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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE EDUCAÇÃO – CEDUC


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

GLEICYANE SOUSA SILVA

JOGOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM


DEFICIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL

BOA VISTA, RR
2019
GLEICYANE SOUSA SILVA

JOGOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM


DEFICIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Trata-se do Trabalho de Conclusão de Curso, requisito para a


obtenção do título de especialista do curso de Especialização em
Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva da
Universidade Federal de Roraima.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Corsini Lirio

BOA VISTA, RR

2019
GLEICYANE SOUSA SILVA

JOGOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM


DEFICIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Trata-se do Trabalho de Conclusão de Curso, requisito para a


obtenção do título de especialista do curso de Especialização em
Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva da
Universidade Federal de Roraima.

Banca Examinadora

______________________________________________
Prof. Dr. Flávio Corsini Lirio
Orientador / Curso de Pedagogia - UFRR

_______________________________
Profa. Dra. Cinara Franco Rechico Barberena
Curso de Pedagogia - UFRR

________________________________
Profa. Ma. Elizangela da Silva Barboza Ramos
Curso de Pedagogia - UFRR
Dedico este trabalho a Luzia Sousa, minha mãe por
sempre acreditar no meu potencial e sempre ter me
incentivado a ir adiante nos estudos. Você é meu
porto seguro.
AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos, primeiramente a Deus por me dar forças e ânimo necessários para as
batalhas do dia a dia. Gratidão ao meu orientador pela paciência e auxílio na construção dessa
pesquisa. À Universidade Federal de Roraima por me oportunizar fazer parte desta especialização e
gratidão a todos os professores que contribuíram na minha formação.

Agradeço a minha mãe por suas palavras de apoio e por sempre incentivar a mim e aos meus
irmãos a seguir firmes nos estudos, mesmo que isso signifique ficar longe de nós em outro estado,
muito obrigada por seu amor e carinho.

Por fim, agradeço às minhas amigas pelas palavras de apoio, Aline Fernandes pela
companhia nas horas de estudos na biblioteca, Flávia Macedo pelo incentivo e meus irmãos por
toda ajuda durante esse percurso.
O universalismo que queremos hoje é aquele que
tenha como ponto em comum a dignidade humana.
A partir daí, surgem muitas diferenças que devem
ser respeitadas. Temos direito de ser diferentes
quando a igualdade nos descaracteriza.
(Boaventura de Souza Santos)
RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo do estado da arte da pesquisa sobre a contribuição do uso dos
jogos no processo de ensino e aprendizagem de alunos com deficiência. O interesse pelo tema
surgiu ainda na graduação, pela afinidade com o tema. Esta investigação teve como objetivo
compreender o uso dos jogos pedagógicos no processo de ensino e aprendizagem de alunos com
deficiência, destacando o aluno com deficiência intelectual. Para isso, optou-se pela pesquisa
bibliográfica de caráter qualitativo com a finalidade de refletir sobre ideias discutidas no campo
da educação que englobam esse objeto de investigação. Os bancos de dados utilizados para a
pesquisa foi o Catálogo de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior - Capes e a Biblioteca digital de teses e dissertações. As categorias de análise
são: recurso pedagógico, jogo pedagógico, deficiência e deficiência intelectual. A análise de
conteúdo foi a base para construção das inferências que representam as ideias gerais sobre a
problemática em questão. Desse modo o estudo em questão aponta que o uso de jogos, como
recurso didático no processo de ensino e aprendizagem favorece o desenvolvimento dos alunos,
sobretudo os que apresentam deficiência física ou cognitiva. Isso porque eles contribuem para
ampliar a imaginação, a interação e também a socialização em sala de aula. Os estudiosos
também enfatizam que esse recurso didático viabiliza a construção do conhecimento, uma vez
que busca considerar as necessidades e as potencialidades de cada indivíduo.No entanto, a
limitação do número de estudos encontrado indica a necessidade de investir maior esforço em
estudos sobre os jogos pedagógicos e sua utilização pelos alunos com deficiência, de modo que
isso poderá contribuir em uma reflexão mais ampliada e que pode gerar novos conhecimentos e
alternativas ao processo de ensino e aprendizagem de crianças com deficiência.

Palavras-Chaves: Deficiência intelectual; Jogos Pedagógicos; Processo de Ensino e Aprendizagem;


Recurso Didático.
SUMÁRIO

1. Introdução ......................................................................................................... 09

2. Jogo Pedagógico como recurso didático do ensino fundamental ...................... 12

3. A Educação Especial e os alunos com deficiência....................................…....... 19

a) A Utilização do Jogo para Alunos com Deficiência............................................. 20

b) Alunos com Deficiência....................................................................................... 23

3.1 Jogo como Recurso didático............................................................................... 27

3.2 Processo de ensino e aprendizagem.................................................................... 30

4. Jogos Pedagógicos aplicados para sujeitos com deficiência................................. 37


Conclusão .................................................................................................................. 42
Referências ……………............................................................................................ 43
1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como objeto de investigação o uso dos jogos pedagógicos como recurso
didático no processo de ensino e aprendizagem de crianças com deficiência no ensino fundamental,
com base em pesquisas desenvolvidas na área (teses e dissertações). Para tanto, busca-se refletir
sobre o seguinte questionamento: Como os jogos pedagógicos podem auxiliar no processo de
aprendizagem de crianças com deficiência?

Estudiosos da área como: Martins (2002) Juliani &Paini (2008) e Lima (2015) apontam que
os alunos com deficiência geralmente apresentam um ritmo de aprendizado diferenciado, por isso, é
muito importante que o professor e a escola disponibilizem recursos que possam favorecer a
aprendizagem auxiliada por elementos concretos e lúdicos, como, por exemplo, os jogos
pedagógicos.

O estudo da arte sobre o uso dos jogos pedagógicos no processo de aprendizagem é algo que
poderá vir acrescentar saberes para ambos os sujeitos envolvidos nesse processo (alunos e
professores), a partir da análise de estratégias pedagógicas utilizadas pelos professores com intuito
de ampliar o seu repertório pedagógico junto aos alunos com vistas a atender as demandas
apresentadas por eles no percurso de sua aprendizagem.

A educação básica recebe muitos alunos com deficiência e os profissionais da educação


muitas vezes não estão preparados para recebê-los, portanto, o resultado desse estudo visa
contribuir com o trabalho docente, servindo de reflexão para a sua prática em sala de aula.

A pesquisa sobre o uso de jogos pedagógicos no processo de ensino e aprendizagem de


crianças com deficiência é algo relevante, pois leva professores, acadêmicos e profissionais da área
de educação a pensar estratégias de ensino e de como se dá o processo de aprendizagem desses
sujeitos (suas características, necessidades, dificuldades e potencialidades).

Para empreender tal reflexão foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com um estudo da
arte de artigos científicos, dissertações e teses com foco na utilização de jogos pedagógicos voltados
ao processo de ensino e aprendizagem de crianças com deficiência. O levantamento considerou
trabalhos publicados entre os anos de 2010 a 2018, a partir de análise de estudos conceituados na
área da educação especial. De acordo com Cervo, Bervian e da Silva (2007, p.79) a pesquisa
Bibliográfica “constitui o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o
domínio do estado da arte sobre determinado tema”.
Dessa maneira o estudo em tela foi realizado com base em uma pesquisa qualitativa, na qual
o pesquisador é o principal instrumento para colher e analisar dados a partir de instrumentos
validados. Nesse sentido, Gadelha (2014, p.67) fala que:

Esta pesquisa baseia-se na abordagem qualitativa. Nesse tipo de pesquisa, é necessária a


atenção do pesquisador que, além de interpretar os dados explícitos, deve assumir o
compromisso de compreender os comportamentos e os significados que permeiam a
investigação.

Neste tipo de estudo, conforme relata autora, o pesquisador deve compreender e conseguir
interpretar os dados da pesquisa. O público alvo desta pesquisa são os alunos com deficiência
precisamente do ensino fundamental. Com foco na deficiência intelectual. A análise de conteúdo
fundamenta as inferências construídas a partir da categorização. Segundo Franco (2005 p.13) a
análise de conteúdo é: “A mensagem, seja ela verbal (oral ou escrita), gestual, silenciosa, figurativa,
documental ou diretamente provocada. Necessariamente, ela expressa um significado e um
sentido.’’

Ainda de acordo com Franco (2008) temos as características definidoras da pesquisa, os


campos de análise de conteúdo, as unidades de análise que se dividem em unidades de registro e
contexto, a pré-análise que possui três características que são: a escolha dos documentos que serão
analisados, as categorias de análise e, por fim a construção das inferências que vão fundamentar a
interpretação final, articuladas com os teóricos que sustentam o olhar apresentado nas seções a
seguir.

Sendo assim, o trabalho está estruturado em uma primeira seção que discorre sobre o uso do
jogo pedagógico como recurso didático do ensino fundamental, tendo a intenção de compreender
por meio do estudo realizado, de qual maneira o uso dos jogos pedagógicos como recursos de
aprendizagem pode auxiliar na aquisição de conhecimentos.

A segunda seção apresenta de maneira geral a definição de jogos pedagógicos como recurso
de ensino e de que maneira essa concepção foi sendo construída historicamente. Na terceira seção
apresenta um conjunto de estudos e reflexões sobre a contribuição do jogo pedagógico no processo
de ensino e aprendizagem de crianças com deficiência do ensino fundamental. Já na terceira seção
foi realizado um recorte do objeto de estudo com a finalidade de apresentar de maneira mais focada
o estudo da arte sobre o uso de jogos pedagógicos no processo de ensino e aprendizagem de alunos
com deficiência intelectual. Ainda que na busca de tais estudos revelou-se o quanto ainda estudos
dessa natureza sejam embrionários dado o número de teses e dissertações encontradas.
2. JOGO PEDAGÓGICO COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO FUNDAMENTAL

A utilização do lúdico no ensino educacional possibilita uma aprendizagem mais


significativa, e pode-se dizer que com a junção de conteúdos e lúdico os alunos compreendem com
mais facilidade, pois aprendem brincando. Assim, a ludicidade virou um instrumento facilitador no
processo de ensino-aprendizagem, e se tornou estudo de diversos autores importantes para o meio
educacional.

