Você está na página 1de 43

Redes de Atenção à saúde

José Lima Júnior


REDES DE ATENÇÃO À
SAÚDE
• Redes de suporte às políticas públicas têm sido
adotadas para superar o modelo:
Burocrático;
Hierárquico;
Hegemônico.
• Num contexto de complexificação das questões sociais.

Capra (2002), Inojosa (2008) e Ouverney (2008)


REDES DE ATENÇÃO À
SAÚDE
As redes têm sido propostas para administrar políticas e projetos

Recursos
escassos e
problemas
complexos
Interação de
agentes
públicos e
privados
Crescente
demanda por
serviços e a
participação
cidadã
Fleury e Ouverney (2007)
REDES DE ATENÇÃO À
SAÚDE
São organizações poliárquicas de conjuntos de serviços
de saúde, vinculados entre si por uma missão única e por
uma ação cooperativa e interdependente, que permitem
ofertar uma atenção contínua e integral a determinada
população.

Mendes (2012)
REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE

TEMPO CERTO

Coordenada
LUGAR CERTO
pela atenção
CUSTO CERTO
primária à
QUALIDADE CERTA
saúde
FORMA HUMANIZADA

Mendes (2011)
REDES DE ATENÇÃO À
SAÚDE
OBJETIVOS:
 Melhorar a qualidade da atenção;
 qualidade de vida das pessoas usuárias;
 resultados sanitários do sistema de atenção à saúde;
 eficiência na utilização dos recursos e a equidade em saúde.

Rosen e Ham (2008)


REDES DE ATENÇÃO À
SAÚDE
A concepção de hierarquia é substituída pela de poliarquia
e o sistema organiza-se sob a forma de uma rede
horizontal de atenção à saúde.

Oliveira et al (2004)
REDES DE ATENÇÃO À
SAÚDE
• O sistema público brasileiro organiza-se em atenção
básica, de média e de alta complexidades. Tal visão
apresenta problemas teóricos e operacionais.

APS
REDES DE ATENÇÃO À
SAÚDE
• Todos os pontos de
atenção deveriam ser
entendidos como
espaços onde são
ofertados alguns
serviços de saúde,
sendo todos
igualmente
importantes para que
sejam cumpridos os
objetivos da rede de Brasil (2012)
REDES DE ATENÇÃO À
SAÚDE
• Elementos comuns das redes:

Relações relativamente estáveis;


Inexistência de hierarquia;
Compartilhamento de objetivos comuns;
Cooperação;
Intercâmbio constante e duradouro de
recursos.
Mendes (2011)
OS SISTEMAS FRAGMENTADOS
E AS REDES DE ATENÇÃO À
SAÚDE
• Os sistemas fragmentados de atenção à saúde são
aqueles que se organizam através de um conjunto de
pontos de atenção à saúde, isolados e incomunicados
uns com os outros. Em geral, não há uma população
adscrita de responsabilização.
OS SISTEMAS FRAGMENTADOS
E AS REDES DE ATENÇÃO À
SAÚDE
• Diferentemente, os sistemas integrados de atenção à
saúde, as RASs, são aqueles organizados através de um
conjunto coordenado de pontos de atenção à saúde
para prestar uma assistência contínua e integral a uma
população definida.
• ASSUMINDO O CONCEITO DA REGIONALIZAÇÃO
DIFERENÇAS ENTRE OS SISTEMAS
FRAGMENTADOS E RAS
SISTEMA FRAGMENTADO REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
ORGANIZADO POR COMPONENTES ORGANIZADO POR UM CONTÍNUO DE
ISOLADOS ATENÇÃO

