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ESTADO-MAIOR-GENERAL DAS FORÇAS ARMADAS

ESTADO-MAIOR CONJUNTO
UNIDADE DE APOIO AO REDUTO GOMES FREIRE

CANDIDATURA AO PRÉMIO
DEFESA NACIONAL E AMBIENTE

2014

Eficiência Energética como Motor para um


Sistema de Gestão Ambiental na
Unidade de Apoio ao Reduto Gomes Freire

31 de março de 2015
EMGFA / ESTADO-MAIOR CONJUNTO
UNIDADE DE APOIO AO REDUTO GOMES FREIRE Prémio Defesa Nacional e Ambiente 2014

Eficiência Energética como Motor para um Sistema de Gestão Ambiental na Unidade de Apoio ao Reduto Gomes
Freire

Índice

LISTA DE ILUSTRAÇÕES......................................................................................... 4

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... 6

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................ 7

RESUMO ............................................................................................................ 16

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17

DEFINIÇÃO OPERACIONAL DE CONCEITOS ............................................................ 21

1. ENQUADRAMENTO .................................................................................. 29

1.1. Enquadramento Histórico do RGF........................................................ 29

1.2. Caraterização da UARGF ..................................................................... 35

1.2.1. Pessoal Militar .................................................................................. 36

1.2.2. Pessoal Civil ..................................................................................... 36

1.2.3. Prestação de Apoio a Organismos Nacionais e Internacionais ........ 36

2. DESCRIÇÃO DA AÇÃO E SUA FINALIDADE.................................................. 37

2.1. NEP – Medidas de Redução dos Consumos Energéticos e Água


na UARGF ............................................................................................ 44

2.2. Rondas ................................................................................................. 46

2.3. Manutenção dos Equipamentos ........................................................... 46

2.4. Controlo e Melhoria da Iluminação ....................................................... 48

2.5. Compensação de Energia Reativa ....................................................... 49

2.6. Aproveitamento da Luz Solar ............................................................... 51

2.7. Sistema Integrado de Gestão do Consumo de Energia – SIG-CE ....... 53

2.7.1. Tipologia do SIG-CE......................................................................... 53

2.7.2. Software de Gestão Utilizado ........................................................... 56

3. POSSIBILIDADES FUTURAS E EM FASE DE ESTUDO PARA IMPLEMENTAÇÃO . 67

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3.1. Sistema Integrado de Gestão dos Sistemas de Suporte à Vida –


SIG-SSV ............................................................................................... 67

3.1.1. Sistema de Análise e Controlo do consumo de Água ....................... 67

3.1.2. Sistema de Controlo da Ventilação, Climatização e Iluminação ....... 69

3.1.3. Implementação de Energia Fotovoltaica .......................................... 70

4. RECURSOS ENVOLVIDOS ......................................................................... 71

4.1. Recursos Humanos .............................................................................. 72

4.2. Recursos Materiais ............................................................................... 73

4.3. Recursos Financeiros ........................................................................... 73

4.4. Recursos Informáticos .......................................................................... 74

5. IMPACTO NA COMUNIDADE ...................................................................... 75

6. CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO ............................................................... 77

7. GRAU DE INOVAÇÃO DA AÇÃO ................................................................. 80

8. GRAU DE DIFICULDADE DA AÇÃO ............................................................. 81

9. CONFORMIDADE DA CANDIDATURA COM OS OBJETIVOS DO PRÉMIO ........... 82

9.1. Contributo para a Qualidade Ambiental nos Domínios da Gestão


Racional da Energia e da Água ............................................................ 85

9.2. Iniciativa em criar Meios para a Redução da Pegada Ecológica


no seio do EMGFA, através da Integração das Preocupações
Ambientais no Seio Militar .................................................................... 85

9.3. Catalisador para a Cooperação na Área Ambiental com outras


Entidades Públicas, Militares e Privadas .............................................. 86

CONCLUSÕES ..................................................................................................... 87

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 92

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Lista de Ilustrações

Fig. N.º 1 e Fig. N.º 2 – A Bateria do Reduto Gomes Freire em 1935-09-16.... 31

Fig. N.º 3 – Instalações da SFN no RGF. ......................................................... 34

Fig. N.º 4 – Organograma da UARGF. ............................................................. 35

Fig. N.º 5 – Pérgula de acesso ao edifício da UARGF. .................................... 40

Fig. N.º 6 – Ajardinamento de zonas de estacionamento. ................................ 40

Fig. N.º 7 – Medidas implementadas para a redução de custos e contribuir


para uma melhoria ambiental. .................................................... 42

Fig. N.º 8 – Ganhos em eficiência energética com medidas implementadas. .. 43

Fig. N.º 9 – Aviso para a poupança de água. ................................................... 46

Fig. N.º 10 – Os Chillers e as torres de refrigeração são os responsáveis


por cerca de 45% do consumo total de energia do RGF. ........... 48

Fig. N.º 11 – Aplicação de iluminação por LEDs e controlo por célula


fotoelétrica. ................................................................................. 49

Fig. N.º 12 – Bateria de condensadores de 19 kvar. ........................................ 51

Fig. N.º 13 – Tubos solares do edifício IF......................................................... 52

Fig. N.º 14 – Tipologia do sistema SIG-CE. ..................................................... 56

Fig. N.º 15 – Autenticação com password no endereço IP associado ao


sistema. ...................................................................................... 57

Fig. N.º 16 – Ecrã para parametrização dos horários, tarifas elétricas em


vigor e alteração de password. ................................................... 57

Fig. N.º 17 – Ecrã para parametrização dos horários, no ciclo semanal, de


contagem de energia. ................................................................. 58

Fig. N.º 18 – Ecrã com valores instantâneos de tensões, corrente,


potências e fator de Potência. .................................................... 59

Fig. N.º 19 – Ecrã com valor de consumo de energia por contador (kW) e
euros (€) por edifício (UHQ)........................................................ 59

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Fig. N.º 20 – Ecrã indicador dos consumos elétricos no dia e no dia


anterior para o edifício OPD (UARGF). ...................................... 60

Fig. N.º 21 – Ecrã indicador consumos elétricos no mês atual e no anterior


para o edifício OPD (UARGF)..................................................... 61

Fig. N.º 22 – Ecrã indicador com custos em euros do mês anterior e atual
para o edifício UHQ. ................................................................... 62

Fig. N.º 23 – Ecrã indicador do estado das baterias de condensadores no


PT1 (Em fase de desenvolvimento com a empresa
instaladora). ................................................................................ 63

Fig. N.º 24 – Ecrã indicador do diagrama fasorial da bateria dos


condensadores do PT1 (Em fase de desenvolvimento com a
empresa instaladora). ................................................................. 64

Fig. N.º 25 – Gráfico em Excel para comparação de consumos e geração


de alertas, no edifício IF.............................................................. 65

Fig. N.º 26 – Comparação de consumos de energia entre dois edifícios. ........ 66

Fig. N.º 27 – Sistema de análise e controlo, com gestão do consumo de


água............................................................................................ 68

Fig. N.º 28 – Recondicionamento do incinerador ............................................. 83

Fig. N.º 29 – Caixotes do lixo existentes nos gabinetes para separação do


lixo. ............................................................................................. 84

Fig. N.º 30 – Ilhas ecológicas para organização dos pontos de depósito de


resíduos. ..................................................................................... 85

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Lista de Tabelas

Tabela N.º 1 – Quadro orgânico da UARGF. 36

Tabela N.º 2 – Organismos sediados no RGF apoiados pela UARGF. 37

Tabela N.º 3 – Consumos de energia eléctrica no RGF no período de


2010 a 2014 [kWh]. 39

Tabela N.º 4 – Comparação entre os sistemas eólicos e


fotovoltaicos. 71

Tabela N.º 5 – Recursos Humanos alocados à implementação da


eficiência energética. 72

Tabela N.º 6 – Recursos Financeiros aplicados na implementação da


procura da eficiência energética. 73

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Lista de Abreviaturas e Siglas

ACCI - ALLIED COMMAND COUNTERINTELLIGENCE; COMANDO ALIADO


de CONTRAINTELIGÊNCIA;

AJFCLB (2004-2012) - ALLIED JOINT FORCE COMMAND LISBON;


COMANDO ALIADO CONJUNTO de LISBOA;

AJFCLB CP - AJFCLB CLOSURE PARTY;

ALB - ALBANIA; ALBÂNIA;

APA - AGÊNCIA PORTUGUESA do AMBIENTE;

AVAC - AQUECIMENTO, VENTILAÇÃO e AR CONDICIONADO;

BEL - BELGIUM; BÉLGICA;

BGR - BULGARIA; BULGÁRIA;

CAN - CANADA; CANADÁ;

CANEC - COMISSÃO de ACOMPANHAMENTO da NOVA ESTRUTURA de


COMANDOS da OTAN;

CCOM - COMANDO CONJUNTO para as OPERAÇÕES MILITARES;

CEMGFA - CHEFE do ESTADO-MAIOR-GENERAL das FORÇAS ARMADAS;

CHGTNEC - CHEFE do GRUPO de TRABALHO da NOVA ESTRUTURA de


COMANDOS da OTAN;

CINAV - CENTRO de INVESTIGAÇÃO NAVAL;

CINCIBERLANT (1982-1999) - COMMANDER-IN-CHIEF IBERIAN ATLANTIC


AREA; COMANDO CHEFE da ÁREA IBERO-ATLÂNTICA;

CINCSOUTHLANT (1999 – 2004) - COMMANDER-IN-CHIEF SOUTH


ATLANTIC AREA; COMANDO CHEFE da ÁREA SUL-ATLÂNTICA;

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CIS - COMMUNICATIONS and INFORMATION SYSTEMS;

CN (OU COMNAV) (1998 - ) - COMANDO NAVAL;

COMCEN - COMMUNICATIONS CENTRE; CENTRO de COMUNICAÇÕES;

COMIBERLANT (1967-1982) - COMMANDER IBERIAN ATLANTIC AREA;


COMANDO da ÁREA IBERO-ATLÂNTICA;

COMNAV (OU CN) (1998 - ) - COMANDO NAVAL;

CSU - CIS SUPPORT UNIT;

DET.- DETACHMENT; DESTACAMENTO;

CZE - CZECH REPUBLIC; REPÚBLICA CHECA;

DEU - GERMANY; ALEMANHA;

DHCP - DYNAMIC HOST CONFIGURATION PROTOCOL;

DNK - DENMARK; DINAMARCA;

DNS - DOMAIN NAME SYSTEM;

EDP - ENERGIA de PORTUGAL, ANTIGA ELETRICIDADE de PORTUGAL;

EMC - ESTADO-MAIOR CONJUNTO;

EMGFA - ESTADO-MAIOR-GENERAL das FORÇAS ARMADAS;

EN - ESCOLA NAVAL;

ERSE - ENTIDADE REGULADORA dos SERVIÇOS ENERGÉTICOS;

ESP - SPAIN; ESPANHA;

EST - ESTONIA; ESTÓNIA;

EU - EUROPEAN UNION; UNIÃO EUROPEIA (UE);

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EUA - ESTADOS UNIDOS da AMÉRICA; UNITED STATES of AMERICA


(USA);

FFAA - FORÇAS ARMADAS PORTUGUESAS;

FO - FIBRA ÓPTICA;

FRA - FRANCE; FRANÇA;

FTP - FILE TRANSFER PROTOCOL;

GBR - GRÃ-BRETANHA; UNITED KINGDOM (UK);

GRC - GREECE; GRÉCIA;

HQ - HEADQUARTERS; QUARTEL-GENERAL MILITAR;

HRV – CROATIA; CROÁCIA;

HUN - HUNGARY; HUNGRIA;

IBERLANT - IBERIAN ATLANTIC AREA; ÁREA IBERO-ATLÂNTICA;

IF - INTERIM FACILITY; EDIFÍCO PROVISÓRIO;

IMAP - INTERNET MESSAGE ACCESS PROTOCOL;

IHM - INTERFACE HOMEM-MÁQUINA; MAN-MACHINE INTERFACE (MMI);

ISBN - INTERNATIONAL STANDARD BOOK NUMBER; NÚMERO PADRÃO


INTERNACIONAL de LIVRO;

ISL - ICELAND; ISLÂNDIA;

IT - INTERNET / INTRANET TECHNOLOGY;

ITA - ITALY; ITÁLIA;

IR-PD - INFRARED-PROXIMITY DETECTOR;

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IP - INSTRUÇÕES PERMANENTES, na MARINHA (no EMGFA, EXÉRCITO e


na FORÇA AÉREA: NEP – NORMAS de EXECUÇÃO PERMANENTE);

JALLC - JOINT ANALYSIS and LESSONS LEARNED CENTRE; CENTRO


CONJUNTO de LIÇÕES APRENDIDAS e ANÁLISE da OTAN;

JFCLB (2004-2012) - JOINT FORCE COMMAND LISBON; COMANDO


CONJUNTO da OTAN de LISBOA;

“KILOVAR” - KILOVOLT-AMPERE (É EQUIVALENTE a 1000 VOLT -


AMPÉRE REATIVOS);

KM - KNOWLEDGE MANAGEMENT;

LAN - LOCAL AREA NETWORK; REDE DE ÁREA LOCAL;

LED - LIGHT-EMITTING DIODE;

LTU - LITHUANIA; LITUÂNIA;

LUX - LUXEMBOURG; LUXEMBURGO;

LVA - LATVIA; LETÓNIA;

MDN - MINISTRO ou MINISTÉRIO da DEFESA NACIONAL;

MODBUS - IS a SERIAL COMMUNICATION PROTOCOL for USE with its


PROGRAMMABLE LOGIC CONTROLLERS (PLC);

MODBUS RTU PROTOCOL - MODBUS REMOTE TERMINAL UNIT


PROTOCOL;

MP - MARINHA PORTUGUESA (MARINHA de GUERRA PORTUGUESA);

MWAC - MORALE and WELFARE ACTIVITIES COUNCIL;

NAC - NORTH ATLANTIC COUNCIL; CONSELHO do ATLÂNTICO NORTE;

NATO - NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION; ORGANIZAÇÃO do

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TRATADO do ATLÂNTICO NORTE – (OTAN);

NATO MEMBERS (MEMBROS DA OTAN): (04APR1949) BELGIUM (BEL;


BE), CANADA (CAN; CA), DENMARK (DNK; DA), FRANCE (FRA; FR),
ICELAND (ISL; IC), ITALY (ITA; IT), LUXEMBOURG (LUX; LU),
NETHERLANDS (NLD; NL), NORWAY (NOR; NO), PORTUGAL (PRT; PO),
UNITED KINGDOM (GBR; UK), UNITED STATES (USA; US), (18FEB52)
GREECE (GRC; GR), TURKEY (TUR; TU), (09MAY55) GERMANY (DEU;
GE), (30MAY82) SPAIN (ESP; SP), (12MAR99) CZECH REPUBLIC (CZE;
CZ), HUNGARY (HUN; HU), POLAND (POL; PL), (29MAR04) BULGARIA
(BGR; BU), ESTONIA (EST; EN), LATVIA (LVA; LG), LITHUANIA (LTU; LH),
ROMANIA (ROU; RO), SLOVAKIA (SVK; LO), SLOVENIA (SVN; SI), ALBANIA
(ALB; AL), CROATIA (HRV; HR);

NCIA - NATO COMMUNICATION and INFORMATION AGENCY; AGÊNCIA


de COMUNICAÇÕES e INFORMAÇÃO;

NCIA CSU DET LB - NCIA CSU DETACHEMENT LISBON;

NCS - NATO COMMAND STRUCTURE; ESTRUTURA de COMANDO da


OTAN;

NCSA - NATO COMMUNICATION and INFORMATION SYSTEMS SERVICES


AGENCY;

NEP - NORMAS de EXECUÇÃO PERMANENTE, no EMGFA, no EXÉRCITO


e na FORÇA AÉREA (na MARINHA: IP – INSTRUÇÕES PERMANENTES);

NFS - NATO FORCES STRUCTURE; ESTRUTURA de FORÇAS da OTAN;

NLD - NETHERLANDS; HOLANDA;

NOR - NORWAY; NORUEGA;

NSE - NATIONAL SUPPORT ELEMENT; UNIDADE de APOIO;

