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AULA 01 – 1ª FASE DO EXAME DE ORDEM - DIREITO ADMINISTRATIVO

PROFESSOR: ANDRÉ ALBUQUERQUE

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO

- CONCEITO: Poderes Administrativos são elementos indispensáveis para persecução do


interesse público. Surgem como instrumentos (prerrogativas) através dos quais o poder público
irá perseguir o interesse coletivo.

- CARACTERÍSTICAS

a) trata-se de um dever (poder-dever),


b) irrenunciáveis;
c) estão condicionados aos limites legais, inclusive quanto à regra de competência;
d) cabe responsabilização.

- PODER VINCULADO - estabelece um único comportamento possível a ser tomado pelo


administrador diante de casos concretos, sem nenhuma liberdade para um juízo de conveniência
e oportunidade (juízo de valores).

- PODER DISCRICIONÁRIO - neste poder o administrador também está subordinado à lei,


diferencia do vinculado porque ele tem liberdade para atuar de acordo com um juízo de
conveniência e oportunidade, de tal forma que, havendo duas alternativas o administrador pode
optar qual delas, no seu entendimento, preserve melhor o interesse público.

- Discricionariedade é diferente de arbitrariedade: discricionariedade é a liberdade para atuar,


para agir dentro dos limites da lei e arbitrariedade é a atuação do administrador além (fora) dos
limites da lei. – Ato arbitrário é sempre ilegítimo e inválido.

- Controle: os atos arbitrários devem ser reapreciados pelo Judiciário (é abuso de poder).
Diferente do ato discricionário, se for válido, o Judiciário não poderá reapreciar o seu mérito (o
juízo de valor do juiz não pode substituir o do administrador – independência dos poderes).

- PODER HIERÁRQUICO - é o poder conferido ao administrador para distribuir e escalonar as


funções dos seus órgãos , ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo uma
relação de hierarquia, de subordinação. Neste poder estão ínsitas as faculdades de dar ordens e
de fiscalizar, bem assim as de delegar e avocar as atribuições e de rever os atos dos que se
encontrem em níveis inferiores da escala hierárquica.

- PODER DISCIPLINAR - é o poder conferido à Administração que lhe permite punir, apenar a
prática de infrações funcionais dos servidores e de todos que estiverem sujeitos à disciplina dos
órgãos e serviços da Administração. É inerente ao Poder Hierárquico. A doutrina reconhece que
esse poder é, em regra, discricionário, admitindo que a legislação brasileira quando define as
infrações funcionais utiliza expressões vagas e conceitos indeterminados, o que acaba permitindo
um juízo de valor do administrador. Assim, o reconhecimento da infração depende de uma
decisão discricionária, o que não ocorre com a aplicação da sanção porque a lei determina
expressamente a pena aplicada em cada situação não restando liberdade para o Administrador.
- PODER REGULAMENTAR - é o poder conferido ao Administrador para a edição de decretos e
regulamentos para oferecer fiel execução à lei, conforme disposição do art. 84, IV, da CF. Pode
ser exercido por meio de regulamentos, portarias, resoluções, regimentos, instruções normativas,
etc.

- Discussão importante nesse tema é a possibilidade de decreto regulamentar autônomo no


Brasil. Hoje a doutrina e jurisprudência majoritárias (inclusive STF) reconhecem a possibilidade
desse tipo de regulamento, o que só foi possível a partir da EC32/01. Essa possibilidade é
reconhecida em caráter excepcional, somente nas hipóteses expressamente autorizadas pela
Constituição Federal, como é o caso do art. 84, VI, da CF.

- PODER DE POLÍCIA - é o poder conferido ao administrador que lhe permite condicionar,


restringir, limitar o exercício de atividade, o uso e gozo de bens e direitos pelos particulares em
nome do interesse da coletividade.

- Algumas características:
a) representa a busca do bem estar social, compatibilizando os interesses públicos e privados.
b) refere-se basicamente os direitos a liberdade e a propriedade.
c) pode gerar a cobrança de taxa de polícia, tributo vinculado à contraprestação estatal (assim
cobra-se o valor da diligência de polícia), previsto no art. 78, do CTN.
d) pode ser exercido no caráter preventivo, repressivo ou fiscalizador.
e) pode ser praticado com atos normativos ou atos punitivos.
f) representa exercício de supremacia geral, que é diferente da supremacia especial, porque
independe de qualquer vínculo jurídico anterior.
g) não atinge diretamente a pessoa, mas sim os seus bens, interesses e atividades.
h) não restringe um direito, mas disciplina a forma de exercê-lo.
i) não admite delegação, salvo quanto aos atos materiais anteriores ou posteriores de polícia.
j) não se confunde com polícia judiciária, busca o bem estar social, enquanto, a judiciária quer a
aplicação da lei penal.
k) atributos: discricionariedade (traduz-se na livre escolha, pela Administração, da oportunidade e
conveniência de exercer o poder de polícia), auto-executoriedade (afaculdade de a Administração
decidir e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem intervenção do
Judiciário) e coercibilidade (imposição coativa das medidas tomadas pela Administração –
obrigatório para seu destinatário)

