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R E V I S TA PA R A E S T U D O S N A S E S C O L A S B Í B L I C A S
es
Ediçõ
1937-2012
EXPEDIENTE
Redação
Rua Boa Vista, 314 – 6º andar – Conj. A – Centro
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SUMÁRIO
Edição comemorativa....................................... 4
Apresentação.................................................... 5
Em Cristo,
Equipe do Departamento de Educação Cristã (DEC)
Apresentação
Ela era uma igreja especial, composta por pessoas simples, de muita ora-
ção e cheias do poder de Deus. Essa igreja via acontecer, em seu meio, vários
milagres e prodígios que deixavam todos maravilhados. Os seus membros
tinham uma sintonia impressionante com o Espírito Santo, que os orientava
em cada decisão a ser tomada.
Os cultos eram maravilhosos; os irmãos entoavam salmos, hinos e cânticos
espirituais; adoravam em espírito e em verdade. As orações eram intensas e
muito avivadas; nelas, eles não se embriagavam com vinho, em que há con-
tenda, mas se enchiam do Espírito. As pregações eram poderosas e esclarece-
doras. Não podiam ser diferentes, pois os melhores pregadores da época con-
gregavam ali. Eram homens que conheciam com profundidade Jesus Cristo.
Imagine um lugar em que todos eram tementes a Deus, entendiam e vi-
viam o evangelho do reino. Assim era aquela igreja. Nem tudo era mar de
rosas: havia obstáculos e dificuldades; porém, os irmãos permaneciam firmes
e unânimes. Na realidade, eram amigos entre si e gostavam de estar sempre
juntos. Que bênção! Mas não para por aí. Apesar de tudo que já foi dito, po-
demos dizer que a sua maior marca era o evangelismo. Eles eram verdadeiras
testemunhas de Cristo na terra.
Esses homens e essas mulheres dedicavam suas vidas ao Pai, motiva-
dos, pelo amor a Cristo e pelo poder do Espírito Santo, a compartilhar o
evangelho. Pregavam a todas as pessoas, em todos os lugares e em todo
tempo. Sabe qual foi o resultado disso? O crescimento da igreja. E ela
crescia de forma espantosa. O primeiro culto foi feito com mais ou menos
120 pessoas, e, uma semana depois, os membros daquela igreja já eram
cerca de 3 mil pessoas. Não demorou para que se tornassem uma grande
multidão. É claro que estamos nos referindo à igreja primitiva, aquela que
nos é apresentada no livro de Atos. Ela era mesmo muito especial. Era, de
fato, uma igreja proclamadora.
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Assim como fez no passado, o Espírito Santo continua orientando a seu
povo. Ele tem colocado no coração da liderança da IAP o desejo de procla-
mar com mais afinco o evangelho de Jesus Cristo e fazer dessa tarefa uma
prioridade. Por isso, o nosso lema para os próximos quatro anos é: Uma
igreja santa proclamando o Deus santo. Essa é a direção que o Espírito
Santo tem nos mostrado. Queremos evangelizar mais e ver a igreja crescer.
Almejamos ver o povo de Deus cumprindo fielmente a grande comissão
dada pelo nosso Senhor.
Mas qual é a maneira certa de evangelizar? O que fazer para crescermos?
Em nossos dias, há uma enxurrada de livros e materiais prometendo as res-
postas para tais perguntas, apresentando fórmulas, métodos e estratégias
“infalíveis” para fazer a igreja crescer. Todavia, se desejamos aprender real-
mente o que é proclamação, precisamos olhar para a palavra de Deus. Nada
melhor do que começarmos com o livro de Atos. Nada mais correto do que
olharmos para aquela igreja, a comunidade dos primeiros cristãos, e obser-
varmos como ela atuava na obra missionária.
O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por Lucas, o médico amado, um
pouco antes do ano 70 d.C. Este livro dá prosseguimento ao relato da história
de Jesus e sua obra, história esta que começa no Evangelho de Lucas, escrito
pelo mesmo autor. Esses dois livros são, na realidade, dois volumes de uma
mesma obra. No Evangelho, Lucas registra a respeito tudo o que Jesus come-
çou a fazer e a ensinar (At 1:1), e, no livro de Atos, ele registra o que Jesus
continuou a fazer e a ensinar através de sua igreja.1
O livro de Atos cobre os trinta primeiros anos da história da igreja. Inicia-se
com a ascensão de Jesus e vai até a prisão de Paulo. O propósito primário do
médico amado, ao escrever Atos, era fazer um relato do crescimento da igreja
em sua época, mostrando como isso aconteceu. Ele descreve a expansão do
cristianismo, partindo de Jerusalém, até chegar a Roma, capital do império.
Neste livro bíblico, encontramos alguns princípios fundamentais para a
proclamação, que podem e devem ser aplicados em nossos dias. Estamos
convencidos de que Atos é o “manual bíblico, inspirado pelo Espírito Santo,
para orientar o crescimento da igreja, em todos os lugares em todas as épo-
cas, até a volta de Cristo”.2 Esses princípios apresentados por Lucas serão
tratados na série de lições deste trimestre, cujo título é: Igreja proclamadora:
princípios bíblicos para evangelização em Atos dos apóstolos.
1. Wiersbe (2006:520).
2. Casimiro (2009:13).
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ABREVIATURAS DE LIVROS DA BÍBLIA
UTILIZADAS NAS LIÇÕES
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I O PRINCÍPIO BÍBLICO EM ATOS
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O evangelho não está destinado mação percorre todo o livro de Atos.
somente aos judeus, mas ao mundo Os cristãos foram por todos os lu-
todo. O versículo que serve como es- gares falando sobre Jesus. Segundo
boço do livro é Atos 1:8. Os discípu- Atos, proclamar é anunciar as boas
los receberiam poder para pregar em novas, com fidelidade, dando teste-
Jerusalém, Judéia, Samaria e até os munho dos fatos. Três são as pala-
confins da terra. Lucas mostra como vras gregas que se destacam e nos
o evangelho entra no mundo e como ajudam a chegar a este significado.
Jesus é proclamado em todos os lu- A primeira delas é euangelizõ ou
gares. Além disso, segundo Casimi- euangelizomai, que significa “evan-
ro, o outro grande propósito de Atos gelizar”, “trazer ou anunciar as boas
é oferecer princípios espirituais moti- novas”, “proclamar”, “pregar” (ex.:
vadores para o crescimento da igreja At 5:42, 8:4,12, 13:32, 14:7, 15:35,
de todas as épocas. Lucas quis nos 16:10). Os primeiros cristãos eram
deixar um manual de missões e plan- portadores da boa notícia. Esta boa
tação de novas igrejas.9 Toda igreja nova que eles tinham para apresen-
tem de estar ciente do seu papel na tar era Jesus. A pregação não era ma-
evangelização do mundo e da ma- nipulação, nem imposição de cren-
neira como isso deve ser feito. ças: continha o que Jesus é (Senhor
e Salvador); o que ele fez (morreu e
3. O assunto do manual: Se você ressuscitou); o que ele oferece (per-
não tinha parado para pensar no pro- dão dos pecados e uma nova vida),
pósito de Atos, agora já o sabe. Lu- e o que ele exige (arrependimento e
cas escreveu sobre o progresso e o fé). Esta proclamação nunca era defi-
crescimento da igreja de sua época, nida em termos de resultado produ-
para oferecer princípios espirituais e zido, mas da mensagem anunciada.
motivadores de crescimento à igreja Não é somente a proclamação que
de todos os tempos. Diante disso, o surte efeito que deve ser considerada
principal assunto do livro de Atos não evangelização.
poderia ser outro: “proclamação”. Outra palavra usada para descre-
Se você tem alguma dúvida disso, ver a proclamação era Kerusso, mais
por favor, leia alguns dos vários tex- traduzida por “pregar” (ex.: At 8:5,
tos sobre o assunto: 1:8, 2:32, 3:15, 9:20, 10:42, 13:24, 19:13, 20:25,
4:29,31, 8:4-5,25,40, 9:20,27-28, 28:31). Significava “declarar como
10:42, 11:19, 13:32, 14:7,21,25, um arauto”. Referia-se, originalmen-
15:35, 16:6,10,17,32, 17:13,18, te, à mensagem de um rei. “Quando
18:5, 20:20,25,27, 26:23. A procla- um soberano tinha uma mensagem
aos seus súditos ele a entregava aos
9. Casimiro (2009:28). seus arautos. Estes transmitiam às
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mano11). Os primeiros cristãos eram 8:35, 10:1, 18:11) e o segredo na
ousados, destemidos. Ainda segun- obra missionária é a oração. A igreja
do Atos, a mensagem da igreja mis- de Atos é uma igreja que ora (cf. At
sionária é a pregação da palavra de 1:14, 2:42, 4:31, 6:4, 9:11, 16:16,
Deus (At 2:37,42, 6:8-10, 4:31, 5:42, 20:36). Estes são apenas alguns prin-
cípios de Atos, dentre os vários ali
contidos. Nesta série, estudaremos
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Stott (2008:307). estes, e muitos outros.
03. Após ler At 2:40, 5:42, 8:5 e o item 3, comente sobre o principal
assunto de Atos e apresente uma definição de proclamação, à luz deste.
06. Além de ler, o que mais devemos fazer, diante da leitura de Atos?
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3. Valorize os princípios do manu- conos” apenas, e nem estes precisam
al de proclamação da igreja! ser nomeados quando houver recla-
A igreja primitiva era perfeita? É mação de má distribuição de alimen-
óbvio que não! Nem estamos suge- to (At 6). Precisamos valorizar o livro
rindo isso. Não a sobrenaturalizemos de Atos pelos princípios espirituais
demais! Ela cometeu erros e acertos. normativos para as igrejas de todas
Não estamos dizendo, também, que as épocas. Se uma igreja quer estu-
todas as igrejas cristãs da atualidade dar sobre crescimento, deve começar
devem tentar repetir as mesmas expe- pelo livro inspirado por Deus, e qual-
riências da igreja primitiva. Por exem- quer livro nesta área deve ser conside-
plo: nossos líderes não precisam ser rado de categoria inferior e seus prin-
escolhidos por sorteio (At 1:24-26); cípios rejeitados, quando não tiverem
as igrejas não precisam ter “sete diá- base na revelação da palavra de Deus.
DESAFIO DA SEMANA
Acesse os
Comentários Adicionais A igreja saudável, viva, atuante e cheia do
e os Podcasts Espírito Santo cresce (At 2:42-47). Mas uma
deste capítulo em
www.portaliap.com.br igreja enferma, fria e acomodada apaga-
-se. Sabemos que quem dá o crescimento é
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o Senhor; porém, tal crescimento é É importante observar que Atos 1:8
precedido de duas ações exclusivas serve como esboço geral do livro,2
da igreja: plantar e regar (cf. 1 Co pois descreve geograficamente a
3:6). Se a igreja plantar (evangelizar) propagação do evangelho. Perceba:
e regar (discipular), o crescimen- a mensagem de Cristo é pregada em
to será natural. A “igreja que não Jerusalém e Judéia (At 1–7); depois,
evangeliza, definha-se”,1 mas aquela é proclamada na região de Samaria
que é proclamadora sempre cresce. (At 8–9), e logo a mensagem é anun-
Na presente lição, vamos conferir ciada aos não judeus e a igreja alcan-
como se deu o avanço do evangelho ça os confins da terra (At 10–28).
no primeiro século. A igreja crescia, As áreas geográficas citadas neste
mas de que maneira crescia? O que versículo e confirmadas no desenro-
é crescimento da igreja à luz do livro lar do livro são também bastante sig-
de Atos? É o que veremos a seguir: nificativas. Em resumo, representam
as missões locais ou urbanas (Jerusa-
1. A igreja crescia geografica- lém), as missões estaduais (Judéia),
mente: A igreja descrita em Atos as missões nacionais (Samaria) e as
tinha uma visão missionária muito missões internacionais (confins da
bem estabelecida: Deveria pregar o terra). A igreja primitiva obedeceu à
evangelho na cidade onde estava, ordem de Jesus e cumpriu a grande
mas, também, conquistar outros comissão (cf. Mt 28:18-20). A igreja
territórios para Cristo, indo até os local que busca entender e viver a
confins da terra. Essa visão foi dada visão de Cristo sairá “das quatro pa-
por Jesus: Mas recebereis poder, ao redes” e avançará além das frontei-
descer sobre vós o Espírito Santo, e ras para a glória de Deus. Na prática,
sereis minhas testemunhas tanto em vivemos isso, evangelizando a comu-
Jerusalém como em toda a Judéia e nidade onde estamos e envolvendo-
Samaria e até aos confins da terra -nos com missões: indo, orando ou
(At 1:8). Esse é um versículo-chave contribuindo financeiramente.
