agora, anjos que, ao som da grande trom-
orgulho imperantes nos mundos nem tornará a haver jamais” (ver- beta, reunirão os seus eleitos dos
atrasados como o nosso”;4 c) Fla- sículos 19 a 21). quatro ventos, de uma extremida-
gelos e Catástrofes (versículos 7, 9, O reinado da paz se instalará, de até a outra extremidade do céu”–
15-21 e 29), alguns decorrentes efetivamente, a partir da Regene- sugerem o retorno do Cristo ao
da ação humana (versículos 7, 9 e ração, quando o “Evangelho do Planeta. Kardec analisa, porém, que
10), outros, como terremotos Reino [for] proclamado no mundo Jesus “[...] não diz que voltará à Ter-
(versículo 7) e acidentes cósmicos inteiro, como testamento para todas ra com um corpo carnal, nem que
(versículo 29), consequentes das as nações” (versículo 14). São pala- personificará o Consolador. Apre-
transformações na Natureza. Os vras condizentes com outra profe- senta-se como tendo de vir em Espí-
flagelos destruidores, naturais ou cia, registrada por João, (10:16): “en- rito, na glória de seu Pai, para julgar
independentes do homem, devem tão haverá um só rebanho e um só o mérito e o demérito e dar a cada
ser considerados como “[...] pro- pastor”. Sendo assim, um segundo as suas obras, quan-
vas que dão ao homem oportuni- do os tempos forem chegados”.7
dade de exercitar a inteligência, de [...] Jesus anuncia claramente
demonstrar sua paciência e resig- que os homens um dia se uni- Referências:
1
nação ante a vontade de Deus, rão por uma crença única; mas, BÍBLIA DE JERUSALÉM. Diversos traduto-
permitindo-lhe manifestar seus como poderá efetuar-se essa res. São Paulo: Paulus, 2004. 3. reimp.
sentimentos de abnegação, de de- união? A tarefa parece difícil, Novo Testamento. Cap. Discurso escato-
sinteresse e de amor ao próximo, tendo em vista as diferenças que lógico.
caso o egoísmo não o domine”.5 existem entre as religiões, os an- 2
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
Perante qualquer tipo de pro- tagonismos que elas alimentam espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezer-
vação ou calamidade, Jesus ensina entre os seus respectivos adep- ra. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
qual deve ser o comportamento tos e a obstinação que manifes- Cap. 21, it. 6, p. 394.
3
do verdadeiro cristão: manter-se tam em se acreditarem na posse XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Es-
resguardado na firmeza da fé, pois exclusiva da verdade. [...] Entre- pírito Emmnuel. 29. ed. 4. reimp. Rio de
quem “perseverar até o fim, esse tanto, a unidade se fará em reli- Janeiro: FEB, 2011. Cap. 32.
4
será salvo” (versículo 13); não ter gião, como já tende a fazer-se SOUZA, Juvanir Borges. Tempo de reno-
apego aos bens materiais: “então, social, política e comercialmen- vação. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.
os que estiverem na Judeia fujam te, pela queda das barreiras que Cap. 16, p. 131.
5
para as montanhas, aquele que es- separam os povos, pela assimi- KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.
tiver no terraço, não desça para lação dos costumes, dos usos, da Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp.
apanhar as coisas da sua casa, e linguagem. [...] Ela se fará pela Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 740.
6
aquele que estiver no campo não força das coisas, porque se tor- ______. A gênese. Trad. Evandro Noleto
volte atrás para apanhar a sua ves- nará uma necessidade, a fim de Bezerra. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,
te!” (versículos 16 a 18). Demons- que se estreitem os laços de fra- 2011. Cap. 17, it. 32, p. 489.
