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O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil

0 lAB e OS Advogados no I mperio

R ubens A p p ro b a to M a ch a d o
í
P re s id e n te d a O A B

H e r m a n n Assis Baeta
C oordenador

Lúcia M aria P aschoal G uim arães


Tânia B essone
Autoras-Pesquisadoras
V o lu m e O lA I) c' os AcKo^^aclos n o I m p é r io

História da
O r d e m dos A d v o g a d o s do Brasil

0 lAB E OS ADVOGADOS NO IMPÉRIO


_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

CONSELHO C O N S U m V O
Rubens Approbato Machado - Presidente da OAB/ CF
Ivan AJkimin - Presidente do lAB
H erm ann Assis Baeta - C oordenador - Projeto H istória da OAB
José Geraldo de Sousa Júnior - Sociólogo
Anna Maria Bianchini Baeta - Pedagoga

9 à B
Voknm ' C) l A R (.■ ()>> A ( K () ^ .u l( )s n o I n í p c i io

História da
O r d e m dos A d v o g a d o s do Brasil
0 lAB E OS ADVOGADOS NO IMPÉRIO

Diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil

Rubens Approbato Machado - Presidente


Roberto Antonio Busato - Vice-Presidente
Gilberto Gomes - Secretário-Gera!
Sergio Ferraz - Secretário-Gera! Adjunto
Esdras Dantas de Souza - Diretor-Tesoureiro

•4 1
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

AS AUTORAS

Lucia M a ria F^schoal Guimarães

Professora T itu lar d e H istoriog ra fia d o D e p a r ta m e n to de H istó r ia e do


P rogram a d e P ó s-G rad u a çã o d e H istória d o In stitu to d e F ilosofia e C iên cias
H u m a n a s da U niversidad e d o Estado d o R io d e Janeiro. D o u to ra e m H istória
S ocial pela U niversidade d e São Paulo. Pesquisadora d o C N P q . P u b lico u diversos
a rtig o s e c a p ítu lo s d e livros n o ex te rio r e n o Brasil. D e n tr e este s ú ltim o s,
d e sta c a m -s e “D e b a ix o d a Im ed iata P ro teçã o d e Sua M a jestad e Im perial: O
In stitu to H istó r ic o e G eográfico Brasileiro ( 1 8 3 8 -1 8 8 9 ) ”, in R evista d o In stitu to
H istórico e G eográfico Brasileiro, n® 388, R io d e Janeiro, 1995; “O tribunal da
p o s te r id a d e ” in O E s ta d o co m o vo c a çã o (R io d e Janeiro: A C C E SS , 1 9 9 9 ,
org an iza ção M aria E m ilia Prado); “Francisco A d o lfo d e V arnhagen - H istória
geral d o Brasil”, in In trodu ção ao Brasil. Um b a n q u ete no trópico (S ã o Paulo:
E d itora S E N A C , 2 0 0 1 , o r g a n iz a ç ã o L o u re n ç o D a n ta s M o ta ); “L ib era lism o
m o d e ra d o : p o stu la d o s id e o ló g ic o s e práticas p o lítica s n o p e r ío d o regencial
( 1 8 3 1 -1 8 3 7 ) ”, in O liberalism o no Brasil im perial: origens, conceitos e p r á tic a (R io
d e Janeiro: Editora R evan, 200 1, organização de Lucia M aria Paschoal G uim arães
& M aria E m ilia P rad o). C olab orad ora d o D icio n á rio d o B rasil Im p e ria l (Rio d e
Janeiro: E ditora O bjetiva, 2 0 0 2 , org an ização d e R o n a ld o Vainfas).
V o lu m e I O lA B c os Aclvog.iclos n o i m p c r i o

Tania M a ria T. Bessone da C ruz Ferreira

Professora A djunta d o D ep a rta m e n to d e H istória, do P ro gram a d e P ós-


G radu ação e m H istó r ia e V ice-d ireto ra d o In stitu to d e F ilo sofia e C iên cias
H u m a n a s da U niversidad e d o E stado do R io d e Janeiro (UERJ). D o u to r a em
H istória Social p ela U niversidad e d e São Paulo (U S P ). P esq u isadora d o C N P q .
P u b lic o u livro, artigos e ca p ítu lo s de livros n o exterior e n o Brasil d esta ca n d o -
se: P alácios d e d estin o s cruzados: bibliotecas, h o m en s e livros ( 1 9 9 9 , P rê m io
A rquivo N a cio n a l d e P esquisa d e 1997); colaboradora n o D ic io n á rio d o Brasil
Im p e ria l 1822-1 88 9, ( 2 0 0 2 ), R o n a ld o Vainfas (org). ‘As b ib lio te ca s cariocas: o
E stado e a c o n stitu iç ã o d o p ú b lic o leito r”, in M . E. Prado (org.): O E stado com o
vocação: idéias e p rá tica s p o lític a s no Brasil oitocen tista (1 9 9 9 ); “B ib lio tecas de
m éd icos e advogados: dever e lazer n u m só lugar” in M árcia A breu (org.): História
d a leitura e do livro no Brasil (1 9 99 ); ‘7e p u b liq u e e t le p r iv é d a n s les relations
culturelles en tre le Brésil e t le Portugal, 18 08 -19 22 '' co m Lúcia M aria B a sto s P.
das N ev e s, in Katia M aria Q u eiró s M a tto so e R ollan d D e n is (org.): Le Brésil,
VEurope e t les équilibres in ternacionau x, X V P a u X X ' siècle (1 9 9 9 ); “circulação
d e idéias n a s b ib lio teca s p rivad as d o R io d e Janeiro n o final d o s o ito c e n to s ” in
T r o n c o s o , H u g o C a n c in o e o u t r o s (o r g .): N u e v a s p e r s p e c tiv a s te ó ric a s y
m etodológicas d e la H istoria in telectu al de A m érica L a tin a (1 9 9 9 ).
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

SUMÁRIO

Apresentação ________________________________________________________________ 7

Prefácio_____________________________________________________________________ 10

In tr o d u çã o _________________________________________________________________ 13

Capítulo I - A Casa de M cm tezum a___________________________________________ 17

Capítulo II - Magistrados e bacharéis: asnovas ne<^ssidades d e ascensão social _ 43

Capítulo III - A profissão e a riqueza/ As escrituras e os n e g ó c io s ______________ 78

C ap ítu loIV -A M ap n ar iadeH o r n a ____________________________ S

Considerações F in a is _______________________________________________________ 132

índice O nom ástico e R em issive_____________________________________________ 135

Anexos

Biografias _________________________________________________________________ 142

Programa das q u estõ es______________________________________________________152

Listagem dos advogados - 1860 _____________________________________________ 155

Listagem dos ad v og ad o s- 1880 _____________________________________________ 162

Fontes e Bibliografia________________________________________________________ 171


Vcilíirifc’ I O IAI> f.’ os ni> )jT)|K'j-)(j

APRESENTAÇÃO

T em os a satisfação d e apresentar esta C O L E Ç Ã O da H IS T Ó R IA DA


O R D E M D O S A D V O G A D O S D O BRASIL, q u e versa sobre a fu n d a ç ã o d o lA B,
e m 1843, e a criação d a O rd em d o s A dvogad os d o Brasil, e m 1930, até o corrente
a n o d e 2003 .
Esta ob ra se d estin a n ã o só a o s advogados, m a s ta m b é m a to d as as
p esso a s q u e se in teressam p e lo s p rob lem as da so c ied a d e e d o E stado n a cio n al
b rasileiro, em suas m ú ltip la s m an ifestações.
N ã o te m o s a p reten sã o d e esgotar a m atéria q u e c o m p r e e n d e to d a a
h is tó r ia d a A d v o c a c ia e d e t o d o s o s a s s u n to s d e in te r e s s e e s p e c íf ic o d o s
a d v og ad os, n e m ta m p o u c o o s relativos às q u e stõ e s in stitu cio n a is d o Brasil.
Q u er em o s, n o en tanto, através da narrativa e d a in terp retação d e fatos,
ep isó d io s e a c o n te c im e n to s q u e ocorreram ao lo n g o d o te m p o , a partir da
fu n d a ç ã o d o In stitu to d o s A d vog ad o s Brasileiros, e m 1843, e, esp ecia lm en te,
a p ó s a cr ia ç ã o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s d o B rasil, e m 1 9 3 0 , t r a n s m itir
escla recim en to s e in fo r m a ç õ es a respeito da atuação d o s a d v o g a d o s brasileiros
p o r m e io de suas in stitu iç õ e s profission ais.
O u tra fin a lid a d e é a d e dar relevo a fatos singulares, q u e m arcaram a
n ossa história, e con sig n a r d estaqu e a ad vogados q ue, p o r sua atuação individu al
e notável, se d istin gu iram entre seus pares, to rn a n d o -se p arad igm as e ex em p lo s.
C o m o é p o ssív el observar, o s autores d o s tex to s tiveram a p reo c u p a çã o
d e c o n te x tu a h z a r a h istó ria da O AB e seus an te ce d e n tes n a h istória geral d o
Brasil, c o m o ob jetivo d e estab elecer u m a visã o g lob al da in flu ê n c ia exercida
p ela O rd em d o s A d v o g a d o s n a so c ied a d e e vice-versa.
R essalte-se q u e o s fatos m a is recentes, n o ta d a m e n te a partir d e 1964,
a n o d o m o v im e n t o p o lític o -m ilita r que d ep ô s o en tão P resid en te d a R epública,
e d e 1988, a n o em q u e foi p ro m u lg a d a a C o n stitu içã o da R ep úb lica Federativa

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_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

d o Brasil, e m vigor, resp ectivam ente, h ã o de m erecer m a io r ap ro fu n d a m en to ,


v isto q u e m u ito s deles ain da se en co n tra m c o m suas feridas n ão p len a m en te
cicatrizadas e, p o r isso m esm o , d e p e n d e n d o d e análises e in terp retações m ais
objetivas.
A obra é c o m p o sta d e u m a C o leçã o integrada d e sete v o lu m e s, n o s
quais as m atérias são distrib uídas n a segu in te forma:
I. O lA B E O S A D V O G A D O S N O IM PÉRIO;
II. LUTA PELA C R IA Ç Ã O E RESISTÊNCIAS;
III. O lO A B N A PR IM E IR A REPÚBLICA;
IV. CRL^ÇÃO, PRIMEIROS PERCURSOS E DESAFIOS (1930/1945);
V. D A R E D E M O C R A T IZ A Ç Á O A O ESTA D O D E M O C R Á T IC O D E
D IR E IT O (1 9 4 6 /1 9 8 8 );
VI. D E M O C R A C IA PARTICIPATIVA E SOLID Á R IA; e
VII. A O A B N A VO Z D O S SEUS PR ESID E N TES
A im p r essã o q u e tem o s é q u e d e se u s tex to s ce r ta m e n te em a n arão
m en sag en s e liçõ es que p o d erão contribuir para o a p erfe iço a m en to da advocacia
d o s q u e se en co n tra m n o exercício da p rofissão, e para a fo rm a çã o d os jovens
bacharéis, p o is e s ta m o s co n v e n c id o s de q u e só p o d e r e m o s exercê-la d e form a
p len a na m ed id a e m q u e c o n h e c e m o s os n o sso s an teced en tes e as in stitu içõ es
q u e n o s organ izaram , n o s defen deram e n o s d iscip lin a ra m ao lo n g o d o tem p o
e q u e co n so lid a r a m n o sso s p rin cíp io s e n ossa ética p rofission al.
D e s d e já, q u e r e m o s d e ix a r claro q u e as o m is s õ e s , fa lh a s e er ro s
p o rv en tu ra ex isten tes n este trabalho d everão ser su p era d os, fican d o exp resso o
c o m p r o m is s o da realização d e correções futuras.
E ste v o lu m e , isto é, o v o lu m e I - O lA B E O S A D V O G A D O S N O
IM PÉ R IO - refere-se, c o m o o títu lo in dica, à história d o lA B e d o s a d v oga d o s
n o Im pério.
Trata-se, c o m o se vê, da prim eira organização profission al da advocacia,
fu n d a d a e m 1 8 4 3 , e su a a n á lise n o s dá in fo r m a ç õ e s p recisa s so b r e o que
a co n tec eu n aq u ele p eríod o.
C o n v é m elucidar q u e a h istória escrita n o s textos q u e c o m p õ e m esta
C o le ç ã o refere-se e x c lu siv a m e n te à O r d e m d o s A d v o g a d o s c o m o en tid a d e
n a cio n a l, e ao In stitu to d os A d v og ad o s Brasileiros, te n d o o C o n se lh o Federal
da O rd em d o s A d v oga d os c o m o órgã o p ro p u lso r e con vergen te.
É p o ssív el q ue, em a lg u m a parte, apareça u m a o u outra S eccion a l c o m
destaqu e, dada a n ecessid a d e d e interligar fatos e d ar-lhes se n tid o , m as isso n ã o

8
V'oluitK' 1 (.) ]/\B c os Ad\'()g,)fJo.s n o Im p é r io

retira o caráter n a cio n a l da h istória ora escrita.


O n o sso projeto, na seg u n d a fase, inclui a in ten ção d e elaborar a história
d e cada S eccion a l, isto é, das v in te e sete S eccio n a is a tu a lm en te existen tes, sob a
resp on sab ilid a d e d o C o n se lh o Federal, o u p or in iciativa da próp ria S eccion al.
Essa p e r s p e c tiv a é salutar, p o r q u e n o s s o e s fo r ç o te m c o m o alvo a
preservação da m e m ó r ia d o s ad vogad os, n ão só n o â m b ito federal, m a s ta m b ém
e m cada Estado da F ederação, para q u e n ã o se olv id e a atuação d o s p rofission ais
da a d v o c a c ia n o s E s ta d o s f e d e r a d o s , n e m t a m p o u c o o s a c o n t e c i m e n t o s
interativos oco rrid o s nas co m u n id a d es o n d e exerceram a profissão n o cotid ian o.
Esta C o leç ã o é u m a obra aberta, inacabada, ex p o sta , p o r co n se q ü ên cia ,
à crítica, ao estu d o , e ao debate, p o d e n d o receber su g estõ es para correção de
fatos e in terp reta ções e m b usca da a p rox im a ção da verdad e h istórica.

H e rm a n n A ssis Baeta
C o o rd en a d o r

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_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

PREFÁCIO
Rubens Approbato Machado
Presidente da OAB

A o a ssu m ir a P residência N a cio n a l d a O r d e m d o s A d v o g a d o s d o Brasil,


e p a r tin d o d e u m a v isã o crítica e a b ra n gen te e m to r n o d a n o ssa categoria
p rofissio n al, fiq u ei co n v e n c id o da n ecessid a d e d e criar c o n d iç õ e s para q u e os
a d v og ad o s brasileiros, em tod as as suas faixas etárias, a d q u ira m o c o n h e c im e n to
p le n o n ã o só d e suas prerrogativas, deveres e direitos, m a s ta m b é m n o que
respeita às fu n ç õ e s fiin d a m en tais d e n o ssa In stitu ição.
N o exercício da P residência d o C o n se lh o Federal p erceb i q u e d e vez em
q u a n d o su rg em p rob lem a s e co n flito s q u e p o d eria m ser ev ita d o s se tiv éssem o s
n o ç ã o clara e precisa d e n o ssa s orig en s e d e n o ssa h istória.
C o n v icto dessas assertivas, lo g o d ep o is d e m in h a p o sse, p ro cu rei iniciar o
trab alho relativo à elaboração da h istória da O r d e m d o s A d v o g a d o s d o Brasil,
p a rtin d o d e suas origen s, p or m e io d e p esq u isas e m d o c u m e n to s, entrevistas,
revisão bibliográfica, e consultas a outras fo n tes tais c o m o fotografias e ob jetos
d e n o sso acervo.
Para tal fim , d esig n ei H e rm a n n A ssis Baeta c o m o C o o rd en a d o r da eq u ip e
en carregada das p esq u isas e da elaboração d e te x to s q u e v ir ia m resultar na
C o leç ã o c o m p o sta d e sete v o lu m e s, q u e se in icia c o m o livro I~ O lA B E OS
A D V O G A D O S N O IM PÉRIO .
Esta esco lh a se justifica p elo fato d e Baeta ser in teg ra n te d o C o n se lh o
Federal d esd e abril d e 1975, ten d o sid o S ecretário-G eral n o p e r ío d o d e 1981/
8 3 , V ice-P resid en te d e 19 83 /8 5 e P resid en te d e 1 9 8 5 /8 7 . A lé m d isso , c o m o ex-
P re sid en te , te m se d e d ic a d o a tra b a lh o s d e in te r e sse d e n o ssa In stitu iç ã o ,
n o ta d a m e n te na organização das C onferên cias N acion ais, d ir ig in d o várias vezes

10 «áB
V o Il i u u ' ! C) l A B c o s / \ c l v o ; ^ i i d o s l u i l m [ ) c i ' i o

a C o m issã o d e T em ário e p a rticip a n d o a tiva m en te d e sua realização, ora c o m o


d irigen te, ora c o m o exp ositor.
A c r e sc e d iz e r q u e , n ã o o b s t a n t e as a t iv id a d e s r e fe r id a s, B a e ta te m
c o n h e c im e n t o da estr u tu r a o r g â n ic o -a d m in istr a íiv a da O r d e m , n o s v á rio s
E stados da Federação, e m razão d e freqü en tes v ia gen s e co n ta to s p esso a is co m
ad v og ad o s e d irigen tes d e n o ssa classe, o q u e lh e p o ssib ilito u fa m iliarid ad e co m
as q u e stõ e s e p ro b lem a s q u e n o s afetam .
A O r d e m d o s A d v o g a d o s d o Brasil é d eten tora d e u m a h istória q u e n ã o
p o d e p erd er-se n a s dobras d o tem p o .
M ostrar a h istória da advocacia e da O r d e m aos p ró p rio s a d v o g a d o s em
to d o s o s seu s a sp ec to s e faces é d ever in q u estio n áv el e n ecessid ad e inadiável.
Exibir 0 n o sso passado à socied ade brasileira co n stitu i sinal d e q u e atu a m os
c o m a c o n sc iê n c ia d e receber dela a in flu ên cia natural, p o is o s a d v o g a d o s são,
antes d e tud o, cid ad ã os e en tes sociais, e, ao m e s m o tem p o , q u e rem o s con trib uir
para su a tra n sfo rm a çã o r u m o à p le n itu d e dem ocrática.
A n o ssa h istó ria é, p o r isso m e sm o , u m facho d e lu z n a h istó ria geral da
d em o cr a cia brasileira.
N a verdade, ela já está tom b a d a p e lo Brasil.
C o m efeito , o s cid a d ã o s de to d o s os rin cõ es d o país estão c o n v o c a d o s para
c o n h ece r n o ssa ativid ade p rofission al e in stitu cio n al, para saber o q u e foi e o
q u e é a O r d e m d o s A d v o g a d o s e vislum brar c o m o ela se projetará n o futuro.
Por estas razões é q u e já in a u g u ra m o s o M u seu H istó r ic o da O AB c o m o
o b jetiv o de, en tre o u tr o s, resgatar e p reservar a m e m ó ria d a instituição.
A n o ssa h istó r ia é rica d e e n sin a m e n to s, p a ra d ig m a s e e x e m p lo s , q u e
d ig n ific a m n ã o só a in stitu iç ã o con gregadora d o s p ro fissio n a is d a A dvocacia,
m as ta m b é m o s atores q u e se destacaram n o cu rso d o tem p o .

D e sd e a d éca d a d e 30, q u a n d o a OAB foi criada e im p la n ta d a , a d v o g a d o s


n o s su rp reen d era m e n o s im p ression aram ; c o m o , p o r e x e m p lo , Sobral P into,
que, ao d ed ica r-se c o m p e te n te m e n te e c o m coragem à d efesa d e p resos p olíticos
ju n to a o m a lsin a d o Tribunal d e Segurança N a cion al, e m 1937, in v o c o u a Lei de
P roteção aos A n im a is para livrar seus clien tes das p risões to rtu ran tes a que
estavam su b m etid o s.
A O AB co m b a te u o E stad o N o v o d e form a sistem ática , ta n to assim q u e foi
a ú n ic a in stitu iç ã o civil con v id a d a para participar da p o sse d o M in istr o José

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_____________ Historia da
Ordem dos Advogados do Brasil

Linhares n a P resid ên cia da R epública, im e d ia ta m e n te a p ó s a d e p o siç ã o de


Vargas; c o m a d eflagração d o m o v im e n t o p o lític o -m ilita r q u e a fa stou João
G o u la rt da P resid ên cia d a República, e m m arço d e 1964, p o r to u -se c o m bravura
e altivez, lu ta n d o p ela restauração d o H abeas-C orpu s, dos p red ic a m e n to s da
M agistratura, co n tra a tortura e p ela anistia d o s c o n d e n a d o s, p ersegu id os e
p resos p olíticos; na década d e 80, lu to u pelas eleiç õ es diretas - “a5 d ire ta s-já ’\
p ela c o n v o c a ç ã o d e u m a A sse m b lé ia N a c io n a l C o n s t it u in t e livre, a m p la e
so b era n a e pela n o rm a liza çã o d em ocrática da v id a nacional; na décad a d e 90,
p ro testo u con tra a co rru p çã o e con tra a im o ra lid a d e ad m in istra tiva a p o n t o de
p a rticip a r a tiv a m e n te d o v ito r io s o p r o c e sso d e im p e a c h m e n t d e C o llo r ; e
r e c e n te m e n te lu to u e d e n u n c io u o a b u so da e d iç ã o reiterada d e M ed id as
P rovisórias e con tra as reform as casuísticas da C o n stitu iç ã o d e 1988.
R eleva n o ta r q u e n esta ob ra fica esclarecid o o p ro ce sso d e ex p a n sã o e
in terio rizaçã o da OAB, isto é, apresenta-se u m e s b o ç o s u c in to d o su rg im en to
d e sua estrutura org ân ico -a d m in istra tiv a co m a criação das se çõ e s, su b se çõ e s e
caixas d e a ssistên cia, q u e in teg ra m o siste m a federativo a d o ta d o , n o s term o s d o
se u p r im e ir o R e g u la m e n to , p o d e n d o - s e o b serv a r as m u d a n ç a s h av id as na
p ro p o rçã o d o a u m e n to p o p u la cio n a l e d o crescim en to d o n ú m e r o d e bacharéis
in scritos n o s n o sso s quadros.
A n aliso u -se, tam b ém , a partir d e 1958, a trajetória das d ezo ito C onferências
N a c io n a is realizadas e m várias cid ad es d o ter ritó rio d o p aís, c o n g r e g a n d o
m ilh a res d e ad vog ad as e ad vogad os, estu d a n tes d e d ireito e p rofission ais de
outras áreas e m busca d e u m d iscu ssão m u ltid iscip lin ar e m to rn o d os p rob lem as
esp e cífic o s da categoria profission al e da nação.
Esta a çã o crítica e co n stru tiv a d e n o ssa In stitu iç ã o está ex p licita d a e
con sa grad a nas p á gin as desta C o leç ã o q u e p ra ze ro sa m e n te e n tre g a m o s aos
a d v og ad o s e às cidad ãs e cidad ãos brasileiros.
E sp e ra m o s, a ssim , q u e esta C oleção, elab o ra d a c o m ta n to e m p e n h o e
esp eran ça, atinja o s ob jetivos p o r n ó s p reestabelecid os.

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V o lu m e 1 O lA B ü os Aclvoi^cidos n o h n p ó r io

INTRODUÇÃO

N a su a o r ig e m d e n o m in a v a -se In stitu to d o s A d v o g a d o s Brasileiros (lA B ),


e c h e g o u a receber a a lcu n h a de Casa d e M ontezum a-, m a s im a g in a n d o v ô o s
m ais altos p rete n d ia -se O r d e m d os A d vogad os.
As narrativas existen tes acerca da criação d o lA B são todas d e au toria d e
só c io s, a co m eça r p ela co n trib u içã o d e M a n o e l Á lvaro d e S o u za Sá V ian na,
p u b lica d a a p r o p ó sito da p a ssag em d o jub ileu d e o u r o d o g rê m io , em 1893.
O utros autores se seguiram , a ex em p lo d e A lfredo Balthazar da Silveira, A rm a n d o
V idal, R aul F loriano e A lb erto V en ân cio Filho. À ex ceçã o d e Sá V ian n a, esses
e s tu d io so s c o n te m p la m so b re tu d o d o is a sp ecto s da trajetória da in stitu içã o: de
u m lad o, as su cessiv as ten tativas, p o r sinal m alo g ra d a s, e m p r e e n d id a s para
estabelecer a O rdem . D e ou tro, a atuação n o m o v im e n to ab o licion ista . N a s duas
ab ord agen s, p erc eb e-se forte in flu ên cia d e Joaquim N a b u co , n o clá ssico Um
esta dista d o Im pério.
Em livro recente, Pajens d a casa im perial, jurisconsultos, escravidão e a lei de
1871, Eduardo Spiller P en a adverte que os elo g io s d e N a b u co a o s ren om ad o s
presidentes e in tegran tes d o lA B d evem ser en carados c o m a d evid a cautela,
p o d e n d o ser creditados ao seu afa d e trazer para o p rim eiro p lan o da história da
abolição o papel d o s h o m e n s da lei e do parlam ento, so b retu d o q u a n d o aqueles
in d ivíd u o s se relacionaram , d e algu m a form a, co m a biografia p olítica d e seu pai.
As advertências d e SpUler Pena tam b ém se prestam para o exam e de outros
aspectos da trajetória da corporação d os bacharéis. Vale lem brar q u e Joaquim
N abuco, na citada obra, traça u m perfil p o u co lisonjeiro da Casa, o n d e aliás ingressou
e m 1871, (...) nunca prosperou e nesse tempo era apenas urna tradição m a n tid a pelo
zelo e alguns dos seus funcionários, que se gloriavam do título d e advogado. Justificando,
assim, o insucesso dos projetos apresentados por seu pai para transformar o Instituto
na O rdem d o s Ad\'ogados. Porém , lo g o adiante, o escritor relata a o s seus leitores

13
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

que o im perador D. Pedro II sem pre prestigiou o Instituto, co n ced en d o -lh e diversas
honrarias, in clusive a m ercê para que seus filiados trajassem vestes talares nas
cerim ônias públicas e tom assem assento dentro dos cancelos d os tribunais.
A ad vertência d e Spiller P en a e a con tra d ição d e N a b u c o a gu çaram nossa
curiosidade. Afinal, qual foi o papel d ese m p en h a d o p elo In stitu to d os A dvogados
Brasileiros n o Estado im perial? A p rivileg ia rm o s a o p in iã o d o au tor d e Um
estadista d o ImpériOy prevalecerá a m em ó ria e n ã o a h istória. N o s s o trabalho
p reten d e, p o rta n to , p en etrar na in tim id a d e da Casa d e M o n te zu m a . Rastrear os
freqü en tad ores, o c o tid ia n o e o s rituais e m b le m á tic o s, d e sc o b r in d o algu ns dos
seu s se g r e d o s. Id e n tific a r as q u e stõ e s m a is d isc u tid a s n a c o r p o r a ç ã o d o s
bacharéis. E n fim , n o ssa in te n ç ã o é analisar a trajetória c u m p r id a p e lo In stitu to
d o s A d v o g a d o s B r a s ile ir o s a o lo n g o d o S e g u n d o R e in a d o , n o p e r í o d o
c o m p r e e n d id o en tre 1843 e 1889.
A s balizas d esse co rte c r o n o ló g ic o d ecorrem da ab o rd ag em pretend ida. A
p rim eira data co rresp o n d e, natu ralm en te, à criação d o In stitu to d o s A dvog ad os
Brasileiros. O m a rco fm al refere-se à q u ed a d o re g im e m o n á r q u ic o a q u em o
In stitu to se m p re serviu d esd e a p rim eira hora, c o m o te n c io n a m o s dem onstrar.
A co m p r o v a r n o ssa s p rem issa s tra b a lh a m o s c o m a lg u n s c o n ju n to s d e
fo n tes básicas. A co m e ça r pela d o c u m e n ta ç ã o oficial d o In stitu to, form ada pelas
atas das sessões ordinárias, relatórios, corresp on d ên cia s c o m órgã os d o go vern o
e o u tro s textos afins, p u b lica d o s na R evista do In stitu to d a O rd e m dos Advogados,
d o ra va n te d e n o m in a d a ap en as Revista. Vale lem brar q u e o p e r ió d ic o c o m e ç o u
a ser e d ita d o e m 1862, p o r in iciativa d e A g o stin h o P erdigão M a lh eiro , que
p ro cu ro u resgatar to d o s o s registros anteriores d isp o n ív e is d esd e a fu n d ação
d o lA B . E n tretan to, nas p u b lica ções organizadas p o r P erdigão M a lh eiro e seus
sucessores n ã o h á regularidade na seq ü ên cia das atas, n e m d o s p areceres d os
ju risco n su lto s ali transcritos.
P lín io D o yle, na sua autobiografia, narra q u e p o r volta 1933, q u a n d o exercia
a fu n ç ã o d e p rim eiro -secretá rio d o In stitu to, n a gestão d e A sto lp h o V ieira de
R ezen d e, te n to u ord en ar a d o cu m e n ta çã o d o lA B , d esd e a m a is an tiga ata que
e n c o n t r o u , d a ta d a d e 1 9 0 8 . D o y le , p o r c o n s e g u in t e , n ã o t e v e a c e s s o à
d o c u m e n ta ç ã o relativa ao sé cu lo XIX. Lem bra, tod avia, q u e era im p ressio n a n te
a d esorga n iza ção n a secretaria d o Instituto. A s atas eram lavradas e m folhas
soltas. D o m e s m o m o d o , e n c o n tr o u as p rop o sta s d e a d m is sã o d o s só c io s, c o m
os resp ectivos pareceres. C en ten as d e p acotes d e d o c u m e n to s, em b ru lh a d o s em
jornal, ficavam co lo c a d o s n o alto de v elh o s arm ários. C o m e ç o u , en tão, a levar

14
V o k in u ' 1 (.) lAI^ o ()S/\(k'o,^afl()s n il [m péno

para casa o s p acotes, e v id e n te m e n te d ep o is d e a b ertos e lim p o s d a p o eira d o s


an os, ten ta n d o dar u m arranjo na papelada. D a arru m ação saíram v in te e sete
v o lu m e s d e d o c u m e n to s.
As pistas o ferecid as p or P lín io D o y le n os ajudaram a perceb er as orig en s
d a falta d e s is te m a t iz a ç ã o e das fa lh a s na d o c u m e n t a ç ã o q u e v ín h a m o s
levantando. P rocuram os, en tão, suprir tais lacunas c o m in vestigações e m jornais
d e ép o c a e n o s te ste m u n h o s d os m em orialistas. N o tra ta m e n to d o m aterial
p u b lic a d o p ela R e vista , a d a p ta m o s o s m o d e lo s su g e r id o s n o C o ló q u io de
Strasburgo, para a an álise de revistas h istóricas. A referência p rin cip a l repousa
n o artigo d e A lain C o rb in , “M atériaux p o u r u n c e n te n a ir e ”, tex to e m q u e foi
e x a m in a d o o c o n te ú d o da R évu e H istorique, n o p e r ío d o 1 8 7 6 -1 9 7 2 .
O segu n d o gru p o d e fontes con centrou-se em dois con jun tos de acervos.
P rim eiram ente e m d o cu m e n to s m anuscritos da Sessão d o Poder Judiciário do
Arquivo N acional e e m publicações diversas, c o m o o A lm a n aq u e Laem m ert. O
prim eiro acervo é m u ito rico para o estu do e m questão, p ois oferece acesso a
inventários, testam entos, verbas testamentárias e escrituras de grande parte dos
n o m e s arrolados c o m o m em b ros d o Instituto d o s A dvogados. Esse material nos
ajud ou a traçar o perfil d o s associados, o u seja, aquele corpo d e hom ens práticos e
entendidos a quem o governo pudesse consultar na organização do ordenamento jurídico
do patSy d o qual falava José d e Alencar n o D iário do Rio de Janeiro, e m 1857.
A o co n trário d o s m em oria lista s q u e registram h istórias p esso a is o u n o
m á x im o fam iliares d o s m em b r o s d o lA B, o p ta m o s p o r u m a b iog rafia coletiva
d o s b a ch a réis, n o s m o ld e s d o s e s tu d o s d e L a w ren ce S to n e . Para isto era
im p o r ta n te e n te n d e r q u e stõ e s c o m o n ív eis d e riq u eza , o r ig e n s fa m ilia res,
relações de interesse d en tro de u m con ju n to sóciop rofission al e q u e n o s p erm itiu
traçar u m perfil só cio p r o fissio n a l d o s b acharéis d u ran te o Im p ério.
A ssim , n o p r im e ir o ca p ítu lo , a b o r d a m o s a fu n d a ç ã o do In stitu to , sua
estrutura e fu n c io n a m e n to , a c o m p o siç ã o d o s q uad ros socia is e as atividades
d esen vo lv id a s n o s p rim eiros a n o s d e existência, so b a lideran ça d e Francisco
G ê d e A caiaba e M o n te z u m a , o v isc o n d e d e Jeq u itin h on h a . E x a m in a m o s e
d is c u t im o s ta m b é m o s d iferen tes p ro jeto s a p r e s e n ta d o s c o m o in tu it o de
tran sform ar o In stitu to n a O r d e m d os A dvogad os.
Isto n o s levará a exam inar, n o se g u n d o cap ítulo, o s freqü en tad ores da Casa
d e M on tezu m a. A p r o fu n d a m o s q u estões q u e d izem respeito às origen s familiares,
form ação, trajetória p olítico -a d m in istra tiv a e a b u sca p or u m a in serçã o n os
quad ros m a is va lo riza d o s d o Im p ério. In clu ím o s aí o q uad ro d os só c io s efetivos

15
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

d o lA B, e m 1862, o ú n ic o q u e e n co n tra m o s e m toda a d o c u m e n ta ç ã o d isp on ível


d o p e r ío d o ab ord ado. N o terceiro cap ítulo, p ro cu ra m o s co n h e c e r u m p o u c o
m a is aq ueles vu ltos. Para tanto, d esta cam os a an álise da d o c u m e n ta ç ã o que
e x p ô s as p r in c ip a is f o r tu n a s e n tr e o s a d v o g a d o s , su a s a t iv id a d e s c o m o
p ro p rietá rio s u rb an os, as preferências de in v e stim e n to s e as tran sform ações
q u e o s n e g ó c io s sofreram , n o correr d o S eg u n d o R einado.
F in alm en te, co n h ecid o o perfil d o s bacharéis, ce n tr a m o s as n o ssa s atenções
na sua a tu ação coletiva, isto é, n a p erfo r m a n ce d em o n stra d a nas sessões do
In stitu to . N o q u arto ca p ítu lo , ap resen tam os u m a reflexão sob re as atividades
d esen vo lv id a s p e lo g r ê m io ju n to aos órg ão s d o go v ern o im p eria l e as q u estões
jurídicas q u e m a is in stigaram os bacharéis. D esta ca m o s ain d a o la d o gla m o roso ,
p o r a ssim dizer, d o In stitu to ju n to à boa sociedade da C o rte, fo ca liza n d o sua
p resen ça e m so le n id a d es oficiais, cerim ôn ias e d em ais/íi5to5 im periais.
P o d e m o s , d esd e já, antecipar aos leitores q u e o In stitu to d o s A d v og ad o s
Brasileiros, a lé m d a in q u estio n á v el co n trib u içã o à cu ltura jurídica nacion al,
d e se m p e n h o u u m papel expressivo n o co n ju n to da vida p olítica , a d m in istrativa
e social d o Im p ério . P r ó x im o ao p oder, in flu en cio u nas d ecisõ es d o governo,
se m n o en ta n to gu ard ar características d e u m ó rg ã o oficial.
C o m p le m e n ta n d o n o ssa s análises, ao final d o trab alho ap resen ta m o s o
c o n ju n to das b iografias in d ivid u ais d o s p residentes d a C asa n o p e r ío d o tratado.
D o m e s m o m o d o , foi acrescentada aos an ex os a tran scrição d e im p o rta n tes
fo n tes q u e ajudarão o leitor a se situar n o u n iverso d o s bach aréis im periais.

16 ttá i
V o lu m e 1 O !AB c’ os AdvogcKlo s n o I m p é r io

L ucia M aria P asch o al G u im a rã e s

CAPÍTULO I
A C a s a de Montezuma

A criação d o Instituto d os A dvogados Brasileiros - lA B v em sen d o percebida


pelos estu d io so s c o m o u m d esd ob ram en to q uase natural, p or assim dizer, d os
cu rso s d e direito, in a u g u ra d o s n o Brasil em 1 8 2 7 '. É in q u e stio n á v e l q u e os
fundadores da entidade, desde a prim eira hora, aspiravam à au tonom ia corporativa,
inspirados na cultura jurídica francesa, e m especial na da O rdre desAvocats. Aliás,
a idéia fascinava a elite d os bacharéis brasileiros, desejosos d e disciplinar e moralizar
os u so s e c o stu m e s forenses. C onsideravam a p rofissão “in c o m p le ta ”, se m a
existência d e u m a en tid a d e de classed N ã o é d em ais lem brar q ue, tal c o m o ocorria
na antiga m etró p o le, n o Im p ério brasileiro o o ficio n ã o era exercido apenas pelos
egressos das facu ldad es de D ireito. D ese m p en h a v a m -n a , ainda, o s advogados
provision ados e o s solicitadores^. Tais p rovisões p o d ia m ser con ced id a s tanto p or
presidentes de tribunais d e Relação, quanto d e Província. O q u e gerava u m a série
d e d esvios e ab usos, p o is n o fu n d o a licença para a prática da advocacia, inclusive
na C orte, acabava se tran sform an do e m m o ed a d e troca política'^.
E n tretan to, a lé m da pretendida a u to n o m ia da ciasse, ou tras circun stân cias
- h istóricas se m d ú v id a - ta m b é m con correram para a fu n d a ç ã o d o Instituto.

1 C f. A J b e r to V e n á n c io F ilh o , N o tí c ia histó ric a à a O r d e m à o s A d v o g a d o s à o B r a s il ( } 9 3 0 - 1 9 8 0 ) . R io d e J a n e i r o ;


O A B , 1908, p. 11. Ver, t a m b é m . lA B .H ííf ó r í íj dos 1 5 0 a u o s do I n s titu to dos A d v o g a d o s B rasileiros. O rient-ação:
A l b e r t o V e n ã n c i o F ilh o e J o s é M o t t a M a ia ; p e s q u is a e t e x t o b á s ic o , L a u r a F a g u n d e s . R io d e la n e ir o :
D e s t a q u e , 1995, p p . 8 - 1 1 .
2 C f. E d m u n d o S o a r e s C o e l h o , A s profissões im p e r ia is: m ed ic ifia , e n g e n h a r ia e a d v o c a c ia n o R i o d e Ja n e iro
(1 8 2 2 -1 9 3 0 ). R io d e J a n e iro : R e c o r d , 1 999, p p . 191-92.
3 T a n t o o s a d v o g a d o s p r o v is io n a d o s q u a n t o o s so licitadores n ã o p o s s u í a m f o r m a ç ã o a c a d ê m i c a . O s p r i m e i r o s
e r a m s u b m e t i d o s a e x a m e s te ó r i c o s e p r á t i c o s d e j u r i s p r u d ê n c i a p e l o s p r e s id e n te s d o s t r i b u n a i s d a R elaçã o
e p o d i a m e x e r c e r o o fí c io n o s tr ib u n a i s d e 1^ in s tâ n c ia e e m lo c a l i d a d e s o n d e n ã o h o u v e s s e a d v o g a d o
f o r m a d o o u e m n ú m e r o i n s u f i c i e n t e p a r a g a r a n t i r o a n d a m e n t o d o s t r a b a l h o s d a ju s ti ç a . O s solicitadores,
p o r s u a v ez , p r e s t a v a m e x a m e a p e n a s s o b r e a p r á t i c a d o p r o c e s s o , d e v e n d o r e n o v a r a l i c e n ç a a c a d a d o is
an o s.
4 Cf. E d m u n d o S o a r e s C o e l h o , o p . c it., p. 192.

• à M 17
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

U m a boa pista para c o m p re en d e r m elh o r o alcance d o p rojeto d o In stitu to é


a co m p a n h a r p a sso a p a sso o seu esta b ele cim e n to e as p rim eira s in iciativas
to m a d a s p e lo g rê m io . A p ro p o sta fo rm a l partiu d e u m m in istr o d o S u p rem o
Tribunal d e Justiça d o Im p ério , o co n selh eiro F ran cisco A lb erto Teixeira de
A ragão ( 1 7 9 9 -1 8 4 7 ). E nérgico e erud ito, estu d ioso d o direito p átrio e d o direito
com p a rad o , Teixeira d e A ragão editava o jornal G a zeta dos Tribunais^, p erió d ico
esp ecializa d o, d irecio n a d o para a d ivulgação d o s atos da justiça, cu jo prim eiro
n ú m e r o foi la n ça d o e m 10 d e janeiro de 1843^. N as p ág in as d a G azeta, p a sso u a
p o stu lar a fu n d a ç ã o d e u m a Associação d e A d v o g a d o s na C orte, n o s m o ld e s da
in stitu ição sim ilar, criada e m Lisboa e m 1837, a cu jos E statutos fez q u e stã o de
dar p u b licid a d e. Justificava a p reten são, p o n d e r a n d o a n ecessid a d e urgen te de
oferecer c o n d iç õ e s m a is dignas à ad m in istra ção da justiça, se rv iç o q u e reputava
d e im p o r tâ n cia capital p a r a a felicid a d e dos povos^. Para A ragão, p o rta n to , o
e s t a b e le c im e n t o da c o r p o r a ç ã o p r o p o r c io n a r ia a a la v a n ca c o m a q u a l o s
b a c h a r é is p o d e r ia m p r e s s io n a r o g o v e r n o im p e r ia l p a r a a p e r f e iç o a r a
org an iza ção judiciária d o Estado recém -in staurado.
O s a rg u m en to s d o C on selh eiro n ã o eram in fu n d a d o s. S o b retu d o q u a n d o
se sabe q u e a in stitu cion a liza ção d o país p o u c o a v a n ço u n o s a n o s su b seq ü en tes
à In d e p e n d ên cia , d ev id o às crises p olíticas q u e agitaram o P rim eiro R ein ad o e
c u lm in a ra m c o m a ab dicação de D . Pedro I. Isto se m falar n a s in ú m eras revoltas,
s e d iç õ e s e m o tin s q u e se su ced eram d esd e o p erío d o regencial até o s prim eiros
a n o s d o g ov ern o de D . Pedro II. O en raizam en to social d a m on arquia e legitim ação
d a Coroa, n ã o é d em a is lembrar, foi u m p rocesso difícil e com plexo e só se d efiniu
na d écad a d e 1850, c o n fo r m e assinala José M u rilo d e Carvalho*. R ep ortan d o-
se a essa fase con tu rb ad a da n o ssa história, o D r. João E vangelista Sayão de
B u lh õ es C arvalh o, en tã o p resid en te d o lA B , teceu as se g u in tes co n sid era çõ es
n o d iscu rso d e abertura d o I C on gresso Jurídico A m e r ic a n o , em 1900:

( ...) A a d m in is tr a ç ã o g eral e p a r tic u la r c o n tin u a v a p é s s im a e p o r ta n to


p e s a d íssim a aos povos, não tan to p ela f a lta d e leis q u e a regulassem, com o
m a is pelos abu sos q u e seus agentes c o m e tia m d ia r ia m e n te (...). A Justiça
en tre g u e a ju iz e s d e fo ra , ou vidores, m e m b ro s d a C a sa d e S u plicação e

5 G a ze ta d o s T r ib u n a is c i r c u l o u n o R i o d e J a n e i r o e n t r e 1 843 e 1846.
6 V e r G a ze ta d o s T rib u n a is. R io d e J a n e ir o , 10 j a n . d e 1843, p . 1.
7 I d e m . R io d e J a n e i r o , 16 d e m a i o d e 1843, p . 1.
8 V eja -se J o s é M u r i l o d e C a r v a l h o , T ea tro d e s o m b ra s: a p o lític a im p e r ia l. S ã o P a u lo ; V é r ti c e ; R io d e J a n e iro :
lU P E R J , 1 9 8 8 , p p . 11-1 2.___________ ___________ ______________ _____________ ______________ ______

18 •àM
V o lu m e ’ 1 (') lAR OÍ A(lvo,^a(l()s n o io

trib u n a is d e relação, dep e n d e n te do governo p a ra n om eações e prom oções,


sem n en h u m a g a ra n tia legal qu e a tornasse estável nos cargos q u e ocupava,
n ã o cu m p ria n em p o d ia c u m p rir seus deveres com critério e zelo, e m enos
oferecia ao p a ís as seguran ças d e m o ra lid a d e e sa b e d o ria , q u e a d e v e m
cara cterizar?

D o p o n t o d e vista ju r íd ico -in stitu cio n a l, o Estado q u e se c o n stitu iu e m


1822 co n tin u a ria re g e n d o -se p ela jurisp ru dência p o rtu g u esa , e n q u a n to n ã o se
m o d ific a sse a legislação, o u n ã o se cu id asse da organização d e u m n o v o C ó d ig o ,
d e a co rd o c o m o d isp o sto na Carta d e Lei de 20 d e o u tu b r o d e 1823. E m outras
palavras, isto sign ifica d izer q u e a N a çã o alvorecia en vo lvid a p e lo cip o a l das
O r d e n a ç õ e s , L eis, R e g im e n t o s , A lva rás, D e c r e to s e R e s o lu ç õ e s da a n tig a
m etró p o le, in clu siv e as ch a m ad a s Leis E xtravagantes'”. E, n o correr d o s an o s
se g u in te s , o q u a d r o d e d e s o r d e m ju r isp r u d ê n c ia ! n ã o so freria a lte r a ç õ e s
sign ificativas, em q u e p ese m a p rom u lgaçã o d o C ó d ig o C rim in a l e m 1830 e o
d o P rocesso e m 1832, este ú ltim o reform ado e m 1841.
O certo é q u e , para dar a n d a m en to a o p rojeto d e estab elecer u m a
A ssociação d e A d v o g a d o s na C orte, o C o n selh eiro A ragão c o n v o c o u o s b acharéis
A u gu sto Teixeira d e Freitas, Luiz F ortun ato d e Brito A breu e S o u za M e n e z e s e
C aetan o A lb erto Soares, en ca r re g a n d o -o s d e elaborar o s E sta tu to s" . O gru p o
redigiu u m d o c u m e n t o c o n c iso , que em lin h as gerais estab elecia as b ases da
n o v a en tid a d e, q u e receb eu o n o m e de In stitu to d o s A d v o g a d o s Brasileiros.
A liás, a h istoriografia c o s tu m a fazer u so in d iscr im in a d o das d e n o m in a ç õ e s
I n stitu to d o s A d v o g a d o s B rasileiros e In stitu to da O r d e m d o s A d v o g a d o s
Brasileiros para referir-se à Casa d e M o n tezu m a . É im p o r ta n te esclarecer q u e
n o s p a p éis o ficiais a p rim eira d esign a çã o v ig o ro u até 1888, q u a n d o o g r ê m io
teve seus esta tu to s refo rm a d os, p assand o a se ch am ar In stitu to da O r d e m d os
A d v og ad o s Brasileiros. A d e n o m in a ç ã o , p orém , já era utilizad a c o m freqü ên cia
n o â m b ito d o p ró p rio In stitu to , antes m e s m o d e vir a ser form alizad a e m 1888.
Tal prática, a p aren tem en te, fazia parte de u m a estratégia, m a lsu ced id a p o r sinal,

9 J o ã o E v a n g e lis ta S a y ã o d e B u lh õ e s C a r v a l h o , " D i s c u r s o ” p r o f e r i d o e m 3 d e m a i o d e 1 900 n a s e s s ã o d e


a b e rtu ra d o I C o n g re s so Ju ríd ic o A m erican o .
10 A esse r e s p e i t o v a le l e m b r a r as o b s e r v a ç õ e s d o h i s t o r i a d o r C a i o P r a d o J ú n i o r a c e r c a d a d e s o r g a n i z a ç ã o
j u r í d i c a d o E s t a d o p o r t u g u ê s , u m a m o n t o a d o d e leis ( ...) q u e nos p a r e c e r á in t e ir a m e n te d esconexo, d e
d e te r m in a ç õ e s p a r tic u la r e s e casuísticas, d e regras q u e se a c rescen ta m u m a s às o u tr a s s e m o b e d e c e r e m a
p la n o a lg u m d e c o n jim to . C f. C a i o P r a d o J ú n io r , F orm ação d o B ra sil c o n te m p o r â n e o . S ã o P a u lo ; B ra s ilie n s e ,
1 999, p . 300,
11 A c o m is s ã o t o m o u c o m o m o d e l o o s d i p l o m a s le gais d a a s s o c ia ç ã o c o n g ê n e r e d e L is b o a .

19
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

para forçar o esta b ele cim e n to d e u m o rg a n ism o d e classe'^. N a p resen te obra


o s d o is n o m e s serão u tiliza d o s co n so a n te os resp ectivos m arco s cro n o ló g ico s.
D e a co rd o c o m o anteprojeto d o s E statutos, a m atrícula n o In stitu to dos
A d v o g a d o s Brasileiros estava aberta a to d o s o s bach aréis fo rm a d o s e m D ireito,
d e s d e q u e se filia s se m d e n tr o d e u m p ra zo d e t e r m in a d o , a ser d e f in id o ,
fu tu r a m e n te, p o r R e g im e n to In tern o '^ A n o v a a g rem ia çã o p r o p u n h a -se a
con gregar o s cultores e a g itad ores á o D ireito, a fim d e (...) o rg a n iza r a ordem dos
advogados, em p ro v e ito geral d a ciência d a ju rispru dên cia'^ , o q u e, aliás, só viria
a se con cretizar q u a se u m sé cu lo m ais tarde.
S u b m e tid o s à apreciação do g o vern o im p erial, o s d ip lo m a s legais d o lAB
receberam a ch an cela d o m in istro da Justiça e m 7 d e a g o sto d e 1843, após
b revíssim a tram itaçã o'^ D uas sem anas m ais tarde, na residência d o C onselh eiro
A ragão, que foi acla m a d o p o r u n a n im id a d e p resid en te h o n o r á r io da en tidad e,
v in te e seis a d v o g a d o s reu n ira m -se para eleger o p rim eiro C o n se lh o D iretor.
A p u ra d o s o s v otos, a p resid ên cia d o C o n se lh o c o u b e a o b ach arel e p olítico
F ran cisco G ê d e A caia b a e M o n te z u m a . Para o s c a r g o s d e se cr etá rio e de
teso u reiro foram es c o lh id o s Josino N a sc im e n to Silva e N ic o la u R o d rig u es dos
Santos França Leite, respectivam ente. Q uanto aos d em ais m em b r o s d o C onselh o,
a p referência recaiu sob re o s b acharéis Luiz F ortun ato d e Brito A b reu e Souza
M enezes, Francisco In ácio d e C arvalho M oreira, Francisco T om ás d e Figueiredo
N ev es, José M aria Frederico de S ou za P into, A ugu sto Teixeira d e Freitas, C aetano
A lb erto Soares, José d e Siqueira Q u eiroz, D ias da M o tta e Luiz A n to n io da Silva
N azareth.
À exceçã o d e Tebcára d e A ragão, de M o n te z u m a e d e C a eta n o A lberto
Soares, q u e co m p leta ra m seu s estu d o s n a U n iversid ad e d e C oim b ra , o s o u tros
d irigen tes r e c é m -e le ito s g ra d u a ra m -se n a s p rim eira s tu rm a s d o s cu rso s de
direito d e São P aulo e d e O lin d a (d e p o is R ecife), o s grandes celeiros form adores
da burocracia im perial. A lém d o exercício da advocacia, o s m em b r o s d o prim eiro
C o n se lh o D ire to r d o lA B ta m b é m serv ia m à m agistratura, o u atu av am n o
L egislativo e n o E xecu tivo. A lg u n s d esses v u lto s fa ziam p arte ta m b é m d os
q u a d r o s d o I n s titu to H is tó r ic o e G e o g r á fic o B r a sile ir o ( I H G B ) , r e d u to
12 C f. E d m u n d o S o a r e s C o e l h o , o p . c it., p . 187.
13 “E s t a t u t o s ”. R e v ista do I n s tit u to d a O r d e m dos A d v o g a d o s Brasileiros. R i o d e l a n e i i o , a n o 1 ,1 .1 , j a n ., fev.,
m a r . d e 1862, p p . 8 -9 .
14 I d e m . IA B , “E s t a t u t o s ”.
15 N a a d m i n i s t r a ç ã o i m p e r i a l o y\v)5o t i n h a a m e s m a f o r ç a q u e D e c r e t o . C f. “A v is o d e 7 d e a g o s to d e 1 8 4 3 ”.
lA B , “E s t a t u t o s ”. R e v is ta d o I n s tit u to d a O r d e m dos A d v o g a d o s B rasileiros. R io d c J a n e i r o , a n o f, 1.1, ja n .,
fev., m a r . d e 1862, p p . 8 -9 .

20 màM
V o lu m e I ( ) lAR c os A d v o g a d o s n o I t n p c r io

in telectual, in stitu íd o e m 1838 e p atro cin ad o p o r D. P ed ro II, v o lta d o para a


con stru çã o d a m e m ó r ia nacional'^. Tratava-se, p o rtan to, d e u m elen co c o m
perfil b astan te h o m o g ê n e o , fo r m a d o p o r h o m e n s e m p e n h a d o s n o p ro cesso
p o lítico d e con stru çã o d o Estado im perial, in d ivíd u os q u e p erte n c ia m à geração
da In d ep en d ên cia , a e x e m p lo d e M o n te z u m a (1 7 9 4 -1 8 7 0 ), m a is tarde agraciado
p o r D. Pedro II c o m o títu lo d e v isc o n d e de le q u itin h o n h a e autor, d en tre outras
obras, d e u m p a n fleto in titu la d o A liberdade das repúblicas, e m q u e fazia a defesa
in t r a n s ig e n t e d o c e n t r a lis m o m o n á r q u ic o , e m o p o s iç ã o à propaganda
federalista.
O u tra e v id ê n c ia d o c o m p r o m e tim e n to d o s fu n d a d o res d o In stitu to c o m
a C o ro a p o d e ser p e rc eb id a n a sessão so le n e d e in sta la çã o da co r p o r a çã o ,
realizada e m 7 d e se te m b ro d e 1843, n o salão n ob re d o Im p erial C o lé g io Pedro
II, n o R io d e Janeiro. M u ito c o n co r rid o , o even to c o n to u c o m a p resen ça de
v u ltos d o s m ais altos escalões d o aparato d e Estado, d e sta c a n d o -se o s titulares
das p astas da Justiça, d o s Estrangeiros e da M arinha, resp ectiv am en te, H o n ó r io
H e rm eto C arneiro Leão, f^ u lin o José Soares de S ousa e Jo aq u im José R odrigu es
Torres.
E m b o r a o s três m in i s t r o s s u p r a c it a d o s f o s s e m a d v o g a d o s '^ , o se u
c o m p a r e c im e n to à c e rim ô n ia m erece u m b reve co m e n tá rio , p o is c o n stitu i u m a
pista sign ificativa d e q u e o n o v o órgão n ascia so b o b en ep lá cito d o g ov ern o .
E m especial, d o G a b in ete C onservador, que havia a scen d id o a o p o d er e m janeiro
d a q u ele m e s m o a n o , lo g o a p ó s as m a lsu ced id a s revoltas p r o m o v id a s p elo s
liberais d e M in a s Gerais e d e São P aulo (1 8 4 2 ), in sa tisfeitos c o m as reform as
centralizadoras e m p re en d id a s pela C oroa. Vale acrescentar q u e o u tr o in d ício
exp ressivo d e q u e o g r ê m io desfrutava d e certa in tim id a d e c o m o p o d e r diz
respeito à rap id ez c o m q u e o p ro cesso d os seus E statutos tra m ito u n o s lo n g o s e
sin u o s o s c a m in h o s da ad m in istra çã o im perial, o b te n d o a p rovação e m m e n o s
d e d uas sem a n as.
D e q ualq uer m o d o , n ã o cabe aq ui entrar e m m aiores d etalhes sobre a
p erfo r m a n ce d esse g a b in ete, que a d m in istro u o país en tre 1843 e 1844. N o

16 Ver a esse r e s p e i t o L u c ía M a r i a P. G u i m a r ã e s , “D e b a i x o d a i m e d i a t a p r o t e ç ã o d e S u a M a j e s t a d e I m p e r i a l ;
I n s t i t u t o H i s t ó r i c o e G e o g r á f ic o B r a s il e ir o ” R e v is ta d o I H G B , R io d e J a n e i r o , n® 3 8 8 , p p . 4 5 9 - 6 1 3 , j u l ./
set. 1995. Ver, a i n d a , lA B , H is tó r ia dos 1 5 0 a n o s d o I n s tit u to d os A d v o g a d o s Brasileiros. OrienXAÇáo: A l b e r to
V e n â n c i o F ilh o e J o s é M o t t a M a ia ; p e s q u i s a e t e x t o b á s ic o , L a u r a F a g u n d e s . R io d e J a n e ir o : D e s ta q u e ,
19 95, p p . 8 -1 1 .
17 H o n ó r i o H e r m e t o C a r n e i r o L e ã o e J o a q u i m Jo sé R o d r ig u e s T o r r e s e r a m b a c h a r é is e m L eis p e l a U n iv e r s id a d e
d e C o i m b r a . P a u l i n o J o sé S o a r e s d e S o u z a in i c io u o c u r s o d e d i r e i t o e m C o i m b r a , m a s f o r m o u - s e e m
S ã o P a u lo , n o a n o d e 1831.

• à l 21
_____________ H istoriada
Ordem dos Advogados do Brasil

m o m e n to , interessa p on tu ar que R odrigues Torres e P aulino, a o lado d e Euzébio


d e Q ueiroz, form avam a ch am ada trin d a d e saquarem a, d esign ação dada aos três
p o lítico s flu m in en ses q u e com an davam os destin os d o Partido C onservador, sob
o d o m ín io d o qual se con solid ou a vida política e partidária d o S egundo R einado' l
P a u lin o José Soares d e S ousa, m ais tarde v isc o n d e d e U ru gu ai, integrou,
inclusive, a m m is s ã o q u e e m 1840 redigiu a lei d e interpretação d o A to A dicion al
d e 1834. O cu p a va a pasta da Justiça, e m 1841, q u a n d o foi p rom u lg ad a a reform a
d o C ó d ig o d o Processo, co m m ed id as que foram o m arco inicial da centralização
m o n á r q u ica acim a referida, a qual c u lm in o u c o m a reestruturação d o C o n se lh o
d e Estado'^, o n d e P a u lin o ta m b é m t o m o u a sse n to .A lé m d isso é d e sua autoria
o c o n h e c id o m o te (...) o Im p e ra d o r reina, g o vern a e a d m in istra , m á x im a que
o r ie n to u a atu ação d o P artido C o n serva d or a o lo n g o d o S e g u n d o R ein ad o.
Q u a n to ao m in istr o H o n ó r io H e rm eto C arn eiro Leão, fu tu ro m arq uês d e
Paraná e o u tr o exp ressivo ch efe con servad or, basta dizer q u e d e z a n o s m ais
tarde ele se tornaria o p rin cipal líder p o lítico d o p aís, resp onsável p e lo ad ven to
d a c h a m a d a p o l í t i c a d a C on ciliação^ p r o g r a m a d e g o v e r n o q u e r e u n iu
con serva d ores e liberais n u m m e s m o gabinete.
N e s s e s e n t id o , s e m q u e rer m in im iz a r o id e a lis m o ju r íd ic o d o s se u s
fu n d ad o res, é v iável su p o r q u e a criação d o In stitu to d o s A d v o g a d o s Brasileiros
esteve in tim a m e n te articulada co m o projeto p o lítico d e co n so lid a ç ã o d o Estado
m o n á r q u ic o . A p rem issa aq ui levantada ad qu ire m a io r su sten ta çã o q u a n d o se
analisa a fala d e Francisco G é d e A caiaba e M o n te z u m a na in augu ração do
In stitu to , à luz d o co n tex to h istó rico d e ép oca.
P o lítico ca rism á tico , q u e m ereceu da p en a d e M a c h a d o d e A ssis d estaqu e
e s p e c ia l n a c r ô n ic a O v e lh o Senado^^, ele p r o c u r o u d e fin ir o p a p e l a ser
d e se m p e n h a d o p e lo lA B . O rador d e a m p lo s recursos, para c o m e ç a r agradeceu
o a p o io e en a ltec eu o tra tam en to q u e o jo v e m m o n arca co stu m a v a d isp en sa r às
L etras e à s C iências ao se a pro xim a rem doE xcelso Trono I m p e r ia F \s u h \in h â n d o
assim o caráter a ca d êm ic o d o Instituto. Logo e m seguid a, d is p ô s -s e a en u m erar
as vir tu d e s da (...) O rd e m q u e vai ser org an iza da em p ro v e ito g era l d o E stado e da

18 V er I l m a r R. d e M a t t o s . O t e m p o s a q u a r e m a .S z o P a u lo : H u c it e c ; B rasília; IN L , 1987, e J o a q u i m N a b u c o ,
U m esta d ista d o I m p é r io . 5* e d . R io d e J a n e iro : T o p b o o k s , 1997, v .l.
19 S o b r e o C o n s e l h o d e E s ta d o , v e r H a m i l t o n L e a l, H is tó r ia d a s in s titu i( õ e s p o lític a s d o B rasil. R io d e J an e iro :
I m p r e n s a N a c i o n a l , 19 62, p p . 3 2 9 -3 1 .
2 0 M a c h a d o d e A ss is , “O v e l h o S e n a d o ”. In : O b r a co m p le ta . R io d e J a n e i r o : N o v a A g u ilia r, 1994, v. I I , p p . 6 3 6 -
4 5 . ( C o l e ç ã o B ib lio te c a L u s o - B ra s ile ir a ).
21 F r a n c i s c o G ê d e A c a ia b a e M o n t e z u m a , “D is c u r s o p r o f e r i d o e m 7 d e s e t e m b r o d e 1 8 4 3 ”, R e v is ta d o I n s titu to
d a O r d e m d o s A d v o g a d o s B rasileiros. R io d e J a n e i r o , a n o I, t. I , j a n . , fev., m a r . d e 1 862, p. 6 8 .

22 màM
V o lu m e 1 O LAB (■ os A d \ i \ q j i l ( ) s tio h ií p c r io

Ciência da Jurisprudência^^, d esta ca n d o -lh e a d im e n s ã o de “u tilid a d e p ú b lica ”,


isto é, (...) 0 m elh o r a u x ilia r do governo, e d a A ssem bléia Geral, na d ificílim a
tarefa do m e lh o ra m en to d a P á tria legislação, civil, a d m in istra tiv a , com ercial e
política^^.
S o m e n te d e p o is d e frisar q u e a fu n d a ção d o In stitu to era ap en as o p asso
inicial para a c o n stitu iç ã o de u m a en tid a d e d e classe, M o n te z u m a tro u xe à baila
as p reten d id as asp irações c o r p o r a tiv a s. A ssim , a p ó s u m a lo n g a narrativa sobre
a ev o lu ç ã o h istó rica d o o fício d e ad vogado, p a sso u a exortar a im p o r tâ n cia da
fo rm a çã o d e u m o r g a n ism o d e classe, estribado n o s e x e m p lo s da França, da
Inglaterra e, m a is recen tem en te, d e Portugal. E n tretan to, ao cabo da erudita
d issertação, ele voltaria a bater na tecla da “utilidade p ú b lica ”, para a cen tu a r a
relevância da a tu ação d o lA B ju n to ao governo. D esta feita, tra ça n d o u m retrato
se m re to q u e da org an iza çã o jurídica d o país;

(...) Senhores, se é preciso algu m a p ro v a m a is d a u tilid a d e d o In stitu to qu e


hoje in stalam os, q u e se a te n te p a r a o estado d e confusão e m q u e se ach a toda
a nossa legislação, civil, crim in al, m ercan til e a d m in istra tiv a , e sob retu d o a
P ra xe do nosso Foro, na q u a l se tem in tro d u zid o m il abusos, q u e o to rn am
disform e. O riu n d o o nosso D ireito P á trio d a N a çã o d e q u e m nos separam os,
e obrigados a f a z e r nele as alterações qu e a ocasião tem reclam ado, se m a
con ven ien te o p o rtu n id a d e p a r a o rever in teiram ente, e f o r m a r dele u m corpo
legislativo consoante em todas as suas Partes, e digno das luzes em q u e vivem os,
d e acordo com os m elh oram en tos hoje ado ta d o s pelas nações m a is a d ia n ta d a s
na escala d a civilização, o país. Senhores, p o d e dizer-se q u e não tem legislação
p rópria, tu do está p o r fa zer. Em si m esm o despido d e unidade, p elo qu e respeita
à d o u trin a , e d e u n ifo rm id a d e rela tiva m en te aos diversos p o n to s d o Im p é rio
P ortuguês.^^ (o s d estaqu es são n o sso s)

A tran scrição é lon ga, p o rém necessária. E m face da situ a çã o calam itosa
acim a d escrita, o fu turo v is c o n d e d e J eq u itin h o n h a d eixa va en trev er q u e o

22 I d e m , p. 6 9.
23 I d e m , p.7 0 .
25 V e r a esse r e s p e i t o a s o b s e r v a ç õ e s d e M a n o e l Á Jv aro d e S o u z a S á V ia n n a . S e g u n d o S á V ia n n a , n a s d is c u s s õ e s
p r e l i m i n a r e s p a r a a c r i a ç ã o d o lA B , M o n t e z u m a m a n i f e s t a r a - s e c o n t r á r i o à i d é ia d e f u n d a r d e i m e d i a t o
a O r d e m , e m v i r t u d e d a f a l ta d e o r g a n i z a ç ã o j u r í d i c o - i n s t i t u c i o n a l d o p a ís . C f. M a n o e l Á lv a r o d e S o u z a
Sá V ia n n a , In s tit u to d a O r d e m d o s A d v o g a d o s Brasileiros - 5 0 a n o s d e e x is tê n c ia . R io d e J a n e i r o ; I m p r e n s a
N a c i o n a l, 18 94, p . 17.

• à l 23
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

m o m e n t o ain da n ã o se m ostrav a p ro p ício para a co n se c u ç ã o da gran d e m issã o


a q u e o In stitu to estava d estin a d o - a fo rm a çã o d e u m a e n tid a d e d e classe, tal
c o m o seria desejáveF^. Para M o n te z u m a , a co n stru ção da n o va n a ção passava
ob rig ato ria m en te p o r u m a op eração fundam ental: a reg u la m en ta çã o d o D ireito,
cu jo p rim eiro p a sso era a cod ifica çã o d o D ireito C ivil. O D ire ito deveria ser a
p orta d e entrada para a civilização, e esta n ã o p o d ia c o n tin u a r co n ta m in a d a
p o r an tig os e le m e n to s coloniais^^.
P or o u tro lado, as d em a n d a s p or ele levantadas su g erem gra n d e a finidad e
c o m o ideário d e fen d id o p elo saq u a rem a P a u lin o José Soares d e S ouza, futuro
v isc o n d e d e U ru guai, o p rincipal m e n to r d a cen traliza çã o m o n á r q u ica . Este
su stentava a tese d e q u e (...) se a lib erdad e p o lític a é essencial p a r a a fe lic id a d e d e
u m a N ação, boas instituições a d m in istra tiv a s a p ro p ria d a s às suas circunstâncias
e co n ven ien tem en te d esen vo lvida s não o são menos. A q u ela sem estas n ã o p o d e
p r o d u z ir bons resultados^^, a p r o p ó sito d a n ece ssid a d e da o r g a n iz a ç ã o e do
fu n c io n a m e n to d o Estado.
D ed u z -se , assim , que n u m a prim eira fase co m p etia ao In stituto oferecer
su sten ta çã o às in stitu iç õ es m o n á rq u ica s, c o n tr ib u in d o para o o r d e n a m e n to
ju rídico-adm in istrativo d e u m Estado recém -em a n cip ad o , carente d e u nid ade
p olítica e herdeiro d e u m legado colonial desagregador. O que, aliás, está im plícito
nas con sid erações finais co m q u e M o n tezu m a arrem atou o em b lem ático discurso:

(...) Senhores, aberto está ao nosso Instituto o vasto cam po dos m elhoram entos
d e nossa Legislação. É tem po d e encetar o Brasil essas ^ a n d e s questões. Contando
hoje 21 anos d e existência, com o Povo livre e Independente, seria desairoso, que
en tran d o, p o r assim dizer, em sua Política M a io rid a d e, a in d a espaçasse o
c u m p r im e n to d a rigorosa ob rig a ç ã o e m q u e está d e p r o m u lg a r as Leis
indispensáveis à sua felicidade, e qu e fo r m a m sem co n tradita o com plem ento
d e sua majestosa, e m il vezes gloriosa Independência Politica.^^

N a se m a n a se g u in te à in stalação do lA B, in ic ia r a m -se o s trab a lh os d e


p reparação d o R eg im e n to Interno. As prim eiras re u n iõ e s, a o q u e tu d o indica.

2 6 F r a n c i s c o G è d e A c a i a b a e M o n t e z u m a , “ D i s c u r s o p r o f e r i d o e m 7 d e s e t e m b r o d e 1 8 4 3 ”, o p . cit-, p . 111.
2 7 C f. K eila G r i n b e r g , O f i a d o r d o s brasileiros. C i d a d a n i a , e s c r a v i d ã o e d i r e i t o civ il n o t e m p o d e A n t o n i o
P e r e i r a R e b o u ç a s . R io d e J a n e i r o : C iv iliz a ç ã o B ra s ile ir a , 2 0 0 2 , p . 28.
2 8 C f. V i s c o n d e d e U r u g u a i , E n s a io so b re o D ir e ito A d m in is tr a tiv o . R io d e J a n e i r o , 18 62, t . l , p . IV.
2 9 R e v is la d o I n s tit u to d a O r d e m dos A d v o g a d o s Brasileiros. R io d e J a n e i r o , a n o I» 1. 1 , j a n ., f ev ., m a r . d e 1862,
p . 113.

24 •àB
V o liim o I O !AB e os AcIv(),i4ckI()S n o Im p é rio

realizaram -se ain da nas d ep en d ê n c ia s da residência d o C o n se lh eir o Aragão, na


rua d o A ndaraí. A p reo c u p a çã o doravante era fixar c o m p e tê n c ia s, d eter m in a r a
c o m p o s iç ã o d o q u a d ro social, b e m c o m o detalhar a estrutura e fu n c io n a m e n to
d o órgão. Para tanto, in stitu iu -se u m a co m issã o que fico u encarregada d e redigir
o an tep rojeto d o R eg im en to . O relator, C aetan o A lb erto Soares, a p r e se n to u -o
e m q u in ze dias. P o ré m as atas das sessões, em b o ra su m árias, revelam q u e a
p rop osta su scito u m u ita discussão. H o u ve diversas em en d a s e sucessivas revisões.
T anto assim , q u e s o m e n te e m n o v em b r o d aq u ele a n o a a ssem b léia geral d o
In stitu to v o t o u a redação final e rem eteu o d o c u m e n to para a ap reciação d o
M in isté rio da Justiça.
A p ro va d o p ela Portaria im perial d e 15 de m a io d e 184 4, o R eg im e n to do
lA B d eterm in av a q u e a ad m in istração d o g r ê m io passaria a ser exercida p or
u m C o n se lh o D iretor, c o m p o sto d e p resid en te, secretário, teso u reiro e m ais
d o ze in tegran tes, to d o s o r iu n d o s d o q uad ro efetivo. À ex ceção d o secretário,
cujo m an d ato fix o u -se e m quatro a n o s, as eleiçõ es para a renovação d o co n se lh o
eram b ien a is. O s trab alhos d istrib u ía m -se p or quatro c o m iss õ e s p erm an en tes,
cada qual form ada p or três associados, escolh id os entre o s m em b r o s d o C o n se lh o
D iretor, a saber: d e esta tu to s e regim en to, d e fu n d o s, d e ju risp ru d ên cia , e de
d isciplina.
O q u a d ro social n ã o p o ssu ía n ú m er o lim ita d o d e vagas e d iv id ia -se em
três categorias d e filiados: efetivos, su pranu m erários e h o n o r á rio s. A p rim eira
d estin av a-se a o s a d v og ad o s que solicitassem o in gresso n o In stitu to, n o p erío d o
d e sessen ta dias, a co n ta r da data da aprovação d o R eg im e n to . D e v e r ia m ser
cid adã os brasileiros e con decorados com os graus acadêm icos, n o exercício p le n o
da p ro fissão , q u a lq u er q u e fosse o te m p o d e prática, e ficavam o b rig a d o s ao
p a g a m e n to d e jóia d e entrada n o valor d e 2 0 $ 0 0 0 . P or o ca siã o da m atrícula
in a u gu ra l n o In stitu to, o s m em b r o s efetivos seriam classificados p o r o rd em de
an tigu id ad e, de aco rd o c o m a data das respectivas form aturas.
A classe d o s su p ra n u m erá rio s seria form ad a p e lo s b ach aréis q u e v ie ssem
a ser a d m itid o s a p ó s aquele p razo estip u lado n o R egim ento, o u ain da p or aqueles
q u e n ã o p o ssu ísse m d o is a n o s d e prática forense. Seu acesso a o q u a d ro efetivo
ficava c o n d ic io n a d o à m o r te o u a o afasta m en to de u m titular. A a d m issã o ao
q u a d r o d o s h o n o r á r io s re str in g ia -se a p en a s a o s a d v o g a d o s r e sid e n te s nas
p rovín cias e a o s ju risco n su lto s n a cio n a is e estran geiros q u e n ã o exercessem o
o fício . C o n t u d o , o E sta tu to previa a p r o m o ç ã o a u to m á tic a à categ oria de
h o n o r á rio d o m e m b r o efetivo q u e en trasse para a m agistratura.

25
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

A p r o p o s ta d e in g r e s s o , p a ra q u a lq u e r d a s trê s c la sse s , d e v e r ia ser


apresentada p or escrito, acom panhada da chancela d e três m em b r o s d o C onselh o
D iretor. A seguir, su b m etid a à aprovação da assem b léia geral p o r escrutínio.
A o s ca n d id a to s, a lé m d os requisitos já m e n c io n a d o s, req u eriam -se probidade,
b o n s c o s tu m e s e c o n h e c im e n to s p rofission ais, em b o ra n ã o h o u v e sse ex ig ên cia
de p rova d e su ficiên cia acad êm ica. N o ato da p o sse, o s a d v o g a d o s firm avam
d ian te d os E van gelhos e d o p residente da Casa a se g u in te p rom essa: (...) Juro
ser fie l à C onstituição, ao Im perador, e aos deveres d o m eu ministério^'^. A p ós
p roferir o so le n e ju r a m e n to , o bacharel estava h ab ilita d o a assinar o term o do
Livro d e M atrícula. N o in íc io de cada ano, o C o n se lh o D ire to r deveria fazer o
in ven tário d o s a d vo ga d os m atricu lad os, guardadas as alterações oco rrid a s n o
exercício anterior, e p rovidenciar sua p u b lica ção , a fim de q u e o m e s m o fosse
c o lo c a d o n as salas d e a u d iê n c ia d o s tr ib u n a is d a C o rte, n a secreta ria d o
M in isté rio da Justiça e d em a is repartições afins.
O R e g im e n to In te rn o d o lA B n ã o c o n tem p la v a q u e stõ e s corporativas
propriam ente ditas. C ontudo, exigia dos advogados filiados o cu m prim ento rigoroso
d e preceitos éticos, o u seja, o exercício da profissão com honra, civilidade e aptidão.
Prevendo, inclusive, o enquadram ento disciplinar, tanto n o âm bito da Casa, quanto
n o s tribunais, e estipulando punições para os casos de m au procedim ento, sobretudo
q uan do se tratasse d e injúrias e insultos aos colegas na defesa d e causas.
O u tro aspecto que m erece registro, na parte relativa aos direitos e obrigações
d o s associados, era o caráter assistencial d o grêm io, u m a vez que perm itia aos
associados (...) requisitar do Instituto socorros d e beneficência caso venh am a cair em
desgraça. E caso m orra neste estado de desgraça, à sua viú va e filhos legítimos menores
poderá o Instituto fa zer extensivo este mesmo direito^'. A propósito dessa prerrogativa,
a pesquisa nas atas disponíveis revela apenas u m caso d e associado que recorreu à
assistência ao lAB, o d o juiz d e direito Luiz Paulino da Costa Lobo, por m o tiv o de
cegueira e pobreza. P orém , e m vez de adotar u m a solução institucional, d e acordo
co m o d isposto n o R egim ento, o C onselh o D iretor decidiu, p o r caridade, abrir u m a
subscrição pública para m inim izar os sofrim entos d o juiz C osta Lobo^^.
N o q u e d iz respeito a o fu n c io n a m e n to d o g r ê m io , as sessõ es, ta m b ém
d en o m in a d a s conferências, realizavam-se u m a vez p or sem ana. O com p arecim en to

3 0 lA B , “ R ^ i m e n t o I n t e r n o ”. R e v is ta d o I n s tit u to da O r d e m d os A d v o g a d o s Brasileiros. R i o d e J a n e i r o , a n o I,
1.1 , n “ 1, j a n . , fev., m a r . d e 1 8 6 2 , p. 11.
31 I d e m , p . 14.
32 lA B , “A t a d a s e s s ã o d e 12 d e a b r i l d e 18 51”. R e v is ta d o I r u tit u to d a O r d e m d o s A d v o g a d o s B rasileiros. R io d e
J a n e i r o , a n o II, 1. 11, n ° 3, ja n ., fev. e m a r , d e 1863, p . 12.___________________________________________________

26 9àM
Vokm u' I O lA B c o í'A flv o í^a d d s n o l i u j i r r i o

era o b rig a tó rio e havia sa n çõ e s aos m em b r o s q u e faltassem a três reu n iões


consecutivas. T u do leva a crer q u e tal d ispositivo n ã o viria a ser t o m a d o ao p é da
letra, p o is d e u m m o d o geral os registros dem onstram baixa assiduidade às sessões,
inclusive n o q u e se refere ao com p arecim en to d o s m em b ro s d o C o n se lh o Diretor.
As se ssõ es ord in árias, via d e regra, p rin cip ia va m c o m a a p rovação da ata
da sessão an terior e leitura d o “exp ed ien te”, isto é, o exa m e d e cartas, p ub licações,
d o c u m e n to s e o u tro s p apéis afins. Passava-se, então, à p rim eira p arte da “o rd em
d o dia”, q u a n d o eram d irig id o s à m esa adm inistrativa re q u erim en to s, pareceres,
p r o p o siç õ e s e p r o ce sso s de a d m issã o d e n o v o s filiados. R eservava-se a seg u n d a
parte da “o rd em d o dia” para a ap resen tação e d iscu ssã o d e d isserta çõ es sobre
tem as e q u e stõ e s d e direito o u d e praxe. À guisa de co m p a ra çã o , é in teressan te
a c r e s c e n ta r q u e a o r g a n iz a ç ã o d as con ferên cia s d o lA B g u a rd a v a g r a n d e
se m e lh a n ça c o m o s e n co n tro s a ca d êm ic o s d o In stitu to H istó r ic o e G eográfico
B r a s ile ir o ( I H G B ) . E m a m b a s as i n s t i t u i ç õ e s , r e s p e it a d a s as d e v id a s
esp ecificid a d es, p erc eb e-se forte h eran ça de certas práticas d esen v o lv id a s pelas
ch am a d as societés savantes d o sé cu lo XVIII. S ob retu d o n o q u e d iz respeito à
p ro g ra m a ç ã o d e u m a p au ta d e tem a s o u p o n to s para d isserta çã o , a serem
d e se n v o lv id o s p e lo s a sso c ia d o s e d eb atid o s d urante as sessõ es, n o correr do
a n o acad êm ico . E n q u a n to n o IH G B os tem as eram ch a m a d o s d e p ro g ra m a s
históricos-, n a C asa d e M o n te z u m a d e n o m in a v a m -se questões científicas.
Id ealizad o p o r u m m in istr o d o S u p rem o Tribunal d e Justiça d o Im pério,
c o m a a n u ê n c ia d e u m g ru p o exp ressivo d e bach aréis e p o lític o s da C o rte d o
R io d e Janeiro, c o n ta n d o c o m o b en ep lá cito im perial, o In stitu to d os A dvog ad o s
Brasileiros representou, se m dúvida, u m projeto gran d ioso. N o â m b ito n a cio n al,
p revia -se a sua ram ifica ção nas capitais das provín cias o n d e h o u v e sse trib un ais
d e relação, p o r m e io da abertura d e filiais. Para divulgar suas atividades, d ecisõ es
sob re q u e stõ e s d e d ireito e d e jurisp ru dência, b em c o m o o u tr o s d o c u m e n to s
d e in teresse d o s a sso c ia d o s, o R eg im e n to d eterm in ava q u e deveria ser editada
u m a revista m en sa l, o q u e só veio a se concretizar e m 1862.
P ou co s m eses d ep o is da p ub licação d o R egim en to Interno, o s altos escalões
im p eria is já d e m o n str a v a m recon h ecer a co m p e tê n c ia d o lA B c o m o auxiliar
d o g o v er n o na org an iza ção d o Estado. O m in istro da Justiça M a n o el A n to n io
G alvão b a ix o u p ortaria o r d e n a n d o q u e o lA B preparasse u m es tu d o para a
revisão d o C ó d ig o d e P ro cesso C rim in al, id en tifican d o o m is s õ e s e in co e rê n c ia s
na sua aplicação. O u tra prova d e ap reço da C oroa fo i dada p o r m e io d o d ecreto
n° 393, d e 23 d e n o v em b ro d e 1844, q u an d o o Im perad or c o n ce d e u aos m em b ros

27
_____________ Hi<;tnria da
Ordem dos Advogados do Brasil

efetivos o u so d e v este talar e a faculdade d e terem a sse n to d en tro d o s can celos


d o s trib un ais, d esd e q u e n o exercício d e se u ofício.
O Instituto, por sua vez, tam b ém evidenciava a intenção d e estreitar ainda mais
os laços de cooperação com os poderes constituídos. O presidente M ontezum a, a
propósito da passagem do primeiro aniversário d o grêm io, apresentou proposta para
a criação de cursos livres d e Direito, a serem oferecidos graciosamente aos funcionários
administrativos do Fórum, a fim de aperfeiçoar seus conhecim entos e m elhorar os
serviços ali prestados. As aulas, ministradas por associados, contemplariam as seguintes
disciplinas: Prática Civil e Criminal, Direito Comercial e Direito Administrativo. O
projeto foi aceito pelo governo imperial e com eçou a ser p osto em prática em 1845.
A o lad o dessas iniciativas, retom ou -se a discussão a respeito das reformas do
ord en am en to jurídico nacional. N a sessão com em orativa d o segu n d o aniversário
d o Instituto, h o u v e inclusive u m a conferência sobre o tema, p ro n u n ciad a por
Francisco Inácio de Carvalho Moreira, m ais tarde barão de Penedo. Erudito e fluente,
utilizando sólida argum entação jurídica, justificou a urgência da revisão geral e da
codificação das leis civis e d o Processo. Porém, ao concluir, c h a m o u a atenção para
u m im passe, cuja solução estava fora da alçada d o lAB. N o seu entender, se por u m
lado n ã o havia dúvida de que a entidade era o locus ideal para levar a cabo a tarefa
d e preparar o anteprojeto das reformas, p or outro, u m a iniciativa dessa natureza só
poderia (...) p a rtir d e maisalto^^. N o fiindo, Carvalho Moreira passara u m recado
às autoridades presentes, o u seja, d e que prom over as pretendidas reformas implicava
sobretudo em u m a questão de vontade política.
Se C arvalh o M oreira c o m m u ita elegân cia ch am ara a o s b rio s o s h o m e n s
d o governo, co b ran d o-lh es m aior em p e n h o n a cod ificação das leis civis, o orador
se g u in te d e v e ter c a u sa d o g ra n d e im p a c to n a seleta p la téia. T ratava-se d o
b a ch arel e r e lig io so C a e ta n o A lb erto Soares, q u e a p r e s e n to u a d isserta ção
“M e lh o r a m e n to da sorte d o s escravos n o Brasil”. Texto, p o r sinal, até h o je m u ito
cita d o p ela h istoriografia abolicionista^'’,cu jo c o n te ú d o será c o m e n t a d o m ais
adiante, n o q u arto ca p ítu lo d este livro.
N o p e r í o d o c o m p r e e n d id o e n tr e 1 8 4 4 e 1 8 4 7 h á p o u c o s r e g istr o s
d etalh a d o s sob re as ativid ades d o lAB, exceto as n otícias das d uas con ferên cias

3 3 F r a n c i s c o I n á c io d e C a r v a l h o M o r e i r a , “D a r e v is ã o g e r a l e c o d i f ic a ç ã o d a s le is civ is d o p r o c e s s o n o B ra s il”.
M e m ó r i a lid a e m s e s s ã o g e r a l d o I n s t i t u t o d o s A d v o g a d o s B r a s il e ir o s e m 7 d e s e t e m b r o d e 184 5. R evista
d o I n s tit u to d a O r d e m d os A d v o g a d o s B rasileiros. R io d e J a n e ir o , a n o I , t . I , n “ I , j a n . , fev., m a r. d e 186 2, p.
1 4 7 -1 6 9 . ( E d i ç ã o f a c -s im ila r .)
3 4 V er, p o r e x e m p lo , E d u a r d o S p ille r P e n a , P a jens d a casa im p e r ia l. Jurisco n su lto s, escravidão e a le i d e 1871.
C a m p i n a s (S P ): E d i to r a d % U N I C A M P , 2 00 1.

28
Volume I O lAB c os Advogadoi. no hnpcrio

citadas, de algu ns in fo r m e s a respeito d e obras recebidas e d e in d ic a ç õ e s para


in gresso d e só c io s. A c o leç ã o d e atas, q u e foi p u b licada a n o s m a is tarde p or
iniciativa d e P erdigão M alh eiro n o p rim eiro n ú m e r o da R evista , apresenta
sucessivas lacu n as n aq u ele lap so de tem p o. S abe-se, en treta n to, que em 1847
algu m as se ssõ es tiveram d e ser su sp en sas p or carência d e local a d eq u a d o . T u do
leva a crer q u e a d ificu ld a d e fosse d ecorrente d o fa le c im e n to d o C o n se lh eir o
Teixeira d e Aragão, em 1846, e m cuja casa o s trabalhos v in h a m o co r re n d o desd e
a fu n d a ç ã o d o g r ê m io , c o n f o r m e já foi d ito . O o b s tá c u lo foi c o n to r n a d o ,
p ro v iso ria m en te, graças a o s o fício s d e u m sócio, o Dr. Fausto d e A guiar, q u e
c o lo c o u sua resid ên cia à d isp o siçã o dos confrades.
D e qualq uer m o d o , e m 1848 o In stitu to já se co n stitu ía e m u m esp aço
p riv ilegiad o d e fo rm a çã o da cultura jurídica nacion al. A p r o m u lg a ç ã o da Lei
d e 2 d e setem b ro d e 1847, q u e tratava da su cessão e da filiação natural paterna,
p o r ex em p lo , su scito u debates n o g rêm io, tendo o asso cia d o Teixeira d e Freitas
levan tad o q u estã o se a referida lei poderia ser aplicada n o q u e se refere à exclusão
da prova testem u n h a i acerca da m atern idad e. À guisa d e cu rio sid a d e , d eve-se
acrescentar q u e o assu n to foi alvo das reflexões d e A g o stin h o M arq u es Perdigão,
cu jo parecer foi a p rov ad o p ela A ssem b léia d o In stitu to, fica n d o d e cid id o que
(...) a m a te rn id a d e não necessita d e a lg u m a disposição legislativa qu e restrinja
suaprova^^.
O certo é q u e o C o n se lh o D iretor sen tiu n ecessid ad e d e sistem atizar a
fo rm a d e d iscu ssã o e d e d iv u lg a çã o d os resultados d os e stu d o s realizados sobre
as ch am ad as “q u e stõ e s cien tíficas”. A d em a n d a m er ec eu u m a a ten çã o especial,
p o is e m ú ltim a a n á lise tra ta v a -se d a ju r is p r u d ê n c ia fir m a d a p e lo ó rgã o .
C o n h e c im e n to s q u e in teressavam n ã o apen as aos m em b r o s da Casa, m a s a tod os
os q u e m ilita v a m n o Foro. D ec id iu -se, então, q u e o s pareceres e m itid o s sobre
“q u e stõ e s cien tífica s” seria m o b jeto d e debate, se g u id o d e v o ta ção , a fim d e q u e
a assem b léia geral d eliberasse so b re a aprovação d o s m e s m o s . R eservava-se,
todavia, (...) a q u a lq u e r m em b ro o d ireito d e f a z e r declarar e m a ta a o pin ião qu e
prefere e p e la q u a l votou^^.
Q u a n to à d ivu lg açã o, u m a vez q u e o In stitu to a in d a n ã o d isp u n h a de u m
b o letim in fo r m a tiv o o u de p erió d ico especializado, o que só veio a se concretizar

3 5 Cf. R e v is ta d o I n s t i t u t o ã a O r à c m ã o s A á v o g a á o s Brasileiros. R i o d e Janeiro, u n o 1 , 1.1 , n ° 2 , a b r ., m a i., ju n .


d e 1862 , p p - 4 9 - 5 3 . ( E d i ç ã o f a c -s im ila r .)
36 lA B , R evisra d o I n s tit u to d a O r d e m d os A d v o g a d o s B rasileiros. R io d e J a n e i r o , a n o 1 , 1.1 , n “ 3. ju l., a g o ., set.
d e 1862 , p p . 12 7 -28 .