Para entender como os jogos começaram a serem utilizados, Lima (2008, p. 19-20)
apresenta a seguinte afirmação: “A origem das primeiras reflexões sobre a importância do jogo é
muito remota”. O autor salienta que Platão era contra, na Grécia, as atividades que exaltavam a
competição e o resultado. O mesmo defendia o jogo como meio de aprendizagem prazeroso e
significativo, de modo que os conteúdos das disciplinas poderiam ser assimilados sem gerar por
meio desse processo competição entre os sujeitos. Fundamentando o uso desse recurso como uma
possibilidade de estratégia didático-pedagógicas de aprendizagem.

Ainda segundo Lima (2008, p.160) os estudiosos mais recentes questionam a eficácia dos
jogos educativos no processo de aprendizagem, como Leif&Brunelle (1978) que são contrários a
união de jogo e estudo porque para eles imposição pedagógica retira o prazer e o poder de fazer
escolhas presentes nos jogos e por outro lado, segundo eles o prazer e a liberdade deste recurso
atrapalham a aprendizagem de conteúdo.

No entanto, há quem defenda essa associação como é o caso de Brougére (1998), que aponta
a possibilidade de conciliação entre o jogo e o ensino no contexto educacional, desde que as
características dos jogos sejam respeitadas como atividade espontânea e não como algo obrigatório,
ou que tenha como objeto estabelecer competição ente os alunos.

O autor destaca ainda que a utilização dos jogos como recursos deve ser feito mediante
decisão e escolha dos alunos. Nessa perspectiva, as reflexões apresentadas evidenciam o alcance
que a utilização do jogo como recurso pedagógico tem adquirido no âmbito dos estudos acadêmicos
a partir das diversas áreas do conhecimento, sobretudo, no campo da educação especial.
De modo que um dos questionamentos a ser elucidado é: O que é o jogo para o processo de
ensino e aprendizagem? Para elucidar essa questão foram necessárias várias pesquisas a fim de
compreender melhor o jogo e sua contribuição para a aprendizagem. Gadelha (2014, p.42) diz que:
Neste estudo, entendemos por jogos pedagógicos ou didáticos todos os recursos físicos
utilizados com maior ou menor frequência em todas as disciplinas, áreas de estudo ou
atividades que visam auxiliar o educando a realizar sua aprendizagem mais eficientemente,
constituindo-se em um meio para facilitar, incentivar ou possibilitar o processo ensino
aprendizagem.
Vale ressaltar as ideias propagadas pelo grande pensador alemão Frederico Froebel (1782–
1852), criador do jardim de infância e primeiro pedagogo a sistematizar essa proposta pedagógica
na educação. De acordo com Lima, (2008), Froebel colocou os jogos e os brinquedos como recurso
pedagógico no centro da educação infantil, como uma ação da criança coordenada com a orientação
do adulto, propondo à criança o uso de jogos específicos, mas deixando livre a atividade da criança.

Verifica-se que a utilização do jogo como recurso pedagógico tem apresentado vantagens
para o desenvolvimento intelectual do aluno por estimular as atividades mentais e ampliar a
capacidade de imaginação e fantasia estabelecendo uma relação com o mundo interno do indivíduo.
Ideia essa validada por Kishimoto (1994) que argumenta sobre a relevância das experiências com
jogos e brincadeiras. A autora relata situações em que a utilização desse recurso tem possibilitado
maior envolvimento das crianças nas atividades propostas e melhor resposta a interação e
socialização entre seus pares. Kishimoto (1994, p. 2 6) afirma que:
Sabemos que as experiências positivas nos dão segurança e estímulo para o
desenvolvimento. O jogo nos propicia experiências de êxito, pois é significativo,
possibilitando a autodescoberta, a assimilação e a interação com o mundo por meio de
relações e de vivências.

As crianças quando brincam têm a liberdade de criar uma separação entre dois mundos, real
e imaginário, estabelecendo um domínio entre eles. É necessário que as crianças brinquem, pois
dessa forma tendem a desenvolver sua capacidade de criar, se desenvolver com um potencial
diverso que deixará consequências para estágios posteriores. Alves L &BianchinMA (2010, p. 283)
diz ainda que “A qualidade de oportunidades que são oferecidas à criança por meio de jogos garante
que suas potencialidades e sua afetividade se harmonizem”.
Para Lopes, (2005, p. 35) “o jogo para a criança é o exercício, e a preparação para a vida
adulta”. De acordo com a ideia da autora, a criança aprende brincando e no simples ato de brincar
passa a incorporar valores, conceitos e conteúdos de maneira prazerosa o que faz com que a mesma
desenvolva suas potencialidades.

Na concepção dos autores, verifica-se que o brincar torna-se significativo quando usado de
forma correta a desperta na criança uma interação harmoniosa possibilitando um aprendizado de
maneira relevante. Para Rodrigues (2013. p. 34) “A aprendizagem significativa é caracterizada por
uma interação entre o cognitivo individual e as novas informações, atingindo assim, novos
significados numa diferenciação e elaboração da estrutura cognitiva do aluno.” Quando o jogo ou a
brincadeira é direcionado com objetivos claros e regras bem explícitas poderá possibilitar uma
aprendizagem significativa para a criança a partir da mediação do professor ou profissional da
educação.
Dessa forma, o jogo possivelmente proporcionará a criança o significado de termos como:
organizar e desorganizar, construir e desconstruir. Por meio do jogo a criança passa a compreender
regras constituídas por si ou pelo grupo, desenvolve a capacidade de entender pontos de vistas
diferentes do seu e quando necessário coordena o seu ponto de vista com o do outro.

Em relação ao jogo e aprendizagem Kishimoto (2011, p.41) afirma que:

Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a
estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as
condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para o brincar, o
educador está potencializado as situações de aprendizagem.

O lúdico não deve ser visto apenas como uma atividade recreativa, mas reconhecer a
importância do seu potencial como recurso pedagógico. O significado de jogo no âmbito escolar
deve respeitar sua ação lúdica e pedagógica, uma não pode está desvinculada da outra “[...]
qualquer jogo empregado na escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta caráter
educativo e pode receber também a denominação de jogo educativo” (Kishimoto, 1994, p. 22).

A utilização dos jogos pedagógicos como auxílio no processo de ensino e aprendizagem de


alunos com deficiência, segundo Silva (2009), originou-se por meio de Itard (1774-1838) o
precursor na educação de deficientes intelectuais. Ele utilizou os jogos como um recurso para a
escolarização do seu aluno Vitor de Yveyron, conhecido como “menino selvagem”.
O referido autor criou jogos que tinham relação com ensino e buscou estimular no seu aluno
a atenção, a memória para que a aprendizagem ocorresse. Ainda de acordo com Silva (2009), o uso
dos jogos voltados para deficientes intelectuais já vem sendo usado no processo de ensino
aprendizagem há muito tempo. De modo que se verifica que a utilização dos jogos como
instrumentos pedagógico de ensino aprendizagem não são recentes e podem contribuir no
desenvolvimento desses alunos.
Profissionais e instituições de educação sensibilizadas com a aprendizagem desses alunos
usam os jogos como recurso por aprimorarem as funções cognitivas, motoras, afetivas entre outras.
Por meio desse recurso pedagógico os alunos têm a oportunidade de vivenciar na prática situações
de construção da autonomia e do conhecimento, aprendendo com o educador e com os pares no
ambiente social e escolar. Nesse contexto Kishimoto (2008 p.48) nos diz que:

[...] o jogo contempla várias formas de representação da criança ou suas múltiplas


inteligências, contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. Quando as
situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos
tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa [...].

Em concordância com o autor, percebe-se que a contribuição dos jogos como auxílio no
processo de ensino – aprendizagem do aluno com deficiência poderá ocorrer se a sua utilização
tiver intenções pré-estabelecidas pelo educador, com planejamento e um objetivo, visando à efetiva
construção do conhecimento. Os jogos selecionados pelo educador devem ser adequados a fim de
proporcionar ao aluno o desenvolvimento físico e intelectual.
A escola é capaz de ser uma facilitadora da aprendizagem do aluno com deficiência e deve
buscar meios para que estes se desenvolvam e os jogos tornam-se um apoio fundamental,
juntamente com outros recursos que podem ser proporcionados ao aluno pela escola. A respeito
disso, Juliani &Paini (2008, p.15) nos dizem que:
[...] é neste contexto que a escola assume o seu importante papel: buscar meios para superar
a deficiência, com professores devidamente preparados e instrumentalizados com formas de
trabalho que atendam as peculiaridades dos educandos para realizarem as mediações
necessárias para a promoção das funções psicológicas superiores. Uma das alternativas
pode ser o uso dos jogos e brincadeiras, como recursos que subsidiem os processos de
ensino e aprendizagem dos alunos com necessidades especiais.

