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QUÍMICA
AMBIENTAL
QUÍMICA AMBIENTAL
ISBN 978-85-68075-44-9
9 788568 075449
Química
ambiental
Química
ambiental
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico,
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e
transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora
e Distribuidora Educacional S.A.
ISBN 978-85-68075-44-9
CDD 550
Sumário
Este livro foi construído de forma que você consiga compreender alguns
aspectos químicos relacionados com o meio ambiente e também entender
como esta disciplina se relaciona com as demais.
Na primeira unidade deste livro — Introdução e conceitos básicos —
apresentamos o estudo da química ambiental e como esta disciplina está
relacionada com os diversos aspectos do nosso meio ambiente. Nesta unidade
também apresentamos conceitos básicos da química como ciência que fará
você relembrar conceitos básicos que servirão de entendimento para as de-
mais unidades deste livro. Apresentamos também a importância da ciência
da química, uma vez que sem ela não existiriam as diversas tecnologias,
assim como o desenvolvimento da sociedade e como se iniciou o estudo
da química ambiental, que, baseado no mau uso da disciplina, esta área da
ciência surgiu para auxiliar no controle e minimização de poluentes tóxicos.
Na segunda unidade — Química da atmosfera — inicia-se nosso estudo
da química ambiental, no qual é apresentada a formação da atmosfera,
constituintes químicos, como estes estão presentes na atmosfera e qual a
importância deles nesse sistema. Apresentamos também como ocorre a
formação do ozônio e qual a importância deste elemento para todos nós,
assim como os principais poluentes atmosféricos e como são enviados para
atmosfera de forma antrópica. E por último, compreenderemos os problemas
ambientais gerados a partir dos poluentes atmosféricos, o que são, como se
formam, quais elementos químicos são responsáveis; e as reações envolvidas
na formação da chuva ácida, efeito estufa, aquecimento global, depleção da
camada de ozônio e smog fotoquímico.
Unidade 1
Introdução e
conceitos básicos
Kenia Zanetti Molinari
Introdução ao estudo
Atualmente, no Brasil e no mundo, tem sido crescente a preocupação com
os problemas provocados pelas atividades humanas sobre o ambiente, tanto por
parte dos cidadãos quanto pelas empresas e, em especial, pelos profissionais
da química.
Desta forma, o estudo da Química pode ser muito importante para a formação
do profissional da área de gestão ambiental, no sentido de torná-lo mais consciente
acerca dos valores relacionados à integração entre o ser humano e ambiente.
Antes de iniciarmos a discussão sobre a química ambiental iremos discor-
rer sobre a Química como ciência. Desta forma, esta unidade compõe-se de
uma parte introdutória destinada à recordação de conceitos básicos, seguida
de duas seções.
Uma apresentará alguns conceitos básicos da química, mostrando algumas
aplicações que servirão de base para o entendimento desta disciplina e a outra
seção discutirá sobre o estudo da química como ciência e da química ambien-
tal destacando a importância desta disciplina para o curso de Tecnologia em
Gestão Ambiental.
Antes de iniciarmos nossas discussões sobre o estudo da química ambiental
faremos uma breve retrospectiva de conceitos básicos da química.
estudar as mudanças que ocorrem na matéria, ou seja, tudo que possui massa
e ocupa lugar no espaço (SARDELLA, 1999). Desta forma, podemos entender
que seria o estudo das mudanças ou transformações que ocorrem nos alimentos,
na água, nos solos, no ar, inclusive em materiais vegetais e minerais, seja ele
vivo ou morto. Sendo assim, podemos afirmar que a química é a ciência que
estuda três níveis: o nível macroscópico, microscópico e o simbólico. O nível
macroscópico são as transformações que são vistas, ou seja, que enxergamos
como o amadurecimento de uma fruta, a queima de um combustível e assim
por diante. O nível microscópico são as mudanças acontecem mas não somos
capazes de enxergar, pois ocorrem em um submundo em que átomos são
unidos e separados para formar as diversas substâncias. Um exemplo do nível
microscópico são as reações que ocorrem no nosso organismo para geração
de energia e calor. O nível simbólico é a utilização de símbolos e equações
matemáticas para descrever os fenômenos químicos (FELTRE, 1996).
prótons
núcleo
nêutrons
Átomo
eletrosfera elétrons
1.3.3.1 Isótopos
Átomos podem possuir o mesmo número atômico e massa diferente.
Quando isso ocorre, são chamados de isótopos. Assim podemos dizer que os
isótopos são átomos de mesmo número atômico (mesmo número de prótons)
e número de massa diferente. Por exemplo, o átomo de hidrogênio:
1
1 H = hidrogênio leve ou prótio
2
1 H = hidrogênio pesado ou deutério
3
1 H = hidrogênio mais pesado ou tritério
De acordo com Kotz e Treichel (2010, p. 58):
Uma amostra de um lago ou riacho consistirá quase que
inteiramente de H 2O, no qual os átomos de hidrogênio
consistem no isótopo H1. Algumas moléculas, entretanto,
terão deutério H2 substituindo o H1. Podemos prever o
resultado, pois sabemos que os átomos de H 1 corres-
pondem a 99,895% dos átomos de hidrogênio na Terra.
Isto é, a abundância percentual do átomo de H 1, que é a
porcentagem dos átomos daquele tipo em uma amostra,
é 99,895%. O restante do hidrogênio natural é o deutério
(H 2), cuja abundância é somente 0,015% dos átomos de
hidrogênio. O trítio (H 3), isótopo radioativo, não ocorre
naturalmente.
10 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
Sendo assim, podemos considerar que átomos que possuem o mesmo nú-
mero são considerados como isótopos, porém estes podem ser naturais ou não.
Dos isótopos naturais temos também como exemplos: o átomo de carbono,
boro, neônio, magnésio e urânio.
Assim, deve-se ter em mente que:
O mesmo número atômico caracteriza o elemento;
O número atômico e o número de massa caracterizam o átomo.
1.3.3.2 Isóbaros
Átomos que apresentam o mesmo número de massa.
40
19 K = 19 prótons, 19 elétrons, 21 nêutron
40
20 Ca = 20 prótons, 20 elétrons, 20 nêutrons
1.3.3.3 Isótonos
Átomos de elementos diferentes que apresentam o mesmo número de
nêutrons.
19
9 F = 9 prótons, 9 elétrons e 10 nêutrons
20
10 Ne = 10 prótons, 10 elétrons e 10 nêutrons
isso indica que todos esses elementos possuem duas camadas eletrônicas, os
elementos que estão na linha três possuem três camadas eletrônicas e assim por
diante. Nos períodos o número atômico do elemento aumenta ao passarmos de
um quadro para o seguinte, o que significa que a eletrosfera recebe um novo
elétron, chamado de elétron de diferenciação. Observe as Figuras 1.4 e 1.5.
b) Não metais: constituem cerca de 20% dos elementos, são os mais abun-
dantes na natureza e, ao contrário dos metais, são maus condutores de
calor e eletricidade, não são flexíveis e não têm brilho. Sólidos: B, C,
Si, P, As, Se, Te, I, Ar. Líquido: Br. Gasoso: N, O, F, Cl.