no livro, especialmente porque mos-
tra que o poder da igreja vem do Es- 2. A igreja crescia numerica-
pírito Santo, não de homens. mente: A igreja do primeiro século
É o Espírito Santo que nos impul- também crescia em números e seu
siona a sair “das quatro paredes” e aumento foi espantoso. Não havia
ir a todos os lugares (cidades, tribos, métodos, nem estratégias mirabolan-
povos e nações) onde houver al- tes. Ela crescia de forma espontânea
guém que precise ouvir o evangelho. e natural. Esse crescimento vinha de
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cavam ao ensino dos apóstolos e à co- cresce de forma autêntica e saudável,
munhão, ao partir do pão e às orações isso ocorre por meio de conversões
(NVI). De acordo que esse versículo, a sinceras. Observe o que foi escrito
primeira evidência da conversão des- sobre a igreja do primeiro século:
sas pessoas foi que elas se dedicavam Louvando a Deus e tendo a simpa-
ao ensino dos apóstolos. Essa gente tia de todo o povo. E o Senhor lhes
queria aprender e praticar a palavra acrescentava diariamente os que iam
de Deus, ou seja, o aumento numéri- sendo salvos (At 2:47 – NVI). Lucas re-
co não acontecia de qualquer maneira gistra, em Atos, que o crescimento da
ou sem critério algum. Ocorria através igreja acontecia por meio de conver-
do estudo bíblico e da pregação expo- sões e não de adesões (At 15:3).6 A
sitiva (At 17:11-12; 20:20,26,27). igreja era composta por pessoas con-
Havia duas outras provas do cres- vertidas e comprometidas com Deus.
cimento espiritual na igreja primitiva, No contexto de Atos, ser convertido
que são destacadas pelo autor de representava o rompimento total com
Atos. Em primeiro lugar, havia co- a idolatria e o paganismo (At 19:18-
munhão entre os crentes (At 2:42; 20). Significava transformação de vida,
4:32-33), e, em segundo lugar, ha- mudança de conduta. Era tornar-se
via temor no coração deles (At 2:43; discípulo e testemunha de Cristo (At
9:31; 19:17). Está escrito: A igreja, na 9:1-20). Não podemos nos enganar,
verdade, tinha paz por toda a Judéia, iludindo-nos com números astronô-
Galiléia e Samaria, edificando-se e micos que vemos em algumas igrejas
caminhando no temor do Senhor, e, evangélicas de nosso tempo. É preciso
no conforto do Espírito Santo, crescia perguntar se esse crescimento é ver-
em número (At 9:31). Esse versícu- dadeiro. Qual é a vantagem de um
lo está confirmando que, à medida grande rebanho, sem santidade, sem
que a igreja crescia espiritualmente, doutrina, sem influência e nem brilho
também aumentava numericamente. na sociedade em que vive? Precisa-
Há quem diga que teremos de optar mos pensar muito sobre essa questão.
entre quantidade e qualidade, pois Não devemos ceder à demência “da
não é impossível ter as duas. Mas isso ditadura do crescimento quantitativo
não é verdade. Atos 9:31 mostra que num custoso e vistoso detrimento do
qualidade gera quantidade. qualitativo”.7 Muitas igrejas, para ob-
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03. Com base no item 3 e em At 2:41-47, responda: O que significa
dizer que a igreja crescia espiritualmente? Quais eram os sinais de
crescimento espiritual na vida dos primeiros cristãos?
9. Lopes (2004:121).
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3. A igreja proclamadora cresce estava sempre se multiplicando. Toda
com naturalidade. igreja saudável cresce com naturalida-
A igreja é mais do que uma institui- de. Portanto, se a igreja não está cres-
ção: é um organismo vivo. É o Corpo cendo, você não deve perguntar: “O
de Cristo na terra. Como todo corpo, que fazer para ela crescer?”. O certo é
ela deve crescer. Como todo ramo li- perguntar: “O que a impede de cres-
gado à videira, ela deve florescer e dar cer?”. Talvez seja a falta de comunhão
frutos. A igreja viva, que é cheia do Es- ou simplesmente a falta proclamação.
pírito Santo e atuante no evangelismo, O papel dos líderes locais é identificar
tem o aumento de seus membros de esses obstáculos no caminho da igreja
forma natural. Esse princípio é notório e, com sabedoria espiritual, removê-
no livro de Atos. A comunidade dos -los, para que ela permaneça crescen-
primeiros cristãos não sofria de nu- do com naturalidade, como fizeram os
merolatria, nem de numerofobia, mas apóstolos, em Atos 6:1-7.
07. Por que a igreja proclamadora cresce com naturalidade? O que deve
ser feito, quando a igreja em que congregamos não está crescendo?
DESAFIO DA SEMANA
A igreja onde você congrega não tem crescido o tanto que de-
veria crescer? Se não, durante a próxima semana, reflita um pouco
sobre essa questão. Tente identificar o que a impede de ter novos
membros. Você sabia que, na maioria dos casos, é, meramente, a
falta de dedicação ao evangelismo? A igreja saudável que planta
e rega, certamente, recebe do Senhor o crescimento. Por outro
lado, a igreja que não evangeliza, definha-se. Pense nisso! Faça um
compromisso com Deus de se envolver mais na obra de evangeli-
zação. Colabore para que a sua igreja cresça geográfica, numérica,
espiritual e verdadeiramente.
INTRODUÇÃO
LEITURA DIÁRIA
Hoje, estudaremos mais uma lição, para
a glória de Deus. O assunto que trataremos
D 15/07 At 7:1-19
será “Proclamação, uma prioridade da igre-
S 16/07 At 7:20-34
T 17/07 At 7:35-43 ja”. Proclamar é a principal tarefa do povo
Q 18/07 At 7:44-60; 8:1 de Deus em relação ao mundo. Qual é a
Q 19/07 At 8:2-13 nossa base para dizermos isso? O livro de
S 20/07 At 8:14-25 Atos é quem confirma esse princípio.1 Este
S 21/07 At 8:26-40 livro apresenta-nos a evangelização como
tarefa principal da igreja do primeiro sécu-
lo e mostra que essa deve ser a atividade
mais importante da igreja atual. Reuniões,
festas, comidas, tecnologia, recursos etc.
são coisas boas, mas nada disso deve ser
prioridade para a nós, a igreja de Cristo.
Desejamos que esta lição leve o estudante
a colocar o evangelismo no topo da lista de
suas tarefas.
Acesse os
Comentários Adicionais
e os Podcasts
deste capítulo em
www.portaliap.com.br 1. Casimiro (2009: 33).
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I O PRINCÍPIO BÍBLICO EM ATOS
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pula de Jesus, multiplicadora de seu falando em línguas ou chorando nos
ensino, pescadora de homens. O Se- cultos. O princípio bíblico apresenta-
nhor da igreja nos deu essa ordem e do em Atos é que crentes batizados
obedecer-lhe é uma prioridade. no Espírito Santo ficam ainda mais
entusiasmados para evangelizar e fa-
3. O poder do Espírito Santo: lar das grandezas de Deus.
Outro motivo que temos para colo- No livro de Atos, sempre que as
car a evangelização como prioridade pessoas são cheias do Espírito Santo
é que fomos capacitados pelo Espíri- são impulsionadas a proclamar Jesus
to Santo para isso. Vale lembrar que Cristo. Vejamos o texto de Atos 4:31:
todo crente que se rende a Cristo Tendo eles orado, tremeu o lugar
recebe o Espírito Santo (1 Co 3:16). onde estavam reunidos; todos fica-
Lídia só pôde crer em Jesus porque ram cheios do Espírito Santo e, com
Deus lhe abriu a mente (At 16:14), e, intrepidez, anunciavam a palavra de
assim, quando creu no Senhor, ela re- Deus. Por assim ser, espera-se que
cebeu o Espírito Santo. De fato, todo o crente batizado no Espírito Santo
aquele que recebeu Jesus em sua vida evangelize mais, pois, para isso, rece-
é morada do Espírito de Deus. Deste beu o “poder do alto”. Quem é capa-
modo, todo cristão tem a capacidade citado por Jesus com o Espírito Santo,
de proclamar o evangelho. Não há terá a proclamação como prioridade
desculpas para não evangelizar. To- em sua vida, pois a missão do Espírito
dos podemos, pois Deus está em nós. é convencer a humanidade do seu es-
Além disso, podemos ficar ainda tado pecaminoso (Jo 16:8).
mais inflamados pela obra missio-
nária e isso acontece quando somos 4. O valor da pregação cristã:
batizados no Espírito Santo. Esse ba- A evangelização era a tarefa mais
tismo faz o nosso coração arder pelo importante dos primeiros cristãos,
evangelismo local e por missões. Veja também devido ao senso de urgên-
o exemplo de Pedro. Logo depois de cia que habitava o coração deles. Sa-
receber esse poder do alto, levantou- biam que pregação era o único meio
-se diante de uma multidão e, com de as pessoas serem salvas. Enten-
toda ousadia, declarou: Cada um diam que o objetivo de evangelizar
de vocês deve abandonar o pecado, é para abrir-lhes os olhos e convertê-
voltar-se para Deus e ser batizado no -los das trevas para a luz, e do poder
nome de Jesus Cristo para o perdão de Satanás para Deus, a fim de que
dos seus pecados (At 2:38 – BV). recebam o perdão dos pecados (At
Quem recebe essa dádiva espiritual 26:18). A pregação cristã é muito im-
tem um coração missionário. Jesus portante. Dela depende a libertação
não nos batiza apenas para ficarmos e a salvação de muitos. Em nossos
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03. Após ler At 1:8, 4:31 e o item 3 do comentário, responda:
O que o poder de Deus em nossas vidas tem a ver com a
proclamação do evangelho? Qual deve ser a atitude de quem
é batizado no Espírito Santo?
05. Leia Atos 13:1-3 e responda: Que lição aprendemos com a igreja
de Antioquia sobre priorizar a obra missionária?
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DESAFIO DA SEMANA
Acesse os
Comentários Adicionais A igreja do primeiro século viveu tempos
e os Podcasts difíceis por causa das perseguições dos judeus
deste capítulo em
www.portaliap.com.br e dos romanos e, em muitos momentos, as
dificuldades foram mais intensas. Em tempos
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de crise, quando suas forças eram in- em dois volumes, não se tinha um
suficientes, sabiam recorrer ao poder título separado. A igreja do primeiro
que não era humano. Souberam, na século o tinha como a segunda parte
prática, como o Senhor Jesus foi fiel do Evangelho de Lucas. A ocorrência
em prometer e cumprir: E eu rogarei mais antiga que se conhece com o
ao Pai, e ele vos dará outro consola- título “Atos dos Apóstolos” é próxi-
dor a fim de que esteja para sempre ma ao ano 180 depois de Cristo.2 A
convosco (Jo 14:16). Oraram para palavra grega traduzida por “Atos”
que, capacitados pelo poder do Es- é Praxeis. No mundo antigo, esta
pírito Santo, permanecessem inaba- era usada para descrever os grandes
láveis e se mantivessem obedientes feitos de um povo ou de cidades.3
à ordem do Senhor para pregar o Como o livro descreve o estabeleci-
evangelho em todo o mundo. mento da igreja e como Deus usou
os apóstolos de maneira especial
1. O livro de Atos do Espírito nessa tarefa, o título não está erra-
Santo: As palavras iniciais do livro do. Contudo, apesar de não ser in-
de Atos são: “o primeiro tratado”. coerente ou errado, será que este é
Isso porque este livro deve ser com- o título mais adequado? Os grandes
preendido em conjunto com o livro responsáveis por estes grandes feitos
anterior (Evangelho de Lucas). Neste, foram os apóstolos?
temos o que Jesus começou a fazer Parece que o escritor tem um
e a ensinar, durante o seu ministério acentuado interesse pelo apóstolo
terreno. Já no livro de Atos, temos o Pedro; porém, nada é dito sobre sua
que Jesus continuou a fazer e a en- obra após o concílio dos apóstolos
sinar por intermédio da igreja sob a (capítulo 15), nem mesmo sobre sua
capacitação do Espírito Santo. A pa- morte. Mesmo a respeito de Paulo,
lavra “começou”, em At 1:1, suge- que aparece em 16 dos 28 capítulos
re exatamente isso. O livro de Atos, do livro e cujas viagens missionárias
apesar de tratar sobre acontecimen- são relatadas, são omitidos detalhes
tos posteriores à ressurreição e à as- essenciais, e nada é dito sobre seu
censão de Jesus, continua tratando julgamento e sua morte. Existe pou-
do ministério dele, que continua, e ca informação a respeito de João e
agora Jesus é proclamado pela igreja Judas e absolutamente nada sobre
sob a capacitação do Espírito Santo.1 os demais apóstolos, exceto a citação
O título “Atos dos Apóstolos” de seus nomes (At 1:13) e a presença
não foi dado originalmente por Lu- da expressão “os apóstolos” (cf. At
cas. Como se tratava de uma obra
2. Williams (1996:26).
1. González (2011:32). 3. Carson et al (1997:203).
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deve ser feito na obra missionária ação missionária, em toda a história
sem obediência ao Espírito Santo.6 da igreja de Cristo.
