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Cada geração deve numa relativa opacidade descobrir sua missão, executá-la ou traí-la.
Nossa missão histórica, para nós que tomamos a decisão de romper as rédeas do colonialismo,
é regular todas as revoltas, todos os atos desesperados, todas as tentativas abortadas ou
afogadas em sangue.
Sabe-se hoje que na primeira fase da luta nacional o colonialismo procura esvaziar
reivindicação nacional recorrendo ao economismo. Desde as primeiras reivindicações o
colonialismo simula compreensão, reconhecendo com ostensiva humildade que o território
sofre de um subdesenvolvimento grave, o qual requer um importante esforço econômico e
social.
Essas medidas paliativas que promovem uma melhora pífia nos países coloniais retardam a
cristalização da consciência nacional. E elas não são sustentáveis para os colonizadores à longo
prazo, visto que não promove uma melhoria estrutural, apenas maquia os reais problemas.
Dentro dos partidos políticos, quase sempre paralelamente a estes, aparecem homens de
cultura colonizados. Enquanto os políticos inscrevem a sua ação na realidade, os homens de
cultura situam-se no quadro da história. Em face do intelectual colonizado que resolve
responder agressivamente à teoria colonialista de uma barbárie pré-colonial, o colonialismo
quase não reagirá. Ele reagirá muito menos quando as ideias reveladas pela intelectualidade
colonizada forem amplamente professadas pelos especialistas da metrópole. É vulgar, com
efeito, verificar que há várias décadas numerosos investigadores europeus reabilitaram, em
geral, as civilizações africanas, mexicanas ou peruanas. Causou espanto a paixão que se
revestiram os intelectuais colonizados para defender a existência de uma cultura nacional. Mas
os que condenam essa paixão exacerbada esquecem estranhamente seu psiquismo, seu ego se
abrigam comodamente atrás de uma cultura francesa ou alemã, que provou o seu valor e que
ninguém contesta.
Essa procura apaixonada de uma cultura nacional anterior à era colonial extrai sua
legitimidade da preocupação partilhada pelos intelectuais colonizados de retroceder em face
da cultura ocidental na qual correm o risco de submergir. Porque compreendem que estão na
iminência de naufragar, de perder-se, portanto, para o seu povo, esses homens obstinam-se,
com o coração cheio de fúria e o cérebro ardente, em retomar o contato com a seiva mais
antiga, a mais pré-colonial do seu povo.
O medo de se perderem na cultura ocidental e do apagamento do seu passado, faz com que
esses intelectuais se abriguem na cultura do passado, pré-colonial.
Vamos mais longe: talvez essas paixões e essa fúria sejam alimentas, ou pelos menos
orientadas pela secreta esperança de descobrir, para além da miséria atual, desse desprezo
por nós mesmos, dessa demissão e dessa renúncia, uma era extraordinariamente bela e
resplandecente que nos reabilite ao mesmo tempo aos nossos próprios olhos e aos olhos dos
outros. Inconscientemente talvez os intelectuais colonizados, não podendo enamorar-se da
história atual do seu povo oprimido, não podendo admirar sua presente barbárie, deliberaram
ir mais longe, mais fundo, e foi com alegria excepcional que descobriram que o passado não
era de vergonha mas de dignidade, de glória e de solenidade. A reivindicação de uma cultura
nacional passada não reabilita apenas; em verdade justifica uma cultura nacional futura. No
plano do equilíbrio psicoafetivo provoca no colonizado uma mutação de importância
fundamental. Talvez não tenha sido suficientemente demonstrado que o colonialismo não se
contenta de impor sua lei ao presente e ao futuro do país dominado. Ao colonialismo não
basta encerrar o povo em suas malhas, esvaziar o cérebro colonizado de toda forma e todo
conteúdo. Por uma espécie de perversão da lógica, ele se orienta para o passado do povo
oprimido, deforma-o, desfigura-o, aniquila-o. Essa tarefa de desvalorização da história do
período anterior à colonização adquire hoje sua significação dialética.
