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MANUAL PRÁTICO DE CONTROLE

ANTIDOPING

Dezembro / 2.002 – Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Compilação, organização dos dados e informações:


Associação Brasileira de Estudo e Combate do Doping / Corpo Diretivo - (11) 4743-7230

Elaboração:
Prof. Alexandre Pagnani / Dr. Osmar de Oliveira
Dr. Rafael Santonja (Espanha)

Editoração eletrônica e Arte final: Ilustração:


FullMídia Interactive Design Flávio Martins

Tradução: Produção Editorial:


Prof. Maurício Arruda Campos Editora Resugil
Prof. Bruno Coraucci Neto

Todos os direitos reservados.


É proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização do editor e da
Associação Brasileira de Estudo e Combate do Doping, conforme legislação vigente.

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Índice Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

3 Capítulo I – História do Dopin

8 Capítulo II – O Surgimento dos Esteróides Anabolizantes Androgênicos

18 Capítulo III – O Conceito do Doping – Anabolizantes Androgênicos

20 Capítulo IV – O Doping Tecnológico

23 Capítulo V – O Presente

25 Capítulo VI – O Futuro

27 Capítulo VII – Guia Informativo de Esteróides Anabolizantes


Uma Droga Perigosa

35 Capítulo VIII – Alternativas Naturais contra o Doping

56 Capítulo IX – Exemplos de Procedimentos Básicos


para Controle de Exame Antidoping

59 Capítulo X – Procedimentos adotados pela Organização de


Jogos Sul-Americanos

59 Capítulo XI – Código Antidoping do Movimento Olimpíco – 2.003

70 Referências Bibliográficas
HISTÓRIA DO DOPING 3

Capítulo I

HISTÓRIA DO DOPING

Ó
pio, um látex obtido pelo corte dos bulbos da Papoula somniferum era
conhecido pelos sumérios no ano 3000 a.C.

Na China, por volta de 2737 a.C., já se conheciam algumas plantas cuja mas-
tigação, uso de extratos ou infusões, produziam efeitos estimulantes: a efedra (efe-
drina), a machuang (alcalóide) e a mandragora (afrodisíaca com sabor e cheiro
desagradáveis). Os árabes, 1000 a.C., conheciam a maconha (cannabis), o haxixe
(dez vezes mais forte que a cannabis), a catina (da qual, hoje se extrai a dextrono-
risoefedrina) e o ginseng (uma amina que era usada para estimular os guerreiros).

Na antiga Grécia, em 300 a.C., nos Jogos Olímpicos Antigos, os corredores


de longa distância usavam uma cocção de plantas que tinha como principal produ-
to um alucinógeno extraído de cogumelos. Para o pensamento da época, era para
evitar o surgimento do “baço grande e duro”. Em alguns atletas era até retirado o
baço (esplenectomia). Em outros, fazia-se uma cauterização com ferro em brasa.
É dessa época a primeira notícia de uma espécie de regulamentação olímpica em
que se proibia qualquer prática mutilante, como a esplenectomia ou a cauterização
em atletas. Na mitologia nórdica, os lendários berseks ou berserkers, usavam a
bufoteína, uma droga estimulante extraída de um certo tipo de fungo. Na África,
os nativos já usavam a “cola acuminata” e a “cola nitida” como estimulantes nas
marchas e nas corridas.

Nessa época, o ópio já estava sendo muito usado na Grécia e na Ásia. Ele
teve uma grande divulgação entre os árabes, porque o Alcorão – livro muçulmano
sagrado – proibia o uso do álcool, mas não citava o ópio. Na Ilíada, poema de
Homero, a encantadora Helena, nas festas, oferecia aos amigos uma poção mila-
grosa que curava certas dores e doenças além de produzir sonhos maravilhosos.
Provavelmente, era ópio. Na China, as mães embalavam seus filhos num ambiente
4 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

com fumaça da fervura do ópio para que seus filhos parassem de chorar e ador-
mecessem. Na Turquia, os médicos presenteavam as pessoas mais influentes do
reino com formulações que continham opiáceos. Em todas as batalhas desse perío-
do, era comum os guerreiros usarem opiáceos para diminuir a dor dos ferimentos
e aumentar a coragem para a batalha.

Um pouco antes de Cristo, na antiga Roma, os tratadores de cavalos, usa-


vam o chamado hidromel – mistura de água, mel e aveia –, que eles imaginavam
melhorar a forma física dos animais usados nas provas esportivas. Na verdade,
antecipando-se aos primeiros conhecimentos de fisiologia, eles hidratavam e au-
mentavam o suporte de glicose e proteína nos cavalos. Para mostrar ao povo o ri-
gor das leis ou ter a desculpa perfeita para algumas derrotas frente aos gregos, o
Senado Romano punia com a crucificação o tratador de cavalos que usasse o
hidromel.

Numa análise mais crítica, fica a desconfiança de que os atletas gregos quando
subiam o monte Olimpo para buscar inspiração e proteção de Zeus, ficavam ali por
dois ou três dias, usando alucinógenos para aumentar a coragem e a audácia nas
competições.

Na América do Sul, a coca mascada era usada para aumentar o desempe-


nho, diminuir o cansaço e amenizar a fome nos trabalhos forçados e nas longas
marchas. Depois, a folha de coca passou a ter o domínio da nobreza e dos sacer-
dotes, com caráter divino, mas como se confirmou que ela diminuía a fadiga, pas-
sou a ser ofertada aos “mensageiros” a chamada “cocada”, uma bola de folhas de
coca misturada com calcário. Com o calcário, o efeito era amenizado porque ele
alcanizava o ambiente gástrico impedindo a rápida degradação da cocaína pela
saliva e pelo suco gástrico. Os índios escondiam algumas plantas nativas de coca
porque já estavam dependentes de seus efeitos. Quando o espanhol Francisco Pi-
zarro começou as primeiras conquistas na região em 1532, pagava os índios minei-
ros com folhas de coca. Eles mantinham a dependência e tinham mais ânimo para
descer nas minas de cobre e prata. Quando Pizarro destruiu o Império Inca (atual
Cuzco), essa prática terminou.

Na América do Norte, ingeria-se uma planta chamada peyote, que contém


um alcalóide estimulante conhecido como mescalina. No Tirol, usavam substân-
cias contendo arsênico com fins religiosos.
HISTÓRIA DO DOPING 5

Na Europa do século XVI surgem drogas com cafeína e esse é o ponto


inicial da dopagem entre os povos mais civilizados e entre os atletas. Em 1806, o
aprendiz de farmacêutico Friedrich Sertuner, alemão, isola o principal alcalóide do
ópio e lhe dá o nome de morfina em alusão a Morfeu. Dez anos depois, ela já é
usada em cavalos na Inglaterra. Em 1865, na construção do Canal do Norte em
Amsterdã, os operários recebiam drogas que aumentavam o rendimento no traba-
lho. Na inauguração do Canal, houve uma prova de natação e vários nadadores
competiram usando drogas estimulantes. Em 1879, na Corrida Ciclística dos Seis
Dias, na França, os franceses usavam misturas à base de cafeína, os belgas usa-
vam cubos de açúcar mergulhados em bebida alcoólica ou éter – conhecido desde
o século XII como anestésico, mas usado com fins recreativos na Inglaterra em
1700 –, e alguns ciclistas usavam a nitroglicerina pelo seu efeito vasodilatador
coronariano.

Em 1886, já com o uso indiscriminado de estimulantes pelos atletas, acontece


a Corrida dos 600 km entre Bordeaux e Paris e nela se tem a primeira notícia de
morte por uso de estimulantes: morre o ciclista inglês Linton, que usou uma mistura
de cocaína com nitroglicerina. Por volta de 1900, no boxe, usavam-se tabletes de
estriquinina misturados com conhaque e cocaína. Nessa época, era comum a prá-
tica de debilitar o adversário com drogas dopantes acondicionadas em garrafas de
água. É possível que mortes tenham ocorrido por esse motivo.

Em 1919, o farmacêutico japonês Ogata sintetiza a anfetamina e com isso


cresce a dopagem esportiva, principalmente no ciclismo.

Durante a 2ª Guerra Mundial, de 1939 a 1945, os soldados recebiam o medi-


camento Pervitin – uma anfetamina – nos seus “kits”de sobrevivência. Seu efeito
estimulante e a abolição do sono eram úteis nas grandes marchas e nos vôos no-
turnos. Depois, passaram a usá-lo também nos jogos do exército. Então, terminada
a guerra, muitos soldados estavam viciados com esses comprimidos. Quando vol-
taram a seus países, muitos deles continuaram suas práticas desportivas, principal-
mente os jogadores de futebol americano. Estavam mais corajosos pelas agruras
da guerra e, além disso, jogavam dopados. Isso fez disseminar o uso de anfetaminas
entre os desportistas, prática que existe até hoje, incorporada ao uso de outras
substâncias proibidas pelas leis esportivas.
6 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

Nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960, são descritas três mortes por uso
de doping: Knut Enemark Jensen, um ciclista da Dinamarca de 25 anos (quinze
tabletes de anfetamina, mais oito tabletes de um vasodilatador coronariano, mistu-
rados a uma garrafa de café), Dirck Howard, alemão, medalha de bronze nos
400m. (por dose excessiva de heroína) e Simpson, um corredor inglês (também
por um estimulante).

Até essa época, os métodos de detecção da dopagem ainda eram muito sim-
ples. O primeiro método foi desenvolvido pelo químico russo Bukowski que traba-
lhava no Jóquei Clube da Áustria e analisava a saliva dos cavalos. Mas ele nega-
va-se a revelar seu método. No mesmo ano, 1910, Sigmundo Frankel químico da
Universidade de Viena desenvolveu um novo método, também trabalhando com
saliva. Nas décadas de 40 e 50, foram criados e desenvolvidos os métodos da cro-
matografia gasosa e delgada que foram sendo aperfeiçoados com o tempo, até se-
rem substituídos pela moderna espectrofotometria de massa que pode determinar
na urina a presença e dosagem da maioria das substâncias listadas como proibidas
para os atletas.

Já em 1955, a Federação Mundial de Ciclismo iniciava trabalhos de análises


de urina. Chegou ao ponto de em uma só prova, obter cinco resultados positivos
em vinte e cinco amostras. Ela foi a primeira, porque em muitos países da Europa
o ciclismo é um esporte de massa e naquela época os interesses comerciais de
divulgação de marcas e logotipos por parte dos ciclistas, era uma realidade.

Durante os J.O. de Tóquio em 1964 um congresso da UNESCO conjunta-


mente com o COI iniciou o combate à dopagem, esboçando leis, controles e puni-
ções. Seguiram-se simpósios na Alemanha, Áustria, Itália e Suíça, mas os países
não reconheciam essas deliberações, muitas vezes invocando razões até de uso de
dopagem por patriotismo. Desde 1965 e com periodicidade de três anos, a Liga
Ciclística da Bélgica passou a divulgar o resultado de seus exames. De 25,59% em
1965, caiu para 8,16% em 1968 e para 4,78% em 1971, vindo a aumentar para
7,10% em 1974, provavelmente pelo desenvolvimento das técnicas de cromatografia.
A substância mais encontrada foi a anfetamina e os exames positivos eram quase
todos de profissionais e de veteranos, com mínimos percentuais em principiantes.

Em 1968, durante os J.O. de Inverno em Grenoble, o COI forma uma comis-


são de cinco médicos e um químico que unificaram todas as deliberações e leis
HISTÓRIA DO DOPING 7

existentes. Três meses antes dos J.O. do México essa primeira lei foi enviada para
todos os países participantes da Olimpíada, mas o controle foi muito pequeno e
sem qualquer punição. Os países alegavam o pouco tempo entre a lei e os Jogos.
Muitos até ameaçaram não comparecer aos Jogos e outros chegaram a manifes-
tar intenção de abandonar a Vila Olímpica.

A anfetamina e produtos assemelhados, que dominavam os casos positivos


passaram a ser substituídos paulatinamente pelos hormônios masculinos, os cha-
mados esteróides anabólicos com poderes muito mais vitoriosos mas também com
efeitos colaterais mais desastrosos. Depois, os atletas começaram a usar diuréticos
para mascarar a presença dos hormônios e mais recentemente os hormônios de
crescimento, principalmente, ganharam destaque na preferência dos atletas.
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Capítulo II

O SURGIMENTO DOS ESTERÓIDES


ANABOLIZANTES ANDROGÊNICOS

O
s testículos e hormônios masculinos têm sido considerados durante sécu-
los como sendo o centro da força e virilidade do homem. O médico fran-
cês Theophile de Bordeu escreveu, em 1776, para a revista The Medical
Analysis of the Blood o seguinte artigo: “Os testículos fornecem uma tonalidade
masculina ao organismo e evidenciam o animalismo em um indivíduo. Não apenas
cada glândula, mas cada órgão do corpo é uma oficina de secreção de substâncias
específicas, as quais passam pelo sangue e das quais depende a integração fisioló-
gica do corpo como um todo”. Ele acreditava, de maneira correta, que os hormônios
eram essenciais para a existência do indivíduo

O médico inglês Berthold realizou experiência com aves que adiantaram em


50 anos a ciência da endocrinologia. Ele removeu os testículos de quatro galos de
briga tornando-os castrados. Então, abriu a bolsa escrotal de dois deles e reimplantou
um testículo em cada ave. Os implantes tiveram sucesso e, enquanto os dois galos
castrados tornaram-se quietos e pacíficos, os outros dois com testículos reimplan-
tados tornaram-se extremamente agressivos, gritavam muito e voltaram a ser ga-
los de briga de uma maneira muito mais violenta. Isso mostrou a ele como os hor-
mônios eram transferidos no sangue.

Em 1889, o já famoso fisiologista francês Charles Édouard Brown Sëquard,


com a avançada idade de 72 anos, declarou ter descoberto o elixir da vida eterna
na forma dos hormônios masculinos. Recordando os experimentos de Berthold,
ele removeu os testículos de cães e porco da Guiné, amassou-os e os transformou
em uma solução de sais, que injetou em si mesmo. Entusiasmado com os resulta-
dos iniciais, concluiu ter descoberto um processo pessoal de rejuvenescimento.
“Houve um notável retorno de minha resistência física”, afirmou publicamente.
Ele disse também ter recuperado a sua agilidade mental, bem como a função
O SURGIMENTO DOS ESTERÓIDES ANABOLIZANTES ANDROGÊNICOS 9

natural dos seus intestinos. A sua nova capacidade de vida durou apenas 30 dias
quando, então, começou a enfraquecer e faleceu alguns anos mais tarde. Hoje ele
é considerado o fundador da endocrinologia, especificamente a organoterapia.

Em 1926, o Professor Fred Kotch da Universidade de Chicago extraiu, dissol-


veu, fracionou e destilou testículos de boi. Enquanto que outros antes dele traba-
lharam com gramas, ele trabalhou com centenas de quilos de testículos de boi co-
letados dos matadouros de Chicago. Seu trabalho veio a ser inconclusivo.

No verão de 1935, o farmacologista alemão Gunter Wormun realmente conse-


guiu extrair alguns cristais de testículos de boi. Entregou esses cristais para quími-
cos colegas que conseguiram identificar o arranjo estrutural desses cristais e de-
ram ao extrato um nome levemente masculino: TESTOSTERONA. No mesmo
ano, fisiologistas suíços conseguiram transformar o colesterol químico em testos-
terona sintética. A humanidade obteve assim a capacidade de produzir quantida-
des ilimitadas de testosterona sintética e, de posse dessa habilidade, os caçadores
de hormônios poderiam esquecer os já ultrapassados testículos de boi. Como a
busca ao místico hormônio masculino havia culminado em sucesso, a ciência mé-
dica deu um passo na direção da cura dos males de pacientes moribundos. Desco-
briu-se que a testosterona era vital para pacientes que não podiam mais produzir
os próprios hormônios; para pacientes que possuíam pouca ou nenhuma capacida-
de de reter proteína; e para pacientes que sofriam de violentos traumas pós-cirúr-
gico, como por exemplo: vítimas de acidentes automobilísticos.

Durante a II Guerra Mundial, os generais alemães, conscientes de que a tes-


tosterona poderia aumentar muito a agressividade no homem, começaram a forne-
cê-la para as suas tropas que eram enviadas aos campos de batalha. Ironicamen-
te, a mesma testosterona foi utilizada para ajudar vítimas dos campos de concen-
tração nazistas. Aquelas pessoas estavam tão carentes de proteína e músculos
que somente o hormônio masculino foi capaz de colocá-los novamente de pé.

Em 1956, durante os Jogos Mundiais realizados na cidade austríaca de Vie-


na, o Dr. John Ziegler, que era médico da equipe norte-americana de levantamento
de peso enviada para a competição, fez uma descoberta fantástica. Ele notou que
alguns atletas de países do bloco oriental desapareciam das competições no máxi-
mo 1 ano após a sua estréia, sem jamais serem vistos outra vez. Ele também pre-
senciou a cena em que alguns jovens atletas orientais necessitavam ser caracteri-
10 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

zados para poder urinar, isto é, um tubo cateter colocado dentro do pênis através
da uretra e, então, introduzido na bexiga. Tal processo extremamente doloroso era
somente utilizado em homens idosos. Quanto mais o homem envelhece, a próstata
aumenta de tamanho e pressiona a uretra. Eventualmente isso pode interromper o
fluxo de urina, porém aqueles atletas campeões mundiais eram jovens e muitos
deles ainda não tinham 20 anos de idade.

Já naquela época, o Dr. Ziegler sabia que a testosterona podia aumentar o


tamanho da próstata e que a testosterona sintética agilizava em muito esse proces-
so. As suas suspeitas cresceram quando ele viu as atletas femininas dos países do
bloco oriental. A maior parte delas apresentou-se extremamente masculinizadas,
“violentamente feias” como escreveria em suas anotações pessoais.

Uma noite, durante os mesmos jogos, o Dr. Ziegler convidou um médico da


equipe soviética para tomarem juntos uma bebida em um tradicional bar vienense.
Ele confessou suas suspeitas ao médico soviético e este as confirmou: os soviéti-
cos estavam realmente usando testosterona sintética e uma variação química des-
ta, chamada metil-testosterona em seus atletas a fim de aumentar a sua performance
atlética. Enquanto eles conversavam, um fotógrafo tirou uma foto dos dois médi-
cos tendo seu próprio e reservado encontro de cúpula. A foto saiu publicada no dia
seguinte em alguns jornais vienenses e, mais tarde, o Dr. Ziegler confessou nunca
mais ter visto o médico soviético outra vez.