DECISÕES INTERESSANTES SOBRE O ASSUNTO

REPERCUSSÃO GERAL

Tema 217: Comprovação do poder de polícia para cobrança de taxa de localização e


funcionamento.
EMENTA: Recurso Extraordinário 1. Repercussão geral reconhecida. 2. Alegação de
inconstitucionalidade da taxa de renovação de localização e de funcionamento do Município de
Porto Velho. 3. Suposta violação ao art. 145, inciso II, da Constituição, ao fundamento de não
existir comprovação do efetivo exercício do poder de polícia. 4. O texto constitucional diferencia
as taxas decorrentes do exercício do poder de polícia daquelas de utilização de serviços
específicos e divisíveis, facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público. 5. A
regularidade do exercício do poder de polícia é imprescindível para a cobrança da taxa de
localização e fiscalização. 6. À luz da jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal, a existência
do órgão administrativo não é condição para o reconhecimento da constitucionalidade da
cobrança da taxa de localização e fiscalização, mas constitui um dos elementos admitidos para se
inferir o efetivo exercício do poder de polícia, exigido constitucionalmente. Precedentes. 7. O
Tribunal de Justiça de Rondônia assentou que o Município de Porto Velho, que criou a taxa objeto
do litígio, é dotado de aparato fiscal necessário ao exercício do poder de polícia. 8. Configurada a
existência de instrumentos necessários e do efetivo exercício do poder de polícia.
9. É constitucional taxa de renovação de funcionamento e localização municipal, desde
que efetivo o exercício do poder de polícia, demonstrado pela existência de órgão e
estrutura competentes para o respectivo exercício, tal como verificado na espécie quanto ao
Município de Porto Velho/RO. 10. Recurso extraordinário ao qual se nega provimento (STF. RE
588322/RO, STF – Tribunal Pleno, Repercussão Geral – Mérito, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgamento: 16.06.2010, DJe: 03.09.2010)

Tema 48 - Reserva legal para a criação de cargos e reestruturação de órgão.

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PODER EXECUTIVO. COMPETÊNCIA


LEGISLATIVA. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DECRETOS 26.118/05 E
25.975/05. REESTRUTURAÇÃO DE AUTARQUIA E CRIAÇÃO DE CARGOS. REPERCUSSÃO
GERAL RECONHECIDA. INOCORRENTE OFENSA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL. RECURSO
DESPROVIDO. I - A Constituição da República não oferece guarida à possibilidade de o
Governador do Distrito Federal criar cargos e reestruturar órgãos públicos por meio de simples
decreto. II - Mantida a decisão do Tribunal a quo, que, fundado em dispositivos da Lei Orgânica
do DF, entendeu violado, na espécie, o princípio da reserva legal. III - Recurso Extraordinário
desprovido. (RE 577025, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em
11/12/2008, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-043 DIVULG 05-03-2009 PUBLIC 06-03-
2009 EMENT VOL-02351-08 PP-01507 RTJ VOL-00209- 01 PP-00430)

Tema 532 - Aplicação de multa de trânsito por sociedade de economia mista

Relator: MIN. LUIZ FUX - Leading Case: ARE 662186


Recurso extraordinário com agravo em que se discute, à luz dos artigos 23, XII; 30; 39, caput, 41;
173; e 247, da Constituição Federal, a possibilidade, ou não, de delegação do exercício do poder
de polícia a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta
para aplicação de multa de trânsito DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.
APLICAÇÃO DE MULTA DE TRÂNSITO POR SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. PODER DE
POLÍCIA. DELEGAÇÃO DOS ATOS DE FISCALIZAÇÃO E SANÇÃO A PESSOA JURÍDICA DE
DIREITO PRIVADO.(ARE 662186 RG, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 22/03/2012,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 12-09-2012 PUBLIC 13-09- 2012 )

- RECURSO REPETITIVO JULGADO

Tema: Auto-executoriedade de ato administrativo emanado pela autarquia ambiental que


determina o embargo de obra irregular e sua respectiva demolição, a afastar a atuação do
Judiciário. ADMINISTRATIVO. AUTO-EXECUTORIEDADE DOS ATOS DE POLÍCIA. Os atos
de polícia são executados pela própria autoridade administrativa, independentemente de
autorização judicial. Se, todavia, o ato de polícia tiver como objeto a demolição de uma casa
habitada, a respectiva execução deve ser autorizada judicialmente e acompanhada por oficiais de
justiça. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 1217234 PB, Rel. Ministro ARI
PARGENDLER, PRIMEIRA SEÇÃO, Julgado em 14/08/2013, DJE 21/08/2013)

Tema 135 – RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. RITO DO


ARTIGO 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. EXERCÍCIO DO PODER DE
POLÍCIA.MULTA ADMINISTRATIVA. EXECUÇÃO FISCAL. PRAZO
PRESCRICIONAL.INCIDÊNCIA DO DECRETO Nº 20.910/32. PRINCÍPIO DA ISONOMIA.1. É de
cinco anos o prazo prescricional para o ajuizamento da execução fiscal de cobrança de multa de
natureza administrativa, contado do momento em que se torna exigível o crédito (artigo 1º do
Decreto nº 20.910/32).2. Recurso especial provido.(REsp 1105442/RJ, Rel. Ministro HAMILTON
CARVALHIDO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 22/02/2011)

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