Quando refletimos nos esforços empregados para provocar a alienação cultural tão
característica da época colonial, compreendemos que nada foi feito ao acaso e que o
resultado global pretendido pelo domínio colonial era convencer os indígenas de que o
colonialismo devia arrancá-los das trevas.
O intelectual colonizado que resolve travar combate com as mentiras colonialistas, há de lutar
em escala continental, visto que a própria condenação do colonialismo é continental.
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O Reino do Daomé foi um reino africano que existiu entre 1600 e 1904, quando o último rei, Beanzim,
foi derrotado pelos franceses e os país foi anexado ao império colonial francês
colonizada dos últimos vinte anos não é uma literatura nacional, mas uma literatura de negros.
O conceito de negritude, por exemplo, era a antítese afetiva senão lógica desse insulto que o
homem branco fazia à humanidade. Essa negritude exacerbada contra o desprezo do branco
revelou-se em certos setores apenas capaz de suspender interdições e maldições. Uma vez
que se viam confrontados antes de tudo com o ostracismo global, o desprezo sincrético do
dominador, os intelectuais guineenses ou quenianos reagiam admirando ou cantando a si
mesmos. A afirmação incondicional da cultura europeia sucedeu a afirmação Incondicional
da cultura africana.
Essa obrigação histórica em que se acham os homens de cultura africanos de racializar suas
reivindicações, de falar mais de cultura africana que de cultura nacional, vai conduzi-los a um
beco sem saída.
Pouco a pouco, os negros americanos foram percebendo que os problemas existenciais que: se
colocavam diante deles não se assemelhavam àqueles com que defrontavam os negros
africanos. Os negros de Chicago só se pareciam com os da Nigéria e Tanganica na exata
medida em que todos eles se definiam em relação aos brancos. Mas passado os primeiros
confrontos, uma vez tranquilizada a subjetividade, os negros americanos perceberam que os
problemas objetivos eram fundamentalmente heterogêneos.
A negritude encontrou, portanto, seu primeiro limite nos fenômenos que justificam a
historicização dos homens. A cultura negra se fragmentou porque os homens que se
propunham a encarná-la compreenderam que toda cultura é antes de tudo nacional e que os
problemas que mantinham os negros americanos eram diferentes daqueles que tinham os
negros africanos.
Fanon portanto alerta para essa ambiguidade em negligenciar a cultura nacional particular a
cada sociedade. Ele mostra como é necessário a reivindicação de uma cultura nacional.
Quando não há um aprofundamento da cultura nacional, assiste-se a mutilações psicoafetivas
extremamente graves (apátridas, desenraizados...)
Para garantir sua salvação, para escapar à supremacia da cultura branca, o colonizado sente a
necessidade de regressar a raízes ignoradas, de se perder, suceda o que suceder, nesse povo
bárbaro. Uma vez que sente que se torna alienado, isto é, o centro vivo de contradições que
ameaçam ser insuperáveis, o colonizado arranca-se do pântano onde estava arriscado a
enterrar-se, e impetuosamente, arrebatadamente, aceita, decide assumir, confirma. O
colonizado descobre que é obrigado a responder por tudo e por todos. Não se converte
apenas em defender; aceita ser colocado entre os outros e doravante pode: permitir-se rir de
sua covardia passada.
Essa arrancada difícil e dolorosa é, porém, necessária. Quando ela não se realiza, assiste-se a
mutilações psicoafetivas extremamente graves. Indivíduos sem fronteira, sem limite, sem cor,
apátridas, desenraizados, anjos. Também não causará espanto ouvir certos' colonizados'
declarar: “É como senegalês e francês...como argelino e francês...que eu falo". Topando na
necessidade, se quer ser autêntico, de assumir duas nacionalidades, duas determinações, o
intelectual árabe e francês, o intelectual nigeriano e inglês escolhe a negação de uma dessas
determinações. Ordinariamente, não querendo ou não podendo escolher, esses intelectuais
reúnem todas as determinações históricas que os condicionaram e colocam-se radicalmente
numa "perspectiva universal".
