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PERÍCIA AMBIENTAL

EMPRESA LTDA
CNPJ 00.000.000/0001-00
PROCESSO Nº 0000.00.000000-0

Cidade/ESTADO

Cidade, 30 de março de 2021.

SEU NOME
Sua Profissão e Perito Ambiental
CREA ESTADO 000.000/D

DIREITOS RESERVADOS À @reisengenhariaambiental 1


Ao Ministério Público do Estado de Estado
04ª Promotoria de Justiça da Comarca de Cidade -ESTADO

INQUÉRITO CIVIL Nº 0000.00.000000-0

OFÍCIO Nº 000/2021 – 0ª PJ

REPRESENTADO: EMPRESA LTDA.

ÁREA DE ATUAÇÃO: Meio Ambiente

SEU NOME, Sua Profissão ambiental e perito nomeado pela (Quem te nomeou) de
Cidade, visando atender o procedimento do Ministério Público do Estado de Estado, 00ª
Promotoria de Justiça da Comarca de Cidade, processo em referência, venho apresentar
o Laudo Técnico Pericial.

Agradecem a honrosa missão que lhes foi confiada, esperando continuar a merecer a
confiança de Vossa Excelência.

DADOS FUNCIONAIS LAUDO PERICIAL AMBIENTAL

DATA DA DENÚNCIA: 05/01/2021

ENDEREÇO DA DENÚNCIA: Rodovia LESTADO 000 - KM 0,7 – Perímetro Urbano


- Cidade/ESTADO - CEP: 00.000-000.

DESCRIÇÃO DOS FATOS: Causar eventual dano ambiental, relacionado as possíveis


irregularidades quanto ao lançamento de efluentes sanitário da indústria em mérito sem
qualquer tipo de tratamento.

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SUMÁRIO

I- CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................4


II- LOCAL DA INTERVENÇÃO ................................................................................5
III- CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE / EMPREENDIMENTO .........................8
IV- LEVANTAMENTO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ................. 10
V- MEDIDAS MITIGATÓRIAS................................................................................ 17
VI – MEDIDAS COMPENSATÓRIAS ............................................................................ 18
VII - SUGESTÃO / PROPOSTAS .................................................................................... 19
VIII - RELATÓRIO FOTOGRÁFICO ............................................................................ 20

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I- CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente Laudo Técnico Pericial tem como objetivo geral, fornecer subsídios
de ordem técnico-científica para a adequada tipificação do fato ilícito, a fim de avaliar a
situação atual da área e verificar as inconformidades e danos causados relacionados ao
lançamento de efluente sanitário sem tratamento referente à atividade do
empreendimento em mérito, verificando os aspectos e impactos ambientais inerentes ao
funcionamento desta, no imóvel situado na Rodovia LESTADO 000 - KM 0,7 –
Perímetro Urbano - Cidade/ESTADO, conforme inquérito civil mencionado e propor
medidas mitigatórias/compensatórias aptas a compensar os danos causados pela
intervenção.
Os materiais empregados para a elaboração deste Laudo Técnico Pericial
consistem em dados, softwares e equipamentos, sendo estes: GPS modelo - eTrex 30x,
rede GLONASS e bússola de 3 eixos - marca GARMIN; Imagens de satélites de
aplicativos como Google Earth PRO, Bing Maps Aerial, Infraestrutura de Dados
Espaciais do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IDE/Sisema;
Máquina fotográfica SONY, modelo Cyber-shot DSC-S780, 8.1 megapixels.
Para apurar possíveis irregularidades relacionadas ao lançamento de efluente
sanitário de forma inadequada da empresa EMPRESA LTDA, foram realizadas
verificações técnicas no local do representado no dia 12/03/2021 das 08:30 às 10:00
horas.
A diligência no empreendimento aconteceu pelo perito Seu Nome e foi
acompanhada pelo Sr. Daniel, CPF 000.000.000-00, no qual se apresentou como sendo
o sócio proprietário da empresa. Acompanhou a diligência realizada no
empreendimento objeto de perícia, apresentado a linha de produção desenvolvida nesta
indústria, e o sistema de tratamento de efluente sanitário, em data e horário descritos
acima.
A fim de avaliar o sistema de tratamento de efluente e se o mesmo se encontrava
operando corretamente e de forma eficiente, foi necessário realizar amostragem do
efluente na entrada e saída do sistema. O laboratório devidamente credenciado e
especializado contratado para realização da amostragem é a empresa Razão Social do
Laboratório CNPJ 00.000.000/0001-00. O funcionário da empresa contratada

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responsável pela amostragem dos efluentes é o Sr. Cristian CPF 000.000.000-00 no qual
foi acompanhado pelo perito Seu Nome e Sr. Daniel.

