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1-PARECER HARAS SANTA GENEBRA

PMC/PMC-SEPLURB-GAB/PMC-SEPLURB-DECON/PMC-SEPLURB-DECON-GRCONT

DESPACHO

Campinas, 24 de agosto de 2022.

Em atendimento ao solicitado pelo Diretor do DECON (5668804) e pela Coordenação do Grupo de


Controle e Contenção de Ocupações, Parcelamentos Clandestinos e Danos Ambientais (5553029)
que em despacho alertou:

"Em que pese a manifestação do responsável pelas obras de que se trata de construção de baias para
a criação de animais, entendemos que as obras tem características de parcelamento irregular do solo
e, portanto solicito a fiscalização desta Secretaria de Urbanismo visando adotar as providências que
o caso requer."

AO SETOR DE FISCALIZAÇÃO

Promover vistoria ao local (coordenadas geográficas -22.86528078, -46.95416768) e produzir


Relatório Descritivo e Fotográfico com o objetivo de subsidiar eventual comprovação de
parcelamento do solo irregular na Gleba em questão.

Importante ressaltar que essa vistoria tem como foco o cumprimento da constatação dos fatos e
elaboração de relatório preliminar, necessários para a boa instrução procedimento administrativo,
conforme previsto pelo Art. 7 da Decreto 16.920/2010, não sendo, portanto, recomendada a
aplicação de qualquer sanção administrativa no momento da diligência.

Atenciosamente,

YURI ARTEN FORTE

Representante SEPLURB

Grupo de Controle e Contenção de Ocupações,

Parcelamentos Clandestinos e Danos Ambientais


2-PARECER HARAS SANTA GENEBRA

PMC-SMJ-PGM-PUMA-NDUA

MANIFESTAÇÃO

Campinas, 25 de agosto de 2022.

Ilma. Sra. Procuradora-Chefe,

O protocolado em análise tem origem no Ofício nº 190 CONGEAPA 2021-22 (5303767), no qual
essa entidade solicitou à SEPLURB vistoria urgente em área de proteção ambiental com aparente
início de obras de loteamento irregular.

Após comunicação interna às Secretarias competentes, o Coordenador da CEHAP, responsável pelo


Grupo de Controle e Contenção de Ocupações, Parcelamentos Clandestinos e Danos Ambientais,
criou equipe destinada a fiscalizar o local (5337274), o que foi realizado, dando origem ao Relatório
de visita técnica nº 1601/2022 (5420258), o qual constatou, no local, início de movimentação de
terra para construção de estrada interna e terraplanagem, bem como remoção de árvores sem o
devido licenciamento ambiental, em área de proteção ambiental. O anexo fotográfico 5501239
subsidia tais informações. Registrou, ainda, que o proprietário fora pessoalmente notificado para
paralisar imediatamente qualquer obra em andamento no local (5501232).

Em resposta à notificação, o interessado apresentou defesa administrativa (5502208) alegando que


não estava construindo loteamento em área de proteção ambiental, mas sim edificando um haras
voltado à criação e comercialização de equinos. Por tal razão, solicitava autorização para dar
continuidade ao cercamento que visava proteger os materiais a serem ali utilizados. Ato contínuo, o
Coordenador da CEHAP aduziu que, mesmo diante da alegação do notificado, as obras em
andamento possuíam características de parcelamento irregular do solo visando a implantação de
loteamento (5553029). Diante disso, encaminhou os autos à SMJ solicitando análise sobre as
medidas jurídicas cabíveis para prevenir possível parcelamento irregular do solo em área de APA.

É o histórico dos fatos. Segue análise das questões jurídicas.

1. Do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC – e da área de proteção ambiental –


APA.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), instituído pela Lei Federal nº


9.985/2000, divide as unidades de conservação (UCs) em dois grupos: proteção integral e uso
sustentável. Resumidamente, as UCs de proteção integral têm o “objetivo básico de preservar a
natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais” (art. 7º, § 1º), enquanto
as de uso sustentável visam “compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de
parcela dos seus recursos naturais” (art. 7º, § 1º). A denominada área de proteção ambiental – APA -
constitui uma das categorias pertencentes ao grupo “uso sustentável”, sendo definida pelo artigo 15
da Lei n° 9.985/2000 (SNUC):
3-PARECER HARAS SANTA GENEBRA

Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos
básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

O SNUC estabelece ainda que, “respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas
normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de
Proteção Ambiental” (art. 15, § 2º). E o art. 28 da mesma norma prescreve: “são proibidas, nas
unidades de conservação, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em
desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos”.