Cabo 8FO OM3 50/125 RR – Exterior - FIBRA MULTIMODO, CAPAZ de

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TRANSMITIR 10 GIGABITS por SEGUNDO a DISTÂNCIAS de 300 METROS;

OPD - OPERATIONAL PREPARATION DIRECTORATE; PRESENTEMENTE


É o EDIFÍCIO do COMANDO da UARGF;

OTAN - ORGANIZAÇÃO DO TRATADO do ATLÂNTICO NORTE; NORTH


ATLANTIC TREATY ORGANIZATION (NATO);

PC - PERSONAL COMPUTER;

PCD - PROGRAMMABLE CONTROL DEVICE (FAMILY of PLC);

Programação via PG5 - SAIA PCD PROGRAMMING GENERATION 5;

PLC - PROGRAMMABLE LOGIC CONTROLLER (DIGITAL COMPUTER


USED for AUTOMATION of TYPICALLY INDUSTRIAL
ELECTROMECHANICAL PROCESSES);

POL - POLAND; POLÓNIA;

POP3 - POST OFFICE PROTOCOL;

PPP - POINT-TO-POINT PROTOCOL; PROTOCOLO PONTO a PONTO;

PRT - PORTUGAL;

PT - POSTOS de TRANSFORMAÇÃO ELÉTRICOS;

PWM - PULSE-WITH MODULATION;

RGF - REDUTO GOMES FREIRE;

ROU - ROMANIA; ROMÉNIA;

RS485 - RECOMENDED STANDARD 485, ETHERNET;

RX - RECEPTION; RECEPÇÃO;

S-BUS - IS a PROTOCOL BASED on RS485 CONNECTION TOPOLOGY for

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INTELLIGENT BUILDINGS. S-BUS IS the DEVELOPED PROTOCOL USED,


64 BITS LONG CODE, 32 BITS as SHORT CODE, TO BE “SMART-BUS” on
SAIA-BURGESS BUSS that IS a DEDICATED PROTOCOL for READING
PROCESS DATA from DEVICES PROVIDED by the SAIA-BURGESS
COMPANY;

SFN (or STRIKFORNATO) (2012 - ) - NAVAL STRIKING and SUPPORT


FORCES NATO; FORÇAS NAVAIS da OTAN de APOIO e de ATAQUE;

SHAPE - SUPREME HEADQUARTERS ALLIED POWERS EUROPE;

SIG-CE - SISTEMA INTEGRADO de GESTÃO do CONSUMO de ENERGIA


ELÉTRICA;

SIG-SSV - SISTEMA INTEGRADO de GESTÃO dos SISTEMAS de SUPORTE


de VIDA;

SMS - SHORT MESSAGE SERVICE;

SMTP - SIMPLE MAIL TRANSFER PROTOCOL;

SNMP - SIMPLE NETWORK MANAGEMENT PROTOCOL;

SNTP - SIMPLE NETWORK TIME PROTOCOL;

SOUTHLANT - SOUTH ATLANTIC AREA; ÁREA SUL-ATLÂNTICA;

STRIKFORNATO (or SFN) (2012 - ) - NAVAL STRIKING and SUPPORT


FORCES NATO; FORÇAS NAVAIS da OTAN de APOIO e de ATAQUE;

SVK - SLOVAKIA; ESLOVÁQUIA;

SVN - SLOVENIA; ESLOVÉNIA;

TAF - TOPSIDE ADMINISTRATIVE FACILITY; EDIFÍCIO ADMINISTRATIVO


PRINCIPAL;

TCP/IP - TRANSMISSION CONTROL PROTOCOL (TCP) / and the INTERNET

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PROTOCOL (IP); PROTOCOLO de CONTROLO de TRANSMISSÃO /


PROTOCOLO de INTERNET;

THD - TOTAL HARMONIC DISTORTION; DISTORÇÃO HARMÓNICA TOTAL;

TIC - TECNOLOGIAS de INFORMAÇÃO e COMUNICAÇÃO;

TUR - TURKEY; TURQUIA;

TX - TRANSMISSION; TRANSMISSÃO;

UARGF - UNIDADE de APOIO ao REDUTO GOMES FREIRE;

UE - UNIÃO EUROPEIA; EUROPEAN UNION (EU);

UHQ - UNDERGROUND HEADQUARTERS (BUNKER); QUARTEL MILITAR


SUBTERRÂNEO;

UK - UNITED KINGDOM; GRÃ-BRETANHA (GBR);

UPAC - UNIDADE de PRODUÇÃO para AUTOCONSUMO;

UPS - UNINTERRUPTIBLE POWER SUPPLY or UNINTERRUPTIBLE


POWER SOURCE; FONTES de ALIMENTAÇÃO ININTERRUPTAS de
ENERGIA ELÉTRICA;

GF OM3 UNI08 RRNM BRAND REX - PRODUCT PART NUMBER, 08


FIBRAS, URE, EXTERNAL _ EXTERNAL GLASS YARN ARMOURED,
UNITUBE CABLES, RODENT RESISTANT GLASS YARN ARMOURING;

USA - UNITED STATES of AMERICA; ESTADOS UNIDOS da AMÉRICA


(EUA);

USB - UNIVERSAL SERIAL BUS;

UTA - UNIDADE de TRATAMENTO de ÁGUA;

UV - ULTRAVIOLET; ULTRAVIOLETA;

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Cable VD 1 mm - Cabo de 1 mm VISION DIMENSION;

WEB - REDE INFORMÁTICA.

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Resumo

Pela importância que lhe tem vindo a ser conferida, a eficiência energética já
não pode ser considerada, em definitivo, como um vocábulo sem história para
a sociedade em que estamos inseridos. A discussão suscitada em torno do seu
crescente interesse determina o adequado enquadramento numa componente
interpretativa geradora de comportamentos que não podem ser pautados pela
indiferença ou passividade. Nas últimas duas décadas o conceito de eficiência
energética tem vindo progressivamente a constituir elemento integrante da
vivência quotidiana dos indivíduos, grupos, organizações, estados e sociedade
internacional, sendo associado a preocupações evidenciadas numa dupla
perspetiva: a sustentabilidade do ambiente e a vertente economicista inerente à
redução de custos. O presente trabalho representa a descrição do carácter
relacional entre os desígnios da eficiência energética, agregada ao principio
altruísta da sustentabilidade ambiental, e o contributo que a Unidade de Apoio
ao Reduto Gomes Freire (UARGF), adentro dos seus limitados recursos, tem
aportado para a redução do consumo de energia, através da implementação de
um portefólio de medidas, cujo impacto não seja circunscrito ao Reduto Gomes
Freire (RGF), mas também, através da sua difusão, possam constituir um
exemplo de uma política energética, que se requer mais abrangente, não se
restringindo às Forças Armadas (FFAA), e que pelos virtuosismos que
comporta possa transbordar as suas fronteiras, nomeadamente através do seu
aproveitamento para a implementação em organismos públicos, militares e
privados e para desenvolvimentos na esfera do ambiente académico.

Palavras-chave: eficiência energética, sustentabilidade ambiental, eficiência


económica.

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Introdução

A crescente complexidade que tem norteado a atividade humana nas últimas


décadas tem-se refletido no incremento do consumo de energia com a
consequente degradação do meio ambiente. A projeção futura da continuidade
deste rumo indicia uma realidade que coloca em risco a condição humana no
planeta. É assumido que se torna necessário que a atividade humana continue
a desenvolver-se, mantendo determinados padrões de qualidade, mas também
é premente a procura de soluções sustentáveis que provoquem menores
impactos no meio ambiente. Esta assunção motiva o desenvolvimento de
projetos de eficiência energética, originados nos mais diversos quadrantes da
sociedade.

No confinamento do primado deste principio altruísta, que se afirma como uma


responsabilidade que deve ser partilhada por todos nós, enquanto decisores
individuais ou enquanto decisores influenciadores de decisões coletivas, a
UARGF, desde a sua instituição, em 2013, tem vindo a desenvolver projetos
que configuram medidas de redução do consumo de energia eléctrica, que têm
como fundamento a sua inserção num projeto mais lato, materializado na
edificação de um Sistema Integrado de Gestão dos Sistemas de Suporte à
Vida (SIG-SSV). Este Sistema de Sistemas constitui a etapa final do terceiro e
último protótipo em construção, ainda que adentro da vitalidade e ambição que
caracteriza a UARGF, tratando-se de um processo pautado pelo dinamismo,
sendo certo que outros desígnios podem ser, entretanto, equacionados.

O posicionamento da UARGF para a exequibilidade deste projeto é movido por


dois propósitos fundamentais. O primeiro reside na contingência de, no círculo
das suas possibilidades, dar o seu contributo para a sustentabilidade
ambiental. O segundo reflete a imperiosidade de, numa perspetiva
economicista, reduzir os custos financeiros derivados do consumo de energia
elétrica.

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O objetivo do presente trabalho, motivado, num primeiro momento, pela


candidatura ao Prémio Defesa Nacional e Ambiente 2014, encontra-se
alicerçado na oportunidade que é conferida à UARGF de dar a conhecer as
iniciativas que tem colocado em prática no que respeita à eficiência energética,
pretendendo-se desenvolver um processo empreendedor e ousado, suscetível
de ser aplicado em larga escala.

Este processo engloba um conjunto de medidas de índole técnica e


comportamental, visando diminuir o consumo de energia, através da sua
utilização de forma racional e inteligente, procurando a sustentabilidade
ambiental e garantindo, simultaneamente, a plena exploração operacional, a
comodidade e a segurança das diversas entidades sediadas no RGF.

Nas medidas de índole técnica, é de salientar, entre outras iniciativas, a


implementação de um Sistema Integrado de Gestão do Consumo de
Energia (SIG-CE). Nas medidas de índole comportamental, assume relevância
a entrada em vigor de uma Norma de Execução Permanente (NEP), que
pretende constituir-se como uma campanha de consciencialização, modeladora
de comportamentos, em relação ao uso de energia pelo elemento humano, que
desempenha funções neste complexo militar.

No rumo à prossecução do objetivo delineado, o trabalho encontra-se


estruturado da seguinte forma:

- Introdução - nota introdutória, que traduz o objetivo do trabalho e a estrutura a


que obedeceu a sua realização;

- Definição Operacional de Conceitos – delimitação dos conceitos de


eficiência energética, sustentabilidade ambiental e eficiência económica,
a fim de se promover o esclarecimento da realidade que se pretende transmitir
com as palavras-chave consideradas;

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- Capítulo 1 – descrição do enquadramento histórico do RGF e caracterização


do contexto nacional e internacional da UARGF;

- Capítulo 2 – enumeração das medidas de caráter técnico e comportamental,


já implementadas pela UARGF, no âmbito da redução do consumo de energia,
com especial relevância para o SIG-CE, nomeadamente a sua tipologia e
tecnologia, bem como o hardware e o software utilizados;

- Capítulo 3 – análise prospetiva das medidas a implementar na senda da


instituição de um Sistema Integrado de Gestão dos Sistemas de Suporte à Vida
(SIG-SSV), com enfâse na análise e controlo do consumo de água, controlo da
ventilação, climatização e iluminação e no projeto de energia fotovoltaica e/ou
eólica;

- Capítulo 4 – explanação dos recursos humanos, materiais, financeiros e


informáticos alocados ao desenvolvimento do projeto;

- Capítulo 5 – explicação do impacto que a praticabilidade do projeto comporta,


particularmente nos organismos militares, entidades sediadas no RGF,
comunidade populacional residente nas áreas contiguas ao RGF e instituições
de ensino superior militar;

- Capítulo 6 – avaliação do cumprimento da legislação internacional e nacional


em vigor sobre as boas práticas ambientais, com especial enfoque no
desenvolvimento de estratégias para a utilização de energias renováveis e a
inclusão da estrutura orgânica da UARGF de um Gabinete de Qualidade e
Gestão Ambiental;

- Capítulo 7 – apreciação da criatividade e grau de inovação do projeto;

- Capítulo 8 – justificação dos constrangimentos associados à implementação


do projeto;

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- Capítulo 9 – observação da conformidade entre a especificação do projeto e


os objetivos da candidatura ao Prémio Defesa Nacional e Ambiente – 2014;

- Conclusão – sumário conclusivo que comporta as imagens principais


abordadas ao longo do trabalho e que se revelaram fundamento determinante
para a concretização dos objetivos enunciados.

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Definição Operacional de Conceitos

A delimitação de um conceito é um mecanismo que nos permite captar a


realidade e, dessa forma, estruturar adequadamente o nosso pensamento. É a
sua definição operacional que nos sobrevém como um instrumento de
validade insofismável, em virtude da eventual existência de uma diversidade de
definições para os mesmos conceitos. Para procedermos à validação dos
conceitos que melhor se harmonizem com o desenvolvimento do nosso
trabalho, encaramos “operational definitions (…) [as] a method of increasing the
precision of the meaning of a concept” (Lundberg, 1942, 727). Por nos termos
cingido à realização de um trabalho que, acreditamos, prima pela apropriada
delineação, importa procedermos ao regime esclarecedor de um agrupado de
conceitos que com ele denotam uma estreita afinidade. No cumprimento deste
desiderato, efetuamos a definição operacional dos conceitos de eficiência
energética, sustentabilidade ambiental e eficiência económica.

O conceito eficiência energética começou a assumir relevância a partir da


primeira crise energética, em 1973, tendo o interesse pela sua análise crescido
nas duas últimas décadas em virtude, sobretudo, do incremento dos preços da
energia e das preocupações de índole ambiental. Podemos, assim, afirmar que
a eficiência energética contribui decisivamente para a sustentabilidade
ambiental, pela atenuação dos efeitos nefastos que a produção e consumo de
energia representam para a degradação do ambiente, e para, numa perspetiva
economicista, a eficiência económica, já que motiva a redução do consumo de
energia elétrica e os consequentes encargos financeiros que dele resultam.

A eficiência energética assume, presentemente, uma posição de


preponderância, porque “there is a basic human desire to spend less, invent
new technologies and improve existing technologies (….)” (Fawkes, 2013, 5),
refletindo o apelo à grande diversidade de consumidores, individuais ou
coletivos, públicos, militares ou privados, através do desenvolvimento de

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programas que pretendem, através da sensibilização, influenciar


comportamentos.

Estes programas são desenhados para produzir efeitos nos agentes


económicos sendo certo que, numa perspetiva organizacional, são concebidos
para a concretização de objetivos organizacionais internos, mas também, numa
perspetiva individual, para a concretização dos objetivos dos grupos familiares,
não podendo ser dissociados de políticas energéticas e ambientais
configuradas em estratégias estatais e militares.

É deste modo que há um apelo direcionado para as organizações e para os


indivíduos no sentido de reduzirem, no seu quotidiano, o consumo de energia
elétrica e de investirem, com o retorno salvaguardado no médio/longo prazo,
em estratégias de energias alternativas. De facto, a implementação de medidas
de eficiência energética está geralmente associada à produção/utilização de
um recurso substituto, isto é, “the process of improving energy efficiency is
actually the process of improving the productivity of energy resource use – in
the same way as the process of improving productivity of any other resource,
physical or human. So, when we commonly talk about energy efficiency we
really mean the process of improving the productivity of energy use” (Fawkes,
2013, 5).

Ainda que numa perspetiva micro possamos conceber a praticabilidade da


eficiência energética como composta por uma medida avulsa e isolada,
tendente à incorporação da redução do consumo de energia, é numa
perspetiva holística que se revelarão os seus virtuosismos, já que estão
implícitas um rol de medidas que estão conjuntamente incluídas num mesmo
processo continuo de melhoria, que tem um carácter dinâmico e evolutivo, e
que pode encerrar alguma complexidade, já que “(…) is a process (…) that is
driven by technological, financial, management, social and political drivers and
constraints” (Fawkes, 2013, 5).

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Ao procurarmos efetuar a delimitação do conceito de eficiência energética


socorremo-nos também do pensamento de Fereidoon P. Sioshansi (2013, 4-5)
que refere a existência de duas perspetivas diferenciadas que se dispõem num
contínuo entre o pessimismo e o otimismo. Assim, “efficiency pessimists
contend that there is little potential for further improvements in energy efficiency
since all the low-hanging fruit has been harvested. Ergo, the solution to meet
the nations’s future energy needs in a carbon-constrained future is to build more
power plants (preferably those that don’t burn coal), transmission lines, and
distribution systems”. Contrariamente, “efficiency optimists, on the other
hand, contend that energy efficiency is essentially an inexhaustible well and we
have a long way to go before the bottom is reached. Their viewpoint suggests
that enhancements in energy efficiency may eliminate the need to make
investments in the power supply system, except for routine maintenance and
upgrades.