II- LOCAL DA INTERVENÇÃO

A empresa objeto deste Laudo Pericial está localizado em perímetro urbano


situado na Rodovia LESTADO 000 - KM 0,7 - Cidade/ESTADO. Entretanto foi
apresentado ao perito inscrição do imóvel no Cadastro Ambiental Rural – CAR.
A propriedade onde está inserido o empreendimento possui área total de
aproximadamente 61,54 hectares de acordo com o Cadastro Ambiental Rural – CAR
apresentado. Entretanto, a planta industrial correspondente a área objeto de perícia
corresponde a uma área de aproximadamente 1,5 hectares tendo em vista que a área
correspondente a atividade industrial é arrendada/alugada pela empresa de terceiros.
O centroide geográfico desse imóvel localiza-se na intersecção do Sistema de
Coordenadas Geográficas – DATUM WGS-1984: Longitude: 00°00’30.84"O e
Latitude: 00°00’00.44"S.
A titularidade do imóvel em exame onde está inserido a empresa, pertence ao Sr.
Vaz CPF 000.000.000-00, conforme informações do Cadastro Ambiental Rural – CAR.
Entretanto parte do terreno foi alugado pela empresa EMPRESA LTDA CNPJ
00.000.000/0002-00 para operar suas atividades industriais. Portanto, a responsabilidade
pelo funcionamento do empreendimento desenvolvida nesta propriedade, compete à
empresa Razão Social, ora qualificada, no qual arrendou o terreno para a instalação da
indústria de fabricação de cal e gesso.
A fim de verificar a inserção do empreendimento no meio, levando em
consideração o uso e ocupação do solo e o atendimento as legislações federais e
estaduais, quanto à proteção do meio ambiente e a biodiversidade, realizou-se a
investigação ambiental de localização do mesmo.
O empreendimento está inserido no bioma de Cerrado, de acordo com o mapa do
IBGE fornecido pela Infraestrutura de Dados Espaciais do Sistema Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos – IDE/Sisema e localizado na bacia hidrográfica do Rio
Grande. Não foi verificada intervenção por parte deste empreendimento em áreas de
proteção ambiental, unidade de conservação ou em área de preservação permanente. Foi

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verificado que a empresa está inserida em uma área com potencialidade de ocorrência
de cavidades considerada “muito alto”.

Modulo fiscal
De acordo com Machado (2013), o módulo fiscal foi instituído pela Lei Federal
6.746/1979 que determina sobre este para cada município, a partir do qual a variável
determinística para a definição desse módulo considera as peculiaridades – atividades,
produtos ou serviços, predominantes em cada município.
Sendo assim, a Instrução Especial INCRA 20/1980 estabeleceu o módulo fiscal
para cada município, conforme previsto no Decreto Federal 84.685/1980. Nesse caso,
para o município de Cidade/ESTADO, verifica-se que um módulo fiscal equivale a 35
hectares.
Dessa forma, o imóvel rural objeto deste Laudo Pericial, possui 2,0514 módulos
fiscais, segundo determina a Instrução Especial INCRA 20/1980.

Reserva florestal legal


A Lei Federal 12.651/2012 regulamenta as normas gerais para as florestas
brasileiras, de tal modo que Machado (2013, p.866) preconiza que há dois fundamentos
estabelecidos pela Lei Florestal: (i) “proteção e uso sustentável das florestas e demais
formas de vegetação nativa em harmonia com a promoção do desenvolvimento
econômico”; (ii) “as florestas são bens de interesse comum a todos os habitantes do
País”.
Desse modo, a Lei Estadual 20.922/2013 definiu que as propriedades rurais
devem manter área com percentual mínimo de 20% (vinte por cento) com cobertura
vegetal nativa a título de Reserva Legal, sem prejuízos das diretrizes aplicáveis à APP.
É também de observar que essa área deverá estar registrada mediante a inscrição da
propriedade ou posse rural no Cadastro Ambiental Rural – CAR.
Sendo assim, avaliou-se o imóvel rural objeto deste Laudo, quanto ao
atendimento das diretrizes estabelecidas pela Lei 20.922/2013, de um modo que as
informações gerais provenientes do CAR dessa propriedade, encontram-se na Tabela
abaixo.