ORGANIZADO POR NÍVEIS ORGANIZADO POR UMA REDE


HIERÁRQUICOS POLIÁRQUICA
ORIENTADO PARA A ATENÇÃO A ORIENTADO PARA A ATENÇÃO A
CONDIÇÕES AGUDAS CONDIÇÕES CRÔNICAS E AGUDAS
VOLTADO PARA INDIVÍDUOS VOLTADO PARA UMA POPULAÇÃO
O SUJEITO É O PACIENTE O SUJEITO É AGENTE DE SAÚDE
REATIVO PROATIVO
ÊNFASE NAS AÇÕES CURATIVAS ATENÇÃO INTEGRAL
CUIDADO PROFISSIONAL CUIDADO MULTIPROFISSIONAL
GESTÃO DA OFERTA GESTÃO DE BASE POPULACIONAL

FONTES: FERNANDEZ (2009)


ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS

• As RASs constituem-se de três elementos fundamentais:

uma população;
uma estrutura operacional; e
um modelo de atenção à saúde.

Brasil (2012)
ELEMENTOS
CONSTITUTIVOS DAS RAS
POPULAÇÃO

 Vive em territórios sanitários singulares, organiza-se


socialmente em famílias e é cadastrada e registrada em
subpopulações por riscos sóciossanitários.

 Deve ser totalmente conhecida e registrada em sistemas


de informação potentes.

Brasil (2012)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
POPULAÇÃO

O conhecimento da população envolve um processo


complexo em vários momentos:

 Territorialização;
 Cadastramento das famílias;
 Classificação das famílias por riscos
sociossanitários;
 Vinculação das famílias à Unidade de APS/ESF;
 Identificação de subpopulações com condições de
saúde muito complexas.

Brasil (2012)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
ESTRUTURA OPERACIONAL

 É formada pelos pontos de atenção das redes e


pelas ligações materiais e imateriais que integram
esses diferentes serviços.

Brasil (2012)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
ESTRUTURA OPERACIONAL

COMPONENTES:
• Centro de comunicação, a APS;
• Pontos de atenção à saúde secundários e terciários;
• Sistemas de apoio;
• Sistemas logísticos e;
• Sistema de governança.

Mendes (2012)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
ESTRUTURA OPERACIONAL

• Centro de comunicação, a APS:

Desempenhando ações de saúde e também


fazendo a ligação entre os demais pontos de
atenção, de modo a garantir a integralidade e
continuidade da atenção à saúde dos usuários.
Brasil (2012)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
ESTRUTURA OPERACIONAL

• Pontos de atenção à saúde secundários e


terciários:

Pontos de diferentes densidades tecnológicas


servem de apoio aos serviços da APS, com
ações especializadas em nível ambulatorial,
hospitalar, apoio diagnóstico e terapêutico.Brasil (2012)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
ESTRUTURA OPERACIONAL

• Sistemas de apoio:

Locais onde são prestados serviços de saúde comuns a


todos os pontos de atenção.

São constituídos por:


sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico;
sistema de assistência farmacêutica; e
sistemas de informação em saúde. Mendes (2011)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
ESTRUTURA OPERACIONAL

• Sistemas logísticos:
Oferecem soluções em saúde baseadas nas
tecnologias de informação, voltadas para
promover a eficaz integração e comunicação
entre pontos de atenção à saúde e os sistemas
de apoio.

 Cartão de identificação das pessoas usuárias,


Mendes (2011)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
ESTRUTURA OPERACIONAL

• Sistema de governança:

São arranjos institucionais organizados que


envolvem diferentes atores, estratégias e
procedimentos, para gerir, de forma compartilhada
as relações entre as outras quatro estruturasBrasil (2012)
operacionais
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE

• É a lógica adotada pelos gestores municipais e


estaduais para atender às demandas de saúde
da população local de forma mais efetiva,
eficiente e segura.

Brasil (2012)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
• EFICIÊNCIA: é a capacidade de obter bons produtos
utilizando a menor quantidade de recursos possíveis,
como tempo, mão-de-obra e material.
FAZER O PRODUTO DE FORMA CERTA.
• EFICÁCIA: é a capacidade de fazer aquilo que é
preciso, que é certo para se alcançar determinado
objetivo, escolhendo os melhores meios e produzir
um produto adequado ao mercado.
FAZER O PRODUTO CERTO
• EFETIVIDADE: é a satisfação, o sucesso na prática do
que é feito, a capacidade de atender expectativas de
um grupo, uma comunidade ou uma sociedade inteira.
FAZER O PRODUTO CERTO DA MELHOR FORMA
POSSÍVEL
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
• Todos estes 03 elementos constitutivos, juntos,
compõem as RAS. Sem a presença de qualquer um
desses elementos, é impossível implantar uma RAS
capaz de cumprir com seu papel.