Finalmente, sobre Plano de Manejo, a lei define, em seu art. 2º, XVII, tratar-se do: documento
técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se
estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos
naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.

Depreendemos dos excertos legais acima que a APA preserva os recursos ambientais, tais como
fauna, flora, solo e recursos hídricos, cabendo às autoridades competentes o dever de controlar e
fiscalizar as atividades nela realizadas, verificando especialmente se está sendo cumprido o Plano
de manejo definido para a área verificada.

2. Da APA de Campinas.

Instituída pela Lei municipal nº 10.850/01, a APA do Município de Campinas é definida no §1º de
seu art. 1º:

Art. 1º. Com base nas Leis Federais nº 6.902/81, 6.938/81 e 9985/00, fica criada a Área de Proteção
Ambiental - APA de Campinas, como instrumento da política ambiental do Município.

§ 1º - A APA Municipal, a qual corresponde à macrozona 1 do Plano Diretor do Município de


Campinas, compreende os Distritos de Sousas e de Joaquim Egídio, e a região a nordeste do
município localizada entre o distrito de Sousas, o Rio Atibaia e o limite intermunicipal Campinas-
Jaguariúna/Campinas-Pedreira.

Observa-se, aqui, que o Novo Plano Diretor de Campinas insere as áreas de especial proteção
ambiental na denominada Macrozona de Relevância Ambiental, conforme o inciso V de seu art. 5º.

A lei 10.850/01 veicula ainda os seguintes objetivos:

Art. 2º. São objetivos do município ao criar a APA: I - Conservação do patrimônio natural, cultural
e arquitetônico da região, visando a melhoria da qualidade de vida da população e a proteção dos
ecossistemas regionais; II - Proteção dos mananciais hídricos utilizados ou com possibilidade de
utilização para abastecimento público, notadamente as bacias de contribuição dos Rios Atibaia e
Jaguari; III - Controle das pressões urbanizadoras e das atividades agrícolas e industriais,
compatibilizando as atividades econômicas e sociais com aconservação dos recursos naturais, com
base no desenvolvimento sustentável.
4-PARECER HARAS SANTA GENEBRA

A partir do inciso destacado, compreendemos que a proteção da APA deve voltar-se ao controle de
pressões urbanizadoras e atividades econômicas em geral, por tratar-se de espaço territorial
especialmente protegido. Assim sendo, nela se mitigam os direitos de propriedade e seus
consectários – uso, gozo, fruição e disponibilidade do bem, em nome de sua preservação adequada.
Nesse contexto, caso um imóvel esteja inserido em uma APA, o Plano de Manejo e seu respectivo
zoneamento deverão estabelecer as regras sobre seus usos possíveis, visando garantir sua especial
tutela.

3. Do parcelamento, uso e ocupação da APA de Campinas.

A Lei complementar nº 295/2020 estabelece as diretrizes para o parcelamento, ocupação e uso do


solo no território da Área de Proteção Ambiental de Campinas. Dispõe, em seu art. 3º que o
parcelamento, uso e ocupação de áreas rurais deverá promover o desenvolvimento sustentável dessa
região, mediante regramento de instalação e regularização das Atividades e Empreendimentos
Permitidos e Admissíveis, objetivando que o empreendedorismo rural coexista com a manutenção
das características rurais da propriedade.

No art. 5º, fica estabelecido que qualquer alteração da dominialidade, tais como o
desmembramento, fracionamento ou desdobro do imóvel rural localizado na APA de Campinas,
deverá ser precedida de manifestação prévia do órgão gestor da APA de Campinas, para
informações referentes ao zoneamento. O inciso III do dispositivo prescreve que somente será
objeto de tais alterações o imóvel rural regularizado perante os órgãos ambientais municipal,
estadual e federal, sem passivos legais e ambientais, com as áreas de Reserva Legal - RL e Áreas de
Preservação Permanente - APP demarcadas, isoladas e protegidas de degradações e integrando os
corredores de fauna que couberem.

