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RESUMO: O sistema de drenagem interna de pilhas de estéril vem sendo dimensionado segundo
aplicação da lei de Darcy, válida para regime de escoamento laminar, a partir de vazões medidas ou
determinadas empiricamente. Este trabalho apresenta uma abordagem alternativa para o
dimensionamento de drenos de fundo de pilhas de estéril em que se observa a validade das
equações de fluxo, aplicadas conforme o regime de escoamento, a partir de vazões de projeto
determinadas por meio de balanço hídrico aplicado nas áreas de pilha e de montante, de forma a
quantificar as contribuições de escoamento provenientes da recarga das áreas de pilha e de descarga
pela fundação.
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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
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I - O = 0 P - ES - ETP - R 0
Figura 1. Modelo conceitual de balanço hídrico.
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Na Figura 1 percebe-se que, apenas após estruturas geotécnicas e, portanto, devem ser
completos os reservatórios de escoamento projetados, calculados e construídos em
superficial e de evapotranspiração, ocorrerá a conformidade aos requisitos de um projeto de
recarga. engenharia.
Para definição dos valores mensais de A experiência demonstra que o método
precipitação utilizados no balanço hídrico, em construtivo é fator determinante da geometria
geral são estudados dados de monitoramento de da seção do dreno. Em qualquer caso, o dreno
estações pluviométricas regionais, monitoradas deve ser executado no sentido de montante para
pela Agência Nacional de Águas, ou dados de jusante, protegendo-se a saída exposta ao final
monitoramento obtidos na área em questão. do período de trabalho de forma que eventuais
Os valores mensais de evaporação podem ser eventos pluviométricos não provoquem a
obtidos a partir das normais climatológicas, contaminação do núcleo no período de
correspondentes aos valores médios observados descanso.
em período de 30 anos, mas de preferência Na ampla maioria dos casos, a seção
devem ser obtidos a partir de dados de transversal dos drenos segue geometria
monitoramento da área em questão. trapezoidal, com ângulos de taludes 1V:1,3H
(enrocamento), conforme apresentado na Figura
4.3 Considerações sobre Fator de Seguranca 2 a seguir.
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igual a 0,037 m/s e número de Reynolds igual a resultou em grandes variações nas áreas de
759, para fator de forma (rE) igual a 1,67 seção transversal resultantes.
(blocos com arestas iguais à metade do Este aspecto reforça a importância da
comprimento), que indicam condições de fluxo consideração do regime de escoamento no
turbulento e validade da equação de Wilkins dimensionamento dos drenos de fundo de pilhas
(4). de estéril.
Já para declividades inferiores a 0,43%, o Além disso, o método de balanço hídrico
número de Reynolds torna-se inferior a 200 e, empregado permite determinar o valor mínimo
assim, nestes locais deve-se utilizar a equação aceitável para o fator de segurança, sem a
de Darcy (1) para o cálculo da seção drenante. necessidade de fixação prévia em uma ordem de
A aplicação indiscriminada da lei de Darcy grandeza, como frequentemente observado na
(1) levaria a drenos com seções transversais prática.
com áreas mínimas (fator de segurança unitário) Em pilhas de estéril que têm se mostrado
iguais a 1,6 m² e 81,5 m² em condições de progressivamente maiores nos últimos anos em
declividade longitudinal iguais a 5% e 0,1%, termos de áreas ocupadas, esta consideração
respectivamente. permite determinar dimensões mais econômicas
Por outro lado, o uso indiscriminado da para o dreno de fundo, sem prescindir da
equação de Wilkins (4) neste intervalo levaria a segurança da obra.
drenos com seções transversais com áreas
mínimas (fator de segurança unitário) iguais a REFERÊNCIAS
2,2 m² e 18,4 m² em condições de declividade
longitudinal iguais a 5% e 0,1%, Cruz, P.T. (1979). Fluxo de água em enrocamento :
respectivamente. contribuição ao estudo do fluxo em meios contínuos e
descontínuos. Relatório IPT-DMGA, cap. IX.
Comparando-se os resultados, percebe-se Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo, SP,
que em regimes de escoamento acentuadamente Brasil.
turbulentos (Re>>200), o uso da equação de Cruz, P.T., Materon, B., Freitas, M. (2009). Barragens de
Darcy (1) subestimou a área de seção Enrocamento com Face de Concreto. Oficina de
transversal necessária ao dreno em até 30%. Textos, Belo Horizonte, MG, Brasil. 448 p.
Darcy, H. (1856). Les Fontaines publiques de la ville de
Por outro lado, em regime de escoamento Dijon (The Public Fountains of the City of Dijon),
acentuadamente laminar, o uso da equação de Tradução para o inglês de Patricia Bobeck,
Wilkins (4) subestimou a área de seção Kendall/Hunt Publishing Co., 2004. 598 p.
transversal necessária ao dreno em até 4,4 Instituto Nacional de Meteorologia – INMET. Normais
vezes. Climatológicas. Instituto Nacional de Meteorologia,
Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 478 p.
Percebe-se, portanto, a importância da Leps, T. M. (1973). Flow through rockfill. In:
identificação correta do regime de escoamento Hirschfiled, R. C. Poulos, S. J. (ed.), Embankement
no dimensionamento dos drenos de fundo. Dam Engineering. Casagrande Volume. John Wiley
& Sons, New York, NY, USA. p. 87-105.
7 CONCLUSÕES Li, B. Garga, V. K. Davies, M. H. (1998). Relationships
for non-Darcy flow in Rockfill. Journal of Hydraulic
Engineering, Reston, v. 124, n. 2. p. 206-212.
Este artigo apresentou uma metodologia Reichardt, K. Timm, L. C. (2004) Solo, Planta e
alternativa para dimensionamento de dreno de Atmosfera. Conceitos, Processos e Aplicações, 1ª ed.,
fundo de pilhas de estéril, tendo em vista Ed. Manole, Barueri, SP, Brasil. 478 p.
aspectos geotécnicos, hidrológicos,
hidrogeológicos e hidráulicos, tais como o
regime de escoamento.
Em um estudo de caso hipotético, as
diferenças entre as abordagens utilizadas em
regime laminar (lei de Darcy (1)) e turbulento
(metodologia proposta por Wilkins (4)) foram
apresentadas, sendo que aplicação das
formulações fora de seu regime de validade