29
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

e m 1862, c o m a criação da R evista do In stituto d a O r d e m dos A dvogados, na


g estão d e A g o stin h o M arques Perdigão Malheiro^^, re so lv e u -se q u e qualquer
filiado p o d eria ob ter certid ões d o s pareceres cien tífic o s, d esd e q u e o p ed id o
recebesse a ch an cela d o p resid en te d o C o n se lh o . A lém d isso, a d o to u -se u m selo
para tim b ra r o s d o c u m e n t o s oficiais da in stitu iç ã o , cu jo m o d e lo recebeu a
a n u ê n c ia d o M in isté rio da Justiça^\
P or e s sa m e s m a é p o c a , a c o r p o r a ç ã o t a m b é m i n i c i o u g e s tõ e s para
ram ificar-se pelas p rovíncias. N a sessão d e 22 d e m a rç o d e 1848, Francisco
In á cio d e C arvalh o M oreira, a o regressar de v ia g e m d e A lagoas, fez u m relato
aos con frad es das so n d a gen s q u e em p reen dera para a abertura d e filiais na Bahia
e e m Pernambuco^^. D e u m m o d o geral, a p ro p o sta recebera a colh id a favorável.
E n treta n to n o R ecife o s b ach a réis d e r a m -lh e a e n te n d e r q u e ten cio n a v a m
estab elecer u m a ag rem iação sim ilar, desde q u e se m v ín c u lo c o m a m atriz d o
R io d e Janeiro. Vale n otar q u e a passagem d e C arvalho M oreira p o r P ernam bu co
se dera m ese s an tes d e eclo d ir a R ev o lu çã o Praieira^*^. A idéia de in stitu ir u m a
sucursal d o lA B n o Recife, p or certo, deve ter sid o id en tificad a c o m o m a is u m a
ação da política centralizadora da C orte, em d etr im e n to das ch am ad as franquias
p ro vin ciais. A prova d isto é q u e, su focada a revolta, a resistência d o L eão do
N o r te arrefeceu . Três a n o s m a is tarde, na sessão de 2 d e j u n h o d e 1851, chegava
a o g r ê m io u m a participação oficial d e q u e o (...) In stitu to F ilial d e P ern am bu co
j á se en co n trava in stalado^'.
Se p o r u m lad o ao final da década d e 1840 já se p ensava na ex p a n sã o d o
I n s t it u t o p e la s p r o v ín c ia s , p o r o u tr o , n a ca p ita l d o I m p é r io o r itm o d o
c r escim en to d os q u a d ro s sociais m a n tin h a -se estável. A m é d ia d e a d m issõ es
alcançava cerca d e d ez bacharéis p o r ano. P orém o co r p o so cia l c o m e ç o u a
a p r e s e n ta r n o v a s s it u a ç õ e s q u e e s c a p a v a m a o s d is p o s it i v o s r e g im e n ta is .

37 I n t e g r a v a m a p r i m e i r a c o m is s ã o d e r e d a ç ã o d o p e r i ó d i c o o s a s s o c ia d o s U r b a n o S a b in o , J o a q u i m José
T e ix e ira , N a b u c o d e A r a ú j o , L a fay ette R o d r ig u e s P e r e ir a , B u s c h V arella, J o ã o d a R o c h a M i r a n d a e S ilva,
C a e t a n o A lb e r t o S o a r e s e J o a q u im I n á c io A lv a r e s d e A z e v e d o .
3 8 P o r t a r i a d e 2 9 d e m a i o d e 1849, a s s in a d a p e lo m i n i s t r o d a J u s t iç a E u z é b io d e Q u e i r o z M a to s o .
3 9 l A B , “A t a d a s e s s ã o d e 2 2 d e m a r ç o d e 1848". R e v is ta d o I n s tit u to d a O r d e m d o s A d v o g a d o s B rasileiros. R io
d e J a n e i r o , a n o 1 , 1.1 , n® 3 , o p . c it, p . 127.
4 0 A R e v o l u ç ã o P r a ie ir a é c o n s i d e r a d a p e l a h is to r i o g r a f ia c o m o o ú l t i n j o m o v i m e n t o r e b e ld e d a s e q ü ê n c ia
d e in s u r r e i ç õ e s q u e m a r c o u o p r o c e s s o d e c o n s t r u ç ã o d o E s t a d o i m p e r i a l . E c l o d i u e m P e r n a m b u c o e m
7 d e n o v e m b r o d e 184 8 . A esse r e s p e i to , v e r B a r b o s a L i m a S o b r i n h o , “A R e v o l u ç ã o P r a i e i r a ” R e v is ta do
In s titu to H is tó r ic o e G e o g r á f ic o B r a s il e ir o ,J i ã o d e ] a n e Í T O ,2 \ 0 : 1 0 2 - 1 1 9 .1 9 4 8 . V e r t a m b é m I s a b e l M a r s o n ,
A reb eliã o p r a ie ira . S ã o P a u lo : B ra s ilie n s e , 1981.
4 1 lA B , " A ta d a s e s s ã o d e 2 d e j u n h o d e 1 8 5 1 ”. R e v is ta d o I n s t i t u t o d a O r d e m d o s A d v o g a d a s Brasileiros. R io d e
J a n e i r o , a n o I I , t. I I . n ” 1. ja n ., fev., m a r . d e 1862, p p . I 3 e 14.

30
V o lu m e I (J lAB e ()sAtl\\)^A (k)s no Inip ório

S o b retu d o n o q u e se refere à classe d o s efetivos. H avia d ú v id a se seus integrantes


p o d e ria m p erm a n ec er n essa categoria, caso d eixassem d e advogar, e q uais as
p o ssíveis situ a çõ es d e in co m p a tib ilid a d e. N o fundo> tratava-se d e u m a questão
d e o r d e m prática. A fm al, Lacharéis em D ireito fo rm a v a m a nata da elite
letrada da so c ied a d e im perial. H o m e n s q u e n ã o só p a tro cin a va m causas o u
atuavam na m agistratura, c o m o ta m b ém circulavam c o m d esen vo ltu ra tanto
n o p a rla m en to q u a n to n o s altos escalões d o Executivo^^
R esolveu-se, en tão, q u e os m em b r o s efetivos só seriam afastados d o quadro
se p o r ventura a b a n d o n a sse m d e vez a profissão d e a d v o g a d o o u v ie sse m a se
d edicar a o u tr o o fíc io in co m p a tív e l c o m ela. A a u sên cia tem porária da C o rte
o u exercício d e co m issã o n o serviço p ú b lico n ão im plicaria e m ex clu sã o naquela
classe. Q u a n to aos efetivos p r o m o v id o s à classe d os h o n o r á rio s, p o r m o tiv o de
in gresso na m agistratura, caso a d eixassem e vo ltassem a advogar, p o d e r ia m
retornar à c o n d iç ã o in icial, in d e p e n d e n te d e n o v a m atrícula.
E m m e a d o s d o sé c u lo X IX , o Im p é r io co m e ça r ia a e x p e r im e n ta r g ra n d es
tr a n sfo r m a ç õ e s . D o p o n t o d e v ista e c o n ô m ic o , a e x p a n sã o cafeeira aceierava-
se, s e g u in d o a d ire çã o d o va le d o rio Paraíba, ta n to n a p r o v ín c ia flu m in e n s e
q u a n to n o territó rio p a u lista, gerand o riqueza e p r o v o c a n d o n o v a s d em a n d a s.
N o â m b it o d a s i n s t it u iç õ e s m o n á r q u ic a s , o G a b in e t e c o n s e r v a d o r , q u e
g o v e r n o u o p a ís en tre 1848 e 1852, rea lizou o p u le n ta o b ra a d m in istra tiv a
L iderado p o r A raú jo L im a e d e p o is p o r José da C o sta C arvalh o, n a p a sta d o
Im p é r io a p artir d e 1849, o m in isté r io era in te g ra d o p ela p ró p ria tr in d a d e
sa q u a rem a : E u zéb io d e Q u e ir o z o c u p a v a a p asta Justiça; P a u lin o José Soares
d e S o u za , a d o s E strangeiros e J oa q u im José R od rig u es Torres, a d a Fazenda
D e n t r e o u tr a s r e a liz a ç õ e s , f o i r e s p o n s á v e l p e la p r o m u lg a ç ã o d o C ó d ig o
C o m e rc ia l, da Lei d e Terras e da Lei q u e e x tin g u iu o tráfico d e a fr ic a n o s para
o B rasil - m a is c o n h e c id a c o m o Lei E u zéb io d e Q u e ir o z . P r o m o v e u ta m b é m
a reo rg a n iz a çã o b ancária, a reform a d o re g u la m e n to das cla sses a rm a d a s, d o
c o r p o d ip lo m á tic o , d o e n s in o e d e m u it o s o u tr o s se r v iç o s p ú b lic o s; a rev isão
d e im p o r ta n te s t ó p ic o s d a le g isla ç ã o judiciária; a in a u g u r a ç ã o d o telégrafo

4 2 V eja -se A l b e r t o V e n â n c i o F ilh o , D a s a rcadas ao bach a relism o . 2 “ e d . S ã o P a u lo : P e r s p e c t iv a , 1982. Ver


t a m b é m N a n e i L e o n z o e R it a M a r i a C a r d o s o B a r b o s a , “A s ‘v i r t u d e s ’d o b a c h a r e l i s m o ”. A n d ts d a I I R e u n iã o
d a S o c ie d a d e B ra sile ira d e P e sq u isa H is tó r ic a , S ã o P a u lo , 198 3, p p . 12 5-2 8 .
4 3 Cf. M a x F l e i ü s s , H is tó r ia a d m in is tr a ti v a do Brasil. 2* e d . S â o P a u lo ; M e l h o r a m e n t o s , 1925 , p p . 2 5 7 - 6 3 . N a
o b r a c i t a d a o a u t o r e n u m e r a t o d a s a s in ic ia tiv a s d o G a b in e te .
4 4 F a z i a m p a r t e t a m b é m d e s t e G a b i n e t e M a n u e l F e liz a r d o d e S o u s a e M e l o e M a n u e l V ie ir a T o s ta - t i tu la r e s
r e s p e c t i v a m e n t e d o s m i n i s t é r i o s d a G u e r r a e d a M a r in h a .

•41 31
_____________ História da
O rdem dos Advogados d o Brasil

elétrico e a co n str u ç ã o da p rim eira estrada d e ferro n o Brasil. A h istoriog rafia ,


p o r sin a l, a in d a n ã o se d e b r u ç o u c o m o d e v id o c u id a d o so b re o c o n ju n to da
g es tã o a d m in istr a tiv a e p o lític a d e sse G a b in ete, q u e g o v e r n o u o Im p é r io
d u r a n te q u a se q u atro a n o s, v o lta d o , so b re tu d o , i o r g a n iz a ç ã o d o E stad o,
e q u e p rep a ro u terren o para o a d v en to da p o lític a â e conciliação d o m arq uês
d e Paraná.
A ten to à série d e reform as q u e a C oro a v in h a p r o m o v e n d o , o In stitu to,
p o r in iciativa d e M o n te z u m a , sugeriu ao M in isté rio da Justiça a criação d e u m a
cadeira d e D ire ito P ú b lic o e A d m in istrativ o n o s cu rrícu lo s d a s facu ldad es d e
D ireito . Justificava a m ed id a , a p o n ta n d o a im p o r tâ n cia d e p r o m o v e r o estu d o
sistem á tico dos p rin cípios con stitutivos d o g o v e rn o e das regras q u e determ in am
as a trib u içõ es d o fu n cio n á rio p ú b lic o , (...) q u a lq u e r q u e seja su a categoria, ou
hierarquia administrativo^^.
A h istoriografia afirm a q ue, p or volta d e 1850, c o m p le t o u - s e o p rocesso
d e c o n so lid a ç ã o d o Estado, a n co ra d o e m u m a aliança p o lítica o n d e , d e um
lad o, estavam a C oro a e a alta m agistratura, na qual se in clu ía m o s associad os
d o In stitu to d o s A d v o g a d o s Brasileiros, e d e ou tro, o g ra n d e com ércio e a.grande
propriedade, e m especial a lavoura cafeeira flum in en se. A m on a rq u ia principiava
v iven cia r a sua fase áurea, o m o m e n t o p riv ilegia d o d o S e g u n d o R ein ad o, que o
h istoria d or C ap istran o d e M )reu d e n o m in o u m e m o rá v e l decênio*^.
A s circunstâncias históricas, p or conseguinte, tam b ém se m ostravam propícias
para trazer à baila, finalm ente, o projeto da organização da O rdem d os Advogados.
D e fato; coerente co m as idéias que defendera n a cerim ônia de instalação do Instituto,
M o n tezu m a resolveu convocar u m a assembléia extraordinária, e m 28 d e fevereiro
d e 1850, e subm eter ao C onselho Diretor (...) u m a proposta p a ra qu e se peça ao
Corpo Legislativo a organização definitiva d a O rdem ‘*^.
Para agilizar o s trabalhos, ele m e s m o redigiu as b ases q u e deveriam orientar
a representação à A ssem bléia Geral d o Im pério, a saber: in stitu içã o de m atrícula
ob rigatória d e to d o s o s ad vo ga d o s d o Im pério, p reced id a d o c u m p r im e n to de
form alid ades, a c o m e ça r p ela exig ên cia da prática d o o fíc io e m escritó rio de

4 5 C f. F r a n c i s c o G ê d e A c a ia b a e M o n t e z u m a , “D is c u rs o " . R e v is ta do I n s t i t u t o d a O r d e m dos A d v o g a d o s
B rasileiros. R io d e J a n e ir o , a n o 1 , 1.1 , n® 3 ju l., ag o ., set. d e 186 2, p p . 1 8 2-8 3 .
4 6 J. C a p i s t r a n o d e A b r e u , E n saios e estudos: crítica e h is tó r ia . 2* s é r ie , n o t a p r e l i m i n a r d e José H o n ó r i o
R o d r ig u e s . 2 ° e d . R io d e J a n e ir o : C iv iliz a ç ã o B r a s ile ir a ; B rasília: I N L , 1 9 7 6 , p . 17.
4 7 C f. lA B , “A ta d a se s sã o e x t r a o r d i n á r i a d e 28 d e fe v e re ir o d e 18 5 0”, R e v is ta d o I n s tit u to da O r d e m dos
A d v o g a d o s Brasileiros. R io d e J a n e i r o , a n o I, 1.1, n “ 3 j u l , a g o , s e t. d e 186 2, p p . 1 8 2 -8 3 . ( E d i ç ã o fac -
s im ila r.)

32 màM
V o k iit K ' 1 O IAI5 o os A d v o g a d o s n o Im p é r io

ad v og ad o co n c e itu a d o n o p e r ío d o m ín im o d e u m an o; in c o m p a tib ilid a d e da


profissão c o m o exercício d o s cargos d e polícia, secretários d e trib u n ais, juizes,
p r o c u r a d o r e s, a g e n te s d e fe ito s, escriv ães e o u tr o s; cr ia ç ã o d e C o n s e lh o s
D iscip lin ares, c o m a u to r id a d e para fiscalizar o d e se m p e n h o p ro fissio n a l d o s
filiados e im p o r-Ih es as sa n çõ e s previstas e m R eg u lam en to ; esta b e le c im e n to de
sucursais d o lA B e m t o d o s o s d istritos o n d e h o u v e sse T ribunal d e Relação;
realização d o s e x a m e s para ad vog a d o s p ro v isio n a d o s so b a resp on sa b ilid a d e
das d itas sucursais, q u e ta m b é m ficariam in cu m b id a s d e d eterm in a r o s casos
d e lo calid ades o n d e se justificasse o exercício da profissão p or p ráticos, cab en d o
aos presidentes d o s tribunais de Relação apenas referendar o s co n cu rso s e assinar
o s term o s d e c o n c e ssã o d e licenças.
C o n q u a n to to d o s co n co r d a ssem q u e chegara o m o m e n t o d e in stitu ir a
O r d e m d os A d v o g a d o s, o anteprojeto d e M o n te z u m a n ã o o b tev e repercussão
favorável j u n t o a o s se u s pares. S e g u n d o o s reg istros, o C o n s e lh o D ir e to r
d elib ero u ap en as q u e a p e tiç ã o fo sse (...) p u ra e sim ples, sem oferecim ento d e
bases d a reform a o u organização"'^. Esta resolu çã o d o C o n se lh o D ire to r m erece
u m a breve reflexão. A final, o elen co de diretrizes su g erid o p elo fiituro v isc o n d e
d e J eq u itin h o n h a c o n te m p la v a ta n to as asp ira çõ es d e a u to n o m ia d e classe
q u a n to o s p ro b lem a s in eren tes à prática da profissão. T em as q u e v in h a m se n d o
d eb a tid o s d esd e a prim eira h o ra d o Instituto.
É p ossív el im ag in ar q u e o C o n se lh o d o lA B , ao su p rim ir da p e tiç ã o as tais
bases, estivesse a g in d o d e m o d o estratégico, v isa n d o garantir a ap rovação do
projeto n a C âm ara d o s D e p u ta d o s sem m aiores em b a te s. E vitava-se, assim ,
s u b m e te r a o le g is la t iv o a lg u m a s q u e s tõ e s q u e , s e m d ú v id a , p r o v o c a r ia m
p o lêm ic a . A c o m e ç a r p e lo ite m que d isp u n h a sobre a in c o m p a tib ilid a d e da
prática da profissão d e ad v o ga d o c o m o exercício co n c o m ita n te d e d eterm in ad os
cargos p ú b lic o s n a esfera d o p o d e r judiciário. O u tro p o n t o q u e ta m b é m haveria
d e suscitar d iscu ssão , d ev id o às im p lica çõ es de natureza p o lítica , d izia respeito
às prerrogativas da futura O r d e m em relação ao p rocesso d e o u to r g a d e licen ças
para a d vo ga d o s p ro v isio n a d o s. N ã o é dem ais recordar q u e as p ro v isõ e s p o d ia m
ser c o n c e d id a s ta n to p o r p r e s id e n te s d e tr ib u n a is d e R ela ç ã o q u a n to p o r
p residentes d e P rovíncia, o q u e gerava u m a série d e d esv io s e ab u sos, p o is n o
fu n d o a licen ça para a prática da advocacia servia d e m o e d a d e troca p olítica.
D e qualq uer m o d o , p erceb e-se q u e a decisão da m esa diretora n ã o agradou
a M o n te z u m a , q u e a p artir daí c o m e ç o u a s e d ista n c ia r d a s a tiv id a d e s d o

4 8 I d e m , p. 185.

33
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

In stitu to. Frustrado o u d esg o sto so c o m a a titu d e d o s con frad es, n ã o se sab e ao
certo. F in alm en te e m 12 d e d ezem b ro d e 1850, ele ap resen tou u m p ed id o form al
d e d e m issã o da presidência, para to m a r a ssen to n o C o n se lh o d e Estado, na
q u alid ad e d e m e m b r o extraordinário^^. Justificou o a fa sta m en to , a lega n d o
in co m p a tib ilid a d e d o n o v o cargo c o m o exercício da p ro fissã o d e a d v o g a d o e,
p o r c o n s e g u i n t e , c o m o c a r g o q u e o c u p a v a n o g r ê m io . D e n t r e o u tr a s
h o m e n a g e n s , r e c e b e u o t ítu lo d e P r e sid e n te H o n o r á r io d o I n s titu to d o s
A d v o g a d o s Brasileiros^®.
C a b e a q u i a b rir u m b r e v e p a r ê n te s e s , t o m a n d o c o m o c a s o e x e m p la r
a a r g u m e n t a ç ã o d e M o n t e z u m a , para d e sta c a r a fa lta d e c o n s e n s o e n tr e o s
p r ó p r i o s j u r i s c o n s u l t o s s o b r e as s i t u a ç õ e s e m q u e o d e s e m p e n h o de
f u n ç õ e s p ú b lic a s era in c o m p a t ív e l c o m o o f í c i o d e a d v o g a d o . Q u a n d o
a s s u m iu a p r e s id ê n c ia d o I n s titu to , e m 1 8 6 6 , o D r. J osé T h o m á s N a b u c o
d e A r a ú jo já era c o n s e lh e ir o d e E sta d o e x t r a o r d in á r io , p o r t a n t o es ta v a n a
m e s m a c o n d iç ã o d e M o n t e z u m a . N o e n t a n t o n o d is c u r s o d e p o s s e N a b u c o
d e A r a ú j o f i r m o u p o s i ç ã o c o n t r á r ia a d e s e u a n t e c e s s o r , d e c l a r a n d o
te x t u a lm e n t e :

N o m e a d o C o n se lh e iro d 'E sta d o e x tr a o r d in á r io ( ...) eu n ã o d e ix e i o


exercício d a nossa profissão, m a s c o n tin u e i n ela com o â n im o d e n ã o
e n c a r re g a r-m e d e ca u sas e negócios q u e tivessem a lg u m a relação com a
a d m in istra ç ã o p ú b lic a . (....) N ã o m e p a receu in c o m p a tív e l com o exercício
d a a d v o c a c ia ( ...) P o rq u e a p e q u e n a r e tr ib u iç ã o d o cargo ( ...) n ão é
s e n ã o u m a c e s s ó r io d e o u tr a s p ro fissõ e s. 2^ P o r q u e os m e m b r o s d a
m a gistratu ru y d o m a g istério , d o exército, d a a r m a d a ( ...) te m c o n tin u a d o
n o e x e r c íc i o ( . . . ) P o r q u e r a z ã o a p ro fissã o d e a d v o g a d o , a m a is
in d e p e n d e n te d e to d a s as profissões, e tã o n ob re e d ig n a c o m o as ou tras,
h á d e se r incompatível?^^

M as, r e c u e m o s n o v a m e n te à d écad a d e 1 8 5 0 , e v o lt e m o s à estratégia


in te n ta d a para o e s ta b e le c im e n t o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s , p e la v ia d o
Legislativo. E x a m in a n d o o s A n a is d o Senado, em esp ecia l o s registros da sessão

4 9 C f . I A B , “A ta d a s e s s ã o d e 12 d e d e z e m b r o d e 1 8 5 0 ”. I d e m , o p . c it., p . 187.
5 0 C f. I A B , " A . t a d a s e s s ã o d e 2 3 d e f e v e re iro d e 1 8 51 ”. R e v is ta d o I n s tit u to ã a O r d e m d o s A d v o g a d o s Brasileiros.
R io d e J a n e ir o , a n o II, t. I I , n ° 1, j a n . , fev., m a r . d e 186 3 , p. 11. ( E d i ç ã o f a c -s im ila r .)
51 Jo sé T h o m á s N a b u c o d e A r a ú jo , “D is c u r s o d e p o s s e , 8 d e n o v e m b r o d e 1 8 6 6 ”. lA B , R e v is ta d o I n s tit u to da
O r d e m d o s A d v o g a d o s B rasileiros. R io d e J a n e ir o , t. V I I I , n " 1, 1871 , p . 141. ( E d i ç ã o f a c - s i m il a r .)

34 màB
V o k iin c 1 (.) ÍAB r os A flv o i^ a d o s n o ini|.)óiio

d e 5 d e j u n h o d e 1 8 5 1 ” , q u a n d o da s e g u n d a d is c u s s ã o d a q u e la m a té ria ,
c o n sta ta -se q u e o a n te p r o je to da C o m issã o d e L eg isla ção d o S e n a d o h avia
in c o r p o r a d o b o a p a rte d a p a u ta ela b o rad a p o r M o n t e z u m a . S o b r e tu d o n o
q u e se refere à d e fin iç ã o d e fu n ç õ e s e em p re g o s p ú b lic o s q u e d e v e r ia m ser
c o n sid e r a d o s in c o m p a tív e is c o m o exercício da ad vo cacia, a saber; (...) todos
05 cargos d a o rd e m ju d ic iá ria , exceto “a d in te r im ’\ os ofícios d e escrivão, tabelião,
secretário d e trib u n a l, d istrib u id o r, solicitador, p r o c u ra d o r e agen tes com erciais;
os cargos a m o v ív e is ven cen d o sa lá rio pú blico; o m in isté rio sa g ra d o d e C uras
d'a lm a s; todos em p reg o s d e polícia . D a m e sm a m an eira p riv ileg ia v a o ite m q u e
ex igia a c o m p r o v a ç ã o d e p rática fo ren se, p o r p e lo m e n o s d o is a n o s, para q u e
o s b a ch a réis p u d e s s e m requerer a lic e n ç a para advogar, a lé m d o resp ectivo
d ip lo m a d e c o n c lu s ã o d e curso.
P o ré m , lo g o n o a rtig o P d o a n tep rojeto desferia u m g o lp e m o r ta l n a
p reten sã o d o lA B d e con verter-se na O rd em d o s A d v o g a d o s, a o determ inar;
(...) Fica criado nas ca pita is das províncias u m in stitu to com o títu lo d e In stituto
d a O rd e m dos A d v o g a d o s - d o qu al serão m em bros todos os q u e n a p ro vín cia
exercem legalm ente a advocacia. O Instituto d a ca pita l do Im p ério co m preen derá
ta m b é m a p ro v ín c ia d o R io d e Janeiro^^. Esses o rg a n ism o s d ev eria m reportar-se
às a u to rid a d es judiciárias loca is, e sua direção seria co n fia d a a u m co leg ia d o ,
d e n o m i n a d o C o n s e l h o D i s c ip l in a r e A d m in is t r a t iv o , c o m as s e g u in t e s
atribuições;
1^ Fazer a n u a lm e n te a m atrícu la da O rd em , a lista n d o to d o s o s a d vo g ad os
resid en tes e em ex e rc íc io legal n a resp ectiva p ro v ín cia , e ig u a lm e n te a d os
p ro cu ra d o res e so lic ita d o r e s da m e sm a , r e m e te n d o -a s c o m as n ecessárias
o b ser v a çõ e s á relação d o distrito, às câmaras m u n icip a is, a o s ju ize s d e d ireito, e
aos ju izes m u n ic ip a is da m e s m a província.
2® Inform ar, e m v ir tu d e d e portaria d o p resid en te da relação d o distrito,
sobre a falta d e b ach aréis fo rm a d o s, exigida p e lo § 4° d o art. 7° d o reg u la m e n to
das relações d o Im p é rio d e 3 d e janeiro de 1833 para se c o n c e d e r licen ça para
q u e a d v o g u e q u e m n ã o é form a d o .
y E xam in ar e atestar, e m v ir tu d e d e portaria d o p resid e n te da relação d o
d istrito , sob re a su fic iê n c ia e m ora lid a d e d o s q u e q u e rem ser n a p ro v ín cia
p rocu rad ores, solicita d o res e a d v og a d o s, n ã o sen d o gra d u a d o s n o Im pério.
4“ Velar p ela fiel ex e cu çã o das leis e das d elib era ções d o In stitu to , p elo q u e

5 2 B rasil, A n a i s d o S e n a d o , S es sã o d e 5 d e j u n h o d e 1851, p, 6 7 -8 0 .
53 I d e m .

•àl 35
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

c o n c e r n e ao exercício e d ig n id a d e da ad vocacia e da p rocu ra d o ria judicial,


m a n u te n ç ã o e defesa d e suas prerrogativas, e m proveito geral d o p aís e da ciência
da jurisp ru dência.
5“ A plicar as m ed id a s disciplinares au torizadas p ela lei e reg u la m en to s do
gov ern o , a saber: a lé m d e quaisquer outras, a advertência, a repreensão, e bem
a ssim o in te r d ito geral o u lo c a l, e a e x p u ls ã o da o r d e m o u da classe d o s
p rocu rad ores jud iciais, p reced en d o n estes d ois ú ltim o s ca so s deliberação d o
In stitu to e m sessã o para esse fim con vocad a, e d a n d o recurso su sp e n siv o para a
relação d o distrito^'*.
A tran scrição é ex ten sa m a s p ertin en te, já q u e h o je e m dia nas fontes
d isp o n ív e is n o lA B n ã o h á qualquer m e n ç ã o a esse d o c u m e n to , q u e recebeu a
a p rovação d o S en ad o e c h e g o u ser e x a m in a d o na A ssem b léia Geral d o Im p ério
(P r o je to n® 4 5 , d e 1 8 5 1 ). D a sua le itu r a d e p r e e n d e - s e q u e o s se n a d o r e s,
a rd ilosa m en te, h aviam in viab ilizado qualquer tentativa d e fo rta lec im en to da
co r p o r a çã o , p u lv e r iz a n d o o seu p o d e r a sso c ia tiv o , p o r m e io da criaçã o de
p e q u e n o s in stitu to s, o rg a n iza d o s d e fo rm a a u tô n o m a , sem q u alq u er v ín c u lo
c o m a Casa d e M on tezu m a .
O t e x t o a p r o v a d o p e l o s s e n a d o r e s esta v a l o n g e d e c o n t e m p l a r as
p reten sõ es da a sso c ia çã o d o R io d e Jan eiro.T anto a ssim , q u e as atas d a s se ssõ es
d o lA B , relativas a o s ex ercício s d e 1852 e d e 18 53 , d ã o n o tíc ia diversas vezes
d o s tr a b a lh o s realizad os p o r su cessiv as c o m is s õ e s d e a sso c ia d o s, n a ten tativa
d e re to m a r a p r o p o sta p e n d e n te n a C âm ara, (...) oferecendo o q u e parecer
a p r o v e it á v e l e m h a r m o n ia c o m a C onstituição^^. M a s a o q u e p a r e c e tais
in ic ia tiv a s n ã o fo ra m b e m -s u c e d id a s . T u d o lev a a crer q u e o p r ó p r io In stitu to
d e v a ter ex e r c id o forte p ressã o n o p a r la m e n to , n o s e n t id o d e b lo q u e a r a
tra m ita çã o d o P rojeto, q u e fin a lm e n te a c a b o u releg a d o a u m p ro v id en cia l
e s q u e c im e n to .
E m 1865, n a gestã o de A g o stin h o M arques P erdigão M alheiro, o In stitu to
d o s A d v o g a d o s Brasileiros resolveu su b m eter a o g o v er n o im p eria l u m a n ova
R ep resen tação, c o m o ob jetivo d e alterar seus E statutos e tran sform ar-se na
O r d e m d o s A d v o g a d o s. A p resen tav a m c o m o ju stificativ a a n e c e ssid a d e de
r e g u la m e n ta r a p r o fissã o , t e n d o e m v is ta q u e ( ...) a d e s o r d e m d o foro , a
d esm oralização d o m e sm o e outros m ales nele en raiza do s ( o q u e tu d o é p ú b lic o e

54 Id e m .
5 5 Ver, d e n t r e o u t r a s , I A B ,“A ta d a se s sã o d e 13 d e m a i o d e 1 85 2 ”. R e v is ta d o I n s t i t u t o da O r d e m dos A d v o g a d o s
Brasileiros. R io d e J a n e i r o , a n o 1 . 1.1 , n " 3 jiü ., ag o ., set. d e 1862 , p p . 6 2 - 6 3 e 1 8 2 -8 3 .

36 •4B
V o k n iK ' 1 ü IAL5 c os Acfvogados n o I m p é r io

n otório), te m im p o rta d o a decadência, e q u e cum pre, a b em d a ju stiça , e x tirp a r


esses cancros, e elevar a profissão à altura qu e lhe c o m p e te ’^.
D esta feita, todavia, o s d irigentes d o lA B resolveram a d otar u m a outra
estratégia d e ação. E m vez d e d irigirem o p leito ao Legislativo, se rv ir a m -se de
u m atalho q u e lhes pareceu m ais con ven iente. M elhor d izen d o , m e n o s arriscado
d o q u e as sin u o sa s vias parlam entares. A ssim , o d o c u m e n to foi e n c a m in h a d o
d ireta m en te a o C o n se lh o d e Estado - o cérebro d a m o n a rq u ia n a ex p ressã o de
Joaq uim N a b u c o , o ó rg ã o d e a c o n se lh a m e n to d o m o n a r ca , en ca rreg ad o de
elaborar e form ar pareceres a respeito d e q u e stõ e s técnicas, sob re as quais o
g o v ern o devia d ecid ir e atuar c o m o tribunal ad m in istrativo.
A p etiçã o , a co m p a n h a d a das respectivas b ases para o e sta b ele cim e n to da
O r d e m d os A d v o g a d o s, deveria ser o b jeto de e x a m e d a S essão d e Justiça do
C o n se lh o d e E stad o, o n d e tin h a m a ssen to d iv er so s m e m b r o s d o In stitu to ,
in clusive o e x -p re sid e n te M o n tez u m a . Para relatar o p ro ce sso , foi d e sig n a d o o
con selheiro extraordinário José M artiniano de Alencar, ou tro a sso c ia d o da Casa.
A dem anda parecia b e m encaminhada, por assim dizer. Sobretudo porque já se
conhecia, de longa data, a opinião do conselheiro-relator. Em 24 de outubro de 1857,
na primeira página d o D iário do Rio à e Janeiro, Alencar manifestara-se a respeito das
intenções d o Instituto: (...) há mais de oito anos ou d ez anos que essa associação espera
u m a lei que constitua aquela corporação em uma ordem como existe na França; e até
hoje não se deu nenhum passo nesse sentido. Mais adiante, n o m esm o artigo, reivindicaria
o m ecenato do im perador D. Pedro II para o grêm io dos advogados, a exem plo do
patrocínio que Sua Majestade costumava dispensar a u m outro im portante reduto
intelectual da Corte, o Instituto Histórico e Geográfico BrasUeiro^^.
N o dia seguinte, n o m e s m o jornal, Alencar retom aria o assunto, explicando
as razões da v e e m e n te defesa q u e apresentara e m favor d o lAB:

( ...) T r a ta m o s o n te m d o I n s tit u to d o s A d v o g a d o s e f i z e m o s a lg u m a s
considerações a respeito d a pou ca proteção qu e lhe tem d a d o o governo. (...)
O p rim eiro q u e colheria as vantagens dessa instituição seria o p ró p rio governo,
qu e teria u m corpo d e h o m en s práticos e en ten d id os a q u em consultasse nas
reformas im portantes da legislação, dispensando essas comissões onerosas para
0 tesouro p ú blico, e q u e são senão verdadeiras sinecuras.

5 6 I d e m , s e s s ã o d e 18 d e m a i o d e 186 5, p p . 1 9 1-9 2 .
5 7 D iá r io d o R io d e Ja n eiro , n ° 2 90. R io d e J a n e i r o , 2 4 d e o u t u b r o d e 1857, p . 1.
58 D iá r io d o R io d e ja n e ir o , n " 2 9 1 . R io d e J a n e i r o , 2 5 d e o u t u b r o d e 1857, p . 1.

37
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ hiisíQáa-da.
Ordem dos Advogados do Brasil

A justificativa d e A lencar con stitui u m a pista im p ortan te para com p reen der
o seu parecer n o C o n se lh o d e Estado, e m itid o e m 20 de o u tu b r o d e 1865:

(...) S em d ú v id a é d e urgente n ecessidade a o rg a n iza ç ã o d a O rd e m dos


A d v o g a d o s no Brasil. M a s eu en te n d o q u e esta m a té r ia n ã o se resu m e
u n ic a m e n te n a cria çã o d e u m conselho a d m in is tr a tiv o , e e m a lg u m a s
disposições relativas às pessoas q u e p o d e m exercer a advo ca cia e procu rad oria
ju d icial. E m m in h a opinião, (...), ép reciso escrever d e u m a ve z o capítu lo da
nossa O rgan ização Judiciária^ relativo a procuradores e advogados^ convém
co m p reen der o q u e existe, reviver o bo m q u e caducou sem razão, e revogar o
m a u qu e a in d a subsiste p ela rotina. Em u m a p a la v ra d e v e m -se consignar os
d ireito s e obrigações dos a d vogados e procuradores em relação às p a rte s e aos
ju izes; d eve-se regular o exercício desses m isteres d e co n fo rm id a d e com as
idéias atu ais. Este projeto é que devia elaborar o In stitu to d os A dv og a d os
para sob re ele fazer obra o G overn o; solicitando ao Legislativo as m e d id a s
q u e n ã o estivessem em sua competência^"^.(o d esta q u e é n o s s o ).

O bacharel, político e escritor José M artiniano de Alencar sinalizava para u m


outro m o d o d e encam inhar a questão. N o seu p on to d e vista, o primeiro passo a ser
dado era prom over a Organização Judiáária, u m a vez que percebia a regulamentação
d o exercício da profissão d e advogado c o m o u m desdobram ento natural da matéria.
Entretanto, deixa\^ claro que qualquer iniciati\% dessa envergadura era de com petência
exclusiva d o Estado e não d o Instituto. Este, en q uan to associação d e classe, q uan do
m u ito, poderia colaborar c o m o governo oferecendo subsídios para tal.
N u m p rim eiro m o m e n to , p o d e r-se-ia aventar a h ip ó te s e d e q u e A lencar
caíra e m con tra d içã o . A final, a p en a d o co n se lh e ir o ex tr a o rd in á r io parecia
ch o ca r -se c o m a d o co m b a tiv o jornalista, q u e a lg u n s a n o s antes reclam ava do
g o v e r n o im p e ria l m a io r a ten çã o para o g r ê m io d o s b ach a réis. T od avia, a
p rem issa n ã o se sustenta, à m ed id a q u e se analisa a p erfo r m a n ce d e h o m e m
p ú b lic o d o co n sa gra d o rom an cista.
Bacharel e m D ireito, a p ó s con cluir o curso na cid a d e d e São P au lo (1 8 5 0 ),
José M a r tin ia n o d e A len ca r tra n sfe riu -se para o R io d e Janeiro, exerceu a
advocacia e ta m b ém se d edicou ao m agistério, dando aulas d e D ireito Com ercial.
Graças à sua am izad e c o m im portantes lideranças d o Partido C onservador, c o m o
E u zébio d e Q u eiro z e N a b u co d e Araújo, a lc a n ç o u o p o sto d e ch efe e co n su lto r

59 B rasil, Im p e r ia is reso lu çõ e s.y . I I , p . 1259.

38
V o lu m e I (,) lA B os A d v o g a d o s n o I m p c i io

da Secretaria d e Estado d o s N e g ó c io s da Justiça. E m 1860, e le g e u -se d ep u ta d o


p ela p r o v ín c ia d o C eará, su a terra n atal, t e n d o o m a n d a to r e n o v a d o p o r
sucessivas vezes. N a p olítica, além da atuação parlam entar, p u b lic o u diversos
en saios, a e x e m p lo das C artas d e Erasmo, e m q u e d iscu tia d e m o d o ir ô n ico a
q u e stã o da represen tativid ade e o sistem a eleitoral d o Im pério.
In te g r a n te da b a n c a d a d o P artid o C o n se r v a d o r n a C â m a r a , A len ca r
m o stra v a -se a fm a d o c o m as diretrizes da p olítica centralizadora d efen d id a e
p o sta e m prática p elo s representantes daquele partido n o s gabinetes m inisteriais.
A prova d isto é q u e n o p erío d o e m q u e esteve à frente da p asta da Justiça (1 8 6 8 -
1870), p r o m o v e u diversas alterações na estrutura e f u n c io n a m e n to da P olícia e
d o Judiciário, co e re n te c o m os arg u m en to s ex p o sto s n o parecer ap resen tad o ao
C o n se lh o d e Estado'^".
D e qualq uer m o d o , o v o to d e A len car foi a c o m p a n h a d o p o r seus pares
se m qualq uer ob jeção. A Sessão d e Justiça d o C o n se lh o d e E stad o ju lg o u o
p r o j e t o d o I n s t it u t o defic ie n te . N o v e r e d ic to fin a l, o s c o n s e lh e ir o s a in d a
a p r o v e ita r a m a o p o r t u n id a d e para p assar u m a r e p r im e n d a n o In stitu to ,
a s s in a la n d o q u e q u a is q u e r o u tr a s p e t iç õ e s d o g ê n e r o n ã o d e v e r ia m ser
s u b m e t id a s a o C o n s e lh o , m a s sim à a p r e c ia ç ã o da A s s e m b lé ia G eral d o
Império^L
A d ecisã o d o C o n se lh o d e Estado, en tretan to, n ã o parece ter esm o r e c id o
as asp ira çõ es d o lA B. D e c o r r id o s a lgu n s m ese s, e m 1866, p o r in iciativ a d o
associad o, o se n a d o r José T h o m a s N a b u co d e Araújo, en tã o m in istr o da Justiça,
m ais u m a p ro p o sta para a criação da O rdem fo i en ca m in h a d a a o Legislativo.
O projeto d o m inistro fundam entava-se nas recom endações d o parecer de
José de Alencar. Tencionava prom over a organização da entidade d e classe c o m o
providência conexa à reforma judiciária. Retomava, tam bém , a idéia d e descentralizar
a atuação da O rd em , p o r m eio d o estabelecim ento d e filiais nas cidades on d e
existissem tribunais d e Relação. C ontudo, N ab u co de Araújo n ão foi b em -su ced id o
e m a m b o s os pleitos, c o m o registra seu filho e biógrafo Joaquim Nabuco^^.
A b a n d eira d o esta b e le c im e n to da O rd em só voltaria a ser agitada n o
In stitu to n o in íc io d a d é c a d a d e 18 80 . N e sta o c a s iã o d o is a s s o c ia d o s , o s
d ep u ta d o s S aldan ha M a r in h o e Batista Pereira apresentaram a o L egislativo o
Projeto n ° 9 5, d e 1 8 8 0 .0 p rim eiro, inclusive, v in h a ex ercen d o a p resid ên cia d o

6 0 Cf- M a x F le iü s s , H is tó r ia a d m in is tr a ti v a do Brasil, o p . cit., p p . 3 0 1 -0 3 .


61 B ra s ü , I m p e r ia is resoluções, v, II, p . 1259.
6 2 C f. J o a q u i m N a b u c o , o p . cit., v.I, p. 642.

39
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

lA B d esd e 1873. P orém , apesar d o s esforços q u e em p re en d e u ju n to à A ssem bléia


Geral d o Im p ério , a tentativa ta m b ém n ão lo g r o u êxito.
A in d a n a g e s tã o d e S a ld a n h a M a r in h o , h o u v e d u a s a lt e r a ç õ e s n o s
d ip lo m a s d o lA B. A p r im eira , a p ro v a d a p e lo D e c r e to n® 7 .8 3 6 , d e 28 d e
s e te m b r o d e 1 8 8 0 , dava n o v o s es ta tu to s a o g r ê m io . E m lin h a s gerais, os
o b je tiv o s fo ra m m a n t id o s (...) o f im d o I n s titu to é o r g a n iz a r a o rd e m dos
a d vo g a d o s e o estu d o d o d ire ito e d a ju risp ru d ê n c ia em geral, a m p lia n d o -s e a
p arte relativa à estru tu ra e f u n c io n a m e n to , s o b r e tu d o n o q u e d iz resp eito ao
C o n s e lh o D iscip lin ar.
A g ra n d e n o v id a d e co n sis tia n as c o n d iç õ e s d e a d m is s ã o a o grêm io ,
doravante, os candidatos além d os b o n s costu m es e d e com p rovar prática forense
p o r n o m ín im o três a n o s con secu tiv os, su b m e te n d o -se ta m b é m a u m a espécie
d e ex a m e d e p ro ficiên cia acad êm ica, já q u e deveria (...) escrever e apresentar
m e m ó ria ou m onografia sobre qu alquer p o n to d e ju risp ru d ên cia , com preendido
no pro g ram a p a ra tal f im p re v ia m e n te organizado p ela com issão d e jurisprudência,
e a p ro v a d o p elo conselho disciplinar^^. V oltarem os ao assu n to , m ais adiante, no
q uarto cap ítulo d este trabalho.
A se g u n d a m o d ific a ç ã o o co rreu e m 27 d e setem b ro d e 1888, q u a n d o o
C o n se lh o D ire to r p r o m o v e u a reform a d o R eg u lam en to In tern o. A partir daí o
g r ê m io p a sso u a se ch am ar oficia lm e n te In stitu to da O r d e m d o s A d v og a d os
Brasileiros (lO A B ). A pesar de alterada a d e n o m in a ç ã o , logo n o artigo 1^, do
ca p ítu lo I d aq u ele d o c u m e n to , n o qual estã o d isp ostas as finalidad es d o órgão,
p a ra d o x a lm e n te lê -se que:

(...) O In stitu to d a O rd e m dos A d v o g a d o s Brasileiros, d e fin itiv a m e n te


con stitu íd o e m 7 d e agosto d e 1843 e in stalado u m m ês depois nesta Corte, é
u m a associação d e advogados legalm ente g ra d u a d o s em direito (...) e tem
p o r objeto: 1 ) 0 estu do do direito, na su a h istória, no seu m a is am p lo
desen volvim ento, nas suas aplicações p rá tic a s e co m paração com os diversos
ra m o s d a legislação estrangeira. 2). A assistência judiciária^*.

O n o v o R eg u lam en to, portanto, era o m is s o n o q u e se referia às aspirações


corporativas d o órgão. N e m fazia qualquer referência à a u to -re g u la m e n ta çã o
d o exercício da profissão. O que p o d e até parecer u m retrocesso, q u a n d o se

6 3 B rasii, A c to s d o p o d e r e x ecu tivo . R io d e J a n e iro : I m p r e n s a N a c i o n a l. 1 8 8 0 , p p , 5 9 1 -9 9 .


6 4 lO A B , R e g u la m e tito do [ n s titu lo d a O r d e m dos A d v o g a d o s. 188 8 , a r t . 1°.

40 9àM
V o lu m e 1 O lA B c os A d v o g a d o s n o Im p é r io

co m p a ra c o m o d isp o sto n o s Estatutos de 1843 e m e s m o c o m o s d e 1880^ \


S o b r etu d o se a ten ta rm o s para o fato d e que m eses antes da sua a p rovação pela
assem b léia dos só c io s m ais u m a d en ú n cia chegara c o m estrép ito à assem bléia
d o s só c io s, na sessã o d e 13 d e m a io de 1888, in c r im in a n d o a lg u n s ad v og ad os
q u e estariam a ssin a n d o p etiçõ e s para su p o sto s p rocu rad ores, in d iv íd u o s quase
an alfabetos q u e in festam oforo^^.
N ã o v e m ao caso ap rofun dar a d iscu ssã o a respeito das causas d o m a log ro
d as sucessivas g estõ e s in tentad as p elo In stitu to a p r o p ó sito de estab elecer a
O r d e m d o s A d vo ga d o s d u ra n te o p erío d o im perial. Entretanto, cabe assinalar
q u e as o p in iõ e s d o s es tu d io so s divergem sobre essa q uestão. Joaquim N a b u co ,
n a obra U m esta dista d o Im pério, justifican d o o in su c esso d o projeto preparado
p o r seu pai - o sen ad or N a b u co de Araújo, afirm a q u e teria p reva lecid o no
g r ê m io (...) o esp írito d e inércia, d esâ n im o e a p a tia , q u e in u tiliz a as nossas
associações todas e não consente às qu e d u ra m senão u m a v id a intermitente^'^. O
q u e e m ou tras palavras sign ifica dizer q u e o co r p o social d o In stitu to carecia de
força e d e co e sã o interna, para atuar c o m o u m g ru p o d e p ressão e exigir d o
g o v er n o o es ta b e le c im e n to da O rdem .
Já E d m u n d o C a m p o s C o elh o , em livro recente. A s profissões im periais:
m edicina, en genharia e advocacia no Rio d e Janeiro, ex a m in a o p ro b lem a sob
o u tr o ân gu lo. N o seu en ten der, é razoável su p o r q u e a ex istên cia da O r d e m não
interessava ju sta m e n te a o s só c io s m ais em in en tes, aq ueles cujas carreiras foram
m e n o s d ed icad as ao exercício da advocacia.
V in d o s da m agistratura o u da p residência d e provín cias, n o S en a d o o u
em trân sito para o S en a d o , n o C o n se lh o d e E stado o u e m trân sito para o
C o n s e lh o , c u m p r in d o u m a tra jetó ria n a q u a l o e s c r it ó r io d e a d v o c a c ia
fre q ü en te m e n te era ap en a s o p o n to d e partida o u a estação o n d e trocavam de
destino, q u a n d o n ão era a fon te de renda que os sustentava na alta adm inistração,
n ã o h averiam d e ter forte id en tificação c o m ela. E m o u tr o s, o esp írito liberal
censuraria o caráter c o m p u ls ó r io d e filiação a u m a O rd em , e aos m a is versados
na h istória da m atriz francesa desgostaria a perspectiva d e rep rod u zir n o Brasil
a tirania d o “b â to n n ie r ”.

65 C o m o já se v i u a n t e r i o r m e n t e , o s E s ta tu to s d e 1843 d i s p u n h a m q u e a f in a lid a d e d o I n s t i t u t o e r a (...)


o rg iu iizíir a o r d e m tios a d vo g aiios, e m p r o v e ito da ciên cia tia ju r is p r u d ê n c ia . C o t e j a n d o a i n d a o s d o i s
d i p l o m a s le g a is , p e r c e b e - s e q u e t a m b é m f o r a s u p r i m i d o o c a r á t e r b e n e f ic e n t e d o I n s t i t u t o ,
6 6 IA B ,“A t a d a s es sã o d e 13 d e m a i o d e 1 8 88 ”. R e v is ta d o I n s tit u to da O r d e m dos A d v o g a d o s B rasileiros, o p .c i t.,
t. IX . p . 167.
6 7 C f. l o a q u i m N a b u c o , o p , cit-, p . 1017.

•àM 41
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

S e g u in d o esta lin h a de raciocínio, C a m p o s C o e lh o d ed u z, ainda, q u e o


g o v er n o im perial d ificilm e n te estaria d isp o sto (...) a conceder aos advogados a
a u to n o m ia co rporativa q u e reivindicavam , vencendo a desconfiança q u e sem pre
n u trira p ela s associações civis e a b dican d o d a p a te rn a l a u to rid a d e q u e m a n tin h a
todas elas dependentes d e suas graças^^.
A essas prem issas p o d e ría m o s acrescentar m ais u m co m p lic a d o r d e ord em
p olítica . A p olítica centralizadora d o s g ab inetes im p eriais, d o m in a n t e durante
q u ase t o d o o S e g u n d o R ein ad o, n ã o aceitaria abrir m ã o d e certas prerrogativas
d o Estado, d ele g a n d o a u m a en tid a d e d e classe p oderes para a u to -reg u la m en ta r
o ex ercício da profissão. O q u e exp lica o e m b le m á tic o v o t o d e José d e Alencar,
a p r o p ó sito da c o m p e tê n c ia para d efin ir d o s d ireito s e d as o b rig a ç õ es dos
a d vo ga d o s e procuradores: ao In stitu to d o s A d v o g a d o s caberia preparar u m
p rojeto (...) p a r a sobre ele fa z e r obra o Governo^'^.
N a prática, o s altos escalõ es da m on arq u ia p erceb iam a en tid a d e tal qual
u m ó rg ã o d e a ssesso ra m en to se m i-o ficia l, p or assim dizer. V ia m -n o c o m o u m a
esp é cie de in te rlo cu to r p rivilegiado, tim corpo d e h o m en s p rá tic o s e entendidos,
capazes d e subsidiar o governo n o âm bito da organização judiciária e e m m atéria
d e jurisp ru d ên cia. C o m m ais u m a van tagem , trab alh an d o gra cio sa m en te. O u
seja, d isp e n sa n d o as c o m iss õ e s (...) onerosas p a r a o tesouro pú blico, e q u e são
senão verda d eira s sinecuras, c o m o desejava José d e Alencar^®.

6 8 E d m u n d o C a m p o s C o e l h o , o p . cit., p p . 18 9 -90 .
6 9 B ra s il, im p e r ia is resoluções, o p , d t . , p. 1259.
7 0 D iá r io d o R io d e J a n e iro , n® 2 9 1 . R io d e J a n e i r o , 2 5 d e o u t u b r o d e 185 7, p . 1.

42 m àM
Volu n u .' 1 ( ) lA B o os A d v o g a d o s n o im p é r io

Tania Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira

CAPÍTULO II
Magistrados e bacharéis:
as novas necessidades de ascensão social

A participação d o s ad vo ga d o s brasileiros na vid a política tem sid o estudada


n o Brasil tan to p o r juristas q u a n to por historiadores, além d e in ú m er o s cientistas
s o c ia is , d e s d e o s é c u lo p a s s a d o . N o e n t a n t o , a p r o d u ç ã o h is t o r io g r á fic a
co n tem p o r â n e a foi responsável p o r n o v o s avanços, tanto e m n ível m e to d o ló g ic o
q u a n to teórico, q u e d e v e m p erm itir novas a p ro x im a çõ e s e a p ro fu n d a m e n to d e
e stu d o s q u a n to ao p a p e l d o s a d vo ga d o s, bacharéis e juristas, n ã o só na vida
p o lítica e social, m a s ta m b é m c o m o categoria so c io p r o fissio n a l.
A h istoriografia brasileira' in clui, além de obras q u e d iscu tira m q u estões
te ó r ic o -m e to d o ló g ic a s, outras q u e divergiram e m suas co n clu sõ e s. M aria Isaura
Pereira Q u eiro z, p o r e x e m p lo , v ê n o au m e n to d o n ú m e r o d e b ach aréis na vida
p o lítica e na b u rocracia brasileiras u m a ex ten sã o d o d o m ín io d o la tifú n d io,
se n d o p o rta n to o s b acharéis m an ten ed o res, n o s centros u rb a n o s, d os interesses
d o s se n h o re s rurais. D o o u tr o lad o, a im p o r ta n te obra d e R a im u n d o Faoro, que
t a m b é m analisa o fe n ô m e n o , a b o rd a -o c o m o expressão d e u m a b u rocra cia que
0 autor d e n o m in a v a estam entalizada:

(...) Sobre as classes qu e se a r m a m e se d ig la d ia m , d eb aixo d o jo g o político,


vela u m a c a m a d a político-social, o conhecido e te n a z estam ento, burocrático
nas suas expansões e nos seus longos dedos. Nação, povo, agricultura e comércio
obedecem a u m a tutela, senhora e d eten to ra d a soberania.^
1 V er J o s é M u r i l o d e C a r v a l h o . A c o n s tr u ç ã o d a O rd e m : a e lite poU tica im p e r ia l. B ra s ília : E d i t o r a d a U n B ,
1981 , p .1 2 9 ; T o b ia s M o n t e i r o . F u n c io n á r io s e D o u to res. R io d e J a n e ir o : F r a n c i s c o A lves, 1919; M a r ia
I s a u r a P e r e ir a d e Q u e i r o z . O m a n d o n is m o local na v i d a p o lític a b rasileira e o u tr o s ensaios. S ã o P a u lo :
A lf a - Ô m e g a , 197 6, p p . 1 8 5 -9 4 ; R a i m u n d o F a o r o . O s d o n o s d o p o d er. P o r t o A le g re : G l o b o , 197 6, 2 v ol.
2 R a i m u n d o F a o r o . O s d o n o s d o p o d e r , p. 387.

#Á # 43
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

U m a outra alternativa bibliográfica para estu dar o p apel d o s bacharéis é a


ob ra d e José M u rilo d e Carvalho. A integração e participação d os a d vo ga d o s na
vid a p olítica im perial é o b jeto d e seu s estu d o s so b re as elites brasileiras, visto
so b o a sp ec to p olítico-ju ríd ico.

“E m p rim e ir o lugar, q u a n d o fa la m o s a q u i d e elites, não nos referim os a


g ran des h om en s e a teorias que, à m o d a d e Carlyle, p ro c u ra m explicar os
acon tecim en tos em fu n çã o d e sua atuação. Falam os d e g ru p o s especiais de
elite, m a rcad os p o r características q u e os d istin g u em ta n to d a s m assas como
d e outros g ru p os d e elite. Em segundo lugar, e m n en h u m m o m e n to se dirá
q u e esse elem ento, p o r si só, p o d e d a r conta d a explicação d e fen ô m en o s tão
com plexos com o os q u e se referem à fo rm a ç ã o d o E stado N a cion al.(...)E m
terceiro lugar, o fa to d e se ser contra o m on o pó lio d a s decisões p o r gru pos
m in oritários, e creio qu e todos nós somos, não d e v e obscurecer o ou tro fa to de
qu e existem gru pos m inoritários qu e realm ente tê m influência decisiva em
certos acon tecim en tos (...). ^

O ob jetiv o fu n d a m en ta l d este cap ítulo é d efm ir u m perfil d o s ad vo ga d o s


brasileiros d esd e os m o m e n t o s iniciais da fu n d a ç ã o do In stitu to d o s A dvo ga d o s
B rasileiros até fins d o sé c u lo X IX . N e s te e s tu d o re v ela -se d e fu n d a m e n ta l
im p o r tâ n cia a an álise d o q u e represen tou ser a d v o g a d o n o Brasil n este p eríodo,
e ta m b é m d efin ir a co n so lid a ç ã o desta categoria so c io p r o fissio n a l. D esd e o
p erío d o colonial o grande celeiro d e form ação d e ad vo ga d o s oriu n d o s d o Brasil
era a Universidade d e Coim bra, em Portugal. N o entanto, depois da Independência,
c o m a fun dação d os Cursos Jurídicos n o Brasil e m 1827, o s estudantes brasileiros
passaram a cursar as escolas de D ireito criadas prim eiro e m O lind a - depois
transferida para Recife - e na cidade de São Paulo.
O es tu d o desta categoria so cio p ro fissio n a l associa recursos da biografia
coletiva, ta m b ém ch am ada d e p rosop ografia, a partir d e fo n tes diversas c o m o
in v e n tá r io s , t e s t a m e n t o s , v erb a s t e s t a m e n t á r ia s e e s c r itu r a s , q u e fo r a m
localizados n o A rquivo N acional, além d e d o c u m e n to s co m p u lsa d o s n o Instituto
H istó r ico e G eo g rá fico Brasileiro, na B iblioteca N a cio n a l e na b ib lioteca do
In stitu to da O rd em d os A dvogad os d o Brasil, n o R io d e Janeiro. A prosop ografia
revela-se u m in stru m e n to im p o r ta n te para analisar u m g ru p o representativo
da elite ad m in istrativa e p o lítica brasileira n o sé cu lo X IX , e n o s in íc io s d o XX,

3 Jo sé M u r i l o d e C a r v a lh o , o p . cit., p p . 2 0 -2 1

44 •á l
V o lu m e 1 O lA B 0 os Aflv()gi.iclc)S n o I m p c r io

p e r m itin d o a s is te m a tiz a ç ã o de d a d o s sob re a d istr ib u iç ã o de b en s,


co n c e n tr a ç ã o d e riq u eza s, e, p o r o u tr e la d o, o s n íveis e g ên er o s d e v id a d en tro
da d in â m ic a so c ia l, cr itér io s esses m u ito im p o r ta n te s p ara c o n t r ib u iç ã o à
a n á lise so c io p r o fissio n a l.
C o m o p o n to de partida para o levan tam en to biobibliográfico, o A lm a n a q u e
Laem mert* foi im portan te. Esta publicação co n tém in fo rm a çõ es adm inistrativas,
m ercantis e industriais da C o rte e da Província do R io de Janeiro. Revela ta m b ém
a relação n o m in a l d o s a d v o g a d o s d o R io d e Janeiro d iv u lg a n d o seu s respectivos
e n d e r e ç o s e referên cias sim b ó lic a s c o m o títu lo s e graças h o n o r ífic a s. E sses
in dicad ores p ro fissio n a is se torn aram u m a fo n te d e in fo r m a ç ã o básica para
c o n h e c im e n t o d e in d iv íd u o s q ue, o u eram a p en a s b a c h a r é is e m C iên cia s
Jurídicas, o u efetiv a m en te exerciam suas fu n çõ e s c o m o a d v og ad os na capital
d o Im p ério. A p ub licação p e lo A lm a n a qu etx a. m u ito prestigiosa, e m e s m o q u e
o in d iv íd u o n ã o exercesse a profissão, m a n tin h a se u n o m e n a lista. M u ita s v ezes
a o lad o d e a lgu n s n o m e s p u b lica d o s v in h a a m e n ç ã o - n ã o advoga o que
co n figu ra a relevância social d e ser citad o na revista.
E m seg u id a foi feito u m le v a n ta m e n to e m d icio n á rio s biobibliográficos^
in co r p o r a n d o ab ordagens q u e a historiadora A d elin e D a u m a rd u tiliz o u e m seus
livros para estu dar diversos g ru p o s sociais:

O p r im e ir o p a sso tem p o r objetivo fa ze r u m a a n á lise concreta d a s condições


m a teria is e d a posição dos h o m em , ao m esm o tem po no seio do g ru p o social
e no con ju nto d a sociedade (a o q u a l se p re n d e esse g ru p o ). Para começar,
trata-se, p o is d e estu d a r in d ivíd u o s fu n d id o s na m e sm a m assa e considerados
com o m e m b ro s d e u m a coletividade. O m elhor m é to d o p a r a d ep ree n d e r os
caracteres gerais d a estru tu ra social consiste em te n ta r to do s os critérios
p o s s ív e is d e classificaçã o e re a g r u p a m e n to d e in d iv íd u o s , na m e d id a ,
n a tu ralm en te, em q u e as fo n tes p e r m ite m . A ssim , a repetição d o s in d ivíd u o s
d o g r u p o d e referência p o d e se f a z e r d ife re n te m e n te se g u n d o o critério
escolhido: n ível d e fo rtu n a s ou dos bens, m o n ta n te do a lu guel o u n ú m ero de
c o m p a rtim e n to s d a residência, to m a d a s com o sím b olo s d o n íve l d e vida,

4 A i m a n a q u e L a e m m e r t , A d m in i s t r a t iv o , M e r c a n til e In d u s tr ia l d a C o r te e d a P r o v ín c ia d o R io d e Janeiro. R io
d e J a n e ir o ; L a e m m e r t , 1 8 60 e 1880.
5 O s d ic io n á r i o s m a is u t i liz a d o s f o r a m : A u g u s t o V ito r i n o S a c r a m e n t o Blake. D ic io n á rio Bibliográfico Brasileiro.
R io d e J a n e ir o : I m p r e n s a N a c i o n a l, 1902, 7 v o l.; A lf r e d o B a l th a z a r S ilv e ira . M e m ó r i a h is tó r ic a d e sua
fu n d a ç ã o e d e s u a vid a ( I n s t i t u t o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s B r a s ile ir o s ) . R io d e J a n e ir o : s /e . 1944; S p e n c e r
V a m p r é . M e m ó r ia s p a r a a H is tó r ia d a A c a d e m ia d e São P aulo. S ã o P a u lo : S a r a iv a , 1924; Jo sé L u iz d e
A lm e id a N o g u e i r a . A A c a d e m ia d e S ã o P a ulo: tradições e rem in iscê n cia s. S ã o P a u lo : S a r a iv a . 1977.

màM 45
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

im p ortâ n cia d a dom esticidade, nível d e instrução ou d e cultura, características


das responsabilidades exercidas na v id a profissional ou p o r ocasião d e funções
gratuitas.^

O s a d v o g a d o s e b a c h a r é is, c o m o u m a p a rce la s ig n if ic a tiv a d as cla sses


d o m in a n t e s , t in h a m su a im p o r t â n c ia e x p r e ssa p o r m e i o d e s e u g r a u d e
r iq u e z a , d e s u a s p o s s ib ilid a d e s d e g a n h o s , d e in v e s t im e n t o s o u d e q u a is ­
q u e r s í m b o l o s d e r iq u ez a . Para e s te e s t u d o t a m b é m c o n s i d e r a m o s suas
p r o p r ie d a d e s u r b a n a s , t o d o s o s b e n s m a t e r ia i s d e s c r i t o s n o c a p ít u l o
s e g u in t e e o s c a r g o s p o lít ic o - b u r o c r á t ic o s o c u p a d o s p e lo g r u p o . O u tr o s
d a d o s r e le v a n te s fo r a m as o r ig e n s f a m ilia r e s d o s a d v o g a d o s e b a c h a r é is e
o s e l o s s o c ia is e e c o n ô m i c o s q u e m u it a s v e z e s s e c o n c e n t r a v a m n e ste s
g r u p o s p r iv i le g ia d o s , c o n t r o la d o r e s d e c a p it a is e c o m p r o p r ie d a d e s ru rais
e u r b a n a s.
N o entanto, o recrutam ento destes profissionais n ão se dava originariam ente
apenas nestas cam adas privilegiadas, fazend o-se p ossível e m cam adas m édias, o u
seja, entre fam ílias d e profissionais liberais, p eq u e n o s e m é d io s com erciantes,
an tig os fu n cion á rio s p ú b licos que, m e s m o n ã o s e n d o g ra n d es proprietários,
p o d ia m arcar c o m o s gastos relativos a u m cu rso u niversitário para as gerações
s e g u in te s. Para G e o r g e s D u b y , e s tu d a r a fo r m a ç ã o d a s o c ie d a d e e d efin ir
características da atuação so cio p ro fissio n a l d e a lgu m as categorias e x ig e m u m
esfo r ço m ultifacetad o.

O h istoriad or d everá p re sta r atenção p a rticu la r a essas pessoas que, p o r sua


situ a çã o profissional, se en co n tra m colocadas n a f r e n te d o c o m b a te e q u e se
revela m os p rin cip a is agentes d a s forças d e conservação, d e resistência ou de
conquista, os artesãos dos a ju sta m en to s necessários. T rata-se ig u a lm en te de
tod os aqueles q u e se f a z e m p o rta -v o z e s d e u m a categoria social d a q u a l
f r e q ü e n te m e n te n ã o p r e v ê e m , seja p o r d e te r m in a d a s fru stra ç õ e s q u e o
co n d u zira m a ro m p e r com o g ru p o d o q u a l se orig in aram , a ab an doná-lo,
a ta cá-lo , a se a p o ia r na sua lu ta em o u tro s corpos sociais n a tu ra lm e n te
an tagônicos e a fo rtific a r as posições ideológicas destes p e la co m p lem en ta çã o
d e su a experiência e d e seu saber, seja porque, trânsfugas d e sua p ró p ria classe,
se sensibilizaram p ela s vantagens d e u m a carreira, com o é o caso d e inúm eros

6 A d e li n e D a u m a r d . H is to ir e E c o n o m iq u e e tS o c i a le d e l a France. P aris: P re s se s U n iv e r s it a ir e s d e F r a n c e , 1975,


t . I II, v o l, 2. p a s s im .________________________________________________________________________________________

46 #àm
V o lu m e I O l A l i (' os ArK'o^aclos n o lin p é t io

intelectuais q u e as ca m a d a s dirigentes colocam a seu serviço e q u e se to rn a m


seus lacaios.^

As tentativas d e interpretar e co m p re en d e r a p articipação na vid a p olítica


b ra sileir a d e a d v o g a d o s , m a g is tr a d o s e b a ch a réis t o r n a r a m - s e tarefas de
r e sp on sa b ilid a d e d e vários estu d io so s q u e se d eb ru çaram so b re o tem a, c o m o
foi m e n c io n a d o a n teriorm en te. N o en ta n to, estas in d agações n ã o são recentes.
E m a lg u n s au tores d o sé cu lo X IX , c o m o Joaquim N a b u co , a tem ática ta m b ém
era analisada e vista so b o â n g u lo ju ríd ico -p o lítico . N a rra n d o o p a p e l d e seu pai
c o m o p o lític o respeitável d o Im pério, definia:

A p ro p o sta d e 1866 é baseada sobre o espirito d e expansão, d e liberalism o da


época; é fe ita p a ra satisfazer as aspirações d e u m a nova situação liberal; m as
ain da no seu sistem a d e proteger e garan tir a liberdade in d iv id u a l sente-se o
caráter ju d ic ia l do seu autor, a experiência do m inistro antigo m agistrado, que
p en sa qu e não é s ó o indivíduo, m as ta m b ém a sociedade qu e carece d e defesa,
a mescla d e liberalismo e autoritarism o, d e concessão ao espírito d em ocrático e
robustecim ento do elemento conservador, d e coesão social, característico d e todas
as reform as d e N abuco, on de o in d ivídu o não se interessa senão p elo que
pessoalm ente lhe concerne; a liberdade individual só p o d e ser protegida to m a d o -
se em p o n to d e honra d e u m a magistratura escolhida e su periorm en te educada,
criando-se p o r outra, u m a aristocracia d e juizes. N a bu co tinha essa intuição,
p o r isso nunca acreditou e m reform a ju diciá ria q u e não assentasse sobre a
elevação intelectual e social do magistrado: no fun do, ele estava certo qu e toda
reform a era u m a qu im era, q u e só u m p o d er absoluto, fa ze n d o num erosas
experiências, criando tipos diferente em cada zon a do país, ab rin do m ã o da
uniform idade, p o d eria talvez m elhorar algum a coisa.^

O u tr o s a d vo g ad os e p essoas d e grande im p o rtâ n cia na história d o Im pério


h a viam p e n sa d o e trabalhado n a n ecessid a d e d e ord en ar e leg itim a r o exercício
da p rofissão. O m o m e n to m a is significativo desta ação d eu -se e m 7 d e setem b ro
d e 1843, q u a n d o o Im perial C o lé g io d e P edro II serv iu d e p a lco para u m a
so len id a d e singular, q u e reun iu as m a is expressivas p erso n a lid a d es da C o rte d o
R io d e Janeiro. D en tr e as au toridad es presentes, d esta ca v a m -se o s m in istro s
7 G e o r g e s D u b y . “ H is tó r ia s o c ia l e i d e o l o g i a d a s o c i e d a d e ”. In: J a c q u e s L e G o f f e P i e r r e N o r a ( d i r ) . H is tó r ia :
n o vo s p r o b le m a s . R io d e J a n e ir o ; F r a n c i s c o A lves, 1976. p p . 134 -3 5.
8 J o a q u i m N a b u c o . U m e s ta d ista d o I m p é r io . R io d e J a n e ir o : N o v a A g u illa r , p . 5 5 5 -5 6 .

•ál 47
_____________ História da.
O rdem dos Advogados do Brasil

H o n ó r io H e r m e to C arneiro Leão, da Justiça, Joaquim José R o d rigu es Torres,


da M arin h a e P a u lin o José Soares d e Souza, titular da pasta dos E strangeiros. A
cerim ôn ia, agendada para a data em b lem ática da passagem d o v ig é sim o prim eiro
aniversário da In depend ên cia, celebrava a instalação d o In stitu to d os A dvogad os
Brasileiros, q u e stã o tratada e m cap ítu lo anterior d esta obra.
D e a co rd o c o m seus Estatutos, a recém -criad a en tid a d e d estin a v a -se a (...)
o rga n iza r a o rd em dos advogados, em p roveito geral d a ciência d a ju r is p r u d ê n c ià \
O d iscu rso d e p o sse p ro n u n cia d o p o r Francisco G é de A caiab a e M o n tez u m a
con feria a o s a d v og ad os brasileiros u m a resp o n sa b ilid a d e m u ito significativa
na co n stru çã o da jo vem N ação. É dentro deste d iá log o q u e p rete n d em o s estudar
o p apel d o s a d v og ad os n o Brasil.

(...) A p rin cipa l reform a d evia ser a ju d iciária (1° d e ju n h o d e 1866), pode-se
d ize r m esm o qu e as outras são parte, com plem en to dela. A reform a corresponde
a três aspirações d e Nabuco: d e despertar e a lim en ta r a vocação d o M agistrado
d e e le v a r a m agistratura no Estado, d e cercar d e garan tias o cidadão.'^
J o a q u im N ab u co

(...) M u ita s fa m ília s, q u a n d o vira m q u e os bacharéis em direito era m em


d em a sia , co m eçara m a m a n d a r en sin ar en gen h aria aos fd h o s, a f a m ília
p re ca v id a não deve esperar qu e venha o excesso d e financeiros. A concorrência
j á é extraordin ária. A n tes a m edicina. A n te s a p r ó p r ia ju risp ru d ê n c ia . ''
M a c h a d o d e A ssis

(...) p o ssu in d o m u ito s bens, qu e lhe d a v a m p a r a v iv e r à fa rta , em pregava


u m a p a rtíc u la do tem p o em a dvogar o m enos q u e p o d ia - a pen a s o bastan te
p a r a ter o n o m e no p o r ta l do escritório e no A lm a n a q u e L aem m ert.
M a c h a d o d e A ssis

Tanto as cita ções de Joaquim N a b u c o q u a n to as d e M a c h a d o d e Assis que


a b ord a m a q u e stã o da fu n çã o d o ad vo g ad o e o f e n ô m e n o d o bacharelism o'^ o
9 lA B , R e v is ta d o I n s tit u to d o s A d v o g a d o s Brasileiros, 11 ( n ú m e r o e s p e c ia l): 8. 1977 . ( E d i ç ã o f a c - s i m il a r d a
R e v is ta d o I n s t i t u t o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s Brasileiros.)
10 J o a q u i m N a b u c o . U m esta d ista d o Im p é r io . R io d e J a n e i r o , N o v a A g u ilia r , 1975 , p p . 5 5 4 -5 5 .
11 Jo sé M a r i a M a c h a d o d e A ssis. O b r a C o m p le ta (la iá G o r d o J . R io d e J a n e ir o ; N o v a A g u ilia r , vo l. I, B ib lio te c a
L u s o - B r a s ii e ir a , 197 9, p p . 4 0 2 -0 3 .
12 M a c h a d o d e A ssis. R e líq u ia s d a C asa Velha. R io d e J a n e ir o : W .M . J a c k s o n , 195 7 , v. I, p . 3 27.
13 A lb e r t o V e n ã n c io F ilh o . D a s A r c a d a s ao B acharelism o. S ã o P au lo : P e rs p e c tiv a , s /d , p a s s im . V er t a m b é m T o b ias
M o n t e i r o . F u n á o n á r io s e D outores. I n tr o d u ç ã o . R io d e J a n e ir o : 1919, o p . c i t , A u r é lio W a n d e r B a s to s ( o r g .) .
O s C u rso s Jurídicos e as elites po lític a s brasileiras. B rasília: C â m a r a d o s D e p u t a d o s , 1978, I n t r o d u ç ã o , p . 11.

48
V o lu n it* 1 O lA B c os Advogciclos n o I m p é r io

fazem sob p rism as m em orialistas e literários, m as são fontes h istóricas d e grande


im p o rtâ n cia para qualquer estu d io so . A m b as a p resen tam -se c o m o testem u n h o s
relevantes para u m a p ercep çã o m a is am pla do p apel d o bacharel na so cied ad e
brasileira n o sé cu lo XIX.
A o r g a n iz a ç ã o b u r o c r á t ic a d o B ra sil C o lô n ia t in h a n e c e s s id a d e da
p a r t ic ip a ç ã o d e f u n c io n á r i o s q u e t iv e s s e m u m a in s t r u ç ã o e s p e c ia liz a d a ,
p r i n c i p a l m e n t e n o s s e to r e s li g a d o s a o a p a r e lh o j u d ic i á r io . P ara is t o a
U niversidade d e C o im b ra fornecia profissionais a d eq uad os a essas fun ções. A lém
disso, Portugal teve u m a política diversa da Espanha, n ão p erm itin d o a instalação
d e u n iv ersid a d es n a s co lô n ia s, o q u e a c e n tu o u o p a p e l d a U n iv ersid a d e d e
C oim bra na form ação d e ad vog a d o s e bacharéis q u e procuravam seguir carreira,
so b a ég id e das in stitu iç õ es ligadas ao Estado.
S o m e n te d ep o is da In d ep en d ên cia d o Brasil e d o s acirrados d eb a tes na
C âm ara, fic o u d efin id a a fu n d a ç ã o dos C ursos Jurídicos (1 8 2 7 ) e m São Paulo e
O lin d a , p o ssib ilita n d o a participação de u m m a io r n ú m e r o d e in teressa d o s em
se form ar bacharéis, p ossíveis d eten tores d e cargos nas in stitu iç õ es p o lític o -
jurídicas d o Im p ério . A transferência d o centro d e estu d o s p r o v o c o u , além das
tr a n s f o r m a ç õ e s n a e s tr u tu r a d o s c u r r íc u lo s , m o d if ic a ç õ e s n a f o r m a ç ã o
filosó fico-ju ríd ica d o s bacharéis, n o n ú m e r o d e fo rm a n d o s e, a lo n g o prazo, na
situ ação social d o s estu dan tes.
A m u d a n ç a co r re sp o n d eu a reform ulações na estrutura geral d o curso,
a lé m d e m o d ific a ç õ e s sugeridas p o r d ep u ta d o s, q u e estavam relacionad as ao
m o m e n t o p o lític o e à co n ju n tu ra an tip ortu gu esa. N o en ta n to , estas m u d a n ça s
ta m b é m foram m o tiv a d a s p elas deficiên cias d e e n sin o q u e já se criticava e m
C oim bra, te n ta n d o -se d iluir m u ito s d e seus m itos, a p o n ta n d o -se para co n d içõ e s
q u e eram fidas c o m o grandes entraves para fo rm açã o d e q u alid ad e, inclusive
p ro b lem a s n o calendário: “n e n h u m progresso nas letras, gran d e d ese stím u lo ,
u m p e q u e n o n ú m e r o d e dias letivos - oficia lm e n te 109 - , m a s na realidade
cerca d e 9 0 dias.”''*
M as a reação a C o im b r a n ã o im p e d iu o a p ro fu n d a m e n to das d iscu ssõ e s
so b re a im p o r tâ n cia da in stalação d o s C ursos Jurídicos n o Brasil, en fa tiz a n d o -
se a necessid ad e d e m u d a n ça s q u a n to aos tem as ligados ao asp ecto m eto d o ló g ic o
d o s cursos, e u m a m e lh o r d efin içã o q u a n to aos futuros p rofission ais. O s debates
a lo n g a ra m -se na tentativa d e resp o n d er se seria m ais im p o r ta n te na fo rm a ção
d o bacharel o e n sin o d e a sp ectos técn ico -p rático s o u o s teóricos. Tanto o S en ado

14 V er e m A u r é li o W , B a s to s , i d e m , ib id e m .

O Á I 49
_____________ Hif^tória da
Ordem dos Advogados do Brasil

q u a n to a C âm ara m o d ific a ra m vários p o n to s d o texto o rig in a l d o estatu to d o s


cu rsos p ro p o sto p e lo v isc o n d e d e C achoeira, e as n ovas regras c o n so lid a r a m -se
na Lei d e 11 d e a g osto d e 1827, data da criação d o s C u rsos Ju ríd icos n o Brasil.

Quadro 1
ESTUDANTES BRASILEIROS FO R M A D O S EM CO IM B RA

A nos D ire ito M e d ic in a M a te m á tic a F ilo so fia O u tro s T o ta l

o u T e o lo g ia a s s u n to s

1 7 7 6 -7 8 66 3 4 8 10 91

1 7 8 1 -8 5 49 1 2 4 4 60

1 7 8 6 -9 0 46 3 1 14 5 69

1 7 9 1 -9 5 35 4 2 9 3 53

1 7 6 9 -1 8 0 0 40 8 1 2 4 55

1 8 0 1 -0 5 30 4 3 1 1 39

1 8 0 6 -1 0 34 0 3 2 2 41

1 8 1 1 -1 5 9 1 0 0 0 10

1 8 1 6 -2 0 44 1 1 1 1 48

1 8 2 1 -2 5 101 6 3 1 4 115

1 8 2 6 -3 0 35 31 2 0 1 41

FONTE: A p u d B A R M A N , R . & B A R M A N , J. ‘T h e R o l e o f t h e L a w G r a d u a t e i n t h e P o l i t i c a l o f
I m p e r i a l B r a z i l ”, i n J o u r n a l c f I n t e r a m e r i c a n S t u d i e s , v o l . 1 8 , n® 4 , 1 9 7 6 , p . 4 2 8 .

O s a d v og ad os brasileiros passaram en tão a ter u m a fo rm açã o diferenciada,


a partir d e cu rrícu los atualizados às novas exigên cias d e u m a jo v em nação. U m a
das m u d a n ç a s p ro p o sta s e discutidas n o p len ário d a A ssem b léia C o n stitu in te
d e 1823 rejeitava o e n s in o do D ireito R o m a n o , q u e efe tiv a m e n te c h e g o u a ser
retirado d o cu rrícu lo a té 1854 quan do, a partir d e u m a reform a curricular, foi
n o v a m e n te in teg rad o ao ensino.'^ C o m todas estas tra n sfo rm a çõ es é inegável
q u e aq ueles o r iu n d o s d o s cursos ju ríd icos to rn a ra m -se fu n d a m en ta is para o
b o m fu n c io n a m e n to da estrutura p o lítico-ju ríd ica im perial. Q u er seja c o m o
m agistrados, d efin id o s aqui c o m o aqueles que, ap ó s a realização d o se u curso
ju ríd ico eram co o p ta d o s p ela m á q u in a burocrática im p erial, tan to ao n ível local
c o m o nacion al, e que ocu p avam cargos relevantes c o m o presidentes d e província,
15 V e r A lb e r t o V e n â n c i o F ilh o . D a s a rcadas ao ba ch a relism o . S ã o P a u lo : P e r s p e c tiv a s , 1 9 8 2 , p, 6 6 e E d u a r d o
S p ill e r P e n a . P a jen s d a casa im p e r ia l. C a m p i n a s / S ã o P a u lo : E d i t o r a d a U n i c a m p / C c n t r o d e P e s q u is a e m
H i s t ó r i a S o c ia l d a C u l t u r a . 2 0 0 1 , p . 35.____________________________________________________________________

50 9àM
V o lu m e 1 ( ) lAI-S c o s / \ ( i \ ( ) ” <iclo? n o I m p é r io

m inistros, senadores, d ep utados, quer c o m o bacharéis/advogados, o u seja, aqueles


q u e n ã o realizaram , p o r razões diversas, u m a circulação p rofissio n a l d en tro da
estrutura p o lítico -a d m in istra tiv a , m a s que exerceram ativid ades a d vocatícias
efe tiv a s o u a p e n a s fig u r a v a m c o m o a d v o g a d o s n a s lista s d o A l m a n a q u e
L aem m ert.
A d em a n d a pela esp ecificid a d e d e cada u m a destas fu n ç õ e s estava d efinida
na obra d e N a b u c o e n o s p erm ite estabelecer essa diferença: “N o m e io d e n o ssa s
d ivergên cias p o líticas [dizia ele n o prefácio d e seu tex to ] re su m e -se o aco rd o de
to d o s sobre as seg u in tes n ece ssid a d es”:

A efetiva in d e p e n d ê n c ia d o m agistrado.
2 ') A separação d a justiça e da política.
3") A restrição e a fó rm u la precisa da liberdade provisória.
4®) A ex te n sã o e a facilidade da liberdade provisória.
5®) A ju risd içã o d efin itiva d o s juizes v italícios e m to d a s as cau sas cíveis,
cr im in a is e com erciais.
6®) A ju risd içã o co rrecion al m a is o u m e n o s restrita.
7 “) A c o m p e tê n c ia d o júri e m to d a s as cau sas políticas.'^

É fácil perceber q u e o p ro b lem a estrutural da so c ied a d e brasileira n a ép o ca


n ã o era u n ic a m e n te u m a reform a n este nível, p o is s o m e n te isto n ã o perm itiria
o exercício da liberd ade, a solu çã o para a existên cia d e m o b ilid a d e so c ia l e a
cura das m azelas m a is gritantes, aí in cluíd a a q u estã o d a escravidão. M as d en tro
da ó tica d a é p o ca , a co n so lid a ç ã o dos gru p o s p rivileg ia d o s q u e v ia m n o serviço
d o Estado u m a possib ilid ade d e estabilidade, força política e prestígio, a proposta
d e N a b u c o d e A raújo, m en cio n a d a p o r seu filh o, p o d e ser en cara d a c o m o u m
im p o r ta n te a r g u m e n to d e d efesa d e d eter m in a d o s p r in c íp io s. O esp ír ito de
liberalism o d a ép oca , en ten d id o aqui c o m o a organização d e u m a o r d e m política
c o n stitu c io n a l q u e divergia b a sica m en te d e p rin cíp io s ab solutistas e q u e via na
q u e stã o da sob eran ia d o s p o v o s o fu n d a m e n to da le g itim a ç ã o d o E stado, era
u m d eles. A c o n c e p ç ã o d o lib era lism o difere aqui d o se u ideal clássico, p o is,
apesar da orig em p o lítica c o m u m , reinterpreta as teses d e exercício da liberdade,
da igu ald ad e natural en tre o s h o m e n s e a questão d a p rop riedad e.
P rincipalm ente d ep ois da o b tenção de sua in depend ên cia, a organização
p o lítico-ad m in istrativ a brasileira p recisou d e p rofission ais que m a n fiv essem ,

16 J o a q u i m N a b u c o . o p - c it., p . 555.

•4 1 51
_____________ História da.
Ordem dos Advogados do Brasil

a d e q u a d a m e n te , a estrutura d o p o d e r a ssen ta d a , s o b r e tu d o n a g ra n d e m assa


da p o p u la ç ã o q u e trabalhava, isto é, a p o p u la ç ã o escrava, que, n o en ta n to ,
n ã o estava in c lu íd a n o p r o c e sso p o lítico . A d o m in a ç ã o d a cla sse se n h o r ia l se
m a n t in h a co e sa m e s m o d e p o is da I n d e p e n d ê n c ia , e a in c ip ie n te p a rticip a çã o
p o lític a d o s g r u p o s u rb a n o s n ã o p ro v oca va m u d a n ç a s n o siste m a , q u e só se
alteraria a l o n g o p ra zo . C o m a d e c a d ê n c ia o c o r r id a n a s áreas d e g ra n d e
lavou ras, c o m o p o r e x e m p lo a R egião F lu m in e n se , o u q u e se d ese n v o lv e ra m
e m áreas h isto r ic a m e n te n o v a s, c o m o n o O este P aulista, in te n sific a r a m -se
m u d a n ç a s e c o n ô m ic a s q u e se refletirão n o c o m p o r t a m e n t o p o lític o . N e ste
c o n te x to , o s a d v o g a d o s representavam u m a parcela d o s p riv ileg ia d o s/letra d o s
q u e p o d ia m p reten d er u m a situ a çã o p o lític o -a d m in istr a tiv a está v el, c o m o
im p o r ta n te s rep resen ta n tes das classes d o m in a n te s.
N o caso brasileiro, a necessidade de profissionais c o m este perfil definiu-se n o
próprio Estado, com acordo tácito entre m em bros da sociedade civil, considerando-
se as necessidades burocráticas e a oferta deste tipo d e ocu p a ção profissional. Antes
da Independência, o s cargos políticos e burocráticos q u e exigiam u m a form ação
anterior eram, geralmente, ocupados p or m eio de indicações metropolitanas e alguns
d o s critérios considerados eram laços familiares e d e parentesco, c o m o tam b ém a
form ação coimbrã. Portanto, se partirmos da concepção d e q u e cada grupo social
cria para si cam adas de intelectuais que lhe dão h o m og en eid ad e e consciência da
própria função, terem os n o s advogados egressos dos cursos jurídicos nacionais um
b o m exem p lo de intelectual n ã o a u tôn o m o , m as u m a categoria especializada de
intelectual que n o cam p o social e político corresponde aos interesses de seu grupo.
Tornam -se ta m b ém organizadores de u m n ovo direito, d e acordo c o m as novas
necessidades criadas, a partir d o fim do d o m ín io português em 1822.
N o caso em questão, o s advogados da província flu m in en se, n o ta d a m en te
o s d o m u n ic íp io n eu tro da Corte, havia u m a n ítida ten d ên cia para atividades
esp e cific a m e n te burocráticas, associadas às atividades p o líticas, a lé m d e u m
co n ju n to d e características q u e ajudaram a definir o g ru p o d e form a h o m o g ên ea .
Se tiverm os p o r base o cen so realizado n o Brasil e m 1872 a p o p u laçã o livre era
form ada d e 8.4 9 0.91 0 habitantes, das quais so m en te o it o m il p essoas tinh am
educação superior, e desta parcela a m aioria tinha acesso o u fun ção na organização
d o Estado im perial. O s integrantes d o Instituto d o s A dv o ga d o s Brasileiros eram
p arte significativa na burocracia e na p olítica im p eriais, c o n fo r m e o quadro
17 A n t o n i o G r a m s c i. O s in te le c tu a is e a o rg a n iz a ç ã o d a cu ltu r a . R io d e J a n e ir o ; C iv iliz a ç ã o B r a s ile ir a , 1978,
p p . 3 -4 .
18 J o sé M u r i l o d e C a r v a lh o , o p .c it., p. 6 5.

52
V o lu m e 1 C) l A I ’. (' (X A f iv o ^ . id o s n o l m | ) r r i o

abaixo a relação d o s só c io s d o lA B c o m cargos p o litico eletivos, e m urn p erío d o


d e te m p o q u e vai d a década d e 1840 até a de 1880 fica configarada:

Quadro 2
SÓCIOS D O lAB EM CARGOS POLITICOS

DÉCADAS sócios D E P U T A D O S /S E N A D O R E S

1840 65 28

1850 145 56

1860 304 92

1870 402 117

1880 449 124

s. in d . 8 2

T o tal 457 126

F o n t e ; A p u d E d u a r d o S. P e n a . P a j e n s à a c a s a i m p e r i a l , p . 3 9

Outras am ostragens p o d e m reforçar a intensa participação socioprofissional


d o s a d v og a d os brasileiros na vida p olítica d o Im pério. C o m o base para esta
argum entação, utilizarem os algu m as listas de registro d e ad vo ga d o s residentes
n o R io d e Janeiro e q u e eram publicadas n o A lm a n a q u e Laem m ert'^. Para u m
c o n t r a p o n t o d e ste s n o m e s , a p r e s e n ta m o s u m reg istro raro q u e in d ic a o s
m e m b r o s efetiv o s d o In stitu to d o s A d v og a d os Brasileiros, se g u n d o a o r d e m de
a n tig u id a d e das respectivas m atrículas. F oi p u b lica d o n a R evista d o In stitu to d a
O rd e m d o s A dvogados, n o R io d e Janeiro.

Quadro dos membros efetivos do Instituto dos Advogados


Brasileiros, segundo a ordem de antiguidade das respectivas
matrículas em março de 1862

S ó c io s D a ta S ó c io s D a ta

d a m a tríc u la d a m a tríc u la

C a e t a n o A lb e r t o d e F re ita s 2 2 /0 5 /1 8 4 4 José T h o m á s N a b u c o d e A ra ú jo 1 2 /1 1 /1 8 5 7

J o sé J u lio d e F re ita s C o u t i n h o 2 2 /0 5 /1 8 4 4 S a lv a d o r C o rre ia d e S á e B e n e v id e s 1 2 /1 1 /1 8 5 7

J o ã o d e S iq u e ira Q u e iro z 0 5 /0 7 /1 8 4 4 C a rlo s F e rre ira F ra n ç a 1 2 /1 1 /1 8 5 7

19 A l m a n a q u e L a e m m e r u I860» p p . 4 9 9 - 5 0 3 . E sta li s t a g e m in c lu i o s a d v o g a d o s r e s i d e n t e s n o m u n i c í p i o n e u t r o
d a C o r te .