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Informações do Cadastro Ambiental Rural – CAR

De acordo com a Tabela acima, verifica-se que o imóvel rural em exame, está
registrado no CAR e apresenta inscrição de área de reserva legal igual a 20,1237
hectares, área superior àquela determinada pela legislação ambiental. Não foi possível
avaliar fisicamente, in loco, a situação atual da área de reserva legal tendo em vista que
o Sr. Daniel não sabia informar a localização exata da área de reserva legal. Entretanto,
avaliou-se junto a base de dados públicas do Sicar os polígonos da área de reserva legal
da propriedade, sendo constatado 8 polígonos correspondente a área de reserva legal
declarada.

Área de preservação permanente


A Lei Estadual 20.922/2013 delibera sobre as Áreas de Preservação Permanente
(APP), em zonas rurais ou urbanas, que para os efeitos legais e regulamentares, está
conceituada como sendo uma área legalmente protegida, a qual independentemente de
cobertura vegetal nativa, possui funções ambientais específicas e diferenciadas, visando
assegurar o bem-estar das presentes e futuras gerações (ESTADO, 2013).
Machado (2013) complementa as características aplicáveis e intrínsecas a APP:
(a) considerada uma área e não uma floresta; (b) não é qualquer área, mas, sim uma área
protegida; (c) protegida em caráter permanente, ou seja, não episódica, descontínua,
temporária ou com interrupções; (d) intervenção da vegetação na APP condiciona o
proprietário a adotar medidas para recomposição.
No decorrer do exame “in situ”, constatou-se que o imóvel em exame, não
possui área de preservação permanente declarada tendo em vista que não há existência
de recursos hídricos na área objeto de perícia.

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III- CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE / EMPREENDIMENTO

Visando apresentar subsídios técnicos sobre os problemas elencados na empresa


EMPRESA LTDA, realizou-se vistoria in loco no empreendimento em geral e análise
criteriosa, a fim de levantar dados de infraestrutura e instalações, bem como vislumbrar
e fundamentar os dados referentes a atividade em questão. Em geral, adotou-se
metodologia descritiva para o levantamento das atividades do empreendimento em
mérito.
A empresa possui a atividade de Fabricação de Cal e Gesso. Não há extração de
pedra calcária por parte desse empreendimento. A empresa compra a matéria prima de
empresas terceiras no qual realizam a extração. O processo desenvolvido compreende o
recebimento de insumos e matéria prima para fabricação de cal virgem. A pedra calcária
chega até a empresa e é armazenada no pátio da empresa em pilhas de estocagem e
posteriormente direcionada ao silo de abastecimento para produção.
A pedra calcária é transportada para o forno, abastecido a lenha, através de uma
correia transportadora onde é submetida a altas temperaturas e pressão para produção da
cal virgem. O material leva em média 24 horas desde sua entrada no forno como pedra
calcária e saída como cal virgem para próxima etapa do processo produtivo.
Após a saída do forno a cal virgem é transportada por correias transportadoras
para a etapa de britagem. Nesta etapa a cal virgem é britada em três tipos de
granulometrias, sendo elas de 0 a 3 mm (milímetros), 3 a 19 mm e 20 a 50 mm e
posteriormente armazenadas em silos de estocagem e destinado ao cliente conforme
especificações de cada um.
Atualmente a empresa opera suas atividades com um quadro de
aproximadamente 18 funcionários e uma jornada de trabalho de segunda a segunda-
feira, operando 24h/dia, com capacidade produtiva de 21.900 toneladas/ano. É
importante ressaltar que no dia em que se realizou a diligência in loco, as atividades da
empresa se encontravam paralisadas. Ao questionar o Sr. Daniel o motivo da
paralização, o mesmo informa que a paralização se deu devido que a peneira do
processo produtivo havia estragado e estava passando por manutenção e que a previsão
para retomada da operação era para aquele mesmo dia as 12:00 horas. Portanto, até a
hora que o perito permaneceu na empresa não havia retomado a operação das
atividades.

