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ACÓRDÃO Nº 27843
1. Considera-se não prestadas as contas quando o candidato não apresenta procuração que
outorga poderes ao advogado que irá lhe representar nos autos.
2. Recursos recebidos do FEFC devem ser devolvidos ao Tesouro Nacional, ante a sua não
comprovação. Na fase de conhecimento, não há como se determinar o recolhimento
diretamente aos fundos de saúde, por expressa vinculação legislativa.
Cuiabá, 07/05/2020.
RELATÓRIO
Consoante certidão inserida no Id. 410222, não houve impugnação à prestação de contas sub
examine.
Após a realização de diligências, a unidade técnica deste Sodalício, por intermédio do parecer
técnico conclusivo de Id. 2959172, pugnou pela não prestação das contas, uma vez que ausente instrumento
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de mandato para constituição de advogado, ou, caso regularizada a representação processual, pela
desaprovação da contabilidade.
Instada a se manifestar, a Procuradoria Regional Eleitoral opinou pelo julgamento das contas
como não prestadas, nos termos do art. 77, inciso IV, da Resolução TSE nº 23.553/2017, com o
recolhimento dos valores não comprovados pelo candidato aos fundos de saúde, em razão da pandemia da
Covid-19 (Id. 2992872).
É o breve relatório.
VOTO
b) Não foi apresentado o extrato das contas bancárias destinadas à movimentação de Outros
Recursos, de todo o período (item 1.1 – b);
f) Não foi comprovado o recolhimento, ao Tesouro Nacional, dos recursos não utilizados
oriundos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), no montante de R$ 10.000,00 (dez mil
reais), contrariando o disposto no art. 53, § 5º, da Resolução TSE nº 23.553/2017 (item 1.1 – f);
g) Foram declaradas doações diretas realizadas por outros candidatos e partidos políticos,
mas não registradas na prestação de contas em exame, revelando indícios de omissão de receitas, ainda
que estimáveis em dinheiro (item 2.1);
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i) Foram detectados gastos eleitorais realizados em data anterior à data inicial de entrega da
prestação de contas parcial, mas não informados à época, em desacordo com o comando do art. 50, § 6°, da
Resolução TSE nº 23.553/2017 (Item 3.2).
Como se pode observar, o vasto conjunto de ocorrências não sanadas ou esclarecidas pelo
candidato desautoriza que as presentes contas sejam homologadas por esta Justiça Especializada.
Em que pese haver sido regularmente intimado, até mesmo pessoalmente, o requerente
deixou de se manifestar e, principalmente, de regularizar a sua representação processual nos autos, com a
simples apresentação de instrumento de mandato para constituição de advogado, conforme determina a
legislação de regência.
A falta de tal documento leva a inafastável conclusão do julgamento das contas como não
prestadas, diante da ausência de capacidade postulatória, acarretando, ao candidato, o impedimento de
obter certidão de quitação eleitoral até o final da legislatura, persistindo os efeitos da restrição após esse
período até a efetiva apresentação das contas (art. 77, § 2º c/c 83, I, da Resolução TSE nº 23.553/2017).
3. A intimação pessoal dirigida ao endereço do candidato, mesmo sendo recebida por terceira
pessoa, é considerada válida e eficaz, sendo aplicado aos processos de prestação de contas
o disposto nos arts. 101, § 4º, da Resolução–TSE nº 23.553/2017 e 274, parágrafo único, do
Código de Processo Civil. (Destaquei)
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1. Agravo interno contra decisão que negou seguimento a recurso especial eleitoral,
mantendo acórdão que julgou como não prestadas as contas de campanha, em razão da
ausência de instrumento de procuração.
(Recurso Especial Eleitoral nº 51614, Acórdão, Relator(a) Min. Luís Roberto Barroso,
Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 03/12/2018)
Ainda, considerando que o requerente recebeu o montante de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil
reais) do Fundo Especial de Financiamento de Campanha – FEFC, cuja utilização não ficou comprovada,
imperioso se faz determinar o recolhimento integral do montante aos cofres da União, na forma prescrita pelo
art. 82, § 1º, da Resolução TSE nº 23.553/2017, in verbis:
“Art. 82 – omissis
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Quanto a este ponto, deve ser indeferido o pleito ministerial para que tais valores sejam
destinados diretamente aos fundos de saúde para o combate à pandemia da Covid-19, isso porque não cabe
ao Poder Judiciário determinar a outro Poder da União como esse deve aplicar referido recurso, ainda
porque o regramento legal [supratranscrito] já apresenta a solução a ser adotada ao caso concreto.
Importante registrar que este é o entendimento que vem sendo reiteradamente adotado por
esta Corte Eleitoral (v.g. Acórdão 27824, de 17.04.2020, Relator Dr. Jackson Francisco Coleta Coutinho).
Posto isso, em consonância parcial com o parecer da Procuradoria Regional Eleitoral, julgo
não prestadas as contas de campanha de Darci Agostinho da Silva Gonçalves, relativas às eleições
gerais de 2018.
É como voto.
VOTOS
O Tribunal, por unanimidade, declarou não prestadas as contas do candidato, nos termos do
voto do douto relator, em parcial consonância com o parecer ministerial.
EXTRATO DA ATA
PRESTAÇÃO DE CONTAS (11531) - 0601134-71.2018.6.11.0000 / MATO GROSSO.
Relator: Juiz-Membro Desembargador SEBASTIÃO BARBOSA FARIAS.
REQUERENTES: ELEIÇÃO 2018 DARCI AGOSTINHO DA SILVA GONÇALVES DEPUTADO
ESTADUAL; DARCI AGOSTINHO DA SILVA GONCALVES.
Decisão: ACORDAM os Membros do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, por unanimidade, em
DECLARAR NÃO PRESTADAS AS CONTAS DO CANDIDATO.
Composição: Juízes-Membros Desembargador GILBERTO GIRALDELLI (Presidente), BRUNO
D'OLIVEIRA MARQUES, FÁBIO HENRIQUE RODRIGUES DE MORAES FIORENZA, JACKSON
FRANCISCO COLETA COUTINHO, Desembargador SEBASTIÃO BARBOSA FARIAS, SEBASTIÃO
MONTEIRO DA COSTA JÚNIOR, YALE SABO MENDES e o Procurador Regional Eleitoral PEDRO
MELO POUCHAIN RIBEIRO.
SESSÃO DE 07/05/2020.
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