■ SAÚDE

Por KENNETH U. IDIODI, FRC*

N
ossa vitalidade não tem massa, nem peso, é não-
-material, mas pode ser sentida e expressa em nossa
realidade material. Para entender nossa vitalidade,
devemos considerá-la, tanto de uma perspectiva não-
-material ou espiritual, quanto de um ponto de vista material. O
mundo material impacta muito fortemente em nossos sentidos da
visão, audição, olfato, paladar e tato. Para muitas pessoas, o mundo
material domina sua existência quase completamente. Seu senso
de espiritualidade é tão grandemente suprimido ou subjugado
que elas duvidam ou mesmo rejeitam a noção de ter uma natureza
espiritual. Referimo-nos a essas pessoas como “materialistas”.
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 Se dermos uma boa olhada no mundo
material, vemos que no nível subatômi-
co que não é decididamente tão concreto
quanto acreditávamos. Quando a matéria
é decomposta em átomos e suas partícu-
las subatômicas, percebemos que há mais
espaço do que “substância” nela. O que
nos parece sólido não é mais que a vibra-
ção das partículas no espaço; partículas
tão infinitamente pequenas que não sa-
bemos com certeza qual é a sua real natu-
reza. Na verdade, elas existem mesmo?
A realização da natureza efêmera do
mundo material fez com que alguns rejeitem
sua existência e procurem estabelecer sua
realidade total no reino espiritual. Tais pes-
soas podem se retirar da sociedade e tornar-
-se contemplativas, algumas até cometendo
suicídio em uma rejeição final e trágica de
sua experiência de corporalidade. Um reclu-
so, ao negar totalmente o mundo material,
está em oposição polar ao materialista que
descrê da existência do reino espiritual.
Entre essas duas polaridades está a visão
Rosacruz que postula que, embora realmen-
te sejamos seres espirituais, temos experi-
ências materiais em um mundo material.
Simplificando, somos seres espirituais tendo
uma experiência material, ainda que muito
temporária. Portanto, é necessário trabalhar
em harmonia com as leis que governam os
mundos material e espiritual, se quisermos
ter uma experiência de vida satisfatória.
A força vital
Nosso corpo físico é o instrumento pelo
qual funcionamos no mundo material.
Devemos cuidar do corpo, porque quan-
to melhor for sua condição, melhor será
nossa experiência material e espiritual. Do
ponto de vista Rosacruz, o corpo físico está
em ótimas condições quando a Força Vital
que o anima está em perfeito equilíbrio.
Os ensinamentos rosacruzes explicam
que a Força Vital tem duas fases: uma de
natureza ativa e outra de natureza passiva. O
equilíbrio dessas duas fases é necessário para
uma expressão completa da força vital e da
saúde. Respirar é necessário para sustentar
a vida no corpo. No entanto, não é apenas
o ar que respiramos com sua composição
material de nitrogênio e outros gases que
trazem vida. Estes são gases inanimados.
Estudos Rosacruzes revelam que há um
misterioso elemento de vida contido no ar
que respiramos, que vem do sol. Esta é a
fonte da nossa vitalidade e muito mais.
Para apreciar a importância do Sol em
nossas vidas, simplesmente devemos ima-
ginar o que aconteceria se o Sol desapare-
cesse de repente. A vida não continuaria a
prosperar sem o calor, a luz e outras mis-
teriosas radiações que emanam dele, que
é sem dúvida o símbolo mais profundo
da divindade que pode ser encontrado na
natureza. Vemos isso todos os dias e, em
muitos aspectos, permanece um enigma.
Os cientistas observaram que o Sol é
muito mais do que apenas uma bola de fogo
no céu. Várias de suas características conhe-
cidas continuam a confundir a comunidade
científica. Por exemplo, observou-se que a
aura imediatamente ao redor do sol, conhe-
cida como corona, tem uma temperatura
muito mais alta que sua superfície. Isso sig-
nifica que, se você entra na atmosfera do Sol,
a temperatura diminui à medida que você
se aproxima de sua superfície. Isso é contra
as leis conhecidas da física. Nosso planeta
Terra, junto com outros planetas do Sistema
Solar, é protegido pelo Sol das radiações que
vêm de outras estrelas. O Sol nos envia um
poderoso vento solar de plasma magnético
que preenche o vasto espaço entre e ao redor
dos planetas, segurando então em uma bolha
magnética que serve como um envelope pro-
tetor contra todas as radiações externas do
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espaço. Em outras palavras, estamos literal-
mente no caloroso abraço maternal protetor
do Sol, que permanece surpreendentemente
estável, ao contrário da maioria das outras
estrelas, que, em vez de permanecerem está-
veis, expandem-se rapidamente ou se contra-
em ou se comportam de maneira errática.