O papel da escola e do educador é essencial na busca de alternativas para o desenvolvimento


integral do aluno com deficiência; é nesse contexto que o uso de jogos e brincadeiras entra como
subsídios para que haja construção de conhecimento visto que o aluno com deficiência intelectual é
capaz de desenvolver competências como qualquer aluno, porém, de maneira diferenciada dos
demais, cabendo ao meio em que ele está inserido fornecer condições que favoreçam uma
aprendizagem significativa.
Além disso, o jogo como recurso educativo, deve vir seguido desses três sujeitos que
participam do processo de ensino e aprendizagem: “[...] o aluno que está a cabo a aprendizagem; o
objeto ou objetos de conhecimentos que constituem o conteúdo da aprendizagem; e o professor que
age, isto é, que ensina com a finalidade de favorecer a aprendizagem dos alunos” (COOL, 1994,
p.103).
Nesse contexto, para que o uso dos jogos seja um recurso promotor de aprendizagens, o
educador deve ter em mente os objetivos que se quer alcançar e, como mediador, deve selecionar os
materiais adequados ao nível de desenvolvimento dos alunos esuas necessidades.
O uso dos jogos não substitui os conteúdos trabalhados em sala, mas serve como um aliado
para que o aluno os consiga assimilar de uma forma lúdica e motivadora. Os jogos poderão ser um
auxílio importante na construção do conhecimento dos alunos com deficiência, ao ser utilizado, por
exemplo, no processo de assimilação das letras iniciais, da escrita do nome próprio, do conceito de
sílabas e de ampliação do vocabulário. De acordo com Callai (1991, p. 74):

Na aprendizagem é necessário permitir, proporcionar e incentivar o indivíduo; nas suas


relações, a criança aprende aquilo que interessa, o que lhe é necessário, e, por isso, o que
lhe dá prazer. Sendo assim, a assimilação e a acomodação da criança ao meio devem
ocorrer através do jogo, da aprendizagem lúdica.
Na visão do autor, a assimilação do conhecimento pelo aluno pode ocorrer com o auxílio do
jogo. Santos (2012, p.940) corrobora a ideia ao afirmar: “que valorize a prática do brincar, a qual
consiste em uma abordagem natural para o desenvolvimento humano, favorece o pensar e o
fantasiar – até porque tal clientela apresenta déficit de abstração e contato com a realidade
objetiva”. Nesta fala, o autor refere-se ao deficiente intelectual e diz que esses alunos por apresentar
dificuldade em abstrair, fantasiar, por meio do jogo os mesmos encontram um aliado para o
desenvolvimento da fantasia e da imaginação.
No entanto, há uma ideia disseminada de que o aluno ao adentrar no primeiro ano do ensino
fundamental tem que deixar os jogos e brincadeiras de lado por imposição do próprio educador
preocupado com o processo de alfabetização do aluno e que não ver nos jogos um aliado neste
processo como destaca Rios (2016, p.47):

Quando as crianças iniciam o Ensino Fundamental, chegam ávidas de curiosidades e os


jogos e brincadeiras já não são mais permitidos e estes, raramente se encontram presentes
nas rotinas da maioria das escolas. Escutamos inúmeras vezes professores dizendo:
―Vocês já estão grandes, não é hora de brincar! Ou até mesmo: ‖ Você já cresceu, não é
mais criança. Agora a coisa aqui é séria, é hora de aprender. ‖

Esta concepção, no entanto, vai de desencontro aos benefícios e características assinalados


por vários autores sobre a relevância que os jogos possuem para o desenvolvimento do aluno com
ou sem deficiência. Por essa razão torna-se equivocado o pensamento de que o uso de jogos é perda
de tempo, o que se tem um período demarcado para sua utilização no processo de ensino e
aprendizagem das crianças.

Principalmente no primeiro ano do ensino fundamental os jogos deveriam estar presentes,


pois os alunos chegam cheios de curiosidades e ávidos por aprender, e o processo de alfabetização
começa a ser mais intenso na rotina deles. Rios (2016, p.51) ressalta que:

Há de se pensar nas singularidades das ações infantis, salientando o direito ao lúdico, à


brincadeira e a diversas oportunidades. Essas dimensões devem (e já deveriam) ser
respeitadas, tanto na Educação Infantil, quanto no Ensino Fundamental, sendo urgente que
no primeiro ano sejam repensadas formas de lidar com as crianças, que não devem ser vistas
simplesmente como alunos. Acreditamos ser elementar que ocorra a ressignificação do valor
educativo do jogo na escola, reconhecendo-o como um importante elo entre a criança, a
escola e o mundo que a cerca mobilizando todas suas potencialidades.

A autora nos diz que o valor dos jogos necessita ser repensado no ambiente escolar e que ele
seja reconhecido como importante vínculo entre aluno, escola e o mundo que o cerca,
desenvolvendo suas capacidades. Rios (2016, p.60) diz ainda que:
Neste sentido, parece que para a criança, o jogo é a coisa mais significativa na vida. Sendo
assim, o jogo nas mãos de um verdadeiro educador constitui-se em um excelente meio para
formar indivíduos. Por esta razão, deve-se fazê-los jogar e aproveitar a força educativa que
o jogo tem em todas as etapas da educação.

Desse modo como relata a autora, os jogos se apresentam como algo bastante significativo
na vida da criança e por essa razão, ele deve está presente em todas as etapas educacionais. Na
concepção da autora, um excelente educador não deve desprezar o uso desse valioso recurso na sua
pratica educativa em sala de aula.
Os estudos apontam ainda que o uso do jogo pedagógico no processo de ensino e
aprendizagem é considerado uma das estratégias fundamentais na construção do conhecimento dos
alunos. De modo que a perspectiva é de que a sua utilização facilita a interação, a concentração, o
interesse e a ativação do processo imaginativo da criança, tornando a brincadeira parte integrante do
aprendizado. Na sessão seguinte a reflexão terá como foco o uso de jogo pedagógico no processo de
aprendizagem de criança com deficiência e de modo mais particular, sua repercussão em crianças
com deficiência intelectual.

3. A EDUCAÇÃO ESPECIAL E OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

A utilização de jogo pedagógico no processo de ensino e aprendizado tem sido um objeto de


estudo frequente no campo da educação. Sendo as subáreas de investigação as mais diversas
possíveis. O estudo em tela tem como foco o campo da Educação Especial.

Para tanto, foi realizado um levantamento de pesquisas e publicações realizadas no período


de 2010 a 2018, tendo como foco os estudos realizados na área da Educação Especial que tem como
ponto central a utilização dos jogos pedagógicos como recurso didático, voltados a crianças com
deficiência. E de maneira mais focada estudos voltados à deficiência intelectual.

A apresentação dos resultados do estudo em tela está dividida em três categorias de análise:
Utilização de jogos para alunos com deficiência e Deficiência Intelectual, Recurso Didático e os
Jogos Pedagógico aplicados para sujeitos com deficiência Intelectual.

Ao acessar o site de Catálogo de teses e dissertações e refinar a pesquisa e colocando a


palavra-chave deficiência intelectual e priorizar os anos de 2015 a 2018 foram encontradas 1.148
pesquisas, porém somente algumas dissertações e teses tiveram relação quanto ao uso de jogos
pedagógicos na área de ciências humanas e área de conhecimento educação. No site da Biblioteca
digital de teses e dissertações foram encontradas 11 teses sobre deficiência intelectual e 24
dissertações, totalizando 35 trabalhos. No entanto, com relação ao uso dos jogos foram encontrados
somente 3 pesquisas. Encontramos pesquisas que tratavam de outras temáticas, entre elas algumas
que falavam sobre a escolarização e o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com
deficiência intelectual e a utilização de jogos digitais em sala de sala.

Ao pesquisar sobre deficiência visual foram encontradas 1.040 sobre a temática, porém
quando introduzido o uso de jogos pedagógicos como recursos ao aluno deficiente visual, o número
passa a ser muito reduzido, e se concentrando nos últimos anos de 2015 a 2018. Já no site do BDTB
(Biblioteca digital de teses e dissertações Brasileira) foram encontrados somente 3 relacionado ao
uso de jogos pedagógicos.

Ao pesquisarmos sobre a deficiência física foram encontradas na área da educação 89


pesquisas no site da capes, porém as que escolhemos por ter relação com nossa temática foi
selecionado apenas 1 trabalho. Encontramos algumas pesquisas realizadas na área da Educação
física.

As pesquisas associadas a questão de jogos, são ainda limitadas na área da educação


especial, necessitando de mais pesquisas sobre a temática, visto que os alunos com deficiência
assim como qualquer outro aluno necessitam de estratégias de aprendizagem que os auxilie na
construção do conhecimento.

A) A UTILIZAÇÃO DO JOGO PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

Apresentaremos a seguir como os trabalhos pesquisados retratam os jogos e de que forma


eles foram utilizados pelos alunos com deficiência e como ocorreram essas experiências. O jogo
pode ser usado por qualquer criança com ou sem deficiência, o que muda são as formas como vão
ser utilizadas e de que forma o aluno será orientado ao utilizar os jogos como explica a autora
Bataglion (2016, p.40):

Para retratar isto, pode-se imaginar um jogo de boliche, no qual um professor fica
posicionado junto aos pinos dando comandos sonoros (bater palmas ou falar) quanto à
localização dos mesmos e, outro, juntamente com a criança oferecendo comandos táteis e
verbais quanto ao posicionamento do corpo e sobre como segurar, posicionar e arremessar a
bola. Antes de iniciar o jogo, deve-se percorrer e explicar o caminho do mesmo à criança
com o intuito de favorecer o reconhecimento/entendimento do espaço. Também é possível
utilizar bolas e pinos com guizos para facilitar a organização espacial da pessoa com
deficiência visual.