53
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

L u iz í b r t u n a t o d e B rito A b re u e 0 5 /0 7 /1 8 4 4 P a u lin o José S o a re s d e S o u sa 2 4 /0 3 /1 8 5 8

S o u sa M enezes

F ra n c isc o O c ta v ia n o 0 7 /0 9 /1 8 4 7 Jo ã o d e C e rq u e ira L im a 2 4 /0 3 /1 8 5 8

d e A lm e id a R osa

C arlo s A n to n io C o rd eiro 0 7 /1 2 /1 8 4 7 J o a q u im M a n o e l G a s p a r 2 4 /0 6 /1 8 5 9

d e A lm e id a

I g n á c io M a n o e l A lv a re z d e A z e v e d o 0 4 /0 8 / 1 8 4 9 L a fa y e tte R o d r ig u e s P e re ira 1 4 /0 7 /1 8 5 9

J o a q u im )osé d e A z ev ed o 1 3 /0 8 /1 8 4 9 J o a q u i m I n á c io Á lv a re s 1 4 /0 9 /1 8 5 9

d e A zevedo

José J o a q u im M a c h a d o 1 6 /0 8 /1 8 4 9 M a n o e l P e ix o to d e L a c e rd a 1 4 /0 9 /1 8 5 9

W ern eck

J o a q u i m Jo sé T e ix e ira 0 7 /0 9 /1 9 4 9 C a rlo s M a r q u e s L isb o a 2 2 /0 7 /1 8 5 9

F r a n c i s c o d e S a ll e s R o s a 1 7 /0 9 /1 8 4 9 J o ã o B a p tis ta P e reira 2 2 /0 7 /1 8 5 9

J o a q u im de S a ld a n h a M a rin h o 2 7 /0 9 /1 8 4 9 José F e rn a n d e s M o re ira 2 9 /0 9 /1 8 5 9

F r a n c i s c o F e r r e i r a d e P a iv a 2 7 /0 7 /1 8 5 1 J o ã o d a R o c h a M i r a n d a e S ilv a 1 3 /1 0 /1 8 5 9

A g o s tin h o M a r q u e s P e rd ig ã o 1 7 /1 0 /1 8 5 1 A lb e rto A n to n io S o ares 2 1 /0 6 /1 8 6 0

M a lh e iro

Jo sé M a c h a d o C o e lh o d e C a stro 1 7 /1 0 /1 8 5 2 J o ã o B a p tis ta C o r tin e s L axe 2 8 /0 6 /1 8 6 0

F ra n c is c o d e A ssis e A lm e id a 1 7 /1 0 /1 8 5 2 L u ís J o a q u im D u q u e -E s tra d a 0 5 /0 7 /1 8 6 0

T e ix e i r a

C a r lo s A r t h u r B u s c h V a rela 1 7 /0 8 /1 8 5 4 F e lip p e d a M o t t a A z e v e d o C o r r ê a 1 2 /0 7 /1 8 6 0

J o a q u im B a p tis ta d e S o u s a 2 3 /1 1 /1 8 5 4 J e r ô n im o M a c á rio F ig u e ira 0 9 /0 8 /1 8 6 0

C a s te llõ e s d e M e llo

L u í s A n t o n i o d a S ilv a N u n e s 2 3 /0 6 /1 8 5 7 M a n o e l I n á c io G o n z a g a 0 9 /0 8 /1 8 6 0

L u ís José P ere ira d a F o n se ca 2 3 /0 7 /1 8 5 7 F lá v io F a m e s e 1 6 /0 8 /1 8 6 0

U r b a n o S a b i n o F tes s o a d e M e l l o 2 3 /0 7 /1 8 5 7 J o a q u im M e n d e s M a lh e iro s 3 0 /0 8 /1 8 6 0

J o s é M a r i a d a S ilv a V e l h o 3 0 /0 7 /1 8 5 7 J o a q u im C a rv a lh o M a lta 0 6 /0 6 /1 8 6 1

D . A n t o n i o M a r i a N e v e s d a S ilv e ir a 3 0 / 0 7 / 1 8 5 7 B e r n a r d o T e ix e ira d e M o r a e s 2 2 /0 8 /1 8 6 1

L e ite V e lh o

A n to n io F erre ira V ia n n a 2 0 /0 9 /1 8 5 7 B r a z B a r b o s a d a S ilv a 2 9 /0 8 /1 8 6 1

A n to n io L u iz S ayão 3 0 /0 9 /1 8 5 7 F ra n c isc o Ig n á c io M a rc o n d e s 2 9 /0 8 /1 8 6 1

H o m e m d e M e llo

L u iz A lv a re z d e A z e v e d o M a c e d o 0 1 /1 0 /1 8 5 7 F ra n c isc o Q u ir in o d a R o c h a 0 5 /0 9 /1 8 6 1

W em edc

C a r l o s F r e d e r i c o T a y lo r 0 1 /1 0 /1 8 5 7 J o ã o G a b rie l d e M o r a e s N a v a r r o 0 1 /1 0 /1 8 6 1

54
V n k in ic I ( ) IAÍ5 (' os n il ImpL'i'io

lo s é B a lth a z a r d e A b re u 0 1 /1 0 /1 8 5 7 Jo sé d e P a iv a M a g a lh ã e s C a lv e t 1 4 /1 1 /1 8 6 1

C a rd o s o S o d ré

P e d r o V e llo so R e b e llo 0 3 /1 0 /1 8 5 7 J o ã o C a rlo s d e S o u s a P e ix o to 2 1 /1 1 /1 8 6 1

A le x a n d re R o d rig u e s 0 8 /1 0 /1 8 5 7 M a n o e l Ja c in to N o g u e ira 2 8 /1 1 /1 8 6 1

d a S ilv a C h a v e s da G am a

J o a q u i m R u s s e ll 2 2 /1 0 /1 8 5 7 J o ã o M u n iz C o r d e ir o T a ta g ib a 2 0 /0 3 /1 8 6 2

F ra n c isc o d a C o s ta G u im a r ã e s 2 2 /1 0 /1 8 5 7 V ic e n te A u ré lio d e F re ita s 2 0 /0 3 /1 8 6 2

C o u tin h o

L o p o D in iz C o rd e iro 2 2 /1 0 /1 8 5 7 Jo sé P e d ro d e F ig u e ire d o 2 7 /0 3 /1 8 6 2

C a rv a lh o

A n to n io M o r e ir a T avares 2 2 /1 0 /1 8 5 7 E d u a r d o L u iz V a ld e ta ro 2 7 /0 3 /1 8 6 2

F O N T E : A ta d a s e s s ã o d s 2 2 d e d e z e m b r o d e 1 8 6 2 . R e v is ta d o In s titu to d a O r d e m d a s A d v o g a d o s
B r a s ile ir o s , K i o d e J a n e i r o , L V I I , 1 8 7 0 , p p . 1 3 6 - 3 7 .

N o en ta n to , u m a relação se m e lh a n te n ã o se repetiu e m n e n h u m a outra


referência d o sé cu lo X IX , o q u e n o s im p o ssib ilito u de p o d e r m o s compará-las^°.
P o r este m o tiv o o p ta m o s p ela co m p ara ção entre as listagens d o A lm a n a q u e
L a em m ert, centrada n o s a n o s 1860 e 1880 c o m o u m a m é d ia d o s a d v og ad os
ativos a o lo n g o d o sé c u lo X IX . A p u b lica çã o citava u m total d e 114 a d vo ga d o s
(lista g em e m a n e x o ) e m a tivid a d e na C orte. C o m b ase n a m e t o d o lo g ia da
p ro so p o g ra fia d e fin iu -s e q u e cerca d e 56% , isto é, 6 4 n o m e s da lista total,
exerceram fu n çõ e s p olítico-burocráticas repetidas vezes e e m diferentes situações
n o aparelho d e Estado. O quad ro a seguir p erm ite a visualização desta ten dência.
Estes d a d o s co n fig u r a m as a firm ações da historiografia e ajudam a d efin ir parte
d o perfil so c io p r o fissio n a l d os a d vo g ad os da época.

Quadro 3
A D V O G A D O S EM ATIVIDADE DE 1860

C a r g o s P o lític o s C a rg o s B u ro c rá tic o s O u tra s O cu p açõ e s

(A d m in istra ç ã o C e n tra l) { A d m in is tra ç ã o C e n tra l)

D e p u ta d o s G e rais 19 A d v o g ad o s n a C o rte 26 Im p re n sa 18

D e p u ta d o s d e P ro v ín c ia s 10 P ro cu rad o res 3 S ó c io s d o I H G B 10

P re s id e n te s d e P ro v ín c ia 12 C u r a d o r d o s A fric a n o s 1 S ó c io s d o lO A B 11

2 0 C f. R e v is ta d o I ii s t itu r o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s B r a sile iro s. A ta d a s e s s ã o d e 2 2 d e d e z e m b r o d e 1 8 6 2 .


t. V I I , 1 8 7 0 , p p . 1 3 6 - 3 7 . R i o d e J a n e i r o , m a r ç o d e 186 2,

•àM 55
■H istória da
Ordem dos Advogados do Brasil

Vereadores 3 Juizes 14 Presidentes do lOAB 4


Secretário de Governo 1 Promotores Públicos 6 Diretores de Colégios /
Faculdades 2
Senadores 6 Delegados de Polícia 4 Professores 15
Vlinistros 6 Dir.Arq. Pub. Nacional 1 Sociedade Auxiliadora
da Indústria Nacional 2
Embaixadores 4
TOTAL 61 TOTAL 55 TOTAL 62

FONTES; Sacramento Blake, op. cit.; Vampré, op. cit.; BNM, A lm a n a q u e Laemmert.

U m ou tro d a d o relevante para co m p r e e n d e r m o s a o rig e m e circulação


d o s a d v og a d os que m ilita va m na capital d o Im p ério era a cid a d e n a qual h aviam
realizado a fo rm a çã o universitária. A preferência p o r São P aulo era nítida, isto
é, 64% se d ip lo m a r a m pela Faculdade d e C iências S ociais e P olíticas d e São
Paulo. D o is d eles cursaram so m e n te o q u in to a n o e m São P a u lo , se n d o antes
a lu n o s d e C oim b ra. Realizar o curso e m P ortugal era c o m u m antes d e 1827,
m as o s cu rsos fu n d a d o s n o Brasil superaram esta ten d ên cia. Q u a n d o o Instituto
d o s A d v o g a d o s Brasileiros se estab eleceu n o R io d e Janeiro, con tava c o m u m a
m a ciça presen ça d e a d v og ad os residentes, q u e h a via m c o n c lu íd o seus estu d o s
m ajorita ria m en te e m São Paulo e n ão em Recife. S o m e n te q u atorze ad v og ad os
n e s te g r u p o realizaram cu rsos e se form aram e m O lin d a/R ecife, o u tr o s cin co
c o n c lu ír a m e s tu d o s e m C o im b ra , n ã o te n d o sid o p o ssív e l saber o local da
fo rm a çã o universitária d o s d ezessete restantes (G ráfico 1).
M as o p ró p rio m e c a n is m o de escolh a d o cu rso u niversitário a seguir - se
e m São Paulo o u O linda/R ecife - estava v in cu la d o à o rig em geográfica da família
o u às suas trad ições históricas. In fluenciavam ta m b é m as c o n d iç õ e s ec o n ô m ic a s
d e m a n te r e su sten tar o s filh o s d u ran te o cu rso e p o ste r io r m e n te a eficiência
para im p u lsio n a r suas carreiras, ap ós o bacharelado. As c o n d iç õ e s fam iliares
foram in d icativ os relevantes para en ten d er o d e s e m p e n h o das n o v a s gerações.
As o rig en s p ro fission a l e p olítica d o s pais eram co n d ic io n a n te s. N este gru p o
havia u m d ep utado, d ois advogados, d o is m ilitares (u m capitão e u m brigadeiro),
d o is fu n cio n á rio s p ú b lic o s, u m padre, u m senador, u m d esem b a rg a d o r e u m
físic o . A q u e s tã o da o r ig e m p r o fis s io n a l p a te rn a a p a rec e c o m o u m d a d o
im p o r ta n te para se en ten d er a in serção deste g ru p o n a so cied a d e.

56
Volume 1 O lAB e os Advogados no Im pério

G rá fico dem onstrativo n° 1

F o fm a c a Q _ -C y rsQ « U n h ía rs iU riQ » Jia fifll

□ São Paulo
□ Recife/Olinda
□ C o im b ra
B Sem dado»

FONTES: Spencer Vampré, op. cit.; Sacramento Hake, cit.; BNM; ANGH.

A so c ied a d e im perial tinha outras peculiaridades q u e ajudaram a identificar


o s n íveis d e p ro jeçã o e p rivilég ios, c o m o p o r e x e m p lo a co n c e ssã o d e títu lo s
n obiliárq uicos o u h o n o rífico s. Essa prática se in te n sifico u p rin cip a lm en te d ep ois
da chegada e instalação da Corte Portuguesa n o Brasil, d irig in d o -se as co n cessões
so b r e tu d o a o s b rasileiros natos. D e p o is d e p roclam ad a a I n d e p e n d ê n c ia , fo ram
resolvidas algu m as q uestões q u e se relacionavam a o direito o u n ã o d o Im perad or
co n c e d e r esses títu lo s e graças. D e acord o c o m o art. 102 d a C o n stitu iç ã o ^ ', o
p o d e r cen tral tin h a este p r iv ilé g io e u s o u -o , en tre o u tr a s fin a lid a d es, para
garantir sua in flu ên cia. O s títu los foram hierarq uizad os d a m e s m a fo rm a q u e
n o a n tig o siste m a p o rtu g u ês, o u seja, d e b a ix o para cim a: b a rão se m gran d eza,
v isc o n d e se m grandeza, v isc o n d e c o m grandeza, co n d e, m arq uês e d u q u e , se n d o
q u e o s três ú ltim o s p r e ssu p u n h a m a q ualidad e d e grandeza.
S e g u n d o R oderick Barman^^, existiam n o rm a s d e te r m in a n d o o grau d e
n o b r e z a c o n f e r id o a ca d a g r u p o . F o ram c o n f ir m a d o s d u r a n te o S e g u n d o
R einado c o n fo r m e esta estruturação: u m titular m e d ia n o se tornava b arão sem
gra n d eza , c o m p o u c a s p ossib ilid ad es d e avançar para o u tr o grau, recebend o,
q u a n d o m u ito , o a c r é sc im o d e co m gra n d eza , o u ain d a, o títu lo d e viscon de sem

21 O a r t i g o a f i r m a ; “O I m p e r a d o r é o C h e f e d o P o d e r E « c u t i v o , e o e x e r c it a p e l o s s e u s m i n i s t r o s d e E s ta d o .
S u a s p r i n c i p a i s a t r i b u i ç õ e s s ã o : ... ( 1 1 ) C o n c e d e r tí tu lo s , h o n r a s , o r d e n s , o r d e n s m i l i t a r e s e d is ti n ç õ e s
e m r e c o m p e n s a d o s s e r v iç o s f e ito s a o E s t a d o ”. I n: R o d e r i c k B a r m a n . “ U m a n o b r e z a n o N o v o M u n d o : A
f u n ç ã o d o s t í t u l o s n o B r a s il I m p e r i a l ” . í n M e n s d r io d o A r q u iv o N a c i o n a i, j u n h o d e 1 9 7 3 , p p . 4 - 2 1 .
22 R o d e r i c k e J e a n B a r m a n . “ U m a n o b r e z a n o N o v o M u n d o : a f u n ç ã o d o s t í t u l o s n o B ra s il I m p e r i a l ”. In
M e n s á r io d o A r q u iv o N a a o n a l , j u n h o d e 1973.____________________________________________________________

57
_____________ História-da.
O rdem dos Advogados do Brasil

gra n d eza . O s c o m p a n h eir o s intelectuais d o im p e ra d o r e o s oficiais m ilitares


recebiam , geralm en te, o títu lo d ireto d e b arã o com gra n d eza . O s senad ores,
co n se lh e ir o s d e Estado e p o lítico s d e v u lto recebiam o títu lo d e viscon de com
grandeza, Esses títu los n ão eram , entretanto, hereditários n e m d avam privilégios
efetivos, a n ã o ser status social.
A lém d o s títu los n obiliárq uicos existiam as graças h o n o ríficas, q u e v in h a m
ta m b é m d a trad ição p o rtu gu esa . Elas foram p o ste r io r m e n te a m p lia d a s p or D .
P ed ro II, que c r io u as o rd en s d o C ruzeiro, da Rosa, e de D . Pedro I. Esse direito
d e co n c e d e r títu los h o n o rífico s, isto é, o exercício d o g rã o -m estra d o , m e sm o
e m relação às antigas titulações portuguesas ap ó s a In d ep en d ên cia, foi negociado
p o r D . P e d r o I, s e n d o c o n f ir m a d o p o s t e r io r m e n t e , d e f o r m a o f ic ia l, n o
p r e â m b u lo da Lei n ° 32 1, de 9 d e setem b ro d e 1843:

A te n d e n d o a q u e n ã o o b sta n te o h a v em os co n se rv a d o n o Im p é rio , c o m o
nacion ais, e destinadas a rem unerar serviços feitos ao Estado, as três O rdens
M ilitares da Cavalaria d e Cristo, São B en to d e A viz e S ã o T iago d e Espada,
e m v ir tu d e da a m p la d isp o siçã o da lei d e 20 d e o u tu b r o d e 1823 e da
prática co n sta n te e in alteravelm ente observada d e serem c o n c e d id o s os
diferentes graus dela p o r m im e p or m eu a u gusto pai, para o referido fim.^^

H avia d en tro das O rd en s u m a hierarquia d e valores, p o is cad a u m a delas


co n stitu ía -se d e d o z e grã-cruzes e c o m e n d a d o r es e u m n ú m e r o ilim ita d o de
cavaleiros. O s p ed id o s para o b ten çã o de co n cessõ es d e títu los d e n obreza e graças
h o n o r ífic a s eram n u m e r o so s e o s m o tiv o s aleg ad os ch eg a m a parecer in g ên u o s,
se n d o q u e m u ita s vezes o d o c u m e n t o estava a n ex ad o a u m estu d o g en ealóg ico,
q u e a m iú d e colocava a orig em da famíHa em ancestrais m u ito an tigos, a tin gin d o
até p rete n so s fam iliares d o p erío d o m ed iev a l francês.
A p r e o c u p a ç ã o c o m a o b te n ç ã o d esses t ítu lo s era sig n ifica tiv a , se n d o
to ta lm e n te in éd ita a atitude d e José M a r tin ia n o d e A len car a o recusar, m u ito
delicada, m a s firm em e n te, a su a n o m e a ç ã o d e O ficial d a Im perial O rd em da
Rosa. N o c ô m p u t o geral, a partir da referida listagem , havia 34 a d v o g a d o s c o m
graça s h o n o r ífic a s , d e n tr e o s 6 4 d e q u e s e o b te v e in f o r m a ç õ e s (G rá fic o s
d em o n stra tiv o s 2 e 2 -A ).

23 L u iz M a r q u e s P o lia n o . O r d e n s honorífica s n o Brasil. R io d e J a n e i r o : I m p r e n s a N a c i o n a l, 1 943, p . 6 5.

58
Volume 1 O lAB e os Advogados no Império

G ráfico dem onstrativo n°2

A dvogaílos com ütulos (A660)

■ A d v o g ad o s com títulos
D A d v o g ad os s e m tituícs

Gráfico demonstrativo n°2-A

Advogados com titutos (I8 6 0 )

□ A dvogados com titulo


B A dvogados se m titulo

FONTES: A lm a n a q u e Laem m ert, BNM; ANGH

A lém d esses p riv ilég io s, q u e se to rn a va m d ese ja d o s sím b o lo s d e prestígio,


0 exercício d e ca rgo s p ú b lic o s tornava-se cada v ez m a is u m d e sd o b r a m e n to ao
té r m in o d o curso. R e to m a n d o a epígrafe d e M a ch a d o , p o d e -s e avaliar q u e o
sim p les exercício d a fu n ç ã o de ad v o g a d o n ã o seria o o b je tiv o final d o curso.
M uitas v ezes o d ese jo d e se tornar ad v o g a d o v in h a a o la d o d o o b jetiv o d e se
tornar u m p ro fissio n a l liberal, m a s co n stitu ía -se ta m b é m n a b u sc a d e u m cargo
p ú b lico. A lg u n s n ã o p o d e r ia m abrir m ã o d o cargo, d is p u ta n d o -o m u ita s vezes
d e fo rm a direta (p e d id o s a o Im perador, u tilização d o p restígio fam iliar, laços

59
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

afetivos, etc.) o u d e form a indireta, p ela sua próp ria c o n d iç ã o d e letrad o n u m a


so c ied a d e d e iletrados, o q u e o s co lo ca va e m su p eriorid a d e aos d em ais.
P ortanto, essas n o m e a ç õ e s para cargos p ú b lic o s, d o s m e n o s im p o r ta n tes
aos d e m a io r co n fia n ça, eram tidas c o m o previsíveis. O próp rio reg u la m en to
d o s cu rso s d e ciên cia s jurídicas d izia que;

este a n o (falan d o d o 5° a n o ) deve ser o m a is rig o ro so p o rq u e é o ú ltim o


q u e faz o estudante para ser bacharel form a d o e m erecer o respectivo título,
c o m o qual p o d e exercer o s m a is im p o r ta n tes em p re g o s n o Estado.

S em d ú v id a , estavam o s ad vo ga d o s se n d o tre in a d o s para a participação


n u m a elite burocrática q u e faria ü in c io n a r a m á q u in a d o Estado. Essa disputa
d e c a r g o s , s a lá r io s e p r o v e n t o s era n o tó r ia , e n c o n t r a n d o - s e r e fe r ê n c ia s
n u m er o sa s a essa p rob lem ática n o s d o c u m e n to s e m q u e b ach aréis reclam avam
in s is t e n t e m e n te p o r r e c e b im e n to s d e r e m u n e r a ç ã o e q u iv a le n te a se r v iç o s
p restad os o u a o exercício d e u m cargo p ú b lico.
A t e n d ê n c ia d o m in a n t e p erceb id a n e sse p r im e ir o g r u p o , d e n tr o d os
c r ité r io s p r o s o p o g r á fíc o s u tiliza d o s, é a c o n c e n tr a ç ã o e m c a r g o s p o lít ic o -
b u rocrá ticos v in cu la d o s a o s interesses da M on arq u ia. O s g ru p o s q u e o b tin h a m
su a g r a d u a ç ã o u n iv e r sitá r ia a g u a rd a v a m s e m p r e a s u a c o n v o c a ç ã o para
participar d o s círculos p o lítico s e adm inistrativos, assegurados, p rin cipalm en te,
se suas rela çõ es familiares já tivessem v in cu la ç õ es c o m o s g ru p o s d o m in a n te s,
p e r c e b e n d o -se ten d ên cia s parâ filh o tism o e c o m p a d r io . D e sse p rim eiro grupo
tem o s: 19 D e p u t a d o s G erais, 10 D e p u ta d o s P ro v in c ia is, 12 P resid en tes de
P rovíncia (m u itas vezes u m a só p esso a ad m in istrativa d e 3 a 4 p rov ín cia s), 6
S en adores, 6 M in istros e 4 Embaixadores.^^
C o n fir m a d o s c o m o advogados m ilitan tes, m e s m o q u e ex ercessem outras
fu n ç õ e s p úb licas, te m o s u m total d e 26. P re ssu p o n d o u m a m a rg e m d e erro
d en tro das in fo r m a ç õ es ob tid a s, p o d e m o s concluir, m e s m o assim , q u e a fu n ção

2 4 U m a h o n r o s a ex c e ç ã o , A u g u s t o T e ix e ira d e F reitas, p o r e x e m p lo , f o i c o m s u c e s s o , d u r a n t e a l g u n s a n o s ,
a d v o g a d o m i l i t a n t e n a C o r t e , s e n d o d e p o i s n o m e a d o d e a d v o g a d o d o C o n s e l h o E s ta d o . C f. B la k e, o p .
cit., v o l. l . p p . 3 6 5 - 6 7 ; V a m p r é , o p . c it., p p . 2 1 1 - 1 3 ; e B ib lio te c a N a c i o n a l- S. M a n u s c r i t o s c 8 8 8 , 10.
2 5 O s m o t i v o s a l e g a d o s v a r i a v a m d e i m p o r t â n c i a p e s s o a l d o s u p l i c a n t e a o s im p l e s p e d i d o d e c o n c e s s ã o , p o r
m a g n a n i m i d a d e d o I m p e r a d o r , p a s s a n d o , in c lu s iv e , p o r falta d e r e c e b i m e n t o d e p r o v e n t o s e m fu n ç õ e s
p ú b li c a s j á e x e r c id a s . V er, p o r e x e m p lo , B N M 6 9 1 , 1 4 e A r q u iv o N a c i o n a l , G raças H onorífic a s: J o â o C a ld a s
V ia n n a e A n to n io Pereira R ebouças.
26 V er B N M c 4 0 6 ,1 9 e B N M c 7,34.

60 •à »
V o lu m e 1 ( ) IA13 e os A cIvo ^ ckI os n o I m p c r io

p úb lica era b u scad a c o m o su b síd io paralelo, d en tro d e n u m a so c ied a d e na qual


as o p ortu n id a d es eram lim itadas, m e sm o s para aqueles p rivilegiados que tinh am
cursado u m a faculdade.
H a v ia t a m b é m a q u e stã o da m á q u a lid a d e d e e n s in o a p o n ta d a , p o r
ex e m p lo , p o r Joaq uim N a b u co , q u e observava graves p ro b lem a s n o s cursos,
apesar das p r eo c u p a çõ e s d o s resp o n sáv eis c o m a refo rm u lação d o s cu rrículos,
o re sp eito à q u a lid a d e p e r s e g u id a n a n o m e a ç ã o d e le n te s (p r o fe sso r e s), e
n u m e r o so s p ré-req u isito s para q u e se p u d esse can d idatar às vagas n o cu rso. N o
en tan to , para m u ito s era falha a fo rm a ção desses ad vogados.

(...) A p lêiad e saída n o s p rim eiro s a n o s, d o s n o v o s cu rso s ju ríd ico s, p o d e -


se d izer q u e n ã o a p ren d eu neles, m a s por si m e sm o , o q u e m a is tarde
m o s tr o u saber. A in stru çã o jurídica era q u a se e x c lu siv a m e n te prática,
a p ren d ia m -se as o rd en açõ es, regras e d efin içõ e s d e D ire ito R o m a n o , o
C ó d ig o N a p oleôn ico , a praxe, princípios d e Filosofia d o D ireito, p o r ú ltim o,
as teorias c o n stitu c io n a is d e B enjam in C o n sta n t, tu d o so b a in spiração
geral d e Benthan.^^
(...) N e m Teixeira d e Freitas n e m N a b u c o h a b ilita ra m -se e m O lin d a para
a p r o fissã o q u e ex erceram . Sua b ib lio te c a d e e s tu d a n te s b e m p o u c o s
e l e m e n t o s e n c e n a v a m q u e lh e s p u d e s s e m ser ú te is. N o s s o s a n tig o s
ju r isco n su lto s fo r m a v a m -se na prática da m agistratura, d e ad v oca cia e
a lg u n s da fu n ç ã o legislativa.^®

D e q u a lq u er form a , o gru p o d e 1860 en c o n tr o u lugares d e d esta q u e na


estrutura p o lítico -a d m in istra tiv a d o Im p ério , graças à n ece ssid a d e q u e ain da
h avia n a a b so r ç ã o d e b a ch a réis, p r in c ip a lm e n t e d e n tr o d a c o n c e p ç ã o d e
cir c u la ç ã o g eo g r á fica , sig n ific a tiv a para o f u n c io n a m e n to d a e n g r e n a g e m
burocrática im perial. N u m er ic a m e n te, n o ta -se a im p o r tâ n cia da presen ça de
a d vo ga d o s o rig in á rio s da p ro v ín cia flu m in en se c o m cargos n a região natal
(Gráfico 3). Pela sua p róp ria co n d iç ã o d e capital, o m u n ic íp io n eu tro da C orte
tinh a u m a estrutura terciária desenvolvida, ten d o sua d en sid a d e d em o g rá fica
se tra n sfo rm a d o m u ito e m u m cu rto esp a ço d e tem p o : 2 4 7 h ab itan tes p or km^

27 A i d a d e m i n i m a e r a q u i n z e a n o s , m a s v á r i o s d o c u m e n t o s m e n c i o n a v a m f a l s i f ic a ç õ e s d e c e r t i d õ e s d e
n a s c im e n to , e m e s m o p e d i d o s d ir e to s a o I m p e r a d o r f o r a m e n c o n t r a d o s s o lic ita n d o a is e n ç ã o d a
id a d e c ro n o ló g ic a d o c a n d id a to .
28 J o a q u i m N a b u c o . U m esta d ista cio Im p é r io . S ã o P a u lo : C ia . E d i to r a N a c i o n a l, p p . 11-23.

67
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

e m 1872, p a ssa n d o a 4 0 9 habitantes e m 1890, e 6 2 0 h abitantes e m 1900. Essa


tra n sfo r m a ç ã o n u m é r ic a se refletia na c o m p o s iç ã o d o s g r u p o s so cia is e na
d istrib u içã o geográfica da p o p u la çã o d e v id o à situ a çã o d a cid ad e c o m o p orto
e x p o rta d o r d e café, p e r m itin d o o su r g im e n to d e in cip ie n tes gru p o s m é d io s
para o s q uais as p ro fissões hberais e a burocracia tê m u m gran d e c a m p o de
in teresse p rofission al.

Gráfico demonstrativo n° 3

FONTES: Sacramento Hake, c^. cit.; BNM; ANGH

H a v ia , p o r t a n t o , c o n d iç õ e s favoráveis a u m n ú m e r o m a is a b ra n g en te
d e p r o f is s io n a is q u e a p ó s c o n c lu íd o o c u r s o , e p o r p r o x im id a d e g eo g rá fica ,
v in h a m d e s e m p e n h a r su a s f u n ç õ e s na C o rte. P o r é m , e sta s itu a ç ã o ,
in ic ia lm e n te se g u r a q u a n d o à o b t e n ç ã o d e im p o r ta n t e s e m p r e g o s e ca rgo s
n o I m p é r io , s o b r e tu d o p o r p a rte d o s a d v o g a d o s f o r m a d o s e m S ã o P a u lo o u
m e s m o o s q u e v in h a m d e P e r n a m b u c o , n ã o se m a n t e v e in a lte r a d a a té o fim
d o Im p é r io . O a u m e n to d o n ú m e r o d e in g r e s s o s n e sse s c u r s o s e a
c o n s o lid a ç ã o d a s estr u tu r a s b u r o crá tic a s e p o lít ic a s n o I m p é r io im p e d ir a m
q u e t o d o s o s fo r m a d o s f o s s e m a b so r v id o s, p r in c ip a lm e n t e a p a rtir d o fim
d a d é c a d a d e 1 8 6 0 . A s m a io r e s t r a n s f o r m a ç õ e s p a s s a r a m a a c o n t e c e r ,
c r ia n d o - s e en tre o s e g r e sso s d o s c u rso s d e D ir e ito c o r r e n te s d issid e n te s, quer
p o r i n s a t is f a ç õ e s p o l í t i c a s o u p e s s o a i s , p a s s a n d o a lg u n s a c o n t e s t a r a
o r g a n iz a ç ã o im p e ria l e a b u sca r n o v a s s o lu ç õ e s q u e p e r m itis s e m su a a scen sã o
d e fo r m a m e n o s lim ita d a .

62 9A I
Volume 1 O lAB e os Advogados no Im pério

Esse g ru p o n ã o é m u it o n u m e r o so na décad a d e 1860, e se u a u m e n to p o d e


te r s i d o o g e r m e d a in s a t is f a ç ã o q u e le v a r á a d v o g a d o s / b a c h a r é i s n ã o
co n te m p la d o s c o m cargos e sinecuras q u e p reten d ia m certas a se asso cia rem a
outras parcelas insatisfeitti^ . j c ie d a d e - c o m o p o r e x e m p lo a oficia lid a d e d o
exército - su p e ra n d o as d ivergên cias para m ais tarde con testar o regim e.
A P rovíncia d o R io d e Janeiro, e p rin cip a lm en te o m u n ic íp io n eu tr o da
C o rte, era o o b je tiv o m a is a lm e ja d o p o r a q u e le s q u e p o s s u ía m a m b iç õ e s
p o líticas. N e le s se co n ce n tr a v a m a d v o g a d o s v in d o s d e t o d o o p a ís (G ráfico 3 ),
a lé m da presen ça n u m e r o sa d e ad vo ga d o s d e fam ílias origin árias da própria
cid a d e o u d e regiões b e m p róxim as.
P ortanto, u m a situ a çã o in icia lm en te facilitada p ela falta d e co n co r rê n c ia ,
e e m a lgu m as circun stân cias, p ela necessid ad e da p róp ria b u rocra cia e fu n ç õ e s
d e E stad o, g e r o u u m a co n c e n tr a ç ã o q u e se m o str a rá p erversa n a s d éca d a s
seguin tes, q u a n d o ficou m a is d iíícil ob ter cargos, títulos e n o m e a ç õ e s. O s g ru p o s
p riv ilegia d o s se cristalizavam u tiliza n d o o s m e s m o s m e c a n ism o s d e f ilh o tis m o
e d o a p a d r in h a m e n to , se m q u e ex istisse u m a m o b ilid a d e sa tisfa tó ria para
absorver t o d o esse n o v o co n tin g e n te egresso d o s cu rso s ju ríd icos. O g r u p o d e
1880 já n ã o terá as m e sm a s o p o rtu n id a d es, se n d o m a is h e te r o g ê n e o q u e o d e
1860. É im p o r ta n te d estacar q u e o g ru p o d e 1860 representava as prim eiras
gerações d e fo r m a d o s n o s cu rsos ju ríd ico s q u e p articiparam p ro fissio n a lm en te
na C o rte d a vida a d m in istrativ a e p olítica (G ráfico 4 ) .

Gráfico demonstrativo n° 4

QAIcançarsm
peqüsnoa cargo»

□ Alcançarsin m*dios
cargos

O Alcançaram altos
csrQos. tsndo
passado por várioi
»e(ores d a uida
m s«m dadoi
sspsciricoí

« ▲B 63
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

Gráfico demonstrativo n° 4-A

Cargos Burocráticos (I860)

Q A lcançaram p e q u e n o s
c a rg o s

□ A lc a n ç ara m m éd io s c a rg o s

2^0^ o A lc a n ç ara m a lto s c a rg o s,


te n d o p a s s a d o p o r vários
s e to r e s d a v id a burocrática

■ s e m d a d o s e s p e c ífic o s

FONTES: Spencer \^ m pré, op. cit.; Sacramento Hake, cy. cit.; BNM

OBS: C onvém lem brar que m uitas vezes o m esm o advogado passou p o r vários
cargos, d aí o total não ser c o m p a tív e l c o m o n ú m e r o absoluto dos advogados
pesquisados (64). Os cálculos deste gráfico foram realizados de form a cum ulativa e
não em n ú m eros absolutos.

O R io d e Janeiro n este p erío d o já era u m centro d e a tiv id a d es terciárias


significativas p ela p róp ria situação d e capital, c o m o já foi d ito . A lém d o m ais, o
eq u ilíb rio im p erial n a décad a d e 1860 n ã o era ap en as u m desejo: a C o n cilia ção
estava p resen te c o m m arcas significativas, p e r m itin d o u m j o g o d e eq u ilíb rio
n as elites. A cidad e d o R io d e Janeiro contava c o m u m n ú m e r o a p ro x im a d o de
d u z e n to s m il habitantes, e a projeção p o lític o -so c ia l d o s m a gistra d os to r n o u -
se cad a v e z m a is fortalecid a, se lev a rm o s e m co n sid e r a ç ã o o d ese jo d e u m
n ú m e r o crescen te d e fam ílias e m rem eter seu s filh o s para as E scolas d e D ireito ,
c o m o fo rm a d e p erm itir-lh es ascensão social o u tra n sfo r m a r em este fato em
v eícu lo d e p restígio e projeção social. A in stalação d o In stitu to d o s A d v og a d os
Brasileiros ta m b é m foi u m a legitim ação da im p o r tâ n cia d a categoria para o
Im p é rio brasileiro.
A o lo n g o d o Im pério, o la tifú n d io perdia su a ren tab ilid ade d e v id o aos
crescentes p ro b lem as da lavoura flu m in en se. P ortanto, a conversão d esses bens
e m p rop riedad es urbanas d ava-lh es co n d içõ e s d e o b ter u m a rend a satisfatória,
c o m im ó v e is para alu guel e in v estim en to s e m im ó v e is u rb a n o s, de m a is fácil

64 9ÂM
Volume 1 ü lA B o os Ac(v<jga(ic)s n o (m p õ r io

tra n sa çã o co m e rc ia l. Esta te n d ê n c ia cresceu a c e n tu a d a m e n te n o g r u p o de


ad vog a d o s e x a m in a d o s e listad os n o L a e m m e rt d e 1880. A lém d essas razões, a
esp ecu laçã o im o biliária to r n o u -s e u m cham ariz p o is o a u m e n t o da p o p u la çã o
urbana passou p o r u m processo significativo, atraindo m u ito s n e g ó c io s urbanos.
Se ex a m in a r m o s o s n ú m e r o s relativos n o Gráfico d e C a rgos B urocráticos,
v erem os que esta diferença n ã o é tão gritante - 49% de o cu p a n tes d e altos cargos
( c o m p r e e n d id o s a q u i c o m o m in is té r io s e o u tr o s ó r g ã o s d e im p o r t â n c ia
n a cio n a l), n o g r u p o d e 1860, e 30% de o cu p a çã o e m altos cargos, n o g ru p o de
1880. P o rém , se ex a m in a r m o s so m e n te o s n ú m er o s a b so lu to s v e r e m o s q u e, d e
u m total d e 64 a d v og ad os n o 1° g ru p o, 57 ocu p aram c u m u la tiv a m e n te estes
cargos e d e u m total d e 108 a d v o ga d o s, apenas 33 estavam n estas ativid ades n o
2° g ru p o estu d a d o .
O b a ch a relism o ten d e en tã o, à m ed id a que se a p ro x im a a R epública, a se
torn ar cad a v ez m a is in te n s o nas classes sociais p rivilegiad as, e o bacharel/
a d v o g a d o p a s s o u a p r e d o m in a r n u m e r ic a m e n t e e m r e la ç ã o a o b a c h a r e l/
m agistrad o, pela crescen te d im in u içã o das o p o rtu n id a d es burocráticas.^^
A q u a n tid a d e d e p ed id o s para o s m ais diversos cargos cresceu sig n ifica ­
tiv a m e n te , s o b r e tu d o se tiv e r m o s c o m o p a râm etro a lg u n s m a n u sc r ito s da
B ib lio teca N a cio n a l. A s d e m a n d a s n e m se m p re p o d ia m ser a ten d id a s p e lo
Im perador, p o is seu n ú m e r o era geralm ente superior às p o ssib ilid a d es d e oferta,
g er a n d o -se aí u m a crescente insatisfação, a m p lia n d o a fo rm a çã o d e g ru p o s d e
in d iv íd u o s q u e reagiam o u te n d ia m a u m a atitude reform ista, d e r o m p im e n to ,
o u ain da u m a radical o p o s iç ã o ao poder, p o r terem sid o p reterid os. U m d o s
p o u c o s e x e m p lo s co n cr eto s foi o ca so já m e n c io n a d o d e José d e A lencar. Em
o u tr o s casos, o q u e se co n stata (ver gráficos d e graças h o n o r ífica s) era u m a
grande p rocura p elas co n ce ssõ e s, objeto inclusive d e n u m e r o so s p rocesso s, c o m
p ed id o s in sisten tes, a lgu n s recom p en sa d o s.
N a obra d e M a c h a d o de A ssis essa aspiração d e n o b reza era ridicularizada,
so b retu d o e m relação a alg u n s m e m b r o s da so c ied a d e im p erial, q u e ch ega v am
m u ita s vezes ao jú b ilo p u e ril c o m a o b te n ç ã o d e u m título;

( . . . . ) N a tiv id a d e n ã o sabia q u e fizesse; dava a m ã o a o s filh os, a o m arid o, e


tornava a o jorn al para ler e reler que n o d esp a ch o im p erial da véspera ao

29 V e n â n c i o F ilh o . D a s a r ca d a s a o b a c h a r e I i s m o .p p .2 8 - \ i y , E u l S o o P a n g e R o n L . S e c k i n g e r ‘T h e M a n d a r i n s
o f I m p e r i a l B r a z il”. In : C o m p a r a tiv e S tu d ie s in S o c ie ty a n d H is to r y , v. X IV, n “ 2, m a r . 1972, p p . 2 1 9 -2 3 ;
R o d e r i c k B a r m a n e l e a n B a r m a n . “ T h e R o le o f t h e L a w G r a d u a t e i n t h e P o lit ic a l E lite o f I m p e r i a l B ra z il”
. In : Jo u r n a l o f A m e r ic a n S tu d i e s a n d W o r ld 's A ffa ir s , v. 18, n". 4 , n o v . 19 76, p p . 4 2 5 - 3 0 .__________________

•4 1 65
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

Sr. A g o stin h o José d os Santos fora agraciado c o m o títu lo d e Barão de


S antos. C o m p re en d e u tu d o. O p resente d o d ia era aquele; o o u rives desta
vez fo i o im p e ra d o r ... T o d a a casa estara alegre. N a chácara as árvores
pareciam m ais verdes q u e n u n ca, os b o tõ e s d o jard im explicavam as folhas,
e o so l cobria a terra d e claridade in fin ita .... M ais tarde visitas. H o m e n s d o
foro, h o m e n s d o c o m é rc io , h o m e n s d a so c ied a d e , m u ita s sen h o ra s, a lgu n s
titulares ta m b é m vieram o u m and aram .

O s a d v o g a d o s d o m u n ic íp io n eu tro d a C o rte, lista d o s n o A lm a n a q u e


L a e m m e r t á c 1880 (ver listagem an exa), ap resentavam u m a a m o str a g em m ais
h etero gên ea, c o m o d e u m n o v o g ru p o social sujeito a tra n sform a çõ es, m a s c o m
características m ais explícitas n o s a n o s finais d o S e g u n d o R einado.
O n ú m e r o cad a v ez m a io r d e ad vog a d o s egressos d o s c u rso s ju ríd ico s e a
d im in u iç ã o das o p o r tu n id a d e s resultantes da c o n so lid a ç ã o das in stitu iç õ es
im p eria is teriam levado esses representantes, das tu rm a s m a is recentes, a se
co loca r à m a rg e m d o p ro cesso p o lítico -b u rocrá tico. A v o lu m o u -s e u m a reação
ao s ta tu -q u o p o r parte desses advogados que, c o m o u tro s d irigen tes insatisfeitos,
teriam fo r m a d o g ru p o s d e pressão c o n tr a o reg im e e en g r o s sa d o as h o stes
republicanas.
H o u v e d e m o d o m a is in tenso, e algu ns o b servadores d a ép o c a já h aviam
p erc eb id o , a te n d ê n c ia entre o s b acharéis e a d v og ad os a buscar n o em p re g o
p ú b lic o u m a fo r m a c ô m o d a d e rea liza çã o p r o fissio n a l, q u a n d o n ã o u m a
possib ilid ade segura d e ascensão política. A veem ên cia d o texto d e Tobias Barreto
tra n sm ite a su a reação ao fato:

" ... p e lo r e c e io q u e lh e s in sp ira o c o n t a to d o s lá z a ro s p o lít ic o s , q uais


s o m o s t o d o s n ó s , o s h o m e n s d o tr a b a lh o e n ã o d o e m p r e g o p ú b lic o , o s
d e s e r d a d o s d a p átria , o s e x c lu íd o s d o se u b a n q u e te , m a s q u e a d e sp e ito
d e t u d o , g u a r d a m o s u m a esp e ra n ça n o p e it o e u m a seta n a aljava! {....)
o q u e m a is salta a o s o lh o s , o q u e m a is fere as v ista s d o o b s e r v a d o r ,q u e
b e m se p o d e ch a m a r o e x p o e n te d a v id a geral d o p aís, e a falta d e co e sã o
s o c ia l, o d e s a g r e g a m e n to d o s in d iv íd u o s , a lg u m a c o is a q u e o s re d u z ao
e s ta d o d e is o la m e n t o a b s o lu to , d e á t o m o s in o r g â n ic o s , q u a se p o d ia
d iz e r d e p o e ir a im p a lp á v e l e e s t é r i l E n tre n ó s o q u e h á d e o r g a n iz a d o
é o E stad o; n ã o é a N a ç ã o , é o g o v e r n o , é a a d m in is tr a ç ã o , p o r seus

30 M a c h a d o d e A ssis. O h ra s C o m p le ta s. (E saú e ja c ó ). R io d e J a n e ir o ; N o v a A g u illa r, 19 79,v o l. 1, p. 9 7 5 .

66
V n lu m i' I ( ) 1A1> (■ t>s Advo^ciclos ni) lm)x''rio

a lto s f u n c io n á r io s n a C o rte, p o r seu s s u b - r o g a d o s n a s p r o v ín c ia s , p o r


s e u s í n t i m o s c a u d a tá r io s n o s m u n i c í p i o s .. ./ '

A seg u n d a listagem oferece u m total geral d e 228 ad vogados, d os quais 108


(47% ) foram p esq u isa d o s através d e fontes primárias e secundárias. É necessário
salientar ain da q u e 22 n o m e s da listagem anterior (1 8 6 0 ) p erm an eceram em
atividade. O s d o is centros d e form ação de bacharéis e d outores co n tin u ara m os
C ursos de D ireito nas Províncias de São Paulo e Pernam buco (Gráfico 5). Sofreram
a lgu m as reform as d e c u n h o p ed a g ó g ico e estatutário, em relação ao projeto
original, m as eram ainda “corporações científicas d e o rd em jurídica para o en sin o
d e ciências sociais e jurídicas”. Estas m o d ifica ções aconteceram , p or ex em p lo, em
1831, e foram m a is tarde substituídas p elo regulam ento d e 1854, c o m o adendo
d e u m regu lam en to su plem en tar em 24 d e fevereiro d e 1855. A ú ltim a reform a
d eu -se e m 17 d e janeiro d e 1885, não sem antes ter sido objeto d e lon gas discussões
na Câmara.
M esrno co m essas diversas reform as, as faculdades d e D ireito m a n tin h a m -
se c o m o e s ta b ele cim e n to s p ú b lic o s de e n sin o su perior, sujeitos à in terferên cia
d o E sta d o . P o r t a n t o , a f o r m a ç ã o ju r íd ic a n ã o v isa v a e x c lu s iv a m e n t e a o
a p r im o r a m e n to d e co n h e c e d o r e s d e ju risp ru dência e d a teo ria d o D ire ito , m as,
so b retu d o, d e b ach aréis co n h ece d o r es das práticas jurídicas regulam entares,
o u seja, d e prática e a p licação d e leis. M e s m o n o s te stem u n h o s d e estu d a n tes e
a d vo g ad os, seriam raros aq ueles que, p articu larm ente, p rocu ravam ap rim orar
seus c o n h e c im e n to s e co n se g u ia m chegar a alcançar u m p e n sa m e n to filo sófico -
jurídico à altura, p o r e x e m p lo o de Teixeira de Freitas (P residente d o lA B 1857).
O s a d v o g a d o s q u e se fo rm a va m n o s cu rsos d e ciên cias sociais e jurídicas
buscavam , além de u m a p rofissão, a m a n u te n ç ã o d o se u status so cia l através de
u m a tarefa rendosa, quer so b o p o n to d e vista e c o n ô m ic o o u p olítico. N o entanto,
o fato d e seus n o m e s co n sta re m d o A lm a n a q u e L a e m m e r tn ã o significava, c o m o
já m e n c io n a m o s , o d esejo d e p rop a g an d a para s im p le sm e n te o b ter clientela,
m as to d a u m a p r eo c u p a çã o d e prestígio.

31. T o b ias B a r r e t o . / I q uescãa d o p o d e r m o d e r a d o r e o u tr o s ensa io s brasileiros. P e t r ó p o l i s ; V o zes, 1977, p p . 173 -


177. C f. B a r m a n . “T h e ro le ...”, o p . cit-, p p . 4 2 3 - 4 9 . V er t a m b é m a r g u m e n t o s d e V e n â n c i o F ilh o , o p . d t . e
lo s é M u r i l o d e c a r v a lh o , o p . c it., p a s s im .
32 C f. V i s c o n d e d e O u r é m . “N o t a s s o b r e a F a c u l d a d e d e D ir e i to , I n s t i t u t o d o s A d v o g a d o s , l u r i s c o n s u l t o s
Vivos". I n R e v is ta s d e fu r is p r u d é n c i a e A d v o g a d o s do R io de Janeiro, 1889. i n s t i t u t o H i s t ó r i c o e G e o g r á f ic o
B ra s ile ir o , c i t a d o a d i a n t e c o m o I H G B , c o l e ç ã o O u r é m , la ta 152, d o c . 9 , 4 f l s . F, t a m b é m A n a i s d a C â m a ra :
X V d e 18 86, p . 7 06 : X V Il d e 1 887, p . 9 2 8; X V ll d e 18 88, t a m b é m c i t a d o s e g u n d o i n f o r m a ç õ e s o b t i d a s
n a s a n o t a ç õ e s d o v i s c o n d e d e O u r é m , C o le ç ã o O u r é m , I H G B , l a ta 152, d o c . 9._________________________

•4 1 67
_____________ üistória da
O rdem dos Advogados do Brasil

Gráfico demonstrativo n° 5

■f-ePMMO • Curso» Univeraitários m m

47

o R e c ife /O lin d a
■ S ã o P a u lo
□ Universidades E u n ^ w
p S a m datios i r t a É f i ã a á

FONTES: Sacram ento Blake, passim.; AN-SPJ; BNM-RJ

CBS; U n iv e rs id a d e s e u ro p é ia s cu rsa d a s em C o im b r a (I),


Paris (2), G enebra (1) e Bruxelas (1).

O u tra d istin ç ã o q u e ta m b é m se configura, a o sim p les ex a m e d o s n o m e s


d a s listas estu dad as, é a presença, m a is e m 1880, da c o n tin u id a d e fam iliar na
o p ç ã o p o r essa p rofissão. Por ex em p lo , te m o s A g o stin h o M á x im o N ogueira
P e n id o e J e r ô n im o M á x im o N o g u e ira P e n id o (p a i e filh o ) e José M á x im o
N o g u e ir a P en id o; A u g u sto Teixeira d e Freitas Junior e Senior; A n t o n io Joaquim
Ribas e JuIio A d o lp h o Ribas; D esem b argad or Dr. Luiz F o rtu n ato d e Brito Abreu
e S o u z a M e n e ze s e D r. Luiz F ortun ato d e Brito A breu e S ouza M e n e ze s Filho.
U m a referência q u e d izia m u ito sobre a co n tin u id a d e fam iliar eram o s en dereços
c o m u n s q u e estavam registrados a o lado d o s n o m e s ” . O ra, d en tr o d o quadro
d e u m a so c ied a d e hierarquizada, na qual a m o b ilid a d e era d ificu ltad a, entre
o u tr o s m o tiv o s , p o r esta fo rm a d e filh o tism o , essa situ a ção v in h a agravar os
p rivilég io s d o s q u e já o s p o ssu ía m e p ro b lem a tizar o exercício p rofission al e
p o lític o d aq u eles q u e , se n d o d e o rig em fam iliar o b scu ra p o r a lg u m a brecha do
sistem a, a sc e n d ia m socialm en te.
N a s b io gra fias levantadas, é p ercep tível a te n d ê n c ia para u m a carreira
p o lítico -b u r o crá tic a m a is b em -su ce d id a , so b retu d o a q u eles q u e p erten ciam a
fam ílias m a is in flu en tes. N o en ta n to, a q u eles q u e estavam v in c u la d o s a gru p os
fam iliares m e n o s abastados eram m a is h ab itu alm en te ap rov eitad os para cargos

A lm a n a q u e L a e m m ert, 1880, pp . 663-69._______________________________________________________________

66
V o lu m e 1 ü lA B e (js Acivcjgaclos n o I m p é r io

d o 2° o u 3° escalão da burocracia, representados p elo s ch efes d e D ep a r ta m e n to


o u S eçõ es d e M in isté rio s e outras agências gov ern a m en ta is m e n o s in fluentes,
passand o, daí p o r d iante, a seguir u m papel redu zido e m ter m o s d e participação
na p olítica n acion a l.
C o m o ex e m p lo s típicos dessas situ ações p o d e m o s citar, d en tro d o prim eiro
caso, Francisco O tav ian o d e A lm eid a Rosa. N ascido n o R io d e Janeiro e m 1825,
filho d o ciru rgião fo r m a d o O tav ian o M aria da Rosa, cu rso u a A ca d em ia de
D ireito d e São P aulo e se to r n o u bacharel aos v in te a n o s d e idade. D u r a n te sua
v id a teve u m a in te n sa participação p olítica e jornalística, ten d o exercid o vários
cargos im p o r ta n tes, en tra n d o para o Sen ado e m 21 d e jan eiro d e 1867 ^“’.
N o p r im e ir o g r u p o , t e m o s o u tr o s a d v o g a d o s q u e se e n q u a d r a m nas
características citadas a cim a e q u e p o d e m ser to m a d o s c o m o representantes
típicos. Já na própria ép o c a d os debates para criação d o s cu rso s ju ríd ico s essa
p ro b lem ática era percep tível, ten d o o v isc o n d e d e C airu se m a n ifesta d o da
segu in te fo rm a sobre o problem a:

É h o je q u a se g e r a lm e n te r e c o n h e c id o p o r esta d ista p rá tico s, q u e n ã o


c o n v é m facilitar d em a sia d o a todas as classes o s estu d o s su periores, a fim
d e q u e en tre s o m e n te a justa p ro p o siçã o d o s servidores d o Estado, se g u n d o
a d e m a n d a d o país; e para q u e ta m b é m d ê e m garantias ao p ú b lic o , c o m o
p erte n c en te s a certas fam ílias rem ediadas e d e co n sid erá v eis posses. A lém
d isso , estes estadistas, c o m o já se disse, saem da classe m a is abastada, essa
p o d e c o m a d esp esa ; p o r ta n to , v o t o q u e sejam e s ta b e le c id o s o s d o is
c o lég io s, à custa da Fazenda N a cion a l, e c o m a m atrícu la d e 5 0 $ 0 0 0 réis
cada u m ano.^^

P ara c o n f ig u r a r a s it u a ç ã o p o d e m o s citar, d e n t r o d a m e t o d o l o g i a
prosop o g ráfica , casos isolados q u e exp ressem c o m o e x e m p lo s essa tendência;
A n t o n i o A q u ile s d e M ir a n d a V a rejã o, f ilh o d e c o m e n d a d o r , t o r n o u - s e
fu n cio n á rio p ú b lic o lo g o d ep o is d e receber se u d ip lo m a de b ach arel em d ireito
p o r São Paulo e m 1856. Seu p rim eiro trabalho foi o d e ch efe da Secção de
Estatística d a Secretaria d e Política, em seguid a foi para a Secretaria d e Estado

3 4 D a d o s e m P r e z a l i n o L ev y S a n to s , P a n th e o n fl u m i n e n s e . R io d e la n e i r o , 1 880, p p . 3 1 1 - 1 6 ; B ib lio te c a
N a c i o n a l, S e ç ã o d e M a n u s c r i t o s , D o c u m e n t o s B io g rá fic o s , c. 1 00 5 ,3 0 e A u g u s t o S a c r a m e n t o B lak e,
D id o iiíir io ..., vol. 3, p p . 6 2 -6 4 .
35 A p u d A u r é li o W a n d e r B asto s. O s cursos ju r íd ic o s c as elites p o lític a s brasileiras: e E n sa io s so b re ii criação dos
c u r s o í ju r íd ic o s . B rasília, C â m a r a d o s D e p u t a d o s , 1978, p, 2&____________________________________________

•Ál 69
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

d e N e g ó c io s d a Justiça e p e la p ró p ria b io g ra fia sa b e -se q u e era “rig o ro so


c u m p r id o r d o s deveres c o m o fu n cio n á rio p ú b lic o ”^®. Foi ta m b é m cavaleiro
d a O r d e m d e Rosa, d ep u ta d o à A ssem b léia P rovincial e m 6 4 /6 9 , p articipan do
d e diversas c o m iss õ e s, exa m in a d o r d e co n cu rso s, jornalista, professor, m açom .
O u tro ex em p lo : A n to n io Alves d e S o u za C arvalho, o ficia l d a O r d e m d e Rosa,
p resid en te d e P rovíncia diversas vezes (E spírito Santo, A lagoas, M ara n h ã o ), foi
ta m b é m represen tan te d e sua p rovín cia (P ern a m b u co ) n a C âm ara Tem porária,
e m diversas legislaturas, d esd e a 12® (1 8 6 3 a 1 8 66 ), ex ercen d o ta m b é m suas
fu n ç õ e s d e ad v o g a d o na capital d o Im pério.
N a s e g u n d a s itu a ç ã o m e n c io n a d a , is to é, d a q u e le s q u e se to rn a ra m
bacharéis e ad vo g ad os sem que p ud essem prosseguir c o m b en efícios satisfatórios
na carreira, se le c io n a m o s José Alves Pereira d e C arvalho, u m bacharel q u e teve
u m a p erfo r m a n ce p ro fission a l ab aixo d o s p a d r õ es ideais para a é p o ca . Em
p o lít ic a e l e g e u - s e c o m o v e r e a d o r , m a s o se u p e r fil b io g r á f ic o n ã o tem
características relevantes. Luiz Álvares d e A ze v ed o M a c ed o , ta m b é m bacharel,
m a n ifesto u p reo c u p a çã o em ob ter n o m e a çã o para o cargo d e b ib liotecário da
B iblioteca N a cio n a l, q u a n d o este se en con trava v a g o ^ \
D o s 108 ad vog a d o s listados, cin c o só tiveram p e q u e n o s cargos na vida
burocrática, vin te e três chegaram a cargos m é d io s e trinta e três p u d eram
p a r tic ip a r a tiv a m e n te n a v id a p o lític a im periaP® . D o s 4 7 re sta n te s n ã o
o b tiv e m o s d a d o s esp ecífico s, co n fo r m e exp licitado n o s gráficos d em o n strativ o s
n - 6 e 6 -A . F oram c o n sid e r a d o s altos cargos a q u e les q u e se rela cio n a v am
d iretam en te à ad m in istração d e â m b ito nacion al, o u seja, ad m in istraçã o central,
en q u a n to o s cargos d e nível local o u aqueles m ais inferiores h ierarq uicam en te
são d e n o m in a d o s resp ectiv a m en te m é d io s e p eq u e n o s. A m e sm a d in â m ic a foi
u tilizad a para a elaboração d os gráficos d o g r u p o anterior, d e 1860.

36 C i t a d o e m P. M a r q u e s . P a n th e o n fl u m i n e n s e , p p . 175, 177: e S a c r a m e n t o B la k e. D i c i o n á r i o .. vol. 1, p p .


100 - 01 .
37 V er n a B ib lio te c a N a c i o n a l . S eçà o M a n u s c r i t o s . D o c u m e n t o s B io g rá f ic o s , B N - S M C 4 2 1 ,6 5 .
3 8 C o m o e x e m p l o d e p e q u e n o s c a r g o s , p o d e m o s c i ta r ; s e c r e t á r io s e s u b c h e f e s d e S e ç õ e s e m A g ê n c ia s
G o v e r n a m e n t a i s ; c a r g o s m é d io s ; ch e fc s d e D e p a r t a m e n t o s , c h e fe s d e S e c ç ô e s e m M i n i s t é r i o s o u o u t r a s
A g ê n c ia s G o v e r n a m e n t a i s e a h o s ca rg o s; p o s t o s d e G a b in e te , m e m b r o s d o C o n s e l h o d c E s ta d o , p re s id e n te s
d e P r o v ín c i a s , ju i z e s d a S u p r e m a C o r t e d e J ustiça.

70
Volume 1 O )AB e os Advogados no Im pério

G ráfico dem onstrativo n° 6

Burocráticos (1S8P)

□ A lc a n ç a ra m so m e nte
p e q u e n o s ca rg o s

O A J ca n ça rsm méOlos

□ A lc a n ç a ra m a lto s
cargos, ten d o
p a s s a d o p o r vá rio s
s e to re s d a vid a
b u ro c rá lic s
■ S em tia d o s
e s p e c ífic o s

Gráfico demonstrativo n° 6-A

C a rg o s B u ro c rático s (1 880)

□ Alur^çaram som ente


pequarw s cargos
21%
43% □ Alcançaram m edlos cargos

o Alcançaram alto» cargo»,


isndo pSKBaQO por vários
aeioraa d a vida burocrática
31% ■ Sem d ad as especifico*

FONTES: Arquivos particulares - SPJ-AN. D ocum entos biográficos -


BN-SM (v. 1 a 10). sacramento Blake, op. cit., passim.

OBS; Cálculo feito com núm eros absolutos (108).

Para fin s estatísticos, in c lu ím o s a participação n o C o n g r esso c o m o u m a


co n ta g em referente a altos cargos. N o en ta n to , n ã o c o n sid e r a m o s o s cargos
p o lítico s eletivos n o m e s m o nível d os q u e d ep en d ia m d e u m a exclusiva in dicação
e n o m e a ç ã o direta, o u m u d a n ç a d e n ível p o r a n tigu id ade, o q u e o co r ria c o m
algu m a freqü ên cia na hierarquia burocrática. São 3 9 d ep u ta d o s, q u e perfazem
36% e 5 S en adores, q u e represen tam 4,6% d o g ru p o estu d ad o .

77
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil □
A s m o d if ic a ç õ e s n o ta d a s en tre a b iog rafia co letiv a d o 1° g r u p o (1 8 6 0 ) e
a d o y ( 1 8 8 0 ) d e ix a m p erceb er d iferen ças q u a n tita tiv a s e qualitativas: para
o s n o v e p o r tu g u e se s q u e a d v o g a v a m n o R io d e Janeiro ( 1 8 6 0 ) , e n c o n tr a m o s
s o m e n te d o is e m 18 80 , s e n d o q u e u m d ele s se fo r m o u p ela a c a d e m ia d e São
P aulo. A cria ção d o s cu rso s ju ríd ico s d e São P au lo e P e r n a m b u c o p e r m itiu a
fo r m a ç ã o u niversitá ria n o p r ó p r io p aís, o q u e fez d im in u ir as v ia g e n s ao
ex te rio r c o m fin a lid a d e d e fo r m a ç ã o e red u ziu sig n ific a tiv a m e n te a fo rm a çã o
n o exterior.
U m ou tro a sp ec to a destacar é o d o local d e n a sc im e n to d o s ad vogados. A
trad ição d e p articipação d e certas p rovín cias na vida p o lítica n a cio n a l podia
ser p ercebida p elo n ú m e r o d o s representantes d e cada u m a , inscritos n o s cursos
jurídicos. A pesar d o m u n ic íp io n eu tro da C orte se apresentar c o m o catalisador
d e atividades, verifica m o s q u e a m a io r parte dos a d vo g ad o s q u e n ele m ilitavam ,
n a é p o c a , era o rig in á ria da p ró p ria p r o v ín c ia flu m in e n s e , o q u e talvez se
ju stifiq u e pela p olítica de a p a d r in h a m e n to e filh o tism o facilitad o às fam ílias
in flu e n tes na p rov ín cia de origem , à p rox im id a d e geográfica e ao p restígio das
arcadas paulistas. O s totais en co n tra d o s e m relação ao local d e n a sc im e n to são
o s seguintes: 34 flu m in en ses, 11 b aianos, 10 p ern a m b u ca n o s, 5 m ara n h en ses, 4
ce a ren ses, 4 m in e ir o s , 2 g a ú c h o s, 2 s e r g ip a n o s , 2 p a u lista s, 1 p a ra en se , 1
p aran aen se, 1 m a to -g ro ssen se e 1 catarinense. O b serv e-se o Gráfico 7, leva n d o -
se e m co n ta q u e n ão o b tiv e m o s d a d o s d e 30 d o s 108 a d v o g a d o s estu d ad o s.
A p referência p elo curso da Faculdade de São P au lo é c o m u m aos d o is
gru p o s. Essa ten dência já aparecia n o p rim eiro g ru p o ex a m in a d o , a cen tu a n d o -
se n este g r u p o (1 8 8 0 ). D o s 108 advogados, 47 (43% ) cursaram a A cad em ia de
D ireito e m São Paulo, contra 29 (26% ) q u e fizeram o cu rso e m P ernam bu co,
en g lo b a n d o , aí, O lin d a e Recife, p o is n o a n o d e 1854 a facu ldad e m u d o u - s e do
sem in ário d e O lind a para Recife, a capital da província de Pernam buco. Portanto,
realizam u m total de 81 a d vo g ad o s c o m dados; n ão n o s esq u ec en d o , p o rém , de
m e n c io n a r c in c o q u e fizeram seus cu rso s n a E uropa.
Q u a n to ao prob lem a das relações familiares e da im p ortân cia da influência
paterna na escolh a d o curso, q u e se refletia ta m b é m na circulação p o lítico -
b urocrática d o n o v o ad vogado, p o d e m o s n o ta r q u e havia relação direta c o m a
situ a ção social d o p rofissional.

39 D o g r u p o l i s t a d o , c i n c o a d v o g a d o s f iz e r a m c u r s o e m C o i m b r a , d o i s e m P a r is , u m e m G e n e b r a e o u t r o e m
B ru x e la s . O s d a d o s e s tã o e m S a c r a m e n t o B lake, D ic io n á rio ...., p a s s im .

72
Volume 1 O lAB e os Advogados no Im pério

G ráfico dem onstrativo n° 7

20

1S
10

FONTE: BN-SM; Sacramento Hake, passim.


CBS: Do grupo, apenas dois advogados eram portugueses.

Essa a rg u m en ta çã o ficará m a is clara q u a n d o tratarm os d o s in ven tários,


testa m e n to s, verbas testam entárias e escrituras d e c o m p r a e v en d a . P o ré m , já se
d e lin e o u u m q u ad ro geral da situ a ção social das famílias; d e 42 ca so s analisados,
q u e in clu ía m in fo r m a ç õ e s sob re pais, tio s, avós, d e fm e -se u m universo d e d o is
b arões, três v isc o n d e s, d o ze a d vo g ad os, três co m e n d a d o r e s c o m altos cargos
p ú b lico s, u m d ep u ta d o , d o is senadores, três capitães, quatro c o r o n é is (G uarda
N a cio n a l), u m rico p rop rietário u rb an o, d o is ten en te s co r o n é is, u m cirurgião,
u m guarda d e a lfâ n d eg a , u m oficial da G uarda N a c io n a l c o m p a te n te n ã o
especificada, u m m ajor, u m tabelião, u m escrivão, u m g ran d e c o m e rc ia n te na
p rovín cia flu m in e n se , u m cô n su l e u m con selheiro. O s a rg u m en to s extraíd os
d a s fo n tes são, c o m o se vê, b astan te esclarecedores. Tal c o m o já fo i a firm a d o em
gran d e parte d a h istoriografia n acion al, o s a d v og a d o s, n a sua m a io ria, eram
representantes d e g ru p o s sociais privilegiados, c o m algu m as p eq u en a s exceções.
D o total d e a d v o g a d o s estu d a d os, 6 6 casos fica ra m se m d a d o s su ficie n tes para
serem co n sid er a d o s c o m o respostas a essas n ossa s p erg u n tas específicas.
M a ch ad o d e Assis p o v o o u to d a a sua obra d e p e r so n a g e n s q u e b uscavam
u m títu lo d e nobreza, m e s m o esta n obreza relativizada q u e existia n o s tróp icos.
M u itos d o s b acharéis de seus c o n to s e rom a n ces tu d o fariam p o r u m a inserção
entre as O rd en s H on o rífica s praticadas p elo s Bragança. M as n ã o só na literatura
p o d e -se d elinear esta prática, p o is ela estava entre as escolh a s m a is freqüentes

•A B 73
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

d o s a d v o g a d o s d a C orte. A c o n c e s s ã o d e t ítu lo s se m a n t in h a c o m m u ita


in ten sid a d e, e parecia ser apreciada n o gru p o d e 1880. A p ro p o rçã o en con trad a
foi d e 48% , p o is 52 a d vo g ad o s representados n o G ráfico 8 receberam graças
h o n o r ífica s n o to ta l de 6 8 , assim distribuídas:

Quadro 4
ORDENS HONORÍFICAS

O rdem da Rosa 30
O rdem de Cristo 16
O rdem do Cruzeiro 4
O rdem de Aviz 2
T ítd o do Conselho do Im perador 10
Título de Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial 6
Total 68

Fonte: A lm a n a q u e Laem m ert, 1880

U m a ou tra m an eira d e m arcar sua trajetória p e sso a l c o m d esta q u e e


im p o rtâ n cia , in d e p e n d en te d e ascensão p o lítico -a d m in istra tiva , era obter p len o
êx ito na carreira jurídica, p ossib ilid ad e para a lg u n s q u e m a is se d estacaram na
vid a p o lítica e intelectual. A existência d e u m a asso ciaçã o so c io p r o fissio n a l com
as d im e n s õ e s e o p restígio d o lA B torn ara-se cada vez m a is im p o r ta n te para
to d o s o s a d v og a d o s, e durante t o d o o Im p ério to r n o u -se u m a via d e m ã o dupla,
a p o ia n d o -s e m u tu a m e n te , para atingir cada vez m a is in flu ê n c ia e prestígio. N o
e n ta n to , a criação d e u m a O rdem d o s A d vo g ad o s, c o m u m C o n se lh o p róp rio e
ju risd içã o d iscip lin ar sobre seus m em b r o s, e q u e foi diversas vezes p rop osta n o
Brasil, só vai a co n tec er em 1930. D u ran te o Im p é rio o In stitu to d o s A dv og ad os
B rasileiros f u n c io n o u p len am en te, c o m caráter oficial, c o n s titu in d o -s e c o m o
e le m e n to a g lu tin a d o r d e o u tr a s a sso c ia ç õ e s, d e s e n v o lv e n d o d is c u s s õ e s de
p ro b lem a s q u e estavam ligados à ciên cia d o direito. O s a d v o g a d o s q u e dele
p articipavam eram , geralm en te, juristas c o m g ran d e reputação, cria n d o -se, à
sim p les m e n ç ã o d e m e m b r o d o In stitu to, u m a e n o r m e im p o r tâ n cia para o
in d iv íd u o , p rin cip alm en te p orq u e o s s ó c io s existiam e m p e q u e n o n ú m ero.

74
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

G ráfico dem onstrativo n° 8

■ftdMQQfldo» com tituloa honorificos <1S80L

Jd Aovogaaos com titulo


jp Atfvogados sem titulo

Gráfico demonstrativo n ° 8-A

0 Advogados com titulo


B Advogado» sem título

FONTES: Sacram ento Blake; AN-SPJ; BNM. Total pesquisado: 108


OBS: 52 advogados com 68 graças honoríficas

O In stitu to H istó r ic o e G eográfico era ta m b é m u m a a sso cia çã o cultural


q u e dava statu s in telectu al e p o lític o a o s só c io s. C o m o m e m b r o s da m in o r ia
q u e tinh a a cesso a u m a carreira universitária, era n atu ral q u e b u sc a ssem u m
corolário para suas atividades, p r o m o v e n d o através d o In stitu to e d e su a Revista,
a d ivu lg açã o d e su as c o n c e p ç õ e s , estratégias e id eo lo g ia , c o n tr ib u in d o para o
en r iq u e c im e n to da ciên cia h istórica e da co n stru çã o d e a b o rd a g en s sobre a
H istória d o Brasil q u e estavam e m co n so n â n c ia c » m o s d e síg n io s d o Im pério.
U m a das m a is p r o e m in e n te s figuras d esse g ru p o foi A ffo n s o C elso d e Assis

•àl 75
_____________ H istória da
Ordem dos Advogados do Brasil

Figueiredo, natural d e O u ro Preto, M inas Gerais, fo r m a d o e m direito p o r São


P au lo em 1858, te n d o u m a grande circulação p or cargos p o lítico s {foi d ep utado,
senador, m in istr o d e Estado, d o C o n se lh o d o Im p era d o r), ex ercen d o cargos
im p o r ta n tes e m diversas associa ções literárias, te n d o c h eg a d o a vice-p resid en te
d o In stitu to H istó r ic o e G eo g rá fico Brasileiro. D o g r u p o e x a m in a d o n este
e stu d o s ap en as 14 participaram d o In stitu to c o m o s ó c io s efetivos.
A natural carreira burocrática, característica d o s d o is gru p o s (1 8 6 0 e 1880),
n ã o im p e d ia q u e as expectativas e as pressões q u a n to à m elh o ria d e cargos,
salários e p roven tos, fossem disputadas d e form a intensa. N o s acervos analisados
a b u n d a m cartas, b ilh etes e cartões q u e registram to d a esta rede in trin cad a de
favores. H avia u m gran d e n ú m er o d e p ed id o s e reclam os, d eix a n d o perceber
in clu sive q u e a m á q u in a adm inistrativa fu n cio n a v a a partir d este im p u lso. A
im pressão q u e essa m assa d o cu m e n ta l deixava é q u e se n ã o se reclam asse através
d e p e t iç õ e s , n ã o haveria p o ssib ilid a d e d e g a n h o . A liás, o s r e c la m o s eram
generalizados: reivin d icavam -se salários, q u eix av a -se d e p ro b lem a s pessoais,
so licita v a m -se m elh o ria s, o b sé q u io s e con cessões.
P ortanto, há u m a riqueza d e in fo r m a ç õ es so b re o s d o is g ru p o s, o que
clarifica d e m a n eira m ais co m p lex a u m d ia g n ó stic o d o perfil d o a d v o g a d o ao
lo n g o d o Im p ério. A co m p a ra ç ã o entre o s d o is g r u p o s p õ e e m d esta q u e a
p rin cipal ten d ê n c ia percebida entre a d v og a d o s, ta n to d o g ru p o d e 1860 q uan to
d o d e 1880; a co n ce n tr a çã o em cargos p o lític o s burocráticos v in cu la d o s aos
q u a d ro s da M on arq u ia. M e sm o n u m p erío d o crítico, m u ita s v ezes d e difícil
co o p ta çã o , seja pela d im in u iç ã o d e p o ssib ilid ad es d e p articipação em cargos
p o lítico -b u r o crá tic o s o u p elo a u m e n to natural d o s c o n tin g e n te s d e form ados,
ainda havia u m elevado grau d e d ep en d ên cia política e burocrática dos bacharéis
em relação ao p o d er co n stitu íd o.
A falta de alternativas para q u e algu ns a d v og a d os p u d e sse m ter acesso a
cargos e fu n ç õ e s e ta m b é m as novas ten d ên cia s p o lítica s ligadas a crises gerais
n o siste m a p ossib ilitaram o fo rta lec im en to d e n ovas c o n c e p ç õ e s id eológicas,
c o m o a p ro fu n d a m en to das críticas aos m onarqu istas. O u tr o s vin cu la r a m -se à
cau sa republicana, co n testa n d o a organ ização im perial o u , ain d a, b u sc a n d o
n ovas form a s d e ascender o u engajar-se p olitica m en te. A s m u d a n ç a s p o d eria m
ter u m a exp licitação tên u e e na aparência pareciam preservar as m e sm a s regras,
tã o m arcantes n o g ru p o d e 1860, m as o s a d v o ga d o s q u e m ilita va m e m 1880 na
C orte já p rocu ravam alternativas novas. Este a rg u m en to p o d e ser referendado
p o r u m indicador: d e 228 ad vo ga d o s (1 8 8 0 ), so m e n te 61 p articiparam m ais

76 9AB
V o lu m e 1 O lA B c 05 Advoj^acios n o Im p é r io

a tiv a m en te da vida p o lítica e burocrática d o país, o que co lo c a 167 ad vo g ad os


v iv e n d o da su a p ro fissã o o u d e rend as p róprias, o u a in d a da p o ssib ilid a d e
in d ivid u al d e ter su cesso , in d e p e n d en te da presença na p o lítica im perial.
Esses q u e v iv ia m d e su as p ró p ria s ren d as c o n sid e r a v a m o s n e g ó c io s
im o b iliá r io s u rb a n o s em p rim eiro p lano, e diante das lim ita ç õ e s im p o sta s à
sua p articip açã o p olítica passaram a optar p o r n ovas fo rm a s d e organ ização
p olítica, se n d o q u e o P artido R ep ub licano d o R io d e Janeiro tin h a n as suas
fileiras u m a m a io r ia d e p r o fissio n a is liberais (6 3 % ) c o m a p en a s 1,7% de
p ro p rietá rio s rurais. C o m p a r a n d o -se o s g ru p o s d e 1860 e 18 8 0 torn av a-se
ev id e n te que, se p or u m lado co n tin u a v a -se a preparar o bacharel e m d ireito
para atuar d en tro d o s q u ad ro s d o g ov ern o e da burocracia im p eria l, havia u m a
g ra n d e defasagem entre a satisfação desses objetivos, se n o s d eb ru ça rm o s sobre
o s in dicad ores d o se g u n d o g ru p o {18 80 ). Isto é ,s e os p rim eiro s d o g ru p o (1 8 6 0 )
tiveram p o ssib ilid a d e s d e realizar esses ob jetivo s c o m m a is largueza, o s d o
se g u n d o g ru p o (1 8 8 0 ) já n ã o tiveram u m d e se m p e n h o facilitad o d en tro da
m á q u in a d o Estado.
D essa form a, c o m a frustração da realização d o ideal so cia l - fo rm a r-se
a d v o g a d o s e ter a ce sso a altos e diversificados cargos cria ra m -se g ru p o s de
p essoa s que, apesar d e serem respeitadas pela su a fo rm açã o so c io p r o físsio n a l e
p e lo lugar d e d esta q u e d en tro da hierarquia social, n ã o co n se g u ir a m realizar
p len a m e n te seus ob jetivos, isto é, o Estado já n ã o oferecia u m n ú m e r o d e cargos
su ficien te para o v o lu m e d e egressos d os cursos jurídicos. A próp ria m á q u in a
b u r o crá tic a em p er ra d a d im in u ía a p a rticip a çã o d o a p a relh o d e E sta d o . O
b ach arelism o tra n sfo rm o u -se, ad qu irind o m uitas vezes u m a co n o ta çã o negativa
e n ão u m a form a d e realização profissional.

77
_____________ Historia da
Ordem dos Advogados do Brasil

Tania Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira

CAPÍTULO 111
A profissão e a riqueza
As escrituras e os negócios

U m p o n t o a destacar n a anáJise d os b en s e n e g ó c io s d ese n v o lv id o s p elos


a d vo ga d o s d o m u n ic íp io n eu tro da C orte ao lo n g o d o sé cu lo X IX foi a m aneira
c o m o e s te g r u p o s o c ia l p a r tic ip a v a , d e n t r o d e p a d r õ e s q u e p o d e m ser
p rivilegiad os, d o s m e c a n ism o s de m o b ilid a d e so cia l d o p erío d o . U m d a d o que
in flu i n esta avaliação é o significativo a u m e n to d o n ú m e r o total d e ad vo ga d o s
n o R io d e Janeiro. Esta in cidência evoluiu d e 3 6 a d v o g a d o s registrados e m 1822,
15 licen cia d o s p ela C asa d e S up licação e m 1 8 2 9 ,1 9 e m 1842 e 7 0 e m 1850, para
o s ín dices registrados e m u m a am ostrag em aleatória (listagem e m an exo ), desde
o a n o da in stalação d o lA B, até o final do P eríod o Im perial. E, c o n sid e r a n d o -se
a m b o s o s in d icad ores, estes n ú m er o s n ã o pararam d e crescer.
O c e n s o d e 1 8 7 0 ' n o s p e r m ite c o m p a r a r p e r c e n tu a is q u e aju d a m a
en ten d er a relação entre a p o p u la çã o total e a categoria so c io p r o fissio n a l d o s
a d vo g ad os. A cid ad e estava d ivid id a em regiões d e n o m in a d a s p aróq uias, e n o
a r r o la m e n t o p o p u l a c i o n a l d iv u l g a r a m - s e o s s e g u in t e s d a d o s q u a n t o à
d istrib u içã o region al da p o p u la çã o n o R io d e Janeiro:

Nas 11 paróquias urbanas 191.002 habitantes


Nas 8 paróquias rurais 44.379 habitantes
Total da população 235.381 habitantes

Fonte: Eulália Maria Lahmayer Lobo. História ào Rio de Janeiro: do capital comercial ao capital
mercantil. Rio de Janeiro: IBMEC, 1978.

1 C f. E u lá lia M a r i a L a h m a y e r L o b o . H is tó r ia d o R io d e ja n e ir o : d o c a p ita l c o m e r c ia l ao c a p ita l m e r c a n til. R io d e


J a n e i r o : I B M E C , 1978, v. U p p . 129-2 27.
2 C i t a d o s n o A l m a n a q u e L a e m m e r t. R io d e J a n e ir o ; L a c m m e r t , e m 186 0 e 1880.

78
V o lu tu í' I O lA B c os A c ív o ^ a ílo s n o I n i p é i io

N esta ép o ca, p orta n to , a percen tagem relativa d e a d v o g a d o s e m relação à


p o p u la çã o total m e n c io n a d a n o ce n so era de 0,048% e 0,09 7 % , se to m a r m o s
c o m o co n tr a p o n to à m é d ia de n o m e s citad os e m listagens p u b lica d a s e m 1860
(1 1 4 a d vo g ad o s) e 1880 {228 a d vogados) n o A lm a n a q u e Laem mert.^

População da cidade
d o Rio de Janeiro População Rural TOTAIS
Livres e libertos de
um e outro sexo 154.649 30.640 185.289
Escravos de um e
ou tro sexo 36.353 13.739 50.092
População global 191.002 44.379 235..)8I

Fonte: Eulália Maria Lahmayer Lobo. História do Rio de Janeiro: do capital comt'rri ’! ao capita!
mercantil. R io de Janeiro: IBMEC, 1978.

O C enso de 1870 ta m b ém definia, na província d o R io d e Janeiro, a classificação


ocupacional, e a população ativa^ foi especificada segundo a seguinte sistematização:

Eclesiásticos 424
Militares 7.646
Empregados públicos 3.066
Profissionais liberais 2.806
Comerciantes 21.583
Capitalistas 245
Proprietários 1.562
Lavradores 13.560
Pescadores 1.393
M arítimos 1.603
M anufaturas, artes e ofícios 44.381
Agências 3.275
Serviços domésticos 53.160
Sem profissão conhecida 80.717
TOTAL 235.421
Fonte: Eulália Maria Lahmayer Lobo. História do Rio de Janeiro: do capital comercial ao capital
mercantil. R io de Janeiro: IBMEC, 1978.
3 Cf. R e c e n s e a m e n t o d e 1920. R e s u m o h is tó r i c o d o s in q u é r i t o s c e n s i tá r i o s re a liz a d o s n o B rasil. R io d e Ja n e iro :
M i n i s t é r i o d a A g r i c u l t u r a , I n d ú s t r i a e C o m é r c i o / D i r e t o r i a G e r a l d c K statística , 1922. v. 1, I n t r o d u ç ã o .

•4 1 79
_____________ H istoria da
Ordem dos Advogados do Brasil

C o m o p o d e ser p erceb id o p elo s d ad os, o s a d vo ga d o s estavam in serid os


e m c a t e g o r ia s o c u p a c io n a is d a s m a is d iv er sa s, d e p e n d e n d o d o g r a u d e
in te n s id a d e e m q u e p a rticip a v a m d e a tiv id ad es co rrelatas à su a p ro fissã o,
in clu íd a s n o c ô m p u t o geral da p o p u la ç ã o ativa c o m o em p re g a d o s p úb licos,
p ro fissio n a is liberais, proprietários. U m a observação, m e s m o q u e superficial,
so b re este s n ú m e r o s d e m o n str a u m crescen te a u m e n t o n o c o n tin g e n te , se
lev a rm o s e m co n sid era çã o ap en as u m dado: em 1872 havia n o R io d e Janeiro
242 a d v o g a d o s, contra 108 n o a n o d e 1857.
Só o fato de terem podido cursar u m a faculdade, c o m os gastos e investimentos
inerentes ao curso, o tem p o de espera para o início d o exercício da profissão, as
necessidades elementares para a instalação de u m escritório, explicitam as origens
sociais e o s recursos familiares envolvidos. Naturalmente, havia entre eles diferenças
econ ôm icas e sociais que não desejam os o m itir na n ossa análise e p or isso os
inventários, testam entos, verbas testamentárias e registros de n egó cio s sào m u ito
im portantes para con h ecerm os m elh or esta categoria socioprofissional.'*
Para q u e estas características p udessem se ressaltadas, to m a m o s c o m o fontes
58 inventários, acrescidos d e in form ações d e 25 verbas testam entárias, além de
d o cu m e n to s q u e in cluem notificações, avisos d e tutela e testam entos. D esta forma,
a m assa d o cu m e n ta l p ossib ilitou verificar q uestões relativas a relações familiares
que freqü en tem ente faziam referência a herdeiros o riu n d o s das m ais altas esferas
sociais, m as ta m b ém focalizavam p ersonagens a d vind os d e gru p os m éd io s, c o m
recursos a d v in d os da carreira o u em p rego s p ú b lico s, m as q u e n ã o recuaram
q u a n to à ap licação d e capitais e o u tro s recursos m e n o s q ua n tifícá veis, c o m
in vestim en to s familiares n u m a em presa d o p orte d e form ar u m advogado.^

4 D o c u m e n t a ç ã o d a S e ç ã o d o P o d e r J u d ic i á r io d o A r q u iv o N a c i o n a l. A p a r t i r d a q u i c i t a d a c o m o A N - S P /.
V cr t a m b é m T o b i a s M o n t e i r o . F u n c io n á rio s e d o utores. R io d e J a n e i r o : F r a n c i s c o A lv es. 1917. I n t r o d u ç ã o .
5 A ié m d a s i n f o r m a ç õ e s d o c u m e n t a i s j á c i ta d a s n o t e x to , p a r a a c o m p l e m e n t a ç â o d o s d a d o s b io b i b lio g r á f ic o s
f o r a m u s a d o s o s s e g u in t e s d ic io n á r i o s ; Jo sé L u iz d e A lm e id a N o g u e ir a . A A c a d e m ia d e S ã o P aulo: tradições
e rem in iscê n cia s. L isb o a : T i p o g r a f ia A E d i t o r a , 1 9 0 7 /1 9 1 2 , 9 v.; C ló v is B e v i lá q u a . H is tó r ia d a F a c u ld a d e
d e D ir e ito d e Recife. Brasilia; I N L , 1977; A u g u s t o V ic t o r in o A lves S a c r a m e n t o B lake. D iciortário bibliográfico
brasileiro. R io d e J a n e i r o : I m p r e n s a N a c i o n a l, 19 02, 7 v.; R. M . G a la n ti. B io g ra fia s d e brasileiros ilustres.
S ã o P a u lo : D u p r a t & C ia ., 1911; P r e z a lin o L e r y S a n to s . Partteon F lu m in e n s e : esboços biográficos. R io d e
J a n e i r o : T i p o g r a f i a G . L e u z in g e r & F ilh o s , 1880; J o a o G u a l b e r t o O liv e ir a . H is tó r ia dos ó rgãos d e classe dos
ad vo g a d o s. S ã o P a u lo : lA S P . 1968; L u iz M a r q u e s P o lia n o . O r d e n s h o n o rífica s n o B ra sil. R io d e Jan e iro ;
I m p r e n s a N a c i o n a l, 1943; A lf re d o B a l th a z a r d a S ilv eira. M e m ó r ia histó ric a d a s u a fu n d a ç ã o e d e s ua vida.
( I n s t i t u t o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s B ra s ile iro s ). R io d e J a n e i r o , 1944; S. A . S is so n . G a le r ia dos brasileiros
ilustres. B ib lio te ca H is t ó r i c a B ra s ile ira . S ão P a u lo : M a r t i n s E d i t o r a S. A ., 1948; S p e n c e r V a m p r é . M e m ó r ia s
p a r a a h is tó r ia d a A c a d e m ia d e S à o Paulo. B rasília; IN L , ] 9 7 7 , 2 v.