Ainda para Kotz e Treichel (2010, p. 66):
Alguns dos elementos adjacentes à linha diagonal do
boro (B) ao telúrio (Te) apresentam as propriedades que
os tornam difíceis de classificar como um metal ou não
metal. Os químicos os chamam de metaloides, ou, às
vezes, de semimetais. Definiremos o metaloide como um
elemento que tenha algumas características físicas de um
metal, mas também algumas características químicas de
um não metal, e nós incluiremos somente B, Si, Ge, As,
Sb e Te nessa categoria. A antimônio (Sb), por exemplo,
conduz eletricidade tão bem quanto muitos elementos
que são metais verdadeiros. Sua química, entretanto,
assemelha-se àquela do não metal, como o fósforo.
Os íons possuem
configurações eletrô-
nicas mais estáveis,
como a configuração
dos gases nobres e se
unem pela força de
atração decorrente de
cargas contrárias.
Fonte: Do autor.
Figura 1.9 Ligação covalente entre as moléculas de O2, N2, H2O e HCl
1.6.1 Ácidos
A acidez é uma característica das substâncias. O químico sueco Svante
August Arrhenius, em 1877, estava estudando a condutibilidade elétrica das
substâncias na presença de água e apresentou um conceito sobre acidez.
Introdução e conceitos básicos 21
Segundo Arrhenius, ácido é toda substância que em água produz íons H+,
ou seja, cátions dos íons hidrogênio (SARDELLA, 1999).
Exemplos:
água
HCl H+ + Cl–
água
HNO3 H+ + NO3–
água
H2SO4 H+ + SO4–
Esta relação recebe o nome de grau de ionização () e está relacionada com
a força do ácido. Quanto maior o valor de , mais forte é o ácido (SARDELLA,
1999).
22 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
1.6.2 Bases
Arrhenius também estudou o comportamento das bases, mostrando que base
é qualquer composto que em meio aquoso se dissocia ionicamente liberando
íons OH– (ânion hidróxido ou hidroxila).
Desta forma, o íon OH– será o radical funcional das bases (SARDELLA,
1999). Veja os exemplos:
NaOH Na+ + OH–
Ca(OH)2 Ca+2 + 2 OH–
Al(OH)3 Al+3 + 3 OH–
As bases são formadas por um metal que constitui o radical positivo, ligado
à hidroxila OH–. O hidróxido de amônio (NH4OH) é a única base em que a
hidroxila está ligada a um não metal.
Em geral, as bases possuem um sabor adstringente, caústico e têm a função
principal de neutralização de ácidos.
Introdução e conceitos básicos 23
1.6.3 Escala de pH
Para sabermos se o meio é ácido ou básico, utilizamos uma escala numérica,
chamada de escala de pH. Esta escala leva em consideração a quantidade de
íons H+ presentes em solução. Desta forma, se a solução possui muitos íons
H+, menor é seu pH e mais ácido é o meio. Quanto menor a quantidade de
H+, maior o pH e maior o caráter básico do meio.
Essa escala vai de 0 a 14, sendo que:
0-6 = meio ácido
7 = meio neutro
8-14= meio básico ou alcalino
24 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
Fonte: Do autor.
1.6.5 Sais
Muitos sais fazem parte do nosso dia a dia. Podemos considerar como
exemplos o cloreto de sódio (NAOH – sal de cozinha), o bicarbonato de sódio
Introdução e conceitos básicos 25
1.6.5.2 Hidrogenossal
Este tipo de sal forma-se quando só alguns dos hidrogênios ionizáveis são
neutralizados pela base, ocorrendo uma reação de neutralização parcial do ácido.
Exemplo:
H2SO4 + NaOH NaHSO4 + H2O
Outros exemplos: NaHCo3, NaHPO4, KHSO4, NaHS.
1.6.5.3 Hidroxissal
Este tipo de sal forma-se pela reação de neutralização parcial da base, em
que nem todos os íons OH– são neutralizados pelo ácido.
Exemplo:
HCl + Ca(OH)2 Ca(OH)Cl + H2O
26 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
1.6.6 Óxidos
Os óxidos são compostos formados por dois elementos diferentes, sendo
que um deles é o oxigênio e este deve ser o elemento mais eletronegativo.
Exemplos: CO2, Na2O, H2O, SO3.
Os óxidos podem estar ligados a elementos metálicos ou não. Quando o
oxigênio está ligado a um metal, chamamos este de óxido iônico, quando ele
está ligado a um não metal, temos um óxido molecular.
Os óxidos são classificados de acordo com algumas características que
veremos a seguir:
1.6.6.4 Peróxidos
São compostos que apresentam grupo O-O. Se o peróxido estiver ligado ao
H teremos um peróxido molecular. Exemplo H2O2.
Se estiver ligado a um metal alcalino-terroso, teremos um peróxido iônico.
Exemplo Na2O2 e BaO2.
Peróxido + Água = Base + Peróxido de Hidrogênio
K2O2 + H2O 2KOH + H2O2
Peróxido + Ácido = Sal + Peróxido de Hidrogênio
K2O2 + HCl 2KCl + H2O2
28 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
1.6.6.5 Superóxidos
São associações de uma molécula de O2 (oxigênio atômico) com uma de
–2
O2 (peróxido). Assim, o oxigênio tem NOX igual a –1/2.
Equações iônicas
No exemplo anterior (2H2 (g) + O2 (g) 2H2O (l)), observamos uma reação
que ocorreu com moléculas, ou seja, átomos ligados por ligação covalente.
Agora veremos um exemplo de equação iônica em que as substâncias envol-
vidas na equação são compostos iônicos:
30 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
4. Substâncias participantes
luz (γ)
2H2O2 2H2O + O2
composta composta simples
c) Dupla troca: este tipo de reação ocorre quando duas substâncias com-
postas produzem duas outras substâncias compostas. Vejamos o exemplo
a seguir:
HCl + NaOH NaCl + H2O reação de salificação (ácido + base)
32 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
NaCl + AgNO3 AgCl + NaNO3
Fe + 2HCl FeCl2 + H2
simples composta composta simples
Compostos Insolúveis
Reatividade crescente
F O Cl Br I S
Reatividade crescente
soma deverá sempre ser igual a zero. Vejamos alguns exemplos segundo Sar-
della (1999):
Vamos calcular o número de oxidação do enxofre, presente no ácido sul-
fúrico, H2SO4.
NOX H= +1
NOX S = ?
NOX O = –2
H2 S O4
(+1) x 2 + ? + (–2) x 4 = 0
+2 + ? –8 = 0
+2 +6 –8 = 0
NOX = +6
Atividades de aprendizagem
1. Determine o número de prótons, elétrons e nêutrons dos seguintes
átomos:
56 31
a) Fe 26 b) P 15 (–3) c) 56
Fe 26 (+2)
2. Ao colocarmos um pedaço de magnésio em uma solução com ácido
clorídrico, verifica-se o aumento da temperatura com desprendimento
de gás. Este gás que se desprende consiste em:
a) hidrogênio.
b) vapor d’água.
c) vapor de magnésio.
d) mistura de vapores de água e magnésio.
e) vapores de cloro.
Introdução e conceitos básicos 39
Atividades de aprendizagem
1. A partir do termo “Química ambiental”, cite cinco palavras que você
relaciona ao tema.