Para McLean-Conner (2009, 5) eficiência energética “is an investment, just as a


transmission line or a power plant is. More precisely, it is an investment in
reducing kWh to meet rising energy demand”. Em concreto, investindo em
processos que impliquem o uso de menos energia, configurados enquanto
eficiência energética, somos transportados para a génese de poupanças, não
só no âmbito de outputs económicos como também de índole ambiental. Com
efeito, a eficiência energética pode ser expressa como um processo inerente à
redução de consumo de energia ou a utilização de fontes alternativas de
energia, cuja súmula dos resultados úteis pode ser aportado para um sistema,
podendo este ser “an individual energy conversion device such as a boiler, a
building, an industrial process, a firm, a sector, an entire economy, or the whole
world” (Lovins apud Yang e Yu, 2015, 2).

Ao considerarmos que a redução, quer das necessidades da produção de


energia a partir de fontes não renováveis, diminuindo a incidência de chuvas
ácidas, contendo entre outras, SO2 e NOx, quer do consumo de energia e/ou
utilização de fontes alternativas de energia, consubstanciadas na eficiência

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energética, propicia uma menor concentração de gases de efeito de estufa


(CO2), responsáveis, entre outros, pelo incremento da temperatura média do
planeta e, consequentemente, dos índices de pluviosidade e aumento dos
níveis dos oceanos, e, em concreto, a degradação ambiental, torna-se
imperioso promover o significado operacional do conceito de sustentabilidade
ambiental, que, genericamente, podemos definir como a manutenção dos
fatores e das práticas que contribuem para a qualidade do ambiente numa
perspetiva de longo prazo.

Expressa-se através de um movimento orientado, que cada vez mais congrega


um crescente número de apoiantes, nomeadamente cidadãos, agências e
instituições internacionais, instituições educativas, organizações públicas,
militares e privadas, partidos políticos e governos.

Começa a desenhar-se como um ideal que disputa, numa perspetiva não


competitiva, mas de complementaridade, com os princípios democráticos e os
direitos humanos, os primados de um efetivo enraizamento na sociedade
internacional e que tem como objetivo fundamental a manutenção da saúde do
ambiente natural sublinhando “the need to expand our time horizons, extending
our responsibilities to future generations while developing an appreciation of our
social and ecological inheritance” (Thiele 2013, 194).

É um facto que a prossecução da atual tendência para o consumo desenfreado


de recursos para a produção/utilização de energia elétrica “could lead to
catastrophic outcomes for the global environment (…) [and] some of the
environmental changes may produce irreversible damage to the earth´s
capacity to sustain life (…) [, so] the future of our planet is in the balance”
(Ekins, 2000, 6).

Um diferente modo de promover a abordagem a este conceito é realizá-lo


através da realidade ambiental atual que é insustentável. Em conformidade, a
sustentabilidade ambiental pode ser facilmente definida através do que não é, e

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dessa forma, “a practice (…) is not sustainable if it undermines the social,


economic, environmental conditions of its own viability. It is unsustainable to
extract water from rivers, lakes and aquifers, at a faster rate than they can be
naturally recharged by rain and snow” (Thiele, 2013, 2).

Assim sendo, todas as práticas que contribuam para a insustentabilidade


ambiental terão que ser restringidas não somente pelos efeitos perniciosos que
provocam no ambiente, mas também na própria condição humana.
Efetivamente, a destruição provocada pela atividade humana tornará o
ambiente insustentável do mesmo modo que as próprias atividades humanas,
cujo carácter se não for invertido, também se tornarão insustentáveis.
Conforme expressa Paul Ekins (2000, 5), “It has become accepted that the
activities cannot be projected to continue into the future either because they will
have destroyed the environmental conditions necessary for that continuation, or
because their environmental effects will cause massive, unacceptable damage
to human health and disruption of human ways of life”, com especial ênfase na
redução das terras aráveis, da atividade piscatória, das áreas florestais e de
pastagem, propagação da subnutrição e proliferação de doenças,
nomeadamente diversas tipologias de cancro, alergias, enfisemas e as de
índole respiratória.

Leslie Paul Thiele (2013, 1-2) questiona o que é efetivamente a


sustentabilidade ambiental, considerando-a como um ideal ético, uma ideologia
em ascensão e um esforço de base científica, tendente a proporcionar uma
melhor vivência num mundo cada vez mais complexo, pautado pela crescente
escassez de recursos. É um ideal ético porque “it is grounded in moral claims
about the responsibilities and obligations of individuals and organizations. And
its ethics find support in age-old virtues”. É uma ideologia porque “it constitutes
a coherent set of interrelated beliefs and values that establish how collective life
might better be organized (…). Adquire uma base científica já que, “makes the
best use of science to ensure the adaptive management of scarce resources in
a crowded and complex world. Scholars demonstrate that unsustainable

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lifestyles, economies, technologies, and social practices are hurtling us toward


a precipice”.

Estando a prossecução da sustentabilidade ambiental dependente de


adequadas práticas comportamentais, a realidade que sustenta implica uma
dupla preocupação:
- para com os autores dessas práticas, descortinando mecanismos que as
desmotivem;
- para com os outros stakeholders que são afetados pelo seu desenvolvimento
e que em função da sua dimensão podem estar bastante separados no espaço
e no tempo, já que estamos perante uma realidade ambiental dominada pela
transnacionalidade sem a delimitação de fronteiras que impeçam a sua
disseminação.

O enraizamento das prerrogativas da sustentabilidade ambiental, enquanto


processo que se pretende seja pautado pela longevidade, “is about seeing and
recognizing the dynamic cyclical, and interdependent natures of all facts and
pieces of life on earth (…) is also about becoming educated and involved
citizens of this living, changing world and determining what most needs to be
done and which part each of us will take on in our individual corner of the world.
It is about taking actions with wartime speed because time is running out,
restoring what is broken and funding fresh approaches that are truly
regenerative (….)” ( Robertson, 2014, 3)

É um facto que o homem para desenvolver a multiplicidade de atribuições


inerentes à sua atividade social, nos mais diversos quadrantes, necessita de
energia elétrica. A realidade que é questionável, são os processos que utiliza
para a sua realização no atual estádio evolutivo da sociedade em que se
encontra integrado. Se já aflorámos a dinâmica da sustentabilidade ambiental,
outra variável que também se revela importante, principalmente pelos
constrangimentos financeiros que subjazem presentemente o diário dos
estados e dos seus cidadãos, é a eficiência económica.

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Numa perspetiva economicista, o que se pretende é a redução de custos sem


que se comprometa a qualidade dos resultados obtidos, gerindo
adequadamente os escassos recursos que a sociedade coloca à disposição e
tendo em mente que a sociedade dispõe de recursos limitados, pelo que não
tem capacidade para disponibilizar todos os bens e serviços a que todos os
cidadãos desejariam aceder.

Trata-se, portanto, da eliminação do desperdício, desiderato determinante da


eficiência. Sendo as práticas da eficiência baseadas no conhecimento,
assumido este a contraposição em relação à adivinhação e à ignorância, a
eficiência económica traduzir-se-á na forma como uma sociedade obtém os
máximos benefícios da exploração dos seus escassos recursos. Poderemos,
então, afirmar que a “efficiency refers to the size of the economic pie (…)”. Quer
isto dizer que a eficiência consiste em “allocate resources to maximize the
economic pie” (Mankiw, 2012, 11-12). A apreciação formulada por Frank A.
Sloan e Chee-Ruey Hsieh (2012, 19) confirma este princípio, ao definirem a
eficiência económica como a “situation in which scarce resources are allocated
in a way that maximizes social well-being given society’s resources
endowment”. Trata-se de promover a alocação ótima de recursos, gerando a
consecução dos máximos outputs possíveis. Não implica, obrigatoriamente,
novas realizações, ainda que a inovação e a criatividade sejam de enaltecer,
mas sim de melhorar os processos existentes.

Penetramos, deste modo, na análise custo/beneficio que envolve “a systematic


investigation of the decisionmaker’s objectives and (…) [the possible costs] and
risks associated with the alternative policies or strategies for achieving each
objective, and an attempt to formulate additional alternatives (…)” (Quade,
1966, 6-7).

Assim, quando equacionamos a implementação de novos processos tendentes


à prossecução da eficiência energética, fazemo-lo não menosprezando uma
redução de encargos com consumos que esses processos poderão representar

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no futuro e não esquecendo os custos que a sua implementação representa.


No caso de projetos inerentes a entidades públicas e militares, é através desta
análise que se infere o seu interesse público ou militar, estando nele incluído a
pertinência do esforço financeiro dos contribuintes. Em concreto, é
determinante compararem-se “the values of the inputs and outputs (…). In the
most basic sense, if the value of the benefits is greater than the value of the
costs, the project is deemed worthwhile and should be executed” (Zerbe e
Bellas, 2006, 2).

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1. Enquadramento

1.1. Enquadramento Histórico do RGF

As fortificações militares estão presentes na história de Portugal, tendo


desempenhado um papel determinante nas mais diversas situações em que
foram utilizadas para a defesa do país e da sua população.

No que respeita à defesa da entrada do Tejo, a Fortaleza de S. Julião da Barra


foi atacada por duas vezes: em 1580, pelo Duque de Alba, vindo de Cascais, e
em 1640 pelos Portugueses na Restauração, idos de Lisboa. A sua fácil
conquista deveu-se à ténue resistência oferecida, sendo que a sua principal
vulnerabilidade era resultante do facto do Alto do Argueirão se situar numa cota
de 34 metros acima da Fortaleza, realidade que tornava imperiosa a instituição
de um sistema defensivo mais credível.

Existiram projetos para obras exteriores à Fortaleza de São Julião para eliminar
as limitações evidenciadas, mas o seu elevado custo demoveu, à data,
qualquer tentativa de investimento. Contudo, no século XVIII, foi construído o
Reduto de Santa Cruz do Argueirão, que, inicialmente, foi projetado como
uma Escola de Artilharia com a finalidade de aquartelar e dar instrução a
praças.

Face à ameaça dos invasores franceses de Napoleão, em 20 de outubro de


1809, Lord Wellington dirigiu um memorando ao Tenente Coronel Richard
Flecher, ordenando o reconhecimento do terreno e a fortificação dos pontos
mais convenientes e defensáveis, de modo a criar um sistema de defesa a
norte de Lisboa. Foi o primeiro passo para a construção das duas linhas de
defesa de Lisboa, as Linhas de Torres Vedras-Sobral de Monte Agraço-Vila
Franca de Xira e Ericeira-Mafra-Alverca, de que faziam parte construções de
fortes, fortins e linhas de comunicação.

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O General Wellington sentiu a necessidade de construir uma terceira linha já


não para defesa de Lisboa, mas por interesse do exército Inglês, tendo em
vista o embarque seguro das forças inglesas, caso as linhas de Torres não
detetassem o inimigo.

Para o efeito, construiu-se a Linha Fortificada de Oeiras, constituída por um


distrito, que tinha 5.350 soldados e 94 peças de artilharia e se estendia desde a
fortificação principal do Alto do Argueirão, o Reduto n.º 98, no antigo outeiro da
Medrosa ou do Argueirão, até à direita do Forte de São João das Maias.

Pequena elevação, com algumas bocas-de-fogo, foi reconstruída no ano de


1849 como recinto irregular, cercado por um fosso de 5.5 metros de largura,
tendo a escarpa e contraescarpa revestida de alvenaria. O parapeito tinha 7.5
metros de espessura com algumas canhoneiras com espaldas revestidas de
alvenaria. Das suas infraestruturas constavam apenas o paiol e uma ponte de
acesso à fortificação.

A 1 de março de 1887, no âmbito dos grandes trabalhos defensivos, o Reduto


n.º 98, em ruínas, começou a ser reconstruído dando origem a uma nova
fortificação, o Reduto Duque de Bragança, concluído em janeiro de 1905, que
era “destinado por um lado a construir um elemento de defesa terrestre, que
vem terminar na Foz do Tejo, e por outro a colaborar na defesa do porto quer
com tiros de perfuração das suas Peças de grosso calibre quer com tiros de
bombardeamento das suas Peças de calibre médio” e que para o efeito tinha
uma forma geométrica de polígono irregular, oferecendo um traçado de
pentágono, sendo assim composto por “5 faces, duas das quais (…)
propriamente marítimas, uma pode ter ação de bombardeamento para o mar e
ação terrestres, sendo uma delas a gola da obra (…) (Callixto, 2002, 79-80)

Após a proclamação da República, um Decreto do Ministro da Guerra do


Governo Provisório, de 19 de outubro de 1910, “determinou o cancelamento
de todas as designações, até então aplicadas às fortificações do Campo

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Entrincheirado de Lisboa, [do qual o Reduto Duque de Bragança era elemento


integrante desde Agosto de 1910], passando as mesmas a serem conhecidas
pelo nome das localidades mais próximas” (Ordem do Exército nº 2, 1º série,
de 24 de outubro de 1910 apud Callixto, 2002, 80). Desta alteração resultou
que o Reduto Duque de Bragança foi renomeado com o nome da localidade
mais próxima, neste caso de uma quinta próxima, passando a ser conhecido
pelo Reduto da Medrosa.

Dois anos depois, a 19 de Outubro de 1912, o Ministro da Guerra do Governo


Provisório, General António Xavier Correia Barreto, decidiu mudar-lhe o nome
para Reduto Gomes Freire (RGF), em homenagem ao Tenente-General
Gomes Freire de Andrade, considerado o melhor General do Exército
português, e cuja execução, em 1817, é solenizada através de um modesto
monumento erigido, em 1853, no perímetro do Reduto.

Fig. N.º 1 e Fig. N.º 2 – A Bateria do Reduto Gomes Freire em 1935-09-16.


(Fonte: http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=1018860 consultado em 12/03/2015).

O RGF continuou a ser utilizado pelos militares até se tornar obsoleto durante a
1ª Grande Guerra Mundial, sendo abandonado como fortificação em 1918, pelo
facto das suas características já não serem compatíveis com as exigências dos
novos métodos de guerra, e passando a ser utilizado como residência por
trabalhadores das Obras Militares (Comunicação da Direção do Serviço de
Fortificações e Obras do Exército de 30 de julho de 1959 apud Callixto, 2002,
81).

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A 27 de janeiro de 1960, o RGF foi cedido ao Ministério da Marinha para ser


usado pelo Comando da Defesa Marítima do Porto de Lisboa, tendo a Marinha
promovido, posteriormente, a construção de bunkers no local.

Em dezembro de 1966, o Conselho do Atlântico Norte (NAC) aprovou,


formalmente, a criação do Comando da Área Ibero-Atlântica (COMIBERLANT),
o qual começou a funcionar em 22 de fevereiro de 1967, numa moradia, perto
de Sintra, tendo, em 1968, formalizado o pedido de transferência para o RGF,
pretensão que teve parecer desfavorável da Direção de Serviço de
Fortificações e Obras Militares, alegando que o RGF estava cedido ao
Ministério da Marinha com o intuito de aí ser instalado o Museu da Fortificação.

A controvérsia foi dirimida pelo Secretário de Estado do Tesouro, através de


despacho de 4 de junho de 1969, que determinou a coabitação, no RGF, do
Quartel-General do Comando da Área Ibero-Atlântica e do Comando da Defesa
Marítima do Porto de Lisboa.

Em conformidade, no início da década de setenta, o COMIBERLANT foi


transferido para o RGF, culminar de um projeto de dois anos, com um custo de
6,5 milhões de dólares, que incluiu a construção de um bunker de comando
subterrâneo (Underground Headquarters – UHQ)), dentro das muralhas da
velha fortaleza, e uma construção térrea acima do solo (Topside Administrative
Facility - TAF), inaugurado em 29 de Outubro de 1971, pelo Almirante Américo
de Thomaz, PR, e que representou o regresso do Forte Gomes Freire “à
realidade da Defesa”, nesta oportunidade como um Comando determinante
para a defesa e segurança dos países membros da OTAN.