Conforme a autora relata no texto acima, podemos inferir que para cada tipo de deficiência
o jogo deve ser orientado e utilizado de um modo diferente com o aluno e conforme a sua
especificidade, os jogos também podem ser adaptados e confeccionados de acordo com a
deficiência do educando. Para isso, o professor deverá conhecer as potencialidades do aluno, para
que então elabore os jogos adequados para o educando com deficiência e conheça os benefícios que
essa atividade lúdica proporciona para o desenvolvimento deles, sobre as possibilidades que os
jogos proporcionam Neves (2016, p.46) nos diz que:

Jogos e brincadeiras são indispensáveis para a saúde intelectual, psíquica e física do


indivíduo, em especial para crianças em fase de desenvolvimento global. Por meio de
atividades lúdicas, os alunos desenvolvem o cognitivo, a socialização, a linguagem, o
raciocínio lógico, a criatividade, a análise, a síntese, a capacidade de interpretação entre
outras funções.

Segundo o autor, os benefícios são muitos por promover um desenvolvimento integral do


aluno quando utilizado corretamente com a mediação do professor ou profissional que estará
lidando com o processo de aprendizagem do aluno. Nesse sentido, para o aluno com deficiência
visual torna-se inacessível apreender certos conceitos se o professor não buscar estratégias para que
esses alunos consigam internalizar certos conteúdos, durante este processo, o uso dos jogos podem
se tornar um grande aliado ao ser utilizado como recurso pedagógico.
A respeito dessa concepção a cerca dos jogos os autores Sarmento; Santos; Sarmento (2017)
desenvolveram um trabalho sobreo uso dos jogos pedagógicos com os alunos com deficiência
visual enfatizando de que forma eles contribuíram na aprendizagem de conceitos matemáticos
desses alunos.
Para isso, os pesquisadores realizaram estudos de casos, nos quais ocorreram atividades
práticas envolvendo os jogos adaptados para deficientes visuais. Sendo os jogos aplicados pelo
projeto do AEE(Atendimento Educacional Especializado), conforme relatam os autores Sarmento;
santos; Sarmento (2017, p5):

Os jogos foram aplicados nas atividades lúdicas de matemática desenvolvidas pelo projeto
AEE, articulando de maneira minuciosa para que os alunos e crianças da comunidade com
deficiência visual avancem na aprendizagem. Tais atividades foram aplicadas envolvendo
conteúdo específicos, como: adição, multiplicação, subtração, plano cartesiano, conjuntos,
sequência de números naturais e medida de tempo, dentre outros conceitos matemáticos,
atendendo alguns requisitos de execução que são: Desenvolvimento do jogo;
Carga horária de 1(uma) hora, tempo estimado para realização do jogo; O método de
avaliação é continuo.
Por meio desta pesquisa os autores constataram que os jogos proporcionaram aos alunos
com deficiência visual uma aprendizagem significativa, porém eles enfatizaram a necessidade do
professor ter conhecimento do Braille por ser um meio de comunicação utilizado por esses alunos e,
portanto, o professor conhecendo o Braille poderá inseri-lo nos jogos tornando-os acessíveis aos
deficientes visuais.
Do mesmo modo, para o aluno com deficiência física a aplicação do jogo pedagógico não é
diferente, os jogos também devem ser pensados de acordo com as suas particularidades, visto que
estes alunos possuem dificuldades motoras, por exemplo. Gonçalves; Braccialli; Carvalho (2013, p.
267) enfatiza que:

Assim, materiais são adaptados em relação a forma, textura, peso, na tentativa de minimizar
as dificuldades motoras presentes na criança com deficiência física. A adaptação de
materiais para facilitar o manuseio de crianças com deficiência física tem o intuito de
promover uma maior independência nas atividades, tanto nas de vida diária, quanto nas
escolares. Assim, a escolha dos recursos lúdicos, as formas de utilização, as possibilidades
de adaptação do recurso devem ser ofertadas para suprir as reais necessidades da criança, a
fim de dar condições e apoio por meio de uma boa estrutura, tanto material como
pedagógica e metodológica.

Desse modo o professor deverá está atento que tipo de jogo utilizar com este aluno, visto
que deverá levar em conta o tipo de material que será utilizado pelo aluno com deficiência física,
como será a aplicação e se o aluno terá condições de usar o recurso. O autor relata também da
importância de criar condições, com bons materiais e boa estrutura para que as necessidades das
crianças sejam supridas.
O aluno com deficiência física apresenta dificuldades de interagir devido as suas condições,
no entanto, se o recurso e o local forem acessíveis a criança não terá obstáculos e será incluída
conforme expõe Gonçalves, Braccialli; Carvalho (2013, p. 2):

Uma das formas de propiciar a inclusão escolar e por meio da alteração do ambiente,
levando-se em conta as interações entre o indivíduo e o meio para entendimento das
necessidades individuais do aluno com deficiência. Portanto, as adaptações e modificações
no meio, desde as arquitetônicas até as mais, especificam, como a adaptação de um recurso
pedagógico, são essenciais para garantir a acessibilidade de pessoas com deficiência no
contexto social e educacional.

Os estudos apontam que de fato o jogo tem o seu aspecto inclusivo à medida que
proporciona a participação de todos nas atividades pedagógicas desenvolvidas. Dessa forma,
salienta-se que as necessidades a serem atendidas não são apenas relacionadas à confecção do jogo
na garantia de atender as diferentes necessidades que os sujeitos com deficiência apresentam, mas
também aos aspectos de acessibilidade que precisam ser observados na organização doespaço. De
modo que a inclusão não depende apenas do pedagógico, mas de um conjunto de ações que
perpassam todas as esferas.

Enfim, os benefícios da utilização de jogos com crianças com deficiência foram


satisfatórios, foram reconhecidas avanços na melhoria da linguagem, habilidades motoras, entre
outros aspectos como aponta Bataglion (2016, p. 153):

Em relação aos benefícios das atividades lúdicas, as crianças apresentaram percepções


limitadas, refletindo a sua idade cronológica, bem como os comprometimentos cognitivos
nos casos de deficiência intelectual. Mesmo assim, alguns benefícios foram reconhecidos
como melhorias na linguagem e nas habilidades motoras grossas (andar) e finas (escrever).
Neste sentido, as familiares demonstraram visões mais ampliadas sobre os benefícios
destacando a importância das atividades: aspectos motores (controle de cabeça e tronco,
manuseio de brinquedos e objetos, ficar em pé, andar); habilidades de comunicação (falar e
pronunciar as palavras corretamente a partir da correção na troca de fonemas); habilidades
sociais (interações); emocionais (melhoras em comportamentos inadequados); aspectos
nutricionais (hábitos de alimentação saudáveis); disposição para atividade do dia a dia,
dentre outros.

Para os autores Sarmento; Santos; Sarmento (2017,p. 11) a utilização dos jogos como
recurso para o processo de ensino aprendizagem de alunos com deficiência visual também
obtiveram bons resultados: “[...] os alunos tiveram bons resultados através das atividades
desenvolvida em sala, possibilitando conhecimento nos conceitos matemáticos e que deram
autonomia nas resoluções de problemas para alunos com deficiência visual.”
Portanto, conforme o exposto pelos autores pode-se concluir que a utilização do uso dos
jogos se apresenta como um relevante recurso no processo de ensino e aprendizagem de alunos com
deficiência seja ele com deficiência visual, física, intelectual, entre outros. Devendo, porém, o
profissional ter o cuidado de conhecer o aluno e o tipo de deficiência que este apresenta para que
então possa realizar as adaptações necessárias ao utilizar os jogos para que obtenha êxito ao utilizá-
lo.

b) Alunos com Deficiência

Ao iniciarmos esta sessão sobre deficiência intelectual, necessitamos entender que não se trata
de doença possível de ser tratada, conforme relata a autora:

A deficiência intelectual não é uma doença contagiosa. Não pode ser contraída a partir do
contágio com outras pessoas, nem com o convívio de pessoa com deficiência intelectual e
não provoca qualquer prejuízo em pessoas que o não o sejam. O atraso cognitivo não é uma
doença mental (sofrimento psíquico), como a depressão, esquizofrenia, por exemplo. Não
sendo uma doença, também não faz sentido procurar ou esperar uma cura para a deficiência
intelectual. Krüger (2018, p.21)

A deficiência intelectual cuja nomenclatura é utilizada nos dias atuais, anteriormente era
nomeada de doença mental. Por meio do contexto histórico percebe-se a compreensão de como os
deficientes intelectuais eram vistos ao londo desse percurso.

O estudo de Almeida (2015, p. 268) relata como os homens primitivos, da era cristã,
toleravam a deficiência por achar que vinham de maus espíritos. No entanto, os pais e os que
traziam as crianças ao mundo são os que decidiam sobre a vida do deficiente.

Em outras civilizações como, por exemplo, a Grécia, Roma, as pessoas com deficiência
eram tratadas como maldição.
Já na era cristã, precisamente na idade média, os deficientes passaram a ser considerados
filhos de Deus. Restava a eles serem cuidados em asilos e conventos. Almeida (2015, p.679) aponta
que:
A deficiência intelectual e o desenvolvimento humano eram vistos como algo pré-
formado, sem qualquer relação com o contexto social e embora não se admitisse o
extermínio e a violência do deficiente, pois estes fora elevado ao status de “humano”
proveniente de Deus.

Somente no século XVIII aceitou-se a ideia de o deficiente conviver com as “pessoas


normais”. Não havia qualquer preocupação de cuidar da educação dessas pessoas, mas por questões
religiosas preocupava-se somente com a sua alma. Ou seja, o sujeito com deficiência continuava
sendo segregado, sem o direito de obter a formação educacional.
De acordo com o levantamento histórico relatado por Almeida (2015), na Idade Moderna
surge à fase da Integração, que consistia no deficiente ter que adaptar-se a escola e que por meio de
estudos descobriu-se que é a escola que deve adaptar–se ao aluno, a esta atitude chamamos de
inclusão que abordaremos adiante.
A deficiência intelectual, como citado anteriormente, era confundida com deficiência mental
e eles então passaram dos asilos para as escolas especiais conforme relata Almeida (2015, p.6800):

Nesta fase a deficiência intelectual ainda era muito confundida com a doença mental, e a
criança que recebia o diagnóstico de retardo mental, mesmo que leve, ao ser restituída ao
espaço da educação geral trazia consigo o estigma de incapaz, produzido pelos testes de
nível cognitivo a que eram submetidas.