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Regularização Ambiental

Para analisar se as atividades do empreendimento em exame estão sujeitas ao


processo de licenciamento ambiental em âmbito estadual ponderou-se esta, conforme as
diretrizes legais estabelecidas pela Deliberação Normativa COPAM 217/2017.
A principal atividade exercida nesse imóvel/empresa compreende a fabricação
de cal e gesso. Nesse caso, essas atividades estão enquadradas segundo a DN 217/2017
na Listagem B (Atividades industriais), sendo tipificadas como “B-01-02-3 Fabricação
de Cal Virgem” com capacidade instalada de 21.900 toneladas/ano;
Do mesmo modo, foi verificado que essa atividade/imóvel apresenta critério
locacional de enquadramento de grau nº 0.
Nesse caso, certifica-se que as atividades em mérito estão sujeitas ao processo de
licenciamento ambiental simplificado mediante a apresentação de relatório ambiental
simplificado (LAS/RAS), em nível estadual, no qual consiste em um licenciamento
realizado em uma única fase mediante apresentação do RAS (Relatório Ambiental
Simplificado). Verifica-se que o empreendimento está devidamente regularizado
ambientalmente mediante o Certificado LAS-RAS Nº 000/2018 emitido pela
Superintendência Regional de Regularização Ambiental Alto São Francisco –
SUPRAM-ASF no dia 04 de setembro de 2018, referente ao processo administrativo nº
00000/0000/000/0000, com validade até 03/09/2028. Portanto o empreendimento se
encontra munido de licenciamento ambiental, devendo atender as condicionantes
ambientais contido no Parecer Técnico durante todo o período de vigência da licença
ambiental.
Devido ao consumo de produtos e subprodutos da flora lenha, utilizado como
fonte de combustível para aquecer o forno, o Certificado de Registro de Categoria do
IEF se faz necessário. A empresa apresenta ao perito o Certificado de Registro Nº
000000 emitido pelo Instituto Estadual de Florestas – IEF referente a regularidade do
consumo, relacionado ao exercício do ano de 2019 com validade até 31/01/2020. De
acordo com informações do Sr. Daniel e de sua consultora ambiental Sra. Maria, o novo
certificado já foi requerido junto ao órgão ambiental competente. Posteriormente, o
Certificado de Registro – IEF nº 000000/2021 referente ao ano de 2021 com validade
até 30/09/2022, foi enviado ao perito por email e se encontra em anexo a este laudo.
A utilização dos recursos hídricos nessa empresa, objetiva suprir a demanda
hídrica das instalações e consumo humano. De acordo com informações prestadas pelo

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Sr. Daniel e por sua consultora ambiental Maria, é utilizado água da concessionária
local X na indústria em mérito.

IV- LEVANTAMENTO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

O levantamento dos aspectos e impactos ambientais que direta e indiretamente,


são resultantes da operação da atividade de fabricação de cal virgem, instrui o
entendimento sobre as analogias entre os processos/etapas dessa atividade e os
elementos ambientais que podem ser modificados.
Considera-se que as etapas inerentes ao processo produtivo desta empresa,
poderão resultar em modificações ambientais a serem direta ou indiretamente induzidas
pelos aspectos e impactos ambientais do funcionamento desta. Portanto, julga-se
fundamental a implantação do conjunto de medidas mitigadoras e compensatórias para
o gerenciamento ambiental desta empresa, objetivando resultados concretos e
demonstráveis de proteção da qualidade ambiental.
Portanto, os principais aspectos e impactos ambientais potenciais identificados
no funcionamento do empreendimento, relacionados ao tipo de atividade exercida estão
mencionados abaixo:

Armazenamento de matéria prima

A matéria prima e insumos do empreendimento é armazenada área externa da


empresa em pilhas (pedra calcária) e tanque de óleo diesel sinalizado e isolado.
Portanto, é importante ressaltar que a disposição da matéria prima não traz
prejuízos ambientais quanto à armazenagem, sendo que esta ocorrendo de maneira que
não há risco de contaminação no solo.

Emissões atmosféricas

As fontes de emissões de poluentes atmosféricos (dispersão de material


particulado e gases) foram identificadas nas etapas no processo produtivo, visto a
movimentação de matéria prima e produto acabado na planta de fabricação da cal
virgem, bem como o trânsito veicular nas vias e pátio da empresa. Salienta-se que a
reação de calcinação que ocorre no forno gera dióxido de carbono, dióxido de cálcio e

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material particulado. Também ocorrem emissões de particulados no setor de descarga de
cal pelos silos de armazenamento.
Nesse caso, foi verificado que atualmente as emissões são originárias de fonte
pontual, através da emissão de gases e material particulado proveniente das reações
químicas e do processo produtivo do forno e também de forma difusa a partir da
dispersão eólica (ação dos ventos). A perícia constata na indústria em mérito sistema de
despoeiramento composto por ciclone e lavador de gás no qual operam juntos, acoplado
a chaminé, na saída dos efluentes, e posteriormente esses gases são liberados
diretamente para atmosfera.
O controle de dispersão difusa é realizado através da aspersão de água nas vias
internas da empresa.