Ficou claro para o Dr. Ziegler que os países do bloco oriental estavam usan-
do os esportes de potência como ferramenta de propaganda para montar a superio-
ridade do sistema soviético e ele decidiu ali e então que deveria fazer algo a respei-
to. Ao retornar aos EUA ele juntou forças com a Ciba-Geigy suíça, através da sua
filial norte-americana, e desenvolveu aquele que veio a ser o padrão dourado e o
mais famoso de todos os anabolizantes esteróides: DIANABOL. O Dr. Ziegler le-
vou a droga para o York Barbell Club que ficava em York, Pennsylvânia onde,
durante as décadas de 50 e 60, treinavam os maiores levantadores de peso da
equipe olímpica norte-americana. Ele cuidadosamente injetou DIANABOL em
alguns atletas do York Club e em si mesmo, anotando detalhadamente as doses e
os efeitos. E aquilo que ele viu o deixou horrorizado: elevação brutal do nível de
enzimas no fígado, aumento e infecções da próstata, atrofia testícular, entre outros
efeitos. Como tais coisas poderiam estar acontecendo? Ele estava injetando doses
de 5 e 10 mg por dia!
O SURGIMENTO DOS ESTERÓIDES ANABOLIZANTES ANDROGÊNICOS 11

O que estava acontecendo era o seguinte: a maior parte dos atletas sob a su-
pervisão do Dr. Ziegler obteve rápidos progressos sem sofrerem efeitos colaterais
a curto prazo. Da mesma maneira que os soviéticos, a equipe olímpica norte-ame-
ricana progrediu bastante, o que foi oficialmente explicado para o grande público e
imprensa como sendo devido à prática de exercícios isométricos; porém, o Dr.
Ziegler notou que alguns atletas gostavam demais da nova droga e encontraram
um farmacêutico conhecido que se propôs a vender-lhes todo DIANABOL, além
de testosterona sintética, que o dinheiro pudesse comprar. Assim, eles estavam
tomando doses muito maiores do que aquelas que o Dr. Ziegler pretendia ministrar.

Ao perceber que os atletas ignoravam seus conselhos e estavam tomando


anabolizantes esteróides como doces, o Dr. Ziegler retirou o seu apoio, admitiu que
havia cometido um erro e recomendou que todos os levantadores deveriam cessar
imediatamente a injeção de DIANABOL. Naquela hora, já era tarde demais.

Durante muito tempo, os jornalistas e editores de revistas – incluindo os mé-


dicos –, diziam que os anabolizantes esteróides eram tão úteis como placebos e
afirmavam categoricamente que nenhum dos campeões norte-americanos os usa-
vam. Nos bastidores, no entanto, o uso dos anabolizantes esteróides espalhava-se
rapidamente. As pessoas que estavam por dentro do esporte sabiam o que estava
acontecendo, porém escondiam suas cabeças no solo como avestruzes.

Durante todo o tempo em que os atletas estavam usando esteróides e falan-


do sobre os seus méritos dentro dos vestiários dos ginásios e academias, os profis-
sionais da medicina nada fizeram para estudar o fenômeno a fim de discernir até
que ponto aquelas drogas funcionavam tão bem quanto os atletas afirmavam. As-
sim os mitos e as desinformações continuavam a se propagar e os atletas que
usavam esteróides cresciam geometricamente em número, ano após ano, em espor-
tes como musculação competitiva, levantamento de peso, futebol comum, natação
e remo – esportes em que são necessários força, potência e músculos.

O grande público veio logo a tomar consciência da existência de anabolizantes


esteróides. Em 1960, um porto–riquenho chamado Fred Ortiz assombrou o mundo
ao competir no campeonato de Mr. Universo. Ele se apresentou com um volume
muscular que era, no mínimo, o dobro dos seus concorrentes mais próximos. Os
anabolizantes esteróides ganharam, assim, notoriedade mundial. E isso trazia cada
vez mais infelicidade para o homem que os introduziu no mundo ocidental.
12 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

Em 1974, após os atletas estarem usando esteróides por mais de 15 anos, o


Comitê Olímpico Internacional (IOC) sentiu que os possíveis problemas médicos
inerentes ao seu uso e o óbvio confronto com o espírito esportivo da lealdade nas
competições faziam com que eles devessem ser colocados na lista das substâncias
banidas do esporte e resolveu agir. Também nessa época, o IOC havia adquirido
experiência médica suficiente para sentir-se confortável em estabelecer o método
EMIT como sendo um teste seguro para a detecção do uso ilícito de anabolizantes.

Em 1981, o campeão mundial de arremesso de disco, o norte–americano


Ben Plucknett, tornou-se a primeira e mais famosa vítima do teste antidoping para
anabolizantes esteróides. Ele perdeu seu recorde mundial e foi cerimonialmente
banido para sempre de qualquer competição pela International Amateur Athletic
Federation. O assunto ganhou tanta publicidade que o atleta nunca mais se recu-
perou nem conseguiu ter de volta o seu destaque mundial nesse evento.

Desde 1974, o teste antidoping para anabolizantes esteróides tornou-se uma


roleta russa. Algumas vezes o teste era realizado e outras vezes não. Algumas ve-
zes os resultados do teste esbarravam em problemas técnicos (falsos positivos) e
outras vezes esbarravam em problemas legais.

Vieram os Jogos Pan Americanos de 1983 em Caracas, Venezuela, e junto


com eles surgiu em cena o Dr. Manfred Donicke, chefe do comitê de dopagem do
IOC, com sua tecnologia maravilhosa. De repente, o problema dos anabolizantes
esteróides teve uma mudança dramática. O Dr. Donicke havia trazido a tecnologia
novíssima do teste radioimunoensaio (RIA), tornando os médicos, agora, capazes
de poder detectar metabólitos que eram exclusivos de um determinado anabolizante
esteróide e que permaneciam no organismo durante longo tempo. Ele também
aperfeiçoou um sistema que poderia detectar a presença de testosterona exógena.

No primeiro dia dos jogos de Caracas, foram apanhados no teste 7 atletas. O


pânico se espalhou rapidamente, pois falava-se que agora todos os anabolizantes
esteróides poderiam ser detectados até 4 meses após o término da ingestão. Te-
mendo as desclassificações, anulações e punições, os atletas alegaram lesões mús-
culos-esqueléticas e voltaram para casa. Quando a poeira se assentou, haviam si-
do desclassificados 30 atletas e 16 perderam suas marcas e medalhas. Se todos os
atletas tivessem sido testados, certamente centenas deles teriam sido desclassifi-
cados.
O SURGIMENTO DOS ESTERÓIDES ANABOLIZANTES ANDROGÊNICOS 13

Da ciência de detecção quase perfeita, foi feita a primeira derrota imposta aos
atletas que insistiam em fazer uso dos anabolizantes esteróides. A próxima derrota
seria a da ciência médica. Até 1984, era largamente difundido o fato de que, de alguma
forma, os atletas saudáveis estavam protegidos dos efeitos colaterais dos anabolizantes
esteróides, pelo menos daqueles considerados mais sérios. Era verdade que a literatu-
ra médica havia registrado uma enorme quantidade de casos de pacientes hospitaliza-
dos, tipicamente com alguma forma de anemia, aos quais foram administrados ana-
bolizantes esteróides e que vieram a desenvolver problemas hepáticos sérios, incluindo
a formação de cistos sangüíneos que infeccionavam e, eventualmente, causavam morte
instantânea, além do câncer. Porém nenhum atleta havia sofrido antes desses terríveis
efeitos. Até que apareceram Daniel Baroudi e Bill Loomis.

Daniel Baroudi era um atleta de musculação competitiva que vinha tomando


anabolizantes esteróides por conta própria durante um período entre 5 e 7 anos.
Ele e sua família nunca tiveram histórico de disfunções do fígado; no entanto, ele
veio a desenvolver câncer hepático como resultado comprovado da auto-adminis-
tração de esteróides, e ele veio a falecer em março de 1984.

Em 1985, um outro atleta, desta vez um praticante de musculação recreativa,


chamado William Loomis foi hospitalizado devido a um tumor canceroso em seu
fígado. Ele havia tomado, durante os últimos 2 anos, um esteróide com caracterís-
ticas anabólico-androgênica chamado ANADROL 50, que havia comprado com o
auxílio de uma receita médica suspeita. Mesmo tendo tomado nesse período a me-
nor dosagem possível e tendo realizado exames sangüíneos periódicos, o tumor
não fora detectado. Quando os médicos finalmente o descobriram, Loomis foi
imediatamente operado e constatou-se que, inexplicavelmente, o tumor permane-
ceu encapsulado e não havia se espalhado. Mais de 2/3 do seu fígado foi removi-
do. Hoje Loomis está vivo e ainda se recuperando.

No início de 1985, o Dr. Bob Goldman, médico diretor do comitê de dopagem


e medicina esportiva da IFBB, publicou um estatuto longitudinal e retrospectivo
revelando que seis atletas faleceram em 1984 devido aos efeitos causados pelo
uso de esteróides anabolizantes. Muitos deles morreram por complicações cardía-
cas embora fossem atletas jovens e saudáveis.

Um dos escândalos relativos aos esteróides iniciou-se no começo da década


de 80, quando um levantador de potência e também treinador de atletas chamado
14 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

Tony Fitton foi formalmente processado por vender anabolizantes esteróides sem
receita médica. Ele foi taxativo em confirmar seus argumentos de que os esteróides
não eram ilegais e deveriam estar disponíveis para todos os atletas que desejassem
utilizá-los. Inúmeras outras pessoas apoiaram essa posição, porém Fitton era um
distribuidor de quantidades enormes de esteróides e, assim, foi preso e escoltado
por agentes federais norte-americanos. Em março de 1985, foi condenado a dois
anos de prisão, o que veio a cumprir integralmente.

Em abril de 1985, foram denunciados 32 jogadores de futebol americano da


Vanderbild University como sendo co-conspiradores numa investigação sobre este-
róides realizada por agentes federais na cidade de Nashville, na qual também esta-
vam envolvidos dois treinadores de esportes de potência da Clemson University.
Eles foram considerados culpados pela distribuição de anabolizantes esteróides
para os atletas daquelas universidades, alegando que o uso de esteróides era co-
mum em todo e qualquer centro esportivo dos EUA, pois os atletas necessitavam
ser maiores em tamanho, mais fortes e mais velozes.

No final de 1986, a National Collegiate Athletic Association (NCAA) lançou


uma investigação em grande escala que revelou aquilo que todos mais temiam:
pelo menos oito das maiores universidades americanas possuíam atletas que esta-
vam fazendo uso de anabolizantes esteróides. Elas eram de Oklahoma (onde todos
os atletas de futebol americano foram barrados dos jogos daquela temporada),
Stanford, Southern Califórnia, Auburn, Louisiana State, Arkansas, Virgínia Tech e
Arizona State.

No final de 1986, agentes federais norte-americanos estouraram 3 grandes


companhias que vendiam anabolizantes esteróides pelo correio e liberaram o nome
dos responsáveis pelo negócio que rendia dezenas de milhões de dólares por ano.
Os responsáveis eram James Bradshaw, James Haga e Cecil Kennedy que foram
capturados e sentenciados com pesadas combinações de multas e prisão. Mais
tarde, Haga conseguiu a aprovação de um pedido de reversão da sentença.

Enquanto isso, os atletas usavam esteróides em proporção cada vez maior e


continuavam sendo apanhados. No início de 1987, num período de apenas 3 me-
ses, foram suspensos 7 atletas de atletismo no congresso esportivo na NCAA,
acusados de usarem anabolizantes esteróides. Durante o campeonato mundial de
musculação competitiva organizado pela IFBB e realizado no Japão, foram des-
O SURGIMENTO DOS ESTERÓIDES ANABOLIZANTES ANDROGÊNICOS 15

classificados 13 atletas apanhados no exame antidoping para esteróides. Na mes-


ma época, as estrelas de futebol americano universitário, Brian Bosworth e Jeff
Bregal foram expulsos da universidade devido ao uso de esteróides.

Nos Jogos Pan Americanos de Indianápolis em 1987, o atleta norte-america-


no de arremesso de martelo Bill Green foi desclassificado por ter apresentado uma
relação testosterona / epitestorenona anormal. Ainda, 3 levantadores de potência
Javier Jimenez da Colômbia, Pedro Torres e Orlando Vasquez da Venezuela foram
desclassificados, o último pelo uso do diurético furosemida (Lasix) e os dois pri-
meiros pelo uso do anabolizante esteróide injetável nandrolona (Decadurabolin).

Entretanto, tudo isso era nada, comparado com o grande escândalo do final
de 1987. Primeiro, dois atletas de musculação competitiva da Califórnia que for-
mavam uma equipe marido e mulher em duplas mistas, foram condenados por
contrabando e venda de anabolizantes esteróides provenientes da Alemanha Orien-
tal, que totalizava milhões de dólares em todo o território norte-americano. O ma-
rido, Andy Lodi, pegou 4 anos de prisão federal e uma multa de 320.000 dólares;
sua esposa pegou uma multa de 100.000 dólares e foi banida, junto com o marido,
de todas as competições amadoras e profissionais de musculação.

Como conseqüência da prisão do casal, o advogado Peter Nunez anunciou a


indicação em processo de 34 indivíduos e 2 firmas multinacionais e sua condena-
ção por um júri federal norte-americano, sob acusações de fraude, extorsão, cons-
piração, contrabando, falsificação e distribuição de anabolizantes esteróides de
origem mexicana. A indicação era notável devido a dois aspectos: Estavam envol-
vidos inúmeros indivíduos influentes e conhecidos no mundo da musculação com-
petitiva e levantamentos de potência. As acusações eram muito mais sérias (extor-
são e falsificação) do que simplesmente possuir ou vender esteróides sem receita.

As duas multinacionais eram a United Pharmaceuticals of Baja Califórnia e


os Laboratories Milano of Tijuana, que falsificava um esteróide chamado SPA Mi-
lano, muito popular entre os utilizadores dos anabolizantes esteróides.

No início de 1988, num caso totalmente isolado, o famoso campeão mundial


de levantamento de potência Larry Pacífico foi anunciado culpado no caso de
contrabando e distribuição ilegal de anabolizantes esteróides. Ele afirmou naquela
ocasião: “Sou culpado, mas não criminoso. Sou um atleta de levantamento pego
16 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

bem no meio da era dos esteróides. Não causei danos a ninguém, a não ser a mim
mesmo”. Enquanto que a última parte dessa afirmação provavelmente levaria anos
para se descobrir se é verdadeira ou não, a primeira parte reflete muito bem a ati-
tude que muitos atletas de musculação competitiva, levantamentos de potência e
atletismo tem hoje em dia. O uso de anabolizantes esteróides se espalhou de tal
maneira, apesar de leis e avisos, que ninguém mais presta atenção aos homens da
lei, autoridades, médicos ou qualquer um que levanta a bandeira dos perigos das
drogas nos esportes.

Em 1988, durante os Jogos Olímpicos de Seul, 5 atletas foram pegos pelo uso
ilícito de anabolizantes esteróides. O caso mais famoso foi o do corredor canaden-
se e campeão mundial Ben Johnson, que falhou no exame antidoping devido ao uso
da droga Estanozolol (Winstrol). Mais tarde soube-se que o técnico do atleta havia
preparado o ciclo de esteróides para passar por um teste de RIA, desconhecendo
inexplicavelmente que naqueles jogos o método utilizado seria o GCT, uma verda-
deira maravilha da ciência médica. Johnson perdeu patrocínios de 10 milhões de
dólares e recebeu a punição mais branda concedida pelo IOC para esses casos.

Em 19 de outubro de 1988 em Westminster, Colorado, o treinador esportivo e


atleta de levantamentos básicos Steve Lower, possuidor de cursos superiores em
cinesiologia e fisiologia do exercício pela Indiana University foi capturado e preso
em flagrante sob 3 acusações de contrabando e uma de conspiração por agentes
federais norte-americanos. O advogado Michael Norton o chamou de “o maior
distribuidor de anabolizantes esteróides da história norte-americana”. O assunto
ganhou a primeira página das principais revistas esportivas, apareceu no noticiário
das 3 redes nacionais de televisão dos EUA e foi escolhido para um especial sobre
esteróides produzido pela rede CNN de televisão a cabo.

Steve tinha 26 anos de idade, competia em campeonatos profissionais de


levantamentos de potência e dava aulas para 3500 alunos da Westminster University.
Iniciou o uso de anabolizantes esteróides em 1983, quando era muito fácil comprá-
los em farmácia e eles sempre eram da melhor qualidade. Ele utilizava drogas co-
mo a depo-testosterona e anabolizantes esteróides como Halotestin, Deca-Durabolin
e Anavar. Em 1985 começaram os problemas relativos ao mercado negro e, uma
nova droga vendida nesse mercado chamada bolasterona (que era uma combina-
ção de vários esteróides) tornou-se a nova sensação do meio esportivo norte-
americano. Foi aí que explodiu o mercado negro.
O SURGIMENTO DOS ESTERÓIDES ANABOLIZANTES ANDROGÊNICOS 17

Steve não distribuía os esteróides mas os consumia ele próprio para aquilo
que ele considerava propósitos esportivos. Foi quando uma mulher lhe propôs para
irem ao México, onde normalmente ele conseguia as drogas, comprar os esteróides
e na volta ela garantiria a passagem segura pela fronteira México - EUA. Fizeram
juntos 4 viagens e, um dia, após essa última viagem, ele foi preso em sua casa por
17 agentes federais norte-americanos que encontraram em sua casa esteróides no
valor total de 4800 dólares. Steve cumpriu integralmente pena de 2 anos na prisão
federal de Yuma.

Dr. John Ziegler foi um homem marcante. Medindo 1.92m de altura e possuin-
do cerca de 120 quilos de massa corporal, ele foi uma estrela do time de futebol
americano universitário pela Penn State University e um herói da II Guerra Mun-
dial, onde saiu ferido em várias ocasiões. Ele era um gênio recluso. Em seu laborató-
rio situado na cidade de Olney, Maryland, quase ninguém entrava, a não ser jovens
estudantes de medicina que queriam iniciar estudos sobre a origem dos anabolizantes
esteróides. Lá dentro, eles encontraram penduradas nas paredes fotografias dos
grandes atletas da década de 50, como John Grimek, Reg Park, Steve Reeves e os
campeões olímpicos de levantamentos de peso das décadas de 40, 50 e 60 todas
autografadas. Porém, a atração maior eram as máquinas de musculação que ele
próprio havia construído em madeira. Antes de qualquer um, ele construiu máqui-
nas de modelo Nautilus ainda na década de 40.