O intelectual colonizado mergulha na cultura ocidental e vai cuidar de tornar sua cultura
europeia. São demasiadamente alimentados pelos valores do mundo de lá, demasiadamente
acostumados, dependentes. E, para Fanon, não há conciliação, o colono é sempre um inimigo.
Assim .se explica suficientemente o estilo dos intelectuais colonizados que decidem exprimir
essa fase de consciência em processo de libertação. Estilo vibrante, pejado de imagens (...)
Estilo nervoso, animado de ritmos, de parte a parte habitado por uma vida eruptiva. (...) Esse
estilo, que em sua época espantou os ocidentais, não é, como se insinuou, um caráter racial,
mas (...) revela a necessidade em que se encontra esse homem de ferir-se, de deitar sangue
realmente, sangue vermelho, de se livrar de uma parte de seu ser que já continha germes de
podridão. Combate doloroso, rápido, no qual infalivelmente o músculo devia substituir o
conceito.
Um expurgo?
Cada colonizado conquistado, cada colonizado seduzido, quando decide extraviar-se, não
somente representa um revés para a empresa colonial como também simboliza a inutilidade e
a falta de profundeza do trabalho realizado. Cada colonizado que torna a transpor a linha é
uma condenação radical do método e do regime, e o intelectual colonizado encontra no
escândalo provocado por sua atitude uma justificação para sua renúncia e um incentivo para
perseverar.
Se quiséssemos rebuscar nas obras dos escritores colonizados as diversas fases que
caracterizam essa evolução, veríamos projetar-se diante dos nossos olhos um panorama em
três tempos. Numa primeira etapa, o intelectual colonizado prova que assimilou a cultura do
ocupante (parnasianos, simbolistas, surrealistas). Numa segunda etapa o colonizado sofre um
abalo e resolve recordar. Este período corresponde aproximadamente ao mergulho que
acabamos de descrever. Mas como não está inserido em seu povo, como mantém relações de
exterioridade de com seu povo, o colonizado contenta-se em recordar. Enfim, num terceiro
período, chamado de combate, o colonizado, depois de ter tentado perder-se no povo, vai, ao
contrário, sacudir o povo. Em vez de privilegiar a letargia do povo, transformar-se em
despertador do povo.
2 – Abalo que o leva a se conectar com seu passado ancestral, mas como um espectador de
seu povo, do que propriamente um sujeito do seu povo. Mantém relações de exterioridade
ainda.
3 – Combate. Ao invés de tentar se perder no povo vai de encontro a ele. E se põe como
porta voz daquele povo.
O intelectual colonizado que retorna a seu povo através das obras culturais comporta-se de
fato como um estrangeiro. Por vezes não hesitará em valer-se dos dialetos para manifestar sua
vontade de estar o mais perto possível, do povo, mas as ideias que exprime, as preocupações
que o habitam não têm nada em comum com a situação concreta que conhecem os homens e
as mulheres de seu país. A cultura para qual se inclina o intelectual não passa na maior parte
das vezes de um estoque de particularismos. Querendo ajustar-se ao povo, ajusta-se ao
revestimento visível.
O homem de cultura, em vez de partir em busca dessa substância, vai deixar-se hipnotizar
pelos farrapos mumificados que, estabilizados, significam pelo contrário a negação, o excesso,
a ficção. A cultura não tem nunca a diafaneidade do costume. A cultura foge de toda
simplificação. Em sua essência, ela está em oposição com o costume que é sempre uma
deterioração da cultura. Querer apegar-se à tradição ou reatualizar as tradições abandonadas
é ir não somente contra a história, mas contra seu próprio povo. Quando um povo sustenta
uma luta armada ou mesmo política contra um colonialismo implacável, a tradição muda de
significação. O que era técnica de resistência passiva pode, nesse período, ser radicalmente
condenado. Num país subdesenvolvido em fase de luta, as tradições são fundamentalmente
instáveis e sulcadas por correntes centrífugas. É por isso que muitas vezes o intelectual corre o
risco de estar fora de propósito. Os povos que conduziram a luta são cada vez mais
impermeáveis à demagogia. e quem se empenha em ser seguido revela-se um oportunista
vulgar, até mesmo um retardatário.