Resíduos sólidos

Os resíduos sólidos gerados na indústria em exame são resultantes das etapas


inerentes ao processo produtivo. Destacam-se a borra do ciclone, resíduo do lavador de
gás, EPI’s, dentre outros.
Os resíduos do ciclone e do lavador de gás podem ser reaproveitados por
terceiros como matéria prima, comercializados pela empresa. Os EPI’s devem ser
destinados por empresas devidamente habilitadas.
No exame in loco, foi identificado o armazenamento adequado desses resíduos
sólidos. Os resíduos são armazenados em pilhas e tambores. É importante ressaltar que
toda movimentação de resíduos sólidos dessa empresa deve ser feito através do Sistema
MTR ESTADO (Manifesto de Transporte de Resíduos) eletrônico instruído pela FEAM
(Fundação Estadual de Meio Ambiente).
Conforme DMR (Declaração de Movimentação de Resíduos) nº 00000 referente
ao período de 01/07/2020 a 31/12/2020 os resíduos dessa empresa estão sendo
destinados a Prefeitura Municipal de Cidade. Cabe ressaltar que os resíduos
classificados como perigosos, deve ser destinado a empresas devidamente licenciadas
para dar a destinação final desse tipo de resíduo.
A fim de gerenciar de forma adequada a geração, armazenamento e destinação
devidamente adequada desses resíduos, a perícia sugere a elaboração do PGRS (Plano
de Gerenciamento de Resíduos Sólidos) da indústria em mérito.

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Efluentes Líquidos Industriais

Os efluentes líquidos produzidos nessa empresa em exame estão condicionados


aos setores que consomem água. Nesse caso, os efluentes industriais relacionado ao
processo produtivo, estão relacionados a utilização de água para lavagem do gás no
lavador de gás. A empresa possui um sistema de reaproveitamento de água através de
circuito fechado, havendo perda somente por evaporação, no qual eventualmente os
tanques são reabastecidos a fim de se manterem em níveis normal para operação
adequada do lavador de gás.

Efluentes Líquidos Sanitários – Fossa Séptica

Os efluentes sanitários dessa indústria são gerados a partir das instalações


operacionais (higienização, escritório e sanitários), no qual há o registro do consumo de
água que, consequentemente, resulta na geração de efluentes líquidos sanitários. Os
efluentes gerados decorrentes de instalações sanitárias são destinados à fossa séptica
instalada no empreendimento a fim de obter o tratamento necessário e disposição final
adequada.
Conforme mencionado nos autos deste inquérito civil e pauta de infração
ambiental, foi requerido ao perito estudo, visando identificar se está havendo ou não o
lançamento de efluente doméstico sem tratamento, ou se o tratamento está sendo
eficiente ou não.
Para tanto, a fim de avaliar se o sistema de tratamento de efluente sanitário da
empresa EMPRESA LTDA está operando em conformidade com as normas ambientais
e sanitárias, foi necessário analisar inicialmente todo o histórico de ocorrência que
gerou a infração ambiental e a situação atual in loco.
Conforme histórico de ocorrência, em resumo, o empreendimento possuía uma
fossa séptica antiga utilizada para o tratamento do efluente sanitário. Entretanto o
tratamento não se fazia eficiente, sendo constatado através de análises laboratoriais e
pelos funcionários da empresa de que estava havendo um vazamento de efluente na
primeira sessão da fossa. Por se tratar de um sistema de tratamento antigo, feito de
alvenaria e por terem identificado vazamento/infiltração de efluente no solo, chegando a
ocorrer a lavratura de auto de infração ambiental, a empresa em mérito optou pela
desativação total do sistema antigo submetendo-o a limpeza de todos os