Devido à sua posição estratégica, o COMIBERLANT, complementado com dois


sites localizados na margem sul do Rio Tejo, um de receção, na Fonte da Telha
(RX Site), e outro de transmissão, em Coina (TX Site), desde cedo foi envolvido
em muitos exercícios da OTAN.

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Desde a sua instituição, o Comando de Oeiras da OTAN passou por diversas


transformações, promoções e despromoções, e teve designações e missões
diferentes.

Em 1982, na sequência da decisão do Planeamento de Defesa da Comissão


do Conselho do Atlântico Norte, o COMIBERLANT foi atualizado para
Comando Chefe da Área Ibero- Atlântica (CINCIBERLANT).

A primeira grande modernização do Comando de Oeiras começou a ser


efetuada em 1986, com a construção de um segundo andar no TAF e a
extensão do UHQ, no qual passou a funcionar o Centro de Comunicações
(COMCEN).

Em abril de 1998, foi inaugurado no RGF o edifício do Comando Naval,


estrutura da Marinha Portuguesa.

Em 1999, aumentando o nível das suas responsabilidades, o Comando de


Oeiras sofre nova alteração, passando a denominar-se Comando Regional da
NATO (HQ Regional Southlant – CINCSOUTHLANT).

Como consequência dos atentados de 11 de setembro de 2001, o Comando de


Oeiras passou a designar-se Comando Conjunto de Lisboa (AJFCLB) em
2004.

Em novembro de 2010, na Cimeira de Lisboa, a Aliança Atlântica anunciou o


início do seu processo de reestruturação tendo sido decidido que o AJFCLB
encerraria em 31 de dezembro de 2012.

No decurso da reforma das Estruturas de Comando e das Forças da OTAN


(NATO Command Structure – NCS e NATO Forces Structure – NFS), em 17 de
maio de 2012 o Comando da Naval Striking and Support Forces NATO
(STRIKFORNATO – SFN), que estava sediado em Nápoles, e que tem

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responsabilidades no Atlântico e no Mediterrânio, foi formalmente estabelecido


no RGF (Fig. n.º 3).

Fig. N.º 3 – Instalações da SFN no RGF.

Decorrente do encerramento do AJCLB, em 31 de dezembro de 2012, a


UARGF assumiu a administração e gestão do RGF, em 1 de janeiro de
2013,

A UARGF foi constituída e implementada através do despacho nº


150/MDN/2012, de 13 de junho, no seguimento do memorando nº
19/CHGTNEC/2012, de 31 de maio, no qual se encontra expressa a proposta
de organização e regulamento da UARGF, salientando-se a sua natureza,
missão e competências, bem como os recursos financeiros, no âmbito do
memorando n.º 16/CHGTNET/2012, de 07 de março, com expressão
orçamental no valor de 2.689.152,00€, repartido em orçamento de despesa
(1.530.288,00€) e de receita (1.158.864,00€), para um universo de 39 militares
de efetivo.

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1.2. Caraterização da UARGF

A UARGF tem como missão administrar e gerir o RGF, sem autonomia


administrativa, incumbindo-lhe ainda prestar apoio aos organismos
internacionais e nacionais instalados no RGF, designadamente na área da
administração e finanças e no que respeita à manutenção e segurança das
instalações ou aos assuntos de pessoal. Organicamente, a UARGF está
estruturada da seguinte forma:

Comandante

Gabinete de Apoio

Departamento de Departamento Departamento de


Pessoal e Segurança de Logística Administração e Finanças

Serviço de Serviço de Serviço


Segurança Saúde de Manutenção
e Apoio Geral

Secção Secção de Secção de Secção de Secção de Secção Secção de Secção de Secção de Secção de Secção de
de Segurança Sistemas e Eletromecânica Serviços de Eletricidade Transportes Finanças e Contratos Alimentação
Pessoal Pessoal Equipamentos Gerais Oficinas Património
Electrónicos Gerais

Fig. N.º 4 – Organograma da UARGF.

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1.2.1. Pessoal Militar

Para o cumprimento da sua missão, a UARGF tem vindo a dispor, desde o


inicio da sua actividade, de um efetivo de 61 militares, oriundos dos três ramos
das Forças Armadas, conforme se encontra referenciado na tabela n.º 1.

Departamentos Oficiais Sargentos Praças Total

Comando 1 2 2 5

Logística 2 7 14 23

Pessoal e Segurança 3 5 6 14

Administração e Finanças 1 3 15 19

Total 7 17 37 61

Tabela N.º 1 – Quadro orgânico da UARGF.

1.2.2. Pessoal Civil

A UARGF não possui, no seu quadro orgânico, funcionários civis, havendo, no


entanto, prestações de serviços que são asseguradas por empresas externas,
contratualizadas, mormente o controlo de acessos (5 elementos), a limpeza
das instalações (17 elementos), a manutenção dos espaços verdes (3
elementos), a reprografia (2 elementos) a manutenção dos sistemas de
vigilância (1 elemento) e o serviço de messe (5 elementos), perfazendo um
total de 33 elementos.

1.2.3. Prestação de Apoio a Organismos Nacionais e Internacionais

Subsequente ao cumprimento da sua missão, a UARGF presta apoio aos


seguintes organismos nacionais e internacionais sediados no RGF:

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Organismo Efetivo
Comando Conjunto para as Operações Militares (CCOM) 103
Comando Naval (COMNAV) 112
STRIKFORNATO (SFN) 120
NCIA CSU DET LB 17
JALLC DET 15
ACCI DET 7
Unidade de Apoio – Estados Unidos da América 21
Unidade de Apoio - Alemanha 5

Unidade de Apoio – Reino Unido 4


Unidade de Apoio - Itália 2
Unidade de Apoio - França 2
Unidade de Apoio - Espanha 3
Total: 411

Tabela N.º 2 – Organismos sediados no RGF apoiados pela UARGF.

2. Descrição da Ação e sua Finalidade

Atualmente, a produção da eletricidade é um dos fatores que mais contribui


para a emissão de gases com efeito de estufa. Muitas das emissões de CO2
são atribuídas ao consumo de eletricidade nos sectores residencial e edifícios
de serviços.

Segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), em


Portugal, a produção e transformação de energia (que inclui os setores elétrico
e de refinação) foi responsável por 27% das emissões de gases com efeito de
estufa, em 2009. Tal facto foi comprovado pelo “National Inventory Report” de
26/05/2014, submetido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), no âmbito
da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas,
constatando-se que as atividades relacionadas com a produção de energia
pela queima de combustíveis fósseis foram responsáveis pela produção de

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cerca de 17 Mton de CO2 em 2012. Segundo os dados existentes, em 20101, o


fator médio de emissão foi 579 g CO2/kWh para as centrais termoelétricas
(abrangidas pelo Comércio Europeu de Licenças de Emissão).

De acordo com dados avançados pelo Diário de Notícias online2, citando o


presidente do Conselho Científico do Instituto Superior de Agronomia, em
Lisboa, João Santos Pereira, “medições que vêm sendo realizadas numa
plantação de eucaliptos perto de Pegões, concelho de Setúbal, indicam que
aquela árvore, de crescimento rápido, é a que retém ou retira da atmosfera
mais dióxido de carbono (CO2), considerado o principal responsável pelo
aquecimento global (7,45 toneladas de dióxido de carbono por hectare e por
ano, em 2003, e 4,77 toneladas em 2006)”.

Este resultado efetivo da retenção é já obtido após a subtração ao total de


dióxido de carbono absorvido durante o dia, quando exposta à luz solar, da
chamada respiração, que a árvore realiza durante a noite, com a ausência de
luz, em que devolve à atmosfera parte do gás poluente retido com a iluminação
natural. A mesma fonte acrescenta que “no montado de sobro, os valores
foram de 0,47 toneladas por hectare/ano em, 2003, e de 1,8 toneladas, em
2006. Os números para as pastagens são semelhantes aos dos sobreiros”.

Por análise da tabela n.º 3, em que se comparam os valores de consumos de


energia em 2010, último ano de plena atividade da gestão do AJFCLB (4
517.402 kWh) e em 2014, da gestão da UARGF (3 156.221 kWh), constata-se
que o decréscimo de consumo energético ao fim dos dois anos de gestão da
UARGF foi de 1 361.181 kWh, a que corresponde um decréscimo de emissões
de cerca 788.123 Kg CO2, contribuindo para a redução de emissão de CO2 de
30%.

1
Comércio Europeu de Licenças de emissão de Gases com Efeito de Estufa, análise para Portugal do período 2005-
2010 – ERSE de Janeiro de 2012;

2
Fonte: http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=657157, acedido em 27/03/2015.

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média Total

367.432 334.209 369.581 360.922 377.510 392.506 411.698 413.953 373.070 380.847 362.088 373.586 376.450 4.517.402
2010

381.804 322.229 366.238 360.348 363.348 351.756 359.254 372.370 363.903 359.212 337.820 338.523 356.400 4.276.805
2011

361.130 328.350 346.166 324.482 354.491 361.144 373.074 380.850 345.138 342.261 331.473 319.285 347.320 4.167.844
2012

282.669 3.392.024
2013 319.285 318.806 309.638 246.592 267.654 277.387 291.437 289.404 287.634 270.277 258.550 255.360

263.018 3.156.221
2014 195.979 261.191 237.478 259.048 262.662 261.618 271.174 285.543 294.174 286.145 263.306 277.903

Tabela N.º 3 – Consumos de energia eléctrica no RGF no período de 2010 a 2014 [kWh].

Assim, a redução de CO2 alcançada é equivalente à hipotética situação de,


nesta UARGF, terem sido plantados aproximadamente 165 hectares de
eucalipto3 ou 438 hectares de montado de sobro.

O raciocínio cognitivo anteriormente expendido, é ainda reforçado “a contrario”,


pela via de uma postura fortemente proactiva de expansão, reordenamento e
reconfiguração tipológica dos espaços verdes de todo o Complexo Militar
Internacional de Oeiras, vulgo RGF, importando ainda salientar, que o
comportamento em apreço, resulta de uma racionalização prévia em sede de
Diretiva Sectorial de Gestão, de periodicidade anual, elaborada pelo
Comandante da Unidade, que entre os demais objetivos de gestão, tem vindo a
estabelecer de forma consistente e sistemática, metas nesta vertente de
atividade, no âmbito da Gestão da Unidade, como atestam as Figuras n.º 5 e 6.

3
Em termos de “ambiente”, o eucalipto é uma espécie muito “mal vista”. É uma espécie de rápido
crescimento, que “suga” completamente a água existente nos locais onde é plantada e está associado ao lucro
fácil das celuloses. O “ambiente” privilegia as espécies de lento crescimento (sobreiro).

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Fig. N.º 5 – Pérgula de acesso ao edifício da UARGF.

Fig. N.º 6 – Ajardinamento de zonas de estacionamento.

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O nível de ambição nesta área é apenas delimitado pelas capacidades de


investimento, que, como é fácil de entender, perante um vasto conjunto de
necessidades típicas de uma nova Unidade, ainda em fase de edificação, são
necessariamente remetidos para prioridades de nível baixo, o que não significa,
que mesmo assim não se tenham realizado diversos investimentos, quer em
2013, quer em 2014, e que serão desenvolvidos em 2015, embora aquém dos
níveis de ambição que a matéria subjudice merece. Assim sendo, fica
evidenciado que o aumento significativo das áreas de espaços verdes,
conjugados com uma escolha tipológica das espécies, atenta a maximização
da eliminação do CO2, também constitui um contributo, pela sua dimensão,
para a eliminação dos gases em apreço. Porém, perante a grandeza dos dados
apresentados em matéria de poupança de energia, tem-se o entendimento de
que é dispensável apresentar tais parâmetros face ao elevado esforço
requerido e subjacente à respectiva determinação, que, salvo melhor opinião,
se reveste de enorme complexidade, como de certo modo também ficou
aflorado no presente documento de candidatura.

Além disso, com a proliferação descentralizada de eletrodomésticos,


computadores e sistemas de entretenimento, e com o aumento de utilização de
sistemas de ar condicionado e ventilação, o consumo de eletricidade disparou,
desproporcionalmente, em relação à utilização de outras formas de energia.

A Eficiência Energética é o modo mais rápido, barato e limpo de reduzir os


nossos consumos de energia e, deste modo, atingir os objetivos mundiais e
nacionais para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, uma
preocupação crescente em todos os atores de mercado.

Através de um estudo das tecnologias aplicadas no mercado com os nossos


técnicos e com o apoio tecnológico e conhecimento de várias empresas
parceiras, no desenvolvimento de aplicações, de que são exemplo as
empresas Infocontrol e QEnergia, para implementação de um sistema de
qualidade e gestão de energia, e a Nónio, na manutenção de sistemas de

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climatização, será possível atingir uma meta de reduções de consumos


energéticos superiores aos 30%, planeados para 2020. Esta redução é
combinada com várias estratégias, como se pode observar na figura n.º 7.

Fig. N.º 7 – Medidas implementadas para a redução de custos e contribuir para uma melhoria
ambiental.

Podemos observar, na fig. n.º 8, os ganhos que se pretenderam obter,


parcialmente, com cada um dos três principais pilares de atuação. Com a
procura e renovação dos equipamentos para outros mais eficientes, a
realização de uma manutenção cuidada dos sistemas AVAC, responsáveis
pela maior parte do consumo energético, e a melhoria do isolamento das
janelas e portas dos edifícios, pretende-se alcançar uma poupança no
consumo energético de cerca de 10 a 12%. Com a regulação da iluminação
através de células, a utilização racional dos equipamentos e a melhoria da
consciencialização ambiental de cada pessoa do RGF, pretende-se alcançar
uma poupança no consumo energético de cerca de 8 a 10%. Com o desenho e
a implementação do SIG-CE, já em execução, que permite monitorizar o
consumo de energia em real-time, por edifício, e atuar em caso de desvio de
consumo ou avaria, pretende-se alcançar uma poupança no consumo
energético de cerca de 2 a 8%.

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A tendência inicial foi a obtenção de ganhos mais acentuados no 1º pilar de


atuação, ao tornar as instalações mais eficientes. Esta tarefa ainda está no
início, pois a maioria dos equipamentos existentes no RGF têm já bastantes
anos, são pouco eficazes e requerem uma manutenção muito dispendiosa. Dai
esta reconversão e substituição ter de ser efetuada faseadamente, decorrendo,
presumivelmente, até 2020.

Num segundo patamar, com a utilização racional dos aparelhos, a melhoria da


consciencialização ambiental de cada pessoa, a regulação dos sistemas de
iluminação e dos aparelhos motores, pretendemos contribuir para uma
melhoria substancial na nossa pegada ecológica de uma forma mais diluída no
tempo.

O programa de monitorização permanente contribuirá para que todo o processo


se mantenha coeso e sem desvios e, deste modo, se alcance a meta proposta.

Fig. N.º 8 – Ganhos em eficiência energética com medidas implementadas.

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2.1. NEP – Medidas de Redução dos Consumos Energéticos e Água na


UARGF

Em novembro de 2013, quando a UARGF deu o primeiro passo para assumir o


controlo e gestão do RGF, houve necessidade de criar um impulso que
contribuísse para adoptar hábitos e comportamentos multiplicadores de
poupança e preocupação pela preservação do meio ambiente.

Com a criação desta NEP, implementou-se um modelo energético e de


consumo de água, baseados na racionalidade económica e na
sustentabilidade, através da adoção de medidas de eficiência energética e da
implementação de medidas de controlo, de modo a reduzir a fatura final da
energia e da água, contribuindo, assim, para um desenvolvimento sustentável
do País.

Esta NEP está dividida em medidas a adotar, transversalmente, por todo o


efetivo da UARGF, que incluem apagar as luzes das instalações, desligar as
fontes de alimentação ininterruptas (UPS) e os computadores, quando os
utilizadores saem dos gabinetes por períodos longos de tempo ou no final do
dia, desligar os aparelhos de climatização e regularem-nos para 24ºC, no
verão, e 22º C, no inverno, mantendo as portas e as janelas fechadas quando
ligados.

Existem instruções para o levantamento dos estores, para aproveitamento da


luz natural, para a limpeza dos vidros no exterior e interior e para a abertura de
algumas janelas no verão, ou seja, um conjunto de ações que contribuem para
a climatização dos edifícios.

