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MEMORIAIS ESCRITOS
“... No dia 11 de dezembro de 2013, por volta das 15h00min, na EQNN 22/24, Bloco D, lote
01, loja 01 – “Bar lá em casa”, Ceilândia Sul/DF, o denunciado EDMILSON CASIANO DA
SILV, agindo de forma livre e consciente, efetuou disparos, com arma de fogo, qual seja, 01
(uma) pistola PT 840, Marca Taurus, PT 840 E, calibre .40, com numero de série SDS86691,
a qual foi encontrada carregada com 12 (doze) munições, em via pública e em lugar
habitado.
No dia, hora e local acima descritos, o denunciado estava bebendo no referido bar, ocasião
em que foi até a porta do estabelecimento e efetuou um disparo para o alto e, logo após,
retornou para dentro do estabelecimento. Consta que policiais militares compareceram ao
local e, em seguida saíram. Algum tempo depois, o denunciado retornou para o interior do
bar, continuou bebendo e efetuou um outro disparo que atingiu o “bolão”e a mesa de
sinuca.
Uma guarnição da policia civil foi informada, via CIADE, sobre o ocorrido. Ao chegarem no
local abordaram o denunciado que estava dentro do seu veículo Renault/Clio, placa JUV –
0938/DF, totalmente embriagado.
Com base nesses fatos, foi imputado, ao acusado, o tipo penal supra
mencionado.
“... que vive maritalmente com o réu; que não sabe o motivo de ter sido arrolada como
testemunha porque não presenciou os fatos; que estava trabalhando quando recebeu um
telefonema do acusado bêbado; que foi ao bar onde o r;eu estava; que o réu é policial
aposentado e portava arma no dia dos fatos; que chamou o acusado no bar e foi par o
carro à espera dele; que não ouviu disparo porque entrou no carro; que retornou ao bar
duas ou três vezes para chamar o réu mas ele não foi para o carro...”.
“... que é proprietário do Bar; que estava presente na hora dos fatos; que o réu chegou e
ingeriu bebida alcoólica, depois saiu e efetuou disparo na frente do bar; que depois de
pouco tempo o réu voltou pra dentro do bar; que nesse momento o depoente escutou
outro disparo efetuado pelo réu que acertou a bola branca de sinuca; (...); que antes do
segundo disparo havia algumas pessoas jogando sinuca e o som estava ligado, mas não
escutou barulho de briga ou de confusão; (...); que não viu o segundo disparo porque
estava de costas, mas uviu o barulho; que também só ouviu o primeiro disparo porque
estava dentro do estabelecimento(...) ...”. (grifos nossos)
“... Que se recorda dos fatos narrados na denúncia; que estava na delegacia e recebeu a
noticia via rádio que um policial efetuou disparos de arma de fogo; que foi ao local
juntamente co Edson e Fred, policiais da delegacia; que chegando lá haviam populares em
frente ao bar e apontaram para o veículo Renault Clio; que o réu estava no veículo e a
esposa dele encostada no veículo e disse que houve uma confusão e o réu efetuou
disparos; que conversou com o dono do bar e ele confirmou que o réu efetuou disparos
com a arma; que o dono do bar disse que haviam dois desconhecidos no bar jogando
sinuca e Edmilson; que houve o disparo efetuado pelo réu; que os dois desconhecidos
saíram correndo; que a esposa do réu chegou logo em seguida e conduziu o réu até o
veículo onde o réu adormeceu; que a esposa do réu entregou a arma para o depoente;
(...)”
“... Que não conhece as provas dos autos; que não tem nada a declarar contra as
testemunhas arroladas na denúncia; que são parcialmente verdadeiros os fatos narrados
na denúncia; que efetuou somente um disparo no interior do bar; que desferiu o disparo
na mesa de sinuca; que o projétil acertou a mesa e o bolão de sinuca; que não se recorda
de ter efetuado outro disparo; que atirou pois havia bebido e estava com raiva da
mulher; que acha que também atirou por não ter gostado de alguma coisa que o dono
do bar falou; que estava portando uma pistola .40 registrada; que tinha porte de arma
(...); que saiu de casa com a arma carregada, mas não se recorda quantos cartuchos
tinha, mas acredita que eram treze; (...) que acha que efetuou o disparo na mesa para
danificá-la e no dia seguinte ressarciu o dono do bar; que se recorda de ter ressarcido o
dono do bar em R$ 160,00 (...) “ (grifos nossos).
Ocorre que não lhe assiste razão, devendo ser desclassificada a conduta
imputada ao acusado, pelas razões de fato e de direito que passa a expor.
O Código Penal estabelece como crime a conduta descrita no artigo 163, nos
seguintes termos:
Pois bem, o tipo penal prevê o crime quando houver prejuízo material ou
moral causado a alguém por conta da deterioração ou destruição de seus bens. Como
foi no caso concreto ora analisado.
Art. 167. Nos casos do art. 163, do no. IV do seu Parágrafo único e do art. 164, somente se
procede mediante queixa.
De acordo com tal dispositivo legal, somente a vitima EMERSON, caso
tivesse interesse poderia propor Queixa-Crime com o objetivo de instaurar a respectiva
persecução penal contra o acusado, sendo o Ministério Público parte ilegítima para tal.
De acordo com Aury Lopes Jr., em sua obra Direito Processual Penal e sua
Conformidade Constitucional. 8 ed. V. 1. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 177, a
presunção da inocência trata-se de “princípio reitor do processo penal e, em última
análise, podemos verificar a qualidade de um sistema processual através do seu nível
de observância (eficácia)”.
Por outro lado, o referido princípio requer que o julgador mantenha uma
posição negativa em relação ao acusado, e, ainda, uma postura positiva, na medida em
que não o considere culpado, mas, principalmente, trate-o efetivamente como
inocente. Assim, em caso de dúvida, a decisão seja dada em prol do acusado, pois um
juízo condenatório deve ser baseado em um lastro mínimo de certeza.
O princípio in dubio pro reo busca garantir que, sem provas suficientes dos
elementos, tanto subjetivos quanto objetivos, do fato típico e ilícito, não seja possível a
aplicação de pena. A insuficiência da prova equivale à subsistência de uma dúvida
positiva e invencível sobre a existência ou inexistência de determinado fato ou de sua
autoria.
Esse é o caso dos autos do presente processo, o que enseja a absolvição do
acusado, com fundamento no artigo 386, inciso VI do CPP.
DOS PEDIDOS