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compartimentos, e pela instalação de um novo e mais moderno sistema de tratamento de
efluente sanitário instalado ao lado do sistema antigo.
Atualmente, a perícia constata in loco que o sistema antigo de fossa séptica foi
totalmente desativado, e foi feito a instalação de um novo sistema de tratamento de
efluente sanitário, localizado aproximadamente sob as coordenadas geográficas WGS-
84 00°00’00.92"S 00°00’00.60"O. Se trata de um sistema relativamente simples
composto por quatro etapas/compartimentos de tratamento, sendo: uma caixa de entrada
de efluente sanitário bruto; um reator anaeróbio; uma caixa de saída de efluente de
efluente; e um sumidouro.
Nesse tipo de tratamento de efluente a matéria orgânica é degradada através do
metabolismo dos microrganismos localizados no reator anaeróbio. Quanto maior for a
proliferação dos microrganismos no reator, tendenciosamente maior e melhor será a
eficiência do tratamento do efluente. Conforme informado pelo Sr. Daniel esse novo
sistema foi implantado a aproximadamente 6 meses e já se encontra em operação.

Sumidouro

Caixa de Saída
Caixa de Entrada Reator Anaeróbio

Sistema de Tratamento de Efluente Sanitário

A fim de avaliar a eficiência do novo sistema de tratamento implantado neste


empreendimento, e se está havendo o lançamento de efluente sanitário em
desconformidade com as normas ambientais realizou-se amostragem de efluente
sanitário na entrada e saída do sistema, através de um laboratório devidamente
certificado e habilitado ora qualificado anteriormente.

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Os parâmetros analisados foram os mesmos exigidos na condicionante ambiental
do licenciamento ambiental da empresa: pH, Sólidos Sedimentáveis, Sólidos Suspensos
Totais, Vazão, DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), DQO (Demanda Química de
Oxigênio), Óleos e Graxas, Coliformes Termotolerantes, Eficiência de DBO e
Eficiência de DQO.
Após a coleta do efluente na entrada e saída do sistema de tratamento, realizado
pelo funcionário do laboratório, Sr. Cristiano, acompanhado pelo perito Seu Nome e o
responsável pela empresa Sr. Daniel, submeteu-se as amostragens a análises
laboratoriais no qual os resultados obtidos se encontram nas tabelas abaixo, retiradas na
íntegra dos relatórios de ensaios nºs: 0000/2021 e 0000/2021 emitidos pelo laboratório,
em anexo a este laudo.

Efluente Sanitário – Fossa Séptica – Entrada

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Efluente Sanitário – Fossa Séptica – Saída

Após a amostragem e análise laboratorial o relatório de ensaio nº 0000/2021,


página nº 3/3, emitido pelo laboratório conclui que:

“Artigo 29 para lançamento de efluentes da Deliberação Normativa COPAM/CERH-


ESTADO N.º 1 de maio de 2008.: A amostra está em DESACORDO com os padrões nos
seguintes parâmetros: DQO, DBO, Sólidos Suspensos Totais. Os resultados obtidos nos
parâmetros DBO e DQO não atendem os limites permitidos, mas ocorreu eficiência em
remoção de carga orgânica, respectivamente, de acordo com norma adotada acima
especificada.”

Portanto, de acordo com os resultados das amostragens emitido pelo laboratório


e com base nos limites máximos permitidos da Deliberação Normativa COPAM/CERH-
ESTADO nº 1 de maio de 2008, os parâmetros de DBO e DQO não atendem os limites
máximos permitidos, mas apresentam eficiência de tratamento de efluente quanto a
remoção de carga orgânica dentro dos limites estabelecidos pela norma, ou seja, o
sistema implantado apresenta eficiência no tratamento do efluente sanitário dentro dos

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limites estabelecidos pela norma de 55% de eficiência para DQO e 60% de eficiência
para DBO (Art. 29 §4º VII-a, VIII-a). Tendo isso em vista a eficiência do tratamento
atende a legislação.
Em relação ao parâmetro de Sólidos Suspensos Totais, o valor máximo
permitido pela norma é de no máximo 100Estado/L, e a amostragem apresentou
resultado de 128Estado/L, ou seja, valor superior ao que determina a legislação,
estando, portanto, este parâmetro em desacordo com o padrão de lançamento
determinado. A perícia sugere realizar a limpeza da fossa, fazendo a remoção parcial do
lodo ativado (somente o excesso), se for o caso, em uma periodicidade de quatro em
quatro meses a fim de tentar corrigir a quantidade de sólidos suspensos totais na saída
do sistema, em atendimento a norma.
É importante ressaltar em relação ao parâmetro de vazão de entrada e saída do
sistema, que foi constatado pela perícia que a empresa não possui vazão contínua na
entrada do sistema de tratamento, tendo em vista de que este parâmetro está diretamente
relacionado a geração de efluente por parte das instalações sanitárias da empresa, e de
que o consumo é considerado relativamente baixo. O que reflete diretamente na vazão
de saída do sistema, no qual no dia em que se realizou a pericia e a amostragem da
vazão de saída o efluente estava baixa.