Outras medidas são destinadas às Secções de Manutenção, que incluem


procedimentos para um controlo efetivo e apertado dos consumos mensais de
energia e água, a fim de serem verificados possíveis desvios de
comportamentos de utilização ou fugas de água. Devem também proceder à

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instalação de autoclismos de dupla descarga de 3 e 6 litros, ou reduzirem as


descargas dos existentes.

Cabe ainda a estas secções proceder à manutenção e limpeza programada


dos equipamentos, para que estes não se danifiquem facilmente e não
aumentem o seu consumo elétrico, contribuindo, deste modo, para o
incremento da sua vida útil, com uma melhor eficiência.

São dadas instruções para se proceder à substituição de lâmpadas


fluorescentes por lâmpadas economizadoras, sempre que tal procedimento for
técnica e economicamente recomendável, e instalação de dispositivos horários
automáticos para controlo de máquinas de café e de aquecimento de águas
sanitárias, designadamente, termoacumuladores, alguns dos quais
excedentários, na atual configuração da Unidade, bem como, dispositivos de
controlo de iluminação exterior, com interruptor temporizador e fotocélula.

No âmbito do processo aquisitivo, à Secção de Finanças e Património compete


ser zelosa na aquisição de artigos elétricos, observando a nova Etiqueta
Energética de cada um dos produtos, optando-se, desta forma, por uma
compra inteligente e racional. Deve ainda promover a centralização máxima
dos equipamentos de vending e impressoras de apoio.

Na execução das suas tarefas, à Secção de Alimentação compete efetuar uma


adequada gestão na preparação dos alimentos, na não abertura sistemática
das portas dos equipamentos, lavar loiça com cargas máximas, sempre que for
possível, e não manter torneiras abertas ou com fugas.

A Secção de Serviços Gerais deve garantir que a rega dos espaços verdes do
RGF se realize em horário noturno ou ao amanhecer, no verão, para evitar
desperdícios de água por evaporação e que as regas, no inverno, se
processem com os intervalos máximos necessários para a manutenção das
plantas, flores ou relvados em conjugação com a poupança de água na rega.

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2.2. Rondas

O RGF tem 36 instalações cobrindo uma área total de 20.861,31 m², inseridas
num complexo com 79.477,16 m².

Nestas instalações estão sediados organismos nacionais e internacionais,


compostos por militares e civis pertencentes a 28 nações com culturas
distintas, e por isso, com as mais variadas preocupações e sensibilidades
ambientais.

Para se poder promover a cooperação na área ambiental de todos estes


elementos nacionais e estrangeiros estão distribuídos avisos pelo RGF, de que
é exemplo ilustrativo o pedido para se poupar água (Fig. n.º 9).

Inerente a estas preocupações ambientais, são efetuadas frequentes rondas


às instalações para comprovação da conformidade de comportamentos com o
respeito pelo ambiente e para a correção de alguma anomalia detetada.

Fig. N.º 9 – Aviso para a poupança de água.

2.3. Manutenção dos Equipamentos

Com a transferência do Comando Conjunto para as Operações Militares


(CCOM), para as instalações do Undergroud Headquarters (UHQ) do RGF,

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surgiu a necessidade de se proceder a uma melhoria das instalações


existentes, que datavam dos anos oitenta.

O UHQ é responsável por cerca de 56% do consumo de energia elétrica total


do RGF. De todos os equipamentos ai instalados, os pertencentes ao sistema
de climatização da água (Chillers4), as unidades de tratamento de água (UTA)
e as torres de arrefecimento são os principais consumidores de energia.

Para a produção dos 15 000 m3/h de ar tratado, climatizado e distribuído pelos


gabinetes existentes no subsolo, ao longo dos 5.055 m², é necessária a
utilização de UTA, que recebem água quente gerada numa caldeira (40ºC) e
água fria (7ºC) gerada nos Chillers. Aí, o ar é filtrado de impurezas e
climatizado até se obter uma temperatura de 25ºC e 55% de humidade.

Os dois Chillers, equipamentos responsáveis pela refrigeração do UHQ, têm


uma capacidade de refrigeração de 892 kW. Para tal, produzem 154 m3/h de
água refrigerada a 7ºC, distribuída por tubagens, que vão alimentar cerca de
cento e trinta (≈130) aparelhos ventilo convetores (fancoils), que através da
transferência de calor e por convecção forçada, climatizam com ar frio todos os
gabinetes.

Para a refrigeração dos Chillers e dos geradores de energia de recurso, onde a


troca de calor é realizada com o recurso a água, utilizam-se duas torres de
refrigeração Baltimore, modelo VXI 70-3, combinadas a ar e a água, de
potência 21 kW (Fig. n.º 10).

Com a manutenção destes equipamentos, através da limpeza química dos


condensadores dos Chillers e a desincrustação dos tártaros acumulados dos
tubos injetores de água das torres de refrigeração, conseguiu-se uma redução

4
Máquina de Refrigeração que usa energia mecânica para gerar água gelada; Sistemas Hidrónicos.

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de consumos de cerca de 20%, o que equivale a 20 kW/h ou seja uma redução


de 11,6 kg CO2 por hora de trabalho.

A substituição faseada dos ventilo convetores existentes por equipamentos


mais eficientes e sem incrustações internas permitiu aos aparelhos instalados
uma climatização muito mais célere das salas e, assim, reduzir o tempo para
as trocas de calor, diminuindo as necessidades de tempo de funcionamento
dos Chillers e, consequentemente, das torres de arrefecimento.

Fig. N.º 10 – Os Chillers e as torres de refrigeração são os responsáveis por cerca de 45% do
consumo total de energia do RGF.

2.4. Controlo e Melhoria da Iluminação

Na sala do Centro de Operações do UHQ foram instalados detetores de


movimento com tecnologia de deteção 360º e campo de deteção até 24
metros, com a possibilidade de controlo através de comando remoto IR-PD,
que permite o ajuste dos diferentes parâmetros de programação e regulação do
fluxo luminoso, obtendo-se, assim, uma intensidade luminosa variável com a
respetiva poupança energética associada.

Nos corredores de passagem dos diversos edifícios, foram instalados detetores


de movimento (Fig. n.º 11), de amplitude de deteção variável, que permitem o
controlo do tempo em que a iluminação está ligada, sem a passagem de
qualquer pessoa e, assim, reduzir os consumos de energia a si associados.

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No que respeita ao tipo de luminárias e lâmpadas utilizadas, têm sido


implementadas, em algumas salas, as novas tecnologias de luminárias de
parabólica dupla, com ótica de alto brilho fechada e associadas a lâmpadas
fluorescentes Eco Master, com balastros eletrónicos, que proporcionam melhor
eficiência luminosa, maior vida útil, menor consumo energético e causam
menor impacto ao meio ambiente.

Fig. N.º 11 – Aplicação de iluminação por LEDs e controlo por célula fotoelétrica.

Nas obras de remodelação recentes a escolha também recaiu na utilização das


luminárias de LED. As atuais soluções com LED permitem a regulação do fluxo
luminoso e a cor da luz emitida (LED com balastro electrónico), proporcionando
uma imensa economia nos custos de energia e manutenção, o que reduz,
significativamente, os custos operacionais. Conseguiu-se, deste modo, criar
uma variedade de possibilidades de ambientes, cada um adaptado para um
momento e um uso em particular, seja uma sala para reunião, de trabalho ou
para videoconferência.

2.5. Compensação de Energia Reativa

Para pôr uma máquina em funcionamento é necessário o consumo de energia


elétrica, caso seja um motor elétrico. A este tipo de energia chamamos energia
ativa. Mas um motor, para começar a trabalhar, requer também um campo
magnético e este, para ser gerado, necessita de uma corrente magnetizante ou

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reativa, que produz energia reativa e piora o fator de potência da instalação ou


cosᵠ da instalação (ter cosᵠ de 1 seria o ideal).

Como acontece com a energia ativa, a energia reativa, na falta de outra fonte, é
fornecida por uma central elétrica e conduzida através da rede. Mas existe uma
outra fonte de energia reativa muito acessível e fácil de instalar: o condensador
elétrico instalado numa bateria de condensadores.

Com a instalação de uma bateria de condensadores é possível reduzir a


potência reativa absorvida pelas cargas indutivas no sistema e,
consequentemente, melhorar o fator de potência. É recomendável ter
cosᵠ próximo dos 0,99 e nunca inferior aos 0,95, pois, caso contrário, as
penalizações são significativas com a nova legislação e vêm convertidas na
fatura elétrica a pagar.

Quais são, então, as vantagens da compensação da energia reativa?


Ao compensar a energia reativa, evitamos que parte desta energia, ou a sua
totalidade, circule pela rede, levando a uma redução da corrente elétrica
circulante e dai a redução de perdas elétricas. Assim, as nossas instalações e
as da rede de distribuição poderão transportar mais energia, aumentando a
capacidade elétrica da instalação.

Uma redução das perdas resulta numa poupança de energia reativa, ou seja,
de kvarh, (kilovar hora). Tal facto traduz-se, como vimos, numa poupança na
fatura de energia paga à rede distribuidora nacional e na melhoria da tensão da
rede, dado que ao compensar uma instalação elétrica, reduz-se a queda de
tensão e aumenta-se, portanto, a tensão disponível.

Por outro lado, consegue-se a diminuição dos gases com efeito de estufa, dado
que desta forma, por cada kvar instalado em condensadores, evitar-se-á a
emissão de 25 kg de CO2 no período de um ano.

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O RGF recebe energia em média tensão, de 10.000V (Volt), sendo esta


distribuída para três Postos de Transformação (PT1, PT2 e PT3) ai existentes.
Nestes, foram instaladas baterias de condensadores de 19, 65 e 150 kvar,
respetivamente (Fig. n.º 12).

Esta melhoria, deverá ter o retorno total de investimento no final do segundo


ano de instalação (novembro de 2015), prevendo-se uma vida útil dos
condensadores superior a 150.000 horas de utilização (> 17 anos). Esta
instalação permite, então, uma redução na emissão anual de CO2, de 5.850kg.

Fig. N.º 12 – Bateria de condensadores de 19 kvar.

2.6. Aproveitamento da Luz Solar

Os tubos solares são sistemas ecológicos, onde a luz natural é captada e


orientada, para dentro do tubo, proveniente de todas as direções e com todas
as inclinações, desde o nascer ao pôr do sol.

O esquema de funcionamento baseia-se num tubo revestido, interiormente, por


material extremamente refletor, em chapa de alumínio, com espelho interior,
que minimiza a dispersão dos raios e permite um fornecimento de luz a
distâncias consideráveis, sem transmissão de calor ou frio.

O tubo solar é revestido com proteção mecânica exterior, que lhe confere alta
resistência mecânica para colocação em obras, indústria ou outro tipo de

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aplicações sem risco de amolgadelas ou outro tipo de danos. Este exterior


pode ser pintado, isolado ou revestido, tal e qual se tratasse de condutas de ar
condicionado ou outras semelhantes.
O sistema apresenta como vantagens a entrada nos edifícios de uma luz
perfeitamente natural e benéfica à nossa visão, sem transferência térmica, sem
necessidade de limpeza ou manutenção, resistente à radiação UV, permitindo
a melhoria da eficiência energética dos edifícios e possui ainda a capacidade
de nos mesmos tubos poder ser canalizado, através de acessórios, ventilação
ou a regulação da intensidade de luz natural.

Este projeto foi instalado fazendo uso de tubos solares da marca “Chatron”
modelo TS300, em dois edifícios do RGF. No edifício de um piso da UARGF
foram instalados dois tubos no corredor de 35 m2, o que permite estarem
desligadas 7 luminárias encastradas quadruplas de 18 W, com uma poupança
de 5 kW/dia.
No piso superior do edifício de dois andares da “Interim Facilities” (IF), (Fig. n.º
13) onde estão localizadas várias Unidades Internacionais de Apoio, foram
instalados três tubos solares no corredor de 48 m2, com uma poupança
estimada de 7 kW/dia, ou seja uma redução na emissão anual em ambos os
conjuntos, de 2.536 kg CO2.

Fig. N.º 13 – Tubos solares do edifício IF.

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2.7. Sistema Integrado de Gestão do Consumo de Energia – SIG-CE

2.7.1. Tipologia do SIG-CE

Partindo do conhecimento que a monitorização permanente dos consumos


elétricos numa instalação é uma mais-valia para a deteção de avarias e
desvios nos consumos elétricos, permitindo uma redução de consumos de
cerca de 8%, foi idealizada uma solução para a criação de uma infraestrutura
de rede estruturada, de análise e gestão de consumos, em fibra ótica entre os
vários edifícios consumidores e o Gabinete de Análise e Controlo de Situação,
onde está instalado o sistema central de gestão.

Esta solução ofereceu, numa primeira fase, uma monitorização constante e


simples dos consumos de energia registados nos contadores instalados em
oito edifícios (UHQ, Unidade de Apoio Alemã, Unidade de Apoio USA, IF, Bar de
Sargentos e Praças, Casernas da UARGF e do COMNAV e Edifício do Comando
da UARGF - OPD), permitindo a emissão de alarmes, verificar a necessidade de
se realizarem tarefas de manutenção ou a necessidade de se desligar algo que
ficou inadvertidamente ligado.

O Sistema de Monitorização de Energia instalado é flexível, permitindo a


implementação de uma arquitetura centralizada com um único concentrador
(dispositivo que recebe toda a informação e a gere – poderá ser um autómato)
ou distribuída com a utilização de unidades remotas, e facilmente escalável,
permitindo a qualquer instante a adição de novos contadores/analisadores
(aparelhos que fazem as leituras das grandezas elétrica) e/ou novas zonas
remotas de contagem.

O concentrador é constituído por um autómato PCD1 da marca “SAIA”, com o


desenho do projeto incorporado e adequado para a monitorização e registo dos
dados de consumo da instalação. Este concentrador foi fornecido em caixa
plástica dedicada, com o índice de proteção adequado para a instalação, com

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toda a aparelhagem elétrica necessária para o correto funcionamento do


sistema, nomeadamente a fonte de alimentação, as entradas e saídas com
cablagem, relés nas saídas digitais e proteções.

O Sistema de Monitorização de Energia permite a integração de todos os


contadores existentes. Para isso, estes possuem saídas por impulsos,
enviando os mesmos via concentradores de impulsos. Estes concentradores
estão interligados às mesmas redes dos contadores e/ou analisadores.

A comunicação entre as unidades remotas e a unidade principal é realizada em


Protocolo de Controlo de Transmissão/ Protocolo de Internet (TCP/IP), pelo
que foram interligadas à rede estruturada intranet existente, não havendo,
desta forma, a necessidade de criação de uma infraestrutura própria e
minimizando os custos de instalação e manutenção do sistema.

O autómato realiza, periodicamente, a leitura dos valores armazenados de


consumo em cada contador, para registo em base de dados interna em ficheiro
tipo “csv”5 a cada 15 minutos, permitindo o tratamento estatístico e de gestão
dos dados, posteriormente.

Além dos consumos totais, o autómato tem sempre a informação atualizada


dos valores de tensão, corrente e potências (ativa e reativa).

Foram implementadas as tecnologias Web e IT, de modo a que o autómato


instalado seja visto como um Servidor de Automação (Fig. n.º 14), permitindo
ao utilizador um acesso aos recursos proprietários do autómato, bem como de
outras unidades de controlo às quais o autómato esteja a fazer de Gateway
(máquina intermediária).

5
Extensão de ficheiro relativo a uma folha de cálculo, com separação por vírgulas; pode ser aberto em editor de texto.

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O sistema é igualmente flexível ao nível das funcionalidades implementadas,


permitindo a inclusão de funcionalidades adicionais via upgrade do projeto, tais
como deslastragem de cargas (retirar alimentação elétrica às cargas), emissão
de alarmes, disponibilização de acesso remoto e interligação a outros
equipamentos, tais como as baterias de correção de fator de potência,
instaladas.

As unidades remotas estão instaladas em caixas dedicadas, com


características semelhantes às da unidade principal, tendo no seu interior
módulo remoto PCD3.

A monitorização é realizada a partir de qualquer PC ligado à rede Intranet ou,


havendo possibilidade de acesso remoto, a partir de qualquer PC ou outra
plataforma com Browser Web ligado à internet.