80 •ÂM
V o t i in u ' 1 O lA B o os A d v o g a d o s n u I m p é r io

E x a m in a n d o o s in v en tário s p o d e m o s perceber a lg u m a s diferenças n ã o só


entre os g ru p o s q u e se in clu ía m na listagem d o L a e m m e r t d e 1860, o u na de
1 8 8 0 , m a s t a m b é m in d iv id u a lm e n te . A p esa r d e n ã o ser p o s s ív e l d e fin ir
precisam en te a renda m en sa l o u an ual desses a d v o ga d o s o u d e seus a scen d en tes
o u d escen d en tes, estas fon tes são ele m e n to s para sistem a tizaçã o d e in fo r m a ç õ es
q u e co n fig u r a m as c o n d iç õ e s d e vid a m aterial, e c o n ô m ic a e finan ceira d o s casos
estu dad os. M e sm o con sid era n d o q u e havia em alguns inventários u m a avaliação
e m d e sa c o r d o c o m o s p r e ç o s p ra tica d o s na é p o c a , a d o c u m e n t a ç ã o d eixa
t a m b é m a n tever a lg u n s a sp e c to s q u e p o d e m o s arrolar c o m o p a d r õ e s. O s
a d vo ga d o s ten d ia m a co n so lid a r seu p apel d e prop rietários u rb a n o s esta n d o
e x p o sto s n estes registros à ten d ê n c ia em adquirir o u am p liar o n ú m e r o d e
p r o p r ie d a d e s u r b a n a s ( o n ú m e r o d e p r o p r ie t á r io s a r r o la d o s p e r f a z 66
in d ivíd u o s, n o c ô m p u t o geral). U m a b o a parte d estes im ó v eis fo rn ec ia m rendas
d e a lu g u é is o u e n t ã o in v e s t im e n to s estáveis, q u e e m é p o c a s m a is d ifíceis
p o d e r ia m se tran sfo rm a r em recursos líq u id o s, isto é, seriam com ercializadas,
ap lic a n d o -se o capital o b tid o e m gastos p esso ais o u e m títu lo s d e rend a fixa d o
G o v ern o , p o r ex e m p lo . O u ain da haveria ta m b é m a o p ç ã o d e in v e stim e n to s em
p ro p ried ad es rurais, n o v a s o u já existentes, cu jos in teresses m u ita s vezes eram
represen tad os p e lo s a d v o g a d o s, o u p or terem rela çõ es fam iliares, o u p o r serem
efetiv a m en te prop rietários absenteístas.
T o m e m o s a lg u n s casos específicos, c o m o , por ex em p lo , a fam ília N a b u co
d e A raújo, d e sta c a n d o a lg u n s a sp ecto s q u e en vo lv eram o D r. José T h o m á s
N a b u c o d e A raújo (P residente d o lA B 1 8 6 6 -1 8 7 3 ). N ã o foi p ossível localizar o
in ven tário d o Dr. José T h o m á s N a b u co d e Araújo, m a s d e seu pai^, h o m ô n im o ,
q u e foi ab erto em 2 d e setem b ro d e 1850 p ela in ven tarian te D . Joana Paula de
C astro da G a m a N a b u co , casada e m seg u n d as núp cias c o m o falecid o. Ficaram
c o m o h erd eiros quatro filhas m en o res, tidas n o se g u n d o ca sa m en to , e quatro
filhos m aiores, do p rim eiro casam ento, a saber: Dr. José T h o m á s N a b u c o de
Araújo, 0 cap itão José L eo p o ld o César N a b u co d e Araújo, A u g u sto Francisco
C aldas, m a rid o d e D. M aria Bárbara d e N a b u co C aldas, c o m o cab eça -d e-casa l,
e o Dr. José A u g u sto N a b u c o d e Araújo^.
O Dr. José T h o m á s abriu m ã o de sua parcela na heran ça, e m favor d e suas
ir m ã s m e n o r e s . O a u t o r d a h e r a n ç a era S e n a d o r , e e n t r e s u a s p o s s e s
en co n tr a v a m -se diversas c o m e n d a s - O rd en s d e C risto, da Rosa, d o C ru zeiro -

6 V er A N - S P J . l i w e n t á r i o d o D r . J osé T h o m á s N a b u c o d e A r a ú jo . C.x. 4 .1 7 4 , n'“2 .1 0 8 , 1850.


7 I d e m , i b i d e m . C x . 4 .1 7 4 , n'' 2 .1 0 8 , 18 50, fls. 1 1 , 4 6 e 47.

87
_____________ Historia da
Ordem dos Advogados do Brasil

e u m a razoável fo rtu n a e m b e n s m ó v e is e im ó v e is. A s in sta la ç õ e s d a casa


c o m p r e e n d ia m u m m o b iliá r io d iv er sifica d o , lo u ç a s , jó ia s , p ra ta ria s e u m
m o b iliá rio d o m é stic o requintado, a lé m de d iversos v o lu m e s d e livros “m u ito
u sa d o s” se m esp ecificação d e títu los o u autores. C o m o havia m en o r e s, D. Joana
fo i re co n h e cid a c o m o tutora e ad m in istra d o ra d o s b e n s d o inventário.
A avaliação total d o m o n t e foi d e Rs. 2 :5 3 6 $ 8 4 0 , c a b e n d o aos m ó v eis a
parcela d e Rs. 4 1 3 $ 2 6 0 ; o preço d e três d o s o ito escravos - o s ú n ic o s a serem
a valiados - foi Rs. 8 5 0 $ 0 0 0 . O s N abu co criaram u m a im p o r ta n te lin h a g em de
p o lítico s e intelectuais, q u e tiveram c o m o ex p o e n te fam iliar e n acion al Joaquim
A urélio Barreto N ab u co d e Araújo ( 1 8 4 9 - 19 1 0 ), e m antiveram u m a significativa
h eran ça familiar. N o en ta n to , m u ito se d estaco u , e so b re tu d o para o s interesses
d e n o sso estu do, o D r. José T h o m á s N a b u co d e Araújo, daí o interesse e m analisar
o s d o c u m e n t o s esp ecífico s d e su a lin h ag em familiar. N o q u a d ro a segu ir estão
re la c io n a d o s o s m o n te s de in ven tários p erten cen tes a a lg u n s s ó c io s d o lA B q u e
ajudam a com p ara r o s n ív eis d e riqueza o b tid o s p o r estas fam ílias.

INVENTÁRIOS VALOR D O MONTE


(Valores em mil-réis)
AGOSTINHO MARQUES PERDIGÃO MALHEIRO 49,085,844
CARLOS CANUTD MALHEIRO 71,821,240
CARLOS FERREIRA FRANÇA 21,532,840
FIRMO DEALBUQUERQIÍE DINIZ 109,017,459
FRANCISCO DE CARVALHO E DE MELLO 80.495,240
FRANCISCO DE SALLES ROSA 3.677,506
FRANCISCO PRA X ED ES DE ANDRADE PERTENCE 13,162,150
FRANCISCO RIBEIRO DA SILVA QUEIROZ 310,355,840
JERÔNIMO MÁXIMO DE NOGUEIRA PENIDO 1,116,000
JOSÉ A N TÔ N IO PIMENTA BUENO 27,270,628
JOSÉ THOMÁS NABUCO DE ARAÜJO 2,536,840

Fonte: Tania Maria Tavares Bessone. Palácio de destinos cruzados: bibliotecas, homens e livros no
R io de Janeiro (1870-1920). Rio de Janeiro; Arquivo Nacional, 1999.

T a m b ém n o caso d e C arlos Ferreira França as tra d içõ es fam iliares eram


sólidas.® Por três g er a çõ e s, a p ro fissã o d e a d v o g a d o fo i e s c o lh a d e m u ito s
m e m b r o s d a fam ília. N a scid o e m 1854, filho d e bacharel c o m o m e s m o n o m e ,

8 V er A N - S P j. C a r l o s F e r r e i r a F r a n ç a . C x . 106, n “ 8 4 5 ,1 8 6 8 .

82 •4 1
VoluO K' 1 <) lAB e os A dvo ^.id os no Im pério

e s tu d o u n o C o lé g io P ed ro II e fo r m o u -se e m ciên cia s so cia is e jurídicas pela


F acu ld ade d e São Paulo. Exerceu suas fu n çõ e s n o R io d e Janeiro, trab alh an d o
ta m b é m c o m o len te su b stitu to d e retórica e literatura n a c io n a l n o c o lé g io o n d e
es tu d o u . Era redator d e várias revistas e p erió d ico s. O in v en tá rio e stu d a d o
pertencia a seu pai, e a in ven tarian te fo i sua m ãe, q u a n d o ele e seus irm ã o s
eram ain da m enores.^
A relação d e b en s c o n sta n tes n o d o c u m e n to caracterizava-se p o r ser u m a
das m a is m in u c io sa s, c o m o b je to s m u ito sofisticad os, cristais das m a is raras
p ro ced ên cia s, prata p o rtu g u esa , requintadas peças francesas, m ó v e is d e lu xo,
prensa para copiar, secretária d e m o g n o , bureau m inistre, o ito estan tes c o m
seus resp ectivos livros - 4 2 0 v o lu m e s d e obras d e d ireito e literatura - nesta
b ib lio te ca familiar. A avaliação m e n c io n a d a para o s livros era d e Rs. 160$000.
T od os o s filh o s receberam u m m o n te p io n o valor d e u m c o n t o d e réis e u m a
p en sã o d e se isce n to s m il-réis. O m o n t e dos b en s foi avaliado em Rs. 2 1 :532$840.
C arlos, o filh o m a is velho, foi em a n cip a d o e u m a vez to rn a d o b ach arel p or São
Paulo, p a sso u a ser tu to r e a d m in istra d o r d o s b e n s d e seu s irm ãos.
U m ou tr o d esta q u e foi a h erança recebida p o r José M a r tin ia n o d e A lencar
F ilh o , ( 1 8 2 9 - 1 8 7 7 ) , a d v o g a d o , lite ra to , p o lít ic o . O in v e n tá r io re fer e-se ao
h o m ô n im o , p resbítero secu lar d o h á b ito d e São d e Pedro e S en a d o r d o Im p ério
José M a r tin ia n o d e Alencar'", q u e ao m orrer e m 18 6 0 d e ix o u u m a p eq u en a
fo rtu n a a ser p artilh a d a en tre se u s o ito filh os, in clu siv e o p rim eiro , a cim a
n o m e a d o , e q u e foi in clu siv e o inventariante. D a relação d o s seus b e n s consta:

Bens Móveis 50 ações do Banco do Brasil n“-41.512 a 41.561


50 ações da Estrada de Ferro D. Pedro II
4 escravos de nom e João, Luiz, Procópio e Anacleto que se eno>ntravam
na C orte e mais nove no Ceará; fora três fugidos mas induídos no inventário
120 mil-réis em dinheiro
1 relógio inglês de ouro
1 escrivaninha de prata
2 secretárias
1 cabide
roupas de seu uso

Fonte; Inventários. SPJ. Arquivo Nacional

9 I d e m , ib i d e m , 18 68, fl.3.
10 C f. A N -S P I . I n v e n t á r i o d e ) o s é M a r t i n i a n o d e A le n c a r , 1860, L is t a g e m d o s B e n s , p . 20.

83
_____________ H istória da
Ordem dos Advogados do Brasil

Bens de Raiz u m sítio com engenho de açúcar e aguardente denom inado Alagadiço Novo
na Província do Ceará,Termo de Mecejana
quatro sítios de plantações tam bém no Cèará
um a fazenda de criação no Ceará
um a légua de terras na Ribeira do Priangé na mesm a Província
cento e cinqüenta palmos de terreno na Praça das Trincheiras, cidade do
Ceará, com mais de duzentos palmos de terreno aforado
treze casas construídas sobre os m encionados terrenos
mais quatro casas em construção no dito terreno
duas casas na Vila de Mecejana
um a casa na cidade de Crato

Fonte: Inventários. SP/. Arquivo Nacional.

A q u a n tid a d e d e b en s era vu lto sa , e n o s r e g istro s e s ta v a m d esc rito s


m in u c io s a m e n t e m u it o s o u tr o s b e n s re ce b id o s p o r h era n ça p e lo s pais do
in ventariante, q u e só foram an exa d o s p o ste r io r m e n te ao inventário, já q u e n o
m o m e n t o da d eclaração d e b en s n ã o se p o ssu ía c o m p ro v a n te s d o s m e s m o s . As
avaliações lançadas n o d o c u m e n to foram:

Total Avaliação Móveis 376$120


Total Avaliação Semoventes 4 .200*000
Total Avaliação Vacum 2.!50$000
Total Avaliação Cavalar 3.800SOOO
Total Avaliação Raiz (casas) 23.100$000
Total Avaliação Sítios 28.9005000
Total 51.4005000

Fonte: Inventários. SPJ. Arquivo Nacional.

D e form a ev id e n te, tratava-se d e rico prop rietário, c o m diversidade de


b e n s r e s p e it á v e l, d e s t a c a d o m e m b r o d o p o d e r , i n s e r i d o e m u m g r u p o
priv ileg ia d o , c o m in vestim en tos d e características con servad oras, m a is ligado a
co n c e ito s d e a p licaçõ es tradicionais. N o e n ta n to , n ão seria le g ítim o tratar a
q u estã o d e m an eira generalizadora, Já que o v o lu m e d e p ro p ried a d es rurais
n ã o existe c o m o gran d e in cid ên cia n o grupo.

84 9ÁB
V o lu m e I O IAH o os A ( lv 0^jc!<js n o lin p c c io

U m ou tro in v en tá rio q u e p o d e ta m b é m ser a p resen tad o c o m o ex e m p lo


d e u m a d v o g a d o abastado: o d e A lb in o d o s Santos Pereira” , p a i d o a d v o g a d o
m e n c io n a d o n o L a em m ert. A inventariante foi D. L audicena d o s S an tos Pereira,
a viú va. O in v en ta r ia d o fez te sta m e n to q u e está tra n scrito n o p r o c e sso do
inventário, era filh o le g ítim o d o m ajor M a n o el d o s S antos Pereira e D. Isabel
L im a da Silva, e tinh a três filh o s c o m D. L audicena (A lb in o , A lb in a e Leocádia),
que foi testam enteira. Declarava nada dever, ten d o sido p ossível realizar a partilha
de seus b en s d e fo rm a am igável. A idéia de lin h a g em estava a q u i con figu rad a
p o is ta n to o falecido q u a n to seu filho eram ad vo ga d o s {1 8 6 7 ). A v iú v a recebeu
c o m o m e a ç ã o 2 7 .9 6 8 $ 0 0 0 e a outra parte da h eran ça foi d iv id id a p o r três:
6 .2 1 5 $ 1 1 0 , se n d o q u e as m en in a s recebem , cada u m a , m a is 4 .6 6 1 $ 3 3 3 .

Bens Valor
Em casas 26.000$000
Em escravos 4.750$000
Móveis, louças, roupas e pertences da casa 9755000
Em prata e jóias 3.173$000
Em carros lentos 700$000
5 apólices da Dívida Pública no valor de conto de réis, juro de 6% ao ano 4.450$000
91 ações do Banco do Brasil no valor de 74$000 cada, s ^ n d o cotação 15.834$000
Dinheiro encontrado quando faleceu o inventariado 54$000
Total 55.9365000

Fonte: Inventários. SP). Arquivo Nacional.

A parte m ais significativa da herança eram os b en s d e raiz, c o m o na m aioria


d o s casos estu d ad o s, m a s A lb in o d o s Santos Pereira Filho h erd o u ta m b é m , além
d o s recursos m ateriais, a possib ilid ade de m anter a tradição da profissão paterna.
O u tro a d v o g a d o q u e teve u m a relação significativa d e p ro p ried a d es em
seu inventário foi A lfredo C láu dio da Silva‘S Este caso apresentava características
a ssem elh ad as ao perfil d o s ad vog ad os in clu so s na listagem d e 18 60 , apesar d e
p ertencer ao g r u p o d e 1880, n o qual a ten d ên cia m a is significativa era a o p çã o
p ela p rop ried ad e d e a ções, títu los e p apéis em geral. Este in v en tá rio foi aberto
em 1883 pela sua v iú v a, M aria M arcolina da Silva, tutora d e seu s d o is filhos,
A lfredo e R odrigo, e n tã o c o m 3 a n o s e 1 a n o e 8 m e se s, resp ectiv a m en te. Os

11 Cf. A N -S P J . I n v e n t á r i o d e A l b i n o d o s S a n t o s P e r e ir a , 1867. n “ 8 9 7 , C x . 3.8 91.


12 A N - S P I . A lf r e d o C l á u d i o d a S ilva, 18&3, n '' 4 0 8 , C x . 4.013.

85
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

a u to s de prestação d e con tas da m ã e e tutora ficaram registrados até 31 de m arço


d e 1904, q u a n d o d a m a iorid a d e legal d e seu s filh os. O sald o final foi d e o n z e
c o n to s, setecen to s e quarenta m il q u in h e n to s e n o v en ta e o ito réis a favor de
A lfredo e d e v in te e quatro co n to s cento e d e z m il trezen to s e cin q ü en ta e u m
réis a favor d e R odrigo.

Bens d e Raiz Valor


U m a casa térrea à rua S. Januário n° 58E,
canto da rua Teixeira Júnior (com caixa d ’água) 4.0005000
U m a casa téirea a rua S. Januário n® 58F
(com caixa d ’água, tanque de banho e de Javar, latrina) 4.000$000
U m terreno à rua S. Januário, ju n to à casa acima descrita 1.240$000
U m a casa asscbradada na rua São fenuário n® 59 e chácara
(com água de encanam ento) 8.000$000
Casa e chácara à rua S. /anuário n® 71 (com caixa d ’água) 4.000$000

Bens Móveis Valor


Cezária, crioula, 18 anos, solteira, serviço doméstico
(m atrícula na Recebedoria do Estado n® 4.784) 800$000
Móveis 1.595$000
Roupas 550$000
Aparelhos (diversos) 400$000
U m colar de ouro m m 11 brilhantes e um a cruz 800S000
Uma p u lsara de ouro 250$000
Uma pulsara de ouro 120$000
U m par de brincos e outro p ar de brincos com 4 pérolas 600$000
U m an d com pérola e outro com brilhante solitário 4705000
O utras jóias 1.255$000

Fonte; Inventários. SPJ. Arquivo Nacional.

D ecla rav a-se ain da n o inventário q u e o fin a d o era s ó c io d e u m e n g e n h o


central d e n o m e U sin a C láu dio, e m construção; q u a n d o d e sua m o r te pararam
as obras e o s s ó c io s d era m à viú v a a quan tia d e 2 2 :4 3 1$345 em três letras aceitas
p ela firm a Leite C lá u d io e F ilh os em 16 d e j u n h o de 1883, c o m p razo d e 6 ,1 2 e
18 m eses. P elo d o c u m e n t o sa b e-se ain da que eram receb id os a lu gu éis das casas

86 «ái
V olum e 1 O lAB 0 os A(1voj;.k1os no In-iju-no

n a q u a n tia d e 1 :8 4 9 $ 2 0 0 réis. H a v ia ain da outra d ívid a, t a m b é m p o r aluguéis,


da parte d e diversas p esso as, n o valor d e 1:033$000. O total era d e 5 5 :8 79 52 4 5.
A m ea ç ã o fix ou 2 4 :7 2 9 $ 2 3 7 para a viú v a e se d iv id iu a o u tr a m e ta d e en tre os
d o is filhos: 12:364$618.
Para caracterizar n ossa argum entação quanto à preferência pela propriedade
urbana d os ad vog ad os aqui estudados, este inventário p o d e ser to m a d o c o m o
paradigm a, p ois n ele estavam explícitas as p reocu p ações c o m co n fo rto material,
so b r e tu d o sin a is d ecla ra d o s d e riqu eza nas casas - caixas d ’águ a, tan q u es,
e outras m elh orias, an teriorm ente p o u co freqüentes. D e sta c o u -se ta m b é m c o m o
u m d o s in v en tá rio s m a is ricos e m detalhes, ela b o rad o d e m an eira sistem á tica e
criteriosa. R egistrou q u e a fam ília e m q u estão vivia c o m c o n fo rto , p rovida d o s
m elh o res b e n s m ateriais, d en tro d o s p a d rões d a ép oca . N o v a m e n t e se p ercebe
u m v o lu m e d e b en s m u ito co n cen tra d o s em p rop riedad es u rb anas, o q u e se
e n q u a d r a v a a o c o m p o r t a m e n t o d e g r a n d e p a rte d o s a d v o g a d o s e m fo c o .
P o rta n to e s te s d o c u m e n t o s ju r íd ic o s n o s re v ela m tra ço s im p o r ta n t e s das
te n d ê n c ia s q u e e x istia m d en tr o d o s d o is g ru p o s, c o lo c a n d o - o s c o m o
representativos d e m o m e n t o s diferentes da n o ssa fo rm a çã o s o c io e c o n ô m ic a ,
além d e característicos d e d uas gerações q u e trataram d e fo rm a d iferenciad a
m é t o d o e m o d e lo s d e en riq u ecim en to .
O u tro e x e m p lo q u e co n trib u i para co n so lid a r n o s s o s a rg u m en to s p o d e se
delinear n o caso d o in v en tá rio d o Dr. José A n tô n io P im en ta Bueno'^. E m to d o s
os a sp ecto s se d elin eia u m a m u d a n ç a d e interesses, na qual o p ro fissio n a l volta
seus in v e stim e n to s e m p apéis e o s b en s im óv eis passaram para a retaguarda.
C o n t r a s t a n d o c o m as a n tig a s t e n d ê n c ia s , e s ta s n o v a s in v e r s õ e s fo r a m
p rivilegiadas n o in v en tário d o Dr. P im en ta Bueno;

Bens Avaliações
20 ações da C om panhia M elhoramentos São fòulo,
cautela n° 205 cotadas a 7.500$ ISOSOOO
50 ações da C om panhia Estrada de Ferro Quilombo,
cautela n° 28 cotadas a 100$ 5$000
75 ações da mesm a Companhia, cautela n° 29 75500
15 e u m terço (15 1/3) de ações do Banco Iniciador
d e M elhoramentos, certificado n° 79, cotadas a 500$ 7$655

13 AN-SPJ. José A n tô n io P im e n ta B ueno , n “ 1.027 Cx. 1.451.

87
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

15 ações da C om panhia Brasil Industrial,


certificado n” 1.063,cotadas a 110$ 1:650$000
25 açõçs d o B anco dos Lavradores,
cautela n° 584, cotadas a 80$ 000 2:000$000
50 ações da C om panhia Mogiana, cautdas n° 780 e 322,
cotadas a 230$ 13;800$000
33 ações do Banco Mercantil de Santos
de n® 3.937 a 3.942 e 14.348 a 14.375,cotadas a 100$ 3:800$000
5 ações da C om panhia de Seguros Argos Fluminense
de n° 1.215 a 1.219,cotada, a 330$ 1:650$000
2 apólices da Dívida do Paraguai em 10 mil pesos 2OS000
Saldo da caderneta n° 112.905 da Caixa Econômica 10$478
Biblioteca do Finado 3:000$000
Soma 22.3001633

Fonte: Inventários. SPJ. Arquivo Nacional.

C o m p a ra n d o -se o s inventários, ficam nítidas as diferenças entre os tip os de


bens e a reviravolta nas concepções sobre enriquecim ento, a própria transformação
d o s m eca n ism o s econ ôm icos existentes e as diferenças entre o tip o d e propriedades
desejadas p o r u m e ou tro grupo. P o ré m , o inventário d o Dr. P im en ta B u en o
n ã o é representativo d e u m a b o a parcela d o gru p o, apesar d e ser u m ex em p lo
c o n tu n d e n te das m u d a n ç a s e m relação à q ualidade d o s b en s. A partir d e o u tro s
ex e m p lo s, tais c o m o os inventários d o Dr. C arlos C a n u to M alh eiro e d o Dr.
C a r lo s A lb e r t o d e B u l h õ e s R ib e ir o , q u e n o e n t a n t o n ã o p o s s u í a m a
h o m o g e n e id a d e d e b en s tão visível q u a n to o caso d o Dr. P im e n ta B u en o.
Dr. Carlos C a n u to Malheiro'^ faleceu em 31 d e d e z e m b r o d e 18 83 , te n d o
c o m o inventariante sua esposa, D . O íy m p ia G o m e s M alh eiro, que havia feito
u m te s t a m e n t o e m c o m u m c o m o in v en ta r ia d o . O d o c u m e n t o tran scrito
co r re sp o n d e á p restação d e co n tas, ap ó s o en cerram en to d o inventário.

Herdeiros A finidade
M aria Eudóxia Malheiro filha
João Baptista Malheiro filho
Maria Olivia Malheiro filha

14 AN-SPJ. C arlo s C a n u t o M alheiro , n “ 203 Cx. 358.

88
V o lu m e 1 O lA B c os A d v o g a d o s n o Im p é r io

Bens Imóveis Valor


Prédio da Rua Buarque de Macedo 20;000$000

Fonte; Inventários. SP). Arquivo Nacional.

Bens Móveis Valor


Móveis da casa 560$000
Uma livraria com trezentos volumes isosooo
Letra do English Bank of Rio de Janeiro, n® 9.700 6:1505000
Letra do mesmo banoD, n^ 1.703 5:250*000
Letra do Banco dei Credere, n" 596 5:175$000
Letra do m esm o banco, r f 578 5:291 $000
Letra do m esm o banco, n^562 5:189$580
Uma Caderneta do Banco Industrial Mercantil 6:1955000
Q uantia em dinheiro no ccfre 4 :860*000
Dívida de Antonio Gomes ( em faw r do finado ) 15:000$000
M onte 73:820$580

Fonte: Inventários. SPJ. Arquivo Nacional.

Este é u m ou tro ex e m p lo das n ovas ab ord agen s n o s n e g ó c io s , c o m tip o s


d e in v e stim e n to s n o v o s, q u e pareciam dar m aio r ren tab ilid ade e liq u id ez. N o
e n ta n to , a p e r c e n ta g e m c o m este tip o d e n e g ó c io n ã o p o d e ser o b je to d e
generalização, apesar d e ser m u ito ad equada às h ip ó teses levantadas.
O u tra a b o rd ag em q u e con figu ra o s arg u m en to s p o r n ó s d ese n v o lv id o s
f u n d a m e n ta -s e n o in v en tá r io d o D r. C arlos A lb erto d e B u lh õ e s R ib e ir o '\
F alecido e m 1° d e o u tu b r o d e 1881, n ã o d eix o u te sta m e n to , n e m filh o s. A
in ven tarian te fo i D. Riba D elfin a G uim arães d e B u lh õ es R ib eiro, e a ssim foi
registrada a lista g em d e bens:

Bens Móveis Valor


Crédito passado pelo C om endador Ricardo José Gomes Guimarães
que foi adiantam ento de legítimo da I» suplicante,
feito p o r ocasião do casamento com o inventariado 30:0005000
Apólices da Dívida Pública Nacional* I0:800$000
36 ações do Banco do Brasil, cotadas a 300$000 cada um a 10:800$000

15 A N -SPi. In v e n tá rio de C arlo s A lberto de B ulhões R ibeiro. n“ 3.416 Cx. 284.

89
_____________ Hisfóría da
Ordem dos Advogados do Brasil

U m faqueiro de prata completo 4505000


Serviço de prata para chá 201$600
Jarro e bacia para barba de prata I12$000
Escrivaninha, três bandejas, um a farinheira, um a cesta para pão,
paüteiro, castiçais, um a espevitadeíra e trés argolas para guardanapos,
tudo de prata 257*600
Dinheiro a receber do semestre vencido em ju nho de apólices
e ações do Banco do Brasil 660$000
Móveis da casa 2:000$000
Móveis de quarto de dorm ir do inventariado 8005000
Livros do finado, sendo 104 volumes encadernados e diversas brochuras 300$000
Louças, cristais e diversos objetos de uso da casa 5005000
Dinheiro em cofre de órfãos pertencente ao finado p o r dependência
de seu pais o Dr. Carlos Antonio de Bulhões Ribeiro, depositado
em 13/] 1/1858 sob o n° 145, sendo o principal dele e de seu irmão José 60$000
Monte 56:941 $200
‘ N o i n v e n t á r i o e s t ã o e s p e c if ic a d a s .

Fonte: Inventários. SPJ. Arquivo Nacional.

À m e d id a q u e o s é c u lo a v an ça va s as d ife r e n ç a s r e p r e s e n ta d a s p elas
a va lia çõ es ap resen tav am valores d esto a n tes seja e m razão das várias crises
f in a n c e ir a s , a d e s v a lo r iz a ç ã o d a m o e d a p e la in f l a ç ã o , a i n f l u ê n c i a d o
E n cilh a m e n to e ou tros tip o s d e d esvalorização da m o ed a . A lg u n s h istoriad ores
d eb a te m se h o u v e m e s m o u m a estabilidade d a m o e d a , m a s r e co n h e ce m q u e o
cu sto d e v id a sofria variações n o s índices, d esd e 1829 até 1900. Para o u tro s
a u to r e s h o u v e fa to r es q u e in flu e n c ia r a m na in fla ç ã o e t a m b é m nas
tra n sfo r m a ç õ es so c io e c o n ô m ic a s, w m o o a u m e n to d a p o p u la ç ã o e a rápida
u rb anização n o s su b ú rb io s d o R io d e Janeiro. N o p e r ío d o d e 1820 a 1850, q u e
fo g e u m p o u c o à p erio d iza çã o d o n o s s o trabalho, m a s que p o d e ser to m a d o à
g u is a d e in f o r m a ç ã o , o s sa lá r io s d o n ív e l d e r e n d a m a is a lta, is t o é, d e
p ro fissio n a is liberais e, n o caso, o q u e n o s interessa esp e cific a m e n te, d o s
a d vo g ad os, sofreram u m a considerável baixa d e p o d e r aquisitivo, se co m p a ra d o
c o m o u tr o s ao lo n g o d o p erío d o , m a s p erm a n eceram c o m o u m d o s m a is altos,
se n d o , n o en ta n to , inferiores à renda rea l.' ^
16 C f. R a i m u n d o F a o r o . M a c h a d o d e Assis: a p i r â m id e e o tr a p ézio . S ã o P a u lo : C o m p a n h i a E d i t o r a N a c i o n a l,
1976, p . 181.
17 I d e m , i b i d e m , p . 235.

90 màB
V o lu r n e 1 O lAlS c os AfKoL^.ickis n o Im |jé n 'o

H avia representadas n estes inventários d uas situ a ções e c o n ô m ic a s b em


delineadas; a d o s ricos proprietários, originários d e fam ílias q u e tradicionalm ente
estavam entre as m a is privilegiadas, e u m a m inoria, se co n sid er a rm o s nesta
a firm ação ap en a s aquela parcela da m a ssa d o cu m e n ta l d a q u eles q u e p o ssu ía m
apenas o necessário para sobreviver, sem grandes recursos materiais. A pluralidade
d e situ a ç õ e s q u a n to à fo rtu n a estará ex p licita d a e m a lg u n s d o s in v en tá rio s
a p resen tad os e m seg u id a , clarificand o este con traste n o seio d esta categoria
so ciop ro fission al.
U m a fortuna extraordinária foi descrita n o in ven tário d e C arlos Frederico
T a y lo r‘S F ale cid o e m 3 d e ju lh o d e 1890, d e ix o u te s t a m e n t o e tev e c o m o
in ven tarian te o co n se lh e ir o Dr. Eduardo d e A n d rad e P in to. Entre n u m e r o so s
paren tes citad os, a esp o sa , so b rin h o s, p rim os, a lé m da referência a escravos.
Seu filh o ú n ico, C arlos Taylor, era o herdeiro u n iv e r s a l.

Bens Valor
U m prédio de sobrado de três andares à rua 1" de Março, 31 110:0005000
U m prédio de sobrado de três andares à rua do Rosário, n^ 42 80:0005000
U m prédio térreo à rua da Alfândega, n® 138 6:000$000
U m prédio térreo à rua do Senhor dos Passos, n“ 51 12:0005000
U m prédio assobradado à rua da Lapa, n®76 8:0005000
Um prédio de sobrado à m a da Lapa,n^ 80 (com terreno
n o fundo que serve de quintal, com várias “meia-águas”) 22:0005000
U m prédio à m esm a rua, n ^ 8 l (téireo) 10:0005000
Ura prédio à m esm a rua, n^ 83 (térreo) ) 0.0005000
Um prédio térreo, à mesm a rua, n^ 87 (com terreno no fundo) io-.ooo$ooo
Ura prédio térreo, à rua da Glória, i f 04 8:000$000
Um prédio térreo, à mesm a rua, n°-06 7:0005000
U m prédio de sobrado à rua São José, n“ 05 25:0005000
U m prédio de sobrado à rua d ’Ajuda, n° 25 30:0005000
U m prédio assctiradado à rua Conde de Lages, r f 16 12:0005000
U m prédio assobradado, à m esm a rua n^ 14 15:0005000
U m prédio assobradado, à m esm a rua n^ 12 12:0005000
U m prédio de sobrado à Praia da Lapa, n^ 28 27:0005000
U m prédio térreo à rua Marquês de São Vicente, n“ 8-A 5:5005000

18 AN -SP). CarJos F red erico Taylor, 1890, n “ 8 4 0 ,C x . 105.

•Al 97
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

U m prédio térreo à mesm a rua, 10 4;000$000


U m prédio térreo à mesm a rua, n*^ 12 4:000$000
U m prédio térreo à mesma rua, n® 14 3:000$000
O utro prédio térreo, à m esm a rua, 16 5:500$000
Prédios feito chalet, à m esm a ma, n^ 12-A e 12-B 26:000$000
U m prédio assobradado, à m esm a rua, n'^ 20 45;000$000
U m terreno à mesma m a. 22 30;000$000
U m prédio assobradado, à mesma m a, n“ 22-C 6:500$000
U m prédio assobradado, à mesma rua, n“ 22-A 6;000$000
Um prédio térreo, à mesm a rua, 22-B 6;000$000
Um prédio assí^radado, à mesm a rua, n® 26 8:000$000
U m prédio assobradado, à m esm a rua, n® 39 13:000$000
U m prédio assobradado, à m esm a rua, 61 20;000$000
U m prédio térreo, à mesm a rua, n“ 63 15:000$000
Móveis 4:038$000
Prata 3;033$920
Jóias 1:979$000
Carros (um a Victoria, um Phieíon e um Tilbury) 900$000
Animais e arreios 150SOOO
Móveis (de outras casas) 3025000
Livros 248$700
Móveis e louça da Fazenda Constância (Teresópolis) 1:271 $000
Animais da Fazenda Constância 1455000
Casas nesta mesm a fazenda 13:540*000
Terras desta fazenda 60:0005000
Benfeitorias da Fazenda dos Três Córregos (Teresópolis) 32;000$000
Benfeitorias de Campo Limpo 26;220$000
Terras na Prata (Teresópolis) 38:000$000
Móveis na Fazenda n o lugar do Garrafão (Teresópolis) 468$000
Casas desta m esm a fazenda 29:770S000
Faço e casa na v á r r a na rua Provincial, n» 08 (Teresópolis) 30;000$000

Fonte: Inventários. SPJ. Arquivo Nacional.

Tanto n o quad ro q u e apresenta o s b en s im ó v eis q u a n to n o ou tro, de títu los


e apólices, o perfil da fortun a familiar d o Dr. Taylor se destacava entre o s diversos

92 •A i
V o lu m e 1 O !AB c> os A d v o g a d o s n o Im p é r io

d o c u m e n to s estu d a d os. P orém , m e s m o neste caso, p e r m a n e c e a te n d ê n c ia de


con centrar parte sign ificativa d o s b en s em im ó v eis u rb anos, que é u m p o n t o de
con vergên cia de in v estim en to s d en tro da categoria.

Títulos d a Dívida Pública Valor


Apólices gerais, de juro de 5%, 177 do valor nominal
de 1:000$000 cada um a, à cotação de 969$000 I71.5]3$000
14 de 5005000 cada um a, que à cotação de 965$000
por 1;000$000 im portam em 6:7555000
2 de valor de 200SOOO cada 3865000
Apólices provinciais de 6% do Estado do Rio de Janeiro - 2 de
valor nom inal de 5005000 cada e 77 de valor de 200$000 cada 16:4005000
Ações de C om panhias Valor
Certificado n“ 8.006 de cem ações de ] 0 libras esterlinas, cada,
da Brasilian Submarine Telegraph Company Limited
e que são avaliadas ao câmbio por não terem cotação 8:8905000
Cautela n" 23 de 40 ações da Companhia d'Estrada de Ferro
de Bragança, Província do Pará, de 200$000, cada, sem cotação sem valor
3 da companhia fttropolitana ( n'^ 5.596 a 5.598) de 2005000 cada 5285000
Dinheiro arrecadado pelo inventariante 319:7235520
Mais dívidas ativas, m assa falida, aluguéis e empréstimos 5:4195970
Total 1.380:1675580

Fonte: Inventários. SP{. Arquivo Nacional.

O d estaq u e d a d o a o s b en s d o Dr. Taylor n o s ajuda a co m p r e e n d e r c o m o


seu caso era ex c ep cio n a l, p o is trata-se de u m d o s p o u c o s in v en tários n o qual se
en co n tra , ao lad o d e p rop ried a d es u rb anas, u m g ra n d e le g a d o d e p rop riedad es
rurais, co n centradas n a provín cia d o R io d e Janeiro. O u tro s a d v og a d os e juristas
b astante d estaca d o s n ã o m a n tin h a m estas características n o s seu s inventários.
O s d o u to res C h ristó v ã o M iran d a da N ó b rega A nd rad e, o c o n se lh e ir o A n to n io
Pereira R e b o u ç a s '\ A n to n io Saldanha da G am a, n ã o eram proprietários urbanos
e ru rais n e s ta m e s m a d im e n s ã o , m a s p o d e m ser c ita d o s c o m o s u b s íd io
im p o r ta n te para a n o ssa a rgu m en ta ção d e q u e bacharéis e a d v o g a d o s d etin h a m
significativas fatias d e propriedades.

19 A N -S P ). R e s p e c tiv a m e n te os c ita d o s n o s in v e n tá r io s n “ 4.5 10, C x . 4 . l 2 4 ; n “ 693, C x . 4.029; n " 255, Cx. 4.121

93
_____________ Históriajda
Ordem dos Advogados do Brasil

O utros indivíduos tinham recursos m ais m odestos e alguns exem plos servirão
para fundam entar nossa argumentação. O Dr. Francisco da C osta Guimarães^”
tin h a u m ú n ic o herdeiro, seu irm ão, A lfredo da C osta G u im arães, q u e foi o
inventariante, e d eixou c o m o bens apenas u m a im portância, e m dinheiro, a que o
f a le c id o t in h a d ir e ito c o m o g ra v a d o r d a Im p r e n sa N a c io n a l, n o t o t a l d e
Rs. 1:840$602, além d e u m a caderneta da Caixa E co n ô m ica Federal d e n - 400.619,
n o valor d e Rs. 480 S 9 45 , perfazendo u m total d e Rs. 2;321S547. T a m b ém b i
m o d e sto o inventário d e José Joaquim R odrigues Lopes^', cujo inventariante foi
Pedro A ffo n so d os Santos, seu sogro. Faleceu n o dia 8 de ju n h o de 1905, se n d o a
ú nica herdeira sua filha, p o r é m n ão d eixou b en s d e espécie a lg u m a e reduzidos
cu sto s d e inventário a Rs. 200$000.
O in ven tá rio d o d esem b a rg a d or Izidro B orges M o n te ir o falecid o e m 16
d e m a io d e 1 8 9 0 , t a m b é m n ã o tin h a b e n s s ig n if ic a tiv o s , e o s h e r d e ir o s,
n u m e r o so s, abriram m ã o da herança e m b e n e fíc io d o m e n o r A lfred o B orges
M o n teir o (1 5 a n o s), filh o d o falecid o, q u e d eixo u testa m e n to . A d esistên cia d os
h erd eiro s d ev eu -se à alegação d e q u e o s b en s n ã o ch ega ria m para o p a g a m e n to
d o s credores, p o is o cita d o m o rr eu e m estad o d e p o b reza , situ a çã o descrita
c o m o p ú b lica e n otó ria . O s b en s se resu m iam a u m a m o b ília que, apesar de
estar p en h o r a d a para p a g a m e n to d o s a lu gu éis da casa, foi in d e n iza d a para ser
avaliada e revertida e m p a g a m e n to d o s credores.
Já o Dr. A n to n io M a n o el d e S ouza e Oliveira^^ fa leceu e m 15 d e o u tu b r o
d e 1885, em casa d e p en sã o , n a m a d o R esend e n® 6 1, e n ã o se e n c o n tr o u em
se u e s p ó lio q u an tia a lg u m a q u e p erm itisse realizar u m féretro c o m “d ecê n c ia ”,
s e g u n d o d o c u m e n t o s d o inventário, Foram loca lizad as a lgu m as jó ia s em seu
a p o se n to e, p o r su g estã o d o Dr. A velino G urgel d o M arel, foram p en h o ra d a s
para a realização d o enterro.
Relação d o s o b je to s en co n tra d o s n o a p o sen to n o qual Dr. A n t o n io M a n o el
faleceu:

1 relógio de prata 15$000


1 corrente de plaquet lOOSOOO
2 p in c e -n e z d e ouro 10$000

20 A N . F r a n c i s c o d a C o s t a G u i m a r ã e s , n “ 4 8 6 , C x . 4 .1 9 3 .
2 1 A N - S P J . I n v e n t á r i o d e F r a n c is c o d a C o s t a G u i m a r ã e s , n “ 4 8 6 , C x . 3 .8 8 1 .
22 A N - S P J . D e s e m b a r g a d o r I z i d r o B o r g e s M o n t e i r o . n “ 2 4 7 , C x . 3 .8 9 2 .
23 A N - S P J , A n t o n í o M a n o e i d e S o u z a O liv e ir a , n® 2 1 5 , C x . 504.

94
V o lu m e I O lA B e os Actvog.iclos n o Im p c 'tio

O utros objetos s/ grande valor (roupas, malas, etc.) 40S000


Total 165$000

Fonte: Inventários. SPI. Arquivo Nacional.

Esses ob jetos, v en d id o s em praça, perm itiram a arrecadação d e Rs.3 5 5 50 00 ,


p a g a n d o -se a u m credor seu, Sr. João Ferreira de M attos, responsável p ela pen são,
a q u a n tia d e Rs. 5 0 $ 0 0 0 e as co n ta s d o juízo, in c lu in d o o funeral, to ta liza n d o
R s.2 98 $ 71 7.
U m a ou tra q u e stã o q u e d eve ser in corp orad a a n o ssa an álise foi a ên fase
m a n ifestad a p o r estas cam ad as m éd ia s em relação ao e m p re g o p ú b lic o . Para
algu ns o em p re g o p ú b lic o era u m a espécie d e sin ecura, p rocu ra d o d e form a
a m p la , q u er p e lo s m a is p riv ileg ia d o s, q u er p o r a q u e les q u e t in h a m n ele a
p o ssib ilid a d e d e g a n h o s seguros, que lh es p o ssib ilita ssem u m a so b revivên cia
am en a, e q u e geralm en te era a ssociad o a u m ou tro tip o d e atividade. G eralm ente
era p erseg u id o c o m o u m ob jetiv o para p esso a s c o m fo rm a çã o p rofission al. Era
m u ito c o m u m , entre in d iv íd u o s orig in ários d e fam ílias d e p ro p rietários rurais,
g ru p o s m é d io s u r b a n o s o u d e u m p rivileg ia d o círcu lo d e p e sso a s que, p or
r e la ç õ e s fa m ilia r e s e d e p a r e n te la , e s ta v a m e n v o lv id o s n e s s a s a tiv id a d e s
burocráticas. Esta situ a çã o abrangia o s a d v og a d os e b a ch aréis d e a m b a s as
listagens analisadas, m e s m o que n o caso d os m e n c io n a d o s e m 1880 já n ã o fosse
p o ssível a m e sm a facilidade para atingir cargos p ú b lic o s e burocráticos. Este
g r u p o (1 8 8 0 ) seria resp o n sáv el pela d in a m iz a çã o d o P artido R ep u b lic a n o do
R io d e Janeiro, o que para José M u rilo d e C arvalh o rep resen to u a Unha do
lib e r a lis m o u r b a n o , d ife r e n te n a o r ig e m e fo r m a ç ã o d o lib e r a lis m o p ré-
d em o c r á tic o d o s cafeicu ltores paulistas^"*.
N a realidade, se levarm os e m consideração o g ru p o estu dad o, n ã o p o d e m o s
fazer gen era lizaçõ es q u e in c lu a m o bacharel c o m o o c o n tin u a d o r d o s interesses
d o s g ra n d es p rop rietários rurais, apesar de p a rcia lm en te esse a r g u m e n to ser
verdadeiro. P elo m e n o s é o q u e d em o n stra m a lg u n s in ven tários. A ten d ê n c ia
m a io r p erceb id a era u m interesse m u ito gran d e p o r im ó v e is u rb a n o s, o que
p o d e ser re fe r e n d a d o p e lo v o lu m e d e escritu ras q u e serão a n a lisa d a s. As
p rop riedad es u rb anas, n o caso, p o d ia m ser o su b stitu tiv o d o la tifú n d io rural,
em d esa cord o c o m as fu n ç õ e s citad in as d o g ru p o . A p referência p elo im ó v el
u rb a n o ta m b ém p o d e ser relacionada à crise da lavoura flu m in en se e à facilidade

24 Cf. J o s é M u r i l o d e C a r v a l h o . A c o n s tr u ç ã o d a O r d e m : a e lite p o lític a I m p e r ia l. B r a s ília : E d , U N B -


U n i v e r s i d a d e d e B ra s ilia . 1981, p p . 4 6 e 176.______________________________________________________________

95
___________ Históriaxia.
Ordem dos Advogados do Brasil

d e o b te n ç ã o de rend as através d os aluguéis. A lém d isso , o im ó v e l u rb a n o era


m a is fa cilm e n te n eg o cia d o , o que dava m a io r liq u id e z ao proprietário.
C o m o crescim en to da cidad e n o fím d o sécu lo , a esp e cu la çã o im obiliária
se to r n o u m a is forte, ten d o o s proprietários d e rnióVvL, facilidad es leg a is e reais
para tra n sa cio n a r c o m eles. L eve-se e m co n sid e r a ç ã o t a m b é m as q u e stõ e s
financeiras, a in stabilidad e d o s n e g ó c io s c o m p apéis, q u e d eram aos im ó veis
u m v alor subjetivo d e segurança m u ito m a is a centu ado.
N o entanto, o R io d e laneiro ao lo n g o d o sécu lo X IX era u m centro gerador
d e n e g ó c io s e o s ad v og a d o s eram responsáveis p o r n u m e r o so s interesses em
transações quer c o m im óveis, quer c o m ações o u ou tros papéis. R eto m o aqui
u m a q u estão já citada q u e é difícil definir, m e s m o co m u m n ú m e r o significativo
de d o cu m e n to s: a renda d o s advogados. Para m ais u m a vez tentar superar estes
lim ites, farem os u m estu d o das escrituras cartoriais e verbas testam entárias, que
forneceram subsídios esclarecedores ao n o sso interesse específico. Efetivam ente
foi d etectado u m m o v im e n to im portan te d e com p ra e ven d a d e im ó veis, além
d o s aluguéis d e casas e escravos, estes esporadicam ente m en cio n a d o s, se n d o m ais
fi*eqüentes as escrituras d e n eg ó cio s imobiliários.^®
Pelo ín dice distribuidor d o A rquivo N acional foram localizadas 109 escrituras
relacionadas a n o m e s constantes nas listas d o s ad vo ga d o s (1 8 6 0 e 1 88 0 ), m u ito s
deles v in cu la d o s ao lAB. E m u m grupo d e 6 0 escrituras, 4 6 (76% ) q u e diziam
respeito a transações im obiliárias, 10 (16% ) relativas a h ip o tecas e vendas de
escravos, 2 (3% ) quanto à divida e h ipoteca d e ações, e 2 (3% ) à cessão d e dívidas.
A lg u n s e x e m p lo s fo ram d e m o n str a tiv o s d o s n e g ó c io s efe tu a d o s, c o m o D r.
C h r istó v ã o M ira n d a d a N ó b r e g a A n d ra d e, o c o n s e lh e ir o A n t ô n io Pereira
Rebouças, Dr. A n to n io Saldanha da Gam a, grandes proprietários urb anos e rurais.
N esse co n ju n to , o Dr. A u g u sto Teixeira de Freitas (Presidente d o lA B, 1857)
fo i u m d o s recordistas e m n ú m e r o d e n eg ó cio s. D a s 109 escrituras con su ltad as

25 Ver E u íá lia M a r i a L a h m a y e r L o b o . H is ló r ia 4 o R i o d e Jan e iro : d o ca p ita l c o m e r c ia l a o c a p ita l m e r c a n t i l R io


d e J a n e i r o ; I B M E C , 1 9 7 8 , v. l , p p . 1 2 9 -2 2 7 .
2 6 O s d a d o s f o r a m o b t i d o s e m d iv e r s o s d o c u m e n t o s d e c a r t ó r i o s ; e s c r i tu r a s , i n v e n tá r i o s , p r o c u r a ç õ e s , v e rb a s
t e s t a m e n t á r i a s . E m 1 8 5 8 h a v i a n o R i o d e J a n e i r o q u a t r o o fíc io s, a s s im d i s t r i b u í d o s : 1 .n “ ) R u a d o R o s á r io
8 0 - J o s é C a r d o s o F o n te s , t a b e li ã o i n t e r i n o ; 2.'‘ ) R u a d o R o s á r io 5 7 - P e d r o / o s é d e C a s t r o ; 3.“ ) R u a d o
R o s á r io 6 8 - F r a n c i s c o /o s é F ia lh o ; e 4.® ) R u a d o s O u r i v e s 9 9 - Jo ã o M a r q u e s P e r d ig ã o . P e lo D e c r e t o
L e g i s ] a f i v o n “ 2 .2 9 3 , d e 11 d e j u n h o d e 1 873, r e g u l a m e n t a d o p e l o D e c r e t o n “ 5 .5 4 3 , d e 3 d e f e v e r e ir o d e
18 7 4 , f o r a m c r i a d o s m a is 4 c a r t ó r i o s d e t a b e l i ã o d e N o ta s , n o R i o d e l a n e i r o . P o r t a n t o , e m 1 8 8 0 h a v i a n o
R io d e J a n e i r o 8 o fíc io s, to d o s s i t u a d o s à r u a d o R o s á rio . P a r a c h e g a r m o s a o s n o m e s d e s e j a d o s c o n s u l t a m o s
o s m i c r o f i l m e s c o m ín d i c e s d i s t r i b u i d o r e s , q u e n o s l e v a r a m a o s d i v e r s o s o f íc io s , d e a c o r d o c o m o r e g i s t r o
d o s n e g ó c io s . D a d o s s o b r e T a b e liã e s e m D . L. M a c e d o , T abeliães à o R i o d e J a n e ir o ( 1 5 6 5 - 1 9 6 3 ) . R i o d e
J a n e i r o ; M i n i s t é r i o d a J u s tiç a e N e g ó c i o s I n t e r i o r e s / A r q u i v o N a c i o n a l , 1 9 6 5 , p . 43.

96
V o lu m e I (') IA15 c os A flv o g iic lo s n o Im p é r io

n o p erío d o d e 1 8 5 8 -1 8 8 0 ^ \ 22 (20% ) eram tran sações levadas a d ia n te p e lo Dr.


Teixeira d e Freitas, p rin cip a lm en te v en d as de terrenos, casas, chácaras e ta m b ém
n e g ó c i o s c o m e s c r a v o s. I m p o r t a n t e ju r ista , p r e s id e n t e d o I n s t i t u t o d o s
A d vo ga d o s Brasileiros, foi co n v id a d o p elo Im perad or para redator d o C ó d ig o
Civil. B acharel p o r O lin d a , n asceu em C achoeira, Bahia, filh o dos b arões de
Itaparica e su a d ed ica çã o à advocacia foi b astante significativa. Era p roprietário
d e u m a fo rtu n a co n sid erá v el e m b en s im óv eis, p r in cip a lm en te n o bairro de
Laranjeiras.
O e p isó d io da v en d a de u m terreno n a rua d o Ipiranga, feita en tre o Dr.
A ugu sto Teixeira d e Freitas e sua m u lh er D. M atilde d e Teixeira L im a a Francisco
H o m e m da R och a, p o d e ser to m a d o c o m o e x e m p lo . A m b o s , c o m p r a d o r e
v en d ed o r, residentes n a cid a d e d o R io d e Janeiro, tra n sa cio n a v a m u m b e m cuja
co m p ra era origin ária d e n e g ó c io anterior feito p elo Dr. Teixeira d e Freitas c o m
o Dr. João A lves d e C astro Roza. O terreno tin h a duas braças d e frente e de
fu n d o s para a chácara d o m arq u ês d e M aceió e foi v e n d id o e registrad o e m
cartório a 25 d e m a io d e 1858 p e lo p reço d e seiscen to s m il-ré is, à razão de
d u z e n to s m il-réis p o r u m a braça. U m a listagem das v en d a s feitas n o s m o ld e s
anteriores p o d e ser d em o n strativ a das variações d o s preços e m relação à p o siçã o
o u ex ten sã o d o terreno:

1 terreno vendido a 22 de maio de 1858, paga a quitação, pelo preço de um conto de réis, à razão
de 250 mil-réis por braça.
1 terreno vendido, paga a quitação em a 28 de m aio de 1858, pelo preço de u m conto e duzentos
e cinqüenta mil-réis.
1 terreno vendido a 27 de maio de 1858, pela quantia de oito contos e oitocentos mil-réis^^.

N o a n o d e 1869 r e g istr o u -se a escritu ra d e ra tificaçã o d e o u tr a v e n d a da


chácara e casa d a rua d o Ipiranga n^ 4 , p e lo p reço d e o ite n ta c o n t o s d e réis^®.
Pela se q ü ên cia de datas, o s b en s n eg o c ia d o s d ev eria m p erte n c er a u m a chácara
d e sm e m b r a d a o u a u m a e s p é c ie de lo te a m e n to d e se u s b e n s q u e , p o r u m a
u rg ên cia fin a n ce ir a o u p o r n e ce ssid a d e d o s o u tr o s in v e stim e n to s , esta v a m à
v en d a . Essa av alia ção d o c u m e n t a l v e m con trariar in c lu siv e a fir m a ç õ e s d e
c u n h o b io g r á f ic o s o b r e o D r. T e ix e ir a d e F re ita s n a s q u a is s e v e ic u la
in s is te n te m e n te a id éia d e q u e o ju r isc o n su lto só p o s s u ía u m a p e q u e n a e

27 A N - S P J , E s c r i t u r a d e c o m p r a e v e n d a , 1“ O f íc i o , L, n . 2 7 5 , p p . i 3 3 - 3 8 .
28 I d e m , 3“ O f íc i o , L, n . 2 5 9 , p p . 3 2 - 3 3 .

97
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

in sig n ifica n te fb rtu n a^ \ Entretanto, só n o s n e g ó c io s efe tu a d o s n o a n o d e 1858


c h e g a m o s a o so m a tó r io d e 2 4 c o n to s e cin q ü e n ta m il-r é is, o q u e caracterizava
u m b o m d e s e m p e n h o e c o n ô m ic o -fm a n c e ir o . E n q u a d r a v a m -se ta m b é m entre
o s p ro p rie tá r io s u rb a n o s, c o m ren d as o b tid a s através d e a lu g u é is, n e g ó c io s
im o b iliá r io s e se u s p r ó p r io s p ro ven tos.
N a verba testam entária d o Dr. Francisco d e Salles Rosa^° o s principais
iten s m e n c io n a v a m c o m ên fase o s im óv eis u rb anos. Fbr ex e m p lo , q u a n to aos
legados:

A D. Maria Rosa do Amaral, em usufruto, o prédio da Praça Tiradentes, n® 55, passando por sua
m orte a seus dois filhos (Anira e Albertina).
Todos os móveis e alfaias que guarnecem as suas residências pertencem exdusivamente a Maria
Rosa do Amaral.
A livraria que existe no seu prédio à rua do Lavradio, n° 15 pertence a seus três filhos (Francisco,
Américo e Augusto).

Q u a n d o se tratava d e legado em dinheiro, as inform ações eram m ais exíguas.


N e s te caso, e x c e tu a n d o -se as prop riedad es citadas, o s recursos m o n ta v a m a
R s.3:677$506. O u tro s exem plos de freqüência d e n eg ó cio s im o b iliá rio s aparecem
im p licita m en te n o s inventários on d e existe na relação d e b en s o d inh eiro recebido
d e aluguéis. U m b o m exem p lo é o inventário d e João Caldas Vianna^', falecido
e m 17 d e setem b ro d e 1862, ten d o p o r inventariante D. M argarida Perpétua
Peçanha V ianna, sua esposa, e seus filhos c o m o herdeiros:

Bens Valor
Dinheiro em poder da inventariante 4;302$000
Dinheiro existente nu m a caderneta do Banco do Brasil 600*000
Dinheiro recebido do Mosteiro de São Bento
e d o com endador José Monteiro P in h eira sendo 300$000
do dito Mosteiro e 2:000$000 do comendador 2:3005000
Em dinheiro recebido de aluguéis de casas 378$000
Escravos (105 ao todo) 74:2005000
Deduz-se desta quantia os falecidos e doados 67:5005000

29 A lf r e d o B a l th a z a r d a S ilv e ira. M e m ó r ia h istó ric a d a s u a fu n d a ç ã o e d a s u a v id a ( I n s t i t u t o d a O r d e m d o s


A d v o g a d o s B r a s il e ir o s ) . R i o d e J a n e i r o : lO A B , 1 944. p p . l 7 I - 7 8 .
3 0 V er v e r b a s t e s t a m e n t á r i a s , A N - S P J . D r . F r a n c i s c o d e Salles R o s a . L i v r o 8 0 , fl. 2.
3 ! Ver A N -S P ? . i n v e n t á r i o d o D r . ?o ão C a l d a s V ia n n a . J u ízo d o s ó r f ã o s ( 1 8 6 2 ) . c x . 4 .1 5 2 , 1.722.

98
V o lu n u ’ I ( } lA l i V os Ad vo g .iclo s n o h n p c i io

Uma casa de sobrado à rua D. Manoel n^ 38 10:0005000


Sobrado à rua da Conceição 16 12:000$000
Casa abarracada da rua da Boa Vista,
na lagoa Rodrigo de Freitas 6:000$000
Terreno no mesmo lugar 3 :400*000
O bjetos de casquinha 69S440
Trastes de madeira, louça, vidro e outros objetos 3:2725400
Em móveis 808$500
Carros, carroças e animais 1:630$000
Dinheiro recebido de jornais dos escravos 1;455$380
Em dívidas U:064$200
Total I30.407$200

Fonte: Inventários. SPJ. Arquivo Nacional.

D o m e s m o Dr. João C aldas Vianna^^ h á d o c u m e n t o s q u e c o m p r o v a m


rendas d e alu g u el, p or ex em p lo :

“D iz o D r. Jo ã o C a ld a s V ia n n a q u e e le c o m p r o u a J o a q u im P in h e ir o d e
C a m p o s , as ca sa s d a n ia d a C o n c e iç ã o n® 16. . D o c u m e n t o n ° 1:
“C o m o e sta s casas e s tã o a lu g a d a s p e lo T e so u ro P ú b lic o N a c io n a l para
a A u la d o C o m é r c io , p o r c e m c o n t o s d e réis a n u a is, p a g o s a q u a r té is
v e n c id o s , v e m a S up . req u erer a V.M.J se d ig n e m a n d á -la s p ô r e m se u
n o m e , e o r d e n a r q u e se p a g u e a o Sup. o 3^ q u a r te l d o c o r r e n t e a n o ,
v e n c id o h o je , e q u e se lh e c o n t in u e a pagar p e la r e sp e c tiv a f o lh a o s q u e
se fo r e m v e n c i d o s ”.

O r e g i s t r o d e a l u g u é i s n ã o era d e p r a x e , m a s o s e x e m p l o s s ã o
a b u n d a n t e s e d e m o n s t r a m o h á b it o d e a lu g a r i m ó v e i s u r b a n o s c o m o
o r ig e m d e m u it a s d a s r e n d a s m e n c io n a d a s . P o d e m o s d e s t a c a r o c a s o da
e s c r itu r a d e d e s t r a t o e a r r e n d a m e n t o d o p r é d io e ch á ca r a n - 3, 1^ A , da
rua d a E strela , q u e f iz e r a m e n tr e si o D r. L u iz P e ix o to d e L a cerd a W e r n e c k
e o D r. B e r n a r d o T e ix e ira d e M o r a e s L eite V e lh o , a 2 4 d e j a n e ir o d e 1 8 7 0 .
A q u a n tia d o a r r e n d a m e n t o era d e u m c o n t o e s e is c e n t o s m i l - r é i s a n u a is ,
s e n d o q u e n a in ic ia l o c o n t r a t o rezava u m p r a z o d e 4 a n o s e, c o m o o

32 Ver B ib lio te c a N a c i o n a l , S e ç ã o d e M a n u s c r i t o s . í n d i c e d e D o c u m e n t o s B io g r á f ic o s ( J o ã o C a l d a s V i a n n a ) ,
C . 1 6 4 , 6 I , C . 8 1 6 , 2 8 , C . 1023,27.

99
__________________Ü i5 tá ría _ d a _
Ordem dos Advogados do Brasil

o u t o r g a n t e p r e c is a v a se retira r d a C o r t e p a ra su a s fa z e n d a s , p r o p ô s o
d e s t r a t o d o arrendam ento.^^
U m se g u n d o ex e m p lo p o d e ser to m a d o d e u m a escritura d e a rren d am en to
d o p réd io da rua d o Teatro, n^ 25, q u e faz o Dr. A n to n io Luiz Sayão^ a João
D u a r te P im en ta e m 31 d e o u tu b r o d e 1882

[...] c o m o o u to r g a n te o Dr. A n to n io Luiz Sayão, p rop rietá rio , e c o m o


o u t o r g a d o João D u a r te P im e n t a , m o r a d o r e s n e s t a C o r t e [...] p e lo
o u to r g a n te m e foi d ito q u e se n d o se n h o r e d o n o le g ítim o d o p réd io de
so b rad o n ° 25 da rua d o Teatro, na freguesia d e S acram ento, c o m um a
p o rta na loja e u m a janela n a sacada c o m grade d e ferro n o sob rad o, tu d o
c o m p o rta s d e cantaria, o dá em a r r e n d a m e n to ao o u to r g a d o so b as
segu in tes con d ições:
1.°) O prazo d o contrato é de 9 anos, a contar d e d e n o vem b ro [...] a findar
e m 31.10.1891, pagando o outorgado a ele, outorgante, durante esse prazo o
aluguel o u renda d e 1:200$000 por ano, em prestações m ensais d e I00$000.
2.°) O o u to r g a n te o b rig a-se a n ã o só p o r si c o m o p o r seus h erd eiros e
su cesso res a n ã o elevar o alu guel estip u la d o , n e m d esp ejar o o u to r g a d o
d esse p r é d io durante o p razo estip u la d o , em q u a lq u er circun stân cia.
3.°) O o u to r g a d o fica o b rig ad o a con servar o p réd io [...].

O Livro d e D istribuição d o 6^ D istrib u idor d o A rquivo N a cio n a l d em onstra


a freq ü ên cia d o s n e g ó c io s, p o r ex em p lo , de Bernardo Teixeira d e M oraes Leite
Velho^^ e m d iversos tabeliães. D esta q u e para a escritura d e d istrib u içã o e outra
d e arr en d a m e n to d o préd io q u e fez o Dr. B ern ard o Teixeira d e M o ra es Leite
Velho, p or se u procurador, ao Dr. Francisco Paula Barbosa Leite Brandão {janeiro
d e 1870), o u a escritura d e arrendam ento d o préd io q u e fez Dr. Bernardo Teixeira
d e M o raes Leite V elh o a A d ã o da C osta C a m p o s. N o caso, a escolh a in cid iu
sobre o Dr. B ern ard o p o r ser u m d o s n o m e s m a is freqü en tes n o s n e g ó c io s
m e n cio n a d o s, haven do n o entanto u m grande n ú m e r o d e advogados envolvidos,
o q u e n o s p erm ite c o n clu ir que esse tip o d e n e g ó c io era freq ü en te d en tro d o s
g ru p o s (1 8 6 0 e 1 88 0 ), u m a ten d ên cia já assinalada.

33 C f. A N - S P J . E s c r i tu r a s , 3® O fíc io , L , n “ 2 5 9 , fl. 9 6 (v e rs o ).
3 4 Cf. A N - S P J . A n t o n i o L u iz S ay ão . E s c r i tu r a s , 2® o f íc io , 31 d e o u t u b r o d e 1 8 8 2 , L i v r o n“ 2 5 1 , fl. 63.
3 5 C f. A N - S P J . L iv ro s d e D i s t r i b u i ç ã o , L i v r o n “ 2 0 , 6 “ D i s t r i b u i d o r , 2 2 d e n o v e m b r o d e 1 8 6 9 a 2 9 d e o u t u b r o
d e 1870.

100 •àM
V o lu m e 1 O iA15 e os A d v o j^ íu lu s n o I m p ó r io

U m a o u tr a fo rm a d e tra n sa çã o , ta m b é m c o n sid e r a d a r e n d o sa e
d is s e m in a d a , era a v e n d a , a lu g u e l e p e n h o r a d e e s c r a v o s, m a s o s liv ros
registram u m n ú m e r o m u ito m a is sig n ific a tiv o d e a tiv id a d e s m o b iliá ria s.
P o d e m o s citar u m a escritu ra d e d ív id a e p e n h o r d e escrav o s feita p e lo D r.
P a u lo José Pereira d e A lm e id a Torres^^ a o Dr. F ran cisco G u erreiro d a R och a
W ern eck n o dia 9 d e abril d e 1870> q u e d izia resp eito a três escravas e a q u a n tia
da p e n h o r a era d e trê s c o n t o s e q u in h e n t o s m il- r é is , o r d e m sa c a d a em
P etró p o lis a favor d o o u to r g a n te.
Para ven d a de escravos há o registro que fez o Dr. João Caldas V ianna para o
Dr. João Pantaleão Vega (u m escravo)’^ o u ainda, d o m esm o , a hipoteca d e três
escravos ao C om endador C ândido Ruiz Torres^®. N ovos registros indicavam a venda
de u m a escrava que fez o conselheiro Zacharias d e G óes e Vasconcelos ao Dr. João
A ntonio de Araújo Vasconcelos-^^ A escritura d e venda d e u m a escrava'*'^, d e n o m e
Esperança, natural da Angola, que fez o Dr. A ugusto Teixeira de Freitas às m enores
D. Maria Amélia da Glória e Santos e D. Emilia Roza dos Santos e Mello, representadas
por seu pai, José C ardoso de M ello, em 7 de novem bro de 1860, pela quantia de 1
con to e novecentos m il-réis, cedend o para o com prador todos os direitos'” . A lém
disso, os inventários m en cion am freqüentemente o n úm ero de escravos, tendo alguns
advogados escravos de ganho, em alguns casos, e m n ú m ero s que ultrapassaram a
centena. Tam bém n o s inventários havia m uita incidência d e vendas d e escravos
para p agam ento de despesas relativas ao processo.
N a análise da docu m entação foi possível dem onstrar que as atividades dos
advogados d o m un icíp io neutro da Corte envoK'iam negócios, exercício da profissão
e v ín cu los c o m a burocracia imperial de forma coerente c o m as origens sociais e
consistente c o m o argum ento que apresentam os até agora. Havia, p orém , aqueles
que p or ausência d e herança familiar, interesses voltados para a burocracia, o u para
a inserção em cargos da hierarquia imperial, procuravam m ais veem en tem en te n o
em prego público u m a maneira de exercer tarefas e conseguir u m padrão de vida
melhor, o que já se antevia c o m a obtenção da “carta”, segu n d o Tobias M onteiro.
Essa ex cessiv a p r o d u ç ã o d e “h o m e n s fo r m a d o s ” n ã o p o d ia d e ix a r de
acarretar g ra v íssim o s resultados. Se o fu n d o d e cu ltura d esses d o u to re s n e m

3 6 A N - S P l. E s c r ú u r a s , 3“ O f ic i o , L i v r o n - 2 6 0 , fl. 31 (fTente e v e r s o ) .
3 7 A N - S P J . L iv ro d e D i s t r i b u i ç ã o n “ 7, 6“ D i s t r i b u i d o r , d e 2 2 d e n o v e m b r o d e 1 8 6 9 a 2 8 d e o u t u b r o d e 1870.
3 8 I b i d e m . )a i\e iro d e 1864.
39 Ib id e m .
4 0 A N - S P ) . E scT iturns. \'^ O f í c i o d e N o t a s . L i v r o n'* 2 8 1 . fl. 8 9 ( f r e n te ) .
41 I b i d e m , (1.89 (v e r s o ).

•à i 101
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

sem p re é d e g ran d e solidez» as suas asp irações, d ificu ltadas p e lo a u m e n to da


co n co r rê n c ia , n ã o d eixa m d e ser elevadas. A “carta” d á -lh e s a im p ressã o de
p erten cerem a u m a casta superior, d estin ada a guiar o país; p o r o u tr o la d o a
p ro fissã o ex p lo r a d a p o r ta m a n h o ex é rc ito n ã o abre c a m p o à fo rm a çã o de
situ a çõ es prósperas. A s asp irações n ã o a ch a m terren o para as realizações, e o
E stado passa a ser a p ro vid ên cia d e to d o s esses necessitad os.
A a tra çã o p e lo e m p r e g o p ú b lic o é ta m b é m o u tr o la d o b a sta n te
m a r c a n te n o g r u p o , p o is a falta d e in d e p e n d ê n c i a n o m e i o u r b a n o era
m a is a c e n t u a d a , s e n d o o ca r g o p ú b lic o u m a m e t a d e t r a n q ü ilid a d e t a n t o
p a ra o s a d v o g a d o s m a is p o b r e s c o m o p ara o s d e f o r t u n a m é d ia , s e n d o
a in d a u m a p o s s ib ilid a d e d e a s c e n s ã o p o lít ic a o u d ig n i d a d e d o c a r g o a o s
m a is r ic o s . H á u m c o m e n t á r io d e Jo ã o F r a n c is c o S ilv a q u e b e m p o d e
retra ta r e s sa s itu a ç ã o :

R e p e tim o -lo . ainda, a carreira p olítica e d o s e m p r e g o s é q u ase a ú n ic a a


q u e se la n ça m as n o ssa s classes superiores; in d iv íd u o s h á q u e ab rem m ã o
d e su as p ro fissões, d e ix a m ao d esam p aro suas fazend as, d esleix a m o seu
co m é rc io , e se p la n ta m n a capital a n o s in teiros à espera d e u m em p rego,
c o n s u m in d o im p rod u tiva m en te o tem p o, e o p o u c o cabedal q u e p ossuíam ,
e que, não obstante, b em aproveitados por u m h o m e m ativo e em preendedor,
d ariam m u it o m a is q u e t o d o s o s em p reg o s im ag in ário s.

A freq ü ên cia estatística da p rocu ra p o r em p re g o s p ú b lic o s já fo i bastante


citada. N o en ta n to a S eçã o d e M a n u scrito s da B iblioteca N a cio n a l a in d a n o s
p erm ite ou tras análises. Lá estão d ep o sita d o s u m gra n d e n ú m e r o d e p ed id o s,
atestados e cartas nas quais a pressão para o b ten ção de cargos e b en efício s aparece
c o m b astan te freqüência. A lém disso, há ta m b é m p e d id o s e a g ra d ecim en to s
p o r o b te n ç ã o d e graças h on orífica s, que m u ita s v ezes tê m e m a n ex o árvores
gen ealóg icas co m p leta s, o u as cita ções de rosários d e sacrifícios, p o r parte dos
interessados, e m b en eficio d o Estado im perial, m u ito s en fatizand o q u e já chegara
o m o m e n t o da retribuição.
U m e x e m p lo interessante focaliza a d em a n d a d o D r. A g o stin h o M arques
Perdigão M alheiro (Presidente d o lA B, 1 8 6 1 -18 6 6), n o in íc io d e sua significativa
carreira:

42 C f. T o b ia s M o n t e i r o , F u n c io n á r io s e D o u to res. R io d e la n e i r o ; F r a n c i s c o A lv es, 1 917, p . 11-

102 •A l
V o lu m e ! O IAI3 (■ os Aclvo^^aclos n o lm p cri< j

D iz 0 B ach arel, f o r m a d o e m C iên cia s Jurídicas, A g o s t in h o M a r q u es


P erdigão M a lh eiro que, a ch a n d o -se vago o lugar d e B ib lio tecá rio d o C urso
Jurídico d e São P aulo, e q u e co n sid er a n d o -se o Sup. c o m a p tid ã o para
p reencher o m e s m o lugar se m q u e todavia p o r isso se recu se o u n eg u e a
servir o u tr o qualq uer que a Vossa M ajestade Im perial pareça q u e o m e s m o
su plican te p ossa prestar m ais serviços; co n fia d o na Alta Proteção q u e Vossa
M ajestad e lh e te m até agora prestado, e e m sua natural munifícência.**^

As cartas escritas p e lo Dr. Felizardo P in h eiro d e Campos^"* ao co n se lh e ir o


A n to n io de Paiva G u ed es d e A nd rad e, co m e n ta n d o suas d ificu ld a d es em virtu de
de estar tr a b a lh a n d o lo n g e da C orte, ab ra n g em esta q u e stã o q u a n d o diz:
“fa ze n d o o m e u tir o c ín io da M agistratura até q u e o b te n h a m e lh o r d esp a ch o .
N ã o m e te n h o p o u p a d o a sacrifício e a p reencher b e m o s m e u s em p re g o s e
c o r r e s p o n d e r à c o n f ia n ç a d o G o v e r n o . D is s o t e n h o d e s v a n e c i m e n t o a
c o n sciên cia e co n fia d o n a Justiça d ’ele n ã o h esito e m crer q u e ele m e p ro m ov erá
ao lugar d e Juiz d e D ireito lo g o q u e haja o p o r tu n id a d e ”.
A d o c u m e n ta ç ã o d o Dr. Felipe Jansen d e C astro e A lb u q u e rq u e é rica d e
r e c la m a ç õ e s , p e t iç õ e s e e x ig ê n c ia s leg a is e m t o r n o d e se u s p r iv ilé g io s d e
e m p re g o s, h a v e n d o até q u e ix a s p o r ter sid o p rete rid o a lg u m a s vezes. Já o
con selheiro v isc o n d e d e M acaé, José Carlos Pereira d e A lm eid a Torres, procurava
m e io s d e n o m e a r seus paren tes para diversos cargos a serv iço d o Im perador,
a crescen ta n d o p e d id o s d e n o m e a ç ã o para si e para se u filho^^.
D e o r ig e m p o u c o c o n h e c id a o u d e famíHas ab astad as, o s a d v o g a d o s
estu d a d os, em sua m aio ria , p erseg u em objetivos se m e lh a n tes, c o n s e g u in d o -s e
delinear ten d ê n c ia s nas suas ações ligadas a interesses p ro fissio n a is, p ecu n iá rio s
e p o lítico s. C o m p a ra d o s, p o r é m , c o m a classe q u e trafica e esp ecu la, o s gran d es
c o m e r c ia n t e s d e e scr a v o s e, a p ó s a p r o ib iç ã o d o tr á fic o , o s q u e esta v a m
d ireta m en te liga d o s à co m ercia liza ção d o café, c o m o p o r ex e m p lo , o g r u p o de
co m issá rio s d e café, q u e ju n to aos fazendeiros d o Vale d o Paraíba co n tro la v a m
m a io res v o lu m e s d e d in h eiro , o s a d vogados, a n ã o ser c o m a lg u m a s exceções,
n ã o p o ssu ía m o m e s m o n ív el d e riqueza. M as in d u b ita v e lm en te esta va m m ais
p r ó x im o s da p o lítica e através dela d e m u ito s n e g ó c io s d o Estado, fo rm a n d o o
g r u p o b u ro crático q u e p r e d o m in o u n o S eg u n d o R einado. P o r é m , n o fm al do

4 3 B ib l io te c a N a c i o n a l . S e ç ã o d e M a n u s c r i t o s . í n d i c e d e D o c u m e n t o s B io g r á f ic o s ( A g o s t i n h o M a r q u e s
P e r d i g ã o M a l h e i r o ) , C . 5 6 1 - 7 , D o c . l c 2,
4 4 I d e m . I b i d e m . F e liz a rd o P i n h e i r o d e C a m p o s . C. 2 4 8,9; C . 3 1 5 ,1 6 ; C. 1.008, 8 9 c C . 4 3 3 ,2 5 .
4 5 I d e m . I b i d e m . C . 1 .007,12; C 1.0 07, 14; C. ).0 1 2 ,3 4 .

103
_____________ História da.
Ordem dos Advogados do Brasil ]
sécu lo XIX, p o rta n to , enquadrado n a listagem d o 2^ g ru p o (1 8 8 0 ), n o v o s fatores,
c o m o excesso d e co n tin g en te, críticas à fo rm a d e o rg a n iza ção p o lítica levada a
e fe ito p e lo s se u s p r ó p r io s r e p r esen ta n te s e n o v a s in flu ê n c ia s id e o ló g ic a s ,
d im in u e m a segurança e a estabilidade d o g ru p o , p r o m o v e n d o o su rg im en to
d e facçõ es rivais q u e passaram a d isputar ob jetivos diversos.
A partir d e u m es tu d o d a biografia coletiva d o s a d v o g a d o s lista d o s n o
A lm a n a q u e L a em m ert, m u it o s d ele s v in c u la d o s a o lA B , e e m ex ercício n o
m u n ic íp io n eu tro da C orte e m 1860 e 1880, é p o ssív e l resp o n d er p arcialm en te
a p erg u n ta sobre q u e m eram e quais eram as o rig en s so cia is d o s ad vo ga d o s
b rasileiros. O m é t o d o p ro so p o g rá fico u tilizad o p r iv ile g io u q u a n tific a çõ e s e
características q u e b u sca ram u m m aior c o n h e c im e n to d o h o m e m o u , c o m o
d isse Lefebvre: “N o sen tid o corrente da palavra, a história é certa m en te a façanha
d o h o m e m . É ev id en te q u e teve o u tros m o to r es, c o m o , por e x e m p lo , o clim a, a
repartição das terras e d o s m ares [...] M as to d o s estes fatores a tu a m u n ic a m e n te
p o r in te r m é d io d o h o m e m , e e m ú ltim a análise, d o se u p ró p rio espírito.”'^^
É im p o r ta n te q u e se en fatize a partir d essa afirm ativa q u e o interesse
p red o m in a n te n o presente trabalho foi a d im en sã o d o h o m e m n a socied ade, não
o ser h u m a n o in dividu al visto p or si m e sm o , m as dentro do p rocesso h istórico e
de suas relações sociais. A análise d ocu m en tal p rocu rou am pliar-se d o particular
para o geral e d ev id o a sua riqueza quantitativa e qualitativa to rn o u -se, dentro do
co r p o de trabalho, u m elem en to-chave para a exem plificação d o s casos. O estu do
específico d o s advogados d o R io d e Janeiro foi realizado para contextualizar a
participação deles na vida política d o Im pério e para am pliar as in form ações
sobre a inserção destes profissionais na socied ade brasileira n o sécu lo XIX, além
d e descortinar q u e m eram e c o m o viviam os in d ivíd u o s que lutavam para se
organizar profissionalm ente.

46 G e o r g e s L e fe b v re . O n a s c im e n to d a m o d e r n a h istoriografia. L is b o a : S á C o s t a E d i t o r a , 1 981, p . 12.

104
V o lu m e í O lA B c 05 A ck-ogiiíiofi n o la í p c r io

Lucia Maria Paschoal Guimarães

CAPÍTULO IV
A Maçonana de Honra

N a r e u n iã o o r d in á r ia d e 19 d e d e z e m b r o d e 1 8 7 1 , p r e s id id a p e lo
co n selh eiro N a b u co d e Araújo, o s â n im o s pareciam exaltad os n o In stitu to d o s
A dv og a d os Brasileiros. A leitura da ata revela q u e a querela já se arrastava p or
a lg u m a s se ssõ e s. D is c u t ia m -s e as m e d id a s d íscíp lin a r es q u e n a fo rm a d o s
Estatutos a corporação deveria to m a r contra u m v elh o associad o, o juiz su p len te
da 3^ vara crim in a l da C orte, D r. L o p o D in iz C o r d e ir o ', o qual fora a cu sa d o de
ofen d er algu ns con frad es e m au d iên cia n o foro. Em m e io aos acirrados debates,
u m jo v em a ssociad o, o ad vogado D r. Joaquim N a b u co, p e d iu a palavra para
ex ig ir m a io r c o m p o s t u r a d o s c o n fr a d e s, n a q u e la d is c u s s ã o sa lie n ta n d o a
natureza em b le m á tic a da co rp o raçã o d o s bacharéis, q u e q u a lific o u c o m o a
m a ço n a ria d e honra
A n o s m a is tarde, n o livro Um estadista d o Im pério, Joaq uim N a b u co seria
b e m m e n o s g en er o so para c o m a sua m açonaria. A firm a q u e o In stitu to (...)
nunca prosperara e nesse te m p o era apenas u m a trad ição m a n tid a p elo zelo e
dedicação d e alguns d e seus fun cionários, qu e se g lo ria va m do títu lo d e a d vog a d o^ .
Ju stificando, a ssim , o m a lo g ro das gestões efetuadas p o r seu pai - o senad or
N a b u co d e A raújo, para in stitu ir a O rd em d o s A d vo g ad o s. A ssu n to d o q ual já
se tratou n o p rim eiro cap ítulo desta obra.
Todavia, lo g o a d ian te n a q u ela m e sm a obra, N a b u c o cai e m c o n tr a d iç ã o e
revela a o s leitores q u e o im p e ra d o r D. Pedro II sem p re p restigiou a associação,
c o n c e d e n d o -lh e diversas h onrarias, in clusive a m ercê para q u e seus filiados

1 o D r. L o p o D in iz C o r d e i r o in g r e s s o u n o lA B e m 22 d e o u t u b r o d e 1957. C f . “ R eo rg a n iza< ;ão d o q u a d r o d o s


m e m b r o s e fe tiv o s d o I n s t i t u t o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s B rasileiro s". R e v is ta d o I n s tit u to do O r d e m dos
A d v o g a d o s Brasileiros. R io d e J a n e i r o , t. V, 1 868, p p . 135-37.
2 lA B , I d e m , t. V I II, 1 8 7 1 -1 8 8 0 , p p . 2 0 2 - 1 4 . Ver t a m b é m E d m u n d o C a m p o s C o e l h o , A s profissões im p er ia is:
m e d ic iiu i, e n g e n h a r ia e a d vo c a cia n o R/o d e ja n e iro . R io d e j a n e i r o : R e c o r d , 1 9 9 9 , p p . 1 5 0-51,
3 C f. l o a q u i m N a b u c o , U m esta d ista do I m p é r io . 5^ e d . R io d e la n e ir o : T o p b o o k s , 1 997, v . l , p . 6 4 2 .

• áb 705
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

trajassem vestes talares nas ce rim ô n ia s p úb licas e to m a sse m assen to d en tro d os


ca n celo s d o s tribunals'*.
D e fato, c o m o já fo i e v id e n c ia d o n as p rim eira s p á g in a s d este trab alho, o
In stitu to d esd e o s p r im e ir o s dias d esfru to u da m a is elev ad a co n sid e r a ç ã o d o s
a lto s e s c a lõ e s m o n á r q u ic o s . E, e m b o r a n ã o fiz e sse p a rte da e s tr u tu r a d o
g o v e r n o , o c u p a v a u m a p o siç ã o d e ó rg ã o se m i-o fic ia l, p o r assim dizer. As
a u to r id a d e s r e c o n h e c ia m o s m é r ito s d a co r p o r a ç ã o d o s a d v o g a d o s , c o m o
a d m itiu P erdigão M alh eiro, na sessã o m a g n a d o d é c i m o n o n o a n iversá rio da
en tid a d e, e m 7 d e se te m b r o d e 1863: (...) a té hoje te m ele {o In stitu to ) recebido
d e d iversos m in istério s à e o p o sta s crenças p o lític a s a m e s m a consideração, a
m e s m a a n im a ç ã o , e s e m p re benevolência. O in stitu to é a c a ta d o m e sm o fo ra do
Im p é rio (...), e no p a ís, as su as decisões sobre questões ju r íd ic a s são ouvidas,
a te n d id a s e citadas.^
C o m efeito, a coop eração c o m o s ó rgãos p ú b lic o s, q u e se estabelecera a
partir da criação d o lA B , estreito u -se ain da m a is na d écad a d e 1850, q u a n d o
c o n c lu iu -s e o p ro cesso d e co n so lid a ç ã o d o E stado m o n á r q u ico . Entretanto,
apesar d o s exp ressivos avan ços ex p er im en ta d o s na in stitu cio n a liza ç ã o d o país,
o o r d e n a m e n to jurídico n a cio n a l co n tin u av a d e ix a n d o a desejar, p e lo q u e se
d ep reen d e d o inventário ap resentado p o r C lóvis Beviláqua, n o artigo “Evolução
jurídica d o Brasil n o S eg u n d o R ein ad o”.*
N o In stitu to, e m diferentes o p o rtu n id a d es, vários só c io s, a e x e m p lo de
Francisco G é d e A caiaba e M o n te z u m a e d e Francisco Inácio C arvalh o M oreira,
já h aviam sa lien tad o q u e o Estado b rasileiro carecia, e s p e cia lm e n te, da revisão
geral e da c o n so lid a ç ã o das leis civis^ . 0 que, aliás, só v iria a se concretizar
m u ito s a n o s m a is tarde, em 1916, c o m a p ro m u lg a çã o d o C ó d ig o Civil, já n o
p erío d o republicano.
N a falta do tão reclam ado cód igo, o m inistro d a Justiça, E uzébio d e Q ueiroz,
a v e n to u u m a s o lu ç ã o paliativa. P ro c u r o u o u v ir a o p in iã o d o lA B so b re a

4 Idem .
5 A g o s t i n h o M a r q u e s P e r d ig ã o M a l h e i r o , “ D is c u r s o p r o f e r i d o n a sessão m a g n a d e a n i v e r s á r io d e 7 d e s e t e m b r o
d e 1 8 6 3 ”. R e v is ta d o I n s tit u to d a O r d e m do s A d v o g a d o s Brasileiros. R io d e J a n e i r o , t. V I I I , 1 8 7 1 -1 8 8 0 ,
p. 148.
6 C ló v is B e v i lá q u a ,“ E v o l u ç ã o j u r i d i c a d o B rasil n o S e g u n d o R e i n a d o ”. R ev iifo d o I n s tit u to H istó rico e Geográfico
Brasileiro , R io d e J a n e i r o , 9 8 ( 1 5 2 ) ; 4 4 7 , 1925.
7 C f. F r a n c i s c o C ê d e A c a i a b a e M o n t e z u m a , “ D i s c u r s o p r o f e r i d o e m 7 d e s e t e m b r o d e 1 8 4 3 ”, R e v is ta do
h s t i t u t o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s Brasileiros. R io d e J a n e i r o , a n o 1, t.I , ja n . , fev,, m a r . d e 1 862, p . 68. Ver
t a m b é m F r a n c i s c o I n á c i o d e C a r v a l h o M o r e i r a , “ D a r e v i s ã o g e r a l e c o d i f ic a ç ã o d a s leis c i v is d o p r o c e s s o
n o B r a s il”. M e m ó r i a lid a e m s e s s ã o g e r a l d o I n s t i t u t o d o s A d v o g a d o s B r a s il e ir o s e m 7 d e s e t e m b r o d e
1845. I d e m , p p . 14 7-69.