O Dr. Ziegler estava assombrado com os hábitos dos atletas tomarem compri-
midos. Ele escreveu: “Quando eu iniciei a prática da Medicina, tratando de fazen-
deiros e índios em Montana, eu não era capaz de fazer-lhes engolir um comprimi-
do. A única vez em que eu comecei a ter certeza de que eles tomavam seus medi-
camentos foi quando, finalmente, apareceram as injeções de penicilina. Até aquela
hora, as pessoas possuíam enorme aversão em tomar comprimidos; porém, as coi-
sas haviam mudado. Agora, todos são felizes tomadores de pílulas. As pessoas tor-
naram-se loucas por drogas. Já é ruim o bastante ter que lidar com fanáticos por
drogas, porém, agora, atletas saudáveis estão se colocando na mesma categoria. É
uma desgraça”.

O Dr. Ziegler faleceu em novembro de 1983, alguns dias antes do seu 60º
(sexagésimo) aniversário. Ele foi um grande homem e a sua morte foi uma grande
perda. Porém a sua dedicação ao espírito competitivo nos esportes continua forte
até os dias de hoje.
18 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

Capítulo III

O CONCEITO DO DOPING
ANABOLIZANTES ANDROGÊNICOS

N
a verdade, doping e dopagem são duas palavras que têm significados dife-
rentes. O doping é a própria substância que pode ser usada com fins mé-
dicos e a dopagem é o uso em atletas com a finalidade de levar vantagem
no desempenho esportivo. Com o passar do tempo, a palavra doping foi ganhando
força pelo próprio uso e hoje, doping e dopagem são praticamente sinônimos.

A origem do nome “doping” é incerta. Os árabes o chamavam “cat”, deriva-


da de cathine ou catina dos assírios, uma planta de propriedades estimulantes. Os
italianos, termos diversos, como “drogaggio”, “ergogenia medicamentosa”, “melas-
sanera” e “bombe chimiche”. Os americanos sempre preferiram falar em ergogenia.
Os franceses passaram do “topethe”, para a “dynamite” até chegar à “dopage”.

No dialeto africano Kafir já existia a palavra “dop” – uma infusão estimulante


de plantas medicinais usada em festas religiosas. No inglês encontra-se “dope”
com o significado de lubrificante ou verniz para aviões e o verbo “to dope”, vocábu-
lo usado nas corridas de cavalo para indicar a administração de drogas ao cavalo
para melhorar o seu rendimento. A palavra “doping” aparece pela primeira vez,
em um dicionário inglês no ano de 1889 – uma mistura de narcóticos utilizada em
cavalos puros-sangue. Os antigos dicionários holandeses apresentam “dooper” =
batizar e “under dooper” = utilização de drogas. Os compêndios franceses falam
em “duper” = trapaça, pequena fraude. Talvez dessa palavra eles tenham tirado a
“dopage”e daí tenha vindo a dopagem e depois o doping dos americanos.

Nos J.O. do México em 1968, o COI definia complexamente a dopagem. É


a administração ou o uso de agentes estranhos ao organismo ou de substâncias fi-
siológicas em quantidade anormal, capazes de provocar no atleta, no momento da
competição, um comportamento anormal, positivo ou negativo, sem correspondên-
O CONCEITO DO DOPING – ANABOLIZANTES ANDROGÊNICOS 19

cia com sua real capacidade orgânica e funcional. Na verdade, o COI precisava
definir a dopagem, mas esbarrou de cara nessa definição complexa. Isso porque a
definição deveria envolver aspectos multiconceituais de farmacologia, toxicologia
e clínica, e não esquecer dos aspectos éticos, educativos e de costumes regionais.

Para o COI, soberano e rápido em suas decisões durante Olimpíadas, nunca


houve problemas. Ele comunica o resultado positivo, faz a contraprova, retira a
medalha, altera classificações de provas e pronto. Mas quando a lei passa a ser
utilizada por federações e confederações ela ganha outra magnitude porque per-
mite o envolvimento jurídico da questão e as defesas buscam argumentos muitas
vezes irreais dentro da clínica médica. Sem falar em julgamentos errôneos calca-
dos em fatores políticos, de marketing e de influências econômicas. Alguns Comi-
tês Olímpicos Nacionais tentaram resolver essa questão com alterações na defini-
ção de dopagem, como os alemães que a definem como “o uso ilícito e nocivo de
tudo aquilo que possa alterar o comportamento do atleta em competição”. Por
mais simples e objetiva que ela possa ser, a argumentação jurídica poderia indagar,
por exemplo, se a presença de maconha ou cocaína numa amostra de urina pode-
ria afirmar com certeza se ela estava fazendo efeito no momento exato da compe-
tição ou se os metabólitos identificados não significavam que o efeito havia acon-
tecido alguns dias antes. Por isso, algumas regulamentações mais recentes, já não
se atrevem a definir doping e de uma maneira simples iniciam suas regras com
“estão proibidas as substâncias a seguir relacionadas”.

Em 1998 a Federação Internacional de Medicina Esportiva, posiciona-se ofi-


cialmente e publica em seu boletim: Doping nos esportes é o uso proposital ou não
intencional por um atleta, de uma substância proibida ou métodos proibidos pelo
Comitê Olímpico Internacional. A FIMS apóia a proibição do doping para proteger
os atletas de: 1) Uma vantagem desleal que pode ser obtida por atletas que utilizam
substâncias ou métodos proibidos para melhorar o desempenho. 2) Os efeitos cola-
terais prejudiciais à saúde que algumas substâncias e métodos podem produzir.

Além das conseqüências em termos éticos e de saúde que estão envolvidas


com o doping, reconhecem-se as potenciais implicações legais. A distribuição de
várias substâncias proibidas (ex: esteróides anabólicos), se não por uma razão me-
dicamente justificável, é contra a lei em vários países. Estimular ou auxiliar atletas
a utilizar tais substâncias ou métodos é antiético e, portanto, igualmente proibido.
20 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

Capítulo IV

O DOPING TECNOLÓGICO

E
ste é um capítulo complexo que envolve todas as formas de dopagem que
não sejam aquelas por substâncias proibidas pelas regulamentações nacio-
nais e internacionais. Geralmente, envolvem recursos utilizados com o fim de
levar vantagem desonesta ou de acarretar extrema desvantagem ao adversário.

Na questão dos recursos tecnológicos, bioquímicos, psicológicos e outras téc-


nicas de trapaça à ética desportiva, não há uma classificação ou uma relação do
que é proibido; mas, toda trapaça deliberada tem que ser punida severamente em
nome da ética desportiva. Em muitos casos, a comprovação é difícil. Existem técnicas
psicológicas, como a hipnose, mas não há consenso sobre sua aplicação.

1. Dopagem bioquímica: autohemotransfusão. Já foi um procedimento muito


usado. Consiste em retirar de 0,5 a 1 litro de sangue, trinta dias antes da competi-
ção e reinjetá-lo na véspera. Qualquer organismo fabrica nesses trinta dias a quan-
tidade de sangue que foi retirada. A devolução do sangue à circulação significa
que o atleta irá competir com uma quantidade adicional de sangue e, portanto de
glóbulos vermelhos, em última análise de oxigênio com conseqüente vantagem na
capacidade aeróbica. O sangue é guardado numa temperatura de 4ºC e sua ino-
culação é feita com um cateter porque ele fica muito denso. É evidente o perigo de
morte por embolia. Foi o que aconteceu com Luck Derick em 1991. Ele era joga-
dor de futebol do Bruges, da Bélgica e o médico que realizou a autohemotransfusão
havia sido seu companheiro na mesma equipe. As dificuldades de guarda do mate-
rial, o risco de contaminação do sangue, dentre outros fatores, contribuíram para o
abandono dessa técnica.

2. Dopagem física: estimulação por eletrodos. Esta é uma técnica que não se
pode provar que foi feita, mas aos atletas recomenda-se que não se submetam a
ela. Consiste em colocação de eletrodos nas inserções tendinosas de um músculo
O DOPING TECNOLÓGICO 21

ou de um grupo de músculos, seguida de impulsos elétricos superiores a 50 volts. A


violenta contração isométrica que se segue permite hipertrofias musculares muito
rapidamente, mas o risco de ruturas musculares graves e principlamente tendinosas
é extremamente alto. Este método foi muito usado na ex-União Soviética.

3. Fraudes tecnológicas: O esgrimista russo Boris Onischenko, nos J.O. de


1972, usou um minúsculo engenho eletrônico na empunhadura da sua espada, que
marcava toques no seu adversário, que não existiam. Foi expulso dos Jogos e
punido por atitude antiesportiva pela Federação Internacional de Esgrima.

Anos atrás, quando as corridas de automobilismo ainda não tinham as rigoro-


sas inspeções das máquinas como hoje, sabe-se de casos em que as equipes usa-
vam um reservatório de água abaixo do chassis tornando o carro mais pesado e
dentro dos limites da pesagem. Dada a largada, o piloto acionava um pequeno
dispositivo e a água era expelida fazendo com que o carro ficasse mais leve pelo
resto da prova.

4. Gestação programada: Esta manobra também está abandonada, mas foi


muito utilizada entre as décadas de 60 e 80, mais difundida nos países do leste
europeu. A inoculação de espermatozóides era feita em laboratório, aproximada-
mente três meses antes da prova principal, fazendo com que a atleta competisse
no terceiro mês de gestação, aproveitando-se do fato de que havia um aumento da
quantidade de glóbulos vermelhos. Depois da competição era feito o aborto já
programado. O COI chegou a pensar em proibir a competição de mulheres grávi-
das, mas recuou porque com isso estaria se intrometendo na programação familiar
em mulheres que não tentavam, com a gravidez, obter vantagens esportivas.

5. Outras trapaças nos regimes comunistas eram comuns em nadadores. A


inoculação de ar pelo ânus imediatamente antes das provas para facilitar a flutuação
na água. Em muitos países não comunistas, esta trapaça também foi usada e hoje
é técnica abandonada, pelo incômodo abdominal e pelas novas técnicas nos treina-
mentos de natação.

Na década de 80, em competição de atletismo na Costa Rica, uma menina


acometida de hepatite foi substituída por sua irmã gêmea que chegou em segundo
lugar na prova. Descoberta a fraude, foram suspensas de qualquer competição
por toda a vida. Uma punição moral e educativa.
22 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

No futebol e no basquetebol, são vários os fatos conhecidos de pequenos


aumentos ou diminuições nas dimensões entre as traves e nos aros. Na década de
80, em decisão do campeonato americano universitário, o técnico local diminuiu
em apenas um centímetro o diâmetro de um dos aros, mudando suas táticas de
arremesso conforme atacava para este ou aquele aro. Venceu o jogo. Depois com
o resultado anulado pela Liga recebeu suspensão perpétua para não mais trabalhar
com o basquetebol.

6. Manipulação do material de coleta: Esta é uma trapaça que tem sido com-
batida com muito rigor por todas as entidades desportivas. A pena máxima de
suspensão tem sido aplicada. O que os atletas fazem com mais freqüência é a
adição à urina, de saliva, cerveja e uísque. As alterações do pH são tão evidentes
que é fácil a identificação da fraude. Sabe-se que muitos atletas usaram frascos
plásticos com urina de outra pessoa, presos na axila, onde um tubo plástico chega-
va até o pênis preso por uma fita transparente. O atleta que informava sua incapa-
cidade de micção, esperava o cansaço ou o descuido do médico coletor para atra-
vés de uma simples manobra, ceder a urina que não era sua. Pior ainda e de uma
maneira antifisiológica muito perigosa, o atleta urinava em seu vestiário, passa-
vam-lhe um cateter pela uretra para receber a urina de outra pessoa para depois
simular uma micção normal no ato da coleta. É por isso que todas as deliberações
atuais solicitam que as salas de coleta sejam amplas – para se evitar a troca de
frascos de coleta –, e que não se permita o ingresso na sala além dos atletas e seus
médicos e que os atletas estejam praticamente nus no momento de ceder a urina.
O PRESENTE 23

Capítulo V

O PRESENTE

D
esde 1968, quando o COI implantou o controle antidoping, as classes de
substâncias proibidas e a lista dessas substâncias foi crescendo paulati-
namente. Em 68 eram proibidos os estimulantes do sistema nervoso cen-
tral, os narcóticos analgésicos e as aminas simpaticomiméticas. Em 76, já apare-
ciam os hormônios esteróides anabólicos. Em 84 eram proibidas as substâncias
máscaras, como os diuréticos e o probenecide. Hoje a lista é ainda maior.

Tudo porque o combate ao doping é mais ou menos como a luta entre ladrão
e polícia: quanto mais a polícia se especializa, mais o ladrão se aperfeiçoa. Muitas
vezes, os atletas ganharam; outras vezes, a vitória foi do controle, como no Pan de
83 e nos J.O.de 88.

Se nas décadas de 60 e 70 as anfetaminas predominaram nos casos positi-


vos, a partir de 80, os esteróides anabólicos começaram a dominar e fazer muitas
vítimas, algumas fatais. O amadorismo, o orgulho da vitória e a vitória pela pátria
foram caindo. Chegou a vez da ideologia política e do patriotismo nacionalista, que
também caíram. Hoje, é o tempo do interesse econômico de patrocinadores e dos
atletas, muitas vezes com a guarda baixa dos sistemas controladores. Advogados
irrompem as salas de julgamento com teses mirabolantes, atletas suspensos são
perdoados sem justificativa, ligas, federações, associações e confederações fa-
zem julgamentos distintos conforme seus interesses, a justiça comum invoca leis
antigas para proibir sanções, etc. Enquanto isso, de um lado, a ciência foi fazendo
aperfeiçoamentos tecnológicos no sistema de identificação e, do outro lado, os
atletas foram buscar refúgio em outras substâncias ilícitas para as quais o labora-
tório ainda não está bem preparado, como o hormônio de crescimento, a cor-
ticotrofina, a gonadotro finacoriônica e a eritropoietina. A cocaína, como droga de
rua, invadiu todos os setores da sociedade e não poupou o esporte. Se as anfetaminas
24 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

e outros estimulantes foram caindo de cotação, ela chegou com força e hoje é uma
droga perturbadora presente em muitas urinas de atletas competidores, inclusive
de alto nível. O crack e o ecstasy vêm na esteira da cocaína. Do ponto de vista
global há um outro problema sério. A maioria dos países não dispõe de laboratórios
capazes de fazer as análises, e mesmo quando dispõe, esbarram nos rígidos atribu-
tos para credenciamento junto ao COI. Só agora, em 2002 o Brasil foi credenciado
através do laboratório LADETEC, mesmo assim os custos são absurdamente ca-
ros e inviável perante os custos internacional. Infelizmente, apesar dos avisos, das
punições e da rigidez de alguns controles, o número de casos positivos tem aumen-
tado. Os recordes que foram conquistados em épocas de abuso dos hormônios, já
não podem ser batidos com o esmero do treinamento e da moderna fisiologia. Em
alguns esportes, quem não se dopar não chega em primeiro lugar, esta é uma ver-
dade incontestável.

Pior; a mídia expõe esses campeões de forma tão excepcional e, muitas ve-
zes, tão milionária que jovens incautos nas academias buscam nas drogas anaboli-
zantes a similaridade desses corpos musculosos, ágeis e velozes. Este é o maior
perigo dos tempos modernos. Se os atletas que se dopam, de certa forma ainda
têm suas doses e efeitos colaterais controlados, no ambiente de academias ou de
competições não controladas, as doses são abusivas e os efeitos indesejáveis são
mascarados. É possível afirmar que mais de 95% das ampolas de esteróides ana-
bólicos ou de hormônios masculinos, de uso em esportistas ou atletas vão parar nas
mãos desses jovens, homens e mulheres. E isso já é um problema de saúde pública
quando não, de criminalidade.
O FUTURO 25

Capítulo VI

O FUTURO

O
futuro da dopagem mostra-se sombrio. Organismos esportivos internacio-
nais, governos, associações nacionais, universidades, etc. precisam traba-
lhar de uma forma organizada, concatenada e responsável para que o
controle seja aperfeiçoado, a ética prevaleça e o caráter educativo dos jovens seja
prioritário. Mesmo que possa parecer utopia, arrisco aqui, colocar ações que são
urgentes nessa batalha:

• O COI deve aplicar melhor seus recursos na Agência Mundial de Controle


Antidoping (WADA), para que a mesma possa auxiliar no desenvolvimento e cria-
ção de agências em cada país e destinar parte de suas milionárias verbas para fi-
nanciar laboratórios de controle antidoping em países não desenvolvidos.

• As Federações Internacionais deveriam uniformizar seus critérios de puni-


ção ou criar um Conselho Internacional para os julgamentos de todos os casos.

• A justiça comum não pode estar acima da justiça desportiva nos casos de
dopagem.

• Laboratórios, diretores de laboratórios, chefes de controle e técnicos de


controle, deveriam receber pesadas punições nos casos de omissão de resultados,
negligência e suborno.

• Os tribunais de julgamentos, em qualquer nível ou em qualquer instância,


deveriam ter mais da metade de seus membros especializados no tema doping:
professores, médicos e toxicologistas.

• Os exames “fora de competição” deveriam ser em maior número e não só


em atletas “amadores” como também nos “profissionais”.
26 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

• Os governos através de seus Ministérios de Esporte deveriam criar formas


de incentivo fiscal para empresas investidoras no combate ao doping.

• O controle antidoping, também através de sangue, e não só de urina preci-


sa ser implantado em determinadas modalidades esportivas.

• Os medicamentos constantes da lista de proibidos pelas regulamentações


antidoping precisam ter rígido controle por parte das vigilâncias sanitárias ou ór-
gãos afins.

• Campanhas educativas contra as drogas deveriam ser obrigatórias nas ca-


tegorias menores de todas as modalidades esportivas e nas escolas.

• Campanhas educativas financiadas pelo setor privado, com incentivos fis-


cais, deveriam atingir todas as academias e outros ambientes esportivos.