2. Descreva qual foi a contribuição da química para o desenvolvimento
da sociedade.
Introdução e conceitos básicos 43
Fique ligado!
Nesta unidade você aprendeu:
Todas as coisas são formadas por partículas extremamente pequenas
denominada átomos;
As propriedades importantes dos átomos como a origem do nome
de alguns deles, que eles possuem um núcleo com cargas positivas e
neutras denominadas prótons e nêutrons, sendo que ao redor desse
núcleo há partículas com cargas negativas denominadas elétrons.
Os átomos que possuem propriedades químicas semelhantes, foram
agrupados em uma tabela para seu melhor estudo;
Através das ligações químicas os elementos se unem para formar
milhares de substâncias que conhecemos hoje em dia;
As principais funções dos elementos são: ácido, base, sais e óxidos,
e as transformações químicas que ocorrem através dos diversos tipos
de ligações químicas;
A importância para o estudo da ciência da química e sua contribui-
ção para o desenvolvimento humano;
A origem e importância do estudo da Química ambiental para a
formação do profissional em Tecnologia em Gestão Ambiental.
Referências
ATKINS, Peter W; JONES, Loretta. Princípios de Química: questionando a vida e o meio
ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
CARDOSO, Eliezer M. Energia nuclear. Apostila educativa do CNEN. Rio de Janeiro.
Disponível em: <http://www.cnen.gov.br/ensino/apostilas/energia.pdf>. Acesso em: 8 mar.
2012.
FELTRE, Ricardo. Fundamentos da Química. Volume único. São Paulo: Moderna, 1996.
GODOI, Thiago A. F; OLIVEIRA, Moises; CODOGNOTO, Lúcia. Tabela periódica –– um
super trunfo para alunos do ensino fundamental e médio. Química Nova na Escola, v. 32,
n.1, fev. 2010. Disponível em:
<http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc32_1/05-EA-0509.pdf>.
Acesso em: 25 out. 2011.
GONÇALVES, Odair D.; ALMEIDA, Ivan P. S. A energia nuclear: comissão nacional de
energia nuclear. Ciência Hoje, v. 37, n. 220, out. 2005.
JARDIM, Wilson F. Introdução à Química Ambiental. Cadernos Temáticos de Química Nova
na Escola. Edição especial. maio, 2001.
KOTZ, John; TREICHEL, Paul. Química e reações químicas. v.1. Rio de Janeiro: Thomson
Pioneira, 2010.
MANAHAN, Stanley E. Fundamentals of Environmental Chemistry. Boca Raton: CRC Press
LCC, 2001.
SARDELLA, Antonio. Curso Completo de Química. Volume único. São Paulo: Ática, 1999.
SILVA, Luciana A.; ANDRADE, Jailson B. Química a serviço da Humanidade. Cadernos
Temáticos de Química Nova na Escola, n. 5. nov. 2003.
Unidade 2
Química da
atmosfera
Cristina Célia Krawulski
Kenia Zanetti Molinari
Introdução ao estudo
O crescimento econômico mundial depende, historicamente, de processos
químicos, que além dos benefícios podem provocar, também, danos ao am-
biente e poluição.
O crescimento da população mundial; a intensificação de práticas de plan-
tio, com grande consumo de fertilizantes; o processo de queima de combustí-
veis fósseis com a consequente liberação de gases como dióxido de carbono,
óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre, trouxe como resultado desequilíbrio
no balanço entre os processos físicos, químicos e biológicos do planeta Terra.
Nesta unidade você vai estudar a composição da atmosfera, sua estrutrua
em camadas e a importância destas mesmas para o equilíbrio ambiental, e
como as atividades antrópicas podem alterar os componentes atmosféricos.
Serão abordadas, também, as fontes de emissão dos principais elementos quí-
micos presentes na atmosfera, naturais e antrópicas. E você vai conhecer alguns
problemas ambientais decorrentes das ações humanas, que podem provocar
desequilíbrio e comprometer a qualidade do ar que respiramos todos os dias
— eu, você, sua família.
Elemento
Volume (%) Distribuição Vertical Observação
Nome Símbolo
Nitrogênio N2 78,08* homogênea
Oxigênio O2 20,95* homogênea respiração
diminui com a altitude efeito estufa;
na troposfera; muito também presente
Água H2O 0,4**
pouco abundante na nos estados líquido
estratosfera e sólido (nuvens)
Argônio Ar 0,93* homogênea
Dióxido de 0,0365
CO2 homogênea efeito estufa
carbono (365 ppm)***
0,0018
Neônio Ne homogênea
(18 ppm)
0,0005
Hélio He homogênea
(5 ppm)
0,00016 na
Metano CH4 efeito estufa
(1,6 ppm)**** troposfera
máximo na estratos-
0,000001 a
fera (10 ppm a 30 km); efeito estufa,
Ozônio O3 0,001
também presente na filtro UV, oxidante
(0,01-10 ppm)
troposfera
Além dos elementos que constam na Tabela 2.1 outros gases compõem a
atmosfera em concentrações muito baixas, como criptônio (0,00011%), hidro-
gênio (0,00005%) e óxido nitroso (0,00003%). Podem ocorrer, também, em de-
terminados locais, constituintes adicionais devido às atividade antrópicas (como
indústrias poluentes) e processos naturais (atividade vulcânica, por exemplo).
emitidas pelo Sol. Essa barreira de energia tem efeitos químicos profundos,
especialmente nos limites mais externos da atmosfera. Devido ao campo gravi-
tacional da Terra, os átomos e moléculas mais leves tendem a subir para o topo,
o que faz com que a composição da atmosfera não seja constante no tempo
nem no espaço. Porém, se fossem removidas as partículas suspensas, o vapor
d’água e certos gases presentes em pequenas quantidades, o resultado seria uma
composição estável da atmosfera, até os 80 km de altitude, aproximadamente.
Atividades de aprendizagem
1. Leia as afirmações a seguir e avalie-as em verdadeiras (V) ou falsa (F):
( ) A atmosfera terrestre representa o ar que os seres vivos respiram,
e é composta exclusivamente por oxigênio (O2).
( ) A composição da atmosfera varia rapidamente, podendo ter
abundância de oxigênio nas primeiras horas da manhã e escassez
no final da tarde, o que ocasiona dificuldades respiratórias na
maioria das pessoas, durante a noite.
( ) O nitrogênio (N2) representa o maior volume da atmosfera.
( ) A atmosfera é composta por gases, material particulado e vapor
d’água.
2. Qual é a camada da atmosfera mais importante do ponto de vista
climático? Explique sua resposta.
56 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
Atividades de aprendizagem
1. Assinale a alternativa correta:
a) A maior parte do ozônio é formada, em uma das camadas da
atmosfera, a partir de átomos de oxigênio, em uma reação foto-
química desencadeada por radiação UV.
62 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
H H H H
Cl O Cl Cl Cl
Cl O Cl O Cl
H H Cl H H
3.2.4 Metano
O gás metano (CH4) também é um dos constituintes naturais da atmosfera. O
que o difere de outros gases que contém carbono é que possui em sua estrutura
apenas carbono e hidrogênio. O metano também é considerado um gás cau-
sador do efeito estufa. Portanto, altas concentrações na atmosfera contribuem
para intensificar esse problema (MARTINS et al., 2003).