Há provavelmente mais sobre o Sol do que
podemos ser capazes de compreender. O Sol
não é apenas a fonte da vitalidade; é também
o símbolo perfeito desta vitalidade. Quando
estamos em excelente estado de saúde, há
um certo esplendor que emana de nós muito
parecido com o sol. No entanto, para susten-
tar a força vital que vem do Sol e facilitar a
expressão de seus vários atributos, ele deve
ser apoiado por outras energias terrenas.
O corpo humano
como um sistema
energético
O corpo humano foi criado com a ca-
pacidade de utilizar as energias terrenas
para sustentar a força vital em si mesmo e
funcionar diariamente. E distribui eficien-
temente a energia dentro de si para seus
vários órgãos e células para efetivamente
usá-la. As fontes de energia que o corpo
humano utiliza incluem comida, água, ar e
magnetismo. Quando nos tornamos mais
conscientes de nossas fontes de energia,
desenvolvemos formas mais eficazes de
absorver as necessidades energéticas delas.
Como dito anteriormente, após a absor-
ção, a energia deve ser distribuída. A ener-
gia absorvida pelo corpo humano, sem ser
efetivamente distribuída, torna-se disponível
para organismos estranhos no corpo, que o
atacam. Esses organismos se fortalecem à
custa dos órgãos e processos do corpo que
começam a funcionar mal sob a pressão
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dos intrusos. Os sistemas de distribuição
de energia no corpo incluem a corrente
sanguínea, o sistema nervoso e o sistema
endócrino. Esses sistemas de distribuição
devem ser mantidos em condição ideal de
funcionalidade. O corpo humano é um
sistema de energia que, em um estado ideal,
absorve a energia, a distribui e gasta com um
alto nível de eficiência. Isso significa uma
alta relação entre a entrada e a utilização da
energia, com um mínimo de desperdício.
Práticas para
vitalidade
Existem algumas práticas nas quais podemos
nos engajar e outras que devemos evitar para
nos ajudar a manter um alto nível de vitalida-
de. Para manter o corpo físico em boas con-
dições, ele deve ser exercitado regularmente.
Há uma tendência nos tempos modernos
para que mais e mais pessoas tenham um
estilo de vida sedentário. Os problemas de se
sentar por muitas horas são bem conhecidos
da ciência médica e estão se tornando bem
conhecidos do público. Foi medicamente
observado que um estilo de vida sedentário
aumenta o risco de desenvolver diabetes,
hipertensão, câncer de cólon, depressão e an-
siedade, obesidade e músculos e ossos fracos.
Para evitar isso, devemos fazer pausas de
hora em hora na posição sentada para nos
levantarmos e fazer alguns exercícios básicos
de alongamento por cerca de dois minutos
antes de retornarmos aos nossos lugares. Os
exercícios têm um impacto muito positivo
na circulação sanguínea e no sistema nervo-
so, que, como afirmado anteriormente, têm
papéis importantes na distribuição de energia
dentro do corpo. Recomenda-se que faça-
mos pelo menos vinte minutos de exercício
todos os dias. Uma caminhada rápida é um
dos melhores exercícios que podemos fazer.
 A comida que comemos também tem muito a ver com a nossa
vitalidade, em termos da quantidade e qualidade dos alimentos que
ingerimos, bem como da hora do dia em que nos alimentamos. Co-
mer uma refeição antes de ir dormir não é uma boa ideia. As horas
de sono noturno são mais efetivamente usadas pelo corpo para au-
tocura e regeneração. Dar ao corpo uma tarefa adicional de digerir
alimentos durante a noite prejudicaria a revitalização que o sono nos
oferece. Devemos comer as variedades de alimentos que fornecem
ao corpo todos os nutrientes necessários para o funcionamento, es-
pecialmente frutas e legumes, mas evitar excessos, pois isso levaria
a problemas de excesso de peso. Estar acima do peso ou obeso au-
menta o risco de contrair muitas doenças, incluindo diabetes, do-
enças cardíacas e certos tipos de câncer. Nossa alimentação deve ser
em horários apropriados e limitada às quantidades que o organis-
mo requer e aos tipos de alimentos que sustentam a boa saúde.