4. Medidas jurídicas cabíveis.

Verificamos nos autos que a notificação ao interessado teve o efeito de paralisar as obras que
estavam em andamento no local, mas, mediante defesa administrativa, ele alegou que estava
construindo um haras, o que configura, em tese, uma atividade permitida em APA – equinocultura,
nos termos do Anexo I da LC 295/20.

Considerando, porém, a manifestação 5553029, na qual o coordenador da CEHAP apontou que as


informações prestadas na defesa do notificado não pareciam corresponder à realidade, passamos a
tratar das medidas jurídicas cabíveis em face de loteamento proibido em APA.

O provável parcelamento territorial que vem ocorrendo em área na qual não é autorizado uso com
fins urbanos é fato que subverte as normas de ocupação do solo em APA, além de acarretar
consequênncias profundas e irreversíveis nas áreas objeto das intervenções, tais como problemas
sociais ( demanda por transportes, saúde, iluminação, abastecimento de água e educação; exposição
a riscos de desastres etc.) e ambientais (supressão de vegetação, impermeabilização do solo, geração
e deposição irregular de resíduos sólidos urbanos, lançamento de dejetos sem tratamento no
ambiente, poluição visual etc.), na maioria das vezes de grande extensão e de baixo grau de
reversibilidade.

Diante de tal infração, a citada LC 295/20, em seus artigos 77 e 78, regulamenta as penalidades
aplicáveis em face do desrespeito a suas prescrições, informando que caberá à SEPLURB apurar as
infrações de cunho urbanístico (art. 77). O art. 78 define as infrações de cunho ambiental, quais
5-PARECER HARAS SANTA GENEBRA

sejam: I - advertência; II - multa de 80 (oitenta) a 80.000 (oitenta mil) vezes o valor da Unidade
Fiscal doMunicípio de Campinas - UFIC; III - interdição temporária ou definitiva; IV - embargo; e
V - demolição. A aplicação das penalidades poderá ser isolada ou cumulativa, com exceção da
advertência e da multa. No caso de descumprimento reiterado das ordens administrativas, ainda que
aplicadas as penalidades enumeradas, a esfera judicial torna-se a seara a ser acionada, buscando-se
tutelar o adequado zoneamento da área protegida, e garantir o cumprimento das normas ambientais
aplicáveis.

Inicialmente, porém, sugerimos seja realizada nova fiscalização na área, pois o primeiro Relatório
técnico (5420258) informou tratar-se de “vistoria em caráter emergencial, a olho-nu, sem pesquisas
de atos dolosos ou criminosos, e sujeita a perícia posterior”. Uma nova vistoria poderá: auxiliar na
busca por indícios que confirmem o loteamento irregular na APA; conferir embasamento mais
sólido às sanções adminnistrativas aplicáveis ao notificado; e fundamentar resposta administrativa
adequada à solicitação pela liberação das obras em andamento.

Ilma. Sra. Procuradora-Chefe,

O protocolado em análise tem origem no Ofício nº 190 CONGEAPA 2021-22 (5303767), no qual
essa entidade solicitou à SEPLURB vistoria urgente em área de proteção ambiental com aparente
início de obras de loteamento irregular.
Após comunicação interna às Secretarias competentes, o Coordenador da CEHAP, responsável pelo
Grupo de Controle e Contenção de Ocupações, Parcelamentos Clandestinos e Danos Ambientais,
criou equipe destinada a fiscalizar o local (5337274), o que foi realizado, dando origem ao Relatório
de visita técnica nº 1601/2022 (5420258), o qual constatou, no local, início de movimentação de
terra para construção de estrada interna e terraplanagem, bem como remoção de árvores sem o
devido licenciamento ambiental, em área de proteção ambiental. O anexo
fotográfico 5501239 subsidia tais informações. Registrou, ainda, que o proprietário fora
pessoalmente notificado para paralisar imediatamente qualquer obra em andamento no local
(5501232).
Em resposta à notificação, o interessado apresentou defesa administrativa (5502208) alegando que
não estava construindo loteamento em área de proteção ambiental, mas sim edificando
um haras voltado à criação e comercialização de equinos. Por tal razão, solicitava autorização para
dar continuidade ao cercamento que visava proteger os materiais a serem ali utilizados. Ato
contínuo, o Coordenador da CEHAP aduziu que, mesmo diante da alegação do notificado, as obras
em andamento possuíam características de parcelamento irregular do solo visando a implantação de
loteamento (5553029). Diante disso, encaminhou os autos à SMJ solicitando análise sobre
as medidas jurídicas cabíveis para prevenir possível parcelamento irregular do solo em área de APA.
É o histórico dos fatos. Segue análise das questões jurídicas.