Ruídos

As emissões de ruídos significativas se concentram nos setores do forno e


britagem, visto a utilização de máquinas e equipamentos que produzem as emissões de
ruídos pontuais no empreendimento que são inerentes ao processo produtivo.

Consumo de energia

Identifica-se demanda de energia elétrica neste empreendimento para suprir as


instalações básicas e maquinário, no qual utilizam de energia elétrica para
funcionamento. A disponibilidade energética deste empreendimento se faz mediante a
concessionária local, a X.

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Aspecto ambiental Impacto Fator
Fontes geradoras ambiental ambiental
Efluentes Líquidos São provenientes de instalações sanitárias e
- industriais. Provenientes da higienização humana e Alteração na
Risco de alteração processo de despoeiramento. qualidade das Físico
da qualidade das águas e do solo
águas
Resíduos Sólidos São provenientes de origem doméstica e industrial.
- Resíduo doméstico ou proveniente de processo Alteração na
Risco de alteração produtivo. qualidade das Físico
da qualidade das águas, solos e
águas subterrâneas, atmosfera.
solo e atmosfera.
Ocorrem durante a etapa do processo produtivo no
Emissões forno e no setor de carregamento. Há ressuspensão Emissão de Físico
atmosféricas de material particulado no setor. material Biótico
- particulado e Sócio
Risco da alteração geração de Econômico
da qualidade do ar poeiras fugitivas
e sedimentáveis

Ocorre devido instalações básicas, maquinário que Esgotamento Físico


Consumo de energia utiliza de energia elétrica para funcionamento. dos recursos Econômico
naturais
Quadro dos aspectos ambientais

V- MEDIDAS MITIGATÓRIAS

As ações mitigatórias propostas para este Laudo Pericial, incidem em uma


finalidade precípua de reduzir os principais impactos ambientais possíveis advindo do
funcionamento da atividade em exame.
Desse modo, considera-se que para cada impacto ambiental, haverá uma
medida proposta para ser implementada/melhorada, de um modo que o conjunto de
medidas mitigatórias sugeridas, encontra-se apresentado na Tabela abaixo.

Impacto Medida mitigadora Orientações gerais


ambiental

Deterioração da Controle de emissões de 1. Realizar aspersão de água nas vias internas da


qualidade do ar material particulado empresa a fim de evitar ressuspensão de material
particulado no meio.

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Efluentes líquidos Controle de tratamento de 1. Realizar a limpeza da fossa, fazendo a remoção
sanitários efluente sanitário parcial do lodo ativado (somente do excesso), se for o
caso, em uma periodicidade de quatro em quatro meses a
fim de tentar corrigir a quantidade de sólidos suspensos
totais na saída do sistema, em atendimento a norma.

Resíduos Sólidos Destinação ambientalmente 1. Realizar destinação dos resíduos sólidos Classe I e
adequada dos resíduos Classe II às empresas devidamente licenciadas para
sólidos receber esses resíduos e sempre munidos do MTR.
Inclusive os resíduos sólidos comercializados e
reaproveitados por terceiros devem ser movimentados
via Sistema MTR.

Quadro de medidas mitigatórias

VI – MEDIDAS COMPENSATÓRIAS

A compensação ambiental aplicada para esse Laudo Técnico Pericial, consiste


na aplicação de uma medida pecuniária decorrente do não atendimento ao parâmetro de
Sólidos Suspensos Totais e o descumprimento da legislação, referente ao resultado
laboratorial da amostragem da Fossa Séptica, da atividade do empreendimento em
questão, que podem ser mitigadas e controladas.
Nesse caso, o juízo valorativo realizado considera os potenciais impactos
ambientais que podem ser gerados no meio ambiente, visando quantificar a imposição
dessa medida. Desse modo adaptou-se o Método de Custo de Restauração Presente
(TOCCHETTO et al., 2014), considerando que esses impactos ambientais evoluíram
linearmente para a situação diagnosticada nesta perícia. Assim, a equação abaixo
apresenta a formulação matemática para essa situação.
𝐶𝑅 [(1 + 𝑖)∆𝑡 ] − 1
𝐶𝑅𝑃 = 𝑥
∆𝑡 ln(1 + 𝑖)