Desse modo, para compreendermos sobre a deficiência intelectual que é nosso objeto de
estudo a Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento (AADID, 2010)
conceitua a deficiência intelectual como a “incapacidade caracterizada por limitações significativas
no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo e esta expresso nas habilidades
praticas, sociais e conceituais, originando-se antes dos dezoito anos de idade”. Outra característica
referente ao deficiente intelectual diz respeito ao seu cognitivo como relata castanheira (2014, p.
29):

A pessoa com déficit cognitivo apresenta um desenvolvimento qualitativamente diferente


das pessoas com desenvolvimento típico, apresentando prejuízos em diversas áreas, como
por exemplo: raciocínio lógico matemático, linguagem, pensamento abstrato, memória,
processamento de dados, planejamento e execução.

Em vista disso, um método que ainda é usada para conceituar a deficiência intelectual é o QI
(quociente de inteligência) como afirma Krüger ( 2108, p.23):

A deficiência intelectual é caracteriza na prática por um quociente de inteligência (QI)


inferior a 70, que é o valor médio apresentado pela população em geral. Especificamente,
na Deficiência Intelectual, a pessoa apresenta um atraso no seu desenvolvimento,
dificuldades para aprender e realizar tarefas do dia a dia e interagir com o meio em que
vive.

Porém, muitos estudiosos criticam esse método de classificação técnica da deficiência


intelectual, a partir de um teste que se limita em quantificação. Isso porque desconsidera a
subjetividade do sujeito e não leva em consideração a sua cultura, como argumenta Castanheira
(2014, p.42):

Desta forma, um teste aplicado a populações diferentes, da mesma forma apresentaria


resultados diferentes baseados em sua cultura e conhecimentos singulares sem que,
necessariamente, pudesse se afirmar que uma inteligência seria inferior a outra.

Castanheira (2014) afirma que há outros meios de conceituar a inteligência, como são os
casos das chamadas inteligências múltiplas que leva em consideração a existência de vários tipos de
inteligências apresentadas pelos sujeitos.

Apesar desta abordagem ser a mais aceita nos meios acadêmicos, existem outras propostas
para o conceito de inteligência. Howard Gardner lançou em 1983 a Teoria das Inteligências
Múltiplas. Segundo Gardner haveria oito inteligências, a saber: verbal, lógico matemático,
viso espacial, corporal-cenestésica, musical, interpessoal, intrapessoal e naturalística.

Desse modo, para Costa (2017, p. 30) faz-se necessário ter uma visão clara e
profunda do que é deficiência intelectual para lidar com esses sujeitos, principalmente no
meio educacional a fim de melhor auxiliá-los levando em consideração as diferenças de um
para outro, pois todo ser humano é único, com deficiência ou não.

Nos meios educacionais, faz-se necessária uma visão mais clara do que é a deficiência
intelectual, como ela se manifesta e as questões sociais que cercam esses indivíduos, sendo
exigido um maior cuidado com a identificação, com as particularidades e as diferenciações
presentes nos casos porque esses requerem dos profissionais intervenções diferenciadas e
apropriadas às especificidades de cada pessoa em suas necessidades.

A autora faz ainda uma reflexão direcionada aos profissionais que irão atuar com esses
alunos para que tenham intervenções diferenciadas, pois ao conhecer o aluno conseguirá realizar
intervenções que realmente esteja de acordo com suas necessidades.
Diante desse conjunto de posições que foram sendo elencadas pelos autores, verifica-se que
elas foram fundamentais para que se chega-se as políticas de inclusão com os alunos com
deficiência. No entanto, essa política tem o seu surgimento em 1968 por meio da Organização das
Nações Unidas (ONU) que com um grupo de especialistas montou um programa com objetivo de
atender esses alunos, então surgiu o que atualmente chamamos de Educação Especial.

Os objetivos da Educação Especial destinada às crianças com deficiências mentais,


sensoriais, motoras ou afetivas são muito similares aos da educação geral, quer dizer:
possibilitar ao máximo o desenvolvimento individual das aptidões intelectuais, escolares e
sociais. (UNESCO, 1968, p. 12)

Para Almeida (2015) a inclusão é uma perspectiva que comparada com a política de integração
apresenta um avanço em relação a atenção com o sujeito, pois o que se quer mudar não é o aluno e
sim as instituições, o modo de oferecer o ensino, que tem que se adequar e favorecer as condições
para que esse aluno tenha acesso a aprendizagem e que possibilite avanços cognitivos e sociais, no
caso dos sujeitos com deficiência. Por meio deste objetivo a Educação Especial vem buscando
caminhos para que a inclusão de fato aconteça com os alunos que apresentam deficiência e que não
podem ser negligenciados no espaço escolar.

Segundo Lima (2015) o que norteia as ações desenvolvidas pela educação inclusiva
atualmente é a busca de superar a visão pejorativa que havia sobre os sujeitos com deficiência e o
seu direito de acesso a educação, barreiras pedagógicas, atitudinais e físicas de acessibilidade que
ainda observamos nos nossos dias.
No caso da deficiência intelectual a escola por intermédio da inclusão vem com o objetivo
de transformar e dá um novo sentido a presença desses sujeitos no ambiente escolar, como método.
Ainda falando de inclusão Santos (2012,p. 938) nos diz que:

Seguindo esse princípio, num processo histórico surgiu a educação inclusiva, com o
objetivo central de fortalecer, nas instituições escolares, equipes de trabalho que se
preocupem em atuar eficazmente perante uma variada gama de situações envolvendo
alunos com necessidades educacionais especiais (singulares), de modo que eles, em sua
singularidade, tenham a possibilidade de desenvolver tanto suas capacidades cognitivas
quanto as sociais.

O objetivo principal das instituições escolares, segundo a autora é de realizar um trabalho


eficaz levando em conta a inclusão e possibilitando queos alunos com deficiência possam
desenvolver suas capacidades. Um passo fundamental para que a inclusão ocorra é acreditar nas
capacidades do aluno deficiente, oferecendo mudanças na forma como esses alunos são recebidos,
avaliados e ensinados, pois as barreiras existentes provêm da sociedade e da maneira como os
deficientes são percebidos e no deficiente em si.

A inclusão requer ações concretas das escolas com mudanças no currículo, e metodologias e
recursos que respeitem o ritmo do aluno com deficiência. Para isso, segundo Monteiro (2015, p.
15) a escola tem que romper com o modelo tradicional acabando com a discriminação dando lugar a
práticas de valorização das diferenças e a heterogeneidade e considerando a pluralidade como fato
de desenvolvimento.

Na concepção de Almeida (2016, p.135) “A proposta de inclusão do aluno com deficiência


intelectual está voltada para a garantia de participação integral na rotina diária da sala de aula
comum e de todo processo de escolarização nela desenvolvido.” A autora deixa explícito que a
inclusão não é somente o aluno frequentar uma escola de ensino regular e sim participar ativamente
de todo processo educacional. Os recursos pedagógicos e o processo de aprendizagem são
elementos essenciais para o desenvolvimento das ideias apresentadas nesse estudo.

Diante dos inúmeros posicionamentos sobre a questão da Educação Especial e os sujeitos


que dela decorre, a perspectiva com a qual me alinho é aquele que aponta para a inclusão do aluno
com deficiência de maneira ativa e participativa no processo de ensino e aprendizagem. Perspectiva
essa que utiliza os instrumentos pedagógicos como apoio e que pode contribuir para favorecer a
qualidade dessa participação.

3.1 RECURSO DIDÁTICO

Os recursos didáticos são materiais utilizados como apoio para contribuir na organização da
aplicação do conteúdo de ensino, com intuito de auxiliar no processo de ensino e aprendizagem dos
alunos. Eles se tornam uma ferramenta de enorme utilidade como relata Santos (2012, p. 2):

Os recursos didáticos envolvem uma diversidade de elementos utilizados como suporte


experimental na organização do processo de ensino e de aprendizagem. Sua finalidade é
servir de interface mediadora para facilitar na relação entre professor-aluno no processo
de ensino aprendizagem. Esses recursos podem ser utilizados de diferentes maneiras, seja
pela utilização de filmes, como também de recursos palpáveis, levados para a sala de aula,
ou até mesmo confeccionados na presença dos alunos, no intuito de despertar a
curiosidade do aluno.