• Penas comunitárias deveriam ser aplicadas na elaboração de uma legisla-


ção própria para antidoping, com prestação de serviço comunitário, principalmente
em centros de reabilitação de drogados e escolas.

• Nos esportes profissionais ou semelhantes, a pena pecuniária deveria ser


instituída com destino da arrecadação para centros de reabilitação ou fundos de
amparo ao desporto.

• Médicos, técnicos e outros profissionais ligados aos clubes ou a atletas, que


facilitarem ou negligenciarem sobre o uso de doping, além das penas esportivas,
deveriam também ser julgados pelos seus órgãos de classe profissional.

• As Universidades e Faculdades de Educação Física, devem instituir o tema


doping como base curricular para melhor informação e formação ética dos futuros
profissionais.
GUIA INFORMATIVO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES – UMA DROGA PERIGOSA 27

Capítulo VII

GUIA INFORMATIVO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES


- UMA DROGA PERIGOSA -

20 PERGUNTAS

1. – Qual a finalidade dos esteróides anabolizantes?

Os esteróides anabolizantes, tem por finalidade agir na forma terapêutica pa-


ra o tratamento de pacientes pós operatórios, osteoporose, desnutrição, além de
outras patologias como por exemplo:

Deficiência hormonal da testosterona;


Câncer de mama feminino;
Anemia;
Impotência sexual (por insuficiência testicular);
Retardo pubertário masculino;
Eunuquismo (castração);
Climatério masculino.

2. – Qual médico deve ser consultado para um tratamento com


esteróides anabolizantes?

Teoricamente os endocrinologistas têm mais conhecimento do assunto, prin-


cipalmente aqueles mais dedicados aos distúrbios do crescimento corporal e do
desenvolvimento genital. Muitos clínicos gerais estão atualizados na indicação desses
produtos e raramente utilizam. Os ginecologistas atuam mais nos casos de osteopo-
28 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

rose e os mastologistas e oncologistas nos casos de câncer de mama. Ultimamen-


te, os geriatras fazem muitas indicações de anabolizantes para os casos de climatério
masculino. Por causa da dopagem esportiva, muitos especialistas em medicina es-
portiva, conhecem bem o uso dessas substâncias.

3. – O que são esteróides anabolizantes?

O termo anabolizante significa substância que faz anabolismo, isto é, cresci-


mento. No organismo humano, são hormônios derivados de hormônios, e o termo
esteróide significa óleo sólido e se origina do grego “stereos”, que significa sólido e
do latim “oléum”, que significa óleo. Além disso a testosterona (hormônio mascu-
lino), o hormônio de crescimento e a insulina, são os anabolizantes considerados
mais potentes.

4. – Existem esteróides anabolizantes 100% anabólicos?

Não, existem esteróides anabolizantes predominantemente anabólicos e ou-


tros predominantemente androgênicos.

5. – Por que?

Devido às leis básicas da bioquímica, até hoje não foi possível conseguir fa-
bricar esteróides anabolizantes que produzissem somente efeitos anabólicos sem
que causassem efeitos colaterais.

6. – Quais as vias de administração dos esteróides anabólicos?

A mais comum é a injetável. Existem produtos orais, cujos efeitos colaterais


são piores na superdosagem, principalmente os efeitos hepáticos, porque a droga
passa pelo fígado duas vezes, uma na digestão e outra na metabolização.

7. – Que tipo de benefício eles podem proporcionar para o atleta?

Estudos dizem que os esteróides anabolizantes produzem uma ação de rendi-


mento no ganho de massa muscular, força e velocidade. Com isso atletas melho-
ram o desempenho na modalidade em busca de recordes e títulos, mas é bom lem-
brar que os esteróides anabolizantes são substâncias proibidas no conceito de jo-
GUIA INFORMATIVO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES – UMA DROGA PERIGOSA 29

gar limpo no esporte de acordo com as normas do Comitê Olímpico Internacional


e Agência Mundial de Antidoping. Caso o atleta seja pego no doping, ele é punido
e até mesmo banido do esporte, pelo descumprimento das normas.

8. – O que é testosterona?

Testosterona é o hormônio masculino fabricado pelos testículos do homem e


em menor quantidade pelos ovários e glândulas supra-renais da mulher.

9. – Quais as funções da testosterona?

Ela tem basicamente duas funções: uma chamada anabólica e outra andro-
gênica. Pela função anabólica ela atua, principalmente, sobre as zonas de cresci-
mento dos ossos. Além disso, ela influencia o desenvolvimento de praticamente to-
dos os órgãos do corpo humano. Pelo lado androgênico, ela é responsável pelo de-
senvolvimento das características sexuais masculinas (órgãos sexuais, produção
de espermatozóides, pelos, barba, voz, etc). E mais: a testosterona age também na
distribuição da gordura corporal, dando a nítida diferença entre a silhueta masculi-
na e feminina.

10. – Qual a produção diária de testosterona no homem e na mulher?

Normalmente no homem são produzidos 10 mg/dia e na mulher de 0,25 a


1mg/dia. Sua excreção é feita pelas fezes e pela urina. No fígado ela sofre uma
série de reações químicas e no final de sua ação formam-se produtos chamados
metabólitos que estão sempre em alta concentração na bile e no intestino. Após os
50 anos de idade, essa produção vai sendo diminuída. O decréscimo de produção
é mais acentuado em pessoas portadoras de determinadas doenças, principalmen-
te a DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.

11. – O que são efeitos androgênicos dos esteróides anabolizantes?

Os efeitos androgênicos são aqueles que interferem com as características


masculinas. Todo ser humano possui hormônios masculinos. Os homens saudá-
veis, naturalmente possuem em seus organismos muito mais que as mulheres.
Quando é dada a uma pessoa normal quantidades extras de hormônios masculino,
como os anabolizantes esteróides sintéticos, o corpo fica com excesso de hormô-
30 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

nios e com isso, gradativamente, o organismo cessa a produção natural, passando


a depender das drogas artificiais, ocasionando danos reversíveis ou irreversíveis.

12. – Quais os efeitos colaterais cientificamente comprovados


pelos esteróides anabolizantes androgênicos?

Todos os esteróides anabolizantes fabricados até o presente momento, pos-


suem efeitos colaterais e quanto mais androgênica for a droga, mais perigosa ela é
para o organismo.

Efeitos colaterais

Cardiomegalia (aumento do tamanho do coração)


Acne
Câncer hepático
Aumento dos níveis de colesterol LDL
Diminuição grave dos níveis de colesterol HDL
Alargamento do clitóris
Edema (retenção hídrica no tecido)
Dano irreversível ao feto
Ereções freqüentes e contínuas
Arritmia cardíaca
Hirsutismo (crescimento irreversível de pelos nas mulheres)
Aumento do risco coronariano
Tumores hepáticos
Calvíce (reversível no homem e mulher)
Pele oleosa (na mulher)
Hepatite peliótica
Alargamento do pênis (rapazes jovens)
Alargamento da próstata
Esterilidade (irreversível)
Suor abundante nos pés e nas pernas
GUIA INFORMATIVO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES – UMA DROGA PERIGOSA 31

Atrofia dos testículos


Icterícia (amarelamento da pele e conjuntiva dos olhos)
Hemorragia intra-abdominal
Comportamento agressivo (irreversível)
Dores estomacais e gástricas
Choque anafilático
Dores ósseas
Ginecomastia (dependendo do caso é irreversível)
Cirrose hepática
Fadiga
Plenitude gástrica (sensação de estômago sempre cheio)
Febre reumática
Poliúria (necessidade freqüente de urinar – no homem)
Cefaléia grave
Aumento grave da pressão arterial
Hipercalcemia (cálculos renais de até 2 cm de diâmetro)
Aumento de lesões ligamentares e tendinosas
Insônia profunda
Lesão renal (cistos)
Náusea e vômito freqüente
Câimbras
Petéquias (manchas vermelhas no corpo, dentro da boca e no nariz)
Choque séptico
Língua sensível (reversível no homem, irreversível na mulher)
Escurecimento inexplicável
Crescimento anormal do cabelo
Halitose (hálito insuportável
Epistaxe (sangramento do nariz
Problemas de micção
Hematêmese (vômito com sangue)
32 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

Infarto agudo do miocárdio


AVC (Acidente Vascular Cerebral)
Óbito.

13. – O uso dos esteróides anabolizantes pode transmitir


o vírus do HIV?

Sim, o uso destas substâncias de forma injetável entre troca de parceiros,


ocasiona não só a contaminação pelo vírus, como outros tipos de doenças.

14. – O que representa o uso dos esteróides anabolizantes na


carreira de um atleta?

É considerado doping ofensivo ao esporte, portanto cabe o afastamento ime-


diato do atleta e a perda da medalha até que seja julgado o processo. Se a compe-
tição está sendo regida pela federação internacional ou federação nacional “con-
federação”, cabe a federação aplicar a suspensão até que seja julgado pelo tribu-
nal da modalidade. Em caso de jogos sul-americanos, pan-americanos e olimpía-
das, o atleta além de perder a medalha será julgado pelo ato do doping, cabendo
recursos em casos extremamente duvidosos sobre a ingestão da substância cons-
tatada no organismo do atleta, conforme normas do IOC, ocasionando assim sé-
rias conseqüências a carreira do atleta, bem como a imagem da modalidade.

15. – O que devo fazer quando uma pessoa oferece esse tipo de
droga numa academia?

• Certifique se a pessoa possui o registro no Conselho Regional de Educação


Física;

• Verifique se o estabelecimento é registrado no CREF;

• Certifique se a pessoa esta oferecendo suplemento ou esteróides anabolizantes;

• Denuncie para gerencia do estabelecimento a conduta do instrutor ou aluno;

• Tente aconselhar o vendedor a sair dessa;


GUIA INFORMATIVO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES – UMA DROGA PERIGOSA 33

• Esgotadas todas as medidas, denuncie a Associação Brasileira de Estudos e


Combate ao Doping ou ao Conselho Regional de Educação Física de seu Estado,
através do telefone contido no verso deste guia.

16. – Existem leis que regem a venda destas substâncias no país?

A lei 9.965 de 28 de abril de 2000 de autoria do Senador Ney Suassuna em


parceria com a Confederação Brasileira de Culturismo e Musculação – Ale-
xandre Pagnani, estabelece procedimentos para a venda destes medicamentos
do grupo terapêutico entre esteróides anabolizantes e hormônios peptídeos, determi-
nando a maneira da comercialização, através de receita carbonada em duas vias,
emitidas pelo medico responsável, além de constar o número do registro no res-
pectivo conselho (CRM ), endereço, telefone, bem como o nome e endereço do
paciente. Além disso, existe a portaria 344 de 12 de maio de 98, publicada em 1
fevereiro de 99 do código de vigilância sanitária nacional que dispõe sobre a regu-
lamentação destes medicamentos e derivados de esteróides anabolizantes e hormô-
nios constados na lista C5 de substâncias que estão sujeitas a controle especial.

17. – Como posso me definir entre os esteróides anabolizantes


e os suplementos?

• Certifique-se de que o produto vendido, possui autorização do Ministério


da Saúde, através do rótulo que identificará o número de registro no MS.

• Verifique com nutricionista ligado a área de esporte a necessidade sobre o


consumo do produto, em caso de desportista ou atleta de alto rendimento.

• Para consumo de suplementos em pessoas normais, certifique-se junto a


um nutricionista a necessidade ideal e siga as doses recomendadas no rótulo do
produto. Em caso de dúvida acione a central de atendimento da empresa fabrican-
te do produto.

• Com relação aos suplementos importados é necessário verificar a homolo-


gação do MS no rótulo do produto.

• No caso de consumo de suplementos importados para atletas, certifique-se


com nutricionista ou médico ligado ao desporto se no produto existem substâncias
34 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

que provocam alterações na taxa de nível hormonal, ou substâncias que são proi-
bidas na listagem da Agência Mundial de Antidoping, que poderá ser consultada
através do site: www.wada-ama.org

18. – O que é doping?

Doping, ou mais propriamente dopagem é o uso de qualquer substância proi-


bida pela regulamentação esportiva normatizada pelo Comitê Olímpico Internacio-
nal, agora Agência Mundial Antidoping, denominada Wada, usada com a finalida-
de de aumentar artificialmente o desempenho físico e/ou mental. Incluem-se na
definição, alguns métodos proibidos, como a dopagem sanguínea (auto-hemotrans-
fusão) e a manipulação enganosa das amostras do material coletado.

19. – A automedicação dos esteróides anabolizantes é perigosa?

A automedicação é sempre perigosa e irresponsável, principalmente em se


tratando de anabolizantes. Os próprios médicos reconhecem a dificuldade das pres-
crições de esteróides anabólicos, pelos diagnósticos difíceis, pela variação das op-
ções de receita, pela multiplicidade de ação dos inúmeros anabolizantes, e princi-
palmente, pelo controle clinico e laboratorial do paciente durante o tratamento.
Imagine-se então, quando existe, a automedicação, os graves riscos que ocorrem.

20. – Como posso participar desta campanha?

Qualquer pessoa pode participar seja individual ou jurídica, basta ligar para o
telefone no verso do guia e você estará contribuindo com esporte e ao mesmo
tempo salvando vidas.
GUIA INFORMATIVO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES – UMA DROGA PERIGOSA 35

Capítulo VIII

ALTERNATIVAS NATURAIS CONTRA O DOPING

Explicaremos, resumidamente, alguns problemas relacionados à certas dro-


gas comumente utilizadas e algumas alternativas naturais em substituição a algu-
mas delas para a melhoria de performance, que não são consideradas doping, nem
acarretam os indesejáveis efeitos colaterais ao corpo humano. Embora as reco-
mendações sejam baseadas em pesquisas científicas, é imprescindível con-
sultar um nutricionista e/ou um médico especializado em nutrição esporti-
va para que este profissional estabeleça os parâmetros nutricionais especí-
ficos de sua individualidade biológica.

O USO DE INSULINA COMO AGENTE DOPANTE

A insulina produz efeito anabólico somente quando está em equilíbrio com os


outros sistemas e hormônios do corpo. O excesso de insulina elimina quase todo o
açúcar do sangue (hipoglicemia) “desligando” o cérebro e o sistema nervoso cen-
tral. Isto causa perda de consciência provocando o coma ou morte súbita. O uso
de injeções de insulina na intenção de melhorar o desenvolvimento muscular é uma
loucura. Ela não mata devagar como os anabolizantes esteróides, mas de maneira
súbita. Uma dose de insulina desequilibra todo o sistema hormonal. Além disso, a
insulina como agente dopante pode provocar um diabetes prematuro, devido a ini-
bição da síntese endógena (do próprio corpo) de insulina.

ALTERNATIVAS NATURAIS PARA O USO DE INSULINA

PICOLINATO DE CROMO

A insulina – um potente hormônio envolvido no metabolismo de macronutrien-


tes e que é responsável pelo transporte de glicose e aminoácidos para o interior
36 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

das células musculares –, depende do cromo para estar apta a realizar as suas fun-
ções, visto que é responsável pela união da insulina com os receptores da membra-
na celular. Sem este elemento, a insulina perde todo o seu valor. Isto, juntamente à
descoberta de que os atletas normalmente apresentam deficiências de cromo, dei-
xa claro a importância de uma necessidade de suplementação deste elemento.

A mais nova forma é o Picolinato de cromo. O ácido picolínico age como um


agente de quelação para o transporte de cromo, caso contrário ele não atravessa
as membranas celulares.

O Picolinato de Cromo regula o açúcar presente no sangue (glicemia), dimi-


nui o colesterol e a gordura, e aumenta a massa muscular. Ele aumenta e regula a
secreção de insulina, o que significa que a glicose será melhor utilizada e os
aminoácidos serão melhores absorvidos. Também reduz o efeito catabólico do
treinamento.

Dose recomendada: 200 mg de Cromo na forma picolinato associada com


100 mg de Niacina pela manhã.

SULFATO DE VANADIL

O Vanádio, é um oligoelemento presente no corpo humano em quantidades


minúsculas, e possui uma forma chamada vanadil que pode enviar sinais para o
interior das células, que são praticamente as mesmas da insulina. Ele possui um
poder de correção de muitas disfunções metabólicas que aparecem nos diabéticos,
além de ser um produto inócuo. Seu nível de toxidade é baixo, acima de 1g diário
para um adulto humano não apresenta problemas.

Ele aumenta e melhora os mecanismos controlados pela insulina, aumentan-


do as reservas musculares de glicogênio e melhorando a absorção de aminoácidos
de cadeia ramificada e glicose no interior da célula, o que supõe um aumento mais
elevado de glicose numa constante e certamente numa velocidade muito mais alta.
Em conseqüência, um maior uso das gorduras ocorre na forma de energia, conser-
vando toda a massa muscular e experimentando menor fadiga.

Dose recomendada: 30 µg (microgramas) por dia, antes do treino.


ALTERNATIVAS NATURAIS CONTRA O DOPING 37

ÁCIDO LIPÓICO

O ácido lipóico é um imitador eficaz da insulina que ajuda o músculo a absor-


ver a glicose no interior das células musculares e aumenta a síntese de glicogênio.
Ao mesmo tempo, ele diminui a recepção de glicose pelas células do tecido adiposo,
evitando o acumulo de gorduras no organismo.

Dose recomendada: 400-600 mg por dia em três doses de 200 mg , junto com
as três refeições (café da manhã, almoço e jantar).

O USO DE HORMÔNIO DE CRESCIMENTO (GH)


COMO AGENTE DOPANTE

Também conhecido como hormônio somatotrope, somatotropina, GH, HGH


ou STH, o hormônio de crescimento é um polipeptídio sintetizado e armazenado
dentro da glândula pituitária cuja função é controlar a síntese protéica nos múscu-
los e o crescimento longitudinal dos ossos longos. Ele é um fator de regulação do
crescimento durante a infância e adolescência. Uma secreção muito baixa deste
hormônio leva a uma doença chamada nanismo e a secreção exagerada causa gi-
gantismo e acromegalia.

O GH é secretado em impulso distribuídos através do dia e é mais marcante


durante as horas do sono (uma grande quantidade é secretada aproximadamente
após os primeiros 90 minutos de sono). O treinamento induz a uma maior secreção
de GH do que em indivíduos sedentários.

