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Soares PV, Fernandes LO, Wobido AR, Zeola LF

ARTIGO INÉDITO
58

Resinas compostas nos últimos


10 anos - revisão da literatura.
Parte 6: longevidade
Paulo Vinícius Soares1,2,3, Luísa de Oliveira Fernandes2,4,
Amanda Ribeiro Wobido2,5, Livia Fávaro Zeola2,6

https://doi.org/10.14436/2447-911x.17.1.058-070.oar

Data de submissão: 22/03/2020

Data de aceite: 27/04/2020

1. Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Odontologia, Departamento de Dentística


(Uberlândia/MG, Brasil).

2. Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Odontologia, Grupo de Pesquisa LCNC


(Uberlândia/ MG, Brasil).

3. Pós-Doutor em Odontologia, University of Illinois at Chicago, College of Dentistry (Chicago/IL, EUA).

4. Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Odontologia, Curso de Graduação em Odontologia


(Uberlândia/MG, Brasil).

5. Mestre em Odontologia, Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Odontologia


(Uberlândia/MG, Brasil).

6. Doutora em Odontologia, Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Odontologia


(Uberlândia/ MG, Brasil).

Como citar: Soares PV, Fernandes LO, Wobido AR, Zeola LF. Composite resin in the last 10 years – literature
review. Part 6: longevity. J Clin Dent Res. 2020 Jan-Apr;17(1):58-70.

Endereço de correspondência: Paulo Vinícius Soares

Av. Pará, 1720 - Jd. Umuarama, Uberlândia/MG

E-mail: paulovsoares@yahoo.com.br

Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que
representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Resinas compostas nos últimos 10 anos - revisão da literatura. Parte 6: longevidade

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RESUMO: Introdução: Essa é a última seus textos completos, sendo 30


parte da sequência de seis artigos incluídos nessa revisão. Em seguida,
abordando uma avaliação da litera- foi realizada extração dos dados
tura a respeito das resinas compostas e interpretação dos resultados.
nos últimos 10 anos. A resina composta Resultados: O tempo de avaliação
é um material amplamente utilizado clínica utilizado nos estudos variou
na prática clínica odontológica e, de 1 a 22 anos e a taxa de falha das
por esse motivo, o conhecimento de restaurações em resina composta
seu comportamento em longo prazo oscilou de 0 a 54,8%. As principais
torna-se necessário. Dessa forma, causas de falha associadas foram
o objetivo deste estudo foi avaliar, cárie secundária, descoloração mar-
por meio de revisão de literatura, ginal e fratura da restauração/dente.
a longevidade clínica e as taxas de Conclusões: A resina composta
falha de restaurações em resina com- apresenta boa longevidade inde-
posta. Métodos: Uma busca ampla pendentemente do tipo de material
na literatura foi realizada, utilizando utilizado. Porém, os estudos que
a base de dados Medline/PubMed analisaram com menos de 5 anos
entre os anos 2007-2018. Após avalia- são considerados inconclusivos.
ção dos títulos e resumos, 65 artigos Palavras-chave: Resina composta.
foram selecionados para leitura de Longevidade. Compósitos.

