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04/08/2020 SEI/IPHAN - 1916207 - Parecer Técnico - Portaria 420 de 2010 Anexo 2

Serviço Público Federal


Ministério do Turismo
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL
PARECER TÉCNICO N.º 45/2020

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO BEM

Nome Interessado Iden ficação do Bem

Presidência da República, Gabinete de Segurança


Ins tucional da Presidência da República, Secretaria Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto e
de Segurança e Coordenação Presidencial, Palácio do Jaburu
Departamento de Segurança Presidencial.

N° Processo Administra vo Endereço do Bem

Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto e


01551.000098/2020-83
Palácio do Jaburu

Endereço do Interessado Procedência

Palácio do Planalto – Anexo da Secretaria de


x Solicitação requerente
Segurança Presidencial Via N2 Leste – Térreo.

Telefone Município/UF Regularização

3411-6800 Brasília/DF Solicitação Prefeitura Municipal

Cod. Id. do
Quadra nº Setor Mo vo Solicitação
Bem

Informação Reforma
[[INSERIR]] [[INSERIR]] [[INSERIR]]
Básica Simplificada

Reformas ou
Consulta Prévia X
Uso Atual do Imóvel Construções novas

Eq. Publicit./ Obras de


x Residencial Religioso Educacional
Sinalização Restauração

Comercial X Ins tucional Outros: Estado de Estado de


Preservação Conservação

Propõe-se mudança de Uso? X Íntegro X Bom

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Qual? Pouco Alterado Regular

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Muito Alterado Ruim
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[[INSERIR]][[INSERIR]][[INSERIR]][[INSERIR]]
Descaracterizado Em arruinamento

Descrição Sucinta do Imóvel (inserir quantas linhas for necessário)

Palácio do Planalto
"...volume regular vedado por vidro, recuado em relação à cobertura e circundado por uma galeria –
[com] predomínio do mármore branco como reves mento. Com apenas quatro andares visíveis pelo
lado da Praça dos Três Poderes, além de vários subsolos e quatro anexos (não projetados por Niemeyer),
o elemento marcante desse Palácio é a sequência de colunas de suas fachadas longitudinais, cujo
desenho é uma variação daquelas do Alvorada." (FICHER; SCHLEE, 2010)
Palácio da Alvorada
"O Palácio da Alvorada é uma das obras-primas de Oscar Niemeyer. Residência oficial do Presidente da
República, projetado entre 1956 e 1957, antes mesmo da escolha do plano urbanís co para a cidade, foi
a primeira edificação defini va a ser construída na nova capital. Trata-se de um prédio de
par do extremamente simples, cons tuído por um corpo retangular com dois pavimentos (um para os
salões des nados a cerimônias oficiais e outro para vida familiar do presidente) e subsolo (auditório, sala
de jogos e apoio), circundado por uma galeria coberta que se apoia em uma arcada." (FICHER; SCHLEE,
2010)
Palácio do Jaburu
O Palácio do Jaburu é uma edificação des nada à residência oficial do Vice-Presidente da República,
projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1977. Foi tombado individualmente pelo IPHAN em
2007, como parte do Processo de Tombamento Federal nº 1550-T- 07, referente ao "Conjunto da Obra
do Arquiteto Oscar Niemeyer" e homologado pela Portaria nº 55 do Ministério da Cultura em 6 de junho
de 2017.
Trata-se de uma residência térrea, de desenho limpo e conciso, segundo o autor do projeto, de aspecto
bem brasileiro, “[...] pelo seu fei o derramado e acolhedor, pelas largas varandas protegidas e o velho
pá o interno tão familiar às an gas casas de fazenda”, pretendendo reafirmar pelo arrojo da estrutura
proposta, o nível técnico do país e a inovação e liberdade plás ca da arquitetura brasileira.
Implantada na Via Palácio Presidencial (VPP) entre os Palácios do Planalto e da Alvorada, as margens da
Lagoa do Jaburu de onde toma emprestado o seu nome, está em área de grande importância na
composição da paisagem urbana do Conjunto Urbanís co de Brasília.

Imagens (se necessário)

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Figura 1 - Simulação desenvolvida a par r das informações encaminhadas nas pranchas de detalhamento
técnico (SEI 1895915) do equipamento proposto (com 20 m de altura) sobre a laje do Palácio do
Planalto.