Em que: CRP: Custo de restauração presente (R$); CR: Custo de restauração


(intervenção/degradação ambiental); 𝑖: índice de correção (% a.a); ∆t: período de início
da degradação até a data do exame pericial.
Desse modo, encontra-se apresentado o resultado da aplicação do modelo CRP.
Adotou-se:
CR = Média monetária constante no Decreto 47.383/2018, código 112:
R$ 900,00 ufeEstado. Valor da UFEESTADO = R$ 3,9440

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𝑖 (% a.a) = 0,12
∆t = 0,9 (anos)
CRP = R$ 947,49 x ufeEstado
CRP resultante = R$ 3.736,93
Portanto, a fixação do juízo valorativo corresponde o pagamento de R$3.736,93
(três mil setecentos e trinta e seis reais e noventa e três centavos) para composição de
uma medida compensatória, devido aos potenciais impactos ambientais referentes ao
lançamento de efluente sanitário com o parâmetro de Sólidos Suspensos Totais acima
dos limites determinados pela legislação ambiental vigente.

VII - SUGESTÃO / PROPOSTAS

Com o intuito de evitar possíveis danos ambientais ou poluição relacionados a


atividade do empreendimento de forma a atender à necessidade local e legislação
ambiental vigente, a perícia sugere que a empresa EMPRESA LTDA CNPJ
00.000.000/0002-00, com endereço na Rodovia LESTADO 000 - KM 0,7 – Perímetro
Urbano - Cidade/ESTADO realize a implementação de um conjunto de medidas
mitigadoras/compensatórias para o bom funcionamento das atividades da empresa,
acompanhado por um responsável técnico devidamente habilitado com Anotação de
Responsabilidade Técnica – ART.

1. Sugere realizar a limpeza da fossa, fazendo a remoção parcial do lodo ativado


(somente do excesso), se for o caso, em uma periodicidade de quatro em quatro
meses a fim de tentar corrigir a quantidade de sólidos suspensos totais na saída
do sistema, em atendimento a norma.
2. Sugere realizar destinação dos resíduos sólidos Classe I e Classe II às empresas
devidamente licenciadas para receber esses resíduos e sempre munidos do MTR.
Inclusive os resíduos sólidos comercializados e reaproveitados por terceiros
devem ser movimentados via Sistema MTR.
3. Sugere realizar aspersão de água nas vias internas da empresa a fim de evitar
ressuspensão de material particulado no meio.

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4. Sugere a fixação de indenização pecuniária no que tange a medida
compensatória a importância de R$3.736,93 (três mil setecentos e trinta e seis
reais e noventa e três centavos). Prazo: 30 dias.

Segue o laudo técnico pericial, lavrado em 27 páginas numeradas


sequencialmente, com anexos e assinado em 30 de março de 2021.

______________________________________
Seu Nome
Sua Profissão Ambiental
Perito Ambiental
CREA ESTADO – 000.000/D

VIII - RELATÓRIO FOTOGRÁFICO

Figura 1: EMPRESA LTDA

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Figura 2: EMPRESA LTDA

Figura 3: Processo produtivo silo de pedra calcária

Figura 4: Transporte de pedra calcária para o forno

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Figura 5: Forno

Figura 6: Galpão de armazenamento de lenha

Figura 7: Abastecimento do forno com lenha

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Figura 8:Lavador de gás – Sistema de despoeiramento

Figura 9: Ciclones – Sistema de despoeiramento

Figura 10: Fossa Séptica

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Figura 11: Caixa de passagem de tubulação

Sistema
novo ligado

Sistema antigo
desativado

Figura 12: Caixa de passagem de tubulação

Figura 13: Caixa de Entrada da Fossa (coleta entrada)

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Figura 14: Reator anaeróbio

Figura 15: Caixa de saída (coleta saída)

Figura 16: Coleta na caixa de saída da fossa

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Figura 17: Coleta de efluente

Figura 18: Coleta de efluente na entrada da fossa séptica

Figura 19: Coleta do efluente na entrada do sistema

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Figura 20: Coleta de efluente

Figura 21: Amostras de efluentes líquidos da fossa séptica.

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