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TRIBUNAL MARÍTIMO

JN/SBM PROCESSO Nº 32.800/18


ACÓRDÃO

Bote “TONINHO”. Acidentes e fatos da navegação. Colisão de embarcação


brasileira com toco de árvore flutuando em águas interiores, seguida de
naufrágio, queda na água das oito pessoas embarcadas, que não portavam
coletes salva-vidas e morte do condutor e de um passageiro capaz, sem
registro de danos ambientais. Rio Paranapanema, represa de Canoas II,
Andirá, PR. Erro de manobra do Condutor e a inobservância de normas de
segurança da navegação. Arquivamento.

Vistos e relatados os presentes Autos.


Consta dos Autos que no dia 14/09/2017, cerca de 17h30min, ocorreu a
colisão da embarcação “TONINHO” com um toco de árvore flutuando, seguida de
naufrágio e da queda das oito pessoas (3 adultos e 5 crianças) na água e as mortes do
passageiro João Nilson dos Santos e do condutor não habilitado Antônio Carlos Barbosa
da Silva, quando navegava com excesso de passageiros a cem metros da margem do rio
Paranapanema, represa de Canoas II, Andirá, PR, caracterizando os acidentes e fatos da
navegação, capitulados no art. 14, alínea “a”, e art. 15, alínea “e”, da Lei nº 2.180/54.
Não houve registro de danos ambientais.
A embarcação “TONINHO” do tipo bote a motor é de propriedade de
Antônio Carlos Barbosa da Silva, que a conduzia, possui casco de alumínio, 5,9 metros
de comprimento, lotação autorizada para um tripulante e quatro passageiros AB e está
classificada para a atividade de esporte e recreio e navegação interior.
No Inquérito instaurado pela Delegacia Fluvial de Presidente Epitácio não
foram prestados depoimentos, foi elaborado o Laudo de Exame Pericial, juntadas cópias
de oito Termos de Declaração/Depoimentos prestado na Delegacia de Polícia de Andirá
(fls. 303 a 320 e 341 a 357), juntadas cópias das Certidões de Óbito de João Nilson dos
Santos e de Antônio Carlos Barbosa da Silva (fls. 141 e 142) que apontam asfixia
mecânica por afogamento em água doce como causa da morte e anexados os documentos
de praxe.

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 32.800/2018........................................)
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No Laudo de Exame Pericial Indireto, fls. 77 a 127, efetuado no dia
19/10/2017, os Peritos concluíram que a causa determinante do acidente foi a colisão,
seguida de emborcamento provocado pela colisão com o toco, em consequência da
imperícia do Condutor, pelos atos de sair para navegar sem habilitação e sem a
quantidade suficiente de coletes salva-vidas.
No Relatório de IAFN, fls. 442 a 509, o Encarregado concluiu que o fator
operacional contribuiu para os acidentes e fatos, pois houve erro de manobra e a falta de
uso efetivo dos coletes salva-vidas.
Apontou a vítima fatal Antônio Carlos Barbosa da Silva como possível
responsável pelos acidentes e fatos da navegação.
A Douta Procuradoria Especial da Marinha, após análise dos Autos, concluiu
que ao conduzir o Bote com excesso de passageiros, material de salvatagem insuficiente,
sem possuir habilitação formal, Antônio Carlos Barbosa da Silva expôs a risco a
segurança da navegação as vidas e fazendas de bordo, risco concretizado nos acidentes
colisão e naufrágio. Assim, opina pelo arquivamento dos Autos (fls. 517 a 519).
Publicada Nota para Arquivamento em 10/05/2019. Prazos preclusos sem
manifestações de terceiros interessados, conforme a certidão à fl. 522.
Diante dos elementos trazidos aos Autos, constata-se que as causas
determinantes dos acidentes e fatos foram o erro de manobra do Condutor e a
inobservância de normas de segurança da navegação, portanto é de se deferir o requerido
pela PEM e mandar arquivar os Autos.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão dos acidentes e fatos da navegação: colisão do bote “TONINHO”
com um toco de árvore flutuando, seguida de naufrágio, queda das oito pessoas (3 adultos
e 5 crianças) na água e das mortes do passageiro João Nilson dos Santos e do condutor
não habilitado Antônio Carlos Barbosa da Silva, quando navegava com excesso de
passageiros, sem portarem coletes salva-vidas, a cem metros da margem do rio
Paranapanema, represa de Canoas II, Andirá, PR, sem registro de danos ambientais; b)
quanto à causa determinante: erro de manobra do Condutor e a inobservância de normas
de segurança da navegação; e c) decisão: julgar os acidentes e fatos da navegação,

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 32.800/2018........................................)
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capitulados no art. 14, alínea “a”, e art. 15, alínea “e”, da Lei nº 2.180/54, como
decorrentes de provável imperícia e negligência do Condutor da Embarcação, mandando
arquivar os Autos, conforme a promoção da PEM. Declarar extinta a punibilidade de
Antônio Carlos Barbosa da Silva, em razão de óbito.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 13 de agosto de 2019.

SERGIO BEZERRA DE MATOS


Juiz Relator

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.

Rio de Janeiro, RJ, em 15 de outubro de 2019.

WILSON PEREIRA DE LIMA FILHO


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Capitão-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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Dados: 2019.11.17 16:25:56 -03'00'

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