Todo cristão e toda igreja deve
ter a evangelização do mundo como 3. Crentes cheios do Espírito
uma tarefa singular. O tema central Santo são proclamadores eficazes:
de Atos é evangelização e missões. Em Atos, lemos: todos ficaram cheios
Toda atividade missionária registra- do Espírito Santo e, com intrepidez,
da nesse livro é iniciada e concluída anunciavam a palavra de Deus (At
pela ação do Espírito de Cristo. Sem 4:31). O Espírito Santo capacita os que
essa ação não existe trabalho missio- creem a testemunharem com ousadia
nário cristão. A igreja prega, mas é e com eficácia sobre Jesus Cristo. O
ele quem chama eficazmente o pe- crente cheio do Espírito Santo procla-
cador para ser salvo (At 2:39); quem ma Jesus Cristo em seu viver diário. O
converte ou regenera (Jo 3:3-7); contexto, aqui, é de perseguição con-
quem vivifica (Jo 6:63; Ef 2:1); quem tra a igreja. Em oração, os discípulos
acrescenta novas pessoas à igreja afirmaram que os povos haviam se
(At 2:47). O Espírito Santo age na ajuntado contra o “santo Servo Jesus”
vida do crente em Cristo motivando- (At 4:27), possivelmente se referindo
-o e capacitando-o para a proclama- ao servo sofredor de Isaías 53.7
ção do evangelho. A oração dos discípulos não foi
O testemunho humano, por si para serem livres das tribulações,
só, não alcança a consciência das mas para receberem coragem para
pessoas e nem pode transformá-las. enfrentá-las e continuarem procla-
Quem transforma é o Espírito San- mando “com toda a intrepidez” (At
to. Somente ele tem o poder para 4:29). Cheios do Espírito Santo, isto
atestar, no interior das pessoas, as é, sob o domínio e a direção do Es-
verdades proclamadas pelos cren- pírito, eles continuaram sua marcha
tes, de maneira que possam se con- anunciando Jesus. Estes crentes de-
verter a Cristo (Jo 16:13). O sucesso monstraram valorizar a palavra de
evangelístico, na era apostólica, não Deus; afinal, como vimos anterior-
se deu por causa da inteligente es- mente, esta se encontrava em alguns
tratégia missionária elaborada pelos trechos da sua oração. Enquanto ora-
apóstolos, mas pela ação do Espíri- vam, eles a citavam. Todavia, valori-
to revelando à igreja as estratégias zavam a palavra não apenas porque
divinas, ora ordenando avançar, ora a citavam, mas porque demonstra-
impedindo de avançar (At 16:6). vam disposição de defendê-la firme-
Ele é o estrategista e o executor da mente, mesmo nas adversidades.
01. Após ler o item 1, comente com a classe por que o título
“Atos do Espírito Santo” ficaria mais apropriado para o livro de
Atos dos Apóstolos.
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03. Leia o segundo parágrafo do item 3; At 4:24-30, e comente sobre
o conteúdo da oração dos discípulos.
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DESAFIO DA SEMANA
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ênfase maior está sobre as ações de ao invés de desistirem da fé, reuniam-
Pedro; já a partir do capítulo 13, Pau- -se e erguiam suas vozes em clamo-
lo é o apóstolo mais citado). No en- res, e Deus lhes dava força. Os após-
tanto, uma ideia permanece: a igreja tolos, que eram líderes dessa igreja,
tem o dever de anunciar o evangelho entendiam que a oração deveria ser
de Jesus. Conforme já afirmamos, uma prioridade em seus ministérios,
um dos segredos para se alcançar assim como pregar o evangelho era
sucesso nessa tarefa é, justamente, outra (At 6:4). Em Atos, capítulo 12,
a oração. A igreja de Atos era uma lemos que, após a morte de Tiago e
igreja que orava. Quando a igreja a prisão de Pedro, a igreja não teve
depende de Deus, ele a responde outra reação senão colocar-se a orar:
(cf. At 1:14, 2:42, 4:31, 6:4, 9:11, Durante todo o tempo em que ele
16:16, 20:36). A seguir, vamos ob- estava na prisão, a igreja orava fervo-
servar o exemplo dos primeiros cris- rosamente a Deus (v.5). As Escrituras
tãos nesta questão, buscando fazer dizem que um anjo enviado por Deus
o mesmo em nossos dias. libertou Pedro daquela prisão (v.7).
Após estar em liberdade, o após-
1. Oração, uma marca da igreja: tolo decidiu ir para casa de Maria, a
A igreja nasceu em oração.1 Quando mãe de João Marcos, e lá encontrou
o Senhor Jesus retornou ao céu, cen- muitas pessoas que estavam congre-
to e vinte discípulos ficaram orando gadas e oravam (v.12). A igreja pri-
unânime e fervorosamente, enquan- mitiva era incansável na oração. O li-
to aguardavam o cumprimento da vro de Atos nos mostra que, algumas
promessa do Pai (At 1:12-15), que vezes, enquanto oravam, muitos iam
era o derramamento do Espírito so- sendo batizados no Espírito Santo
bre eles (At 1:8). O mover do Espírito (At 8:14-17; 19:1-7). Os crentes sa-
Santo, no dia de Pentecostes, acon- íam dos cultos inflamados pela obra
teceu após uma reunião de oração missionária, prontos a falar de Jesus.
de, aproximadamente, sete dias. A Aquela igreja orava, a terra tremia,
partir dali, aquela igreja nunca mais as portas da prisão eram abertas, o
deixou de orar. Sobre ela, Lucas es- evangelho avançava com poder e o
creveu: E perseveravam na doutrina nome de Cristo era glorificado.
dos apóstolos e na comunhão, no A comunidade cristã em Antio-
partir do pão e nas orações (At 2:42 quia, por exemplo, estava em con-
– grifo nosso). sagração, quando o Espírito Santo o
Quando as perseguições e amea- orientou na obra missionária, sepa-
ças tentavam calar aqueles cristãos, rando Barnabé e Saulo. Foi orando,
jejuando e impondo as mãos sobre
1. Lopes (2004:66). eles que ela os enviou para as mis-
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tempo e recursos. Portanto, oremos les não foi para que Deus os livrasse
pedindo a sua bênção em nossa ação das aflições, mas para que fossem
evangelística. Devemos lembrar que capacitados a pregarem com mais
a obra missionária é uma verdadeira coragem a mensagem do evangelho.
guerra contra o reino das trevas (At Que bela oração!
26:16-18; Ef 6:10-13,18), e as armas Foram duas as dádivas que eles
com as quais lutamos não podem ser pediram a Deus. Em primeiro lugar,
carnais nem humanas, mas podero- pediram coragem. Queriam enfrentar
sas em Deus para destruir fortalezas a crise e as intimidações dos persegui-
(2 Co 10:4). Uma das formas de nos dores, sem medo da morte, mas con-
capacitarmos para essa guerra é oran- fiando no Senhor. Queriam ousadia
do. Na oração, o Espírito Santo nos dá e intrepidez para falar daquele que
poder e orientação. Jamais devemos morreu na cruz, mas que ressuscitou.
trocar o poder e a orientação de Deus Em segundo lugar, pediram confir-
“por métodos, técnicas e práticas ad- mação. Queriam que o Espírito Santo
ministrativas ou de marketing”.6 Ao continuasse respaldando o trabalho
contrário, devemos orar para que o deles com curas, sinais e maravilhas.
Senhor nos conduza nessa obra. Desejavam que a “mão de Deus” con-
tinuasse com eles. Isso é evidência de
3. Oração, uma fonte de poder: que aqueles cristãos não estavam con-
Um bom exemplo da prática de ora- fiando na própria força, mas, sim, no
ção ligada à proclamação está regis- poder do alto, que os fazia testemu-
trado em Atos 4:23-31. Depois que nhas de Cristo. Nessa oração, estavam
foram soltos, Pedro e João contaram se colocando nas mãos de Deus.
aos outros apóstolos as ameaças que Depois de orarem, tremeu o lugar
sofreram do Sinédrio (At 4:23-24). em que estavam reunidos; todos
Ali, orando a Deus, os discípulos pe- ficaram cheios do Espírito Santo e
dem que ele os capacite, diante das anunciavam corajosamente a pala-
oposições e ameaças dos persegui- vra de Deus (v.31). Saíram daquela
dores do evangelho e da igreja de reunião cheios de amor pela obra
Cristo. Eles oraram dizendo: Agora, e prontos a morrer por Cristo. Essa
Senhor, (...) capacita os teus servos oração enfatiza a forma pela qual o
para anunciarem a tua palavra cora- corpo de Cristo deve ser capacitado
josamente. Estende a tua mão para e encorajado. Outro aspecto impor-
curar e realizar sinais e maravilhas tante nessa relação entre oração
por meio do nome do teu santo ser- e evangelismo é a intercessão. É o
vo Jesus (At 4:29-30). O pedido de- próprio Mestre quem incentiva a in-
tercessão pela obra missionária: A
6. Idem, p. 46. seara na verdade é grande, mas os
01. Leia o item 1 e responda: Por que podemos dizer que oração é
marca da igreja de Cristo? Leia também At 1:12-15, 2:42, 6:4, 12:5-12.
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04. Leia At 4:23-31 e comente esse episódio em que vemos a oração
como a fonte de poder da igreja. Fale também sobre a importância
da intercessão pela obra missionária (cf. Mt 9:37-38; Ef 6:19-20;
Cl 4:2-4; 1 Tm 2:1,3,4).
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07. Por que os sinais são importantes na obra missionária?
Os apóstolos oraram por eles? A igreja atual deve, também,
fazer essa oração?
DESAFIO DA SEMANA
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I O PRINCÍPIO BÍBLICO EM ATOS
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15:35). Era encorajador e compas- e pela proclamação do evangelho.4
sivo. Apoiou Paulo no começo de Apolo aparece como um eloquente
sua missão e deu nova chance a mensageiro da palavra de Deus (At
João Marcos, após este ter sido de- 18:24). Algumas mulheres também
sertor. Os cristãos que não tinham se destacaram; entre elas: Priscila (At
cargos ou consagrações igualmente 18:2,18; Rm 16:3), Lídia (At 16:14-15)
pregavam o evangelho (At 8:4). A e, indiretamente, Lóide e Eunice, avó
igreja de Antioquia, uma das mais e mãe de Timóteo, respectivamente
influentes de Atos, que foi respon- (2 Tm 1:5, 3:15). O trabalho de Lídia,
sável pelo envio de Paulo, começou Lóide e Eunice foi especial entre suas
com pessoas comuns, missionários famílias: elas conduziram seus familia-
anônimos, que não tiveram seus res ao encontro com Cristo.
nomes expostos em lugar algum
(At 11:19). Eles foram dispersos e 3. Quais as características das
levaram a sua fé para onde foram. pessoas que Deus usa? É bom que
O contexto deles era de persegui- se diga, de início, que os cristãos
ção, mas a dispersão serviu para a da igreja primitiva eram cristãos co-
proclamação em novos territórios. muns, sem títulos, troféus, diplomas
A palavra dispersão vem da palavra etc. Eles não eram perfeitos. O evan-
grega diaspeiro e dá a ideia de es- gelho “foi levado a pessoas imper-
palhar sementes. Os cristãos disper- feitas por pessoas imperfeitas”.5 A
sos foram responsáveis por plantar principal característica desses servos
a palavra de Deus em novos solos.3 de Deus era a sua vontade incontida
Novos evangelistas acompanharam de anunciar aquele que os havia res-
Paulo e Barnabé em suas viagens mis- gatado. Além desta, podemos alistas
sionárias; foram eles: Judas Barsabás, outras: Eles tinham consciência da
Silas (At 15:22,32), João Marcos (At sua missão (At 4:19-21). A propa-
12:25) e Timóteo (At 16:2-3). Silas foi gação do nome do Senhor Jesus se
cooperador de Paulo nas viagens e deu pelo trabalho individual de cada
chegou a sofrer com este. Timóteo foi um dos que criam em sua morte e
o mais proeminente, sendo citado vá- sua ressurreição. Cada cristão sentia-
rias vezes nas cartas paulinas (1 Ts 3:2). -se responsável por comunicar ao
Era de família mista, com mãe judia e mundo o sacrifício de Jesus. A igreja
pai grego. Mesmo jovem, tornou-se compreendia, como vimos no item
líder da igreja primitiva. Tinha interes- anterior, que a missão era do corpo
se genuíno pelo bem-estar dos irmãos e não de pessoas qualificadas. Sendo
4. Gardner (2007:640).
3. Idem. 5. Bickel & Jantz (2002:293).
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01. Leia o item 1, os textos nele citados e discorra acerca da
identificação do homem salvo com o pecador e do amor ao próximo.