106
V t) liin ir I O lA Ii o os A d v o g iic lo s n o Im p c r io

co n v en iê n c ia d e se adotar o D ig estop o rtu g u ês ou Tratado dos direitos e obrigações


civis a m o ld a d o às leis e costum es d a nação portuguesa, d e José H o m e m Corrêa
Telles, para servir p ro v iso r ia m en te c o m o C ó d ig o C ivil d o Im p ério. O parecer
d o In stitu to d e sa c o n se lh o u tal m ed id a , n o q u e foi a catad o p e lo m in istr o , sem
m a io res controvérsias® .
M as a lé m d o s p ro b lem a s da in ex istê n c ia d o C ó d ig o , n o v a s d e m a n d a s
jurídicas ch ega ram à Casa. M otivad as, sob retu do, p o r u m a c o n te c im e n to q u e
ca u so u gran d es tra n sfo rm a çõ es na vida brasileira - a assinatura da Lei d e 4 de
s e te m b r o d e 1 8 5 0 , q u e re p r im ia o trá fico n eg re ir o . O s re flex o s d essa lei,
c o m b in a d o s c o m a p o lítica p ro tecio n ista que v in h a se n d o p o sta e m prática
p elo go verno desd e 1844^, lo g o se fizeram sentir na e c o n o m ia . Parte considerável
d o s capitais in v estid o s n o co m é rc io d e africanos m ig r o u para o u tr o s setores
p rod u tiv os, c o m o fábricas, estradas d e ferro, estaleiros, b a n c o s, c o m p a n h ia s de
c o m é r c io e em p resas d e navegação. A o m e s m o te m p o , a riqu eza d o café, em
p e r m a n e n te a sc e n sã o , gerava lu cr o s q u e in c r e m e n ta v a m o m o v im e n t o d o
c o m é r c io e da p restação d e serviços em geral. O Jornal d o C om m ercio , na ed içã o
d e 2 d e m a rç o d e 1851, c o m e n ta o surto d e p rosp eridad e q u e o p aís co m e ça v a
a exp erim en tar:

(...) A s tendências são todas p a r a os progressos m ateriais d o pais. N u m e r o s o s


p rivilég io s se t ê m so licitad o, e v ã o se n d o to d o s o s d ias co n ce d id o s; e b e m
q u e n e m t o d o s v in g u e m , e n e m esteja fora d e t o d a a c o n t e s t a ç ã o a
co n v e n iê n c ia d e algu n s, revelam u m a ten d ê n c ia q u e c o n v é m anim ar. As
n otícias d e triu n fo q u e a in dústria p o r tod a a p a r t e consegue são hoje (q u em
há bem p o u co te m p o o diria!) as novidades q u e m a is a g ra d a m e p re o cu p a m
a p o p u la çã o d a Corfe.'" (o grifo é n o sso )

Ora, d ia n te d o q u ad ro d e tran sfo rm açõ es que o Im p é r io atravessava, era


natural q u e o v o lu m e das con su ltas d o s altos escalões da m o n a r q u ia a o Instituto
ta m b é m crescesse. A final, n ovas o p o rtu n id a d es d e n eg ó cio s foram in tro d u zid a s
n o país c o m a exp an são eco n ô m ica . A par disso, o C ó d ig o C om ercial, san cio n ad o
e m 1850 a p ó s lon ga e acid en ta d a tram itação n o p arlam en to , d e sd e q u e entrara

8 lA B , “A ta s d a s ses sõ e s d e 24 d e o u t u b r o c 12 d e n o v e m b r o d e 1 8 5 1 ”. R e v is ta d o I n s t i t u t o d a O r d e m dos
A d v o g a d o s B rasileiros, o p . cit., t. II, 1 863, p . 17.
9 Ver S h e ila d e C a s t r o F aria , “T a rifa A lv e s B r a n c o ” D ic io n á r io d o B r a s il I m p e r ia l. O r g a n i z a ç ã o d e R o n a j d o
V ain fa s. R io d e l a n e i r o : O b j e t i v a , 2 0 0 2 , p p . 6 8 8 -8 9 .
10 Jo rn a l d o C o m m e r c io , R io d e ) a n e i r o , 2 d e m a r ç o d e 1 851, p . 1._____________________________________ _____

107
_____________ Hístóría_da.
Ordem dos Advogados do Brasil

e m v ig o r vin h a d esp erta n d o d ú vid as e c o n te sta ç õ e s" . O q u e parece reforçar o


ju íz o p o u c o lisonjeiro de A ugu sto Teixeira d e Freitas, que co n sid erav a o C ó d ig o
obra inferior, se g u n d o C ló vis Beviláqua
As respostas d o lA B a q uestões p ed in d o escla recim en to s sobre d ispositivos
d o C ó d ig o C om ercial foram recorrentes durante t o d o o p erío d o aq ui abordado.
D en tre ou tras, vale lem brar o trabalho da c o m iss ã o co n stitu íd a p elo s só cio s
Silveira da M o ta , Á lvares d e A z e v e d o e Teixeira d e Freitas, q u e d e p o is de
m in u c io s o ex a m e c h e g o u à co n c lu sã o de q u e o art. 4 6 9 d o C ó d ig o C om ercial
era d isso n a n te d o art. 160 da C o n stitu içã o d o Im p ério. O u , ain d a, o parecer de
F irm o d e A lb u q u erq u e D in iz sobre p rivilégios d o s cred ores e m ca so de falência
d e n e g o c ia n t e s n ã o m a tr ic u la d o s . Isto se m falar d a e x p o s iç ã o d eta lh a d a
preparada p or E rnesto Ferreira França, q u e stio n a n d o o s p rin cíp io s doutrin ários
daquela com p ilação. A té m e s m o o Tribunal d o C o m é rc io da C orte en c o m e n d o u
ao In stitu to u m estu d o acerca da inteligência d o art. 12 d o C ó d ig o C om ercial.
D e u m m o d o geral, o In stitu to p resto u c o n su lto r ia a o g o v e r n o sobre
diversos tem a s jurídicos, e m diferentes o p o rtu n id a d es, a te n d e n d o tan to aos
g ab inetes liberais q u an to aos conservad ores. O q u e c o n fir m a as palavras de
José d e A lencar, d e q u e a associação d o s a d vo ga d o s c o n stitu ía u m corpo de
h om en s p rá tico s e en te n d id o s a q u em consultasse nas reform as im p o rta n tes da
legislação, d ispen sa n d o essas comissões onerosas p a ra o tesouro público, e q u e são
senão verdadeiras sinecuras.^^
Por ou tro lad o, o fato d e haver serv id o aos d ois p a rtid o s q u e se revezaram
n o p o d e r d u r a n te o S e g u n d o R ein a d o n ã o s ig n ific a q u e a a s so c ia ç ã o d o s
bacharéis a d ota sse u m a p ostu ra apolítica, p or a ssim dizer, c o m o fa zem crer
algu ns m em o ria lista s, p reocu p ad os, talvez, em ressaltar o caráter c ien tífic o do
órgão. O Instituto d o s A dvo ga d o s cu m p riu u m papel p o lític o m u ito im p o rta n te
n o seu c a m p o d e atuação, na m ed id a e m q u e co la b o r o u d e m a n eira efetiva e
c o n t ín u a para o fo r ta le c im e n to das in s titu iç õ e s m o n á r q u ic a s . Se n o s seus
q u a d r o s p e r c e b e m o s a p resen ça d e p e r s o n a lid a d e s q u e n a a re n a p o lític a

11 S e g u n d o J o r g e C a l d e i r a , o s u b s t i t u t i v o a p r o v a d o n o S e n a d o f o i r e d i g i d o n a c a s a d o n e g o c i a n t e I r i n c u
E v a n g e lis ta d e S o u s a , f u t u r o v i s c o n d e d e M a u á , p o r u m g r u p o d e p o l í t i c o s e a d v o g a d o s , c o n s t i t u í d o p o r
E ü i é b i o d e Q u e i r o z , José C l e m e n t e P e r e i r a , N a b u c o d e A i a ú j o , C a r v a l h o M o r e i r a e C a e t a n o A lb e r t o
S o a r e s , a l é m d o p r ó p r i o I r i n e u . E s te c ó d i g o v i r o u le i d e p o i s d e a p e n a s d u a s s e s s õ e s n o S e n a d o , ta l a
p r e s s ã o e x e r c id a p e l o g a b i n e t e c o n s e r v a d o r , q u e n a é p o c a e s ta v a n o g o v e r n o . Cf. J o r g e C a l d e ir a , M a u á ,
e m p r e s á rio d o I m p é r io . S ã o P a u lo : C o m p a n h i a d a s L e tr a s ,1 9 9 5 , p p . 1 9 8 -2 0 0 .
12 C ló v i s B e v i lá q u a , “ E v o l u ç ã o j u r í d i c a d o B rasil n o S e g u n d o R e i n a d o ” R e v is ta d o I n s t i t u t o H is tó r ic o e
Geográfico B ra sileiro, R io d e J a n e ir o , 9 8 ( 1 5 2 ) , 1 925, p. 4 49,
13 D iá r io d o R io d e Ja neiro , n “ 2 9 1 . R io d e J a n e i r o , d e 2 5 d e o u t u b r o d e 1 957, p . I.

108
V o lu m e 1 O lA B o os A d v o g a d o s n o in í p c n o

p erfilavam -se e m c a m p o s o p o sto s, por o u tr o lado c u m p r e su b lin h a r q u e esses


v u lto s n ã o d iv e r g ia m q u a n d o estava e m j o g o a fid e lid a d e a o re g im e e ao
im perador. V oltarem os a tratar dessa p rob lem ática ao final d o ca p ítu lo .
N o â m b ito d o M inistério da Justiça, n o extenso inventário de con trib uições,
p o d e m o s citar o parecer e m itid o em 1860 sobre o projeto d o C ó d ig o C rim in a l
Militar. Já n o a n o de 1864, u m a com issão, com p osta p elos só c io s C aetano Alberto
Soares e Joaq uim M a r ce lin o d e B r it o 'S e x a m in o u e a p resen to u e m e n d a s ao
Esboço d o C ó d ig o C ivil prep arad o p or Teixeira d e Freitas' - . N a q u e le m e s m o
an o, a p ed id o d o se n a d o r Correia, e n tã o titular daqu ela pasta, a n a liso u -se u m
n o v o p ro jeto d is p o n d o sobre falências e con cordatas. Por su a vez, e m 1866, foi
preparado u m estu d o a resp eito da form ação d e so cied a d es d e resp o n sab ilid ad e
lim itad a, p o r so licita çã o d o m in istr o N a b u c o d e A ra ú jo '^ . N o ex e rc íc io de
M a n o e l P in to d e S o u sa D a n tas, e m 1880, o g r ê m io p r o n u n c io u -s e so b re a
co n v en iê n c ia d a in stalação de trib u n a is correcionais e m to d o s o s ter m o s d o
I m p é r io o u se a in ic ia tiv a d e v e r ia ficar re strita a p e n a s às c id a d e s m a is
im p o r ta n t e s ''. O rg an izo u , ta m b ém , para a secretaria d o M in isté r io da Justiça
u m p la n o para a p rog ram a ção das férias forenses e das alçadas q u e necessitavam
d e re fo rm a . E e m o u tr a o ca siã o preparou a revisão d o R e g im e n to das Custas
Judiciárias.
É im p ortan te acrescentar que, além d e oferecer orientação a diversos setores
da Justiça, o In stitu to fo i co n v o ca d o ain da para executar se rv iç o s d e prática de
advocacia. O m in istr o F ran cisco de Paula N egreiros d e Sayão L obato p ro p ô s
q u e o In stitu to ficasse responsável pela defesa gratuita d o s réus p o b res n o s juízos
crim inais e que efetuasse u m p lanejam en to para a regulam entação d esse serviço,
a fim d e ser a p rovad o p o r in stâncias superiores. A su gestão fo i aceita n o final da
gestão d o Dr. U rb ano S abin o Pessoa d e M ello ( 1 8 5 7 -1 8 6 1 ), e o C o n se lh o D iretor

14 V er r e l a t ó r i o s d a C o m i s s ã o d o lA B . R e v is ta d o I n s tit u to d a O r d e m d os A d v o g a d o s Brasileiros, o p , cit., t. V I,


1868, p p . 1 56-62
15 É o p o r t u n o l e m b r a r q u e o t r a b a l h o d e Te ix eira d e F re ita s fo i e l a b o r a d o e m d u a s e ta p a s . N u m p r i m e i r o
m o m e n t o , o j u r i s c o n s u l t o r e d i g i u a C o n so lid a ç ã o d f lj /e í j civis, p u b l i c a d a e m 1 857. E m s e g u i d a , d e d i c o u -
se à c o n f e c ç ã o d o C ó d i g o , p r o p r i a m e n t e d it o . P a r a ta n t o , f i r m o u u m c o n t r a t o c o m o g o v e r n o i m p e r i a l a
10 d e j a n e i r o d c 1 8 5 9 .0 t r a b a l h o fo i c o n c l u í d o e m 1864 e s u b m e t i d o à a p r e c i a ç ã o d o lA B . m a s o c o n t r a t o
c o m T e i w i r a d e F re ita s fo i c a n c e l a d o . E m 1872, o g o v e r n o i m p e r i a l f i r m o u u m n o v o c o n t r a t o p a r a a
e l a b o r a ç ã o d o C ó d i g o C iv il c o m o c o n s e l h e i r o N a b u c o d e A r a ú j o , q u e fa l e c e u a n t e s d e c o n c l u i r a o b r a ,
d e i x a n d o p r e p a r a d o s a p e n a s 3 0 0 a r t ig o s . S o b r e a h i s t ó r i a d o Esboço d e T e ix e ir a d e F r e it a s , e d o C ó d i g o
C ivil, ver P o n t e s d e M i r a n d a , F on tes e ev o luçã o d o d ir e ito c ivil brasileiro. 5 “ e d . R io d e J a n e i r o ; F o r e n s e ,
1 9 8 1 ,p p . 80-82.
16 lA B , “A ta d a s e s s ã o d e 16 d e n o v e m b r o d e 1 8 6 5 ”. R e v is ta d o I n s tit u to d a O r d e m d o s A d v o g a d o s Brasileiros,
o p . cit., t. V II , 1870, p. 213.
17 lA B , “A t a d a se s sã o d e 30 d e a g o s t o d e 1 8 8 0 ”. I d e m , o p . cit., t. IX , 1 883, p. 286.

•AB 109
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

d o lA B p a s s o u a n o m e a r p e r i o d i c a m e n t e c o m i s s õ e s d e s ó c i o s q u e se
encarregavam da tarefa. C um pre assinalar que o su cessor d o D r. Pessoa d e M ello,
A g o stin h o M arques Perdigão M alheiro, durante o p erío d o em q u e esteve à frente
d o lA B ( 1 8 6 1 -1 8 6 6 ) , o p ô s-se a essa prática p o r co n sid erá -la in co e re n te c o m a
linh a de atuação q u e ten cio n a \^ im prim ir às atividades d o g rêm io. A rgu m entava
q u e o p r o p ó sito d o In stitu to n ã o era o exercício da ad vocacia, m a s sim o estu do
da ciên cia da jurisprudência. P ortanto, n ã o cabia im p o r a o s asso cia d os este
tip o d e in c u m b ê n c ia . Todavia, sem pre q u e havia p e d id o s d o Tribunal, n ã o se
esquivava d e responder. C o m m u ita elegância, fazia u m co n vite aos seus colegas
a exercerem o ato d e h u m a n id a d e e caridade, defendendo os presos p o b res n o j ú r i ^^.
A idéia seria reto m a d a c o m m a io r vig o r n a gestão d e N a b u c o d e A raújo
(1 8 6 6 -1 8 7 3 ) , q u e ap resen to u u m p la n o para a r e g u la m e n ta çã o da assistência
judiciária gratuita a o s réus carentes. Pretendia ex p a n d ir esse serviço, p o r m e io
da p u b lica çã o d e u m edital em q u e co n sta sse q u e a co rp o ra çã o oferecia:

(...) assistênáa aos indigentes nas causas eiveis e crimes, d a n d o consultas e


encarregando a defesa d e seus direitos a alguns dos mem bros do Conselho ou do
Instituto, deven do os pretendentes dirigir os seus requerimentos ao presidente do
Instituto, acom panhados d e certificado d e indigência passado pelo pároco, ju iz
d e direito ou delegado (...) Q ue vindo alguma ainsulta, e reconhecida a indigência
d a pessoa que a apresentar, o presidente nom eará u m dos m em bros do Conselho
p a ra responder a ela, sendo o parecer discutido e decidido p elo Conselho.^^

O plano n ão foi avante, apesar d o apoio que mereceu dos sócios. Para concretizá-
lo, havia necessidade de aprovação d o poder Legislativo, u m a vez que envolvia tam bém
isenção das custas d os processos e d o p ag am en to d o s respectivos im postos. A
corporação dos advogados, entretanto, continuou a prestar assistência jurídica gratuita,
concedendo patronos para defender os réus pobres^°. Esta prática foi incorporada
form alm ente às finalidades d o lA B e m 1888, por ocasião da reíbrma d o Regimento^'.

21 l O A B , R e g u l a m e n t a d o I n s tit u to d a O r d e m d os A d v o g a d o s, 1 888, a r t . 1». E m 1 882, p o r e x e m p l o , a c o m is s ã o


e n c a r r e g a d a d a d e f e s a d o s r é u s d e s v a l id o s e r a f o r m a d a p e l o s a d v o g a d o s C a r l o s A r t h u r B u s c h V arela,
L e itã o d a C u n h a e B a t is ta P ereira.
18 lA B . “A t a d a se s sã o d e 2 7 d e o u t u b r o d e 1 8 6 4 ” , R e v is ta d o I n s tit u to d o s A d v o g a d o s Brasileiros. R i o d e
J a n e i r o , t. V, 1868, p . 191. ( E d i ç ã o f a c -s i m il a r .)
19 lA B , “A t a d a s e s s ã o d e 15 d e n o v e m b r o d e 1866". I d e m , o p . cit., t. V I I I . 1 8 7 1 , p p . 1 4 3 -4 4 .
2 0 N ã o h á r e g i s t r o s s is t e m á t i c o s d o s m e m b r o s d a s c o m i s s õ e s q u e a n u a l m e n t e e r a m e n c a r r e g a d a s d a d e fe sa
d o s c h a m a d o s réus d esva lido s. E m 1 882, p o r e x e m p lo , a c o m i s s ã o e r a f o r m a d a p e l o s a d v o g a d o s C a r l o s
A r t h u r B u s c h V arela, L e itã o d a C u n h a e B a t is ta P e r e ir a .

110 •ài
V o k im c I O lA B c os A d v o g a d o s n o In íp c rio

Fora da esfera de a tuação da pasta da Justiça, o In stitu to ta m b é m seria


c h a m a d o a c o la b o r a r c o m o u t r o s ó r g ã o s d o g a b in e te . F r a n c is c o I n á c io
M arcon d es H o m e m d e M elo, o barão H o m e m d e M ello, s ó c io da Casa d esd e
1861, a o to m a r p o s s e n o m in is té r io d o Im p é rio , e m 1 8 8 1 , fez q u e s tã o de
su b m eter aos con fra d es o projeto q u e preparara para o e sta b ele cim e n to d e u m a
u n iv ersid a d e n o p aís. T em a, d ig a -s e d e p a ssag em , cuja d isc u ssã o datava da
A ssem b léia C o n stitu in te d e 1823, q u a n d o foi ap resen tad o projeto d e lei que
p retend ia criar d uas universidad es n o Im p ério , u m a na cidad e d e São P au lo e
ou tra e m O lin d a. P o steriorm en te outras tantas p rop o stas fora m ap resentadas,
ora p o r in iciativa d o p o d e r Legislativo, ora d o Executivo. Entretanto, n e n h u m
resultado p rá tico se alcançou^^.
O p r o j e t o d o b a r ã o H o m e m d e M e llo r e c e b e u a c o lh id a fa v o r á v e l d o
I n s t it u t o d o s A d v o g a d o s B r a sile ir o s. A c o m is s ã o e n c a r r e g a d a d e a p r e c iá -
lo r e s s a lto u s u a s q u a lid a d e s p e d a g ó g ic a s e c iv iliz a d o r a s . D o p o n t o d e v ista
p e d a g ó g ic o , s a li e n t o u a im p o r t â n c ia d o in t e r c â m b io e n tr e o s d ife r e n te s
c a m p o s d o c o n h e c i m e n t o : ( .. .) É in d is p e n s á v e l q u e o j u r i s t a c o n h e ç a a
m e d ic in a legal, e q u e o m é d ic o seja v e rsa d o nas ciên cia s q u ím ic a s e n a tu ra is,
e n fim , se h á c o n h e c im e n to s p r ó p r io s aos ju r is ta s , a o s m é d ic o s , a o s filó so fo s,
q u e se a p r e n d e m n a s r e s p e c tiv a s f a c u ld a d e s , o u tr o s h á q u e n a f a c u l d a d e
v i z i n h a se d e v e buscar^^. C r it ic o u , e n tr e ta n to , a e s tr u tu r a a d m in is tr a tiv a
d a p r e t e n d id a u n iv e r s id a d e , j u lg a n d o - a a p a r a to s a d e m a is n o q u e se refere
ao n ú m e r o d e ó r g ã o s c o le g ia d o s . O m e s m o a c o n t e c e u c o m o p r o g r a m a d e
e n s in o p r o p o s t o para a fa c u ld a d e d e D ir e it o , p r e v is to p a r a o fe r e c e r q u a tr o
c u r s o s , a sa b er : g e r a l, c o m p le m e n t a r , c o m é r c i o e n o t a r ia d o . O s d o is
ú lt i m o s , n o e n t e n d e r d o s b a c h a r é is, n ã o se j u s t if ic a v a m . N a c o n c l u s ã o d o
p a r e c e r , a c o m is s ã o a p r e s e n t o u u m a e m e n d a s u g e r in d o a s u b s t it u i ç ã o de
a lg u m a s d is c i p li n a s n o s p la n o s c u r r ic u la r e s , a o la d o d e a lt e r a ç õ e s n o s
c o n t e ú d o s p r o g r a m á t i c o s n a á r e a d o D i r e i t o C o m e r c ia P * * . P o r é m , a
c o n t r ib u i ç ã o d o I n s t i t u t o d e p o u c o a d ia n t o u , u m a v e z q u e a in ic ia tiv a d o

2 2 A esse r e s p e i t o v e r, R o q u e S p e n c e r M a c i e l d e B a r r o s . A ilu stra ç ã o bra sileira e a id é ia d e u n iv e r sid a d e . S ão


P a u lo : C o n v ív i o : E D U S P , 1986.
2 3 I n t e g r a v a m o g r u p o q u e a n a l i s o u a p r o p o s t a o s a s s o c ia d o s C a r l o s A r t h u r B u s c h V arela, J o s é M a r i a L e itã o
d a C u n h a e J o s é d a S ilv a C o s t a . Ver lA B , “ R d a t ó r i o d a c o m is s ã o e n c a r r e g a d a d e e x a m i n a r o p r o j e t o d e
c r i a ç ã o d e u m a u n i v e r s i d a d e ”, R e v is ta do I n s tit u to da O r d e m d os A d v o g a d o s Brasileiros, o p . cit., t. IX,
1883, p p . 5-15.
24 Id em .

«ál 111
______________ H istoria da
I Ordem dos Advogados do Brasil

b a r ã o H o m e m d e M ello n ã o o b tev e ê x ito n o Legislativo, so b a alegação d e que


a p ro p o sta era excessiva m en te centralizadora.
A sisu d ez d o s pareceres e d o s estu d o s d e ju risp ru d ên cia n ã o esco n d ia m ,
en tretan to , a face gla m u rosa da corporação d o s a d v o g a d o s. Se p o r u m lado
carecia d e instalações próprias, p o r outro, desfrutava da deferência d o im perador.
Aliás, as aten çõ e s eram recíprocas. Certa feita, e m n o m e d o g rêm io , N a b u c o de
A raújo ofereceu ao m on arca u m a coleção ricam ente en cadernada d o s p eriódicos
p u b lic a d o s p ela a sso c ia ç ã o . A o a g ra d ecer a c o r te sia , s e g u n d o o relato d o
ju r isco n su lto , S ua M a je sta d e o Im p e ra d o r m ostrou su m o interesse p elo Instituto,
p r o n u n c ia n d o p a l a v r a s a n im a d o r a s e r e c o m e n d a n d o q u e o I n s titu to n ã o
descoroçoasse, vencen do todos os obstáculos, n a investigação d a ve rd a d e ^^.
O In stitu to d o s A d vo ga d o s Brasileiros in tegrava o rol das in stitu iç õ es
acad êm icas que floresceram durante o S egu nd o R einado, c o m o a ssen tim en to de
D. Pedro II, a exem p lo d o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academ ia
Im perial d e M edicina. R edutos intelectuais freqüentados p o r personalidades da
boa sociedade, isto é, a reduzida elite econômica, po lítica e cultural do Império, que
pa rtilh a v a códigos d e valores e com portam entos m odelados na concepção européia
d e civilização^^. Havia até m e s m o u m a lin h a gem d e d estaca d o s bacharéis que
pertenciam aos quadros d os d ois Institutos. Iniciada c o m M o n tez u m a , m em b ro
fu n d a d o r d e a m b a s as in stitu ições, a seq ü ên cia in clui n o m e s da estatura de
Francisco Inácio d e C arvalho Moreira, C aetano Alberto Soares, U rb a n o Sabino
Pessoa d e M ello, A g ostin h o M arques Perdigão M alheiro, dentre outros.
M as o s filia d os d o lA B ta m b é m tran sitav am c o m d e se n v o ltu r a p o r en tre
o s salões d o P a ço d a C id a d e e da Q u in ta da B o a V ista. P o d ia m ser v isto s
a in d a n o s ja rd in s d e P etró p o lis, cid a d e o n d e se lo c a liz a v a a r e sid ên cia de
v er a n e io da fa m ília im p erial. Aliás a p resen ça d o In stitu to n a q u e le s esp a ç o s
era m o t iv o d e o r g u lh o e d ig n a d e registro. R e to r n a n d o d e u m a m issã o à
Q u in ta , o n d e fo ra m sau d ar o im p erad or, a p r o p ó s ito d a p a ssa g e m d o seu
an iversário, o s in te g ra n te s da rep resen taçã o d o g r ê m io fizeram co n sta r em
ata q u e (...) S ua M a je sta d e se d ign ara responder q u e com o m a io r jú b ilo recebia
as co n gratu lações d o Instituto^'^. Já n a c e r im ô n ia religiosa d o c a s a m e n to da

2 5 lA B , “A t a d a s e s s ã o d e 21 d e n o v e m b r o d e 18 6 7”, R e v is ta d o I n s tit u to d a O r d e m d o s A d v o g a d o s Brasileiros,


o p . c i t „ t. V I I I , 1 871, p. 171.
2 6 S o b r e o c o n c e i t o d e boa so ciedade, v e r L u c ia M a r i a B a s to s P e r e i r a d a s N e v e s , D ic io n á r io d o B r a s il Im p eria l,
o p . cít., p . 95.
2 7 lA B , “A ta d a s e s sã o d e 3 d c d e z e m b r o d e 1 8 6 3 ”, R e v is ta d o I n s tit u to d a O r d e m d os A d v o g a d o s Brasileiros.
R io d e J a n e i r o , t, V I I , 1 8 7 0 , p . 177-

772
V ü liiin c I O IA13 c os A d v o g n d o s n o I m p ó r io

p rin ce sa Isabel, realizada n a C a p ela Im p erial, e m 15 d e o u tu b r o d e 1 8 6 4 , o s


a sse n ta m e n to s in d ic a m q u e a d ep u ta ç ã o d o lA B a p r e se n to u o s c u m p r im e n t o s
p ro to co la r es, e n tre ta n to (...) n ão h o u ve resposta d e S ua M a je s ta d e p o r ter sido
en tregue o discurso no ato, d isp e n sa d o d e le itu ra ^^.
O s filiados d o In stitu to d istin g u ia m -se pela in d u m en tá ria . S abe-se q u e
para co m p a recer às re u n iõ e s ordinárias vestiam casaca, ca m isa d e p eito d u r o e
g r a v a t a , e n q u a n to nas so le n id a d e s o ficia is trajavam v estes talares. É
b e m verdade q u e tão ilustres e elegantes cavalheiros n e m se m p re co stu m a v a m
dar o ar da graça nas re u n iõ e s ordinárias, p elo que se d ep ree n d e d e u m a carta-
circular dirigida aos associad os em 1865: (...) N as sociedades literárias a freqüência
às sessões é d a m a is v ita l im po rtân cia . É a í qu e se estreita a f r a te r n id a d e (...); é a í
qu e se d esen volve a benevolência (...); é nelas qu e se tra n sm ite recip ro ca m en te a
lu z criad ora d a inteligência h u m a n a ; é ain d a p o r elas q u e se d esen volve o gosto
p elo estudo^^. A pesar d o p roclam ad o a b sen tism o, a plenária da Casa parecia
d e sc o n h ec er a p en a d e exclu sã o im p o sta aos só c io s faltosos, p revista n o art. 15
d o s Estatutos^’ , p o is o C o n s e lh e ir o e e x - m in is tr o José T h o m á s N a b u c o d e
A raújo, p o r ex e m p lo , m atricu la d o d esd e 1857, n u n ca co m p a re ce u a u m a sessão
d o lA B , e n e m p o r isso d e ix o u de ser eleito para a p resid ên cia d a Casa, e m 1866.
A a d m is sã o n o s q u a d ro s da m açonaria d e honra era m u it o cob içada,
c o n fo r m e dá a e n ten d e r o testem u n h o d e Perdigão M alheiro: (...) O s títulos d e
m e m b ro honorário e efetivo são procu rados e solicitados: os p rim eiro s, o próp rio
In stitu to te m sem p re conservado em g ra n d e reserva com o o bjeto d e valor q u e se
deprecia p e la abundância^^. D e fato a d em a n d a d e ca n d id a to s ao In stitu to n ão
deve ter sid o p eq uena, p orq u e fazer parte d o seu corp o d e associad os sim b olizava
status social, prestígio e p rox im id a d e c o m o poder. C redenciais q u e d espertavam
o interesse tanto d e an tigos ad vogados, m agistrados e p olítico s, q u a n to de joven s
bacharéis, r e cé m -sa íd o s das faculdades d e D ireito, que ten ta v am o acesso ao
g r ê m io na esp era n ça d e ascen d er na carreira o u , q u e m sabe, in gressar n o s
círcu los sociais m a is restritos da Corte.

28 lA B- F o r m a v a m a d e p u t a ç ã o d o lA B o s s ó c io s A g o s t i n h o M a r q u e s P e r d i g ã o M a l l i e i r o , D u q u e - E s t r a d a
Teixeira, J o a q u i m l o s é T e ix e ira , L u iz A lv a r e z , Jo ã o B atis ta P e r e i r a , T a ta g i b a e C o s t a G u i m a r ã e s . “A ta d a
se s sã o d e 2 7 d e o u t u b r o d e 1864". I d e m , p. 191.
2 9 Cf. R a u l F l o r i a n o , E x - p r e s id e n te s d o I n s titu to cios A d v o g a d o s Brasileiros, d e s d e M o n t e z u m a , a p u d E d u a r d o
S p ill e r P e n a , o p . cit-, p. 79.
3 0 R e v is ta d o h i s t i t u t o d a O r d e m dos A d v o g a d o s Brasileiros. R io d e ]aneÍTO, t. V, 1 868, p p . 1 97-98.
31 R e f e r i m o - n o s a q u i a o s t s l a t u t o s d e 18 4 3 , q u e v i g o i a r a m a t é 1R80.
3 2 A g o s t i n h o M a r q u e s P e r d ig ã o M a l h e i r o . “ D i s c u r s o p r o f e r i d o n a s e s sã o m a g n a d e 7 d e s e t e m b r o d e 1862",
R e v is ta d o I n s tit u to d a O r d e m d os A d v o g a d o s B rasileiros. R io d e J a n e i r o , t. V, 1868, p. 147.

•A l 113
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

E n treta n to , tu d o leva a crer q u e ten h a p rev a lec id o u m a certa p a r c im ô n ia


n o p r o c e sso d e a d m is sã o d e filia d os e n a c o n c e ssã o d e t ítu lo s h o n o r á r io s , a
tal g ra n d e reserva alu d id a p or P erdigão M alh eiro . C o m o já se m e n c io n o u em
o u tr a parte d este tra b a lh o, e m t o d o o p e r ío d o e x a m in a d o ( 1 8 4 3 - 1 8 8 9 ) , na
ú n ic a relação d e s ó c io s en co n tra d a c o m as resp ectiva s d atas d e m a trícu la,
relativa ao ex e rc íc io d e 18 62 , co n sta u m to ta l d e se te n ta m e m b r o s n a classe
d o s efetiv os.
O fato é q u e o In stitu to d o s A d vo g ad o s p o ssu ía lu gar cativo n o cerim o n ial
d o s cham ados/fl5fo5 imperiais^^. Recebia con vites para participar d e solenidad es
oficiais, cortejos, te-deum s, festas d e aniversário d o m on arca e ou tra s efem érid es
d o g ên ero . N e ssa s o c a s iõ e s era d e praxe o C o n s e lh o D ir e to r d esig n a r u m a
c o m is s ã o especial para saudar o im perador, en ca b eça d a p e lo p residente, que
discursava e m n o m e d a corporação. U m relato q u e ilustra b e m essa prática
p o d e ser p erc eb id o n a ata q u e se reporta à p articipação d o lA B n a so len id a d e
d e in a u gu ra ção da estátua eqüestre d e D. P edro I, e m 30 d e m a rç o d e 1862. A
represen tação d o In stitu to c o m p o sta p o r treze a sso c ia d o s p e r filo u -se frente ao
Im perador, e o en tã o p resid en te A g o stin h o M arques P erdigão M alheiro teceu
as se g u in tes co n sid era çõ es sobre o evento;

(...) O s d ia s 7 d e setem bro d e 1822 e 2 5 d e m arço d e 1825 hão d e ser sem p re


d a m a is g ra ta recordação pa ra os brasileiros. Eles a ssin ala m as du a s fases
m a is im p o rta n tes d a existência d a v id a d o Im pério. (...) E, p o is com razão
acab a a g ra tid ã o d o p o v o brasileiro d e render a h o m en a g em d e v id a aos
assinalados serviços d o herói do Ipiranga^ elev a n d o -lh e u m m on u m en to . (...)
O In stitu to d o s A d v o g a d o s Brasileiros, a co m p a n h a n d o neste d ia f e l i z os
sen tim en to s d a nação, ve m d ep o r d ia n te do trono augusto d e Vossa M a jestad e
Im p e ria l os seus protestos d e adesão e respeito p o r tã o fa u sto so motivo.^"*

Face a o q u e foi e x p o s to até o m o m e n t o , fica d ifíc il co n c o r d a r c o m a


ap reciação d e Joaq uim N a b u c o d e q u e o In stitu to d o s A d v o g a d o s Brasileiros só
teria alcan ça d o alg u m a n o toried ad e n o p a n o r a m a p o lític o e social d o S eg u n d o
R ein ad o graças ao en g a ja m e n to d o s seus d irigen tes na luta co n tra o trabalho
escravo:

3 3 S o b r e o c o n c e i t o d e fa s to s im p e r ia is, v e r L u c ia M a r i a P a s c h o a l G u i m a r ã e s , D ic io n á r io d o B r a s il I m p e r ia l,
o p . cit., p p . 2 6 7 - 6 9 .
3 4 lA B , “A ta d a s e s s ã o d e 3 d e a b r i l d e 1 8 6 2 ”, R e v is ta d o I n s t i t u t o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s Brasileiros. R i o d e
J a n e i r o , t . V , 1 868. p p . 13 9-40.

114 •41
V o lu m e 1 ( ) lA B V os A c K o g a d o s n o In ip c tt o

(...) Será se m p re a h o n ra do In stitu to dos A d v o g a d o s p o d e r d iz e r q u e a série


dos seus p rim eiro s presiden tes (com o m ais tarde os q u e lhes seguiram , N abuco
e S a ld a n h a M a r in h o ), M o n te z u m a , C a rva lh o M o reira , C a e ta n o A lb erto
Soares, U rb a n o Pessoa, Perdigão M alheiro, q u a n d o a in d a fo ra n ão se tra ta va
d a em a n cip a ção , f o i to d a d e abolicionistas.^^ (o g rifo é n o sso )

O e x a m e das a tiv id a d e s d e se m p e n h a d a s p e lo lA B p arece d esa u to r iza r a


p en a d o c o n sa g r a d o escritor. In clu sive o p a p e l d e v a n g u a r d a p o r ele a tr ib u íd o
a t o d o s o s d irig en te s d o In stitu to , d e ix a n d o s u b e n te n d id o , p o r a ssim dizer,
q u e tais in d iv íd u o s ter ia m in tr o d u z id o n o g r ê m io a d isc u ssã o sob re o fim d o
tr a b a lh o escravo, a n te s m e s m o q u e o m o v im e n t o a b o lic io n is ta g a n h a sse as
ruas. A liás, E d u ard o S piller P en a , e m livro recente, a d verte que: ( ...) os elogios
d e J o a q u im N a b u c o aos re n o m a d o s p residen tes e in teg ra n tes d o lA B d e v e m ser
re la tiv iza d o s, p o d e n d o ser cred ita d o s ao seu afã d e p riv ile g ia r, n a h istó ria d a
abolição, a a tu a ç ã o d o s h o m en s d a lei e d o P a rlam en to , so b re tu d o q u a n d o estes
se relacion aram d e a lg u m a f o r m a com a h istória d e v id a d e seu pai^^. N o q u ad ro
c r o n o l ó g ic o a seg u ir, e n c o n t r a - s e a rela çã o d o s p r e s id e n t e s d o I n s titu to
a p o n ta d o s p o r N a b u co :

Quadro n° 1
INSTITUTO DO S A D V O G A D O S BRASILEIROS:
PRESIDENTES (1843-1889)

Período/ Gestão Presidente


1843-1851 Francisco Gê de Acaiaba e M ontezuma
1851-1852 Francisco Inácio de Carvalho Moreira
1852-1857 Caetano Alberto Soares
1857 (agosto-no\cm bro) Augusto Teixeira de Freitas
1857-1861 U ibano Sabino Pessoa de Mello
1861-1866 Agostinho Marques Perdigão Malheiro
1866-1873 losé Thom ás Nabuco de Araújo
1873- 1892 Joaquim Saldanha Marinho

Fonte: Q uadro elaborado a partir das informações registradas na Revista do Instituto da


O rdem dos Advogados Brasileiros, t. I-VIII, 1862-1888.

3 5 I d e m , p. 6 9 7 .
3 6 E d u a r d o S p ill e r P e n a , P ajens d a c a s a im p e r ia l: ju r is c o n s u lto s, e s cra vid ã o e a lei d e J 8 7 i . C a m p i n a s (S P):
E d i t o r a d a U N I C A M P . 2 0 0 1 . p . 52._________ __________ _________

115
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

S em n egligen ciar as virtu des m orais desses p erso n a gen s, n e m ta m p o u c o


m in im iz a r o se u e m p e n h o na d efesa da lib erd a d e d o s c a tiv o s, d o s n o m e s
a p o n ta d o s p o r Joaquim N a b u co apenas d o is trou xera m para as re u n iõ e s da
m a çon aria d e honra o d eb ate sobre a escravidão e ap resen taram p rop ostas para
a im p le m e n ta ç ã o d e u m a p o lítica em an cip a cio n ista: C a eta n o A lb erto Soares e
A g o stin h o M arques Perdigão M alheiro.
C a e ta n o A lb erto S oares, em 7 d e se te m b ro d e 18 4 5, n a sessã o d o se g u n d o
a n iversário d o In stitu to p r o n u n c io u a co n fe r ê n c ia “M e lh o r a m e n to so b re a
s o r te d o s e s c r a v o s n o B r a sil”. Jurista e s a c e r d o t e d e f o r m a ç ã o , C a e ta n o
en g r o s sa v a o c o r o d o d e s c o n t e n ta m e n t o b r a sile ir o , n o ca lo r da h o r a das
m a n ife s ta ç õ e s de p ro testo e m v ir tu d e da p r o m u lg a ç ã o d a Lei A b e rd ee n , na
Inglaterra, e m 8 d e a g o sto d e 184 5, q u e a u torizav a a m a r in h a b ritâ n ica a
a p ree n d er n a v io s m erca n tes en v o lv id o s c o m o tráfico. C o n t u d o , su a fala n ã o
f ic o u restrita a o s c o m e n t á r io s so b r e o c o m é r c io d e a fr ic a n o s, d o ra v a n te
q u a lific a d o p e lo s in g le ses c o m o ato d e pirataria. A n a lis o u a in stitu iç ã o d o
tra b a lh o escra vo , q u e r e p u d io u c o m v e e m ê n c ia , v a le n d o - s e d e p r in c íp io s
ju r íd ic o - filo s ó f ic o s e d e a rg u m en to s cristãos.
P or ou tro lad o, censurava a interferência estrangeira, e m particular a da
G rã-B retanha, c o m suas belas teorias d e to ta l e p r o n ta abolição d a escravatura,
e m u m a ssu n to q u e d izia respeito à p olítica interna d o Im pério. N a esteira
d esse ra cio cín io , deixava u m a p erg u n ta n o ar: (...) A s nações q u e m a ltra ta m e
h o stiliza m ou tras nações a título d e defesa e beneficência dos escravos não obrarão
antes p o r m o tivo s d e interesse p ró p rio do qu e p o r m era filan tropia? D e t o d o m o d o ,
a rgu m en taria lo g o e m seguid a, a so lu çã o para o p ro b lem a d o cativeiro era
assu nto da co m p etên cia exclusiva d o Estado im perial. E m ais, qualquer proposta
n esse se n tid o deveria respeitar as circun stân cias h istóricas d o país, in d u siv e os
d ir e it o s a d q u ir id o s d o s p r o p r ie tá r io s . A s s im , d e f e n d ia u m a p o lít ic a d e
e m a n c ip a ç ã o con trolad a e gradual d o s cativos, p o r m e io da p ro m u lg a ç ã o de
sucessivas leis, d e m o d o que o equilíbrio das hierarquias sociais n ã o fosse afetado,
n e m as estruturas e c o n ô m ic a s vigentes. Justificava suas p rem issas, alegand o
que: (...) a a b o liçã o to ta l, f e it a d e chofre e f o r ç a d a m e n t e e n tr e nós, tra ria
in e v ita v e lm e n te consigo a destru içã o d e to da s as fo rtu n a s, a ru ín a in teira da
agricultura, e o regresso m e sm o d a civilização^'^.
D e z e s s e te a n o s m a is tarde o a ssu n to vo lta ria a ser tra ta d o n o lA B , p o r
in iciativ a d e A g o s tin h o M arqu es P erdigão M a lh e iro , n a s co n ferên cia s m agnas

776
V ( ) ÍL I t 1 U - I C) lA I) (' os A d v o g a d o s n o I m p é r io

d e aniversário d e 1862 e de 1863. E m am bas as o ca siõ es, o en tã o p resid en te d o


In stitu to e x p ô s a lg u n s fra gm en to s d e u m estu d o q u e v in h a rea lizan d o e que
m ais tarde c o n so lid o u e m u m livro q u e se to r n o u clássico, A escravidão no Brasil
- ensaio histórico, ju ríd ic o e social, lan çad o e m 1866^®.
N ã o ca b e n o m o m e n t o en trar n o m é r ito d a o b r a d e P er d ig ã o M a lh e ir o ,
q u e s e g u n d o a lg u n s a n a lista s teria in sp ir a d o o v is c o n d e d e R io B r a n c o na
e la b o r a ç ã o d o p r o je to d a Lei d o V en tre Livre, e m 1871^^. N e m ta m p o u c o
c o m e n t a r a su a p e r f o r m a n c e p o lít ic a n a C â m a ra d o s D e p u t a d o s , q u a n d o
v o t o u c o n tr a a a p r o v a ç ã o d a q u e la Lei. Por ora, é s ig n if ic a tiv o sa lie n ta r q u e
su as r e flex õ e s s e g u ia m a m e s m a trilha q u e fora ab erta n o In stitu to , e m 184 5 ,
p o r C a e ta n o A lb erto S oares. M e lh o r d iz e n d o , P erdigão M a lh e ir o p rec o n iza v a
a a d o ç ã o d e u m a p o lít ic a d e ab o H çã o g ra d u a lista , e c o m o m e d id a p rá tica
su g er ia “a e m a n c ip a ç ã o d o v e n t r e ”. P ro jeto q u e , s e g u n d o E d u a r d o S p iller
P en a , v e i o p r e e n c h e r e g u ia r o e s p a ç o p ú b lic o para u m c a m in h o q u e teria
s id o p r e v ia m e n t e o r ie n t a d o p e lo p r ó p r io g o v e r n o im p e r ia l, c o m o in tu ito
d e p ô r fim à escravidão^®.
À exceção das in terv en çõ es d e C aetan o A lb erto S oares e d e P erdigão
M alheiro, d e u m m o d o geral o te m a da escravidão só seria ab o rd a d o n o lA B à
m e d id a q u e se ap resen taram nas con ferên cias p rob lem as ju r íd ico s p ontuais.
N a m aioria das vezes, p o r sinal, casos que en v o lv ia m d isp u ta s entre o d ireito à
liberdade e o respeito à p rop riedad e. A títu lo de ex em p lo , apesar d e b astan te
exp lo rad o p ela historiografia'*', n ã o é d em a is recordar a p o lê m ic a q u e se travou
e m to r n o d e u m a p erg u n ta form u la d a p e lo citad o C a eta n o A lb erto Soares, a
resp eito d a co n c e ssã o d e alforrias co n d icio n a is. A ssu n to co n tro v ertid o , cuja
análise ex tr a p o lo u as se ssõ es d o Instituto, c h e g o u às p á gin as d o s d iá rio s da

3 7 C a e t a n o A l b e r t o S o a r e s , “ m e l h o r a m e n t o d a s o r t e d o s es c r a v o s n o B r a s il”, M e m ó r i a lid a n a s e s s ã o g e r a l d o
I n s t i t u t o d o s A d v o g a d o s B r a s il e ir o s n o d ia 7 d e s e t e m b r o d e 1845. R e v is ta d a O r d e m d o I n s tit u to dos
A d v o g a d o s B rasileiros. R io d e J a n e i r o , a n o !. 1.1, n “ 1. ja n . , fev., m a r . d e 1862, p p . 1 9 5 -22 9 .
38 P a r a o p r e s e n t e t r a b a l h o foi c o n s u l t a d a a r e e d i ç ã o d e 1976. Ver P e r d i g ã o M a l h e i r o , A e s cra vid ã o no B ra sil
- e n s a i o histó rico , ju r íd i c o e social. P e tr ó p o l is ; Vozes; B rasília : I n s t i t u t o N a c i o n a l d o L iv ro , 1 976, 3v.
39 lA B , H is tó r ia d o s 1 5 0 a n o s d o I n s t i t u t o d os A d v o g a d o s B rasileiros. O r i e n t a ç ã o : A l b e r t o V e n â n c i o F ilh o e
l o s e M o t t a M a ia ; p e s q u i s a e t e x t o b á s ic o , L a u r a F a g u n d e s . R io d e J a n e i r o : D e s t a q u e . 1 9 9 5 . p . 105.
40 E d u a r d o S p ill e r P e n a , o p . cit., p p . 2 8 6 - 8 7 . H á q u e m s u s p e ite , c o m o o n o r t e - a m e r i c a n o R o b e r t C o n r a d ,
q u e 0 d i s c u r s o d e P e r d i g ã o M a l h e i r o n o lA B t e n h a s i d o o r i e n t a d o p e l o p r ó p r i o i m p e r a d o r D. P e d r o II.
C f. R o b e r t C o n r a d , O í ú ltim o s a n o s d a es c r a v a tu ra n o B r a s il 1 8 5 0 - I 8 8 8 . R io d e J a n e i r o : C iv iliz a ç ã o
B r a s ile ir a , 1 978, p . 92.
41 Cf. lA B , H is tó r ia d o s 1 5 0 a n o s d o I n s t i t u t o dos A d v o g a d o s Brasileiros, o p ci t., p p . 3 5 - 3 6 . Ver t a m b é m K eila
G r i n b e r g , O fia d o r dos brasileiros. C id a d a n ia , escravidão e d ireito civil no te m p o d e A n t o n io Pereira Rebouças.
R i o d e J a n e i r o ; C iv i liz a ç ã o B r a s il e ir a , 2 0 0 2 , p p . 2 1 3 - 1 6 .

•A l 117
_____________ Historiada.
O rdem dos Advogados do Brasil

C orte e aca b o u p o r desvend ar algu ns segredos da m a çon aria d e honra, cau san do
u m a cisã o n o s se u s q u a d ro s“^:

(...) Sendo m u ito usual en tre nós d eix a r q u a lq u e r e m seu solene testam en to
escravos forros com obrigação d e servirem a a lg u m a pessoa, en q u a n to esta
f o r viva, ou p o r certo espaço d e tem po; e não m en os fre q ü e n te d e ix a r escravos
p a r a servirem te m p o ra ria m en te a alguém , e se lhes d a r a carta d e liberdade,
f in d o esse p ra zo , pergun ta-se: 1 °) N a p rim e ir a h ipótese, se f o r escrava, e tiver
filh o s d u ra n te o tem p o q u e era obrigada a p r e s ta r serviços, os filh o s serão
livres, o u escravos? Se livres, eles serão ta m b é m obrigados a p re sta r serviços?
Se escravos, a q u em pertencerão? 2°) N a segunda h ipótese e verificadas as
m esm a s circunstâncias, terá lugar a m e sm a decisão ou diversa?^^

O Dr. C a eta n o , m u it o m in u c io s o , in v e n ta r io u e e x a m in o u d iferen tes


p o siç õ e s jurídicas so b re a q u estão e d e d u z iu serem livres o s filh o s das statulíber.
V eredicto q u e recebeu con testação v ee m en te d e u m o u tr o eru d ito , o Dr. Teixeira
d e Freitas, o qual sustentava o p in iã o contrária, b a sea n d o -se n o D ireito R om ano.
E m face das d iv erg ên cias d e in terp retação d ou trin ária, o C o n se lh o D ireto r
c o n v o c o u a a ssem b léia d o s associad os para d irim ir a c o n te n d a . O co leg ia d o
p r o n u n c io u -s e a favor da tese d e C aetano, o que le v o u T eijeira d e Freitas à
ren ú n cia d o cargo d e p resid en te e ao afastam en to das ativid ades d o .
N o que se refere à problem ática da escravatura, vale ain da destacar e m m eio
a tantas outras referências p o n tu a is o con ju n to d e q u estões trazidas ao Instituto
p o r iniciativa d e Perdigão M alheiro, em 1859. C oligidas a partir d e fatos relatados
p o r u m juiz d e direito da com arca d e Mar d e H espanha, n o interior da província
d e M in as Gerais, as p ro p o sições tratavam d e casos relativos a o direito à liberdade
d o s filhos nascidos d o trato ilícito d o s senhores c o m suas escravas;

O filh o q u e o senhor houver d e sua p ró p ria escrava é livre n ão o b sta n te a


condição d e sua mãe? 3 Se o filh o f o r d e ou trem , m a s o senhor se casa com
essa escrava ao tem p o em q u e o conserve e m seu p o d er, fic a livre? 3^ P ode

4 2 Ver C o rre io M e r c a n til, n “ 2 8 9 , 2 9 2 , 2 9 4 , 3 05 e 3 0 6 . R io d e J a n e i r o , o u t . - n o v . d e 1857.


4 3 A q u e s t ã o foi p r o p o s t a n a s e s s3 o d e 8 d e o u t u b r o d e 1857. RevisCa d o I n s t i t u t o d a O r d e m dos A d v o g a d o s
B rasileiros, R i o d e J a n e i r o , a n o 1 , 1 . 1, n* 1, ja n . , fev., m a r . d e 1 862, p p . 2 7 - 2 8 . ( E d i ç ã o f a c - s i m il a r .)
4 4 C f. M a n o e l Á l v a r o d e S o u z a Sá V i a n n a , A u g u s to T eixeira d e F reitas. T raços biográficos. R i o d e Ja n e iro :
T y p o g r a p h i a H i l d e b r a n d t , 1 905, p . 47.

118
V o lu m o J ( ) lAI-i o os A (lv (\^ a d o s n o ln i]) c rio

a lgu ém ter em cativeiro seu filh o ou descendente; p a i, m ã e ou ascen den te ou


q u a lq u e r o u tro p arente? O u d a n d o -se caso q u e isto se devesse verificar p o r
q u a lq u e r m odo, f ic a m livres tais escravos?^^

D a an álise d etalhad a d esses quesitos, a p lenária d o lA B d elib e ro u q u e (...)


a filh o q u e o senh or h ou ver d e sua p ró p ria escrava é livre, não o b sta n te a condição
d a mãe^^. Todavia, para d esa p o n ta m e n to dos bacharéis, o parecer n ã o con segu iu
firm ar a jurisp ru dência, a p o n t o de referendar a liberdade para o s filh o s naturais
m a n tid o s p elo s sen h ores c o m o cativos'*^. O m e s m o se n tim e n to d e frustração
ocorreria e m 1887, q u a n d o a corporação m a n ifesto u -se sobre a condição ju ríd ica
d os sujeitos à condição d e servir, esp ecia lm en te a p ó s a Lei d e 2 9 d e se te m b ro de
1885, e d efin iu o s d ireitos d o s proprietários, q u e se sen tira m le sa d o s c o m a
prom ulgação da Lei d os Sexagenários**®. Por o u tr o lado, e m resp o sta às co n su lta s
so b re o s d ireitos d e in d en iza ção , em v irtu d e da p ro m u lg a ç ã o da Lei Á urea e m
13 d e m a io d e 1888, o In stitu to co n sid er o u ileg ítim o co n ce d e r tal d ireito aos
a n tig o s p ro p rietá rio s d e escravos. D e c isã o q u e foi p u b lic a d a n o s p rin cip ais
d iá rio s da C orte e teve g ra n d e repercussão.
O in ven tá rio d o s a ssu n to s alusivos à escravatura, d eb a tid o s n o in terior d o
In stitu to, revela as a m b ig ü id a d e s d o “espírito h u m a n itá r io ” d o s ju risco n su lto s.
D e u m lado, p r e o c u p a d o s e m suavizar e extin gu ir o can cro d o cativeiro. De
ou tro, lim ita d o s p e lo resp eito a o s direitos civis d o s p rop rietários. Seja c o m o
for, d o p o n t o d e vista in stitu cio n a l, fica p atente q u e n ã o h o u v e in te n ç ã o prévia
da parte d o s a sso c ia d o s d e abordar a p rob lem ática da escravidão. O interesse
p e lo tem a d e v e u -se so b re tu d o a m o tiv a ç õ e s d e o r d e m prática. O u seja, era
tr ib u tá r io d o s litíg io s j u d ic ia is q u e d ia r ia m e n te c h e g a v a m a o s tr ib u n a is,
d eco rren tes d e situ a çõ es d o co tid ia n o da so c ied a d e im p erial, p rovocad as p o r
práticas centenárias q u e d atavam d o s te m p o s da C o lô n ia .
D e u m m o d o geral, as q u e stõ e s jurídicas ap resentadas n as re u n iõ e s d o
In stitu to d o s A d v o g a d o s refletiam as tra n sfo r m a ç õ es q u e se o p era r a m n o s
d iversos setores da vid a n acion al, n o decorrer d o S e g u n d o R ein ad o. A lgu ns
p resid en tes d a Casa ch egaram m e s m o a recom end ar a o s seus pares que, durante

4 5 C f . lA B , “C o n f e r ê n c i a d e 19 d e m a i o d e 1 8 5 9 ”. R e v is ta da I n s titu to d a O r d e m d os A d v o g a d o s Brasileiros.
R i o d e J a n e i r o , t. V, n ‘ 1, ja n . , fev., m a r . d e 18 62, p p . 4 1 0 - 1 1 .
4 6 I d e m , p . 416.
4 7 E d u a r d o S p ill e r P e n a , o p . c i t , p . 228.
4 8 lA B , "A ta d a s e s s ã o d e P d e s e t e m b r o d e 18 8 7”, R evista d o I n s tit u to d a O r d e m d os A d v o g a d o s Brasileiros,
o p . ci t., t. V I I I , 1 8 8 7 , p . 3 2 0 . ________________________________________

119
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

as férias an uais d o g r ê m io n o s m ese s calm osos d e verãOy to m a s s e m a iniciativa


d e c o lig ir o s c a s o s im p o r ta n t e s d e j u r is p r u d ê n c ia d e q u e h o u v e s s e m se
en carregado c o m o a d vogados, o u d e q u e tivessem n o tíc ia para relatar e ser alvo
d e d iscu ssã o e reflexão, e m m o m e n t o oportuno'*^.
A par disso, a leitura atenta d os registros das sessões p erm ite resgatar certos
a c o n te c im e n to s q u e m o v im e n ta r a m a C orte, b e m c o m o a lg u m a s práticas da
boa sociedade. D e sd e e p isó d io s q u e m ex era m c o m a o p in iã o p úb lica, a exem p lo
da falência d a casa bancária A. J. A. S o u to & C o m p a n h ia , aos co stu m e s da vida
privada das elites im periais, c o m o a prática d e fixação d o d o te e m a cordos de
ca sa m en to . Isto se m falar d o s p ro b lem as d e natu reza p olítica , d a envergadura
d a Q u e stã o R eligiosa, q u e tr o u x e para o p r im e ir o p la n o o d e b a te so b re a
co n v en iê n c ia da separação entre a Igreja e o Estado.
E m b o ra n ã o seja n o ssa in te n ç ã o m o n ta r u m q u a d ro ex a u stiv o c o m o
r e g is tr o d e to d a s as p r o p o s iç õ e s d is c u tid a s n o I n s t i t u t o d o s A d v o g a d o s
Brasileiros, o u aprofundar a análise d o s seus a sp ectos d o u trin á rio s, a in cid ên cia
d e d e t e r m in a d o s tem a s a p resen ta d o s para reflex ã o n a s s e s s õ e s o rd in árias
co n stitu i u m a b o a p ista para avaliar quais o s p ro b lem as q ue, d e fato, atraíam as
a ten çõ e s d o s bacharéis. A té p orq u e n ã o havia legislaçã o esp ecífica para m uitas
das situ a ções q u e passaram a fazer parte da v id a cotid ia n a d o s brasileiros na
se g u n d a m eta d e d o s a n o s o ito ce n to s. Veja-se, p o r e x e m p lo , o ca so d o telegram a.
M e io d e c o m u n ic a ç ã o que se vu lgarizou n o s principais centros u rb a n o s d o país,
p o r volta da décad a d e 1870. O valor ju ríd ico d o teleg ram a foi o b jeto d e u m a
co n su lta ao Instituto^®, e m v irtu d e da co n v en çã o celebrada en tre o Im p ério e
ou tras n a ç õ e s para o a sse n ta m e n to d e ca b o s su b m a rin o s tra n sa tlâ n ticos^ '.
M as v o lte m o s às q uestões que m ais instigaram o s jurisconsultos. E m 29 de
setem b ro de 1864, a reunião ordinária d o Instituto recebeu m a io r p ú b lico d o que
o d e co stu m e . Lida a o rd em d o dia, a pauta da sessão parecia p eq u e n a para
acom o d ar a q u an tid ade d e q uestões jurídicas apresentadas para discussão. Tais
circunstâncias extraordinárias con stitu em indicativos de q u e haviam ch ega d o ao
Instituto os ecos da crise financeira que se abatera sobre a capital d o Im pério,
c o m a su sp en sã o dos p ag am en to s da casa bancária A. J. A. S o u to & C om p anh ia,
d e propriedade d e A n to n io José Alves Souto, o v isc o n d e d e S outo, ocorrida n o
dia 10 d aquele m ês. A S em an a Ilustrada^ u m dos p erió d icos d e m a io r circulação

4 9 Ver, d e n t r e o u t r a s , “A t a d a se s sã o d e 13 d e d e z e m b r o d e 18 6 6”. I d e m , p . 154.


5 0 lA B , “A ta d a s e s s ã o d e 11 d e o u t u b r o d e 1 8 8 8 ”. I d e m , p . 235.
51 C f. M a x F le iü ss , H is tó r ia a d m in is tr a ti v a d o Brasil. 2* e d . S ã o P a u lo : M e l h o r a m e n t o s , 1925, p. 303.

120 •ál
V olum e I ü lA B e os A d v o g .u lo s n o Im p é r io

na C orte, d ed icou u m editorial a esse respeito, e m q u e narra c o m detalhes o


ep isó d io que abalou a credibilidade das in stituições financeiras d o Im pério:

(...) A notícia era verdadeira, m as incrível! N ã o há, nos tem po s m odernos,


colossos inabaláveis. Porque a Casa Souto era d e fa to u m colosso d e crédito. (...)
O en igm a p a re cia incom preensível! U m a bom ba q u e estalasse sobre o teto da
P raça do C om ércio não causaria ta n ta em oção (...). C asas re p u ta d a s sólidas,
fo rtu n a s ju lg a d a s inabaláveis, v ia m -se e m u m m o m e n to a m e a ça d a s d e total
ruína. A in q u ietação fo i grande; o pân ico geral. (...) O p o vo afluiu à rua
D ire ita e à rua d a Alfândega. A b a la d o o crédito geral, todos correram aos
b a n c o s ( ...) p a r a s a lv a r a su a p r o p r i e d a d e ou o resto d a s e c o n o m ia s
a cu m u ladas. A força pú b lica teve d e in te rvir p a ra a segurança d a ord em (...)
N ã o contentes, os p o rta d o res d e vales com obterem notas, a flu íra m ao Banco
d o Brasil, reclam an do o troco em ouro. A surpresa d e uns, a inépcia d e outros,
a inércia, a especulação, tu d o se a cu m u lou im p e d in d o a ad o çã o d e m e d id a s
enérgicas e p ro n ta s q u e restituíssem a calm a ao espírito p ú b lic o e salvassem o
com ércio d e u m catacUsma.^'^

As d im e n s õ e s da catástrofe extrapolavam até m e s m o as estim ativas m ais


p essim istas^^. A falên cia da Casa S o u to p ô s em j o g o a sorte d e q u a se 10 m il
credores! N ú m e r o , p o r sinal, b e m expressivo para a é p o c a , p o is s o m e n te em
1870 a popu lação das paróquias urbanas da capital do Im pério alcançaria o total de
191.002 habitantes. O m ontante d o rom bo financeiro, por sua vez, excedia os fundos
disponíveis d o Banco d o Brasil, o principal credor d e A. J. A. Souto. N a ed ição d e 14
de setem bro d e 1864, o D iário do Rio d e Janeiro dava conta aos leitores de q u e até
aquela data o Banco d o Brasil já havia descontado papéis n o valor d e 14 0 0 0 $ 0 0 0 de
outros estabelecim entos de crédito, além dos seus próprios títulos^'*.
O p r o b le m a era a p a r e n te m e n te d e n a tu reza c o m e r c ia l, p r o v o c a d o pela
su sp e n sã o d e p a g a m e n to s d e u m ú n ic o b a n c o , q u e se v iu s e m re cu rso s para
h o n r a r seus c o m p r o m is s o s . M as, se é certo q u e a q u eb ra d o S ou to, c o m o se
r e fer ia a im p r e n s a , a r r a s t o u à fa lê n c ia o u tr a s ca s a s b a n c á r ia s t a m b é m
con sid era d a s só lid a s, n ã o se p o d e perder d e vista q u e su b ja cen te às v ic issitu d e s
d o m o m e n t o d e sp o n ta v a m sin a is d e d e b ilid a d e d a p o lític a fin a n ce ir a , c o m o

5 2 S e m a n a I lu s tr a d a , 197. R i o d e J a n e i r o , 18 d e s e t e m b r o d e 18 64, p, 1570.


5 3 O v i s c o n d e d e M a u á , e m m a i o d e 1 863, d a v a c o m o c e r ta a f a l ê n c ia d a C a s a S o u t o . c o m u m p a s s i v o d e 24
m i l c o n t o s d e réis. C f. J o r g e C a l d e i r a , o p , cit. p. 391.
54 D i á r i o d o Rio d e Ja n eiro , n ° 2 5 3 , d e 1 4 d e s e t e m b r o d e 1 8 6 4 . p . 1.

727
_____________ História da.
Ordem dos Advogados do Brasil

a in fla ç ã o m o n e tá r ia e o a b u s o d o c r é d ito fá cil q u e d ela d ir e ta m e n t e se


originava^^
Para fazer frente à crise, que atingiu e m ch eio o c o m é rc io d o R io d e Janeiro,
o gab inete im perial, presidido p elo sen ad or F urtado, resolveu intervir na o rd em
ju ríd ica e e c o n ô m ic a c o m m ed id a s discricionárias. E m 13 d e se te m b r o o Banco
d o Brasil recebeu p erm issão para elevar ao triplo su a cap acid ad e d e em itir papel
m o ed a . L ogo e m seguid a, o gab inete b a ix o u o D ecreto n - 3 .3 0 7 , d a n d o curso
forçado, p o r certo te m p o , aos papéis daquele b an co. Tentava-se, d este m o d o ,
restabelecer a co n fia n ç a d o s in vestid ores e regularizar o s p a g a m e n to s.
A situ a ção , p o r é m , p erm an eceria in stável, e x ig in d o p r o v id ên cia s m ais
enérgicas. Tanto assim que n o dia 17 de setembro novas disposições extraordinárias
f o r a m d e te r m in a d a s, a m p lia n d o -s e o s p razos para p a g a m e n to s d e títu lo s.
F in a lm en te e m 20 d e setem b ro , p or m e io d o D ecreto n ° 3 .3 0 9 , regulam entava-
se a falên cia d e b a n c o s e casas b a n c á r i a s .
O “p a co te” baixado pelas autoridades, u san d o u m a term in olo gia b em atual,
su scito u in ú m eras controvérsias. A d esorien tação generalizada agravou -se ainda
m ais q u a n d o o governo, já n o m ês de ou tu bro, d ecidiu expedir m ais d o is decretos
c o m p lem en ta re s, altera n d o as n o rm a s para em issã o d e b ilh etes a o p o rta d o r,
c o m efeito retroativo.
C o m o já era d e se esperar, a plenária d o In stitu to d o s A d vo g ad o s Brasileiros
tr a n sfo r m o u -sen o ca m in h o natural para o n d e confluíram d úvidas e con testações.
M e s m o p o rq u e , c o m o já se v iu n o ca p ítu lo an terio r d este tra b a lh o, certos
in tegran tes da m a çon aria d e honra p o ssu ía m co n sid erá veis fortu n a s e m títulos.
H avia fo rtes interesses e m jo g o , p o r co n seg u in te. A tal p o n to , que o Dr. Carlos
A rth u r B u sch Varela c h e g o u m e s m o sugerir; (...) d iscu ta m o s p rin c ip a lm e n te as
questões q u e se p re n d e m à ú ltim a crise com ercial, q u e se d eu na p ra ç a d o Rio de
Janeiro, estudan do as m ed ida s qu e fo ra m d ad a s pelo governo^''. N o quad ro adiante,
o leitor en co n tra rá u m a sín tese d os p rin cipais tó p ic o s d isc u tid o s n o In stitu to,
e m d ecorrên cia d aq u ele setem bro negro, de 1864.

5 5 É i n t e r e s s a n t e n o t a r q u e a r e f o r m a b a n c á r i a d e I 8 6 0 a u t o r i z o u o f u n c i o n a m e n t o d e b a n c o s e m i s s o r e s de
p a p e l - m o e d a e / o u t í t u l o s , n a r a z ã o d o d o b r o d o la s t r o e m o u r o a m o e d a d o o u e m b a r r a s , f a c u l t a n d o
p a r a esse f i m a c o n v e r s ã o d e a ç õ e s d a s e s t r a d a s d e f e r r o e o u t r o s t í t u l o s e m a p ó l i c e s d a d í v i d a p ú b li c a .
V e r A. d e B. R a m a l h o O r t i g a o , “A c ir c u la ç ã o . C r is e d o ‘X e m - X e m ’. E v o l u ç ã o d a s le is m o n e t á r i a s . C r is e s d e
1 8 5 7 e 1 8 6 4 ”. Í H G B , A n a i s d o P r im e ir o C ongresso d e H is tó r ia N a c io n a l. R i o d e J a n e i r o : I H G B : I m p r e n s a
N a c i o n a l , 1916, p a r t e IV, p p . 4 6 5 - 5 4 7 .
5 6 C f. M a x F le iü ss , o p . c it., p p . 2 9 0 - 9 1 .
57 C f. l A B , “A ta d a s e s s ã o d e 2 2 d e s e t e m b r o d e 1 8 64 ”. R e v is ta d o I n s t i t u t o d a O r d e m d os A d v o g a d o s Brasileiros.
R i o d e J a n e ir o , t. V III, 1 8 7 ] - 1 8 8 0 , p . 186.

722
V o lu m e 1 O lAB e os AcKo^aclos no Im pério

Quadro n° 2
INSTTTUrO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS:
SÍMTÍSE DAS QUESrÕESJURÍD10\S DECORREMTíS CA PROMULGAÇÃO
DOS DECRETOS DE SETWBROOLÍTUBRO DE 1864

Sobre o Decreto n° 3.308 de 17 de setembro de 1864, devem ser protestadas no dia do vencimento
neles estipulado, ou no dia do vencimento legal, marcado no dito artigo, isto é, depois dos 60 dias?
As letras de que trata o art. l^ d o citado decreto devem ser pagas logo que finalizar o frazo de 60 dias
ou quando completarem-se os 60 dias mntados da época do seu vencimento estipulado?
As concordatas de que trata o art. 2^do mesmo decreto, outorgadas pelos credores, que representem
2/3 do valor da totalidade dos créditos,obrigam tam bém os demais credores?
Qual é a autoridade com petente para tom ar conhecimento nos termos de queixa o u denúncia?
(Decreto n° 3.308 de 17 de setembro de 1864)
Qual a forma do processo? A indicada no Código do Processo do Regulamento de 31 de janeiro
de 1842, a do Regulamento de 9 de outubro de 1850 ou a do art. 818 do Código Comercial?
O exame dos livros como base do processo e o corpo de delito podem ser decretados pela autoridade
criminal que conhecer da queixa ou denúncia, ou essa verificação ofende o disposto nos arts. 17,
18 e 19 do Código Comercial?
É o juiz municipal a autoridade competente para a formação da culpa dos crimes de bancarrota
nos casos dos Decretos de 17 e 20 setembro de 1864? A form a d o processo é, cm tais casos, a
estabelecida no Decreto de 9 de outubro de 1850?

Fonte: Q uadro elaborado a partir das atas das sessões do lAB, publicadas na Revista ào
In sn tu to d a O rdem dos Advogados, t .Y U ,a n o 1870,pp. 187-93.
A e s se s q u e s ito s s o m a r a m -s e m u ito s o u tr o s q u e fo ra m se n d o
p r o g r e s s iv a m e n t e p r o p o s t o s a o l o n g o d o a n o d e 1865^®, e n q u a n t o n o s
tr ib u n a is as d e m a n d a s se m u ltip lic a v a m . A fin a l, e r a m d e z m il cr ed o re s! É
d e se im a g in a r q u e o s litíg io s d e v e m ter se a rr a sta d o p o r u m b o m t e m p o .
N o I n s titu to d is c u t iu - s e , in c lu siv e , a le g a lid a d e d o s d e c r e t o s d e s e te m b r o ,
fa c e a o C ó d i g o C o m e r c ia l. S o b r e t u d o a p r o b l e m á t i c a d a a u t o r i d a d e
c o n c e d i d a a o j u iz m u n i c i p a l p a ra a f o r m a ç ã o d e c u lp a n o s c r im e s d e
bancarrota. A lg u n s associad os c o m o o Dr. D uque-E strada Teixeira a fir m a v a m
q u e se g u n d o a h erm en êu tica a m ed id a era injurídica e m e s m o in co n stitu cio n a l,
p o is n ã o se p o d ia revogar o d is p o s to n o C ó d ig o d o C o m é r c io . O u tr a co r re n te ,
lid e r a d a p e lo D r. C a e ta n o A lb e r to S o ares, d e fe n d ia p o s iç ã o o p o s t a . A fin a l
c o n c l u i u - s e q u e o ju iz m u n ic ip a l era a a u to r id a d e c o m p e t e n t e , m a s q u e a

123
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

f o r m a d o p r o c e s s o d ev er ia re sp e ita r o e s t a b e le c id o n o D e c r e t o d e 9 d e
o u tu b r o d e 1850''^.
M as o s abalos financeiros d e 1864 ainda teriam o u tros desd obram entos.
Trouxeram n o v a m e n te para a o rd em d o dia alguns assuntos q u e aparentem ente
p ertenciam ao d o m ín io da esfera privada e, d e u m a hora para outra, caíram n o
espaço público, diante d o co n te x to d e crise q u e se abatera sobre a sociedade carioca.
O tem a d o d o te havia sid o in tr o d u zid o para reflexão n o In stitu to p elo
a sso c ia d o Dr. D u q u e-E stra d a Teixeira, em 1863, a p r o p ó sito d o tratam en to
d isp e n sa d o à q u estão d o registro da escritura a n tin u p cia l, ex ig id o n o C ó d ig o
C om ercial^ °. N a q u e la o p o r t u n id a d e , a s u g e s t ã o n ã o m e r e c e u tr a t a m e n t o
p rioritário na p le n á r ia , em b o ra fo sse recon h ecid a a sua relevância. Pois, c o m o
se sabe, n o sé cu lo X IX q u a n to m a is elevada a p o siç ã o das fam ílias na escala
social, m ais c o m u m era a antiga prática d e q u e a aliança m a tr im o n ia l fosse
c o m b in a d a entre as fam ílias, se m m aiores interferências d o s in teressados, c o m o
u m co n tra to c o m e r c ia l S o m e n te d ep o is d e acertadas certas c o n d iç õ e s - em
e s p e c ia l, a n te c e d e n t e s fa m ilia re s, p r o fissã o e fo r tu n a o s p a is d a m o ç a
c o n se n tia m q u e o rapaz se ap roxim asse, d an d o in íc io a o n o iv a d o ^ '.
N a s n eg o cia çõ e s n up ciais, o s paren tes esta b eleciam o s d o te s d o s futuros
e sp o so s. N o ca so da noiva, o s b en s in co m u n ic á v eis q u e a m u lh er, o u seus pais
o u ter ce iro s, d e v e r ia m tra n sferir a o fu tu r o m a r id o p a ra c o m o s fr u to s e
r e n d i m e n t o s d e le s a j u d á - l o n a s a t is f a ç ã o d o s e n c a r g o s f in a n c e ir o s d o
m a tr im ô n io , so b cláusula d e restituição d e tais b en s se h o u v esse d isso lu çã o da
so c ied a d e c o n j u g a l" .
A pesar d o ro m a n tis m o d o s n o sso s literatos o ito ce n tista s, q u e cultivavam
0 ideal d o ca sa m e n to p o r am or, o m a is verdadeiro e san to a m o r, b e m ao m o d o
d o s folhetins q u e celebrizaram a p en a d e José d e Alencar, o c o s tu m e d o s arranjos
m a tr im o n ia is c o n tin u a v a p revalecen do entre o s m e m b r o s da boa sociedade.
C onsta que o visco n d e de M auá, pai zeloso e adepto das práticas m ais tradicionais,
co stu m a v a d izer às filhas (...) Q u e m tira o bilhete d e loteria com a p ró p ria m ão
não p o d e se q u eix a r d a sorte.

5 8 O D r . C a r l o s A r t h u r B u s c h V arela, p o r e x e m p l o , a p r e s e n t a r i a o u t r a s t a n t a s q u e s t õ e s r e l a t i v a s a o c r i m e d e
b a n c a r r o t a e s e u p r o c e s s o , e m f a c e d o s d e c r e t o s d e s e t e m b r o d e 1 864. D o m e s m o m o d o , o s a d v o g a d o s
D r . L u iz A lv a r e z e D u q u e - E s t r a d a T eixeira a r g ü í r a m s o b r e a f o r m a ç ã o d a c u l p a p o r b a n c a r r o t a .
5 9 I A B , “A ta d a s e s s ã o d e 18 d e m a i o d e 1 8 6 5 ”, R e v is ta d o I n s tit u to d a O r d e m d o s A d v o g a d o s B rasileiros. R io
d e J a n e i r o , ! . V I I I , 1 8 7 1 - 1 8 8 0 , p . 186. ( E d i ç ã o fa c -s i m il a r .)
6 0 Cf. lA B , “A ta d a s e s sã o d e 22 d e o u t u b r o d e 1 8 73 ”. I d e m , o p . cit., t. V I I , p . 173.
61 A esse r e s p e i t o v e r a i n t e r e s s a n t e a n á lis e d o h i s t o r i a d o r P e t e r G ay . C f. P e te r G ay, O século d e S c h n itz le r . A
fo r m a ç ã o d a c u l tu r a d a classe m éd ia . S ã o P a u lo : C o m p a n h i a d a s L e t r a s , 2 0 0 2 , p p . 7 8 - 8 0 .

124 «ál
V o lu m e I C) IAH e os A d v o ^ . u lo s n o In ip ú i io

N o v en d a va l da quebradeira d e se te m b ro d e 1864, Dr. D u q u e -E stra d a


Teixeira r e t o m o u o te m a d o d o t e , a p r e te x to d e d e f e n d e r d ir e ito s m u ito
im p o rta n tes d a s mulheres:

P Q u a n d o o d o te f o i convencionado, m a s não entregue, e n em f o i registrado


0 contrato, e sobrevêm a fa lên cia d o m arido, tem a m u lh e r o d ire ito d e reter
esse dote, q u e r estim ado, q u er in estim ado? O u p elo con trário, p o d e m os
credores c h a m a r esses bens p a r a a massa, so m e n te p e lo f a to d e não ter h a vid o
0 registro? 2r N a ocasião d a falên cia ach a-se o d o te a lien ad o p elo m arido.
Pergunta-se, p o d e a m u lh er apresentar-se com o credora d e d o m ín io ( .. .) ^
S en do o m arido , com o a d m in istra d o r d o d o te in estim ado, responsável a té
p ela culpa, será a m u lh er a d m itid a a reclamar, no caso d a falência, os prejuízos
d a deterioração sofridos pelo d o te

A d iscu ssã o g a n h o u d e im ed ia to in ú m era s c o n trib u içõ e s, a lo n g a n d o -s e


p o r a lg u m a s re u n iõ e s d o In stitu to. A títu lo de cu rio sid a d e, vale d estacar q u e a
plenária c o n c lu iu q u e na falta d e registro d otal a m u lh er p erd eria a q ualidad e
d e c r e d o r a d e d o m í n i o . C o n t u d o , n ã o p e r d e r ia a c o n d i ç ã o d e c r e d o r a
quirografária, isto é, sem qualquer privilégio d e preferência^"*. L am entavelm ente,
as fo n tes n ã o o fer ec em n e n h u m a pista da id en tid a d e da m isterio sa d a m a , o u
das dam as, q u e m sabe, cujo p recioso dote o Dr. D uq ue-E strad a tentava salvar na
avalanche da quebradeira. E m certo sentido, o v isco n d e d e M auá tinh a lá as suas
razões ....A o m e n o s havia a chance d e habilitar-se à co n d içã o d e credora d o m arido.
N ã o seria exagero afirmar que a crise financeira d e 1864 foi o a c o n te c im e n to
q u e m a is in cito u as a ten çõ e s n o In stitu to, e stim u la n d o as se ssõ es durante q uase
u m an o. N e m m e s m o a q u estã o religiosa su sc ito u tan ta s in te r v e n ç õ e s d os
asso cia d os c o m o , em q u e p e se m o s debates a p aixo n a d o s q u e tiveram lugar n o
lA B, a p r o p ó sito das relações entre o Estado e a Igreja.
A c h a m a d a q u e s tã o relig io sa o u q u e s tã o d o s b isp o s t r o u x e à t o n a a
pro b lem ática da u n iã o en tre o Estado e a Igreja. C o m efeito, a C o n stitu iç ã o d e
1824 m a n tev e n o Brasil o reg im e d e p a droado, d a n d o c o n tin u id a d e à p o lítica
regalista da co ro a p o rtu g u esa , se g u n d o a qual as iniciativas da Igreja d e p en d ia m
da ap rovação e d o s recursos co n c e d id o s p e lo Estado. O parágrafo 14 d o artigo

62 Cf. v e r b e t e “d o te ", p. 491.


63 Cf. l A B , “A ta d a s e s s ã o d e 1“ d e j u n h o d e 18 6 5 " R e v is ta do I n s tit u to d a O r d e m d o A d v o g a d o s Brasileiros, o p .
cit-, t. V II, 1 870, p. 194.
6 4 I d e m , p p . 19 5 -96.

•AB 125
_____________ H istória da
Ordem dos Advogados do Brasil

102 c o n ce d ia a o g o v er n o im perial o d ireito d e b en ep lácito , q u a n to à validade


o u n ão n o país, d o s (...) decretos dos concílios e letras apostólicas, e quaisquer
o u tras constituições eclesiásticas, q u e não se opu serem à Constituição^^.
N a prática, aq u ele d isp ositivo era to lerad o p ela Santa Sé. Entretanto, p or
volta d e 1850, u m a n o v a geração d e clérigos b ra sileiros, d e fo r m a ç ã o m ais
rigorosa, p a sso u a perceber a atuação d o Estado c o m o u m o b stá c u lo para a
p ro p a ga ção da religiosid ade m ais espiritualizada. N e s t e se n tid o , a ssu m iu u m a
p o s iç ã o u ltra m o n ta n a e c o lo c o u - s e d ire ta m en te so b a d ire çã o d o V aticano,
p o stu la n d o u m a ro m an iza ção d a Igreja n o Im p é rio . E m 1864, o p apa P io IX
prom ulgara a bula Q u a n ta Cura e o Sylabus errorum , q u e stio n a n d o o liberalism o
e in sistin d o n a p o siçã o da Igreja c o m o au to rid ad e su p r em a d a socied ad e. L ogo
e m seg u id a , e m 1865, Sua Santidad e c o n d e n o u a m a çon a ria , a c u sa n d o -a de
p r o m o v e r a im p ie d a d e d o m u n d o . As n o v a s o r ie n ta ç õ e s d a Santa Sé, p o r
co n se g u in te, iriam provocar graves te n sõ e s n o Brasil, p o is a lé m d a u n iã o entre
o Estado e Igreja, desd e a In d ep en d ên cia a m açon aria co n stitu ía u m im p orta n te
esp a ço de so cia b ilid a d e das elites e con v ivia c o m práticas religiosas trad icionais,
co n g re g a n d o e m seus quad ros padres d e co n v ic ç ã o regalista^*.
A questão começou, poT assim dizer, em m a r ç o d e 18 72 , q u a n d o o G rande
O r ie n t e d o L a v r a d io , lo ja m a ç ô n ic a d o R io d e J a n eiro , p r o m o v e u u m a
h o m e n a g e m ao g rão -m estre, o v isc o n d e d o R io B ranco, en tã o p resid en te d o
C o n se lh o d e M inistros, a p rop ósito da assinatura da Lei d o Ventre Livre. U m d os
oradores da cerim ôn ia, o padre A lm eid a M artins, teve o d iscu rso p u b lica d o na
im prensa. O escân d alo levo u o b isp o d o R io d e Janeiro a su spend er as ord en s do
religioso, p rovocan d o o s protestos d o s m açon s, q u e abriram u m a ca m p an h a pelos
jornais contra o episcopado. Por essa m e sm a ocasião, em O lind a, o u tr o bispo,
u m jo v em frade ultram on tano, D. Vital Maria G onçalves d e Oliveira, d isp o sto a
reform ar o clero e as irm an dad es, ex p ed iu u m a circular secreta p ro ib in d o a
p articipação d e eclesiásticos em qualquer c e r im ô n ia m a ç ô n ic a . E m seguid a,
su sp e n d eu as o rd en s d e d o is sacerdotes q u e se recusaram deixar a m açonaria,
m a n d a n d o ainda que fossem excluídos das confrarias to d o s o s m açon s. A s m edidas
to m a d as p o r D. Vital receberam a adesão d o b ispo d o Pará, D. A n to n io d e M aced o
C osta, q u e b aix ou determ in ações sem elhan tes n o âm b ito d a sua d iocese.
D e a co rd o c o m a legislação v ig en te, as irm a n d a d es ap elaram para a C o roa
con tra a d ecisão d o s b ispos. O a ssu n to fo i ex a m in a d o p e lo C o n s e lh o de Estado,
6 5 B r a s il, C o n s t i t u i ç ã o d e 1824.
6 6 S o b r e e s te e p i s ó d i o , v e r a a n á lis e d e G u i l h e r m e P e r e i r a d a s N e v e s , “Q u e s t ã o r e l ig io s a ”. D ic io n á r io do Brasil
im p e r ia l, o p . cit., p p . 6 0 8 - 1 1 . ______________________________________________________________________________

126 •4 1
V o lu m e I O !AB V os Aclvo^culob n o I m p é r io

q u e in t im o u D. V ital a an u lar as in terd içõ es. Este, p o r su a v ez, d ecla ro u q u e o


re c u r s o a o p o d e r civ il era c o n d e n a d o p o r várias d e c is õ e s d a Igreja. N ã o
c u m p r iu as d e te r m in a ç õ e s d o C o n se lh o , a le g a n d o d e s c o n h e c e r o d ire ito d o
E stad o d e in te rv ir e m suu^ T^^yOes espirituais. D o m e s m o m o d o , p r o c e d e u o
b isp o d o Pará. D ia n te da d e s o b e d iê n c ia d o s b isp o s e p r e s s io n a d o p o r in te n sa
ca m p a n h a m o v id a p ela m a ç o n a r ia , p r in c ip a lm e n te p e lo p o lític o e m a ç o m , o
c o n se lh e ir o J o a q u im S ald an h a M a r in h o , o en tã o p resid e n te d o In stitu to d o s
A d v o g a d o s B rasileiros, o g o v e r n o resolveu d e n u n c iá - lo s a o S u p r e m o Tribunal
d e Justiça. P re so s e c o n d u z id o s ao R io d e Janeiro, a m b o s se re cu sa r a m a
ap resen tar d efesa e n ã o re co n h e c e r a m a c o m p e tê n c ia d a q u ela in stâ n c ia para
j u l g á - l o s e m a s s u n t o q u e r e p u t a v a m e s p ir it u a l^ ^ . O s r e lig i o s o s fo r a m
c o n d e n a d o s à p risão d e q u atro a n o s de trab alhos fo rç a d o s, c a d a u m ; se n ten ça s
q u e o Im p e r a d o r c o m u t o u para as d e p risã o sim p le s, a serem c u m p r id a s em
fo rta leza s d o R io d e Janeiro. O ca so e n c e r r o u -se em 18 75, q u a n d o o m o n a r ca
a n istio u o s b is p o s . A q u e stã o religiosa^ c o n t u d o , d eix a r ia fortes m arcas nas já
co m b a lid a s in stitu iç õ es m on árq u icas.
N o lA B, o d ebate so b re a prob lem ática da u n iã o da Igreja c o m o Estado
an teced eu o s in cid e n tes da qu estão religiosa. E m 18 71 , o Dr. José Silva C o sta
argüiu a p len ária se (...) A co m pleta separação d o E stado e d a Igreja p o d e ser
d ecretad a p e la legislatura ordin ária, ou com o m a téria co n stitu cio n a l d o Im pério.
A q u estão fo i e stu d a d a p elo a ssociad o Franklin L em o s, q u e ,e m 18 73 , c o n c lu iu
q u e a m ed id a p o d e ria ser con cretizada, n o s ter m o s p r o p o sto s (...) e n ão está
su jeita aos trâ m ite s dos artigos 174 e 178 d a C on stituição d o Im p é rio e q u e os
term os em q u e ta l separação convém são a declaração d a m a is p le n a lib erd a d e de
todos os cultos existentes ou q u e houverem d e ex istir no Império^^.
O ra, p o r essa m e s m a o casiã o a q u estão religiosa já v in h a m o b iliz a n d o os
p o lític o s e a o p in iã o p ública. O trabalho d e Franklin L em o s, p u b lic a d o ta m b é m
na im prensa, acen d eu a p o lêm ic a n o Instituto. M ereceu a censura d e T ito Franco,
q u e co n sid era va c o r re to o e n c a m in h a m e n to ju r íd ico p r o p o sto p e lo colega,
p o r é m era co n trá r io à separação da Igreja d o Estado. D u a s corren tes d e o p in iã o
d iv id ia m a m a ço n a ria d e honra. C o n ten d ores a p a ix o n a d o s c o m o T ito F ranco e
G iffen ig N ie m e y e r d e fe n d ia m a m a n u te n ç ã o da p olítica regalista, e n q u a n to d e
o u tr o lad o L iberato B a rroso e José d a Silva C o sta m a n ife s ta v a m -s e con tra,

67 O s d o is b is p o s fo ra m assistid o s e s p o n ta n e a m e n te , to d a v ia, pelo s a d v o g a d o s c o n s e lh e iro Z a caria s d e G óes


e V a s c o n c e lo s, s e n a d o r C â n d i d o M e n d e s e A n t o n i o F e r r e i r a V ia n a .
6 8 "Ata d a s e s sã o d e 1" d e j u n h o d e 1 8 6 5 " R e v is ta do I n s titu to d a O r d e m d o A d v o g a d o s B rasileiros, o p . cit., t.
IX. 1 880, p . 112.___________________________________________________________________________________________

727
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

a r g u m en ta n d o q u e n ão se o p u n h a m às crenças religiosas d e u m m o d o geral,


m a s p o stu la v a m a in stitu ição d o Estado laico, livre das in terferên cias da Santa
Sé e d e seu s a n seio s d e interferir n o p o d e r tem poral.
E m b o ra n ã o ten h a h a vid o u m parecer c o n c iu s im a resp eito d a m atéria,
n o v a s q u estõ es foram levantadas acerca d o ca sa m e n to civil e d o celib ato clerical.
O p r im e ir o a ssu n to já v in h a se n d o ta n g e n c ia d o p e lo In stitu to d e sd e 1847,
q u a n d o C aeta n o A lb erto Soares ap resen tou a dissertação O m issões d e nossa
legislação sobre o casamento, e p rovidên cias a a d o ta r p a r a supri-la^'^, a p r o p ó s ito
d e in stitu ir a r e g u la m e n ta çã o d o ca sa m e n to civil, c o m o o b je tiv o d e atrair
im igran tes d e outras culturas q u e p u d esse m con stituir u m a alternativa d e m ã o -
d e-o b r a ao trab alho escravo. A n o s m ais tarde, o In stitu to prep arou diversos
pareceres, escla recen d o d ú vid as su scitad as p ela Lei d e 11 d e d eze m b r o d e 1861,
q u e d isp u n h a sob re o c a s a m e n to d e n ã o católicos.
D e q u a lq u e r m o d o , e m b a la d a p e lo s s u c e s s o s d a q u e s tã o religiosüy a
d is c u s s ã o p r o sse g u iu acalo ra d a n o In stitu to , p o s t o q u e as d u a s co r re n te s
voltaram a externar seus p o n t o s d e vista. A p lenária, todavia, chegaria a u m
c o n se n so , ao m e n o s n o q u e se refere ao c a sa m e n to civil. O u ltra m o n ta n o Tito
Franco aq u iesceu às p o n d er a çõ es d o s seus adversários e re co n h e ce u que os
co n tra to s d e c a sa m e n to civil e religioso sã o in te ir a m e n te d iversos, c o m efeitos
a b so lu ta m en te diferentes, sujeitos a leis e au torid ad es c o m p le ta m e n te d istintas
e in d e p e n d en te s. Q u a n to ao celibato clerical, Tito F ranco en cerrou a p o lêm ic a
c o m extrem a sagacidade. D e u u m n ó , p o r assim dizer, n o s a r g u m m to s d os
partidários da laicização, a d v ertin d o -o s d e q u e (...) n ã o é o E stado q u e p r iv a o
p a d r e d e casar-se, m a s é o p a d re qu e p e r p e tu a m e n te se despojou desse direito "^^.
N o in íc io dos an o s 1880, algum as tran sform ações se op eraram n o Instituto.
A calm ad a a p o lê m ic a sobre a separação entre a Igreja e o Estado, c u id o u - s e de
a ssu n to s in tern os. P ro m o v eu -se a revisão d o s E statutos e f o r m u lo u -s e u m a
program ação de m a té r ia s a se r e m p u b lic a d a s n a R e v is ta . A c o r p o r a ç ã o
c o n t in u o u a re sp o n d er às con su ltas recorrentes d o M in isté rio da Ju stiça^ '. Por
o u tr o lad o, n o v o s n o m e s co m e ça r ia m a figurar n as atas das sessõ es, in d ica n d o
q u e o quadro social estaria passando p o r u m m o m e n t o de renovação. In divídu os

6 9 C a e t a n o A l b e r t o S o a r e s , “O m i s s õ e s d e n o s s a le g is la ç ã o s o b r e o c a s a m e n t o , e p r o v i d ê n c i a s a a d o t a r p a r a
s ü p n - l i s ’’. R e v is ta d a O r d e m d os I n s tit u to d o A d v o g a d o s Brasileiros, o p .c i x ., t . I , 1 862, p. 113.
7 0 lA B, “A ta d a s e s sã o d e 28 d e m a i o d e 1877". I d e m , t. IX , 1 880, p . 223.
71 Ver, d e n t r e o u t r a s , a r e s p o s t a à q u e s t ã o s u b m e t i d a a o I n s t i t u t o p e l o S u p r e m o T r i b u n a l d e Ju stiç a s o b r e a o
c o m e r c i a n t e q u e c o m e t e o c r i m e d o a r t . 2 6 5 d o C ó d i g o C r i m i n a l . lA B , “A ta d a s e s s ã o d e 8 d c j u l h o d e
I8 8 2 T I d e m , t. !X, 1880, p . 3 3 5 . ___________

128 •A l
V o lu m e I O lA H c os A d v o ^ . i d o s n o I m p c i io

q u e , apesar d e h o je e m dia serem r e co n h e cid o s n o c a m p o d o D ire ito , n ã o


fr e q ü e n ta m as p á g in a s d o s c o m p ê n d io s so b re a H is tó r ia d o Brasil, c o m o
M o n te z u m a , P erdigão M alh eiro o u N a b u co d e Araújo.
A reform a estatutária, aprovada p elo go verno im perial, em 28 d e setem b ro
d e 1880, à q ual já n o s referim os n o p rim eiro ca p ítu lo d este trab alho, valeria
m a is u m breve c o m e n tá rio . O s n o v o s E statutos in stitu ía m prova d e su ficiên cia
aca d êm ic a para o s b a ch a réis q u e aspiravam ingressar n o q u a d ro efetiv o d o
Instituto. Iniciativa q u e p o d e m e s m o ser con sid erada p recursora d o atuai ex am e
da O r d e m d o s A dvogad os.
A pesar d a s lacu n as n a d o c u m e n ta ç ã o d isp o n ív e l, e n c o n tr a m o s n a ata d e
2 7 d e o u t u b r o d e 1 8 8 2 u m a e x t e n s a lista d e p o n t o s q u e d e v e r ia m ser
d esen v olv id os p elo s can d id a to s a só cio s. M as a assem bléia n ã o c o n se g u iu chegar
a u m c o n s e n s o sob re a m atéria, tal a co m p lex id a d e d o p ro gra m a o fer ec id o pela
c o m issã o d e j u risprudência d o lAB. Basta dizer q u e havia até pergu n tas a respeito
d â p e n a d e m o rte co m o conseqüência lógica do direito d e p u n ir. O que le v o u o D r.
Luiz Alvarez, e n tã o tesou reiro d o lA B, a p o n d era r d e m o d o b e m h u m o r a d o
q u e o s p o n t o s eram tão d ifíceis, que da sua parte estava d e p ara b én s p ela (...)
fo rtu n a d e j á f a z e r p a r te d o quadro, p o is d e ou tra sorte ver-se-ia e m dificuldades
p a ra discu tir as teses q u e fa z e m objeto do programà^^. Tudo in d ica q u e rebuscado
program a n ã o foi aprovado. A discussão foi adiada e o assunto saiu d efinitivam ente
d e pauta. O R e g u la m e n to In te rn o , a p ro v a d o e m 18 8 8, p o r su a v ez, o m ite
q u alq u er tip o d e co m p ro v a ç ã o d e m érito a ca d êm ico ao estab elecer o s critérios
para in g re sso n o In stitu to.
M a n o e l Á lvaro Sá V ia n n a co m e n ta q u e a gestã o d e Saldan ha M a rin h o ,
iniciada e m 1873, con stitu iu u m divisor d e águas na trajetória d o lA B, u m a vez
que tirou (... j o Instituto d a p la cid ez dos estudos d a d o u trin a d o D ireito, o n d e p o r
tanto tem p o perm anecera, p a r a u m terreno onde se d igladiam as opiniões; converteu-
0 d e doutrinário e m militante^^. D e fato. O republicano Saldanha M arin h o parecia
ter u m se n tim en to b e m m ais pragm ático a respeito d a corp o raçã o d o q u e seu
antecessor, N a b u co de Araújo, que inspirado n o m o d e lo francês só con cebia o
Instituto c o m o u m a espécie de tram polim para a criação da O rdem d os Advogados.
N a sessã o m a gn a d e aniversário e m 7 d e se te m b ro d e 1875, o D r. Saldan ha
M a rin h o a p resen to u a o s con frad es u m p rogram a d e trabalho. N o se u e n ten d e r

72 Cf. lA B , “ P r o g r a m a d a s q u e s t õ e s p a r a as m e m ó r i a s e m o n o g r a f i a s q u e d e v e m a p r e s e n t a r a o I n s t i t u t o d a
O r d e m os A d v o g ad o s os c a n d id a to s q u e a s p ir a r e m p e r t e n c e r ã o re sp e c tiv o q u a d ro " . Id e m , p p . 298-301.
73 M a n u e l Á l v a r o d e S o u s a S á V i a n n a , I n s titu to d a O r d e m d o s A d v o g a d o s S ras iíc íro s . C i n q ü e n ta a n o s d e
e x istên c ia . R io d e J a n e i r o : I m p r e n s a N a c i o n a l , 1 894, p . 57.