A partir da definição do autor sobre recurso didático, pode-se inferir que os jogos
pedagógicos são considerados como um tipo de recurso utilizado pelo professor, com a finalidade
de auxiliar no desenvolvimento do conteúdo. As utilizações dos jogos podem contribuir para a
promoção de saberes adquirida de maneira espontânea, livre e divertida pelos alunos.
A aplicação de um recurso didático, entre outros elementos, deve levar em consideração a
faixa etária e as habilidades dos alunos, deve-se também considerar os objetivos e conteúdos que
irão ser trabalhados. Bataglion (2016, p.115) afirma que:
Considerando a infinidade de objetivos e conteúdos a serem trabalhados para atender as
necessidades das crianças com diferentes deficiências, algumas adequações são empregadas
como a diminuição das regras dos jogos e o aumento das demonstrações (deficiência
intelectual), diminuição da complexidade motora das atividades e auxílios físicos
(deficiência física, {...}

Para os deficientes físicos o cuidado ao utilizar o jogo são relativos as necessidades motoras. Já
com relação aos alunos com deficiência intelectual o professor deve estar atento as questões físicas
e intelectuais para manipulação e segurança, por exemplo, o aluno com deficiência intelectual que
por necessitar de motivação, atenção e concentração e por possuírem uma memória comprometida,
encontra nos jogos novas formas de estimular a memória e assim contribuir no aprender e no seu
desenvolvimento intelectual.
Pelo fato de ser algo palpável, os jogos tornam-se fundamentais, já que esses alunos
necessitam aprender experimentando, tocando e o aprendizado de alunos especiais, como expõe
Martins (2002 p. 40) “[...] deve ser estimulado a partir do concreto, sem pular etapas, necessitando
de instruções visuais e situações reais, para que o estudante consolide suas aquisições”.
Desse modo, as atividades com jogos desenvolvidas com esses alunos devem levar em conta o
tempo que eles gastam para aprender, respeitando os seus limites e apresentando objetivos claros e
organização sistemática desse processo. O ensino tem que ser prático, objetivo e claro, uma vez que
esses alunos apresentam, por exemplo, dificuldades em assimilar conceitos abstratos.
E para que o aluno com deficiência sinta-se motivado e interessado a assistir as aulas e pelos
conteúdos ministrados, torna-se necessário que o professor tenha condições de utilizar diferentes
recursos didáticos como apoio no processo de ensino e aprendizagem de conhecimentos propostos
pelo professor a esses alunos. A respeito disso Nicola, (2016, p.358) sinaliza que:

Dessa forma, as utilizações desses recursos no processo de ensino podem possibilitar a


aprendizagem dos alunos de forma mais significativa, ou seja, no intuito de tornar os
conteúdos apresentados pelo professor mais contextualizados propiciando aos alunos a
ampliação de conhecimentos já existentes ou a construção de novos conhecimentos. Com a
utilização de recursos didáticos diferentes é possível tornar as aulas mais dinâmicas,
possibilitando que os alunos compreendam melhor os conteúdos e que, de forma interativa
e dialogada, possam desenvolver sua criatividade, sua coordenação, suas habilidades,
dentre outras.

A diversidade didática apontada pela autora incrementa a prática educativa e afirma que a utilização
de recursos diferentes possibilita a aprendizagem significativa e contribui para que o assunto seja
tratado de uma forma contextualizada. Sobre a importância de o aluno ter contato com essa
aprendizagem significativa Rodrigues (2013, p.34) contribui dizendo que:

A aprendizagem significativa é caracterizada por uma interação entre o cognitivo individual


e as novas informações, atingindo assim, novos significados numa diferenciação e
elaboração da estrutura cognitiva do aluno. Os conceitos mais relevantes e inclusivos dos
alunos interagem com o novo conhecimento, ancorando-os, numa relação de interação, e,
ao mesmo tempo, modificando-os em função dessa ancoragem.

Isso possibilita que o aluno amplie seus saberes, visto que o aluno com deficiência intelectual
dispõe de um ritmo diferenciado de aprendizagem em relação aos alunos ditos normais. A
aprendizagem significativa faz com que o processo de ensino aprendizagem seja eficiente no
ambiente escolar. Monteiro (2015) nos diz que “a pessoa com deficiência não é menos
desenvolvida, apenas apresentam uma forma qualitativamente diferente de se desenvolver. ”

Desse modo, é de suma importância que o profissional de educação e a escola estejam atentos
aos fatores apontados sobre o aluno com deficiência e compreenda que esses alunos por meio de
recursos didáticos como os jogos pedagógicos podem ser melhor assistidos no ambiente escolar,
desenvolvendo suas potencialidades, criatividades e habilidades, interações sociais dentre outros
aspectos. No entanto, para que a utilização dos jogos alcance esses propósitos Viana (2107, p. 30)
considera que:

Quanto aos procedimentos metodológicos, para a utilização do jogo como material didático
isso requer uma mudança significativa no processo de ensino. Nesse sentido, a possibilidade
de aprender através de jogos, requer uma mudança metodológica para que os jogos possam
ser inseridos adequadamente de modo a atingir os objetivos pedagógicos.

Ou seja, não depende apenas da aplicação do jogo em si, mas de uma visão diferenciada do
professor em relação a esse recurso metodológico e a sua aplicação em relação aos seus alunos, de
maneira especial os que possuem deficiência intelectual, objeto desse estudo. Dessa forma, para que
os objetivos sejam alcançados com o auxílio dos jogos é necessário que o professor realize
mudanças na metodologia que vem adotando e aplique os jogos adequadamente.

3.2 PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

A aprendizagem dos alunos com deficiência por muitas vezes não foi valorizada pela
sociedade, ficando restrito apenas com o objetivo de socializar e preparar para o mundo do trabalho
como aborda Almeida (2016) “[...] as concepções sobre as possibilidades de aprendizagem destes
alunos foram por muito tempo ignorado e o ensino a eles destinado privilegiava as práticas de
socialização e o preparo para o trabalho.

No caso de alunos com deficiência intelectual, o autor nos diz que os primeiros indícios de
preocupação com o processo de ensino aprendizagem de um aluno com deficiência intelectual
surgiu mediante o médico Jean Itard(1774-1838) que segundo Muniz (2018) representou um marco
para o processo de escolarização das pessoas com deficiências ao buscar estratégias para educar
uma criança com atraso cognitivo.
Por isso, é importante compreender que no processo de ensino e aprendizagem é relevante à
estimulação do aluno, para queeleseja direcionado a pensar, raciocinar, criar e relacionar ideias,
desenvolvendo a autonomia de pensamento, e descobrindo formas diferentes de aprender.
Mas para que isso aconteça o professor precisa oportunizar aos alunos com deficiência
condições que os levem a descobrirem e expressarem suas descobertas. O professor deve tornar
suas aulas atraentes, mais convidativas levando esses alunos a perceberem sentido nos conteúdos e
então a aprendizagem será prazerosa e significativa. Rodrigues (2013, p.32)

Diz que é necessário ampliar os horizontes, buscar maneiras diferentes de empolgar,


valorizar e integrar os alunos, na perspectiva de alavancar o ensino-aprendizagem, criando
ambientes com um clima favorável, alegre e prazeroso para esse fim.

O papel do professor é de suma importância no processo de ensino e, portanto, para que este
profissional possa auxiliar os alunos especiais deve ter em mente que as limitações existentes não
requerem práticas pedagógicas incomuns como dispõe Santos (2012 p.945):

As limitações e possibilidades educacionais do aluno com deficiência intelectual não


requerem intervenções complexas em relação às práticas pedagógicas comuns, mas exigem
do professor uma atuação mais próxima, frequente e particular em relação a cada objetivo
escolar e às habilidades envolvidas para que as metas se realizem.

Desse modo o professor deve ter pleno conhecimento dos objetivos da escola e das
habilidades que o aluno deve alcançar. Ele também pode dispor do lúdico em sala de aula e dessa
forma, contribuir de forma significativa no processo de ensino e na aprendizagem do aluno, pois o
lúdico torna as aulas mais atraentes e convidativas e no caso do jogo como recurso de aprendizagem
trás a interação entre os alunos e por meio das trocas interpessoais há a construção do
conhecimento, o raciocínio lógico e faz com que o aluno trabalhe a confiança em si mesmo. Sobre
isso Ruiz (2015, p.154) nos diz que:

De fato, de acordo com a perspectiva Histórico-Cultural, é na colaboração com outros, nas


dinâmicas interativas, que serão desencadeadas as dinâmicas compensatórias de
desenvolvimento. Assim, a escola deve proporcionar múltiplas relações de ensino e
aprendizagem, por meio das trocas entre professor/estudante, estudante/estudante e
professor/professor.

Essa interação descrita pelo autor deve ser proporcionada pela escola aos alunos com
deficiências, estes por muito tempo foram excluídos dessas interações e são os que mais se
beneficiam dela, é no contato com outro que todo ser humano se desenvolve. Sobre as relações com
o outro, Santos (2012 p.942) destaca algumas características que a escola deve proporcionar:

[...] que promova interações sociais, pois o ser humano tem necessidade intrínseca do outro
para seu desenvolvimento potencial e como ser relacional e dialógico. As interações
interpessoais também são positivas por permitirem que o aluno se reconheça como parte
integrante de um grupo, tendo favorecidas sua autoestima e sua afetividade;

Ao aluno com deficiência é fundamental para o seu desenvolvimento senti-se parte


integrante de um grupo. Nessa perspectiva, o papel da escola é o de oportunizar ensino e
aprendizagem. Rodrigues (2013, p.36) diz que a principal função social da escola é: ensinar e
aprender. E é por meio desta perspectiva que devemos organizar o trabalho pedagógico para que
toda a comunidade escolar participe desse movimento dinâmico do cotidiano escolar e a interação
social deve estar presente.

O professor no seu fazer pedagógico na escola é importantíssimo no processo de ensino


aprendizagem, pois ele que faz a mediação e está presente neste processo auxiliando o aluno com
deficiência intelectual a interagir e a desenvolver competências, sobre isso Rodrigues (201,p. 38)
relata que:

O professor deve ter consciência do seu papel no processo de ensino aprendizagem. Ele é o
mediador dessa caminhada, portanto, precisa ter presente que, em qualquer situação de
aprendizagem, deve se obter conhecimento. O processo é gradativo e, por ser processo, é
necessário respeitar etapas e explorá-las da melhor maneira possível.