03. Leia o item 3 e comente com a classe acerca das três primeiras
características das pessoas que Deus usa.
04. Leia o item 3 e comente com a classe acerca das três últimas
características das pessoas que Deus usa.
06. Seus amigos ou familiares não crentes sabem que você é cristão?
Você costuma pregar o evangelho a eles com palavras e com sua vida?
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3. Pregue o evangelho! O mundo rente ou vai se dispor para ser ins-
precisa e Deus conta com você. trumento de salvação? Não se sin-
Certamente, você lê jornal ou ta incapaz ou inseguro. Deus usou
ouve as notícias na televisão, e não pessoas improváveis, e pode fazer
há como permanecer indiferente ao de você um proclamador. Bounds7,
número de desgraças decorrentes com razão, afirmou: “O Espírito
do pecado. Isso acontece porque a Santo não se derrama através de
maior parte da população mundial métodos, mas por meio dos ho-
não conhece aquele que pode salvá- mens. Não vem sobre maquinarias,
-la da escravidão do pecado. Deus mas sobre homens. Não unge pla-
quer usar você para livrar as pessoas nos, mas homens”. Deus conta com
da condenação eterna. Ele pode usar você! Prontifique-se!
qualquer pessoa na proclamação,
mas é preciso que estejam dispo-
níveis. Você vai permanecer indife- 7. Apud Casimiro (2009:47).
07. Analise sua vida e responda: Você tem sido mais indiferente ou
mais disposto em relação à proclamação?
DESAFIO DA SEMANA
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palavra de Deus e a semeadura é a mundo todo e preguem o evange-
pregação da palavra. Embora a tarefa lho a todas as pessoas. Quem crer
do semeador seja bastante simples, e for batizado será salvo, mas quem
é importantíssima!1 Sem semeadura, não crer será condenado (Mc 16:15-
não há colheita, ou seja, sem prega- 16 – grifo nosso). Isso significa que,
ção, não há conversão. Sem a comu- se queremos que alguém seja salvo,
nicação da mensagem, não há enten- devemos proclamar a mensagem de
dimento. No livro de Atos, este prin- salvação a ele.
cípio bíblico é ainda mais forte. Claro É por isso que, na igreja primitiva,
que podemos pregar, de certa forma, a pregação era prioridade. Os primei-
sem palavras, através de nossas ati- ros cristãos enxergavam a necessida-
tudes. Contudo, é indispensável pre- de e a urgência de lançar a semen-
gar com as palavras, seja falando de te. O livro de Atos demonstra isso,
perto ou escrevendo a alguém por pela incessante ação dos apóstolos
meios eletrônicos, ou, ainda, usan- e dos demais discípulos no anúncio
do a língua de sinais, no caso de co- do evangelho. Eles entendiam que
municação com ou entre surdos. De não há salvação em nenhum outro,
qualquer forma, é indispensável que pois, debaixo do céu não há nenhum
aconteça a comunicação. outro nome dado aos homens pelo
qual devamos ser salvos (At 4:12 –
1. A necessidade da prega- NVI). Sabiam que, para uma pessoa
ção: Sem dúvida, “a pregação é o ser salva, precisava crer e confessar
meio prescrito por Deus para salvar, Jesus Cristo como Senhor e Salvador
santificar, encorajar e fortalecer a de sua vida (Rm 10:9). Todavia, isso
igreja”.2 Além disso, de acordo com jamais aconteceria sem que essa pes-
a Bíblia, a pregação da palavra é a soa ouvisse ou tivesse acesso à men-
maneira escolhida e determinada sagem da cruz (Rm 10:14).
por Deus para produzir a fé no cora- Na concepção de Paulo, pregar é
ção do incrédulo (At 2:37, 4:31, 6:4, algo muito sério. Ele evangelizava os
8:35, 10:42). Sobre isso, Paulo disse: gentios com o objetivo de abrir-lhes
E, assim, a fé vem pela pregação, e os olhos e convertê-los das trevas
a pregação, pela palavra de Cristo para a luz, e do poder de Satanás
(Rm 10:17). Não devemos inventar, para Deus, a fim de que recebam o
nem colocar nada no lugar da pre- perdão dos pecados e herança entre
gação, porque foi o próprio Senhor os que são santificados pela fé (At
Jesus quem nos ordenou: Vão pelo 26:18). Preste atenção nisto: Todo
esse processo que acontece no mun-
1. Lockyer (2001:196). do espiritual, descrito neste versícu-
2. Casimiro (2009:67). lo, começa com o simples ato de um
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para obtermos sucesso no evange- Quando Pedro pregou o evangelho,
lismo. Também não precisamos usar em Atos 2, a reação foi que os ouvin-
práticas de mercado, métodos em- tes ficaram compungidos (At 2:37a).
presariais, nem técnica de marketing A palavra “compungido”, que, no
para atrair os pecadores. grego bíblico, é katanusso, significa
Se quer ver a igreja crescer, você ser picado ou atormentado na mente
só precisa de uma coisa: pregar o de forma profunda, ser agitado inten-
evangelho, que é o poder de Deus. samente em seu interior.6 Os ouvin-
Ele é suficiente para transformar as tes não puderam ficar inertes, diante
vidas e promover o crescimento do do que ouviam. Foram impactados
povo santo. É bom que se diga que com o evangelho de Cristo, a ponto
o evangelho não é somente para os de perguntarem aos apóstolos: Que
não crentes. Todos nós precisamos! faremos? (At 2:37b). Pedro, então,
Jesus é o tema da Bíblia e deve ser o mostrou-lhes que deveriam arrepen-
assunto principal das pregações nos der-se e ser batizados (At 2:38). Lu-
púlpitos.4 Para que não esqueçamos cas narra que foram batizados os que
isso, carecemos ser “evangelizados” de boa vontade receberam a palavra.
constantemente. A comunidade dos E naquele dia agregaram-se quase
crentes precisa ser encharcada pela três mil almas (At 2:41).
palavra. Pastores, pregadores e pre- A pregação do evangelho tem este
gadoras, por favor, preguem sermões poder de transformação. Mas é fun-
cristocêntricos! Façam pregações ex- damental dizer que, embora sejamos
positivas da Bíblia! Expliquem a Es- nós que levamos a semente e a rega-
crituras ao povo! Não proclame suas mos, é somente Deus quem dá o cres-
próprias ideias! Pregue o evangelho! cimento (1 Co 3:6). Em Atos, vemos
Como dizia Stott: “Evangelização sempre Deus agindo para aumentar
é o anúncio das boas novas, inde- o número de seus seguidores. Veja-
pendente dos resultados”.5 Apenas mos alguns exemplos: ... acrescen-
pregue o fiel conteúdo da palavra e tava-lhes o Senhor, dia a dia, os que
deixe os resultados com Deus. iam sendo salvos (At 2:47b). Com a
divulgação de sua palavra, o resulta-
3. O resultado da pregação: do não poderia ser outro: ... crescia a
Quando a mensagem da cruz passa palavra de Deus, e, em Jerusalém, se
a ser o centro da nossa proclamação, multiplicava o número dos discípulos
damos um passo decisivo para ser- (At 6:7). Com a divulgação da mensa-
mos uma igreja vibrante e crescente. gem, cujo conteúdo era Jesus Cristo,
02. Com base no item 1 e em At 2:37, 4:31, 6:4, 8:35, 10:42; Rm 10:9-
14,17, responda: Qual é a maneira escolhida e determinada por Deus
para produzir a fé no coração do incrédulo?
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03. Após ler o item 2 e At 2:22-24, 3:19-20, 17:18, 20:26-27, responda:
Qual era o conteúdo da pregação da igreja primitiva? Por que não
devemos nos descuidar do conteúdo de nossa pregação?
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dável é pela exposição do evange- e ele faz o restante. O trabalho de
lho puro e simples, nos templos, nas convencer e de salvar não é nosso,
casas e nas ruas (At 5:42). Esse ato mas de Deus. Sendo assim, lance
produz frutos, porque não estamos a semente e confie. Quem a fará
sozinhos nessa obra: o Espírito San- crescer é Deus, não nossos métodos
to é nosso parceiro. Nós semeamos (1 Co 2:4-5, 3:6).
DESAFIO DA SEMANA
INTRODUÇÃO
Quais as motivações para a evangelização?
LEITURA DIÁRIA
Muitos equívocos podem ser cometidos,
D 19/08 At 17:1-9 quando não evangelizamos pelas motivações
S 20/08 At 17:10-15
ou razões corretas. Podemos, por exemplo,
T 21/08 At 17:16-31
Q 22/08 At 17:32-34
anunciar o evangelho a alguém simplesmen-
Q 23/08 At 18:1-11 te porque isso faz parte da agenda de ativi-
S 24/08 At 18:12-17 dades da igreja; porque o pastor constante-
S 25/08 At 18:18-23 mente está nos pedindo; porque queremos
ficar ricos; porque queremos obter fama ou
até mesmo apresentar relatórios com núme-
ros colossais; porque queremos ostentar um
título de “bons cristãos”; porque, se não fi-
zermos isso, temos medo de sermos “casti-
gados” por Deus etc.
Essas questões são sérias! Podemos estar
evangelizando sem nunca termos entendido
realmente a razão disso. Diante desse qua-
dro, gostaríamos de convidá-lo a considerar, a
Acesse os
Comentários Adicionais partir de um exame no livro de Atos, algumas
e os Podcasts possíveis respostas à pergunta: “Quais as mo-
deste capítulo em
www.portaliap.com.br tivações para a proclamação?”.