trar espírito de sacrifício e de re- ternidade entre as nações [...].6 7
______. ______. It. 45, p. 498.
L E O N A R D O M AC H A D O
P
arece que, desde há muito, amiga me demonstrava, exata- -se pensar. Errado, pois, também
a Humanidade se vem en- mente, o oposto. Jovem bastante aí, ela não se podia queixar. Con-
tregando à conquista de or- inteligente, poliglota e estudan- fesso que, igualmente, perguntei-
dem externa na pretensão de en- te de um dos mais respeitáveis e -me isso. Contudo, no decorrer da
contrar o reino da felicidade. Nessa difíceis cursos universitários da conversação, a cara colega me dis-
perspectiva, pois, o protótipo da atualidade, ela me confidenciava se, como a pedir ajuda: “Apesar de
concepção de ser feliz das pessoas que tinha tudo, mas sentia que ter tudo, eu me sinto inútil, não
pode ser encontrado, diaria- algo mais importante lhe falta- consigo ver uma finalidade maior
mente, nos mais diversos meios va. De fato, sua condição finan- no que eu faço e na minha vida”.
de comunicação – poder, estética, ceira era singular, pois morava O relato da minha colega, por-
títulos e moeda, enfim um sem- em um dos terrenos mais valori- tanto, ia na contramão do que
-número de como “vencer na vida”. zados de certa cidade brasileira, muitos indivíduos, ingênuos, dei-
Certa noite, entretanto, além de viajar, constante- xam-se sonhar. A fala dela era
pela Internet, uma mente, no período de uma prova de que não se pode
férias, a países dife- mercadejar sentimentos, nem
1
LUCAS, 9:25. rentes. O que faltava comprar a felicidade com as pos-
a ela? – uma beleza ses que vêm de fora.
estética – pode- Na concepção cristã, de fato, esse
estado de plenitude advém com o
que Cristo chamou Reino de Deus.
Contudo, no ensino de Jesus, esse
reinado encontra-se dentro das
criaturas humanas,2 desejoso de
ser descoberto por elas.
Nesse sentido, é fácil deduzir que
a capacidade de ser feliz é algo
inerente a cada individualidade.3
2
LUCAS, 17:21.
3
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.
Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.
reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 922.
A
evangelização da criança e do adolescente é de ensinamentos que devem formar a estrutura afe-
uma das mais importantes tarefas do Movi- tiva do ser humano.
mento Espírita por situar-se na base da edu- Quando o Cristo ensinou que os mansos herda-
cação humana. E a educação humana, sem estar es- riam a Terra, valorizou, sobremaneira, a capacidade
tribada nos princípios da Doutrina Espírita, não vai de tolerância e de ajuda mútua que os homens
cumprir a sua extraordinária missão na Terra. devem cultivar, e que é a base do desenvolvimento da
A educação humana, vista à luz dos esclarecimen- afetividade e do amor ao próximo.
tos espíritas, focaliza o educando antes do nascimen- Somente o homem evangelizado será capaz de mu-
to, durante a vida física, prolongando-se até a vida dar os parâmetros da sociedade atual, e podemos con-
espiritual; sua abrangência é, pois, transcendental. siderar evangelizado o homem de sentimentos eleva-
Não resta dúvida que a nossa sociedade precisa dos e razão esclarecida pelo conhecimento espírita.
mudar, com urgência, o seu modo de pensar, de sen- Razão e sentimento formam, pois, um binômio da
tir e de agir a fim de imprimir uma diretriz mais se- maior importância na conquista da espiritualidade
gura ao processo educativo. É preciso definir o edu- maior.
cando como um ser imortal e sujeito à ação educati- O pai, a mãe, aqueles que desempenham a função
va antes, durante e depois da vida física, focando-o de pai e/ou mãe e o evangelizador desenvolvem
em seus aspectos: vital, mental, psíquico e espiritual. papel fundamental na formação moral das novas
Esses aspectos se sucedem cronologicamente, não se gerações que desabrocham para a vida física, espe-
substituem mutuamente, mas complementam-se. rançosas e otimistas, porque todos reencarnam a fim
Educar e amparar a infância é preservar a socieda- de progredir. Ninguém volta à vida física para per-
de futura de todos os males que a afligem na atuali- manecer inativo no esforço das conquistas espiri-
dade, é evitar que se reproduzam os desequilíbrios tuais de que necessita. Todos reencarnam para pros-
que hoje perturbam o mundo. seguir avançando na escala espiritual.