Conforme fala o autor o processo ocorre de maneira gradativa, o professor necessita


respeitar tais etapas e saber explorá-las levando em conta o ritmo do aluno com deficiência. Além
disso, o professor necessita também dar voz a esse aluno, tornando-o protagonista no processo de
aprendizagem. Isso porque por meio da participação ativa do educando em atividades interativas e
lúdicas podem ocorrer o processo de ensino aprendizagem realmente significativo como ressalta
Rodrigues (2013). O ensino tem que ser prático, visto que esses alunos têm dificuldades em
assimilar conceitos abstratos. Santos (2012, p. 940) amplia essa visão salientando a necessidade de:
“que valorize a prática do brincar, a qual consiste em uma abordagem natural para o
desenvolvimento humano, favorece o pensar e o fantasiar – até porque tal clientela apresenta déficit
de abstração e contato com a realidade objetiva”.
Falando ainda sobre o papel do professor, este deve acreditar nas possibilidades de
aprendizagem dos seus alunos, pois estudos recentes mostram como o professor ainda encontra
dificuldades em trabalhar com os alunos com deficiência intelectual como destaca Lima ( 2017,
p.41)
Com base nos depoimentos dos docentes sujeitos da pesquisa foi notório que essa
dificuldade parte da concepção de que os sujeitos com deficiência intelectual não são
capazes de aprender conhecimentos científicos, independente da atividade que lhe seja
proposta.

Ainda existem algumas concepções oriundas de alguns educadores de que o aluno com
deficiência intelectual não consegue aprender e nem se desenvolver no ambiente escolar como cita a
autora. Pletsch, Araújo e Lima (2016, p. 05) nos dizem que:

Em que pesem os avanços legais, inúmeras pesquisas têm identificado um conjunto de


barreiras para garantir o processo de ensino e aprendizagem desses sujeitos. Dentre elas,
uma das maiores é a não aprendizagem de pessoas com deficiências em decorrência, entre
outros aspectos, da falta de flexibilização e acesso aos currículos escolares e da falta de
conhecimentos dos professores para o trabalho junto a esses sujeitos.

De acordo com a afirmativa dos autores, verifica-se que a falta de formação adequada e
continuada dos profissionais da educação é umas das principais barreiras para o aprimoramento do
processo de ensino e aprendizagem de crianças com deficiência, somada as condições de trabalho
oferecidas nas redes de ensino e as políticas públicas ainda superficiais que não atendem as
demandas dessa realidade. As dificuldades não estão no aluno em si, mas de forma geral no trabalho
pedagógico desenvolvido que não abarca as estratégias e as condições necessárias para o alcance
dos objetivos de ensino pensados para esses sujeitos. Lima (2017, p. 42) considera que:

É necessário que o professor conheça esse aluno, tenha clareza do que ele é capaz de
realizar sozinho, o que ainda precisa de auxílio e quais as condições para que o mesmo
consiga realizar a atividade proposta, pois de alguma maneira o aluno com deficiência
intelectual será capaz de realizar.

O professor necessita ter um novo olhar sobre esses alunos, acreditando que eles possuem
capacidades de aprendizagens como os demais, porém de uma forma diferenciada, cabendo ao
docente buscar estratégias e recursos para que essas capacidades e potencialidades se desenvolvam.
A este respeito Lima (2017, p. 48) destaca que:

[...] ademais o docente precisa compreender que é necessário um processo de intervenções


para que o aluno consiga organizar seu pensamento e alcançar o nível da atividade que esta
sendo proposta. Além disso, conhecimentos sobre como se dá o processo de aprendizagem
desses sujeitos também são imprescindíveis para a organização de uma prática pedagógica.

Como já foi abordado anteriormente, o professor precisa ter conhecimento sobre como se dá
o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência intelectual. Uma vez que de
acordo com os especialistas o ensino deve ser pautado em conceitos teóricos e práticos e ocorrer de
uma maneira gradativa e constante com a finalidade de atingir o concreto e a reorganização do
conteúdo adequada ao nível e modalidade de ensino.
Nesse contexto, os jogos tornam-se ferramentas indispensáveis, por ser algo que os alunos
com deficiência intelectual podem manusear e associar à sua realidade. Dessa maneira, Santos
(2012, p. 941) lista algumas experiências pelas quais o aluno com deficiência intelectual deve ter no
processo de aprendizagem, dentre elas: “que trabalhe a memória associativa, via informações
contextualizadas. Logo, o uso de conhecimentos a partir do concreto não se restringe à dimensão
física.”
Os jogos lúdicos oferecem condições do educando vivenciar situações-problemas, a partir
do desenvolvimento de jogos planejados e livres que permitam aoaluno uma vivência às
experiências com a lógica e o raciocínio e permitindo atividades físicas e mentais que favoreçam a
sociabilidade e estimulando as reações afetivas, cognitivas, sociais, morais, culturais e linguísticas.
Santos (2012, p. 943) destaca alguns pontos relevantes, como o uso de jogos, e o que eles
podem promover no processo de ensino e aprendizagem do aluno com deficiência intelectual.

O uso de jogos favorece o raciocínio lógico, a função psicomotora, a concentração, o


seguimento de regras, o levantamento de hipóteses, a curiosidade, os interesses, a noção
temporal e o reforço dos acertos por possibilitar um feedback rápido do próprio
desempenho, estimulando a memória, a capacidade perceptiva, a motivação, a solução de
problemas, o seguimento do ritmo próprio na execução da atividade, o reconhecimento e o
treino da intencionalidade, a consciência da ação etc.

Os desafios contidos em situações lúdicas, como jogos e brincadeiras, podem ajudar alunos
com deficiência intelectual não só a construir seus conhecimentos, mas sentir-se desafiados por
problemas e enigmas, fazendo com que se encorajem a pensar, tomando decisões sobre o fazer,
podendo confrontar seus pontos de vistas, estabelecendo relações entre o que já sabem e o que ainda
precisam saber para que os objetivos sejam destacados como afirma Santos (2012, p. 940):

Vale destacar que as contingências de ensino devem partir de habilidades que o aluno já
possui para, então, evoluir gradualmente naquilo que ainda é preciso desenvolver ou
adquirir. Desse modo, é possível gerar condições para que o aluno acerte mais do que erre,
receba mais reforço imediato e feedback. Assim, promove-se a motivação, a autoconfiança
e o aumento de comportamentos almejados pelos objetivos escolares;(...)

Essa motivação que a autora destacou, poderá ser propiciada por meio das atividades lúdicas
que correspondem a um impulso natural da criança, e neste sentido, satisfazem uma necessidade
interior, pois o ser humano apresenta uma tendência lúdica.
O papel da família também é muito importante no processo de aprendizagem do aluno, pois
ele já traz de casa bagagens de conhecimentos. Ferreira (2015, p. 116) diz que:

A família, assim como o Estado, tem o dever de responsabilizar-se pela educação e pleno
desenvolvimento da pessoa que dela faz parte. Nessa perspectiva, é importante destacar que
a participação da família no processo da educação escolar dos estudantes é imprescindível.
Juntos, escola e família realizam uma tarefa relevante no desenvolvimento pessoal,
educacional e social do aluno com ou sem deficiência.

A autora destaca a importância da união entre família e escola no processo educacional do


aluno, que juntos eles devem realizar uma função relevante, que favorece o desenvolvimento do
aluno em todos os aspectos.
Ainda falando sobre o processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais é basicamente a
introdução das primeiras noções, de diversas áreas do conhecimento, e a forma como esses
conteúdos são trabalhados na escola principalmente com os alunos com deficiência. Essas
considerações podem determinar o sucesso e o insucesso destes alunos nas disciplinas, causando um
problema recorrente tanto para seu futuro escolar quanto na sua vida escolar e social.
Ao definir os aspectos centrais que definem o que é um recurso didático e de que modo se
dá o processo de ensino e aprendizagem, fica de forma clara e objetiva que as organizações
escolares a partir desses dois elementos são essenciais para pensar a prática pedagógica alinhada ao
estudo sobre aplicação de jogos pedagógicos com alunos com deficiência intelectual.

4. Jogos Pedagógicos aplicados para sujeitos com deficiência Intelectual

Nessa sessão são apresentados a análise dos trabalhos realizados em que os jogos foram
aplicados sem alunos com deficiência intelectual e os resultados obtidos. Como forma de pensar de
maneira mais particular a aplicação dos jogos pedagógicos como recurso didático tendo como
sujeitos envolvidos, alunos com deficiência intelectual.
O primeiro estudo a ser analisado é o de Gadelha (2014) que desenvolveu uma pesquisa com
uso jogos de linguagem escrita na sala de recursos multifuncional de uma escola municipal de
Fortaleza com alunos com deficiência intelectual. O objeto de estudo apresentado por Gadelha
propõeinvestigar se o uso de jogos pedagógicos em uma de Sala de Recursos Multifuncional
contribui para a aprendizagem da linguagem escrita de alunos que apresentam deficiência
intelectual. Vale ressaltar que o estudo da aplicação dos jogos realizado por Gadelha foi
compreendido a partir de algumas fases, como destaca a autora (2014, p. 79):

A organização das sessões de jogos de linguagem escrita compreendeu algumas fases: a)


identificação e construção dos jogos pedagógicos de linguagem; b) seleção de histórias que
contextualizavam os jogos; c) elaboração de um protocolo para aplicação dos jogos e d)
aplicação das sessões de jogos.

As intervenções realizadas pela pesquisadora tinham graus de dificuldades crescentes, a cada


jogo aplicado aumentava-se o desafio e eram priorizados aspectos como atenção, percepção e
memória, Gadelha (2014, p. 78). Os jogos aplicados foram sete erros, quebra cabeça, bingo das
letras iniciais, frutas mágicas, jogo trocas de letras entre outros, com o objetivo de desenvolver os
aspectos cognitivos como a linguagem escrita.