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I O PRINCÍPIO BÍBLICO EM ATOS
Os cristãos do primeiro século, li- mens, nem mesmo a vida eterna, mas
teralmente, arriscavam a vida pela a glorificação de Deus. Em outras pa-
obra do Senhor Jesus Cristo. Em Atos lavras, quando saímos para evangeli-
15:26, o verbo “arriscar” (gr. para- zar, nossa maior motivação não é a
dedokosi), diz respeito à completa popular “paixão pelas almas”, mas o
dedicação a uma tarefa, o que, no nosso amor por Deus e nossa preocu-
contexto da obra de Cristo, nos dias pação em glorificá-lo; afinal, o amor
da igreja primitiva, envolvia perigos aos perdidos falhará, no caso daque-
físicos.1 O que motivava os irmãos do les a quem não conseguimos amar;
primeiro século a pregar o evangelho, por isso, o amor a Deus é o principal
a ponto de morrerem por essa causa? motivo para a evangelização.2
Os opositores dos primeiros cristãos, Quando lemos Atos, percebemos
mesmo não concordando com sua esse princípio de maneira muito clara.
mensagem, admiraram-se da cora- A motivação dos proclamadores sem-
gem que os discípulos tinham e reco- pre é Deus, sempre é sua vontade,
nheceram que eles haviam convivido sempre é agradar-lhe. Os apóstolos
com Jesus (At 4:13). O amor deles era sabiam que Deus fez a raça humana
notório! Neste estudo, vamos tentar para que esta o buscasse (At 17:26-
encontrar, à luz de Atos, as motiva- 27). A vontade do Senhor sempre era
ções por detrás de todo esse ardor mais importante (At 21:14). O amor
pela obra do Senhor Jesus Cristo. que os primeiros cristãos sentiam por
Cristo pode ser percebido na leitura
1. A glória de Deus: O homem das palavras de Atos. Eles amavam
existe para glorificar a Deus. Glorifi- ardentemente Jesus (cf. At 3:6,14,16,
cá-lo é o objetivo supremo da nossa 4:10-12, 27-31, 8:5, 15:26, 21:13).
criação. Em Isaías 43:7, ao se referir à Foi esse amor que os colocou em
criação do ser humano, Deus diz que missão, que os moveu a saírem pelos
o criou para a sua glória. O grande quatro cantos proclamando. As ativi-
mandamento é: Amarás o Senhor teu dades dos missionários faziam com
Deus (Mt 22:37). O grande alvo de que o nome do Senhor fosse glorifi-
todo salvo é fazer tudo para a glória cado (cf. At 2:47, 3:8-9, 4:21, 11:18,
de Deus (1 Co 10:31). Desta forma, o 21:20). Quando evangelizamos, con-
objetivo final e mais elevado da pro- tamos a todo o mundo o que Deus
clamação não é o bem-estar dos ho- fez para nos salvar. Sempre que suas
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los saíram para proclamar. Quando inauguração desse reino (Mt 12:28).
escolheram o substituto de Judas, As parábolas são promessas e descri-
procuravam alguém para se tornar, ções desse reino; os milagres são si-
com eles, testemunha da ressurreição nais desse reino. Segundo Jesus, esse
de Cristo (At 1:22). Quando Pedro reino não pode ser localizado em um
pregou para um auditório interna- mapa. Não é exclusivamente de Israel
cional, no dia do Pentecostes, disse: (At 1:6). É interno, recebido no cora-
Foi a este Jesus que Deus ressuscitou; ção por aqueles que aceitam o domí-
e todos somos testemunhas disso nio de Jesus. Seus cidadãos se delei-
(At 2:32). Por todos os lugares, com tam em fazer a vontade de Deus na
grande poder os apóstolos davam terra como é feita no céu (Mt 6:10). O
testemunho da ressurreição (At 4:33, livro de Atos conta-nos que Jesus gas-
3:15, 5:30-32, 10:39-40, 13:30). A tou seus últimos dias na terra, como
realidade da ressurreição estava nos homem, falando com seus discípulos
discursos de Paulo, e também o im- sobre o reino de Deus (At 1:3).
pulsionava à pregação (At 17:3, 18, Esse livro conta-nos como o Es-
31). A propósito, Paulo foi preso e, pírito Santo tornou possível a vida
posteriormente, levado a Roma, por para os “cristãos como cidadãos
dizer acreditar na ressurreição dos deste outro reino mesmo em meio
mortos (At 23:6, 24:1, 26:8,23). Uma aos reinos deste mundo”.6 A antiga
das bases dessa crença do apóstolo ordem continua, mas os que ouvi-
era a própria realidade da ressurrei- ram o evangelho do reino e o aceita-
ção de Cristo (1 Co 15:13). Ele valo- ram organizam sua vida e seus atos,
rizava tanto a ressurreição que chega “mesmo enquanto vivem na antiga
a dizer que, se Cristo não ressuscitou, ordem, de tal maneira que testemu-
então nossa pregação é inútil (1 Co nhem da nova ordem para qual es-
15:14). Nosso Senhor está vivo! Pro- tamos nos preparando e da qual, de
clamemo-lo por todos os cantos. alguma maneira, já desfrutamos”.7
Essa nova realidade impulsionava
4. O reino de Deus: A realidade os discípulos à proclamação (cf. At
do reino de Deus também é uma 2:30, 8:12, 13:22-23, 14:22, 28:23).
motivação para a proclamação no Os discípulos saíram proclamando
livro de Atos. A principal mensagem haver outro rei (At 17:7), com valores
de Jesus nos evangelhos foi o reino diferentes dos que eram ensinados
de Deus. Ele começou seu ministé- por Roma (At 16:21). No último ver-
rio falando do reino (Mc 1:15). Disse sículo de Atos, temos Paulo pregan-
que havia sido enviado para anunciar
o evangelho do reino (Lc 4:43); afir- 6. González (2011:38).
mou que sua própria chegada era a 7. Idem.
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da maior preocupação de quem evan- Paulo afirmou que foi chamado para
geliza estar centrada em Deus, o amor abrir os olhos dos gentios, a fim de
pelos perdidos e a preocupação com o que se convertam das trevas para a
seu bem-estar também são importan- luz, e do poder de Satanás para Deus,
tes. O segundo grande mandamento para que recebam o perdão dos peca-
é: Ama o teu próximo como a ti mes- dos e herança entre os que são santi-
mo (Mt 22:39). Que demonstração de ficados pela fé (At 26:18). Na própria
amor maior podemos dar a uma pes- descrição do chamado de Deus, há
soa do que lhe apresentar o plano de uma preocupação com os que não
salvação de Deus? A motivação para foram alcançados e estão morrendo
“evangelizar deveria brotar esponta- sem Cristo. O desejo incontido de
neamente em nós na medida em que Paulo de ir a Jerusalém pregar a pala-
reconhecemos as necessidades que vra para seus compatriotas mais uma
nosso próximo tem de Deus”.10 vez, mesmo sabendo que tribulações
No livro de Atos, mesmo que apa- e prisões o esperavam (At 20:23),
reça como motivo secundário, por- mostra sua preocupação com eles.
que é sempre derivada do desejo de Em Romanos 9:1-3, ele abre o seu
querer agradar a Deus, ainda sim a coração e mostra o quanto ama seus
preocupação com o perdido é uma irmãos e o quanto sofre por não os
razão para a proclamação. Falando ver servindo a Cristo. Que essa preo-
para o rei Agripa sobre sua missão, cupação em ver as pessoas próximas
de nós serem salvas nos incomode e
10. Packer (2002:69). nos impulsione à proclamação.
02. Após ler At 2:32, 4:20,33, 5:29, 10:42; os itens 2 e 3, fale sobre os
dois motivos para a proclamação presentes nestes textos.
04. Após ler At 5:40-42, 20:23, 26:18; os itens 5 e 6, fale sobre dois
outros fatores que motivavam a proclamação em Atos.
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2. Proclame! Você estará ampa- que saiam dos domínios de Sata-
rando o seu próximo! nás, comecem a viver como cida-
Tudo de bom que nós pudermos dãs do reino dos céus; restaurem
dar às pessoas não se compara a sua comunhão com Deus, com
com o que Deus lhes oferece: uma os outros, com a criação e consi-
nova vida, cheia de significado. go mesmas; voltem-se para Jesus;
Por isso, nós, que já o conhecemos estejam dispostas a serem discípu-
e vivemos essa vida, não temos las dele; tenham a vida totalmente
nada melhor do que o evangelho transformada. Não existe demons-
para lhes oferecer. Jesus é o nos- tração de amor maior para o seu
so maior tesouro. Com palavras e próximo do que lhes apresentar
ações, devemos proclamar, para esse caminho. Faça isso!
DESAFIO DA SEMANA
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9
O papel da
igreja local na
proclamação
1º DE SETEMBRO DE 2012 Hinos sugeridos – BJ 303 • BJ 272
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que eram integradas à comunida- No relato de Lucas, há, pelo me-
de cristã, tão logo discipuladas, já nos, dois princípios a serem segui-
testemunhavam de Cristo em suas dos pela igreja local no envio de
vidas, ensinando outras pessoas. Os missionários para atuarem nessas
crentes de hoje também precisam esferas. Em primeiro lugar, o envio
ser treinados. Devem ser levados deve ser acompanhado pela igreja.
“para as ruas, para as esquinas, Ao fim de cada viagem missionária,
para as praças e condomínios, nos Paulo regressava à sua igreja local,
quais poderão falar abertamente de em Antioquia, para contar as suas
Jesus, compartilhar sua fé e evange- experiências (At 14:27). Os irmãos
lizar o que está perdido”.3 No exem- de Antioquia se interessavam e se
plo de Antioquia, é importante res- envolviam no trabalho do apóstolo.
saltar a ação da liderança, não dan- A lição aprendida é que as igrejas
do apenas instruções, mas também locais devem acompanhar o envio
exemplo. Uma igreja cujos líderes dos missionários; estabelecer vín-
são evangelistas, tende a ser, natu- culos; envolver-se com eles; ouvir
ralmente, uma igreja evangelista. suas experiências e testemunhos;
orar por eles e por suas famílias;
2. A igreja local envia os mis- escrever-lhes, e encorajá-los em
sionários: No livro de Atos, a igreja meio às dificuldades.
local além de treinar os evangelistas, Em segundo lugar, o envio deve
deveriam também enviar os missio- ser sustentado pela igreja. Temos o
nários. Foi, por exemplo, a igreja exemplo, da igreja em Filipos, que
em Jerusalém, sob a supervisão dos financiou o ministério de Paulo (Fp
apóstolos, que enviou o missionário 4:15). A falta de dinheiro e recur-
Barnabé para organizar a igreja em sos financeiros não justifica a negli-
Antioquia, e foi a igreja em Antio- gência por parte das igrejas locais
quia que, submissa à igreja em Je- no cumprimento do mandamento
rusalém, enviou o missionário Paulo de enviar missionários para pro-
para suas três viagens missionárias clamar o evangelho. Cada cristão
(At 13:1-14). De acordo com o prin- precisa envolver-se constantemen-
cípio estabelecido em Atos 1:8, a te no sustento da obra evangeliza-
igreja local deve envolver-se ou de- dora. A igreja local deve levantar
senvolver as missões nas esferas local ofertas para missionários no exte-
(na cidade), regional (no estado), na- rior, mas também deve financiar
cional (em outros estados no país) e os trabalhos evangelísticos locais.
transcultural (em outras nações). É importante que lembrarmos que,
no contexto promessista, por uma
3. Lidório (2007:87). questão legal e de organização, te-
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que fica para nós é que a melhor ma- recebido pelos irmãos que congrega-
neira de proclamar o reino de Deus vam em Jerusalém (At 9:26-27). Se
por todos os lugares é plantando não fosse Barnabé, talvez ele nunca
novas igrejas e que as igrejas locais viesse a ser o grande missionário e
já estruturadas devem sentir-se res- teólogo que foi. Barnabé o acolheu
ponsabilizadas por essa nobre tarefa. e o integrou à comunidade cristã.
Que exemplo! Do mesmo modo, a
4. A igreja local acolhe os con- igreja deve ter maturidade para aco-
vertidos: Além de treinar os evan- lher as pessoas, independentemente
gelistas, enviar os missionários e do passado destas. Igrejas desprepa-
plantar novas igrejas, a igreja local radas expulsam o novo convertido,
ainda tem outra função: receber os ao invés de o acolherem.
novos convertidos. De nada valerá O segundo elemento que a igre-
evangelizar pessoas, se não estiver ja deve possuir para acolher o novo
preparada para acolhê-las. Para isso, convertido é o amor. Somente uma
ela precisa possuir pelo menos dois igreja que ama os perdidos é capaz
elementos. O primeiro elemento é a de acolher, sem preconceito e com
maturidade. É preciso muita matu- tolerância, o ex-presidiário, a prosti-
ridade para acolher os de fora com tuta, o homossexual, o dependente
paciência e tolerância, sabendo que químico, o fumante, o alcoólatra etc.
quem os transformará é o Espírito de Crendo que eles são alvos do amor
Cristo, por meio da palavra ensina- do Pai e que é o Espírito Santo quem
da, não por pressão da congregação. os transformará. Muitos cristãos são
Uma igreja imatura pode arruinar incapazes de tal ato: recriminam os
todo o trabalho evangelístico. A co- novos convertidos; constrangem os
munidade de Jerusalém quase per- visitantes; julgam os de fora. To-
deu o maior missionário de todos os davia, uma igreja acolhedora terá
tempos por preconceito. Por causa maturidade e amor o bastante para
do seu passado, o apóstolo Paulo, receber e integrar os novos converti-
quando se converteu, não foi bem dos com amabilidade e simpatia.
7. Lidório (2007:52)
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05. As igrejas locais, em nossos dias, se envolvem ativamente com
a obra missionária? A igreja em que você congrega ora por um
missionário e contribui financeiramente com seu ministério?
DESAFIO DA SEMANA
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10
A igreja
proclamadora
enfrenta aflições
8 DE SETEMBRO DE 2012 Hinos sugeridos – BJ 200 • BJ 223
Acesse os
I O PRINCÍPIO BÍBLICO EM ATOS
Comentários Adicionais
e os Podcasts Há uma mensagem para todos nós, discí-
deste capítulo em
www.portaliap.com.br pulos-missionários de Jesus, sobre a proclama-
ção: “Perseguição: prepare-se para ela; resista
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longos períodos de “paz”, de “con- estrutura emocional da igreja de Cris-
forto” que temos tido ante o mundo. to foi profundamente afetada.