129
_____________ Historia da
Ordem dos Advogados do Brasil

o In stitu to deveria (...) ocupar-se seria m en te d a s questões ju rtd ico -so cia is que
m a is interessam a o país, tra ta r d e f ir m a r e m bases só lid a s a ciência d a s leis, a
ju rispru dên cia, representar aos poderes do Estado p o r b em q u e sejam a d o ta d a s as
m e d id a s in disp en sáveis à e s ta b ilid a d e dos direitos, e à p roscrição d o s abusos.
Pensava a asso cia ção c o m o esp a ço de a p erfe iço a m en to d o D ireito, p o r é m , (...)
colocan do-o nas condições d e bem satisfazer as necessidades p o lítica s e sociais do
p a í s . Estaria o rep u b lica n o Saldanha M a rin h o , n a s en treh n h a s, p rep aran d o
a tran sição d o In stitu to para o s n o v o s tem p os? T u d o leva a crer q u e sim .
R ev e n d o a d o c u m e n ta ç ã o d o exercício d e 1880, e m esp ecia l das sessões
e m q u e foi ex am in a d a , a p e d id o d o M in isté rio da Justiça, a co n v en iê n c ia da
in stalação d e trib un ais correcionais n o Im pério, id e n tific a m o s a ú n ic a pista de
q u e a co rp o ra çã o d o s bacharéis estaria p a ssa n d o p o r u m a m eta m o r fo se. Pela
p rim eira v ez e m t o d o o p e r ío d o c o b er to p o r este tra b a lh o n u m a fo n te d o
I n s t it u t o , a o la d o d a s c o s t u m e ir a s j u s t if ic a t iv a s j u r íd ic a s , e n c o n t r a m o s
a rg u m en to s d e natureza política: a ata d a co n ferên cia d e 3 0 d e o u tu b r o d e 1880.
A d escoberta m erece reflexão. Sabe-se, d e u m lado, que a estabilidade das
in stituições m onárquicas, desde a questão religiosa, v in h a se d eterioran do a olh os
v isto s. P o r o u tr o , a c o m p a n h a n d o as a tiv id a d e s d o I n s titu to p e r c e b e -s e na
d o cu m e n ta çã o u m sin tom ático silên cio acerca d o s a co n tec im e n to s m arcantes
d o s ú ltim o s a n o s da m onarquia. N ã o há m en çã o so b re as divergências entre os
m ilitares e a C oroa, n e m sobre as p u n içõ e s aplicadas a o s oficiais d o Exército
durante a ch am ada questão militar'^^. E n ã o se p o d e e s q u e c e r q u e o In stitu to
em itiu o p in iã o e ap resentou em end as ao C ó d igo d a Justiça MiHtar! D o m e sm o
m o d o , o s a v a n ço s d o m o v im e n t o a b o lic io n ista n ã o g a n h a r a m se q u er u m a
anotação. Por sua vez, a assinatura da Lei Áurea recebeu apenas singela m en ção ,
c o m atraso d e quase u m mês^^. N e n h u m a palavra foi d ita s o b r e a P roclam ação
da República!
M a s v o lte m o s à con ferên cia d e 30 d e o u tu b r o d e 1880. N a tran scrição da
faia d o Dr. F ran cisco Álvares d e A ze v ed o M en d es, lê -se q u e o jurisconsulto:

(...) Q u er a igu a ld a de em todo o Im pério, q u e r q u e e m to d o ele h aja tribun ais


correcionais filia d o s ao júri. L em bra qu e há dois p a rtid o s m ilita n te s dos quais

74 lA B , “A ta d a s e s s ã o d e 7 d e s e t e m b r o d e 18 7 5”, R e v is ta d o I n s t i t u t o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s , o p , ci t., t. IX.


1 880, p . 146.
7 5 V er L u c ia M a r i a P. G u i m a r ã e s , “Q u e s t ã o M i l i t a r ”, D ic io n á rio d o B r a s il im p e r ia l, o p . cit., p p . 6 0 6 - 0 8 .
7 6 l A B , “A ta d a s e s s ã o d e 7 d e j u n h o d e 1 8 88 ”. I d e m , o p . ci t., t. X I. 1 887, p . 125._____________________________

130 •ÂM
Y o k n iU ' I ( ) l / \ l ) I ' OS A ( K ( ) ü ,.u I o s 11(1 I m p e l i t )

u m q u er a cen tra liza ção e outro a descentralização - o e le m e n to p o p u la r


d ev e prevalecer, p o rq u e é e le m e n to q u e entra n a o rg a n iz a çã o ju d icias/^ (o
grifo é n o sso )

D a a r g u m e n t a ç ã o e x p o s t a d e d u z - s e q u e a s o lu ç ã o d o p r o b le m a da
in sta la çã o d o s tr ib u n a is co rrecio n a is n ã o d everia ser c o n d u z id a se g u n d o a
c o n c e p ç ã o c e n tr a liz a d o r a d a p o lít ic a d o s g a b in e te s c o n s e r v a d o r e s . N e m
ta m p o u c o gu iada p elas idéias d e descen tralização ad m in istrativa, o principal
estandarte d o s m in isté r io s liberais. N a ótica d o D r. Álvares M en d es, a q u estã o
só p o d e ria ser e n c a m in h a d a p o r p rin cíp io s igualitários, d e m o d o a resp o n d er
ao elem en to p o p u la r. D o n d e se p o d e inferir q u e a Casa d e M o n te z u m a já n ã o era
m a is a m e sm a . O s v e n to s rep u b lican os há u m b o m t e m p o so p ra v a m p elo s seus
lad os. Resta in dagar se o C o n se lh o D iretor d o In stitu to , sem p re tã o c io s o das
suas a trib u ições, d e ix o u passar de p ro p ó sito a In co n fid ên cia . O u , o q u e é m ais
provável, se foi o ato falho d o revisor q u e p erm itiu transpirar u m seg red o b e m
gu ard ado d a m a ç o n a ria d e honra. Fica a pergunta n o ar.

77 l A B , “A t a d a s e s s ã o d e 3 0 d e o u t u b r o d e 1 8 8 0 ”, I d e m , o p . ci t., t. IX , 1 8 8 3 , p . 3 0 8 .

131
_____________ Historia da.
Ordem dos Advogados do Brasil

CONSIDERAÇÕES FINAIS

In augu rad o e m 7 de setem b ro d e 1845, a p ro p ó sito d e estabelecer a O rdem


d o s A d v o g a d o s , a f u n d a ç ã o d o lA B c o n g r e g o u m a g is t r a d o s , p o lít ic o s ,
p erso n a lid a d es d o aparato d e g o vern o im perial - p erso n a g e n s em b lem á tico s,
da geração da In d e p e n d ên cia , c o m o M o n tez u m a , seu p rim eiro presidente. Se
p o r u m lad o o g r ê m io n u n ca in te g ro u a estrutura d o g o v er n o , p or o u tr o , d esd e
o s p r i m e i r o s d ia s , m e r e c e u a e le v a d a c o n s id e r a ç ã o d o s a lt o s e s c a lõ e s
m o n á r q u ic o s , o c u p a n d o u m a p o siç ã o de órgã o se m i-o fíc ia l, p or assim dizer.
A o con trário d o s m em orialistas, que, en co b ertos p ela b andeira da pretensa
n eu tr a lid a d e cien tíficas, se m p re realçaram o se u la d o a c a d ê m ic o , p o d e m o s
afirm ar que a C asa d e M o n te z u m a cu m priu u m papei p o lític o m u ito im p ortan te
n o se u c a m p o d e atuação, n a m ed id a e m q u e co la b o r o u d e m a n eira efetiva e
c o n tín u a para o fo rta lec im en to das in stitu iç õ es m o n á rq u ica s. C o n trib u içã o ,
diga-se d e passagem , m u ito ao g osto de u m José d e Alencar, que salientava dentre
as q ualidad es d o g r ê m io o fato d o g o vern o p o d e r con ta r c o m o s serv iço s d e u m
corpo d e hom en s p rá tico s e entendidos, sem o ô n u s d e com issões onerosas para os
cofres p ú b lico s.
N o s seus q u a d ro s p erceb em o s a presença d e v u lto s d e p rim eira gran d eza
da p o lítica im perial. P ersonalidades q u e na arena p o lítica p erfilav a m -se até em
c a m p o s o p o s to s , m a s q u e n ão d ivergiam q u a n d o estava e m j o g o a fidelid ade ao
r e g im e e a o Im p e r a d o r . H o m e n s o r ig in á r io s d e fa m ília s o p u le n t a s o u já
estabelecidas na burocracia d o Im pério, co m form ação p rofission al h o m o g ê n e a ,
m a s c o m o b j e t iv o s e id e a is d ife r e n c ia d o s , m u i t o a t e n t o s a o s b e n e f íc io s
so cio p o lítico s d e u m título d e nobreza. Profissionais q u e se preocup avam c o m
seus n eg ócios e q u e ta m b ém eram ciosos da exclusividade d e pertencer ao Instituto.
É b e m verdade q u e n o s ú ltim o s an o s da m onarqu ia o elen co d e associad os passou
p o r u m a renovação, p ren u n cio dos n o v o s tem p o s q u e estavam para chegar.

132 «ái
V o lu ffif I ü IAI3 c 05 A d v o g a d o s n o I m p é r io

O In stitu to d o s A d v o g a d o s B rasileiros t a m b é m p e r te n c ia a o rol das


in stitu iç õ e s a cad êm icas q u e floresceram durante o S e g u n d o R ein ad o, so b a
proteção d e D. Pedro II, a ex e m p lo d o Instituto H istórico e G eo grá fico Brasileiro
e da A cad em ia Im perial d e M edicin a. R edutos in telectu ais freq ü en ta d o s p or
p erson alid ad es da boa sociedade. A associação d o s bacharéis p o ssu ía lugar cativo
n o s ce rim o n ia is d o Paço. Ingressar n o s seus q u a d ros representava status social,
p ro xim id ade c o m o p o d er e, q u e m sabe, sim p lesm en te receber u m c u m p r im e n to
de Sua M ajestade.
O Instituto o c u p o u u m espaço privilegiado na form ação da cultura jurídica
n a cio n a l. Seus pareceres e d ecisõ es firm aram a jurisp ru d ên cia so b re diversos
tem a s, que refletiram as m u d a n ç a s que se op erara m e m varia d o s seto res da
vida nacional, n o decorrer d o S egundo Reinado. Isto sem falar n o s a co n tec im e n to s
da C orte e n o s co s tu m e s da boa sociedade. A final, c o m o d e m o n s tr a m o s , os
b acharéis estavam aten to s às q u estões d o direito que d izia m respeito n ã o ap en as
a o s p r o b le m a s d o E s ta d o , m a s t a m b é m a si p r ó p r io s e a o p ú b lic o q u e
representavam .
D ian te d e trajetória tã o expressiva, cu m prida p elo In stitu to d os A dvogados,
p o r q u e teria p rev a lecid o a sensação d e que o In stitu to n un ca p rosperara, tã o a
g o sto d e Joaq uim N a b u c o , cultivada p elo s m em orialistas? A resp osta parece
ób via, já q u e as sucessivas tentativas para a criação da O r d e m d o s A d v o g a d o s
n ã o foram adiante. P o rém , p o r q u e tais projetos fracassaram?
N ã o tem o s a am b içã o d e responder a essa pergunta. N e m d e discutir os
aspectos jurídicos d o problem a. P retend em os apenas en ca m in h a r a lg u n s p o n to s
para reflexão, d ep o is d e u m a longa e exaustiva pesquisa. O u m elh or, d ep ois de
recuperar o cotidiano d o IAB durante quase m eio século d e existência, percebem os
a existência de u m a con jugação de fatores que dificultaram o estab elecim en to da
O rdem . A co m e ça r p elo s próprios bacharéis. O u m elhor, pelos personagens m ais
n o tó rio s q u e estiveram á frente d o ÍAB. A dvogados que circulavam entre seus
escritórios particulares, a magistratura, a política e a alta ad m in istração imperial.
C o m o p o d eriam instituir u m a entidade de classe, q u e au to -reg u lam en ta sse o
exercício da profissão, se n ão havia con sen so entre eles próprios sobre essa questão?
Basta lembrar que M on tezum a, ao assumir o cargo de conselheiro d e Estado, pediu
dem issão da presidência do Instituto, julgando ser incom patível desem p en har as
duas funções. Já N ab u co d e Araújo defendia idéia op osta e n ã o via inconveniente
algum em acum ulá-las, co n form e exp ôs n o discurso de p osse n o lAB.

•Á l 133
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

M as havia a in d a as circunstâncias históricas. O s gab inetes conservad ores,


d efen so re s da centraH zação p o lítica , cuja a tu a ção foi d o m in a n t e d u r a n te o
S e g u n d o R ein a d o , estariam d isp o sto s a deixar florescer u m a en tid a d e d e classe
capaz d e atuar c o m o u m g ru p o d e pressão? E o Im perador, aceitaria abrir m ã o
d a p o stu ra paternal e a o m e s m o t e m p o v ig ila n te das in stitu iç õ es aca d êm icas
q u e re ce b ia m su a p roteçã o? As p e r g u n ta s sã o m u ita s. C e r ta m e n te o u tr o s
e s tu d io so s se ap rofun darão n o tem a , se m dúvida instigante.
Tal c o m o as d em ais in stitu iç õ es im periais - a q u e m se m p re serviu - o
I n s t i t u t o t a m b é m s o f r e u t r a n s f o r m a ç õ e s n o s ú l t i m o s a n o s d o r e g im e
m o n á r q u ic o . C o n tu d o , à m e d id a q u e o s a c o n te c im e n to s se p recip itav am , o
In stitu to parecia rejuvenescer. N ov a s d em a n d a s, renovação d o s q u a d ro s sociais,
e n fim , a transição, ao q u e tu d o in dica, v in h a se n d o preparada p o r Saldanha
M a r in h o . A m a ç o n a r i a d e h o n r a h a v ia m u d a d o , a s s u m i d o a c o lo r a ç ã o
repubhcana, e n in g u é m percebera. Segredo b e m guardado, q u e a história ro u b ou
d a m em ó ria .

134
V d k iiiic 1 (} V os A(l\'o;^ 0(l()s n o In íp c n o

ÍNDICE
ONOMÁSTICO E REMISSIVO

A . ) . A . S o u t o & C o m p a n h i a , 1 2 0 , 12 1

A c a d e m ia Im p e ria l d e M e d ic in a , 1 1 2 ,1 3 3

a d v o g a d o s p r o v is io n a d o s , 1 7 ,3 3

a d v o g a d o s s o lic ita d o r e s , 17

A g u ia r, F a u s to d e , 2 9

A lb u q u e r q u e , F elip e J a n s e n d e C a s tr o e, 102

A le n c a r, Jo sé M a r ti n ia n o d e , 15, 3 7 ,3 8 , 3 9 ,4 2 , 5 8 ,6 5 ,8 3 ,1 0 8 ,1 3 2

A lm a n a q u e L a e m m e rt, 15, 4 5 ,4 8 , 5 1 ,5 3 , 5 5 ,5 6 , 5 9 ,6 5 , 6 6 ,6 7 , 6 8 ,7 4 , 7 9 ,8 1 , 8 5 ,1 0 4

A Jv arez, L u iz , 1 1 3 , 1 2 4 ,1 2 9

A n a is d o S enado, 3 4 ,3 5

A n d ra d e , C h ris tó v â o M ira n d a d a N ó b reg a, 9 3 ,9 6

A s s o c ia ç ã o d e A d v o g a d o s n a C o r t e , 18

A z e v e d o , J o a q u i m I n á c io Á lv are s, 3 0 , 5 4 ,1 0 8

b a c h a ré is,8 ,1 2 ,1 3 ,1 4 ,1 5 ,1 6 ,1 7 ,1 8 ,1 9 ,2 0 ,2 1 ,2 5 ,2 7 ,2 8 ,3 0 ,3 1 ,3 5 ,3 8 ,4 3 ,4 4 ,4 5 ,4 6 ,4 7 ,4 8 ,

4 9 , 5 1 , 6 0 , 6 1 , 6 3 , 6 5 . 6 6 , 6 7 , 6 9 , 7 3 , 7 6 , 7 7 , 8 2 , 8 3 , 9 5 , 97,1 0 5 , 1 0 8 , 1 1 1 , 1 1 3 , 1 1 9 , 1 2 0 , 1 2 9 , 1 3 0 , 1 3 3

B a rre to , T o b ias, 6 6 , 67

B e v ilá q u a , C ló v is, 80, 1 0 6 ,1 0 8

màB 135
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil ]

B rito , J o a q u im M a rc e lin o d e, 109

B u e n o , José A n t ô n i o P i m e n t a , 8 7 , 8 8

C a m p o s , F e li z a r d o P i n h e i r o d e , 103

C a p is tra n o d e A b re u , 32

C a s a d e M o n te z u m a , 13, 1 4 ,1 5 , 1 7 , 1 9 , 2 7 , 2 8 , 2 9 , 3 6 , 3 7 , 1 0 7 , 1 1 0 ,1 1 3 , 1 1 9 , 1 3 1 ,1 3 2

C a s a d e S u p lic a ç ã c ^ 18, 78

C ó d ig o C o m e rc ia l, 3 1 ,1 0 7 , 1 0 8 ,1 2 3

C ó d i g o C iv il, 9 7 , 1 0 6 , 1 0 7 ,1 0 8 , 109

C ó d ig o C r im in a l, 19, 1 0 9 ,1 2 8

C ó d ig o d o P ro c e s s o , 19, 22

C o n fe rê n c ia s d o lA B , 10, 1 2 ,2 6 ,2 7 ,2 8

C o n s e lh o d e E sta d o , 2 2 ,3 7 , 3 8 ,3 9 , 4 1 ,6 0 , 1 2 6 ,1 4 5

C o n s e l h o D i r e t o r , 2 0 , 2 5 , 2 6 , 2 7 , 2 9 , 3 2 , 3 3 , 4 0 , 1 0 9 , 1 1 4 , 1 1 8 , 131

C o n s e lh o F e d e ra l, 8 ,1 0

C o n s e lh o s D is c ip lin a re s, 3 3 ,3 5 ,4 0

C o n s t i t u i ç ã o , 7 , 1 2 . 36 ,5 7 , 1 0 8 , 1 2 5 , 1 2 6 , 1 2 7

C o rd e iro , L o p o D in iz , 5 5 ,1 0 5

C o rte , 1 6 ,1 7 ,2 6 ,2 7 ,3 0 ,3 1 ,3 7 ,4 5 ,4 7 ,5 2 ,5 3 ,5 5 ,5 7 ,6 0 ,6 1 ,6 2 ,6 3 ,6 6 ,6 7 ,7 4 ,7 6 ,7 8 ,8 3 ,1 0 0 ,

1 0 1 ,1 0 3 ,1 0 4 ,1 0 5 ,1 0 7 ,1 0 8 , 1 1 3 ,1 1 8 , 1 1 9 ,1 2 0 , 121, 1 3 3 ,1 4 5 , 1 4 7 ,1 4 9

C u n h a , Jo sé M a r ia L e itã o d a , 1 1 0 ,1 1 1

C u r s o s J u r íd ic o s n o B ra sil ( S ã o P a u lo , O li n d a - R e c i f e ) , 17, 2 0 , 4 4 , 4 8 , 4 9 , 5 0 , 5 6 , 6 7 , 7 2

D. P e d ro I, 1 8 ,5 8 , 1 1 4 ,1 4 4 , 145

D . P e d r o II. 14, 1 8 ,2 1 , 3 7 , 5 8 , 8 3 , 1 0 5 , 1 1 2 ,1 1 7 , 1 3 3 ,1 4 4 , 1 4 6 ,1 4 7 , 150

D i á r i o d o R i o d e J a n e ir o , 1 5 , 3 7 , 1 0 8 , 1 2 1

D ia s d a M o tta , 20

D u q u e - E s t r a d a T e ix e ira , 5 4 , 1 1 3 , 1 2 3 , 1 2 4 , 1 2 5

136
V o lu n K ’ 1 ( ) lA l) f os A cív()” i k I c) s n(j im p é r io

e n t i d a d e d e classe, 1 7 ,2 4 , 3 9 ,4 2 ,1 3 3

E s ta tu to s . 18, 1 9 , 2 0 , 2 1 , 2 5 , 3 6 , 4 0 , 4 8 , 1 1 3 ,1 2 8 , 129

E u z é b io d e Q u e iro z , 22, 3 0 ,3 1 . 3 8 ,1 0 6 , 108

F a c u ld a d e s d e D ire ito , 32, 4 4 ,5 6 , 6 1 ,6 4 , 6 7 ,7 2 , 83

F ao ro , R a im u n d o , 43 , 90

fa s to s im p e r ia is, 16, 1 14

filh o tis tn o , 6 0 , 6 3 , 6 8 , 72

F ra n ç a , C a rlo s F ffre ira , 53, 82

F re ita s , A u g u s t o T e ix eira d e , 19, 2 0 , 2 9 , 6 0 . 6 1 , 6 7 . 6 8 , 9 6 , 9 7 , 1 0 1 , 1 0 8 1 0 9 , 115, 118, 148,

1 4 9 ,1 5 1

G a m a , A n to n io S a ld a n h a d a , 9 3 ,9 6

G a z e ta d o s T rib u n a is , 1 8 , 1 4 4

g ra ç a s h o n o rífic a s , 5 7 ,5 8 , 5 9 ,6 0 , 6 5 ,7 4 , 102

G u im a r ã e s , F ra n c is c o d a C o sta, 55, 9 4 ,1 1 3

H o m e m d e M e llo , F ra n c isc o I n á c io M a rc o n d e s , 5 4 , 1 1 1 ,1 1 2

I C o n g re s s o J u ríd ic o A m e r ic a n o (1 9 0 0 ), 1 8 ,1 9

Im p e ria l C o lé g io P e d r o II, 21, 4 7 ,8 3

in c o m p a tib ilid a d e d a p ro fissã o , 3 1 ,3 3 , 34

I n s tit u to d a O r d e m d o s A d v o g a d o s B ra s ile iro s ( lO A B ) , 19, 4 0 , 4 4 , 4 5 , 5 3 , 5 5 , 5 6 . 8 0 , 9 8 ,

105. 111, 129, 147

137
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

I n s tit u to d o s A d v o g a d o s B ra sile iro s ( IA B ),7 , 8, 1 3 , 1 4 , 1 5 , 1 6 , 1 7 , 1 8 , 1 9 , 2 0 , 2 2 , 2 3 , 2 4 , 2 5 ,

26, 2 7 ,2 8 , 2 9 ,3 0 , 3 2 ,3 3 , 3 4 ,3 5 ,3 6 , 3 7 ,3 8 ,3 9 .4 0 .4 1 .4 2 ,4 4 ,4 8 ,5 2 ,5 3 ,5 6 ,6 4 .6 7 ,7 4 .7 5 .7 8 .8 2 ,9 6 .

9 7 ,1 0 2 ,1 0 4 ,1 0 5 ,1 0 6 ,1 0 7 ,1 0 8 ,1 0 9 ,1 1 0 ,1 1 1 ,1 1 2 ,1 1 3 ,1 1 4 ,11 5 ,1 1 6 ,1 1 7 ,1 1 8 ,1 1 9 ,1 2 0 ,1 2 2 ,1 2 3 ,

1 2 4 ,1 2 5 , 1 2 7 ,1 2 8 ,1 3 2 ,1 3 3 ,1 3 4 ,1 4 3 ,1 4 4 ,1 4 5 ,1 4 6 ,1 4 7 ,1 4 8 , 150

I n s t i t u t o H is tó r ic o e G e o g rá fic o B ra sile iro ( I H G B ) , 2 0 , 2 7 , 3 7 , 4 4 , 5 5 , 6 7 , 7 5 , 1 1 2 , 1 2 2 , 1 3 3 ,

145, 1 4 6 ,1 4 7 ,1 4 9

J
J o r n a l d o C o m m e rc io , 107

L
la ic iz a ç à o , 128

L eão, H o n o r a to H e r m e to C a rn e iro (m a rq u ê s d e P a ra n á ), 2 1 ,2 2 , 3 2 ,4 8

Lei Á u re a , 1 1 9 ,1 3 0

L e i E u z é b i o d e Q u e i r o z , 31

L e i d e T e r r a s , 31

L e i s E x t r a v a g a n t e s , 19

L e ite , N i c o l a u R o d rig u e s d o s S a n to s F ra n ç a , 2 0

L iv ro d e M a tríc u la , 26

L o b a t o , F r a n c i s c o d e P a u l a N feg reiro s d e S a y ã o , 1 0 9

L o b o , L u iz P a u lin o d a C o s ta , 2 6

M
M a c h a d o d e A ssis, J o s é M a r i a , 2 2 , 4 8 , 5 9 , 6 5 , 7 3 , 9 0

m a ço n aria, 7 0 ,1 0 5 ,1 2 6 ,1 2 7

m a ç o n a r ia d e h o n m , 1 0 5 ,1 1 3 , 1 1 8 ,1 2 2 , 1 2 7 ,1 3 1 , 134

M a lh e iro , C a rlo s C a n u to , 8 2 ,8 8

M a r in h o , J o a q u im S a ld a n h a , 3 9 ,4 0 , 1 1 5 ,1 2 7 , 1 2 9 ,1 3 4

M e lo , M a n u e l F e liz a rd o d e S o u z a e,3 1

M ello , U r b a n o S a b in o P esso a d e, 30, 5 4 ,1 0 9 ,1 1 0 ,1 1 2 ,1 1 5 ,1 4 7

M e n d e s , F r a n c is c o Á lv are s d e A z e v e d o , 1 3 0 ,1 3 1

M e n e z e s, L u iz R > rtu n a to de B rito A b re u e S o u z a , 1 9 ,2 0 ,5 4 ,6 8

M o n te iro , Iz id ro B orges, 94

138
V o lu m e I ( ) i.AB r os Ack'O^culos n o l n i p ( ’n o

M ontezum a, Francisco Gê de Acaiaba e {visconde de Jequitinhonha), 15,20,21,22,23,24,


28, 32. 33, 34, 35, 37, 48,106, 112,113,115, 129,132,133,144,145,146
Moreira, Francisco Inácio de C arW ho (barão de Penedo), 20,28,30,106, J 0 8 ,112,135,146

Nabuco, Joaquim, 13, 14,37 ,39,41, 47,48, 51,61, 82,105, 114,115, 116,133, 151
Nabuco de Araújo, José T hom ás,30,34,38,3 9 ,4 1 ,5 1 ,5 3 ,8 1 ,1 0 5 ,1 0 8 ,1 0 9 ,1 1 0 ,1 1 2 ,1 1 3 ,
115,129,133,150
Nazareth, Luiz Antonio da Siíva, 20
Neves, Francisco Tomás de Figueiredo, 20

Oliveira, Antonio M anuel de Souza e, 94


O rdem da Rosa, 58, 70,74, 81,145,146,147,148
O rdem de Aviz, 58, 74
O rdem de Cristo, 58,74, 81,144, 146,151
O rdem do Cruzeiro, 58,74, 81
O rdem dos Advogados do Brasil, 7 ,8 ,1 0 ,1 1 ,1 2 ,1 3 ,1 5 ,2 2 ,2 3 ,3 2 ,3 3 ,3 4 ,3 5 ,3 6 ,3 7 ,3 8 ,3 9 ,
4 0 ,4 1 ,7 4 ,1 0 5 ,1 2 9 .1 3 2 ,1 3 3
O rdre des AdvocatSy 17

paróquias, 78,121
Partido Conservador, 22, 38,39
Perdigão Malheiro, v^ostinho Marques, 14,29,30,36,54,82,102,103,106,110,112,113,
114,11 5 ,1 1 6,117,118,129,149
Pereira, João Baptista, 39,54, 110,111, 113
Pereira, Lafayette Rodrigues, 30,54
Pinto, José Maria Frederico de Souza, 20
Política Regalista, 127
Primeiro Reinado, 18
províncias, 17,25,27,30, 31,33,35, 39,41,45,50, 52,55,60, 61,6 2 ,6 3 ,7 0 , 72,73,93, 146

#à# 139
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

Q
Queiroz, José de Siqueira, 20
questão militar, 130
questão religiosa, 120, 125,127,128,130, 146,152

Rebouças, Conselheiro Antonio Pereira, 2 4 ,6 0 ,9 3 ,9 6 ,1 1 7


Regimento Interno, 20,24,25,26, 27,110
República, 76,77, 95,130, 146
Revista do Instituto àa Ordem dos Advogados, 14,15,2 2 ,2 4 ,2 6 ,2 8 ,2 9 ,3 0 ,3 2 ,3 4 ,3 6 ,4 1 ,4 8 ,
55, 75,105,106, 107,108,109,110,112,113,114,115, 117,118, 119, 124,125,127, 128,129,130
Ribeiro, Carlos Alberto de Bulhões, 88, 89
Rosa, Francisco de Salles, 54, 82,98

Sayão, Antonio Luiz, 54,100


Segundo Reinado, 14, 16,22, 32,42, 57,66, 103,108, 133,134
Sem a na Ilustrada, A , 120
Silva, João da Rocha M iranda e, 30
Silva, Josino Nascimento, 20
Soares,Caetano Alberto, 19,20,25,28,30,108,109,112,115,116,117,118,123,128,147,149
Sousa, Paulino José Soares de (visconde de Uruguai), 21,22, 2 4 ,3 1,48,54
Suprem o Tribunal de Justiça do Império, 18, 27,127, 143

T
Taylor, Carlos Frederico, 54,91, 92,93
Teixeira, Joaquim José, 113
Teixeira de Aragão, Francisco Alberto, 18,19, 20,25, 29,143
títulos nobiliárquicos, 57, 58,59,73,74
Torres, Joaquim José Rodrigues, 21, 22,31, 48
Torres, Paulo José Pereira de Almeida, 101

140 9àB
V o lu m e 1 O lA B (■ os Aclvogculos n o im p é r i o

Tosta, Manuel Vieira, 31


tribunais de Província, 17
tribunais de Relaçào, 17 ,19, 27,33, 39

Uniwrsidade de Coimbra, 20, 21,44, 49,50, 56,68, 73,143, 144,147

Varela,Carlos A rthur Busch, 30,54, 110, 111, 122,124


Vasconcelos, João Antônio de Araújo, 101
Vasconcelos, Zacharias de Góes e, 101, 127
Velho, Bernardo Teixeira de Moraes Leite, 54, 99,100
Vianna, João Caldas, 60, 98,99,101
Vianna, Manuel Álvaro de Souza Sá, 13,23, 118,129
Visconde de Mauá, 108,121, 124, 125

Werneck, Luiz ftixoto de Lacerda, 99

•4B 141
_____________ Historia da
Ordem dos Advogados do Brasil

ANEXOS
BIOGRAFIAS DOS PRESIDENTES D O INSTITUTO DOS
ADVOGADOS BRASILEIROS

F rancisco A lb erto Teixeira d e A ragão


F u n d a d o r e P resid en te H o n o r á r io d o In stitu to d o s A d v o g a d o s Brasileiros

F ilh o d e F elisb erto Teixeira d e A ragão e D. A n a Teixeira d e A ragão, nasceu


em Lisboa, e m 1788. C u rsou a facu ldad e d e Leis da U n iversid ad e d e C oim b ra,
d a q ual recebeu o grau d e bacharel em ju lh o d e 1813. In ic io u sua carreira na
m agistratura e m Portugal, sen d o n o m e a d o ju iz d e Fora da vila d o Torrão, distrito
d e Lisboa. T ransferindo-se para o Brasil, foi n o m e a d o e m 1824 o u v id o r da cidade
d o R io d e lan eiro, to m a n d o p o sse n o dia 12 de ju n h o . A ssu m iu c o n c o m ita n te o
e x e r c íc io in te r in o d e in te n d e n te -g e r a l d a P o líc ia , s e n d o n o m e a d o efe tiv o ,
ta m b é m e m 1824. S eu d e se m p e n h o n o cargo fo i b astan te eficien te, tan to em
relação a o s in teresses d a p o p u la çã o q u a n to ao a p o io receb id o p elas au toridad es
d o Exército. Por sua causa, até o in ício d o sécu lo XX, na cidad e d o R io d e Janeiro,
era c o n h e c id o c o m o d o A ra g ão o to q u e das d ez h o ras da n o ite d o sin o da igreja
d e São Francisco d e Paula, em v irtu d e d e h orário esta b ele cid o p e lo in ten d en te
para as p esso as se recolherem às suas casas. Teixeira d e A ragão c r io u o C o rp o
d e C o m issá rio s d e Polícia, que c o m e ç o u a ter v id a a u tô n o m a e m 1825. Foi
ta m b é m D ese m b a rg a d o r da R elação da Bahia, a in d a em 1824, paralelam en te
ao exercício d e in te n d en te d e Polícia. T o r n o u -se d ese m b a rg a d o r da M esa d o
D e se m b a r g o d o P a ço e m 1825; d esem b a rga d or da M esa d o P a ço e m 1826;
d esem b a rg a d o r d o Paço e d ep u ta d o da M esa da C o n sc iê n c ia e O rd en s, ta m b ém
e m 1826. E m 1828 foi n o m e a d o m in istr o d o S u p re m o T ribunal d e Justiça. Em
1824) p u b lic o u u m trabalho in titu la d o A in stituição d o jú r i cr tm in a íe e m 1843

142 màM
V o Iliihc' I ( ) I'M') c os Ac!\c)J4,1(I()S n il I m p i'i'io

fu n d o u a G a zeta d o s Tribunais, editada até 1846. Teixeira d e A ragão faleceu e m


10 d e ju n h o d e 1847, n a rua d o C atete n ° 111, na cid a d e d o R io d e Janeiro.
A graciado p o r D. P edro I c o m o grau d e C avaleiro d a O r d e m d e Cristo, em
1824, n a m e s m a data recebeu o títu lo d o C o n selh o .

F ran cisco G ê d e A caiaba e M o n tez u m a (v isco n d e d e J eq u itin h on h a )


P re sid en te d o I n stitu to d o s A d v o g a d o s B rasileiros (1 8 4 3 -1 8 5 1 )

N atu ral d e S alvador (B ah ia), nasceu e m 23 d e m a rço d e 1794 e faleceu n o


R io d e Janeiro e m 15 d e fevereiro d e 1870. R eceb eu na pia b a tism a l o n o m e de
F ran cisco G o m e s B rand ão. D e s tin a d o p ela fam ília à carreira religiosa , aos
q u ato rze a n o s fo i a d m itid o n o co n v en to da o rd em d o s fran ciscan o s d escalços,
d e o n d e fugiria se te m ese s m a is tarde, para d esg o sto p atern o. F o r m o u -se em
m e d ic in a na B ah ia e e m se g u id a p a rtiu para P o r tu g a l. M a t r ic u lo u - s e na
U niversidad e d e C o im b ra, c o n c lu in d o co m d istin ç ã o o cu rso d e D ire ito em
1820. N o a n o seg u in te, a o retornar à terra natal, a lé m d o d ip lo m a trazia o n o m e
M o n te z u m a in c o r p o r a d o a o de b a tism o , a p elid o q u e gan hara d o s coleg as d o s
b a n c o s universitários.
Participou das lutas pela in d ep en d ên cia na Bahia, a prin cípio, c o m o redator
d o jornal O C on stitu c io n a l Elegeu-se vereador e co m b ateu n o S en ad o d a C âm ara
a d esig n a çã o d o g en eral M adeira d e M elo para o p o s to d e c o m a n d a n te -d e -
a r m a s d a q u e la p r o v ín c ia . Q u a n d o ir r o m p e u n a c id a d e d e C a c h o e ir a o
m o v im e n t o e m p ro l d a em a n c ip a ç ã o , foi e s c o lh id o se cr etá rio d a Junta d e
G o vern o q u e ali se in stalou, form ada p elos representantes das vilas d o R ecôncavo
q u e ad eriram à cau sa d o p rín cip e regen te D. Pedro. D e sig n a d o pela ju n ta para
ir ao R io d e Janeiro e x p o r a situ a çã o da p ro v ín cia su b le v a d a ao p rín cip e ,
e n c o n tr o u -o aclam ad o im perador. N essas circunstâncias. Sua M ajestade resolveu
ap resen tá -lo e m p ú b lic o c o m o representante da v itó ria da in d e p e n d ê n c ia na
Bahia, le v a n d o M o n te z u m a a protagonizar u m a gra n d e farsa, c o m direito a
M an ifesto p u b lic a d o n a G a zeta d o Rio, jantares n o Paço d a Q u in ta da B oa V ista,
c o n v ite para a c e r im ô n ia da coroa ção e a m ercê d e b arão d e C ach o eira, títu lo
q u e o o u sa d o b a ia n o teve o b o m se n so d e recusar, a le g a n d o q u e ta m a n h a
honraria p o d e ria d esp ertar c iú m e s n o s co n terrân eo s, que c o n tin u a v a m so b o
d o m ín io d e M ad eira d e M elo . C o m efeito, ao regressar à Bahia, viu seu prestígio
d eclin ar en tre o s a n tigo s c o m p a n h e ir o s d e luta, que se a ch aram n o d ireito de

143
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

p ostu lar as m e sm a s distinções q u e ob tivera na C orte. O certo é q u e resolveu


viajar para o R io d e Janeiro, antes m e s m o d a ex p u lsã o d as tropas d e M ad eira de
M e lo . N essa oca siã o, c o m o prova d e b rasilidade, alterou m a is u m a vez o seu
n o m e , p a ssa n d o a assinar Francisco G ê de A caiaba e M o n te z u m a . G ê, e m razão
das raízes indígenas; A caiaba, para lem brar u m a das m a is b elas árvores da selva
brasileira.
T o m o u a ssen to n a C o n stitu in te d e 1823, p o r é m lo g o se in d isp ô s c o m o
im p era d o r D. P edro I, a p ro p ó sito d o título d e d u q u e d o M aranh ão, co n ce d id o
a Lord C o c h r a n e p e lo s se r v iç o s p resta d o s n a s jo rn a d a s d a In d e p e n d ê n c ia .
D isso lv id o o so b era n o C on g resso, foi preso e d ep o rta d o para a França ju n to
c o m o s ir m ã o s A n d r a d a . D ig a - s e d e p a s s a g e m , o e x í lio d e M o n t e z u m a
co n stitu iu -se n u m a su cessã o de fugas e e p isó d io s ro m a n esco s, v iven ciad o s entre
E span ha, França e Inglaterra. R egressou ao Brasil e m 1831. A partir d essa data,
c u m p r ir ia u m a a c id e n ta d a carreira p o lític a . N o p le n á r io d a C â m a ra d o s
D e p u ta d o s e na im p ren sa, co m b a te u o s ven ced ores d o m o v im e n t o de 7 d e abril,
escrev en d o , den tre o u tr o s p a n fletos, A liberd a de d a s repúblicas, e m d efesa das
in stitu iç õ e s m on á rq u ica s e con tra a p rop agand a federalista. D e s e m p e n h o u as
fu n ç õ e s d e m in istr o da Justiça, d u r a n te a regên cia d e Feijó. A d versário da
corrente regressista, que se fo r m o u em to rn o d e Bernardo Pereira d e Vasconcelos,
a lio u -se à facção áulica e a p o io u o go lp e da m aioridad e. N o m e a d o representante
da leg ação brasileira e m Londres, o c u p o u o p o s to p o r ap en as a lg u n s m eses. D e
volta à capital d o Im p ério, n ã o co n seg u iu reeleger-se para a câm ara tem porária,
a m a rg an d o u m lo n g o o stra cism o p olítico , que se este n d eu d e 1841 a 1847. N este
p e r ío d o , in te n sific o u suas ativid ades d e a d vo gad o, p rofissã o q u e, aliás, exerceu
c o m b rilh o e c o m p etên cia . Foi u m d o s fu n d a d ores d o In stitu to d o s A d v og ad o s
B rasileiros. R eapareceu na arena p olítica c o m o d e p u ta d o p rov in cial p e lo R io
d e J a n e ir o e m 1 8 4 7 , m a n d a t o q u e ir o n i c a m e n t e d e n o m i n o u n o v ic ia d o
p a r la m e n ta r . E n tr o u p ara o S e n a d o e m 10 d e m a io d e 1 8 5 1 , e s c o lh id o
rep resen tan te d a Bahia, te n d o ali a p resen ta d o p ro jetos para a a b o liç ã o dos
escravos se m in d e n iza ç ã o e a cu rto p razo ( 1 8 6 4 -1 8 6 5 ). S o b ressa iu -se, ain d a , na
p resid ên cia d o B a n co d o Brasil (1 8 6 6 ). M e m b r o d o C o n s e lh o d e Estado, da
O r d e m da Rosa, da S ociedad e d e G eografia d e Paris, d o In stitu to d os A dvog ad os
d e Paris, da Real S o cied a d e d o s A n tiq u á rio s d o N o rte, fu n d a d o r d o In stitu to
H istó r ico e G eográfico Brasileiro, agraciado p o r D. P ed ro II c o m o títu lo de
v isc o n d e d e J eq u itin h o n h a e m 1854.

144 9àM
Voknne I O I / M i (í o s A d v o g a d o ^ n o I m p é r i o

Francisco Ign á cio d e C arvalho M oreira


P resid en te d o I n stitu to d o s A d v o g a d o s B rasileiros (1 8 5 1 )

F ilho d o cap itão João M oreira de C arvalho e D. M aria Joaquina d e A lm eid a


e Silva, n a sceu na P rovíncia d e A lagoas, na vila d e P en ed o , em 25 d e d ezem b ro
de 1815. M orreu n o R io d e Janeiro e m 1 -d e abril d e 1906. Bacharel e m C iências
Jurídicas e Sociais p ela A ca d em ia d e São Paulo, co n clu iu seu cu rso e m 1839. Foi
t a m b é m d o u t o r p e la U n iv e r s id a d e d e O x fo r d . T eve u m a a tu a ç ã o m u it o
diversificada: a d v o g a d o n o R io d e Janeiro, p olítico e d ip lo m a ta . Foi u m d os
fu n d ad ores d o lA B , e ele g e u -se p residente em su b stitu içã o a M o n te z u m a , m as
lo g o e m segu id a r e n u n c io u ao cargo para ingressar na carreira d ip lo m á tic a ,
a s s u m i n d o o p o s t o d e m in i s t r o P le n ip o t e n c iá r io n o s E s ta d o s U n i d o s .
R eq u in ta d o e elegan te, co n sta q u e q u a n d o su ce d e u a José Silvestre R eb ello na
em b aixa d a d o Brasil, e m W a sh in g to n , in sta lo u -se e m u m a m a n sã o p ró x im a à
Casa Branca, q u e já havia sid o a n terio rm en te resid ên cia das legações ch ilen a e
inglesa. R ep resen tou sua provín cia natal na oitava legislatura d e 1850. D e fen d e u
o s interesses b rasileiros con tra a Inglaterra na Q u e stã o C h ristie e na Q uestão
Religiosa, ju n to à Santa Sé. Exerceu as fu n çõ e s de m in istr o P le n ip o te n c iá r io na
G rã-B retanha d u ran te trin ta e quatro a n o s, retira n d o -se c o m a p r o cla m a ç ã o da
República. P erm an eceu na Europa, e m Paris, o n d e aco m p an h ava o ex-im p erad or
D . P ed ro II n o e x ílio , v is ita n d o - o d ia r ia m e n te a té a su a m o r te , e m 1891.
R eg ressou ao Brasil e m 1900. Foi só c io d o In stitu to H istó r ic o e G eográfico
Brasileiro. P u b lic o u diversas obras n o ca m p o das relações in tern acion ais, dentre
as quais, d estaca m -se R elatório sobre a Exposição In ternacional d e 7862 (Londres,
1862); O em préstim o brasileiro contraído em Londres e m 1863 (Paris, 1864); Le
Brésil. La C olonie B lu m e n a u (Paris, 1867); M issã o especial a R o m a e m 1873
(Londres, 1881) e O bispo do Pará e a M issão a R om a (Lisboa, 1887). A graciado
c o m o título d e b arão d e Penedo. Veador de Sua M ajestade a Im peratriz, era d o
C o n se lh o d e Sua M ajestade, grã-cruz da Im perial O rd em d a R osa, cavaleiro da
Im perial O rd em de Cristo, grã-cruz da Real O rdem d e C risto d e Portugal e da de
N o ssa S en hora d e Vila V içosa, grã-cruz da O rdem de São G regório o M a g n o de
R om a, da d e Francisco I d e N áp oles, da de M edjidié, da Turquia, d o D u p lo D ragão
da C hina, da Ernestina d e Saxe C ob u rgo G otha e gran d e oficial da Legião de
H on ra, da França.

145
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

C a etan o A lb erto Soares


P resid en te d o In stitu to d o s A d v o g a d o s B rasileiros (1 8 5 2 -1 8 5 7 )

F ilh o d e A n to n io Soares Figueiras e D . A na d e O liveira, n asceu n a ilha da


M adeira, P ortugal, e m 13 d e m a io d e 1790 (a lg u m a s referências m e n c io n a m
2 8 .0 5 .1 7 9 0 ) e faleceu n o R io d e Janeiro e m 28 d e fevereiro d e 1867. F o rm o u -se
d o u to r e m D ir e ito p e la U n iv ersid a d e d e C oim b ra; fo i d e p u ta d o às C o rtes
P o rtu g u esa s q u a n d o e m 1828 fo i revogada a C o n stitu iç ã o , e c o m a reação
ab solu tista d e D. M iguel, q u a n d o eram p erseg u id o s o s d e p u ta d o s d e idéias
liberais, d e ix o u a pátria e m u d o u -s e para o Brasil, o n d e se estab eleceu. Exerceu
in terin a m en te o cargo d e juiz d e Ó rfãos da C orte e teve sob sua responsabilidade
o preparo d o C ó d ig o e d o s R egu lam en to s C o m ercia is d e 1850. Juntam ente
c o m o m arq uês d e A brantes e o m arq u ês d o Paraná, elab o rou o s R egulam en tos
p a r a Execução d a L ei d e Terras^ em 1853. Foi ad v o g a d o da C asa Im perial; só c io
d o In stitu to H istó r ico e G eográfico Brasileiro e da S o cie d a d e A u xilia d ora da
Indústria N acion al. Entre outras p ro d u çõ es m erecem registro: Dwcwrso proferido
c o m o p resid en te d o In stitu to d o s A d v oga d os Brasileiros, na sessã o d e 16 de
ju n h o d e 1 8 5 7 , que fo i p u b licad o n a R evista d o I O A B ,e m 1865; R egulam entos
Com erciais, trabalho q u e redigiu, en carregado p e lo g o v e r n o im perial, e m 1850;
M e m ó r ia e m q u e se a p o n ta m as omissões d a nossa legislação p á tr ia e algu m as
p ro v id ên cia s a a d o ta r nela p a ra su p rir estas omissões, e M e m ó ria p a ra m elh orar
a sorte dos nossos escravos, lida n a sessão geral d o In stitu to d o s A d vo ga d os e m 7
d e se te m b ro d e 1845, e p ub licada e m 1847. A graciad o p e lo im p era d o r D. Pedro
II c o m a O r d e m da R osa, n o grau d e co m e n d a d o r .

U rb a n o S abin o Pessoa d e M ello


P re sid en te d o I n stitu to d o s A d v o g a d o s B rasileiros (1 8 5 7 e 18 61)

F ilh o d o b rigad eiro José C a m ello Pessoa d e M ello , n asceu em P ern am b u co


n o a n o d e 1811 e faleceu n o R io d e Janeiro, em 7 d e d eze m b r o d e 1870. Bacharel
e m C iên cias Jurídicas e Sociais p ela A cad em ia d e O lin d a , fo i ta m b é m p rofessor
d e g e o m e tr ia e filo so fia , te n d o re ce b id o d o G o v e r n o Im p e ria l o títu lo d e
p r o f e s s o r v it a líc io . D e i x o u o m a g is t é r io e d e d i c o u - s e à m a g is t r a t u r a .
P o ster io rm en te o p to u pela ad vocacia e p ela v id a p olítica . Já estab elecid o na
C o rte, d e s e m p e n h o u im p o r ta n te p ap el na im p ren sa a p o ia n d o , e m 1848, a

146 «41
X 'o lu n K ' i (.) IA I’> os A cK () l;<h 1()> iu ) I m p r i it)

R evolu ção Praieira, e m P ern a m b u co . N o en ta n to , apesar d e se u e m p e n h o foi


m u ito criticado p o r correligionários políticos» o que lh e tro u xe g ra n d e d esgo sto.
C o m ativa v id a p ú b lica d esd e 1830, ele g e u -se d ep u ta d o p ro v in cia l e d ep o is
d ep u ta d o geral, d esta ca n d o -se ta m b ém c o m o m agistrado, ju riscon su lto, p o lítico
e jornalista. P u b lic o u Apreciação d a R evolta Praieira d e P ern am bu co, e m 1849,
n o R io d e faneiro, ob ra con sid era d a im p o r ta n te fo n te d e c o n h e c im e n t o sobre
este e p is ó d io da h istória d o Brasil. N o s A nais d o P a rlam en to a c h a m -se ed ita d o s
o s discursos q u e p r o n u n c io u n a A ssem b léia de P er n a m b u co e n a A ssem b léia
Geral Legislativa. Sua participação na im prensa fo i diversificada - m e m b r o ativo
q u e era da redação d e v ários jornais, in clusive d o Correio M ercan til, n o R io de
Janeiro (1 8 4 8 -1 8 4 9 ) . Era só c io d o Instituto H istó r ic o e G eo g rá fico Brasileiro e
agraciad o p e lo im p e r a d o r c o m a O rd em da R osa, n o grau d e oficial.

A u g u sto Teixeira d e Freitas


P re sid en te d o I n s titu to d o s A d v o g a d o s B rasileiros (1 8 5 7 )

A u g u sto Teixeira d e Freitas é co n sid era d o o p a i d o d ire ito c iv il n o Brasil.


N a sce u e m C ach oeira , na B ah ia e m 1816, e m o rr eu e m N iter ó i, R io d e Janeiro
e m 12 d e d eze m b r o d e 1883. D e sc e n d e n te d e u m a fam ília de p ro p rietá rios, e
seu pai o b te v e o títu lo d e Barão d e Itaparica. Seu b ió g ra fo m a is im p o rta n te,
S ílv io M eira, c h a m o u - o d e ju r isc o n su lto d o Im p é r io , p r in c ip a lm e n te p e lo
g iga n tesco tra b alh o d e co m p ila ç ã o q u e realizou na redação da C on solidação
das leis civis ( 1 8 5 7 ). R ealizou sua form ação d e b acharel e m C iên cia s Jurídicas e
S o cia is n as A c a d e m ia s d e R ecife e d e São Paulo, e ex e rc eu a a d v o ca cia e a
m agistratura e m su a p ro vín cia . N o en ta n to , su a atu ação c o m o ju iz d e D ireito
d u ra n te o e p is ó d io d a S abinada fez c o m q u e p erd esse o cargo. T ransferiu -se
e n tã o c o m a fam ília para o R io de Janeiro, to r n a n d o -se u m d o s fu n d a d o res d o
I n s t it u t o d o s A d v o g a d o s B r a sile ir o s. D e 1 8 5 5 a 1 8 5 8 o c u p o u - s e c o m a
im p o r ta n te tarefa d e elaborar a C onsolidação das leis civis, r e u n in d o n u m co r p o
u n o d e n o r m a s o s in ú m e r o s e esparsos d isp ositiv os q u e regiam a m atéria e m
n o sso p aís - trab alho q u e n ã o ficou d e v id a m e n te c o m p le m e n ta d o , já q u e ele
p u b lic o u ap en as u m Esboço ao Código Civil, e n ã o o C ó d ig o , c o m o in ic ia lm en te
p retendia. E m 1859 o g ov ern o im p erial in c u m b iu -o d e redigir u m p rojeto d o
C ó d ig o Civil atualizado e tecn icam en te aprim orado. E sgotad o o prazo contratual
e m 1861, este fo i p ro rro ga d o até 1864; m as ain da a ssim n ã o p o d e ser c o n c lu íd o .

147
_____________ Historia da
Ordem dos Advogados do Brasil

A fm a l, o c o n tr a to f o i r e sc in d id o e o C ó d ig o p e r m a n e c e u in c o m p le t o , m as
exerceu e co n tin u a a exercer gran d e in flu ên cia n o p la n o d o u trin ário. Para além
das fron teiras b rasileiras su as c o n c e p ç õ e s se p ro p a g a ra m . E m 186 5, V eiez
Sarsfield in sp ir o u -se nelas para elaborar o p rojeto d o c ó d ig o civil argentino.
N o en ta n to a elaboração d o có d ig o civil só fo i a b an d o n a d a p e lo jurista em
1867 p o r q u e stõ e s q u e n ã o ficaram d e v id a m e n te esclarecidas, isto é,T eixeira de
Freitas a le g o u in co m p a tib ilid a d e entre sua co n ce p ç ã o jurídica e a d o governo,
e n q u a n to o u tr a s v e r sõ e s d e fe n d e m q u e este ato v in c u lo u - s e ao d e sâ n im o
p ro v o ca d o p o r a lgu m as m a n ifesta çõ es de lo u cu ra q u e so freu o jurista. U m a
o u tra p erspectiva ressalta as p ro fu n d as d ivergências teó r ic o -id e o ló g ic a s entre
Freitas e o u tr o s a d vog ad os da ép oca, so b retu d o c o m C aeta n o A lb erto Soares,
ta m b é m p resid en te d o Instituto.

A g o stin h o M arqu es P eid igã o M alheiro


P resid en te d o In stitu to d o s A d v o g a d o s B rasileiros {18 61 e 1866)

F ilho d e A g o stin h o M arqu es Perdigão M alh eiro e d e D . U rbana C ân d id a


d o s R eis Perdigão, n asceu n a cidade da C a m p an h a, p rov ín cia d e M in a s Gerais,
e m 5 d e jan eiro d e 1824 e faleceu n o R io d e Janeiro em 3 d e ju n h o d e 1881. Foi
bacharel e m Letras p elo C o légio Pedro II, fez cu rso d e C iências S ociais e Jurídicas
na A cad em ia d e São Paulo, o n d e recebeu o grau d e d o u to r e m 1849, e entrou
p o r n o m e a ç ã o d o go v ern o para o lugar de bibliotecário.
D e d ic o u -se , d esd e 1850, ao exercício da advocacia, p rim eiro e m São Paulo,
d e p o is na C o rte; r e p r e s e n to u su a p r o v ín c ia n a C â m a r a te m p o r á r ia nas
legislaturas d e 1869 a 1872; foi cu rad or d o s A frican os Livres, p ro cu ra d o r d o s
Feitos da Fazenda, ad vogado d o C o n se lh o de Estado, só c io do In stituto H istórico
e G eog ráfico Brasileiro, e d e outras a ssocia ções d e letras. Escreveu n u m ero sas
ob ras q u e tratam d e q u e stõ e s relativas ao D ireito e à H istó r ia pátria, d eixa n d o
algu n s in éd ito s p o r o casiã o d e sua m orte. D esta ca m o s aqui: Ín dice cronológico
dos fa to s n otáveis d a H istó ria do Brasil desde seu descob rim en to em 1500 a té 1849,
se g u id o d e u m su cin to e s b o ç o d o situ ação d o país, ao Andar o a n o d e 1849,
p u b lic a d o n o R io d e Janeiro e m 1850. Esta o b r a h a b ih t o u - o a o In stitu to
H istó r ico e G eog ráfico Brasileiro. Sua ap resen tação ao In stitu to m o tiv o u u m
parecer, d o co n selh eiro D io g o Soares da Silva d e Bivar, e ta m b é m u m ap ên dice
a este parecer, assinado p elo D . Joaquim C aetan o da Silva. Escreveu, ta m b ém ,

148 9àM
V o lu m e ' I O i/\i> ( ’ Ob A(fvi)i;<iclc)S 111) Iin | jc i'( f)

M a n u a l do p ro c u ra d o r d o s Feitos da F azenda N a cio n a l nos Juízos d e P rim eira


Instância (R io d e Janeiro, 1 859) e Ile g itim id a d e d a p ro p rie d a d e co n stitu ída sobre
0 escravo; n a tu r e z a d a m e sm a ; a b o liçã o d a escra v id ã o , te m a s o b r e o q u a l
p r o n u n c io u d iscu rso n o In stitu to d o s A d v og ad o s Brasileiros e m 7 d e setem b ro
d e 1863. A lé m d estes, p u b lic o u A escravidão no Brasil: ensaio h istórico-jurídico-
social, q u e se d ivide e m três partes, a saber: l^."D ireito sobre o s escravos lib ertos”
(R io d e Janeiro, 1866), 2^. “ín d io s” (R io d e Janeiro, 1867); 3^. Africanos (R io de
Janeiro, 1867), q u e c o n té m m ais u m apêndice d e 41 d o c u m e n to s com p rob atórios
c o m m ais de 2 0 0 páginas. . R edigiu ta m b ém Repertório ou índice alfabético da
reforma hipotecária e sobre as sociedades d e crédito rural, e S up lem en to ao m an u al
d o Procurador dos Feitos d a F azenda Nacional. Proferiu d iscu rso na sessão da
C âm ara T em porária d e 12 de ju lh o de 1871 sobre a p ro p o sta d o g o v e r n o para
reform a d o esta d o servil, ed ita d o n o m e s m o a n o . D en tr e o s in é d ito s d e ix o u O
C ódigo C r im in a l e vá rio s Decretos, a n o ta d o s p or ele m e s m o e A p o n ta m e n to s
p a r a m eu uso. M o ç o Fidalgo da Casa Im perial e agraciado p e lo im p e ra d o r c o m
a O r d e m d e C risto n o grau d e co m e n d a d o r .

José T h o m á s N a b u c o d e A raújo
P re sid en te d o I n s titu to d o s A d v o g a d o s B rasileiros e n tr e 1 8 6 6 e 1873.

F ilh o d o S en ad or p e lo Espírito S an to José T h o m á s N a b u c o e d e D. M aria


Bárbara d a C osta Ferreira N a b u co , n asceu em Salvador, B ah ia e m 14 d e a g o sto
d e 1813 e faleceu n o R io d e Janeiro e m 19 d e m a rço d e 1878. Bacharel em
C iên cias Jurídicas e Sociais pela F aculdade de O lin d a , c o n c lu in d o o cu rso e m
1835. A tu o u p o r a lgu n s a n o s c o m o p r o m o to r p ú b lic o e d ep o is c o m o ju iz de
D ireito e m P er n a m b u co , tra n sfe rin d o -se p o ste rio r m en te para o R io d e Janeiro.
R e p r e se n to u su a p r o v ín c ia n a C âm a ra tem p o r á ria d e s d e 1 8 5 0 , p r e s id iu a
p ro vín cia d e São P au lo e m 1852 até tornar-se sen ad o r, a n 1853. O c u p o u a
pasta da Justiça p o r duas v ezes, sen d o q u e na prim eira delas in tegrou o ch am a d o
G ab in ete da C o n cilia çã o , liderad o p elo m arq u ês de Paraná.
Foi m e m b r o efetivo d o C o n se lh o d e Estado, o n d e in g re sso u e m 1866, n o
m e s m o a n o e m q u e se tornaria p residente d o lA B . Pbr seu n o tó r io sab er e
d o m ín io p r o fu n d o da ju risp ru d ên cia era acatado e o u v id o para d ecid ir sobre
in trin cad as q u e stõ e s d e D ireito. Figura d e d estaqu e nas d iscu ssõ e s a respeito da
e m a n cip a çã o d o s escravos, recebeu d o im p era d or P ed ro II a in c u m b ê n c ia de

•4 1 149
_____________ H istótiada
Ordem dos Advogados do Brasil

presidir a c o m iss ã o q u e fico u resp onsável p o r avaliar c o m o se co n d u z iria a


libertação d o s escravos, d efen d e n d o u m m o d e lo d e e m a n cip a çã o gradual, q u e
julgava ser m a is a d eq u a d o a o caso d o Brasil.
D e ix o u diversas obras so b re q u e stõ e s p olíticas e jurídicas, a e x e m p lo d o s
segu in tes títu los: R efo rm a h ipotecária ( 1 8 6 6 ), M e m o r ia l f e ito na fa lên cia do
n eg o cia n te João C arlos Palhares (1 8 6 1 ), M a n ife sto d o cen tro lib era l ( 1 8 6 9 ),
P ro g ra m a d o centro liberal (1 8 7 0 ). E m 1872 a ssu m iu a resp o n sa b ilid a d e de
ela b o ra r o P rojeto d o C ó d ig o C ivil, e m s u b stitu iç ã o a Teixeira d e Freitas.
Entretanto, n ã o co n clu iu a exaustiva tarefa, p o is v eio a falecer alguns an o s depois.
M e m b r o d o C o n se lh o d e Sua M ajestade, agraciado c o m a g rã -cru z da O rdem
d e C risto e oficial da O r d e m da Rosa. R espeitável figura p o lític a e jurídica de
se u te m p o , ta m b é m ficou c o n h e c id o c o m o o estad ista d o Im pério, a partir d o
títu lo d a ob ra q u e lh e d e d ic o u seu filho, Joaquim N a b u co .

J o aq u im S aldan ha M arin ho
P r e sid e n te d o In stitu to d o s A d v o g a d o s Brasileiros* (1 8 7 3 -1 8 9 2 )

F ilh o d o cap itão Pantaleão Ferreira d o s S an tos e D . Á gata Joaquina d e


Saldanha, n a sce u o n O lin d a , P ern am b u co , n o d ia 4 d e m a io d e 1816 e faleceu
n o R io d e Janeiro e m 27 d e m a io d e 1895. E stu d o u n a F acu ld ade d e O lin d a ,
c o n c lu in d o seu cu rso c o m o b acharel e m C iên cias Jurídicas e Sociais e m 1836.
A n tes d e se estabelecer n o R io d e Janeiro, exerceu o s cargos d e p r o m o to r púb lico
n o Ceará, secretário d e G overn o, professor, d e p u ta d o p rovin cial. E m 1848 foi
e leito d e p u ta d o à A ssem b léia Geral d o Im p ério e p o ste r io r m e n te in c lu íd o em
u m a lista tríp lice para se torn ar sen ad o r d o Im pério, m a s teve a eleiçã o anulada.
Exerceu n a C o rte fu n ç õ e s d e a d vo ga d o, trab alhan do ta m b é m n a redação do
D iá r io d o R io d e Janeiro. N o m e a d o p resid en te das p rov ín cias de M in a s Gerais e
d e São Paulo, foi ad vo ga d o d o C o n se lh o d e Estado e p o ssu ía o títu lo d e m em b ro
d o C o n se lh o d o Im p era d or e foi grão m estre d o G ra n d e O r ien te d o Brasil.
D e d ic o u m u it o e m p e n h o à cau sa m a ç ô n ic a , d e s ta c a n d o -s e , s o b r e tu d o , n o
e p is ó d io d a Q u e stã o Religiosa^ o ca siã o e m q u e p u b lic o u d iverso s tex to s na
im p ren sa so b re o tem a. Inclusive u m a série d e escritos d e n o m in a d o s A Igreja e
0 (1 8 7 3 -1 8 7 6 ) , ed itados n o Jornal d o C om m ercio, so b o p s e u d ô n im o d e
G an ganelli, q u e eram lid o s c o m m u ito in teresse e se torn a ram ex trem a m en te
p opu lares, ten d o sid o reim pressos separadam en te, a partir d e 1874. Entretanto,

750 «41
V o lu m e ' ] O l A l i c os Aclvoi^adn^ n o In tp úi io

acabaria r o m p e n d o c o m o v isc o n d e d o R io Branco, p o r achar q u e a m açon aria


fora m u ito b ran d a e m relação à Igreja. N a Q u estão Religiosa leva n ta d a p elo s
b isp o s d e O lin d a e d o Pará c o lo c o u -s e na d efesa d o rega lism o, co n tra o s b isp o s
rebelados D. Vital e M a ced o C osta. R epublicano histórico, con sta q u e o M anifesto
de 1870, te r ia s id o r e d ig id o e m su a r e s id ê n c ia . P o s t e r io r m e n t e , c o m a
p r o c la m a ç ã o d a R ep ú b lica e le g e u -se se n a d o r p ela cap ital federal. T a m b ém
p a rticip o u n a elaboração d o an teprojeto da prim eira C o n stitu iç ã o republicana.

151
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

Programa das questões para as memórias e


monografias que devem apresentar ao Instituto da Ordem
dos Advogados os candidatos que aspirarem pertencer ao
respectivo quadro^

P rim eira
D a autoridade da coisa julgada; seus efeitos e in fluência n o cr im e e n o cível.

S^unda
D a ação pauliana; seu princípio fundamental, condições e m o d o d e seu exercício.

Terceira
A h ip o tec a estatuída pela Ord. Liv. 4 “Tit. 90 reú n e t o d o s o s caracteres da
h ip o tec a c o n v en cio n a l e c o n fo r m a -se c o m o m o d e r n o reg im e hipotecário? Q u e
c o n c e ssõ e s sã o precisas para q u e p o ssa valer con tra terceiro?

Q u a rta
A d ecisã o proferida p e lo S u p rem o Tribunal d e Justiça, seja d en eg a n d o ,
seja c o n c e d e n d o a revista, ain da m e s m o que c o m ela se c o n fo r m e a relação
revisora, é u m o b stá c u lo à ação rescisória?

Q u in ta
E m q u e casos a ação da justiça crim inal p o d e ficar su sp en sa p o r em ergência
d e q u e stõ e s prejudiciais, cuja d ecisão é da c o m p e tê n c ia d a ju risd içã o civil?

* A p a r t i r d e 2 7 d e s e t e m b r o d e 1 88 8, d e n o m i n a d o o f ic ia l m e n t e I n s t i t u t o d a O r d e m d o s A d v o g a d o s B rasileiro s,
* F o n te : lA B , “A ta d a se s sã o d e 2 7 d e s e t e m b r o d e IBSO”, R e v is ta do In s titu to d a O r d e m do s A d v o g a d o s Brasileiros,
t. IX , 188 3 , p p .2 9 8 - 3 0 1 .

152 •à l
V o lu m e I (.) IA13 c os Aclv'og.ulos no Im p c rio

Sexta
A d o u tr in a co n sa g r a d a n o art. 10 § 2“ d o C ó d ig o C r im in a l p o d e ser
su stentad a e m vista d o s p rin cíp io s da ciên cia n o p o n to relativo às m o léstia s
m entais? Ela c o m p re en d e , p o r e x e m p lo a m o n o m a n ia h om icid a?

S étim a
A p en a d e m o r te é u m a co n se q ü ên cia lógica d o direito d e punir? S en do
a s s im n ã o é u m a r g u m e n to co n tr a e s se d ir e ito d e p u n ir? Se n ã o é u m a
c o n se q ü ê n c ia ló g ica d o d ireito d e p u n ir q ual é en tã o o fu n d a m e n to racional
d este direito?

O itav a
A d iv isã o da a çã o cr im in a l e m p ú b lica e particular assenta n o s p rin cíp io s
n a cio n a is e m q u e se b aseia o direito d e punir? Q u a is são esses princípios?

N ona
É racion al a teoria das circun stân cias agravantes e aten u an tes d o crim e?
Essa m o d if ic a ç ã o n a g ra v id a d e d o cr im e p o d e ser o b je to d e regras fixas,
invariáveis, preestabelecidas? O u d ep en d e d e circunstâncias subjetivas e objetivas
q u e p rec ed em e a c o m p a n h a m o ato c r im in o so e p o rta n to d eve ser o b je to de
u m a ap reciação d iscricion ária d o ju iz na o casiã o d o julgam en to?
Se é verd ad eira a teo ria d o n o s s o C ó d ig o C rim in a l, q u e v a lo r tê m as
circu n stân cias co m p ara d as, u m a s co m outras, q uer em relação a o seu n ú m er o ,
q u e r à su a q u a lid a d e? N a s im u lta n e id a d e d e c ir c u n s tâ n c ia s a g ra v a n tes e
aten u an tes te m o ju iz a faculdade discricionária d e apreciar o se u valo r moral?

D é c im a
O sistem a d e preferências n a graduação d os créd itos d o d o m ín io , ad m itid o
p e lo C ó d ig o co m ercia l c o n fo r m a -se c o m o s p rin cíp io s da ciê n c ia e aten d e à
igu ald ade entre o s cred ores da m e sm a espécie?

D é c im a p rim eira
A a ção q u e c o m p e te a o s credores n ã o c o n te m p la d o s e m rateio p o r n ão
terem e m te m p o reclam ad o con tra a sua n ão a d m issã o ao p assivo da m assa
d ev e ser p r o p o s ta co n tr a t o d o s o s cred o res in c lu siv e o s p r iv ile g ia d o s , o u
u n ic a m e n te co n tra o s quirografários? Q u al a natureza d essa ação?

#1# 153
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

D é c im a se g u n d a
F ica n d o o s b en s q u e o falido ven h a a adquirir d e fu turo su jeitos às dívidas
co n traíd as a n terio rm en te a o fa lecim en to, q u a n d o o s credores lh e n ã o p assam
q u ita çã o , qual a a çã o c o m p e te n te q u e cabe a o c r ed o r e m c u m p r im e n t o da
d isp o siç ã o d o art. 872 d o C ó d ig o do C om ércio?
A arrecadação requerida p or ad m in istrad ores, para esse fim n o m e a d o s
(art. 8 0 8 d o C ó d ig o C o m e rc ia l) p r o c e d e n d o -se a d istrib u içã o , c o n f o r m e a
classificação já feita, o u ação ord in ária d e cad a credor, p ro sse g u in d o -se n o s
te r m o s das e x e cu çõ e s ordinárias?

D é c im a terceira
Q u a l o ju íz o co m p e te n te para julgar da validad e d o s atos relativos a b en s
im ó v e is d o fa lid o p raticad os p e lo cu rad or-fiscal o u p elo s a d m in istrad ores da
m assa n o exercício d e suas funções?

D é c im a quarta
Quais os caracteres peculiares de seguro terrestre diferem tão substancialmente
d o seguro m arítim o, que se tornem necessárias disposições especiais? Quais?
Sala das se ssõ es d o C o n se lh o D iscip lin a r d o In stitu to , d o s A d vo ga d os, 27
d e S etem b ro d e 1880. - Baptista Pereira. - M a n o e l I. G on za ga . - Dr. Liberato
Barroso.

754
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pci io

LISTAGEM DOS ADVOGADOS D O M U NICÍPIO


NEUTRO DA CORTE
( 1860)

FONTE: A lm a n a ck Laem m ert, Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e Província do


Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1860. p. 499/ 503.

155
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

EXPLICAÇÃO DOS SIGUTAES DAS ORDENS.


CONDECORAÇOES BRASILEIRAS.
(Yido pág. 19 e 30 d« Almanak de i850.)
o itn» * m rn o A L D A o io s iim i « r a > M l . « i w s a l » A »C «A . O M » B ( B S # . u s r t o OC A n t .
^l.Gran-Ctuz.
# 1 . G ran -C ru í.
® 2 . D ijoifario. ^ 2. GrjiuiI(;pignUario ^ 1. Gran-CvtJí.
4ji 3. D ign itário. 2. Coxmneudador.
® 3. OÍTicial.
li. Commcndador. 3. CavaUcii-o.
0 6. CaTallciro.
O asm BZ rs D B O r m u i a i i o .
t 5. OÍTicial.
^ 6 . C avalleiro.
O B SK M O E %ia T » L * .C O
npA SA .
BA

0 « S E » D * 0 . * . J C S O t «H B 1S T O .
P . I. 1. Gran-Cruz. + i . Gran-Crux.
1. G ran-C ruí.
P . I. 2. Comniendadoi' w 2. Cooimemlador. 4* 2. Commcndadoí.
P. r. 3. Cavalleiro. ^ 3. Cavalleiro. + 3. Cavalleiro.
iKSiantAs B MSaAutiks.
C. C. i . — Medalha da Campanha Cisplatina ctti MonieTídéo de
4811 e 1812, e da de 1815 o 1820.
C. C. 2. — Medalha da Camp. Cispl, sim e n te de 1811 e 1812.
C. €. —. Medalha da Campanha Cisplatifta cm 31oníevidéo
do 1817 a 1822 pela esquadra e exercito.
0. O. — Jledallw da Divisão ooopcradora da Boa Ordem. -
B. O. C. — A mesma com a lejrenda— C o^stascia e BiurvRA.
G. f. — íled allia da guorra da Indcpcndencia (Bahia].
D. em C. — Insígnia do ouro dc Distlncçuo em combate.
U. —U edaU tadocxcrcito noEstado Orieüt.doüruguay(fitavei-de).
31. C. — Medalhn da primeira divisão que assistio á batalha do dia
5 de FôTereiro do 1852 em Monto Caseros (fita azul).
R P .— Medalhadasop«í»çüea<lac«<p.'>a<lp{\noRiodaPrata(fitaTerde).
T .— Med. polo combato da esquadra na p a s« g . doTonclero (fita azul).
* II. O. 1 Medalha crcada em 14 de Março de 1855 p o r serviços ex-
oit V irao rdinanospi‘P5iados A Humanidade, dc ouro oo p ra ta,
II. P ) eom fita verdo-mni', côr do fogo o aam arella.
CONDECORAÇÕES SSTRAWGEtRAS.
QWMBi Q t « . jAnVARtO. o m s u i DA L C G fA O D C B W R A . ORoaa BB ». «BA. »A eoit-
a u f i o B E V I U A V fÇ O M .
Só tem uma clasM. 1. Gran-Crux.
^ 1 . G raa-C ru z. 2. GraníJe OOTicial. 1. Gran-Crux.
O R sm DC f , rcnrAjiDOi >Í< 5. Commendador. i§i 2. Commendador.
►2« íi. OíTiciol. t p 3. Cavalleiro.
• X A t M e n DB K . » . J B C S
0S 1. G ru n -C ruz. >J« 5. Cavalleiro.
C H K 19T O I r — T M IL ).
S 2. C o m m o n d a d o r. A « C I T O K M R E B A W tlC A
i de P. G ran-C ruí.
<6 5. C avalleiro.
M SSM B B im M IC U C O ! •
M UDSA B A t D K M l U P A B A D O

^ 1. Gran-Crur..
2 de P. Commend.
VAIO», tCALBAT: BMBmive.
^ 3 dc P. Cavalleiro.
iR»Ai.eA ;mn«iLL
f
"B 1 G ran -C ru i. ^ 2. Commendador. © G. P . .— Medalha
@ 2. C o m m en d a d o r. # 3. Oíílcíal. da grande Gncrra
0 3. Caralk-iro. ^ Cavallcirn. Peninjular.
K- 8 A i oulfoi nndtccrafõet uirangeiTai vão mencionadas por extenso.

156 9àM
Volume 1 O lAB e os Advogados no im pério

AD.VOaAD.Oi.

PROFISSÕES
Advogados habilitados legalmente para
0 exercício da adTocacia.
Dr. A g o s tin h o Marques P erd ig ã o M alK eiro, praça da C o Q stitn iç S o , 1.
^ u t o r da obra so b re StuxesMO dcs filhos naturaex, e d o M anual do
P r o c u r e n t o r Hos F e i i o s . ) ( * )
D r. A l b e i l o A n to n io Soarns, r. dp S ab ão, 7 1 .
Dr. A lb in o d o s S a n to s P ereira, filho. F id algo C avalleiro da C asa I m ­
p e r ia l, r. d o H o s p ic io . 1 6 A.
D r . A o d r é A u g u sto de Padua F leun *, r. d ’O u r id o r , 3 1 , 2" a n d ar, re­
sid e n a r. do R c í c n d c , 4 5 .
A ndré P ereira L im a , pi-aca d a C o o stitu içã o . 1 6 , reside r. F o r m o s a , 66-
A n t ô n io C aetan o d e A lm e id a Baljia, r. d o H o s p íc io , 7 8 A.
A n t o n io F erreira Vianiia, r. D ireita , 14.
Dr. A n to n io J o sé d e A z e v e d o , r. dn T h c a tr o , 2 0 .
A n tô n io L u i i S a y Ú o , r. d o Cano.
C on selh eiro A n to n io M anoel d e Cam pos M ello, 5. Andarahy, fabrica
dn ch ita , c r. d o Hospij>io, 2 9 .
D r . D. A n to n io M aria N c t c s do S i lv e ir a , ' F id algo C avalleiro da Casa---
Ttnperlal, e script, r. do C o n d e , 3 5 , resid e r. do P rin c ip e , 1 6 4 (Caj.)
A n t o n lo P ereira R e b o u ç a s , ^ 3 , r. dc S . P e d r o , S 4 , 1" an d ar d o 2*
sob ra d o ã e s q u e r d a , reside r. d o S e n a d o , e m frente 4 tra v . d i S eo.*
A n to n io R ib eiro d c M nura, r. d u S a c r a m e n to , 1 0 , 2° andar, escrip to r io
p raça da C onatitniçâo. 5 6 . (A u to r da ôbra i M a na a í do E difican tcf
tio Proprielario e do Inquilino. ( * )
Dr. A n to n io R o d rig u es P io , r. d o R o fa H o , 3 8 , 1 “ an d ar, r e s id e r. dc
S anto A m a r o , chacara d o B o s í j u c . Encnrrcga-sc dc q u aesq u cr causas.
D. A n to n io do S aldanha da G am a, 2 , <^6; 2 , e s c r ip to r io praça
d a C on stiíu içjrt, 12, loja, resid e r. d o i ’o r m d i o , 462.
.Vrlindo C arn eiro da Fiiva B rag a, r. do H o s p ic io , 3 9 , 1 " andar.
Dr. A u g u s t o T eixeira d e F r e ita s , ^ 5 , r. d o S a b ã o , 7 3 , so b rad o. ( A u ­
tor da Confolii/açriu ria» Leia C iv is , ob ra imprc5.«a p o r o r d e m do
G o v e r n o I m p e r ia l c revista p o r u m a C om m iss« o n o m e a d a p elo
m e s m o G o T e m o , cujo p arecer fo i a p p r n v a d o p e lo D e c r e to d c 2 2 d e
D eze m b ro d c 1 8 5 8 , ) ( * )
B e n e d ic to J o sé da S ilva F ranpa, na cid a d c d e Cuyabíi ( p r o v ín c ia dc
M atto-G rossn].
B ernardo T eix eira d c.^ lorats Leite V e lh o , escrip to rio r. D irm ta, 6 1 .
Dr. C aetano A lb erto S'% ^ 4 , r. do S a b ã o , 7 1 , res' nti r. d e S . A m ’. 6 0 .
Caetano A ir e s do Sr..' F itguoiras, r. de S . P e d ro , 8 5 , e í í . do C o n d e , 5 5 .
Caetano Evavisto Vieira d e S á , v. d o H o s p íc io , 2 7 .

{*) A' venda aa livraria de E. & H. Laemmert. r. da Qaltaiida, “7.


32"

#àm 757
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

300 I
l>i% C m idid o M en d es d’A T n u *.À i>. r. ilii C arm rt.iS. res. i \ L ap a, 9 3 .
Cjirlíis A n t o n i o CorQeiro, r. dò CoiííIc, 36*
C arlos ;\r ih u r B u scli Varcllft, r.’ d o Siibuo, i 07.
D r . A. J. Fernandes do S;’í. r. d o ítnsarfo, 88.
C arlos F en -cira Frauç;i. r. d o L a v r ., 1 1 3 , «K:ri^L r. d o H o s p . , 7 8 A.
Dl'. Gai:Kts d c 'F lg u elfcd o M u n iz, r. dò S a b ã o , 7 3 , «obràdo.
C a rlo s F c«d«rico Taytop, v. JaQuiiUtvda, I t õ , réRidü n a r. ^\^ L apu, S 8 .
D r . Carlos Marques Lisboa, r. d o Sabilo, TS, ; o b i? d o .
Dr. C G. dc V. G u a o ^ a r a , r. do Hosi»icio, 1.
D r Ç a s i n w o J o sé d e M oraos-Sorm unto, «J» 2 . r. d c S. C lc D ie n lr . 60.
í>«-. Clrnstòrrio M iranda da N o b r c j a A ndrade, r. N o v a d o O u v id o r , 1.
D arlo Rapliael Collado, r. d_«s O urives,õQ .res. r. L. d e S . < 9 i.
Dr. D o m in g o s Slanoel d e Ò lívcira Q nintãna, r. Foi*mo.«a. 6^.
D o m in g o s M on teiro P e ix o to , r. d ’A llan d ega, 6 1 , 1* a«d .
D,r. E r n e s w Ferreira F ran ça, i*. d o Hosario.
F elip p e da Motta do A zeved o Convés, r. do C a m io , 1 8 B.
F ern an d o S eliasiíão Dias da M otla, 8 , ^ ft, »*. D i r e i t a . 1 4 . jóbrad»»
F ir m o d e A ÍI> uqucrqueD inii, « v r i y t o i io r . d o Cai»o. 4&. ' » “ *•
Bla^no FarnèsCj r, da A lfa n d o p i, 9ft.
Dr. Francisco Á n to n io Pcreira lloülia, r. Dicoila 56 •. ,
Francisco d e Assis Vieira B n c n » , r. dosPcscad*'' * «n. ar.
Dr. F rancisco C ândido M arciano Fonioitra ' ' i « •
c io , 8 9 , 1 -a u d a r . "

. .. U 05 w g w i , s , ii o .
Dr. F ran cisco L," '’
^ l i d a S ilv a , K. H osp . ,S 9 ,r c s . r. d e S . C i e m . , 1 1 0 A.
D r. F . O c l í '
s oh' 10 d e A lm eid a U . o s a. , ' ^ 5 ., escrip torio r. da Q u ita n d a , 5 3 ,
.>iano
y, .l a d o , reside na rua d c Santa T h eresa, 9.
• F ran cisco R ib eiro da Pjilva Q u e ir o z , r. d o Cano, 23.
D r. F ran cisco d c S a l lt » d * R o s a , escrip torio r. do Sai»âo, 7 1 , 1“ andar,
d c la itle , e r. d o s P e sc a d o r e s , 6 1 ; reside na lad. d o C astello, 2fl, e r.
d r S . C h ristorão, 61.
Dr. Gaspar da C u o b a P in to F alcu o, e s c r ip to r io r. d o R o s a r io , 52.
G u ilh e rm e B an d eira d e G ouvG a, r. d osJL alociros, S9.
Dr, H en riq u e Corr*M ot‘, r. da Q u ita n d a , 8 1 , s o b r a d o , c r . d o Sahrto,73.
Ig n a c io A ccioli d e C e r q a c ir a e S ‘, 2 , r. do P e d r e g i i l. . 5 0 (S. C hrist.)
I g n a c io U a n o e l A lvares d’A i e v c d o , 5 , escrip torio r. do H o s p í c i o , 13.
Dr. J. M e n d e s M alb ciros, r. da Q u itan d a, 55.
Dr. J o u o Affonso Lim a N o ç t t c ir a , r. d c í>. J o s é . 8.
Dr. Joiío A lv es da Silva O liveira, r. d o S a b ií o , 7 5 , .^oiirado.
D esem b argad or J ou o A n tô n io do, M iranda, 2 , e s c r ip to r io r. D ir e it a ,
1 5 , resid e r. do S e n a d o , 11 &.
D r. J o ã o Baptists P ereira, r. d o S a b ü o. 6 5 , 2 ' a n d ., « irav. d u P a ç o ,2 G
Josio Caldas V ianna, ‘f ' S , 5 , r. d» ll c g e n t e , ü 2 .
J o ã o d c Curqueira L im a . r. de S. P i.slm , 1 9 . Kidal^o C a v a lle ir o da
Caji;i I m p e r ia l, reside r. de S an ta T h e r e sa . üA.
JoSo3 o F elip p e «Ia C««iliu lljim lfinuli; Mídlo, e.ii;rip. r. da Quilaiid;», HW|.

158 9Á I
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

AD.Y-aGA09S.
Joiíií F»irlmi0 lo ilc Bfiíò jibrcn Sousa u Wcnw.CN í?. dc S. Pctíru, N5,
«Tstjúina Jn r. í l c í c o s u l c r . deMatai;!ivaHus,’38.
Dl*. Joâo Ncpomuccno MacHádo, 'r. dc S, Pedro, 3A, ros. r. do C yl.,yü.
Dl. Joilo da lVc>cha Mirauída, o Silva, r. do Sabíío, 7S, sobrado.
Jütío dc Siqueira Q.ufeiro'*, 3 , r. do Otiyjdor, 167;
Joaquim ftaptísta dc Souza C asi«llõ«, oscriptorio r. dc S. P edro, i&.
Jo aquim Cornclib dns Sanfos. r. do Rosario. 52.
Joaquim Josú dc A*ovcdo, ^ 2 dc P ., r. RÍrcita, 61.
Desembargador Jonqnim Jrieu Pacdieco, t*. do Hospício, 1.
Dr. Joaquim Josô Polbares, r. dü Sabão, 65, sobrado.
Jo aquim José T e iv , ^ 5, r. dc S. Pvdro, reside r. do Caltctc, 157.
Joaqoim Manoel Gaspar ile Almeida, $, r. do Rosario, 123.
Jo aqu im RusscH, i . do Rnsni io, 50.
Josú Francisco da Silva Amaral» r. do >kispicio, 78 A.
Jusé Joaquim Barbosa dc Araújo, r. do H ospic'o, 37.
José Joaquim <!«•» C am iu, r. OircHo, 86.
Dr. Josú Joaquim F w r d ra Vollc. r. do.C anno, l á B .
José Joaquim Macííado, pr. da Conslituiyão, 3, rcsid? cm S. (Jlirisluv.
Josc Julio dc Fi cilos Coutinbo, escrijitorio r. dc S. P edro, 5 1 , reside
r. da ím p e m tiii, 95.
Josc Mnria d» SilraViilho, r. dos Ouri<r«s, 59, c llio-Conipridy. 30 A.
Dr. Josú U artiniano dc A lcncar, praça da C oustituicão. 73.
Josc M oreira Barbosa> r. dc S. Pedro, 45.
Josc Pcdi '0 Carlos da Fouscca, r. do C a n o , 2 i , c r. A juda, 5'i.
Josc Soares da S i l t a , r. dos Pescadores, 4 2 , 1 'a u d a r.
Dr. Josc Thomaz d’Aquiui*, S, ^ 6, © G. I .. r. da Carioca. 75.
Conselheiro "Josc Xbomaz Nabuto dc Araujo. *5* ^ 5, r. do O uvi­
d o r, 31, 2- and., c r. do Caitctc. 171.
Dr JoséVicenlB dç Azeredo Coutioho, r. do Uos.irio, ’25.
Dr. LatayeUo Rodrigues Pereira, r. du Sabíío. 73, sobrado.
Dr. Lopo Dinia Cordeiro, " 0 escripL daádvocaoia , r. do Cano, Íi3.
Luiz Antonio RnpUsta, r. das Violas, 6.
L u ll Antonio da Silva Nazareth, r. do Espirito Santo, 12.
Luiz Antonio da Silva Nunes, r. dos Ourives, 59, c r. dc S. Amaro, 10.
Desembargador Luiz Fortunato de Brito Abreu Souza e M cneics, ^ 2,
c Commcndador da Ordem Romana dc Gregorio M agn o , cscriplorio
r. de S. Pedro, 85, esq. da r. dos Ourives, reside r. do C onde. 55.
Íj Uís Gonzaga de Souza f)astos, cscrip. r. do Hospício, 15, reside r. dc
S. Clemente, 95.
Luiz Joaquim dc Oliveira c Castro, Ri«>Compridc>.
Manool Ignacio Goniaga, esvriptorio bccco dos Barbeiros, J, reside na
praia du Boinfogn, IA.
Mauocl Maria Modesto Góes dc Lacerda, r. da Carioca, 7U.
'liircos Antonio Rilwtvo Monteiro dc Barros, r. do Cano, 24.
Miguel Borges dc Cíisiro Azevedo c Mello, r. di» Espirito S anto. 3ü.
!)r. Paulo Josc Pcrelni de Almeida Torres, r. Diruita. l ü .
P íu lin o Fr«ncisco dc Amuriui, becco do Suspiro. 16, sobrado.
Dr. Paulino Josc Sourcs dc S o iu a, r. do ?abão, 73, reside ua r. dc
Saulo A m aro, 3.