A aplicação dos jogos, segundo Gadelha (2014) tiveram doze sessões com uma hora e meia
cada. Em cada aplicação dos jogos havia uma contação de história que contextualizava o jogo de
acordo com relato de Gadelha (2014, p. 78)

Durante as sessões, quando os sujeitos chegavam à sala, havia um momento de


acolhimento, em que a pesquisadora tentava articular um diálogo para que houvesse maior
disponibilidade para a realização dos jogos. A sessão iniciava sempre com a contação de
histórias que contextualizava o conteúdo dos jogos. Durante a contação, articulávamos com
os sujeitos o reconto ou a interpretação da história contada. Após esse momento,
iniciávamos o jogo.

Podemos destacar que segundo a pesquisadora o uso dos jogos contribuiu no


desenvolvimento da linguagem dos alunos com deficiência intelectual, porém os resultados foram
positivos por meio da mediação da pesquisadora, provando que o jogo é um recurso que serve como
auxílio ao docente, como destaca Gadelha (2014, p. 163):

Na presente pesquisa, os três sujeitos iniciaram a pesquisa no nível pré-silábico e ao final


da pesquisa evoluíram para o nível silábico sem valor sonoro. Esse dado sugere que o uso
de jogos de linguagem na SRM pode contribuir para a evolução conceitual da língua escrita
de sujeitos com deficiência intelectual. Contudo, observamos que o jogo por si só não
favoreceu a aprendizagem dos sujeitos da pesquisa. A mediação da pesquisadora presente
durante as sessões com os jogos é o que possibilitou a evolução dos sujeitos mediante o uso
dos jogos.

Conforme citado pela autora, podemos inferir como o uso dos jogos pode ser um recurso
eficaz no processo de ensino e aprendizagem desde que haja uma mediação docente que dê sentido
ao uso deste recurso. Reafirmando o propósito de que a aplicação por si só não tem efeitos práticos
no processo de aprendizagem, mas que a ação do professor é fundamental para que o objetivo de
aprendizagem seja alcançado. Isso porque é nos objetivos que devem estar determinados as
condições para ele seja materializado ao final do processo.

Já Neves (2016) desenvolveu sua dissertação intitulada “A prática do xadrez e os processos


de aprendizagem de alunos com deficiência intelectual” com o objetivo de investigar como o uso de
xadrez auxilia na aprendizagem de aluno com deficiência intelectual. O pesquisador realizou uma
pesquisa de campo, a partir da aplicação do jogo de xadrez, tendo como sujeito de pesquisa dois
alunos com deficiência intelectual do oitavo ano do ensino fundamental.

Além das oficinas realizadas na escola destes alunos o pesquisador confeccionou juntamente
comum deles, um jogo de xadrez. Durante as observações nas oficinas Neves (206, p. 77) observou
que :

Por meio dos instrumentos de observação, registro do pesquisador e das análises, constatou-
se que ao jogar xadrez o aluno com deficiência intelectual articulava estratégias e táticas
explorando o raciocínio lógico e evidenciando aprendizagens cognitivas e psico-sensoriais.

Como resultado da pesquisa o pesquisador conseguiu analisar dezessete habilidades são elas:
atenção, concentração, julgamento, planejamento, imaginação, previsão, memória, vontade de
vencer, paciência, espírito de decisão, autocontrole, coragem, lógico matemático, raciocínio
analítico, síntese, criatividade e inteligência que segundo o autor, o jogo de xadrez promove, Neves
(2016, p. 136) nos relata ainda que:

A incidência da prática do xadrez sobre o cognitivo e o raciocínio, ao realizar atividades


pedagógicas do campo das disciplinas curriculares, ficou apenas sinalizada. Desse modo,
ela poderá ser objeto de uma nova pesquisa, com maior período de observação e coleta de
dados para verificar sua influência e intensidade.
Como objeto de investigação mais aprofundado, também se poderá considerar cada uma
das 17 habilidades que foram abordadas de forma geral na relação entre o xadrez e a
aprendizagem do aluno com deficiência intelectual.

O autor deixa explícitas as possibilidades que o jogo de xadrez pode oferecer aos alunos
com deficiência intelectual, a partir das diferentes possibilidades que o jogo pode proporcionar e
acrescentar no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem dos alunos. De maneira
especial poderá contribuir para ampliar as chances de aprendizagem dos alunos com deficiência
intelectual, devido às necessidades que eles apresentam. Desse modo, o autor deixa em aberto o
tema para que novas pesquisas se aprofundem sobre o assunto e encontre outras motivações e
assertivas que fazem do jogo um recurso pedagógico que representa a possibilidade de inclusão
social de alunos com deficiência, sobretudo com relação aos alunos com deficiência intelectual.

Por fim, o último trabalho analisado é uma dissertação intitulada de Jogos educacionais no
desenvolvimento das funções psicológicas superiores em crianças com deficiência intelectual que
Foi desenvolvido pelo pesquisador santos (2018). o objetivo da pesquisa foi os jogos educacionais
como instrumento para o desenvolvimento das funções psicológicas de crianças com deficiência
intelectual. As intervenções ocorreram nas aulas de educação física com uma freqüência de duas
vezes na semana conforme relata Santos (2018, p.102):

Para a efetivação das intervenções, foi realizado um bloco de atividades com jogos
educacionais. As atividades foram aplicadas nas aulas de Educação Física, cuja frequência
era de duas vezes semanais (segundas e quintas-feiras), com duração de 50 minutos cada
aula. Elas ocorriam sempre após o intervalo, das 15h20min às 16h10min. Ao final, foram
totalizados 1.300 minutos de atividades, que em valor aproximado representam 22 horas de
intervenções pedagógicas com as crianças, no período de 6 de março a 5 de junho de 2017.

O pesquisador usou os jogos para trabalhar o conceito sobre tema pipoca, para que os alunos
com deficiência intelectual conhecessem o assunto com os seguintes objetivos: para que serve,
processo de produção, brincar e jogar e cantar músicas sobre o tema pipoca, desenvolver as funções
psicológicas superiores por meio de jogos. O autor descreve como ocorreram as intervenções:

A primeira atividade da intervenção traz os conceitos cotidianos a respeito da pipoca. Na


segunda, terceira e quarta, iniciamos a formação do conceito, com experimentos que
trouxeram subsídios para a aquisição dos conhecimentos escolares, dentre elas, uma visita
em uma plantação de milho. Já nas atividades, quinta, sexta, sétima, oitava, nona e décima,
realizamos os jogos com objetivo no desenvolvimento integral da motricidade, entretanto, o
conceito de “pipoca” permaneceu sendo formado, também como o objetivo em desenvolver
as FPS.Santos(2018, p.120)

O autor usou de estratégias lúdicas para realizar as experiências com os alunos com
deficiência intelectual e também os levou a ter contato com o concreto, quando levou os alunos a
vivenciar de perto uma plantação de milho. Para qualquer aluno independente de ter deficiência ou
não ter contato com experiências práticas torna a aprendizagem significativa.

Ao finalizar a pesquisa o autor identificou avanços na aprendizagem e desenvolvimento dos


sujeitos; transformação de um conceito cotidiano para um conceito científico, porém foi observado
que os alunos estão no inicio desse processo. Houve também desenvolvimento da motricidade e
desenvolvimento da linguagem dos alunos conforme relata santos (2018, p. 173):

Alunos que não falavam nada começaram a indicar gestos e balbuciar sons próximos à
palavra correta, além da utilização de olhares e expressões fisionômicas para exprimir
alguns desejos.
A linguagem nesse contexto não foi apenas um instrumento de comunicação, e sim de
mediação social, exercendo a função de intercâmbio sociocultural e de pensamento
generalizante. Portanto, favoreceu o processo de abstração e generalização.

As intervenções segundo o autor, além dos alunos desenvolverem a linguagem, também


houve avanços no processo de abstração dos alunos. Desse modo, de acordo com os estudos e
intervenções o autor concluiu que os jogos educativos contribuem no processo de desenvolvimento
das funções psicológicas superiores em alunos com deficiência intelectual.
Conclusão

Este estudo buscou investigar por meio da revisão de literatura como os jogos pedagógicos
como recurso didático podem contribuir no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com
deficiência, destacando os alunos com deficiência intelectual que por apresentarem dificuldades
cognitivas podem por meio dos jogos ampliar seus conhecimentos de forma lúdica e significativa.

Para isso, desenvolvemos a pesquisa bibliográfica em que os autores selecionados utilizaram


pesquisas sobre a temática objeto desse estudo e com base nas categorias estabelecidas foram sendo
construídas as inferências com o intuito de refletir sobre a problemática em questão.
Abordamos nesta pesquisa como ocorre o processo de aprendizagem dos alunos com
deficiência, a utilização dos jogos, o conceito de jogos e sua contribuição no desenvolvimento do
educando e como profissional devem ficar atentos a diversas questões como: o tipo de jogo utilizar,
conhecimento sobre o aluno e sua especificidade para verificar a pertinência dos jogos de acordo
com a necessidade dossujeitos. Os autores acrescentam também que os jogos só terão sentidos se
usados por meio de uma mediação e com objetivos estabelecidos, sendo o professor responsável por
esse processo.

A pesquisa aponta também para a necessidade de novas pesquisas que abordem a temática,
pois apesar dos jogos serem tão conhecidos na área de educação e demais áreas, ainda existem
poucos estudos sobre o tema principalmente na área da educação especial. Existe uma enorme
carência de pesquisas realizadas sobre alunos com deficiência. Por esta razão, faz-se necessário que
sejam realizadas mais pesquisas sobre o assunto.
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