1. Do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC – e da área de proteção ambiental –


APA.
6-PARECER HARAS SANTA GENEBRA

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), instituído pela Lei Federal nº


9.985/2000, divide as unidades de conservação (UCs) em dois grupos: proteção integral e uso
sustentável. Resumidamente, as UCs de proteção integral têm o “objetivo básico de preservar a
natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais” (art. 7º, § 1º), enquanto
as de uso sustentável visam “compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de
parcela dos seus recursos naturais” (art. 7º, § 1º). A denominada área de proteção ambiental – APA -
constitui uma das categorias pertencentes ao grupo “uso sustentável”, sendo definida pelo artigo 15
da Lei n° 9.985/2000 (SNUC):
Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos
básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
O SNUC estabelece ainda que, “respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas
normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de
Proteção Ambiental” (art. 15, § 2º). E o art. 28 da mesma norma prescreve: “são proibidas, nas
unidades de conservação, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em
desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos”.
Finalmente, sobre Plano de Manejo, a lei define, em seu art. 2º, XVII, tratar-se do: documento
técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se
estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos
naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.
Depreendemos dos excertos legais acima que a APA preserva os recursos ambientais, tais como
fauna, flora, solo e recursos hídricos, cabendo às autoridades competentes o dever de controlar e
fiscalizar as atividades nela realizadas, verificando especialmente se está sendo cumprido o Plano
de manejo definido para a área verificada.

2. Da APA de Campinas.
Instituída pela Lei municipal nº 10.850/01, a APA do Município de Campinas é definida no §1º de
seu art. 1º:
Art. 1º. Com base nas Leis Federais nº 6.902/81, 6.938/81 e 9985/00, fica criada a Área de Proteção
Ambiental - APA de Campinas, como instrumento da política ambiental do Município.
§ 1º - A APA Municipal, a qual corresponde à macrozona 1 do Plano Diretor do Município de
Campinas, compreende os Distritos de Sousas e de Joaquim Egídio, e a região a nordeste do
município localizada entre o distrito de Sousas, o Rio Atibaia e o limite intermunicipal Campinas-
Jaguariúna/Campinas-Pedreira.
Observa-se, aqui, que o Novo Plano Diretor de Campinas insere as áreas de especial proteção
ambiental na denominada Macrozona de Relevância Ambiental, conforme o inciso V de seu art. 5º.
7-PARECER HARAS SANTA GENEBRA

A lei 10.850/01 veicula ainda os seguintes objetivos:


Art. 2º. São objetivos do município ao criar a APA: I - Conservação do patrimônio natural, cultural
e arquitetônico da região, visando a melhoria da qualidade de vida da população e a proteção dos
ecossistemas regionais; II - Proteção dos mananciais hídricos utilizados ou com possibilidade de
utilização para abastecimento público, notadamente as bacias de contribuição dos Rios Atibaia e
Jaguari; III - Controle das pressões urbanizadoras e das atividades agrícolas e industriais,
compatibilizando as atividades econômicas e sociais com aconservação dos recursos naturais, com
base no desenvolvimento sustentável.
A partir do inciso destacado, compreendemos que a proteção da APA deve voltar-se ao controle de
pressões urbanizadoras e atividades econômicas em geral, por tratar-se de espaço territorial
especialmente protegido. Assim sendo, nela se mitigam os direitos de propriedade e seus
consectários – uso, gozo, fruição e disponibilidade do bem, em nome de sua preservação adequada.
Nesse contexto, caso um imóvel esteja inserido em uma APA, o Plano de Manejo e seu respectivo
zoneamento deverão estabelecer as regras sobre seus usos possíveis, visando garantir sua especial
tutela.
3. Do parcelamento, uso e ocupação da APA de Campinas.
A Lei complementar nº 295/2020 estabelece as diretrizes para o parcelamento, ocupação e uso do
solo no território da Área de Proteção Ambiental de Campinas. Dispõe, em seu art. 3º que o
parcelamento, uso e ocupação de áreas rurais deverá promover o desenvolvimento sustentável dessa
região, mediante regramento de instalação e regularização das Atividades e Empreendimentos
Permitidos e Admissíveis, objetivando que o empreendedorismo rural coexista com a manutenção
das características rurais da propriedade.
No art. 5º, fica estabelecido que qualquer alteração da dominialidade, tais como o
desmembramento, fracionamento ou desdobro do imóvel rural localizado na APA de Campinas,
deverá ser precedida de manifestação prévia do órgão gestor da APA de Campinas, para
informações referentes ao zoneamento. O inciso III do dispositivo prescreve que somente será
objeto de tais alterações o imóvel rural regularizado perante os órgãos ambientais municipal,
estadual e federal, sem passivos legais e ambientais, com as áreas de Reserva Legal - RL e Áreas de
Preservação Permanente - APP demarcadas, isoladas e protegidas de degradações e integrando os
corredores de fauna que couberem.
4. Medidas jurídicas cabíveis.
Verificamos nos autos que a notificação ao interessado teve o efeito de paralisar as obras que
estavam em andamento no local, mas, mediante defesa administrativa, ele alegou que estava
construindo um haras, o que configura, em tese, uma atividade permitida em APA – equinocultura,
nos termos do Anexo I da LC 295/20.
Considerando, porém, a manifestação 5553029, na qual o coordenador da CEHAP apontou que as
informações prestadas na defesa do notificado não pareciam corresponder à realidade, passamos a
tratar das medidas jurídicas cabíveis em face de loteamento proibido em APA.
8-PARECER HARAS SANTA GENEBRA

O provável parcelamento territorial que vem ocorrendo em área na qual não é autorizado uso com
fins urbanos é fato que subverte as normas de ocupação do solo em APA, além de acarretar
consequênncias profundas e irreversíveis nas áreas objeto das intervenções, tais como problemas
sociais ( demanda por transportes, saúde, iluminação, abastecimento de água e educação; exposição
a riscos de desastres etc.) e ambientais (supressão de vegetação, impermeabilização do solo, geração
e deposição irregular de resíduos sólidos urbanos, lançamento de dejetos sem tratamento no
ambiente, poluição visual etc.), na maioria das vezes de grande extensão e de baixo grau de
reversibilidade.
Diante de tal infração, a citada LC 295/20, em seus artigos 77 e 78, regulamenta as penalidades
aplicáveis em face do desrespeito a suas prescrições, informando que caberá à SEPLURB apurar as
infrações de cunho urbanístico (art. 77). O art. 78 define as infrações de cunho ambiental, quais
sejam: I - advertência; II - multa de 80 (oitenta) a 80.000 (oitenta mil) vezes o valor da Unidade
Fiscal doMunicípio de Campinas - UFIC; III - interdição temporária ou definitiva; IV - embargo; e
V - demolição. A aplicação das penalidades poderá ser isolada ou cumulativa, com exceção da
advertência e da multa. No caso de descumprimento reiterado das ordens administrativas, ainda que
aplicadas as penalidades enumeradas, a esfera judicial torna-se a seara a ser acionada, buscando-se
tutelar o adequado zoneamento da área protegida, e garantir o cumprimento das normas ambientais
aplicáveis.
Inicialmente, porém, sugerimos seja realizada nova fiscalização na área, pois o primeiro Relatório
técnico (5420258) informou tratar-se de “vistoria em caráter emergencial, a olho-nu, sem pesquisas
de atos dolosos ou criminosos, e sujeita a perícia posterior”. Uma nova vistoria poderá: auxiliar na
busca por indícios que confirmem o loteamento irregular na APA; conferir embasamento mais
sólido às sanções adminnistrativas aplicáveis ao notificado; e fundamentar resposta administrativa
adequada à solicitação pela liberação das obras em andamento.

Eis o Parecer, à apreciação superior.

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