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O Silêncio e a Solidão de Maria

Todo homem, quem quer que seja, terá de vez em quando uma cruz, sofrendo ora dor
no corpo, ora aflição do espírito. A cruz significa todo gênero de trabalhos e sofrimentos,
sejam padecimentos passageiros ou prolongados, sejam desgostos, enfermidades, ou outros
males, que havemos de tolerar sozinhos ou juntamente com o próximo.
É evidente, pois, que não podemos adquirir a santidade da vida cristã sem praticar
constantemente a paciência que faz suportar todas as tribulações neste vale de lágrimas.
Para que seja, porém, uma virtude digna de um cristão, há de ser uma paciência
semelhante à Mãe de Deus, que tudo sofreu em silêncio, na solidão.

SILÊNCIO DE MARIA

“O silêncio é o segredo das grandes almas” já escreveu alguém. As grandes almas são
raras. Por isso há pouco silêncio no mundo. Mas muito barulho. Muita confusão. Muitas palavras.
Já não se ouvem, por isso, as discretas admoestações da consciência. Nem o perpassar
dulcíssimo da graça. Nem os convites suaves para as boas resoluções. O barulho a tudo sufoca.
Dispersando forças. Enfraquecendo energias. Mirrando as almas. Tornando-as mesquinhas
também. Pois “é no silêncio que as almas crescem” diz a Imitação de Cristo. O silêncio é força.
“O silêncio é vida” – escreveu a santa carmelita Ir. Marie Aimée – ele é que forja os santos,
trabalha-os, aperfeiçoa-os”. O Eterno Pai é vida. Por isso Ele diz uma só palavra: o Verbo
Eterno. E por meio deste único Verbo criou todas as maravilhas do Universo. – Maria, melhor
do que ninguém, compreendeu toda a força e todo o encanto do silêncio. E a ele se entregou
ciosamente. Eis por que são tão raras as palavras que dela se lêem nos santos Evangelhos,
palavras de humildade, palavras de amor. E, justamente, por causa deste seu silêncio, se diz
dela uma sentença profunda: Maria conservava todas estas palavras em seu coração (Lc 2, 19),
meditando-as, refletindo sobre elas, o que é um dos mais belos frutos do silêncio. E a seu
esposo castíssimo, S. José, dá-se o nome de “Santo silencioso”, oh! Que admirável silêncio não
havia de reinar então na casinha de Nazaré. Mas não era um silêncio de cemitério, silêncio
infrutífero, mas sim realizador e produtivo, assim como o silêncio das águas nos grandes
reservatórios que, saindo de sua concentração, desenvolvem energias prodigiosas, produzindo
força, produzindo luz. Eis a missão do silêncio. E um dos silêncios mais admiráveis de Maria é o
grande silêncio ao pé da Cruz. Nada de frases, de exclamações, de lamentos... mas o silêncio
dos heróis. Foi este sempre o seu procedimento. Silêncio que a acompanhou pela vida afora...
Silêncio de humildade: nunca falando sobre si mesma; silêncio de caridade: nunca entristecendo
o próximo; silêncio de obediência: nunca murmurando; silêncio de resignação: nunca se
queixando; silêncio de prudência: nunca dizendo uma palavra de mais; silêncio de recolhimento:
nunca dizendo palavras ociosas; silêncio de fé: nunca ofendendo a Deus presente... Era assim o
silêncio da alma gloriosa de Maria!
Eis por que todos os quadros marianos, de pintores célebres, nos mostram o rosto
amavelmente sério de quem sabia medir suas palavras. Nem se pode imaginar de outro modo
aquela que andava a escutar, continuamente, o Verbo Eterno Humanado.
Se nós aprendêssemos o silêncio de Maria!... Silêncio que é amor, que é adoração! Se
nós soubéssemos nos calar, como cresceriam depressa as nossas almas! Mas nós gostamos de
muitas palavras, de muita dissipação. É conhecida e bem verdadeira a frase antiga: “muitas
vezes, me arrependi de Ter falado, nunca de me Ter calado. E quando nos calamos
exteriormente, quem sabe, quantos diálogos e discursos teríamos em nosso interior! Se
queremos, pois, Ter forças para a ação, forças para o amor e forças para o sacrifício, amemos
o silêncio. Ele é de tanta utilidade que todos os Fundadores de Ordens Religiosas o puseram em
suas regras, e quanto melhor observado ele é, mais florescem todas as virtudes. E o apóstolo
São Tiago escreve que varão perfeito somente aquele que pratica o silêncio (1 Jb 3,2).

SOLIDÃO DE MARIA

O Espírito de Deus disse outrora às almas pela boca do profeta Oséas: “ Levar-vos-ei à
solidão, onde vos hei de falar intimamente”. Desde esse dia são legião as almas que se
enamoraram deste isolamento beatífico. Almas grandes! Porque as almas pequenas não o
suportam. Querem o convívio, o barulho, a multidão. Onde procuram esconder ou disfarçar a
sua pequenez e miséria. Mas de onde saem, quase sempre, menores e mais miseráveis ainda.
Confirmando, assim, a frase de um pagão: “ toda a vez que estive entre os homens, sempre
menos homem deles me afastei”.