759
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

sos PR0FI8SÕEB.
D f ' P e d r o de Alcanlara S a r d en b erg . r. d ó H o sp id io , 1 6 A. •
P e d r o V c l l o s o R a b eV o, v.,d o O u v id o r, 3 4 . 2*
CoDSclheit '0 D r . S o u s a F i'a o c o . p ia y a da CoMSÜtuiçKo, ‘1 8-
D r . P e d r o A n lo u io d e O liv e ir a , v. do Cainio,. 4 1 9 .
D r . T h o i i i a i J o s é P lu to do C c r q u c i r a , ^ 3 , r. d o s P c g e a d o r e s , à 2 , 1*
au ü ar , resid e r. d o s ü cn ed ic tln o » . 4.
U rb an o S a b in o P e ss o a d e M e llo , ^ 5 , r. do R o f a r iv , 5 5 . r e s id e i*. d e
M atacavaU os, 2 3 .
O r. V icttü ie d e A serv d o C o u tin b o . v. d*> R o s a r io . 2 5 .
V icto r J o s é N e l t o , r. D i r c l a , 17.
C on se lh eir o Zucharias d e G oes e V a s c b n o e llo j . ^ 5 . r. d o H o s p íc io .
2 6 , 1* andar.

Escrlptoríos de Coasaltas em Negocios Forenses. [M S

Coiis* Diogo Soares da Silva de Bivar, 5 , ^ 6, r. da Conceição, 16.


Escríptorío d<>s advogados associados Francisco C andidu Marciano
Foutoura e C a slro e Arlindo C arneiro da Silva íira g a , r. do Hos­
pício, 39,. 1* andar.
D. JoséAutonio Freirede Andrade, Fidalgo deGrandesf? Antigos Solare*
conhecidos e Cota d ’Armas, c M ofo Fidalgy com e x e rcid o na Casa
Real de Portugal, r. do P rín c ip e . 20. Cajueiros.
José da Costa M acedo, r. d'Alfandegc, 8ú.
L nit Emilio Vieira Lisboa, r. d'Alfandega, 8 4 . reside v. do Carmo , i9 .
Victcrino José da Sil^a Netto, v. Direita, 17 ,1* andar.
Noiainato José dc Assis, r. du Hospício, 63, 2» andar.

Escrlptorio de Advocacia Commercial. [619


M- F. Mendonça, r. Direita, 49.

Escrlptorio de Redacçlo. [619 A


Dr. Reginaldo Sluiiii Freire, r, do Cano, 66.

iDqoiridores so Cível e Crime. [620

Antonio da Costa Souza (e do Cam ara Ecclesiastical, •§• 3, r. do


Costa, 60 A. *
B ernardo P into de Carvalho, r. de S. P edro, 196.
Camara B ittencourt, r. do Espirito Santo, 9, e r. da Frainlia, 36.

160 OAB
Volume 1 O lAB e os Advogados no Império

ADV0G4008. B03

Solicitadores de'iadiencias. [621


AulOiiio CosUi Cuiuiarões, r. das Viola», 111,
Anioniü Fi-ancisco ,da :Süvá, ju n io r, m o rro da Providew ia, 4. mii «la
Traciidu Cujntucruio j csw iptorio v. Bircita, 51.
dhtoiiio F irm ino G ú n a , r. dO fSahão, 226.
AuwUano Mai'CoUuo dc A tcredo c oo tinh o j r. doE spivito Saiiio. I I .
Bcnmrdo P into do C arvalho, r . d c S . P e d ro , Í9ft»
Bti-nardinodeSouitallibeiro Guimurlics, cscriptorioi*. d aQ u ilatid a.1 2 4 ,
reside, «o Cosme-Vclho, SS.
0 , B n i i N ic o lá o da S ilv eira , cscrip toriu n.i r. do F o g o , 1 3 3 , sy b ra d n .
ru o in eg R -$ c dccausas eiveis,u*im èse coüimei*üiacs,iuv'cnUii*los.€lc.
C KLCyriNÜ MAUiUCíO QUHS'TAMLHA. Solicitador dos j^udiiyi i-js.
iiubalha no escripiorio dc Advocacia do Conselheiro Francisco Dioj'«*
P ereira de Vaseonuellos, r. Direita, 65, onde pode scr pi'ocurH<í«j
para qualquer nogocio forense.
CapilâoDiogo Manoel Gaspar, r. d o P ara iso , iio morro de P aula Malto».
e«criptorio r. Dircila, 4 9 ,1 * andar.
Frnoeisco Anloiiio de Jesu s, r. d’AHandc^a, 370.
Franc-iíco José da Siiva R auialho, r. do H o spiu i'S 1" aiirtwr,
••csidc r. N o ra dc 5. Pedro, 22.
Fruneisco Jusé Pereira (da Relaeâu), r. do Saorauienlo, 12.
Fríuieisco X avier de Souza CouUulio, r. di» H-ispicio, 39. 1* « n d a r , ç.
r. dii Prinuc/.a, 69 (€ aj.)
tíuilheruiC Midoíi P ereira dy Nasciiucnlo. r. d*.* Sabíio* lõ $ .
Joaquim -lose Teixeira di: Corvall»». íjidiciUidor provinonatl»' peln
trlljiinal da llclaitíio. [»od«iid<* por isso requerer cni tu d " ) li’i-
hnniies de jusliija, c assigiiar rcqnfrimenti>s iias causas yytntu-ír-
oiaes. r. d:i Gloria.
Jusú JJaplista QuinUuülUu. cuearivga-i»c de 'piahiuer eausa Iciiden'.-:
ao rúvo. U ntü no cívcI c«*um» no uoimucreíid. •• « rim r .
V. de S aulo Aiiioniu, ii.
Luiz U'>'lriif«cs da Silva, ^yljciiador doí AuUilnrios. e Districlos
da Kcla«:ão desta íiòrtc, e do Ju iio E cdesiastico, lanto para o ei>c1
com o crim e e com m ercial * e encarrega-se de soUnra de preso s, *.
de S. P edro, 1A2.
Lui» Maxioio Barbosa, r . de S. João, 2 i(?íielh croy )!

0 SOLtClTADOU
MANOEL HIBEIRO PESSOA
24 Rua da Assembléa 24
K ncarre^A -sc uesta eôrte d c tr a to r ^6 r|uaesr|uer caLisH« eiveis,
i;r::nc8, u u u o in m erciaw ; iuveutnrios, appeibvçííes o g rá o d e vc-
vi*ta : ti r a r p a te u te í i' 'juswsquer outros titulos.
Promove u a s d iversas ropartiçõee tnBo o <j«e ffir p e rleu cso to í ç u a
p:yâs8ão ; e aerti wncontrado todos os d ia s n a casa da su a resido ti-
i;ia H'^ui iud icad a.

mÀ# 161
_____________ Historia da
Ordem dos Advogados do Brasil

LISTAGEM DOS ADVOGADOS D O MUNICÍPIO


NEUTRO DA CORTE
( 1880 )

FONTE: A lm a n a c k Laem m eru Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e Província do


Rio de Janeiro. Rio de Janeiro^ 1880. p. 662/ 9.

762 Q 4I
Volume 1 O lAB e os Advogados no Império

PROFISSÕES.
Advogaâos habilitados legalmeate piu’a o ezoroioio da
adrocaola. [t\ui
Dr. Aoaciopol^roorjjo Figueira tio Agnlnr, r. LoopoUlina, ft, sobrado.
Dr. Aocioli (fo Brito, r. d«) KonArlo, 83. (Euro{>o,)
Dr. Adolpbo dc Barros Cuvnlcanti de Lucordo, v. do Carmo, h l .
Dr. ÂiToiiso Arthur Pcroira ftlontoiro, 2 do P., r. do Carmo, 6 0 ; reside r.
do Hesende, 1!Í2.
Conicliieiro Dr. AíTonso Celso dc Assis Figueiredo, r. do Lnvradio, i hZ.
Dr. Agostinho Marqfucs Fcrdigüo Mallieii'o, * 2 ; Pclropolis. (Autor das
obras sohro Suecsssão ríos fiütns m U iroíti tio Mctnual 'lo Procuvador fio/
f*l\o iy ícpundíi edição dc 1872, eto.) [*)
Dr. Agostinho Máximo ííogneÍr.T Peuido, r Primeiro dc Março, 50.
Dr. Âlbcrio dcCarvolho, i . dnQuitunda, 66, u r. da BOa-Vísia, 38, Gár&u.
Dr. Alberto Fialho, r do Fíullio, 2.
D r. Albino dns Santos Pcrdra,'‘ r. do Senhor dos Passos, i5 .
Dr. Aleoc»! Junior, r. do Csrntu, &7.
Dr. Alexandre Cardoso Fontes, f. do Rosário. 37, e r . Bell o da Princeui,
Cattete-
Dr Alfredo ClanJio da Silva, hecco das Canccilas, c r. I). Bíbi&na, ú B.
Dr. Alfredo de Queiroz, ^ 6, r. Sete d« Setembro, 25, sobrado; reside
r. do Aqiieducto, 5.
Dr. Alvaro Caminha Tavares da Silva, 5, r. do Rosario, (ti, o r. do Sena­
dor Pompeu, 194.
Dr. Américo de Moura Marcondes de Andrade. (Presidente da provincia do
Rio do Janeiro.)
Conselheiro Dr. Aodré Aogustu do Padua Floury, r. do Rosario, 66, e r. da
85-
Dr. André Cordeiro de Araujo Lima, r. do Rosurlo, 47, o r. da Pedreira da
Gloria, 38.
Dr. André Pereira Lima (Juix de Djr«ito arulso), r. do Lnvradio, 39.
Dr. Antonio Achilles de Miranda Varejão, ^ 6, i~. d o O u tid b r ,6 1 , e r. Leite
Leal, 18, esquina da do Leão.
Dr. Antonio Alves de Soiizn Cnrralho, ^ 5, r. do líuspicio, 26, e r. dí>
Evaristo da Veiga. 80.
Dr. Antonio Dias de Pinna Ju nior, r. d'&lfandega, 27.
Dr. Antonio Eulnlío Monteiro, «scnptorío, r. d’Airandega, 27 ; reside
r. do Conde dc Bomíim, 86.
Dr. Antonio Feireira Yiaana, r. da Quitanda, Ü3 ; reside r. de Santa
Christina, 1.
Dr. Antonio Francisco Villaça de Aífivedn, r dn General C am ara, 6 2 ; resi­
de r. do Visconde d i Uruguay, Nitherohy.
Dr. Antonio Joaquimi Fernandes dc Oiiveira, r. d» Quitanda, 78, 2* andar.
Conselheiro Dr. Antonio Joaquim Iliba#, 2, ^ 6, r. do S. Pedro, h k ,‘ resido
r. Bumaità, 17.
{•) Á v enda na Livra ria Universal d e E. & H. Lacm m cri, r , do O uvidor, 66.

763
_____________ Historia da
Ordem dos Advogados do Brasil

A O V O O A D O I. ■
!Dr. Antonio Jonü Uodrlgiio» ilu Ollvoii’n r. do TlioojiiiUoOUcitii) lOA.
Dr. AiUonio Jn;6 UodHgucs TorroB NuUo, r. dn Gonorai Camnra, SO, o r. dc
Soinlo Ámoi'0t7^i,
Dr. Antonín Lulx SayKo Junior, prnpa cia ConstituipHn, S4. ( N íls o d r o ^ a .)
Lofonibargodor ür, Aatonin Moiiool Fornniulo«, ^ 5, dos Miirre<’(i8,13.
D r. Antotilft Mnnoal do S o m a Olivoiro, r. (lo Vlscondô do Hio-Brimco, 6.
D r. A n l '» n : o M o re icii T o T a r a s , ^ 5, o a o r i p t o H o , r . d o I \ o» op 1o , 2 5 ; r e s i d o
r . d o SiMtfidor K u s u b i o , 3 0 2 .
Dr. Antonio do Poida R ouiob Junior, r. d'Airondoga, 28 ; rcsído r. do Gene-
ral CiiUlweU, 107.
Dr. Antoiilo t*aulliio Soaros de Soutu, Deputodo Provincial polo 2" distriotii da
prov. do Rio de Jnneiro, cscrlploHa, r. do Lavradio, IS , e r. do Calielc, 8.
Dr. Antonio I’cdro dc Aleno!«slro i'linior,'reside r. du Passagem, 1.
Consclhfiii'o Dr. Antonio Pedro da Costa PIntn, r.'Humail&, 10,
Conselheiro Antonio Porcira Rcboiiyom, @*3, r. do Paswio, 6Ó. (N?!o advoga.)
Dr. A ntoniol\ibciro SilTt Porto, r. do Senado i t , sobrado, e r. do General
Pidydoroi 92.
Dr. Antonio do Souta Lcüúo Hnldonado, r. do Hosario, 57, o r . dos Ou­
rives, 15â.
Dr. Anjrsio Sabthiol Carneiro da Cunhn, ^ 5, escrlptorio, r. do HospiciOt
82, Í ondi»r; reside r. db Leiio, A.
Dr. ArftMjo FUgueiras Junior (Jos4 Anlonio), r. d'Alfandega, 8S ^ r<*s«<l«
r. do flewnde, 4 AS A.
Dr. Arislides da Silveira Loho, r. dosOurivcs, 37.
Dr. Augnslo Alvorei de Azevedo, r. Primeiro.de Março, 13, I* audar; rciidc
proia do FJamengo,2.
Dr, Aitgnsto Toixeiru de Freitas Junior, ^ 5 ; S Dumingos, NilheroIi;f.
Dr. Augusto Teixeira de Freitas Senior, ^ 5, escriptorio, r. da Misericórdia,
8 ; reside eoi S. Domingos, r. da Praia, 13.1. (Aulor da ConsoUcUição dat
Lei* C'aU, obra improssa por ordeoi do Governo Im perial, e vcvista por um a
commissão,cujo parecer foi approvodo pelo mesmo Governo, impressa em
3* ediçlío, e consideravelmente augmentada de notas {*) c do Codigo Civil.)
Dr. Ba]itista Pereira (Jo3o), r. Primeiro de Msrço* 12.
Dr. Bento Pinto Ribeiro Pereira de Sampaio, ^ 6 , r. do Bispo, 29, c r. do
Carmo, 57.
Dr. Busch Varella (Carlos Arthur), cscríptorio, r. da Quitanda, 123; reside
r. das Larangeiras, 3.
Dr. C s i d í D o de Cunha Figueiredo, r. do Hospicio, 30, e r do Cattetc, 13ü.
Dr. CamilloJosé Pereira de Faro, r. do Uosurio, 66 ; reside r. da Ptedode, 8.
Dr. Cândido Fernandes da Cosia ObimariSes Ju nior, praya da Areiam., i'21.
flenador, Dr. Cândido Mendes de Almeida? 5» + 3, r N ota do Ouvidor, 33;
reside r. do Torres, 3.
Dr. Carlos Alberto de Bulhões Ribeiro, escriptorío, r. do General Cam ara,05;
reside r. Paysaodú, 7.
Dr. C.'irlos Antônio de Carvalho, r. do Marquez de Abianter, 70.
D r. Carlos A ntooiodaFraaça Carvalho, r. da Qiiilanda, 37, e r. do Uiu-
chuelo, 3&8.

(*} Á ve ad a n a Livraria Universal d e B. & H. Laein merr. r . d o O a v ido r, M .

764 9AB
Volume 1 O lAB e os Advogados no Im pério

004 ADVOGADOS.
Ui‘. Gnrlog A tiR iiíl» tiu CiirvnUio, r. i a Hiiii>)uU>, 31, a r. tl» lm [)cruti'lx, 100,
De, CorliiH (Iniin(« «Mollioíc», i \ ih> íih, 1* «ucIaí’.
Dv. C nv lt« lM'oiU‘i'!i’tuMní'ii(ieh P o rillp rm , o»in']j»tovlo, r . d o C a n i l o , Íi2 *, voíUlo
V. ilo Cusmo-Vcllid, 50. (Uoilno<rI5n ilii C«ííía Juridiea.)
D r. Cnrlos Tuyloi-, osuiipluriu, r, 1’iÍin ciroU c Mur^o, 7 6 , i ' aiular,
e f. (Ia D<>h- V í s I íi , 20,
D r. IloiMHÚo d c F i ^ i i o i r c í l o , V. ilo S c n o i l o r P o m p o i i , i Q 2 , s o l t r a d o .
D r. Cni-los T i l o C u lla ilo j v. 1 'i 'im c iro <lc M u r ç o , 7 i ; r c s itlc v. (Ío S. Jo f> -
(piini, 197.
JDr. C ííJm i í h o G o» i {>! d c OJivcic », r . S c l c <le S c l e m b r o ^ 2 2 .
Dl'. C c s u f io Aiig(i8io <lo M e l l o . ^ 6 , r. ü o Geiicr& l C a m a r a , 1 7 , o U i t l c i r a d o
A s c ' i r r a , 5. C o > m c V c llu '.
Dr. C h rJ slü v r iu M ir a n d ii d o N o b r c g o A n d r n c lc , li, r . N o v a d o O u r i d o i ' , 1 ,
0 r.d a Am erica, 176. (Provisioiiado.J
Dl-, Cnnjia S n lles, r. tio Cnrm o, 18.
D r. C i i s l o d i o M arcio llin o tlc M a g u llià a * , r . d o R o s a T i o , 7 íj, 1* andni-, a r . do
S , C a r l o s , 7 , N i t h « r o l iy .
C o n s e l l i e i r u D r D i o g o V e l h o C h » o lc ü tili d c A lb u f j u c r t j u c , • J ' 2 ; i $ i l , e t c . ,
r . ilo l í o s p i c i o , 3 2 , 1* aiuU ir; r e s i d e r . d o S e n a d o r V c r g u u i r o , úO.
D r . D o m i n g o s d e A n d r a d e F i g u e i r a , r. d o H o a p . , 3 0 , e r . d e S a n t a T l i e r c s . i , 3 2 .
D r . D o m i n g o » J o s ò íla C ü i i h a , r. P i - i m e i r o d c M a r ç o , 4 3 .
D r . E d u a r d o d c A n d r a d e P i n t o , r. d o R i u c i m o l o , 1 2 4 .
D r. EIíqb F r e d e r i c o d e A f o ie id a A l b u q u e r q u e , r. d o H o s p i c i o , 1, 1* a n d a r ,
e r. d e S . L u í i , 1 1 , B o ta fo g o .
D e s e m b a r g a d o r Dr. Ei n e a t o P c r r e i i o F r a n p a , 3, r. d o S « u a d O i 1 1 , s o b r a d o .
Dl’. C r n c í t o Josfi d o s S a n t o s o S iW a , r. d o R o s á r i o , 8 9 , 1* a n d a r , e r . d e
S a n ta A ie x an d rin a , S3.
D r. F . M . d c Sfi e B c n c v i d ç s , r. d a Q u i t a n d o , 1 2 3 .
D r . F e l i p p c J a n s c i i d c C a s i r o A l b u q u e r q u e J u n i o r , r . N o r a d o O u v i d o r , 2,
D r . FcH x A n t o n i o P e r e i r a L i m a , r. d o -Genera l C u m a r a . 6 9 .
D r . Fe)Jx José d o Coata e S o u z a , r. d o G e n e r a l C a l d ^ eH, 3 9 .
D r. F e liia r d o P in lieiro de C a m p o s, ^ 5 , c h io n is ta dos sessões do S u p r e m o
T r i b u n a l d a R e l a p ü o e d n J u r y , e a e r i p t o r i o , r. d ’ A jn d a , 19.
D r. F ir m o dc A lb u q u e rq u e D i n b , . | è S ; C a r a llc iro da O r d e m R e a l . d a C o r ô a
d a P r u ss ia , F idalgo C araH eiro d a C asa I m p e ria l; e sc rip ío rio , r . d o H o sp íc io
9 s reside r. das L ara o g e ira s, 50.
Dr. Francisco Antonio P«'ssoa de Barros, r. dos O utívcs, 87.
D r . F r a n c i s c o A i a r i a s d c . Q u e i r o í D o l ^ h o , r. P r i m e i r o d e M a r ç o , 1 1 7 .
D r. F r a n c i s c o DopWsla M a i q u c s P in lie ir» ', r. iln s O m i v e a , 15 3 .
D r. Fran cisco C ândido de B u lh õ e s R ib e iro ,|r. d o H o s p i o i o , Íi2.
D r. F ran c isco C ân d id o C ardoso, r t do C arm o , 1 8 .
D r. F r a n c i s c o d e C a r v a l l i o F i g u e i r a d e M d l o , e ; c n p ( o r i o , r . d a Q u i t a n d a , 1 2 3 ;
reside r . d o C a tte te ,1 9 2 .
D r. F r a n c i s c o d « C o s ta C h a v e s F a r i a , r, d o C a r m o , 6 5 , e E s t r a d o d a T i j o c a , 1 5,
C o n s e l h e i r o D r . F r a n c i s c o J a n u a r i o da G&ma C e r q u e i r a , r . d o C a r t ã o , 39.
D r . F r a n c i s o o J o s é f e r r e i r a B m p tista , r. d e S . P e d r o , 3 1 1 .
D r . F r a n c i s c o J o s é d e L e m o s , r. d o R o s á r i o , 1 1 8 , 1* a n d a r , c r . d a P r a i a , 5 5 .
D r. F ran c isco J o s á d o O liv e ira T o s ta , b ? cc o d a s C a n c v i f a s , 3 ; r e s i d e r. das-
L a r a n g e ir a S ) 2 5 .

•A l 765
_____________ Historia da
O rdem dos Advogados do Brasil

AOrOQADOS. Qgg
Dr. FrnnolKfl Müiuloa (IoPulrn> r . l ’i'lmolro do Hurpn, A5, a r. Oi.
SonAilor, Consülliuiro D i. Fronuisuo Oclnvlono do A lm eida Ro*n, @ 2, r. de
H a r lt 0 Bnri'0 1 , 28,
Dr. Pronoiioo cio Pnulü GiilrnarUoi, ± 4, 3 ; C om m on ila d or <la Ordotn
(Io S.PDrnoiulo du N opo Iob, r. dot Ourlvo», 147,
Dr, FraooisDO Paulino Snoros do Souta. bocco dasCancuIlai, o r, do Co#n)@
Volho, 12.
I>r. Francisco do Sallcs Rona, r, do Lurrndio, 15, sobrodo; cuaide ladciru
do Ctitlcllo,22. (No CIvtl, Commercial o Ecclesioetiuo.)
Dl'. Francisco Tci^oiro du Souza Alves, r. da Quitooda, 7 9 , o r. do
D. Mnrionno, /i.
ConsclUciro Dr. Francisco Xavier Pinto tlm o, r. do Rosai io, 54; resido r. do
Cattotoi 134.
Dr. FiantUn Amoi-ico dc M«nci<í6 Docia, g) c. do GennraV Camara, Ôíi; r e ­
sido praia da Lapa, 28, clialct.
Dl*;'Frederico dc Almelíla Ucgo.r. do Ci. Cam., 65; reside r. de S. Joaquim,!
Dr. Galdino dc Freitas Travassos, r. do Rosario, 36, c r. dc José Bonifácio,
3. Domingos.
Dr. Guilbormo Dundeiru dc GouvGa, r. dos Ourives.
Dr. Hcniiquo CoirOa Moreira, I*. da Qultandu, 89, c Iravcssa do Marquez dc
Paraná; 2.
Dl . Henrique Linjpn de Abrou, proça do Duque de Caxias, 21.
Dr. RcraciJto de Aleiioaslro Pereira da Graça, r. Guanabara, *8.
Dr. Hcroiogene; Pereira de Q ueiror e Silvo, r. do Uetarjo, 64; reside r. do
D. Csrinta, 11.
Dr. Ilonorio Augusto Ribeiro, ^ 6; 3, escriptorio) r. Municipal, 15; resida
r. dos Arcos, 20.
Dr. Horta dc Aroujo, h o ld dc Santa Thcrczu.
Desembargador Dr. h id ro Borges Monteiro, ^ 5 ; # 2, r. do Rosário, 8 1 ;
e r. do Desembargador Iridro, 20.
Dr. l . A. Pereira C a rta llio , r. d o H o sp ício , 88.
Dr.-Jeronymo Bandnira de MoIIo, r. dos lavalidos, 115. (>*5o advoga.)
B r Jeronymo Maximo Nogueira Penido, ^ 3 , ^ 5 , r do Bosarío, 66; reside
largo de S.Dom ingos, Palacete.
Dr. Jeronymo Maximo Nogueira Penido Junior, r. Primeiro de Março, 50 ;
reside r. de José Bonifácio, 23, S. Domingos.
D r. JoSo Alves da SiUa Oliveira, r. do Hospicio, 83.
Dr. João Antonio de Araújo Vasconcellos, r. do Hospício» 26, e r. do Conde
d'Eu, 275.
Dr. João Antonío' de Segado» Yianna Janior, r. da Aafembléa, 6 8 , e r. do
Senador Vergueiro, 28.
Dr, Jo3o Aaloniüdc Souza Ribeiro, f- do Rosário, 38, e r. do Bar3o da Guara«
tiba, 11 B, Cattete.
Dr. 'Jo&o Cario# G^rcU da Almeida, r. Sete de Setembro, 61, e r. de Santo
Ignocio, 20 ; reside r. das Larangelras, 159,
Dr. Jo io Carlos de OHva 31aiõ, r. do Carmo, 26; (Especialidade, questões
commerciaes.)
Dr. JoSo EvangelistaSayúo de BulhSfs Catvíilhoj f. do Rosario, 6 7 , e r.**dO'
Passeio, 7.

166
Volume 1 O lAB e os Advogados no Im pério

A o r o a u r /o í.
Dr. I q^ o Frnnolico DIngn, r. (rAllkndvgo, M,@r, (Sfurl-in ilii V nlp, 36.
Dr. JoTIo Vriiuklin do Alonont* LInio, r. ilo Hnsnrlo, o r , do BUpo, M A.
Dr, Joflo ó o m r í G uoítu dfl A^juiniv ij» 3» Fldalffo Cnralloiro rtn Cuin Impo»
rial, i'. do Lnvrftdio, 87, o v. cloi tnrnngolro», 37.
Dl. JoUo Gonçolvoa da Sllta Monlari*oyoa, r. do S. l‘oili'o, 31, o.Loopoldo ,
Aiitlaroliy.
Df, JoSo Guocleí <Ia CarralJio, r. íJ»» OuriTOí, &fl, sobrndo.
Dr. Joílo José do MoiUu, r. dn» Andindo», 12D.
Dr. João Monteiro (In Lux^if 6; *0* 3, r.du Quitanda, 39, o v. Marlins Loge.
Dr. João Munis Cordoiro ia ta p b a , v. da Vrniniia, 150.
Dl . Joãrt P. S. CftnUHonliim, r. do RoAArio, S3.
Dr. João Peilrti Dclforl Vieira, r. dn Rosario, 83.
Dr. João Pereira Monteiro, r. do Carmo, 65.
Dr. João da Uooha Mit-undo o Silva, r. do Uosnrio, 50, e r. do Cottcic, 71.
Dr. Jo«<iU(in ds Silra, r. Jj* Quitanda, e t . do Sonatlor Cawiano, 5.
l)r. Joaquim Antonio Foviiando» dc Oliveira (1* Promotor Pubiioo), recrip-
torio, r, IMmoiro dc Morço, 10; reside r. do Conde do Boinlim, 3D À.
Dr. Joaquim Avelino d? Ca»tro Carneiro Leüo, r. de D. Marianna, 8,
Dr. Joaquim Baptists Ilodri^ucs da Silra, r. ào Sonado, 11, «ohraJo; resido
r. de S. Ijcopoldo, 413.
Dr. Joaquim Baptista de SouiaCastcllões, escriptorio, r. do Hospício, d; re>
side r. do Eiigenho-Novo* 13 k.
Sen a d o r Joaquim }eron yn } 0 Fernandes da Cunha, ^ 5, praia daiPJocJiai, 7,
8. Domiiigoa.
P r. Joaquim Jo&ide Cfírquoira Pilho, r. de S. Pedro, ü, e r. do RíachuelOf 29*
Desembargador Joaquim José-Paoheco, r. de S. Christovtío, 105 A.
Dr. loaquim José Palbarcf, * 2 de P ., r. do* O urlrci, 78.
Dr. |o«quim I om Teixeira, ^ f>, r. de Carvolho de Sá, 12.
Pr. loaqiitin Siattosd Ditqne-J^sii-ada Gamara, r. d'AlJ'andcga, 2, sobrado,
c r, de Santa Rosa, i , Nitliprolij.
Or, Jo9qi4l(U Pii'cs MstJjado Poitclla, ^ S, r. do Marquet de Ahranfcs, lih D.
Conselheiro Pr. Joaquim Saldanha Marinho, Advogado do Conselho du Estado,
r. (ia Carmo, W , onde é cnnsultado das 10 horas da manhã 6s h da
tardo, »i> recohendo atú às 2 horas ns pessoas «{ue o procurarem para ne­
gocio: Ue sua proflííSo; reside r. da I{eal‘Grond«ía, 27.
Dr. loaftuim dc Som a Reis (Hemljro «íTectivo do Conselho Naval), r. de
Carvalho de Sá, 10.
P r. Jorge Dornellas Ribeiro Pessoa, r. dm Passagem, 29.
Dr. JoiO A lrei Poreira U« Carvalho, r. do Hospicío, 88, e r . da Miseric. 90.
Drr José Anlonio de AíCv«do Castro, 2, ^ 5, Procurador dos Feitos da Fa-
>end«t r. da Cnnstituiçilo, 18; reside r. de Santo Ignacio, 11.
Dr. José Anionio Pinienla Bijeno, r. do Cosme-Velho.
Dr. /oȎ Caetano dc Paiva Pareira Tavares, r. do Ouvidor, 44, o r .d e S.Chrie-
tOTHO, i^ll.
Dr. José Carlos Pereira do Almeida Torres, r. do Regente, A3.
ConseUiciro José Fernandes da Costa Pereira, r. do Hoepicio, 98, e Boule­
vard, 60, Villa-Uabel.
Dr. Joȏ Ferreira dc Menezes, r. do Rnsaiio, 68.

OÁl 167
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

A D V O G A D O 8, QQ7
Dr. Forrolrn ífobro, oscriju oiln, r. ün Uosui-lo, 1 1 0 , 1* ondnr, o r . da
A u rora, S l , S. Cliriatovilo,
D r. JoiA Flgiiolrodo (]o Ã()drodtí, osoilptnrio, r. do C"i'mn, U7; rosido r. do
S u n lo G hriitina, 5 0 , m o ir n do Sanlu Tlioi-uzn.
Súnndor, Conaolhoíro Dr. Jusó Ignacio Silveira dn M otto , ^ 5 , r. d o Gormo,
30, rcsitlu iUio dn* Flftr«s.
Dr. Jítíé Jonquim <lo Cfirmo, r. do Q n iiam lo, S7.
Dr, jom6 Jvnquim do Ollvoíia c Stlvu, i-. <]q G onitiiuiçlio, AO.
M o n w n b o i'P re b e n ila d o <\a CapoUa I m p c i í a t Jn;6 Joar|iiÍrn P ereira Oa S ilra^
2; 2, r. <la AsscmbKa, i 8 - (Advoxudo no Pt'iro Eccle'^iuslico.)
Jfl»é Joaquim Rndrlgu»# Lopcn, 3 d« P . , SLoço Piclalgü c o m ux«rcioio no
Casa Im perial c Kidulgo Cnvoltciro clu C a s a U e a l d o P o r tu g a l , r. do P ào
F'jrro, 2S, S. Cln-isiovão-
Dr. J o sé Leandro do Godoy ViisconcelloB, uscriptorio, r. da Quít&nda, 34 ;
resido i'. Focuní, 1 9, Botaíbgo.
Consclliciro D i . Josó Libornlo Bnn-oso, G rnn-G niz da O rdem Erncslinft da
Casa Ouc&l <leSaxor\ift, i . An H o sp iriu , !2&j B r. dcCarTalho d e S á , 20.
Dr. Jiisíi Manoel Dnarle Limo, r. d olU i» ario , 57-
Dr. J o sé H aria ile A icredo V elho, r. do Corm o, 2 6, e r. dc Lima Barros, 5,
8. Ciiristovão.
Dr. Jiisè Maria L eilão da Cuolia, r. d ’AlTandcga, 4 , e r. do Gosme VcIIin, 21 .
Dr. J osé Maximo Nogueira P en id o, r. do Uos&río, 6(i, c r. Sorocaba, S2.
Dr. J o sé Pedro d e Piiiiicirciio Carvallio, r. do R osario, 83.
I)r. Jo sé (ib Sã Carvallio, r. da A ssem bléa, 1 8 ; resido r. do V iscond e dó
Itabnraiiy, 60.
Dr. J o sé <!a Silva Costa, 3 , r. do B o s a H o , 8 8 ; reside praia de B o ­
ta fogo, 204,
Dr. 3oaú da SiWa Matlos, escriplorío, r. do Marq nez de Abrantos. 6 0 .
José da SllTpira Torres, r. do Ri>sario, 5 3 , c r. d o H addock L o b o , 97. (Pro-
Tisionado.)
Dr. Josó Soares da S ilv o , v. P rimeiro de Março, 7 5 , so b ra d o , e r. da C o n -
ciliação, 2 1 , Rio-Conip rido.
Dr. José Thomaz de Aquino, 3, @ G. 1.. r. <la Carioca, 57, 2* andar.
Dr. Jo.sé Viriaio Ue Freitas, escriptorio, r. da Q uitanda, 1 2 5 ; reside r. do
L avradio, 61,
Ct>Q66ÍbeÍTo Dr. Josin o do Niiscimonto S ilva , ^ r. do U ia ch u elo , 192.
Dr. Josin o do Nascimento S ilv a .F illio , escriptorio, r. do R osario, Ul \ reside
r. d o V isc o nd e do Uruguay, 1 0 9 , Nitherohy.
Dr. JuUo A d o lp h o llib a s , c s c r ip t.,r . de S. P ed ro, Uh; reside r. H umaità, 17.
Dr. Ju lio Gesar Augusto do Carm o, escrlptorio, r, cio H o sp ício , 7 reside r.
de S . Christovão, 105 A.
Dr. J u l i o Cesar d e Freitas Coutiiiho, cscriptorio, r. d ’AJfaodega, 1 1 ; reside
prapa do C a slcllo , 8.
Dr. L e o p o ld o Victor Dwque-Esiraia d e F ig u e ir e d o , r. do H o sp ício , 29; reside
r. da D. Ribiana, 17.
Dr. Lo p o D inic Cordeiro, 4 ) 6; 4* 3 d e P ., 2 , Fidalgo CaTaüeiro dfl Casa
Im p e r i a l , r. de D . Luira, 6.
Dr. Lu iz Alvares de Azevedo Macedo, S, r. do R osario, 8 ü ; reside praí»
de Botafog o , 0 6 .

168 9Á 1
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Império

00$ ADV00AD08.
Cc>íUclli«l/’{' í)i’. J-«Ja *Jtf Silwi NiiiJOí, JJpiJiJí) link (JonuwÜM, 3 ; m i d o
r. (lua Lnrnngolrnut 25,
DüBuinlírtrgftilor Dr. IaiU. Foi'Uiunlo tia IJrllo Al»'u\í Suu«n ü Munctos, *5*2 ,
:J: 3, r. tio S. I’wli'O, 73 : rcsltlo r. (In lloíoiulo, hh.
Dl'. lAil* ForniiiHlM tio Ihlto Alu ou S diízh cMciicíos Flliw ,r. do S. Pcilro, 75;
roside r, tl« HrzoiuW, fiíi.
Dl'. X.UÍX UonHíiuu Peichn Cnmpos, Fjrialgo QOin cxcixjt;ic> na Cosa
Im p críal; 3 {)« P,, r. PeUorHílij», iO, ScniaTÍi«icai>.
Dr. Luii Joiu|HÍui DiKiuc-KslraJo Teixeira, t;*cviiUoi lü, l‘. do Uosai'io, 8 6 ;
resido r . <lc Currallio <Ic Sõ, 13.
Pi'. Luiz Josõ do CnrTDlliu 0 Mellu Aíâttos, r. do llosai'io, 3^, c |U'apt( da
Àrclom»Ç"0 , 36.
D r. L n U d a 1’ o i U u l U b i ; i r ü , r . dus O urives, ; resido r. B ^m b ln a, 23.
ConsclhoÍM Dr. ílnnoel Anfonío Dunrtc clc Azevedo, if. 1, c C rH -C ru íd a
fniporial Ordem Russian.» rffl Sant’.Aima, r. d'Alfaiidpga, 2 6; rW dc ào
Coiido d'Eu, 28S.
Dr. ll.inoel Antonio da Foiiscca Cosia, r. Primeiro dc Março, 7ft, 1®andar.
Dr. Manoel Anlonto dc I’ossos, r. do Rosnrio. 75, c Nova-Friburgo.
Dr. Manoel Aulonio Uoiirijjiitis 'forres, r. de S. Joaquim, 1Ú8.
Dr. Manoel do Araújo dos Santos, r. do Conde dc lioinfim, 1S4.
Dr. Manoel da Costa Hcnorato, 9, Vigário. Conegti da Cop«lla Iinpciial,
Bacharel cm dircífo, Copelí3o-Cnjiit5o honorário do K.vereíto» cm cxerflc!»
no 1" baialliHo de inlantaria, socio do Inslilulo flistoriuu, Professor dc pro-
paraiorios, Larangeiias, 6. {Advogado no Fòro J%cclc»io»tico.)
Dr, Waoocl Ignaeio Goniaga, r. do Bospicio, 1 .
Dr. Munocl do Nascimento Silva, r. Bulla de S. Joüo, 103.
Dr. Manoel de Oliveira Fouslo, ^ 6, r. doSenudur Vergueiro. Íi6 A.
Dr. Manool da Silva Mafra, r. do General Camara, 23, e r. ilo Grüg^oatà,23,
S. Domingos.
Dr. Manoel Víceole de Magalhães, r. de Marfi c Barros, 28.
Dr, Manoel Vjcior de Soüza Stonteirü, 4) 6; r. Viníc e Qunlro dc Maio, 107.
Dr. Mizael Ferreira Penna, r. do Hospicio 98, e r- d o S. Luii Goníoga, 269.
Dr. Nicolau Rudrigucs Pereira Keis, r. da Consiituiçãn, 32, c r . do
Hospício, 289.
Dr. Oliveira da Silva, r. da Constiluição, iO, sobrado.
Dr. Otympio Giflcníg von Nicmeycr, 3, escrípiorio, r. do tiospicio, 12, c
r. da Sapração, 5, Icaraliy,
Dr. Panio Francisco da Cosia Vianna, r. Poysandi'i, A.
Dr. Pedro de Barros Cavalcanti de A l b u c j n e r q u e ,3, 6 c 9 ; - # 3^ v.
do Carmo, ú7. :
Dr. Pedro Ferreira Vianna, r. do Gcccral Camora, 62; resido r . do’BarSo
d t Ilapagipe, 39.
Dr. Petíro í-eSo Veüoso, r, do Roscrío, 39.
Comtnendador Pedro Leüo Velloso, r. do Rosário, 39, e r. de S. Clemeftte,' 1&.7.
CoDSclheiro Dr. Polycarjjo Lopes de L íão, r. do 5 . Salvador, 5, Caticic.
Dr. Praiccdes Theodulo da Silva, r. do'H«8«rio, 4‘i .
Conselheiro Dr, Raymundo Ferreira dcA raujaL im a, 5, escciptorlo, r. do
Rosário, Íi8, l ‘ andar ; reside praia dO flam engo, iO.
Dr. Rajznundo de Sá Valle, r, P r i m e Í T O üc Março, 7/i, e r . jdas Laratigcrraa»5.

•A l 769
_____________ fcüstóría da
Ordem dos Advogados do Brasil

SOLIQITAOOBB». QQQ
Dr. Rndrieo Octnvln (lii Ollvolra Monetes, ig" 9; r. Primeira do Março, 56,
0 p. do Sonndop Vorguoiro, fiS.
Dr. llomuuldü ilo Amh'fttic Baono, p, A pm W el 7 , Sonlo Thoretft,
Dr. Soluriiino do Souza o Ollvolra, osoripiorio} r, SaCo do Sotombru, 65, o
r. do Sont'Annu, Niilioi-oliy.
Dr. Silverio Gonzago d« Csrvollio Âmorira, r, do Carmo 38, o r. do
S. J o a q u i m . 127.
Dr. Sittio Komoro, r. do 8. Prdro, 28,
Dr. Siecnondo Darroto Nabuco do Aroojo, ^ $, r. do Visconde de
Mmmoguape, SO.
Dr. Theodorvto Carlos de Faria Soulo, r. do Carmo, 53, e r. Humaità^ Ifi.
Dr. Tlieopbilo Ribeiro dc Rezc<)de Junior^ r. do Genoral Cotnnra, 23, e r. do
Conde de DornUm, 4Q2.
Dr. Thomaz A.Itci , 2, ^ 3, cscrlptorio, r. da Qaiiondo, 95, e praia dc Bo-
tafofo, 258.
Dr, Tliomò Furnandcs Madeira de Caslru, r. do Rosário, 5ü.
Conselheiro Dr. Tito- Franco tie Almeida, escriptorin, r. do Carmo, c r.
de Santo Amaro.
Dr. Torquato Jo5c Fernandes Couto, 5 ; ifi 2, r. du General Câm ara, 17,
D r. d o C oítnc- V e l h o , 27.
Dr. Dbaldtno do Amaral Fontoura, «scriptorio, becco dai Cancellas, 1 ; re­
side r. de S. SaWador, 19, Catteta.
Dr. Venancio José.de Oliveira Lisbóa, ^ 6, r. dos Onrives, 159, e r. do
Resende.
BdWiptorlos de oonanlt&s em negooWs fdreiues. [M8
A^tonio-José Rodrigne»de OliTcira, 3, A 6; r. de Theophilo Otlooi, lOâ,
e travessa do Campo-Alegre, 20. (Autor do P foetito (Us Q u $ ir v $ do For-
mulío-io para J u ii t i d t P at, publioados por E. & H . Laemm ert, r. do
O ufidór, 60.j
Dr. Joaquim Joié de Siqueira Filho, ^ 5, r. de Sv Pedro, e r. do
Riachuelo, 29.
Escriptorios de Redaeç&o, Traâito{õ0S e ig en clw . [kli9
DCk Joaqu im : Joȏ de Siqueira. Pilho, ^ 5 , r. de>S. PedrO) 6, e ir v do
Riaohuclo, 39.
JdhaDoesJoobim CbristíBo V oigt,..r. d’Alfandega,, 1, sobrado; re sid o ,r..
Aurea, 10, praia das Flechas.
Escriptíimi da FolltiOA,. LUtentara., SclenoUs e Artes. em. geraL [449^ 8,
D r. Erftorto <le Souia « OlUeíi» CoutínHo, 0 9 * Moço Fidalgo coía“
exeroicio na Casa Imperial, Serrado Sf&thens^ Engenho-KoTo.
D r, 'Joaquim José de Siqueira' FilKo,' ^ ' 5, f. do S. Pedroy e<f; ddi
kt^Riochaelo, 39)
(Luii AAtQnio.#a?arroide Aodrkde, 2 de>P,, r. do' Watbow, 5.,

Bolicitadom (lDqBiitdorc4 de A m d i e m d w : [ & 5 0 i


^ d rlõ o da Costa Pereira, r. do Senador Eusebio, AO'.'
Antonio Cardoso Viauna de Barros, r. do Conde de BomGa), 98 Ar.'

170
V o k u iK ’ I ( ) IA!J os A tK í)í;.u lí)s n o Itn p õ r io

FONTES E BIBLIOGRAFIA

1. M ANUSCRITOS

1.1. A R Q U IV O N A C IO N A L

1.1.1 Seção de Documentos Privados

T itu lares
• Dória, Franklin Américo Menezes (barão de Loreto)
• M arinho, Joaquim Saldanha
• Sih'a, Joaquim Caetano
• Vianna, A ntonio Ferreira

1.1.2 Seção do Poder Judiciário

In v e n tá r io s, T estam en to s e V erbas T esta m en tárias


Advogados
• Almeida, C ândido Mendes
• Almeida, Joaquim Manoel Gaspar de
• Almeida, Joaquim Manoel Gaspar de
• Andrade, Américo M oura Marcondes
• Andrade, Cristóvão M iranda da Nóbrega
• Andrade, José Figueiredo de
• Araújo, José Joaquim Barbosa de
• Araújo, José T hom ás Nabuco de
• Araújo, Sizenando Barreto Nabuco de
• Azevedo, A ntonio José de
• Azevedo, Ignácio Manoel Alvares d ’

•A M 171
_________________H i< fn rÍA Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

• Azevedo, Joaquim José


• Baptista, Francisco José Ferreira
• Bastos, Luiz Gonzaga de Souza
• Braga, Ariindo C arneiro da Silva
• Brito, José Accioli
• Bueno, José Antonio Pimenta
• Carmo, José Joaquim do
• Carvalho, Carlos Antonio de
• Carvalho, Carlos Augusto de
• Carvalho, José Alves Pereira de
• Castellôes, Carlos
• Castro, José Antonio de Azevedo
• Diniz, Firmo ds Albuquerque
■ Dória, Franklin Américo Menezes (barão de Loreto)
• Fazenda, José Vieira
• França, Carios Ferreira
• Freitas, José Víriato de
• Gama, A ntonio Saldanha da
• Gonzaga, Manoel Ignácio
• Guimarães, Francisco da Costa
• Honorato, Manoel da Costa
• Lacerda, Adolfo de Barros Cavalcanti de
• Lacerda, Manoel Maria Modesto Góes de
• L^ào, Joaquim Avelino de Castro Carneiro
• Lima, André Cordeiro de Araújo
• Lima, Francisco Xavier de Pinto(Barào de Pinto Lima)
• Lopes, José Joaquim Rodrigues
• Macedo, Luiz Alvares de Azevedo
• Machado, José Joaquim
• Magalhães, Custódio Marcelino
• Malheiro, ^ o s t i n h o Marques Perdigão
• Malheiro, Carlos Canuto
• Mattos. Luiz José de Carvalho e Mello
• Mello, A ntonio Manoel de Campos
• Mello, Francisco de Carvalho Figueira de

172 9àM
V o lu m e 1 O lA B c os A d v o g .iflo s n o I m p é r io

• Menezes, Luiz Fortunato de Brito Abreu Souza e


• Montarroyos, loão Gcsiçaives da Silva
• Monte, João José do
■ Monteiro, Isidro Borges
• Monteiro, João Pereira
• Nazareth, Luiz A ntonio Silva
• Nobre, José Ferreira
• Nogueira, João Affonso Lima
• Oliveira Filho, Pedro Antonio
• Oliveira. João Alves da Silva
• Oliveira, A ntonio Manoel de Souza e
• Palhares, Joaquim José
• Penido, Jerônimo Máximo de Nogueira
• Pereira, João Baptista
• Pinto, Antonio Pedro da Costa
• Pio, A ntonio Rodrigues
■ Queiroz, Francisco Ribeiro da Silva
■ Queiroz, João da Siqueira
• Reis, Joaquim de Souza
• Rezende, Theophilo Ribeiro de
■ Ribeiro, Carlos Alberto de Bulhões
• Rosa, Francisco Salles
• Sayão, Antonio Luiz
• Silva, Alfredo Cláudio da
• Silva, Francisco Luiz da
• Silva, Hermogenes Pereira de Queiroz e
• Silva, João da Rocha M iranda e
• Silveira, A ntonio Maria Neves da
• Souto, Theodoreto Carlos de í^ria
• Taylor, Carlos Frederico
• Teixeira, Joaquim José
• Torres, Paulo José Pereira de Almeida
• Vasconcelos, Francisco Dicço Pereira de
• Viana, João Caldas
• Vianna, A ntonio Ferreira

•Á l 173
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

P arentes d e A d v o g a d o s
• Alencar, Ana Josefina
• Barreto, Amália Régis Moniz
• Freire, Francisco Gabriel da Rocha
• Mello, Emilia Moncorvo Bandeira de
• Rebouças, Carolina Pinto
• Varella, Carlota Frederica Budii

1.2. BIBLIOTECA NACIONAL

1.2.1 Seção de Manuscritos

C a tá lo g o d e Leitores. R io d e Janeiro, 1 8 5 3 -1 8 5 5
C o le ç ã o F ran cisco R a m o s P a z
D o c u m e n t o s B iográficos
A dvogados
• Albuquerque, Felipe Jansen de Castro e
• Alves, Francisco Teixeira de Souza
• A (^ino, José Thom ás d ’
• Bueno.José Antonio Pimenta
• Campos, Felizardo Pinheiro de
• Carvalho, A ntonio Alves de Souza
• Costa, José da Slva
• C outinho, José Júlio de Freitas
• C unha Junior, Domingos José da
• Falcão, Gaspar da Ganha Pinto
• Faro, José k re ira de
• Fausto, Manoel de Oliveira
• Fernandes, A ntonio Manoel
• Figueiredo, Carlos Honório de
• Filgueiras, Caetano Alves de Souza
• Franca, Ernesto Ferreira
• Freitas, Augusto "Eixeira de

774 «sál
V'oiunK' I ( ) l A l ) <■ os A ( ' l \ ( \ q , i ( l n s n o l n i | ) ó i i o

• Lima, A ndré Pereira


• Lima, Raim undo Ferreira de Araújo
• Lopes, José Joaquim Rodrigues
• M arinho, Joaquim Saldanha
• Monteiro, A ntonio Euiálio
• Monteiro, João Pereira
• Monteiro, M anoel Victor de Souza
• M otta, José Ignácio Silveira da
• Oliveira. A ntonio José Rodrigues de
• Pacheco, Joaquim José
• Pereira, José Fernandes da Costa
• Pinto, Eduardo d ’Andrade
• Portela, Joaquim Pires Machado
• Rebouças, A ntonio Pereira
• Ribas, Antonio Joaquim
• Ribeiro, Luiz da Pont
• Rocha, Francisco A ntonio Pereira da
• Rosa, Francisco Otaviano de Almeida
- Russel, Joaquim
• Santos, Joaquim Cornélio dos
• Silva, Joaquim Alves
• Silva, José Joaquim Pereira da
• Silva, Josino do Nascimento
• Soares, C aetano Alberto
• Souza, Félix José da Costa
• Torres, José Carlos Pereira de Almeida (Visconde de Macaé)
• Velho, Bernardo Teixeira de Morais Leite
• Velloso, Pedro Leão

1.3 INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO:

C o le ç õ e s
• H. Leal
• Instituto H istórico e Geográfico Brasileiro
■ José Carlos Rodrigues

775
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

• Marquês de Olinda
• M ax Fleuiss
• O urém
•Ramiz Galvão

2. IMPRESSOS

2.1 PERIÓDICOS;

2.1.1 Revistas

• Gazeta dos Tribunais, 1843-1846.


• Revista do Instituto da O rdem dos Advogados, 1863-1889.
• Revista d o IG H R Rio de Janeiro, 8:262-275.1846.
• Revista do IG H R Rio de Janeiro, 30 (2): 35-397,1867.
• Revista do IGHB. Rio de Janeiro, 74 (2‘ p arte): 263-267,1911-1912.
• Revista d o IG H R Rio de Janeiro, Tomo Especial, IX: 499-549 1930.
• Revista do IG H R Rio de Janeiro, 221: (out.-dez.). 1954.
• Revista d o IG H R Rio de Janeiro, 334: 19-37, 1982.
• Revista do IGHB. Anais do Congresso de História do Segundo Reinado (1975).
Rio de Janeiro, Tomo Especial, 1984,10 v.
• Revista d o Instituto Histórico e Geográfico de São k u l o . São Paulo. 73: 262-
267,1977.
• Revista dos Tribunais, 1856-1858

2.1.2 Jornais

• Correio Mercantil, 1857;


• D iário d o R io defaneiro, 1857-1865;
• Gazeta deN otícias, 1883-1889;
• Gazeta dos Tribunais, 1843-1846;
• Jornaldo Commercio, 1850-1889;
• Sem ana Ilustrada, 1864-1872;

776
V o lu m e I O lA B e os Acivogaclob n o I m p é r io

2.3 OUTRAS

• ALENCAR, José de. O bra Completa. Introdução Geral de M. Cavalcanti Proença. Rio
de laneiro: NcvaAguillar, 1958.4 v.
•A n a is d a C â m a r a d o s D e p u t a d o s d o I m p é r io , 1851-1860.
•A n a is d o S f . n a d o d o ! m p P .r io , 1851-1855
• A lm a n a q u e la em m e rt. Adm inistrativo, M ercantil e Industrial. Rio de laneiro; Tipografia
Laemmert, 1844-1890.
• DOYLE, Plínio, Um a vida. 2® ed. Rio de Janeiro: Casa da I^lavra: Fundação Casa de
Rui Barbosa, 1999.
• FREITAS. Augusto Teixeira de. Codificação do Direito Civil: (carta de 1867 ao Ministro
da Justiça). Publicação ram emorativa do Sesquicentenário dos Cursos Jurídicos. Rio de
Janeiro: Ministério da Justiça/Arquivo Nacional, 1977.
• lAB, H istória dos 150 anos do Instituto dos Advogados Brasileiros. Orientação; AJberto
Venâncio Filho e José Motta Maia; pesquisa e texto básico, Laura Fagundes. Rio de Janeiro:
Destaque, 1995.
• M ACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. O bras Completas. Rio de laneiro: Nova AguíUar,
1979. 3 V.
■ RODRIGUES, José H onório (org.), A tas do Conselho de Estado. Brasília: Senado Federal,
1973, V, 4-6.
_• _________ , Correspondência de Capistrano de Abreu. Rio de Janeiro/Brasília: Civilização
Brasileira/INL, 1977.3 v.
■ SILVEIRA, Alfredo Balthazar, Instituto da O rdem dos Advogados Brasileiros - M em ória
histórica da sua fim d a çã o e vida. Rio de Janeiro: Jornal do Com m ércio, 1944.
• ViANNA, Manoel Álvaro de Souza Sá, Instituto da O rdem dos Advogados Brasileiros - 50
anos de existência. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1894.
■ ViANNA Manoel Álvaro de Souza Sá,A ugustoTeixeira de Freitas. Traços biográficos. Rio de
Janeiro: Typographia HildáDrandt, 1905, p. 47.
• ViDAi., A rm ando, “O Instituto da O rdem dos Advogados”. In: Faculdade de Direito do
Rio de Janeiro, Livro do centenário dos Cursos } u r íd ic o s { lS 2 7 -\9 2 7 ),\.] , Rio de Janeiro;
Im prensa Nacional, 1928.
■ Visconde do Uruguai, Ensaio sobre o Direito Adm inistrativo. Rio de Janeiro, 1862, t.l.

777
_____________ História da.
Ordem dos Advogados do Brasil

BIBLIOGRAFIA

OBRAS DE REFERÊNCIA

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1991.
BLAKE, Augusto Mctorino Alves Sacramento. D icionário Bibliográfico Brasileiro. Rio de
Janeiro; Imprensa Nacional, 1902. 7 v.
BRASIL. Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Organizações eprogram as ministeriais:
regime parla m en ta r no Império. 2® ed. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1962.
FONSECA, José. Dicionário da Língua Fbrtuguesa. Revisto e ampliado p o r J. I. Roquette.
Paris; J. R Aillaud.Guillard & Q a., 1881.
GALANTI, R. M. Biografias àe brasileiros ilustres. Porto Alegre; Ed. Globo, 1976.2 v.
MACEDO, Joaquim Manuel de. A no biográfico brasileiro. Rio de Janeiro: Tipografia do
Imperial Instituto Artístico, 1876,3 v.
_________ M em órias da rua do Ouvidor. São Paulo: C om panhia Editora Nacional, 1952.
MACEDO, S. L. Tabeliães do Rio de Janeiro: (1565-1965). Rio de Janeiro: Ministério da
Justiça e Negócios Interiores, 1965.
POLIANQ Luiz Marques. O rdens honoríficas no Bmsil. Rio de Janeiro; Im prensa Nacional,
1943.
SANTOS, Presalino Lery. Panteon flum inense: esboços biográficos. Rio de Janeiro;
Tipc^rafia G. Leuzinger e Filhos, 1880.
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Ordem dos Advogados do Brasil

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184
Volume 1 O lAB e os Advogados no Im pério

1. Francisco Gê de Acaíaba e Montezuma


(Visconde de jequitinhonha)
P resid en te d o In stitu to d o s A d vo ga d o s Brasileiros (1 8 4 3 -1 8 5 1 )

•4 1 185
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

2. Francisco Ignácio de Carvalho Moreira


P resid en te d o In stitu to d o s A d v og ad os Brasileiros (1 8 5 1 )

^ a r jc < ítC -ò .c L . " ^ íX z v a /A s -

186 •A B
Volume 1 o lAB e 05 Advogados no Im pério

3. Caetano A lb e rto Soares


Presidente d o In stitu to dos Advogados Brasileiros (1852-1857)

•àl 187
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

4. Urbano Sabíno Pessoa de Mello


P resid en te d o In stitu to d o s A dvo g ad os Brasileiros (1 8 5 7 e 1861)

188 •A l
Volume 1 O lAB e os Advogados no Im pério

5. Teixeira de Freitas
Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (1857)

«41 189
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

6. Agostinho Marques Perdigão Malheiro


P resid en te d o In stitu to d o s A dv og ad os Brasileiros (186 1 e 1 866)

A g o s t in h o M a w q u is TtButGÂo M a l h e ir o
I80y/l866

190
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

7. JoséThom az N a buco de A raújo


Presidente d o Institu to dos Advogados Brasileiros (1866 e 1873)

J o S I T h OMAZ N aEíü CO TE A-ra üjo

•A l 191
_____________ Historia da
Ordem dos Advogados do Brasil

8. joaquim Saldanha Marinho


P resid en te d o In stitu to d o s A d v og a d os Brasileiros* (1 8 7 3 e 1892)

fT I . . M , ,, p . |f- «— —

JoAOt-M M S a i .o a m m a M a u in m o
W 7 J / 1892

792 9A I
Volume 1 O lAB e os Advogados no Im pério

MISCELLAmEA OU TRABAIHOS DIVEISOS

DISCURSO RECrTADO PELO SU. CONSELHEIRO MONTE­


ZUMA NA SESSÃO DE LNSTALLAÇÂO DO INSTITUTO
DOS ADVOGADOS EM 7 UE SETEMBRO DE 18i3,

Senhores e iílustres Collegas.

• Non solos iiüstro irapcrio mililare


rn íd im u s iUos, qui gladiis, clypeis,
ei ihoracibus nituniiir, sed etiam ad-
vocalos. Militant oamque causarum
palroni, qui glcriosae voeis confiai
iuunittiine, laborantium speio, vi iam,
(’I posleros def(*ndunl. — L. 14 Cod.
deadvoc. divers, jud. •

Por aviso d e 7 de Agosto do correntH anno, expedido


pela Secretaria d ’Lstado dos Negocios da J u stiça , Houve
por bem S. M. 1. Approvar os Estatutos da Ordem dos
Advogados Brasileiros : e por Aviso do ultimo do m esmo
níez , expedido pela Repartição do Im pério, Dignou-se S.
M. 0 Imperador PermiUir que a Instalaçáo do Instituto se
flzess na Sala grande deste Collegio.
Kstes doüs actos, Senhores, devidamente apreciados, de-
lüwistrào 0 gráo de benevola consideração, em que Tomou
M. a criação do nosso Instituto; consideração, que
afliari'm do-iios estabilidade e augniento, é mais uma pmvn

• à l 193
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

do favor, com que suo sempre altendidas as Letras e as


Sciencias oo approiim «rem -se do K ic e k o Throno Imperial.
Nem (ie outro m odo tem procedi<ío os Príncipes mais
iostruidos, e que mais tem promovid<f a felicidade d e seus
Povos, e exaltado a Gloria d e seus Reinados. Abra-se essa
Historia Romana tào fertil em grandes e m agestosos acon-
terimtíDlos : tà<j digna de ser celebrada pelos m onumentos
inteUectuaes, que, offerece «os am igos das. Sciencias. Lea se
a historia d e todas as Nações Cultas, e achar-se-ha a exa-
ctidAo 4esta verdade.
Nunca florecerSo com mais rapidez e mais solidamente
as Ixtlrms e as S c ie n c ia s, Sagradas ou P rofanas, que sob
UnpwantÊS illusti|8do5, e que, á imitação do antigo Hermes
T hm egislo, rpunècn em »i o poder e fortuna de um Mo-
narcha, as luzesj d e um Sacerdote do Senbor, e o saber
e universalidade de ura Philosopbo. Se» coração, sem e­
lhante na frase da Escriptura , ás areas do m a r , que re­
presentando um d o s maiores corpos da Natureza, comtudo
com p õe-se de partes cilrem am eRte pequenas e delicadas, é
tào apto para regular c cocnprehender o s maiores objeclos,
âe mais su b lim e s, diíTiceis e ponderosas q u e s tõ e s ; quanto
adaptado para distinguir e apreciar aquellas, que, por mi-
nimas, m ovem -se fóra do alcance das intelligencias d e pri­
meira ordem .
A ssim , a o b r a , S e n h o r e s , que bontem era fragil e de
efemera d u r a ç ã o t e n d o apenas por garantia as patrióticas
intenções de seus Fundadores, oraparada hoje com a Ap-
provaçÀo do Magnanimo P rin c ip e, á quem a Lei Funda­
mental do Estado entregou os Destinos da N a ç ã o . póde
dizer-se que sua base é já tào solida e duradoura, quanto
é transcendente e vasto o seu objecto e fim.

794
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Império

— 69 —

N en h u m d ev er, portanto. S en h o res, d e v e ser por mim


hoje, prim eiro cu m p rid o, d o q u e render em n o m e d e to-
. ílof o s A dvo god os B rasi^ iros, respeitosos agradecim entos ao
nosso J o v e n M onarcha, [>elos actos d e graciosa p rotecção ,
com q n e s e tem dignad o favorecer a Ordem , qu e vai ser
organisada c m proveito geral d o Estado e da S d en cia díi
Jurisprudência. Klla, S e n h o r e s , nào só saberá velar o su
bido valor q u e acaba, d e receber do ím p e r a n t e , m as d e s
ve!ar-se-ha por tornar-se digna, em todas as ep o ch as d e
sya existên c ia , da m<iis plena e im perial confiarn’a .
E se 0 ardeote desejo serm os uteis á n ossa cara l ’a-
tria ; se um a fidelidade sem limites, ao Aliar, ao T hrono
tí i s Instituições F u n d am cn taes ju rad as pela N a ç à o , bas-
itassem para m erecer essa plena co n fian ça ; de certo, Se-
|iib(jr-^á, eu não hesitaria uin iiistanle e m d al-o por. total-,
m en te in q u estion ável.
Mas, são tantos os matnriees q ue d ev em entrar na cons-
itrucção d o hdificio , cuja primeira pedra hoje la n ç a m o s ;
tam anhos sàíi - o s tropeços q u e p o d em e m p e c e ' a marcha
*los se u s operí^nos : tão vitaes os sacrifícios r e c la m a d o s ,
para qu e possaj eile arabar-se : q u e, se tem os resoluto tudo
».‘m p r e h e i id .T , jtudo arriscar , comtaiito q u e nào pereça o
Jnstilulo. q u e se consiga o (im q ue nos prop om os ; ain­
da a ssim , e n v o lv id o inteiram ente n o futuro, ao tem p o , e
I* sóm etíte ao tem po, é dado designar o lugar q u e lh e cabe
U'i Historia Scientilica e . AdjnJnislrativa do Paiz.
« Mcut partus re»:ens edili inform es sn n t; sic videre
in n o v is instiliitis ; (]u .t sunt partus teraporis » d isse
Hacon.

K 11» Verdade. a>sim , nm o fl vida ile tO()ns '>s sen's anim ados.
♦ m seu s pí imeiros passos, e cercada dos m aiores obstáculos,

•A l 195
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

— 70 -

sacriâcios, e riscos, os quans, á serem avaliados sem q u e se


altenda aos desvelos da P rovidencia, o m ais h ard id o d o s h o ­
m e n s n é o poderia conceber a m en or csperan<^a d o vér attingido
0 p eríodo e m q u e a organisaçào cb e g a ao j e u perfeito estado;
assim la m b em lutáo com mil em b a ra ço s, recla m ã o m il c u i­
d ad os, ex ig e m mil sacrifícios, <*; m ister, se n h o r e s , m u ita resig-
o a ç á o , e prudência {>ara levar ao ap erfeiço a m en to , e d a r e sta ­
bilid ad e ás innovações d o te m p o , as q u a e s, n o conceito do
m e s m o sab io, sà o com o o s estran geiros, o u v in d iço s, 6 q uem
m ais s e adm ira d o que se favorece.
" SuD t, c e r le , novitates, ta^nquam a d v en ® aut perigrini,
q u o s ad m iralione plus, m in u s b en ev o le n c ia p ro seq u im u r. »
P o n h a m o s, porém , de parte, se n h o r e s , o Porvir d o Instituto.
T a l não é ,n e m póde ser, o ob jecto desta n o ssa s o le m n e , a in au ­
gu ral C onferencia. S e com o v im o s, assenta sob re esp in h u s o
b erço ^ a s c o u s a s ; á nào ter o espirito h u m a n o a facu ld ad e
d e penetrar o s desenhos da P rovidencia, lo u c u r a rematada
seria cón jectüàr õ qüe quêr q u e seja sobre o a s s u m p to .O s vin­
d ou ros I dirão 0 que houver d e ser o In stitu to . Por ora é su a
U T IL IpA D E , q u e nos cum pre p p v a r . R m p reh en d en d o o , nar­
rarei áuccintam ente a historia Ida A dvocacia entro o s antigos
g r e g o s e rom an o s, nas N açõ es, q u e occu p á o a prim eira plana
n o m u n d o civilisado, e entre n ó s : tocarei em a lg u n s m e lh o r a ­
mentos» q u e reclama esta classe im portantissim a d e P ú b licos
P u n c c io n a r io s ; e em geral o nosso Foro : ten tcrei m ostrar q u e
o Instituto é 0 melhor auxiliar d o g o v e r n o , e da A ssem bléa
G eral, na dilTicílitna tarefa d o m elh o ra m en to da Patria leg isla ­
ç ã o , civ ii, administrativa, com m ercial e ?o lítica !
A n tes, p o r ém , de dar porfín d a esta parte d o m e u discurso,
|)ermitti m eu s Illusires C olleges, q u e co n sid o re o p p ortu n a nsta
o c c a s ü o para vos agradecer a hp ora recebida co m a nom eaçáo

196 9A I
Volume 1 O lAB e os Aclvo^acios no Im pério

— T i ­

d e P resid en te d o lo stitu to . S e por ser o primeii^o q u e v õ s n o


m e a e s, le n h o d ev e r e s p o n d ero so s, e d e dífíicü ^ e c u ç ã o , que
s<’) 3 c o n v ic ç á o lüUtna d o a u xilio d e c o lle g a stâ d c o n sp ic u o s, e
certesa d e um a anticipada d escu lp a, desfarçando sua gravidade
p ó d e dar an im o para q u e se acceitem ; ju lg o as5islir-m e o di­
reito d e reclam ar d e vossa b e n e w le D c ia , e ju stir a , n ã o ^
ftquellü a u xilio pon d eroso, c o m o essa anticipada d escu lp a , pafn
erros, u n icam en te d ev id o s á desproporção m anifesta, entre o
q u e e x ig e a E m presa p ela sua m a gn itu d e, e o q u e á ella m e
cabe consagrar pela exigu id ad e d e m in h as forças in leíiectu a e-.

S en h o res e llíaslrts> Co/íeya>.

0 m inistério d e A dvogado, diz Mr. B oucher d 'A rgis, ••


m uito m a is antigo do que o titulo de A dvogad o . Kin
Iodas a s nações tem h a v id o h o m e n s virtuosos q u e , v ,t-

sa d o s n o s p rincíp ios d e d ireilo, e d e equida't", òuxiliavp^


cotn s e o s co n se lh o s o seo sem elh an te.
S e nus rem ontarm os ao tem p o de M oisés, t-iin-iitrarfm os
0 u so de d e fen d er-se cada um a si propriu, soiidu tv-
davia licito ir aos T rib u n aes ücom paiihadoi «pti ile seu>
p a ren tes, ou de seo s a m ig o s, atim d e o auxiliarem com
sua d efesa . Os C ald cos, o s Persa?, os B ab ilon ios, tinlifiw
|_os s e o s sab ios p h ilosn p b os q u e prutcgiào o P ovo com
! c o n se lh o s. Os Egípcios pruhibirào, d,'pois qur Un cúiiiio
^ cida a arte de escrev e r , d^fensas de viva voz, niiicii-
n ien tc p erm illiiiilo orar pur escripto, .dim ilf t >'■'» ■
dusir 0 Juiz cum ,i t lo q u e iu ia .

197
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

— T2 —

A ssim , o s q u e s e encarregftTão d a d e fe n s a d o s direitos


ío d iv id u s e s no E gipto p o d em se r c o m p a ra d o s a os n o sso s
A dvogad os acto a lm e o te .
A e lo q u e n c ia , c o m p k t a m e a la d e sp r e sa d a o a s outras Na*
ções. foi n o b re m e n te c u llifa d a n a G récia. P ericles foi o
prim eiro, q u e a co D fid o n á o c c u p a r -se d o s n e g o c io s ju d i­
ciários.
E stabelecida a T rib una do F ò ro em A th en a s, ella se
regu lou p elas le is , q u e D raco e S o lo n h a v ià o feito a seo
respeito.
P o r e lia s , as p esso a s ju lg a d a s in fa m e s, c o m o o s q u o falla-
vâo a o respeito d e v id o a se o s P a is, o s q u e s e recu sa v éo d e ­
fender a Patria, o u en carregar-se d e outra fu n cçâ o p u b lica , o s
q u e com m ettlão escan d alos p ú b lico s c o m u m p roced im en to
ronlrario a o p u d o r, o u visitan d o o s p a g o d e s ; o u 05 q u e ha-
viâo d issip a d o a fortuna h erd ad a d e se o s m a io res ; n 8 o podiSo
se r A dvogad os.
Era tal 0 cu lto q u e o s orad ores tributavõo á verd ad e, e á
J u stiça ; q u e P ericles in stad o por u m d o s e o s a m ig o s pare
ju rar falso e m u m a causa, r e s p o n d e o -lh e « A m icus usque
ad aras. »
C o n h ec id o d e tod os é 0 m o d o porqtie p ro ced eo H yp erid es
na d efen sa d e P h r y n é , accusada d o cr im e d e le sa m agestad e
d iv in a , fazend o-a app arecer s e m v é o , e d e sco m p o sto perante
o s se o s ju iz e s para o s se d u sir c o m as grnr.is d o sua fo rm o ­
sura. E ste acontecim ento , verd a d eiro a b u so d o direito di*
d e fe n d e r , m arca um a «ipoca n o tá v el na hislori;» da elo -
q u en c ia g rega, se n d o d e sd e cn iiio p ro h ib id o fa?er p reâm ­
b u lo s path eticos para m over i\ p ie d a d e , nu ;í in d ign ação.
A oratoria p erd % m uito d e sua fon;a, m as a Justiça in­
d u b ita v e lm e n te g a n h o u .

198
Volum e 1 O lAB e os A d v o g a d o s no Im pério

— 73 —

Vós c o a h e c e is o s c lep sy d r o s, q u e m a rc a v io o tem p o


nos orad ores era lícito orar, Em fim , gratuita d esd e o seo
p riocipio a n ob re profíssào d e A dvogad o, A o tip b o o Íoi o
1* q u e r e c e b e o honorário d e seos clien tes.
0 qae na G recía constituía a disciplina d o F òro, ten rio
ao d e p o is de regra para os R o m a n o s, q u e dali tirarão a
m ór parte d o s p receito s im postos aos A dvogados.
Mão m e n o s n ob re, S e n h o r e s, n ã o m e n o s d istio cta , foi
esta Profissão entre o s R o m a n o s. Ella data d a fu n d a ç fo
d essa celeb re C idade, Capital d o m u o d o e n lá o c o n b e o d o ,
ti h o je Cabeça m ysteriosa d e tod o Corpo d o CatboUcisaio.
E posto que não haja id en tid ad e entre o que e r lo os
P atronos, e C lientes de R o m u io , e o s q u e , ao depob,
forão os A d v o g a d o s, e se o s c o n s titu in te s ; co m tu d o , cu m ­
pre considerar aq u ella in stitu ição, o prim eiro é lo d a ca d è a ,
q u e ã m odern a p ren d e a antiga Advocacia rom ana.
R o m u io ordenára q u e o s Patron% fossem escc^hidofi na
primeira ord em d o s C idadãos, d estin ad os á p r e en c h er m n
dia as fu n cçò es d o S acerd ocio, o u da M agistratura. A Lei
das D oze T a boas s^nccionou e ste reg u la m en to . D urante
D sé c u lo s, as fu n c ç õ e s de P atrono, e sp e c ie d e S acerd ocio
para a q u elle P o v o , em cuja ex isten cia tanto im p é rio tin b èo
ns cren ças religiosas, forào e x ercid a s p elo s P a tr ic k » , d e s ­
cen d en tes d o s prim eiros S en a d o res d e R o m u io .
S e n h o r e s, para q u e csnçarel a vcMsa b e n e r o la a ttcjjçio
com a ex p o siç ã o de factos, d e q u e te n d e s a m a is c o m ­
pleta n o ticia ? Para conseguir o fim que me p rop on h o,
basta recordar, q u e a A dvocacia n o s prim eiros te m p o s de
R om a era o d egráo, p or o n d e se subia aos prim eiros E m ­
p regos N acionaos. Para provar a illustraçào desta P rofissáo,
q»G m a is é m ister qu e dir,er. que S e x to E lio , p o r 90-

•A l 199
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

- 74 —

brem tm p « Calo [ \ } , Catão o lir a n d e , V. M ncio Scc&-


vola, (2 ] M. Mftnilio, Q. M. Scoevola, B ru to, orácu lo da
lei R o m a n a , o fuDilador d o d ireito c iv il, C icero, o P rin ­
cipe da E loq ü ên cia, o celeb erritn o ju r isco n su llo P ublio
R utilio R u fo , e um dos m a is d istin cto s d is c íp u lo s d e Pa-
necio , 0 P h ilo so p b o S lo ic o ; (3 ) Q u in to EHo T u berào

itj P ro p ti'r sum m am ju ris civilis soienliam (laius ap p eltalur


Ebqío.
Eifregiè co rd alu s hom o, Calus-A Eliu-SexJu. Dicen«li copiam cum
ju r is scieoiíá coojungebat. i t a eoiru d e illo i j c e r o iu l i r u i o : S.
A Elius ju r is q uidem civilis om n ium perilissim us, sed oliani ad
'iicen du m p a ia tu s.

^2) D esceo den le de uroa fam ilia n ob itissim a floresceu antes


Ue Cicero n o sepiim o scculo d e R o m a. Foi Ponlifice Maximo, •*
Consul, lendo p o r co m p anh eiro C alpu rn io i*isào. M u iiw Leis das
i'andf-ctas í u i ã o tiradas das suas obras, p o r e ie m p lo , a Lei f in ­
de le ga iio » , C (m c e m o n lc áquplles q u e en treg u es aos inim igos nào
são d cllcs ro c e b id o s ; a L. fln . de t o lu l. m a lr im . relativa ás obri-
^açò('s do m arido p e l o que toca ao d o te da m u l h e r ; a L. 34)
p r v Soeio, c o n f o r m e diz B e rtra n d . Pom ponio diz qup eWe deixou
ÍO /o h im es sobrt! D ireito Civil.

3 Si-níiri i ' r e l o r , foi u p n ni»;iro qu»* t-uitierou a refvt'ar a av a -


r- za d o s P a iv n n o s . D o t a d o d e u m e s p ir it o e m i o e n l e m e n l e recu i.
" p p o z - s e á s r a p in a s v e x a lo r i a s d o s i * u b l i c a n o s , q u a n d o o a Asin
sr rv iii roMiíi l í e l ^ g a d o d e Q . M u c i o ; u q u e l h e g a n h o u lào c n -
• a r n iç a d o n d in d a Ordfini d o s C a v a l l e ir o s , d e q u e r r ã o tira d o s
l*u l»licanos, iju<> e x e r c e n d o e l l a m t à o o d ir e i t o d e j u l g a r , o c ü u -
d p fn n o u s o n d o c a v i lo s a e in j u s t a i ii r n i e a c c u s a ü o d o p e o u la to . Maj*
«> s e u n o m e e ra tão r e s p e i t a d o e v e n e r a d o , q u e a s u a j o r n a d a d<
d e s t e r r o fni u n ia v e r d a d e ir a e n à u in t e r r o m p id a s e r ie d e triunj-
'I o d a s a» c i d a d e s d ’A » ia p o r o n d e p a s s n u o m a n d á r à o s a u ­
d ar pr»r D f p u t a r ò f s . aW m dn n u tra s «lon ion straçòp ? d o respf'iiri »■

200
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— 75 —

|4 ), 0 Grande J u iío Cezar, o conqurstador d e quAsi tod o o


l i v e r s o ; p erten cerão á estó Ordem distincta d e p ú b licos
íc c ia n a r io s? (5]
S e a lgu m as vezes enlráráo PJebeos para a A dvocacia d e
■R o m a ; tam b em o s proprios Im perad ores a honrárSo m m
i a su a presença. L ogo que vestiào a toga v iíil, apresen-
^%av&o-se no F ôro, co m o para fazerem o tyrocinio das
í f u n c ç õ e s do A d v o g a d o , inteiram ente con n exaa com a A dm i-
ín ís tr a ç â o da J u stiça. Assim praticárão A u gu sto, T ib erio e
outros. T ito, a quem om avão a s m ais su b lim es virtudes,
y Tito, o m o d ele d o s P rincipes, quantas v ezes, antes d e ser
K Im perador, n ão foi n o Foro encarregar-se da defen sa dos
^ p p r im id o s 1
J Cercada d e tão brillíantes illustraçòes, n ão admira q u e
iossem os privilégios da A dvocacia tão e itr a o r d in a r iw .
•nstancio o im p e r a d o r , ord en ou qu e os P ontífices das
ovincias fossem esco lh id o s d entre o s A d vogad os. V alen-
liníano, e V alente exp ressam en te declarárào por W , que

fitmisati*'. Fixaiidn sua ii‘sid*»iicia I’tii Siniriia. cn n io nos refh^n-


||T acilo Hiin. i.4 3 . o iiicpiidiada d*'pois cni Konia a guerra cítÍI,
^ um (his sous amigos disso-llu' que i nrria por certo que os pros-
, i ào srr rbam adng: responilou ; «Q uiii übi ma\i frei, ui
MOíihi prjnrrni rrdiluin qiiatn i‘xi!iuii op iates? Maio ul palria»‘xi-
i hi» uii‘o iTuboscal. quaiti t i m I í i u niai'reat.u

p * 10 'r u l e r o n t' a i'‘b;\i C i e m . cum ju ris scieniia majori-


» lius suis Moji so lú III n>id di «oil eliaiii oos superàsse. »

5' -Não semto nngfd íim f<\z«‘i-a hisloria da Ju risp ru d ência Ro-
•Hana. uà» «' liciio iin’iiriouar aqui iodos os Ju ris-
dislinelos d«> Uniiia r m as diíTereiifop cpo<-as df»sie Povo
‘ eJchi ; I- p,„- iggQ paraiíius on> J uImi (!<'*ar.

#à# 207
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

- 76 —

os que tiv e ssem ex e r c id o a s m a is altas d ig c id a d e s, não


se degradaT ào, exercendo u A vocacia ; por q u an to mais
h o n ro so era estar d e p é para p leitear o direito d o seo
C lie o te, d o q u e sen tad o para proferir a S e o te o ç a .
V ós sa b e is o s p rivilégios c o n c e d id o s a o s A dvogados por
A rcadio, e H onorio, e p e lo Im perad or T b e o d o sio , relativa­
m en te aos en cargos p ú b lico s a q u e er à o su je ito s o s dem ais
c idad ãos. L eão, e A nth em io igu alárâo a s fu n c ç õ e s d e A dvo­
gado aos exercicios d o so ld a d o , d iz e n d o q u e , s e e ste s d e -
fendião a Patria, d efen d ião aq u eiles a fa z e n d a , |e vida, e a
honra d o s cidad ãos, c o m o s e lê na E p igrap h ej d este D is­
cu rso. '
Forâo o s Im perad ores F o m a n o s . S e n h o r e s , q u e derfio o
titulo d e ORDEM á Profit■sà o d o s A d v o g a d o s, (6) a cu jos
a n c iã o s foi confejrido o h o n r )so tratam ento d e — C la ríssim o s.—
Nào me d em orarei m ais, S en h ores, cora a A dvocacia
R o m a n a : outra n ã o m e n o s ce le b r e , e q u e n o s pod e servir
d e P adrão v iv o , para delia tirarm os m u itos e preclaros
c o n c e ito s, vai occupar a vossa tào b e n ig n a attençào.
N ào exam in arei so n o s prim eiros dias d a França erào
os D ruidas (7} qu e adm in istravão ju stiça : sc cada u m a das
Partes pleiteava era possoa a su a c a u s a ; o u so ião aos
T ribu naes a com p an h ad as d e ou tras versad as na Legislação,
escrípta o u tradicional. 0 que n o s im porta sa b er é , que
e m q u a n to o s R o m a n o s d o m in á râ o , p rev ileceu n o Foro a rlis-
tip lin a R om ana; c q u e o$la .m u d o u in teiram en te co m o

'6i ü Impprador Jitslino.


,7 <>?ar assiir» " i\ir. i :n Coninmniarins.

202 9A B
Volume 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— 77 —

[oroinio d o s F rancos, o q ue te v e la g a r em q u an to d u r o u a
'imeira raça d o s R eis da F rança.
As C athedrees, as A bbadias, o s grandes M osteiros, íbrào
o s prim eiros q u e procuráràp ter d efen sores d e seu s d ir e ito s :
é sua im itaçfio, e lo n g o tem p o d ep o is, o reciam árào as c o r ­
porações não ecclesiasticas, as C idades, as C om m unas» as P r o ­
víncias, d o q u e s e encoD trão provas até a o 13* S e c u lo . M is,
seod o até en tâ o d iversos o s n o m e s d ad o s a esse^ deC ensoresl o
Rei S . Luiz é o prim eiro, n o s se u s E stab elecim entos d e 1 9 7 0 ,
q u e lh e s dá o n o m e d e — avocat — ou — a v a á t parliers (8).
I Esta é p o c a , p o r é m , n ão é a m ais brilhante d a A dvocacia
^ ranceza. E da instituição d o Parlam ento c o m o T rib u n al d e
Justiça em 7 5 1 p or P ep in o , q u e verdadeiram ente d e v e dajar
a parte m ais b rilh an te da historia desta O rdem eg reg ia d e
h o m e n s illu strad os. D e certo, c o m o descortinar a verd ad e
, objecios in teiram en te co n ten cio so s, se m q u e as a lieg a çõ es
d e u m a parte, sejào exam in ad as, im p ugnadas o u co n fessa ­
das pela o u tra ? E is, porla^ito, demrinstrada a n ecessid a d e dos
A dvogados, isto é , d e pessoas q u e , versadas na le gislação,
nos co stu m es, u sos, e sly lo s, ír^dições e areslos, e fazen d o
d e tal o b jeclo a su a esp ecial profissão, estejào e m estado d e
‘ p reen ch er tão im portante m inistério.
Nessa celeb re ordenança do S . Luiz d ep a rà o -se com m u itas

T oUi' 5 pnmu'
ililT F' rli < noiH' s tiiiliào por objoeio rvprimii'
"jtn‘ .'Vão i'U''5 qiii' laltavíMi ;!u juljjniisiMii'', si.‘ndu laiubi'iu
l)oníoro:s «>u iüu.ill' iros di' l.oi,
K n i r r iis p i rsono^^tMis i l l n s i t f s i |i : r p r r1 í ‘u ri)r;io á O r d c i i i * o s
r\>nfu-s- S . C .-n iia n o . S . C y p r ia A o .
* í^ütn A.i^ofítinh.'. S miío Ailiaiiaíio. S. e San<o Am-
'íbro»in.

• ▲I 203
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

—— 70 —

r e g r a s e preceitos, afim d e d ise ip lia a r a A dvocacia. M B ou


c h e r d ’A rgis, d o s e u R e su m o H istórico d a Pro& ssio d o s À à -
v o g a d o s, refere um a ordeoaQQa d o P a r la m e c io , c o m data d e
1 3 4 4 , e u jo fim é m an ter esta profissão e m tod a p u reza, para
q u a seja util a o A dvogad o e a o Pubtíoo. N ella exp ressam en te
s e o r d e n a a m atrícula d e to d o s o s A d v o g a d o s, para q u e d elles
sejSo e sc o lh id o s o s q u e tiv erem a n ecessa ria ca p a cid a d e para
táo im p o r ta n te e m p r e g o , e x c lu íd o s o s o u tr o s . £ n a verdade»
S e o b o r e s, c o m o e x e r ce r u m a salutar TÍgilancia so b r e a A d vo­
cacia, s e m q u e s e p rin cip ie por tornar o b r íg a to r ia a m atricula,
isto é , 0 aiistam enU) d e to d o s a q u e lie s q u e s e destiu&o a
e x e rc e i-a T U m a outra d isp o siçã o a b i v e m exarada» o J u r a ­
m en to d o s A d v o g a d o s, se m o q u e ta m b e m lh e s n ã o era licito
en carregar-se d a d eíe nsa das c a u sa s. S á o n o tá v e is a lg u n s
d o s p o n to s , so b r e q u e o P a rla m en to q u e r ia q u e ju r a sse o
A dvogado. V ós perm ittireis que e u a q u i e n u m e r e a lg u n s
d elles. T a e s sã o o s p riucip ios n e lle s d e c r e t a d o s ;

Q u e o s A dvogad os e x e r c e r iõ o se u officio c o m diligencia


e fid e lid a d e :

Q ue já m a is se en carrega rá ò sc ic n te m e n te d e cau sas in ­


ju sta s :

Q u e a o r e c o n h e c e r e m d e p o is q u e o s i o , a s ab an d o n a rjõ
im m e d ía ta m e n te :

Q u e avisaráõ á côrte d e tudo q u e , n a s c a u sa s, q u e (ra­


lar em , d e sc o b rire m q u e in teresse o R e i :

Q u e n u n c a articularáõ scie n te m e n te f a d o s im p er tin e n te s :


Q u e n â o allegaráô n e m su^tentaráò c o stu m e s q u e n à o j u l ­
g a r e m v e r d a d e ir o s :
O u e d esp ach aráõ as cau sas o m ais d ep ressa q u e lh es fór
D ossivel:

204 9à!Ê
Volume 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— 79 —

Que nào p m cu raráõ m aliciosam en te d em oral-as, nem


aráô d e su b terfü gíos :
Quo por m aiores q u e Sc^jâú a s cau sas o Í o receb eráõ m ais
3 0 libras parisien ses por seu salário, e nada receb eráõ
m disto e m fraude da T ^ i: p o d e n d o com tu d o r * x b e r

n os:
Que pelas ca u sa s nicnon% , e pelas mais p eq u e n a s rece-
I m uito m en o s. seg u n d o a q u alidade d a cau sa e d t s
jsoas.
Q ue Dão larào pacto algum f>ara ter um a parte d o q o e
h o u v e r d e ob ter em virtude d o p r o c e s s e :
Pela m e sm a ord enança erâo o b rigad os o s Á d r o g a d o s as
ítentes o a q u alid ad e d e c o n se lh e ir o s , isto é , c o o so lta n te s ,
a prestar o m e s m o ju ra m e n to e m a is o s ^ í n i e :
Q ue e lle s com p areceráò ced o o a s au d iên cias, e farão q u e
a : a s partes co m p areçào igu alm en te.
-' Q ue nAo im pediráft d e ad vogar a s suas cau sas áq u elles
a q u em a A udiência tiver sid o dada.
4 Que n à o s e collocaráô n o prim eiro b a n co :
r Q ue q u a n d o h o u v e r m ais d e u m advogado n a ca n sa , u m
T-3, s6 ia lla r á ;
Que nào proporáõ factos in ú te is ;
. Q ue nào s e retiraráô em q u an to oi Ju ize s estiverem m

‘V .- .sala d as Audieticias
A antiguidade con tava-se do tem p o da rec e p ç ã o , ou
iü‘icula.
Kstava, ]iorém , reservad o, Sonhon^s, á O n iem d o s Ad­
iados I'm França u m a g r o m le catastrophe. F ilha primo*
^ i t a d o P arlam ento, 0 sua e x lln c ç à o era natural c o n s e -
Uencia i.lji e x lin cçâ o d a q u clle V enerando 12wpo d e Magis-
^ura. A ssim , n m»'sino dm reto q u o e m 2 d e Setem bro
It

#àm 205
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

— 80 —

lití 1 7 9 0 abolijo o s Parlapueotos, su p p rim io esla U rd em \ l


lu s ir e íjue tantos se rv iç o s h avia feito a o P aiz, e á h u m a-
n i d a d e ; proscreveu até o n o m e d e A d v o g a d o ; e prohibiu
0 u so dü s u a s ve stes.