Deus se alegra em abençoar a sua Na verdade, a igreja de Jesus em
igreja, mas não quer que ela se pren- Jerusalém não esperava passar por
da a esse favor a ponto de tornar-se experiências tão avassaladoras. Como
leniente quanto à sua missão de pre- disse Jesus, o ladrão nunca avisa
gar a palavra. Se precisar, ele usará as quando virá (Lc 12:39). Como salvos
circunstâncias adversas e reais da vida, em Cristo, acostumamo-nos a esperar
como o sofrimento físico, para nos ti- sempre o melhor. Jamais contamos
rar da passividade religiosa e nos levar com uma doença física letal, com
à ação proclamadora de seu poderoso uma forte doença emocional. Sequer
evangelho e do testemunho de nosso passa por nosso coração que tais
Senhor e Salvador Jesus Cristo. Tão acontecimentos possam contribuir
real é esta possibilidade que podemos para o cumprimento dos propósitos
experimentá-la a qualquer momento, de Deus, sobretudo, para salvar peca-
em nosso próprio corpo. Se isso vier a dores perdidos. Nossa lógica humana
nos ocorrer, teremos a grande opor- nos impede de ver as multiformas de
tunidade de comprovar que, em meio Deus agir. Nossa mente moderna es-
às perseguições físicas, Deus está pre- tranha a capacidade divina de usar as
sente com seu povo, como prometido. nossas mazelas existenciais para mos-
trar aos incrédulos que ele é Salvador.
2. As aflições emocionais: Em Em Atos 8, porém, o que se vê é a
seguida, Lucas garante que homens igreja de Jesus atacada no corpo e na
piedosos fizeram grande pranto so- alma; porém, a reação dela é impres-
bre Estêvão (v.2). Aqui, o termo gre- sionante. Para quem não esperava ta-
go usado para pranto é kopeton, que manha adversidade, é surpreendente
pode ser traduzido literalmente como perceber que, no ataque fatal a seu
“bater no peito” e indica o sofrimen- pastor Estêvão quanto e a seus mem-
to emocional, a dor da alma, o choro bros, a igreja não murmurou contra Je-
dolorido do coração. A igreja que era sus, nem perdeu a fé nele. Poderia tê-lo
fisicamente assolada com espanca- deixado; afinal, onde estava Cristo, no
mentos, fugas, prisões e martírios, momento em que ela mais precisou?
agora demonstra todo o impacto Não, aqueles incríveis irmãos, expulsos
emocional da perseguição impiedo- de suas casas, seguiram rumo a Judéia
sa. Ao verem o seu corajoso pastor e Samaria, a cumprir o mandado de Je-
morto, choraram um grande choro. sus (At 1:8). Podem ter falhado em não
Extravazaram o medo, a insegurança, proclamarem a palavra em tempo de
a saudade. Expuseram a alma abati- paz, é verdade; todavia, não deixaram
da, em movimento descendente. A de fazê-lo em tempos adversos.
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ela ficou sem pastor, sem um ho- Espírito Santo à igreja de Jesus.
mem cheio do Espírito Santo? Não! Nos momentos mais duros e difí-
Foi-se um grande homem? Deus le- ceis da igreja, Deus a fará irromper
vantou outro: Filipe, também cheio cheia do poder do Espírito Santo
do Espírito Santo, que, descendo e a fará proclamar Cristo Jesus
à cidade de Samaria, anunciava- ao mundo, e tudo isso produzirá
-lhes a Cristo (v. 5). Glória a Deus! grande alegria aos pecadores que
Jamais faltarão pastores cheios do serão salvos (v.8).
1. Proclame Cristo, ainda que sob Ele intervém, e logo a igreja enten-
ataque físico. de que por muitas tribulações nos é
As terríveis aflições da igreja de necessário entrar no reino de Deus
Atos não deveriam nos surpreender, (At 14:22). Seu corpo está enfermo?
afinal o sofrimento está presente na Está você sofrendo alguma violência
igreja de hoje. A violência doméstica física? Confie em Deus! Ele vai agir
machuca a família, o desastre ceifa a (Sl 37:3-7, 12-15). Todavia, não fe-
pessoa amada, a bactéria mata ines- che a sua boca. Proclame que Jesus
peradamente, a enfermidade não Cristo morreu para salvar os pecado-
abandona o corpo. É o ataque físico! res. Você experimentará um dos me-
Todavia, Deus está entre o seu povo! lhores momentos da sua vida.
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3. Proclame Cristo, ainda que sob (1:2). Incrível! Será que os embates
ataque espiritual. físicos e emocionais não têm abalado
A combinação de ataque físico e a sua confiança em Deus, esfriado a
emocional visa sempre desestabilizar sua oração e a sua pregação? Você
a fé. A fé dos cristãos primitivos foi se afastou da igreja? Atenção: as afli-
provada e aprovada. Um daqueles ir- ções visam provar a sua fé! O salvo
mãos, Tiago, declara: Bem-aventura- não recua (Hb 10:38), mas avança na
do o homem que suporta a provação; pregação (At 8:4), sobretudo, quan-
porque, depois de aprovado, receberá do a sua fé está sob forte ataque (At
a coroa da vida (1:12). Declara, tam- 5:17-32). Adiante, irmão! O Espírito
bém, ter alegria em sofrer por Cristo Santo fala pela sua boca (Mc 13:11).
DESAFIO DA SEMANA
INTRODUÇÃO
LEITURA DIÁRIA Dinheiro é bênção ou maldição? Pode ser
D 09/09 At 23:1-11 uma coisa ou a outra, dependendo da situa-
S 10/09 At 23:12-25 ção. Se utilizado indevidamente, ele pode se
T 11/09 At 23:26-35
tornar um veículo de perdição para quem o
Q 12/09 At 24:1-9
possui (At 8:20). Alguém já disse: “O dinhei-
Q 13/09 At 24:10-21
S 14/09 At 24:22-27 ro é um bom servo, mas um péssimo patrão.
S 15/09 At 25:1-12 Quando o dinheiro está sob nosso controle,
ele é uma bênção; quando nos controla, é
uma maldição”.1 Sobre isso, Paulo escreveu:
Porque o amor do dinheiro é raiz de todos
os males; e alguns, nessa cobiça, se desvia-
ram da fé e a si mesmos se atormentaram
com muitas dores (1 Tm 6:10). O dinheiro,
contudo, se usado de maneira adequada,
é útil e promove o avanço da pregação do
evangelho no mundo.
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e os Podcasts
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1. Lopes (2009:33).
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I O PRINCÍPIO BÍBLICO EM ATOS
Na Bíblia, Deus sempre supriu fi- Desse modo, tanto o rico quanto
nanceiramente a obra missionária. o pobre contribuíam para a pregação
O ministério de Jesus, por exemplo, do evangelho. Ninguém podia argu-
foi patrocinado por Joana, Suzana e mentar que não ofertava porque era
outras mulheres (Lc 8:3). Isso, con- muito pobre ou porque era muito
tudo, não é coisa somente do Novo, rico. Mas também ninguém era obri-
mas também, do Antigo Testamen- gado a dar o que não podia. Os cris-
to (2 Cr 31:4; Ne 7:70). No livro de tãos de hoje precisam atentar para
Atos, a contribuição financeira para este ensinamento. Ajudar a obra de
a obra de Deus é um princípio ni- Cristo com os recursos financeiros
tidamente enfatizado. O texto bá- é necessário, mas isso não pode ser
sico deste estudo não deixa dúvida feito de qualquer modo. Há os que
quanto a isso. Desse modo, enten- ofertam mais do que podem e depois
demos que dinheiro não é empeci- prejudicam o próprio orçamento. Há
lho na prática da proclamação. Com também os que ofertam menos do
base na palavra de Deus, vamos es- que podem, sem dar prioridade ao
tudar, a partir de agora, alguns as- que é, de fato, importante: a expan-
pectos relacionados à nossa contri- são do reino de Deus na terra. Am-
buição para a obra missionária: bos os extremos são perigosos.
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aos pés dos apóstolos (At 4:37). Que ofertar. Exemplo disso é o caso de
atitude exemplar!4 Ele não se mostrou Ananias e Safira. O Espírito Santo os
refém do dinheiro; antes, demonstrou julgou severamente, porque inten-
desapego aos bens materiais e amor cionaram o mal ao ofertar (At 5:1-6).
para com a obra de Cristo. Obviamente, eles não pecaram por
É necessário economizar dinheiro terem retido parte do dinheiro, mas
em muitas coisas, mas não em mis- por terem afirmado que estavam
sões. Não se deve poupar recursos ofertando tudo. Eles provavelmente
para a salvação de vidas, para a pro- mentiram para que a sua oferta pa-
moção do reino de Deus. Além disso, recesse superior à de Barnabé.5
precisamos entender que os recursos Assim, pecamos quando não
financeiros que possuímos, perten- ofertamos o nosso dinheiro com a
cem a Deus e que apenas os adminis- motivação correta. Há aqueles que
tramos (Sl 24:1; Ag 2:8; 1 Co 10:26). ofertam uma quantia alta só para
Infelizmente, há aqueles que, mesqui- aparecer; outros, para justificar a
nhamente, hesitam em ofertar para a própria inércia, como se, pelo fato
causa do Mestre. Querem a benção de ofertarem, não precisassem fazer
de Deus, mas “fecham a mão” para mais nada no evangelismo; outros, à
ele. Estes têm dinheiro para muitas semelhança de Simão, querem fazer
coisas, mas não para colaborar com do evangelho um negócio de com-
causa do Mestre. Isso é, no mínimo, pra e venda (At 8:18-19). O ato de
vergonhoso. Cadê os “Barnabés” de ofertar é uma prática espiritual; logo,
nosso tempo? Onde estão os cristãos deve ser praticado com motivações
generosos? Reflitamos a respeito. espirituais. Devemos fazê-lo não com
o intuito de receber algo de Deus,
5. A motivação: Há algo no ato mas de agradecer-lhe, com alegria.
de contribuir que precisamos con- O ato de contribuir para a proclama-
siderar: a verdadeira intenção de ção deve ser considerado pelo cristão
quem oferta. A igreja primitiva con- como um privilégio imerecido.
tribuía com boas intenções (At 2:45;
Rm 15:26). Isso é importante saber 6. O propósito: Após tratarmos
porque Lucas registra que, do mes- sobre a quantia, os obstáculos, a
mo modo que o Senhor da igreja provisão, a generosidade e a motiva-
avaliou os ofertantes no templo de ção na contribuição, discorreremos
Jerusalém, aprovando a doação da sobre o propósito da mesma. Assim,
viúva pobre (Lc 21.1-4), o Espírito é oportuna a pergunta: Para que era
Santo avalia as nossas motivações ao utilizado o dinheiro arrecadado nas
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04. Leia At 2:45, 4:35, 13:1-4; Rm 15:26; Fp 1:5; o item 6, e responda:
Com que motivação devemos contribuir? Para que era utilizado o
dinheiro arrecadado nas contribuições?
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DESAFIO DA SEMANA
Acesse os
Comentários Adicionais A proclamação é importante. Aliás, é essen-
e os Podcasts cial. A igreja que não proclama não cresce de
deste capítulo em
www.portaliap.com.br modo eficaz. Em contrapartida, só proclamar
não é, por si só, suficiente, embora necessário.