Química da atmosfera 67
Equação 10:
Respiração: C6H12O6+ 6O2 6CO2 + 6H2O + Energia
Atividades de aprendizagem
1. Assinale a alternativa correta:
a) Existe apenas um ciclo biogeoquímico, que é o ciclo da energia.
b) Todos os ciclos naturais são gasosos.
c) O ciclo do carbono é considerado um ciclo perfeito, pois o car-
bono é devolvido ao meio na mesma taxa em que é sintetizado
pelos produtores.
d) Os ciclos do carbono, nitrogênio e enxofre ocorrem apenas no
solo.
e) O ciclo do nitrogênio é responsável pela formação dos combus-
tíveis fósseis.
2. Nesta seção você conheceu os principais poluentes atmosféricos.
Explique como os gases monóxido e dióxido de carbono (CO e CO2,
respectivamente), que fazem parte da composição natural da atmos-
fera, estão se tornando poluentes do ar.
78 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
como problemas regionais, embora seus efeitos possam até ser percebidos bem
longe do local de ocorrência.
Obviamente, a chuva ácida não é o principal problema ambiental do
mundo, mas ela ocorre em regiões onde há muita poluição atmosférica. Há
relatos de ocorrência de chuva ácida no norte dos Estados Unidos e sudeste
do Canadá, com pH de 5,3 a 4,2. O sul da Escandinávia também foi atingido
por chuva ácida, pois recebe um pesado fardo da poluição atmosférica pro-
veniente de áreas fortemente industrializadas na Europa. Na Grã-Bretanha, as
primeiras manifestações desse fenômeno continham níveis elevados de SO42–
(MANAHAN, 2001). No Brasil, a Mata Atlântica foi afetada por chuva ácida,
devida à poluição de centros urbanos e industriais localizados próximos ao
litoral. Em 1977, a rede hidrográfica da cidade de Imbituba, em Santa Cata-
rina, foi afetada pela poluição, com a água dos rios com pH entre 2 e 3. Em
1982, a região sul de Santa Catarina também sofreu fortes efeitos decorrentes
da poluição, sendo declarada como área crítica. As atividades responsáveis
por essa poluição foram a usina termoelétrica Jorge Lacerda, uma fábrica de
ácido sulfúrico e indústrias que produzem coque, depósitos de pirita e os pré-
-lavadores que eliminam a pirita na saída da mina (BRENA, 2009).
Em dezembro de 1982, a cidade de Los Angeles sofreu dois dias de neblina
ácida, que consistiu em concentração de partículas de névoa ácida ao nível
do solo, que reduziu a visibilidade e provocou irritações respiratórias. O pH
medido na água das partículas foi de 1,7, muito mais baixo do que os valores
registrados até então em precipitações ácidas (MANAHAN, 2001).
Os principais danos provocados pela chuva ácida são:
Efeitos tóxicos nas plantas: as folhas ficam mais sensíveis ao ataque de
fungos e bactérias. As plantas expostas a níveis elevados de dióxido de
enxofre sofrem necrose das folhas. As bordas das folhas e as áreas entre
as nervuras são particularmente danificadas, além de provocar a clorose
(branqueamento ou amarelecimento das folhas verdes). Dióxido de en-
xofre na atmosfera é convertido em ácido sulfúrico, de modo que em
áreas com altos níveis do poluente dióxido de enxofre as plantas podem
ser danificadas por aerossóis de ácido sulfúrico, na forma de pequenas
manchas nas folhas, no local onde as gotículas de ácido incidiram;
Efeito tóxico no solo, afetando suas propriedade físico-químicas e dimi-
nuindo o pH, o que, consequentemente, prejudica as plantas;
Destruição das florestas sensíveis;
Química da atmosfera 81
cloro novamente para atmosfera, que rompe outra molécula de ozônio e assim
por diante, formando um ciclo.
Atividades de aprendizagem
1. Você estudou, nesta seção, que a destruição da camada de ozônio é
um dos problemas provocados pela poluição atmosférica. Explique,
então, o que está provocando essa destruição, como ela ocorre e
possíveis ações para contê-la e estabilizar a concentração de ozônio.
2. Leia as alternativas a seguir e assinale as corretas:
a) No fenômeno conhecido como chuva ácida, há aumento do pH
da água da chuva.
b) O efeito estufa é um fenômeno natural, responsável por manter
a temperatura da Terra em uma faixa propícia à vida, e tem sido
gerado há bilhões de anos, a partir da presença de vapor d’água
e gases na atmosfera.
c) O smog fotoquímico é formado quando ocorrem na atmosfera
três ingredientes básicos — água, luz e calor.
d) O efeito estufa é um fenômeno totalmente artificial, provocado
pelas ações antrópicas, e está se agravando à medida que as tem-
peraturas da Terra estão ficando mais baixas.
e) Nos últimos anos, o efeito estufa está se intensificando, devido
ao excesso de poluentes gerados pelas atividades antrópicas,
principalmente os clorofluorcarbonetos (CFCs) e os hidrocloro-
fluorcarbonetos (HCFCs): com maior concentração de gases na
atmosfera, mais calor passou a ficar retido, provocando aquilo
que está sendo chamado de aquecimento global.
Fique ligado!
Nesta unidade você aprendeu:
A composição e estrutura da atmosfera;
Que na atmosfera existem, naturalmente, vários componentes
químicos;
88 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
Referências
ASSUNÇÃO, João V. Controle ambiental do ar. In: PHILIPPI JR., A; ROMÉRO, Marcelo A;
BRUNA, Gilda C. Curso de gestão ambiental. Barueri-SP: Manole, 2004.
BERBERAN e SANTOS, Mário Nuno de Matos Sequeira. Composição química e estrutura da
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BRENA, Nilson Antonio. A chuva ácida e os seus efeitos sobre as florestas. 2.ed. São Paulo:
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CARVALHO, C.M.L.; CAMPOS, E.S.T.; MARTINS, D.S; RAPOSO, A.M.F; VIVEIROS, A.P.R.;
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INSTITUTO de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas. Universidade de São Paulo.
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MANAHAN, Stanley E. Fundamentals of environmental chemistry. Boca Raton: CRC Press
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MARTINS, Cláudia Rocha; PEREIRA, Pedro Afonso de Paula; LOPES, Wilson Araujo;
ANDRADE, Jailson Bittencourt de. Ciclos globais de carbono, nitrogênio e enxofre: a
importância na química da atmosfera. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, n. 5,
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pdf>. Acesso em: 24 abr. 2014.
MOZETO, Antonio A. Química atmosférica: a química sobre nossas cabeças. Cadernos
Temáticos de Química Nova na Escola, ed. esp., maio 2001, p. 41-49. Disponível em:
<http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/atmosfera.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2014.
TOLENTINO, Mario; ROCHA-FILHO, Romeu C. A química no efeito estufa. Química Nova
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pdf>. Acesso em: 30 out. 2011.
Unidade 3
A química da água
Edson Torres
Objetivos de aprendizagem:
Apresentar a importância e as propriedades da água;
Entender a dinâmica e as interações do ciclo hidrológico;
Conhecer e compreender as principais características químicas
da água;
Apresentar os principais poluentes da água e suas fontes;
Conhecer as principais características e a dinâmica dos poluentes
hídricos;
Identificar os processos básicos de tratamento da água e esgoto.