I»e iien h u m a u U lid a d el.co n sid ero , S e n h o r e s , indagar se


é e i a c t a , o u u â o , a op in iã o d e M F o u rn el, q u a n d o pre­
ten d e q u e a s ((isp osições ( a q u e lle D ecreto n âo forào o pro
d u e to de ii it e iç ô e s h ü s li:, m a s p recisa m en te a^uillo que
o s in e sííio s a d io g a d o ü d e se ja v ã o , a o vurem e x tin c tó s toiios os
T rib u n a es d e A ppeilarâo, p reduzido ;i ju d ic a tu r e a m es-
«luinhos T rib u n aes d e 1 / In sta n cia . cuja substitL içâo se r ­
via para c o n h ecer d as c a u ^ s ap p ellaiías. I
R ed usid a por este acto de verdadeira vertigem d e re­
form a, a P rofissão de A dvogado, á u m estad o inteira­
m en te p recário, se m laço a lg u m d e con fratern i(|ad e, sem
o m e n o r direito d e d iscip lin a recip roca, iso la d o s, siinpli
( « s m andatarios, e m fim , d e s e u s c lien te s : receb erào o s q u e
o s su bstituirão o n o m o d e d e fe n s o re s o fficio so s.
fm p o ssiv e l era. S e n h o r a s, .q,ue_ a e jp e r ie ü c ia . lo g o que
'j g o v e r n o sr tornou regu la r, não o c o n v e n c e s s e d o s m a ­
les cau sa d o s pelas d isp o siç õ e s a b su rd as dn q u elle D ecreto.
Kra L n p o ssiw I u u e ;i opiniiio p u b lica, m o rm en te d ep o is dti^
relevan lissim os .Wrviçoa prestinlos p e lo s a n tig o s a d vogad os
ao M onarcha. por ncoasião d o seu a tro císsim o P ro cesso , e
aos cjeníenares de victiraas, sacrificadas p elo furor d e m a ­
g o g ia » da epocl^a, ás q u a e s, co m o n o l-o altesla Mr. r)ii-
pín A in é , já m a is fallárào c o n s e lh o , e d efen so r ; st; nán re-
corda<sp agradecida do um a Ord-jm, cu jo s m e m b r o s j á ­
m a is se h.iviâo e s q u e c id o d o s d ev ere? e ob rig a ç õ es vo u -
trâhidas nara com o P aiz.

0 g o v e r n o c o m e ço u resta b elecen d o T rib u n aes de Ap-

206
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— 81 —

içío. (9) P o u s (innos depm s i l O j r e 9 # m . @ T oga


r o g a d o s: p a ssa d o s 4 an n os m ais ( I I ) foi prom ulgada
uma Lei restau ran d o b s Escolas d e D ireito. N o T itufe 5 .*
desta L ei, d e sig n a d o — Do q uadro d o s A dvogados— n â o só
SH Ibes dá o direito de s u b stitu r e m o s Ju izes e m so a s úú-
tas, com o s e esta b elece o ju ran ieu to ( f 2 ) q u e e lles d evem
|)reslar, o q u al foi .con firm ad o, com m u i pouca a lt e r « ^ o ,
pelo gqvproo da R estau ração, DB
*••• O...rdeoiioça
•«• . «#•••««d••e• ..2.0 de •
'-jjíovembro d e 1 8 2 2 art. 38.
a Juro ser fiel a o R e i, o b e d e c e r a Carta Constitucional,
nada dizer ou publicar, c o m o defen sor, ou c o m o c o n se ­
lheiro, c o n t r a r io ^ s LeiSf aos R e g u la m e n to s, a c s bon stiü s-
tám es, á segu ran ça do E stado, e á paz p u b lica ; e j á -
m ais violisr o resp eito d ev id o a o s T ríbunae^, e ás A u lb o -
^ id a d e s E|ubltcas. « E’ este o ju r a m e n to (|u e ainda l^oje
prestão em F r a n ^ o s A dvogados.
Além d estas d isp osições ap pareceo em 14 d e D ez e m b ro
de 1 8 1 0 0 R eg u la m en to sob re o exercício da Profissão de
Advogado, e d iscip lin e d o F ôro, a n n u D c i a d s pela L ei d e
1 8 0 4 , regu lam en to, q u e apezar das reclam ações contra e lle

{9' .\o anno 8* d a R ep ub lica ( í (00).


", 1® No an no 12 d a R epublica 1 802.
Mj i8í)4.
* Arí 7“ 31. L e s a v o ca is, ei a v o u é s seVoni l e h ü s a" la p ublí»
r f a t i o n dv Ia p r e s e n lp l o i , pf à 1’a v c n i r , a van í d V o lr e r pn f o n c ü o o g
f 5*Prmonl « dp no r íc u d i r e , o u p u b l i e r . c o m m c d e f e n -
-^purs o u c o n s e i l s , d e c o n tr a ir e a u i lo i s , a u x r ^ g le r a e o s , a u x
^ i n o e u n , 6 l a surel<i^ «lo V E ia l. e t á l a p a ix p u b l i q u e , e t dc
j a n ia is s ’e c a r io r rtn rospp rl díl awx ir ib n n a u x . pí a u i a u to r i-
f* puMiqi,pjj_

I-
it

207
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

— @2 —

apreseniftdas por diversas veses ao g overn o, n èo foi ait*.


r»do (t S ). se n&n em 1 8 3 0 pMa Ordenaqça d« 3 7 de
Agosto.
Com a aboU çio da Ordem d os A dvogados, perdeo elU
a sua riquíssíma livraria, obra d e an n os (i4 )> Gome>
çada a íorm ar-se de n o v o em 1 8 1 0 (15), hoje coDta jé
para cima d e 7 mil volum es.
S enhores ; im portantíssimos erAo o s privilégios de que os
A dvogados goza vão em Fraoça, cm qu an to d u r ir io o s P a r
lam entos, sen d o dcties o principal quo o e ie r c ic io d e Ad
vocacia constituía um degráo indispensável para qualquer
eWvar-se aos lugares da Magistratura. N obres pela pro6s>
sáo, q u e e x e r c iio . Julgava a I^ i o s A dvogados habilitados
para o s títulos m ais distioctos da S ociedad e. 0 Gabinete
d um Advogado era um asy lo sagrado, n o qual era prohi-

<i3) Yid. Discurso de Mr. M ano et, na Câmara do* Dfíputa*


dos, na sessão de 29 dp Dezembro dc I8 2 1 .--V id , Collecção de
L eií e O rdenanças por Mr. Isanibert, Vol. de 18SQ pag. 3oa.
Appeodix á Historia dos Advogados por Mr. Dupin Ainc.

■;lf' F undada oiii 1708 por .Mr. Hiparfoiids, Advogado ce!»'-


Iire. iVelfa fazião os Advogados as suas c o n fw n c ia s Iodos O"
Sabbados, e ucllas se disrulião qucslòps de Direilo, liào-se Me­
mórias «obre objpcios dignog do iineresso da Profissão , como
Elogio» de alguns Jnrisronsullos, do que lesullava a mais nobrp
*• salular emulação da Sciencia. Nesse leinpo cada Advogado quo
se matriculava pagava 5 livras lurnezas por «nnn Resolução d"
ParlamenU) d r Í3 de .Vgosm d r Esles fundos «rão appli-
, ado* na compra de livro*».

15' Em 1806 Mr. Ferey h á Livraria dos Advogado? l.líW


volumes e 3.000 franeoí. E pi.i foi n lias.' Mm nova Livraria hoi'
«•xlglfntí*.

208 «A i
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

_ 88 -

’ tiido i qualquer official de justiça citar,


outra iD tim açào, aos clientes, que o s con*oll
pe Mccordo com a elevação da Ordem e s U fl
e a dignidade de sees m em bros. Seo rigor era U l,
'^tívaaieate aos bon s costum es daquellc que preteodía ser
oella adm itlido, qu e pretendendo o Kx-CbaoceUer Poyet
tornar a entrar para ella, tendo sida advogado antes d e
: ser Chanceller. nào o cunseguio por haver desboorado a
■ • T c ^ , sendo por isso degradado da dignidade de Chance*-
> ler. Este facto por si só fslla mais qu e muitos Tolumes.
; O xali um tal e ie m p io jám ais seja esquecido, n o m undo
Ju d iciá rio I
;; V Jacques Maogol, um dos mais rucommendaveis Ad»o-
i gados d o seo lem p o, ainda foi talvez mais severo com
Jean Mosnier, tenente civil dos Prebostes de Partz, por
'Ty' «jjas m alversações fôra condem nado. Apresentando-se um
dia a deliberar sobre uma questão importante, em uma
ii : , Assembléa de Advogados anciãos, levantou-se Mangot, r
• r ; " d isse em voz alta, q ue nào sp communicaria jam ais com
I um in fa m e.—
Em geral nào é permitlido aos EcclesiasticoF o tomarem
parte em negocios seculares ; mas nào consta que tal pro-
V t hibiçào se estendesse A Advocacia, excepto quando esta
nxerce as suas funcçôes om matérias criminaes. Mr. d ’Ar-
. i!' gis comm emora que o s Parlame.itoç erào com postos, qu asi
■.í" em sua totalidade, <le Ecclesiaslicos, padres, curas, cone-
. jros Pariz, 0 Arciiliago>, moslraiido por este modo q u e
í nenhum a incompalibilidado havia entre o estado ecclesias-
iico, e a magistratura. .M.is rlli' m esm o dá a rario disso,
a qual nAo póde prevalwpr hoje. por quanto as letras náo
S!io iv.ais 0 apanaaio p^tclusivn dn rlwro.

•Á l 209
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

— 84 —

Do q m aoibo á9 «xp or-T o e, Seabofes, d e v e «onciuir-w


\ ffÊe a prim eira q u alid ad e e x ig id a para q u e seja a lg u é m
j «rfm itW o m e m b r o d a O r de m (1 6 ) d o s A d v o g a d o s e r a , e é
I h€|je, o s e r te m e n te a Deos» e d e b o n s c o s tu m e s , se g u n d o
i| 0 preoerto c o n stitu cion al, tanto na P r a o ça , (i7 ) c o m o entre
0 Ó8, ( 1 8 ) e a s n a ç õ e s c iv ilisa d a s, o a s q u a e s ha toIerancia
de coito.
H ouve te m p o , em q u e para s e p o d e r a d v o g a r p erante
08 P arlam en tos era d e m ister a g r a d o a ç à o i n a l t e r o j u r i u m
(19). H o je basta a o b te n ç ã o d e u m a carta d e lice n c ia d o , o
q u e s e dá a o s q u e e s lu d â o tres a n n o s e m q u a lq u e r fai:ul-
j d a d e d e D ireito, e satisfazem á d iv e r so s e x a m e s . (20)
A rec e p ç ã o d u m A d vogad o tem lu g a r e m A ud iên cia P u ­
b lica d o T ribunal d AppelIaçAo (2 1 ) n o qoal um d os Ad­
vogados a n c iã o s (221 apresen ta o C and id ato, o q u a l, o u -

'16) 0 (ilulo d e — Ordem— a os AdTogados é reconhecido de&-


de a m ais remoia aniigu id ad o , com o se põde ver em Iodos os
eseriptores quc- tém Iralado do assum pto. N apoleão, que de to­
dos os Soberanos da França foi o unico íutm igo que leve esta
hoorosissím a proA ssãn, laoto era aq u elle íilu lo o p ro p rio , que
expressamente lh’o ir stitu iu n o Art. 19 do seu Decreto de 14
de Dezembro de 1810, E não sendo Napoleão então Legislador
em França, evidente é que esle, assim com o qualquer outro ti­
tulo, rstá nas aKribuiçÕes do Poder Executivo.
(17,1 Ari. da Carta.
(Ift) 179, S 5.* da Const, do im pério.

.19) Orden. de Francisco I pm 1535. Cap. 4 / Ari. 1.*


(20) Lei de 2 2 vetilos. aniio 12— ArI. 24, 29 et seguininb.
''21) Cours Royalps.

■ 22) Antigam ente, (diz Mr. d'Ar^fis, quí- escreve em 1753). &
qualidade de Advogado ancião para apresAniar um L i c e n c i a d o

210 e>Ai
0 o mÍDÍsteri'> Fttblíoo Á q u e m c o m SDÜcipaçáo s ã o « p r e -
' tadas s s s u a s carlas, presta o j u r a m e n t o , q u e j á r e f e h .
Cada T ríbuoal d'A ppeU açáo, ou d e p r i m e i r a losU iocia, te m
: iim q u ad ra d o s A d vogad os, q u e r esid em d o se u D istrícto, s e n -
j o porém liv re b o je (23) lanto a u n s , c o m o á o a tr o s , a d v f^ a -
re m perante tod os o s T rib u n aes d o R e in o , sem n ecessita r d e
^ ^ th o risa ç ã o d o G overn o ( 2 4 ^ sa lv o o c a so d o Art. 2 9 5 d o
Codigo d ’ln str u c ç ã o (2 5 , q u e u m a O rdenança n á o podia dcr-
rogar. (26)
A corporação, S e n b o r e s, form ada d o s A dvogad os inscriptos
era u m m e s m o Q u ad ro, era an tigam en te presidida pelo seo
j)e à o ( 2 7 ) : b o je não só o s e o P resid en te, c o m o o s m e m b r o s
do CoQselbo d e D iscip lin a, sito d ire ctam eote e le ito s to d o s os
an n o s p ela A ssem b léa da O rde m , com p osta dy tod os o s A dvo-
j^ d o s inscritos n o Q uadro As attrib uiçôes d o C onselh o

«btinha-se no flni d r 10 aniios d r oxt^rdcio, p n *sen lf*m en te e m is -


i T SO íuinos.

, 4(23} P e la citad a o rd . d .‘ á 7 d e A costo d e 1830.

' ii4) llonio delerminava 0 D errelo dc 14 do Dt-zembro de 1810.


^2o) í..» C o n n i l d r r A ccuse iio p ou rra é ír o c h o isf' p ar l u i ,
ü c sig n ú p ar Ic jugf», q u o p a r n ü l o s a v o c a is . o u avn u e's d e Ia
.< ^ u r r o y a U \ o u d»' s o n r e s s o r í , a n io i n s q u o T a c c u s c n o b l i e o o r
^ u ,p r(‘sidpnl d e l a cour d'AssisJS la permission de prendre pour
i^nsoil un de ses parents, ou amis.
( ‘il, Ord. dc 27 du A goslo di* 1830 arl. 4.’*
H isi. ttb irg cp dc M t. d ’Argis.
Elt'm. dc Dircito Publico nor Mr, Pouoarl. Edii. de 183!).

277
______________ Hifstnria da
O rdem dos Advogados do Brasil

d e D isd p lin a sáo d a m aior g ra v id a d e (4 9 ). A inda d ep o is de


p restar-se o ju r a m e n to nào se p d d e e x e r c e r a A dvocacia pe-
r a o le o s T r ib u n a e s, se m ser io scrip to n o Q u ad ro d o s Advoga­
d o s (3 0 ) . Esta ia scrip çáo nSo p ó d é ter lu g a r a n te s d e tres &n-
n o s d e pratica ; (3 1 ) o s q u a e s p o d em se r p r o lo n g a d o s p e lo C on-

(29) As adribuições são : 1.® R esolver sobre as duvidas rela­


tivas ás inscriprões : 2.® E xercer toda vigilância, que a honra c
•)s ioterpssc’s da Ordem exigirem : 3.* A p p iica r, quando tiver
lugar, as medidas disciplinares, autorísadas pelos Regulamentos,
a sa b e r ; ad verlen cia, inlerdicçào Icmporaría por um anno m»
maximo, a eliminação do Quadro. E sías m edidas nào podem ser
decretada» sem que o Advogado seja ouvido, ou noliftcado para
comparecer no termo de oito dias. Da sentença que im põe in-
terdicçào têmpora ria, ou elim inação, ha lugar Appellaçáo para a
~ C o u r Royale— . E ste direito pertence igualm ente ao Procura­
dor Grral e deve s p t eic r c id o dentro d e dez dias da intimação
da Sentença, feita a um ou a outro p elo — Batonnier— ord. dv
30 de Xovembro de 1 8 í2 , art. 9, <2. 13, 14, 15, 16, 17, 18.
Í9 , 21. 23. 2 Í. 25, 26, 27 , 28 e 2 9 : idem de 17 de Agos­
to de 1830, ari. 1 e 2. Antigam ente as oliminaçÕf‘s s6 podião
ser proferidas por um grande ju ry , formado de toda a Ordem <*in
Vssembléa (ieral. Assim rom o aq uelles qu'* deixào a Profissão,
e querem voltar a * lla, a sua caihegoria nn Quadro começa dn
•tia em que lomárão a entrar. Todavia o Cavalheiro N icolauf'h \*
pard, celebre Advogado do Parlamento dr P arii, depois de pre­
encher os lugares de Minisiro •• Enviado cm varias côrtes da
íta lia . voliou á F rança, enirou outra vrz para a Advocacia.
Morrendo uin dos doze .Advogados a n c iã o s, apresentou-se para
I nlrar para o numero. O p p oz-se o r p u im m ediato, dizendo
elle havia perdido a siia cathegoria oni oonsequcnria da sua 1'^»'
j;íi aus« ncia. El!r snslenloii que se eslivera au^ent*/ íôra em
viçü do E slado. E assim decidiu n tloverno.
,30) Ord. de Philippi dr \ a l o is . de K evneiro de 1327 e «i»-
j3 i4 . t i i .

(^1' Chama-Pf " Stagp » noviriado.

212 9AB
Volume 1 O lAB e os Advogados no Império

— 87 —

lh o d e D isciplin a, so b cuja vigilancia poserâo o s R e g a la m c o -


108 d o g o v ern o , o co m p o rtam en to, e o s c o stu m e s d o s A d r o g a -

d o s, d u rante o s e o tyrocin io. A n tes d e ter 2 2 a n n o s d e idade


e sem d o u s attestad os d e d oiis m e m b ro s d o co n se lh o d e D is-
iá{^ina, to rn an d o certa sua assid uid ad e nas A u d iên cias (3 3 ] , oAo
p õ d em o s q u e se destin ão á A dvocacia faliar n o s T rib u n a es,
n em escrever n a s Causas
S e n h o r es, para com p letar a prova da c o n á d e r a c ã o , e m q o e
^ tida na F rança a O rdem dos A d v o g a d o s, u m a L ei (33) lh e s
deo entrada n o T ribunal d e Cassação : o D ecreto d e 1 1 d e J u ­
n h o de 1 8 0 6 o s ch a m o u ao C oncelh o d e E stad o, e a o r d . d e
2 9 de J u n h o d e 1 8 1 4 am pliando aq u e lle Decreto lh e s d e o o
mui h o n r o so titulo d e — A dvogad os aos C on celh os d o R e i— (3 4 ).
r S e n h o r e s, a b revid ad e d e ste D iscurso n à o m e perm itte d a r-
|? o s u m a historia com p leta e m in u ciosa d o e sta d o actu al da
nüem d o s A d vogad os e m França. Mas o q u e te n h o dito torna
v td e n d e a U tilidade da Institu ição, q u e h o je in staliam o s ; n ào

(3á) O r d . d e 3 0 d e N o verab n * d e ! 8 2 i , a r i . 30 e s e g u i n t e s .

(33) A Lfii d o 2 7 v e n t o s e a n n o 8.*

(34) E tiifini. d u a s ordí^nanras d f Í3 d e N o v e m b r o d e 1 8 16.


Io d e S e t e m b r o d e t817, r o u a ír ã o o s A d vo g a d o t aos C oncslkos
4o fíe i c o m o s A dvogados ao rí-iÒKtwl da C assaçao, t o m a n d o c o m -
RUns s u a s a i i r i b u i r õ o s , e d a n d o -lh (* s o l i l u l o d o A dvogados o o t
xcelhos do R ei e ao T r ib u n a l de C assação. 0 n u m e r o d e s t e s A d -
' g a d o s «•' 60. D cvom so r l i r o n r i a d o s . n d e i d a d e d e 8 5 a n n o s
.‘p olo m o n o s . S à o s u b m e l l i d o s á j n r is d ic r ã o d e um C o n celh o de
‘li*cip liu;i. H p rp slã o fiaiiÇH c o m o s « r o w ’s (esc r iv à p s ). c u j a s f u a r -
‘£ ò i ‘s p r e e n c h e m n o ( l o n r e l h o d*' E s t a d o e T r ib u n a l d e C a s s a ç ã o .
íOrd. d c t o dl S c i r m b r n dr 18t7.— I.«‘i d r 37 v e n t o s e aODO 8.*
97.
if

#à# 273
____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

—' 8 S —

se n d o in a tii recordar a o In stitu to, q u e s e e n tre p s R o m a n o s e


G r egos, o s A d vogad os forâo se m p r e c b a m a d o s a o s Em prego»
m a is e m in e n te s , n a F ra n ça , o u a n tig a , o u m o d e r n a , p6de'di>
x e r -se , q u e d e lle s , e s ó m e n te dhUes t a h e z , tír&o o G o v e rn o e o
P o v o , o s p rim eiros fuDCcionarios P ú b lico s ( 3 5 ) .

(35) Enlre o s p r iv ile g e s da maior dislincçÃo, concedido# aos


Advogd^dos, é diguo de rcforir-se o de que gozÃo, desd e a m a is
alia antiguidade, de íallarem coberlos perante c s Tribunaes, ex>
cepto fjuaudo lie m as ppças do Prorrsso. \ razào desta oicej>-
ç ío é porque faz pn(ào as vpzrg de Procurador, o qual nào po­
dendo aseislir sem pre i e Audiências, o uso (em iniroduddo, par*
maior expedição das c a u s a s , q u e o s A dvogados leiào as peças
do Processo. A lguns Magisirados ignorando a diíTerença que ha
enire a leilura das poças do Processo e a das L eis, Ordenanças.
G âictoí, declarações, costum es, eslylos, coramentadores, e outros
teiü3i e aulhoridades , tira pretendido , em diversas occasiões .
obrigar og A dvogados a sc descpbrirem ao lerem Leis, etc. etc..
mas lacs duvidas tim sido sem pre decididas favoravelmente aos
Advogados.
Por occasião do processo do Marechal N e y , na Camara dos
Pares, o Chanceller Presidente da C am ara. Mr. D a m b ra y , iiàe
permitiiu aos Advogados cobrirem -se, usando da formula— rw tíe s-
voxis à v o lre a i s e ; m a is p a r le z lib r c m m l — , com o se tal formula
podessc jám ais ser equivalente da qr.c usavão os antigos pri­
meiros Prosidi'nti's dos Parlamentos, qun lambem erào Caniaras
dos P arfs — C o iivres r u m — . V eja-se sobre isto o que* diz Omcr
Talan, apoiado na autlioridado irrecusável de Lhopital, nas iía -
x im a s de D ire ito P ublico. Tom 3." pa". i l .
Os Advogadas, porem, qucixárâo-so. d»'s(a violavfio do seu s pri
vilegios : e o facio ú qu»; no P io cesso relativo á Cousj)irarão d*'
m «2 do A^ogto do 1821 . a Camara dos Part-s pr-rníilliii que
Advogados fallassí-m coberlos.
E ’, porem, rstylo recebido que . quando o .Advogado defend''
^«UM propria p em seu n o m e . com dispensa dada dmlo Triby

214 9á U
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— W —

19» roestiM aco n tece n « In g la te f rs» oodm a O rdem <fòs i d -


)d 09 é tida na m ais su b id a e stim a , e preem ioeflte tiottsi-
srsçâa-
Ha d o o s gr^05, d iz o celeb re Ju riscontultò Blacksto&e. dê
Jdvogados, u n s (3 6 j d esig n a d o s n o s n o sso s Itvros a n tig õ s—
:ii a d U g e m — s i o con sid erad os m ero s aprendizes o u
D áo qualificados para e xercerem p le n a m e n te o offi>
’ d o d e A dvogad o ; para o q u e é m ister um a pratica d e 1 6 a n -
v nos: en tã o , se g u n d o a o p in ião d o n à o m e n o s c e le b r e Ju ris-
i ^ n s u l t o in glez F ortescu e (37) p a s s io para o g rá o d e — 5 m r t e n -
a d le g e m — {ZS] cuja an tig u id a d e , h on ras, e x p le n d o r , e
riqueza eo c o n tr a r -se -h á o suíB cien tem en te d e s e n v o lr id o s d o s
' & % w t o r e s , q u e tem tratado d o c ^ ie c to (3 9 ). E stes p r e s t io imm so-
v ^ e J w in e ju r a m « n lo , p eio q ual s e o b rigào á ciraiprir oí»seos d é-
Xveres para c o m o s se o s c lie n te s . P or um c o stu m e im m em o ria l
'H:os Ju ize s d o T rib u n al d e W e stm in ster sã o se m p r e ad m ittidos
\ ' ^^esta V enerável O rdem , (4 0 ) a n te s q u e se já o n o m e a d o s J u íie s .

? í- i >
o faz descoberiu. E igualmente estão descoberto? quando os
Juizes pronunciào sua sentença, n io lhes sendo licito interrortl-
pel-oê por motivo algu m .
t!
\36) Barristers em inglez. Eduardo I foi o Hei que primeiro
Jíassin» os nom eou. Ord. feita no segundo auno do seu reinado.

37j De Legib. Cap. SO.


ik (38) Serjeants, em inglez.
t ,39) Alem do rit. F n ríescuf no seu R ep., íeníOá Dugdal, orig.
^Jurid : W ynne observai, touirhiug the antiquities, and dignUy of
he degree of Serjeant.
Í40) Esie tiiuio d e — Venerável Ordem— encontra-se em Bla-
tone e ouiros.

215
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

— 90 —

(41] LMIes s e tira o P rocurad or d a CorAa, o S o ü c k a d o r G«ral,


o A d v o g a d o d o R e i, e m p r e g o este q o e io i e x e r e id o pek> Pre<
claríssim o Lord B a c o o , C ha o c etler d a In g la ter r a , e p o r outros
P e r so n a g e n s, d e q u e se h o n ra o im m o rta l cata lo g o d o s i d -
T o g a d o s in g le z e s .
0 direito d e p r e ced en cia n a s A u d ie o c ia s é d e tam anha ood-
se q u e o c ia , q u e p o r s é c u lo s p r e v a le c e o c o s t u m e d e se expedi>
rem cartas p aten tes aos A d v o g a d o s, que ain d a o c c u p jo
o prim eiro d eg r á o na A d v o c a cia , s e g u n d o e n te n d e a Corôa
h o n r a r c o m tal d is t in c ç io a u m , o u a o u tr o . ( 4 S )

(41) The original of w ich was probabiy to qualify the puisne,


barons of lhe E xchequer to bacome ju stices of assize, according
to ihe exigence of the Statute of 1 4 E dw . Cap. 3.* vid . Bla-
ckstone Tom. 3.* pag. 33.

(43) A pre-audiencia nos Tribunaes é julgada de tal impor-


la n c ia , que julgo instructivo apresentar uma taboada resumida
da precedencia usada entre os Advogados.
1." 0 Procurador Geral do R ei.
2.* 0 Sollicitador (leral do Rei.
3 * 0 ! . • Serjeant do R ei.
4.* 0 antigo Serjeant do R e i. ou o mais velho dos Serjeants
do Rei.
5." 0 Advogado Geral do R ei.
6." Os Serjeants do R ei.
7.® 0 Conselheiro Advogado C oosullante do Hei com o Pro-
rurador da Rainha, e seu Sollicitador.
8.* 0 Advogado da Municipalidade de Londres
9.* Os Advogados da Lei Civil.
10. Os Barristers— Apprenlirii ad legrm.
No Tribunal da Fazenda lem lambem precedencia cm !íua>
m oções dous dos m eis praclicos Ad\o^ados — B a rrü itrt— deno­
minados po»t m an. p liibfnan, appeilidos tirados dos lugares oiidi'
«então.

216 9àM
Volume 1 O lAB e os Advogados no Império

~ 9i ~

oa iD g iA te r r a , assim c o m o e m R om a, é m u t o
d e g a n h a r h on rosa reputação» e credito p o p a la r , d o q o e
d e riquezas, q u e d irige o A dvogado n o e x e r cício d e so a
P r o fissío . U m A d vo gad o, S e n h o r e s, n ã o p oderia, sera
le n d e r , e m u ito , a su a reputação, sustentar em J u íz o uma
A cçio p ed in d o o p agam en to d e s e o s d esp a c h o s foren ses, os
quaes para m e servir das e x p r e ss õ e s dc u m a d a s L um inarias
dft Ju risp ru dência ingleza ( i 3 ) n ào são pagos, c o m o locaU o
Del t o n d u c l i o ; m a s sim c o m o q u id d a m h o n o r a r i u m ; o í o
oom o sallario, o u o rd en a d o : m a s c o m o m ero acto d e esp o n ta -
nea lib erd ad e.
S e d u m la d o a h on ra, e a delicadeza da Profissão d 'A d vo-
gad o, o á o p erm ittem , q u e ellos sejâo ob rigados a fazer declara­
ções relativas a o s n e g o c io s, q u e lh e s cooA ão as Partes na qua
M a d e d e s e o s P a t r o n o s ; n e m passar recib os d e D ocu m en to s,
ou honorários, q u e d ella s r e c e b e m , n e m tam b em p o d em reter
em sua m ão o s papeis d e s e o s c lien tes por falta d e p agam en to ;
.%mo é p r a x e con stante (44) nas N ações civiiisad as ; d e outro
< W o , S e n h o r e s, a m a is p len a liberdade é garantida p elas Leis
aos A dvo g a d os polo q u e 0 relativo á d efensa legal d o s direitos
^ d o s se o s clie n tes. E em o r d e m á a co ro ç o a r q u a n to fôr p ossív el
^ lib erd a d e ; e a o m esm o tem p o lim itar, refrear d e u m m o d o
ícaz, a rep reh en siv el licença d a q u elles q u e h o u v e r em de
ísar d o m a is hn nroso d o s m in istérios, q u al o d o A dvogad o :

I M a c k slo iif, U u 3." C ap . 3 Í8.

A ^ ® '^piuião ^'oral a rslo ro s p e ilo , quo m w a Ürd.


^ 'if t ^ a rt. 1 0 . ni '111 o I)i‘crolo do i l do D eiem h ro dp
* forào já m a is 1'ie o iila d o s na F ra n ç a na p a n o quo obriga os
> 0.' doa fl d a r q u itação ilr stias ronsiillfls. Mo. olr.

277
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

d eterm in fio a s Lete in g k z a s , q u e o A d t o g t d o ntto 0 m p o & sa -


r e l p eto q u e dw sér, c o n c e r n e n te i C a u s f , d e q o e « ocCttpw
e fftr s o g g e r id o n a s I n s tr u c ç ô e s , q u e l h e S t e r d a d o 0 se o
em b ora resu lte inju ria c o n tr t a reputaçfto d e ocrífeai, e s e j ,
ÍQtetmfBeiite io h in J a d o : p o r é m s e o A d v o g a d o m e n c io n a r Drtiaj
h is id a d e d e su a p ropria ín v e n ç S o , o u a in d a suggerida* n as Im -
Iru cçd es, roas im p e r tin e o le da e s p e c ie v e r te n te , é em presença
d« W r e sp o n sá v e l, e s u je ito é se r e o n d e m n a d o á requerim entoí
dâ P a f k m ju rw d a Ig u a lm e n te é su je ito í s p e n s s d a L ei (4»;i\

(45) Slat. W eslw L. 3 . E d. 1." C. 28. E sle Statuto impÔe a


pena de prisão por um anno e ura dia, e prohibição de ad vo '
gar nos Tribunaes p erp etu a m en te; pena esla impúsla algtiinas
ve ie s tam b en por delictos g r a m na praciica.
T od os sabem & ceoju ra que fazem geralmentB aos Advogado», i
porque se encarregão iodiscrímíDadamente do justo e do injusto; i
sendo sobre islo lão severo S ir Maihew H alc e seu pai, que este ;
deixou o f Oro porque nelle se practicava um lal abuso*; e aquctíf
jin ia ts tomou conta de demanda, que julgava injusta, 0 q a í se '
póde ver na obra Bril. Kiog. V. 5, pag. 385. No eoirelauto «»- |
pero se julgará interessante sobre o assum pto a resposta do Dr.
J o h n so n , uui dos ornamenlos da illuslrada Nação BrilanniCfi í
Sir Wiliaro Forbes. « Um A dvogado, diz e l l e , nada tem com a
jusiira opi injustiça da causa de que se en ca rreg a , salvo íe 0
seu cliente pergunta a sua opinião ; porque enião é obrigado dar-
Ih a com verdade e honestidade. A justiça ou i n j u s t i ç a da rausa
tem de ser decidida pelo Juiz. Qual é 0 proposito dos Tribu-
naes de ju stiç a ? E' que cada um lenha a sua causa convenion'
lem enle defendida por pessoas prn& sionaes. 0 flra do Advoga­
do não é dizer que aquillo quo olle a llega é mentira : seu Om
Dão é produzir era Juizo que aquillo que el)e sabe é. falso. S e ­
ria usurpar a alçada do Jury ou do Ju iz determinar qua! deve
ter o effeilo da e v id e n c ia , qual 0 resultado da argumenfaçào e
allftgaçôes juh d icas. f.oww ^ r w k sim a a habilitação pêfa

218 9AM
1 c p o íf» q iw m h provar q u e o b io u c o m em g#oo,
ou o on loio.
r y g a Ofl Fraoçft a id v o c a c te c o o stitu e um a O rdem e o à o u m
C p fp o , c o m o d íz Mr. d ’A rgis, q u e tem se o C hefe, m m d isc ip li-
iu » @0OS d ire ito s, e prerogatÍT«s ; o a lo g U ter r a U n ^ m a Ad­

der as suas próprias c a u s a s , existe oa sociedade a classe dos


A grogado#, que por esludo e e íp c n e a d a tpm » artp
0 poder de arranjar as p r o v a s, e a p p lic a l- a ^ ^ ? ^ ^ <
da Lei. Ao Advogado incumbe a mesma í m á k e r em b e a ^ _ ^
de #ew cliente (u4o aquilio que ao seu w e n le er&'4icito b z e r ^
em le u te n e â c io , se podesse. S e pois por
i^Ueogão, de saber, de luzes, e m elhor melhod&^^ftSVMnuvica-
£ào, tem clle vaolagem sobre snu adversario, á lal
' elle direito. Forçosamente deve un» ou outro lado obter e s la m e -
ihoría de posição; é porem m elhor que tal melhoria ou vanta-
: gem seja devida ao talento, do que ao acaso. S e os Advogados
%tã# devessem encarregar-se de causa algum a emqu&nto não es
:[ ^ e # s e m certos de sua justiça, aconteceria que ver-se-h i* o ho-
! mem em gociedade im pedido de pleitear o seu direito, embora
minado judicialm eole venha e lle a ser julgado mui justo. »
0 celebre Advogado ingiez Mr. Erskine, ao depois Lord, de-
dendo Thomaz Paine, d isse : « S i o Advogado se recusa de
nder um accusado eni consequencia do juiio que faz dos pon-
*ós da accusarSo, ou da Jusiifloaoào, usurjui o caracter de Jui*
. p^usurpa-o antes do ju lg a m e n to , pondo em proporção í plana
occupa G á reputação de que gnsa , a impurianie influencia
'/ts uma opinião, por ventura ilUidida, na balança em que pesão
destinos do accusado; do accu sad o, que não encontra na
-‘ssa benéfica Legislação, conliiiúa o mesmo auctor, senão pre-
pçòos favoraveis á sua iimaci'iioia : do accu sado, que deve
ntar ura defensor em cada um dos seus Juizes. » B anvan *n-
« Tom. 3 * 975.

#àm 279
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Btasil

— 94 —
\ ■!
I j v o c w ia form a um a O rdem , b em q o e e m » q w , oatra
I j, d ifferenças e x is U o , q u e p le n a m e o te a s d is tj^ g a e m .
: S e n h o r e s, em qu en to o d ireito P alrio, f h o q » e na Ingíater-
j j ra s e c o n h e c e pelo n o m e d e — Comrnorf C aw — efa a p eq a s for-
j I m o d o d e um a coHecçào d e m s i i m s s n S o e s c r ip U s , © c o stu m e s,
j ^ e n tr e g u e s, para assim d iz e r , d e m á o e m m á o , és G erações pela
I ; ji tradicçáo, p e lo u s o . e pela e ip e r ie n c ia : e vivia b a n id o das
II U n iv ersid a d es, o n d e a p e n a s se en sin a v ã o o Direito Civil, e
1 J C anoiiico i6 ), a Á dvocacia ingleza participando d e u m a láo
I! notável anom alia b em lo n g e esla v a d o caracter n a c io n a l, q u e «
d istin gu io d ep o is.

Um in cid en te, p o r é m , c o m o n o s e n sin a B la c k sto o e , m udou


i inteiram ente a fa c e d a s c o u sa s. C om o v ó s sa b e is, a Judicalura
j oa Inglaterra, e e m a s outras N a çõ es tin h a s u a s s e s s õ e s n o s Pa-
jlj lacins d o s Rei^, a q verr a c o m p a n h a v a , se m p r e q u e o s Monar-
!| chas m udavão de residen cia. S e n s iv e is o s P o v o s a o s graves
in c o n v e n ie n te s, e v e x a m e s , q u e d a h i resu lta v ã o , fízeráo quu
fosse um artigo d as M agtias Cartas d o R e i J o i o , e d e H enrique
i 3*, q u e o T ribunal (4 7 ) o n d e s e d iscu tiâ o a s q u e stõ e s sobre
I propriedades nào a co m p a n h a sse mai< o R e i. Isto foi bastante
II fwra ijue in im ed iatam en te so r e u n isse m e m L ondres tod os os
' Profefsores da Lei M unicipal,d is p e r s o s a té en tã o p o r lo d o Reino;
! " -sf* form asse u m a a sso c ia r ã o , c o m o o b serv a S p e lm a n (4 8 ). de
l jifissoas ded ica'ias in teiram en te a o estu d o d.is Leis d o P aiz, até
cíwa ép oca considerada u m a scien cia su b sid iaria, e d e m ero di-

!| lA) \ id. Foriosqiu' no a m )’an<>,nrii;« J a s L»‘i» da íngSatrr-


I r«. « Sf.riptn nr* Krjuarlu dr‘ H' Ví.

i7 ) ílo n r ní Conimonw Hlpas'.


i'4S) O ío ts a r. 3S4.

________________________________

220 9AM
V olum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— 95 —

as b o k s v ig a s . Esta peuuiào, S e n h o r e s , de
"" jrços sp ien lificoi pela p ro U ic^ o , nunca íd u ü I d o
beraoo (4 ^ » b em d ep yA sa elev o u ao a u g e d e perfeiçáo, em
hoje s e ach a o Direito P atrio, ou a Lei C om m um o e ste Paiz
Itílassico (la ü h e r d a d e
J |O b r ig a d o , S e n h o n is, ú con form a r-m e com os lim ites inciíS'
P^isaveis d o presente d iscu rso, d evo notar sd m e nto, q u e aq u et-
la reunião d e sab ios coiislituio^se em p ou co tem p o u m a Ordem
collegial, (50) com prou edifícios vastos, nos q u a e s estabeleceo
u.T)a Dova U niversidade destinada a o e n sin o d o Direito, e P r « e ,
debaixo d e certos, e determ in ad os R egu lam en tos, e on d e (51)

(49) E d u ard n I, iniilu lad o o Justiiiiano inglez.


•• • (50) ín consequence of this lucky assem blage, they n&lur&lly
^ M l into a kind of CoUegiale O r d e r , aud beiug excluded from
ford . an d (lam bridgo . fouud il nt'ucssary lo establii^h a new
'v m i l y of th eir owq T h is they did by p urc h a sin g al various
^m es certain houses, now called the in n s of court, and o f Chan-
^‘'ry, InoPT T n m p le r, L incoln's in n , ele. B la c k s lo n e , Vol. I.*,
m - 23.
(Õ1) Na adm issão dos E stu d a m o s obsorva-so ura severo re-
lanii'iito, já polo qu»' resppíta ás Leíras como ao s coslum es e
K im c n ío ! E não h a cxomplo nos lompos m odernos de se ti'-
P'fn os T rib un al's o menos o r.overno e J*adam»*nto introm etlido
?om esse reg u lam en to interno. Poslo que ha exem plos de co-
hi’eeri'm os T rib un aes por meio de app-U acão das r»'jriçõos
>iIrs pela O rdem dos Advogados, d r indivíduos que tendo fin-
Rdo o seu (cíiijin de estudo, todavia, a Ordem os iiào it-coulioec
ígnos de ««ntrarem para ella e exercerem a Advocacia ; rovo-
^wdo op Tribunaes em u ns r a s o s . em outros confirmando a
«o. l)e t&.>s appellaoò('f riiarei " easo dp Mr. H a r v e y , o
Sendo nnanim pm ent': rfu-jiado fin t i'n>equfnci« d* serias
13

•4 I 221
______________ Hi«itnria da
Ordem dos Advogados do BtBsii

— M — 1
se d sü , com o nas ou tra s lju iv e r sid « d « s. gráos d e q u e voü j
te n h o h l k d o , d e B a r r ú te r s ^ q u e c o r r esp o n d e m aoan ossos^
B a c h a r e if, e d e S w ^ e a n ís a o s D o sío s D o u lg r e s. Para a l i !
em 6m correrão á m atricu la r-se toda a nobreza e fidaiguÍA do |
R e in o . 0 em in en te caracter. S e n h o r e s , da A dvocacia ingleza, j
assim co m o da d e q u a lq u e r outra N açáo, c a m elh o r gsr&otia '
das L eis, d iz c o m to d o fu n d a m e n to o A utor d a R evista d a A m e­
rica d o N orte.
0 -m eüm o espirito d e associaçào q u e e le v o u o D ireito Com-
m u m a o g r á o d e e sp le n d o r , q u e h o je o d is tin g u e (5 2 ) na lo g i s -
terra, fez c o m q u e n a E soossia s e cria sse a F acu ld ad e d o s Ad­
v ogad os E sco sse z e s. Ella fu n d o u e m 1 6 6 0 a su a celeb re Livraria
sob re um p lan o e x te n s iss im o su g g e r id u p o r S ir J o r g e Mc. Keo>
zíe d o R o s e -h a u g b , A d v o g ad o d e Carlos 2.'* e J a c q u e s S .* , o

nbjecròpg quo tuuilü affectâvão o seu caracter, appetlou para oe


1-2 J u i/es, que depois de ouvirem a Mr, Harvey c & Ordem d»s
\dv<»gado5. confirmou a rejeição. Então d irigiu -se Mr. Har?*y
ao P ariam rn io; sua qu eira deu lugar A nomearão de uma coni-
missào e s p e c ia l; es(a , depois de maduro e x a m e , apreseolou o
sen relalorio rm a sessão de 1834. o qual não foi de fórma a l­
gum a satisíaclorio á Mr. H a r v e y , e aos seu s am igos do Parla-
m eolo.

(52) ■ For to say lhe tru th , almost a ll the n ie e iie s, inPrtca-


c ic 8 , and delays which have som etim es des.y;rai;t‘d ih e rn g lis h .
as w ell as the nihcr (lourts of ju stic e , ow e Ihiir nriginal, ui>l
to the comm on law itse lf, bui io innovations that have been
made in it by a d s of P arliam ent, o v erla d en , as Sir Edward
Coke M presses i t , with p rovisoes, and additions and many ti­
m es on a sudden penned or corrected by men of none or very
Utrte judgment in law. » Idem loc. pag. 10.

222
Volume 1 O lAB e os Advogados no im pério

— 97 —

i] a eu ríqu eceo com e Taliosos vo lu m es. Esta


e x e r c e a o e c e s u r í a disciplina reiatíTameotó aos AdTO>
e s o a s rq eiçA es sá o respeitadas.
E" deste m odo, S e o h o r e s. q u e a Advocacia tem sid o
(Siderada o a s o a ç ô e s c u l t a s ; é assim q u e eUas tem pro-
fe d id o em referencia a um a O rdem t i o iUostre, tio o til,
' e ibslruida do P a iz ; E assim que a e ip e r ie o c ia v em e m
apoio do Dosso o a s c e o le Instituto.
Para se c o o b e c e r o estad o brilhante, em q o e é tida na
^ j ^ l a n a n h a a O rdem dos A dvogad os, seo s p n v i l ^ i o s , seo s
' R everes, as fu n c ç ô e s que exercem , c disciplin a, q u e o s
regaia, perm itti, S e n h o r e s, q u e vos d t e am a passagem d o
: ÍUustre JuríscoD suíto Strykio no seo u so m od ern o das
/^ a n d e c t e s n o T it. d e P ostu lan d o.
; u H odie in Camera im p eriale paríter e x a m in e proevio d e
m o rib u s, et eru d ition e ad A dvocatoram admit*
:ur, u t etiam si ad A dvocatoram admi&sus sit, si tam eo
^ postea n e g lig e n s, v el id on eu s d e p re b e a d a to r , cin g u lo p r i-
y^andüs sit. »
(Ig u a lm en te veneranda é a O rdem d o s A dvogad os n a A m e-
> rica Sep tentrional. Na E nciclopédia A m ericana (63) lê -s e ,
que nos Estados U nid os a P r o S ã sio d'A dvocacia exerce a
PQ*is exten siva influencia na Socied ad e. D os sete P resi-
teotes d o s Estados U nidos, seis e r i o A d v o g a d o s : Os E m -
uxadores. S en a d o res, M inistros, R ep resen tan tes, Governa­
i s , em B m o s m ais em in e n te s E m pregados P ú b lic o s, ou
n o m ea çào do P oder E x ec u tiv o , ou popular, sào q u a si
iwn sua totalidade ed u cad os n o F ô ro .

4'.(53) P ub licada por E . W i ^ le s w o r l h e T . G. Bradford, em 18S&.

•à l 223
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

I — 98 —

I A lém das qualificações l»«n©stid«.Je. e b o n s costum es,


I' ^ ter praticado tres a n n o s n o T ribunal Supre'
I’ n io do Estado d q u e se p e rten ce, para se p od er ser ad-
' ^ advogar perante o T rib u n al S u p ro m o da Confe-
II d era ça o . 0 A d vogad o ali presta liinnbem um Juram ento,
que tom arei a lib erd ad e d e o in clu ir n e ste Discurs»).
« Juro s o le n /n e m e n te q u e m e com p ortarei com rectidão,
0 con form e a Lei, e su sten ta rei a (Constituição d o s Estados
I U n id os. »

[ As^im iia U cfiu blita d o s E stados U nid os n í o ca b e ;iu


I N oviço na Advocaciii advogar d e sd a lo g o perante o 1.
I fr ib u n a l da N ação, E' e ssen cia l para le r essa b o n r a , (|iir
j.l p r in e inais algu m a qualificação scien tifica , e d e praxt*,
I S e n h o r e s e ilíustres C ollegas. Em narr^r-vos a historia da
j nossa A dvocacia, n ào separarei da a ctu a l, a época anterior
A nossa In d e p e d e n c iu . Tal é a lig a çã o , q u e e x is íe entre
cllas pela lio m o g en e id a d e da L eg isla ç ã o , um a v ez q u e se
nd optou, c o m o n o ssa , a d a q u e lle P o v o de quem n os s e ­
p aram os. S e 0 e m p r i'b e n d fs se , serviria a n tes para con fu n ­
dir, d o q u e osclarecer n o b jecto , d e q u e ora me occupo
T odavia e u farei sentir o s p on tos dp differença en tre um,
' p outro.

(Jne foi se m p re m u i h o n ro sa a profissà<j d e A dvogado,


entre iió s, iioUo atlestão to d o s o s I-scrip lores, q u e tem tra­
tado dn n o sso F ôro, e so b re lotlos a noss.T própria I igis-
hçào, na quni se en con lrã o m o n u n .e n to s m ui Vtiüosos Hcer-
' I J o q u e oíílrniü. M ello Freire, um a d a s m a is brilhantes
him in arias da Jurisprudência P o r tu g u e za , ap oiad o no Di*
reitf» R om ano, além de asseverar ser m u ito honorific^
Profissão d e A d vogad o, a con sid era r rh.im a — Officio p u ­
b lic o — eis suas próprias paUvrfls.

224
Volume 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— 99 —

a Nam p oslulandi oíTicium publicum e sl, n e c e ssa r iu m , et


ulto h o n orificu m , n eq u e profeclo illud raalis rabularum
ibus, d esh on estari d eb et. »
Delia sahirào m uitas v ezes Magistrados distinclos pela sua
illustraçào, e p robidade. Encontrarão se nella sem pre s á ­
b ios m ui illu slres, cuja vaslidàc d e c o a b e c im e n to s abran-
í ? gia tod os os R am os d e D ireito, quer Natural, applicado
Cl, • aos in d iv íd u o s, ou ás N ações, eu lr e si ; quer P o s it iv o ;
- ^ ersad os em solida F b ilosop h ia, e d um a eru d iç ão esp an -
^ í tosa, a ordem d os n o sso s A dvogados tem « d o d ig n a de
^^ccupar lugar m ui distincto na R ep ublica das letras. E
^ ■'^ e p o is q u e fôra ju r a d o o R eg im en Constitucional, q u e M r.
^ iD ooin A iné com rasào d en om in a — G overno em in en tem en te
D ireilo-—nesta honrosa c la sse, tem o Im perante. e o
S i P ovo d ep arad o com h o m e n s m u i d ig n o s de sua confiança
^ ipara o s lu gares d e Prim eiros Funccionarios Públicos. Q uan-
^ p io s m em b ros d o P oder E x e c u liv o , quantos E m baixadores,
§ e n a d o r es, D ep u tad os, P resid en tes d e P rovincia, etc e tc .,
tem pertencido á dislincta Ordem d o s A dvogados ? A dop-
^ ;* ta n d o a N ação Portugueza o Direilo R o m a n o , e m grande
% jj* rte as fu n cçõ es d ’A dvocacia forào, assim c o m o t . 'o m a ,
da m aior im portancia. T ítulos e ii^ le m d e nossa legislação
«ivil, n os q u a es especialm onW se occupa o Legisiador d as
qualidades q u e d evem ter o s A d vogad os, já p e lo q u e res-
|poilB á in slru cçào, já pelo q u e co n cern e á m oral f54)
N esses m e s m o s títulos raarcôo-sn se o s a e v e r e s , declarào-
S !'S direitos, e seo s p rivilégios. E para q ue entranhada

(54) ü n i. l. I j i i . 48 iU i « «Ipm tia ? iM ra s so jã o hom ens de

í ;i« «■> I n u s r in n r ia . »

•4 1 225
_____________ Hi«;tória da.
Ordem dos Advogados do Brasil

— 100 —

fique n o ju iso d o P o t o , a o p in iã o , q u e a P f í ^ s s l o d ’Ad-


vogado tem m ais por o b jecto ad q u irir h o n r a s d o q o c h .
q u e z a s, d esa p p a recen d o . d e to d o , a id éa d e in teresse, ou
outra consideração, que possa in v o lv e r a m en o r torpesa ;
tam b em ch a m â o as n ossas ieis h o n o rá rio , a q u illo q u e em
a s d e m a is profissões se ap pellida sallario, ou ord en ad o.
Na en u m eração d o s D ev eres d o 4 d v o g a d o n è o esp er e is,
Senhcw es, q u e , fa lU n d o e u á um A uditorio d e P e sso a s tio
qualificadas, e d a d a s a o estu d o d e J u risp r u d ên c ia , o s m e n ­
c io n e aqui todos. A p e n a s notarei q u e em d e sig n a l-o s se
nào ftsqueceo o le g isla d o r d o in ter e sse p u b lico , se m p re li­
gad o a o individu al d o cid ad ã o , e d e lle d e p e n d e n te . Na paz
das Fam ilids, fu n d a -se a paz p u b lica . P ertu rb ad a esta com
pleitos injustos» m a is filh o s d a v in g a n ça , o u d a co b iç a , que
d o direito, mal pode o esta d o g o za r da tra o q u iilid a d e in­
d isp en sá v el á c o m m u m felicid ad e.
Era m ister, p o is, b an ir d o Foro a c a v illa ç â o . Era rig o ­
rosa a «ftcftssvdade d e p r e v e m r o s ma^es ca u sa d o s p o r co n ­
se lh o s im p r u d e n te s, in fu n d a d o s, e m a is proprios d o in im igo
occuito, d o quo d o am ig o a q u e m é co n fia d o o s o c e g o , a
fazend a, a vida ou a h o n ra . A ssim a Lei d e 18 d e Agosto
de 1769 § 7." t* 1 0 , e o A lv. d e 1 6 d e D ezem b ro de
1774 S 8 .* p u n e m o A d vo g a d o q u e dá in terp retações frí­
volas ás L eis. 0 \lv , de 31 d e Março de 1 7 4 2 § 3 .'
p u n e ig u a lm en te o A dvogado que dilata a s c a u sa s crim es
c om r e q u e r im en to s a (Teclados. A Carta R e g ia d e 1 6 ^6
.Maio d e 1 6 4 0 im pòe p e n a s á q u elle A d v o g a d o q u e retarda
o s f e ito s ; e a Ord. L I. tt. 4 8 statu e q u e o A dvogado
antes d e tom ar conta d o F eito h aja in fo rm a çã o da Parte :
d isp o siç à o salutar, e q u e está ligada com a responsabilidade
q u e recahe sobre n Patrono q u e por n e g lig e n c ia , c u lp a , ou

226
« ▲I
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

- 101 -

anew causa q u e as Pflpies recebâo em seos Feitos a l­


ma perda. Emfím sáo e ip r e ssa m e o te p rohib id os o s co n -
ctos d e quota litis. (a5)
Pararei a q u i, S en h o r e s : o q u e ten h o d h o é m ais q u e
C^jmfficiente para se avaliarem os esforços dos nossos L egis-
p la d o r e s era acautelarem o s IriconTenientes, e perigos do
ú mau u so q u e é possível fazer da Profissáo de A dvogado ;
^ tão em in en te, tão im portante a classificarão e lle s, e m re-
■ lerencia á Felicidade C om m um da Naçáo, e individual d o
tid a d à o ,
E com effetto :
« S u m m a q u m interc-edit inter h o m in e s, 6 d e s e st illa
im perliendi » d isse B acon. N os dem ais actos d e
^uGanç», os h o m e n s e n tr e g io [>arte d e sua vkk, suas
y e r r a s, scos b e n s , seo s filhus, seo credito, algum negocio
p a r t i c u l a r ; m as áq u elles a q u e m tom am os por n o sso s eoo<
Iheiros, en i regra geral, entregam os tudo. b e m q u e appa-
item ente se confie um só n egu cio. A confiança pois
^ d e p o sita d a n aq u elle que tom am os para C onselheiro d ev e
:% ser considerada do maior m om en to. S alom ão d isse : In
t^ 0% isilio stabilitas.
'h .. Quem n à o vê as in num eras qualiücat^òes d e q u e d eve-
ser o rn ad os, já pelo q u e respeita ao espirito, já pelo
>ique c o n cern e ao cora çà o ? Além d o estu do de todos o s
m os de direito, e Sciencias Sociae<, q u e constitu em o
»irs<> A cadêm ico determ inado pola í.f i, .■'» üiiífiuem m ais d o
Uft ao A dvogado, in cu m b e iimi rvOectida leitura, e inii-
<açào d o s m ais puros Rscriptores clássic os, entre o s q u a es

Oil. Ord.. L. 6. d f P o ilu lw d .

màM 227
_____________ História da.
O rdem dos Advogados do Brasil

— lOf —

o s h istoriadores, e o s orad ores d e v e m m erecer*lhe & mais


séria consideração. C om o habilitar $e para raciocinar com
p recisão, separando habil e p r o m p ta m e n le o argu m en to da
faliatna, a verdade da falsidade, se m o e stu d o , e u so das
d e m o n str a ç õ e s m a th e m a th ic a s? 0 c o n h e cim e n to da Natu­
reza, e sob re tud o d o H o m em em tod as as suas relações
p h isicas 6 m oraes, é e m in en te m e n te n ecessá rio ao Advo­
gado.
Se e ia m in a m o s as q u a lid a d es d o co ra çô o , á cada um
de nós será licito, S e n h o r e s, e n c h e r -s e d e o r g u lh o , pos­
su in d o í»s q u e reclam a para o A d v o g a d o ingiez o celebre
Jurisconsutto m a is d um a vez h o je cita d o por m i m : a sa­
ber, cordeal Qdelidade a o Im perad or, zelo pela Liberdade
e pela C onstituição, co n sc iê n c ia em fím d e verdadeira honra,
e bem fun dados p rin cip ios d e R elig iã o ,'56). Creio que
interpreto assim c o n v e n ie n te m e n te as palavras da Ord.
« Qu«í além das L etras, e sufB ciencia sejào hom ens de
boa fam a, e con sciên cia « Q uíí do m a les n ão póde o
A dvogado causar, u m a v ez q u e o n ão g u ie e m sua pro-
»issáo, m ais o am or da verdadeira gloria, c o m o benem e-
rito d o se o H a iz ; do que. o in teresse p ec u n iá rio , qiie
p ou co póde servir para a im m ortalid ad e d o N om e, e do
Rspirito ?
A ssim c o m o . S e n h o r e s, um a S e n ten ç a in ju sta, qualquer
q u e s»*ja a causa q u e m o v e o o -íuiz á prof'TÍl-a, perturba,
na phrasí* d e S a lo m ã o , a m esm a fo n ie d e todo bem so­
cial ' 5 7 ' : assim (am bem u m a dofensa in iq u a , e m ais ainHa

:,o6) HlarksionP vol. I.* pay^. 34.


•57) Fnn? íiirbafus, <■!> vrna rnrnipia **s!. jusius l ad'n> i"
«•auía 5»ja rnram advfrsarin.

228
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— 1A3 -

jpa aecusaçâo atroz, e san gu ioaria, corrom pe tod os m


-io cip ios d e publica m oral,
w í f g 0 3 in tegridade é , so b re tod as, a m ais essen cia l q ua-
í^ fld e do J u i z ; o d esin teresse é a m a is n ob re, e e ss e n -
, ciai qualidade d o A dvogado.
S e 0 J u iz n u n ca d e v e ferir a s Instituições q ue regem
0 Paiz, 8 para mostrar respeito pela A ntiguidade in tro-
duzir n ovid ad e nos J u lg a m e n t o s ; ao Advogado» in ter ­
prete leal da le g is la ç ã o , fiel ao seo ju ram en to [58) para
com 0 M onarcha, e p.ira cora o Pdiz, orgâo 4ndefectivei
da ju stiça, e das L eis, já m a is é licito, seja q u al for o
;motivo, ou con sid eraçáo, em p regar a sua voz prestigiosa
^ contra o s grandes in teresses sociaes, ou em detrim ento
da ordem p ub lica, o u contra a d ign id ad e, o d ec o r o , o s
F bfcfesses reaes d o se o clien te, a q u em p len am en te re p re ­
senta era Ju izo.
" S e o s JuÍ 23S d ev em ser m ais d ou tos, d o q u e a g u d o s,
pi-, mais v en eran d os, d o q u e eslim a v e is, e m ais ju d iciosos, do
í|v'}.que c o n f id e n t e s ; o A dvogado c o n v e m q u e seja m ais b o-
J ^ fn e sto , e con scien cioso, Ho qu e s u b t i l; m ais franco, 4 o q u e
% ^ n d e s c c n d o n t e , u m ais conciliador, do q u e tenaz e v in g a -

|f r Assim co m o o o lííeio d o Juiz é — ; u s díccrc — e não

(5N) Xo luvssu Foro liavia-sf adopiado a L ryisJaíão R o m a n a ,


nào juranionlo do Advogado quando começava a p ie r-
M i'e r suft jirofissào, mas sim uo principio das causas qup procu-
Ksh' ju ra m i’iuo íoi rrvogado pela D isp. l*rov. ArI. tO. Hoje
ns A'ivoi^ados «no prt siào juramonío d*- qualidade alguma
nffíi aquillo qtic St prdciica iodas as Xaçõe? ru lía s .

#à# 229
_____________ História da
O rdem dos Advogados do Brasil

— j ü s d a r e — en te n d e r a L ei, e n ào f a z e l - a ; assim tam bem


0 m in istério d e A dvogado é fazer triu m p h ar a ju stiça , „
□ à o a io iq a id a d e ; a verd a d e, e n á o a m entira ; a boa fé,
e n u n ca o d o le.
S en h ores, d o u s caracteres p rin cip a lm en te d istinguem «
A dvocacia antiga da m od ern a n o n o sso P e iz : e d e cerlo
nSo e m vantagem desta. Seria b o m voltarm os ao q u e pra-
tic a v ã o os n o sso s m a io re s, os quaes n esta , a ssim com o
em m uitas outras cou sas, erâo m ais p rev id e n tes e sabios.
N ão direi, S e n h o r e s, c o m o c e le b r e B u rk e , q u e o espirito
d e in n ovaçào é em geral o resu ltad o de um tem pera­
m en to e g o ista , e de vistas a ca n h a d a s. Mas segu irei a
opinião d e ste d istincto orador in g ie z , q u a n d o sustenta que
ê só h o m em d e E stado a q u e ile , q u e d isp osto a conservar,
em p rega a m aior hab ilid ad e e m aj)erfeiçoar. (59) « í‘ par.
tam nactus e s, h an c e xorn a » e is o verdadeiro tim bre de
um a iltustrada Poiitica positiva.
A ntigam ente o s A dvoga d o s iSo p esso a lm en te á s A ud iên ­
cias, e n eü as requeriâo segundo su a an cia n id a d e, ainda
q o e c h e g a ss e m d ep o is d o s m ais m o d e r n o s. 6 0 ) H oje des

Í5Í>) R rllrrlio n s ou i ) i r I t c v o l u l i o r » «-ii F r . n u - o j» ag . i 7 e 2‘ 'M .

(60) dr> 7 d e Jim h o d p 1605. ^ ti. Q u a n d o os Ad­


vogados iãn á A iid im cia, n a f a h a d o J u i z , r?|r> d o l r i j a v a o s sf iis
podprfs a um los Advo;:.ni(»s d o C o n r f l h n . n q u a l p r e s i d i a ;í
AudienH a. K s l r i s i y l o a i n i n r i s n d o p o r J , d . í «»r>s(iíuia n u m r l h n r
ao f 'o r d n a A i i r i o r i d a d í ’ d o . f i i l ^ a d o r , i- o m i n i s l n í o d o d p f m is n r
lios d i r i ' i t o s .!« riüadrio. Qiiatiío mu Inl arcordo i>ra u l i l a -
F oro: íjuanio u n h a v a rom .-llr a d - c n , ia. <i d t x o r o d p v i d o o * '
J i i i z o . í' i à' i qii#' í fíriiso a r r r í - s c p n f a r maif» n a d a . 0 i?"-
l a m ^ n f o df h o j r produz ns m ai? pprniciofoy.

230
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— 105 -

„ recêrào das A u d iê n c ia s ; tudo está en tregu e aos c u i-


IQ5 e zelo d e p esso a s, q u e c o m quanto sejào revertidas
^ P o d eres c o m p e t e n t e s ; com tu do n ão se derào, ccma
b x c ep çô es, ao estu d o da Jurisprudência Patria, e
BiUito m e n o s ao d o s ou tros R am os Indispensáveis para se
J ^ r e c e r o h o n ro so titulo de A dvc^ ad o, apparecendo e s ie
W Fôro u n ica m en te pelas su a s A llegaçôes escrip tas e ms
.nadas, a m ór parte das v e z e s, por q u e m as n ã o re-
[igio. A q u elle abandono, e este anonym o, S e n h o r e s,
uito convém acabar. Se o con segu irm os, certo, evi-
-s e -h a u m a gran d e parte d o s actos. q u e forçoso é o o n -
d e sh o n rà o a nossa c la s s e , e tornão raeoos resp ei-

tavei a d o s n o sso s Ju ize s.


Os A d v ogad os, S e n h o r e s , tinhão p recedências e ca th e -
jrias, 6 im itação d o q u e s e observa nas ou tras Hações
W ta s. T a es p reced en cias, e h o n r a s, serviào de salutar
^ m u lo , em proveito da S c ie n c ia e da S o cie d a d e , sem
Tender com tu d o a confraternidade da P rofissão. E r io
ilos d 'h on ro , por assim dizer, confiados a o s anciãos n o
^ ___ e n o s serv iço s. F allo, S en h ores, dos A dvogados da
i# lc a s a do P orto, e da e s s a da SuppU cação. Para o ohter
d e m ister su je ita r-se o can didato i e x a m e s v a sto s, e
iveros (6 1 ). E nem se diga que ta es d istin c ç õ e s erSo
'ftas, e e slereis. 0 A dvogado da casa da SuppU cação por
[uatro annos podia ser tom ad o por D esem bargad or do
W to (6 S ): a lém d ’o u tros p rivilégios. Q uanto é porém

(6t) Ass. de 9 de Ja o e irn de 1 6 % . Alv. de 16 de J u n h o «


d r Agosto de 1651, Ass. de de Abril de 1793.
b (6 a) L. 1.» T . 35 § í . ” E m Franç« os Advogados do Paria-

•à l 231
______________ História da.
I Ordem dos Advogados do Brasil

- iw —

verd a d eira a S en ten ça do m esm o B u rk e — T h o se who


a ttem p t to le v el n e v e r e q u a lite I —
Aos oossos Legisladores e ao Governo pertence o ezanse
aprofundado da quest&o. Elles decidiráò dentro da orbita
de suas attribuições o que mais convem ao Paiz, cuja
prosperidade e riqueza se não pódem obter sem realisar-se
entre d ó s a prom essa, q u e é França fez o seu prudente
e S abio Rei» respondendo á Deputaçáo dos Advogados de
Paris, encarregada de o felicitar pela sua exaltação ao
TfaroDO em 1830.
« Je vou s prom els que dorenavant la justice sera rendue
avec fermeté, et surtout qu il y aura sincerité dans iappJi'
cation d es lois. »
Mas não o dissim ularei, Sen hores. 0 estado em que sc
acha a Advocacia, e a maneira por que é exercida a Ju-
dicatura presentem ente, m ais iios tom arredado, ou , para
m elhor dizer, m ais nos im pede de cumprir o preceito Cons-

iMCQtu q u e c ie r c tõ Q d u r a a t« d p z a n u o s a A d v o c a c i a « e r ã o d is-
p e n s a f lo s d e e x a m c q u a n d o o n lr a v á o p a ra a M a g istra tu ra , i g u a l
in e n le o A d v o g a d rf que* a d v o g a viulo. a n n o s c s l á h a b ilit a d o para
síT — M a iire de Reqxiiten — sem lo r s i d o í l o n s e l h e i r o , a s s im c o i n o
para o e c u p a r o lu g a r « m in c n ifi d o P r e sid P iilo d u m T r ib u n a l So-
bpraoo.
A O rd. L. 1 T- 4A in pr. prohibt- aos Bacharoi? <iue tiverom
a cabado o spu lompo a c a d rm ir o , e oblido suas carlas, o advo­
g aram a ié passart-in dous a nnos.— N a m esm a O rd. 4.® ordriia
q u f SC nào passaráô ílarfas ou Provisões p ara advogar aos qu<
não (orem g raduados, srn(lo p ara i s s o aptos, som q m * p r i n M ’ i r o
Sir haja iníofm afóe* d r q u a n io i li a , i' dos íjijc são nccrssario^
nos lu g a re s p ara onde s r ppdfi a lire n r a para advogar. Q u a l <'•
porém. 0 Corpo q u f pôdf e ^ olirigado d a r l a p s i n f o r n i a o ô P 5 •

232 9Á I
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— lOT
exarado n o Art. 1 5 1 da Puiidam enlal d o im -
. ggm um F o r u m nas Capita es e <irandes Povoaçõfts,
^ d e estejôo todos os Cartorios ; sem que se torne a reviver
^ lío tig o estylo de assistirem os Advogados ás Audiências,
a tó á possível fazer reforma alguma judicial, estável e pro
^ B Ítosa, qualquer que seja sua natureza.
% , Ató aqui tenho mostrado. Senhores, o que foi, e é a
0fdem dos Advogados enlre n ó s, sua honrosa posição,
seus serviços, vastidão d e suas luzes, seus deveres, seus
direitos. Um facto ficou igualm ente provado, e é o isola-
'fiiento em q u e sem pre vivêrâo. DesUí isolamento. Senhores,
nfio podia nascer senão inconvenientes. A elle sem duvida,
deve 0 nosso Fôro quer antes, quer depois da nossa se-
fáíaçào de Portugal, o seu estado estacionário ; essa phy-
^ n o m ia . p erm itia-se-m e a expressáo. 'peculiarmente do­
mestica, que 0 distingue, e faz que rarissimas cousas se
-L. toptmn entre n ós das Nações mais adiantadas na civili-
, , ^ 0 . E esse isolamento q ue. mais que nenhum a ou-
^^^Irar^ircumstancia. tem obstado a que d e n tr e os Advoga-
nacionaes, eruditos e realmente doutos, com o tem os
^ fe to . muitos não figurem n^i Hepuldica das Letras, como
^ ^ P c r ip to r e s distinctos nos diversos Ramos d o s conhecim en-
hum anos. Km geral apenas escrevera sobre o
p trift, e Praxe, lendo m enos por fim o aperfeiçoamento
de nossa Legislação, do que o commentario quasi servil da
íslaçào e Praxe do Foro
t ; olam enio ein r e l a t o Ás sciencias deve produzir os
jmos resultados q»p em relação á industria. A expe-
jencia demonstra, o soria absurdo revoltante contestçl-o,
a acrumulação do capitaes formada pc!o espirito de
•(‘v ;ho ó n nnico meio di* dar á industria todo o dftS-

•à l 233
______________História da
Ordem dos Advogados do Brasil

eüvtilvim eD lo d e q u e é c a p a i. G om o d esc o n h ec e r a m esm a


m agia, o o s se u s m ira cu lo so s effeilos relativam ente aos pro­
g r e ss o s das S c ie n c ia s? ( 6 3 ) I
A hi estào em Iodas as N a çô es A sso cia ç õ e s litterarias, e *
sc ie n d â c a s. q u e attestâo os m a g e sto so s efTeitos d o espirito
d e asso cia çã o applicad õ ás scien cia s.
D ir -s e -m e -b a : E n tào o In stitu to s ó tem por 6 m o me­
lh o ra m en to da le g isla ç ã o ? C o n se g u id o e lle , term in o u o Ins­
tituto SU8 m issà o ?
S en h ores, B acon , com a e lo q u e o c ia q u e lh e é própria,
d is s e : a 0 Espirito é o h o m e m . » Eu d ire i — 0 Cidadão é r
L e i : a Lei é sua e x e c u ç ã o : Esta d e p e n d e d a in telligeacia que
s e lh e dá C om o d e sc o n h e c e r a im portância da organisa-
çào d a c lasse, cuja profíssào tem por o b je cto determinar
a intelligencia da L e i?
.Mr. Faucard, tratando (6 4 ) d o s A d v o g a d o s , d i z : « 0 Advo*
<1 g a d o é d epositário d o seg r ed o d a s fa m ilie s, en carregad o da
« defensa d o s s e u s in t e r e s s e s ; por isso d e v e dar um a dupla
« garantia d e m oralid ad e e d e in stru cçá o . » D 'ahi nasceu a
organ iseção d o s A dvogad o s e m u m a corp oração q u e recebeu
0 n o m e d e ORDEM.

N ós tem os visto o m o d o por q u e tem p ro ced id o todas as


N ações cu ltas, ju stificand o d a m aneira a m a is irrefragavel a
in s ta lla ^ q u e h oje c e le b r a m o s. P o rtu g a l, o n d e nunca a
P rofissão d e Advocacia constituio um a A ssociação, acaba

(63) F or sc icn ce» a r f of a so r ia b lr d i s p o s it i o n . • B la ck sto n '-


V. 9 .' P ag. 33. »

í64) E lp m p n s íI p D r o i i P u b l ic fti A d m in is ir a l i f . T o m .
299

234
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— 109 —

__.nhecer a n ecessidade d e o f a z e r ; e j á o s serviço s pres-


dos p elos h o m e n s em in e n tes q u e co m p õ e t i o illustre co r-
-raçào sáo im m en so s. 0 Fôro te m -se to m a d o m ais r e g u ­
lar a judicatura tem apresentado visível m elh oram en to . E
í s s i m q u e o s A dvogados form ão, seg u n d o a en gen h o sa e x -
ip ressS o d e um sabio {65). a tropa a u iilia r da Magistratura,
í é e n d o d e u so u sad o, affirma o m esm o Escriptor, con su lta-
rem o s J u ize s aos A dvogados anciáos e esclarecid os sobre

'^ b je c to s d o F ôro.
x k ' S en h o res, se é preciso algu m a prova mais da utilidade
'd o Instituto q u e h o je installam os, q u e s e attente pari o
fc sla d o d e co n fu sã o em q u e so acha toda n ossa legislação,
S-lí»»!, crim in al, m ercantil e adm inisirativa, e sobretu do a
■? Í ^ a x e d o n o sso F ôro. na q ual se tem introduzido m il abu-
q u e 0 tornâo disform e Oriundo o n o sso Direito Patrin
Ida ííaçào d e quem nos se p a r á m o s, e o b rigad os a fazer
%Qlle as alterações q ue a occasião tem reclam ad o, sem a
'-; ;!conveiüente opp ortu n id ad e para o rever inteiram ente, e for-
^ b a r d elle um corp o de legislação consoan te e m tinlas as
suas Partes, e d ign o d as lu ze s d o secu lo e m q u e vivenaos,
è d e accord o co m o s m elh oram en tos h oje ad op lad o s p ela s
a çõ es m a is adiantadas n a escala da c iv ilis a ç á o ; o paiz.
S en h o re s, p ód e d iz e r -se q u e n ào tem It^ s la ç á o propria,
tudo está por fazer. Ainda n o s rege, com o v ó s sa b e is, o
'ntigo Direito L usitano. Em si m esm o d esp id o d e u n id ad e,
% ln q u e respeita á duutrina, p do uniform idade relati-
vBÍm»'nte aos d iversos pontos do Im pcrio IV^rlugnoz, cu m -

V R5 Hoprrioirr Univ. oi raisoii. *\v Ju rispnidnin Tiv. i'hm .


^u. benef. a p a la m — —

235
______________ História da_
O rdem dos Advogados do Brasil

— i\% —

pro por Binop (io ob jeclo q u e rae p rop on h o, d istiogu il-o


eM U nto*, quantos s&o as id x le s h islo ríca s d este Povo
celeb re.
Nào fallarei d o q u e foi o Direito Lusitaiio aotAs da e a -
Irada d o s R om anos na H esp a iih a . A ob scu rid a d e d&sse^
tem p os o A n o s deixa bem descortinar q u al foi a legisla­
ç ã o d e sse s T urdetanos, T u r d u lo s, C eltas. VectÔes e oulros
barharos que entre s i coostiluiâo u m a esp ecie d e R epubli­
ca. Mas n in gu ém ignora que, acabada a segu n d a guerra
punica, e ip e ilid o s da H espanba o s C arthaginezes |K>r P
Cornelio Scipiào, fundada a pou co durad ou ra R epublica de
Sertorio, conquistada a Lusilaoia por J u llo Cesar, e esta­
b elecid os o s .M uDÍcipios e co lo n ia s, aq u eltes regidos pelas
Leis Palrias, estas pelas Leis R o m a n a s, m u d o u inteiram enlc
a face da L egislação oaqucUe P aiz: m u d a n ç a , S en h o res, que
d e todo s e com pletou com o Kdicto p erp etu o d e Adriano,
e com a extincçao d o s M unicípios, rcalisada p elo Im perador
A aton iuo B assiano, q u e su cced eu a s e u Pai S e v e r o , em 2 1 1 ,
íltí cuja é p o c a era diante táo s ó m e n te vigorou o Direito
R om an o.
C on(}uistjo a U esp an ba o s V ândalos, S u e v o s e A lanos no
principio do S eculo V (66), o ccu p ã o estes a Lusitania, sâo
derrotados por W allia, vence á u n s, c á ou tros Leovigíldo,
o funda a Monarchia d o s G odos na H esp an h a ( 6 7 j . Baüharos,

-Í09 da Kra (.Ihrislà.

'67) Xãn porquí' fosse rlli' /• primeiro t|iji- reinou ; mas sim
porqiit- muiU) ililalon ,,s liiuih s do Império, o (|ua) comprohcn-
<lla a Oalisci. a f.usilatiin , r. fpiasi lod^ a ll 's p a i ih a . ,-m
fn m rç a n d o L^ovigilrin a rrin ar em 56ÍÍ,

236 9ÁB
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— 111 —

ia m eote crueis, com o qos attestào os Escríptores R om a o ò s,


f l o ^ m ais h u m an os com as Letras, e o estu do da Pbilo-

Eurico, o Jusliníano d os W isigodos, dá com eço a am Codigo


i^ystemalico d e Leis, L eovigildo o au gm en la, e E r T ig io o c o m .
publica-o era 1 2 Livros (68], dos q u aes se liSo m oitas
ições sobre crim es públicos e particulares, sobre a or-
d o Juízo, contractos, S u ccessôes legitim as; disposições que
ainda em parte ex istem , taes q u a e s, entre n ó s (6 9 ).
v; Cabe com a derrota d e R odrigo, d epois d e 1 2 8 ann os, oa
itania, o floreatissim o im perío d o s G odos. Tal é a vicissi­
tude, e inconstância das cousas hum anas I Nova Legislação vai
bstituir em parte a q ue ídra decretada por Ervigio V ó s s a -
tbeis as desgraças porque passsou a Lusitania sob o domink)
dos Árabes até q ue tivesse lugar o m em orável acontecim eoto
da reunião d o s primeiros Comícios d o R eino na Cidade d e 1^-
o n d e foi aclam ado R ei, Affonso H enrique.
E n tio um a outra época com eça para a Legislação Lusitana.
£ além d o Codigo dos W isigodos, e mais legislaçí^o em vigor,
rom ulgárào-se novas Leis M utiicipaes, Foraes, e outras ge-
raes. N ós ainda hoje as descobrim os e m nossas O rdenações.
Veio depois o dom ínio estrangeiro dos Philippes, e com elle
legislação diversa. Certo não c m eo Rm fazer aqui a historia do
Oireito Portuguez, mas unicam ente mostrar q u e , com posto de
^letnentos lào d iv er so s, augm entado com as E ilravagantes

E«rii-o ronipçou a loiuar eiii 504; o »‘m 6 R à , primeiro


se» ri'inado, Ervigio piibUcnu « l'odiçn.
■W ' Por ex, a Ord. L. 3 I. M — Emmanu^-l, L. 3 T. M - ~
L. S. T. 115.
15

•á l 237
_____________ História ck
Ordem dos Advogados do Brasil

- tu —
p r a n u lg a d a s eo|i o s R e in M o s s u c c c s s ít o ^ lJ it ò l e n d o - j is a is
sido d e v id w o e o le revisto, e o o n r e a ie n te m e a te o o m p ilo d o ;
se o d o seo ob jeclo o d eseaT oh ioaen to, e su sten tação d e uca R e-
g im e a politicQ m u i p ou co hocoo^^Deo c o m o q u e actiiolm enie
n o s r w ; u g i S |p W a _ W d 6 -L e g K k ç a o , G eohorea, pâO póde
prodozir sen ão m ales gra v íssim o s n a adm inistraçic da Jua-
tical
S e n h o r e s, o ob jecto, e fim da scieocía da J a risp rid eo cia ^
defioe 0 preclaro n r . M ui, é a P roteogio d e D iceitos. 0 prim einj
instrum ento para reaUsar essa Protecção é a e ta c ta definição
d esses m e a n o s Direitos ; asjntn c o m o o â . * é a defiDiçÂo dos
Actos p elos q uaes o s d ireitos s l o v i o l a ^ ;|.a js ü p p l i c a ^ , d cs
m otivos preventivos é outro in stru m en to d e ProtecçAo. Ora
poderá o Paiz obter essa I ^ t e c ç í o in d isp en sá v el i su a fe liâ -
d a d e, so b a inQuencia d um a I^ gislaçáo absoluta, con fu sa, an-
tinom iea. s e m -Oeio &m u ita s v e s c s a b su r d a ?
A d eôniçâo dos Direitos con stitu o aq u ella parte da I^ i, g e ­
ralm ente c o n b e c id ) pelo n o m e d e Codigo C v il. K d e f i o i ^ das
offeosiis, e castigo?, coostitu e o C o d ig o C r ír u n a l; assim com o,
Codigo u o P rocesk) d e v e ser o q u e trata da Judicatura, define
o s se u s poderes, determ ina o m o d o p orq u e s e d e v e exercer a
Auctoridade» co m p reb en d en d o a s regras prescriptas M&tiva-
m en te á fôrm a, e pratica d o s T ftb u o a e s, e í u i r n s , N em k - n o £ -
sas O rdenações se p od em dizer o C odigo Civil de q u e necessi­
tam os, adaptado ás nossas círcum stancias, oem o q u e s e acba
e sc r ip t) sobre o Processo, e sp a lh a d o por todas ellasl pódp
m erecer o n om e d(».Xodigo d o ^A-occsso. T ouos n ó s sakem os
quanta influencia tem n o Fôro a opinião d o s P r a ib ia s , e com -
DMDtadores peto q p e con cern e á esta Parto d o n osso Díreifo
Publico Interno. t J I estado d e (OUsas é perniciosíssim o
S q riâü sou, Senhorêí), d o s m aniacos por Codigos, isto é,

238
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pcrio

- 113 -

som Cod
estável L egislação Sào A Inglaterra e sem^SUtn^aJp- ^
vi«e Terdadeirameote de recorda tos ü -
N as é » la g ía íe r rê , P o r o cujas virtud
!racter oacionai, cujo discernim ento, Senhores, não pÃde
la r d e s e t ' adm irado por nquelles q u e o tem sé r ia m e n te (^ sr <

ndo- j
E se tc id o d e v e m o s W r , j w r g n i s . n ^ ^ i r t m ç * t ^ e o s | ^ _
tema da C odificaçio ?
Id ftDte omnia tigito, a\que opus ejusmodi opus tteioi-
cum esto. )»
Quem inMfeor do qüc o I n s t it u t o - p Ó d c a u ^ lia r t t o T w u s
ipresasT
"Senhores, aberto está ao o osso [ostituto o rasto cam po d os
lhorànientos d e nossa L e g id a ç io . E tem po d e encetar o
prasil e s s ã s ^ a n d e s questões. C ontando boje 21 annos d e e i i s -
tencía, com o P ovo livre, e [o d ep en d en te ; seria desaiftiso, m e
trando, por mssim dizer, e m sua P<^itica Maioridade, a i ^
spaçasse 0 cum prim ento da r ig o r o ^ obriga'’<to.OT ç s t f ..
Tie promulgar as Leis indispensavw s A sua felicidade» e q u e for*
W o sem ooatradita o oom plem eoto d e sua zjM gestau, e ^d1
vezes gloriosa In d ep en d en cia Política. j
I tá . hoje—twmos vivido sob a iiiÜueasia de Íítüz L cgisbçíc,
parte esti|&ngeira, e parte nacional, heterogeoea ás lo stitaiçd e
oradas pjela Nação, própria só por isso mesnto para demorar
%Ksa ctv|U5açío, retíjrdsr o engrjndocim eoto de nossa indjO®-
e por coDsequencia de nossa riquexa, e opulência Na-

Que DO Qontingentp, porém» que h o a v e n o o s d e ofiM ícar


Mra a r e t o m a d e no|ssa L og isla çio , não prooí^am oa, SeolKH
á im itação d o s Sophistas, q u e sustentando o folso principio

239
_____________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

— Iti —

ps^'oologioo d e P rotagoras, q u e o h o m e m é a m ed id a d e todas


AS c o u sa s, isto é , q u e a S en sa ç ã o é a b ciencia» tu d o reduzirão
u m a c o n d iç ã o io teir a m e n te arbitraria ; tu d o , s e g u n d o s e e sys-
te m a , s e d e v e acreditar v erd a d eiro , c falso a o m e s m o tem p o
j u s t o , ou in ju sto, se g u n d o p arece tal a cada u m ; a m oral pu­
blica, o u privada é toda r e la tiv a : u m a L ei é jttsta sô m e n te on d e
é e sta b elecid a , e e m q u a n to vig e n te: e m fim to d o o in d iv íd u o tem
d ir e iio á c o n sid e r a r -se ju iz a b so lu to d o util e m g e r a l, e a L e­
g isla ç ã o d e v e c r ê r -s e c o m p le ta m e n te su b m ettid a a o s capricbos
da se n sib ilid a d e in d ivid u al I
D e q u a n to v o s t e n b o e x p o s t o . S e n h o r e s , resulta : l . * Q u e
a O rdem d o s A d v o g a d o s, tão a n tig a , c o m o o m u n d o civilisado,
foi se m p r e , e m to d o s o s P a izes e n o b r e c id a p e la s m a is distinctas
h on ras, e p r e e m in e n c ia s ( 7 0 ) e m c o n se q ü ê n c ia d e ser v iço s, que

7 0 ' F ran cisco de M ontholou preferiu n a F ra n ç a a Advocacia


ao s E m p reg o s m a is honorificos. 0 R e i H e n riq u e I I I o nomeou
Ministro da Ju sfiça . Q u an d o Mr. S e g u ie r, então P ro c u ra d o r G e­
ral, ap re s e n to u o D ecreto de n o m e a ç ã o , disso que aq u ella no­
m eação e ra u m a p u b lic a d e claração , q u e o R e i q u e ria ho n rar
í:argo8 pelos hom ens c não os h o m e n s pelos cargos. Df'pois da
m orle do R e i , Mr. do M ontholon e ntregou a P a s la ao (!lard(’ül
de V e o d o n ie ; e ro íu q u a n to H e n riq u e IV Ih^ escrevesse rogan­
d o -lh e q u e continuasse . não an n u iu , p tornou para a Advof’a-
c ia i i é s u a m o rle em 1590.
Na In g la te rra , com o vim os, (Jos T rib u u a p s são (ira­
dos d ’entre os A d .o g a d o f :: ma? depois dr* fx erco rem o lu g a r d»'
J u iz nào podi m m a is e x e rrf'r a A dvocacia : assim» om o nôn pód'‘
j«er m a tric u la d o , com o .4dyoi;adü. a q u rU r qu«* está alistado Pn^-
c u r a d o r , seja nos T rib u n a o s de D irciin f.o m m u m , ond»* tem
no m e de — a tto rn e y — , seja nos T rib u n a e s de E q u i d a d e . ond’'
lom a o de — Solicitor— , seja nns Trilnma^'s K celesiastirns, nnd-
jíf Ihcg dá o nome de — P ro ctor— .

240
Volum e 1 O lAB e os Advogados no Im pério

— il5 —

jeíiDU S e m p r a á Sociedade : 2." Que sua posiçào é mais í d -


aente, e illustre, onde^*, I.-^uiuições polilicas se apartáodo
egimen absoluto, e sSo conform es cora o GoverDO R epresen­
tativo: que n o aP aizes, em que o Povo não tem direitos p o - ‘
-tíoos, e é só contribuinte: 3 . ' Que em todas as N ações o Le­
gislador tem regulado as íu ncções do Advogado, nSo só pelo
que respeita a nobreza, e direitos á ella inherentes, e d e que
deve gozar esta Profissão ; com o tam bem dos deveres. que delia
eiig e 0 b em estar da S o c id a d e ; Que n os Paizes m ais civ i-
ilsíd o s, os Advogados constituem uma Ordem independente,
^üstentada, e protegida pelos poderes Políticos do Estado : E
na verdade, não póde deixar d e ser altamente estimada, e in-
&estida d e honras, e distinctos privilégios, um a 1'rofissào, cujo
\ n b r e está sublim em ente enunciado na Epigrapbe adoptada por
Mr. D upin. no seo Discurso d ’Aberiura das Confereocias, com o
residente « Tout droit blessé trouvera parmi nous des d e-
nseurs. »
S en hores, o s antigos í^ y p c io s tinbáoum a Loi, q u e mandava
roceder á solem n e investigação sobre as acções e caracteres
^ íos cidadãos m ortos, perante Juizes para isso nom eados, afim
regular-se o q u e devido fosse á sua memória. Nenbuma qua-
Made. ou posiçào social, por m ais elevada, nenhum talento,
’ tincçào, ou serviços, isentavão deste severo, e ultim o pro-
sso.
Que cada um d e n ós, Meos lllustres, e Caros Collegas, se
^ponv<‘nça q ue, em bora n&o exista entre nós Lei q u e i i l dispo-
ba, /om tudo a Opinião Publica da época, em que vivem os, e
9 Juizo da Posteridade, infallivelm ente ha d e processar*nos, e
^valiar em balança imparcial, e bem a ferida todos os n o ^ o s
'OS, todos os nossos trabalhos, nossa dedicação, e zelo pela
Jlíb V íad e, e gloria do Instituto, que acabam os de fundar.

•A l 241
História da_
O rdem dos Advogados do Brasil

— 116 —

Senhores, tenham os se m p re diante d e nós, de um lado o


em penho, ora contrahido com os nossos concidadãos, que tem
direito 6 esperar do Instituto, sacrifícios, e m elhoram entos
uteis : e de outro lado a Senteuça do Sebio « Sed fugit interea,
fugit irreparabile tem pus. »

Disse.

242
A Ordem dos Advogados do Brasil é detentora de uma
história que não pode perder-se nas dobras do tempo.
Mostrar a história da advocacia e da Ordem aos próprios
advogados em todos os seus aspectos e faces, é dever
inquestionável e necessidade inadiável.
Exibir o nosso passado à sociedade brasileira constitui sinal
de que atuamos com a consciência de receber dela a influência
natural, pois os advogados são, antes de tudo, cidadãos e entes
sociais, e, ao mesmo tempo, queremos contribuir para sua
transformação rumo à plenitude democrática.
A nossa história é, por isso mesmo, um facho de luz na história
geral da democracia brasileira.

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