Você está na página 1de 3

Ortografia

Sistema de símbolos e regras gráficas de combinação e distribuição desses símbolos utilizadas na


escrita de uma dada língua e que foram definidas e convencionadas como uma norma de
representação da oralidade da língua. Em ortografia são tratados os seguintes problemas e
questões:
Alfabeto e suas combinações possíveis enquanto grafemas (<ç>, <s>, <c>) e dígrafos (-rr-, -ss-,
ch-, lh-nh). Tipos de acento gráfico (acento agudo, acento grave, acento circunflexo, til) e regras
de acentuação gráfica. Emprego do hífen e do apóstrofo. Regras de utilização de certas
consoantes (como a utilização ou supressão do <h>, de <b> na sequência <bt> em subtil) e de
certas sequências de consoantes na escrita (como o uso de <g> ou <j>, de <s> ou <z>, ou de
<x>). Regras de divisão silábica e de translineação. Regras de utilização de maiúsculas e
minúsculas.

A ortografia é uma forma normalizada de registo escrito de uma língua. A ortografia partiu do
princípio da transcrição fonológica das línguas em que a um grafema corresponderia um som.
Porém, a ortografia da maior parte das línguas europeias baseia-se na pronúncia que essas
línguas tinham na Idade Média ou resulta da restauração do étimo latino das palavras, o que
explica, por exemplo, a presença, no português contemporâneo, de grafemas que não se
pronunciam: "actuar", "óptimo", "dialecto", mas que se pronunciavam em latim. Na verdade, o
conservadorismo manifestado pela ortografia deve-se sobretudo a duas razões: por um lado, as
línguas evoluem ininterrupta e rapidamente; por outro lado, os hábitos ortográficos são muito
difíceis de serem alterados, até porque constituem factores de unidade linguística ao permitirem
que comunidades com diferentes variantes dialectais se compreendam mutuamente pela escrita.
A língua portuguesa possui duas normas ortográficas, a portuguesa e a brasileira.

Apesar de se ter tentado implantar vários acordos ortográficos que regularizassem as diferenças
na escrita entre os dois países, a verdade é que razões de diversas ordens contribuíram para este
afastamento que se mantém até hoje. A primeira grande reforma ortográfica foi adoptada em
Portugal em 1911, mas não foi extensiva ao Brasil. Em 1945 realizou-se em Lisboa a Convenção
Ortográfica Luso-Brasileira, tendo, porém, sido adoptada apenas em Portugal. Em 1986, reúnem-
se no Rio de Janeiro representantes de Portugal, do Brasil e pela primeira vez dos novos países
lusófonos saídos da descolonização portuguesa. Este acordo ficou novamente inviabilizado pela
reacção polémica ocorrida contra ele sobretudo em Portugal. Actualmente vigora em Portugal o
acordo ortográfico da língua portuguesa realizado em 1990.

Sílaba

1. Ortografia:  Unidade constituída por uma determinada sequência de vogais e de consoantes


em que as vogais constituem o núcleo da sílaba em torno do qual se agrupam as consoantes. A
noção de sílaba, em ortografia, resulta de uma convenção de organização de grafemas que
alternam entre consoantes e vogais, convenção essa que dita, por exemplo, as regras de
translineação, mas que não acompanha a evolução fonológica da permanente reestruturação
silábica das línguas. Assim, a divisão silábica, segundo o critério ortográfico, é um tipo de
informação que se pode encontrar num dicionário, mas que terá diferentes interpretações de
acordo com a percepção linguística do locutor ou caso o locutor seja analfabeto ou falante não
nativo.
Tradicionalmente, e à luz deste enquadramento, as sílabas podem ser abertas, se terminarem por
vogal (ex: <ca-pa>, <le-var>), ou fechadas, se terminarem por consoante gráfica (ex: <cas-pa>,
<al-ma>, <len-to>).

2. Fonologia:  A sílaba é uma unidade fonética, fonológica, perceptiva e psico-cognitiva superior


ao fonema e inferior ao morfema, que corresponde a outro nível de análise. A sílaba é um
segmento constituído por um núcleo, geralmente uma vogal, à volta do qual se agrupam
consoantes, segundo determinadas combinações que variam de língua para língua. Em algumas
línguas o núcleo da sílaba pode mesmo ser uma consoante (como em checo - <krk>), papel
geralmente atribuído às consoantes laterais, na medida em que é o segmento mais vozeado da
sílaba.  

Estudos recentes em fonologia do português, desenvolvidos por Maria João Freitas (1997), Maria
Helena M. Mateus e Ernesto Andrade (1998) e Mateus et al. (2003), assentes na teoria
autossegmental  (que preconiza que cada constituinte fonológico ocupe um nível autónomo em
inter-relação com os outros níveis hierárquicos de constituintes) vêm mostrar que a sílaba
apresenta a seguinte estrutura, exemplificada pela palavra <so-nhar>:
Assim, numa palavra as vogais constituem o núcleo da rima de cada sílaba. A rima pode ser
constituída ou por um núcleo, como na primeira sílaba, ou pelo núcleo e pela coda, como na
segunda sílaba. A coda é a consoante que termina a rima enquanto o ataque é a consoante que
inicia uma sílaba. Estudos em fonética perceptiva e acústica têm provado que vários fenómenos
fonéticos típicos da oralidade, como a supressão ou a adição de fones, têm provocado
importantes reestruturações silábicas na estrutura da língua portuguesa, o que leva a uma
reavaliação dos tradicionais agrupamentos silábicos (ex: a supressão de [E] átono <b(e)-le-za>
transforma uma palavra de três sílabas numa palavra de duas sílabas com outra combinação de
fones: <ble-za>). Ainda num plano fonológico, as sílabas são portadoras de acento, que em
português se traduz numa alteração de intensidade. As sílabas alternam assim entre tónicas 
(quando sobressaem pela maior intensidade e energia numa palavra - <arre-ca-dar>) e átonas 
(quando são produzidas com menos intensidade - <arre-ca-dar>).

Sílaba in Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2020. [consult. 2020-03-31
14:21:27]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/$silaba

Você também pode gostar