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É preciso, também, haver discipula- elementos para a concretização do
do. A falta deste é prejudicial. Sa- discipulado é o discipulador e o
bendo disso, a igreja de Atos tanto discípulo. Sem eles, naturalmente,
proclamava quanto discipulava. Há não haveria discipulado.
igrejas que se envolvem na prática O que é um discipulador? É aque-
da proclamação, mas deixam a de- le que ensina, transmite, de modo
sejar na execução do discipulado, constante, os ensinos de Jesus a
quando, na realidade, este deve uma pessoa. O discípulo, por sua
complementar aquela. Um não pode vez, é o aprendiz, aquele que absor-
ser desvinculado do outro. Tendo ve os ensinamentos do evangelho
isso em mente, atentemos para o de Jesus e os pratica. Em Atos, os
princípio bíblico do discipulado, com cristãos eram conhecidos, comu-
base no livro de Atos. mente, como discípulos (cf. At 6:1-
2, 7; At 9:1,18,25,26,38). O final do
1. O significado do discipula- versículo 25 de Atos 11 afirma que
do: Antes de trabalharmos outros somente em Antioquia os discípulos
aspectos do discipulado, precisa- foram pela primeira vez chamados
mos entender o seu significado: cristãos. Como bons discípulos que
“discipulado é o processo, o mé- eram, os crentes de Atos tinham um
todo ou o meio pelo qual levamos Mestre por excelência: Cristo. Não é
uma pessoa a ser um verdadeiro à toa que o livro faz menção, em seu
discípulo de Cristo”.1 Logo, disci- início, de tudo o que Jesus começou
pular é fazer discípulos (Mt 28:19- a fazer e a ensinar (At 1.1). Veja que,
20). Durante o discipulado, o novo aqui, o escritor coloca em evidência
convertido deve ser ensinado e não os ensinos pessoais dos após-
acompanhado por um cristão mais tolos ou dos filósofos daquela épo-
maduro, até que tenha, em si, o ca- ca, mas os de Cristo. O aprendei de
ráter de Cristo. Esse processo pode mim de Jesus estava explícito na vida
ser demorado. Isso pode ser consta- daqueles discípulos.
tado no fato de que Jesus, o mestre
por excelência, precisou de, aproxi- 2. O imperativo do discipula-
madamente, três anos para prepa- do: Na Bíblia, o discipulado não é
rar os discípulos. Isso nos dá ideia uma opção, mas um imperativo,
do tempo em que o discipulado uma ordem, um mandamento. O
deve ser realizado. Contudo, este texto de Mt 28:19 não deixa dúvi-
sempre será satisfatório, se realiza- da quanto a isso: Portanto, vão e
do corretamente. Dois importantes façam discípulos em todas as na-
ções, batizando-as no nome do Pai,
1. Evangelismo e discipulado (2010:89).
do Filho, e do Espírito Santo (BV-
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turas. O discipulador respeita o que camos? É dever de todo discipulador
está escrito e não vai além disso. ensinar, também, por meio de uma
conduta exemplar. A palavra deve
4. O exemplo no discipulado: ser prática em nossa vida.
O evangelho ensinado pelos após-
tolos aos irmãos da igreja primi- 5. O encorajamento no dis-
tiva não se limitava à teoria. Eles cipulado: Todo ser humano ne-
pregavam o que viviam e viviam o cessita de encorajamento, ainda
que pregavam. Possivelmente, essa mais em se tratando de vida cris-
tenha sido a razão pela qual aque- tã. Quem discipula, deve levar isso
la igreja contou com a simpatia de em conta. Encorajar é incentivar,
todo o povo (At 2:14). As pessoas motivar. No livro de Atos, temos
enxergavam coerência entre o que um bom exemplo de discipulador
era dito e o que era praticado. Lucas que encoraja: Barnabé. Aliás, o
afirma que muitíssimos sacerdotes seu nome significa encorajador (At
obedeciam à fé (6:7b). O verbo obe- 4:36). Ele se tornou fundamental
decer (gr. hupakouo), nesse texto, para o ministério de dois impor-
tem o sentido de ouvir uma ordem tantes personagens da Bíblia. O
e submeter-se a ela. Eles praticavam primeiro deles foi Saulo. Após sua
e ensinavam o que aprendiam. conversão, este foi alvo da descon-
No episódio da escolha daqueles fiança dos crentes (9:26). Todavia,
que serviriam às mesas, a preocupa- Barnabé o defendeu e Saulo ficou
ção dos apóstolos era clara: ... esco- com eles (v.28) e acabou se tor-
lhei dentre vós sete homens de boa nando o mais proeminente missio-
reputação (6:3a). Tempos depois, nário cristão de todos os tempos.
Paulo escreveu aos coríntios: Sede Barnabé se tornou fundamen-
meus imitadores como eu sou de tal, também, no ministério de João
Cristo (1 Co 11:1). Ele sabia o que Marcos. Isso porque, após desistir
estava dizendo e fazendo. Era um no meio do caminho de uma via-
discipulador exemplar. Contudo, no gem missionária (13:13), este caiu
próprio ato de dizer isso, ele induz no descrédito de Paulo, que não
aqueles irmãos para longe de si mes- mais o quis em sua companhia em
mo. A única razão pela qual devem outra viagem (15:38). Mas Barna-
imitá-lo é que ele imita a Cristo.2 Será bé acreditou em Marcos e o levou
que as pessoas a quem ensinamos o consigo para Chipre (v.39). Barnabé
evangelho têm enxergado coerência o encorajou a continuar no minis-
entre o que falamos e o que prati- tério. É assim que os discipuladores
devem agir em relação ao discipu-
2. Morris (1983:121). lando. Por falta de encorajamento,
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03. Após ler 1 Co 11:1; At 9:26-28, 15:38-39; os itens 4 e 5, responda:
Por que o bom exemplo e o encorajamento no discipulado são
importantes?
3. Ao discipular, adote visão ca- sabe que a seara é grande, mas pou-
pacitadora. cos os ceifeiros (Lc 10:2). Com isso
Paulo foi discipulado durante um em mente, é importante refletirmos
tempo. Mas não ficou nisso. Ele se se estamos trabalhando o discipulado
tornou um discipulador e, como tal, com de maneira correta. Estamos trei-
aparelhou a um de seus alunos: Timó- nando devidamente futuros discipula-
teo, que se tornou um discipulador. dores ou nos contentamos em deixar
Do mesmo modo com que foi por o discipulando sempre em nossa de-
Paulo treinado, Timóteo preparou ou- pendência? Que a nossa visão não se
tros (2 Tm 2:2). O bom discipulador limite a este ponto; antes, seja cada
se interessa em capacitar outrem. Ele vez mais capacitadora.
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07. Leia a terceira aplicação e responda: Tem você sido um
discipulador com visão capacitadora?
DESAFIO DA SEMANA
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Quando
proclamação é
um estilo de vida
29 DE SETEMBRO DE 2012 Hinos sugeridos – BJ 184 • BJ 82
Não temos que evangelizar ape- Isso é confirmado em Atos 8:4: Mas
nas no sábado à tarde, mas devemos os que andavam dispersos iam por
proclamar Jesus todos os dias. Em toda parte anunciando a palavra.
cada conversa, na hora do almoço Algo que fazia a igreja primitiva pre-
do trabalho, no intervalo da aula (cf. gar em todas as ocasiões era o senso
At 5:42). Os primeiros cristãos viviam de urgência. Ela entendia que esse era
a falar de Jesus, em tempo e fora de o único meio de as pessoas serem sal-
tempo (2 Tm 4:2). Neste último estu- vas da condenação eterna. Paulo con-
do da série, observaremos como era o siderava um dever pregar sempre. Este
estilo de vida daqueles irmãos relacio- apóstolo “sentia um alto grau de sa-
nado à proclamação do evangelho e tisfação e conforto por pregar o evan-
buscaremos seguir esse estilo de vida. gelho (...). Quando deixava de pregar,
Atos nos convida a escrever mais uma deixava de ser ele mesmo”.3 Mesmo
“página” na história da igreja de Cris- passando pelas maiores dificuldades,
to. Como diz o escritor Max Lucado: ele pregava o evangelho. Estevão,
“o livro de Atos, diferentemente de igualmente, mesmo diante da morte,
outros livros do Novo Testamento, não deixou de testemunhar de Jesus
não tem conclusão. Isso porque o tra- (cf. At 6:8-15; 7:1-60). Outro exemplo
balho não foi concluído”.2 é o de Felipe: quando, numa estrada
deserta, encontrou-se com o Eunuco,
1. Proclame em todas as oca- explicou-lhe o evangelho, e Deus o
siões: Quando a proclamação é um convenceu da salvação (At 8:26-39).
estilo de vida, toda a situação ou Se você continuar lendo Atos 8
ocasião é uma oportunidade de falar até o versículo 24, você verá a pre-
de Cristo. Em que ocasiões devemos gação do evangelho em Samaria. No
proclamar a palavra de Deus? É opor- encerramento do capítulo, na viagem
tuno fazermos essa pergunta, pois, para Jerusalém, os servos de Deus
muitas vezes, nós nos limitamos a fa- continuavam a pregar: Tendo eles,
lar de Jesus em apenas algumas situ- pois, testificado e falado a palavra do
ações específicas. Porém, era estilo da Senhor, voltaram para Jerusalém e,
igreja primitiva evangelizar em qual- em muitas aldeias dos samaritanos,
quer momento. Por exemplo: quando anunciaram o evangelho (v. 25). Des-
aconteceu a dispersão da igreja de Je- ta forma, vemos que aqueles cristãos
rusalém, os cristãos não cessavam de levaram a sério a proposta de Jesus
pregar, mesmo ante a perseguição. de serem suas testemunhas (At 1:8).
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Que possamos, do mesmo modo, (At 5:42). Além de estarem no tem-
aproveitar cada oportunidade, usan- plo, os primeiros cristãos estavam
do, por exemplo, o tempo que pas- também nas casas; afinal, “muito
samos numa viagem de avião ou de antes de ter púlpitos e batistérios,
barco, numa fila de banco ou dentro a igreja tinha cozinhas e mesas de
de um transporte público para falar jantar”4, onde o evangelho era
da mensagem da cruz. compartilhado. As casas eram luga-
Veja, ainda, outro exemplo de pro- res para se evangelizar.
clamação em Atos: mesmo diante de A vida da igreja não girava só em
um naufrágio (At 27:1-44) e da mor- torno do templo ou das sinagogas:
dida de uma serpente na ilha de Malta seu estilo de proclamar era além
(At 28:1-10), mesmo tendo passado “das quatro paredes”. Em Atos
por tantas dificuldades, Paulo foi até a 20:20, encontramos Paulo explican-
casa do habitante mais importante da do sobre isso: Não me esquivei de
ilha, chamado Públio, para se hospe- vos anunciar nada que fosse bené-
dar. Estando o pai deste homem do- fico, ensinando-vos publicamente
ente, o apóstolo orou por ele, e Deus e de casa em casa (AS21 – grifo
o curou. Por intermédio desse acon- nosso). Vale ressaltar que não há
tecimento, Paulo orou por todos os problema em se pregar no templo
doentes da ilha, e, assim, eles foram ou em casa; ambos os lugares são
curados por Jesus e evangelizados estratégicos para igreja de Cristo.
pelo servo de Jesus (At 28:7-10). As- Entretanto, embora seja importante
sim como Paulo, temos que aprovei- fazermos pregações evangelísticas
tar cada oportunidade para anunciar no templo, é igualmente importan-
as boas novas de salvação (Rm 10:15). te sairmos das quatro paredes e le-
Que tenhamos um estilo de vida sem- varmos a igreja às casas das pesso-
pre evangelístico. Caro estudante, as, com grupos de estudos bíblicos
viva como testemunha de Cristo. ou cultos nos lares.
Pedro, por exemplo, foi impulsio-
2. Proclame em todos os luga- nado pelo Espírito Santo, através de
res: Os cristãos, em Atos, não per- uma visão (At 10.9-23), a ir à casa
diam tempo, nem oportunidade. de Cornélio (At 10:23b-48), com al-
Pregavam o evangelho nas praças, guns outros irmãos. Nesse dia, ha-
nas ruas, nas sinagogas, nas prisões, via, na casa de Cornélio, alguns de
nos navios, nos palácios, nas cida- seus parentes e amigos (v. 24), reu-
des e nos tribunais. Encontramos, nidos para ouvir a palavra. O resulta-
por exemplo, o relato de que as ca-
sas eram abertas ou visitadas, a fim
de se evangelizarem os perdidos 4. Lucado (2010:77).
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Sem fazer distinção de grau de esco- Cristo! Ainda diante do rei Agripa,
laridade, raça ou idade, e sem nos in- o apóstolo disse algo que devemos
timidarmos diante de ninguém. seguir: Mas, tenho alcançado auxílio
À semelhança de Paulo, não deve- da parte de Deus e até hoje continuo
mos temer. Devemos ser ousados e testemunhando tanto a gente co-
pregar a palavra para pobres e ricos, mum como a pessoas influentes, não
chefes e empregados, famosos e anô- dizendo nada senão o que os profe-
nimos, brancos e negros, intelectuais tas e Moisés disseram que haveria de
e analfabetos, homens e mulheres, acontecer (At 26:22 – AS21). Procla-
velhos e crianças. Meu irmão, não mando as boas novas aos não cren-
tenha medo de ser “inconveniente”! tes, sem fazer distinção, estaremos vi-
Não se envergonhe do evangelho de vendo um estilo de vida proclamador.