Este servidor pode ser acedido via Ethernet6 (Switch incorporado), porta USB
ou porta RS485, permitindo que através de um protocolo IP como http, FTP,
SMTP, SNTP, DHCP, DNS, SNMP, PPP e Modbus, qualquer utilizador
autorizado por palavra passe possa aceder e proceder à gestão de consumos.

O sistema permite o envio de mensagens de alerta ou e-mails para o gestor de


manutenção ou técnico de serviço.

Os equipamentos possuem robustez industrial, com ciclos de vida superiores a


20 anos, permitindo portabilidade de projeto entre autómatos.

Numa segunda fase, avançou-se para a monitorização do funcionamento das


baterias de condensadores instalados nos vários Postos de Transformação
Elétricos (PTs), sistema que se encontra em fase de implementação e que

6
É uma arquitetura de interligação para redes locais – Rede de Área Local (LAN) – baseada no envio de pacotes.

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aguarda a finalização dos testes de comunicação entre os analisadores e o


autómato, pois são de fabricantes distintos.

A solução instalada apresenta um elevado nível de modularidade e


flexibilidade, já que permite uma integração futura de analisadores adicionais,
bem como a integração de contadores por impulsos (ex. água, gás,…).

Fig. N.º 14 – Tipologia do sistema SIG-CE.

2.7.2. Software de Gestão Utilizado

A programação é feita via um único Software, universal Saia PG5, para


sistemas com o Windows, garantindo uma uniformização de programas e
rotinas, independentemente do autómato ou controlador em causa serem ou
não versões recentes.

Os elementos da linguagem de contactos do programa instalado em SAIA-


PG5, implementam as funções lógicas de entradas e saídas em blocos
funcionais para a execução das operações de leitura ou ação pretendidos. A
filosofia desta solução consiste em constituir-se como uma ferramenta simples
e de fácil utilização, que permita o acesso ao sistema após a autenticação no
endereço IP atribuído, com a correta password (Fig. n.º 15).

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Fig. N.º 15 – Autenticação com password no endereço IP associado ao sistema.

Após o acesso ter sido autenticado, deve proceder-se a uma parametrização


inicial, com a indicação dos horários e tarifas elétricas para a época do ano em
vigor (Fig. n.º 16 e 17).

Fig. N.º 16 – Ecrã para parametrização dos horários, tarifas elétricas em vigor e alteração de password.

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Fig. N.º 17 – Ecrã para parametrização dos horários, no ciclo semanal, de contagem de energia.

Esta parametrização só é necessária quando houver alteração de tarifas ou


horários de contagem definidos pela entidade fornecedora da eletricidade.

Sempre que necessário, será possível aceder aos valores de consumos


energéticos instantâneos de corrente, tensão, fator de potência, potências
ativas e reativas por fase ou tensões compostas (Fig. n.º 18), gerir a
informação e enviar alertas de desvios de funcionamento ou de objetivos
propostos.

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Fig. N.º 18 – Ecrã com valores instantâneos de tensões, corrente, potências e fator de Potência.

É possível saber-se qual o valor consumido de energia por contador,


entidade/edifício presente no RGF, e o valor correspondente em Euros (Fig. n.º
19).

Fig. N.º 19 – Ecrã com valor de consumo de energia por contador (kW) e euros (€) por edifício (UHQ).

Este valor poderá ser diário, mensal, anual ou numa década.

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Deste modo, podemos constatar, por comparação de edifícios, qual o


comportamento de consumo dos respetivos utilizadores. Permite identificar se
um aumento de consumo está relacionado com alterações climatéricas de frio e
calor, que os faça ligar sistemas de AVAC, ou se permanecem mais tempo no
seu local de trabalho e se tal situação se consubstancia num aumento de
consumo energético.

Os consumos elétricos são registados com intervalos de 15 minutos (Fig. n.º


20), no caso de estarmos em presença dos valores de consumos diários.

Nesse ecrã, é possível obter a imagem do consumo elétrico referente ao dia


anterior e ao dia atual, permitindo, deste modo, uma melhor visualização dos
consumos e obter, em cada instante, qual o comportamento da instalação,
dando indicação prévia às rondas de situações anómalas que urge corrigir.

Fig. N.º 20 – Ecrã indicador dos consumos elétricos no dia e no dia anterior para o edifício OPD (UARGF).

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No caso de os consumos corresponderem à representação mensal, cada


leitura em coluna será a correspondente ao consumo diário dessa instalação,
sendo visualizados os consumos do mês anterior e do mês atual (Fig. n.º 21).

Fig. N.º 21 – Ecrã indicador consumos elétricos no mês atual e no anterior para o edifício OPD (UARGF).

Com esta solução é possível estudar o comportamento de cada edifício, em


termos de consumos elétricos, e em caso de aparecer um valor muito diferente
desse consumo, por anomalia, ou por algum aparelho ter permanecido ligado
fora das horas de serviço, enviar um SMS ou Email7, de forma a notificar essa
anomalia ou alteração ao técnico de serviço, que também é responsável pela
efetivação das rondas.

O sistema dá-nos também a indicação da existência de algum corte de


comunicação entre o UHQ (bunker) e a Main Gate (Alimentação da energia ao

7
WEB-based E-mail Service; um correio eletrónico ou E-mail, Correio-e. É um método que permite compor, enviar e
receber mensagens de sistemas eletrónicos de comunicação. Em ambiente internet são baseados nos protocolos
POP3, IMAP e SMTP.

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PT 1) com o Gabinete de Análise e Controlo de Situação. Os valores adquiridos


podem ser convertidos automaticamente para custos de operação e
visualizados de acordo com os horários de consumo e as tarifas em vigor (Fig.
n.º 22), obtendo-se, deste modo, o custo de funcionamento operacional em
energia elétrica de cada um dos oito edifícios já controlados.

Fig. N.º 22 – Ecrã indicador com custos em euros do mês anterior e atual para o edifício UHQ.

Numa segunda fase, desenvolveu-se a monitorização do funcionamento das


baterias de condensadores de compensação de energia reativa (Fig. n.º 23),
instalados em três Postos de Transformação Elétricos (PTs).

Deste modo, é possível obter a informação dos valores instantâneos de


correntes, tensões, potências ativas, reativas e aparentes da instalação e da
bateria de condensadores associada.

Com a indicação dos valores do fator de potência por linha ou fase, associados
à corrente de linha ou fase, conseguimos saber se as três fases estão
equilibradas ou se é necessário proceder-se a uma melhor distribuição dos
equipamentos.

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É ainda possível ao operador do sistema, que está no Gabinete de Análise e


Controlo de Situação, receber alertas do estado de funcionamento das baterias
ou de alarmes de mau funcionamento e enviar uma equipa técnica para a
resolução rápida da avaria.

Fig. N.º 23 – Ecrã indicador do estado das baterias de condensadores no PT1 (Em fase de
desenvolvimento com a empresa instaladora).

Com o Diagrama Fasorial, com a indicação da distorção harmónica total (THD)


e as distorções harmónicas presentes nas várias fases em corrente e tensão, è
possível ter conhecimento da qualidade da nossa energia, permitindo a
aplicação de filtros em caso de necessidade (Fig. n.º 24).

Temos ainda a indicação da temperatura de funcionamento da bateria, o que é


muito importante para se poder atuar em caso de aumento de temperatura dos
condensadores por anomalia.

A indicação do fator de potência da instalação a compensar e os escalões de


condensadores inseridos, mostram-nos se o sistema está a realizar

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corretamente a compensação de energia reativa da instalação ou se é


necessário procedemos à alteração dos valores dos condensadores.

Dado que os valores das medições elétricas ou outras são armazenados em


ficheiro tipo “csv”, ou seja, um ficheiro sem formatação em cada linha tem um
registo diferente, podemos exportá-lo para um outro qualquer ficheiro, por
exemplo “xls”8 (Fig. n.º 25) e trabalhá-lo de acordo com as nossas
necessidades de gestão.

Fig. N.º 24 – Ecrã indicador do diagrama fasorial da bateria dos condensadores do PT1 (Em fase de
desenvolvimento com a empresa instaladora).

8
Extensão de ficheiro Excel.

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Fig. N.º 25 – Gráfico em Excel para comparação de consumos e geração de alertas, no edifício IF.

Assim sendo, torna-se mais fácil efetuar comparações visuais entre os edifícios
como podemos verificar na Fig. n.º 26. A comparação para um período de
tempo idêntico, de cerca de um mês, permite-nos, em função da perspetiva
representada, observar em termos comparativos os períodos relativos às fases
pré-laboral, pós-laboral, hora de almoço e fim-de semana, nos diferentes
edifícios, sendo certo que, facilmente se pode verificar um comportamento
muito mais desregrado de um edifício (IF), em relação ao outro (OPD – Edifício
do Comando da UARGF).

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Fig. N.º 26 – Comparação de consumos de energia entre dois edifícios.


Assim, a título meramente exemplificativo, no período pós-laboral, no edifício
IF, constata-se que os utilizadores deixam vários equipamentos,
desnecessariamente, ligados, sendo apenas regularizada esta situação, de
menor zelo, por via da atuação das rondas, apesar de se verificar que ao longo

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das três semanas subsequentes, os comportamentos melhoraram.

3. Possibilidades Futuras e em Fase de Estudo para


Implementação

3.1. Sistema Integrado de Gestão dos Sistemas de Suporte à Vida – SIG-


SSV

Como referido anteriormente, a solução implementada é modular e flexível.


Nesse sentido, está já a ser estudada a implementação de um sistema de
controlo muito mais alargado e que contempla não só a análise e o controlo
dos consumos energéticos, mas também a análise do consumo de água e gás,
o controlo da ventilação e a climatização, constituindo-se como um sistema
integrado, SIG-SSV.

3.1.1. Sistema de Análise e Controlo do consumo de Água

A gestão automatizada do sistema de distribuição de água para consumo


humano e para rega pressupõe, assim, a existência de infraestruturas de
monitorização e de controlo em tempo real, recorrendo-se a contadores de
água por impulsos, equipamentos hidromecânicos para distribuição da água e
de medida instalados ao longo das redes de distribuição.

A infraestrutura de monitorização permitirá definir, no futuro, o estado hidráulico


de todo o sistema de distribuição, verificar se há fugas de água e necessidades
de rega, enquanto a infraestrutura de controlo será a responsável pelo envio de
mensagens aos órgãos de regulação.

O sistema de gestão será composto por diversos tipos de equipamentos,


designadamente sensores de humidade, vento e chuva, unidades de aquisição
de dados, unidades de controlo, estações de emissão e receção de sinais e
unidades de processamento de dados, todos eles geridos pelo nosso servidor
de automação (Fig. n.º 27).

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Fig. N.º 27 – Sistema de análise e controlo, com gestão do consumo de água.

Deste modo, pretendemos, substituir as 25 caixas individuais de rega


existentes no RGF, das quais se desconhece o estado de funcionamento em
cada instante, e não permite a regulação de água de acordo com as
necessidades das plantas.

Com a introdução de contadores de água por impulsos, é também expectável


conseguir saber em cada momento se existem fugas de água na rede interna
do RGF.

Os sensores de chuva detetarão a ocorrência de um determinado nível de


precipitação, definido pelo utilizador, desligando o sistema de rega, por zona,
durante um período adequado de tempo. Estes sensores devem ser instalados
num ponto onde recebam a chuva sem interferências, por exemplo, num
telhado.

Os sensores de humidade serão instalados no solo dos locais a regar e


medirão o teor de humidade nesses locais. Estes darão indicação de

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suspensão da rega até o teor de humidade no solo ser suficientemente


reduzido e existir de novo necessidade de água para as plantas.

Os sensores de vento suspenderão a rega quando ocorram ventos de elevada


velocidade e retomarão a rega quando essa velocidade diminuir, permitindo
uma correta aplicação da água e sem desperdícios.

Ao instalarmos os sensores de chuva e a automatização da rega, conduzimos


o sistema a uma maior eficiência na aplicação da rega e, assim, teremos uma
poupança estimada de cerca de 10%, o que para um consumo mensal de
cerca de 2750 m3 constitui uma acentuada melhoria na diminuição da pegada
de água do RGF.

Está ainda a ser estudada a possibilidade de captação de água das chuvas, o


que permitirá num futuro próximo uma poupança de cerca de 30% do consumo
total, em água para rega.

3.1.2. Sistema de Controlo da Ventilação, Climatização e Iluminação

Uma outra vertente de aplicação, em evolução, é a utilização de sensores e


detetores de movimento com tecnologia de deteção 360º e campo de deteção
até 10m, que possuem um sensor de infravermelhos para deteção de presença
aliado a um sensor de luminosidade, permitindo ainda a sua parametrização
através de controlo remoto, com vista a uma funcionalidade total e eficiente.
Tudo isto, coligando a eficiência energética com uma dimensão reduzida, para
um mínimo impacto visual na sua instalação.

Deste modo, conseguiremos que numa determinada instalação de escritórios e


corredores a necessidade de iluminação numa sala de trabalho tenha em
atenção a luz natural que entra pelas janelas e seja controlada pela
combinação do detetor de presença, sensor de luminosidade e do software de
cálculo interno, possibilitando a este detetor monitorizar os parâmetros

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necessários ao controlo perfeito da forma como os edifícios são iluminados,


variando a regulação do fluxo luminoso das lâmpadas, permitindo assim obter
uma elevada poupança energética.

Aplica-se o mesmo princípio à gestão da climatização e ventilação de espaços,


com os mesmos sensores a verificarem a existência de pessoas ou não nos
espaços a climatizar e a poderem ligar e desligar o sistema automaticamente
ou remotamente.

3.1.3. Implementação de Energia Fotovoltaica

Face aos valores de energia consumida/ano no RGF, cerca de 3.334.000 kWh,


não é possível, sem alterações prévias das instalações do UHQ, proceder-se à
equalização de produção de energia renovável comparativamente à energia
fornecida pela EDP.

Resta-nos, então, a figura de produtor-consumidor de energia em baixa tensão,


tentando produzir energia e, deste modo, contribuir para a redução dos 30% de
consumo total de energia nos Organismos Públicos, em 2020, e para a redução
das emissões de gases com efeito de estufa, conforme preconizado pelo XIX
Governo Constitucional.

Neste sentido, a UARGF tem vindo a estudar a implementação de sistemas de


energias renováveis. Existem duas hipóteses de implementação deste tipo de
energia no RGF: produzir energia elétrica para autoconsumo, com uma
“Unidade de Produção para Autoconsumo” (UPAC), fotovoltaica e/ou eólica.

A aposta no tipo de tecnologia escolhida apoiar-se-á na análise do payback dos


sistemas a implementar, vantagens e desvantagens da aplicabilidade destes
sistemas, sejam eólicos, fotovoltaicos ou um sistema com ambos.

Existe a possibilidade da instalação de uma estação de produção de energia


fotovoltaica, tipo Placas, com uma área total de 368 m2 e potência instalada de
22 kWp, com um conjunto de 88 placas ou um Aerogerador Antaris de potência
instalada de 9.5 kW, que podem ser comparados na tabela n.º 4.

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Sistema Eólico Sistema Fotovoltaico

Aerogerador Antaris 9.5 kW com torre de 18 88 Placas Fotovoltaicas de 250W com uma
metros Potência total instalada de P= 22 kWp

Potência anual estimada de 39 420 kWh para Potência anual estimada de 40.270 kWh
vento médio de 25 km/h

Emissões de CO2 evitadas de 25,23 ton/ano Emissões de CO2 evitadas de 25,77 ton/ano

Custo de instalação de 64.075,46 € Custo de instalação de 39.421,39 €

Retorno do investimento (Payback) – 23 anos Retorno do investimento (Payback) – 9 anos

Tabela N.º 4 – Comparação entre os sistemas eólicos e fotovoltaicos.

Cada um dos sistemas apresentados tem uma produção anual de cerca de


40.000 kWh, o que determinaria, em comparação com os valores de consumo
de energia no RGF, para alimentar os Edifícios IF e UARGF, no caso de a
opção recair apenas em um dos sistemas (fotovoltaico ou eólico) ou alimentar
estes dois edifícios e ainda os edifícios Bar de Sargentos e Praças, NSE USA e
NSE GER, caso a opção fosse híbrida incorporando ambos os sistemas.