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60 INTRODUÇÃO
A resina composta é um material restaurador não estética, o que favoreceu ainda mais o empre-
direto utilizado na Odontologia há mais de 50 gado das resinas compostas7.
anos. As principais razões para a ampla aplica-
ção desse material são sua biocompatibilidade, Apesar da evolução das resinas compostas, ainda
reversibilidade e estabilidade de cor, além da hoje existem alguns fatores que propiciam a
possibilidade de ser empregado nas regiões redução da longevidade das restaurações reali-
anterior e posterior da cavidade bucal 1-3. Com zadas com esse material. A cárie secundária, ou
o avanço das pesquisas e o desenvolvimento cárie adjacente à restauração, é uma das maiores
de novas tecnologias nos últimos anos, as resi- responsáveis por essa diminuição, devido, princi-
nas compostas têm se tornado cada vez mais palmente, ao condicionamento insatisfatório da
estéticas e apresentam melhores propriedades estrutura dental, que pode favorecer a coloniza-
mecânicas e ópticas4,5. ção bacteriana na interface dente/restauração 8,9.
Outro fator crucial na falha de restaurações em
Quando se trata da evolução de compostos resi- resina composta é a fonte fotoativadora usada,
nosos, a década de 50 merece destaque. No ano uma vez que, para que essas restaurações possam
de 1955, Buonocore apresentou a técnica de con- atingir propriedades mecânicas e estéticas satis-
dicionamento ácido do esmalte, favorecendo a fatórias, é preciso uma fotoativação adequada
adesão à estrutura dental6. Nos anos seguintes, a e eficaz 10. Uma variável influenciada pela irra-
introdução do Bis-GMA e o desenvolvimento das diância dos aparelhos fotoativadores é uma das
técnicas de condicionamento da estrutura dental responsáveis por essas falhas, o chamado grau
possibilitaram a melhoria das propriedades das de conversão, que representa a quantidade de
resinas compostas e sua capacidade de adesão monômeros que são convertidos em polímeros,
à estrutura dental, possibilitando um aumento em de maneira que, quanto menor esse valor, maior
seu espectro de indicação. Associado a esse fato, será a chance da restauração falhar11.
vale ressaltar que, nessa mesma época, houve
um declínio na confecção de restaurações de Diante desse contexto, esta revisão de literatura é
amálgama, devido a diversos fatores, como, por a última parte do conjunto de seis artigos abor-
exemplo, a sua coloração escurecida, considerada dando diferentes aspectos clínicos, científicos e

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biomecânicos que impactaram as resinas com- disponíveis na literatura, referentes à longe- 61


postas nos últimos 10 anos. Assim, o objetivo vidade e às taxas de falha de restaurações em
desse estudo foi levantar e sintetizar os dados resina composta.

MATERIAL E MÉTODOS
A revisão de literatura foi realizada a partir de busca inicial e leitura dos títulos e resumos, foram
um amplo levantamento bibliográfico realizado selecionados 65 artigos. Posteriormente e após
na base de dados Medline/PubMed, utilizando avaliação dos textos completos, 30 artigos foram
a combinação dos termos Composite Resins, efetivamente examinados e incluídos nessa
Clinical Trial, Intervention Study e Controlled revisão de literatura. Os dados foram, então,
Clinical Trial. Foram incluídos nessa revisão extraídos e organizados na Tabela 1, de modo a
apenas estudos clínicos, publicados na língua apresentar os resultados de longevidade obtidos
inglesa, entre 2007 e 2018. Após a realização da em cada estudo.

RESULTADOS
A Tabela 1 descreve as características dos 30 artigos resina e amálgama são descritos no gráfico da
analisados, quanto ao desenho do estudo, tempo Figura 1, sendo que os estudos de Bernardo et al.12
de acompanhamento, número de restaurações, e Opdam et al.19 apresentaram diferença estatís-
número de dentes, materiais utilizados, taxa de tica entre os materiais. O material mais avaliado
falha final e principais causas de falha. Os estudos foi a Tetric Ceram (Ivoclar Vivadent). As taxas
apresentaram avaliações com desenho prospec- de falha para resina composta variaram de 0 a
tivo (n=20) ou retrospectivo (n=10), e tempo de 54,8%, obtidas a partir, principalmente, do critério
acompanhamento variando entre 1 e 22 anos. USPHS (United States Public Health Service), sendo
A maioria dos artigos (n=23) avaliou restaurações que a maioria dos estudos de curto tempo de
em dentes posteriores (molares e/ou pré-molares). acompanhamento (entre 1 e 3 anos) apresentaram
Em relação ao material restaurador, 24 estudos os menores valores. As principais causas descritas
compararam resinas compostas distintas entre si, para a presença de falhas das restaurações foram
e 6 contrapuseram resina composta e amálgama. cárie secundária, descoloração marginal e fratura
As taxas de falha final dos artigos que compararam da restauração ou do dente restaurado.

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Tabela 1: Características dos estudos avaliados.