Naturalmente, à vanguarda das almas que ouviram o convite do Espírito de Deus, devia
estar a alma gloriosa de Maria. Ela é a mulher prodigiosa do Apocalipse, que o Apóstolo viu
fugindo para o deserto (Apoc. 12, 6) e que quando aparece faz o Esposo perguntar maravilhado:
quem é esta que vem do deserto? (Ct 8,5). Alguém já disse que haverá sempre solidão na terra
para os que dela são dignos. “Quem mais digno do que Maria, e quem nos terá dado mais belo e
consolador exemplo de soledade? “ pergunta o P. Perroy. Maria saboreou, desde pequenina, as
doçuras da solidão. Primeiro, na casa suavemente austera de seus santos pais Joaquim e Ana,
almas de oração e recolhimento que amavam o silêncio e a lição das Escrituras; depois na
clausura do Templo, onde se entregava à oração e ao trabalho, pois que a solidão não é fim, mas
meio para nos aproximarmos de Deus e operar nas suas intenções.
Depois da solidão do Templo é a solidão rude mas sempre proveitosa do exílio, lá no
Egito; depois, a tão reconfortante solidão da casa de Nazaré. E quando Jesus começa a
pregação, faz-se em torno de Maria a solidão dolorosa, que se repetirá com mais amargor ainda
em Éfeso. Cada vez, porém, mais fecunda também.

Amamos a solidão? Há esperança, então, de sermos grandes diante de Deus. Fugimos da


solidão? Nunca sairemos, então de nossa mediocridade vulgar. Ó feliz solidão, ó única
felicidade! – exclamava S. Bernardo. E os desertos se povoavam, a esta exclamação mágica. E
surgiram as Cartuxas, os Carmelos, as Trappas,... redutos de almas superiores, postos todos
eles sob a proteção especial de Maria. Como é significativa a legenda, à porta do Convento das
Carmelitas em Petrópolis: “Aqui é o reino da Mãe de Deus!” – Mas, não nos esqueçamos, que a
solidão é principalmente um ato interior. O justo vive na praça pública como em uma igreja ou
uma cela.
Vençamos a multiplicidade de pensamentos, fantasias, planos, temores que nos
perseguem... a solidão espiritual surgirá de per si.
“Alma de solidão, Maria Santíssima, estabelecei-nos na verdadeira e
fecunda solidão... onde ouviremos a voz do Espírito... que nos levará à
santidade. Assim seja!”

“Virgem prudentíssima, Vaso insigne de devoção, ó Maria, estabelecei-nos


num grande silêncio exterior e interior, em espírito de fé, de adoração e
de amor para com a Santíssima Trindade, na qual vivemos, nos movemos e
estamos” (At 17,28). Assim seja!”

“Procura tempo oportuno para cuidar de ti e pensa, freqüentemente, nos


benefícios de Deus.” (Imitação de Cristo, Cap. XX)

“Deixa-te de curiosidades. Escolhe assuntos tais que sirvam antes para te


compungir que distrair.” (Imitação de Cristo, Cap. XX)

“Se fugires de conversações supérfluas e de passeios ociosos, se não


prestares atenção às novidades e aos boatos, acharás tempo suficiente e
propício para te entregares a meditações proveitosas.” (Imitação de Cristo,
Cap. XX)

“Mais fácil é calar de todo, que não se exceder em palavras.” (Imitação de


Cristo, Cap. XX)

“Mais fácil encerrar-se em casa que, fora dela, porta-se como convém”
(Imitação de Cristo, Cap. XX)

“Quem, pois, pretender chegar à perfeição da vida interior e espiritual,


deve, com Jesus, afastar-se da multidão.” (Imitação de Cristo, Cap. XX)

“Ninguém pode exibir-se sem perigo se, voluntariamente, não se oculta!”


(Imitação de Cristo, Cap. XX)

“Não pode falar com acerto quem, voluntariamente não sabe calar”
(Imitação de Cristo, Cap. XX)

“Oh! Que paz e grande sossego alcançaria quem se libertasse dos vãos
cuidados, ocupando-se unicamente das coisas salutares e divinas,
depositando em Deus toda a sua esperança.” (Imitação de Cristo, Cap. XX)
“No silêncio e quietação aperfeiçoa-se a alma devota e penetra os
segredos das Escrituras. Ali encontra a fonte de lágrimas, em que se
banha e purifica todas as noites, a fim de se fazer tanto mais familiar ao
seu Criador, quanto mais viver afastada do tumulto do século.” (Imitação
de Cristo, Cap. XX)

Fecha a porta atrás de ti e chama ao teu amado Jesus. Fica com Ele em
teu quarto, porque, noutra parte, não encontrarás tanta paz.

“Se não te houvesses ausentado nem prestado ouvidos aos rumores do


mundo, melhor permanecerias em boa paz; já que gostas, às vezes, de
ouvir novidades, prepara-te para sofrer tribulações do coração.” (Imitação
de Cristo, Cap. XX)

“Aquele que se aparta de conhecidos e amigos, desse se aproxima Deus


com os seus santos anjos” (Imitação de Cristo, Cap. XX)

“Quem, pois, pretender chegar à perfeição da vida interior e espiritual,


deve, com Jesus, afastar-se da multidão.” (Imitação de Cristo, Cap. XX)

“Ninguém pode exibir-se sem perigo se, voluntariamente, não se oculta!”


(Imitação de Cristo, Cap. XX)

“Virgem prudentíssima, Vaso insigne de devoção, ó Maria, estabelecei-nos


num grande silêncio exterior e interior, em espírito de fé, de adoração e
de amor para com a Santíssima Trindade, na qual vivemos, nos movemos e
estamos” (At 17,28). Assim seja!”

“Virgem prudentíssima, Vaso insigne de devoção, ó Maria, estabelecei-nos


num grande silêncio exterior e interior, em espírito de fé, de adoração e
de amor para com a Santíssima Trindade, na qual vivemos, nos movemos e
estamos” (At 17,28). Assim seja!”

“Virgem prudentíssima, Vaso insigne de devoção, ó Maria, estabelecei-nos


num grande silêncio exterior e interior, em espírito de fé, de adoração e
de amor para com a Santíssima Trindade, na qual vivemos, nos movemos e
estamos” (At 17,28). Assim seja!”

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