Introdução ao estudo
Para que possamos compreender de forma sistêmica os aspectos que envolvem
a Química ambiental, se faz necessário compreendermos a importância da água,
suas características e propriedades, e entender o processo do ciclo hidrológico.
Também é preciso conhecer a química da água, suas interações envolvendo
sólidos, gases e água, assim como a poluição e o tratamento das águas.
Nesta unidade, veremos mais detalhadamente os processos natural e an-
trópico relacionados à química ambiental da água, com a preocupação para
que vocês tenham um preparo suficiente e que possam utilizá-los com os seus
alunos na atuação profissional.
Para enriquecer o seu conhecimento apresentaremos algumas bibliografias
que atuarão como auxílio e atualização dos conhecimentos; bem como ativida-
des de estudo que contribuirão na fixação e aplicação dos conteúdos abordados.
Desejamos a você um ótimo aprendizado, e que ao final consiga aplicar
os conceitos no meio profissional o qual a cada dia se torna mais competitivo
e necessário a busca do conhecimento.
Bons estudos!
Atividades de aprendizagem
A água é responsável pela vida na Terra, por meio da fotossíntese, que pro-
duz biomassa pela reação entre CO2 e H2O. Também é importante lembrar
que praticamente 80% do corpo humano é composto por água. Porém, é
um bem que está sendo ameaçado por um possível aquecimento global,
que poderia influenciar a circulação oceânica e, consequentemente, o
fluxo de energia (na forma de calor) na Terra. Com base nesse texto, quais
seriam os processos de destino e transporte químico influenciados no ciclo
hidrológico se por ventura o aquecimento global se confirmar? Assinale
a alternativa correta.
a) Volatilização, dissolução, precipitação, absorção e liberação ocorridas
em sedimentos.
b) Lixiviação, precipitação, sedimentação, adsorção e bioacumulação.
c) Dissolução, absorção, adsorção, lixiviação e dissolução.
d) Volatilização, bioacumulação, hidratação e dissolução.
e) Hidratação, precipitação, sedimentação, absorção e liberação ocorri-
das em sedimentos.
102 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
Atividades de aprendizagem
O ciclo hidrológico é o movimento da água presente nos oceanos, na
superfície do solo e na atmosfera. Esse movimento é favorecido pela força
da gravidade e pela energia solar. Com base no texto analise as assertivas
abaixo:
I. A gotícula de água no solo pode seguir por dois caminhos, sendo
que o primeiro é a infiltração e o segundo é a percolação.
II. Quando o vapor de água transforma-se diretamente em cristais de
gelo e estes, por aglutinação, atingem tamanho e peso suficientes a
precipitação ocorre na forma de neve ou granizo.
III. O ciclo da água, ou também ciclo hidrológico, está relacionado
ao movimento da água do seu maior reservatório, os oceanos, por
evaporação para a atmosfera e, posteriormente, pela precipitação de
volta para a superfície da Terra.
A química da água 105
Atividades de aprendizagem
O oxigênio dissolvido é um fator indispensável para a sobrevivência de
muitos tipos de organismos aquáticos. Ele é consumido pela degradação
da matéria orgânica na água e muitas ocorrências de mortandade de peixes
se devem não à toxicidade direta dos poluentes, mas à falta de oxigênio
devido ao seu consumo na biodegradação desses poluentes. Diante do
exposto e considerando os principais tipos de reações químicas:
I. A solubilidade do oxigênio na água depende da temperatura, da
pressão parcial do oxigênio na atmosfera e da quantidade de sal na
água.
II. As condições anaeróbias vão ocorrer naturalmente nas águas paradas
encontradas em pântanos e no fundo dos lagos, onde acontece a
respiração gerando metano.
III. É muito comum encontrar condições aeróbias e anaeróbias ao mesmo
tempo em diferentes partes do mesmo lago, principalmente no verão.
IV. As espécies químicas que atuam como ácidos na água doam o íon
OH–, enquanto que as que atuam como bases recebem o OH–.
Os íons cianeto adicionais irão se ligar como o ferro para formar Fe(CN)2,
Fe(CN)3–, Fe(CN)42–, Fe(CN)53– e Fe(CN)64–. As moléculas de água ainda ligadas
ao ferro (lI) foram omitidas para simplificar o entendimento. Portanto, a com-
plexação é definida pelos processos demonstrados. A espécie que se liga ao
íon metálico, CN-, no exemplo dado, é chamada de ligante, e o produto de
sua ligação ao íon metálico é um complexo, íon complexo, ou composto de
coordenação (MANAHAN, 2013).
Já os casos especiais de complexação em que um ligante se liga a um íon
metálico em dois ou mais sítios damos o nome de quelação. Além de estarem
presentes como complexos metálicos, os metais podem ocorrer na água na
forma de compostos organometálicos contendo ligações entre o carbono e o
metal, como no caso do metilmercúrio (BAIRD; CANN, 2011). As solubilidades,
as propriedades de transporte e os efeitos biológicos dessas espécies são muitas
vezes diferentes daqueles dos íons metálicos (MANAHAN, 2013).
Atividades de aprendizagem
A água pode apresentar misturas em que as partículas dispersas têm um
diâmetro compreendido entre 1 nanômetro e 1 micrômetro, onde essas
partículas podem ser átomos, íons ou moléculas. Geralmente podem ser
considerados poluentes dos corpos aquáticos. Com base no texto, como são
classificados esses tipos de substâncias? Assinale a alternativa CORRETA.
a) Complexos.
b) Coloides.
c) Quelatos.
d) Compostos alcalinos.
e) Quirais.
Alguns autores como Derisio (2012), classificam a poluição das águas por
quatro tipos de fontes:
Poluição natural: poluição não associada à atividade humana, ou seja,
causada por chuvas e escoamento superficial, salinização, decomposição
de vegetais e animais mortos;
Poluição industrial: constitui-se de resíduos gerados nos processos indus-
triais. Quase sempre é o fator mais significativo em termos de poluição
tendo como principais indústrias poluidoras a de papel e celulose, refi-
narias de petróleo, usinas de açúcar e etanol; siderúrgicas e metalúrgicas,
químicas e farmacêuticas, abatedouros e frigoríficos, têxteis e curtumes;
Poluição urbana: proveniente dos habitantes de uma cidade, que geram
esgotos domésticos lançados direta ou indiretamente nos corpos d’água;
Poluição agropastoril: poluição decorrente de atividades ligadas à agri-
cultura e à pecuária por meio de defensivos agrícolas, fertilizantes, ex-
crementos de animais e erosão.
Além desses quatro tipos de fontes de poluição, ainda existe a poluição
acidental, decorrente de derramamentos de materiais prejudiciais à qualidade
das águas. A poluição, em caso de acidentes, pode ocorrer tanto na fase de
produção como nas operações de transportes. Neste caso, as ações de con-
trole são de emergência, mas é imprescindível uma preparação baseada na
experiência existente, aliada a medidas de caráter preventivo (DERISIO, 2012).
Atividades de aprendizagem
O Índice de Qualidade das Águas (IQA) foi desenvolvido na década de 70
pela National Sanitation Foundation (Estados Unidos). Foi a partir de 1975
que a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) começou
a utilizar o mesmo índice com o objetivo de avaliar a qualidade da água
bruta visando seu uso para o abastecimento público, após o tratamento.