A formação de sentimentos é de grande impor- Os delinquentes de todos os tempos foram crian-
tância na educação. Essa formação se processa por ças que cresceram na falta de recursos educativos e
meio do desenvolvimento das potências embrioná- de orientação moral; são órfãos de todos os matizes:
rias do Espírito, tais como: a piedade, a fraternidade de pais desencarnados, de pais vivos, mas incons-
e o amor ao próximo. cientes de seus deveres, de pais doentes, e, como tais,
Os conteúdos de ordem afetiva são os mais impossibilitados de amparar e educar os filhos.
importantes a serem ministrados na Evangelização O sentimento de abandono afetivo influi negati-
Espírita. O Evangelho de Jesus é o maior repositório vamente na formação psíquica da criança que será o
A
tualmente, o progresso nos
dá condições para uma
vida cercada por como-
didades antes impensadas. Os
avanços tecnológicos colocaram
ao nosso alcance alternativas
para uma vida mais confortável
e com mais opções. São inúme-
ros os recursos que podem ser
utilizados para a diversão e o re-
fazimento das energias despen-
didas no cotidiano.
Entretanto, nem sempre sa-
bemos fazer uso equilibrado da-
quilo que possuímos, chegando,
até mesmo, a transformar em do a que a matéria nos submete, damente aos objetos de prazer
objetivo principal de nosso dia a seduzindo-nos pela via instinti- que cultuamos, deixando-nos
dia o uso daquilo que nos pro- va, que ainda comanda conside- levar pela atração do ócio.
porciona prazer. Este prazer – rável parcela de nossa persona- Enquanto isto se dá, não lon-
que deveria ocupar apenas uma lidade. É um círculo vicioso, que ge de nós, em casebres situados
parcela de nossas vidas, embora provoca “perigosa vertigem” e mui- nas periferias de todas as cida-
importante –, torna-se, muitas tas vezes nos atrai de forma ir- des, miseráveis de toda a sorte
vezes, a fundamental razão de refreável. têm como único propósito de
nosso viver. De nossa parte, nós – que de- vida a obtenção de comida e
Dessa forma, submetemo-nos veríamos estar em franca ativi- abrigo.
às fontes de nossos deleites, tu- dade, tornando-nos úteis, tanto É nestes lares, desprovidos do
do empenhando para delas fazer quanto possível, reservando o básico, que crianças são geradas
uso, o mais intensa e frequente- descanso para quando necessá- e permanecem convivendo, qua-
mente possível. Este é o chama- rio –, nos entregamos apaixona- se sempre, com a criminalidade.
Do Movimento
Esperantista
Esperanto e Rio+20
A F F O N S O S OA R E S
“Sim, o Esperanto é lição de fraternidade. Aprendamo-la, para sondar, na Terra, o
pensamento daqueles que sofrem e trabalham noutros campos. Com muita proprie-
dade digo: ‘aprendamo-la’, porque somos também companheiros vossos que, havendo
conquistado a expressão universal do pensamento, vos desejamos o mesmo bem espi-
ritual, de modo a organizarmos, na Terra, os melhores movimentos de unificação.”
EMMANUEL1
A
Universala Esperanto-Asocio – UEA (Associa- A UEA e a TEJO, em sua argumentação, formali-
ção Universal de Esperanto) e a Tutmonda zam integral apoio a uma recomendação, inserida na
Esperantista Junulara Organizo – TEJO (Or- Declaração da 64a Conferência Anual da ONU
ganização Mundial da Juventude Esperantista) tive- DPI/NGO, realizada em Bonn, Alemanha, nos dias 3
ram plenamente aceita pela Organização das Nações a 5 de setembro de 2011, em que é feito
Unidas (ONU) sua proposta para o Documento de
Compilação da United Nations Conference on Sustai- [...] um apelo para o respeito e a inclusão das lín-
nable Development – UNCSD-RIO+20 (Conferência guas étnicas no sistema educacional, uma vez que
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Susten- estas línguas fazem parte da complexidade de seus
tável), a realizar-se no Rio de Janeiro, de 20 a 22 de respectivos ambientes, e que seja levado em conside-
junho próximo. ração o potencial de uma língua internacional neu-
Nesse documento, as duas mais expressivas orga- tra que combine facilidade de aprendizado e clareza
nizações do esperantismo mundial manifestam o de- com neutralidade, e que possa, portanto, ser vista
sejo de que as recomendações finais da RIO+20 con- como inerentemente sustentável.
