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1.0 Apresentação:
Este documento tem por finalidade questionar o projeto de criação da zona de
amortecimento (ZA) do Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG) considerando que não há
subsídios técnicos que dêem sustentação a proposta nem jurídicos e que as possíveis
atividades geradoras de impacto ambiental na região, continuarão impactando o meio
ambiente marinho da Baía da Ilha Grande com a criação da ZA.
VITALLI et al. (2009)1 consideram como sendo uma zona tampão definindo como “aquelas
áreas que devem funcionar como filtros, impedindo que atividades antrópicas externas
coloquem em risco os ecossistemas naturais dentro das áreas protegidas”. A proposição
do termo definido por Vitalli baseia-se na conjugação de zona de entorno (Resolução
CONAMA n° 13/90) e áreas circundantes as unidades de conservação (SNUC).
A Lei n° 9.985/2000 (SNUC), no seu art. 2°, inciso XVIII, diz que a zona de
amortecimento de uma unidade de conservação é “o entorno onde as atividades humanas
estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos
negativos sobre a unidade”. Para alguns autores, no entanto, a finalidade de uma zona
tampão/amortecimento é conter o efeito de borda causado pela fragmentação dos
ecossistemas (VITALLI et al, 2009).
No ano de 2010 o CONAMA ditou através de Resolução n° 428/2010 que a zona de
amortecimento de uma unidade de conservação sem plano de manejo seria de 3 mil
metros para o licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto
ambiental assim considerados pelo órgão licenciador, com fundamento no EIA/RIMA, e no
caso de licenciamento ambiental de empreendimentos não sujeitos a EIA/RIMA, a zona de
amortecimento a ser considerada para as unidades de conservação que ainda não tem
plano de manejo é de 2 mil metros.
VITALLI et al. (2009) na análise comparativa que fazem entre a Resolução
CONAMA n° 13/90 e a Lei n° 9.985/00, enfatizam a diferença entre a Resolução e o SNUC,
dizendo: “Porém, há diferenças entre os dois instrumentos em análise. A Resolução
CONAMA nº 13/90 impõe que o gestor da UC seja ouvido nos processos usuais de
licenciamento ambiental, podendo propor ações de mitigação e compensação. Por sua
vez, a zona de amortecimento prevista no SNUC possibilita que novas limitações
administrativas, além das usuais, sejam estabelecidas pelo plano de manejo. Neste
aspecto, é de fundamental importância que cada plano de manejo estabeleça, claramente,
quais atividades na zona de amortecimento deverão ser obrigatoriamente licenciadas pelos
órgãos competentes (art. 2º. da Resolução CONAMA nº. 13/90). Essa importância decorre
do fato de que o licenciamento é um processo com sanções expressas a quem descumpra
o que nele estiver disposto”.
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VITALLI, P. de L; ZAKIA, M. J. B.; DURIGAN, G. (2009) Considerações sobre a Legislação
Correlata à Zona-Tampão de Unidades de Conservação no Brasil. Ambiente & Sociedade. Campinas
v. XII, n° 1, p. 67 – 82, jan-jun. 2009.
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3.0 Conclusão:
Sugiro que o Município de Angra dos Reis conteste o projeto de zoneamento do
espelho d’água da Baía da Ilha Grande ora proposto considerando que não há informação
suficiente para o estabelecimento deste e que sob o ponto de vista jurídico, o INEA não
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tem competência para regulamentar o uso do espelho d’água da Baía da Ilha Grande, pois
o Estado do Rio de Janeiro ainda não possui o seu Plano de Gerenciamento Costeiro.
Ainda assim, o projeto de estabelecimento do zoneamento não cumpre com requisitos
legais nem técnicos que embasem substancialmente essa proposta, sendo prematuro o
Município de Angra dos Reis aceitare este projeto do INEA.