62 TEMPO DE
ANO AUTOR DESENHO DO ESTUDO ACOMPANHAMENTO Nº DE RESTAURAÇÕES Nº DE DENTES
(ANOS)

2007 Bernardo et al.12 Retrospectivo 7 1748 203 PM e 1545 M

2867
2007 Opdam et al.13 Retrospectivo 10 1043 PM e 1824 M
classes I e II

2009 Kiremitci et al.15 Prospectivo 6 47 classe II 27 PM e 20 M

2009 Manhart et al.16 Prospectivo 4 96 classes I e II 96 M

98 restaurações de
2010 Kubo et al.17 Prospectivo 3 lesões cervicais não 48 PM 12 M; 18 C e 20 I
cariosas

2010 Van Dijiken18 Prospectivo 12 90 classe I 23 PM e 67 M

AM: 389 PM e 813 M.


2010 Opdam et al.19 Retrospectivo 12 1949 classe II
RC: 243 PM e 513M

2010 Shi et al.20 Prospectivo 3 100 classe I 6 PM e 94 M

2010 Arhun et al.21 Prospectivo 2 82 classes I e II 42 PM e 40 M

2011 Kramer et al.14 Prospectivo 6 68 classes II 45 PM e 23 M

2011 Da Rosa et al.22 Retrospectivo 22 362 classes I e II 168 PM e 194 M

2011 Burke et al.23 Retrospectivo 2 100 classes I e II 27 PM e 73 M

2011 Andrade et al.24 Prospectivo 2,5 123 classe I 123 M

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MATERIAIS TAXA DE FALHA PRINCIPAIS CAUSAS CONCLUSÕES

Restaurações de amálgama tiveram melhor


AM e RC: Z100 MP +Scotchbond Multi-Purpose AM: 5,6%
Cárie secundária desempenho do que restaurações de resina
(3M ESPE) RC:14,5%.
composta

AM e RC:
Clearfil Photo Posterior (Kuraray), APH (Dentsply),
Superlux Molar (DMG), P50 (3M ESPE), Clearfil AM:20% Cárie secundária, tratamento
Os materiais tiveram sobrevivência semelhante
AP-X (Kuraray), Charisma (Heraeus Kulzer), Z100 RC:17,8% endodôntico e fratura do dente
(3M ESPE), Tetric (Ivoclar Vivadent), Prodigy (Kerr),
Pertac Hybrid (ESPE)

Troca de restaurações por


O material apresentou excelente desempenho
Filtek P60 (3M ESPE) 4,2% surgimento de nova cárie não
clínico
associada à restauração

Fratura do dente, fratura da


QuiXfill (Dentsply) e QuiXfill: 6,5% Ambos materiais apresentaram bons resultados
restauração e sensibilidade
Tetric Ceram (Ivoclar Vivadent) Tetric: 2% e não apresentaram diferença estatística
pós-operatória

Cárie secundária; contração de


AP-X: 4,1% Os dois tipos de resina apresentaram um
Clearfil AP-X (Kuraray) e Clearfil Flow FX (Kuraray) polimerização; trauma oclusal e
Flow FX: 6% desempenho clínico aceitável
mudanças térmicas

Dyract: 2,4% As técnicas utilizadas resultaram em excelente


Dyract (Dentsply) e Prisma TPH (Dentsply) Cárie secundária
Prisma: 2,4% durabilidade para as restaurações

AM e RC: Clearfil PhotoPosterior (Kuraray) e AM: 24,3% As restaurações em resina composta apresenta-
Fratura e cárie secundária
AP-X (Kuraray). RC: 15,2%. ram melhor sobrevida que as em amálgama

Synergy Compact (Coltene) e Synergy: 5% Ambos compósitos tiveram resultados


Fratura ou perda da restauração
TPH Spectrum (Dentsply) TPH Spectrum: 10% satisfatórios

Grandio: 0% Ambos materiais apresentaram resultados


Grandio (Voco) e Quixfil (Denstply) Cárie secundária
Quixfil: 5% satisfatórios

Apresentou apenas
defeitos passíveis de reparo Não houve diferenças significativas no
Grandio (Voco) e Tetric Ceram (Ivoclar Vivadent) 0% para os dois grupos
relacionados à integridade desempenho das resinas apresentadas
marginal

P-50 teve melhor desempenho em relação à


P-50 APC (3M ESPE) e Herculite XR (Kerr) P-50: 26% Herculite: 36% Fratura
Herculite

Modificação da forma
anatômica; desadaptação
Filtek Silorane (3M ESPE) 0% O material apresentou resultado satisfatório
marginal e descoloração
marginal passíveis de reparo

Filtek Z350: 5,4% Forma anatômica,


Filtek Z350 (3M ESPE); Esthet-X (Dentsply) e Os materiais investigados mostraram
Esthet-X: 8,1% descoloração e desadaptação
como controle Filtek Z250 (3M ESPE) desempenho clínico aceitável
Filtek Z250: 5,4% marginal

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Tabela 1: (continuação) Características dos estudos avaliados.