templem uma política que proteja a diversidade lin-
guística, permitindo, ao mesmo tempo, uma efetiva Nesse importante documento, as duas organiza-
comunicação, bem como condenem claramente as ções esperantistas mundiais também evocam, como
práticas que levam à extinção de línguas e à domina- reforço de argumentação, o célebre Compromisso no
ção das línguas maiores sobre as menores. 14 da Declaração de Compromissos Éticos para a Pos-
tura e Comportamento Ecológico Global como um
1 dos tratados alternativos, produzidos em 1992, pela
A Missão do Esperanto – mensagem ditada ao médium Francisco
Cândido Xavier, em 19/1/1940, em Pedro Leopoldo (MG), e pu- comunidade das Organizações Não-Governamen-
blicada em Reformador do mês seguinte. tais (ONGs), durante a Conferência RIO-92.
Contribuir com entusiasmo para a superação das bar- Evidenciam-se, cada vez mais, os efeitos da multi-
reiras artificiais sejam elas políticas ou religiosas, com o plicidade das línguas nas relações internacionais, tra-
objetivo de construir uma nação universal humana. duzida como renitente estorvo ao progresso geral, seja
Sugerimos a adoção da Língua Internacional Esperanto no campo material, seja no campo espiritual, dificul-
como segunda língua de todos os povos e recomen- tando a difusão do conhecimento, a aproximação das
damos que todas as ONGs participem de sua difusão. diferentes culturas, o cultivo da verdadeira fraternidade
entre os povos. A ferramenta para a definitiva solução
A proposta da UEA e da TEJO, evidenciando a seme- desse problema e consequente erradicação de seus pre-
lhança entre aspectos do desenvolvimento sustentável juízos já existe há mais de cem anos, e agora, quando a
e uma transição para uma plataforma de línguas eficaz e Humanidade é compelida, pela “força das coisas”, como
não-discriminatória, que preserve a diversidade linguís- se expressavam os reveladores espirituais na Codifica-
tica e torne possível o acesso à comunicação no mundo ção de Allan Kardec, a ingressar na chamada globali-
inteiro, aponta para a necessidade de medidas coorde- zação, na fase universalista de sua vida planetária, sur-
nadas por muitos atores: indivíduos e governos com gem os primeiros abalos nas velhas estruturas sociais
suas respectivas políticas educacionais, os quais, pela carcomidas pelo tempo. O assombroso avanço tecnoló-
falta de uma orientação central, poderão inclinar-se para gico no terreno das comunicações não se coaduna com
escolhas medíocres. Nesse sentido, as instituições da ONU as fórmulas já caducas de convivência, à semelhança
e das ONGs deverão constituir-se em exemplos positi- do que está dito no Evangelho sobre o vinho novo ver-
vos da aplicação bem-sucedida de políticas linguísticas tido em odres velhos. Impõe-se a mudança, tudo está a
no seio de suas organizações, em que se combine comu- exigi-la, a Humanidade já está aparelhada para tan-
nicação eficaz com igualdade de direitos para todos, in- to, e, nesse agitado contexto, labutam, confiantes e pa-
dependentemente de línguas nativas, usando, por exem- cientes, os arautos do progresso, entre os quais Emma-
plo, uma língua internacional neutra, isto é, o esperanto. nuel reconhece os que compõem o movimento espe-
O documento é concluído com uma abordagem rantista. Os espíritas, igualmente arautos do progresso,
sobre os caminhos da aludida transição para um sistema entreviram essa fase com o auxílio das luzes da Dou-
linguístico em que seja considerada a adição de uma lín- trina, apoiando a Língua Internacional Neutra e seus
gua internacional neutra na escolha de línguas existentes. ideais desde 1909, quando a Federação Espírita Bra-
A transição pode ser iniciada com decisões relati- sileira publica em Reformador daquele ano o primei-
vamente fáceis no que diz respeito aos processos in- ro texto de propaganda do esperanto no generoso cír-
ternos da ONU e das ONGs, sem grandes custos no culo dos adeptos da Terceira Revelação da Lei de Deus.