Figura 2 - Simulação desenvolvida a par r das informações encaminhadas nas pranchas de detalhamento
técnico (SEI 1895902) do equipamento proposto (com 10 m de altura) sobre a laje do Palácio da
Alvorada.

Figura 3 - Simulação desenvolvida a par r das informações encaminhadas nas pranchas de detalhamento
técnico (SEI 1895925) do equipamento proposto (com 6 m de altura) sobre a laje do Palácio do Jaburu.

Figura 4 - Palácio do Jaburu, aberturas na laje de cobertura iluminam e ven lam ambientes dentro do
Palácio (BRASIL, 2010a).

FUNDAMENTO LEGAL

Decreto Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937:


Ar go 17 - As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum, ser destruídas, demolidas ou mu ladas,
nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Ar s co Nacional, ser
reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de cinqüenta por cento do dano causado.
Ar go 18 - Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Ar s co Nacional, não se
poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem
nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou re rar o objeto,
impondo-se neste caso multa de cinquenta por cento do valor do mesmo objeto”.

Portaria nº 420, de 22 de dezembro de 2010, que dispõe sobre os procedimentos a serem observados
para a concessão de autorização para realização de intervenção em bens tombados e nas respec vas
áreas de entorno.
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Art. 3º Para fins e efeitos desta Portaria são adotadas as seguintes definições:
Art. 4º A realização de intervenção em bem tombado, individualmente ou em conjunto, ou na área de
entorno do bem, deverão ser precedidas de autorização do Iphan.
Art. 5º Para efeito de autorização, são consideradas as seguintes categorias de intervenção:
I. Reforma Simplificada;
II. Reforma/Construção Nova;
III. Restauração;
IV. Colocação de Equipamento Publicitário ou Sinalização;
V. Instalações Provisórias.
§1º As intervenções caracterizadas como Reforma/Construção Nova (inciso II), quando verem de
ser realizadas em bens tombados individualmente, serão enquadradas na categoria Restauração
(inciso III);
§2º Para efeito de enquadramento na categoria Restauração, equiparam-se aos bens tombados
individualmente aqueles que, integrando um conjunto tombado, possuam caracterís cas que os
singularizem, conferindo-lhes especial valor dentro do conjunto, e nos quais, para a realização de
intervenção, requeira-se conhecimento especializado.
Art. 6º Ao requerer a autorização para intervenção, o interessado deverá apresentar os seguintes
documentos: [...]
IV – para Restauração:
a) Anteprojeto da obra contendo, no mínimo, planta de situação, implantação, plantas de todos os
pavimentos, planta de cobertura, corte transversal e longitudinal e fachadas, diferenciando partes a
demolir, manter e a construir, conforme normas da ABNT;
b) Levantamento de dados sobre o bem, contendo pesquisa histórica, levantamento
planial métrico, levantamento fotográfico, análise pológica, iden ficação de materiais e sistema
constru vo;
c) Diagnós co de estado de conservação do bem, incluindo mapeamento de danos, analisando-se
especificamente os materiais, sistema estrutural e agentes degradadores;
d) Memorial descri vo e especificações;
e) Planta com a especificação de materiais existentes e propostos.
Art. 7º No caso de intervenção em bem tombado individualmente, enquadrada, nos termos dos arts. 3º,
VII e 5º, § 1º, na categoria Restauração, o requerente, além dos documentos assinalados no art.6º
deverá apresentar o projeto execu vo da obra.
§1º O disposto no caput aplica-se aos bens equiparados aos tombados individualmente, nos termos
do art. 5º, §2º.

Portaria nº 314, de 8 de outubro de 1992 - estabelece definições e critérios para proteção do Conjunto
Urbanís co de Brasília.

Portaria nº 166 do IPHAN, de 11 de maio de 2016 - Estabelece a complementação e o detalhamento da


Portaria nº 314/1992 e dá outras providências.
Art. 19. A Zona de Preservação 1 da Macroárea A-ZP1A, compreende parte da porção urbana descrita no
Relatório do Plano Piloto de Brasília, de 1957, cons tuindo-se na área de maior representa vidade
simbólica, morfológica e urbanís ca do CUB.