Portanto, quais são os principais indicadores físicos da qualidade da água?
Assinale a alternativa CORRETA.
122 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
3.3 Os metais
Os metais pesados são elementos químicos que na maioria dos casos são
extremamente tóxicos para os seres humanos. Eles estão situados na Tabela
Periódica, perto da parte inferior, logo, apresentam densidades altas em com-
paração com outros elementos (BAIRD; CANN, 2011).
Embora o vapor de mercúrio seja muito tóxico, os metais pesados, mercúrio
(Hg), chumbo (Pb) e cádmio (Cd), nas suas formas de elementos livres con-
densados, não são tóxicos. Porém, quando estão na forma catiônica e também
quando ligados à cadeias curtas de átomos de carbono são muito perigosos. Do
ponto de vista bioquímico, o mecanismo de sua ação tóxica deriva da forte afi-
nidade dos cátions pelo enxofre. Assim, os grupos sulfidrila, (-SH), que ocorrem
comumente nas enzimas que controlam a velocidade de reações metabólicas
de importância crítica no corpo humano, ligam-se rapidamente aos cátions de
metais pesados ingeridos ou a moléculas contendo tais metais. Pelo fato de a
ligação resultante metal-enxofre afetar a enzima como um todo, ela não pode
atuar com normalidade, e, em consequência, gera problemas de saúde que
muitas vezes se tornam fatais (BAIRD; CANN, 2011).
3.3.1 Cádmio
O cádmio é um elemento químico poluente da água, que tem origem
nos resíduos de mineração e despejos industriais, sobretudo do processo de
metalização. Quimicamente, o cádmio é muito semelhante ao zinco, e esses
dois metais muitas vezes passam pelos mesmos processos juntos. Ambos são
encontrados na água no estado de oxidação (2+) (MANAHAN, 2013).
Nos seres humanos, os efeitos do envenenamento agudo por cádmio causa
hipertensão arterial, dano renal, dano ao tecido testicular e destruição dos
glóbulos vermelhos. A ação fisiológica do cádmio se deve principalmente
A química da água 123
3.3.2 Chumbo
O chumbo inorgânico é proveniente de diversas fontes industriais e de mi-
neração, da gasolina, e ocorre na água com estado de oxidação (2+). Além das
fontes poluidoras, o calcário contendo chumbo e a galena (PbS) contribuem
para os teores de chumbo em águas naturais, em alguns locais. Amostras de
cabelo humano e outras fontes indicam que a presença desse metal tóxico no
corpo humano caiu nas últimas décadas, sobretudo como resultado da dimi-
nuição no uso de chumbo em tubulações e outros produtos em contato com
alimentos e bebidas (MANAHAN, 2013).
Nos humanos o envenenamento agudo por chumbo causa nefropatias
graves, afetando também o fígado, o sistema reprodutor, o cérebro e o sistema
nervoso central, resultando em doenças e morte. Sabe-se que o envenenamento
por chumbo pela exposição ambiental foi o agente de retardo mental em muitas
crianças. O envenenamento moderado por chumbo também causa anemia. A
vítima pode ter dores de cabeça e musculares, além de sentir cansaço e irri-
tabilidade. Exceto em casos isolados, o chumbo não causa problemas graves
quando presente na água para consumo humano, embora essa probabilidade
seja real onde tubulações de chumbo continuem em uso (MANAHAN, 2013).
3.3.3 Mercúrio
Devido a sua toxicidade, a mobilização de formas metiladas por bactérias
anaeróbias e outros fatores relativos à poluição, o potencial poluente do mer-
cúrio gera muitas preocupações. É um metal encontrado como componente-
-traço de diversos minerais, e seu teor em rochas continentais está, em média,
perto de 80 partes por bilhão ou um pouco menos. Combustíveis fósseis, como
carvão e lignita, contêm mercúrio, muitas vezes em níveis perto de 100 partes
por bilhão ou até mais, e sua combustão representa uma das maiores fontes
do elemento no ambiente (MANAHAN, 2013).
124 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
Atividades de aprendizagem
Existem diversas pesquisas realizadas na Amazônia abordando a contami-
nação da população ribeirinha por mercúrio, e os resultados quase sempre
estão acima do teor considerado normal. Com base na poluição das águas
por metais pesados, quais dos elementos químicos abaixo são considerados
metais pesados? Assinale a alternativa CORRETA.
a) Bromo, chumbo e ferro. d) Zinco, chumbo e cádmio.
b) Cádmio, flúor e magnésio. e) Cloreto, sódio e potássio.
c) Mercúrio, chumbo e
nitrogênio.
A química da água 125
3.4.1 Bioacumulação
Muitos compostos organoclorados encontram-se nos tecidos de peixes em
concentrações que são de ordens de grandeza maiores que as encontradas nas
águas em que vivem. As substâncias hidrofóbicas, como o DDT, são particular-
mente propensas em exibir esse fenômeno (BAIRD; CANN, 2011).
Muitos organoclorados são mais solúveis em meios similares a hidrocarbo-
netos, como o tecido gorduroso de peixes, do que em água. Assim, quando a
água passa por meio das brânquias do peixe, os compostos difundem de forma
seletiva desde a água até a carne gordurosa, tornando-se aí mais concentrados.
Esse processo é chamado de bioacumulação (BAIRD; CANN, 2011).
3.4.2 Biomagnificação
Os peixes também acumulam produtos químicos orgânicos procedentes
de sua alimentação e da ingestão de material particulado da água e de sedi-
mentos sobre os quais os produtos químicos encontram-se adsorvidos (BAIRD;
CANN, 2011).
Em muitos desses casos, tais produtos não são metabolizados pelo peixe,
porém, as substâncias simplesmente acumulam-se nos tecidos adiposos, nos
quais sua concentração aumenta com o tempo. Por exemplo, a concentração
de DDT nas trutas do Lago Ontário aumenta quase linearmente com a idade
do peixe, conforme verificado na figura 3.3 (BAIRD; CANN, 2011).
Águia-calva
Humanos
6 μg/g
Cormorões Gaivota
Salmão/Truta de lagos
1 μg/g
Peixe para alimentação
Peixe- Peixe
escorpião Carpa esperlano
Arenque Tartaruga
0,4 μg/g mordedora
0,01
μg/g
Invertebrados Plâncton
Ave aquática
Nutrientes
minerais
Animais
e plantas Vegetação
Bactérias e fungos mortos
Durante sua vida, um peixe come muitas vezes seu peso em comida dos ní-
veis inferiores da cadeia alimentar, mas retém em vez de eliminar a maioria dos
produtos organoclorados procedentes desses alimentos. Um produto químico
cuja concentração aumenta ao longo de uma cadeia alimentar chama-se de
biomagnificado. Essencialmente, a biomagnificação resulta de uma sequência
de etapas de bioacumulação que ocorrem ao longo da cadeia (BAIRD; CANN,
2011).
A química da água 127
Fique ligado!
Nesta unidade você aprendeu que:
Do total de água no planeta, 97% é representada pelos oceanos e
mares, sendo inviável para consumo e/ou para utilizar na agricultura.