Recentemente muitos atletas vêm, inconseqüentemente, se automedicando


com o Hormônio de Crescimento para aumentar a força e tamanho dos músculos
e para diminuir a porcentagem de gordura. Os efeitos colaterais mais conhecidos,
entre inúmeros, incluem: acromegalia – aumento de certas vísceras como fígado,
rim e estomago, bem como o alargamento das mãos, pés, ossos da face, etc. –; dia-
betes prematura; redução da expectativa de vida; Hirsutismo; artrite; miopatia;
neuropatia periférica; impotência; etc. Da mesma maneira que qualquer outro
hormônio, as injeções de GH diminuem a secreção endógena deste hormônio pela
pituitária.
38 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

ALTERNATIVAS NUTRICIONAIS PARA O USO DO


HORMÔNIO DE CRESCIMENTO

L - ARGININA

A L-arginina está caracterizada dentro do grupo de aminoácidos não essen-


ciais, visto que o organismo pode sintetizá-la. Portanto, ela realiza uma parte muito
importante no crescimento e desenvolvimento, pelo fato de estimular a secreção
do hormônio do crescimento. A conseqüência é um aumento da massa muscular e
um aumento no transporte dos aminoácidos das células; ela também ajuda na “quei-
ma” de gordura do organismo.

Com a idade, os níveis do hormônio do crescimento diminuem e, com isto,


uma série de processos degenerativos aparecem. A L-arginina também estimula a
atividade do sistema imune e a produção apropriada de colágeno para a cicatriza-
ção de feridas. Ele também age na produção dos níveis de espermas em homens
adultos. O que podemos dizer da arginina é que ele é um vasodilatador que estimu-
la o sistema circulatório, e por causa disto é muito útil no processo varicosos ca-
racterístico de um excesso de treinamento e auxilia também na elasticidade dos
vasos sangüíneos, o que significa que seu uso é muito apropriado nas alterações
circulatórias.

Doses recomendadas: 3g por dia antes de ir pra cama.

L-ORNITINA

A L-ornitina é um aminoácido muito importante do ponto de vista metabólico.


Como a arginina, ele estimula a secreção do hormônio do crescimento e tem uma
função importante no metabolismo do excesso de gordura corporal. Tem também
em comum com a arginina o importante papel que realiza na cicatrização de feri-
das e na estimulação do sistema imune. Ambos os aminoácidos participam do ciclo
da uréia, onde são responsáveis por realizar a desintoxicação da amônia. Devido
às suas propriedades comuns ambos os aminoácidos são administrados em formu-
las combinadas, cuja sinergia aumenta sua atividade. A L-ornitina auxilia na produ-
ção de poliamidas, que estabilizam a estrutura da membrana e a integridade do
DNA facilitando o crescimento celular.
ALTERNATIVAS NATURAIS CONTRA O DOPING 39

Dose recomendada: 3g por dia antes de ir pra cama

OKG

O OKG – alfa-keto-glutarato de ornitina –, é uma combinação de duas molé-


culas dos aminoácidos L-ornitina e uma de ácido alfa-keto-glutarico. A combina-
ção com ácido alfa-keto-glutarico mantém todas as propriedades estimulantes do
hormônio de crescimento causadas pela ornitina, mas numa forma mais estável.

O OKG é também utilizado para prevenir a perda de massa muscular, preve-


nindo o catabolismo muscular e aumentando a síntese protéica, principalmente em
situações de estresse, traumatismo ou overtraining. Sua administração no músculo
e/ou lesões articulares auxilia na recuperação e formação de cicatrizes.

Dose recomendada: 8-10 g por dia em duas doses.

FATORES QUE AFETAM A SECREÇÃO DE


HORMÔNIO DE CRESCIMENTO

Há alguns fatores que favorecem e outros que diminuem a secreção endógena


de GH e, por esse motivo, devem ser conhecidos:

Entre os fatores estimulantes estão o sono, o escuro, o cansaço provocado


pelo exercício, o estímulo provocado pelo exercício, principalmente de alto intensi-
dade, hiperaminoacidemia, uso de carboidratos complexos no jantar e o uso de su-
plementos como os citados acima (arginina, ornitina e OKG).

Entre os fatores supressores estão as alterações do ritmo circadiano, aumen-


to dos ácidos graxos livres, uso de álcool e carboidratos simples e sedentarismo.

USO DA ERITROPOIETINA (EPO) COMO AGENTE DOPANTE

EPO (eritropoietina humana) é um hormônio glicoproteico sintetizado em


certas células do rim e liberado na circulação sanguínea em condições de deficiên-
cia de oxigênio nos tecidos (hipoxia). Esta situação aumenta a taxa de produção de
40 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

glóbulos vermelhos ou eritrócitos (eritropoiese), que são células sanguíneas res-


ponsáveis pelo transporte de oxigênio no sistema circulatório.

Alguns atletas utilizam a injeção de EPO para aumentar a capacidade de oxi-


genação dos músculos, o que aumenta a performance física. O uso de EPO é mui-
to perigoso e tem causado a morte de muitos atletas de elite. Entre os efeitos co-
laterais do uso de eritropoietina incluem-se: trombose, coagulação do sangue, con-
vulsões, reações hemolíticas com danificação renal e hipertensão arterial.

ALTERNATIVAS NATURAIS PARA O USO DE ERITROPOIETINA

INOSINA

A inosina é um precursor natural dos ácidos nucléicos – formado pela hipo-


xantina de uma açúcar, a ribose–, que é encontrada principalmente no músculo e
no coração e que estimula a produção de uma outra substancia bioquímica chama-
da 2,3 difosfoglicerato, essencial para o transporte de moléculas de oxigênio das
células sanguíneas para as células musculares para obter energia. Como uma con-
seqüência do aumento da resistência, ele retarda o aparecimento de fadiga muscu-
lar e auxilia na recuperação. Ele melhora o fluxo sangüíneo, auxiliando a irrigação
de tecidos, portanto, sua oxigenação.

ÁCIDO PANGÂMICO (VITAMINA B15)

O soro pangâmico é um derivado do ciclo glutâmico, no qual muitas pessoas


não o reconhecem como uma verdadeira vitamina. É conhecido como “a vitamina
anti-fadiga dos atletas” por prolongar o treinamento.

Ele auxilia a respiração celular e é capaz de neutralizar substâncias tóxicas,


tais como o álcool, acelerando sua oxidação e portanto eliminando seus efeitos.

Ele realiza um papel ativo na insuficiência cardíaca por aumentar o uso de


oxigênio pela célula. Ele também exerce um efeito protetor no fígado.

Usado como tônico muscular – geralmente na forma de pangamato de argi-


nina –, seu efeito benéfico durante o exercício físico tem sido provado, principal-
ALTERNATIVAS NATURAIS CONTRA O DOPING 41

mente nos esportes de resistência. Ele intervém na duração do esforço, reduzindo


o uso de glicogênio e o acumulo de ácido lático. Ele melhora a respiração celular a
nível das mitocôndrias e assim permite ao atleta suportar melhor o esforço muscu-
lar intenso e prolongado, facilitando também a recuperação.

USO DE ESTERÓIDES ANABÓLICOS COMO AGENTE DOPANTE

Os anabolizantes esteróides são utilizados muito freqüentemente na intenção


de aumentar a síntese protéica, o que leva a um aumento da massa muscular. Os
efeitos colaterais do uso destes agentes dopantes já foram mostrados em capítulos
anteriores deste manual, dentre eles a amenorréia, interrupção no crescimento, di-
minuição da secreção endógena deste hormônio e de esperma, diminuição do tama-
nho dos testículos, ginecomastia (aumento das glândulas mamárias), consequente-
mente à morte.

ALTERNATIVAS NUTRICIONAIS NATURAIS PARA O USO DE


ESTERÓIDES ANABÓLICOS

Há muitas alternativas eficazes para o uso destas substâncias. Há atletas de


alta performance que tem alcançado todos os seus objetivos sem o uso de drogas,
e sem se tornarem armadilhas para eles próprios e para os outros; isto não é teoria,
é realidade. É necessário basear todos os esforços em dois pontos fundamentais:
técnica e nutrição. Não se pode cansar em repetir isso.

Muitos suplementos nutricionais específicos são capazes de alcançar os


mesmos efeitos dos esteróides anabólicos, mas que não danificam sua saúde e sua
moral. São os seguintes:

ÁCIDO FERÚLICO

É um precursor, componente ativo e purificado das duas partes que formam


a molécula do gama orizanol. O gama orizanol ajuda a aumentar a força e a massa
muscular, ao mesmo tempo que reduz a gordura corporal.

A administração oral direta do ácido ferúlico tem uma absorção 20 a 30 ve-


zes maior do que o gama orizanol. As doses, também, são menores.
42 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

O ácido ferúlico é um anabólico natural sem os efeitos colaterais dos esteróides:


ele aumenta a força e o tamanho muscular, isto é, melhora as proporções de recu-
peração do treinamento e reduz a rigidez muscular pós-treino – inibe a formação
de ácido lático –. Ele tem também funções metabólicas, de tal modo que diminui as
taxas de colesterol e gordura corporal. Para completar as funções do ácido ferúlico,
ele é necessário para o estresse porque é um antioxidante similar a vitamina E, e
controla as respostas do estresse para aumentar os níveis de norepinefrina lenta-
mente no sistema nervoso autônomo.

Dose recomendada: 1mg por quilo de peso corporal por dia, ingerido pela manhã.

GLUTAMINA + CREATINA

A creatina é um aminoácido que é principalmente encontrado no músculo e é


caracterizado como um metabólito rico em energia. A creatina no músculo se une
ao ATP formando a creatina fosfato, que é uma alta forma de energia e é utilizada
para realizar uma série de processos tais como: contração, síntese protéica e o
transporte de minerais e eletrólitos. O resultado é um aumento da massa muscular
e da força explosiva, ao mesmo tempo em que reduz a fadiga e a produção de áci-
do lático.

A glutamina é considerada um aminoácido essencial condicionado ou con-


versível em essencial. A habilidade da glutamina em preservar a massa muscular,
em momentos de estresse ou de treinamento muito intenso é, possivelmente, sua
melhor qualidade conhecida.

A nível muscular, a glutamina previne a perda de uma proteína chamada mio-


sina de cadeia pesada (MHC) que determina as propriedades contráteis dos mús-
culos esqueléticos.

A glutamina também afeta o metabolismo de glicose, sendo transformada em


glicogênio sem afetar os hormônios insulina e glucagon nos rins, de tal maneira que
quando há uma baixa ingestão de glicose e carboidratos, a glutamina é utilizada
como uma fonte de energia, evitando o catabolismo de tecido muscular e sem o
aumento dos efeitos lipogênicos – acúmulo de gordura –, produzidos pela insulina.
Finalmente, a glutamina ajuda no controle de peso corporal.
ALTERNATIVAS NATURAIS CONTRA O DOPING 43

Dose recomendada: uma dose de 100mg é recomendada por quilo de peso


corporal diariamente, de uma mistura de 50% de glutamina e creatina (50mg/kg de
peso corporal de cada um), e sempre ingerir imediatamente antes do treino com
suco de fruta ou uma bebida de carboidrato para aumentar a absorção de creatina.
A adição de taurina (10mg/kg peso corporal) aumenta esta eficiência.

HMB

O HMB (hidroximetilbutirato) é uma substância de origem natural capaz de


ser sintetizado no organismo partindo-se do aminoácido leucina que impulsiona o
sistema imune e auxilia na produção de massa muscular magra, diminuindo a gor-
dura corporal e os níveis de colesterol.

A efetividade deste metabólito leucina, pode ser explicado por duas hipóte-
ses: a) inibe a enzima que quebra o tecido muscular para obter energia ou; b) é um
componente essencial da estrutura da membrana da célula muscular, de tal modo
que o HMB pode exercer seu efeito anticatabólico por meios de reparo e fortale-
cimento das membranas celulares contra efeitos prejudiciais do treinamento de
resistência e outras situações de estresse.

Dose recomendada: a dose recomendada é de 43mg/kg peso corporal diaria-


mente dividido em três doses com as refeições.

OUTROS

Outros suplementos nutricionais que tem efeitos similares aos esteróides


anabólicos são os aminoácidos hidrolisados, os BCAA´s – abreviação de Branched
Chain AminoAcids ou aminoácidos de cadeia ramificada –, e dibencozide – forma
oral ativa da vitamina B12.

O USO DE ANFETAMINAS COMO AGENTES DOPANTES

As anfetaminas são um grupo de substâncias quimicamente similares à adre-


nalina que produzem um efeito de estimulação do sistema nervoso central. Agem
no sistema nervoso simpático causando sensação de bem estar, euforia, aumento
do estado de alerta e diminuição da fadiga. Altamente viciadoras e perigosas para
44 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

a saúde física e mental e, por isso, seu uso médico é estritamente controlado – no
tratamento de doenças mentais em crianças, insônia depressiva, obesidade, etc.

Há evidências de que as anfetaminas aumentam a resistência aeróbia e que


podem acelerar a recuperação da exaustão, no entanto, altas concentrações a ca-
pacidade de resistência pode levar a um bloqueio neuromuscular culminando na
morte. Entre os principais efeitos colaterais das anfetaminas incluem o aumento
do trabalho cardíaco, hipertensão, taquicardia, hepatopatias, alterações renais, de-
pendência física, convulsões, ansiedade e alterações na termorregulação.

ALTERNATIVAS NUTRICIONAIS NATURAIS


PARA O USO DE ANFETAMINAS

a) Alternativas naturais para o efeito estimulante

TIROSINA

A tirosina é um aminoácido natural principalmente conhecido pelo seu efeito


estimulante. Tem efeito oposto ao aminoácido triptofano. A tirosina bloqueia a ab-
sorção do triptofano por meio da barreira hematoencefálica. A tirosina é o material
básico para a produção de neurotransmissores (catecolaminas), isto porque a fun-
ção da tirosina esta relacionada ao aumento da transmissão nervosa do cérebro
para o músculo, excitando uma grande quantidade de unidades motoras e criando
um aumento no desenvolvimento de força. As catecolaminas executam atividades
hormonais importantes no cérebro, no coração, artérias, pulmões, e úteros. Tem si-
do observado que, a estimulação da síntese de neurotransmissores no cérebro po-
de fornecer maior claridade e vivacidade mental, e também melhorar a memória.

A norepinefrina é obtida a partir da L-tirosina, e realiza um papel importante


nos estados de ansiedade e depressão mental. Também, a partir da L-tirosina, a
dopamina é sintetizada – intermediária na síntese de noradrenalina –, e está envol-
vida na secreção do hormônio do crescimento.

Dose recomendada: 500-1000mg por dia, ingerir antes do treino, de estôma-


go vazio e com um copo d´água ou suco – evitar tomar com outras fontes de pro-
teínas para prevenir competitividade na absorção com outros aminoácidos.
ALTERNATIVAS NATURAIS CONTRA O DOPING 45

COMPLEXO VITAMÍNICO B

O grupo B das vitaminas, são hidrossolúveis, e circulam pelo organismo jun-


tamente com os fluidos, e seus excessos são eliminados na urina. Como não são
armazenadas, elas devem ser ingeridas diariamente. Elas trabalham basicamente
num grande número de processos enzimáticos, sendo essenciais em praticamente
todas as vias metabólicas do organismo. Elas são responsáveis pela conversão de
macronutrientes em energia (calorias), necessárias para realizar todas as ativida-
des da vida. Este grupo é formado por: vitamina B1, ou tiamina; vitamina B2, ou
riboflavina; vitamina B3, ácido nicotínico, ou vitamina P-P; vitamina B5, ou ácido
pantatênico; vitamina B6, ou piridoxina; vitamina B7, ou colina; vitamina B8, biotina,
ou vitamina H; vitamina B9, ou ácido fólico; e vitamina B12, ou cianocobalamina.

Sua deficiência produz uma grande quantidade de doenças e alterações tais


como: irritabilidade, fadiga, insônia, depressão, ansiedade, etc.

Sua administração produz um efeito estimulante devido a ativação de todas


as reações bioquímicas do nosso organismo.

Dose recomendada: seguir indicações dos rótulos de acordo com a concen-


tração de cada vitamina do complexo.

b) Alternativas naturais para a inibição do apetite

GARCINIA CAMBOGIA (CITRIMAX)

A Garcinia Cambogia é uma planta, cujo fruto assemelha-se com uma pe-
quena abóbora amarelada ou avermelhada do qual se obtém um extrato rico em
ácido hidroxicitrico (HCA) que é muito útil nos programas de controle de peso. O
HCA é um supressor do apetite e da ingestão de alimentos. Ele também previne os
processos pelo qual o corpo produz e armazena os ácidos graxos e o colesterol
(lipogênese). A combinação destas três atividades resultam na regulação da obesida-
de sem os efeitos colaterais associados à maioria das drogas utilizadas no controle
de peso – tais como as anfetaminas, o fenilpropanolamina, a Ma Huang, etc. –,
que agem no SNC, desenvolvendo tolerância no organismo e causando depressão,
nervosismo, insônia, e taquicardia.
46 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

O HCA é diferente destes supressores pelo fato de agir a nível periférico e,


portanto, não penetrar no cérebro ou SNC. Ao contrario, o HCA reduz a produção
de gorduras e, ao mesmo tempo, aumenta a produção de glicogênio, que traz, em
conseqüência, uma redução da sensação de fome.

Dose recomendada: 2-3 doses de 500-750mg diariamente, ingeridos de 30 a


60 minutos antes de cada refeição, com um copo d´água.

CHITOSAN

O chitosan é um polissacarídeo presente no esqueleto externo de certos crus-


táceos como o camarão e o caranguejo. Portanto, é uma substância de origem na-
tural que tem uma estrutura química similar as fibras vegetais. Ele age como um
“magneto” devido sua habilidade em atrair e envolver as gorduras como um tipo
de uma esponja no aparato digestivo. Ele é eliminado nas fezes em forma de uma
“bola de gordura” muito grande para ser absorvida. Isto causa, entre outras coisas,
um efeito de saciedade no estômago que inibe o apetite.

Dose recomendada: uma dose de 700-800mg é recomendada por dia com


um copo d´água antes das refeições. É conveniente usá-lo em ciclos de 15-20 dias,
alternando 15-20 dias de repouso.