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Art. 22. Para a Área de Preservação 1 da ZP1A – Praça dos Três Poderes, Congresso Nacional e seus
anexos, Esplanada dos Ministérios e seus anexos, e Setores Cultural Norte e Cultural Sul – ficam
estabelecidos os seguintes critérios de intervenção: [...]
II. preservação do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, e os
respec vos anexos; [...]
Art. 23. Fica vedado na Área de Preservação 1 da ZP1A:
III. instalação de torres de prestadoras de serviços de telecomunicações; (...)
Art. 34. A Zona de Preservação 2 da Macroárea A-ZP2A, definida como Zona de Preservação Leste,
cons tui a porção territorial a leste da Zona de Preservação 3 da Macroárea A-ZP3A e tem importância
fundamental na composição da paisagem urbana do CUB, garan ndo a sua integração espacial e visual
com o Lago Paranoá e a linha de cumeada de sua bacia.

Portaria nº 55, de 06 de junho de 2017


Art. 1º - Homologar, para efeitos do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, o tombamento do
Conjunto de Obras do Arquiteto Oscar Niemeyer - Museu da Cidade, espaço Lucio Costa, Panteão da
Liberdade e Democracia, Teatro Nacional, Memorial JK, Memorial dos Povos Indígenas, Conjunto Cultural
Funarte, espaço Oscar Niemeyer, Conjunto Cultural da República, Edi cio do Touring Club do Brasil, Praça
dos Três Poderes, Casa de Chá, Pombal, Palácio da Jus ça, Palácio Itamaraty e anexos, Capela Nossa
Senhora de Fá ma, Conjunto do Palácio da Alvorada, Congresso Nacional, Palácio do Planalto, Supremo
Tribunal Federal, Ministérios e anexos, Quartel General do Exército, Palácio Jaburu (...) a que se refere o
Processo nº 1.550-T-07 (Processo nº 01450.011563/2008-53)

ANÁLISE

Descrição Sumária da Intervenção Proposta (inserir quantas linhas for necessário)

A proposta de intervenção refere-se à inserção de elementos novos (antenas para sistema an -drone),
de grande porte, nas lajes de cobertura do Palácio da Alvorada, do Palácio do Planalto e do Palácio do
Jaburu. Os três Palácios são tombados individualmente no âmbito da Portaria nº 55, de 06 de junho de
2017, referente à obra do arquiteto Oscar Niemeyer.
Cumpre informar que, além do disposto, os referidos bens estão inseridos dentro do perímetro de
tombamento do Conjunto Urbanís co de Brasília, inscrito no Livro do Tombo Histórico sob nº 532, em
14/03/1990. O tombamento foi regulamentado pela Portaria nº 314-Iphan, de 08/10/1992; detalhada
pela Portaria nº 166-Iphan, de 11/05/2016 (com as alterações introduzidas pela Portaria nº 421, de 31
de outubro de 2018).
O requerente apresentou 3 pranchas de detalhamentos técnicos (1895902, 1895915, 1895925):
“Sistema An -Drone. Detalhes po de ancoragem de postes”, conforme consta no carimbo das pranchas
além da descrição no O cio nº 47/2020 (1895893):
as dimensões das antenas a serem instaladas nas lajes do Palácio da Alvorada (10 metros de altura,
a par r da laje), Palácio do Jaburu (06 metros de altura, a par r da laje) e Palácio do Planalto (20
metros de altura, a par r da laje). (grifo nosso)

O citado O cio nº 47/2020 traz jus fica vas para a necessidade de implantação dos sistemas an -drones
nos Palácios Presidenciais, a saber:
O Sistema An -Drones, como parte do ProPR, tem por finalidade potencializar a atribuição do
Gabinete de Segurança Ins tucional (GSI) em sua missão de prover a segurança Presidencial, nos
termos do Parágrafo único, do Art. 10 da Lei nº 13.844, de 18 de junho de 2019. Possui o aval
norma vo da ANATEL, conforme Ato nº 6277, de 08 de outubro de 2019, referente à u lização de
Bloqueadores de Sinais de Radiocomunicações (BSR).

E complementa:
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Há de se considerar a urgência que o assunto requer, além do assunto Segurança Presidencial se


tratar de ato previsto em Lei, o uso de drones deixou de ser apenas para o lazer e como ferramenta
de trabalho, passando a ser empregado em atos de ameaça e ações hos s, trazendo riscos e sendo
cada vez mais aplicados em fins escusos diversos. Esclareço ainda, que nos sí os onde será
instalada a solução em tela, o aparecimento de drones está se tornando corriqueiro e
demonstrando uma vulnerabilidade para a a vidade de segurança das mais altas autoridades do
Poder Execu vo.