A UARGF aguarda oportunidade, em termos de disponibilidade financeira, para


implementar o Sistema Fotovoltaico, modelo de ação aprovado, atenta a
possibilidade de obtenção de subsídios estatais ou fundos estruturais da União
Europeia, para posteriormente dar sequência ao sistema UPAC.

4. Recursos Envolvidos

Pela sua abrangência e inovação nas áreas de comando, controlo e gestão de


recursos energéticos e de água, este projeto revelou-se como uma mais-valia
pessoal e congruente para o aumento do espírito de missão da UARGF e dos
elementos nele envolvidos, permitindo que o EMGFA contribua para o
cumprimento dos objetivos estratégicos, na vertente da eficiência enérgica e
com consequências lógicas na sustentabilidade ambiental e eficiência
económica.

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4.1. Recursos Humanos

Na tabela n.º 5, podemos observar os recursos humanos da UARGF alocados


às alterações necessárias à implementação e manutenção das capacidades
que são objeto da presente ação.

A tabela referida contempla os elementos que estiveram ligados ao estudo,


planeamento e desenvolvimento das medidas implementadas para a redução
dos consumos energéticos e nos elementos que implementaram estas
medidas.

Algumas ações, atesto o seu grau de tecnologia e interligação de sistemas,


foram implementadas pelas empresas contratadas já anteriormente referidas,
cabendo a restante implementação às equipas de eletromecânicos (5
elementos), eletricistas (2 elementos) e mecânicos (2 elementos) pertencentes
à UARGF.

Nº Elementos
Nº Elementos na
Área no Estudo e
Implementação
Planeamento
Implementação da Luz Solar 2 Empresa Externa

Controlo e Melhoria da Iluminação 1(a) 2(b)


(a)
NEP – Medidas de Redução 1 Todos

Rondas 1 5(b)

Compensação da Energia Reativa 1(a) Empresa Externa

7(b) da UARGF
Manutenção Equipamentos 2 +
Empresa Externa

Sistema Integrado de Gestão de Consumo


1(a) Empresa Externa
de Energia (SIG-CE)

TOTAL 6 7

(a) – Executado pelo mesmo elemento


(b) – Executado pelos mesmos 7 13
elementos

Tabela N.º 5 – Recursos Humanos alocados à implementação da eficiência energética.

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4.2. Recursos Materiais

A realização da presente ação pelas equipas de manutenção elétrica,


eletromecânica e das oficinas gerais, implicou a utilização das ferramentas e
máquinas de apoio ai existentes para a execução da manutenção necessária
dos equipamentos e controlo e melhoria da iluminação.

4.3. Recursos Financeiros

A implementação destas ações foi realizada com recurso a verbas próprias da


UARGF (Tabela n.º 6).

Sistema Equipamentos Investimento

 Rede de Fibra Ótica


 Equipamentos Recetores
SIG-CE  Equipamentos Transmissores 15.000€

Compensação Energia
Baterias de Condensadores 10.000 €
Reativa

Aproveitamento Luz Solar Tubos de Luz Solar 3.190 €

 Manutenção dos Chillers (Isolamento e 9.270 €

Manutenção Sistemas limpeza química)


12.400 €
AVAC  Manutenção das Torres de Arrefecimento
 Substituição de Ventiloconvetores 15.000€

Total 64.860€

Tabela N.º 6 – Recursos Financeiros aplicados na implementação da procura da eficiência energética.

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4.4. Recursos Informáticos

O rápido desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação


(TICs), ou seja, os recursos tecnológicos integrados entre si, que
proporcionam, por meio das funções de hardware, software e
telecomunicações, a automação e comunicação dos processos de negócios e
da pesquisa científica, influenciam diretamente todo o processo da aquisição
da informação, da disseminação da informação e da gestão dessa informação,
permitindo à cadeia de comando ferramentas de apoio à decisão.

Com este recurso de informação, instalado via intranet, o fluxo da comunicação


dos consumos energéticos, entre outros, torna-se cada vez mais eficiente,
rápido e diversificado, permitindo várias formas de comunicação.

No que concerne ao SIG-CE, esta comunicação é realizada entre os


analisadores de energia, colocados no quadro elétrico onde se pretende medir
as grandezas elétricas (medições de mais de 60 tipos de leituras de grandezas
elétricas, tais como tensões, correntes, fatores de potência, frequência,
potências ativa, reativa e aparente) e que são equipamentos da marca Electrex
“FEMTO”, até a um autómato ou controlador “SAIA PCD1.M2160”.

Este, controlador recebe, via porta RS485 (Modbus RTU protocol), via portas
USB 1.1 connection, ou Ethernet connection, a informação de comando e
controlo dos sensores colocados nas suas 6 entradas digitais e 2 analógicas e
comanda, de acordo com a sua programação via PG5, as 4 saídas digitais e 1
PWM para configuração de impulsos ou alarmes.

Em caso de necessidade de extensão de sinais de entrada/saída de sensores,


com mais analisadores ou sensores de temperatura, pressão ou outros, o
sistema incorporará controladores tipo PCD3.M5560 da SAIA, que aumentam a
sua capacidade em 64 entradas/saídas que recebem a informação dos sinais
analógicos ou digitais dos sensores, guardam na sua memória interna e a

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enviam para o autómato principal PCD1.M2160 de acordo com a sua


programação predefinida.

Tal função de extensão, já se encontra instalada no setor de contagem de


energia das Unidades de Apoio, Camaratas e Bateria de Condensadores do
PT1.

O sistema SAIA PCD aqui instalado tem uma tecnologia aberta com total
transparência, compatibilidade e abertura. Isto aplica-se entre todos os níveis
na pirâmide de automação, ao nível operacional, de automação ou de gestão
de topo.

Para conseguir esse objetivo, os dispositivos de controlo e regulação SAIA


PCD são fornecidos com funções Web + IT abrangentes, que tratam a
informação como páginas Web em cada um dos controladores e ou autómatos
e permite interligar as páginas como se de um projeto único se tratasse.

Essas funções não requerem nenhum hardware adicional, mas são uma parte
integrante de cada dispositivo aqui instalado. Esta realidade significa que as
máquinas e sistemas podem ser integrados na infraestrutura de IT existente
com extrema facilidade.

Todo o Sistema interliga-se no exterior com fibra ótica com Cabo 8 FO OM3
50/125 RR – Exterior – GFOM3UNI08RRNM – Brand Rex e no interior com
Cabo elétrico V 1,5 BR H07V-U.

5. Impacto na Comunidade

Num primeiro momento, tendo em consideração as valências que as diversas


ações que o processo de eficiência energética contempla, pretende-se a sua
implementação no círculo restrito do RGF, abrangendo, deste modo, as
distintas entidades que nele se encontram localizadas.

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Em conformidade, deseja-se que o impacto que as medidas englobam não se


circunscreva ao benefício da entidade que as concebem, em concreto à
UARGF, mas também em prol do benefício das demais entidades que com ela
coabitam o RGF. Quando nos referimos aos benefícios que advêm do impacto
gerado pela eficiência energética, efetuamos a respetiva transposição para a
interdependência que se ambiciona que exista com a sustentabilidade
ambiental e a eficiência económica. Em concreto, é crível que esse impacto,
ainda que de uma forma limitada, mas reveladora de um humilde contributo, se
possa vislumbrar na qualidade do ar do complexo militar em que todos estamos
inseridos.

De uma forma mais consistente, esse impacto é evidente numa redução de


custos com os consumos de energia elétrica, já que o valor da fatura mensal é
distribuído, em função da área ocupada pelas diferentes entidades que se
encontram circunscrevidas no RGF, e as potenciais poupanças financeiras
refletem-se nos níveis de contribuição em matéria de colecta de impostos aos
cidadãos contribuintes, não só aos cidadãos nacionais, como também aos
cidadãos pertencentes a todos os remanescentes 27 países, membros da
OTAN.

Num segundo momento, os virtuosismos do processo de eficiência energética


têm vindo a ser divulgados, recolhendo enorme recetividade, por outras
entidades pertencentes às FFAA, nomeadamente, e através da incentivação
promovida pelo Estado-Maior Conjunto do EMGFA, às Unidades de Apoio
integradas no EMGFA. Constitui-se como objetivo da UARGF o alargamento
desta componente divulgadora aos três ramos das FFAA, a fim de que a
comunidade militar possa usufruir das nobres repercussões que o sistema
encerra no seu seio.

Num terceiro momento, a UARGF pretende que esta dinâmica possa


extravasar os limites fronteiriços das FFAA, promovendo a difusão do sistema

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na comunidade civil que partilha a proximidade geográfica com o RGF, mais


concretamente em alguns dos organismos enquadrados no poder local da
Administração Pública.

6. Cumprimento da Legislação

Pelo facto de Portugal constituir parte de um processo de integração europeia,


cuja realidade é caracterizada por um sistema híbrido que almeja constituir-se
como uma Federação de Estados, mas que ainda possui particularidades de
uma Confederação de Estados, tem, em algumas vertentes de se subordinar
ao direito da União Europeia, nomeadamente as disposições que assumem a
forma de Diretivas e que têm que ser obrigatoriamente transpostas para o
ordenamento jurídico português.

Para o processo de eficiência energética, objeto do trabalho para a presente


candidatura ao Prémio de Defesa Nacional e Ambiente, importa ter em
consideração, sobretudo a Diretiva 2010/31/UE do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 19 de maio de 2010, relativa ao desempenho energético dos
edifícios. Esta Diretiva, transposta para o ordenamento jurídico português
através da Lei nº 58/2013, de 20 de agosto, e do Decreto-Lei nº 118/2013, de
20 de agosto, ambos publicados no Diário da República, I Série, nº 159,
sublinha “a necessidade de aumentar a eficiência energética na União a fim de
alcançar o objetivo de redução de 20% do consumo de energia até 2020 (…)
[evidenciando] o potencial significativo de poupanças de energia em condições
economicamente rentáveis no sector dos edifícios” (Jornal Oficial da União
Europeia, 2010, L 153/13). O objetivo patenteado nesta Diretiva surge como
eixo orientador do processo de eficiência energética em curso no RGF e
promovido pela UARGF.

Ainda no âmbito da legislação da União Europeia, assume relevo a Diretiva


2009/28/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de abril de 2009,
relativa à promoção da utilização de energia proveniente de fontes renováveis,
transposta para o ordenamento jurídico português através do Decreto-Lei nº

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39/2013, de 18 de março, publicado no Diário da República, I Série, nº 54. Esta


Diretiva ao considerar que “o controlo do consumo de energia na Europa e a
utilização crescente de energia proveniente de fontes renováveis, a par da
poupança de energia e do aumento da eficiência energética, constituem partes
importantes do pacote de medidas necessárias para reduzir as emissões de
gases com efeito de estufa e cumprir o Protocolo de Quioto à Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, bem como outros
compromissos, assumidos a nível comunitário e internacional, de redução das
emissões de gases com efeito de estufa para além de 2012 (…) [estabelece]
um quadro comum para a promoção de energia proveniente de fontes
renováveis [fixando] objetivos nacionais obrigatórios para a quota global de
energia proveniente de energias renováveis no consumo final bruto de energia
(…)” (Jornal Oficial da União Europeia, 2009, L 140/16-L 140/27). O objetivo
apresentado nesta Diretiva também se constituiu como uma referência
preponderante para o dinamismo associado ao caráter evolutivo do Sistema de
Suporte à Vida que a UARGF pretende consolidar, através da projeção futura
de um sistema de energia fotovoltaica.

Para além desta legislação comunitária, também o Direito português tem


produzido normas que se ajustam perfeitamente no âmbito do presente
trabalho. Assim, as ações que compõem o processo de eficiência energética
protagonizado pela UARGF, e que se revelam interdependentes com a
sustentabilidade ambiental e eficiência económica, atentam à Lei de Bases do
Ambiente, Lei n.º 19/2014, de 14 de abril, à Diretiva Ambiental para a Defesa
Nacional, decorrente do Despacho n.º 6484/2011, de 23 de Março do Ministro
da Defesa Nacional, e ao Programa do XIX Governo Constitucional.

Esta legislação tem em comum colocar em relevo que as iniciativas a efetivar


deverão concorrer para o desenvolvimento sustentável de Portugal, suportado
na gestão adequada do ambiente, numa lógica de criação de valor assente no
binómio economia-ambiente, contribuindo para o desenvolvimento de uma
sociedade de baixo carbono e uma “economia verde”, racional e eficiente na

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utilização dos recursos naturais, assegurando o bem-estar e a melhoria


progressiva da qualidade de vida dos cidadãos e promovendo a
competitividade do país e a sua afirmação internacional enquanto referência do
Crescimento Verde mundial.

A Diretiva Ambiental propõe que se alcance, no próximo decénio, o respeito


pelos princípios: da sustentabilidade, através da consciência de que a
sobrevivência depende da conservação e utilização racional dos recursos; da
prevenção e precaução, considerando que as atividades desenvolvidas no
âmbito da defesa nacional são suscetíveis de provocar impactes ambientais,
pelo que deverá ter-se especial atenção na prevenção e precaução de
acidentes ambientais; o aproveitamento racional dos recursos naturais,
consciente da necessidade de evitar a deterioração dos recursos naturais não
renováveis, pelo que deverá privilegiar-se a minimização da degradação
ambiental, e da transversalidade, através da qual a política de ambiente deve
ser assumida transversalmente em todas as atividades e organismos no âmbito
do Ministério da Defesa Nacional.

Consciente de que a sobrevivência mundial depende da conservação e


utilização racional dos recursos, que as atividades desenvolvidas no âmbito do
apoio às entidades no RGF são suscetíveis de provocar impactes ambientais e
consciente da necessidade de evitar a deterioração dos recursos naturais não
renováveis, a ação objeto da presente candidatura inseriu-se no quadro da
estratégia da UARGF para a proteção ambiental seguindo uma política de
ambiente, transversal em todas as suas atividades.

Nesse sentido, e de acordo com o objetivo estratégico fixado pela Diretiva


Ambiental para a Defesa Nacional, o ponto de partida seria a preparação e
criação de condições para a implementação de um Sistema de Gestão
Ambiental mais vasto e que permitisse a preservação dos recursos naturais
existentes.

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Para tal, recorrer-se-ia à implementação de medidas de eficiência energética, à


implementação de energias renováveis, nomeadamente com a instalação e
utilização de painéis solares fotovoltaicos, à gestão de resíduos, à realização
de ações de formação específicas em Gestão Ambiental e Eficiência
Energética aos colaboradores da UARGF, à inclusão de requisitos ambientais
na valorização do património, à integração de critérios ambientais nos
processos de contratação e adjudicação de bens e serviços e, por fim, à
criação de um Gabinete de Qualidade e Gestão Ambiental na estrutura
orgânica da UARGF com a tarefa aglutinadora de coordenação de todas estes
tarefas.

Competiria a este Gabinete a avaliação dos aspetos e impactes ambientais


mais significativos no RGF e a identificação da necessidade de implementação
de medidas preventivas e/ou corretivas que contribuam para uma maior
eficácia do sistema e desempenho ambiental.

7. Grau de Inovação da Ação

A inovação na ação descrita correspondeu à implementação de capacidades e


tecnologias inovadoras, no contexto da gestão da qualidade da energia
fornecida no meio militar, através da compensação de energia reativa, das
análises de consumos de energia elétrica e verificações de funcionamento via
Browser Web ligado à intranet e à implementação de tubos solares para
aproveitamento da luz do sol para iluminação.

Estamos perante um sistema modular e flexível, que permitirá num futuro


próximo a automação e controlo de várias áreas de informação, facultando o
seu crescimento e fornecendo dados para análise e posterior ação nos âmbitos
da energia, água, gás, climatização, iluminação pública, controlo de acesos,
entre muitos outros.

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8. Grau de Dificuldade da Ação

O grau de dificuldade de ação foi acentuado, pois esta tarefa foi realizada por
elementos colocados numa Unidade de Apoio, oriundos dos três Ramos das
FFAA, com diferentes métodos de trabalho e pensamento e que foi criada no
início de 2013, não tendo herdado conhecimento específico desde o
levantamento das condutas de água e rega existentes, esquemas elétricos
atualizados e ações de manutenção a efetuar aos variadíssimos equipamentos
existentes. Não houve lugar a uma transferência formal do Quartel Militar do
AJFCLB para o EMGFA/EMC/UARGF, fazendo uso de um Caderno Técnico
Exaustivo de Aceitação, vulgo Quitação Técnica de Aceitação do Material e das
Instalações, pese o facto do SHAPE ter criado um AJFCLB CP e um NCIA
NCSA LB CP, que estiveram em funcionamento durante seis meses do 1º
semestre de 2013.