ALTERNATIVAS NATURAIS PARA AUXILIAR A


ESTIMULAÇÃO E A CONTRAÇÃO MUSCULAR

As alternativas naturais para o doping são principalmente baseadas na


estimulação da produção de acetilcolina por vias metabólicas de modo natural.

a) Por estímulos diretos

TIROSINA

A tirosina é o material básico para a produção de neurotransmissores (ca-


tecolaminas), porque sua função esta relacionada ao aumento da transmissão ner-
vosa do cérebro para o músculo, excitando mais unidades motoras que, por sua
vez, ajudarão no processo de contração.
ALTERNATIVAS NATURAIS CONTRA O DOPING 47

FENILALANINA

A fenilalanina é um aminoácido essencial que age como um componente vital


para a produção de catecolaminas. As catecolaminas são substâncias neurotrans-
missoras com um amplo alcance de atividades, e eles incluem componentes tais
como epinefrina (adrenalina), dopamina e norepinefrina (noradrenalina).

b) Por atraso na produção de Serotonina (A serotonina é o mediador do


relaxamento muscular)

AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA (BCAA)

Os BCAA´s, valina, leucina, isoleucina, agem como inibidores competitivos


do aminoácido triptofano, um precursor da serotonina (neurotransmissor inibidor).

O exercício intenso aumenta a consumo de BCAA´s, porque a proporção


triptofano/BCAA é aumentada e a sensação de fadiga aparece. Ao contrario,
quando a concentração de aminoácidos de cadeia ramificada é aumentada na die-
ta, uma proporção diminuída de triptofano/BCAA ocorre e, portanto, a estimulação
muscular e a sensação de energia é aumentada.

c) Outros métodos

INOSINA

A inosina é uma ligação natural na cadeia bioquímica de produção de ATP


(adenosina trifosfato) que é indispensável para a contração muscular mas, tam-
bém na sua função de produção de ATP. Ele estimula a produção de uma outra
substância bioquímica chamada 2,3 difosfoglicerato, essencial para o transporte de
moléculas de oxigênio das células sanguíneas para as células musculares para ob-
ter energia.

Utilizada por levantadores de peso e atletas de força nos países do Leste


Europeu nos anos 70, a inosina continua sendo um valioso elemento do arsenal do
auxilio ergogênico para a alta performance.
48 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

VITAMINAS B1, B2, B6

Estas vitaminas do grupo B tem uma dupla função: de certo modo, elas inter-
vêm no metabolismo de carboidratos, porém, tem funções importantes a nível do
sistema nervoso.

A vitamina B1 é necessária para o uso de glicose nas transmissões neuro-


musculares. A vitamina B2 mantém as bainhas nervosas de mielina, e a vitamina
B6 é necessária na síntese de neurotransmissores e o uso de proteínas no cérebro.

CARGA CORRETA DE CARBOIDRATOS

Uma carga correta de carboidratos será capaz de manter uma biodisponibi-


lidade de glicose a nível metabólico e cerebral. A glicose é o principal combustível
do cérebro e uma deficiência pode ter conseqüências irreversíveis. A administra-
ção de uma fonte de carboidratos complexos tais como a maltodextrina ou a dextrose
(que são cadeias de glicose) irão liberar glicose progressivamente no sangue, até
que uma “contribuição” contínua de glicose ocorra, evitando qualquer deficiência
e prolongando a capacidade do desempenho físico.

PIRUVATO

O piruvato ou ácido pirúvico estabilizado por meio de formação de um sal


tem sido demonstrado aumentar a resistência muscular, já que auxilia o transporte
da glicose para o interior das células musculares. Este processo é conhecido pelo
nome de extração de glicose e refere-se a quantidade de glicose extraída pelos
músculos da corrente sanguínea. Como a glicose é o combustível mais apreciado
no organismo, o aumento da extração de glicose – fonte de energia imediata – e
glicogênio muscular – fonte de energia acumulada –, significa um aumento da
resistência muscular.

ELETRÓLITOS

Os sais minerais, o sódio, o potássio, o cálcio e a clorina têm diferentes fun-


ções a nível neuronal e nos fenômenos da contração muscular. No impulso nervo-
so um potencial de ação é gerado por meio de uma mudança no potencial elétrico
ALTERNATIVAS NATURAIS CONTRA O DOPING 49

da membrana celular do axônio. Nesta mudança de potencial os íons de sódio e


potássio intervêm de acordo com os princípios da bomba de sódio. Da mesma
maneira, no fenômeno da contração há uma mobilização de íons de cálcio que,
com suas cargas positivas, neutralizam os negativos da actina e miosina que con-
traem, iniciando um complexo químico-metabólico.

AMINOÁCIDOS

Os aminoácidos tem numerosas funções metabólicas, plásticas e reparativas.


A nível neuromuscular pode-se falar sobre sua formação de proteínas contrateis
tais como a actina e a miosina, e das enzimas catalíticas das reações bioquímicas,
além de sua ação na eliminação de radicais amônio, realizando uma desintoxicação
do organismo e melhorando a capacidade aeróbia.

O USO DE DIURÉTICOS COMO AGENTES DOPANTES

Os diuréticos são drogas que estimulam a eliminação de água e elementos


minerais orgânicos do corpo através da função renal com correspondente redução
do volume de líquido extracelular. Na medicina eles são utilizados no tratamento de
hipertensão, nos edemas ou retenção excessiva de fluidos nas alterações cardía-
cas ou falha renal.

Os atletas costumam fazer uso de diuréticos para aumentar a diurese porque


a urina é o líquido orgânico utilizado para o controle de doping. No exame anti-
doping a maioria das substâncias, incluídas na lista de substâncias proibidas no
esporte, são detectadas. Os diuréticos são utilizados como agentes dopantes em
três principais situações:

a. Para diluir a urina na intenção de passar no controle de doping – antiga-


mente isto poderia funcionar, mas hoje em dia com os modernos métodos de detecção
de substâncias isto não faz mais sentido;

b. Para perder o excesso de água do espaço extracelular, o que dá um as-


pecto externo mais definido.

c. Para competir em categoria de peso inferior num curto período de tempo.


50 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

O uso de diuréticos pode apresentar efeitos indesejáveis que dependem mui-


to da dosagem e do estado do organismo. Entre os principais efeitos colaterais es-
tão a deficiência de potássio e magnésio, o aumento do ácido úrico, uréia e creatinina,
alterações na calcemia, hiperglicemia, hipotensão arterial e reações alérgicas. Es-
tes efeitos são manifestados com sintomas como sonolência, confusão mental e
vômito, astenias, bradicardia e até coma, devido à acidose ou alcalose.

ALTERNATIVAS NATURAIS PARA O USO DE DIURÉTICOS

As alternativas para os diuréticos farmacológicos são principalmente as plantas.


Entre elas incluem-se:

SORREL (RUMEX ACETOSA L.)

Sorrel é uma planta vigorosa de mais de 1m de altura. Ela cresce em lugares


gramados e cobertos de relva em todo o norte da Península Espanhola e nas mon-
tanhas do resto dos países. As folhas do sorrel tem um sabor amargo, que dá a ela
seu nome: acedilla, agrilla, vinagreira.

Contém principalmente o ácido oxalato de potássio, que dá as folhas e aos


caules seu sabor amargo. Na seiva da sorrel obtida durante o verão há mais de
1,36% deste sal. No rizoma há substâncias relacionadas ao ácido crisofânico.

A sorrel é considerada apetitosa e diurética; ela estimula o aparato urinário, o


fígado e as funções intestinais. Antigamente ela era famosa como um excelente
antiescorbútica por sua riqueza em vitamina C (20-25mg por 100).

As folhas de sorrel fervidas ajudam na digestão. Formalmente, o rizoma é


usado como um laxativo, mas devido a sua ação demorada não é mais utilizado.
Não é recomendada para pessoas com tendência a formarem pedras biliares e
urinarias, porque o ácido oxálico da sorrel favorece sua formação.

ARTICHOKE (CYNARA SCOLYMUS)

A flor ou a cabeça da artichoke (chamada de coração) é comumente conhe-


cida como afrodisíaco, embora não tenha sido comprovado cientificamente. O que
ALTERNATIVAS NATURAIS CONTRA O DOPING 51

tem sido demonstrado é que os níveis de colesterol diminuem em pacientes que


ingerem a artichoke. De fato, a cinara é uma droga derivada desta planta. Uma
outra função importante esta relacionada a seus efeitos benéficos para todos os
tratos hepáticos e biliares. É muito utilizado por atletas com alterações hepáticas
conseqüentes do uso de esteróides anabólicos. Para eliminar o excesso de água do
corpo é também utilizado como diurético.

ALFAFA (MEDICAGO SATIVA)

Esta planta tem uma composição química muito complexa, mas é de interes-
se principalmente por suas riquezas em vitaminas. A séculos atrás os Árabes a
chamavam de alfalfa – pai de todos os alimentos.

A planta seca é rica em proteínas (25% do peso), carboidratos, fibras, vitami-


nas, minerais – tais como: cálcio, magnésio, potássio e ferro –, clorofila e betaca-
roteno. Ela contém também oito enzimas importantes que ajudam na digestão da
comida. Do ponto de vista médico e por suas vitaminas ela é uma excelente anties-
corbútica que resiste a ebulição.

É também recomendada para combater o raquitismo e a artrite. Como diurético


natural, auxilia a eliminar a retenção de água.

A alfafa contém quantidades consideráveis de vitamina K, que protege con-


tra hemorragias. Contém também quantidades de actacosanol, fitoestrogenios e
vitamina B6 – co-fator essencial no metabolismo protéico.

ASTRAGALUS (ASTRAGALUS MEMBRANACEOUS)

O astragalus é uma planta nativa da China e do Japão. Foi usada por séculos
pelos orientais para tratar de uma grande variedade de doenças, da diabetes a hi-
pertensão, e tem sido prescrita como auxiliar do sistema imunológico e energético
defensor do organismo. O astragalus tem sido investigada no possível tratamento
da AIDS pelo fato de sua ativação do sistema imunológico e por parar o desenvol-
vimento de células malignas do câncer. Na China é usado como tônico e diurético.
Nos esportes é utilizada em atletas que sofrem de fôlego curto. Ela aumenta a re-
sistência e protege a glândula adrenal.
52 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

BIRCH (BETULA PENDULA)

Árvore grande muito comum na Europa e na Ásia. Suas folhas secas contém
saponinas, taninos, óleos essenciais, resinas e anti-séptico vegetal. Tem um perfu-
me aromático e um sabor amargo. As substâncias que ele contém são diuréticos e
desinfetantes que não irritam os rins. É, no entanto, um dos principais componen-
tes da infusão renal designada para tratar o trato urinário, a bexiga, e as pedras de
rim. Possui também um efeito sudorífero.

HORSETAIL “RABO DE CAVALO” (EQUISETUM ARVENSE)

Planta sem flores, é colhida apenas uma vez no verão e os caules secos con-
tém uma baixa proporção de ácido silícico, indicações de alcalóides (nicotina e
palustrina) e saponinas. O caule constitui um dos principais componentes das infu-
sões diuréticas com a propriedade de produzir transpiração excessiva.

Ela também tem um efeito antiinflamatório e age contra a arteriosclerose e


como um homeostático interno e externo.

ÁGUA DESTILADA

Ela produz diurese pelo fato do seu efeito mecânico.

O USO DE CORTICOSTERÓIDES COMO AGENTES DOPANTES

Os corticosteróides são divididos em glucocorticóides e mineralocorticóides.

Os glucocorticóides (como o cortisol ou cortisona), intervém na regulação


do metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos; aumentam a formação de gli-
cogênio e das reservas hepáticas – o que reduz as concentrações de glicose san-
guíneas –, e desenvolvem uma intensa ação anti-inflamatória, antireumática e anti-
alérgica, intervindo na resposta do organismo à situações de estresse. Estas fun-
ções são reguladas pela hipófise através do hormônio adrenocorticotrópico ou ACTH.

Os mineralocorticóides (como a dehidroepiandrosterona (DHEA) ou aldos-


terona) regulam o equilíbrio de água e eletrólitos no organismo controlando os
ALTERNATIVAS NATURAIS CONTRA O DOPING 53

processos renais de reabsorção de sódio, potássio e água. Também são controla-


dos pela hipófise.

Os corticosteróides estão incluídos na lista de substâncias proibidas e seu uso


só é permitido em aplicações locais, inalação ou injeções locais ou intra-articulares
com prévio aviso do médico por escrito para a comissão antidoping e médica, ca-
so contrário, serão considerados substâncias dopantes e seu uso será penalizado.
Entre os principais efeitos colaterais do uso de corticosteróides estão: Disfunções
hidroeletrolíticas com edemas e hipertensão, aumento da sensibilidade à infecções,
osteoporose, inibição da produção de colágeno, atrofias musculares, gastrites e
úlceras gastrintestinais, impotência sexual e aplasia corticosuprarenal.

ALTERNATIVAS NATURAIS PARA O USO DE


CORTICOSTERÓIDES

CARTILAGEM DE TUBARÃO

O tubarão é a criatura mais saudável que existe na terra. Ele tem um podero-
so sistema imunológico e é o único animal que não sofre de câncer, por ser consti-
tuído apenas de cartilagem. Os extratos secos da cartilagem do tubarão são usa-
dos para combater uma série de doenças crônicas tais como: câncer, osteoartrite,
e artrite reumatóide por meios de administração oral. A cartilagem de tubarão é
uma fonte natural de minerais – principalmente cálcio, e fósforo –, e de mucopo-
lissacarídeos que agem juntos com a proteína da cartilagem – chamada macropro-
teina IDC – para fornecerem seus benefícios.

A cartilagem de tubarão é usada no tratamento de todos os tipos de osteoartrite


e artrose, como também em processos inflamatórios e dolorosos a nível da cartila-
gem – ação analgésico-anti-inflamatoria –. É muito útil em dores articulares que
aparecem após o treinamento intenso. Ela age nos medidores do processo infla-
matório e, portanto, reduz a inflamação ativando o sistema imunológico. Seu uso
como anti-inflamatório tem a vantagem de não possuir os típicos efeitos colaterais
dos tradicionais antiinflamatórios mesmo se ingerida por muito tempo.

Dose recomendada: 2-3g por dia ingeridos 15 minutos, sempre antes das
principais refeições.
54 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

GLUCOSAMINA

A glucosamina é um dos melhores “materiais brutos”, para a produção de


lubrificantes necessários nas cartilagens e articulações porque ele é 50% de ácido
hialurônico. O ácido hialurônico é o lubrificante do liquido sinovial – fluido que está
nas articulações para ajudar nos movimentos. Além disso, a glucosamina realiza
um papel importante na produção de colágeno e proteoglicanos, dois constituintes
necessários para manter e restaurar a cartilagem articular.

Os proteoglicanos tem duas funções importantes: a primeira é absorver a


quantidade apropriada de água para dar à cartilagem, elasticidade necessária para
a compressão; a segunda é relacionada a organização do colágeno.

A glucosamina é um suplemento popular devido a ampla área de aplicações,


da osteoartrite – afecção dolorosa na qual a cartilagem degenera lentamente –, a
alterações articulares produzidas pela idade ou exercício intenso. A glucosamina
tem mostrado também propriedades anti-inflamatórias por meios de um mecanis-
mo que inibe a atividade das enzimas proteolíticas.

Dose recomendada: 1000-1500mg de glucosamina p/ dia. É conveniente com-


biná-la com a cartilagem de tubarão para realizar um efeito sinérgico mais eficaz.

OKG

O OKG (alfa-keto-glutarato de ornitina) é uma combinação de duas molécu-


las de aminoácidos, L-ornitina e uma de ácido alfa-keto-glutárico. O ultimo é uma
substância interessante já que está envolvida no metabolismo dos aminoácidos e
de energia. O interesse no OKG começou com o alfacetoglutarato que, por sua
vez, foi devido a importância do aminoácido L-glutamina. Sabe-se que há uma re-
lação entre a quantidade de proteína sintetizada em um músculo e aquela de L-glu-
tamina. Quanto maior o nível de glutamina, maior a quantidade de proteínas forma-
das dentro do músculo e vice-versa. O OKG tem forma mais estável que a L-glu-
tamina. O ácido alfacetoglutarico possui a mesma estrutura básica da L-glutamina,
embora sem os dois grupos amino, e esta é a razão pela qual não é um aminoácido,
mas um cetoácido que, quando combinado com a L-ornitina, é uma substância
muito estável, e tão eficaz quanto a L-glutamina na prevenção da perda de massa
ALTERNATIVAS NATURAIS CONTRA O DOPING 55

muscular, catabolismo muscular e aumento da síntese protéica. A ornitina, de outro


modo, é um aminoácido muito importante do ponto de vista metabólico; ela estimu-
la o GH naturalmente e estimula o sistema imunológico; ambas as ações signifi-
cam que a ornitina realiza um papel muito importante no tratamento e formação de
cicatrizes de feridas.

Uma série de estudos tem sido realizados com pacientes hospitalizados que
apresentaram condições de catabolismo devido a queimaduras ou traumatismos; a
administração de altas doses de OKG reduziram a perda de proteína muscular e
ajudaram na recuperação tecidual; mostrando que, o OKG age como um agente
anabólico natural.

A mesma coisa acontece em atletas que sofrem lesões musculares e/ou articu-
lares. A recuperação e a formação de cicatriz da lesão é rápida, demonstrando um
efeito anticatabólico. O OKG também ajuda na produção dos mesmos componentes
chamados poliaminas que estão envolvidas na renovação celular e síntese de proteína.

Dose recomendada: em situações de estresse, traumatismo, ou condições


catabólicas diversas, de 8-10g por dia, em duas doses, sendo uma pela manhã e a
outra à noite.
56 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

Capítulo IX

EXEMPLOS DE PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA


CONTROLE DE EXAME ANTIDOPING

E ste procedimento serve como modelo básico para Confederações, Federa-


ções, apesar que nos esportes Olímpicos todas as federações internacionais
tem seus padrões e que poderá ser modificado de acordo com a nova política a ser
implementada pela WADA.

SELEÇÃO DE DESPORTISTA:

Isto é determinado de acordo com as regras estabelecidas pela Federação


internacional, responsável pela modalidade. O número de controles efetuados em
competições e fora de competições, bem como os critérios de seleção dos atletas.

NOTIFICAÇÃO DE CONTROLE AO DESPORTISTA:

A notificação é realizada através de um formulário próprio que varia de fede-


ração para federação, mas sempre dentre os padrões internacionais exigidos pelo
IOC. Já em Jogos Sul-americanos, Pan-americanos, Asiáticos, Europeus etc., são
utilizados formulários próprios para cada competição.