Considerações (inserir quantas linhas for necessário)

Ante o problema apresentado, inicialmente, pontuamos a compreensão desta Superintendência quanto


à necessidade de adequação das instalações existentes para as novas tecnologias, que apresentem
soluções de segurança eficazes para os representantes do povo. No entanto, há que se considerar que
edificações icônicas como os Palácios Presidenciais, patrimônios históricos tombados e reconhecidos
internacionalmente pela sua arquitetura moderna, impõem limites para intervenções, que devem ser
direcionadas para o menor impacto possível.
Isto posto, faz-se necessário analisar minuciosamente as intervenções propostas, de forma a não mu lar
o patrimônio histórico tombado (nos termos do Decreto-Lei nº 25/1937) e garan r a sua permanência
para as gerações futuras. A despeito de o material apresentado, a princípio, não ser suficiente para a
análise (nos moldes da Portaria nº 420/2010, que estabelece diretrizes e procedimentos necessários
para análise de intervenções em bens tombados), optamos por realizar uma análise robusta desde já,
conforme apresentaremos a seguir, tendo em vista a enorme importância que esta Superintendência dá
ao caso.
De posse dos inventários dos Palácios Presidenciais, das dimensões e configurações de cada
equipamento, definidos nos detalhamentos técnicos encaminhados (SEI 1895902, 1895915, 1895925), e
de modelos tridimensionais das fachadas dos Palácios, disponíveis em banco de dados compar lhado na
internet (3dwarehouse), foi possível realizar, por esta Superintendência, simulações dos equipamentos
propostos sobre cada um dos Palácios, observadas nas Figuras 1 a 3 deste Parecer, que viabilizaram a
análise que segue. Vale reforçar que o requerente apresentou somente os desenhos técnicos dos
equipamentos a serem instalados e foi necessário inferir, pela equipe técnica, a localização destes
equipamentos em relação à edificação. Foi adotada a posição centralizada na laje de cobertura para
desenvolvimento das simulações de cada Palácio.

ANÁLISE
A par r das simulações desenvolvidas, fica evidente que os equipamentos propostos impactam
diretamente tanto os Palácios como bens tombados individualmente quanto o Conjunto Urbanís co de
Brasília (CUB).
a) Quanto ao Conjunto Urbanís co de Brasília
Considera-se, primeiramente, que os Palácios Presidenciais estão inscritos dentro do perímetro tombado
do Conjunto Urbanís co de Brasília, regulamentado pela Portaria nº 314/1992; detalhada pela Portaria
nº 166/2016.
Isto posto, há, na Portaria 166/2016, a proibição formal para instalação de antenas de telecomunicações
na Área de Preservação 1 da Zona de Preservação 1 – Macroárea A (Portaria 166/2016, Art. 23, inciso III),
na qual o Palácio do Planalto está inscrito. Ressalta-se, ainda, que a Área de Preservação 1 “compreende
parte da porção urbana descrita no Relatório do Plano Piloto de Brasília, de 1957, cons tuindo-se na
área de maior representa vidade simbólica, morfológica e urbanís ca do CUB” (Portaria 166/2016,
Art. 19).
Os Palácios da Alvorada e do Jaburu, por sua vez, situam-se na Área de Preservação 5 da ZP2A, que “tem
importância fundamental na composição da paisagem urbana do CUB, garan ndo a sua integração
espacial e visual com o Lago Paranoá e a linha de cumeada de sua bacia” (Portaria 166/2016, Art. 34).
Considera-se que a instalação desses equipamentos sobre as lajes dos Palácios, que cons tuem pontos

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focais dessa área de preservação, prejudica a leitura e a composição da paisagem urbana do CUB e,
portanto, não podem ser admi das.

b) Quanto aos Palácios, bens tombados individualmente


Para além da análise do impacto sobre o Conjunto Urbanís co de Brasília, a instalação desses
equipamentos impacta diretamente os Palácios. Há que se considerar os Palácios Presidenciais como
obras referências do poder execu vo da República e marcos singulares da arquitetura moderna.
É possível estabelecer uma relação imediata entre os par dos plás cos dos Palácios da Alvorada e do
Planalto (além do Palácio do Supremo Tribunal Federal, que não é objeto desta intervenção).
Cons tuem-se em geometria regular e elementar: prisma retangulares, compostos por caixas de vidro
avarandadas e cobertas com lajes finas que se sobressaem, apoiadas sobre colunas, cujas formas
definem cada edificação.
Niemeyer alcança formas plás cas singulares com iden dades únicas para cada Palácio, a par r da
solução pológica da colunata, u lizada em templos de outros períodos históricos, porém com ares
revigorados e modernos (BRASIL, 2008). O resultado arquitetônico desses edi cios se dis ngue pela
síntese de elementos de arquitetura moderna e vernacular (BRASIL, 2008), vínculo este que é
reconhecido por diversos arquitetos, dentre eles, Lucio Costa, que afirmou ainda em 1960:
(...) graças a Oscar Niemeyer, a construção de um simples edi cio – o Alvorada – casa-grande, com
varanda corrida e capela anexa, tomou conta do lugar e lhe marcou, de saída, o tônus: cidade
moderna, voltada para o futuro, mas com raízes na tradição. (COSTA apud GOMES, 2012, p. 180).