Nossa vitalidade e saúde também são influenciadas por nossos
pensamentos e emoções. Se assistirmos a um espetáculo musical,
drama ou qualquer outra forma de entretenimento que desfrutemos
ou fizermos um emocionante passeio com bons amigos, muitas vezes
haverá uma sensação de revigoramento depois dessa experiência. Às
vezes, podemos literalmente sentir uma sensação de formigamen-
to fluindo no nosso sistema nervoso. Isso é uma indicação de que o
sistema nervoso foi estimulado de uma maneira que o anima, me-
lhorando assim sua funcionalidade. O adágio de que “Só o trabalho
e nenhuma brincadeira faz de Jack um garoto chato” pode ser uma
referência direta à lentidão de um sistema nervoso que funciona mal
porque se lhe negou o estímulo regular. Devemos, portanto, reservar
regularmente parte de nosso tempo para entretenimento, pois isso
nos manterá revigorados e, assim, auxiliará nosso sistema nervoso.
Além de influenciar o sistema nervoso, as emoções também têm
um impacto muito significativo no corpo físico através do sistema
endócrino, que é constituído por glândulas que produzem e secretam
hormônios que regulam o crescimento, o metabolismo e muitas funções
importantes do corpo. Devemos, portanto, direcionar nossos pensa-
mentos de maneira a gerar emoções harmoniosas sempre que pudermos
para facilitar o bom funcionamento do sistema endócrino. Podemos
fazer isso envolvendo-nos periodicamente em exercícios mentais duran-
te os quais conscientemente direcionamos nossos pensamentos men-
talmente, criando as condições mais edificantes de que somos capazes.
Este método é aplicado em uma prática de meditação Rosacruz
conhecida como Contato com o Sanctum Celestial. Nesta prática de
harmonização, o Santuário Celestial é mentalmente criado como o lugar
mais sagrado, sereno e belo que nossa imaginação pode conceber. Nós
então nos visualizamos subindo ao Santuário Celestial e descansando lá

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por um tempo. Para os melhores resultados,
nos preparamos para a meditação, limpan-
do nossas mentes de todos os pensamentos
discordantes, enquanto bebemos um copo
de água e lavamos nossas mãos para sim-
bolizar nossa intenção. Então nos sentamos
em um lugar tranquilo e começamos com
uma oração não-sectária: “Que a essência
divina do Cósmico infunda meu ser e me
purifique de todas as impurezas da mente e
do corpo para que eu possa entrar no Sanc-
tum Celestial e ali permanecer em pureza
e dignidade. Assim Seja!”. Então iniciamos
o exercício como descrito anteriormente.
Quando nos sentimos inclinados a terminar
o exercício, concluímos também com uma
oração assim: “Que o Deus do meu cora-
ção santifique este contato com o Santuário
Celestial”. A prática regular da harmoniza-
ção com o Sanctum Celestial é muito be-
néfica em muitas áreas da vida, incluindo
a manutenção da boa saúde e vitalidade.
Um aspecto curioso de nossas vidas que
afeta a vitalidade é o de interagir com outras
pessoas. Enquanto algumas pessoas têm um
efeito energizante sobre nós quando intera-
gimos com elas, outras têm o efeito oposto;
drenam nossa vitalidade. Esses efeitos não
ocorrem apenas quando estamos na presença
física dos outros, mas também por conexão
psíquica quando estamos conversando por
telefone, ou quando conversamos usando
mensagens de texto ou outras plataformas
interativas de mídia social, como Facebook,
WhatsApp, Twitter. De fato, muitos se quei-
xaram do efeito drenante das mídias sociais
em sua vitalidade. Isso acontece porque, atra-
vés das mídias sociais, multiplica-se enorme-
mente o número de pessoas com as quais nos
relacionamos psiquicamente, aumentando
assim o potencial de experimentar um esgo-
tamento de vitalidade.
No entanto, não devemos considerar
aqueles que drenam nossa energia como
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“vampiros da energia”, mas sim perceber que
um processo natural de equilíbrio de ener-
gia ocorre quando nos conectamos com os
outros em interação. Isso pode resultar no
fluxo de energia de uma pessoa para outra.