Para os seres humanos a água doce tem importância vital na ma-
nutenção da vida, e as águas dos oceanos têm um papel vital na
manutenção da vida no planeta Terra como um todo.
A química da água 129
Referências
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BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. 2.ed. São Paulo: Pearson Prentice hall,
2005.
CAMPOS, M. L. A. M.; JARDIM, W. F. Aspectos relevantes da biogeoquímica da hidrosfera.
Caderno Temático de Química na Escola. n.5, p. 18-27, 2003.
DERISIO, J. C. Introdução ao Controle de Poluição Ambiental. 4.ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2012.
KARMANN, I. Ciclo da água, água subterrânea e sua ação geológica. In: TEIXEIRA, W.;
TOLEDO, M. C. M. de; FAIRCHILD, T. R.; TAIOLI, F. (Orgs.). Decifrando a Terra. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 2000. 568p.
KARMANN, I. Água: ciclo e ação geológica. In: TEIXEIRA, W.; FAIRCHILD, T. R.; TOLEDO,
M. C. M. de; TAIOLI, F. (Orgs.). Decifrando a Terra. 2.ed. São Paulo: Companhia Editora
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LENZI, E.; FAVERO, O. B. Introdução à Química da Atmosfera: Ciência, Vida e
Sobrevivência. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
MACÊDO, J. A. B. de. Introdução à Química Ambiental: Química e Meio Ambiente e
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MANAHAN, S. E. Química Ambiental. 9.ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
MILLER JR., G. Tyler. Ciência Ambiental. Tradução da 11.ed. norte americana. São Paulo:
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ODUM, E. P.; BARRETT, G. W. Fundamentos de Ecologia. São Paulo: Cengage Learning,
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PHILIPPI JR, A. Ed. Saneamento, Saúde e Ambiente: Fundamentos para um Mundo
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PRESS, F. et al. Para Entender a Terra. 4.ed. Porto Alegre: Bookman, 2006, 656p.
ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à Química Ambiental. 2.ed. Porto
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THOMAS, J. M.; CALLAN, S. J. Economia Ambiental: Fundamentos, Políticas e Práticas. São
Paulo: Cengage Learning, 2010.
Unidade 4
Os ciclos
biogeoquímicos e a
química do solo
Edson Torres
Objetivos de aprendizagem:
Entender a dinâmica dos ciclos biogeoquímicos e a importância
do equilíbrio entre o meio ambiente e as atividades antrópicas;
Compreender as principais características e interações com o
meio ambiente com a química do solo;
Identificar os principais contaminantes do solo e suas fontes;
Verificar os processos de remediação do solo.
Introdução ao estudo
Para que possamos compreender de forma sistêmica os aspectos que envol-
vem a Química ambiental, se faz necessário estudarmos os conceitos básicos da
química do solo e os ciclos biogeoquímicos, assim como os fenômenos físico-
-químicos relacionados e interligados a estes processos naturais e antrópicos.
Nesta unidade, veremos mais detalhadamente os processos natural e antró-
pico relacionados a Química ambiental dos solos, com a preocupação para que
vocês tenham preparo suficiente e que possam utilizá-lo com os seus alunos
na atuação profissional.
Para enriquecer o seu conhecimento apresentaremos algumas bibliografias
que atuarão como auxílio e atualização dos conhecimentos, bem como atividades
de estudo que contribuirão na fixação e aplicação dos conteúdos abordados.
Desejamos a você um ótimo aprendizado, e que ao final consiga aplicar
os conceitos no meio profissional onde a cada dia se torna mais necessária a
busca do conhecimento.
Bons estudos!
Atividades de aprendizagem
Algumas espécies de bactérias fixadoras de nitrogênio gasoso vivem no
interior de nódulos formados nas raízes das plantas leguminosas (soja e
feijão), formando uma interação de mútuo benefício, chamada simbiose.
Ao fixarem o nitrogênio do ar, essas bactérias fornecem parte dele às plan-
tas. Com base no texto, qual alternativa contém os quatro mecanismos
reacionais básicos do ciclo do nitrogênio?
Os ciclos biogeoquímicos e a química do solo 143
4+ 1+ 2- 1+ 2-
CO
2- 2(g)
+ H2O(líq) Energia solar + nutrientes
CH2O(s) + O2(g) R-13
biomassa 0
O carbono que foi fixado na biomassa poderá ser novamente liberado para
a atmosfera na forma de CO2, ou sendo fixado na forma de matéria orgânica do
solo, ou ainda como material mineral da crosta terrestre. Todos esses processos
podem ser de origem biogênica, não biogênica ou antrópica. O ciclo do carbono
é um ciclo perfeito, pois o carbono é devolvido ao meio na mesma taxa em que
é sintetizado pelos produtores (BRAGA et al., 2005; LENZI; FAVERO, 2011).
1+ 2- 4+ 1+ 2-
Organismo
CH2O(s) + O2(g) aeróbico
CO
2- 2(g)
+ H2O(líq) + Energia R-14
biomassa 0
1+ 2- 4+
Organismo
2CH2O(s) anaeróbico
CO2(g) + CH4(g) + Energia R-15
0 4-
Reduç ã o do carbono
152 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
2,5- 1+ 4+
Reduç ã o do oxigênio
Oxidaç ã o do carbono
2,5- 1+ 2+
Reduç ã o do oxigênio
Atividades de aprendizagem
A compreensão dos ciclos biogeoquímicos e sua aplicação estão baseadas
em uma visão sistêmica, a fim de contribuir para a busca da sustentabilidade.
Neste contexto, associe a primeira coluna com a segunda.
(A) Ciclo do nitrogênio ( ) Muito encontrado em depósitos de
guano
( ) Importante na respiração, fotossíntese e
(B) Ciclo do enxofre
regulação do clima
(C) Ciclo do fósforo ( ) Transformação do nitrogênio orgânico
em amônio
(D) Ciclo do carbono ( ) Possui um ciclo basicamente sedimentar
(E) Amonificação ( ) Fixação do carbono
Assinale a alternativa que representa a sequência correta da segunda
coluna.
a) A, C, D, E, B.
b) A, D, B, E, C.
c) C, D, E, B, A.
d) C, D, E, A, B.
e) D, C, E, B, A.
154 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
2.3 Intemperismo
O intemperismo é o conjunto de modificações de ordem física e química que
as rochas sofrem ao surgir na superfície da Terra. Os produtos do intemperismo,
rocha alterada e solo, estão sujeitos a outros processos, como erosão, transporte
e sedimentação, os quais acabam levando à denudação continental, com o
consequente aplainamento do relevo (TOLEDO; OLIVEIRA; MELFI, 2009).
A pedogênese (formação do solo) ocorre quando as modificações causadas
nas rochas pelo intemperismo tornam-se, sobretudo, estruturais, com importante
reorganização e transferência dos minerais formadores do solo entre os níveis
Os ciclos biogeoquímicos e a química do solo 157
Atividades de aprendizagem
O material de origem é o material intemperizado, de natureza mineral que
deu origem aos solos por processos intempérico, podendo já ter sofrido
transporte e deposição, o que é muito comum nas condições de clima tro-
pical. Com base nos mecanismos de formação do solo avalie as assertivas:
I. O intemperismo é o conjunto de modificações de ordem física e
química que as rochas sofrem ao surgir na superfície da Terra.