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2. Seu estilo de vida é de um Atos, todas as pessoas que eram
evangelista, quando você viven- batizadas no Espírito Santo eram
cia o poder do Espírito. impulsionadas a pregar o evange-
A atuação do Espírito Santo é lho com entusiasmo. Se você ainda
evidente em Atos, pois “o Espíri- não é batizado no Espírito Santo,
to era a fonte da coragem e poder peça essa bênção a Jesus. Mas, se
cotidianos”5 (cf. At 1:8). Quando você já recebeu essa dádiva, não
um crente é cheio do poder de deixe a chama apagar. Contudo,
Deus, é encorajado a falar de Je- tendo ou não esse batismo, você
sus aos não crentes. Falta a você deve ser um proclamador, pois o
coragem? Então, encha-se do Espí- Espírito Santo já está em você. Viva
rito (Ef 5:18; At 4:31). No livro de uma vida transbordante do poder
do alto e espalhe as boas novas do
evangelho, sendo o bom perfume
5. Barclay (2003:21), tradução de Carlos Biagini. de Cristo (2 Co 2:14-15).
DESAFIO DA SEMANA
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SÁBADO ESPECIAL
Sugestão para programa de culto
Prelúdio: Música instrumental crer e for batizado será salvo, mas quem
não crer será condenado.
Hino: 280 BJ – “Jesus me transformou”
Congregação: Estes sinais acompanha-
Litania
rão os que crerem: em meu nome expul-
Diretor: Os que estavam reunidos lhe sarão demônios; falarão novas línguas;
perguntaram: “Senhor, é neste tempo pegarão em serpentes; e, se beberem
que vais restaurar o reino a Israel?” Ele algum veneno mortal, não lhes fará mal
lhes respondeu: Não lhes compete saber nenhum; imporão as mãos sobre os do-
os tempos ou as datas que o Pai estabe- entes, e estes ficarão curados.
leceu pela sua própria autoridade. Diretor: Depois de lhes ter falado, o
Congregação: Mas receberão poder Senhor Jesus foi elevado aos céus e as-
quando o Espírito Santo descer sobre sentou-se à direita de Deus. Então, os
vocês, e serão minhas testemunhas em discípulos saíram e pregaram por toda
Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e parte; e o Senhor cooperava com eles,
até os confins da terra. confirmando-lhes a palavra com os sinais
que a acompanhavam.
Diretor: Então, Jesus aproximou-se deles
e disse: Foi-me dada toda a autoridade Todos: Todos os dias, continuavam a
nos céus e na terra. reunir-se no pátio do templo. Partiam
o pão em suas casas, e juntos participa-
Congregação: Portanto, vão e façam vam das refeições, com alegria e since-
discípulos de todas as nações, batizan- ridade de coração, louvando a Deus e
do-os em nome do Pai e do Filho e do tendo a simpatia de todo o povo. E o
Espírito Santo, ensinando-os a obede- Senhor lhes acrescentava diariamente os
cer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu que iam sendo salvos.
estarei sempre com vocês, até o fim
(Atos 1:6-8; Mateus 28:18-2;
dos tempos.
Lucas 5:10b; Marcos 16:15-20;
Diretor: Não tenham medo; de agora Atos 2:46-47)
em diante vocês serão pescador de ho-
Oração
mens. Vão pelo mundo todo e preguem
o evangelho a todas as pessoas. Quem Palavra Pastoral
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Sermão
MEUS AMIGOS
PRECISAM DE CRISTO
INTRODUÇÃO
Que a paz do Senhor Jesus seja com você, irmão e irmã. Hoje, pela graça de
Deus, estamos iniciando a série de sermões “Pescadores de homens”. Esta
série faz parte do planejamento da Diretoria Geral da Igreja Adventista da Pro-
messa, que pretende alcançar todas as igrejas e congregações promessistas, le-
vando a mensagem de que devemos ser Uma igreja santa que proclama o Deus
santo. Para tanto, vamos, ao final de cada trimestre destes próximos quatro
anos, meditar sobre a vida de servos de Deus que são exemplos de proclama-
ção. Começaremos com a história do chamado de Mateus, que está registrada
nos três primeiros evangelhos (Mt 9:9-13; Mc 2:14-17; Lc 5:27-32). Faremos a
leitura da história, conforme contada pelo próprio Mateus, em seu evangelho,
capítulo 9:9-13. Na ARA, está assim escrito:
Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe:
Segue-me! Ele se levantou e o seguiu. E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, mui-
tos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos. Ora,
vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com
os publicanos e pecadores? Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico,
e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holo-
caustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores [ao arrependimento].
Mateus, ou Levi, era filho de Alfeu (Mc 2:14) – um nome bem comum naqueles
dias –; trabalhava como cobrador de impostos (publicano) na cidade de Cafar-
naum, às margens do mar da Galileia. Conforme sabemos, Cafarnaum foi uma
cidade estratégica no ministério de Cristo (Mt 9:1; Mc 2:1). Como morador dessa
cidade, Mateus teve a oportunidade de testemunhar os vários milagres que Jesus
realizou ali. Até que um dia, enquanto ia passando pela coletoria, Jesus o viu as-
sentado, e lhe fez um convite: Segue-me!. De forma direta, o texto diz que ele “se
I. AGRADEÇA, SEMPRE,
O FATO DE TER SIDO ALCANÇADO POR CRISTO!
Onde podemos encontrar base para esta postura sugerida? Vamos ao texto
bíblico. O versículo 9, de Mateus capítulo 9, diz: Partindo Jesus dali, viu um homem
chamado Mateus sentado na coletoria. Observe bem qual era a profissão de Levi.
Este detalhe é extremamente importante para a verdade que queremos apresentar.
Ele estava sentado na “coletoria” (Gr. telonion – lugar onde o coletor de impostos
se assentava para recolher as taxas). Mateus era um publicano, isto é, um cobrador
de impostos. Morava na cidade de Cafarnaum e trabalhava à beira mar (cf. Mc
2:14). Seu posto fiscal “localizava-se em uma região fronteiriça e à beira tanto de
uma importante estrada quanto de um importante porto do mar da Galiléia”.1 Por
causa dessa posição estratégica, grandes somas de dinheiro passavam por ali.
Dentre os tipos de impostos cobrados na época, estava o portorium (porto),
imposto incidente sobre o trânsito de mercadorias pelo território romano. Pos-
sivelmente, era esse tipo de imposto que Mateus cobrava. Como não eram fis-
calizados de perto, os cobradores de impostos extrapolavam na cobrança dos
tributos. Aumentavam os lucros e os sofrimentos dos tributados. Cobravam não
somente o barco da pesca, mas também o pescado adquirido e o uso do porto
para descarregá-lo. Abriam, aos olhos de todos e de forma inescrupulosa, as
“bagagens dos viajantes, vasculhando-as em busca de qualquer pertence su-
postamente tributável”.2 Eram gananciosos! João Batista, quando pregou sobre
arrependimento, no que se refere aos publicanos, disse: Não cobreis mais do que
é prescrito (Lc 2:13), visto ser esta uma prática comum entre estes.
Essa classe de pessoas não era bem quista pela sociedade da época. Tra-
tava-se de homens ricos numa sociedade de gente simples. Eles extorquiam,
roubavam, defraudavam. Eram gatunos, espertalhões e oportunistas. Engana-
vam tanto a população quanto o governo, apresentando relatórios ilegais e
1. DeBarros (2006:114).
2. Idem, p. 116.
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aceitando suborno.3 Não era raro um publicano ameaçar, e até mesmo matar,
para conseguir seus propósitos. Eram violentos para extorquir e roubar dinhei-
ro. Para os judeus, publicano era sinônimo de pecado e impureza. Os fariseus,
por exemplo, diziam que, para essa classe de pessoas, não existia esperança;
afirmavam que os publicanos não tinham direito ao arrependimento.4 Mateus
era judeu e publicano. Imagine o quanto ele era odiado. Esse homem despre-
zado pelos seus e mal quisto pela sociedade da época foi alvo da atenção do
Senhor Jesus, que o “viu” e o chamou. Sem dar explicações, nem a Mateus,
nem à sociedade, Cristo disse: Segue-me!.
Por vezes, Jesus percebe os imperceptíveis. Ele põe atenção naqueles de
quem desviamos a atenção. Foi assim com Mateus. É assim com a maioria das
pessoas que se renderam a ele, gente que o mundo olhava e desprezava; gente
ridicularizada e zombeteada, mas que foi alvo da atenção de Jesus! Embora
não possamos afirmar com toda certeza que Mateus era desonesto, podemos
dizer que ele era visto assim, pois fazia parte de um grupo de pessoas odiadas.
E Jesus o chamou! Seu chamado é soberano e gracioso. Jesus escolheu um dos
seus apóstolos de entre esta classe de pessoas, a fim de demonstrar mais cla-
ramente a graça de Deus.5 Quem nós éramos, antes do encontro com Cristo?
Como andávamos? Quais eram as nossas motivações? Jesus nos transformou!
Existe um ditado popular que diz que “pau que nasce torto nunca se endirei-
ta”. Organicamente, pode até ser verdade, mas em relação ao ser humano e
à salvação, não! O evangelho endireita! Jesus endireita! Agradeça constante-
mente o fato de ter sido salvo por Cristo Jesus! Um dia, aprouve a Deus dizer a
mim e a você: “Segue-me”. Vivamos em constante atitude de gratidão.
Essa é a primeira postura a adotar, diante da decisão de nos tornarmos discí-
pulos de Cristo: Agradeça, sempre, o fato de ter sido alcançado por ele. Vamos
agora à segunda:
Qual foi a atitude de Mateus, depois do convite de Jesus? Esse mal falado
publicano, sem hesitar, levantou-se e seguiu o Senhor (Mt 9:9). Neste ponto,
é interessante a narrativa de Lucas. O médico amado acrescenta a seguinte
expressão: ... deixando tudo levantou-se e o seguiu (Lc 5:28 – grifo nosso).
Mateus deixou o banco dos coletores de impostos para se tornar um discípulo
de Jesus, sem paradeiro, sem local para reclinar a cabeça. Deixou para traz um
“bom” emprego; perdeu sua independência e estabilidade financeira. Em com-
pensação, encontrou o maior de todos os tesouros: Jesus!
3. Champlin (1983:350).
4. Idem.
5. Idem.
6. Vine et al (2009:652).
7. Champlin (1983:350).
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III. PROCLAME, SEMPRE,
O FATO DE TER SIDO ALCANÇADO POR CRISTO!
CONCLUSÃO
Os médicos da época de Jesus estavam enfermos. Aqueles que eram os lí-
deres do povo, que foram colocados para fortalecer os fracos, curar as ovelhas
doentes, enfaixar os machucados das feridas, procurar as ovelhas desgarradas
afastavam-se delas para não serem contagiados; olhavam para os pecadores
e sentenciavam: “Para esse tipo de pessoas não existe esperança; eles não
merecem arrependimento!”. Quando Jesus disse: Os sãos não precisam de
médico, mas sim os doentes, dirigiu-se aos mestres e conselheiros espirituais
de Israel, às autoridades de entre o povo de Deus. Era para que eles fossem
envergonhados, como maus médicos que eram! “Eu vim para salvar pecado-
res”, disse Jesus. O mestre anunciou, de maneira muito clara, a sua missão.
É isto que ele tem feito: salvado e curado pecadores. Quando o recebem
como Senhor, homens corruptos param de roubar e devolvem até quatro vezes
mais àqueles que foram defraudados. Adúlteros abandonam a promiscuidade
e transformam-se em testemunhas de Jesus. Pescadores abandonam suas redes
para segui-lo. Muitos começam a vender tudo o que têm para distribuir com
quem precisa. Milhares morrem queimados, degolados, crucificados, serrados
ao meio, por se recusarem a negar o seu Senhor! Perseguidores transformam-se
em perseguidos! Homens escrevem cartas que libertam, mesmo estando prestes
a morrer.12 Este é Jesus! Foi ele quem salvou você! Agradeça-lhe sempre, come-
more sempre a chance que teve de se tornar um filho de Deus. E mais: nunca
se cale. Seus amigos também precisam dele. Apresente Jesus aos seus amigos.
Diga-lhes que você encontrou o maior de todos os amigos! Deixe Jesus, que é
médicos dos médicos, que limpa a mancha do pecado, usá-lo nessa importante
tarefa de chamar pecadores ao arrependimento. Amém!
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