Qualquer fluxo de energia será recuperado
no devido tempo. No entanto, as saídas de
energia do corpo podem ser reduzidas ao
unirmos as mãos com os dedos entrelaçados
e, em seguida, colocar as palmas das mãos
sobre o plexo solar enquanto juntamos os
pés. Isso pode ser feito discretamente com
um comando mental para reter a vitalidade
em nosso ser. Na mesma linha, alguns am-
bientes nos energizam, enquanto outros am-
bientes nos esgotam, e os mesmos princípios
se aplicam ao interagir com outras pessoas.
É importante monitorar sempre os nossos
níveis de energia, fazendo uma anotação
mental da nossa vitalidade em relação às
nossas atividades do dia a dia. Desta forma,
podemos, por associação, descobrir o que
fazer e o que evitar para a manutenção de
nossa força vital. A internet está proliferan-
do em sites que oferecem uma variedade de
práticas de autoajuda que variam de práticas
psicológicas a práticas espirituais. Algumas
delas, embora prometam melhorar nossas
vidas, acabam drenando nossa vitalidade.
Sempre que percebemos isso, devemos parar
a prática imediatamente. A prática pode
ser boa para os outros, mas, se esgotar sua
energia, certamente não será boa para você.
Se, por exemplo, você estiver interes-
sado em práticas de cura metafísica, você
deve monitorar seus níveis de energia e
garantir que use uma técnica que não com-
prometa sua vitalidade. Além disso, valeria
a pena acumular energia antes e depois das
sessões de cura. Nossa perda ou ganho de
vitalidade nunca é uma ocorrência casual,
mas ocorre de acordo com nossas ativida-
des em relação às leis naturais e espirituais
que governam o Universo.
Vivendo conscientemente
O estudante Rosacruz se esforça para viver em harmonia com as leis
naturais e espirituais do Universo. As leis naturais governam as obras
da natureza à medida que se manifestam em torno de nós e das quais
estamos separados. As leis espirituais, por outro lado, governam a
dimensão invisível interior de nossa existência, da qual estamos sempre
intimamente conscientes, embora não possamos percebê-las.
Essas leis são estabelecidas para manter o equilíbrio no esquema das
coisas e são totalmente impessoais. Dentro das leis, alcançar a autorrea-
lização é uma condição inerente a cada indivíduo. Trabalhar em harmo-
nia com essas leis significa simplesmente funcionar de tal maneira que
se aproveita dessas provisões. Claramente, é essencial que conheçamos e
compreendamos essas leis, se quisermos trabalhar com elas. E tal conhe-
cimento e compreensão nos chegam através de experiências pessoais,
pesquisa, estudo e nossa intuição.
Quando percebemos que nossos pensamentos, palavras e ações agem
como causas que estabelecem uma cadeia de efeitos que influenciam
nossas experiências na vida, nos tornamos muito conscientes de tudo
o que pensamos, falamos e fazemos. Quando, como resultado de nosso
estudo das leis naturais e espirituais, somos capazes de traçar nosso
estado atual até causas no passado, podemos então projetar os resulta-
dos prováveis de nossas ações presentes. A disciplina pessoal de viver
uma vida de circunspecção é alcançada sem muito esforço, uma vez
que estamos convencidos dos efeitos resultantes de nosso estilo de vida.
Não basta ser informado sobre o funcionamento de uma lei; devemos
ter sua operação claramente demonstrada antes de nos convencermos.
A demonstração de uma lei a traz à vida em nossa consciência, e é
por isso que muitas vezes se afirma que a experiência é o melhor pro-
fessor. No entanto, é uma sorte que também possamos aprender com a
experiência de outras pessoas, para que não tenhamos necessariamente
que passar por todas as experiências. Para aprender com a experiência
de outras pessoas, precisamos cultivar a virtude da compaixão que é
inerente a todos os seres humanos. O conhecimento e a compreensão
que adquirimos acabam nos levando a ser perfeitamente nós mesmos.
Nossa vitalidade pode ser comparada à nossa própria existência;
nosso próprio ser. Quanto mais vital somos, mais nossa existência ou
ser é expresso. Para a mais completa expressão do nosso ser em todos
os níveis de existência, cabe-nos tomar todas as medidas necessárias
para salvaguardar a nossa vitalidade. Que nossas vidas continuem a
evoluir para as expressões mais vitais da Luz, Vida e Amor do Cósmi-
co dentro e ao redor de nós. ✔
* Kenneth U. Idiodi é Grande Administrador para a Língua Inglesa na África Ocidental e Diretor da
Suprema Grande Loja da AMORC.

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