APRESENTAÇÃO DO ATLETA NA SALA DE CONTROLE

Após a notifcação o atleta selecionado deve se apresentar a estação de con-


trole, uma hora, contada após a notificação. Por segurança é bom lembrar que o
atleta é obrigado assinar a notificação, juntamente com prazo para comparecimen-
to junto com a equipe escolta. Nos casos em que o atleta vai participar do cerimo-
nial de entrega das medalhas, o prazo poderá ser estendido, desde que seja comu-
nicado diretamente ao chefe da estação pelo representante legal do atleta.
EXEMPLOS DE PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA CONTROLE DE EXAME ANTIDOPING 57

CONDIÇÕES DA SALA DE CONTROLE:

Uma estação de controle, normalmente é constituída de três espaços sepa-


rados, entre eles:

• Uma anti-sala

• Uma sala de espera

• Uma sala de controle com banheiro masculino e feminino, atendendo os


padrões de acomodação para o atleta, acompanhante credenciado, tradutor e, se
necessário, o representante da federação internacional da modalidade e represen-
tante do COI, para supervisão dos trabalhos em caso de jogos Sul-americanos
Pan-americanos e Olimpíadas.

COLETA DAS AMOSTRAS:

É executado todo o procedimento efetuado na estação de controle, em que


praticamente o atleta é quem atua em 80% pelas mãos próprias e 20% pela equipe
de coleta sob o preenchimento do formulário e instrução para o atleta. As análises
bioquímicas da amostra não pode ser superior a densidade de 1005 e o Ph deve
encontrar-se entre 5.0 e 7.5, caso contrário, o atleta deverá apresentar-se para
uma nova coleta.

ENVIO, TRANSPORTE E RECEPÇÃO DAS AMOSTRAS


NO LABORATÓRIO

Geralmente o envio destas amostras, são realizadas por pessoas especiali-


zadas para o cumprimento da chegada das amostras até o laboratório, com intuito
de não haver violação no material lacrado

ANÁLISE DAS AMOSTRAS

As amostras devem ser analisadas, no caso de esporte olímpicos, em labora-


tório credenciado pelo COI. Os procedimentos são diversos e dependem das subs-
tâncias que estão sendo detectadas e dos equipamentos que o laboratório dispõe, é
58 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

bom lembrar que nas modalidades não olímpicas, pode-se utilizar de outros labora-
tórios capacitados para este tipo de análise, desde que a federação internacional
da modalidade autorize, por escrito, a fim de oficializar parcialmente, por evento ou
em definitivo, levando-se em conta o fator custo / benefício.

• Preparação da amostra

• Análise de screening

• Confirmação

COMUNICAÇÃO DOS RESULTADOS

Os resultados positivos dos testes “fora de competição”, são comunicados


pela federação a que pertence o atleta de forma a permitir sua ampla possibilidade
de defesa pré estabelecida pela modalidade. Somente após a confirmação do posi-
tivo em competições internacionais a federação local a que pertence o atleta é co-
municada, em seguida poderá ser divulgada para a imprensa.

CONTRA ANÁLISE DA AMOSTRA B

A amostra é distribuída em dois recipientes que constitui as amostras A e B.


Na amostra A deve conter pelo menos 50 ml de urina, e na amostra B pelo menos
25 ml. No de positivo a amostra B, quando analizada, deve conter claramente as
substâncias que foram encontradas na A e que constituem a contravenção.

SANÇÕES

São determinadas pelas Federações Internacionais e pelo COI, de acordo


com a modalidade, tipo de substância encontrada, e outros fatores que incluem a
reincidência na infração.
EXEMPLOS DE PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA CONTROLE DE EXAME ANTIDOPING 59

Capítulo X

PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELA


ORGANIZAÇÃO DE JOGOS SUL-AMERICANOS

INTRODUÇÃO

A Comissão Médica da Organização Esportiva Sul - Americana (ODESUR)


busca preservar a saúde dos atletas e assegurar o respeito para com os conceitos
éticos implícitos em um jogo limpo, com espírito Olímpico e a prática médica, asse-
gurando uma igualdade para todos os competidores.

A Comissão Médica da ODESUR em colaboração com os Comitês Olímpi-


cos Nacionais, dedica seus esforços para assegurar que prevaleça no esporte o
espírito do jogo limpo e que a violência seja proibida, direcionando sua luta contra
o doping, sendo seu objetivo prevenir os atletas do mal que isso causa a sua saúde.

A ODESUR estabeleceu regras que proíbem o uso de certas substâncias e


métodos que causam efeitos prejudiciais no rendimento do atleta e práticas contra-
rias com a ética médica.

Esta Comissão Médica governa com os princípios estabelecidos pelo Código


Antidoping do Movimento Olímpico, efetuando as modificações necessárias de
acordo com a realidade da nossa região.

A Comissão Médica da ODESUR é responsável pelo programa de Controle


Antidoping dos VII Jogos Sulamericanos Brasil 2002.

O Comitê Organizador é responsável de promover a infra-estrutura do reco-


lhimento das amostras de acordo com o regulamento de Antidoping da ODESUR.
60 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

Qualquer eventualidade não mensurada no presente regulamento será solu-


cionada pela Comissão Médica da ODESUR, com aprovação do Comitê Executi-
vo da mesma.

I - PRINCÍPIOS GERAIS.

1 - O DOPING É PROIBIDO

Esta forma se aplica durante o(s) campeonato(s) ou fora dele(s).

As substancias, métodos proibidos e as drogas sujeitas a certas restrições,


assim como os métodos de investigação das mesmas estão baseadas conforme a
Organização Esportiva Sul-americana - ODESUR, contidas no presente docu-
mento.

Qualquer modificação adotada e publicada pelo COI, será levada em consi-


deração e analisada pela Comissão Médica da ODESUR, para a sua respectiva
adaptação.

O procedimento do controle deverá ser requerido unicamente pela Comissão


Médica da ODESUR.

II - GUIA DE CONTROLE ANTIDOPING.

1 - O mínimo de pessoas para o procedimento de recolhimento de


amostras em cada delegação.

Um chefe da delegação, um assistente técnico e um número de escoltas de


acordo com as necessidades da delegação.

02 - Aprovando equipamentos.

Utilizará o material aprovado pelo COI e elegido pela Comissão Médica da


ODESUR.
PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELA ORGANIZAÇÃO DE JOGOS SUL-AMERICANOS 61

3 - DOCUMENTOS

Formulário de Controle Antidoping


* Membro da Comissão Médica da ODESUR (original).
* Atleta (cópia).
* Laboratório (cópia)
* Envelopes.
Envelopes individuais de cada cópia dos formulários preenchidos.

4 - SELEÇÃO DOS ATLETAS.

Os controles de doping deverão ser efetuados com base no número de amos-


tras aprovadas pelo Comitê Organizador e estas serão determinadas pela Comis-
são Médica, tendo caracter confidencial, podendo modificar durante a realização
dos jogos.

A Comissão médica da ODESUR, informarão ao Dirigente responsável da


Federação Internacional. Um atleta pode ser selecionado para mais de uma vez
para o recolhimento da amostra, sem dúvidas este ponto ficará a critério da comis-
são Médica da ODESUR.

A Comissão Médica da ODESUR, será a única entidade durante os Jogos,


autorizada a realizar os controles de doping.

5 - NOTIFICAÇÃO DO CONTROLE ANTIDOPING.

Depois do campeonato ou dos resultados finais, imediatamente o atleta sele-


cionado para o controle, receberá em mãos por uma escolta autorizada pela Co-
missão Médica da ODESUR, uma notificação por escrito para o controle de doping.

Esta notificação, além dos dados gerais, deverá estar preenchida completa-
mente e estar assinada pelo atleta, pela escolta e pelo médico responsável pelo
controle.

Depois que a escolta anotar o horário no formulário da notificação, o atleta


assinará imediatamente a notificação estando ciente da mesma.
62 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

As escolta deverá acompanhar o atleta todo o tempo e conduzi-lo a sala de


espera dos controles antidoping.

O atleta deverá apresentar-se na sala de controle antidoping no menor tempo


possível, levando sua identificação na qual deverá ser sua credencial dos jogos.
Deverá se apresentar o mais tardar em uma hora.

6 - APRESENTAÇÃO À SALA DE CONTROLE DE DOPING.

Ao chegar a sala, a escolta deverá entregar o formulário de notificação ao


chefe da equipe de controle antidoping, devendo o atleta se identificar para o mes-
mo. O chefe da equipe de controle comprovará a identidade do atleta mediante o
número do documento de identidade e anotará o horário de chegada no formulário
de controle antidoping.

Se o atleta deve competir em outra categoria ou participar de uma cerimonia


de premiação durante sua presença na sala de controle de doping, o mesmo deve-
rá comunicar o chefe da equipe de controle de doping, ou ao oficial que o substitua
para realizar sua coleta em momento mais oportuno, sendo sempre acompanhado
pela escolta, não atrapalhando o desenvolvimento normal de suas atividades, de-
vendo voltar para a sala de controle assim que finalize a competição ou a cerimonia.

Se o atleta deixar de se apresentar à sala dentro dos limites fixados na seção


cinco, este fato será consignado no relatório. O chefe da equipe de turno da sala
assinará o relatório, no qual será entregue no menor tempo possível para o Coor-
denador da Comissão Médica da ODESUR.

A não apresentação do atleta à sala de controle de doping, considerarão


como doping positivo, notificando-se imediatamente o presidente da Comissão
Médica da ODESUR ou o seu representante.

7 - RECOLHIMENTO DA AMOSTRA.

Além do competidor e seu acompanhante, se este o estiver, poderão estar


presentes na sala de controle de doping as pessoas que segue abaixo:
O chefe da equipe de controle de doping.
PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELA ORGANIZAÇÃO DE JOGOS SUL-AMERICANOS 63

Um ou mais dos assistentes, cuja as funções incluam: a obtenção da amostra


e a preparação da notificação.

Um representante da Federação Internacional.

Um representante da Comissão Médica da ODESUR.

Um intérprete, se for necessário.

O atleta e seu acompanhante serão atendidos na sala de espera por um


membro da equipe de controle de doping. Quando o atleta estiver pronto para
colher a amostra da urina, deverá informar ao assistente.

Durante o processo de controle antidoping não poderão tirar fotos, tão pouco
filmarem dentro da sala. Assim como não serão permitidos o uso de telefones
celulares, rádios transmissores ou unidades portáteis de música por atletas ou acom-
panhantes.

De preferência, serão atendidos um atleta por vez na sala de entrevistas e


para o recolhimento da amostra.

O atleta escolherá entre outras, uma bolsa que contém um coletor dentro
de um pacote fechado. O atleta pegará o coletor tendo certeza que está com-
pleto, passará para o cubículo de recolhimento da urina. Neste local não deve-
rá passar mais de um atleta por vez, sendo este acompanhado por um membro
da sala de controle de doping do mesmo sexo.

O atleta deverá proporcionar um volume mínimo de 75 ml de urina no coletor,


sendo observado pelo responsável. O atleta deverá deixar visível em seu corpo: do
tórax aos joelhos, para não obstruir a visão do responsável na amostra.

No caso do atleta não ter proporcionado a quantidade suficiente de urina,


este deverá permanecer na sala de controle de doping sob a observação do assis-
tente, junto com a amostra parcial até completar o volume mínimo estipulado. O
atleta levará o coletor que contém a urina para a mesa de controle de doping onde
escolherá o pacote fechado que contém os frascos A e B.
64 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

O atleta abrirá o pacote e extrairá os frascos, verificando se os mesmos


estão vazios, limpos e íntegros. O próprio atleta ou o técnico da sala de contro-
le de doping, com o consentimento do primeiro, deverá colocar aproximada-
mente 25 ml da amostra de urina que estava dentro do coletor dentro de um
dos frascos que será o da amostra B, e a quantidade restante, aproximada-
mente 50 ml dentro do frasco da amostra A, fechando-as corretamente. Com
o que ficar no coletor o técnico determinará o PH e a densidade da urina.

O PH (acidez ou a alcalinidade da urina) não deve ser menor de cinco nem


maior de sete, e a urina deve ter uma gravidade específica de 1.010 ou maior. Se
a amostra não completar estas especificações, outras amostras podem ser pedidas
pelo representante da Comissão Médica da ODESUR.

O técnico, depois de verificar se os frascos estão bem fechados, certifi-


cará junto do chefe da sala, que os números que aparecem anotados coinci-
dam com os do frasco antes de marcá-los.

O técnico dará ao atleta e a pessoa que o acompanha a oportunidade de


verificar se os números anotados no formulário coincidem com os dos frascos
antes de marcá-los. Colocar-se-á os frascos nos estojos correspondentes, fechá-
lo-ão e marcar-lo-ão.

O chefe da sala dará ao atleta e ao seu acompanhante a oportunidade de


verificar se os estojos estão corretamente marcados e com os dados do formulário
de controle de doping corretos.

O chefe da sala de controle de doping e o assistente, continuarão entrevis-


tando o atleta para completar os dados do formulário. Entre outros dados, o atleta
deverá declarar os medicamentos que utilizou durante os últimos sete dias.

O atleta certificará no formulário de controle de doping, com sua assinatura,


que não houve nenhuma irregularidade em todo o processo de recolhimento da
amostra e receberá uma cópia da documentação. Qualquer irregularidade que
tenha sido identificada pelo atleta deve ser incluída no formulário de controle de
doping. O mesmo formulário será assinado pelo chefe da sala, pela pessoa que
acompanha o atleta, pelo representante da Federação Internacional.
PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELA ORGANIZAÇÃO DE JOGOS SUL-AMERICANOS 65

Se o atleta se negar a dar a amostra da urina, indicarão as possíveis conse-


qüências (caso positivo). Se persistir na negação, anotarão o acontecido no formu-
lário de controle de doping que será assinado pelo chefe da equipe de controle de
doping, pelo técnico, pelo atleta, pela pessoa que o acompanha (se estiver presen-
te), pelo representante da Federação envolvida, por uma testemunha e pelo mem-
bro da Comissão Médica da ODESUR ou o seu representante. Se o atleta ou o
acompanhante se negarem a assinar, anotarão no formulário de observações.

Se o atleta produziu menos volume de urina requerido (75 ml) deverá seguir
os passos para a amostra parcial de acordo com o equipamento utilizado e retornará
para a sala de controle ao ter a vontade de urinar para escolher um novo coletor e
dirigir-se ao sanitário para a coleta de mais urina, retornando a área de controle
onde abrirá o frasco da amostra parcial e verterá seu conteúdo no outro coletor, se
a combinação dos dois não atingir os 75 ml, repetirá todo o procedimento anterior
até completá-lo. Quando os volumes combinados totalizarem 75 ml a amostra da
urina deverá ser processada de acordo com os procedimentos antes mencio-na-
dos. (7.10,7.11,7.12, etc).

Ao final do procedimento o original dos registros oficiais de controle de


doping e as notificações do controle de doping devem ser colocados dentro dos
seus respectivos envelopes. O médico da ODESUR é o responsável pela entre-
ga dos envelopes ao Coordenador da Comissão Médica da ODESUR. Os enve-
lopes que contém os originais e as cópias devem estar fechados e colocados em
lugar seguro, a menos que sua abertura seja autorizada pelo Coordenador da
Comissão Médica da ODESUR. No final de cada controle de doping as bolsas
de transportação deverão conter os envelopes e suas cópias correspondentes.

As bolsas de transportação serão entregues aos médicos da ODESUR indi-


cando a quantidade de amostras, o lugar e a hora da partida.

O médico da ODESUR ou a pessoa designada levará as bolsas até a sede


central da Comissão Médica da ODESUR, o mais rápido possível, onde as guar-
darão sob as normas de segurança e refrigeração.

Será de responsabilidade da Comissão Médica da ODESUR o translado das


amostras ao laboratório credenciado no menor tempo possível.
66 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

Se um ou mais atletas não puderem realizar o exame de controle de doping


na sala de controle do campeonato no tempo limite que será estabelecido pela
Comissão Médica da ODESUR, o recolhimento da amostra deverá se realizar no
Hotel Suramericano, sob a supervisão do médico da ODESUR.

O atleta poderá ser acompanhado pelo oficial de controle de doping, o médi-


co da ODESUR e pela pessoa que o acompanha se assim o quiser.

O médico da ODESUR e o oficial de controle de doping devem ter cer-


teza de que todo o material necessário para o recolhimento da amostra se
encontram no Hotel Suramericano.

8 - ANALISES.

As análises da amostra terão que ser feitas rapidamente, assim que as mes-
mas chegarem ao laboratório.

As análises da amostra serão realizadas em um laboratório credenciado pelo


COI de acordo com os métodos estabelecidos e aprovados pelas Comissões Mé-
dicas do COI e da ODESUR. Este laboratório será selecionado pelo Comitê Or-
ganizador dos Jogos.

O chefe do laboratório informará ao Coordenador da Comissão Médica da


ODESUR sobre os resultados de todas as amostras analisadas.

Em caso das análises da amostra “A” indiquem violação das regras do con-
trole de doping da ODESUR, o Coordenador da Comissão Médica da ODESUR
informará imediatamente o Presidente da ODESUR.

O Coordenador da Comissão Médica da ODESUR notificará o dirigente


responsável do país e convocará uma audiência especial com o dirigente responsá-
vel, o atleta, o médico e o técnico do país.

As análises da amostra “B”, se solicitada pelo atleta, deverão ser levadas ao


mesmo laboratório onde se realizaram as análises da amostra “A”, sendo fixado
pela Comissão Médica da ODESUR a data para a sua realização. Será permitida
PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELA ORGANIZAÇÃO DE JOGOS SUL-AMERICANOS 67

a presença da comissão do país afetado para a abertura da amostra “B” e para a


realização das análises no laboratório, no máximo três representantes, incluindo o
atleta. Os gastos com a análise da amostra B deverão ser pagas pelo atleta afeta-
do. Isto será um direito mas não uma obrigação. Qualquer oposição deverá ser
informada por escrito a Comissão Médica da ODESUR.

Se o resultado da amostra “B” não confirmar o resultado da amostra “A”,


este será considerado como negativo. Neste caso o Coordenador da Comissão
Médica da ODESUR deverá informar imediatamente ao Presidente.