Brasil (2012)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS

Os usuários do SUS “caminham” nestas


Redes para buscar a Atenção a sua Saúde, e
dependem da eficácia desta articulação
para ter suas necessidades atendidas.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS
RAS
Para viabilizar o SUS na vida real os gestores
MUNICIPAIS, ESTADUAIS, E FEDERAIS
precisam investir na construção de Redes de
Atenção a Saúde, tanto no território do
Município como no território regional,
estadual, e nacional;
PRIORIDADES DAS REDES DE
ATENÇÃO À SAÚDE NO SUS

• Redes temáticas de atenção à saúde, estão sendo


implantadas e definidas segundo as prioridades das
agendas de saúde.

Brasil (2012a)
PRIORIDADES DAS REDES DE
ATENÇÃO À SAÚDE NO SUS Brasil (2012a)

Tem o objetivo de articular e integrar o acesso


humanizado e integral aos usuários em situação de
urgência nos serviços de saúde, de forma ágil e
oportuna.

Rede de cuidados assegura às mulheres o direito ao


planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez,
ao parto e ao puerpério; e às crianças o direito ao nascimento
seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis.

Ampliação e qualificação do acesso a ações de tratamento e


reabilitação para usuários de crack , álcool e outras drogas.
Também atende indivíduos com sofrimento ou transtornos
mentais.

Garantir a atenção integral às pessoas com deficiência física,


visual, auditiva, intelectual, ostomia e múltiplas deficiências no
âmbito do SUS.
REDE CEGONHA
A REDE CEGONHA É UMA REDE DE CUIDADOS QUE ASSEGURA:

   • às mulheres: o direito ao planejamento reprodutivo, a


atenção humanizada à gravidez, parto, abortamento e puerpério.

   • às crianças: direito ao nascimento seguro, crescimento e


desenvolvimento saudáveis.

TEM COMO OBJETIVOS:

   • Novo modelo de atenção ao parto, nascimento e à saúde da


criança.

   • Rede de atenção que garanta acesso, acolhimento e


resolutividade.
REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS
E EMERGÊNCIAS:
São componentes e interfaces da Rede de Atenção
às Urgências e Emergências

 UPA e outros serviços com funcionamento 24h;


  SAMU 192;
 Portas hospitalares de atenção às urgências – SOS
Emergências;
Enfermarias de retaguarda e unidades de cuidados
intensivos;
 Inovações tecnológicas nas linhas de cuidado
prioritárias: AVC, IAM, traumas;
 Atenção domiciliar – Melhor em Casa.
REDE DE CUIDADO À PESSOA COM
DEFICIÊNCIA
OBJETIVOS DA REDE
 Ampliar o acesso e qualificar atendimento às
pessoas com deficiência no SUS, com foco na
organização de rede e na atenção integral à saúde,
que contemple as áreas de deficiência auditiva, física,
visual, intelectual e ostomias;

 Ampliar a integração e articulação dos serviços de


reabilitação com a rede de atenção primária e outros
pontos de atenção especializada;

 Desenvolver ações de prevenção de deficiências na


infância e vida adulta.
REDE DE CUIDADO À PESSOA COM
DEFICIÊNCIA
COMPONENTES DA REDE DE REABILITAÇÃO:

   1. CER - Centro Especializado em Reabilitação.

   2. Oficinas Ortopédicas: local e itinerante.

   3. Centros-Dia.

   4. Serviços de Atenção Odontológica para Pessoas com


Deficiência.

   5. Serviço de Atenção Domiciliar no âmbito do SUS.

   6. Atenção Hospitalar.


REDE DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL (RAPS)
SÃO DIRETRIZES DA REDE DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL:

   • Respeito aos direitos humanos, garantindo a


autonomia, a liberdade e o exercício da cidadania.

