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No Brasil, a preocupação ética com esse tema tem inspirado ações de distintas entidades.
Entre 28 de maio e 1° de junho de 2012, realizou-se o II Encontro Brasileiro de Integridade em
Pesquisa, Ética na Ciência e em Publicações (Brispe), nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e
Porto Alegre, com o apoio de organizações como CNPq, OAB, Ibict, Fapesp e SBPC. Entre as
questões consideradas na Declaração Conjunta sobre Integridade em Pesquisa do Encontro
(2012, p. 556), está seguinte recomendação:
Que as instituições do país [...] conscientizem os alunos que o plágio é uma violação
acadêmica, seja no ensino fundamental, ensino médio ou universitário. As instituições de
ensino e pesquisa do país devem fornecer materiais educativos que mostrem que o plágio em
monografias, dissertações e teses também é, além de violação acadêmica, uma prática ilegal
no Brasil.
Além disso, o CNPq, a Capes e a OAB têm se manifestado a respeito do plágio e outras
fraudes, como a compra e venda de trabalhos acadêmicos — que, embora também constitua
uma infração ética, não equivale ao plágio, pois não há cópia, e sim a violação de um dever de
autoria do estudante que paga para que alguém faça seu trabalho. A OAB (2010) divulgou o
documento Proposta de Adoção de Medidas para Prevenção do Plágio nas Instituições de
Ensino e do Comércio Ilegal de Monografias, de autoria do advogado e professor universitário
Ricardo Bacelar Paiva. O CNPq (2011) publicou, em seu site, diretrizes para garantir a
integridade acadêmica e a qualidade do trabalho científico. E a postura da Capes (2011, p. 1),
por sua vez, foi reforçar as orientações dadas no documento da OAB, entre elasa
conscientização de estudantes sobre propriedade intelectual, a fim de coibir o plágio.O texto
da OAB sugere, ainda, medidas como a adoção de softwares de detecção de plágio e a criação
de comissões específicas para avaliar possíveis casos de cópia indevida.
Quando se trata de textos públicos, como artigos de periódico, livros e dissertações ou teses,
em que se pressupõe um autor familiarizado com as regras da comunicação científica,
remediar o plágio pode envolver medidas de grande proporção — retratações, processos por
possível infração de direitos autorais, exonerações, humilhação pública.Casos ocorridos no
Brasil e no exterior registram desde opagamento de multas por violação de direitos autorais
até a perda de títulos devido a publicações contendo plágio.[5] A consequência inescapável do
plágio, porém, é a total perda de crédito e confiabilidade do plagiador perante seus pares.
Já no ambiente de sala de aula, como entre alunos da educação básica e de graduação, lidar
com casos de cópia por estudantes deve envolver cuidados pedagógicos, especialmente
quando se trata de plágio por ignorância ou domínio incipiente das normas de registro das
fontes consultadas. Nesse campo, as infrações éticas podem ter as mais distintas motivações
— desde o desinteresse pela aula e pela atividade proposta até o desconhecimento das regras
básicas de escrita. Nesse contexto, portanto, lidar com o plágio, assim como com outras
infrações textuais, requer medidas mais educativas que, simplesmente, punitivas.A aposta é
que a formação ética de escritores leve à existência de autores cientes das normas de
reconhecimento e registro das fontes.[6]
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 20. ed. São Paulo: Loyola, 2006.
102p.
DINIZ, Debora. A ética e o ethos da comunicação científica. In: DINIZ, Debora et al. Ética em
pesquisa:experiência de treinamento de países sul-africanos. 2. ed. rev. ampl. Brasília:
LetrasLivres/UnB, 2008. p. 171-180.
______. Carta de uma orientadora: o primeiro projeto de pesquisa. Brasília: LetrasLivres, 2012.
108p.
DINIZ, Debora; MUNHOZ, Ana Terra Mejia. Cópia e pastiche: plágio na comunicação
científica.Argumentum, Vitória (ES), v. 1, n. 3, p. 11-28, jan./jun. 2011. Disponível em:
<http://periodicos.ufes.br/argumentum/article/view/1430/1161>. Acesso em: 26 jan. 2013.
MUNHOZ, Ana Terra Mejia; DINIZ, Debora. Nem tudo é plágio, nem todo plágio é igual:
infrações éticas na comunicação científica.Argumentum, Vitória (ES), v. 1, n. 3, p. 50-55,
jan./jun. 2011. Disponível em:
<http://periodicos.ufes.br/argumentum/article/view/1434/1162>. Acesso em: 24 jan. 2013.
PAIVA, Juliana Medeiros. Resenha do livro: "Carta de uma Orientadora: o primeiro projeto de
pesquisa". 18 out. 2012. Disponível em: <http://foiplagio.blogspot.com.br/2012/10/resenha-
do-livro-carta-de-uma.html>. Acesso em: 26 jan. 2013.
VASCONCELOS, Sonia. Plágio em ciência. Oficina de divulgação para cientistas. Rio de Janeiro:
Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 9 dez. 2011. Disponível
em: <http://www.icb.ufrj.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=624&si
[4]No meio acadêmico, são registradas várias outras infrações relacionadas à autoria, como
autoria fantasma, autoria compadrio, autoria feijoada e autoplágio. Essas práticas, apesar de
também serem violações éticas, não se enquadram no conceito de plágio (DINIZ e MUNHOZ,
2011).
[6]Como exemplos, citamos dois livros que podem auxiliar professores na conscientização de
estudantes sobre o processo de escrita e o respeito às normas bibliográficas: um é sobre
pesquisa na escola, de Marcos Bagno (2006), voltado para a educação básica; outro é uma
carta às orientandas, de Debora Diniz (2012), voltado para a graduação.Para uma resenha de
Diniz (2012), ver Paiva (2012).