A Comissão Médica da ODESUR deverá se reunir o mais rápido possível e


dará suas recomendações ao Comitê Executivo da ODESUR, ou a quem for o
responsável para tomar as providências neste caso.

O COI, o COM e a Federação Internacional envolvidas deverão ser infor-


madas de qualquer contestação imposta pelo atleta ao Comitê Executivo da
ODESUR, antes que esta se torne oficial.

Todos os gastos do controle de doping referente as amostras: o recolhimento,


translado, análises e a reunião final da Comissão Médica da ODESUR deverá ser
pago pelo Comitê Organizador dos Jogos Esportivos Sul-americanos.

ANEXOS

É intenção da Comissão Médica da ODESUR que os resultados dos contro-


les de doping realizados durante o campeonato, estejam concluídos no prazo máxi-
mo de trinta dias depois de finalizados os mesmos.

A Comissão Médica da ODESUR estipula que o número de controles a


serem efetuados não deve ser menor que 20% do total das medalhas ou a 10% do
total de atletas participantes.

RECOMENDAÇÕES:

A Comissão médica da ODESUR recomenda as Autoridades Esportivas punir


com severidade qualquer pessoa que tenha feito uso de substâncias proibidas,
68 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

desde que não haja dúvidas sobre a culpa, levando em consideração a recomenda-
ção do COI, segundo o código de Antidoping do Movimento Olímpico, capítulo II.,
da Ofensa ao Doping e sua sanção, artigos 1,2,3 e 4.

A Comissão Médica da ODESUR é governada pela classificação e métodos


estabelecidos e atualizados pelo COI.

A verificação do sexo ou de gênero serão realizadas única e exclusivamente


sob a recomendação especial da Comissão médica da ODESUR, baseando-se
nas determinações estabelecidas pelo COI.

É de responsabilidade do Comitê Organizador que em cada lugar do campeo-


nato e durante o mesmo, tenha um médico, para que técnicos ou médicos das de-
legações participantes possam consultá-los sobre o uso de medicamentos.
CÓDIGO ANTIDOPING DO MOVIMENTO OLIMPICO – APÊNDICE A 69

Capítulo XI

CÓDIGO ANTIDOPING DO MOVIMENTO OLÍMPICO


APÊNDICE A
CLASSES DE SUBSTÂNCIAS E MÉTODOS PROIBIDOS
VÁLIDO À PARTIR DE 1º DE JANEIRO DE 2003

I. CLASSES DE SUBSTÂNCIAS PROIBIDAS

A – ESTIMULANTES

Substâncias proibidas na classe A

a) incluem os seguintes exemplos com os seus isômeros L e D.

amifenazole, anfetaminas, bromantan, *cafeina, carfedon, cocaina,


**efedrinas, fencamfamin, mesocarb, pentetrazol, pipradrol e
substâncias relacionadas.

* Para cafeína a definição de um positivo é a concentração na urina maior do


que 12 microgramas por mililitro.

** Para efedrina e metilefedrina a definição de um positivo é a concentração


na urina maior do que 10 microgramas por mililitro. Para catina a definição de
positivo é uma concentração na urina maior do que 5 microgramas por mililitro.
Para fenilpropanolamina a definição de positivo é uma concentração na urina mai-
or do que 25 microgramas por mililitro.

NOTA: Todas as concentrações de imidazol são aceitáveis par uso tópico.


Vasoconstritores podem ser administrados com agentes anestésicos locais. Prepa-
70 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

rações tópicas (como nasal, oftalmológica, retal) de adrenalina são permitidas.


Bupropion, sinefrina e fenilefrina são permitidas.

Substâncias Proibidas na Classe A

b) incluem os seguintes exemplos com os seus isômeros L e D.

***formoterol, ***salbutamol, ***salmeterol e ***terbutalina,


e substâncias relacionadas.

*** permitido pelo inalador somente para prevenir ou tratar asma e asma in-
duzida pelo exercício. Uma notificação por escrito do pneumologista ou médico da
equipe afirmando que o atleta sofre de asma ou asma induzida pelo exercício, é
necessária para a autoridade médica relevante, previamente à competição. Nos
Jogos Olímpicos atletas que requererem permissão para inalar um Beta-2 Agonista,
serão avaliados por uma equipe médica independente.

B – NARCÓTICOS

Substâncias Proibidas na Classe B, incluem os seguintes exemplos:

buprenorfina, dextromoramida, diamorfina (heroína), metadona,


morfina, pentazocina, petidina, e substâncias relacionadas.

NOTA: codeína, dextrometorfan, dextropropoxifeno, dihidrocodeina,


difenoxilato, etilmorfina, folcodina, propoxifeno e tramadol, são permitidos.

C – AGENTES ANABÓLICOS

Substâncias Proibidas na Classe C incluem os seguintes exemplos:

1. Esteróides anabólicos androgênicos

a. clostebol, fluoximesterona, metandienona, metenolona, nandrolona,


19-norandrostenediol, 19-norandrostenediona, oxandrolona,
estanozolol, e substâncias relacionadas.
CÓDIGO ANTIDOPING DO MOVIMENTO OLIMPICO – APÊNDICE A 71

b. androstenediol, androstenediona, dehidroepiandrosterona (DHEA)


dihidrotestosterona, *testosterona, substâncias relacionadas

Evidências obtidas de perfis metabólicos e/ou mensurações de proporções


isotópicas podem ser utilizadas para uma definição conclusiva.

A presença de uma proporção de testosterona (T) para epitestosterona (E)


maior do que (6) seis para (1) um na urina de um competidor constitui uma ofensa,
a menos que haja evidências que esta proporção é devida à condição fisiológica ou
patológica, como por exemplo, baixa excreção de epitestosterona, tumor de produ-
ção androgênica, deficiências enzimáticas.

No caso de T/E maior do que 6, é obrigatório que a autoridade médica rele-


vante conduza uma investigação antes que a amostra seja declarada positiva. Um
relatório será escrito e incluirá uma revisão dos testes prévios, testes subseqüentes
e quaisquer resultados de investigações endócrinas, na eventualidade dos testes
prévios não estarem disponíveis

O atleta deveria ser testado, sem aviso, pelo menos uma vez por mês durante
três meses. Os resultados destas investigações deveriam ser incluídos no relatório.
Não cooperar nas investigações resultará na declaração de uma amostra positiva.

2. Outros agentes anabólicos

clenbuterol, *salbutamol

Para salbutamol, uma concentração urinária maior do que 1000 nanogramas


por mililitro de salbutamol não sulfatado constitui uma violação de doping.

D – DIURÉTICOS

Substâncias Proibidas na Classe D incluem os seguintes exemplos:

acetazolamida, bumetanida, clortalidona, ácido etacrinico, furosinida,


hidroclorotiazida, *manitol, mersalil, espironolactona, triamterena e
substâncias relacionadas
72 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

* Proibidas através de injeções intravenosas.

E – HORMÔNIOS PEPTÍDEOS, MIMÉTICOS E ANÁLOGOS

Substâncias Proibidas na Classe E incluem os seguintes exemplos e seus


análogos e miméticos:

1. Gonadotrofina Coriônica (hCG) proibida em homens;

2. Gonadotrofinas Pituitária e sintética (LH) proibida em homens;

3. Corticotrofinas (ACTH, tetracosactida);

4. Hormônio de Crescimento (hGH);

5. Fator de Crescimento Insulino-mimético (IGF-1); e todos os respec-


tivos fatores de liberação e seus análogos;

6. Eritropoietina (EPO);

7. *Insulina

*Permitida somente para tratar atletas com diabetes insulino-dependente com-


provada. O termo “insulino-dependente” é usado aqui para descrever pessoas com
diabetes para as quais o tratamento com insulina é necessário, no julgamento de
um médico qualificado. Isto acontecerá sempre no diabetes tipo 1 e algumas vezes
no diabetes melitus tipo 2. Certificação, por escrito, de diabetes insulino-dependen-
te deve ser obtida de um endocrinologista ou médico da equipe. A presença de
concentrações anormais de um hormônio endógeno da classe E ou seus marcadores
de diagnóstico na urina de um competidor, constitui uma ofensa, a menos que te-
nha sido provado por uma condição fisiológica ou patológica.

F – AGENTES COM ATIVIDADE ANTI-ESTROGÊNICA

Inibidores de Aromatase, clomifena, ciclofenil, tamoxifeno,


são proibidos somente em homens.
CÓDIGO ANTIDOPING DO MOVIMENTO OLIMPICO – APÊNDICE A 73

G – AGENTES MASCARANTES

Substâncias Proibidas na Classe G incluem os seguintes exemplos:

diuréticos, *epitestosterona, probenecid, expansores de plasma


(ex. Amido hidroxietil)

Agentes mascarantes são proibidos. Eles são produtos que têm o potencial
de debilitar a excreção de substâncias proibidas ou dissimular a presença delas na
urina ou outras amostras utilizadas no controle de doping.

*A presença de uma concentração urinária de epitestosterona maior do que


200ng/ml, constitui uma violação anti-doping, a menos que haja evidência de que é
devido à condição fisiológica. A espectrometria de proporção de massa isotópica
(IRMS) pode ser utilizada para tirar as conclusões definitivas. Se os resultados da
IRMS são inconclusivos, a autoridade médica relevante deve conduzir uma inves-
tigação antes que a amostra seja declarada positiva.

II. MÉTODOS PROIBIDOS

Os seguintes procedimentos são proibidos:

A – MELHORIA DO TRANSPORTE DE OXIGÊNIO

a. Doping sanguíneo. O Doping sanguíneo é a administração de produtos


autólogos, homólogos ou heterólogos de sangue ou de células vermelhas do sangue
de qualquer origem que não sejam para legítimo tratamento médico.

b. A administração de produto que melhoram o aproveitamento, transporte


ou entrega do oxigênio. Ex: produtos com hemoglobina modificada incluindo as
bovinas, produtos de hemoglobina microencapsulada, perfluoroquímicos e RSR13.

B – MANIPULAÇÃO FARMACOLÓGICA, QUÍMICA E FÍSICA

A manipulação farmacológica, química e física é o uso de substâncias e méto-


dos, incluindo agentes mascarantes, que alteram, tentam alterar, ou podem alterar
74 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

a integridade e validade de espécimes coletadas em controles de doping. Isto in-


clui, sem limitações, cateterização, substituição de urina e/ou alteração, inibição de
excreção renal e alterações de medidas de testosterona e epitestosterona.

C – DOPING GENÉTICO

Doping genético ou celular é o uso não terapêutico de genes, elementos gené-


ticos e/ou células que têm a capacidade de melhorar a performance atlética.

III. SUBSTÂNCIAS PROIBIDAS EM CERTOS ESPORTES

A – ÁLCOOL

Se as regras do órgão governante exigirem, serão realizados testes para etanol.

B – CANABINÓIDES

Onde as regras do órgão governante exigirem, serão conduzidos testes para


canabinóides como, por exemplo, Marijuana e Hashish. Nos Jogos Olímpicos, os
testes serão conduzidos para canabinóides. Uma concentração na urina de 11-nor-
delta 9-tetrahidrocanabinol-9- ácido carboxílico (carboxi-THC) maior do que 15
nanogramas por mililitro, constitui doping.

C – ANESTÉSICOS LOCAIS

Anestésicos locais injetáveis são permitidos sobre as seguintes condições:

a. bupivacaina, lidocaina, mepivacaina, procaina, e substâncias


relacionadas podem ser usadas, mas não cocaína.

b. Somente injeções locais ou intra-articulares podem ser administradas;

c. Somente quando justificável do ponto de vista médico.

Se as regras do órgão governante exigirem, notificação da administração po-


derá ser necessária.
CÓDIGO ANTIDOPING DO MOVIMENTO OLIMPICO – APÊNDICE A 75

D – GLUCOCORTICOSTERÓIDES

O uso sistêmico de glucocorticosteróides é proibido quando administrado por


via oral, retal ou por injeções intravenosas ou intramusculares. Quando clinica-
mente necessárias, injeções locais e intra-articulares de glucocorticosteróides são
permitidas.

Onde as regras do órgão governante exigirem, notificação da administração


poderá ser necessária.

E – BETA-BLOQUEADORES

Substâncias Proibidas na Classe E incluem os seguintes exemplos:

acebutolol, alprenolol, atenolol, labetalol, metoprolol, nadolol,


oxprenolol, propranolol, sotalol e substâncias relacionadas.

Se as regras do órgão governante exigirem, serão realizados testes para beta-


bloqueadores.

IV. SUMÁRIO DAS CONCENTRAÇÕES URINÁRIAS ACIMA


DAS QUAIS UMA VIOLAÇÃO DE DOPING OCORRE
76 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

V. SUBSTÂNCIAS E MÉTODOS PROIBIDOS


FORA DE COMPETIÇÃO

I.C. Agentes anabólicos

I.D. Diuréticos

I.E. Hormônios peptídeos, Miméticos e Análogos

I.F. Agentes com atividade Anti-estrogênica

I.G. Agentes Mascarantes II

LISTA DE EXEMPLOS DE SUBSTÂNCIAS E MÉTODOS PROIBIDOS

ATENÇÃO: Esta não é uma exaustiva lista de substâncias proibidas. Mui-


tas substânciais que não aparecem nesta lista são consideradas proibidas sob o
termo “e substâncias relacionadas”. Atletas devem se assegurar que remédios,
suplementos, preparações ou outras substâncias que eles venham a usar não con-
tenham qualquer substância proibida.

ESTIMULANTES:

pipradrol, prolintane, propilhexedrina, pseudoefedrina, reproterol, salbutamol,


sal-meterol, selegilina, estriquinina, terbutalina.

NARCÓTICOS:

buprenorfina, dextromoramida, diamorfina (heroína), hidrocodona, metadona,


morfina, pentazocina, petidina.

AGENTES ANABÓLICOS:

androstenediol, androstenediona, bambuterol, bolasterona, boldenona, clen-


buterol, clostebol, danazol, dehidroclormetiltestosterona, dehidroepiandrosterona
(DHEA), dihidrotestosterona, drostanolona, fenoterol, fluoximesterona, formebolona,
CÓDIGO ANTIDOPING DO MOVIMENTO OLIMPICO – APÊNDICE A 77

formoterol, gestrinona, mesterolona, metandienona, metenolona, metandriol,


methiltestosterona, mibolerona, nandrolona, 19-norandrostenediol, 19-norandros-
tenediona, norboletona, noretandrolona, oxandrolona, oximesterona, oximetolona,
reproterol, salbutamol, salmeterol, stanozolol, terbutalina, testosterona, trenbolona.

DIURÉTICOS

amilorida, acetazolamida, bendroflumetiazida, bumetanida, canrenona, clor-


talidona, ácido etacrinico, furosamida, hidroclorotiazida, indapamida, mannitol (in-
jeção intravenosa), mersalil, espironolactona, triamterena.

AGENTES MASCARANTES

diuréticos (ver acima), epitestosterona, probenecid, hidroxietil amido.

HORMÔNIOS PEPTÍDEOS, MIMÉTICOS E ANÁLOGOS

ACTH, eritropoietina (EPO), hCG*, hGH, insulina, LH*, IGF-1.

SUBSTÂNCIAS COM ATIVIDADE ANTI-ESTROGÊNICA

*clomifena, *ciclofenil, *tamoxifen. – *Proibidas somente em homens

BETA BLOQUEADORES

acebutolol, alprenolol, atenolol, betaxolol, bisoprolol, bunolol,


carteolol, carvedilol, celiprolol, esmolol, labetalol, levobunolol,
metipranolol, metoprolol, nadolol, oxprenolol, pindolol, propranolol,
sotalol, timolol.

Nota de explanação do COI / WADA (Ag. Mundial Antidoping), à respeito.

Lista de substâncias e métodos proibidos - 2003

I - Classes de substâncias proibidas


78 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

A – Estimulantes – Os estimulantes têm sido divididos em dois grupos a) e b)


com a finalidade de identificar melhor os beta2 agonistas. Amineptina, bupropion,
sinefrina e fenilefrina foram removidos da lista.

C – Agentes Anabólicos

Na classe anabólicos, parágr. 2, foi reformulado: “outros agentes anabólicos”.

A natureza anabólica do salbutamol com concentração acima de 1000mg/,l


foi claramente expressa.

E – Hormônios peptídeos, miméticos e análogos

Na seção “Insulina”, a nota foi alterada.

F – Agentes com atividade anti-estrogênica

Uma classe F, de substâncias com o nome “Agentes com atividade anti-


estrogênica” foi criada.

G – Agentes mascarantes

Uma classe separada com o nome “Agentes mascarantes” foi criada.

II. Métodos proibidos

Na seção “Métodos proibidos”, diferentes classes foram criadas com relação à:

• Definição de doping sanguíneo

• Identificação de transportadores de oxigênio

A seção de “Manipulação farmacológica, clínica e física” foi expandida.

Uma classe C, Doping genético, foi criada.


CÓDIGO ANTIDOPING DO MOVIMENTO OLIMPICO – APÊNDICE A 79

III - Classes de substâncias proibidas em certos esportes

No parágrafo “Classes de substâncias proibidas em certos esportes”, a ex-


pressão “autoridade responsável” foi alterada para “órgão governante”.

IV - Sumário das concentrações urinárias acima das quais ocorre uma


violação de doping.

Neste parágrafo, somente a concentração>1000mg/ml para salbutamol per-


manece considerada como anabólica. Assim, abaixo de 1000mg/ml uma justifica-
ção terapêutica e/ou um exame por uma painel de médicos é necessária; enquanto
que acima de 1000 ng/ml é considerada como efeito anabólico.

V - Substâncias e métodos proibidos fora de competição

Capítulo V foi alterado levando em conta as modificações acima.

Na lista de exemplos algumas modificações foram feitas:

1. Estimulantes – Amineptina, bupropion e fenilefrina foram removidas.

Clobenzorex, fenproporex, metilenedioximetanfetamina e fenmetrazina fo-


ram adicionadas.

2. Agentes anabólicos – Bolasterona e norboletona foram adicionadas.

3. Diuréticos – Amilorida foi adicionado.

4. Agentes mascarantes – Bromantan foi removido e hidroxi etil amido,


adicionado.

5. Substâncias com atividade anti-estrogênica – Esta classe foi adicio-


nada; e incluídos clomifena, ciclofenil e tamoxifen.

6. Beta bloqueadores – Carvedilol foi adicionado.


80 Manual Prático de Controle Antidoping - 2ª Edição

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