No plano das artes plásticas, por exemplo, o criador colonizado que custe o que custar quer
fazer obra nacional isola-se numa reprodução estereotipada dos detalhes.
Sim, o primeiro dever do poeta colonizado é determinar com clareza o tema povo de sua
criação. Só pode-se avançar resolutamente quando antes de tudo se toma consciência de sua
alienação. Nós absorvemos tudo do outro lado. Mas o outro lado não' nos dá nada sem,
através de mil rodeios, nos curvar em sua direção, sem, através de dez mil artifícios, cem mil
estratagemas, nos atrair, seduzir, aprisionar. Absorver é também, em múltiplos planos, ser
absorvido. Não basta, portanto, tentar desligar-se acumulando as proclamações ou as
contestações. Não basta juntar-se ao povo nesse passado em que ele já não está mais. É
preciso juntar-se também no movimento oscilante que ele acaba de esboçar e a partir do qual
tudo vai repentinamente ser discutido. É nesse ponto de desequilíbrio oculto em que se
mantém o povo que é necessário que nos situemos porque, não tenhamos dúvidas, é aí que se
cristaliza sua alma e se ilumina sua percepção e sua respiração.
O homem colonizado que escreve para seu povo deve, quando utiliza o passado, fazê-lo com o
propósito de abrir o futuro, convidar à ação, fundar esperança. Mas para garantir a esperança,
para lhe dar densidade, é preciso participar da ação, engajar-se de corpo e alma no combate
nacional.
Bater-se pela cultura nacional é em primeiro lugar bater-se pela libertação da nação, matriz
material a partir da qual a cultura se torna passível. Não há um combate cultural que não se
desenrole ao lado do combate popular.
Nos países subdesenvolvidos, a cultura nacional deve, portanto, situar-se no centro mesmo
da luta de libertação empreendida por esses países. Os homens de cultura africanos que se
batem ainda em nome da cultura negro-africana, que multiplicaram os congressos em
consideração à unidade dessa cultura, devem hoje perceber que sua atividade se reduz a
confrontar fragmentos ou comparar sarcófagos.
The Colonizer and the colonized
Colonizador - trabalhador
colonizado – ocioso, por conta disso merece um pagamento inferior pelo seu trabalho
os trabalhos laborais e de grande esforço físico ficam aos colonizados. ganham menos,
produzem mais.
característica = fraqueza
ingratidão por parte do colonizado; não vê o "bem" que o colonizador trouxe à sua
comunidade.
os próprios traços estabelecidos pelos colonizadores são excludentes e contraditórios entre si.
não compreender o outro e sim formular pré-conceitos e tentar mudá-los para melhor se
adaptar a uma realidade que não é a dele.
“What is left of the colonized at the end of this stubborn effort to dehumanize him? He is
surely no longer an alter ego of the colonizer. He is hardly a human being. He tends rapidly
toward becoming an object. As an end, in the colonizer's supreme ambition, he should exist
only as a function of the needs of the colonizer, . i.e., be transformed into a pure colonized.”
o retrato feito pelo colonizador do colonizado acaba sendo compartilhado pelo próprio
colonizado, seja por medo, por conformidade. ele acaba se reconhecendo nesse estereótipo.
“This process is not unknown. It is a hoax. It is common knowledge that the ideology of a
governing class is adopted in large measure by the governed classes. Now, every ideology of
combat includes as an integral part of itself a conception of the adversary. By agreeing to this
ideology, the dominated classes practically confirm the role assigned to them. This explains,
the relative stability of inter alia, societies; oppression is tolerated willy-nilly by the oppressed
themselves.”