Ou ainda, como atestou Lauro Cavalcan :


O Palácio da Alvorada é, sobretudo, um exercício de síntese arquitetônica. Consiste de um prisma
retangular envidraçado e envolvido, em cima e embaixo, por duas finas lajes planas sustentadas e
solidarizadas por uma colunata reves da de mármores brancos. A linha de colunas mal toca o
solo e se encontra afastada das fachadas longitudinais, criando um amplo pór co que confere
proteção, profundidade, leveza e perspec va ao palácio. (CAVALCANTI, 2001, p. 429 – grifo nosso)

O Palácio da Alvorada foi a primeira construção oficial e defini va em Brasília (1957-1958) e inaugurou
essa solução plás ca, esté ca e estrutural, livre e rigorosa, de Niemeyer (BRASIL, 2008). O Palácio do
Planalto foi projetado e construído na sequência, em 1958, sendo, em conjunto com o Palácio do
Supremo Tribunal Federal, uma variante do par do adotado no Palácio da Alvorada (CAVALCANTI, 2001,
p. 432).
O Palácio do Jaburu é posterior, projetado em 1973, construído entre 1974 e 1975. Apesar de ser de um
período histórico diferente, o Palácio do Jaburu mantém as caracterís cas de pureza e simplicidade
geométrica, em que uma grande laje cobre todo o edi cio e deixa um grande vão livre. A placa suspende
levemente o volume da casa em relação ao solo e é sustentada por quatro pilares em forma de troncos
de pirâmide (BRASIL, 2010a).
Em suma, são obras em que o arquiteto se u lizou da própria estrutura para criar a iden dade dos
edi cios, alcançando a monumentalidade com leveza e simplicidade. O resultado é a integração
completa entre forma e estrutura. Conforme o próprio arquiteto declarou:
(...) procuramos adotar os princípios da simplicidade e pureza que, no passado, caracterizaram
grandes obras da Arquitetura. Para isso, evitamos soluções recortadas, ricas de forma e elementos
constru vos (marquises, balcões, elementos de proteção, cores, materiais, etc.) adotando um
par do compacto e simples, onde a beleza decorresse apenas de suas proporções e da própria
estrutura.
Dedicamos às colunas, em virtude disso, a maior atenção, estudando-as cuidadosamente nos seus
espaçamentos, forma e proporção, dentro das conveniências da técnica e dos efeitos plás cos que
desejávamos obter. Estes nos levaram a uma solução de ritmo con nuo e ondulado, que confere à
construção leveza e elegância, situando-a como que simplesmente pousada no solo. (NIEMEYER,
1957, "Palácio Residencial de Brasília", In: Módulo nº 7, p. 21. – grifo nosso)

Diante do exposto, a volumetria simples e pura dos Palácios Presidenciais é considerada uma
caracterís ca essencial a ser man da na preservação do patrimônio para as gerações futuras. Trata-se da
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aplicação de uma pologia milenar, reformulada e atualizada nos moldes da técnica permi da à época
da construção de Brasília, que culminou na integração completa entre forma e estrutura. A arquitetura e,
consequentemente, a iden dade das edificações está dada pelo sistema estrutural. O resultado é de
grande relevância para a arquitetura moderna e uma grande contribuição para a contemporaneidade.
Vale ressaltar que, além de todas as caracterís cas arquitetônicas e singulares da obra de Niemeyer aqui
descritas, o Palácio do Jaburu possui aberturas na laje de cobertura (Figura 4), que iluminam e ven lam
ambientes internos e inviabilizam a instalação de equipamentos dessa natureza, e especialmente desse
porte, em diversos locais.
Verifica-se, portanto, a importância da laje de cobertura dessas edificações que se sobressaem e
protegem os volumes internos (que concentram as a vidades) e que, pela sua conexão com os pilares,
estabelecem a iden dade de cada edificação. A inserção das antenas como suportes para equipamentos
an -drones não poderá ser admi da tendo em vista que consistem na instalação de novos elementos
ver cais de grande porte na cobertura, rompendo a geometria horizontal, pura e simples das
volumetrias e danificando a leitura de toda a composição. A intervenção pretendida cons tui, assim,
uma mu lação ao patrimônio tombado.