64 TEMPO DE
ANO AUTOR DESENHO DO ESTUDO ACOMPANHAMENTO Nº DE RESTAURAÇÕES Nº DE DENTES
(ANOS)

2012 Gresnigt et al.25 Prospectivo 4 96 facetas 40 IC, 38 IL e 18 C

2013 Pallesen et al.26 Prospectivo 8 4355 classe I 848 PM e 3507 M

676 em resina composta; 144 em


2013 Kim et al.27 Retrospectivo 5 967 classes I, II, II, IV e V ionômero de vidro e 147
em amálgama

2013 Van Dijiken et al.28 Prospectivo 6 122 classe II 49 PM e 73 M

145 restaurações para


89 em dentes anteriores inferiores
2013 Al-Khayatt et al.29 Prospectivo 7 aumento da dimensão
e 56 em superiores
vertical (DV)

2013 Efes et al.30 Prospectivo 3 100 classe I 100 M

2014 Beck et al.31 Prospectivo 1 1805 classes I ou II 726 PM e 1079 M

2014 Van Dijiken et al.32 Prospectivo 3 104 classes I e II 47 PM e 57 M

2015 Lempel et al.33 Retrospectivo 10 701 classe II 359 PM e 242 M

11 classes I e 42 classes II
2015 Kurokawa et al.34 Prospectivo 3 53 classes I e II
em M e PM

1695 em RC e 1125 em AM,


2016 Naghipur et al.36 Retrospectivo 12 2820 classe II
em PM

2017 Estay et al.37 Prospectivo 12 174 classes I e II 46 RC e 126 AM

2017 Van Dijiken38 Prospectivo 6 139 classe II 46 PM e 93 M

3,5 milhões de
2018 Burke et al.39 Retrospectivo 15 restaurações de todos Todos
os tipos

2018 Heck et al.40 Retrospectivo 10 96 classes I e II Primeiros e segundos M

AM : amálgama; RC: resina composta; Ad: adesivos; IN: ionômero de vidro; PM: pré-molares; M: molares; C: caninos; I: incisivos; IC: incisivos
centrais; IL: incisivos laterais; TxF: Taxa de falha.

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MATERIAIS TAXA DE FALHA PRINCIPAIS CAUSAS CONCLUSÕES

Ena-Bond-Enamel HFO (Micerium) e Enamel HFO: 23% Rugosidade superficial e Os compósitos utilizados apresentaram
Clearfil SE Bond-Miris2 (Coltene) Miris2: 6,2% descoloração desempenho clínico semelhante

Cárie secundária, sensibilidade


A longevidade das restaurações foi boa quando
Herculite (Kerr) e Spectrum (Dentsply) TxF cumulativa: 15,7% pós-operatória e fratura da
comparada à de outros estudos clínicos
restauração

AM: 27,8% Cárie secundária,


As resinas compostas apresentaram
- RC: 29,1% desadaptação e descoloração
longevidade superior aos demais materiais
IN: 43,2% marginal
Tetric EvoCeram (Ivoclar Vivadent) e Evo Ceram: 13,6% Tetric Ceram apresentou melhor desempenho
Cárie secundária
Tetric Ceram (Ivoclar Vivadent) Ceram: 10,2% clínico em relação à Tetric Evo Ceram

As restaurações para aumento da DV são


Herculite XRV (Kerr) 15% Descoloração marginal
previsíveis e relativamente duráveis