O papel da ideologia é essencial na questão colonialista. pois a ideologia daqueles que detém o
poder acaba sendo permeada e instituída para os que são governados. isso ocorre através do
consenso ou da coerção, sendo esta última a força de instituição pelo uso da força. O consenso
geral de uma ideologia explica a relativa estabilidade de uma sociedade.
A concepção dos estereótipos dos colonizados como preguiçosos, brutos, violentos e não
confiáveis acabam se enraizando na sociedade e permeando os relacionamentos institucionais.
As instituições sociais
Uma sólida organização social fomentada e criada a partir desse racismo histórico, a promoção
do racismo estrutural a partir das instituições sociais – polícia, governo. O colonizado encontra-
se então encurralado.
“(...) o racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ‘normal’ com
que se constituem as relações políticas econômicas, jurídicas e até familiares, não sendo uma
patologia social e nem um desarranjo institucional. O racismo é estrutural. Comportamentos
individuais e processos institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e
não exceção. O racismo é parte de um processo social que ‘ocorre pelas costas dos indivíduos
e lhes parece legado pela tradição. Nesse caso, além de medidas que coíbam o racismo
individual e institucionalmente, torna-se imperativo refletir sobre mudanças profundas nas
relações sociais, políticas e econômicas.” (Almeida, 2018, p.38-39)
O ataque mais profundo sofrido pelo colonizado é ser removido da sua própria história e
comunidade. Ele não é mais o sujeito da história. Não se sente responsabilizado, nem culpado,
nem mesmo cético em relação aos processos sociais, pois nem sequer participa do “jogo”. Essa
reificação é traço singular e predominante do colonizado.
Fica claro que essa imobilidade do colonizado não é algo congênito e sim socialmente
determinado, nascido e nutrido dessa situação de colonização.
Questão militar
O monopólio da força está nas mãos do colonizador. O que explica que quanto mais forte a
colonização é no país, menos condições os colonizados têm de se rebelarem; não é a toa que
tribos mais afastados são as primeiras a se armarem contra a ameaça colonialista. As guerras
mundiais acabaram ensinando técnicas de guerrilha aos colonizados, o que gerou receio por
parte do colonizador (p.138?)
Governo
O colonizador afirma que o colonizado não tem capacidade para se autogovernar. Essa
blindagem ao poder acaba tornando o colonizado desinteressado nisso. Ao mesmo tempo gera
a questão de como o colonizado governaria após a emancipação, visto que foi excluído por
tanto tempo do poder.
Falsas conclusões são tiradas a partir disso, generalizando os governos nacionalistas dos
colonizados como chauvinistas. Os sinais claros de chauvinismo – amor a bandeira, uso de
músicas e elementos patrióticos, sentimento de amor à pátria – são raros nos colonizados. O
que ocorre é o despertar da consciência nacional no colonizado.
A partir disso, o colonizador aceita que certos tipos de progressos podem ser feitos. Esses
progressos tem um limite e são apenas paliativos, e constante pressão irá uma hora ceder e
poderá acabar ou em revolta ou em uma calcificação da própria colônia.
A revolta momentânea que acabou não se tornando uma revolução geral será então esquecida
quando esse jovem rebelde se encontrar de novo preso nesses valores tradicionais. Irá então
se tornar pai de família e continuará perpetuando os valores da família colonizada para suas
futuras gerações.
Religião
Zelo excessivo por parte do colonizado em relação à religião.
“Since colonized society does not possess national structures and cannot conceive of a
historical future for itself, it must be content with the passive sluggishness of its present. (…)
Formalism, of which religious formality is only one aspect, is the cyst into which colonial
society shuts itself and hardens, degrading its own life in order to save it.”