curto-prazo e com possibilidade de consideráveis Perseveremos, caros coidealistas, nos serviços em
economias no longo-prazo. prol da divulgação e do uso desse genial instrumen-
A introdução de uma língua internacional neutra to de comunicação internacional trazido do mundo
nos programas de educação dos estados-membros espiritual pelo Apóstolo da Concórdia que, na Terra,
pode exigir tempo mais longo e um plano de transi- tomou o nome de Lázaro Luís Zamenhof. Criemos
ção cuidadosamente elaborado, já que as competên- cursos da língua, publiquemos material didático pa-
cias linguísticas em línguas nacionais, hoje vasta- ra o seu aprendizado, traduzamos e editemos as boas
mente aplicadas na comunicação internacional, per- obras doutrinárias, esforcemo-nos por antecipar en-
manecerão vitais durante a desejada transição, a qual tre nós essa anunciada fase universalista da vida no
poderá ser facilitada por intermédio da experiência planeta, fazendo do esperanto a língua para as rela-
do movimento esperantista, considerando o valor ções internacionais da crescente família espírita
propedêutico de seu Idioma Neutro. mundial.
O
homem moderno, que ex- foi apresentado esse assunto a uma meu!”. Até agora, o encaminha-
plora o fundo dos ocea- seleta plateia, não-espírita, inte- mento do assunto está lógico, claro.
nos e cada vez mais do- ressada em pesquisas sobre fenô- Mas quando analisamos o uso do
mina o espaço sideral, ainda não menos extrafísicos. Ao ouvirem possessivo nas frases acima, a ques-
conhece a sua própria natureza. essa pergunta, os presentes se agi- tão se complica. Vejamos: uma cria-
Conhece o mundo exterior, mas taram e começaram a murmurar, tura morreu. Corpo e alma sepa-
não se conhece; sabe quem é, até que um deles falou: “Não serei raram-se. O corpo foi enterrado e
mas não sabe o que é. eu que ficarei enterrado aqui. Será a alma foi para uma outra dimen-
Excluem-se os materialistas. o meu corpo”. Diante dessa afirma- são do Universo. Se alguém ameaça
Esses pensam que já sabem o que tiva, o auditório acalmou-se, até o tocar naquele corpo, quem dirá:
são: apenas matéria pensante. E momento em que o palestrante “Não toques nesse corpo porque
os espiritualistas – aqueles que disse: “Você não resolveu o pro- ele é meu”? Ou se alguém tentar
creem que, após a morte, algo blema, pelo contrário, complicou-o tocar na alma: “Não toques nessa
continua, algo sobrevive – será ainda mais, a ponto de torná-lo alma porque ela é minha”? Quem
que sabem o que são? até contrário à razão”. Para se en- é esse ser que possui esse corpo e
Ao inquirir-se alguém, que diz tender bem por que o problema se essa alma?
ter alma ou Espírito, onde quer ser tornou complicado, deixemos por Segundo posição – não só espí-
enterrado quando morrer, geral- um momento o campo do espírito rita em particular, mas espiritualista
mente obtém-se a resposta: “Quero e passemos a outro, ao campo da de modo geral – perfeitamente ló-
ser enterrado em minha cidade, gramática e da lógica. As gramáti- gica, deve-se riscar a frase: “minha
perto dos meus pais, parentes e cas de todas as línguas ensinam alma”, substituindo-a por “eu”. Eu
amigos”. Interrogada essa mesma que o possessivo é a palavra que sou o possuidor do corpo, ou me-
pessoa a respeito do destino de sua indica alguém que pode reclamar lhor, fui o dono do corpo que mor-
alma, a resposta, sem dúvida, indi- a posse de algo, ou seja, do objeto reu. Fui o seu usuário temporário.