   • Promoção da equidade, reconhecendo os


determinantes sociais da saúde.

   • Garantia do acesso e da qualidade dos serviços,


ofertando cuidado integral e assistência
multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar.

   • Ênfase em serviços de base territorial e comunitária,


diversificando as estratégias de cuidado, com
ESTRATÉGIA DE ORGANIZAÇÃO
DAS RAS
LINHAS DE CUIDADO
• São estratégias de organização da ação e serviços
que compõem as RAS, e concretizam as
ferramentas de gestão e qualificação da atenção à
saúde.

• São estruturas funcionais que perpassam de forma


transversal uma ou mais RAS.
Brasil (2012a)
ESTRATÉGIA DE ORGANIZAÇÃO
DAS RAS
LINHAS DE CUIDADO

• É como um desenho do itinerário que o usuário faz por


dentro de uma rede de saúde incluindo segmentos não
necessariamente inseridos no sistema de saúde, tal
como entidades comunitárias e de assistência social”.

Franco e Franco (s.d.)


ATENÇÃO BÁSICA COMO
CENTRO ORDENADOR DAS RAS

• A criação do SUS e a progressiva descentralização de


recursos para os municípios favoreceram o surgimento
de iniciativas de caráter alternativo, que visavam novos
modelos de atenção, com foco na atenção primária.

Oliveira (2009)
ATENÇÃO BÁSICA COMO
CENTRO ORDENADOR DAS RAS
• ATRIBUTOS E FUNÇÕES DAS APS NAS RAS Mendes (2012)

ATRIBUTOS FUNÇÕES

• primeiro contato, • resolubilidade,


• longitudinalidade, • comunicação e
• integralidade, • responsabilização.
• coordenação,
• focalizada na família,
• orientação
comunitária
• competência cultural.
ATENÇÃO BÁSICA COMO
CENTRO ORDENADOR DAS RAS

• Deve atender mais de 80% dos problemas de saúde; é aí


que situa a clínica mais ampliada e onde se ofertam,
tecnologias de alta complexidade, como as relativas a
mudanças de comportamentos e estilos de vida em
relação à saúde.

Níveis de atenção secundários e terciários


constituem-se de tecnologias de maior
densidade tecnológica, mas não de maiores
complexidades.
Mendes (2011)
APS: POR QUE SIM?
Macinko et al (2003), países tinham uma APS mais
forte foram capazes de reduzir os anos potenciais
de vida perdidos em relação aos que presentaram
uma APS mais frágil.

Maiores taxas de médicos de família por população


estavam associadas com melhores resultados
sanitários em relação às populações mais pobres.

Mendes (2012)
APS: POR QUE SIM?

EVIDÊNCIAS DA APS:
 maior acesso aos serviços necessários;
 melhor qualidade do cuidado;
 maior foco na promoção da saúde e na prevenção das doenças;
 gestão precoce dos problemas de saúde;
 contribuição acumulada da APS a um cuidado mais apropriado;
 papel da APS na redução da atenção secundária desnecessária
realizada por especialistas.

Mendes (2012)
APS: POR QUE NÃO? Mendes (2012)

PONTO DE VISTA PONTO DE VISTA PONTO DE VISTA


ECONÔMICO IDEOLÓGICO POLÍTICO
• Utiliza tecnologias de • A lógica da APS • Os políticos e os
menor densidade
tecnológica, mais confronta alguns gestores preferem
intensivas em
cognição; princípios investir em unidades
• Tende a ser hegemônicos, como a de atenção
desvalorizada num
sistema de visão negativa da especializada e em
pagamento por
procedimentos que saúde, o hospitais, de maior
privilegia os de maior individualismo, o visibilidade política, o
densidade
tecnológica e que biologismo, o que subfinancia e
oferta mais serviços e
não os serviços mais especialismo e a fragiliza a APS.
necessários à ênfase no curativo.
população

Você também pode gostar