DIRETRIZES GERAIS
Não significa, porém, que outras soluções não possam ser encontradas para alcançar os mesmos
obje vos. Par ndo, sempre, do princípio da menor intervenção possível, qualquer que seja a solução
aventada é necessário considerar que:

Caso sejam elementos integrados à arquitetura dos palácios, os novos equipamentos não podem
ser visíveis do ponto de vista do observador, de forma a não prejudicar a leitura da volumetria
dos Palácios.
Caso sejam elementos dispostos em algum outro local dentro do lote, os novos equipamentos não
podem ferir a ambiência e a visibilidade dos bens tombados e do Conjunto Urbanís co de
Brasília.
A proposta de intervenção deve ser apresentada contendo, no mínimo, o material determinado na
Portaria nº 420/2010 para viabilizar a análise, sendo também desejável a u lização de simulações
tridimensionais, nos moldes dos que foram desenvolvidos para este Parecer.

Ante o exposto e visando à maior clareza acerca das ações projetuais advindas da análise con da neste
documento técnico, nos colocamos à disposição para as orientações necessárias sobre outras
possibilidades que venham a ser estudadas pelos especialistas nos referidos equipamentos.

---
Obras citadas:
BRASIL. Inventário de bens arquitetônicos do Palácio da Alvorada. Brasília: Ins tuto do Patrimônio
Histórico e Ar s co Nacional, 2008.
BRASIL. Inventário do Palácio do Jaburu. Brasília: Ins tuto do Patrimônio Histórico e Ar s co Nacional,
2010a.
BRASIL. Inventário do Palácio do Planalto. Brasília: Ins tuto do Patrimônio Histórico e Ar s co Nacional,
2010b.
CAVALCANTI, Lauro. Quando o Brasil era moderno: guia de arquitetura 1928 – 1960. Rio de Janeiro:
Aeroplano, 2001, p. 429
GOMES, Élcio da Silva. Os Palácios Originais de Brasília. Brasília: Tese de Doutorado - Universidade de
Brasília, 2012.

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MÓDULO: Revista de arquitetura e artes visuais no Brasil. Palácio Residencial de Brasília. [Palácio da
Alvorada]. Rio de Janeiro, v. 3, n. 7, fev. 1957, pp. 20-27.
SCHLEE, Andrey e FICHER, Sylvia. Guia de obras de Oscar Niemeyer: Brasília 50 anos. Brasília: Ins tuto
dos Arquitetos do Brasil: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2010.

CONCLUSÃO

Mo vação e Recomendações (inserir quantas linhas for necessário)

Considerando:

O tombamento das obras de Oscar Niemeyer e do Conjunto Urbanís co de Brasília;


A necessária preservação da arquitetura singular de Oscar Niemeyer de geometria puras e simples,
resultante do próprio sistema estrutural, expressa no conjunto dos Palácios Presidenciais em que
se pretende intervir;
A paisagem e ambiência urbana configurada pelo Conjunto Urbanís co de Brasília, que tem, nos
citados Palácios, pontos de alta relevância para preservação.

Conclui-se que as antenas an -drone, no formato proposto, cons tuem dano ao patrimônio tombado e,
portanto, decide-se pela desaprovação da proposta de intervenção.
É o parecer.

X Desaprovado o Projeto/Proposta de Intervenção

Aprovado o Desenvolvimento do Anteprojeto

Aprovada a Proposta de Intervenção

Aprovado o Anteprojeto

Aprovado o Projeto Execu vo

Outra (especificar)

Documento assinado eletronicamente por Laura Ribeiro de Toledo Camargo, Técnico I – Arquiteta,
em 16/04/2020, às 16:00, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Thiago Pereira Perpetuo, Coordenador Técnico do IPHAN-
DF, em 17/04/2020, às 16:16, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º,
do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

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04/08/2020 SEI/IPHAN - 1916207 - Parecer Técnico - Portaria 420 de 2010 Anexo 2

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