A falta de estudos e ensaios conhecidos, no âmbito das atividades de caráter


ambiental, de gestão da energia e dos recursos naturais, numa perspetiva de
desenvolvimento sustentável no seio das Unidades das FFAA, constituiu-se
como um elevado grau de dificuldade no arranque deste processo, mas
permitiu que a implementação do Sistema em apreço, se tornasse bastante
motivador à medida que as ações implementadas se convertiam numa redução
de custos mensuráveis e no aumento da sensibilização ambiental dos
elementos pertencentes à UARGF e aos restantes organismos nacionais e
internacionais localizados no RGF, designadamente os seguintes catorze:

1 – SHAPE – Supreme Headquarters Allied Powers Europe;


2 – STRIKEFORNATO (SFN) – Naval Striking and Support Forces;
3 – JALLC DET – Joint Analysis and Lessons Learned Centre Detachment;
4 – NCIA CSU DET LB – NATO Communications and Information Agency
CIS Support Unit (CSU) Detachment Lisbon;
5 – ACCI DET LB – Allied Command Counter Intelligence Detachment
Lisbon;

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6 – CCOM – Comando Conjunto para as Operações Militares;


7 – NSE GBR - NATIONAL SUPPORT ELEMENT GRÃ-BRETANHA;
8 – NSE ITA;
9 – NSE ESP;
10 – NSE GER;
11 – NSE FRA;
12 – NSE USA;
13 – MWAC – Morale and Welfare Activities Council;
14 – COMNAV – Comando Naval.

9. Conformidade da Candidatura com os Objetivos do Prémio

Assim, com a finalidade de aliar ao cumprimento da sua missão de apoio,


decorrente da sua atuação e evitar consequências adversas para o ambiente,
incentivando boas práticas ambientais no seio dos diferentes elementos dos
organismos presentes no RGF, vincando também as suas preocupações pela
preservação dos recursos naturais do nosso país, a UARGF identificou os
seguintes objetivos no domínio ambiental, que passou a implementar:
.
 Cumprir com as políticas de legislação ambiental estabelecidas para as
diversas áreas da sua atuação;

 Contribuir para a preservação do meio ambiente através da criação de


normas e procedimentos, cujo objetivo alie a redução dos consumos
energéticos e da água, garantindo uma melhoria contínua através da adoção
de boas práticas ambientais;

 Reduzir ou eliminar os efeitos nocivos dos elementos poluidores internos


(Fig. N.º 28), em geral, como os resíduos, através de uma utilização
adequada dos caixotes de lixo (Fig. n.º 29) e das duas ilhas ecológicas
centralizadas (Fig. n.º 30), contribuindo para a recolha de lixo dividido, e

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minimizar os consumos de energia e água dentro de uma preocupação


permanente com as questões ambientais;

Fig. N.º 28 – Recondicionamento do incinerador

 Promover a consciência ambiental de todo o pessoal militar e civil, através


de palestras, consciencialização e treino em matérias relativas ao ambiente,
sendo que para o efeito, são utilizadas as imagens tridimensionais (Fig. n.º
25 e 26), relativas ao comportamento dos edifícios analisados, em termos de
consumo de Energia Eléctrica, segundo as quatro perspetivas anteriormente
referidas, traduzindo e tornando públicas as poupanças realizadas, quer em
termos de gases de efeito de estufa (CO2), quer em termos financeiros (€);

 Gerir as suas subunidades e unidades apoiadas, de forma sustentável do


ponto de vista ambiental;

 Incluir requisitos ambientais na valorização do património e na conceção,


execução, remodelação e gestão de instalações e infraestruturas afetas ao
Reduto;

 Otimizar a gestão de resíduos, adotando comportamentos que promovam a


sua redução, reutilização e valorização ;

 Implementar um sistema de informação para a gestão ambiental, que


contribua para monitorizar os consumos de água, gás e energia, através de

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sistemas automáticos, integrando automaticamente as leituras numa base de


dados e, posteriormente, desenvolver um conjunto de indicadores ambientais
com base nos dados recolhidos;

 Integrar critérios ambientais nos processos de contratação e adjudicação de


bens e serviços, nomeadamente na escolha das matérias-primas, no
transporte e fornecimento dos produtos.

Fig. N.º 29 – Caixotes do lixo existentes nos gabinetes para separação do lixo.

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Fig. N.º 30 – Ilhas ecológicas para organização dos pontos de depósito de resíduos.

Para a operacionalização dos objetivos, recorreu-se à procura da eficiência


energética, através de um conjunto de medidas já anteriormente referidas,
constituindo-se esta eficiência como um motor para um sistema de gestão
ambiental mais amplo.

9.1. Contributo para a Qualidade Ambiental nos Domínios da Gestão


Racional da Energia e da Água

O SIG-CE e a sua evolução para SIG-SSV permitirá a recolha de informação


da energia consumida por edifício, da distribuição racional de água para
consumo e para rega, evitando desperdícios de energia e de água,
contribuindo para a redução da pegada Ecológica do RGF.

9.2. Iniciativa em criar Meios para a Redução da Pegada Ecológica no


seio do EMGFA, através da Integração das Preocupações Ambientais
no Seio Militar

Com a elaboração da NEP – Medidas de Redução dos Consumos Energéticos


e Água na UARGF, a UARGF pretendeu aumentar a consciencialização
ambiental de cada elemento desta unidade do EMGFA, no sentido de uma

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mudança de comportamentos e que este facto funcionasse como um efeito


multiplicador para uma operação de apoio sustentável.

9.3. Catalisador para a Cooperação na Área Ambiental com outras


Entidades Públicas, Militares e Privadas

É importante salientar que este SIG-CE, implementado pela UARGF, foi já


sujeito a apresentações em reuniões junto de entidades, como o Estado-Maior
Conjunto (EMC), o Comando Conjunto para as Operações Militares (CCOM), o
Comando Naval (COMNAV) e a Escola Naval (EN), dai resultando um largo
consenso e interesse na recolha de informação que a NEP de Medidas de
Redução dos Consumos Energéticos e de Água na UARGF, contempla,
proporcionado a disponibilidade para o respetivo estudo e implementação
nessas entidades, constituindo-se, deste modo, como meio catalisador para
uma melhoria da pegada ambiental do Estado Português, no sector da Defesa
Nacional.

Por outro lado, e a nível de cooperação com entidades civis, há que evidenciar
que para o desenvolvimento deste sistema de controlo, a UARGF apoiou-se na
empresa QEnergia que distribui e comercializa os automatismos e o software
de base de gestão energética para a monitorização constante e simples dos
consumos de energia e correção de fator potência.

Conjuntamente, foi possível desenvolver o princípio de funcionamento do


sistema implementado na UARGF, que excede largamente um mero sistema
comercial para leitura de consumos de energia elétrica, contribuindo, assim,
também para o aumento do conhecimento desta empresa em outras áreas de
interesse para a redução da pegada ecológica.

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Conclusões

Aquilata-se como indubitável a necessidade de promover a redução do


consumo de energia elétrica pelo risco que para a condição humana representa
a aposta na continuidade de manifestação de comportamentos associados ao
seu uso desmedido, que roçam as fronteiras da irracionalidade e da ignorância.

Consciente desta realidade, a UARGF assume a inevitabilidade de, à


semelhança do protagonismo evidenciado por outros organismos públicos,
militares e privados, internacionais e nacionais, proporcionar o seu humilde
contributo para a inversão de um rumo que não se afigura auspicioso.

É neste contexto que a UARGF, desde a sua instituição, em 1 de janeiro de


2013, tem vindo a colocar em prática um conjunto de medidas tendentes à
prossecução da eficiência energética, reconhecendo a respetiva
interdependência com outros dois vetores declaradamente determinantes,
como são a sustentabilidade ambiental e a eficiência económica.

Conhecedor de que a eficiência energética conduz à redução do consumo de


energia elétrica, facilmente se depreende que a concretização deste desiderato
é catalisador da elevação dos índices de preservação do ambiente, nobre
aspiração em direção à sustentabilidade ambiental, e, numa perspetiva
economicista, da redução dos custos financeiros que o consumo de energia
implica, certeza cada vez mais relevante na atual conjuntura em função dos
constrangimentos orçamentais que são transversais à globalidade das
organizações.

No rumo trilhado para a concretização deste projeto, a UARGF tem-se


vinculado a orientações expressas em legislação comunitária e nacional. No
âmbito da legislação comunitária foram tidas como referência a Diretiva
2010/31/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de maio de 2010,
relativa ao desempenho energético dos edifícios, e a Diretiva 2009/28/UE do

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Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de abril de 2009, relativa à


promoção da utilização de energia proveniente de fontes renováveis. No âmbito
da legislação nacional foram tidas como referência a Lei nº 19/2014, que define
as bases de política de ambiente, a Diretiva Ambiental para a Defesa Nacional,
decorrente do despacho nº 6484/2011, de 23 de março de Sua Excelência o
Ministro da Defesa Nacional e o Programa do XIX Governo Constitucional.

O percurso, associado ao cumprimento do objetivo que a UARGF traçou em


política energética e ambiental, tem sido assaz árduo, em função da escassez
de recursos de diversa índole, mormente humanos, financeiros e informáticos,
mas a criatividade e a inovação que lhe está subjacente, nomeadamente no
meio militar, têm-se constituído como um fator de motivação acrescida para a
superação do desafio proposto.

Identicamente se afigura motivante a perspetiva da estratégia desenvolvida/a


desenvolver possa ter um impacto favorável na qualidade do ar que todos
partilhamos no círculo da geografia local, e de uma forma mais concreta no
perímetro do RGF. Acresce que a recetividade verificada através da divulgação
deste projeto no meio militar, que se pretende que paulatinamente possa
extravasar as suas fronteiras e incidir noutros organismos da Administração
Publica, auspicia o incremento do contributo para o alargamento dos índices de
sustentabilidade ambiental, desiderato que, definitivamente, terá que se
constituir como uma indispensabilidade no panorama internacional e nacional.

Em concreto, podemos considerar que a totalidade das medidas equacionadas,


entendidas enquanto integradas num processo holístico, se dispõem num
contínuo cujos extremos são preenchidos pelo carácter técnico e pelo carácter
comportamental.

No que concerne à índole comportamental, sendo um facto a manifestação


de comportamentos menos adequados que se traduzem em deseconomias, a
UARGF implementou:

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1. A NEP – Medidas de Redução dos Consumos Energéticos e Água na


UARGF - com o objetivo de consciencializar o elemento humano para
adoção de comportamentos adequados no consumo de energia e água, no
quotidiano do seu desempenho funcional, e de sensibilizar as diversas
secções de manutenção da UARGF para a importância do
desenvolvimento de ações de manutenção de acordo com os
procedimentos técnicos previamente estipulados;
2. Um sistema de rondas pós-laboral, com incidência nas diversas
infraestruturas do RGF, com o objetivo de corrigir anomalias decorrentes
de negligências desse mesmo elemento humano na utilização do sistema
de iluminação e de equipamentos, principalmente aparelhos de ar
condicionado e computadores.

No que respeita à índole técnica, têm vindo a ser progressivamente adotadas


as seguintes medidas:

1. Aproveitamento da luz solar, mediante a instalação de tubos solares que


permitem a captação da luz natural que é difundida para o interior dos
edifícios;
2. Controlo e melhoria da iluminação, através da instalação de detetores de
movimento, luminárias de parabólica dupla e luminárias LED (LED com
balastro eletrónico);
3. Instalação de um equipamento de compensação de energia reativa, que
através de uma bateria de condensadores permite melhorar o fator de
potência;
4. Privilegiar uma estratégia de manutenção preventiva dos equipamentos,
em detrimento da manutenção corretiva, com especial incidência nos
Chillers e nas torres de arrefecimento do sistema de climatização do UHQ,
sistema que é responsável por cerca de 45% do gasto total de energia do
RGF, conseguindo-se uma redução de consumos que se estima na ordem
dos 20%;

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5. Implementação do SIG-CE, que, através da monitorização em real-time dos


consumos de energia num determinado edifício, permite a deteção de
avarias (com emissão de alarmes) e a correção de desvios relativamente
ao consumo padrão, conseguindo-se uma redução de consumos que se
estima na ordem dos 8%.

A implementação destas medidas de natureza técnica, na senda da eficiência


energética e, concomitantemente, da sustentabilidade ambiental e eficiência
económica, ainda não abarca a totalidade dos edifícios do RGF, sendo que se
prevê para breve a conclusão da sua extensão à totalidade das instalações que
compõem este Complexo Militar Internacional.

O seu carácter de abrangência tem vindo a ser alargado gradualmente,


acompanhando uma zelosa gestão dos dinheiros públicos, não se encontrando,
portanto, por ora, concluído.

As medidas já adotadas, considerando conjuntamente as de índole técnica e


comportamental, permitiram, estabelecendo um paralelismo nos consumos de
energia elétrica entre o ano de 2010, da gestão do AJFCLB (4 517.402 kWh)
numa fase de plena atividade, e 2014, da gestão da UARGF (3 156.221 kWh),
representando, portanto, uma redução de 1 361.181 kWh, valor que representa
um decréscimo de cerca de 30% do gasto total, correspondendo, tal
realidade, a uma redução de produção de 24.4 toneladas de CO2 por mês.
Por comparação, os valores despendidos com a rubrica da energia eléctrica
nos anos de 2010 (679.983,88 €) e 2013 (440.965,00 €), permitiram uma
poupança anual de 204.892,36€, sendo que o valor de 2013 foi avaliado a
preços constantes referentes a esse ano. Atento a este montante, até à
presente data a UARGF poupou, em números redondos, meio milhão de
euros.

Concretamente, esta redução equivaleu ao RGF ter plantado, num ano,


aproximadamente 165 hectares de eucalipto ou 438 hectares de montado de
sobro, o que transportando para o número de árvores a plantar, tendo em

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atenção uma densidade de plantação 1.100 eucalipto/ha e 450 sobreiros/ha


(Plano Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral) daria 181.500
eucaliptos ou 197.100 sobreiros por ano, ou 16.425 sobreiros por mês.

Estamos perante grandezas com relevante significado, mas a finalização desta


etapa, e do protótipo actual não significará para a UARGF, seguramente,
acomodação e passividade futura.

É nessa índole que a UARGF pretende efetuar a transposição do patamar da


eficiência energética para a eficiência global. Este modelo, traduzido num
SIG-SSV (evolução, eventualmente, de um nível de mero Sistema de Gestão
de Informação para um Sistema de Gestão de Conhecimento), representará,
com a inclusão de todas as medidas já abraçadas mais as que se desejam
implementar futuramente, especificamente um sistema de análise e controlo do
consumo de água, um sistema de controlo de ventilação, climatização e
iluminação e um sistema de produção de energia fotovoltaica e/ou eólica, um
projeto ambicioso de controlo centralizado que se institua como o End State.

Contudo, a UARGF está consciente que, tendo em atenção que se trata de um


projeto que é caracterizado pelo dinamismo, com a constante reformulação de
objetivos, e pelo facto de no seio da UARGF predominar uma cultura dominada
pela ambição, o timing do End State também poderá ser redefinido à medida
que nos aproximamos do fim da cornucópia, atenta a metodologia de
desenvolvimento em espiral adotada para o presente projeto.

Ajuíza, a UARGF, ciente que se encontra, por ora, num simples nível de gestão
de informação, ser este o rumo que a impele para o preenchimento do gap
para os níveis seguintes de gestão do conhecimento (KM) e do saber,
almejando-se que este não se constitua como uma mera utopia, contando para
o efeito com o apoio, em curso, da comunidade académica (EN e/ou CINAV).

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UNIDADE DE APOIO AO REDUTO GOMES FREIRE Prémio Defesa Nacional e Ambiente 2014

Eficiência Energética como Motor para um Sistema de Gestão Ambiental na Unidade de Apoio ao Reduto Gomes
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