Filtek Silorane (3M ESPE) e Filtek: 8% Adaptação marginal e textura Ambos os materiais apresentaram bom
Ceram X Duo (Dentsply) Ceram: 14% da superfície desempenho clínico
Ceram X (Dentsply) / Prime & Bond NT(Dentsply)
Ceram X: 5,3% Adaptação marginal e
e Tetric Ceram (Ivoclar Vivadent) / Optibond Não houve diferença significativa entre as resinas
Tetric Ceram: 6,1% integridade do preenchimento
Solo Plus (Kerr)
Ceram X (Dentsply) e Ceram X: 1,3% Cárie secundária e A resina bulk fill (SDR) apresentou melhor
SDR (Dentsply) SDR: 0% sensibilidade pós-operatória resultado em relação à nanohíbrida (Ceram X)

TxF cumulativa: 2,1%


Fratura da restauração; cárie
Filtek Z250 (3M ESPE), Herculite XR (Kerr), Gradia Filtek: 0,9% Maiores taxas de falha foram observadas nas
secundária e tratamento
Direto Posterior (GC), Renew (Bisco) Herculite: 1,36% resinas Renew e Grandia Direct Posterior
endodôntico
Gradia: 8,75% e Renew: 7,81%

Rugosidade superficial,
Beautifil II (Shofu) O material apresentou bom desempenho em
9,7-54,8% desadaptação marginal, e
(3M ESPE) e P90 (3M ESPE) restaurações classes I e II
descoloração marginal
AM: 5,9% Cárie secundária e Ambos os materiais tiveram taxas de sucesso
RC e AM
RC: 7,9% fratura do dente aceitáveis
AM: 11,1% Desadaptação marginal e cárie Não foi encontrada diferença clínica na
RC e AM
RC: 6,5% secundária longevidade das restaurações
RC: els (Saremco AG); Ad: cmf (Saremco) e Adesivo cmf: 11.4% As restaurações confeccionadas em ambos os
Cárie secundária
AdheSE One F (Vivadent Ivoclar) AdheSE One F: 20% materiais tiveram boa durabilidade

Cerca de 17% dos


A marca do material não foi identificada por Relacionadas ao tamanho Fatores que influenciam a sobrevida são a idade
dentes restaurados com
tratar-se de um estudo baseado em análise de da cavidade e técnica do paciente, a idade/ experiência do dentista e
resina composta foram
prontuários restauradora a necessidade de tratamento do paciente
extraídos após 15 anos

Cárie secundária; fratura do


QuiXfil (Denstsply) e QuiXfil: 23,1% Ambos materiais apresentaram resultados
dente e da restauração e
Tetric Ceram (Ivoclar Vivadent Tetric Ceram: 13,3% aceitáveis
sensibilidade pós-operatória

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66 30%
27.8%
29.1% Amálgama
Resina composta
25% 24.3%

20.8%
TAXA DE FALHA FINAL

20%
17.8%
14.5% 15.2%
15%
11.1%
10%
7.9%
6.5% Figura 1: Taxas de falha de
5.6% 5.9%
5% restaurações em amálgama e
resina composta, nos estudos
0% avaliados. Os estudos que
*Bernardo Opdam *Opdam Kim Naghipur Estay apresentaram diferença estatística
et al.12 et al.13 et al.19 et al.27 et al.36 et al.37 entre os materiais estão sinalizados
com asterisco.

DISCUSSÃO
A longevidade das restaurações em resina com- processo restaurador que causem desadaptação
posta é influenciada por diversos fatores, os quais marginal e, também, à higiene bucal do paciente41.
estão relacionados com o operador e a técnica
utilizada, bem como higiene bucal e hábitos do A taxa de falha dos trabalhos avaliados nessa revi-
paciente . As principais causas de falha encon-
41
são variou de 0 a 54,8%. Para explicar essa grande
tradas nessa revisão de literatura foram fratura variação dos resultados, deve-se analisar a meto-
da restauração ou do dente que a comporta, dologia e o tempo de acompanhamento dos
descoloração marginal e cárie secundária. A fra- estudos. Apesar do critério USPHS (US Public Health
tura da restauração pode estar relacionada com Service) ter sido o mais utilizado, vários trabalhos
os contatos oclusais do dente restaurado e com utilizaram variações modificadas do mesmo critério
hábitos parafuncionais do paciente, como bru- ou, ainda, apresentaram tempo de análise insatis-
xismo e apertamento. Já a descoloração marginal fatório. O estudo de Kurowaka et al.34 apresentou a
está relacionada com falhas na interface adesiva, maior taxa de falha (54,8%), possivelmente devido
contração de polimerização da resina composta ao critério de avaliação empregado, que classificou
e pigmentação da restauração42. A presença de alterações superficiais de rugosidade como falha
cárie secundária pode ser relacionada a falhas no da restauração; diferente dos outros estudos que