cará um lugar bom, de acordo com possuído. Portanto, se for dito: Eu, Espírito, diante do corpo morto,
a sua convicção religiosa. Entre- “Meu relógio”, isso significa que o posso afirmar: “Este corpo foi meu,
tanto, poder-se-ia objetar: “Que relógio pertence à pessoa que fala, usei-o durante o tempo em que vi-
importa se ela for para um lugar que se declara ser o seu possuidor. veu”. O corpo jamais poderá dizer:
ruim, uma vez que é ela quem vai No caso de alguém tentar apossar- “Essa alma era minha”.
e não você? Você disse que ficará -se dele, essa pessoa dirá: “Não to- Assim, chega-se à conclusão de
enterrado em tal lugar”. Certa vez, ques nesse relógio porque ele é que eu, Espírito, sou imortal, indes-
VLADIMIR ALEXEI
N
o primeiro ano da Revue Em França, a cidade de Tours foi Sardou (autor aclamado de peças
Spirite, em novembro de uma das primeiras a conhecer o Es- teatrais, um mestre dos diálogos),
1858, Allan Kardec publi- piritismo. Foi lá também que os em- Russel Wallace, Alexander Aksakof,
cava o artigo “Polêmica Espírita”. bates tiveram seus primeiros movi- Jean Meyer, Sir Conan Doyle,
“Há polêmica e polêmica”, asseve- mentos. Em 1862, Tours possuía um dentre outros.
rava o Codificador. “[...] uma há Grupo Espírita presidido pelo Dr. Os trabalhos exigiam mais.
diante da qual jamais recuaremos: Chauvet que já havia escrito um li- Membros da Igreja de então, num
é a discussão séria dos princípios vro (Esprit, Force, Matière) em “re- rompante criminoso, denominados
que professamos”. futação cerrada contra Büchner”. por Allan Kardec o resto da Idade
Allan Kardec, intuído pelo Espí- Na mesma Tours, dois anos de- Média, deflagram golpe violento à
rito de Verdade, já anunciava ro- pois, o Apóstolo do Espiritismo, liberdade de pensamento, produ-
teiro seguro a seguir ante a luta que Léon Denis, então com 18 anos, zindo o que ficou conhecido na his-
se travaria para divulgar o Espiritis- iniciava sua trajetória de esclare- tória do Espiritismo como o “Auto-
mo em sua plenitude. cimentos à sociedade, burilando -de-Fé de Barcelona”. A pedido de
Artesãos das palavras serviram- seu Espírito em um contexto de Maurice Lâchatre uma remessa
-se da imprensa de um modo ge- limitações que não eximiram este de livros foi enviada para Barcelo-
ral, e espírita em particular, para sábio dos mais profundos teste- na, seguindo os trâmites aduaneiros
esculpir obras de luz. As respon- munhos de amor à causa espírita. entre países, conforme determinava
sabilidades pela divulgação dos O célebre Apóstolo, autor de a lei vigente. Porém, era tarde.
ideais santificados de Allan Kardec Depois da Morte – obra compulsa- Antevendo o futuro, Kardec en-
tiniam nas consciências evolucio- da por Eurípedes Barsanulfo em fatiza a necessidade de se fazer co-
nistas e renovadoras dos seus dis- uma noite, definindo o “toque de nhecer as armas usadas contra o
cípulos, fiéis às bases, desde o prin- despertar” para os valores espiri- Espiritismo.
cípio. Entretanto, a incompreen- tuais, segundo Corina Novelino – No Brasil, antes da existência da
são e o preconceito marcaram os protagonizaria os Congressos de Codificação, antes até dos fenôme-
passos dos pioneiros na divulgação 1900 (Paris), 1905 e 1910 (Bélgica), nos com as irmãs Fox, em Hydesville
do Espiritismo, exigindo esforço 1913 (Suíça) e 1925 (Paris) resga- (EUA), encontraremos, em 24 de
transcendente e profundo conhe- tando as ideias da Doutrina Espí- maio de 1845, na Bahia, ocorrência
cimento de um ideal anunciado rita. Nomes ilustres acompanha- policial assinada por Joaquim dos
por Jesus. ram-no nos Congressos: Victorien Santos (Juiz Municipal), “oficiali-