“As long as he tolerates colonization, the only possible alternatives for the colonized are
assimilation or petrifaction. Assimilation being refused him, as we shall see, nothing is left for
him but to live isolated from his age. He is driven back by colonization and, to a certain extent,
lives with that situation. Planning and building his future are forbidden. He must therefore
limit himself to the present, and even that present is cut off and abstract.”
“And the most urgent claim of a group about to revive is certainly the liberation and
restoration of its language. … Only that language would allow the colonized to resume contact
with his interrupted flow of time and to find again his lost continuity and that of his history.”
Dentro de todo colonizado existe uma necessidade fundamental de mudança. Ele apenas pode
estar inconsciente disso – seja por uma falta de conhecimento da realidade material ou própria
cegueira.
Se o colonizado quer entender o sistema colonial, ele precisa entender que é um sistema
instável e com equilíbrio constantemente ameaçado.
A primeira tentativa de mudar sua condição é mudando a sua cor de pele. Essa primeira
ambição faz com que o colonizado tente se igualar ao colonizador. Essa alternativa pode até
receber a aprovação do colonizador, porém essa assimilação implica num profundo ódio de si
mesmo que vem do colonizado, que então transfere esse amor ao colonizador.
“The colonized does not seek merely to enrich himself with the colonizer's virtues. In the name
of what he hopes to become, he sets his mind on impoverishing himself, tearing himself away
from his true self. The crushing of the colonized is included among the colonizer's values.”
Negrophobia
“Those internal convulsions and contortions could have attained their goal. At the end of a
long, painful process, one certainly full of conflict, the colonized would perhaps have dissolved
into the midst of the colonizers. There is no problem which the erosion of history cannot
resolve. It is a question of time and generations.”
“In order to be assimilated, it is not enough to leave one's group, but one must enter another;
now he meets with the colonizer's rejection.”
“All that the colonized has done to emulate the colonizer has met with disdain from the
colonial masters. They explain to the colonized that those effort are in vain, that he only
acquires thereby an additional trait, that of being ridiculous. He can never succeed in
becoming identified with the colonizer, nor even in copying his role correctly. In the best of
circumstances, if he does not want to offend the colonized too much, the colonizer will use all
his psychological theories.”
Visto que a resposta de assimilação para sair da realidade colonial não foi bem recebido, o que
resta é a revolta.
Revolta é a única saída para a situação colonial em que se encontra o colonizado. E ele irá ter
noção disso, uma hora ou outra.
“The colonial situation, by its own internal inevitability, brings on revolt. For the colonial
condition cannot be adjusted to; like an iron collar, it can only be broken.”
Ocorre então uma subversão dos termos. Assimilação é abandonada, e em seu lugar é
disseminado uma recuperação do próprio colonizado, de sua própria dignidade.
O autor menciona uma crescente xenofobia e racismo partindo do próprio colonizado, porém
não concordo com isso. A rejeição de um povo que por séculos permitiu uma opressão
desenfreada no seu continente não pode ser equiparada a um racismo, visto que em momento
algum esse mesmo povo opressor irá sofrer as consequências institucionais que o povo
oprimido sofreu constantemente.
O colonizado reclama de volta aquilo que antes foi tirado dele: sua relação com a religião, com
a língua, com sua cultura.
“In order to witness the colonized' s complete cure, his alienation must completely cease. We
must await the complete disappearance of colonization - including the period of revolt.”
Conclusão
Fanon
Negro é uma construção social. Marx, em O Capital diz que é só sob determinadas condições
históricas que um negro é escravo; Fanon dá um passo além e diz que só sob determinadas
condições que o ser humano é negro. isso significa que ele falou que o negro é uma criação do
branco.
Alienação – aproximação com a ideologia alemã. Alienação não é algo que está posto apenas
na nossa subjetividade enquanto uma ideia, mas a alienação é algo que está posto na
materialidade da organização social.
O mundo do capital não se explica sem a organização colonial, que configurou a própria
estruturação do capitalismo.
Aula
Relação colonizador/colonizado.