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classificaram esse tipo de alteração como passíveis qualidade da restauração é discutido nas Partes 1 e 67
de reparo, acabamento e polimento. Por outro lado, 2 dessa revisão de literatura, respectivamente.
alguns estudos que apresentaram taxa de falha de
0% e utilizaram critérios fundamentados no USPHS, Diante desse contexto, no momento em que se
tiveram pequeno tempo de acompanhamento deparar com uma falha em resina composta, um dos
(entre 1 e 2 anos) 23,35
. Em um curto período de aspectos mais importantes que o cirurgião-dentista
tempo, é comum que poucas restaurações falhem, deve levar em consideração para estabelecer qual
uma vez que as principais alterações aparecem a procedimento deve ser realizado é a análise minu-
partir de 5 anos . Assim, estudos com avaliações
19
ciosa da aparência da restauração. Dessa forma, será
em maiores períodos de tempo representam resul- possível determinar a presença de falhas reparáveis
tados mais condizentes com a realidade clínica. (polimento insatisfatório e presença de rugosidade)
ou não (perda da anatomia da restauração)37,43.
Alguns estudos compararam a longevidade
de restaurações de resina composta e amál- Pelo fato de não ser uma revisão sistemática da
gama . As restaurações de amálgama
12,13,19,27,36,37
literatura, o presente estudo apresenta algumas
fizeram parte da rotina odontológica por muitos limitações, como por exemplo a falta de padroni-
anos, entretanto, atualmente têm sido substituídas zação no critério de análise das restaurações e a
por restaurações de resina composta, principal- variação no tempo de acompanhamento, o que
mente pela sua característica estética7. Apesar da dificultou a realização de comparações precisas
diferença entre os resultados encontrados, para entre os estudos. Assim, destaca-se a necessi-
a maioria dos estudos analisados nessa revisão, dade de mais estudos sobre o tema, realizados
não houve diferença de longevidade entre resina de maneira padronizada, para que os resultados
composta e amálgama. A variação dos materiais encontrados possam ser efetivamente compa-
e técnicas utilizadas no procedimento restaurador rados. Além disso, essa revisão abordou estudos
pode influenciar nos resultados de longevidade, o publicados nos últimos 10 anos e na língua inglesa,
que explica os resultados divergentes encontrados o que sugere que investigações futuras envolvendo
entre os estudos avaliados. A influência da com- mais estudos clínicos devem ser conduzidas, a fim
posição e propriedades mecânicas do material na de verificar os dados obtidos.

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68 A longevidade das resinas compostas não é um material restaurador para cada indicação clí-
assunto que deve despertar interesse apenas nica (Partes 1 e 2), além de observar atentamente
em acadêmicos e pesquisadores, mas também as condições de fotoativação (Parte 3) e utilizar
nos clínicos. Na prática clínica, é necessário técnicas e materiais que geram baixa tensão de
que o profissional conheça as principais causas contração (Parte 4). O paciente também deve ser
de falha e o tempo médio de sobrevida dos adequadamente orientado quanto aos hábitos
materiais restauradores. Porém, também é indis- e cuidados de higiene bucal, buscando diminuir
pensável compreender todos os fatores que as alterações de cor e a deterioração do mate-
podem influenciar na longevidade dessas restau- rial (Parte 5). Observando todos esses fatores, é
rações. Assim, é importante levar em consideração possível garantir uma longevidade previsível e
a composição e as propriedades mecânicas do satisfatória das restaurações em resina composta.

CONCLUSÃO
Dentro das limitações deste estudo, pode-se
concluir que a resina composta é um material res-
taurador que apresenta longevidade satisfatória,
apresentando taxas de falha entre 0 e 54,8%, de
acordo com as características de cada estudo.

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Resinas compostas nos últimos 10 anos - revisão da literatura. Parte 6: longevidade

REFERÊNCIAS:
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