II. Somente a pedogênese proporciona a formação de um perfil de solo.
III. O intemperismo físico é todo o processo de fragmentação das rochas,
transformando a rocha inalterada em material descontínuo e friável.
IV. O intemperismo químico acontece quando as rochas afloram à su-
perfície da Terra e, por meio de reações químicas, transformam-se
em outros minerais.
V. A oxidação é a reação que acontece com transferência de elétrons,
modificando o número de elétrons dos minerais envolvidos.
160 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
Estão corretas:
a) As assertivas II e III apenas;
b) As assertivas I, III, IV e V apenas;
c) As assertivas I, II e III apenas;
d) As assertivas I e V apenas;
e) A assertiva I apenas.
Atividades de aprendizagem
Um dos componentes mais importantes para o desenvolvimento da agri-
cultura, relacionado ao aumento da produtividade agrícola, sem esquecer
os outros fatores, foi a pesquisa em fertilidade do solo e as inovações
científicas e tecnológicas que permitiram o uso eficiente de corretivos
e de fertilizantes na agricultura brasileira. Um constituinte do solo em
especial é responsável pela sua fertilidade, e está presente na matéria
orgânica. Qual é esse constituinte e como pode ser definido? Assinale a
alternativa CORRETA.
a) Húmus.
b) Fósforo.
c) Adubo sintético.
d) Nitrogênio.
e) Potássio.
Os ciclos biogeoquímicos e a química do solo 163
para o uso das plantas, sendo considerado então, um solo seco. A água contida
no solo bem drenado ou seco é denominada higroscópica (LEPSCH, 2002).
Atividades de aprendizagem
A argila origina-se da desagregação de rochas feldspáticas, por intempe-
rismo químico ou físico, que produz a fragmentação em partículas muito
pequenas. Ela pode ser encontrada próxima de rios, muitas vezes for-
mando os barrancos nas margens. A argila é a principal responsável pelas
Os ciclos biogeoquímicos e a química do solo 167
3.2.1 Pesticidas
Para atender à demanda alimentícia há muito tempo tem sido necessária a
utilização de pesticidas/herbicidas na agricultura. Os pesticidas são responsáveis
168 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
3.3.1 Biorremediação
A biorremediação é a utilização de organismos vivos, especialmente micror-
ganismos, para degradar ou transformar poluentes ambientais em substâncias
com toxicidade reduzida. Essa técnica é empregada para substâncias orgânicas,
como combustíveis e solventes orgânicos e para a remediação de depósitos
de lixo e solos contaminados com compostos orgânicos semivoláteis, como os
HPAs (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos), podendo também ser aplicada
em substâncias inorgânicas. A biorremediação explora a capacidade dos mi-
crorganismos (bactérias e fungos) na degradação de muitos tipos de resíduos,
Os ciclos biogeoquímicos e a química do solo 171
para substâncias mais simples e menos tóxicas. (BAIRD; CANN, 2011; ROCHA;
ROSA; CARDOSO, 2009).
Segundo Baird e Cann (2011), para que uma técnica de biorremediação
funcione, esta deverá atender a algumas condições: os resíduos devem ser
susceptíveis à degradação biológica e estar presentes sob uma forma física
acessível para os microrganismos; os microrganismos apropriados devem
estar disponíveis; as condições ambientais como pH, temperatura e nível de
oxigênio devem ser adequadas. Para a biorremediação de substâncias orgâni-
cas, geralmente os poluentes são degradados a CO2 ou CH4 e H2O, ocorrendo
sob condições aeróbicas e anaeróbicas dependendo das condições do meio
(BAIRD; CANN, 2011).
Os principais fatores que influenciam na biorremediação, são as condições
ambientais, como o tipo de solo, a profundidade do nível da água, a concentra-
ção de nutrientes, o potencial redox, o pH e a temperatura. Antes de iniciar um
projeto de biorremediação, a natureza e a extensão das substâncias químicas
no solo devem ser avaliadas (ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009).
3.3.2 Fitorremediação
A fitorremediação é o uso de vegetação para a descontaminação in situ
de solos e sedimentos, eliminando metais pesados e poluentes orgânicos. As
plantas podem remediar poluentes por meio de três mecanismos: ingestão direta
dos contaminantes e acumulação no tecido da planta (fitoextração); liberação
no solo de oxigênio e substâncias bioquímicas, como enzimas que estimulam
a biodegradação dos poluentes; intensificação da degradação por fungos e
micróbios localizados na interface raiz-solo (BAIRD; CANN, 2011).
Uma das grandes vantagens da fitorremediação é que determinadas plantas
são hiperacumuladoras de metais, ou seja, têm altos índices de contaminan-
tes por absorver e concentrar metais por meio de suas raízes. Essas plantas
desenvolvem-se nos locais contaminados sendo posteriormente cortadas e in-
cineradas (BAIRD; CANN, 2011). As espécies químicas que mais são absorvidas
na fitorremediação são os metais (Pb, Ni, Hg, Zn, Cu, Se, U, Cs), compostos
inorgânicos (NO3–, NH4+, PO43–), hidrocarbonetos derivados de petróleo (BTXs),
pesticidas derivados dos organoclorados e dos nitroaromáticos, explosivos (TNT,
DNT), solventes clorados (TCE) e resíduos orgânicos industriais (PCPs e HPAs),
entre outras (ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009).
172 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
Atividades de aprendizagem
As atividades das indústrias florestais da Nova Zelândia causaram a conta-
minação de centenas de locais em que a madeira serrada é tratada com o
pentaclorofenol (PCP) como agente defensivo. Os contaminantes do PCP,
como os furanos e as dioxinas, são encontrados nos solos e lixiviados,
assim introduzidos nas águas subterrâneas de algumas dessas regiões,
começando a bioacumular-se na cadeia alimentar. Diante do exposto,
analise as assertivas abaixo relacionadas à remediação do solo:
I. A remediação de solos contaminados baseia-se nas propriedades
químicas e físicas dos contaminantes, promovendo a retenção, mo-
bilização e destruição.
II. As técnicas de remediação podem ser aplicadas in situ, (no lugar da
contaminação), ou ex situ (remoção para tratamento posterior).
III. A biorremediação é a utilização de organismos vivos, para degradar
ou transformar poluentes ambientais em substâncias com menor
toxicidade.
Os ciclos biogeoquímicos e a química do solo 173
Fique ligado!
Nesta unidade você aprendeu que:
Todos os elementos químicos, inclusive aqueles elementos essenciais
para a vida, tendem a circular na biosfera em caminhos caracte-
rísticos, que vão do ambiente para o organismo e de volta para o
ambiente.
Os ciclos biogeoquímicos promovem o fluxo dos elementos quí-
micos de um reservatório a outro, onde a atmosfera, hidrosfera,
litosfera e biosfera têm a função de reservatórios biogeoquímicos
para armazenamento dos elementos químicos
Com a existência dos ciclos biogeoquímicos é atribuído à biosfera
um poder importante de autorregulação, assegurando a sustentabi-
lidade dos ecossistemas.
174 Q U Í M I C A A M B I E N TA L
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UNOPAR
QUÍMICA
AMBIENTAL
QUÍMICA AMBIENTAL
ISBN 978-85-68075-44-9
9 788568 075449